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JANEIRO

01. Graça para o ano novo

Versículo do dia: Mas, pela graça de Deus, sou o que sou; e a sua graça, que me foi concedida,
não se tornou vã; antes, trabalhei muito mais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça
de Deus comigo. (1Coríntios 15.10)

A graça não é apenas a disposição de Deus de nos fazer bem quando não o merecemos. É um
poder real de Deus que age e faz coisas boas acontecerem em nós e para nós.

A graça de Deus foi a ação de Deus em Paulo para fazer Paulo trabalhar duro: “Pela graça de
Deus… trabalhei muito mais do que todos eles”. Então, quando Paulo diz “desenvolvei a vossa
salvação”, ele acrescenta: “porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar,
segundo a sua boa vontade” (Filipenses 2.12-13). Graça é poder de Deus para realizar boas coisas
em nós e para nós.

Esta graça é passada e é futura. Ela está sempre fluindo na infinitesimal cachoeira do presente,
a partir do rio inesgotável da graça que vem até nós do futuro, para o reservatório cada vez
maior de graça no passado.

Nos próximos cinco minutos, você receberá graça sustentadora que flui a partir do futuro, e você
acumulará mais cinco minutos de graça no reservatório do passado. A resposta adequada à
graça que você experimentou no passado é a gratidão e a resposta adequada à graça prometida
para você no futuro é a fé. Nós somos gratos pela graça passada do ano anterior e estamos
confiantes na graça futura para o ano novo.

02. O que Jesus fez à morte

Versículo do dia: E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois
disto, o juízo, assim também Cristo, tendo-se oferecido uma vez para sempre para tirar os
pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o aguardam para a salvação.
(Hebreus 9.27-28)

A morte de Jesus tira pecados. Esse é o próprio coração do cristianismo, o coração do evangelho
e o coração da grande obra divina de redenção no mundo. Cristo tirou os pecados quando
morreu. Ele removeu pecados que não eram seus. Ele sofreu por pecados que outros
cometeram, para que eles estivessem livres desses pecados.

Essa é a resposta para o maior problema em sua vida, quer você sinta que esse é o seu principal
problema ou não. Há uma resposta para a questão de como podemos nos reconciliar com Deus
apesar de sermos pecadores. A resposta é que a morte de Cristo é “uma oferta para tirar os
pecados de muitos”. Ele tomou os nossos pecados e os levou para a cruz e morreu ali a morte
que nós merecíamos morrer.

Agora, o que isso significa quanto à minha morte? “Está ordenado [a mim] morrer uma só vez”.
Isso significa que a minha morte já não é punitiva. Minha morte não é mais uma punição pelo
pecado. O meu pecado foi tirado. Meu pecado é removido pela morte de Cristo. Cristo tomou
sobre si a punição.
Então, por que eu morro? Porque Deus deseja que a morte permaneça no mundo por enquanto,
até mesmo entre os seus próprios filhos, como um testemunho permanente do extremo horror
do pecado. Em nossa morte ainda manifestamos os efeitos exteriores do pecado no mundo.

Porém, a morte para os filhos de Deus não é mais a sua ira contra eles. Ela tornou-se a nossa
entrada na salvação e não na condenação.

03. A menor fé *

Versículo do dia: Assim, pois, não depende de quem quer ou de quem corre, mas de usar Deus a
sua misericórdia. (Romanos 9.16)

Permita-nos deixar claro no início do ano que tudo o que nós receberemos de Deus nesse ano,
como crentes em Jesus, é misericórdia. Quaisquer que sejam os prazeres ou as dores que
ocorram, nosso caminho será todo misericórdia.

É por isso que Cristo veio ao mundo — “para que os gentios glorifiquem a Deus por causa da sua
misericórdia” (Romanos 15.9). Nascemos de novo “segundo a sua muita misericórdia” (1Pedro
1.3). Oramos diariamente “a fim de recebermos misericórdia” (Hebreus 4:16); e agora estamos
“esperando a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo, para a vida eterna” (Judas 1.21). Se
qualquer cristão prova ser fiel, é por ter “recebido do Senhor a misericórdia de ser fiel”
(1Coríntios 7.25).

Em Lucas 17.5-6, os apóstolos solicitam ao Senhor: “Aumenta-nos a fé”. E Jesus diz: “Se tiverdes
fé como um grão de mostarda, direis a esta amoreira: Arranca-te e transplanta-te no mar; e ela
vos obedecerá”. Ou seja, na vida cristã e no ministério, a questão não é a força ou a quantidade
da nossa fé, porque não é isso que arranca árvores. Deus o faz. Portanto, a menor fé que nos
una realmente a Cristo envolverá o suficiente do seu poder para tudo o que necessitamos.

Porém, o que dizer das vezes em que você obedece ao Senhor com êxito? Sua obediência o
afasta da categoria de suplicante de misericórdia? Jesus dá a resposta nos versos seguintes de
Lucas 17.7-10:

“Qual de vós, tendo um servo ocupado na lavoura ou em guardar o gado, lhe dirá quando ele
voltar do campo: Vem já e põe-te à mesa? E que, antes, não lhe diga: Prepara-me a ceia, cinge-
te e serve-me, enquanto eu como e bebo; depois, comerás tu e beberás? Porventura, terá de
agradecer ao servo porque este fez o que lhe havia ordenado? Assim também vós, depois de
haverdes feito quanto vos foi ordenado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos apenas o
que devíamos fazer.”

Portanto, eu concluo que a mais completa obediência e a menor fé obtêm a mesma coisa da
parte de Deus: misericórdia. Uma mera semente de mostarda de fé alcança a misericórdia do
poder de Deus que move as árvores. E a perfeita obediência nos deixa completamente
dependentes da misericórdia.

A questão é esta: Qualquer que seja o momento ou a forma da misericórdia de Deus, nunca nos
elevamos acima da condição de beneficiários da misericórdia. Nós sempre somos totalmente
dependentes do que não merecemos.

Portanto, humilhemo-nos e exultemos e “glorifiquemos a Deus por causa da sua misericórdia”!


04. Esperança para cristãos imperfeitos

Versículo do dia: Porque, com uma única oferta, aperfeiçoou para sempre quantos estão sendo
santificados. (Hebreus 10.14)

Este versículo é cheio de encorajamento para pecadores imperfeitos como nós e é repleto de
motivação para a santidade.

