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Cabo Frio
2016
NILZETE DE OLIVEIRA
Cabo Frio
2016
NILZETE DE OLIVEIRA
____________________________________________
Professora Luiza Carla Cassemiro
Universidade Veiga de Almeida – Orientadora
____________________________________________
Professor Joílson Santana Marques
Universidade Veiga de Almeida – Membro da Banca
____________________________________________
Assistente Social Ludimila Pereira Roque
Mestre em Serviço Social – Membro da Banca
Cabo Frio
2016
Dedico esse trabalho ao meu filho Diego Córdoba de Oliveira e Silva que,
foi o meu grande incentivador,
compreendendo e compartilhando das minhas preocupações,
das angústias, da luta contra o tempo, dos empecilhos,
mas como filho que é soube me apoiar e incentivar.
Porém, o maravilhoso de tudo isso, é
que você participou desta minha conquista.
O sonho era meu, mas realizamos juntos!
AGRADECIMENTOS
Não tenho como não reconhecer que se cheguei até aqui devo a Deus que sempre
esteve ao meu lado, e tudo que hoje tenho e tudo o que eu hoje sou provém Dele, que me
inspirou a seguir em frente, mesmo em meios às lutas do dia a dia.
Carinho e gratidão são o que sinto por pessoas tão especiais, que não mediram
esforços em me ajudar durante a realização de minha formação como Bacharel em Serviço
Social. A estas pessoas esterno aqui meus sinceros agradecimentos:
Aos meus amigos e amigas como: Ellaine de Mattos Moura, professor Marcos Silva
de Souza, Volmer Buentes, Katia Marques e Ivan que me socorriam com minhas idas e vindas
da faculdade.
A Professora Luiza Carla Cassemiro, minha orientadora, por ter despertado em mim
o desejo de escrever com afinco e me dedicar a leituras que contribuíram com o meu trabalho.
Por suas orientações, pelo compartilhar de conhecimentos e pelas indicações de material
bibliográfico, pelo carinho e confiança em mim dispensados desde o início dessa parceria.
Obrigada por ter feito parte de minha trajetória acadêmica. É uma pessoa que aprendi a
admirar. Obrigada pelos incentivos e compreensão ao cumprimento dessa etapa! Você soube
utilizar suas sábias palavras nos momentos certos!
As professoras Mary Lane Cruz Madureira, Adriana Mesquita e Felipe Borges, pela
dedicação e ensinamentos compartilhados, em especial à Prof.ª Dra. Jociane Souza, pelos
esclarecimentos e sugestões na qualificação.
Fernando Sabino
RESUMO
Esta monografia apresenta reflexões sobre as pressões do mundo do trabalho na atual fase do
capitalismo, trazendo analises teóricas do desenvolvimento de desgaste mental causador de stress,
impactos físicos e psíquicos, nas profissionais do Serviço social, a partir da análise de relatos, a
começar de pesquisa qualitativa realizada pela autora na instituição CEAM no Município de Cabo
Frio/RJ. Ficaram evidenciados sofrimentos e adoecimentos necessitando tornar público, para
contribuir com a classe de assistentes sociais que atuam diretamente com a violência doméstica, sendo
assim discute-se a importância deste profissional nos espaços sócio ocupacionais. Descreveremos a
necessidade de o Serviço Público Municipal acompanhar estas profissionais, caracterizando que a
prevenção, é a melhor opção e solução.
ABSTRACT
This paper presents reflections on the world of work pressures in the current phase of capitalism,
bringing theoretical analysis of the development of mental strain stressor, physical and psychological
impacts, the social service, from the analysis of reports, beginning with qualitative research held by
the author in the CEAM institution in the city of Cabo Frio / RJ. Were evidenced sufferings and
illnesses need to make public, to contribute to the class of social workers who work directly with
domestic violence, so we discuss the importance of this professional partner in occupational spaces.
We describe the need for the Municipal Public Service follow these professionals, featuring that
prevention is the best option and solution.
Keywords: physical and psychological impacts, domestic violence, work process Social Service, daily
work.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.......................................................................................................................09
Este documento apresenta reflexões a partir de pesquisa qualitativa realizada pela au-
tora em estágio obrigatório, sobre o desgaste mental causador de stress, impactos físicos e
psíquicos de assistentes sociais relacionados ao trabalho, na instituição CEAM – Centro de
Especializado no Atendimento a Mulher que sofre violência doméstica da Secretaria
Municipal de Assistência Social, no Município de Cabo Frio na cidade do Rio de Janeiro. A
escolha do tema e da instituição se deu em razão da escassez de literatura sobre as
particularidades contidas no processamento do trabalho de assistentes sociais neste campo,
com o propósito de realizar uma aproximação às condições de trabalho germinadoras de
sofrimento e adoecimento.
Observamos que a crise capitalista eclodiu a partir dos anos 1970, estabelecendo a
atual fase do capitalismo monopolista e financeirizada, vemos que as transformações
substantivas atingem o mundo do trabalho, sendo possível reconhecer as más condições de
trabalho devido à criação de novas formas de exploração com a articulação das velhas, as
quais as profissionais do Serviço Social estão expostas.
Dada à inserção da flexibilização dos direitos no serviço público e privado, vimos
que não existe a politica de concursos públicos, devido à facilidade de contratações
temporárias de forma precária, atingindo o trabalho de assistentes sociais, como profissão
inserida na divisão social, técnica e sexual do trabalho e feminilização da profissão, sofrendo
transformações em seu processamento do trabalho, alterando significados e conteúdos, com
consequências prejudiciais a saúde das profissionais, em virtude das exigências colocadas no
cotidiano da profissão, causando adoecimento e sofrimento das profissionais do Serviço
Social, que lidam diretamente com as demandas provenientes da violência doméstica contra a
mulher.
Verificamos que as doenças ocupacionais anteriormente tratadas somente em
consultórios médicos, se transformaram em objetos de estudos, configurando como processos
sinalizadores de uma nova expressão das relações sociais vinculadas ao mundo do trabalho,
sendo então observado que os afastamentos das profissionais tem se intensificado nos últimos
tempos, devido às constantes exposições aos relatos das histórias vivenciadas pelas usuárias,
deflagradores de desgaste mental e adoecimento. Em se tratando de mulheres assistentes
sociais foi possível verificar, que as pressões do trabalho estão presentes em seu cotidiano, o
que tem ocasionado processos de adoecimento, cabendo verificar “quem cuida destas
9
mulheres profissionais do Serviço Social?”, que são constantemente atingidas por sofrimentos
causados pelo stress emocional, sendo aqui objeto de estudo, quando então foram
evidenciados os impactados na saúde física e psíquica.
Através deste trabalho foi possível constatar a realidade das profissionais do Serviço
Social inseridas no espaço laboral CEAM, favorecendo a categoria com a possibilidade de
criar alternativas de enfrentamento desta realidade, bem como o entendimento de que lugar é
este que a assistente social está inserida, trazendo elementos importantes, que irão favorecer e
chamar a atenção e um olhar diferenciado para os fatos, buscando influenciar e motivar a
preocupação pela saúde destas profissionais do Serviço Social, visando o interesse pela
temática, vindo a abrir discussões para debates e a elaboração de projetos voltados a assegurar
o bem estar destas profissionais.
Complementando a pesquisa adentramos pela questão de gênero é a relação com o
Serviço Social, onde se verifica uma relação de “mulheres que cuidam de mulheres”, no
tocante à organização, atendimento e ações no âmbito da profissão, sendo então constatado a
feminilização da categoria, sendo que a história da feminilização acompanha a profissão
desde a sua gênese, com todas as suas determinações e implicações à categoria profissional,
onde se entende que gênero compõe uma das dimensões fundamentais na profissão do Serviço
Social. Conformam-se aspectos que levem em consideração a categoria gênero como parte
constituinte e integrante das relações sociais, na tentativa de demonstrar que as análises dos
determinantes que cercam o contexto de precarização do trabalho das assistentes sociais, não
se apresentam de forma neutra e tampouco assexuada.
