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HISTÓRIA - 7º ANO
PROF. FÁBIO LUCIO
A REFORMA E CONTRARREFORMA
O processo de reformas religiosas teve início no século XVI. Podemos destacar como causas
dessas reformas: abusos cometidos pela Igreja Católica e uma mudança na visão de mundo,
fruto do pensamento renascentista.
A Igreja Católica vinha, desde o final da Idade Média, perdendo sua identidade. Gastos com luxo
e preocupações materiais estavam tirando o objetivo católico dos trilhos. Muitos elementos do
clero estavam desrespeitando as regras religiosas, principalmente o que diz respeito ao celibato.
Padres que mal sabiam rezar uma missa e comandar os rituais, deixavam a população
insatisfeita.
A burguesia comercial, em plena expansão no século XVI, estava cada vez mais inconformada,
pois os clérigos católicos estavam condenando seu trabalho. O lucro e os juros, típicos de um
capitalismo emergente, eram vistos como práticas condenáveis pelos religiosos.
Por outro lado, o papa arrecadava dinheiro para a construção da basílica de São Pedro em
Roma, com a venda das indulgências (venda do perdão).
No campo político, os reis estavam descontentes com o papa, pois este interferia muito nos
comandos que eram próprios da realeza.
O novo pensamento renascentista também fazia oposição aos preceitos da Igreja. O homem
renascentista, começava a ler mais e formar uma opinião cada vez mais crítica. Trabalhadores
urbanos, com mais acesso a livros, começaram a discutir e a pensar sobre as coisas do mundo.
Um pensamento baseado na ciência e na busca da verdade através de experiências e da razão.
A REFORMA LUTERANA
Martinho Lutero (1483-1546)
Martinho Lutero nasceu em 1483 na pequena cidade de Eisleben, na Turíngia, em um lar muito
religioso. Seu pai trabalhava nas minas e a família tinha uma vida confortável. Inicialmente, o
jovem pretendeu seguir a carreira jurídica, mas em 1505 defrontou-se com a morte em uma
tempestade e resolveu abraçar a vida religiosa. Ingressou no mosteiro agostiniano de Erfurt,
onde se dedicou a uma intensa busca da salvação. Em 1512, tornou-se professor da
Universidade de Wittenberg, onde passou a ministrar cursos sobre vários livros da Bíblia, como
Gálatas e Romanos. Isso lhe deu um novo entendimento acerca da “justiça de Deus”: ela não
era simplesmente uma expressão da severidade de Deus, mas do seu amor que justifica o
pecador mediante a fé em Jesus Cristo (Rom 1.17).
No dia 31 de outubro de 1517, diante da venda das indulgências por João Tetzel, Lutero afixou à
porta da igreja de Wittenberg as suas Noventa e Cinco Teses, a maneira usual de convidar-se
uma comunidade acadêmica para debater algum assunto. Logo, uma cópia das teses chegou às
mãos do arcebispo, que as enviou a Roma. No ano seguinte, Lutero foi convocado para ir a
Roma a fim de responder à acusação de heresia. Recusando-se a ir, foi entrevistado pelo
cardeal Cajetano e manteve as suas posições. Em 1519, Lutero participou de um debate em
Leipzig com o dominicano João Eck, no qual defendeu o pré-reformador João Hus e afirmou que
os concílios e os papas podiam errar.
Em 1520, a bula papal Exsurge Domine (= “Levanta-te, Senhor”) deu-lhe sessenta dias para
retratar-se ou ser excomungado. Os estudantes e professores da universidade queimaram a bula
e um exemplar da lei canônica em praça pública. Nesse mesmo ano, Lutero escreveu várias
obras importantes, especialmente três: À Nobreza Cristã da Nação Alemã, O Cativeiro Babilônico
da Igreja e A Liberdade do Cristão. Isso lhe deu notoriedade imediata em toda a Europa e
aumentou a sua popularidade na Alemanha. No início de 1521, foi publicada a bula de
excomunhão, Decet Pontificem Romanum. Nesse ano, Lutero compareceu a uma reunião do
parlamento, a Dieta de Worms, onde reafirmou as suas ideias. Foi promulgado contra ele o Edito
de Worms, que o levou a refugiar-se no castelo de Wartburgo, sob a proteção do príncipe-eleitor
da Saxônia, Frederico, o Sábio. Ali, Lutero começou a produzir uma obra-prima da literatura
alemã, a sua tradução das Escrituras.
