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Análise das Demonstrações Contábeis I – Prof.

Ciro Bächtold 1

Nota Sobre o Autor:


CIRO BÄCHTOLD – Especialista em Administração Pública pelo Complexo de Ensino
Superior do Brasil (UNIBRASIL), Pós Graduado em Contabilidade e Finanças pela
Universidade Federal do Paraná (UFPR), Bacharel em Ciências Contábeis pela Faculdade
Católica de Administração e Economia (FAE), Técnico em Administração de Empresas pelo
Colégio Estadual Campos Sales. Trabalhou durante 18 anos na Prefeitura Municipal de
Campina Grande do Sul, ocupando diversos cargos entre eles: Secretário Municipal de Governo,
Diretor de Tributação, Contador e Oficial de Administração. Atualmente é Professor de
Contabilidade da Universidade Federal do Paraná (ET/UFPR), Coordenador do Curso de Gestão
Pública com Ênfase em Administração Municipal na modalidade à distância, Vice-Coordenador
do Curso de Contabilidade no ensino presencial e foi vice-Coordenador do Curso de Gestão
Pública na modalidade ensino à distância. No ensino presencial leciona as disciplinas de
Contabilidade de Custos, Análise das Demonstrações Contábeis, Contabilidade Introdutória e
Administração Financeira. No ensino à distância preparou o material didático de Contabilidade
de Custos I, Contabilidade de Custos II e Noções de Administração Pública, e lecionou as
disciplinas de Noções de Administração Pública, Noções de Contabilidade Pública, Teoria
Geral da Administração, Contabilidade Empresarial I, Contabilidade de Custos I e
Contabilidade de Custos II.

APRESENTAÇÃO
Prezado aluno...

Observando a nota sobre o autor, percebo que nossa experiência na modalidade de


ensino à distância está aumentando. Quando digo que a experiência é nossa, certamente estou
me referindo a você e a mim. Quero aproveitar este espaço para agradecer a você que durante a
realização do curso entrou ou irá entrar em contato para participar, deixar sua crítica, elogio ou
sugestão. Nosso crescimento se faz assim, através do esforço, dedicação e troca de experiências.
Estamos entrando em mais uma fase do curso, desta vez no último módulo. Esta
disciplina Análise das Demonstrações Contábeis, exige um bom conhecimento das principais
demonstrações contábeis: Balanço Patrimonial, Demonstração do Resultado do Exercício,
Demonstração de Origem e Aplicação de Recursos, Demonstração de Lucros ou Prejuízos
Acumulados ou Demonstração de Mutações do Patrimônio Líquido. Como esta disciplina será
ministrada em duas etapas, neste primeiro material temos por objetivo esclarecer a elaboração e
dar segurança na preparação do papel de trabalho para que a análise seja feita da melhor
maneira possível. Foi reservada para a segunda etapa da disciplina a parte da utilização dos
principais índices e elaboração do relatório de análise. Por ser uma seqüência e ambas
relevantes, espero que você possa seguir as orientações, prestar muita atenção, resolver os
exercícios propostos e que ao concluir o curso seu domínio sobre as demonstrações contábeis
seja satisfatório.
Boa aula e agora vamos ao que interessa!

Ciro Bächtold
Análise das Demonstrações Contábeis I – Prof. Ciro Bächtold 2

Aula 1
INTRODUÇÃO
Quando nos deparamos com uma disciplina, primeiramente
buscamos informações a respeito do assunto, do professor e alguns
mais apavorados, a quantidade de alunos que já reprovaram na
matéria. Se não temos estas informações, prestamos atenção nos
elementos que temos em mãos e no desenvolvimento das aulas para
que possamos tirar nossas conclusões. Bem, neste caso antes de tirar
uma conclusão estamos fazendo uma análise. Ou seja, análise pode
se traduzir pelo estudo das partes que compõem o todo. Alguns
preferem traduzir análise por verificação, e olhando por este lado
verificar é provar a verdade, confirmar.
Assim, a conclusão da análise é uma forma de expressar a verdade,
sobre a situação da empresa. Quando falamos de Análise das
Demonstrações Contábeis, estamos querendo dizer: verificação das
demonstrações e relatório sobre a situação atual da empresa e sua
evolução. Para que o trabalho seja realizado de forma adequada,
vou passar algumas dicas que vão desde antes do início da análise e
termina com o relatório que é a síntese sobre a realidade da
empresa.
É possível que você já tenha visto esta disciplina com o nome de Análise de Balanços e esteja
imaginando, mas será Análise de Balanços ou análise das demonstrações contábeis? Aí
recorremos ao histórico da atividade para poder tirar uma conclusão. Por se exigir no início
apenas o Balanço Patrimonial, por muito tempo a disciplina foi apresentada no meio acadêmico
como Análise de Balanços, porém com a solicitação de outras demonstrações contábeis para
análise alguns autores preferiram utilizar o termo de Análise das Demonstrações Contábeis,
enquanto outros defendem a permanência do título original por considerar a Demonstração do
Resultado do Exercício (DRE) como o Balanço Econômico da empresa e o fluxo de caixa como
sendo o Balanço Financeiro. Assim, é comum no meio técnico a tendência de considerar como
sinônimos as duas expressões.
Antes de iniciarmos o estudo, é bom lembrar de uma frase muito utilizada pelo Professor
Júlio César Martins: Contabilidade é Fácil! Se isto é verdade, Análise das Demonstrações
Contábeis é mais fácil ainda.

HISTÓRICO
Costuma-se dizer que a Análise das Demonstrações Contábeis é antiga como a própria
contabilidade. Com relação ao surgimento da contabilidade podemos mencionar a citação de um
conhecido de vocês, competente, excelente professor e meu amigo, Carlos Alberto de Ávila no
livro Gestão Contábil para contadores e não contadores: “A contabilidade constitui um dos
conhecimentos mais antigos da humanidade e surgiu em função da necessidade que o ser
humano tem de controlar suas posses e riquezas, ou seja, seu patrimônio. É tão antiga quanto à
própria humanidade. Há, inclusive, hipóteses de que a contabilidade tenha surgido antes mesmo
da escrita e até que tenha sido base para o surgimento desta”.
Quando surgiu a contabilidade com a finalidade de apuração do patrimônio,
automaticamente surge a análise que corresponde ao processo de verificação e parecer sobre a
situação patrimonial e sua evolução quantitativa e qualitativa.
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“Se nos reportarmos par o início provável da contabilidade ( 4000 a.C.), em sua forma
primitiva, encontraremos os primeiros inventários de rebanhos (o homem que voltava sua
atenção para a principal atividade econômica: o pastoreio) e a preocupação da variação da
riqueza (variação do rebanho)”. (MARION – 2002).
A análise das demonstrações contábeis como atividade distinta, surgiu em virtude de
exigências do sistema bancário que durante algum tempo foi o principal usuário da atividade.
O professor José Carlos Marion no livro Análise das Demonstrações Contábeis
menciona que o início da análise é do final do século XIX, quando banqueiros norte-americanos
começaram a exigir o documento como requisito para o fornecimento de empréstimo bancário,
informação confirmada pelo professor Dante C. Matarazzo no livro Análise Financeira de
Balanços.
Seqüência Evento
1 No final do século passado, banqueiros norte-americanos começam a solicitar o
balanço de empresas que desejam contrair empréstimos bancários;
2 Em 09/02/1895, passa a ser recomendado pelo Conselho Executivo da
Associação de Bancos de Nova Iorque a solicitação de declarações escritas e
assinadas de seus ativos e passivos;
3 No ano de 1900 houve divulgação da Associação de Bancos de Nova Iorque de
proposta de crédito incluindo espaço para o balanço patrimonial;
4 Em 1915, por determinação do Federal Reserve Board (banco central dos EUA)
só poderiam ser redescontados os títulos negociados por empresas que tivessem
apresentado seu balanço ao banco;
4 Em 1919, Alexander Waal (considerado o pai da análise de balanços)
desenvolveu um modelo de análise baseado em índices extraídos de balanços;
5 Em 1925, Stephen Gilman realizou críticas à análise por coeficientes e propôs a
sua substituição pela análise horizontal dos índices;
6 Em 1930, na empresa Du Pont surge um modelo de análise de rentabilidade
(ROI – Return on Investiment ou Retorno sobre o Investimento) que
decompõem o retorno em taxas de margem de lucro e giro dos negócios;
7 Em 1931, a Dun & Bradstreet passa a elaborar e divulgar índices-padrão para
os diversos ramos de atividades dos EUA;
8 No Brasil, em 1968, foi criada a SERASA, empresa que centralizou a Análise
de Balanços de bancos comerciais.
Seqüência de eventos em ordem cronológica adaptada dos livros Análise Financeira de
Balanços de Dante C. Matarazzo, páginas de 26 a 28 e do livro Elaboração daS Demonstrações
Contábeis, página 195, de José Hernandez Perez Jr e Glaucos Antonio Begalli, ambos da editora
Atlas S.A.
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AULA 2
FINALIDADE DA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
Qual a finalidade principal da análise das demonstrações contábeis? Traduzindo, qual
seu principal objetivo? É extrair informações úteis para a gestão da empresa. Mas isto envolve
alguns aspectos como o estático e o dinâmico.
“O aspecto estático compreende o estudo da situação da empresa como ela se apresenta
no momento, sem se preocupar como passado ou o futuro. O aspecto dinâmico se preocupa com
a evolução da empresa e do ritmo de seus negócios, comparando os resultados atuais com os de
anos anteriores e ponderando, inclusive, as possibilidades de evolução futura.” (REIS – 1993)
Alguns autores afirmam que o trabalho do analista começa onde termina o trabalho do
contador, por ser a contabilidade uma atividade baseada em registros e avaliação do patrimônio,
enquanto a análise trata-se de uma atividade posterior, que visa concluir sobre os registros já
efetuados. Portanto é comum ler em livros do gênero: “A análise começa onde termina a
contabilidade”.
Na minha modesta opinião, a Análise está contida na contabilidade. E para justificar cito
as funções da contabilidade estudadas em Contabilidade Básica, do módulo I, deste curso
técnico em contabilidade, na página 18: “as principais funções da contabilidade são: registrar,
organizar, demonstrar, analisar e acompanhar as modificações do patrimônio em virtude da
atividade econômica ou social que a empresa exerce no contexto econômico”. E também por ser
uma disciplina obrigatória nos cursos de contabilidade. No mundo competitivo de hoje, o
contador é além de tudo analista e consultor, parceiro que pode auxiliar na tomada de decisões e
tem a responsabilidade de estar preparado para assumir esta função.
No livro Análise de Balanços de Sérgio Iudícibus (1998), nas páginas 20 e 21,
caracteriza a análise de balanços como “a arte de saber extrair relações úteis, para o objetivo
econômico que tivermos em mente, dos relatórios contábeis tradicionais e de suas extensões e
detalhamentos, se for o caso”. E faz ainda seguinte citação: “Consideramos que a análise de
balanços é uma arte, pois, embora existam alguns cálculos razoavelmente formalizados, não
existe forma científica ou metodologicamente comprovada de relacionar os índices de maneira a
obter um diagnóstico preciso. Ou, melhor dizendo, cada analista poderia, com o mesmo
conjunto de informações e de quocientes, chegar a conclusões ligeiras ou até completamente
diferenciadas. É provável, todavia, que dois analistas experimentados, conhecendo igualmente
bem o ramo de atividade da empresa, cheguem a conclusões bastante parecidas (mas nunca
idênticas) sobre a situação atual da empresa, embora quase sempre apontariam tendências
diferentes, pelo menos em grau, para o empreendimento”.
Quando o prof. Sérgio de Iudícibus escreveu sobre “.a arte de saber extrair relações
úteis, para o objetivo econômico que tivermos em mente, ...”, é possível interpretar esta
expressão como: é a ciência que extrai informações de acordo com finalidade de seus usuários.
As demonstrações financeiras fornecem uma série de dados sobre a empresa, de acordo
com regras contábeis. A Análise de Balanços transforma esses dados em informações e será
tanto mais eficiente quanto melhores informações produzir. (MATARAZZO-1993).
A finalidade da Análise de balanços é transformar os dados extraídos das demonstrações
financeiras em informações úteis para a tomada de decisões por parte das pessoas interessadas.
(RIBEIRO – 2004).
Assim, é possível concluir que o objetivo principal é o fornecimento de informações dirigidas às
necessidades de seus usuários.
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PRINCIPAIS USUÁRIOS (INTERESSADOS)


Há uma lista de interessados nas informações das demonstrações contábeis e conseqüentemente
no trabalho do analista. Dentre os quais podemos destacar:
Sócios;
 Administradores;
 Fornecedores;
Ambiente Interno
 Clientes;
 Empregados;
 Bancos; EMPRESA
 Investidores; Ambiente Externo
 Concorrentes;
 A comunidade (sociedade);
 Governo;
 Outros por diversos motivos (incluindo a curiosidade).

A análise interna é realizada dentro da entidade por seus próprios empregados, e visa
informar administradores e diretores, auxiliando-os nas tomadas de decisões. Por pertencerem à
própria entidade objeto da análise, os analistas não encontram dificuldades para coletas os dados
necessários a realizar suas tarefas, tendo inclusive acesso aos controles internos. Por isso a
análise interna é considerada a mais completa. (RIBEIRO –2004)
A análise externa é efetuada fora da entidade objeto da análise, e seu objetivo é informar
aos interessados acerca da situação econômica ou da estabilidade da entidade para concretização
de negócios, concessões de créditos e financiamentos. É efetuada por profissional externo,
normalmente pertencente às entidades interessadas na análise. Nesse caso, o analista tem em
mãos somente as demonstrações financeiras publicadas pela entidade, além de alguns
esclarecimentos adicionais, constantes dos relatórios ou das notas explicativas que acompanham
as demonstrações. (RIBEIRO – 2004).
Sabendo para quem a análise é dirigida pode-se transformar a linguagem técnica em
linguagem de fácil entendimento. O relatório da análise será formatado para seu público.
“O produto da Análise de Balanços é relatórios escritos em linguagem corrente. Na
medida do possível, recomenda-se o uso de gráficos como auxiliares para simplificar as
conclusões mais complexas. Ao contrário das demonstrações financeiras, os relatórios de
análise devem ser elaborados como se fossem dirigidos a leigos, ainda que não o sejam... As
demonstrações financeiras apresentam-se carregadas de termos técnicos e suas notas
explicativas são feitas exclusivamente para técnicos, a tal ponto que permitem freqüentemente
manipulações e acobertamentos. Assim, a Análise de Balanços deve assumir também o papel de
tradução dos elementos contidos nas demonstrações financeiras.” (MATARAZZO-1993).
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AULA 3
Requisitos para uma boa análise
Para que o processo seja realizado com sucesso, algumas etapas devem ser respeitadas. O
trabalho deve ter início, desenvolvimento e conclusão.
Alguns requisitos indispensáveis para uma boa análise são:
1 – Conhecer as Demonstrações Contábeis que serão analisadas;
2 – Conhecer as características da empresa;
3 – Conhecer o objetivo de sua análise;
4 – Coleta das Demonstrações Contábeis e demais documentos;
5 – Exame e Padronização dos documentos;
6 – Análise Vertical e Horizontal;
7 – Cálculo e Interpretação de Indicadores;
8 – Comparação com os Padrões de mercado;
9 – Conclusão – Relatório da análise.

Esta disciplina está separada em dois módulos, nesta primeira etapa será estudado até o
item análise vertical e horizontal, deixando as demais etapas para Análise das Demonstrações
Contábeis II.

CONHECENDO AS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS


Para uma boa análise é fundamental que o analista conheça profundamente o seu papel
de trabalho, que são as demonstrações contábeis. Você confiaria na análise de um médico que
não conhece perfeitamente o corpo humano? Ou confiaria seu dinheiro nas mãos de um
investidor que não domina o mercado financeiro? Da mesma forma o analista ao assumir o
compromisso deve ter habilidade e conhecimento das demonstrações contábeis.
A Lei No 6.404, de 15 de dezembro de 1976 que dispõe sobre as Sociedades por Ações,
aplicável às demais sociedades, no Artigo 176 apresenta as demonstrações contábeis
obrigatórias:
 Balanço Patrimonial (BP);
 Demonstração do Resultado do Exercício (DRE);
 Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos (DOAR);
 Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA) ou Demonstração de
Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL);
 Notas Explicativas (NE).
A NPC (norma e procedimento de contabilidade) Nº 27 do IBRACON, apresenta a
Demonstração de Fluxo de Caixa (DFC) com alternativa à DOAR e reconhece como
demonstração contábil a Demonstração de Valor Adicionado (DVA) se elaborado pela empresa,
que é um relatório recomendado pela ONU por sua utilização na comunidade européia e em
breve deve ser institucionalizado no Brasil em virtude da globalização, a Deliberação CVM nº
496, de 03 de janeiro de 2006, reconhece a NPC n 27 e prevê a vigência a partir do exercício de
2006. Outros documentos ainda podem ser analisados como o Registro de Inventário, Registro
de Contas a Pagar e Contas a Receber, etc.

Sites de pesquisa: www.crcpr.org.br , www.crcsc.org.br , www.cfc.orb.br.


Acesse também: www.ibracon.com.br - Instituto dos Auditores Independentes do Brasil
www.cvm.gov.br - Comissão de Valores Mobiliários.
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AULA 4
Vamos relembrar e apresentar características que devem ser levadas em consideração no
momento da elaboração e análise das demonstrações contábeis.

BALANÇO PATRIMONIAL
É uma demonstração estática, sintética e ordenada do patrimônio da empresa, refletindo
a posição financeira da empresa de forma quantitativa e qualitativa em determinado momento.
Antes de falar das principais contas patrimoniais, é importante conceituar origem e
aplicação de recursos.
Origem de recursos é de onde a empresa está conseguindo o capital para investir na empresa,
por isso também é conhecida como fonte de recursos e pode ser dividida em: capital próprio
(CP) e capital de terceiros (CT). Nenhum recurso ingressa na empresa sem passar pelo Passivo
ou Patrimônio Líquido.
Capital Próprio – É o capital dos sócios e está representada no Balanço Patrimonial pelo
Patrimônio Líquido;
Capital de Terceiros – É o capital dos outros (terceiros) que estão representados no Balanço
Patrimonial pelas obrigações de curto prazo (Passivo Circulante) e longo prazo (Passivo Não
Circulante e Resultado de Exercícios Futuros).
Aplicação de Recursos - É onde estão sendo investidos os recursos na empresa. Pode ser
dividido em aplicações de curto (Ativo Circulante) e de longo prazo (Ativo Realizável a Longo
Prazo e Ativo Permanente).
Assim temos a igualdade:
ATIVO = PASSIVO ou APLICAÇÃO = ORIGEM.

