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A escassez de fatores de produção

Terra, trabalho, capital, tecnologia e capacidade empresarial são todos fatores de produção e
seus níveis podem, de uma forma ou de outra, em algum momento, chegar a um ponto crítico.
Geralmente, desde Thomas Malthus, convivemos com a ideia de que os fatores de produção
geralmente englobados no conceito terra (água, fontes de energia, fertilidade e área cultivável,
etc.) serão os primeiros a nos colocar em xeque-mate quanto à forma como nos relacionamos
com o ambiente e os recursos que ele nos disponibiliza. Por algum tempo, avanços tecnológicos
têm sido capazes – e provavelmente ainda o serão por um bom tempo – capazes de mitigar esse
risco. A produtividade agrícola, por área cultivada, tem subido, por motivos que vão desde o
desenvolvimento de sementes resistentes a certas pragas até as técnicas aplicadas pelo homem
sobre a terra stricto sensu. Assim, a situação extrema de escassez talvez não seja alcançada
antes que nossa sociedade sofra algum outro cataclismo que possa ameaçá-la seriamente. Isso,
hoje, com todas as potenciais possibilidades que o aparato tecnológico nos oferece é difícil de
prever. A ciência pode muito bem encontrar soluções inesperadas para diferentes formas de
escassez. Entretanto, pontualmente, conjecturas sobre o tema têm papel importante na
realização das limitações que nossa organização social tem, apesar de tantos avanços
tecnológicos. Uma importante consideração é a situação brasileira. O economista Eduardo
Giannetti, em seu livro “Trópicos Utópicos”, nos alerta para o risco do Brasil sofrer um apagão
de capital humano. Segundo ele, não só perdemos a oportunidade de aproveitar nosso “bônus
demográfico” (quando a população mais jovem, potencialmente mais economicamente mais
promissora, ultrapassa a população mais velha, que já deu a maior parte de sua contribuição em
termos do fator de produção “trabalho”), como também, ele argumenta, deixamos de
implementar e manter políticas públicas que efetivamente oferecessem oportunidades de
educação, pesquisa e treinamento eficazes à nossa população. Por conta disso, o Brasil corre o
risco – se não já o enfrenta, como muitos profissionais de RH de grandes empresas, com alto
grau de exigência sobre a mão de obra – de em breve enfrentar uma escassez de trabalho e
capital humano.

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