Seguindo os aspectos evidenciados será descrito o trabalho dos Assistentes Sociais
na sociedade contemporânea, inseridas no espaço do CEAM do Município de Cabo Frio/RJ,
tendo como objeto de estudo, considerar o desgaste emocional causador de adoecimentos
provenientes de o seu fazer profissional, bem como veremos as assistentes sociais enquanto
trabalhadoras assalariadas e sua fragilização no contexto laboral1, contextualizando a
fragilidade que o assistente social está submetido como qualquer outro trabalhador
assalariado, e por conta disto a possibilidade de estar sujeita ao desgaste mental, ocasionando
o stress e os impactos físicos e psíquicos no contexto do capitalismo contemporâneo, seguido
do estudo do perfil das assistentes sociais para compreender a questão de gênero e de que
forma está inserido no ambiente de trabalho, bem como explorar a demanda institucional
11
Este trabalho está dividido em três capítulos, sendo o primeiro a abordagem sobre
gênero, relações de gênero e o fenômeno da violência doméstica, sendo explicitado sobre
gênero, e o porquê estar diretamente ligado a profissões tidas como femininas, discorrendo
sobre os impactos causados que as afetam, e refletindo a respeito das emoções e o acúmulo
das suas próprias experiências pessoais e profissionais, para tanto foi necessário caminhar
pela história adentrando o Movimento Feminista e suas conquistas e a relação com o Serviço
social.
No segundo capitulo o processo de trabalho e os impactos físicos e psíquicos no
serviço social, trazendo uma discussão acerca do processo de trabalho, o cenário atual do
mercado, o crescimento da globalização, bem como a qualidade de vida no trabalho das
profissionais do Serviço Social, discutindo as ações importantes, que envolvem dimensões
física, intelectual, emocional, profissional, espiritual e social, tendo como panorama os
profissionais, assistentes sociais inseridos nos espaços sócios ocupacionais, que atuam com
violência doméstica no Município de Cabo Frio/RJ.
O terceiro capítulo fala sobre as pressões do mundo do trabalho causadoras do
adoecimento nas assistentes sociais e o cuidado e prevenção com a saúde, constitui-se de
reflexões sobre as pressões do mundo do trabalho, trazendo analises teóricas sobre a
possibilidade de vir a acontecer o desenvolvimento de stress e os impactos físicos e psíquicos,
nas assistentes sociais atuantes no seguimento institucional CEAM no Município de Cabo
Frio/RJ.
Por último as considerações finais, trazendo uma análise e contextualização de todo o
trabalho desenvolvido, importância e ações a serem desenvolvidas em prol da categoria.
Novas pesquisas sobre adoecimento no trabalho e sobre a relação desta variável com
stress ocupacional são necessárias, para que haja elementos que possam fundamentar as
hipóteses apresentadas para os resultados encontrados no presente estudo. E considerando a
importância da temática sobre o adoecimento das profissionais e a falta de ações preventivas
há de se propor, publicizar à realidade das profissionais do Serviço Social inseridas no espaço
laboral CEAM, de forma a apresentar alternativas de enfrentamento desta realidade na
tentativa de favorecer a categoria, trazendo elementos importantes, que irão clarificar e
chamar a atenção para um olhar diferenciado aos desgastes emocionais causadores de
impactos físicos e psíquicos nas assistentes sociais, sobretudo para as profissionais
entenderem que como trabalhadoras, são exploradas quanto qualquer outro trabalhador, e
desta forma se torna significativa à transformação desta pesquisa em objeto de estudo por
12
pesquisadores da comunidade científica das ciências humanas e sociais, devido à
vulnerabilidade das assistentes sociais ao desgaste emocional, que está diretamente ligada à
exposição diária das profissionais aos conflitos, dilemas e pedidos de ajuda, expressos pelas
usuárias que se encontram em situação de violência doméstica.
CAPITULO 1
Após pesquisa realizada com as profissionais do Serviço Social que atuam ou atuaram
junto a mulheres vitima de violência doméstica e pesquisas bibliográficas a autores que
contextualizam a temática, foi possível elucidar sobre gênero, que está diretamente ligado a
profissões tidas como femininas, e o objetivo deste trabalho é apresentar os impactos
causados que as afetam, e refletir a respeito dos impactos físicos e psíquicos, emoções e o
acúmulo das suas próprias experiências pessoais e profissionais, para tanto é preciso caminhar
pela história adentrando o Movimento Feminista e suas conquistas e a relação com o Serviço
social.
Enquanto acadêmica através das matérias curriculares foi possível compreender que a
história nos apresenta que o Serviço Social, enquanto profissão caminhou paralela às
conquistas do movimento feminista, que procurava a liberdade por assim dizer da mulher, e
apenas recentemente integrou a discussão relativa à problemática da violência contra a
mulher.
Essa falta de aproximação com a temática talvez tenha ocorrido devido o movimento
feminista estar lutando pelos direitos da mulher, colocando em evidência a questão da
violência contra ela própria, e neste mesmo interim o Serviço Social como profissão, tentava
avançar na superação do conservadorismo tão presente nas doutrinas da igreja católica no
surgimento do Serviço Social com as mulheres da sociedade que praticavam o
assistencialismo.
Estas raízes assistencialistas na época eram relacionadas como o trabalho social
praticado somente por mulheres, vê-se que a questão de gênero não é novidade, já que
atravessa os séculos incluindo as assistentes sociais nos dias de hoje, ou seja, a importância do
13
rompimento com o conservadorismo se faz vital para todas as mulheres sendo ou não
profissionais do Serviço Social.
Na década de 80 aconteceram fatos de significativa importância e dentre eles, estudos
teóricos a cerca da categoria de gênero e paralelamente a conjuntura social brasileira que
serviu de palco para que um novo projeto ético-político do Serviço Social fosse elaborado,
rompendo com uma trajetória conservadora, vários fatos contribuíram para esse rompimento,
dentre eles o movimento de reconceituação, a crise da ditadura militar, a abertura democrática
e as mobilizações de diferentes categorias de trabalhadores.
Percebermos que neste contexto histórico vivido pela sociedade que levou a categoria
profissional a um redimensionamento político, na construção de uma sociedade mais justa,
levando as assistentes sociais a se moverem ativamente na contestação política para que
pudessem atuar a favor dos trabalhadores e assim romper com o conservadorismo atuante:
Netto afirma a vinculação da categoria profissional, “os segmentos mais ativos da categoria
profissional vincularam-se ao movimento social dos trabalhadores, rompendo com a
dominância do conservadorismo” (NETTO, 1999, p.100).
Com este rompimento citado por Netto vemos que o cotidiano das assistentes sociais
tem se confrontado com infinitas situações como a exclusão, discriminação, exploração,
opressão, controle, desigualdade social, relações de poder, de violência contra a mulher, entre
outras, levando algumas profissionais do Serviço Social a se aproximar e aprofundar nos
estudos acerca da questão de gênero e na importância da transversalidade de gênero. Stiegler
e Bandeira definem transversalidade de gênero: “O objetivo da transversalidade de gênero é
incorporar a perspectiva das relações existentes entre os sexos em todos os processos de
decisão e fazer que todos os processos de decisão sejam úteis à igualdade de oportunidades”
(STIEGLER, 2003 apud BANDEIRA, 2005).
2 Equidade definido como: “o acesso de todas as pessoas aos direitos universais deve ser garantido com ações de caráter
universal, mas também por ações específicas e afirmativas voltadas aos grupos historicamente discriminados. Tratar
desigualmente os desiguais, buscando-se a justiça social, requer pleno reconhecimento das necessidades próprias dos
diferentes grupos de mulheres”. (Princípio do II Plano Nacional de Políticas para as Mulheres – Brasília 2008).