ATIVO PASSIVO
Curto Prazo Capital de Terceiros
Curto Prazo + (divida com 3°s)
Aplicação
+ Longo Prazo
Longo Prazo Origem
Patr. Líquido
Capital Próprio
(divida com sócios)

No Balanço Patrimonial o grupo de contas deve ser registrado conforme orientação do art. 178 da Lei
6.404/76, conforme segue:
Art. 178. No balanço, as contas serão classificadas segundo os elementos do patrimônio que registrem, e
agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a análise da situação financeira da companhia.
§ 1º No ativo, as contas serão dispostas em ordem decrescente de grau de liquidez dos elementos nelas registrados,
nos seguintes grupos:
a) ativo circulante;
b) ativo realizável a longo prazo;
c) ativo permanente, dividido em investimentos, ativo imobilizado e ativo diferido.
§ 2º No passivo, as contas serão classificadas nos seguintes grupos:
a) passivo circulante;
b) passivo Passivo Não Circulante;
c) resultados de exercícios futuros;
d) patrimônio líquido, dividido em capital social, reservas de capital, reservas de reavaliação, reservas de lucros e
lucros ou prejuízos acumulados.
§ 3º Os saldos devedores e credores que a companhia não tiver direito de compensar serão classificados
separadamente.
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Exemplo de Balanço Patrimonial, foram desprezados os centavos.


ATIVO 2004 2003
CIRCULANTE 3.693.383 3.937.629
Disponibilidades 214.308 273.997
Contas a receber de clientes 1.479.788 1.294.178
Estoques 1.534.082 1.941.999
Impostos a recuperar 155.175 137.772
Outras contas a receber 216.693 216.517
Despesas antecipadas 93.337 73.166

Ativo Não Circulante 4.023.563 3.884.171


IRPJ e CSLL 77.831
Contribuição sindical diferido 115.605 114.385
Outras contas a receber

Investimentos 45 45
Imobilizado 3.723.310 3.610.152
Diferido 106.772 159.589

TOTAL 7.716.946 7.821.800

PASSIVO 2004 2003


CIRCULANTE 1.359.674 1.092.429
Financiamentos e Empréstimos 495.274 157
Fornecedores 124.873 314.937
Obrigações Sociais e Encargos 704.899 97.357
Impostos e Contribuições a recolher 34.628 627.364
Comissões a pagar 52.614

Passivo Não Circulante 2.817.840 4.806.100


Financiamentos e partes relacionadas - 1.418.193
Fornecedores e partes relacionadas 2.212.153 2.294.702
Impostos e contribuições a recolher 605.655 1.093.173
Outras contas a pagar 32 32

PATRIMÔNIO LÍQUIDO 3.539.432 1.923.271


Capital social subscrito 3.125.396 1.710.000
Capital social a integralizar - -5.504
Reserva legal 29.170 -
Lucros acumulados 384.866 218.775

TOTAL 7.716.946 7.821.800


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Aula 5
CONTAS DO ATIVO

Para ser Ativo é necessário que qualquer item preencha quatro requisitos simultaneamente:
 Constituir bem ou direito da empresa;
 Ser de propriedade, posse ou controle de longo prazo da empresa;
 Ser mensurável monetariamente;
 Trazer benefícios presentes ou futuros.
(Fonte: IUDÍCIBUS – 1998)

No Ativo, as contas que representam os bens e os direitos são organizadas em ordem


decrescente do grau de liquidez.

Grau de liquidez é a possibilidade de componentes se transformarem ou se realizarem dinheiro.


Os estoques de mercadorias, por exemplo, serão transformados em dinheiro quando forem
vendidos a vista; as duplicatas a receber, quando forem recebidas, e assim por diante.
(RIBEIRO – 2004)

As contas do ativo são classificadas em:

Ativo Circulante – São classificadas neste grupo as contas que devem circular (girar) no
máximo até o próximo exercício social. Ou seja, tem uma rotação rápida e devem se transformar
em dinheiro até o final do exercício subseqüente.

Vai ser recebido este Vai ser recebido no Vai ser recebido após o
ano próximo ano próximo ano

CIRCULANTE – CURTO PRAZO LONGO PRAZO

As principais contas do Ativo Circulante são:


 Disponibilidades = Neste subgrupo são classificadas as contas que possuem o maior
grau de liquidez dentre as demais contas do Ativo. Elas representam as disponibilidades
imediatas e quase imediatas. As disponibilidades imediatas correspondem ao dinheiro que a
entidade tem no caixa ou depositado em conta corrente bancária, pois pode lançar mão desses
valores imediatamente. Disponibilidades quase imediatas são os valores que, embora
disponíveis, necessitam de alguns dias para serem resgatados ou para serem liberados, como
ocorre com as aplicações de curtíssimo prazo e com os valores em trânsito (exemplo: depósitos
efetuados a favor da empresa por meio de ordens de pagamentos que ainda não foram
liberados). (RIBEIRO – 2004)
Exemplos: Caixa, Bancos Conta Movimento, Aplicações financeiras de liquidez imediata.
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 Contas a Receber ou a Recuperar = a expressão “a receber ou a recuperar” deixa claro


que trata-se de um direito, e será classificada no ativo circulante se o recebimento ocorrer a
curto prazo.
As contas a receber representam, normalmente, um dos mais importantes ativos das
empresas em geral. São valores a receber decorrentes de vendas a prazo de mercadorias e
serviços a clientes, ou oriundos de outras transações. Essas outras transações não representam o
objeto principal da empresa, mas são normais e inerentes às suas atividades. Por esse motivo, é
importante a segregação dos valores a receber, relativos ao seu objeto principal (CLIENTES),
das demais contas, que podemos denominar Outros Créditos. (FIPECAFI – 1993).
Se necessário à empresa ainda ajustará os valores a receber através de contas retificadoras,
relativo a créditos incobráveis, atendendo à convenção do conservadorismo.
Exemplos: Clientes, Duplicatas a Receber, Títulos a Receber, Notas Promissórias a receber,
(-)Duplicatas Descontadas, (-)Provisão de Perdas com Clientes, Adiantamento a Clientes,
Adiantamento a Funcionários ou Fornecedores, Empréstimo a Funcionários, Impostos a
Recuperar, Investimentos Temporários, Aplicação Financeira de Curto Prazo (cujo saque não
esteja disponível no momento), Importação em andamento, Cauções, enfim realizáveis de curto
prazo.
 Estoques = A composição dos estoques será uma conseqüência do tipo da atividade da
empresa. A empresa comercial terá um estoque composto de mercadorias, enquanto a indústria
terá estoques de matéria-prima, produtos em elaboração, produto acabado, material de consumo
e embalagens. Uma construtora, por exemplo, terá estoque de imóveis em construção ou
acabados, além de material de construção. No caso de quebra ou desvalorização habitual dos
estoques, como, por exemplo, na indústria têxtil ou de informática, obedecendo ao
conservadorismo, deverá ser feito o ajuste do valor por meio da provisão para quebra ou
desvalorização, incluindo assim a despesa dentro do resultado do período em encerramento e
respeitando também a competência do exercício. (PEREZ JR. & BEGALLI – 1999).
Exemplos: Mercadorias para revenda, produtos acabados, produtos em elaboração,
Subprodutos, matérias-primas, material secundário, material de embalagem, materiais de
consumo (material de escritório, refeitório, limpeza, etc.), (-) Provisão para Ajuste a valor de
mercado.
 Despesas do Exercício Seguinte = Alguns autores preferem chamar de Despesas
Antecipadas, por se tratar de antecipação de pagamento de despesas cujos serviços, produtos ou
benefícios ocorrerão apenas no próximo exercício.
Exemplos: Prêmios de Seguros, Aluguel passivo a vencer, Assinaturas e anuidades, antecipação
de comissões e prêmios, juros passivos a vencer.
Observação- Nos casos de empréstimos efetuados com pagamentos de juros ou correção
monetária prefixados, as contas representativas dessas despesas pagas antecipadamente devem
ser, para fins de Análise de Balanços, reclassificadas como redutores das respectivas contas de
obrigação no Passivo Circulante ou Passivo Passivo Não Circulante, conforme o caso.
(RIBEIRO – 2004).

Ativo Não Circulante – São classificadas aqui as contas que devem entrar em liquidez somente
após o encerramento do próximo exercício.
O realizável a longo prazo compreende teoricamente as mesmas contas do Ativo Circulante
(com exceção das disponibilidades) cujo prazo de realização seja superior a um ano ou ao ciclo
operacional se esta for superior a um ano. (MATARAZZO – 1993).
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Exemplos: Duplicatas a Receber, Clientes, Estoques, Aplicações Financeiras, Cauções, (-)


Provisão para Perdas com Clientes, Adiantamento ou Empréstimo a Clientes e Funcionários,
enfim todos os direitos a receber após o encerramento do próximo exercício.

Ativo Permanente – São os bens e direitos que por não haver interesse da empresa em se
desfazer deles, seu grau de liquidez é menor.
O Ativo permanente se divide em três partes:
 Investimentos – Não são destinados à manutenção da atividade operacional da empresa,
são ativos que a empresa não tem intenção de se desfazer deles. É chamada por alguns
profissionais de imobilização financeira.
A Lei das S.A. estabelece que devem ser classificadas em Investimentos as participações
permanentes em outras sociedades e os direitos de qualquer natureza que não se destinem à
manutenção da atividade da empresa e não se classifiquem no Ativo Circulante ou realizável a
longo prazo. (MATARAZZO – 1993)
A Lei nº 6.404 determina que as participações classificadas no circulante do lanço anterior, e
que não tiverem sido alienadas até o balanço atual, deverão ser transferidas para o Ativo
Permanente. (REIS – 1993)
Saiba mais
É comum em investimentos os termos coligada, controlada e relevância do investimento, vamos
então a estas definições:
 Coligada – Participação com 10% ou mais do capital social da sociedade investida até o
ponto de não exercer o controle.
 Controlada – A investidora, direta ou indiretamente, através de outras sociedades
controladas, é titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de modo permanente,
preponderância nas deliberações sociais e poder de eleger a maioria dos administradores.
 Relevância do Investimento – Em cada sociedade coligada ou controlada, se o valor contábil
de cada investimento é igual ou superior a 10% do patrimônio líquido da investidora. No
conjunto de sociedades coligadas e controladas, se o valor contábil total dos investimentos é
igual ou superior a 15% do patrimônio líquido da investidora. O valor contábil do
investimento abrange também saldos de ágio e deságio ainda não amortizados e provisão
para perdas. Para fins de determinação dos citados percentuais serão adicionados aos valores
contábeis do investimento as quantias a receber (créditos) da sociedade investidora contra
suas coligadas e controladas. (ALMEIDA – 1997)
Exemplos: Participação permanentes em outras sociedades, obras de arte, terrenos e imóveis
para futura utilização, imóveis não de uso, bens locados a terceiros, (-) provisão para
perdas em investimento, (-) depreciação acumulada.

 Imobilizado – São bens e direitos utilizados na atividade operacional da empresa. A


venda de qualquer desses elementos sem a devida reposição, prejudicará ou pode até paralisar a
atividade normal da empresa.
Exemplos: Podem ser tangíveis como terrenos, construções, obras em andamento, móveis e
utensílios, máquinas, aparelhos e equipamentos, ferramentas, peças e conjunto de reposição,
instalações, veículos, semoventes, direitos sobre recursos naturais, florestamento e
reflorestamento, benfeitorias em propriedade de terceiros, (-)Depreciação/ Amortização/
Exaustão acumulada; ou intangíveis como marcas, direitos e patentes, fundo de comércio, (-)
amortização acumulada.
Análise das Demonstrações Contábeis I – Prof. Ciro Bächtold 12

Observação – O que distingue o subgrupo Investimentos do subgrupo Imobilizado é o fato de


que, apesar de ambos serem aplicações de natureza permanente (sem intenção de revenda), a
alienação dos valores do subgrupo Investimentos não prejudica o andamento normal das
atividades. (REIS – 1993).

Ativo Diferido – Caracteriza-se por evidenciar os recursos aplicados na realização de despesas


que, por possuírem claro potencial de contribuição para a formação do resultado de mais de um
exercício social futuro, somente são apropriadas às contas de resultado à medida e na proporção
em que essa contribuição influencia a geração do resultado de cada exercício. (FIFECAPI &
Arthur Andersen – 1991)
A lei prevê o diferimento dessas despesas porque as receitas correspondentes só vão ser geradas
futuramente, e o seu lançamento como despesa total do exercício em que ocorreram
“derrubaria” qualquer resultado operacional.(REIS – 1993)
Normalmente, esse tipo de despesa (que a rigor não é despesa, mas gasto, pois será
despesa somente quando apropriada a Resultado) ocorre na fase pré-operacional ou da empresa
como um todo ou de determinadas filiais ou ainda de projetos. Caracterizam-se ainda como
Ativo Diferido os gastos em pesquisas e desenvolvimento de produtos ou de processos.
(MATARAZZO – 1993)

O Diferido diverge das demais despesas porque:


a) não são despesas do dia-a-dia; são despesas excepcionais;
b) tem característica de investimento;
c) não são obrigatórias; o empresário faz porque quer aumentar a capacidade operacional;
d) normalmente são de grande porte.
Os valores classificados no Diferido, apesar de serem aplicações permanentes, diferem do
Imobilizado e dos Investimentos pelo fato de não poderem, em nenhuma circunstância, ser
convertidos em moeda. (REIS – 1993)
A Amortização das despesas ativadas no Diferido deve ser feita no prazo mínimo de 5 anos e no
máximo de 10, a partir do momento em que o resultado desta despesa ativada entre em
funcionamento.
Exemplos: Gastos de implantação e pré-operacionais, gastos com pesquisa e desenvolvimento
de produtos, gastos com desenvolvimento de software, gastos de reorganização ou
reestruturação, gastos de implantação de sistemas e métodos, gastos com marketing e
divulgação de um novo produto, inclusive os juros pagos ou creditados aos acionistas durante o
período que anteceder o início das operações sociais, (-) amortização acumulada.
Análise das Demonstrações Contábeis I – Prof. Ciro Bächtold 13

AULA 6
CONTAS DO PASSIVO
No passivo são registradas as obrigações da empresa, sendo conhecido como exigível.
Assim, no jargão técnico Exigível Total é a soma das obrigações da empresa, incluindo aqui as
dívidas de curto e de longo prazo. A classificação é em ordem decrescente do grau de
exigibilidade.

Grau de exigibilidade – diz respeito a prioridade de pagamento por exigência de terceiros que
tem direito ao recebimento.
Vai ser pago este ano Vai ser pago no Vai ser pago após o
próximo ano próximo ano

CIRCULANTE – CURTO PRAZO LONGO PRAZO

Passivo Circulante – São classificadas aqui as obrigações que devem ser pagas ou recolhidas
até o término do próximo exercício. Geralmente aparecem acompanhadas da expressão “a pagar
ou a recolher”, muitas vezes sendo esta a única distinção da despesa que possui o mesmo nome
de conta. É de grande importância na análise das demonstrações contábeis por se tratar de
valores com grande influência no fluxo de caixa da empresa. Falta de controle nas obrigações de
curto prazo podem levar a empresa à falência. As principais contas aqui são referente a
obrigações com fornecedores, funcionários, fiscais e trabalhistas, provisões, entre outras.
Exemplo: Fornecedores, Duplicatas a Pagar, Impostos a Recolher, Encargos Trabalhistas a
recolher, Salários a pagar, Empréstimos e financiamentos a pagar, adiantamento de clientes,
dividendos a pagar, títulos a pagar, Energia Elétrica a Pagar, Aluguel a Pagar, Provisão para 13º
salário, Provisão para férias, Provisão para Imposto de Renda, juros a pagar, dividendos a pagar,
(-) juros passivos a transcorrer, todas as obrigações de curto prazo.

Passivo Passivo Não Circulante – São contas de obrigações e só diferem do Passivo Circulante
pelo prazo de pagamento. Com o passar do tempo as contas do Passivo Não Circulante passam
para o passivo circulante, quando estas obrigações passam a ser exigíveis até o final do próximo
exercício, isto não ocorrerá somente se o pagamento for feito quando a dívida é de longo prazo,
antecipando o prazo de pagamento.
Exemplo: Financiamentos, Empréstimos, Adiantamentos, Contas a Pagar, Fornecedores,
Imóveis a Pagar, Títulos a Pagar, enfim todas as obrigações de longo prazo.

Resultado de Exercícios Futuros – Neste grupo são classificadas receitas recebidas


antecipadamente, que deveriam fazer parte de exercícios posteriores, sendo deduzido os custos e
despesas a elas correspondentes, desde que não haja qualquer tipo de obrigação de devolução
por parte da empresa (havendo este risco deve ser o valor classificado como exigível até se
confirmar a receita).
Exemplo: Aluguel recebido antecipadamente, antecipação de parte de pagamento de venda de
imobilizado; recebimento antecipado de comissão.
Análise das Demonstrações Contábeis I – Prof. Ciro Bächtold 14

Patrimônio Líquido – É o grupo de contas que embora não seja considerado exigível, está
vinculada ao Passivo por se tratar de uma dívida da empresa para com os seus sócios. E também
para estabelecer o equilíbrio dos recursos entre o Ativo (aplicação) e o Passivo (origem).
De acordo com a Lei 6.404/76, o patrimônio líquido é dividido em:
 Capital Social, que representa valores recebidos dos sócios da empresa, quer a título de
investimento inicial, aumento de investimento ou até mesmo aplicação de lucro para
aumentar o investimento na empresa, deduzindo-se a parcela não integralizada;
 Reservas de capital, são valores emitidos pela empresa que não se destinam à formação
do capital social, doações e subvenções para investimentos, ágio na venda de ações,
prêmio recebido na emissão de debêntures;
 Reservas de reavaliação, que representam acréscimo de valor atribuído a elementos do
ativo acima dos índices de correção monetária. A reserva quando constituída deve ser
comprovada através de laudos elaborados por peritos e aprovado em Assembléia Geral,
de acordo com o § 3° do Art. 182 da lei 6.404/76;
 Reservas de lucros, que representam lucros obtidos pela empresa, retidos com a
finalidade específica:
a) Reserva Legal – Está prevista no Art. 193 da lei 6.404/76, conforme segue:
Art.193. Do lucro líquido do exercício, 5% (cinco por cento) serão aplicados, antes de qualquer outra
destinação, na constituição da reserva legal, que não excederá de 20% (vinte por cento) do capital social.
§ 1° - A companhia poderá deixar de constituir a reserva legal no exercício em que o saldo dessa reserva,
acrescido do montante das reservas de capital, exceder de 30% (trinta por cento) do capital social.
§ 2° - A reserva legal tem por fim assegurar a integridade do capital social e somente poderá ser utilizada
para compensar prejuízos ou aumentar o capital.
b) Reserva Estatutárias – O art. 194 da Lei das S.A. estabelece:
Art. 194 –O estatuto poderá criar reservas desde que, para cada uma:
I – Indique, de modo preciso e completo, a sua finalidade;
II – Fixe os critérios para determinar a parcela anual dos lucros líquidos que serão destinados à sua
constituição; e
III – Estabeleça o limite máximo da reserva.
c) Reserva para contingências – Está previsto no Art. 195 da Lei das S.A.:
Art. 195 – A assembléia geral poderá, por proposta dos órgãos da administração, destinar parte do lucro
líquido à formação de reserva com a finalidade de compensar, em exercício futuro, a diminuição do lucro
decorrente de perda julgada provável, cujo valor possa ser estimado.
§ 1° A proposta dos órgãos da administração deverá indicar a causa da perda prevista e justificar, com as
razões de prudência que a recomendem, a constituição da reserva;
§ 2° A reserva será revertida no exercício em que deixarem de existir as razões que justificaram a sua
constituição ou em que ocorrer a perda.
c) Reservas de Lucros a Realizar – previsto no Art. 197 da Lei das S.A., prevê a constituição quando a
assembléia geral por proposição dos órgãos da administração, destinar sobras de lucro nos casos de: lucro
por aumento do valor investido em sociedades coligadas ou controladas e ainda não realizado ou lucro em
vendas a prazo que serão realizadas após o término do exercício subseqüente. O saldo credor da correção
monetária do balanço também previsto neste artigo, deixou de ser realizado por proibição da Lei 9.249/95.
 Lucros ou prejuízos acumulados, que são também resultados obtidos, mas retidos sem
finalidade específica (quando lucros), ou à espera de absorção futura (quando
prejuízos). (FIPECAFI – 1993)
Exemplos: Capital social, (-) capital social a subscrever, ágio na emissão de ações, reservas de
reavaliação, reserva legal, reservas estatutárias, reservas para contingências, lucros acumulados,
(-) prejuízos acumulados.
Análise das Demonstrações Contábeis I – Prof. Ciro Bächtold 15