Isso significa que você pode ter certeza de que é perfeito e completo aos olhos do seu Pai
celestial não porque você é perfeito agora, mas exatamente porque, embora não seja perfeito
agora, está “sendo santificado”, “sendo feito santo” — de forma que, pela fé nas promessas de
Deus, você está se afastando de sua persistente imperfeição em direção à crescente santidade.
Esse é o ponto de Hebreus 10.14.

A sua fé o torna desejoso de abandonar o pecado e progredir em santidade? Esse é o tipo de fé


que, em meio a imperfeição, pode olhar para Cristo e dizer: “Você já me aperfeiçoou diante de
sua vista”.

Esta fé diz: “Cristo, hoje pequei. Mas eu odeio o meu pecado. Pois, você escreveu a lei no meu
coração e eu desejo cumpri-la. E está operando em mim o que é agradável aos seus olhos. E
assim, odeio o pecado que ainda cometo; e odeio os pensamentos pecaminosos que
entretenho.”

Esta é a verdadeira e realista fé que salva. Esta é a fé que pode saborear as palavras: “Porque,
com uma única oferta, aperfeiçoou para sempre quantos estão sendo santificados”.

Este não é a vanglória dos fortes. É o clamor dos fracos que precisam de um Salvador.

Eu o convido, e insisto, a sermos fracos o suficiente para que confiemos em Cristo dessa forma.

05. Nosso inimigo desarmado

Versículo do dia: E a vós outros, que estáveis mortos pelas vossas transgressões e pela
incircuncisão da vossa carne, vos deu vida juntamente com ele, perdoando todos os nossos
delitos; tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças,
o qual nos era prejudicial, removeu-o inteiramente, encravando-o na cruz; e, despojando os
principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz.
(Colossenses 2.13-15)

A razão pela qual a união com Cristo faz uma grande diferença para o crente é porque Cristo
obteve um triunfo decisivo sobre o diabo no Calvário. Ele não removeu Satanás do mundo, mas
o desarmou até o ponto de remover a arma da condenação de sua mão.

Satanás não pode acusar os crentes de pecado não perdoado; e essa é a única acusação que
pode nos destruir. Portanto, ele não pode nos levar a ruína total. Ele pode nos ferir fisicamente
e emocionalmente, e até mesmo nos matar. Ele pode nos tentar e incitar outros contra nós.
Porém, não pode nos destruir.

O triunfo decisivo em Colossenses 2.13-15 deve-se ao fato de que “o escrito de dívida, que era
contra nós” foi pregado na cruz. O diabo havia feito desse escrito de dívida sua principal
acusação contra nós. Agora ele não tem nenhuma acusação que possa fazer na corte do céu. Ele
é impotente para fazer a única coisa que mais deseja: condenar-nos. Ele não pode fazê-lo. Cristo
levou sobre si nossa condenação. O diabo está desarmado.

Outra maneira de dizer isso está em Hebreus 2.14-15: “[Cristo tornou-se humano] para que, por
sua morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo, e livrasse todos que,
pelo pavor da morte, estavam sujeitos à escravidão por toda a vida”.

A morte ainda é nossa inimiga. Mas é inofensiva. O veneno da víbora foi removido. O aguilhão
mortal desapareceu. O aguilhão da morte era o pecado e o poder condenatório do pecado
estava na demanda da lei. Mas, graças a Cristo que satisfez a demanda da lei. “Onde está, ó
morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?”.

06. A vontade de Deus é que você se aproxime

Versículo do dia: Aproximemo-nos, com sincero coração. (Hebreus 10.22)

A ordem que nos foi dada nessa passagem é que nos aproximemos de Deus. O grande objetivo
do escritor do livro de Hebreus é que nos aproximemos de Deus, que tenhamos comunhão com
ele, que não tenhamos uma vida cristã distante de Deus.

Essa aproximação não é um ato físico. Não é construir uma torre de Babel por suas realizações
para chegar ao céu. Não é necessariamente ir até o prédio da igreja ou caminhar até a frente de
um altar. É um ato invisível do coração. Você pode fazê-lo enquanto permanece absolutamente
imóvel ou enquanto está deitado em um leito de hospital ou no trem enquanto vai trabalhar.

Esse é o centro do evangelho — é sobre isso que o jardim do Getsêmani e a Sexta-feira Santa
dizem respeito — que Deus fez coisas surpreendentes e custosas para nos aproximar de si
mesmo. Ele enviou o seu Filho para sofrer e morrer, para que por meio dele pudéssemos nos
aproximar. Tudo o que ele fez no grande plano da redenção é para que pudéssemos ser
aproximados. E essa proximidade é para a nossa alegria e para a glória de Deus.

Ele não precisa de nós. Se permanecermos distantes, ele não é empobrecido. Ele não precisa de
nós para ser feliz na comunhão da Trindade. Porém, ele magnifica a sua misericórdia, dando-
nos, apesar de nosso pecado, livre acesso por meio de seu Filho à única realidade que pode
satisfazer nossas almas completamente e para sempre; ou seja, ele mesmo. “Na tua presença
há fartura de alegrias; à tua mão direita há delícias perpetuamente” (Salmo 16.11).

Essa é a vontade de Deus para você, agora mesmo, enquanto lê isso. É por isso que Cristo
morreu: para que você se aproxime de Deus.

07. Graça negada e dada *

Devocional Diário: Através de muitas tribulações, nos importa entrar no reino de Deus. (Atos
14.22)

A necessidade de força interior não surge apenas devido ao esgotamento do estresse cotidiano,
mas das aflições e dos sofrimentos que ocorrem de tempos em tempos. E eles ocorrem.

O sofrimento é inevitavelmente adicionado ao cansaço do coração no caminho para o céu.


Quando ele ocorre, o coração pode vacilar e o caminho estreito que leva à vida pode parecer
impossivelmente difícil. É difícil o bastante ter um caminho estreito e alguns montes íngremes
que testam a potência do velho calhambeque ao limite. Mas, o que faremos quando o carro
quebrar?