14
projetos e ações governamentais, só assim haverá a diminuição das desigualdades ora
existentes.
15
caminhando até a questão de gênero conforme nos apresenta abaixo a Secretaria Especial de
Políticas para as Mulheres 3.
Em 1791, a revolucionária Olímpia de Gouges compôs uma célebre declaração,
proclamando que “a mulher possuía direitos naturais idênticos aos dos homens e que, por essa
razão, tinha o direito de participar, direta ou indiretamente, da formulação das leis e da
política em geral” (OLÍMPIA de Gouges 1971). Embora tenha sido rejeitada pela Convenção,
a declaração de Gouges é o símbolo mais representativo do feminismo racionalista e
democrático que reivindicava igualdade política entre os gêneros masculino e feminino.
O Movimento Feminista4 no Brasil cresceu entre o fim do século XVIII e início do
século XIX, as brasileiras iniciaram a sua busca por organização e conquista do espaço na
educação e trabalho e sendo iniciado por Nísia Floresta5 que criou a primeira escola para
mulheres, já Bertha Lutz6 e Jerônima Mesquita7, buscaram pelo voto feminino.
Em 1907, em São Paulo iniciou-se a greve das costureiras, buscavam em sua luta por
uma jornada de trabalho de oito horas por dia, estas mulheres e meninas após completarem
sua jornada, ao chegar a casa se entregavam aos afazes domésticos. A União das Costureiras,
chapeleiras e classes anexas se reuniram em manifesto e em uma só voz proclamaram: “Se
refletirdes um momento vereis quão dolorida é a situação da mulher nas fábricas, nas oficinas,
constantemente, amesquinhadas por seres repelentes” (PINTO, 2003, p. 35 aput - Céli R. J.
Pinto - 2010). Nesta citação vemos qual era o sentimento das mulheres nesta década, sentiam-
se totalmente subalternizadas, inferiorizadas.
Mas estas bravas mulheres não pararam e em 1917, conseguiram ingressar no serviço
público passando a fazer parte do quadro de funcionários, logo a seguir com apenas dois anos
a mais (1919), foi aprovada a resolução de igualdade salarial na Conferência do Conselho
Feminino da Organização Internacional do Trabalho e somente em 1932, nesta mesma década
conquistaram legalmente o direito ao voto, com o Código Eleitoral, e logo a seguir Carlota
3 (Todos os dados sobre o movimento feminino foram pesquisados no site da SECRETARIA ESPECIAL DE POLÍTICAS
PARA AS MULHERES - 2006b.).
4 Teresa Kleba Lisboa (...) “o movimento feminista é um movimento sociocultural, que luta por justiça e equidade nas
relações entre homens e mulheres e, sobretudo, luta para garantir os direitos humanos, principalmente o das mulheres em
função do alto nível de violência e discriminação que padecem”. - Rev. Katál. Florianópolis jan./jun. 2010
5 Nísia Floresta Brasileira Augusta, pseudônimo de Dionísia Gonçalves Pinto, (Papari, atual Nísia Floresta, 12 de outubro de
1810 — Rouen, França, 24 de abril de 1885) foi uma educadora, escritora e poetisa brasileira. É considerada uma pioneira do
feminismo no Brasil e foi provavelmente a primeira mulher a romper os limites entre os espaços públicos e privados
publicando textos em jornais, na época em que a imprensa nacional ainda engatinhava. Nísia também dirigiu um colégio para
moças no Rio de Janeiro e escreveu livros em defesa dos direitos das mulheres, dos índios e dos escravos. .(Origem:
Wikipédia, a enciclopédia livre).
6 Bertha Lutz – Bióloga, principal articuladora do período em que as mulheres brasileiras conquistaram o direito a voto, em
1932. Filha de Adolfo Lutz, idealizadora do Partido Republicano Feminino – trabalhou para mudar a legislação feminista no
que dizia respeito ao trabalho feminino e infantil. .(Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre).
7 Jerônima Mesquita (Leopoldina, 30 de abril de 1880 — 1972) foi uma enfermeira e líder feminista brasileira. Em sua
homenagem, 30 de abril é, no Brasil, o Dia Nacional da Mulher. (Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre).
16
Pereira Queiróz8 em 1934 se elegeu como a primeira deputada brasileira, porém o direito
pleno ao voto só foi concedido com a Constituição de 1946, mas as aguerridas mulheres não
se deram por satisfeitas e continuaram com as buscas por mais direitos e ideais, o que as levou
bem mais longe, iniciando a luta pela garantia da igualdade entre os sexos, o direito ao voto, a
regulamentação do trabalho feminino e a equiparação salarial entre os gêneros, mas neste
período o movimento perde força com a instauração da ditadura militar em 1937 e só volta a
ganhar vida quando a Federação das Mulheres do Brasil foi criada em 19499, acrescido da
presença feminina nos movimentos políticos. (Dados coletados em Cidadania e Justiça - 2012
p. 02 - Brasileiras Lutam pela Igualdade de Direitos) e (Grifos da pesquisadora).
Vale aqui lembrar que Simone de Beauvoir publicou em 1949 o livro intitulado “O
segundo sexo” onde estabelece uma das máximas do feminismo: “não se nasce mulher, se
torna mulher” (Simone de Beauvoir – 1949 aput Céli R. J. Pinto - 2010), vindo neste período
ter um significativo aumento dos contraceptivos, possibilitando o direito de ter filhos quando
quisessem ou a garantia de querer não ter filhos, porém em 1964 o movimento se reprime a
sua evolução devido a outro período ditatorial, e só retornam na década de 70 e neste mesmo
ano é aprovada a lei do divórcio, que era uma antiga reivindicação do movimento feminino.
Ainda neste ano aflora a luta de caráter sindical e um dos fatos mais emblemáticos daquela
década foi à criação, do Movimento Feminino pela Anistia em 1975. No mesmo ano a ONU,
com apoio da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), realiza uma semana de debates sobre
a condição feminina. Safiotti nos alerta que:
Surgindo à luta pela liberação sexual que eclodiu no final da década de 1960 quando
veio a ser lembrado que,
Não podemos esquecer que foi por intermédio das lutas feministas que a violência
contra a mulher passou a ser reconhecida como inerente ao padrão das
organizações desiguais de gênero, que, por sua vez, são tão estruturais quanto à
divisão da sociedade em classes sociais, ou seja, o gênero, a classe e a raça/etnia
são, igualmente, estruturantes das relações sociais. (SAFIOTTI, 2004).
Na entrada dos anos 80, as brasileiras10 entram na luta contra a violência às mulheres e
pelo princípio de que os gêneros são diferentes, mas não desiguais. Em 1985 é criado o
8 As Eleições de 1933 ocorridas no dia 03 de maio se realizaram para a escolha da Assembleia Nacional Constituinte no
Brasil, com 214 deputados eleitos pelo voto direto, e mais 40, eleitos paritariamente por entidades classistas de trabalhadores
e entidades patronais. Foi realizada com as novas regras estabelecidas pelo Código Eleitoral editado no ano anterior, e que
permitia o alistamento e a participação das mulheres; aliás, foi eleita a primeira mulher constituinte nesse pleito, a médica
paulista Carlota Pereira de Queiroz. (Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre).