BALANÇO PATRIMONIAL

Recursos
Origem de
ATIVO PASSIVO
Ativo Circulante Passivo Circulante
Aplicação de

Ativo Realizável a Longo Prazo Passivo Passivo Não Circulante


Ativo Permanente Resultados de Exercícios Futuros
Recursos

Investimentos PATRIMÔNIO LÍQUIDO


Imobilizado Capital, reservas e Lucro/Prejuízo
Diferido
Observação - No Artigo 176 e § 1º da Lei 6.404/76 temos a seguinte expressão: “As
demonstrações de cada exercício serão publicadas com a indicação dos valores correspondentes
das demonstrações do exercício anterior”.
Assim, as publicações veiculam como abaixo:

Exemplo de Balanço Patrimonial


Empresa Ensino à Distância Ltda, CNPJ 11.111.111/0001-11

BALANÇO PATRIMONIAL – ENCERRADO EM 31.12.2006 Modelo


ATIVO 31.12.2005 31.12.2006 PASSIVO 31.12.2005 31.12.2006
CIRCULANTE CIRCULANTE
Disponibilidades Fornecedores

Direitos curto prazo Financiadores

Estoques Enc. sociais, trab. e


tribut.ários
Despesas antecipadas

Ativo Não Circulante Passivo Não


Circulante
Direitos a longo prazo Financiadores
Outras Outras contas a pagar

PERMANENTE RESULT EX FUT


INVESTIMENTOS Receitas exerc. futuros

Participações - Custos e desp. corresp.

IMOBILIZADO
Bens móveis, imóv., veíc. PATR LÍQUIDO
(-)Deprec acumuladas Capital integralizado

DIFERIDO Reservas de reavaliação

Despesas pré-operac Reservas de lucros

(-)Amortiz acumuladas Lucros/prej acumulados

Total Total
Fonte: Adaptado da Apostila Contabilidade Geral I de Jair Antonio Fagundes
Análise das Demonstrações Contábeis I – Prof. Ciro Bächtold 16

AULA 7
DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO (DRE)

É um relatório importantíssimo e o seu estudo fornece informações úteis para a tomada


de decisões. É a DRE que mostra sinteticamente como a empresa se comportou no último
exercício. Para fins de análise operacional é o documento que permite a análise do sucesso ou
não e possibilita o estabelecimento de indicadores deste resultado. Assim, para saber o que a
empresa preciso do Balanço Patrimonial, mas para saber como a empresa trabalha (sua
eficiência) necessito da DRE.
A demonstração do resultado do exercício é um resumo ordenado das receitas e
despesas da empresa em determinado período (12 meses). É apresentada de forma dedutiva
(vertical), ou seja, das receitas subtraem-se às despesas e, em seguida, indica-se o resultado
(lucro ou prejuízo). (IUDÍCIBUS – 1998)

A norma brasileira de contabilidade técnica assim conceitua a DRE:


NBC T3 – 3.3 – Da Demonstração do Resultado:
3.3.1. – Conceito
3.3.1.1. – A demonstração do resultado é a demonstração contábil destinada a evidenciar
a composição do resultado formado num determinado período de operações da Entidade.
3.3.1.2. – A demonstração do resultado, observado o princípio de competência,
evidenciará a formação dos vários níveis de resultados mediante confronto entre as receitas, e os
correspondentes custos e despesas.
3.3.2. – Conteúdo e Estrutura
3.3.2.1. – A demonstração do resultado compreenderá:
a) as receitas e os ganhos do período, independentemente de seu recebimento;
b) os custos, despesas, encargos e perdas pagos ou incorridos, correspondentes a esses ganhos e
receitas
3.3.2.2. – A compensação de receitas, custos e despesas é vedada.
3.3.2.3. – A demonstração do resultado evidenciará, no mínimo, e de forma orientada:
a) as receitas decorrentes da exploração das atividades fins;
b) os impostos incidentes sobre as operações, os abatimentos, as devoluções e os
cancelamentos;
c) os custos dos produtos ou mercadorias vendidos e dos serviços prestados;
d) o resultado bruto do período;
e) os ganhos e perdas operacionais;
f) as despesas administrativas, com vendas, financeiras e outras e as receitas financeiras;
g) o resultado operacional;
h) as receitas e despesas e os ganhos e perdas não decorrentes das atividades fins;
i) o resultado antes das participações e dos impostos;
j) as provisões para impostos e contribuições sobre o resultado;
l) as participações no resultado;
m) o resultado líquido do período.
(CFC – Princípios Fundamentais e Normas Brasileiras de Contabilidade - 2003)
Análise das Demonstrações Contábeis I – Prof. Ciro Bächtold 17

Exemplo da Demonstração do Resultado do Exercício


Empresa Ensino à Distância Ltda, CNPJ 11.111.111/0001-11
DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO (DRE) de __/__/__ A __/__/__

Receita Operacional Bruta (ROB)................................................. ___________________


Com Vendas ......................................................... ___________________
Com Serviços ....................................................... ___________________
( - ) Deduções da Receita .............................................................. ___________________
Devolução de Vendas............................................ ___________________
Descontos Incondicionais e Abatimentos............. ___________________
Impostos SobreVendas ......................................... ___________________
COFINS ............................................................ ___________________
Pis s/Faturamento ............................................. ___________________
ICMS ............................................................... ___________________
ISS .................................................................... ___________________
( = ) Receita Operacional Líquida (ROL) ..................................... ___________________
( - ) Custo da Mercadoria Vendida (CMV).................................... ___________________
( = ) Lucro Operacional Bruto (LOB) ........................................... ___________________
( - ) Despesas Operacionais ............................................................ ___________________
Com Vendas ......................................................... ___________________
Administrativas .................................................... ___________________
Financeiras ........................................................... ___________________
( + / - ) Outras Receitas/Despesas Operacionais........................... ___________________
(+) Outras Receitas Operacionais......................... ___________________
(-) Outras Despesas Operacionais........................ ___________________
( = ) Lucro Operacional Líquido (LOL)........................................ ___________________
( + / - ) Resultado não Operacional ............................................... ___________________
(+) Outras Receitas Não Operacionais.................... ___________________
(-) Outras Despesas Não Operacionais.................... ___________________
( = ) Lucro/Prejuízo antes do Imposto de Renda (LAIR) ........... ___________________
( - ) Provisão do IRPJ ....................................................................... ___________________
( - ) Adicional do IRPJ...................................................................... ___________________
( - ) Provisão da CSLL ..................................................................... ___________________
(=) Lucro Antes das Participações (LAPART).............................. ___________________
(-) Participações ............................................................................ ___________________
Debêntures........................................................... ___________________
Partes Beneficiárias............................................. ___________________
Administração .................................................... ___________________
Empregados ........................................................ ___________________
Inst./Fundo de Assist. ou Previd. a Empregados. ___________________
( = ) Lucro/Prejuízo líquido do Exercício(LLE ou PLE) ............ ___________________
Lucro por Ação ........................................................ ___________________
Vamos obter o lucro por ação, dividindo o Lucro líquido do Exercício pelo número de ações da
empresa.

ARE (Apuração do Res. Exercício) Patrimônio Líquido


Deduções (-) ROB (+) LLE (+) ou
Custos (-) ROL (+) PLE (-)
Despesas (-) LOB (+)
Res. Ñ Operac. LOL (+)
IRPJ ⁄ CSLL (-) LAIR (+)
Análise das Demonstrações Contábeis I – Prof. Ciro Bächtold 18

Participações(-) LAPART (+)


LLE ⁄ PLE
Exemplo de DRE, está sem a representação dos centavos.
Exercícios findos em dezembro de 2004 e 2003
DRE
( = )Receita operacional Bruta 11.176.265 9.524.505
Vedas de produtos 11.046.065 9.348.329
Serviços prestados 130.200 176.176
( - )Deduções (2.501.770) (1.852.406)
Impostos e contribuições (2.206.825) (1.615.043)
Devoluções e abatimentos (294.945) (237.363)
( = )Receita operacional líquida 8.674.495 7.672.099
( - )Custos (4.622.772) (4.205.850)
Custos dos produtos vendidos e dos serviços prestados 4.622.772 4.205.850
( = )Lucro Bruto 4.051.723 3.466.249
( - )(Despesas )outras receitas operacionais (3.419.412) (2.984.774)
Vendas (2.018.237) (1.614.366)
Administrativas e Gerais (1.225.701) (1.127.981)
Despesas Financeiras Líquidas (242.974) (434.719)
Outras receitas operacionais líquidas 67.500 192.292
( = )Lucro operacional 632.311 481.475
Resultado não operacional (13.637) 6.267
( = )Lucro antes do Imposto de Renda e Contribuição social 618.674 487.742
Imposto de Renda e Contribuição social
Corrente (113.099) (101.707)
Diferido 77.831 -
( = )Lucro líquido do exercício 583.406 386.035
Lucro líquido por ações/quota R$ 0,21 0,23
Quantidade de ações no final do exercício 2.771.048 1.710.000

Participações no Lucro
 Debêntures – As companhias podem solicitar empréstimos ao público em geral pagando juros periódicos e
concedendo amortizações regulares. Para tanto, emitirão títulos a longo prazo com garantias: são as
debêntures;
 Empregados e administradores – É um complemento à remuneração de empregados e administradores.
Normalmente, é definido no estatuto ou contrato social um percentual sobre o lucro;
 Partes Beneficiárias – Normalmente, são concedidas às pessoas que tiverem atuação relevante nos destinos
da sociedade ( tais como fundadores, reestruturadores, etc.). São títulos negociáveis, sem valor nominal
que a companhia pode criar a qualquer tempo. Os portadores desses títulos tem direito a participação
(prevista em estatutos) nos lucros anuais;
 Contribuições para Instituições ou fundos de Assistência ou Previdência de Empregados. São doações com
finalidade de assistir ao quadro de funcionários, às previdências particulares, no sentido de complementar
aposentadoria, etc. que, definidas em estatutos, serão calculadas e deduzidas como uma participação nos
lucros anuais.
Fonte: (IUDÌCIBUS – 1998)

Cálculo das Participações: Leva em conta a ordem acima mencionada, deve ser feito o cálculo
em cascata, conforme exemplo abaixo .
Considerando que o estatuto prevê 10% (dez por cento) sobre o lucro para participação de debêntures, empregados
e partes beneficiárias, e que o lucro após o IRPJ e CSSL no período foi de R$ 500.000,00. Segue o cálculo para
chegar no lucro líquido do exercício

LAPART .................................................... R$ 500.000,00


(-) Debêntures (10% x 500.000,00)........... (50.000,00)
(-) Empregados (10% x 450.000,00).......... (45.000,00)
(-) Partes Beneficiárias (10% x 405.000,00) (40.500,00)
Análise das Demonstrações Contábeis I – Prof. Ciro Bächtold 19

Lucro Líquido do Exercício ....................... R$ 364.500,00

AULA 8
DLPA – DEMONSTRAÇÃO DE LUCROS OU PREJUÍZOS ACUMULADOS

Como o próprio nome diz, é a demonstração que retrata a situação dos lucros ou
prejuízos e o destino desses valores, já que uma parte do lucro pode ser distribuída aos sócios
(dividendos) e outra pode ser reinvestida na empresa ou constituir garantias para aplicações
futuras (reservas).
O Professor Sérgio de Iudícibus no livro Análise de Balanços, identifica a DLPA como
instrumento de integração entre o BP e a DRE. Explica ainda que até 1976 (anterior a lei
6.404/76) a distribuição do lucro era mostrada na Demonstração de Lucros e Perdas, hoje DRE.

Alguns itens merecem destaque:

Ajustes de exercícios anteriores: podem ser de duas fontes: de mudança de critério contábil ou
de erro não imputável ao exercício corrente.Tais ajustes devem ser contabilizados diretamente
na conta de lucros acumulados, de maneira a aumenta-los ou diminuí-los. Critérios contábeis
somente devem ser alterados quando essa mudança ocasionar uma melhora na informação
contábil. Os erros devem ser evitados. Porém, se descoberto algum, deve ser feita sua correção,
usando a conta de lucros ou prejuízos acumulados.
Reversão de reservas – São importantes porque algumas delas alteram o montante que servirá de
base para a apuração do dividendo obrigatório. É o caso, por exemplo, da reserva de
contingência. (Perez Jr & Begalli – 1999)

Dividendos – É à parte do lucro líquido do exercício que é distribuída aos acionistas.


As Sociedades por Ações são obrigadas a distribuir anualmente dividendos a seus acionistas,
conforme termina o Art. 202 da Lei 6.404/76.
Assim, os acionistas tem direito de receber como dividendos obrigatório, em cada
exercício, a parcela dos lucros estabelecida no estatuto (não inferior a 25%) ou, se este for
omisso, metade do lucro líquido do exercício diminuído ou acrescido dos valores:
- Quota destinada à constituição da Reserva Legal;
- Importância destinada à formação de reservas para contingências, e reversão das mesmas
reservas formadas em exercícios anteriores;
- Lucros a realizar transferidos para a reserva, e lucros anteriormente registrados nessa
reserva que tenham sido realizados no exercício.
Nas companhias fechadas a Assembléia Geral pode, desde que não haja oposição de
qualquer acionista presente, autorizar a distribuição de dividendo inferior ao obrigatório ou a
retenção de todo o lucro.
A distribuição de dividendo poderá deixar de ser obrigatória nos exercícios e que os
órgãos da administração informarem à Assembléia Geral Ordinária ser ele incompatível com a
situação financeira da companhia. Neste caso, a parcela dos lucros não distribuída deve ser
registrada como reserva especial e, se não absorvia por prejuízos em exercícios subseqüentes,
deverá ser paga como dividendos assim que o permitir a situação financeira da companhia.
No caso das demais sociedades, a porcentagem do Lucro Líquido que deverá ser
distribuída aos sócios, se não constar do contrato social, será decidida pelos próprios sócios.
Análise das Demonstrações Contábeis I – Prof. Ciro Bächtold 20

A DLPA , deve ter uma apresentação formal, conforme o Art. 186 da Lei 6.404/76, I, II e III, §§
1° e 2°, abaixo exemplificado.
Empresa Ensino à Distância Ltda
CNPJ 11.111.111/0001-11
DEMONSTRAÇÃO DE LUCROS OU PREJUÍZOS ACUMULADOES (DLPA)

1. Saldo inicial em 01/01/--- (saldo final do exercício anterior) R$


2. (+/-) Ajuste de Exercícios anteriores
Efeitos de mudança de critério contábil – Art. 177§1° - Notas Explicativas
Retificação de erros de cálculo de exercícios anteriores
3. = Saldo ajustado
4. (+/-) Lucro Líquido ou Prejuízo do Período
5. (+) Reversão de Reservas
6. (=) Saldo à disposição dos sócios
7. (-) Destinações do Lucro:
Reserva Legal – Art. 193 – 5% do LLE até 20% do Capital Social
Reserva Estatutária – Art. 194 – critérios nos estatutos
Reserva para Contingências – Art. 195
Reservas de Lucros a Realizar – Art. 197
Lucros Retidos – Art. 196 – para aumento do capital
Dividendos Obrigatórios – Art. 202
8. (=) Saldo no final do exercício R$
9. Dividendo por ação do capital social – Art. 186 § 2°
Fonte: Adaptado de Perez Jr & Begalli - 1999

Exemplo de DLPA, foram desprezados os centavos.


1. Saldo inicial em 01/01/2004 (é o saldo final de 2003) R$ 218.775
2. (+/-) Ajuste de Exercícios anteriores (388.145)
Efeitos de mudança de critério contábil – Art. 177§1° - Notas Explicativas
Retificação de erros de cálculo de exercícios anteriores
3. = Saldo ajustado (169.370)
4. (+/-) Lucro Líquido ou Prejuízo do Período 583.406
5. (+) Reversão de Reservas
6. (=) Saldo à disposição dos sócios
7. (-) Destinações do Lucro:
Reserva Legal – Art. 193 – 5% do LLE até 20% do Capital Social (29.170)
Reserva Estatutária – Art. 194 – critérios nos estatutos
Reserva para Contingências – Art. 195
Reservas de Lucros a Realizar – Art. 197
Lucros Retidos – Art. 196 – para aumento do capital
Dividendos Obrigatórios – Art. 202
8. (=) Saldo no final do exercício R$ 384.866
9. Dividendo por ação do capital social – Art. 186 § 2°
Análise das Demonstrações Contábeis I – Prof. Ciro Bächtold 21

AULA 9
DEMONSTRAÇÃO DE MUTAÇÃO DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO
É a demonstração das movimentações ocorridas com as diversas contas que compõem o
Patrimônio Líquido, durante um determinado exercício, indicando a origem e o valor de cada
acréscimo ou diminuição do Patrimônio Líquido.
Tem como finalidade de evidenciar as mutações ocorridas no exercício com as contas do
Patrimônio Líquido, indicando de forma sumária, a formação e a utilização de todas as reservas
(não apenas das originadas por lucros, como a DLPA), as modificações no capital da empresa e
a compreensão do cálculo dos dividendos obrigatórios.
A DMPL auxilia a elaboração da Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos,
já que parte de tais mutações, no total do Patrimônio Líquido, representa parcelas que
representam origens ou aplicações de recursos.
Essa demonstração não é obrigatória pela Lei das S.A., mas sua elaboração e publicação
é exigida pela CVM (Comissão de Valores Imobiliários) em sua Instrução n.º 59, de 22.12.86,
para as companhias abertas.
A lei das 6.404/76 no parágrafo 2o. do art. 186; prevê que a DLPA “poderá ser incluída
na demonstração das mutações do patrimônio líquido, se elaborada e publicada pela
companhia.” Assim é possível substituir a DLPA pela DMPL, se a empresa assim o desejar.