A Reforma na Alemanha
A partir de então, a reforma luterana difundiu-se rapidamente no Sacro Império, sendo abraçada
por vários principados alemães. Isso levou a dificuldades crescentes com os principados
católicos, com o novo imperador Carlos V (1519-1556) e com o parlamento (Dieta). Na Dieta de
1526, houve uma atitude de tolerância para com os luteranos, mas em 1529 a Dieta de Spira
reverteu essa política conciliadora. Diante disso, os líderes luteranos fizeram um protesto formal
que deu origem ao nome histórico “protestantes”. No ano seguinte, o auxiliar e eventual sucessor
de Lutero, Filipe Melanchton (1497-1560), apresentou ao imperador Carlos V a Confissão de
Augsburgo, um importante documento que definia em 21 artigos a doutrina luterana e indicava
sete erros que Lutero via na Igreja Católica Romana.
Os problemas político-religiosos levaram a um período de guerras entre católicos e protestantes
(1546-1555), que terminaram com um tratado, a Paz de Augsburgo. Esse tratado assegurou a
legalidade do luteranismo mediante o princípio “cujus regio, eius religio”, ou seja, a religião de
um príncipe seria automaticamente a religião oficial do seu território. O luteranismo também se
difundiu em outras partes da Europa, principalmente nos países nórdicos, surgindo igrejas
nacionais luteranas na Suécia (1527), Dinamarca (1537), Noruega (1539) e Islândia (1554).
Lutero e os demais reformadores defenderam alguns princípios básicos que viriam a caracterizar
as convicções e práticas protestantes: sola Scriptura, solo Christo, sola gratia, sola fides, soli
Deo gloria. Outro princípio aceito por todos foi o do sacerdócio universal dos fiéis.
O monge alemão Martinho Lutero foi um dos primeiros a contestar fortemente os dogmas da
Igreja Católica. Afixou na porta da Igreja de Wittenberg as 95 teses que criticavam vários pontos
da doutrina católica.
As 95 teses de Martinho Lutero condenava a venda de indulgências e propunha a fundação do
luteranismo (religião luterana). De acordo com Lutero, a salvação do homem ocorria pelos atos
praticados em vida e pela fé. Embora tenha sido contrário ao comércio, teve grande apoio dos
reis e príncipes da época. Em suas teses, condenou o culto à imagens e revogou o celibato.
Martinho Lutero foi convocado as desmentir as suas 95 teses na Dieta de Worms, convocada
pelo imperador Carlos V. Em 16 de abril de 1521, Lutero não só defendeu suas teses como
mostrou a necessidade da reforma da Igreja Católica.
A REFORMA CALVINISTA
Reforma na França: João Calvino
Em muitos países a Reforma Protestante foi combatida de forma bastante violenta. Milhares de
protestantes foram presos pela Inquisição (Tribunal do Santo Ofício) em toda a Europa, com
muitos deles sendo condenados à morte. E, na França, tradicionalmente um reino aliado ao
Vaticano, não foi diferente. Neste país, os protestantes foram perseguidos e presos. Em
consequência a isso, muitos se refugiavam na vizinha Suíça.
João Calvino (1509-1564) foi um desses tantos protestantes franceses que fugiram para o
território suíço. Na Suíça, Calvino entrou em contato com as ideias humanistas e, principalmente,
teve acesso à literatura grega antiga. Esse contato com a literatura clássica e humanista foi
muito importante para aquilo que Calvino iria desenvolver em sua teologia.
Calvino, apesar de ter mantido quase todos os princípios formulados por Martinho Lutero,
desenvolveu uma teologia própria, mas que tinha uma diferença muito importante: a Doutrina da
Predestinação. Nesta doutrina, influenciada na crença grega no destino, Calvino afirmava que
Deus, o único com conhecimento sobre o futuro, já sabia, desde sempre, quem eram as pessoas
que seriam salvas por Ele, assim, como já sabiam quem não seria.
De acordo com Calvino, a fé não era o caminho para a salvação, para ele, a fé era o sinal de que
o fiel estava predestinado à salvação. Com isso, o calvinismo se afastava daquilo que Lutero
havia defendido, ou seja, que a salvação somente era alcançada por meio da fé em Jesus Cristo.
Mesmo contrariando a Lutero, a Doutrina da Predestinação se tornou muito popular na Suíça.
Mas quando as ideias de Calvino chegaram às pessoas comuns, uma dúvida foi gerada: Como
posso saber se sou ou não salvo?
A resposta dos seguidores de Calvino era bastante simples. Segundo os Calvinistas, a garantia
de que alguém havia sido predestinado por Deus à salvação estava em seu sucesso pessoal, ou
seja, uma pessoa próspera e bem sucedida (profissão, saúde, família, etc.) demonstrava o favor
de Deus para com ela. Portanto, o próspero tinha a garantia de sua salvação, pois onde a planta
de seus pés pisasse iria prosperar. Mas, o contrário também era verdadeiro. Pois, aquele que
não prosperasse dava demonstrações de que não estava predestinado à salvação.