9 Federação de Mulheres do Brasil foi uma organização feminista que atuou no Brasil entre 1949 e 1957, sob forte influência
A luta por direitos não terminou e está longe de terminar, as vitórias foram e
continuam sendo conquistadas ao longo das décadas. Vemos então que as conquistas são
extremamente novas, pois só em 1985, foi criada a primeira Delegacia de Atendimento a
Mulher – DEAM 11 e quase dez anos depois, a Lei Maria da Penha nº. 11.340, sancionada em
sete de agosto de 2006, que estabelece que a violência doméstica e intrafamiliar como crime,
devendo ser apurado e remetido ao Ministério Público e que vão ser julgados nos Juizados
Especializados de Violência Doméstica contra a mulher, que foi criado a partir dessa
legislação, ou quando não existe são julgados nas Varas Criminais.
Acervo – Revista do Arquivo Nacional -Conselho Estadual dos Direitos da Mulher (Cedim) - Rio de Janeiro - Conselho
Nacional dos Direitos da Mulher – Legislação.
11 As DEAMs são unidades especializadas da Polícia Civil, que realizam ações de prevenção, proteção e investigação dos
12LEI Nº 13.104, de nove de Março de 2015. Altera o art. 121 do Decreto-Lei no 2.848, de sete de Dezembro de 1940 -
Código Penal, para prever o feminicídio como circunstância qualificadora do crime de homicídio, e o art. 1o da Lei no 8.072,
de 25 de julho de 1990, para incluir o feminicídio no rol dos crimes hediondos.
19
pelas ações que reparam as lesões que a desigualdade produziu em relação às mulheres na
relação domínio-cativeiro. A mais sintetizadora destas lesões é não ser sujeito político”
(Marcela Lagarde, 1996, p.209).
Vemos então que na equidade de gênero são propostas ações diretamente voltadas a
dotar e capacitar às mulheres para que possam usar dos instrumentos, recursos e mecanismos
tal qual o gênero masculino, que as deixará preparadas para exercer cargos de excelência nas
esferas privadas e públicas incluindo cargos políticos independente de seu gênero, bem como
o direito de propor e participar de decisões que lhes conferem direitos e respeito, para que
possam através da capacitação, ter acesso a políticas públicas e as ações concretas vindas a
garantir a equidade de gênero, devendo ter o direito de utilizar medidas sociais, estatais,
públicas e privadas, gerais ou particulares, que porventura venham ao encontro de suas
necessidades básicas e de suas famílias bem como possibilitar o empoderamento das mesmas,
na possibilidade de reescrever sua história de vida e se reintegrar na sociedade.
20
“O regime da dominação-exploração das mulheres pelos homens” “seus principais
elementos são: o controle da fidelidade feminina; a conservação da ordem
hierárquica com a autoridade do masculino sobre o feminino, bem como dos mais
velhos sobre os mais novos; e a manutenção dos papéis sociais: ao homem fica
incumbida a responsabilidade da provisão material e a mulher pelos afetos e
cuidados no lar” (SAFFIOTI, 2004, p. 44; SCOTT, 1995; TERUYA, 2000).
Para melhor compreensão de todo o contexto aqui exposto sobre violência de gênero,
foi coletado no Dossiê Mulher 201514, a tabela que comprova o grande desafio da efetivação
de uma rede de serviços, que deverá conter diferentes programas de políticas públicas e
projetos, que venham a integrar a política social de atendimento em cada município atrelados
ao Estado e União, desta forma haverá uma unidade nos atendimentos, realizando então o
atendimento ao gênero feminino que sofre violência doméstica.
Observando a tabela abaixo vemos que a violência de gênero está em um quantitativo bem
elevado em nosso país, e representa um grande retrocesso social, visto que, uma sociedade
marcada por altos índices destas modalidades de violência está longe da tão sonhada
erradicação da violência doméstica e de gênero. O que vemos na realidade e o contexto da
realidade arcaica e patriarcal com relação a pratica de violência por parte dos homens contra a
mulher, ou melhor, dizendo ao gênero feminino. Os homens entendem que por serem os
procriadores entendem que as diferenças estão totalmente restritas as características
biológicas e anatômicas, havendo assim submissão de gênero feminino ao gênero masculino
no entendimento radical de homem e mulher.
14Dossiê mulher 2015 / organização: Andréia Soares Pinto, Orlinda Cláudia R. de Moraes, Joana Monteiro. – Rio de Janeiro:
Instituto de Segurança Pública, 2015. A décima versão do Dossiê Mulher apresenta informações consolidadas sobre a
violência contra a mulher no estado do Rio de Janeiro, no ano de 2014, com base nas ocorrências registradas nas delegacias
policiais fluminenses.
22
Tabela 1 - Dados sobre a Violência contra a Mulher no Estado do Rio de Janeiro,
segundo Formas de Violência e Delitos Analisados – 2014.
Total de Vitimas % de
Formas de Violência Delitos vitimas mulheres vitimas
mulheres
Homicídio Doloso 4.942 420 8,5%
Violência Física Tentativa de homicídio 6.366 781 12,3%
Lesão Corporal Dolosa 87.561 56.031 64,0%
23
O gênero não possui apenas sexo, mas possui classe, raça, etnia, orientação sexual,
geração, etc. Essas diferenças e especificidades devem ser percebidas. No entanto,
não podem ser vistas de forma isolada dos seus macros determinações, pois, dentro
desta sociedade, por mais que "o gênero una as mulheres", a homossexualidade una
gays e lésbicas, a geração una as (os) idosas (os) ou jovens, etc., a classe irá dividi-
las (os) dentro da ordem sócia metabólica do capital. (MIRLA CISNE: Marxismo e
feminismo na atualidade – 2011) 15.
15Mirla Cisne: Marxismo e feminismo na atualidade - (*) Mirla Cisne é Assistente Social, mestre em Serviço Social pela
Universidade Federal de Pernambuco, coordenadora do Núcleo de Estudos sobre a Mulher da Universidade do Estado do Rio
Grande do Norte e professora do curso de Serviço Social desta instituição.
Leia mais: http://adrianonascimento.webnode.com.br/news/mirla-cisne-marxismo-e-feminismo-na-atualidade/
24
teimam em persistir na sociedade contemporânea, haja vista que o poderio masculino é
imposto à sociedade como um fato natural e corriqueiro que se apresenta de forma arcaica,
enraizado aos seus conceitos e ideais de subjugação já defasados, querendo pela fora e ou
violência dominar, dando continuidade a agressão contra a mulher, e tem nesta ação o próprio
conceito de ser certo e portanto algo a ser feito que eleve o seu ego, sendo assim o sentimento
de posse está enraizado em suas mentes, pela necessidade de se dizer como o macho alfa. Para
Bourdieu:
A ordem social masculina está tão profundamente arraigada que não requer
justificação: impõe a si mesma como auto evidente, e é tomada como “natural”,
graças ao acordo quase perfeito e imediato que obtém, por um lado, das estruturas
sociais e, por outro, das estruturas cognitivas inscritas nos corpos e nas mentes.
Bourdieu (1999).
16 Cisne (2012), Cisne (2004), Hirata (1995): As autoras em questão, não reforçam os padrões conservadores de gênero que
norteiam a feminização de determinados papéis, pelo contrário, elas colocam a marca de gênero que permeia o âmbito
profissional como um fenômeno social, ou seja, determinado historicamente.
25
posições igualitárias na sociedade, tanto no campo do privado, quanto no público,
mesmo que estas mulheres venham a ter a mesma formação profissional e/ou
qualificação técnicas que os homens, as discriminações de gênero se apresentam de
forma concreta no cotidiano profissional. (CISNE (2012), CISNE (2004), HIRATA
(1995)).