O que deve ser incluído na DMPL


As contas que formam o Patrimônio Líquido podem sofrer variações por inúmeros motivos, tais
como:
a) itens que afetam o patrimônio total:
· acréscimo pelas correções monetárias das contas do patrimônio;
· acréscimo pelo lucro ou redução pelo prejuízo líquido do exercício;
· redução por dividendos;
· acréscimo por reavaliação de ativos;
· acréscimo por doações e subvenções para investimentos recebidos;
· acréscimo por subscrição e integralização de capital;
· acréscimo pelo recebimento de valor que exceda o valor nominal das ações integralizadas ou o
preço de emissão das ações sem valor nominal;
· acréscimo pelo valor da alienação de partes beneficiárias e bônus de subscrição;
· acréscimo por prêmio recebido na emissão de debêntures;
· redução por ações próprias adquiridas ou acréscimo por sua venda;
· acréscimo ou redução por ajustes de exercícios anteriores;
b) itens que não afetam o total do patrimônio:
· aumento de capital com utilização de lucros e reservas;
· apropriações do lucro líquido do exercício reduzindo a conta de Lucros Acumulados para
formação de reservas;
· compensação de prejuízos com reservas.
Análise das Demonstrações Contábeis I – Prof. Ciro Bächtold 22

Empresa Ensino à Distância Ltda, CNPJ 11.111.111/0001-11


DEMONSTRAÇÃO DE MUTAÇÃO DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO (DMPL) de __/__/__ A __/__/__

Descrição Capital Reservas de Lucros ou TOTAL


Subscrito A Realizar Realizado Capital Reavaliação Lucros Prejuízos
acumulados
Saldo em 31/12/-- (anterior)

Ajustes de exercícios anteriores


Aumento de Capital
Com Reservas e Lucros
Por novas Subscrições
Reversão de Reservas
Lucro Líquido do Exercício
Destinação do Lucro
Transferência para Reservas
Reserva Legal
Reservas Estatutárias
Outras Reservas
Dividendos
Saldo em 31/12/-- (atual)

Exercícios encerrados em 31 de dezembro de 2004 e 2003


CAPITAL CAPITAL
DMPL SOCIAL SOCIAL A RESERVA LUCROS
SUBSCRITO INTEGRALIZAR LEGAL ACUMULADOS TOTAL

Saldos em janeiro 2003 1.710.000 (5.504) - (167.260) 1.537.236

Lucro líquido do exercício - - - 386.035 386.035

Saldos em 31 de dezembro de 2003 1.710.000 (5.504) - 218.775 1.923.271

Ajustes do exercícios anteriores - - - (388.145) (388.145)


Integralização de capital - 5.504 - - 5.504
Aumento de capital com financiamentos 1.415.396 - - - 1.415.396
Lucro líquido do exercício - - - 583.406 583.406

Destinações
Reserva legal - - 29.170 (29.170) -

Saldos em 31 de dezembro de 2004 3.125.396 - 29.170 384.866 3.539.432


Análise das Demonstrações Contábeis I – Prof. Ciro Bächtold 23

AULA 10
DOAR – DEMONSTRAÇÃO DE ORIGENS E APLICAÇÕES DE RECURSOS
A Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos (DOAR) tem por objetivo
apresentar de forma ordenada e resumida as informações relativas às operações de investimento
e financiamento da empresa durante o exercício, evidenciando a modificação da sua posição
financeira.
Como diria o Geraldo Alckmin “qual a origem do dinheiro?”, na DOAR encontramos
explicação sobre a fonte do recurso que foi utilizada para financiamento das atividades da
empresa.
A elaboração da DOAR não é complicada como alguns julgam. Uma maneira simples é
estabelecer um roteiro para registro dos valores:
a) sempre que houver aumento do ativo ou diminuição do passivo ou patrimônio líquido, há
uma aplicação de recursos;
b) sempre que houver aumento do passivo ou patrimônio líquido ou diminuição do ativo, há
uma origem de recursos.
O demonstrativo, num sentido mais amplo, permite a identificação clara dos fluxos
financeiros que aumentaram ou reduziram o capital circulante líquido, indicando suas origens
(que elevaram o capital circulante líquido) e aplicações (que diminuíram o capital circulante
líquido). (ASSAF NETO – 1993).
Capital Circulante é o capital de giro rápido, aquele que a empresa utiliza a curto prazo,
sendo representado pelo Ativo Circulante, quando queremos saber o capital circulante líquido,
devemos subtrair as dívidas de curto prazo para saber quanto sobre de recursos.
Encontramos o capital circulante liquido pela fórmula CCL = AC – PC.
ATIVO PASSIVO
CCL
= AC - PC
CCL
Como o total do Ativo é Igual ao total do Passivo, logicamente trabalhando com os
valores não circulantes, ou de longo prazo, também encontramos o capital circulante líquido
através da Fórmula CCL = (RLP + AP) – (ELP + REF + PL).

ATIVO PASSIVO
CCL
= ANC
- PNC
+
PL

CCL
Análise das Demonstrações Contábeis I – Prof. Ciro Bächtold 24

Na DOAR, procura-se demonstrar a variação do capital circulante líquido, e para isso


precisamos do Balanço Patrimonial de dois exercícios para que possamos fazer a comparação, a
fim de verificar o aumento ou diminuição do saldo de cada grupo, e então encontraremos a
variação do capital circulante líquido. Assim, vamos relacionando as variações. Por exemplo: Se
houve lucro, automaticamente houve mudança no valor do PL, e portanto uma origem de
recursos. E se o resultado foi um prejuízo? Automaticamente o PL diminuiu, portanto não houve
origem mas investimento de recursos, ou seja uma aplicação de recursos. E assim
sucessivamente com cada grupo de contas do Balanço Patrimonial, é um complemento do
Balanço e vai mostrar como aumentou ou diminuiu o capital de giro de curto prazo (capital
circulante líquido).

Empresa Ensino à Distância Ltda


CNPJ 11.111.111/0001-11
DEMONSTRAÇÃO DAS ORIGENS E APLICAÇÃO DE RECURSOS (DOAR)
Encerrado em 31/12/--- (atual)

1 – ORIGENS DE RECURSOS R$
a. Lucro líquido do exercício
(+) Depreciação, amortização ou exaustão
(+ ou -) Variação nos resultados de exercícios futuros
b. Realização do capital social
c. Contribuições para reservas de capital
d. Aumento do passivo Passivo Não Circulante
e. Redução do ativo realizável a longo prazo
f. Alienação de investimentos e bens ou direitos do ativo permanente
TOTAL DE ORIGENS
2 – APLICAÇÕES DE RECURSOS
a. Dividendos distribuídos
b. Aumentos de bens ou direitos do ativo permanente
c. Aumento do ativo realizável a longo prazo
d. Redução do passivo Passivo Não Circulante
TOTAL DAS APLICAÇÕES
3 – AUMENTO OU DIMINUIÇÃO DO CAPITAL CIRCULANTE
LÍQUIDO (1-2)
4 – VARIAÇÃO DO CAPITAL CIRCULANTE LÍQUIDO
Ativo Circulante inicial
(-) Passivo Circulante inicial
a. Capital Circulante Líquido inicial
Ativo Circulante final
(-) Passivo Circulante final
b. Capital Circulante Líquido final
c. Variação do Capital Circulante Líquido (b – a)
Análise das Demonstrações Contábeis I – Prof. Ciro Bächtold 25

Demostrações de origens e aplicações de recursos


Exercícios findos em 31 de dezembro de 2004 e 2003 2.004 2.003
DOAR
Origens de Recursos
Das operações
Lucro líquido do exercício 583.406 386.035

Itens que não afetam o capital circulante


Depreciação e amortização 328.479 287.893
Custo Residual de ativos permanentes baixados 14.752 13.733
926.637 687.661
De acionistas
Aumento de Capital com Financiamentos 1.415.396 -
Integralização de Capital 5.504 -
2.347.537 687.661

Aplicações dos recursos


Aquisições de bens imobilizados 161.900 68.479
Transferência de bens do ativo circulante para o imobilizado 361.183 -
Adições ao custo no ativo Passivo Não Circulante 15.978 23.078
Redução do Passivo Passivo Não Circulante 1.988.260 79.976
Aumento do Realizável a Longo prazo 79.051 -
Ajustes de exercícios anteriores 252.656 -
2.859.028 171.533
Aumento (diminuição) do capital circulante líquido (511.491) 516.128

Variação do capital circulante liquído

Ativo circulante
No fim do exercício 3.693.383 3.937.629
No início do exercício 3.937.629 3.668.987
(244.246) 268.642
Passivo circulante
No fim do exercício 1.359.674 1.092.429
No início do exercício 1.092.429 1.339.915
267.245 (247.486)

Aumento (diminuição)do capital circulante líquido (511.491) 516.128


Análise das Demonstrações Contábeis I – Prof. Ciro Bächtold 26

É a sua vez! Através das contas abaixo, faça a DOAR para o exercício de 2006.

Exercício de 2005 Exercício de 2006


Ativo R$ R$ Passivo R$ R$
Ativo Circulante 60.000,00 Passivo Circulante 59.500,00
Disponibilidades Fornecedores 37.300,00
Caixa 10.500,00 Inss a Recolher 2.000,00
Bcos Conta Corrente 16.000,00 Salários a Pagar 12.000,00
Clientes 22.500,00 FGTS a Recolher 2.500,00
Icms a Recuperar 3.000,00 Pis a Recolher 1.500,00
Estoque 8.000,00 Cofins a Recolher 3.500,00
Permanente 65.500,00 IRRF a Pagar 700,00
Móveis e Utensílios 8.500,00 Patrimônio Líquido 66.000,00
Imóveis 45.000,00 Capital Social 70.000,00
Veículos 12.000,00 Lucro/Prejuízo Acumulado - 4.000,00
TOTAL ATIVO 125.500,00 TOTAL PASSIVO 125.500,00
Exercício de 2006 Exercício de 2006
Ativo R$ R$ Passivo R$ R$
Ativo Circulante 80.876,25 Passivo Circulante 56.384,23
Disponbilidades Fornecedores 21.630,00
Caixa 11.410,18 Salários a Pagar 8.232,00
Bancos 43.585,74 Inss a Recolher 978,00
Icms a Recuperar 251,05 FGTS a Recolher 500,00
Clientes 29.100,00 PIS a Recolher 483,25
(-)PDD - 11.640,00 COFINS a Recolher 2.225,85
Estoques Merc.Rev. 6.219,28 IRRF a Pagar 560,00
Estoques Mat. Exp. 1.950,00 Cont. Sind. A Pagar 150,00
Duplicatas a Pagar 2.500,00
Ativo Não Circulante 61.850,00 Prov. P/ CSLL a Pagar 5.407,84
Móveis e Utensílios 8.500,00 Prov. P/ IR a Pagar 9.064,28
(-)Depr. Móv. Utens. - 850,00 Participações dos Empreg. 1.249,75
Imóveis 45.000,00 Participações dos Adm. 1.187,26
(-)Depr. Imóveis - 1.800,00 Participações Instit. 1.127,90
Veículos 12.000,00 Dividendos a Pagar 1.088,10
(-)Depr. Veículos - 3.000,00 Patrimônio Líquido 86.342,02
Comp e Periféricos 2.500,00 Cap. Social 70.000,00
(-)Depr. Comp.Perif. - 500,00 Lucro ou Prej. Acumulado 9.792,93
Reserva Legal 1.071,50
Reserva Estatutária 2.035,86
Reserva Orçamentária 1.832,27
Reserva Lucros a Realizar 989,42
Reserva de Contingência 620,04
TOTAL DO ATIVO 142.726,25 Total do Passivo 142.726,25
Análise das Demonstrações Contábeis I – Prof. Ciro Bächtold 27

Aula 11
NOTAS EXPLICATIVAS
As Notas Explicativas são parte integrante das demonstrações contábeis.As
informações nelas contidas devem ser relevantes, complementares e/ou suplementares
àqueles não suficientemente evidenciadas ou não-constantes nas demonstrações contábeis
propriamente ditas.
As notas explicativas incluem informações de natureza patrimonial, econômica,
financeira, legal, física e social, bem como os critérios utilizados na elaboração das
demonstrações contábeis e eventos subseqüentes ao balanço.
Segundo o disposto no § 4° do art. 176 da Lei n°6.404/76, “as demonstrações serão
complementadas por notas explicativas e outros quadros analíticos ou demonstrações
contábeis necessários para esclarecimento da situação patrimonial e dos resultados do
exercício”.
O § 5° do mesmo artigo da Lei n°6.404/76 relaciona as informações que deverão estar
inclusas nas notas explicativas, estabelecendo que elas deverão indicar:
“a. os principais critérios de avaliação dos elementos patrimoniais, especialmente
estoques, dos cálculos de depreciação, amortização e exaustão, de constituição de provisões
para encargos ou riscos, e dos ajustes para atender a perdas prováveis na realização de
elementos do ativo;
b. os investimentos em outras sociedades, quando relevantes;
c. o aumento de valor de elementos do ativo resultante de novas avaliações;
d. os ônus reais constituídos sobre elementos do ativo, ad garantias prestadas a terceiros
e outras responsabilidades eventuais ou contingentes;
e. a taxa de juros, as datas de vencimentos e as garantias das obrigações a longo prazo;
f. o número, espécie e classes das ações do capital social;
g. as opções de compra de ações outorgadas e exercícios;
h. os ajustes de exercícios anteriores;
i. os eventos subseqüentes à data de encerramento do exercício que tenham, ou possam
vir a ter efeito relevante sobre a situação financeira e os resultados futuros da companhia”.

A Lei n°6.404/76 menciona nove casos que deverão constar em nota explicativa;
contudo, podem ocorrer situações que não estão contempladas na referida Lei e que devem
ser mencionadas em nota.

Além do mencionado há pouco, a lei, em seu art. 177, § 1°, estabelece que devem ser
indicados em Notas Explicativas os efeitos das mudanças de critérios contábeis.

Apesar de haver previsão legal para as Notas Explicativas, não significa que sempre haja
necessidade de ter, no mínimo, essas notas, pois, muitas vezes, alguma não são aplicáveis, ou
não representam informações relevantes, ou seja, de utilidade para esclarecimento da
demonstração financeira. Por exemplo uma empresa prestadora de serviço pode ter em seu
estoque apenas materiais de escritório, não é relevante dizer qual o critério de avaliação do
estoque, por ser uma informação não relevante. Da mesma forma é possível que existam
situações em que sejam necessárias informações adicionais além das previstas na lei 6.404/76.
A CVM recomenda de acordo com o § 3° do Art. 177 da lei das S.A., em
complementação às notas explicativas previstas por esta lei, que sejam divulgados diversos
assuntos relevantes como por exemplo:
Análise das Demonstrações Contábeis I – Prof. Ciro Bächtold 28

 Ações em Tesouraria – Inst. CVM 10/80 (art.21);


 Ajustes de exercícios anteriores – Inst. CVM 59/86 (art. 11, § 3);
 Ágio/deságio;
 Aposentadorias e pensões;
 Arrendamento mercantil (leasing) – Inst. CVM 58/86 (art.4);
 Ativo contingente;
 Ativo diferido;
 Capacidade ociosa;
 Capital social autorizado –Inst. CVM 59/86 (item I da Nota Explicativa);
 Continuidade normal dos negócios;
 Debêntures;
 Demonstrações Complementares – Inst. CVM 64/87 (diversos artigos);
 Demonstrações condensadas;
 Demonstrações em moedas de capacidade aquisitiva contante;
 Demonstrações financeiras consolidadas;
 Destinação de lucros referidos nos acordos com acionistas;
 Dividendos por ação – Lei 6.404/76 (art. 186 §2°) Inst. CVM 59/86 (art.12);
 Dividendos propostos;
 Empreendimentos em fase de implantação;
 Equivalência patrimonial – Inst. CVM 15/80 e Deliberação CVM 59/86 (art.12);
 Estoques;
 Imposto de Renda e Contribuição Social;
 Incorporação, fusão e cisão;
 Instrumentos financeiros;
 Investimentos societários no exterior – Deliberação CVM 28/86, (itens 17,51 e 52);
 Juros sobre capital próprio;
 Lucro ou prejuízo por ação;
 Programa de desestatização;
 Programa de recuperação fiscal (refis);
 Provisão para créditos de liquidação duvidosa;
 Remuneração dos administradores – Parecer de Orientação CVM 04/79 (item 9);
 Reserva – Detalhamento – Inst. CVM 59/86 (art. 10);
 Reserva de Lucros a realizar – Inst. CVM 59/86 (item 4 da Nota Explicativa);
 Retenção de Lucro – Inst. CVM 59/86 (item 4 da Nota Explicativa);
 Seguros;
 Transações entre partes relacionadas – Debiberação CVM 26/86 (diversos itens);
 Variação cambial;
 Vendas ou serviços a realizar.
Análise das Demonstrações Contábeis I – Prof. Ciro Bächtold 29

Além dessas recomendações da CVM, o IBRACON orienta a evidenciação das


disponibilidades em certos casos e são recomendadas aqui também as seguintes notas
explicativas sempre quando relevantes:
 Ativos especiais;
 Ativos fiscais diferidos;
 Detalhes do ativo imobilização;
 Operações ou contexto operacional (quando não contempladas no relatório da
administração);
 Segregação entre circulantes e longo prazo;
 Subsídios governamentais.

A Resolução do CFC n° 737/92, que aprova a norma NBC T-6, cujo subitem 6.2 aborda os
aspectos fundamentais a serem observados pelas empresas durante a elaboração das notas
explicativas, ressalta:
 As informações devem completar os fatores de integridade, autenticidade, precisão,
sinceridade e relevância;
 Os textos devem ser simples, objetivos, claros e concisos;
 Os assuntos devem ser ordenados, obedecendo à ordem observada nas demonstrações
contáveis, tanto para os agrupamentos como para as contas que as compõem;
 Os assuntos relacionadas devem ser agrupados segundos seus atributos comuns;
 Os dados devem permitir comparações com os de datas de exercícios anteriores;
 As referências a leis, decretos, regulamentos, normas brasileiras de contabilidade e
outros atos normativos devem ser fundamentadas e restritas aos casos em que tais
citações contribuam para o entendimento do assunto tratado na nota explicativa.

Por fim, a norma destaca que, na constituição do conjunto e notas explicativas às


demonstrações, também devem ser levadas em conta possíveis exigência de informações
adicionais, decorrentes da legislação específica do setor ou entidade.