Paulo orou três vezes com essa pergunta por causa de alguma aflição em sua vida. Suplicou alívio
de seu espinho na carne. Porém, a graça de Deus não veio na forma que ele pediu. A graça veio
de outro modo. Cristo respondeu: “A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na
fraqueza” (2Coríntios 12.9).

Aqui, vemos a graça dada sob a forma do poder sustentador de Cristo na aflição não removida
— uma graça dada, nós poderíamos dizer, dentro do círculo de outra graça negada. E Paulo
respondeu com fé na suficiência desta graça futura: “Por isso me gloriarei cada vez mais de
minhas fraquezas, para que repouse sobre mim o poder de Cristo” (2Coríntios 12.9).

Deus muitas vezes nos abençoa com uma “graça dada” no círculo da “graça negada”.

Por exemplo, em um dia terrivelmente quente em julho, a bomba de água de nosso carro parou
de funcionar. E a vinte quilômetros de qualquer cidade, estávamos parados na rodovia.

Eu tinha orado naquela manhã para que o carro funcionasse bem e que chegássemos ao nosso
destino com segurança. Agora o carro tinha quebrado. A graça da viagem sem problemas tinha
sido negada. Ninguém parou enquanto estávamos perto de nosso carro. Então, meu filho
Abraham (que tinha cerca de onze anos na época) disse: “Papai, deveríamos orar”. Então, nos
curvamos atrás do carro e pedimos a Deus por alguma graça futura, uma ajuda em tempo de
necessidade. Quando olhamos para o alto, uma caminhonete havia parado.

O motorista era um mecânico que trabalhava há cerca de vinte quilômetros de distância. Ele
disse que estava disposto a ir buscar as peças, voltar e consertar o carro. Fomos à cidade e pude
compartilhar o evangelho com ele. Estávamos novamente em nosso caminho cerca de cinco
horas depois.

Agora, a coisa notável sobre essa resposta à nossa oração é que ela veio dentro do círculo de
uma oração negada. Nós pedimos uma viagem sem problemas. Deus nos deu problemas. Mas,
no meio de uma graça negada, tivemos uma graça dada. Eu estou aprendendo a confiar na
sabedoria de Deus em dar a graça que é melhor para mim e para mecânicos incrédulos e para a
fé observadora de meninos de onze anos.

Não devemos nos surpreender que Deus nos dê graças maravilhosas em meio ao sofrimento
que pedimos que ele nos livre. Ele sabe melhor como conceder a sua graça para o nosso bem e
para a sua glória.

08. Ganhe o que você não pode perder

Versículo do dia: Jesus, porém, fitando neles o olhar, disse: Para os homens é impossível;
contudo, não para Deus, porque para Deus tudo é possível. (Marcos 10.27)

Aqui há dois grandes incentivos de Jesus para você se tornar um missionário e dedicar-se à causa
das missões de fronteira.

1. Toda impossibilidade para os homens é possível para Deus (Marcos 10.27). A conversão de
pecadores endurecidos será obra de Deus e estará em harmonia com seu plano soberano. Não
precisamos temer ou nos preocupar com nossa fraqueza. A batalha é do Senhor e ele dará a
vitória.
2. Cristo promete trabalhar por nós e ser para nós de tal modo que quando a nossa vida
missionária acabar, não poderemos dizer que sacrificamos qualquer coisa (Marcos 10.29-30).

Quando seguimos sua prescrição missionária, descobrimos que até mesmo as consequências
dolorosas cooperam para melhorar nossa condição. Nossa saúde espiritual e nossa alegria são
aperfeiçoadas cem vezes. E quando morremos, não morremos. Nós ganhamos a vida eterna.

Meu apelo não é que você estrague sua coragem e seu sacrifício por Cristo. Apelo para que você
renuncie a tudo o que tem para obter uma vida que satisfaça os seus anseios mais profundos.
Eu apelo que você considere todas as coisas como escória pelo valor incomparável de
permanecer no serviço ao Rei dos reis. Apelo para que você tire os seus trapos comprados e
coloque as vestes dos embaixadores de Deus.

Eu lhe prometo perseguições e privações, mas “lembre da alegria”! “Bem-aventurados os


perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus” (Mateus 5.10).

Em 8 de janeiro de 1956, cinco índios Auca do Equador mataram Jim Elliot e seus quatro
companheiros missionários enquanto eles tentavam levar o evangelho à tribo Auca de sessenta
pessoas.

Quatro jovens esposas perderam maridos e nove crianças perderam seus pais. Elisabeth Elliot
escreveu que o mundo chamou isso de um trágico pesadelo. Depois acrescentou: “O mundo não
reconheceu a verdade da segunda cláusula no credo de Jim Elliot: ‘Não é tolo aquele que abre
mão do que não pode reter para ganhar o que não pode perder’”.

09. Apenas um pouco

Versículo do dia: Ora, o Deus de toda a graça, que em Cristo vos chamou à sua eterna glória,
depois de terdes sofrido por um pouco, ele mesmo vos há de aperfeiçoar, firmar, fortificar e
fundamentar. (1Pedro 5.10)

Às vezes, no meio das aflições e estresses da vida cotidiana, podemos clamar: “Até quando, ó
Senhor? Eu não consigo ver além da dor de hoje. O que o amanhã trará? Você estará presente
nesta aflição também?”.

Esta pergunta é absolutamente urgente, porque Jesus disse: “Aquele, porém, que perseverar
até ao fim, esse será salvo” (Marcos 13.13). Nós trememos diante do pensamento de estarmos
entre os “que retrocedem para a perdição” (Hebreus 10.39). Nós não estamos brincando. O
sofrimento é uma terrível ameaça à fé na futura graça de Deus.

Portanto, é maravilhoso ouvir Pedro prometer aos cristãos aflitos e cansados que “o Deus de
toda a graça, que em Cristo vos chamou à sua eterna glória, depois de terdes sofrido por um
pouco, ele mesmo vos há de aperfeiçoar, firmar, fortificar e fundamentar” (1Pedro 5.10).

A segurança de que ele não demorará além do que podemos suportar e que aniquilará as falhas
que lamentamos e que firmará para sempre aquele que vacilou por tanto tempo — essa
segurança vem de “toda a graça”.