O gênero não se mostra como uma categoria de grande importância para se pensar
o Serviço Social apenas pelo fato de este ser uma profissão com maioria esmaga-
dora de mulheres. O fato de o Serviço Social ser uma profissão de maioria
feminina é considerado como expressão de um modelo de relações de gênero
específico, de uma lógica que rege a organização da sociedade, com a inserção
diferenciada de homens e mulheres em determinadas profissões. A chamada
“marca feminina” da profissão não é o problema em si, mas uma das determinações
mais visíveis do gênero. Poder-se-ia afirmar, inclusive, que tal “marca feminina”
17 Tratamos aqui de gênero e relações de gênero no sentido de que um compreende o outro, mas acreditamos que o uso do
termo relações de gênero compreende as relações sociais nas quais o gênero esta imerso, parte então da conceituação do que é
gênero e das contradições postas por uma dada sociabilidade e pelo movimento que o próprio termo expressa na realidade
concreta, coloca-se as relações de gênero como aquele que traduz melhor o “caráter histórico da construção de hierarquias
entre os sexos”.
26
constitui-se uma refração de gênero. A partir dela, pode-se constatar a questão, mas
ela não é em si mesma, a questão.
Pensar a profissão levando-se em conta a presença esmagadora das mulheres em
seu interior é de suma importância para o entendimento do serviço social. No
entanto, a questão não se esgota aí. É necessário ir além. É necessário perceber o
que está por trás da configuração deste quadro majoritariamente feminino. É
necessário perceber a lógica que rege tal configuração. É imprescindível atentar
para o fato de que o gênero estrutura este quadro. É necessário perceber o serviço
social não apenas a partir das mulheres, tomadas como categoria empírica, mas
também a partir das relações de gênero. (VELOSO 2001, p. 71 aput KOFES),
27
somente operárias, que em conformidade com as crises e necessidades do sistema capitalista
sempre alternavam entre sua jornada de trabalho e seus afazes domésticos com o retorno ao
seu lar, à necessidade de manter seus empregos as levavam a optar por outras funções e ou
profissões que lhes garantissem a permanência no trabalho assegurando o sustento da família,
sendo assim a profissão do Serviço Social se constitui como uma dessas escolhas e ou
alternativas e não por vontade própria, garantindo a feminização da profissão.
18A transversalidade diz respeito à possibilidade de se instituir, na prática educativa, uma analogia
entre aprender conhecimentos teoricamente sistematizados (aprender sobre a realidade) e as
questões da vida real (aprender na realidade e da realidade).
28
esposa, incumbindo-se de seus afazeres domésticos, entre outros, seguindo as análises dos
conservadores de gênero, e da divisão sexual do trabalho, vemos claramente a subalternidade
das mulheres nesta sociedade contemporânea.
Entende-se como necessário que as assistentes sociais como mulheres que são se
reconheçam como sujeitos históricos atravessadoras de décadas, com capacidade suficiente
para utilizar ferramentas que desconstruam a visão estabelecida na realidade social, de forma
a apagar o sujeitamento da profissão ao longo da história, percebemos que o Serviço Social no
Brasil tem passado por sucessivas crises, porém estas bravas mulheres continuam lutando na
guerra surda do preconceito ao gênero feminino.
O tamanho da carga de responsabilidade que é conferida as profissionais do Serviço
Social as obriga a buscar constantemente capacitação e estudos correlacionados a gênero,
violência de gênero, assim como os atendimentos no cotidiano a mulheres vitimas de
violência, e a constante exposição destas profissionais a estas demandas, levam ao acumulo de
visualizações e escutas a transformam-se em impactos físicos e psíquicos levando-as ao
adoecimento, porém por elas não observados o que as leva a não procurar políticas públicas
para que possam se tratar deste impacto, e por fim estes impactos acabam por influenciar não
só na saúde, mas também no seu convívio familiar.
CAPÍTULO 2
Esse capítulo trás uma discussão acerca do processo de trabalho, o cenário atual do
mercado, o crescimento da globalização, bem como a qualidade de vida no trabalho das
profissionais do Serviço Social, discutimos as ações importantes, que envolvem dimensões
física, intelectual, emocional, profissional, espiritual e social, tendo como panorama os
profissionais, assistentes sociais inseridos nos espaços sócios ocupacionais, que atuam com
violência doméstica no Município de Cabo Frio/RJ.
O autor Karl Marx vem a elucidar que o trabalho pertence ao mundo capitalista, pois
detém os meios de produção e compra a força de trabalho (valor de troca), equiparando seus
trabalhadores a seus produtos (valor de uso), para transformá-los em capital (mais-valia),
então verificamos que o assistente social está inserido neste contexto, pois tem uma
29
autonomia relativa em relação ao empregador, já que o capitalista realiza a compra da sua
força de trabalho especializada pelo seu valor de troca, o que lhe dá o direito de utilizar-se por
certo tempo, apropriando-se de todo o seu valor de uso.
As assistentes sociais em seus atendimentos prestam serviços sociais à classe
trabalhadora, porém essa prestação de serviço não às livra de viver os mesmos dilemas da
exploração capitalista e continua luta pelos seus direitos trabalhistas, Iamamoto esclarece que
estas profissionais perpassam igualmente pelos problemas da exploração e ainda: “respondem
tanto as demandas do capital como do trabalho e só pode fortalecer um ou outro pela
mediação do seu oposto”. (IAMAMOTO 2005, p. 75), e por ter que determinar a qual
fortalecer, implica sofrimento através do desgaste mental e terminam por causar o stress, pois
a todo instante de seu fazer profissional, surgem situações dúbias.
Sendo assim, entendemos que a Assistência Social é uma especialização do trabalho
coletivo, sendo primordial e essencial, para absorver as múltiplas expressões da questão social
e suas multiplicidades, devido a estar inserida na divisão social e técnica do trabalho, e como
tal as profissionais do Serviço Social participam diretamente do processo de produção e
reprodução do capital, como trabalhadoras qualificadas, e vendedoras de sua força de trabalho
especializada, cabendo a elas a tarefa da mediação em todas as circunstâncias que se
apresentam, porém com o entendimento que só pode a um só favorecer.
30
trabalho, pois dele necessitam para dar continuação a sua existência e convívio social, porém,
estes mesmos autores afirmam que o homem é subjugado pelo trabalho:
O profissional do Serviço Social possui uma autonomia relativa, porém sofrem certo
controle profissional por parte de seus empregadores, ocasionando a insegurança,
permanecendo na dependência das empresas, instituições, Estado e ONGs, e devido a esta
dependência são submetidas a diversas formas de contratação e cobrança na intensificação do
seu fazer profissional, sofrendo pressão em sua jornada de trabalho, quando então ocorre à
depreciação dos salários e ausência de concursos públicos o que vem a causar a instabilidade
profissional, o que ocasiona a falta de perspectivas de um possível progresso e ascensão na
carreira. Iamamoto no seu livro “O Serviço Social na Contemporaneidade” fala sobre essa
“relativa autonomia” como uma dependência do assistente social:
A assistente social tem sua profissão voltada para atender as demandas que provém
das relações, contradições e condições do sistema capitalista, e sua intervenção está baseada
nas necessidades provenientes das relações sociais, historicamente postas por interesses das
classes sociais (capital e trabalho), pelo contexto apresentado é nítida a dependência aos
empregadores seja ele público ou privado, vivem no limite institucional.
33
sua força de trabalho especializada com relativa autonomia, devido a ser produto da formação
universitária e como tal realizará um trabalho necessário e complexo no atendimento as
usuárias que são colocadas sob seus cuidados nas instalações públicas ou privadas, Iamamoto
(2011) confirma que:
A afirmação de Iamamoto está enquadrada de forma bem realista, pois no estagio, foi
possível observar a realidade das assistentes sociais, no seu fazer profissional, devido ao
crescimento das velhas demandas e o aparecimento de novas demandas, são geradas através
do capitalismo e pelas crises do capitalismo financeiro, como manobras executadas pelos
gestores das políticas públicas, para enriquecimento de alguns e detrimento da classe
trabalhadora, causando o crescimento da desigualdade social e banalização da vida, as
assistentes sociais sofrem com o aumento da carga de trabalho, além disso, precisam adequar
o seu tempo para capacitação além-academia, de forma a acompanhar às injunções
econômicas, políticas e ideológicas do capital.