RECOMENDAÇÃO DE LIVRO: Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações –


Aplicável também às demais Sociedades - FIPECAFI

Livros disponíveis para download gratuito no site www.crcpr.org.br. Procure o link publicações
e série biblioteca do CRCPR.
Análise das Demonstrações Contábeis I – Prof. Ciro Bächtold 30

Agora observe as demonstrações abaixo, publicadas no Diário Oficial do Paraná, no dia


28/04/2006.
Análise das Demonstrações Contábeis I – Prof. Ciro Bächtold 31
Análise das Demonstrações Contábeis I – Prof. Ciro Bächtold 32

Fonte: Diário Oficial do Paraná, publicado em 01/06/2006


Análise das Demonstrações Contábeis I – Prof. Ciro Bächtold 33

AULA 12
RELATÓRIO DA ADMINISTRAÇÃO
Também chamado de relatório da diretoria. É um documento importante onde quem é
responsável pela gestão da empresa tem a liberdade para apresentar as demonstrações contábeis
e também expressar sua opinião sobre a situação da empresa e perspectiva futura. Não há um
modelo específico, portanto sem rigor técnico, a criatividade é importante na elaboração.

O Relatório da Diretoria nada mais é que uma apresentação do Balanço Patrimonial,


bem como das demais demonstrações financeiras aos acionistas. É evidente que o conteúdo do
Relatório da Diretoria dependerá da situação de cada companhia. Para efeito didático,
apresentaremos um modelo bem simples, em que a Diretoria se limita a apresentar os
demonstrativos, sem maiores detalhes.
Veja:
RELATÓRIO DA DIRETORIA
Prezados Acionistas:
Em cumprimento às disposições legais e estatutárias, submetemos à apreciação de
Vossas Senhorias o Balanço Patrimonial e as demonstrações financeiras encerradas em 31 de
dezembro de X1. Estaremos à disposição de Vossas Senhorias em nossa sede social para
quaisquer outros esclarecimentos.
Cidade tal, 31 de Dezembro de X1.
Fonte: RIBEIRO – 2004

O relatório da administração representa um necessário e importante complemento às


demonstrações financeiras publicadas por uma empresa, em termos de permitir o fornecimento
de dados e informações adicionais que sejam úteis aos usuários no seu julgamento e processo de
tomada de decisões.
É importante lembrar que os usuários objetivam analisar a situação atual e de resultados
passados da empresa fornecidos pelas demonstrações financeiras, objetivando também servir de
elemento preditivo da evolução e resultados futuros da empresa,que melhor orientem suas
decisões no presente.
É, portanto, nesse aspecto que a Administração pode fornecer importante contribuição
aos usuários, ou seja, elaborar o Relatório da Administração de maneira orientada ao futuro, não
só ao fornecer projeções e operações previstas para o futuro, mas também ao fazer análises do
passado, indicativas de tendências futuras.
Outra característica relevante a ser considerada é que o Relatório da Administração, por
ser descritivo e menos técnico que as demonstrações financeiras, reúne condições de
entendimento por uma gama bem maior de usuários, em relação aquele número de usuários que
conseguirá entender e tirar as conclusões básicas que necessitem somente das demonstrações
financeiras.
O Relatório da Administração, pelo seu maior poder de comunicação, poderá, dessa
forma, fornecer tais conclusões a uma gama maior de usuários. (FIPECAFI – 1993)

Na prática observa-se desde a simples apresentação até a explicação sobre as atividades


da empresa e suas perspectivas futuras. É um complemento das demonstrações contábeis, assim
como as Notas Explicativas, com a diferença de não se limitar a procedimentos ou atos e fatos
passados, pois permite a explicação da política da empresa e suas projeções.
Análise das Demonstrações Contábeis I – Prof. Ciro Bächtold 34

Relatório da Administração da Eucatex, encontrado no site www.eucatex.com.br, acessado em 07.02.2007


Cenário Econômico
Nos primeiros meses deste ano foi possível constatar, com uma maior nitidez, a recuperação do nível de
atividade econômica no País, iniciada nos últimos meses de 1999. O cenário econômico mostra-se mais positivo,
com os índices apontando para uma produção industrial crescente, contas públicas com melhores resultados,
câmbio menos volátil e taxas de inflação declinantes. Entretanto, há que se registrar que o recuo da taxa cambial,
ocorrido nesse primeiro trimestre, ainda que não tendo comprometido, significativamente, a competitividade das
exportações, certamente contribui, de uma forma geral, para redução da margem líquida resultante.
Mercado e Vendas
O crescimento no faturamento, apresentado pelo Grupo Eucatex, nesse 1º trimestre com relação a igual período
do ano anterior, foi de 10%, ou seja, R$ 80,6 milhões contra R$ 73,3 milhões.
Esse resultado foi afetado pelos investimentos em andamento e ainda não concluídos nas fábricas de Salto e
Botucatu, que prejudicaram o abastecimento normal ao mercado, impedindo um crescimento de vendas mais
vigoroso nesse 1o trimestre.As vendas líquidas, no mercado nacional totalizaram R$ 70,7 milhões, equivalentes a
87,6% das vendas totais, e as exportações atingiram a quantia de R$ 9,9 milhões, equivalentes a US$ 5,6 milhões
FOB.
A Companhia estará lançando, nos próximos meses, o produto MDP (Mediun Density Particleboard), o qual terá
aplicação e desempenho semelhante ao do MDF (Mediun Density Fiberboard), nos processos de usinagem e
pintura, devendo, entretanto ser comercializado a preços mais competitivos. A Companhia passou a produzir e
comercializar, nesse trimestre, a partir de sua planta de tintas em Salto, tintas voltadas para o segmento industrial
moveleiro.

Resultados
O Resultado Operacional antes dos gastos com Reestruturação e Resultado Financeiro, no 1º trimestre de 2000,
atingiu R$ 9,4 milhões contra R$ 9,2 milhões em 1999. O Resultado Líquido do período, após 5 anos
consecutivos de prejuízo, foi um lucro de R$ 0,6 milhões, contra um prejuízo de R$ 18,7 milhões registrados em
1999, sinalizando uma melhora significativa nos resultados, tendência que poderá ser mais acentuada a partir do
2º trimestre.
Investimentos
A Companhia investiu no 1º trimestre R$ 9,6 milhões, tendo por principais objetivos: ampliar a capacidade de
produção das instalações fabris localizadas em Salto e Botucatu, propiciar significativa melhoria nos índices de
qualidade, além da produção de novos produtos com maior valor agregado.
Ao término dos investimentos programados para esse ano, a capacidade instalada da fábrica de aglomerados em
Botucatu deverá ser ampliada em mais de 40%, ou seja uma produção anual da ordem de 330 mil m³.
Patrimônio Líquido
O Patrimônio Líquido da Companhia, em 31 de março de 2000, foi de R$ 389,0 milhões, com o equivalente
valor patrimonial das ações de R$ 454,80, o lote de mil. O capital social subscrito e integralizado está
representado por 857,2 milhões de ações, divididas em 289,6 milhões ordinárias e 567,6 milhões preferenciais.
Recursos Humanos
Até o final de março de 2000, a Companhia investiu cerca de R$ 4,0 milhões em programas de assistência
médico-odontológica, transportes, alimentação, treinamento e segurança no trabalho, para seus 3.272
funcionários e respectivos dependentes.
São Paulo, Maio de 2000
A Administração.
Análise das Demonstrações Contábeis I – Prof. Ciro Bächtold 35

AULA 13
DEMONSTRAÇÃO DE FLUXO DE CAIXA (DFC)
Há atualmente uma tendência em alguns países no sentido de adotar-se a demonstração
de Fluxo de Caixa em substituição à Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos. Isto
deve-se basicamente à maior facilidade de entendimento daquela pelos usuários, onde é
visualizado de forma mais clara o fluxo dos recursos financeiros durante o período, apesar de a
DOAR ser mais rica em termos de informações. (FIPECAFI – 1993)
A Demonstração dos Fluxos de Caixa indica, no mínimo, as alterações ocorridas no
exercício no saldo de caixa e equivalentes de caixa, segregadas em fluxos das operações, dos
financiamentos se dos investimentos. Essa demonstração será obtida de forma direta (a partir da
movimentação do caixa e equivalentes de caixa) ou de forma indireta (com base no
Lucro/Prejuízo do exercício). As práticas internacionais dispõem que essa demonstração seja
segregada em três tipos de fluxos de caixa: os fluxos das atividades operacionais, das atividades
de financiamento e das atividades de investimentos. (MARION – 2002)

IBRACON NPC nº 20 - DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA


Princípios Contábeis Aplicáveis
1. A 'Demonstração dos Fluxos de Caixa' refletirá as transações de caixa oriundas:
a) das atividades operacionais; b) das atividades de investimentos; e c) das atividades de
financiamentos. Também, deverá ser apresentada uma conciliação entre o resultado e o fluxo de
caixa líquido gerado pelas atividades operacionais visando fornecer informações sobre os
efeitos líquidos das transações operacionais e de outros eventos que afetam o resultado.
2. A função primordial de uma demonstração dos fluxos de caixa é a de propiciar informações
relevantes sobre as movimentações de entradas e saídas de caixa de uma entidade num
determinado período ou exercício. As informações contidas numa demonstração dos fluxos de
caixa, quando utilizadas com os dados e informações divulgados nas demonstrações contábeis,
destinam-se a ajudar seus usuários a avaliar a geração de fluxos de caixa para o pagamento de
obrigações e lucros e dividendos a seus acionistas ou cotistas, ou a identificar as necessidades de
financiamento, as razões para as diferenças entre o resultado e o fluxo de caixa líquido
originado das atividades operacionais e, finalmente, revelar o efeito das transações de
investimentos e financiamentos, com a utilização ou não de numerário, sobre a posição
financeira.
DEFINIÇÕES
3. Fluxos de caixa: são ingressos e saídas de caixa e equivalentes.
4. Caixa ou equivalentes de caixa: na movimentação dos recursos financeiros, incluem-se não
somente saldos de moeda em caixa ou depósitos em conta bancária, mas, também, outros tipos
de contas que possuem as mesmas características de liquidez e de disponibilidade imediata.
Como equivalentes de caixa, devem ser consideradas as aplicações financeiras com
característica de liquidez imediata.
5. Atividades operacionais: compreendem as transações que envolvem a consecução do objeto
social da Entidade. Elas podem ser exemplificadas pelo recebimento de uma venda, pagamento
de fornecedores por compra de materiais, pagamento dos funcionários, etc.
6. Atividades de investimentos: compreendem as transações com os ativos financeiros, as
aquisições ou vendas de participações em outras entidades e de ativos utilizados na produção de
bens ou prestação de serviços ligados ao objeto social da Entidade. As atividades de
investimentos não compreendem a aquisição de ativos com o objetivo de revenda.
Análise das Demonstrações Contábeis I – Prof. Ciro Bächtold 36

7. Atividades de financiamentos: incluem a captação de recursos dos acionistas ou cotistas e seu


retorno em forma de lucros ou dividendos, a captação de empréstimos ou outros recursos, sua
amortização e remuneração.
8. Determinados recebimentos ou pagamentos de caixa podem ter características que se
enquadrem tanto no fluxo de caixa das atividades operacionais, como nas atividades de
financiamentos ou nas atividades de investimentos. Se for o caso, a classificação apropriada
deverá levar em consideração qual atividade é predominante na geração do fluxo de caixa. Por
exemplo, as transações envolvendo imóveis geralmente são consideradas como atividades de
investimentos. Todavia, se um imóvel é adquirido com o objetivo de revenda, o fluxo de caixa
gerado por essa transação é considerado como operacional, por possuir a característica de
estoques, como numa entidade do ramo imobiliário. Adicionalmente, outro exemplo é a
manutenção de ativos e passivos financeiros sem o objetivo primário de auferir ganhos
financeiros.
9. Informações sobre atividades de investimentos e de financiamentos que resultaram em
reconhecimento de um ativo ou de um passivo, mas que não resultaram em pagamentos ou
recebimentos de caixa, devem ser excluídas da demonstração dos fluxos de caixa e serem
apresentadas em local apropriado nas demais demonstrações ou em notas explicativas.
Exemplos desse tipo são as aquisições de ativos realizadas por meio de empréstimos ou
financiamentos.
10. Dessa forma, apenas as transações que afetam o fluxo de caixa devem ser apresentadas na
demonstração dos fluxos de caixa.
CONSIDERAÇÕES DE TÉCNICA CONTÁBIL
11. A demonstração dos fluxos de caixa para um determinado período ou exercício deve
apresentar o fluxo de caixa oriundo ou aplicado nas atividades operacionais, de investimentos e
de financiamentos e o seu efeito líquido sobre os saldos de caixa, conciliando seus saldos no
início e no final do período ou exercício.
12. Entidades sujeitas a órgãos reguladores devem utilizar, se houver, modelos estabelecidos
pelos respectivos órgãos.
13. Na preparação da demonstração dos fluxos de caixa, poderá ser utilizado o método direto ou
indireto.
14. O método direto caracteriza-se por apresentar os componentes dos fluxos por seus valores
brutos, ao menos para os itens mais significativos dos recebimentos e dos pagamentos.
15. Neste método, devem ser apresentados, no mínimo, os seguintes tipos de recebimentos e
pagamentos relacionados às operações: Recebimento de clientes; Juros, lucros e dividendos
recebidos; Pagamentos a fornecedores e empregados; Juros pagos; Imposto de renda pago;
Outros recebimentos e pagamentos.
16. O método indireto caracteriza-se por apresentar o fluxo de caixa líquido oriundo da:
Movimentação líquida das contas que influenciam na determinação dos fluxos de caixa das
atividades operacionais, tais como estoques, contas a receber e contas a pagar.
Movimentação líquida das contas que influenciam na determinação dos fluxos de caixa das
atividades de investimentos e de financiamentos, a partir das disponibilidades geradas pelas
atividades operacionais, ajustadas pelas movimentações dos itens que não geram caixa, tais
como: depreciação, amortização, baixas de itens do ativo permanente. etc.
17. A conciliação do resultado com o fluxo de caixa líquido das atividades operacionais deve ser
demonstrada tanto pelo método direto como pelo método indireto. Todos os ajustes de
Análise das Demonstrações Contábeis I – Prof. Ciro Bächtold 37

conciliação entre o resultado e o caixa gerado pelas atividades operacionais devem ser
claramente identificados como itens de conciliação.
EXEMPLOS
18. Deve-se classificar como oriundo de atividade operacional o numerário recebido de:
Clientes por venda de produtos e serviços; Subsidiárias avaliadas pelo método de equivalência
patrimonial, a título de lucros ou dividendos; Reembolsos de fornecedores, companhias de
seguro, restituição de impostos, etc.
19. Deve-se classificar como utilizado na atividade operacional o numerário pago a:
Fornecedores por compra de material produtivo; Empregados; Processos, reembolsos a clientes
etc.; Governos por impostos e contribuições.
20. Deve-se classificar como oriundo de atividades de investimentos o numerário recebido por:
Venda de ativos permanentes; Distribuição de lucros ou dividendos de outros investimentos.
21. Deve-se classificar na atividade de investimentos o numerário utilizado na aquisição de
ativo permanente.
22. Deve-se classificar como oriundo de atividades de financiamentos o numerário recebido por:
Integralização de capital; Colocação de títulos a longo prazo (debêntures e equivalentes);
Obtenção de empréstimos.
23. Deve-se classificar na atividade de financiamentos o numerário pago a: Acionistas ou
cotistas por lucros, dividendos, juros sobre o capital próprio ou reembolso de capital; Credores
de obrigações por financiamentos. NPC nº 20 completa no site www.ibracon.com.br

Estrutura da Demonstração do Fluxo de Caixa – DFC


DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA
Método direto Método indireto
Fluxo de Caixa proveniente
1. das atividades operacionais
(+) recebimento de clientes e outros (+) lucro líquido
(-) pagamentos a fornecedores (+-) ajustes, pelas despesas e receitas que não
transitam pelo caixa.
(-) pagamentos a funcionários Acréscimos ou decréscimos nas contas a receber de
clientes, devedores diversos, estoques e despesas
pagas antecipadamente.
(-) recolhimentos ao governo Acréscimos ou decréscimos nas contas a pagar a
fornecedores, empregados, governo e credores.
(-) pagamentos a credores diversos
2. de investimentos
(+) receita de venda de ativo permanente
(-) aplicações em ativo permanente
3. das atividades financeiras
(+) novos empréstimos
(-) amortização de empréstimos
(+) emissão de debêntures
(+) integralização de capital
(-) pagamento de dividendos
1+2+3 = aumento ou diminuição das disponibilidades
Fonte: (PEREZ JR. & BEGALLI – 1999)
Análise das Demonstrações Contábeis I – Prof. Ciro Bächtold 38

Balanço Patrimonial
ATIVO 31/12/05 31/12/06 PASSIVO 31/12/05 31/12/06
Circulante 1.427 1.630 Circulante 1.120 1.041
Disponibilidades 302 180 Fornecedores 650 721
Duplicatas a Receber 420 650 Salários a Pagar 120 150
Estoques 705 800 IR e CSLL a Pagar 150 59
Dividendos a Pagar 200 111
Não Circulante 1.540 1.250
Realizável a L. Prazo 100 80
Dupl. a Receber 100 80 Não Circulante 500 381
Financiamentos 500 381
Permanente 1.440 1.170
Investimentos 80 70 Patrimônio Líquido 1.347 1.458
 Imobilizado 860 700 Capital Social 1.000 1.000
Diferido 500 400 Lucros Acumulados 347 458
Total 2.967 2.880 Total 2.967 2.880
 A redução do Imobilizado deve-se a R$ 60,00 de Depreciação e R$ 100,00 de venda de ativo.

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO 2006


Receita Operacional Bruta 1.725
(-) Deduções da Receita (225)
Receita Líquida 1.500
(-) Custo das Mercadorias Vendidas e Serviços (950)
Lucro Operacional Bruto 550
(-) Despesas
Vendas (90)
* Administrativas (105)
Financeiras (80)
Receita Financeira 6
Lucro Operacional 281
(-) Provisão para Imposto de Renda / Contribuições (59)
Lucro Líquido Operacional 222
Lucro Líquido 222
* Já foi incluída como despesa administrativa o valor de R$ 60,00 da Depreciação.