Deus não é o Deus de um pouco de graça — como graça derradeira. Ele é o Deus de “toda graça”
— incluindo os infinitos e inesgotáveis estoques de graça futura.

Fé nessa graça é a chave para permanecer no caminho estreito e difícil que conduz à vida.
10. Como crentes serão julgados

Versículo do dia: Vi também os mortos, os grandes e os pequenos, postos em pé diante do trono.


Então, se abriram livros. Ainda outro livro, o Livro da Vida, foi aberto. E os mortos foram julgados,
segundo as suas obras, conforme o que se achava escrito nos livros. (Apocalipse 20.12)

Isso é sobre o juízo final? Os nossos pecados serão lembrados? Eles serão revelados? Anthony
Hoekema responde sabiamente algo como isso: “As falhas e debilidades dos… crentes… estarão
em cena no dia do juízo. Mas — e esse é o ponto importante — os pecados e debilidades dos
crentes serão revelados no juízo como pecados perdoados, cuja culpa foi totalmente coberta
pelo sangue de Jesus Cristo”.

Imagine-o assim: Deus tem um registro de cada pessoa (os “livros” de Apocalipse 20.12). Tudo
o que você já fez ou disse (Mateus 12.36) está gravado ali com uma nota (de “0” a “10”). Quando
você estiver diante do “tribunal de Cristo” (2Coríntios 5.10) para ser julgado “segundo o bem ou
o mal que tiver feito por meio do corpo”, Deus abrirá o registro e disporá os testes com suas
notas. Ele separará todos os “0” e os colocará em uma pilha. Depois, ele pegará todos os “4” e
“6” e tirará as partes boas do teste e as colocará com os “10”, em seguida, colocará as partes
ruins com o “0”. Depois, ele pegará todos os “7” e “9” e separará as partes ruins e as colocará
na pilha “0”, e colocará todas as partes boas na pilha “10”.

Em seguida, ele abrirá outro registro (“o livro da vida”) e encontrará o seu nome. Atrás do seu
nome haverá um fósforo feito da madeira da cruz de Jesus. Ele pegará o fósforo, o acenderá e
lançará a pilha “0”, com todas as suas falhas e deficiências, no fogo e a queimará. Estas não lhe
condenarão e não lhe recompensarão.

Depois, ele tirará do seu “livro da vida” um envelope selado marcado como “bônus gratuito e
gracioso” e colocará na pilha “10” (veja Marcos 4.24 e Lucas 6.38). Então, ele levantará toda a
pilha e declarará: “Com isso a sua vida dá testemunho da graça do meu Pai, do valor do meu
sangue e do fruto do meu Espírito. Entre no gozo do seu Mestre”.

11. Apaixonado por Deus e pela verdade

Versículo do dia: E daí? Se alguns não creram, a incredulidade deles virá desfazer a fidelidade
de Deus? De maneira nenhuma! Seja Deus verdadeiro, e mentiroso, todo homem, segundo está
escrito: Para seres justificado nas tuas palavras e venhas a vencer quando fores julgado.
(Romanos 3.3-4)

Nossa preocupação com a verdade é uma expressão inevitável de nossa preocupação com Deus.
Se Deus existe, então ele é a medida de todas as coisas, e o que ele pensa sobre todas as coisas
é a medida do que nós devemos pensar.

Não se preocupar com a verdade é não se preocupar com Deus. Amar a Deus com paixão é amar
a verdade apaixonadamente. Ser centrado em Deus na vida significa ser conduzido pela verdade
no ministério. O que não é verdade não procede de Deus.

Medite nestes quatro conjuntos de textos sobre Deus e a verdade:

1) Deus é a verdade
Romanos 3.3-4 (Deus Pai): “E daí? Se alguns não creram, a incredulidade deles virá desfazer a
fidelidade de Deus? De maneira nenhuma! Seja Deus verdadeiro, e mentiroso, todo homem,
segundo está escrito: Para seres justificado nas tuas palavras e venhas a vencer quando fores
julgado”.

João 14.6 (Deus Filho): “Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém
vem ao Pai senão por mim”.

João 15.26 (Deus Espírito): “Quando, porém, vier o Consolador, que eu vos enviarei da parte do
Pai, o Espírito da verdade, que dele procede, esse dará testemunho de mim”.

2) Não amar a verdade é eternamente prejudicial

2Tessalonicenses 2.10: Eles perecerão, “porque não acolheram o amor da verdade para serem
salvos”.

3) A vida cristã baseia-se no conhecimento da verdade

1Coríntios 6.15-16: “Não sabeis que os vossos corpos são membros de Cristo? E eu, porventura,
tomaria os membros de Cristo e os faria membros de meretriz? Absolutamente, não. Ou não
sabeis que o homem que se une à prostituta forma um só corpo com ela? Porque, como se diz,
serão os dois uma só carne”.

4) O corpo de Cristo é edificado com verdade em amor

Colossenses 1.28: “O qual nós anunciamos, advertindo a todo homem e ensinando a todo
homem em toda a sabedoria, a fim de que apresentemos todo homem perfeito em Cristo”.

Que Deus nos torne pessoas apaixonadas por ele e pela verdade.

12. A chave experiencial

Versículo do dia: Deus pode fazer-vos abundar em toda graça, a fim de que, tendo sempre, em
tudo, ampla suficiência, superabundeis em toda boa obra. (2Coríntios 9.8)

Nós sabemos que a fé na graça futura de Deus é a chave experimental para a generosidade,
porque em 2Coríntios, Paulo apresenta esta promessa maravilhosa: “Deus pode fazer-vos
abundar em toda graça, a fim de que, tendo sempre, em tudo, ampla suficiência, superabundeis
em toda boa obra” (2Coríntios 9.8).

Em outras palavras, se você quer ser livre da necessidade de guardar o seu dinheiro, se deseja
superabundar (de graça!) em toda boa obra, então deposite sua fé na graça futura. Confie na
promessa de que “Deus pode fazer-vos abundar em toda graça” em cada momento futuro para
este propósito.

Eu acabei de chamar a fé na graça futura de “chave experiencial” para a generosidade, de modo


a não negar que também existe uma chave histórica. Há uma chave da experiência e uma chave
da história. Ao falar da graça que receberam, Paulo lembra aos Coríntios: “Pois conheceis a graça
de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, se fez pobre por amor de vós, para que, pela sua
pobreza, vos tornásseis ricos” (2Coríntios 8.9).