34
transformações no mundo do trabalho causando as pressões do mundo trabalho causadoras do
aumento das demandas sociais.
O crescimento das demandas sociais se devem as transformações do mundo do
trabalho, e a cada dia surgem novas formas de exploração, trazendo a banalização da vida,
sendo assim os sofrimentos, adoecimento e o constrangimento ético político, recaem nas
assistentes sociais, em seu cotidiano está presente o aumento da precarização do trabalho, a
carga de trabalho também sofre alteração, nem sempre os locais onde efetuação a mediação
são favoráveis ao atendimento, contratos desfavorecendo a garantia de trabalho, sendo assim
verificamos que a pressão do trabalho é grande e desfavorável a uma classe que está presente
em todas as instanciais governamentais e empresas privadas.
Caracterizada como sendo profissão necessária à sociedade, e que está inserida na
divisão social e técnica do trabalho, pode ter por parte dos governos uma melhor atenção,
devido a trabalhar diretamente com toda forma de vulnerabilidade dentre elas a:
miserabilidade, moradores de rua, desvinculação familiar, situações de violência entre outros,
porque as exigências são muitas e constantes no seu meio laboral, e devido a toda alteração de
significados e conteúdos sofridos pelas transformações, acabam por afetar a saúde,
culminando com o aparecimento de stress, seguido de impactos físicos e psíquicos, as
autoridades governamentais das três esferas devem voltar o olhar para estas profissionais de
forma a valorizar a profissão.
As profissionais do Serviço Social vivem constantemente em situações limites, e as
consequências prejudiciais a sua vida e a sua saúde se fazem presentes, e ao sofrer as
transformações são acometidas de stress sendo que, mesmo com a saúde abalada continuam a
trabalhar dando seguimento a sua vida profissional. Além de toda a carga que lhe atribuída no
trabalho ainda enfrentam com destreza a sua dupla jornada de trabalho ao chegar à casa junto
a seus familiares, e tem certos momentos que precisam atuar como profissionais no seio de
sua família.
35
participação em debates sobre o cotidiano das assistentes sociais, que pode possibilitar trazer
a luz o processo de trabalho, na luta por direitos sociais públicos e pela democracia, Iamamoto
(2005) relata que: “esse processo de compra e venda da força de trabalho especializada em
troca de um salário faz com que o Serviço Social ingresse no universo da mercantilização, no
universo do valor” (IAMAMOTO, 2000, p. 24).
Esta profissão possui valor de uso, devido a prestar serviços que atendem
necessidades sociais, mediando à vida social e material das usuárias, e como mediadoras,
estabelecem constante contato com a rede de políticas públicas, para que possa ser
estabelecida a integração entre o profissional e as usuárias que buscam atendimento.
As assistentes sociais se deparam com todas as contradições do capital, lidam com as
demandas provocadas pela precarização do trabalho, lutam com os obstáculos a elas impostos
para que possam desenvolver o Projeto Ético Político social, estão em constante aproximação
e estreitamento com as usuárias, o que pode contribuir com os impactos físicos e psíquicos,
levando-as ao Stress e aos impactos físicos e psíquicos. Até que ponto estes profissionais vão
conseguir trabalhar em condições tão depauperadas causadoras de stress?
36
CAPÍTULO 3
37
doméstica podem arremeter ao aparecimento de stress e impactos físicos e psíquicos?”,
“Quem cuida destas mulheres”? “Como estas profissionais podem alcançar o bem estar”?
Entrevistada (01).
Entrevistada (01).
39
profissionais do Serviço Social inseridas no contexto público, levando a precarização do
trabalho, desemprego, terceirizações, contratos precários de trabalho, horas estendidas e com
isso a profissional do Serviço Social vem sendo submetida a sofrimentos, adoecimentos e
constrangimentos.
Para Raichellis:
A dinâmica do binômio flexibilização/precarização, modalidades antes destinadas à
classe de operários, atinge também o trabalho dos assistentes sociais nos diferentes
espaços institucionais. É possível considerar que situações como adoecimento,
insatisfação, baixos salários, contratos precários compõem o universo da vida
profissional. (RAICHELLIS, 2011, p. 420),
Pelo fato das assistentes sociais estarem classificadas como trabalhadoras que
vendem sua força de trabalho, os desafios e situações de adoecimento são constante no seu
cotidiano, conforme a fala da entrevistada (05): “desafios: frustrações quando nos vemos
imobilizadas, demissões de colegas de trabalho (rotatividade profissional), nem todos os
profissionais da rede de apoio são sensíveis à causa da mulher”. (Entrevistada 05):
Foi percebido que o fazer profissional do Serviço Social possui muitos desafios,
posto que depare continuamente com a questão constante de difícil articulação de
rede, e a falta de transparência na organização dos serviços socioassistenciais.
Além disto, notei que a ausência da realização de estudos de casos através de
reuniões esporádicas com os técnico/as institucionais, é tornada problemática.
40
direitos da mulher, publicizando e dando visibilidade para a questão da violência contra ela, e
o Serviço Social, como profissão, tentava avançar na superação de um patamar conservador,
conforme Netto explicita que: “Os segmentos mais ativos da categoria profissional
vincularam-se ao movimento social dos trabalhadores, rompendo com a dominância do
conservadorismo”. (NETTO, 1999, p.100). Por falar em conservadorismo percebemos que a
naturalização de papéis conservadores de gênero está presente no Serviço Social, através da
responsabilização direcionada as mulheres quanto à reprodução social, vemos então que a
marca da “feminização” na assistência social também acompanha esta política desde a sua
gênese. Historicamente vemos que a cultura de subordinação das mulheres, vem sendo
imposta com nítidos interesses de uma sociedade capitalista.
Uma luta constante é travada contra a desigualdade que permeia em nossa realidade
social, e tem origem no início do nosso processo histórico, desde sua gênese, conforme Reis
(1998) apresenta:
41
Temporalizando a trajetória formal da ação social do Estado no Brasil (Reis 1998, p. 27)
Primeiras
1 preocupações das instituições governamentais, expressas na Constituição
1824 de 1824, que "garantia os socorros públicos".
Na
1 Constituição de 1891 ficam estabelecidas as "ações do Estado na área social, que
1891 deveriam ser concretizadas pelos poderes locais",
"A
1 orientação de políticas sociais possa a ser prioridade do governo... quando do
1930 início da reversão do modelo de crescimento rural agrário exportador para urbano
industrial".
A
1 Constituição "consagra um conjunto de atribuições da União, Estados e
1934 Municípios, com repercussões nos campos social e econômico: no primeiro tem-se o
amparo aos desvalidos, à maternidade, à infância e às famílias de prole numerosa”...
Criação
1 da LBA - Legião Brasileira de Assistência, com estabelecimento, nos anos
1942 50, do programa de alimentação de gestantes. 1988 - Instituição do direito de
proteção da família, maternidade, infância, adolescência e velhice, na nova
Constituição. (1ª dama Darcy Vargas)
Tabela elaborada pela pesquisadora Nilzete de Oliveira
O que vemos neste quadro apresentado por Reis (1998), e que a ação social do
Estado, pelo menos até a Constituição de 1988, era considerada como função maternidade,
não existindo como categoria para as mulheres, e a feminização da profissão já fazia parte da
história.