Para demonstrar que para elaboração da Demonstração do Fluxo de Caixa, são necessárias
apenas informações do Balanço Patrimonial e da Demonstração do Resultado do Exercício,
deixei de elaborar a DLPA ou DMPL, DOAR e não há notas explicativas, pois nas contas
apresentadas possuímos todos os elementos necessários para que possamos elabora a
Demonstração de Fluxo de Caixa.
Análise das Demonstrações Contábeis I – Prof. Ciro Bächtold 39

Demonstração do Fluxo de Caixa de 2006


Modelo Indireto
DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA – 2006
Atividades Operacionais
Lucro Líquido 222
+ Despesas econômicas (não afetam o caixa):
Depreciação 60
282
Ativo Circulante
Duplicatas a receber - aumento (reduz o caixa) (230)
Estoque - aumento (reduz o caixa) (95)
(325)
Passivo Circulante
Fornecedores - aumento (melhora o caixa) 71
Salários a Pagar - aumento (melhora o caixa) 30
IR e CSLL - redução (piora o caixa) (91)

Realizável a Longo Prazo


Duplicatas a Receber – redução (melhora o caixa) 20 (13)

Atividades de Investimento
Realização de investimento 10
Alienação de Bens Permanente 100
Amortização de Diferido 100
210 210
Atividades de Financiamentos
Redução de Financiamentos (119)
Dividendos (200) (319)
Redução de caixa no ano (122)
Saldo Inicial do caixa 302 302
Saldo Final do caixa 180 180

Assim como fazemos na DOAR, onde trabalhamos comparação de contas de um para outro
exercício, de forma semelhante é trabalhado para elaboração da DFC. Convém observar também
que todo o disponível é considerado como caixa da empresa, já que são valores que estão à
disposição, independente de estar na conta caixa ou banco.
Análise das Demonstrações Contábeis I – Prof. Ciro Bächtold 40

Modelo Direto
Demonstração do Fluxo de Caixa – 2006
Saldo Inicial em 31/12/05 302
Entradas
Receita Operacional Recebida 1.290
Receitas Financeiras 6
Realização de investimentos 10
Alienação de Bens do Permanente 100
Diferido 100 1.506
Saídas
Pagamento de Mercadorias (974)
Redução de Financiamento (119)
Despesas de Vendas (90)
Despesas Administrativas (15)
Despesas Financeiras (80)
I R e CSLL (150)
Dividendos (200) (1.628)
Saldo Final em 31/12/99 180
Explicação:
Ingresso de receita operacional = Receita líquida 1.500 + Dupl Rec. CP (2005) 420 – Dupl. Rec.
CP (2006) 650 + Dupl. Rec. LP (2005) 100 – Dupl. Rec. LP (2006) 80 = 1.290
Receitas Financeiras = 6 (DRE)
Realização de Investimentos = RLP (2005) 100 – RLP (2006) 80 = 20
Alienação de Bens do Permanente = Imobilizado (2005) 860 – Imobilizado (2006) 700 –
Depreciação (2006) 60 = 100
Diferido = Diferido (2005) 500 – Diferido (2006) 400 = 100
Pagamento de Mercadorias = Compras {CMV = Ei + C – EF  950 = 705 + C – 800 
C= 1.045} + Fornec (2005) 650 – Fornec (2006) 721 = 974
Redução de Financiamento = ELP (2005) 500 – ELP (2006) 381 = 119
Despesas de Vendas = 90 (DRE)
Desp. Administrativas = 105 (DRE) – Deprec. 60 – Salários a Pg (2005) 120 + Salários a Pg
(2006) 150 = 15
Desp. Financeira = 80 (DRE)
IR e CSLL = 59 (DRE) + IR e CSLL a Pg (2005) 150 – IR e CSLL a Pg (2006) 59 = 150
Dividendos = {Lucro líquido (DRE) 222 - Lucro Acum (BP-2006) 458 + Lucro Acum (BP-
2005) 347 =} 111 + Dividendos a Pg (2005) 200 – Dividendos a Pg (2006) 111 = 200.

Formato das demonstrações e explicação adaptadas do livro Análise das Demonstrações


Contábeis do Prof. José Carlos Marion. Editora Atlas, 2002.
Análise das Demonstrações Contábeis I – Prof. Ciro Bächtold 41

AULA 14
DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO (DVA)
O IBRACON – Instituto dos Auditores do Brasil, reconhece na NPC (normas e
procedimentos de contabilidade) nº27, a DVA como sendo uma Demonstração Contábil, mesmo
não sendo sua divulgação obrigatória pela empresa.

A Demonstração do Valor Adicionado evidenciará os componentes geradores do valor


adicionado a sua distribuição entre empregados, financiadores, acionistas, governo e outros,
bem como a parcela retida para reinvestimento.
A Demonstração do Valor Adicionado (DVA) surgiu na Europa, principalmente por
influência da Inglaterra, França e da Alemanha, e tem tido cada vez mais demanda em âmbito
internacional, inclusive em virtude de expressa recomendação por parte da ONU.
A DVA evidencia quanto de riqueza uma empresa produziu, ou seja, quanto ela
adicionou de valor a seus fatores de produção, e de que forma essa riqueza foi distribuída (entre
empregados, governo, acionistas, financiadores de capital) e quanto ficou retido na empresa.
A DVA é uma demonstração bastante útil, inclusive do ponto de vista macroeconômico,
uma vez que, conceitualmente o somatório dos valores adicionados (ou valores agregados) de
um país representa, na verdade, seu Produto Interno Bruto (PIB).
Essa Informação é tão importante que, além de sua utilização pelos países europeus,
alguns países emergentes só aceitam a instalação e a manutenção de uma empresa transnacional
se ela demonstrar qual será o valor adicionado que irá produzir. (MARION – 2002).

Inexiste ainda uma forma de apresentação definitiva para a DVA, porém podemos assim
visualizar a estrutura básica do relatório.

ENSINO À DISTÂNCIA LTDA, CNPJ 11.111.111/0001-11


Demonstração do Valor Adicionado no Exercício de 2006 R$
I – Geração do Valor Adicionado
Receitas Operacionais Líquidas e Não Operacionais
Menos: Custo das Mercadorias Vendidas
Serviços de Terceiros
Despesas (energia, comunicação)
= VALOR ADICIONADO BRUTO
(-) Depreciações e Amortizações
= VALOR ADICIONADO LIQUIDO
(+) Recebido de Terceiros (Receita Financeira)
= VALOR ADICIONADO
II – DISTRIBUIÇÃO DO VALOR ADICIONADO $ %
Remuneração do Trabalho
Governo – tributos
Juros e Alugueres
Dividendos e Lucros Retidos
Fonte: (PEREZ JR. & BEGALLI – 1999)
Análise das Demonstrações Contábeis I – Prof. Ciro Bächtold 42

Características Básicas da DVA:


1 – Evidencia a geração de riqueza e a forma de sua distribuição;
2 – Destaca a importância dos fatores de produção:
- Remuneração do trabalho;
- Arrecadação ao governo, por meio de tributos;
- Remuneração do capital, por meio dos juros;
- Remuneração do capital do acionista, por meio de lucros.
3 – Reflete na prática o conceito econômico do PIB:
- Produto Interno Bruto = Somatória dos Valores Adicionados.
Fonte: (PEREZ JR. & BEGALLI – 1999)

DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO - 2006


Receita Operacional 1.500
(-) Custo da Mercadoria Vendida (Compras) (950)
Valor Adicionado Bruto gerado nas Operações 550
(-) Depreciação (60)
Valor Adicionado Líquido 490
+ Receita Financeira 6
Valor Adicionado 496
Distribuição do Valor Adicionado R$ %
*Empregados e Encargos (135) 27,22
Juros (80) 16,13
Dividendos (111) 22,38
Impostos (59) 11,89
Outros -
Lucro Reinvestido (111) 22,38

DVA – Demonstração de Valor Adicionado em 2006

Empregados e Encargos 16%

Juros 28%

Dividendos 22%

Impostos

22% 12%
Lucro Reinvestido
Análise das Demonstrações Contábeis I – Prof. Ciro Bächtold 43

Outro assunto interessante: Balanço Social, recomendo os sites: www.crcsc.org.br e


www.cfc.org.br para estudo.
AULA 15
CONHECER AS CARACTERÍSTICAS DA EMPRESA
A contabilidade é uma ciência que mostra a situação da empresa baseada em valores que
podem ser traduzidos em moeda. Porém algumas qualidades não podem ser comprovadas
quantitativamente e são importantíssimas. É possível encontrar na análise duas empresas que
apresentam os mesmos valores (algo raro de acontecer), porém encontrar empresas que além de
apresentar os mesmos valores, usam a mesma política de trabalho e tem dentro do quadro os
funcionários com a mesma qualificação e capacidade é praticamente impossível. E cada
diferencial pode ser o motivo do sucesso ou fracasso no meio empresarial.
Por isso, não existe a possibilidade de se comparar perfeitamente uma empresa com outra em
igualdade de condições. Além dessas limitações devemos convir que as nossas expectativas se referem
ao que poderá acontecer no futuro. Os demonstrativos espelham somente o que aconteceu no passado e
por isso podem ser considerados somente como pistas para o futuro.
A análise deve ser realizada, como já vimos anteriormente, levando em consideração as
características de cada empresa e também o objetivo da análise, e isto pode levar o analista
decidir sobre uma reclassificação que leve em consideração essa situação. Mas deve o analista
ter em mente que as informações prestadas são de sua responsabilidade e devem refletir a
realidade, pois informação falsa é crime e danos causados por estas informações devem ser
reparados, sendo passíveis de ação na justiça por quem se sentiu prejudicado.
Para cada ramo de atividade há características próprias e deve o analista conhecer essas
peculiaridades para evitar uma conclusão equivocada sobre os números apresentados. Por
exemplo, uma empresa de transporte coletivo vai apresentar um grau de imobilização muito
grande, mas disponível bem reduzido. Isto não gera preocupação em virtude do fluxo de
dinheiro que ingressa a cada dia, pois os usuários fazem o pagamento à vista.

Antes mesmo de iniciar a análise de balanços, conheça intimamente a empresa que pretende
analisar: o produto que transaciona, a função produção da empresa, se existem operações típicas de
financiamento, etc. Existem casos interessantes a respeito. Algumas empresas de fertilizantes, por
exemplo, realizam as vendas aos agricultores já financiadas por bancos oficiais. Ou, visto o problema de
outra forma, os agricultores somente compram mediante financiamento de bancos oficiais. Nesse caso,
na verdade, o cliente verdadeiro da empresa, em termos de valores a receber, é o Governo e se, de um
lado, isto normalmente aumenta os prazos de recebimento das contas a receber, por outro diminui os
riscos do recebimento. Um analista que, sem conhecer esse detalhe, se aventurar a interpretar de forma
muito restrita os quocientes ligados a contas a receber, ou levar em conta a provisão para devedores
duvidosos (que praticamente não tem razão de existir nesse caso), estará expondo-se a erros de a criticas
muitos grandes. É necessário, portanto, conhecer bem as características operacionais da empresa, as
formas peculiares de financiamento (se existirem), a característica dos estoques, o tipo de máquinas e
equipamentos utilizados, etc. Se a análise estiver sendo realizada por analistas externos, deverão estes
procurar inteirar-se pelo menos do essencial sobre as peculiaridades, se não da empresa em particular,
pelo menos do setor em que atua. Neste sentido, a consulta à biblioteca, a revistas especializadas e a
especialistas do setor é indispensável. Imaginemos um analista querendo realizar uma análise de uma
companhia seguradora sem um mínimo de conhecimento sobre as características do ramo. Um dos
grandes problemas da análise de determinados estudos amplos é justamente a natural dificuldade de levar
em conta tais particularidades setoriais. Entretanto, alguns quocientes têm significado quase que em
todos os tipos de empreendimento. Os relacionamentos entre contas do lado do passivo normalmente têm
uma significação universal. Entretanto, quocientes que levam em conta elementos do ativo ou da DRE
sofrem muito o impacto da mudança das características técnicas e comerciais (e até financeiras) do
Análise das Demonstrações Contábeis I – Prof. Ciro Bächtold 44

empreendimento. De qualquer forma, conheça, o melhor que puder, a empresa que irá analisar.
(IUDÍCIBUS – 1998).
CONHECER O OBJETIVO DA ANÁLISE
Quando iniciamos qualquer processo é importante identificar primeiro qual o objetivo,
para então buscar os caminhos para alcançar êxito na atividade. Não podemos em momento
algum esquecer o profissionalismo e o compromisso com a realidade. È preciso diagnosticar e
relatar a situação como ela é, e não maquiar o relatório para agradar aos interessados.
Ao longo da minha experiência como funcionário público municipal, contador e professor,
aprendi muito com os livros e com as pessoas. Algumas lições aprendi com vocês, alunos e
monitores. Levando em consideração o tempo da aula e as características de uma tele-aula
precisei encontrar uma forma mais adequada para transmitir o conteúdo das disciplinas. Dentro
de minhas limitações assisti algumas aulas para entender como se sentem os alunos, conversei
com alunos, professores, monitores e coordenadores de curso, procurei ler cada comentário
sobre mim e sobre os demais professores, troquei mensagens eletrônica com alunos, monitores e
professores, assisti minhas aulas com senso crítico e de alguns professores que se destacaram na
opinião dos alunos para aprender com seu método de ensino. Isto não quer dizer redução de
conteúdo ou menor qualidade no ensino, pelo contrário o objetivo é ensinar mais e melhor.
No caso da análise muitos podem ser os objetivos. E devo trabalhar adaptando ou focando
o trabalho, de acordo com a demanda. Ou seja, adequar o trabalho de acordo com a
necessidade. Por exemplo, não devo me preocupar em extrair informações sobre as
imobilizações da empresa, se simplesmente esta informação é irrelevante em virtude a atividade
operacional e característica da empresa. Em contra-partida esta informação pode ser
fundamental para empresas que investem muitos recursos, bem como seus concorrentes, no
permanente da empresa.
Quando o analista assume o compromisso de realizar o trabalho de análise das
demonstrações contábeis, é importante que ele saiba o que é mais importante em sua missão. E
o mais importante, logicamente, será fornecer a quem contratou os seus serviços informações
úteis para a tomada de decisões. Assim, o grau de importância das demonstrações e cálculos
efetuados vai variar de acordo com o público interessado na análise. Por exemplo, o fornecedor
tem maior interesse na situação de liquidez da empresa, enquanto o investidor ou sócio
interessa-se pelo risco do recebimento e também pela taxa de retorno sobre o investimento, o
administrador quer saber as tendências e também avaliar seu desempenho com base no padrão
de mercado, enfim haverá maior probabilidade de sucesso o trabalho realizado por quem sabe
onde quer chegar.
Para a Comissão de Empresas Transnacionais da ONU, as características da informação
contábil (útil) são:
a) Pertinência – se a informação é capaz de influir sobre uma decisão, ela deve ser
evidenciada mesmo que não tenha uma utilização imediata;
b) Oportunidade – a informação contábil deve estar disponível ao usuário no momento
em que este a necessita;
c) Comparabilidade – a informação contábil deve permitir que os usuários possam
efetuar análises temporais e entre empresas distintas;
d) Confiabilidade – a informação contábil deve reunir os atributos de fidelidade de
apresentação, neutralidade/honestidade, prudência e capacidade de verificação;
e) Inteligibilidade – a informação contábil deve ser compreendida com garantia pelo
usuário o que implica que seja expressa de maneira não ambígua.
Fonte: (FAGUNDES – 2006).
Análise das Demonstrações Contábeis I – Prof. Ciro Bächtold 45

AULA 16
COLETA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E DEMAIS DOCUMENTOS
Esta etapa é importantíssima no processo e de fundamental importância. Reunir os
documentos para análise requer também alguns cuidados.
Para um bom trabalho é interessante reunir as demonstrações contábeis: Balanço
Patrimonial (BP), Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), Demonstração de Lucros ou
Prejuízos Acumulados (DLPA) ou Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido
(DMPL), Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos (DOAR), Notas Explicativas
(NE), e outros documentos como Relatório da Diretoria, Parecer da Auditoria Independente,
Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC), Demonstração do Valor Adicionado (DVA), Registro
de Inventário, Controle de Recebimentos e Pagamentos, enfim todos os que o analista julgar
necessário para uma boa análise.
Quanto maior for o número de exercícios analisados, melhor será a análise para
demonstrar as tendências da empresa. Recomenda-se possuir no mínimo 3 (três) exercícios.
Os documentos reunidos para a análise deverão possuir a assinatura de profissional
qualificado para dar maior segurança ao trabalho que será realizado.

O Professor José Carlos Marion, no livro Análise das Demonstrações Contábeis (Editora
Atlas – 2002), apresenta quatro situações como subsídio ao analista para julgamento das
demonstrações contábeis:
a) O ideal:
1 – Demonstrações Contábeis publicadas em jornais que atendam aos requisitos legais (Lei
das Sociedades Anônimas);
2 – Assinadas por contador, com Relatório da Diretoria e Notas Explicativas completas;
3 – Parecer da auditoria de Pessoa Jurídica que não tenha empresa-cliente que represente mais
de 2% do seu faturamento e que não esteja auditando a empresa analisada por mais de quatro
anos.
b) Situações encontradas que requerem alguns cuidados do analista:
1 – Demonstrações contábeis em que há relatório da Diretoria sucinto demais e/ ou Notas
Explicativas incompletas;
2 – Demonstrações contábeis com parecer da autoria que não preencham todos os requisitos
do modo ideal acima mencionado;
3 – Demonstrações contábeis publicadas que não atendam a todos os requisitos legais.
c) Situações que requerem do analista profundos cuidados:
1 – Demonstrações contábeis não publicadas em jornais;
2 – Demonstrações contábeis sem parecer da auditoria ou parecer com ressalva;
3 – Demonstrações contábeis que não atendam a parte dos requisitos legais e outras situações
não previstas nas situações A e B acima expostos.
d) Situações em que não se deveria fazer análise com base nas Demonstrações
Contábeis:
1 – Quando a empresa trabalha à base do Lucro Presumido, sem fazer contabilidade (nesses
casos, as demonstrações contábeis podem ser montadas especialmente para a análise);
2 – Quando há contradições nas demonstrações contábeis ou “exageros” facilmente
detectáveis;
Análise das Demonstrações Contábeis I – Prof. Ciro Bächtold 46

3 – Quando é facilmente identificado que a empresa não valoriza a Contabilidade e/ ou as


demonstrações contábeis não refletem a realidade.
AULA 17
EXAME E PADRONIZAÇÃO DOS DOCUMENTOS
EXAME DOS DOCUMENTOS

Já de posse das demonstrações contábeis e demais documentos, é necessário ter o


cuidado de um exame minucioso, onde a experiência e malícia auxiliam, pois há a possibilidade
de que algumas técnicas tenham sido utilizadas para tornar as informações mais adequadas ao
propósito de quem a elaborou.