Sem essa histórica obra da graça, a porta da generosidade que exalta a Cristo permaneceria
fechada. Essa graça passada é a chave para o amor.
Porém, observe como a graça passada neste versículo funciona. Ela fez o fundamento (Cristo
tornou-se pobre) da graça futura (para que nos tornássemos ricos). Assim, a chave histórica da
nossa generosidade funciona ao colocar em nossa mão a chave experiencial da fé na graça
futura.

Portanto, a chave experiencial do amor e generosidade é essa: Coloque sua fé firmemente na


graça futura — que “Deus pode (no futuro) fazer-vos abundar em toda graça (futura)”, de modo
que suas necessidades sejam supridas e que você seja capaz de transbordar com amor da
generosidade.

A liberdade da ganância provém da fé na graça futura de Deus.

13. A ordem que cria *

Versículo do dia: Porque tudo que se manifesta é luz. Pelo que diz: Desperta, ó tu que dormes,
levanta-te de entre os mortos, e Cristo te iluminará. (Efésios 5.13-14)

Quando Jesus ordenou que Lázaro ressuscitasse dentre os mortos, como ele obedeceu a esse
comando? João 11.43 diz que Jesus “clamou em alta voz: Lázaro, vem para fora!”. Essa foi uma
ordem a um morto. O versículo seguinte diz: “Saiu aquele que estivera morto, tendo os pés e as
mãos ligados com ataduras e o rosto envolto num lenço”.

Como Lázaro fez isso? Como um homem morto obedece a uma ordem para que viva
novamente? A resposta parece ser: A ordem traz consigo o poder de criar uma nova vida. A
obediência à ordem significa fazer o que as pessoas vivas fazem.

Isso é extremamente importante. O mandamento de Deus: “levanta-te de entre os mortos!”,


traz em si o poder que nós precisamos para obedecê-lo. Não o obedecemos criando essa vida.
Nós o obedecemos fazendo o que pessoas vivam fazem: Lázaro saiu. Ele se levantou. Ele foi até
Jesus. O chamado de Deus cria a vida. Nós respondemos no poder do que o chamado cria.

Em Efésios 5.14, Paulo diz: “Desperta, ó tu que dormes, levanta-te de entre os mortos, e Cristo
te iluminará”. Como você obedece a uma ordem para despertar do sono? Se houver monóxido
de carbono tóxico em sua casa, e alguém gritar: “Acorde! Salve-se! Saia!”, você não obedece
despertando a si mesmo. A alta e poderosa ordem em si o desperta. Você obedece fazendo o
que as pessoas em alerta fazem diante do perigo. Você se levanta e sai da casa. O chamado cria
o despertar. Você responde no poder do que o chamado criou: despertamento.

Eu creio que esta é a explicação para o motivo pelo qual a Bíblia diz coisas paradoxais sobre o
novo nascimento; a saber, que devemos criar em nós novos corações, mas que é Deus quem
cria o novo coração. Por exemplo:

Deuteronômio 10.16: “Circuncidai, pois, o vosso coração”.

Deuteronômio 30.6: “O SENHOR, teu Deus, circuncidará o teu coração”.

Ezequiel 18.31: “Criai em vós coração novo e espírito novo”.

Ezequiel 36.26: “Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo”.

João 3.7: “Importa-vos nascer de novo”.

1 Pedro 1.3: “[Deus] nos regenerou”.


A maneira de obedecer à ordem de nascer é primeiro experimentar o dom divino da vida e da
respiração, e depois fazer o que as pessoas que vivem e respiram fazem: clamar a Deus com fé,
gratidão e amor. Quando a ordem de Deus vem com o poder do Espírito Santo de criação e
conversão, ela concede vida. E nós cremos, nós nos regozijamos e obedecemos.

14. A janela do coração *

Versículo do dia: Considerai, pois, atentamente, aquele que suportou tamanha oposição dos
pecadores contra si mesmo, para que não vos fatigueis, desmaiando em vossa alma. (Hebreus
12.3)

Uma das capacidades mais notáveis da mente humana é a capacidade de dirigir sua própria
atenção para algo que escolhe. Nós podemos fazer uma pausa e dizer às nossas mentes: “Pense
nisso, e não naquilo”. Podemos focar nossa atenção em uma ideia ou uma imagem, um
problema ou uma esperança.

Esse é um poder surpreendente. Eu duvido que os animais o possuam. Eles provavelmente não
são autorreflexivos, mas sim regulados por impulso e instinto.

Você tem negligenciado esta grande arma no arsenal de sua guerra contra o pecado? A Bíblia
frequentemente nos convoca a usar esse dom notável. Vamos tirar este presente da prateleira,
remover a poeira e usá-lo.

Por exemplo, Paulo diz em Romanos 8.5-6: “Porque os que se inclinam para a carne cogitam das
coisas da carne; mas os que se inclinam para o Espírito, das coisas do Espírito. Porque o pendor
da carne dá para a morte, mas o do Espírito, para a vida e paz”.

Isso é impressionante. O que você cogita em sua mente determina se a questão é vida ou morte.

Muitos de nós nos tornamos muito passivos em nossa busca por mudança, completude e paz.
Eu sinto que em nossa era terapêutica, caímos na mentalidade passiva de simplesmente “falar
de nossos problemas” ou “lidar com nossos problemas” ou “descobrir as raízes de nossos
defeitos em nossa família de origem”.

Porém, vejo uma abordagem à mudança muito mais agressiva, e não passiva, no Novo
Testamento. A saber, pensar ativamente. “Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da
terra” (Colossenses 3.2).

Nossas emoções são governadas em grande medida pelo que nós observamos: no que
consideramos em nossas mentes. Por exemplo, Jesus nos disse para vencermos a emoção da
ansiedade pelo que contemplamos: “Observai os corvos… observai os lírios” (Lucas 12.24, 27).

A mente é a janela do coração. Se permitirmos que nossas mentes constantemente


permaneçam nas trevas, o coração sentirá as trevas. Porém, se abrirmos a janela da nossa mente
para a luz, o coração sentirá a luz.