No período da década de 30 até a década de 88, o estado de bem-estar social,
adquiriu uma crescente institucionalização de forma a responder ao aumento das
desigualdades sociais, sendo que as políticas públicas voltadas especificamente para mulheres
só começam a aparecer nos anos 80, graças à luta organizada do movimento de mulheres que
serviu de palco para que um novo Projeto Ético-Político do Serviço Social fosse compilado,
rompendo com a trajetória conservadora. Vários fatos contribuíram para esse rompimento,
dentre eles o movimento de reconceituação, a crise da ditadura militar, a abertura democrática
e as mobilizações de diferentes categorias de trabalhadores. Apesar de rompida a trajetória
conservadora, a consciência de gênero é indispensável para as profissionais do Serviço Social,
para a continuidade do processo de renovação, visto que a feminização é permeada de
implicações conforme Iamamoto (1999):
42
Se a imagem social predominante da profissão é indissociável de certos
estereótipos socialmente construídos sobre a imagem social da mulher na visão
tradicional e conservadora de sua inserção na sociedade, o processo de renovação
do Serviço Social é também tributário da luta pela emancipação das mulheres na
sociedade brasileira (Iamamoto1999, p. 105)
A forma de divisão do trabalho social decorrente das relações sociais de sexo; essa
forma é adaptada historicamente e a cada sociedade. Ela tem por características a
destinação prioritária dos homens à esfera produtiva e das mulheres à esfera
reprodutiva e, simultaneamente, a apreensão pelos homens das funções de forte
valor social agregado (políticas, religiosas, militares etc.). (KERGOAT, 2003,
p.55-56).
Vemos que o Serviço Social está inserido no desenvolvimento das relações sociais,
das quais o gênero é parte integrante e constituinte, e isto pode ser visto através do
desprestígio social, econômico e cultural, que atingem as profissões femininas, repercutindo
43
diretamente nas relações e condições de trabalho destas profissionais, como exemplo o
Serviço Social que é permeado por um grande contingente do gênero feminino como
assistente social, apresenta-se aqui a diferenciação quanto as profissões femininas e
masculinas sendo esta última detentoras dos melhores salários e posições sociais como:
engenheiros, advogados, políticos entre outras profissões. Nesta compreensão vemos que o
gênero não se apresenta como uma categoria de grande importância para se pensar o Serviço
Social apenas pelo fato de este ser uma profissão pontuada do gênero feminino, mas sim pela
questão de ser tratada desde sua gênese, como uma profissão maternal, e como tal aos homens
não compete. O fato é que o Serviço Social se expressa como modelo de relações de gênero
específico, imposta pela sociedade, sendo assim as profissões são diferenciadas entre homens
e mulheres, na sociedade capitalista.
3.4.1- A violência contra a mulher uma questão social e a intervenção das assistentes
sociais
3.4.2- O fazer profissional das assistentes sociais e a violência doméstica, busca por
atualização e capacitação.
46
Atualmente, não sei definir exatamente a frequência de participação em eventos de
capacitação da temática de gênero. Porém, posso esclarecer que sempre que tenho
disponibilidade financeira e de tempo, busco aprender mais sobre as Leis e
Políticas públicas sobre a violência contra as mulheres. Pois, compreendo que é
preciso estar em constante aprimoramento/ capacitação profissional, uma vez que a
realidade social esteja em constante movimento. (Entrevistada 01).
Conforme a entrevistada (03) nas políticas públicas tem sempre o que aprender e
atualizar para tanto é de interesse das profissionais estarem buscando estes cursos e ou
atualizações: “Sempre que possível, principalmente quando estes ocorrem na Região dos
Lagos. Sempre há muito a aprender, mas acumulei um conhecimento razoável nesse campo”.
(Entrevistada 03).
A capacitação e necessário sempre, por trabalhar só às 20hs nem sempre posso está
fazendo curso, por eu está atuando em outra área de outro município. As leituras,
pesquisas, capacitações dentro e fora do equipamento e no trabalho que realizo
dentro do CEAM, são os componentes que me amparam no conhecimento sobre
leis e Políticas Públicas sobre violência contra mulheres. (Entrevistada 04).
47
As assistentes Sociais prestam à vítima, todos os apoios necessários através de
ações/mediações, analisando cada atendimento de forma a interpretar a realidade social que
ora se apresenta, com o intuito de adquirir suporte para a recuperação da autonomia das
mulheres, como mediadoras entre os problemas sociais e as usuárias, para tal, estas
profissionais devem estar permanentemente se atualizando através de capacitação profissional
e atualizações da legislação vigente, bem como amodernar politicas públicas e programas
através de Conferências, Congressos etc. Neste contexto a profissional em entrevista (01) diz
que: “durante o meu trabalho como Assistente Social na Secretaria Adjunta da Mulher de
Cabo Frio, e em decorrência da parceria da mesma com o SESC Santa Luzia – RJ foi
estimulado o processo de capacitação continuada dos profissionais”. (Entrevista 01),
confirmando assim a importância desta dedicação por parte das profissionais do Serviço
Social.
3.4.3- O adoecimento das profissionais do serviço social: quem cuida destas mulheres
profissionais?
Na pesquisa realizada foi possível perceber que as assistentes sociais podem ser
acometidas de stress e consequentemente sofrerem impactos físicos, psíquicas e emocionais,
após realizar o atendimento as usuárias que são vitimas de violência doméstica, por longos
períodos as profissionais são expostas a vulnerabilidade em que se encontram as usuárias, o
que leva a afetar em algum momento e de diversas formas a saúde destas profissionais, como
vemos abaixo:
Quando não se tem uma cabeça bem focada e objetiva para a busca da solução,
pode-se acabar ficando mais sensível ao que se escuta e ficar estressado, triste,
magoado. E também se a instituição não dá suporte para o profissional efetuar um
48
bom trabalho, pode sim causar irritabilidade que leva a problemas físicos e
emocionais, de sentimento de impotência. (Entrevistada 02):
Que isso só ocorra quando o profissional não sabe separar o seu fazer profissional
de suas convicções pessoais (emocionais, religiosas, etc.). Não estamos dizendo
que não nos envolvemos nem sentimos a dor do outro, mas faz parte de nossa ética
profissional atender sem deixar que tais conceitos interfiram na nossa atuação. Mas
aprendemos, principalmente com a prática a separar algumas questões, e a
sensação ao sair do trabalho depende de cada atendimento, se foi pesado saímos
mortas mental e fisicamente. (Entrevistada 03).
49
Tem atendimento que exige de mim uma atenção total, mas o que me abala e
quando a rede de proteção se torna inoperante não realizando suas atribuições com
competência. Nesse um ano de trabalho tive um cansaço mental com um caso que
praticamente passou pela equipe toda do CEAM, foi encaminhada para rede,
retornou em virtude da inoperância da rede. (Entrevistada 04).
Mas passei por situações em que realmente adoeci no trabalho: já fui acometida de
crises alérgicas, enxaquecas, alopecia nervosa e ulcera nervosa, também já tive
longos períodos de diarreia em decorrência de insatisfação e dificuldades de
atuação no campo profissional (em outros trabalhos que já exerci)”. ( Entrevistada
05).
51
Com relação à saúde destas assistentes sociais é de suma importância, que as
políticas públicas municipais, se voltem para estas profissionais, proporcionando espaço
adequado para que possam ali relaxar e minimizar, as consequências advindas de stress
causador de impactos físicos e psíquicos.
No município de Cabo Frio, não se tem conhecimento da existência de políticas
públicas e ou locais que venham a possibilitar o cuidado com estas profissionais, nem mesmo
em seu local de trabalho a existência de uma determinada hora do dia seja separada para que
estas mulheres consigam se desligar e relaxar, concordante com a explanação da profissional
entrevistada (01) que diz: “considero que a criação de mecanismos para abordar a saúde do/a
trabalhador/a da área é relevante e tornada necessária, já que abordam situações de violações
de direitos e vulnerabilidade social” (entrevista 01).