Ocorrendo a elaboração demonstrações contábeis sem respaldo em escrituração contábil


regular, poderá o CRC da jurisdição instaurar o processo administrativo contra o responsável
técnico, estando previstas penas de multas e de suspensão do exercício profissional ou processo
por infração ao Código de Ética Profissional do Contabilista, que estabelece penas de
advertência reservada, censura reservada e censura pública, mas mesmo assim a prática de
distorções na elaboração das demonstrações contábeis de forma intencional não são raras, neste
caso temos uma fraude. O tema é abordado com propriedade e muitas ilustrações no livro
Fraudes Contábeis, do Prof. Dr. Antonio Lopes de Sá, inclusive faz uma interessante
comparação quando menciona que um policial que não conheça a técnica do ladrão não pode
trabalhar com eficiência, bem como um fiscal de tributos que não conheça os casos mais
freqüentes de sonegação, encontrará dificuldades para exercer sua função, deste livro extraí
estas citações:

“Erro e fraude não são a mesma coisa. A fraude é sempre um erro. Nem todo erro,
entretanto, é fraude. O erro pode ser cometido sem vontade. A fraude é sempre um erro
calculado”.
“O profissional da contabilidade precisa conhecer a fraude para defender-se contra ela,
como também para proteger o seu cliente”.
Aliás, a prática também não é privilégio nosso e ocorre em todos os países, talvez alguns lembrem dos
casos das empresas Enron e WorldCom que ocorreu nos E.U.A., onde descobriu-se que irregularidades eram
cometidas para tornar a empresa mais atraente para seus investidores e a descoberta de fraudes fez despencar o
preço da ações da empresa. Após isso surgiram diversos estudos sobre as fraudes contábeis e movimentos
favoráveis a valorização da ética profissional, aumentou também a procura e responsabilidade dos auditores
contábeis.
Talvez você esteja questionando a possibilidade da utilização de técnicas contábeis e que sejam também
legais para tornar os números da empresa mais atraentes. Este é um tema polêmico e em muito se deve a lacunas
legais, onde a subjetividade que existe na legislação, possibilita ao contador o uso de seu conhecimento para
maquiar as demonstrações contábeis.
Sobre este tema há um excelente artigo chamado “A MAQUIAGEM DAS DEMONSTRAÇÕES
CONTÁBEIS COM A CONTABILIDADE CRIATIVA”, elaborado pela Professora Drª Maria Elisabeth Pereira
Kraemer da UNIVALI – Universidade do Vale do Itajaí, que está disponível na internet e gentilmente fui
autorizado pela autora a utilizar parte de seu trabalho neste material. O artigo apresentado e premiado em 1º lugar
no dia 28/08/2004, está registrado nos anais da 52º Convenção dos Contabilistas do Estado do Rio de Janeiro, com
o tema Contabilidade não é despesa, é investimento.
“A contabilidade criativa é um tema atual na prática contábil. É utilizada para descobrir o processo mediante o
qual os contadores utilizam seu conhecimento sobre as normas contábeis para manipular as cifras refletidas na
contabilidade da empresa, sem deixar de cumprir os princípios de contabilidade. Desta maneira, conforme se
Análise das Demonstrações Contábeis I – Prof. Ciro Bächtold 47

apliquem os critérios e outros aspectos da contabilidade, os resultados podem variar e ser mais favoráveis para as
organizações”. (KRAEMER – 2004).

Abaixo segue a definição de contabilidade criativa por diversos autores:


Autor Definição
Ian Griffith Todas as empresas manipulam seus resultados e as demonstrações contábeis
publicadas estão baseadas em livros contábeis que foram “retocados” com mais
(1988) ou menos delicadeza. Assim, as cifras que se divulga ao público investidor são
alteradas para proteger o culpado (esconder a culpa), o que é a maior farsa desde
o “Cavalo de Tróia” e na realidade, tratam-se de artifícios que não infringem as
regras do jogo, sendo considerados totalmente legítimos, e que são denominados
como contabilidade criativa.
Michael Jameson A contabilidade criativa é essencialmente um processo de uso das normas
(1988) contábeis, que consiste em dar voltas às legislações para buscar uma escapatória
baseada na flexibilidade e nas omissões existentes dentro delas para fazer com
que as demonstrações contábeis pareçam algo diferente ao que estava
estabelecido em ditas normas.
Terry Smith A contabilidade criativa é uma prática inadequada porque dá a impressão de que
(1992) grande parte do aparente desenvolvimento empresarial, ocorrido nos anos 80, foi
mais um resultado do jogo de mãos contábeis do que do genuíno crescimento
econômico, já que muitas empresas se utilizaram dela para apresentar indicadores
de crescimento econômico e financeiro não-reais que, em um segundo momento,
poderiam se tornar verdadeiros colapsos empresariais.
Kamal Naser Contabilidade criativa é o resultado da transformação das cifras contábeis de
(1993) aquilo que realmente são para aquilo que aqueles que a elaboram desejam que
sejam, aproveitando-se das facilidades que as normas existentes proporcionam,
ou mesmo ignorando-as.
José Juan Blasco O termo contabilidade criativa foi introduzido na literatura contábil para
Lang descrever o processo mediante o qual se utilizam os conhecimentos das normas
contábeis para manipular as cifras das demonstrações contábeis, sendo na
(1998) verdade um eufemismo utilizado para evitar fazer referência a estas práticas pelos
seus verdadeiros nomes: artifícios contábeis, manipulações contábeis ou fraudes
contábeis.
José María Gay A contabilidade criativa é uma arte onde os grandes artistas da contabilidade – os
Saludas contadores e os auditores – se aproveitam das brechas oferecidas pelas rigorosas
normativas para imaginar um enredo fiscal ou financeiro que lhes permita
(1999) espelhar a imagem fiscal ou societária desejada para suas companhias. Assim, a
contabilidade criativa pode ser catalogada como uma magnífica falsidade de
obras de arte contábil demandadas de estruturas de verdadeira engenharia
contábil.
Oriol Amat e A contabilidade criativa é o processo mediante o qual os contadores utilizam seus
John Blake conhecimentos sobre as normas contábeis para manipular os valores incluídos
nas demonstrações contábeis que divulgam.
(1999)
José Laínez A contabilidade criativa consiste em aproveitar as possibilidades oferecidas pelas
Gadea e Susana normas (oportunidades, subjetividades, opções de escolha, vazios jurídicos, etc)
Callao (1999) para apresentar demonstrações contábeis que reflitam a imagem desejada e não
necessariamente aquela que seria na realidade. Logo, ela se encontra em um
caminho entre as práticas verdadeiramente corretas e éticas e a ilegalidade ou a
fraude, se bem que é difícil delimitar onde acaba a ética e inicia a criatividade e
Análise das Demonstrações Contábeis I – Prof. Ciro Bächtold 48

onde termina esta e começa a fraude.

Fonte: Cosenza & Grateron (2003)

Destaca-se neste contexto a importância da auditoria das contas. Lembrando que


auditoria é um processo de verificação que certificar o cumprimento das normas legais.
Curiosidade: Nos sorteios realizados pela televisão geralmente aparece a figura de um auditor,
que confere o processo e documentos para que não exista fraude.

Para maior segurança do usuário, as empresas auditadas apresentam parecer do auditor,


em que se expressa haver um exame nas Demonstrações Financeiras, efetuado de acordo com os
padrões de auditoria geralmente aceitos. O auditor emite sua opinião e informa se as
Demonstrações Financeiras representam adequadamente, a Situação Patrimonial e a Posição
financeira na data do exame. Informa se as Demonstrações Financeiras foram levantadas de
acordo com os Princípios de Contabilidade Geralmente Aceitos e se há uniformidade em relação
ao exercício anterior. (IUDÍCIBUS – 1998)

No caso da auditoria contábil, a fiscalização é dos procedimentos e registros para


garantir que as demonstrações elaboradas reflitam a realidade e atendam a legislação vigente.
Isto não é pouco! Pois é possível existir a utilização de artifícios contábeis visando adequar a
demonstração à finalidade proposta por quem a elaborou. Por isso, o Analista antes iniciar seu
trabalho deverá certificar-se de que a documentação é idônea e seu grau de segurança aumenta
consideravelmente quando a empresa possui mecanismos de controle interno e também
relatório(s) da auditoria, preferencialmente independente, sobre a elaboração da documentação
que está sendo analisada. As demonstrações financeiras das companhias de capital aberto devem
ser auditadas por auditores independentes, registrados na Comissão de Valores Mobiliários.

Quando nos referimos à auditoria independente, é aquele que não depende da empresa,
pois isto colocaria sob suspeita o relatório apresentado.

A auditoria pode ser interna ou externa. Será interna quando contratada pela
administração da empresa para verificação de seus atos e será externa quando contratada por
pessoas de fora da administração como sócios, investidores, governo, enfim demais pessoas que
não sejam os administradores da empresa.

O relatório da auditoria é conhecido como Parecer de Auditoria e pode ser divido em


três: Parecer sem ressalva, Parecer com ressalva, Parecer adverso e Abstenção de parecer.
Parecer sem ressalva, quando a auditoria é realizada sem encontrar irregularidades na
elaboração das demonstrações contábeis.
Parecer com ressalva, quando há considerações a respeito de lançamentos ou
procedimentos, neste caso deverá o analista verificar bem o que motivou esta ressalva.
Parecer Adverso, quando as demonstrações não refletem a real situação da empresa ou
foram elaboradas em desacordo com a legislação legal e/ou Princípios de Contabilidade
Geralmente Aceitos.
Abstenção de parecer é quando não é possível a emissão de parecer. Quer pela falta de
documentos ou não ser possível verificar os procedimentos utilizados. É o mais grave dos
Análise das Demonstrações Contábeis I – Prof. Ciro Bächtold 49

relatórios, pois significa que não é possível assegurar a fidelidade das informações prestadas nas
demonstrações contábeis.

Quais serão os principais motivos que levam a manipulação das demonstrações


contábeis? Segue abaixo alguns motivos.
Motivação Política Efeitos Conseqüências
Contábil
Agressiva Incrementa ou estabiliza ☺ Avaliação positiva da gestão dos dirigentes.
o valor patrimonial da ☺ Defesa contra aquisições hostis.
empresa no mercado de ☺ Melhora a posição negociadora dos
capitais. contratos.
☺ Incrementa a remuneração dos dirigentes.
☺ Maior prestígio profissional.
Conservadora Diminui as receitas ou ☺ Apresenta uma situação crítica da empresa
Influir nos aumenta as despesas e para tirar proveito no pagamento de impostos.
resultados custos de forma a reduzir ☺ Evita exigências salariais elevadas.
os lucros para sinalizar ☺ Oculta a situação real frente aos
contábeis competidores.
uma pior situação ao
☺ Permite reescalonar dívidas no longo prazo.
mercado.
Maquiadora Estabiliza as receitas ou ☺ Avaliação positiva da gestão dos dirigentes.
os lucros para apresentar ☺ Estabilidade na remuneração dos gerentes.
um menor perfil de risco ☺ Maior prestígio profissional.
ao mercado. ☺ Impressiona os investidores de capital.
Agressiva Mostra bons indicadores ☺ Melhora de posição na celebração.
de rentabilidade, liquidez, ☺ Incrementa a remuneração dos executivos.
solvência e ☺ Maior estabilidade na permanência no
endividamento. cargo.
Conservadora Mostra maus indicadores ☺ Apresenta uma situação crítica da
de rentabilidade, liquidez, companhia para tirar proveito no momento da
solvência e renegociação de contratos, tanto da própria
Necessida- endividamento. empresa como de remuneração dos gerentes.
des ☺ Poupança para assegurar futuras
contratuais remunerações.
Maquiadora Reduz os picos de ☺ Melhoras de posição na celebração de
receitas ou lucros, no contratos.
sentido de potencializar o ☺ Estabilidade na remuneração dos
nível de confiança na dirigentes.
☺ Poupança para assegurar futuras
empresa.
remunerações.
☺ Atende imposições acionárias por
dividendos.
Agressiva Mostra bons indicadores ☺ Cumprimento das imposições legais.
de rentabilidade, liquidez, ☺ Atendimento das exigências sociais.
solvência e ☺ Contempla as diretrizes de gestão
endividamento. responsável.
Conservadora Mostra maus indicadores ☺ Mostra uma situação crítica da empresa
de rentabilidade, liquidez, para tirar proveito dos recursos públicos.
solvência e ☺ Evita exigências de reposição salarial.
Interesses endividamento. ☺ Minimiza as suspeitas de que a companhia
políticos e pratica o monopólio ou oligopólio no mercado.
sociais ☺ Permite pleitear aumento de tarifas nos
setores que estão sob regulação estatal.
☺ Reduz as dívidas fiscais-tributárias.
Análise das Demonstrações Contábeis I – Prof. Ciro Bächtold 50

Maquiadora Evita excessivas ☺ Minimiza as suspeitas de que a companhia


flutuações que possam pratica o monopólio ou oligopólio no mercado.
vir a deteriorar ou ☺ Planejamento do pagamento das dívidas.
prejudicar a imagem ☺ Evita reduzir as tarifas em setores
regulados.
social ou política da
empresa.
Fonte: Cosenza (2003)
AULA 18
PADRONIZAÇÃO
Após conhecer as particularidades de cada uma das contas que compõem as
demonstrações financeiras objeto da análise, o analista deverá transcrever os dados constantes
dessas demonstrações para demonstrações padronizadas, com a finalidade de facilitar o
desenvolvimento dos processos de análise.
A elaboração de demonstrações padronizadas para fins de análise é importante, pois as
demonstrações elaboradas pelas entidades, publicadas ou não, contem um número excessivo de
contas. Essas contas se forem analisadas da forma em que se encontram, poderão causar
embaraços ao analista.
Assim, a sintetização das contas e dos grupos de contas extraídos dos grupos originais e
transportados para demonstrações padronizadas agilizam o processo de análise e facilitam as
tarefas dos analistas. (RIBEIRO – 2004)

A padronização é feita pelos seguintes motivos:


1 – Simplificação: Reduzir o número de contas para facilitar a análise e cálculos da evolução
das contas;
2 – Comparabilidade: Estabelecer um modelo permitindo a comparação com outros balanços;
3 – Adequação aos objetivos da análise: Reclassificar contas para atender ao objetivo da análise;
4 – Precisão nas classificações de contas: É possível que a demonstração tenha passado por um
embelezamento, a padronização rigorosa visa corrigir isso;
5 – Descoberta de erros: Verificar se é intencional ou não. Nesse caso, deve-se desconfiar da
veracidade das demonstrações contábeis e suspender a análise até que se esclareçam as
dúvidas;
6 – Intimidade do analista com as demonstrações financeiras da empresa: Ao estudar a
padronização o analista adquire familiaridade com os números da empresa, e enxergar
detalhes que, de outra forma, não conseguiria.
(Adaptado de MATARAZZO – 1993)

Visando a simplificação, na padronização, as contas retificadoras já deduzem o saldo das


contas principais fazendo o ajuste, não aparecendo na demonstração pronta para análise.
A Lei 6.404/76 estabelece normas de procedimentos para que exista uma padronização
na elaboração das demonstrações contábeis. Mesmo assim, é possível a realização de alguns
ajustes para que a análise seja feita com maior grau de segurança. É preparar as demonstrações
financeiras de forma conveniente para a análise. Esta etapa é chamada de reclassificação das
contas contábeis.

Reclassificação das Demonstrações Contábeis - Significa uma nova classificação, um


novo reagrupamento de algumas contas nas demonstrações contábeis, sobretudo no balanço
Análise das Demonstrações Contábeis I – Prof. Ciro Bächtold 51

patrimonial e na demonstração do resultado do exercício. São alguns ajustes necessários para


melhorar a eficiência da análise. (Marion – 2002)
Convém explicar que a necessidade de reclassificação não quer dizer que a disposição
atual das contas está em desacordo com os princípios fundamentais de contabilidade ou normas
legais. Mas é uma adequação realizada especificamente para fins de análise.
De um modo geral, algumas contas podem ser citadas como exemplo no caso de
reclassificação das demonstrações contábeis conforme abaixo relacionadas:
a) Disponibilidades – A conta caixa é classificada como disponível, justamente por conter
elementos que representam transformação imediata em dinheiro. È possível que valores sejam
aqui registrados mesmo sem esta característica, merecendo reclassificação, é o caso por
exemplo dos cheques pré-datados, que deve ser registrado como Clientes.

b) Duplicatas Descontadas – É citada por praticamente todos os autores que tratam deste
assunto, seria campeã no ranking da reclassificação se existe esta competição. A duplicata
descontada é uma conta retificadora do ativo circulante e reduzindo o saldo da conta Duplicatas
a Receber. Na prática a duplicata descontada é uma duplicata que a empresa deveria receber em
data futura, negociada com uma instituição financeira que lhe adianta o valor descontando os
encargos financeiros, e fica com a garantia de receber a duplicata do cliente. O que ocorre é que
se o cliente não pagar a duplicata no prazo estipulado, este valor deve ser reembolsado pela
empresa, ou seja, esta situação é semelhante a do empréstimo bancário, então deve receber o
mesmo tratamento de empréstimo, sendo classificada como uma obrigação da empresa.
Para simplificar o raciocínio observe a seguinte situação das empresas abaixo:
Exemplo sem Reclassificação Exemplo com Reclassificação
AC – 10.000,00 PC – 2.000,00 AC – 15.000 PC – 7.000,00
Caixa 15.000,00 Fornecedor 2.000,00 Caixa 15.000,00 Fornecedor 2.000,00
Dupl.Desc. (5.000,00) Dupl. Desc. 5.000,00
*Observação: entrou R$ 5.000,00 em dinheiro *Observação: O tratamento dado é igual a
Assim, 10.000 / 2.000 = R$ 5,00 empréstimo, observe a situação agora: 15.000 / 7.000
Para cada R$ 1,00 de dívida do PC temos R$ 5,00 = R$ 2,14. Ou seja, para cada R$ 1,00 de dívida de
do AC para garantir o pagamento. curto praza a empresa possui R$ 2,14 de AC.

c) Despesa do Exercício Seguinte – Como o próprio nome diz, é a antecipação do pagamento


de valores que deveriam ser pagos apenas no(s) próximo(s) exercício(s).
Alguns analistas defendem esta reclassificação e outros a consideram desnecessária,
usando como argumento à materialidade da informação. Observe que na maioria dos casos:
prêmios de Seguros, Aluguel passivo a vencer, Assinaturas e anuidades, antecipação de
comissões e prêmios, juros passivos a vencer, entre outros, comparados com o valor total do
Ativo Circulante, são pouco significativos, e a alteração nos índices é praticamente irrelevante
para fins de análise, portanto a reclassificação acaba sendo opcional. Porém em situações onde
os valores das despesas do exercício seguinte forem relevantes (mais que 5% do valor do grupo
AC), esta conta deve ser reclassificada. No caso da reclassificação, onde deveríamos lançar
esses valores? Observe que se trata da antecipação do pagamento de despesas. O que fazem as
despesas? Diminuem o valor do lucro, e o lucro está registrado onde? No Patrimônio Líquido.
Portanto, na reclassificação devemos usar essas contas reduzindo o valor do lucro, ou seja, serão
contas com valor negativo no PL, diminuindo o capital próprio dos sócios.

d) Diferido – Analisando esta questão, há quem defenda e quem condene a reclassificação.