Acima de tudo, essa grande capacidade de nossas mentes de se concentrar e de considerar foi
designada para considerar a Jesus (Hebreus 12.3). Então, façamos isso: “Considerai, pois,
atentamente, aquele que suportou tamanha oposição dos pecadores contra si mesmo, para que
não vos fatigueis, desmaiando em vossa alma”.
15. A liberdade da graça

Versículo do dia: Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos
amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, – pela graça
sois salvos, e, juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais em
Cristo Jesus. (Efésios 2.4-6)

O ato decisivo de Deus na conversão é que ele “nos deu vida juntamente com Cristo”, mesmo
quando “estávamos mortos em nossos delitos”. Em outras palavras, nós estávamos mortos para
Deus. Éramos insensíveis; não tínhamos verdadeiro interesse espiritual; não apreciávamos as
belezas de Cristo; nós estávamos simplesmente mortos em relação a tudo o que importava.

Daí, Deus agiu — incondicionalmente — antes que pudéssemos fazer qualquer coisa para
sermos recipientes aptos da graça. Ele nos deu vida. Ele soberanamente nos despertou para
vermos a glória de Cristo (2Coríntios 4.4). Os sentidos espirituais que estavam mortos
milagrosamente vieram à vida.

O versículo 4 diz que este foi um ato de “misericórdia”. Ou seja, Deus nos viu em nossa morte e
se compadeceu de nós. Deus viu o terrível salário do pecado conduzindo à morte eterna e
miséria. E as riquezas de sua misericórdia transbordaram para nós em nossa necessidade.
Porém, o que é tão notável sobre este texto é que Paulo interrompe o fluxo de sua própria frase,
a fim de adicionar que “pela graça sois salvos”. “Deus… nos deu vida juntamente com Cristo, –
pela graça sois salvos, e, juntamente com ele, nos ressuscitou”.

Paulo dirá isso novamente no versículo 8. Então, por que ele interrompe o fluxo para adicionar
isso aqui? Além disso, a ênfase está na misericórdia de Deus que corresponde à nossa miserável
situação de morte; então por que Paulo se desvia de seu caminho para dizer também que é pela
graça que somos salvos?

Eu acho que a resposta é que Paulo reconhece aqui uma oportunidade perfeita para enfatizar a
liberdade da graça. Enquanto descreve nossa condição de morte antes da conversão, ele
percebe que os mortos não podem cumprir condições. Se eles irão viver, precisará haver um ato
de Deus totalmente incondicional e completamente livre para salvá-los. Essa liberdade é o
próprio coração da graça.

Que ato poderia ser mais unilateralmente livre e não negociado do que uma pessoa
ressuscitando outra dentre os mortos! Este é o significado da graça.

16. Palavras ao vento

Versículo do dia: Acaso, pensais em reprovar as minhas palavras, ditas por um desesperado ao
vento? (Jó 6.26)

No sofrimento, na dor e no desespero as pessoas costumam dizer coisas que de outra forma não
diriam. Elas retratam a realidade com traços mais sombrios do que retratarão amanhã, quando
o sol nascer. Elas cantam em notas baixas e falam como se essa fosse a única música. Elea só
veem nuvens e falam como se não houvesse céu.

Elas dizem: “Onde Deus está?” Ou: “Não adianta prosseguir”. Ou: “Nada faz sentido”. Ou: “Não
há esperança para mim”. Ou: “Se Deus fosse bom, isso não teria acontecido”.

O que devemos fazer com essas palavras?


Jó diz que não precisamos reprová-las. Estas palavras são vento ou literalmente “ao vento”. Elas
serão rapidamente levadas embora. Haverá uma mudança nas circunstâncias e a pessoa
desesperada despertará da noite escura e lamentará as palavras apressadas.

Portanto, a questão é: não gastemos nosso tempo e energia reprovando tais palavras. Elas serão
levadas ao vento. Não é necessário cortar as folhas no outono. Esse é um esforço desperdiçado.
Elas logo cairão por si mesmas.

Oh, quão rapidamente somos inclinados a defender a Deus ou, às vezes, a verdade, diante de
palavras que são apenas ao vento. Se tivéssemos discernimento, poderíamos diferenciar
palavras com raízes e as palavras ditas ao vento.

Há palavras com raízes em profundo erro e mal. Porém, nem todas as palavras desesperadas
obtêm sua cor a partir de um coração obscurecido. Alguns estão coloridos principalmente pela
dor e desespero. O que você ouve não é a coisa mais profunda no interior. Há algo real no
interior de onde elas vêm. Mas isso é temporário — como uma infecção passageira — é real,
doloroso, mas não a verdadeira pessoa.

Aprendamos a discernir se as palavras ditas contra nós ou contra Deus ou contra a verdade são
meramente ao vento — faladas não a partir da alma, mas da dor. Se elas são ao vento,
esperemos em silêncio e não as reprovemos. Restaurar a alma, não repreender a dor, é o
objetivo do nosso amor.

17. A fé autêntica anseia por Cristo

Versículo do dia: Assim também Cristo, tendo-se oferecido uma vez para sempre para tirar os
pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o aguardam para a salvação.
(Hebreus 9.28)

O que você deve fazer para que saiba que seus pecados são tirados pelo sangue de Cristo e que,
quando ele vier, o protegerá da ira de Deus e o levará à vida eterna? A resposta é esta: Confie
em Cristo de uma maneira que o torne desejoso pela sua volta.

Jesus está vindo para salvar aqueles que “o aguardam”. Então, como você se prepara? Como
experimenta o perdão de Deus em Cristo e apronta-se para encontrá-lo? Ao confiar nele de uma
maneira que o faça desejoso pela sua vinda.

Essa expectativa ardente por Cristo é simplesmente um sinal de que o amamos e cremos nele
de forma autêntica.

Há uma fé falsa que somente quer escapar do inferno, mas não tem desejo por Cristo. Essa fé
não salva e não produz uma expectativa ardente para que Cristo venha. Ela preferiria que Cristo
não viesse pelo maior tempo possível para que pudesse ter o máximo possível deste mundo.

Porém, a fé que realmente se apossa de Cristo como tesouro, esperança e alegria é a fé que nos
faz desejar que Cristo venha, e essa é a fé que salva.

