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A sua empresa está criando ou destruindo valor?

A questão aparentemente complexa na verdade deveria estar presente no dia a dia


de todas empresas, pois como veremos mais adiante, não basta apenas gerar
lucro; a empresa também tem de criar valor para seus proprietários.

Olhando para as empresas brasileiras, constatamos que a grande maioria está


calcada num modelo de gestão com controle familiar, característica típica de vários
países emergentes. Essa característica vem sendo alterada pelo ingresso no país de
grupos econômicos com sede em economias mais desenvolvidas e com modelos de
gestão que estabelecem compromissos de seu corpo diretivo com a criação de valor
para a empresa, substituindo o modelo familiar que premia colaboradores mais por
sua lealdade e obediência do que por desempenho financeiro.

Esse modelo de gestão alinha interesses dos gerentes com o dos proprietários,
fazendo com que os primeiros busquem em todas as suas ações a geração de valor
para os proprietários e estes, por sua vez, a remunerar seus principais executivos
pela contribuição de cada um na geração de valor, ou maximização da riqueza dos
proprietários.

De tempos em tempos, nos deparamos com novos conceitos em administração e


finanças, cuja aplicação nos remete a conceitos já conhecidos, mas que sob nova
roupagem, se apresentam como conhecimento técnico moderno, quando na
verdade, não passam de conceitos já utilizados, porém reciclados.

É o caso do EVA® – Valor Econômico Agregado. Trata-se de uma medida de


desempenho, para mensurar o quanto de valor está sendo criado ou destruído pela
empresa. Em síntese, a fórmula é relativamente simples, pois parte do princípio de
que o capital empregado no negócio deve ser remunerado, e se o resultado gerado
na operação, depois de descontados custos e despesas operacionais, não for
superior à expectativa de remuneração do capital investido pelo acionista no
negócio, a empresa não vem agregando valor, mas sim destruindo. Na verdade, o
método mede o desempenho com ênfase no custo do capital.

Esse conceito está sendo reciclado com esta nomenclatura EVA®, expressão
inglesa que significa conomic Value Added ou em português Valor Econômico
Adicionado ou Agregado.

Uma empresa de consultoria americana, a Stern Stewart & Co., aproveitando-se do


esquecimento dos profissionais da área, se apropriou do conceito dessa sigla,
registrou a marca e vem já há algum tempo espalhando a boa nova pelo mundo.

Sem querer tirar o mérito da empresa de consultoria americana, que tão


habilmente vem difundindo o conceito pelo mundo, não posso deixar de dizer que
se trata de uma idéia antiga com uma roupagem moderna, o que não invalida o
propósito de mensuração quanto a agregar ou destruir valor ao negócio. Os
economistas, e aí me incluo, chamam isso de lucro residual, econômico ou aluguel
econômico.

A metodologia contempla de forma objetiva o quanto está sendo remunerado o


capital do acionista. E partindo da premissa de que o objetivo da administração é
criar valor para o acionista, precisamos determinar o valor da empresa e monitorá-
lo permanentemente, para observamos se a criação de valor está se confirmando
ou se seu capital vem sendo destruído, mesmo que dividendos venham sendo
pagos continuadamente.

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Criar valor para o acionista em essência significa elevar o valor da empresa,
portanto o termo adicionado está empregado no sentido de algo mais. Todavia, a
criação de valor para o acionista é uma batalha que se ganha no dia a dia com
muita criatividade para identificar, analisar e implantar projetos que adicionem
valor para os acionistas. Projetos que ofereçam uma taxa de retorno superior ao
custo de oportunidade que esses acionistas teriam, caso investissem seus recursos
em outras opções do mercado financeiro.

Por ser um cálculo financeiro, o EVA® não leva em conta o risco em uma operação
desenvolvida no mercado financeiro. O cálculo é simples: deduz-se do lucro
operacional líquido uma cobrança pelo volume de capital empregado no negócio /
empresa. Esse capital corresponde à soma do capital de giro, ativo permanente e
outros ativos operacionais, multiplicados por uma taxa de juros – custo de capital
de terceiros – e uma taxa de risco – custo do capital próprio. A essa taxa
chamamos de custo médio ponderado do capital – CMPC. Se o resultado for
positivo, a empresa tem EVA® positivo e criou valor durante o período analisado.
Se for negativo, então a empresa destruiu valor e seus proprietários estão
perdendo dinheiro. A formula é a seguinte...

EVA® = ROL – CMPC% . (CT)

ROL é o Resultado Líquido Operacional depois dos impostos, CMPC% é o Custo


Médio Ponderado de Capital e CT é o Capital Total. Dessa forma, a título de
exemplo, se o capital aplicado num negócio é da ordem de US$ 1.000.000 e o custo
atribuído a esse capital for de 15%, seu retorno esperado será de US$ 150.000. Se
o lucro operacional líquido apurado for de US$ 250.000, seu EVA® será de US$
100.000; significa que ela agregou valor em mais US$ 100.000 para seus
proprietários.

Se partirmos do princípio que uma empresa é o conjunto de projetos em operação,


devemos trabalhar para melhorar sua eficiência operacional, financeira e
racionalizar o uso do capital visando aumentar sua geração de valor. Obviamente,
outros fatores contribuem para o sucesso das empresas, mas o enfoque de geração
de valor pressupõe que os criadores de valor na empresa necessitam ter
criatividade para identificar, analisar e implantar projetos que criem valor para os
acionistas.

Podemos concluir, então, que o objetivo da administração de uma empresa é de


elevar seu valor para os acionistas através da melhoria e implantação de projetos
que ofereçam um retorno superior ao custo do capital, e que uma empresa bem
administrada deverá ter sempre calculado e monitorado seu valor.

São quatro os direcionadores para criação de valor para os acionistas...

Eficiência operacional

Cortar custo e reduzir a carga tributária para aumentar o resultado operacional


líquido, operando de forma mais eficiente para garantir um retorno maior sobre o
capital investido no negócio.

Eficiência financeira

Efetivar investimentos nos quais o resultado operacional líquido seja maior do que o
aumento de encargos de capital. Ou seja, empreender projetos cujo fluxo de caixa
a valor presente seja positivo.

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Crescimento rentável

Não investir em ativos e atividades que não estejam gerando retornos iguais ou
maiores do que o custo de capital.

Racionalização do capital

Estruturar as finanças da empresa de forma tal que minimizem o custo de capital.

O EVA® é uma maneira fundamental de medir e gerir o desempenho empresarial


que tem raízes tão antigas quanto o próprio capitalismo. Esse conceito de criação
de valor está cada vez mais presente nas empresas. Não se trata de uma panacéia,
nem a razão de seu sucesso; mas como medida de desempenho, deve ser inserido
no sistema de gestão financeira e monitorado permanentemente.

E agora você poderia responder a questão inicial: A sua empresa está criando ou
destruindo valor? Espero que os responsáveis pela gestão das empresas estejam
preocupados em responder a essa questão, pois atualmente muitas empresas
estabelecem remuneração variável em função da geração de valor obtida. É uma
tendência irreversível que nos obriga incondicionalmente a exercermos nossa
criatividade como agentes criadores de valor para a empresa e por conseguinte
aumentando a riqueza de seus proprietários / acionistas.

Fonte
HERRERA, Roberto. A sua empresa está criando ou destruindo valor? [S.l.: s.n.].

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