O reflexo maior desta doutrina foi que, ao contrário dos católicos, os calvinistas passavam a
defender a riqueza pessoal. Assim, a riqueza e o lucro deixavam de ser pecado para se tornarem
em sinais do favor divino e, também, numa forma de glorificar a Deus. Como a Igreja Católica
condenava os lucros e a riqueza pessoal, os burgueses adotaram, quase que integralmente, a
nova fé.
Mas ao contrário de outras vertentes protestantes, o calvinismo não se desenvolveu em uma
igreja específica, mas como doutrina que seria aceita em algumas igrejas protestantes já
existentes. Assim, a doutrina calvinista obteve uma grande aceitação na Suíça (onde surgiu), de
lá se espalhando por toda a Europa, especialmente, na Escócia (onde fizeram muitos adeptos
entre os presbiterianos), na Inglaterra (puritanos, quakers e outros), na Holanda (reformados) e
na França (onde ficaram conhecidos pejorativamente como huguenotes).
A REFORMA ANGLICANA
Reforma na Inglaterra: Rei Enrique VIII
Enquanto em outras regiões da Europa a Reforma Protestante foi comandada por indivíduos
extremamente religiosos, na Inglaterra ela foi iniciada pelo próprio rei. O monarca em questão
era Henrique VIII, da dinastia Tudor, o mais importante de todos os reis absolutistas ingleses.
Tudo começou quando o rei Henrique VIII (1491- 1547) pediu o divórcio de sua esposa, Catarina
de Aragão, para casar-se com outra mulher. A alegação de Henrique era que sua esposa
Catarina não havia lhe dado um filho homem para sucedê-lo no trono.
Henrique decidido a casar-se com a amante, a cortesã Ana Bolena, enviou ao papa uma carta de
solicitação de divórcio. Entretanto, o divórcio não poderia ser autorizado pela Igreja, pois para os
católicos a dissolução do casamento era um pecado gravíssimo.
Aproveitando-se do impasse, Henrique VIII rompeu com a Igreja Católica, declarando-se o novo
chefe supremo da Igreja na Inglaterra. Em consequência, todos os bens e as terras pertencentes
à Igreja passam para as mãos do soberano.
A nova Igreja fundada por Henrique foi denominada de Igreja Anglicana. Contudo, no início a
nova igreja não era muito diferente da Católica, já que a maior parte do clero católico manteve
sua posição na nova Igreja. Entretanto, com o tempo os anglicanos foram se aproximando dos
ideais da Reforma Protestante, especialmente do calvinismo.
A CONTRARREFORMA CATÓLICA
Em resposta a Reforma Protestante, o papa Paulo III (1468-1549) promoveu sua própria reforma
dentro da Igreja Católica. Para isso, foi convocado um concílio com o propósito de rever todas as
doutrinas católicas que vinham sofrendo críticas de protestantes e humanistas.
O Concílio de Trento (1545-1563), realizado na cidade italiana de mesmo nome, promoveu
principalmente as seguintes mudanças:
Reativação do Tribunal do Santo Ofício (Inquisição): responsável por julgar todos os
casos de heresia, especialmente os praticados pelos protestantes;
Criação da Companhia de Jesus (Ordem dos Jesuítas): responsável por conter o avanço
protestante na Europa e por levar o cristianismo católico a regiões não cristianizadas
(América, Ásia e África);
Publicação do catecismo: livro com o resumo da doutrina católica: servia para a
catequização de novos convertidos;
Criação do Índex: lista de livros proibidos (livros de ciências, bruxaria e, claro, literatura
protestante);
Confirmação da Bíblia Vulgata (em latim) como a versão oficial da Igreja, ou seja, as
Bíblias traduzidas para outros idiomas continuavam não sendo autorizadas.
INTOLERÂNCIA
Em muitos países europeus as minorias religiosas foram perseguidas e muitas guerras
religiosas ocorreram, frutos do radicalismo. A Guerra dos Trinta Anos (1618-1648), por exemplo,
colocou católicos e protestantes em guerra por motivos puramente religiosos. Na França, o rei
mandou assassinar milhares de calvinistas na chamada Noite de São Bartolomeu.
VOCÊ SABIA?
É comemorado em 31 de outubro o Dia da Reforma Protestante. A data é uma referência ao 31
de outubro de 1517, dia em que Martinho Lutero pregou suas 95 teses na porta da Igreja de
Wittemberg (Alemanha).
BIBLIOGRAFIA
https://www.algosobre.com.br/historia/reforma-e-contra-reforma.html
http://educacao.globo.com/historia/assunto/modernidade-na-europa/reformas-protestantes-e-
contrarreforma.html
http://www.suapesquisa.com/protestante
http://www.mackenzie.br/6962.html
http://www.estudopratico.com.br/resumo-sobre-a-reforma-protestante/
http://www.historialivre.com/moderna/calvino.htm
http://www.historialivre.com/moderna/anglicana.htm
http://www.historialivre.com/moderna/contrareforma.htm