Assim, eu lhe rogo, converta-se do mundo e do pecado para Cristo. Tome-o não apenas como
sua apólice de seguro contra o fogo, mas como seu ansiosamente aguardado noivo, amigo e
Senhor.
18. O remédio para o orgulho

Versículo do dia: Atendei, agora, vós que dizeis: Hoje ou amanhã, iremos para a cidade tal, e lá
passaremos um ano, e negociaremos, e teremos lucros. Vós não sabeis o que sucederá amanhã.
Que é a vossa vida? Sois, apenas, como neblina que aparece por instante e logo se dissipa. Em
vez disso, devíeis dizer: Se o Senhor quiser, não só viveremos, como também faremos isto ou
aquilo. Agora, entretanto, vos jactais das vossas arrogantes pretensões. Toda jactância
semelhante a essa é maligna. (Tiago 4. 13-16)

Quando você considera três categorias de tentação de autossuficiência — sabedoria, poder e


riquezas — elas formam um forte incentivo para a forma final de orgulho, a saber, o ateísmo. A
maneira mais segura de permanecermos supremos em nossa própria estima é negar qualquer
coisa acima de nós.

É por isso que os orgulhosos se preocupam em olhar para os outros. “Um homem orgulhoso
está sempre olhando de cima para as coisas e pessoas, e, claro, enquanto você está olhando
para baixo, não consegue ver algo que está acima de si mesmo” (C. S. Lewis, Cristianismo Puro
e Simples)

Porém, para preservar o orgulho, pode ser mais fácil proclamar que não há nada acima para
olhar. “O perverso, na sua soberba, não investiga; que não há Deus são todas as suas cogitações”
(Salmo 10.4). Em última análise, os orgulhosos devem convencer a si mesmos de que não há
Deus.

Uma razão para isso é que a realidade de Deus é esmagadoramente intrusiva em todos os
detalhes da vida. O orgulho não pode tolerar o envolvimento íntimo de Deus gerindo até mesmo
os assuntos ordinários da vida.

O orgulho não gosta da soberania de Deus. Portanto, o orgulho não gosta da existência de Deus,
porque Deus é soberano. Isso poderia ser expresso ao dizer: “Não há Deus”. Ou pode se expresso
ao dizer: “Dirigirei até São Paulo para o Natal”.

Tiago diz: “Não tenha tanta certeza”. Em vez disso, diga: “Se o Senhor quiser, viveremos e iremos
a São Paulo para o Natal”. A questão de Tiago é que Deus governa sobre se iremos a São Paulo
e se você viverá até o final deste devocional. Isto é extremamente ofensivo para a
autossuficiência do orgulho: não ter controle nem mesmo sobre chegar ao final deste devocional
sem ter um derrame!

Tiago diz que não crer nos direitos soberanos de Deus de conduzir os detalhes do seu futuro é
arrogância.

A maneira de combater essa arrogância é ceder à soberania de Deus em todos os detalhes da


vida e descansar em suas promessas infalíveis de mostrar-se poderoso em nosso favor
(2Crônicas 16.9), de nos seguir com bondade e misericórdia a cada dia (Salmo 23.6), de trabalhar
para aqueles que esperam por ele (Isaías 64.4) e nos capacitar com tudo o que nós precisamos
para viver para a sua glória (Hebreus 13.21).

Em outras palavras, o remédio para o orgulho é a fé inabalável na graça futura de Deus.


19. Como servir a um mau chefe

Versículo do dia: Servindo de boa vontade, como ao Senhor e não como a homens, certos de que
cada um, se fizer alguma coisa boa, receberá isso outra vez do Senhor, quer seja servo, quer livre.
(Efésios 6.7-8)

Considere estes cinco aspectos de Efésios 6.7-8 em relação ao seu trabalho.

1) Um chamado a viver radicalmente centrado no Senhor.

Isso é surpreendentemente comparado com a forma como normalmente vivemos. Paulo diz que
todo nosso serviço deve ser feito como serviço a Cristo, não a qualquer supervisor humano. Sirva
de boa vontade “como ao Senhor” e não ao homem.

Isso significa que pensaremos no Senhor no que fazemos no trabalho. Nós perguntaremos: Por
que o Senhor gostaria que isso fosse feito? Como o Senhor gostaria que isso fosse feito? Quando
o Senhor gostaria que isso fosse feito? O Senhor me ajudará a fazer isto? Que consequência isso
terá para a honra do Senhor? Em outras palavras, ser cristão significa viver radicalmente
centrado no Senhor.

2) Um chamado para ser uma boa pessoa.

Uma vida centrada no Senhor significa ser uma pessoa boa e fazer coisas boas. Paulo diz: “De
boa vontade” sirva… “se fizer alguma coisa boa…”. Jesus disse que quando deixarmos nossa luz
brilhar, os homens verão nossas “boas obras” e glorificarão o nosso Pai que está nos céus
(Mateus 5.16).

3) Poder para fazer um bom trabalho para chefes mundanos e maus.

O objetivo de Paulo é capacitar os cristãos com motivos centrados no Senhor a fazerem o bem
a chefes que não são bons. Como você continua fazendo o bem em um trabalho quando seu
chefe o ignora ou até mesmo o critica? A resposta de Paulo é: pare de pensar em seu chefe como
seu principal supervisor e comece a trabalhar para o Senhor. Faça isso nos próprios deveres
dados a você por seu chefe terreno.

4) Encorajamento de que nada de bom é feito em vão.

Talvez a frase mais maravilhosa de todas seja esta: “se fizer alguma coisa boa, receberá isso
outra vez do Senhor”. Isto é surpreendente. Alguma coisa boa. Toda pequena coisa que você faz
que seja boa é vista e valorizada pelo Senhor.

E ele te recompensará por isso. Não no sentido de que você mereceu qualquer coisa, colocando-
o em dívida. Ele é o seu dono e de tudo no universo. Ele não nos deve nada. Porém, ele livre e
graciosamente escolhe recompensar as coisas boas feitas em fé.

5) Encorajamento de que uma posição insignificante na terra não é obstáculo para grande
recompensa no céu.