Análise das Demonstrações Contábeis I – Prof. Ciro Bächtold 52

Os que defendem a reclassificação alegam que se trata do pagamento antecipado de


despesas que irão beneficiar a empresa em exercícios futuros, caso semelhante as despesas de
exercícios seguintes, devendo deduzir o valor do PL.
Os que condenam a reclassificação alegam que é um caso semelhante a dos bens do
imobilizado, que trazem benefícios futuros para a empresa e são depreciados ao longo dos anos.
Como não são reclassificados os bens do imobilizado, não devem ser reclassificadas as contas
do diferido.
e) Ativos Fictícios – Ao analisar as contas do balanço patrimonial é possível que alguns ativos
não correspondam à realidade. Por exemplo, os estoques podem estar superavaliados, algumas
máquinas podem estar em desuso, bens do ativo imobilizado podem estar superavaliados, saldo
de caixa inferior ao lançado contabilmente (geralmente por integralização fictícia do capital
social), ou cheques sem fundo e duplicatas incobráveis. Enfim, há diversos casos em que o
patrimônio é menor do que o apresentado. A diferença deve deduzir o PL, ou o capital dos
sócios.

f) Resultado de Exercícios Futuros – É a antecipação de receita. E aqui temos duas situações


distintas:
Quando a conta representa uma obrigação assumida pela empresa, por exemplo
adiantamento de clientes, deve ser reclassificada como obrigação porque o cliente adiantou
valores com o compromisso assumido de receber um produto ou serviço. Esta obrigação será de
curto ou longo prazo, depende do caso. Exemplo: Adiantamento de clientes.
Quando se tratar de uma receita que a empresa tem a certeza que não irá reembolsar,
automaticamente na reclassificação é incorporada ao lucro da empresa. Exemplo: arrendamento
de imóvel.

g) Capital Social a Integralizar – Deve deduzir o valor do Capital Social, por ser uma
obrigação dos sócios ainda não cumprida e só aparecerá no ativo quando integralizado.

g) Receitas e Despesas Financeiras – São classificadas como operacionais, mas verifica-se que
não faz parte do objetivo operacional da empresa receber e pagar juros por atraso em
pagamentos ou referente a operações financeiras. Salvo o caso da empresa ter em seu objeto
social esta atividade classificada como operacional.

Agora é sua Vez! Faça um Novo Balanço Patrimonial, reclassificando-o para Análise.
ATIVO PASSIVO
Circulante 960.000 Circulante 1.040.000
Disponível 60.000 Fornecedores 600.000
Dupl. a Receber 550.000 Financiamento 200.000
(-) Dupl. Descont. (100.000) Salários a Pagar 80.000
Estoques 300.000 I.R. e C.S.L. a Recolher 40.000
Desp.Exerc.Seguinte 150.000 Dividendos a Pagar 120.000
Realizável a Longo Prazo 200.000 Exigível a L. Prazo 60.000
Capital a Integralizar 200.000 Financiamentos 60.000
Permanente 3.620.000 Resultado E. Futuros 50.000
Investimentos 120.000 Adiantamento Clientes 30.000
Imobilizado 2.500.000 Arrendamento de Imóvel 20.000
Máquinas e Equipamentos 3.100.000 Patrim. Líquido 3.630.000
(-) Depreciação (600.000) Capital 2.800.000
Análise das Demonstrações Contábeis I – Prof. Ciro Bächtold 53

Diferido 1.000.000 Reserva Capital 200.000


Despesas Pré-Operac 1.500.000 Lucros Acum. 630.000
(-) Amortização (500.000)
TOTAL DO ATIVO 4.780.000 TOTAL DO PASSIVO 4.780.000

Observação – No disponível, R$ 2.500,00 refere-se a cheques incobráveis. Lembre-se de fazer


os ajustes, por exemplo das contas retificadoras, simplificando a demonstração. O arrendamento
do imóvel tem cláusula contratual garantindo que o valor não será reembolsado.
AULA 19
ANÁLISE HORIZONTAL E VERTICAL
ANÁLISE VERTICAL
“A análise vertical, também denominada por alguns analistas análise por coeficientes, é aquela
através da qual se compara cada um dos elementos do conjunto em relação ao total do conjunto.
Ela evidencia a porcentagem de participação de cada elemento no conjunto. (RIBEIRO – 2004).
“Quando fazemos a divisão de uma grandeza por outra, nossos olhos lêem no sentido vertical ,
daí chamarmos de Análise Vertical, considerando dados de um mesmo período (ou de um
mesmo ano). (MARION – 2002)

Diz-se que é uma análise estática, pois limita-se aos números ao exercício que está sendo
analisado.
Sua Vez!
Exemplo de Cálculo da Análise Vertical:
2005 ∆V 2006 ∆V
Ativo
Ativo Circulante 642,00 19,03% 708,00
Caixa 84,00 2,49% 98,00
Contas a Receber 165,00 4,89% 188,00
Estoques 393,00 11,65% 422,00
Ativo Não Circulante 2.731,00 80,97% 2.880,00
Instalações e Equipam. 2.731,00 80,97% 2.880,00
TOTAL DO ATIVO 3.373,00 100% 3.588,00 100%
Passivo
Passivo Circulante 543,00 540,00
Fornecedores 312,00 344,00
Títulos a Pagar 231,00 196,00
Passivo Não Circulante 531,00 457,00
Dívidas de Longo Prazo 531,00 457,00
Patrimônio Líquido 2.299,00 2.591,00
Capital Social e Reservas 500,00 550,00
Lucros Acumulados 1.799,00 2.041,00
TOTAL DO PASSIVO 3.373,00 100% 3.588,00 100%

Na DRE, usamos como base de comparação a Receita Operacional Líquida, pois vendas
cancelas, descontos incondicionais, impostos sobre a venda não podemos considerar como receitas
da empresa, apesar de compor a receita operacional bruta. São valores que não servem de parâmetro
para comparação para as contas operacionais.
2005 ∆V 2006 ∆V
Receita Operacional Bruta 2.220,00 113,15% 2.311,00
Deduções da Receita (-) 258,00 13,15% 276,00
Análise das Demonstrações Contábeis I – Prof. Ciro Bächtold 54

Receita Operacional Líquida 1.962,00 100% 2035,00


Custo da Mercadoria Vendida (-) 1.285,00 63,49% 1.344,00
Lucro Operacional Bruto 677,00 34,51% 691,00
Despesas Operacionais 165,00 8,41% 141,00
Lucro Antes do I.R. 512,00 26,10% 550,00
Prov. p/ IR e Contr. Soc. 174,00 8,87% 187,00
Lucro Antes das Participações 338,00 17,23% 363,00
Participações 113,00 5,76% 121,00
Lucro Líquido do Exercício 225,00 11,47% 242,00
ANÁLISE HORIZONTAL
“A análise horizontal, também denominada por alguns analistas análise por meio de números-
índices, tem por finalidade evidenciar a evolução dos itens das demonstrações financeiras ao
longo dos anos. Este tipo de análise possibilita o acompanhamento do desempenho de cada uma
das contas que compõem a demonstração em questão, ressaltando as tendências evidenciadas
em cada uma delas, sejam de evolução ou de retração”. (RIBEIRO –2004)
“Quando comparamos os indicadores de vários períodos (vários semestres, anos...), analisamos
a tendência dos índices. Nesse caso, chamamos de análise horizontal, pois nossos olhos lêem no
sentido horizontal ”. (MARION – 2002)

Diz-se que é uma análise dinâmica, pois mostra ao longo do tempo a evolução da conta.
Exemplo de Cálculo da Análise Horizontal. Observe que o primeiro exercício (dos exercícios
anteriores), será a base do cálculo, ou o valor que servirá de parâmetro para verificarmos o
desempenho dos exercícios mais recentes. Outra forma de mostrar

2005 ∆H 2006 ∆H ∆H
Ativo
Ativo Circulante 642,00 100% 708,00 110,28% 10,28%
Caixa 84,00 100% 98,00 116,67% 16,67%
Contas a Receber 165,00 100% 188,00 113,94% 13,94%
Estoques 393,00 100% 422,00 107,38% 7,38%
Ativo Não Circulante 2.731,00 100% 2.880,00 105,46% 5,46%
Instalações e Equipam. 2.731,00 100% 2.880,00 105,46% 5,46%
TOTAL DO ATIVO 3.373,00 100% 3.588,00 106,37% 6,37%
Passivo
Passivo Circulante 543,00 100% 540,00 99,45% - 0,55%
Fornecedores 312,00 100% 344,00 110,26% 10,26%
Títulos a Pagar 231,00 100% 196,00 84,85% -15,15%
Passivo Não Circulante 531,00 100% 457,00
Dívidas de Longo Prazo 531,00 100% 457,00
Patrimônio Líquido 2.299,00 100% 2.591,00
Capital Social e Reservas 500,00 100% 550,00
Lucros Acumulados 1.799,00 100% 2.041,00
TOTAL DO PASSIVO 3.373,00 100% 3.588,00

2005 ∆H 2006 ∆H ∆H
Receita Operacional Bruta 2.220,00 113,15% 2.311,00 104,10% 4,10%
Deduções da Receita (-) 258,00 13,15% 276,00 106,98% 6,98%
Receita Operacional Líquida 1.962,00 100% 2035,00 103,72% 3,72%
Custo da Mercadoria Vendida (-) 1.285,00 63,49% 1.344,00
Lucro Operacional Bruto 677,00 34,51% 691,00
Análise das Demonstrações Contábeis I – Prof. Ciro Bächtold 55

Despesas Operacionais 165,00 8,41% 141,00


Lucro Antes do I.R. 512,00 26,10% 550,00
Prov. p/ IR e Contr. Soc. 174,00 8,87% 187,00
Lucro Antes das Participações 338,00 17,23% 363,00
Participações 113,00 5,76% 121,00
Lucro Líquido do Exercício 225,00 11,47% 242,00 107,56% 7,56%

*Observação = Quanto maior for o número de exercícios analisados, maior será a


precisão para identificar as tendências da empresa.
AULA 20
Exemplos de Análise Horizontal e Vertical do Balanço Patrimonial
Análise das Demonstrações Contábeis I – Prof. Ciro Bächtold 56

ATIVO 2004 AV AH 2003 AV AH


CIRCULANTE 3.693.383 47,86% -6,20% 3.937.629 50,34% 100%
Disponibilidades 214.308 2,78% -21,78% 273.997 3,50% 100%
Contas a receber de clientes 1.479.788 19,18% 14,34% 1.294.178 16,55% 100%
Estoques 1.534.082 19,88% -21,01% 1.941.999 24,83% 100%
Impostos a recuperar 155.175 2,01% 12,63% 137.772 1,76% 100%
Outras contas a receber 216.693 2,81% 0,08% 216.517 2,77% 100%
Despesas antecipadas 93.337 1,21% 27,57% 73.166 0,94% 100%

NÃO CIRCULANTE 193.436 2,51% 69,11% 114.385 1,46% 100%


Impostos de renda e 77.831 1,01%
Contribuição sindical diferido 115.605 1,50% 1,07% 114.385 1,46% 100%
Outras contas a receber

IMOBILIZADO 3.830.127 49,63% 1,60% 3.769.786 48,20% 100%


Veículos 45 0,00% 0,00% 45 0,00% 100%
Móveis e Utensílios 3.723.310 48,25% 3,13% 3.610.152 46,16% 100%
Equipamentos 106.772 1,38% -33,10% 159.589 2,04% 100%

TOTAL 7.716.946 100,00% -1,34% 7.821.800 100,00% 100%

PASSIVO 2004 AV AH 2003 AV AH


CIRCULANTE 1.359.674 17,62% 24,46% 1.092.429 13,97% 100%
Financiamentos e Empréstimos -100,00% 157 0,00% 100%
Fornecedores 495.274 6,42% 57,26% 314.937 4,03% 100%
Obrigações Sociais e Encargos 124.873 1,62% 28,26% 97.357 1,24% 100%
Impostos e Contribuições a recolher 704.899 9,13% 12,36% 627.364 8,02% 100%
Comissões a pagar 34.628 0,45% -34,18% 52.614 0,67% 100%

PASSIVO NÃO CIRCULANTE 2.817.840 36,51% -41,37% 4.806.100 61,44% 100%


Financiamentos e partes relac. 0,00% 1.418.193 18,13% 100%
Fornecedores e partes relacionadas 2.212.153 28,67% -3,60% 2.294.702 29,34% 100%
Impostos e contribuições a recolher 605.655 7,85% -44,60% 1.093.173 13,98% 100%
Outras contas a pagar 32 0,00% 32 0,00% 100%

PATRIMÔNIO LÍQUIDO 3.539.432 45,87% 84,03% 1.923.271 24,59% 100%


Capital social subscrito 3.125.396 40,50% 82,77% 1.710.000 21,86% 100%
Capital social a integralizar 100,00% -5.504 -0,07% 100%
Reserva legal 29.170 0,38% 100%
Lucros acumulados 384.866 4,99% 75,92% 218.775 2,80% 100%

Análise Vertical da Demonstração do Resultado.


Análise das Demonstrações Contábeis I – Prof. Ciro Bächtold 57

Demonstração do Resultado do exercícios


Exercícios findos em dezembro de 2004 e 2003
2.004 AV 2.003 AV
DRE
( = )Receita operacional Bruta 11.176.265 128,84% 9.524.505 124,14%
Vedas de produtos 11.046.065 127,34% 9.348.329 121,85%
Serviços prestados 130.200 1,50% 176.176 2,30%
( - )Deduções (2.501.770) -28,84% (1.852.406) -24,14%
Impostos e contribuições (2.206.825) -25,44% (1.615.043) -21,05%
Devoluções e abatimentos (294.945) -3,40% (237.363) -3,09%
( = )Receita operacional líquida 8.674.495 100,00% 7.672.099 100,00%
( - )Custos (4.622.772) -53,29% (4.205.850) -54,82%
CMV 4.622.772 53,29% 4.205.850 54,82%
( = )Lucro Bruto 4.051.723 46,71% 3.466.249 45,18%
( - )(Despesas )outras receitas operacionais (3.419.412) -39,42% (2.984.774) -38,90%
Vendas (2.018.237) -23,27% (1.614.366) -21,04%
Administrativas e Gerais (1.225.701) -14,13% (1.127.981) -14,70%
Despesas Financeiras Líquidas (242.974) -2,80% (434.719) -5,67%
Outras receitas operacionais líquidas 67.500 0,78% 192.292 2,51%
( = )Lucro operacional 632.311 7,29% 481.475 6,28%
Resultado não operacional (13.637) -0,16% 6.267 0,08%
( = )Lucro
Lucro antes do Imposto
IRPJ e CSSL
de Renda e Contribuição social
618.674 7,13% 487.742 6,36%
Imposto de Renda e Contribuição social
Corrente (113.099) -1,30% (101.707) -1,33%
Diferido 77.831 0,00% -
( = )Lucro líquido do exercício 583.406 6,73% 386.035 5,03%
Lucro líquido por ações/quota R$ 0,21 0,23
Quantidade de ações no final do exercício 2.771.048 1.710.000

Análise Horizontal da Demonstração do Resultado (DRE)


Demonstração do Resultado do exercícios
Exercícios findos em dezembro de 2004 e 2003
2.004 AH 2.003 AH
DRE
( = )Receita operacional Bruta 11.176.265 17,34% 9.524.505 100%
Vedas de produtos 11.046.065 18,16% 9.348.329 100%
Serviços prestados 130.200 -26,10% 176.176 100%
( - )Deduções (2.501.770) 35,06% (1.852.406) 100%
Impostos e contribuições (2.206.825) 36,64% (1.615.043) 100%
Devoluções e abatimentos (294.945) 24,26% (237.363) 100%
( = )Receita operacional líquida 8.674.495 13,07% 7.672.099 100%
( - )Custos (4.622.772) 9,91% (4.205.850) 100%
Custos dos produtos vendidos e dos serviços prestados4.622.772 9,91% 4.205.850 100%
( = )Lucro Bruto 4.051.723 16,89% 3.466.249 100%
( - )(Despesas )outras receitas operacionais (3.419.412) 14,56% (2.984.774) 100%
Vendas (2.018.237) 25,02% (1.614.366) 100%
Administrativas e Gerais (1.225.701) 8,66% (1.127.981) 100%
Despesas Financeiras Líquidas (242.974) -44,11% (434.719) 100%
Outras receitas operacionais líquidas 67.500 -64,90% 192.292 100%
( = )Lucro operacional 632.311 31,33% 481.475 100%
Resultado não operacional (13.637) -317,60% 6.267 100%
( = )Lucro
Lucro antes do Imposto
IRPJ e CSSL
de Renda e Contribuição social618.674 26,84% 487.742 100%
Imposto de Renda e Contribuição social
Corrente (113.099) 11,20% (101.707) 100%
Diferido 77.831
( = )Lucro líquido do exercício 583.406 51,13% 386.035 100%
Lucro líquido por ações/quota R$ 0,21 0,23
Quantidade de ações no final do exercício 2.771.048 1.710.000

Agora é sua vez, faça a análise horizontal e vertical da empresa abaixo:


Análise das Demonstrações Contábeis I – Prof. Ciro Bächtold 58

2013 ∆V 2014 ∆V ∆H 2015 ΔV ΔH


Ativo
Ativo Circulante 25.820,00 20.490,00 20.480,00
Disponibilidades 1.200,00 1.120,00 1.250,00
Invest.Temporários 5.450,00 3.450,00 3.200,00
Estoques 12.450,00 10.820,00 10.530,00
Outros Direitos de C.P. 6.720,00 5.100,00 5.500,00
Ativo Não Circulante 13.000,00 16.900,00 21.300,00
Investimentos 4.300,00 4.300,00 5.000,00
Imobilizado 8.200,00 12.200,00 16.000,00
Diferido 500,00 400,00 300,00
TOTAL DO ATIVO 38.820,00 37.390,00 41.780,00

Passivo
Passivo Circulante 17.740,00 15.420,00 18.350,00
Fornecedores 8.620,00 7.500,00 9.210,00
Contas a Pagar 5.520,00 4.920,00 6.640,00
Empréstimos 3.600,00 3.000,00 2.500,00
Passivo Não Circulante 3.600,00 5.000,00 4.100,00
Emprestímos L. Prazo 3.600,00 5.000,00 4.100,00
Patrimônio Líquido 17.480,00 16.970,00 19.330,00
Cap. Social e Reservas 4.000,00 4.000,00 4.000,00
Lucros Acumulados 8.970,00 13.480,00 12.970,00
Lucro/Prej. Exercício 4.510,00 (510,00) 2.360,00
TOTAL DO PASSIVO 38.820,00 37.390,00 41.780,00

Demonstração de Resultados em 2002, 2003 e 2004


2002 ∆V 2003 ∆V ∆H 2004 ΔV ΔH
Receita Operacioanl Bruta 26.550,00 22.000,00 25.000,00
Deduções (-) 4.510,00 3.700,00 4.250,00
Receita Operacional Líquida 22.040,00 18.300,00 20.750,00
Custo da Merc. Vendida(-) 10.440,00 9.200,00 10.500,00
Lucro Operacional Bruto 11.600,00 9.100,00 10.250,00
Despesas Operacionais 5.200,00 9.610,00 6.800,00
Lucro Antes do IR 6.400,00 0,00 3.450,00
Prov. p/ IR e Contr. Soc. 1.890,00 0,00 1.090,00

Lucro Líquido / Prejuízo 4.510,00 (510,00) 2.360,00


É possível visualizar se a situação da empresa está melhor ou pior?
Em Análise das Demonstrações Contábeis II será apresentado a análise por índices, onde
ficará mais fácil avaliar a situação da empresa com relação a liquidez, endividamento,
imobilizações, rotação, rentabilidade e também onde será feito o cálculo para saber se a empresa
não está correndo risco de falência e relatório da análise, comparando com os padrões de
mercado.
Análise das Demonstrações Contábeis I – Prof. Ciro Bächtold 59

BIBLIOGRAFIA
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Análise das Demonstrações Contábeis I – Prof. Ciro Bächtold 60

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