Este trabalho voltado a atender as assistentes sociais existe na prefeitura do Rio de
Janeiro conforme relatado pela profissional entrevistada (5): “na prefeitura do Rio de Janeiro
existem locais de atendimento para os profissionais “desestressar”, com atendimentos
alternativos (massagens, auricoloterapia, podologia, reflexologia...)”.
Concordamos com Palma, (2008) quando fala que “a prestação de serviços sociais só
é eficiente quando o profissional se encontra bem fisicamente e psicologicamente” (PALMA,
2008, p.27), porque se forem verificadas situações de stress, seguidos de impactos físicos
psíquicos e Burnout, descontentamento com a instituição para qual trabalha, com a equipe
técnica ou mesmo com o próprio trabalho, levará a afetar a intervenção que vai ser realizada
junto à usuária.
Para que este tipo de situação não ocorra, e necessária e eficaz a preocupação por
parte dos poderes públicos na implantação de assessoria psicológica que venha a dar suporte
as profissionais que se encontram em vulnerabilidade através do stress. Desta forma segundo
Palma (20008), “cabe às instituições criar condições que permitam um desenvolvimento
harmonioso da atividade profissional do Assistente Social, para que não exista a prevaleça de
situações de Stress e Burnout”. (PALMA, 2008, p.29).
Sendo então necessária a implantação de políticas públicas já que a “questão da
saúde” destas profissionais não faz parte das elaborações de organogramas, nos seguimentos
que atuam, bem como não há ponderação sobre a necessidade de divulgar o trabalho realizado
pelas instituições, assim como o trabalho dos assistentes sociais, o que levaria a sociedade a
participar do processo de construção de estratégias de intervenção, junto às relações de gênero
e trabalhar em busca de possiblidade de reduzir a violência doméstica contra a mulher no
município de Cabo Frio.
52
4- CONSIDERAÇÕES FINAIS
53
porém nem sempre são disponibilizados pelos equipamentos a qual pertencem, e a Rede de
Proteção que deve dar o suporte necessário, e que por vezes também não atende aos
encaminhamentos, trazendo a existência demandas excessivas do trabalha.
Mesmo enfrentando as demandas profissionais estas mulheres se dedicam a
profissão, e acabam esquecendo-se de sua própria condição de ser humano, pondo de lado o
seu próprio desgaste, em alguns casos não assimilam que são suscetíveis ao stress, resistindo
em procurar ajuda, porque entendem que elas próprias são formadas com intuito de ajudar os
outros.
O presente estudo não tem a intenção de esgotar o assunto, servirá como ponto de
partida para novas investigações, bem como realizar pesquisas, debates, relatórios, palestras,
fóruns, conferências, políticas públicas e possíveis projetos interventivos para a temática em
questão, devido à importância de se achar e dar respostas a questões que venham a elucidar o
stress e os impactos físicos, psíquicos sofridos pelos assistentes sociais, o que poderá abrir a
possibilidade de integrar as políticas públicas de Cabo Frio, programas voltados ao
atendimento das assistentes sociais que trabalham na instituição do CEAM, com a finalidade
de trazer relativo conforto psicológico, evitando assim o stress nestas profissionais, o qual o
tratamento e oneroso aos cofres públicos, a prevenção sempre teve e terá um custo inferior ao
tratamento necessário. Estas profissionais do Serviço Social necessitam estar bem, para
atender bem!
54
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Comunicação - 07/10/2008 - atualizado em 08/03/2016, é cientista social, mestre em sociologia
política e doutorando em ciências sociais. É autor do livro Comissão Justiça e Paz de São Paulo:
Gênese e Atuação Política - 1972-1985 - http://educacao.uol.com.br/disciplinas/sociologia/feminismo-
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WAISELFISZ, Júlio Jacobo - Mapa da violência 2015 homicídio de mulheres no Brasil. 1ª Edição
Brasília – DF – 2015
60
Apêndice A
Elaborado pela aluna Nilzete de Oliveira do curso de Serviço Social Veiga de Almeida estagiaria do
CEAM E CREAS nos períodos compreendidos entre 2015 e 2016.
1. Nome __________________________________________________________
Escolaridade ________________________Raça_________________________
Religião ______________________________
3. Participa ou já participou de algum movimento social, se sim qual e o que te levou a participar?
4. Fale sobre a função e tempo de serviço na instituição, carga horária (em horas/semanal), área de
atuação e o que acha desse campo de atuação?
5. Porque escolheu o Serviço Social como profissão, como percebe o seu fazer profissional no seu
cotidiano e como se sente?
6. Com que frequência que participa de seminários, congressos, cursos de capacitação na área
violência contra mulheres?
E como você define o seu conhecimento sobre Leis e Políticas Públicas sobre violência contra
mulheres?
8. Como se sente ao fazer atendimento à mulher que sofre violência e em algum momento as
demandas do seu trabalho já influenciaram na sua vida pessoal ou socialização primária?
9. Você nos dias de seu trabalho consegue separar a mulher assentada como profissional da mulher
que tem emoções, fragilidade, inquietação, angustia, rotina caseira e muitas vezes precisa ser
profissional dentro de sua própria casa, ou seja, Consegue desvincular trabalho de sua vida particular?
61
10. Fale-me sobre os objetivos da instituição com relação à violência contra a mulher.
E quais são as articulações elaboradas no decorrer das discussões ou estudo de casos no âmbito do
serviço social sobre a violência contra mulheres?
11. Quantos profissionais do Serviço Social trabalham na instituição em que está inserida e qual o
nível de autonomia da Assistente Social nesta instituição?
12. Qual o grau de satisfação que sente quando uma usuária alcança o seu empoderamento?
14. O que me diz sobre trabalho em equipe e sua relação com os outros profissionais com relação à
violência contra a mulher?
15. Fale um pouco sobre a rotina de funcionamento da instituição (número de usuários e profissionais
atividades)
16. Qual a sua visão sobre trabalhar com a violência contra a mulher na instituição e Como você se
sente ao atender uma usuária?
Em algum momento sentiu que estava doente e levou tempo para perceber?
17. Você percebe que há consequências físicas, psíquicas e emocionais depois do atendimento?
Quais são as consequências e no seu entender podem levar o assistente social a adoecer?
18. Tem conhecimento de alguma política pública voltada a dar assistência as profissionais?
62
Apêndice B
Esta pesquisa, “Mulheres que cuidam de mulheres”, será desenvolvida por meio da
aplicação de QUESTIONÁRIOS as assistentes sociais que cuidam de mulheres vitimas de
violencia doméstica no CEAM Cabo Frio/RJ.
Estas informações estão sendo fornecidas para subsidiar sua participação voluntária
neste estudo que visa (levantar a questão sobre o adoecimento das assistentes sociais no seu fazer
profissional). Em qualquer etapa do estudo, você terá acesso a investigadora para
esclarecimento de eventuais dúvidas.
Contato: Nilzete de Oliveira, telefone: (21) 99551-1050
E-mail: tianilzete@yahoo.com.br
É garantida aos sujeitos de pesquisa a liberdade da retirada de consentimento e o
abandono do estudo a qualquer momento. As informações obtidas serão analisadas em
conjunto com outros sujeitos da pesquisa, não sendo divulgada a identificação de nenhum
participante. Fica assegurado, também, o direito de ser mantido atualizado sobre os
resultados parciais da pesquisa, assim que esses resultados chegarem ao conhecimento do
pesquisador.
Não há despesas pessoais para o participante em qualquer fase do estudo.
Também não há compensação financeira relacionada à sua participação. Se existir qualquer
despesa adicional, ela será absorvida pelo orçamento da pesquisa.
Comprometo-me, como pesquisador principal, a utilizar os dados e o material
coletados somente para esta pesquisa.
Atenciosamente,
Nilzete de Oliveira
Discente do Curso de Serviço Social
Universidade Veiga de Almeida
Campus Cabo Frio
63
ABREVIATURAS
CFESS -
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