O Senhor recompensará todas as coisas boas que você fizer — “quer seja servo, quer livre”. Seu
chefe pode pensar que você não é ninguém. Ou mesmo pode não saber que você existe. Isso
não importa. O Senhor sabe que você existe.

20. A batalha para lembrar


Versículo do dia: Quero trazer à memória o que me pode dar esperança. As misericórdias do
SENHOR são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim.
(Lamentações 3.21-22)

Um dos grandes inimigos da esperança é esquecer as promessas de Deus. Lembrar é um grande


ministério. Pedro e Paulo escreveram por tal razão (2Pedro 1.13; Romanos 15.15).

O principal recordador é o Espírito Santo (João 14.26). Porém, não seja passivo. Você é
responsável somente pelo seu próprio ministério de lembrar. E o primeiro que você precisa
lembrar é você mesmo.

A mente tem esse grande poder: pode falar consigo mesma por meio de lembrança. A mente
pode “trazer à memória”. Por exemplo: “Quero trazer à memória o que me pode dar esperança…
as suas misericórdias não têm fim” (Lamentações 3.21-22).

Se não “trouxermos à memória” o que Deus disse sobre si mesmo e sobre nós,
enfraqueceremos. Oh, como eu sei disso por experiência dolorosa! Não vacile no lamaçal de
mensagens ímpias. Eu quero dizer, as mensagens em sua própria cabeça. “Eu não consigo…”.
“Ela não fará…”. “Eles nunca…”. “Isso nunca funcionou…”.

A questão não é se tais pensamentos são verdadeiros ou falsos. Sua mente sempre encontrará
uma maneira de torná-los verdadeiros, a menos que você “traga à memória” algo maior. Deus
é o Deus do impossível. Raciocinar sobre a sua saída de uma situação impossível não é tão eficaz
quanto lembrar do seu caminho para fora dela.

Sem nos lembrarmos da grandeza, graça, poder e sabedoria de Deus, mergulhamos em


pessimismo. “Eu estava embrutecido e ignorante; era como um irracional à tua presença”
(Salmo 73.22).

A grande mudança do desespero para a esperança no Salmo 77 vem com essas palavras:
“Recordo os feitos do SENHOR, pois me lembro das tuas maravilhas da antiguidade. Considero
também nas tuas obras todas e cogito dos teus prodígios” (Salmo 77.11-12).

Essa é a grande batalha da minha vida. Eu presumo que seja a da sua também. A batalha para
lembrar! A mim mesmo. Depois, a outros.

21. A âncora da alegria

Versículo do dia: Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem, e vos
perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vós. (Mateus 5.11)

Jesus revelou um segredo que protege nossa felicidade da ameaça do sofrimento e da ameaça
do sucesso. Esse segredo é: grande é o vosso galardão nos céus. E a soma desse galardão é
desfrutar da plenitude da glória de Jesus Cristo (João 17.24).

Ele protege nossa felicidade do sofrimento quando diz:

“Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem, e vos perseguirem, e,
mentindo, disserem todo mal contra vós. Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso
galardão nos céus” (Mateus 5.11-12).

Nossa grande recompensa no céu livra nossa alegria da ameaça de perseguição e injúria.
Ele também protege nossa alegria do sucesso quando diz:

“Não obstante, alegrai-vos, não porque os espíritos se vos submetem, e sim porque o vosso
nome está arrolado nos céus” (Lucas 10.20).

Os discípulos foram tentados a colocar sua alegria no sucesso do ministério. “Os próprios
demônios se nos submetem pelo teu nome!” (Lucas 10.17). Mas isso separaria a alegria deles
da sua única âncora segura.

Assim, Jesus protege a alegria deles da ameaça do sucesso prometendo o grande galardão do
céu. Alegrem-se nisso: que os seus nomes estejam escritos nos céus. Sua herança é infinita,
eterna e segura.

Nossa alegria está a salvo. Nem o sofrimento nem o sucesso podem destruir sua âncora. Grande
é o vosso galardão nos céus. Seu nome está escrito lá. Ele está seguro.

Jesus ancorou a felicidade dos santos sofredores na recompensa dos céus. E ancorou a felicidade
dos santos bem-sucedidos na mesma recompensa.

E, assim, ele nos libertou da tirania da dor e do prazer mundanos.

22. Nós governaremos todas as coisas

Versículo do dia: Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono, assim como também
eu venci e me sentei com meu Pai no seu trono. (Apocalipse 3.21)

O que Jesus intencionava quando disse isso à igreja de Laodicéia?

Sentar-se com Jesus no seu trono? Mesmo?

Essa é uma promessa para todos os que vencem, ou seja, aqueles que perseveram na fé até o
fim (1 João 5.4), apesar de toda dor ameaçadora e prazer atrativo. Então, se você é um crente
em Jesus, sentar-se-á no trono do Filho de Deus que está sentado no trono de Deus, o Pai.

Eu considero que “trono de Deus” significa o direito e a autoridade para governar o universo.
Então, Jesus nos promete uma parte no governo de todas as coisas.

É isso que Paulo tem em mente em Efésios 1.22-23? “E pôs todas as coisas debaixo dos pés e,
para ser o cabeça sobre todas as coisas, o deu à igreja, a qual é o seu corpo, a plenitude daquele
que a tudo enche em todas as coisas”.

Nós, a igreja, somos a “plenitude daquele que a tudo enche”. Considero que isso significa que o
universo será preenchido com a glória do Senhor (Números 14.21). E uma dimensão dessa glória
será a extensão completa e sem oposição do seu governo em todos os lugares.

Portanto, Efésios 1.23 pode indicar que Jesus enche o universo com o seu próprio governo
glorioso através de nós. Somos a plenitude do seu governo. Nós governamos em seu nome.
Nesse sentido, nós nos sentamos com ele em seu trono.

Nenhum de nós sente isso como deveria. É grandioso. É por isso que Paulo ora por ajuda divina
“[para que possam ser] iluminados os olhos do vosso coração, para saberdes qual é a esperança
do seu chamamento” (Efésios 1.18).
Sem o auxílio onipotente agora, não podemos sentir a maravilha do que seremos. Porém, se nos
for concedido sentir isso verdadeiramente, todas as nossas reações emocionais a esse mundo
mudarão para melhor.

23. Vá diretamente a Deus

Versículo do dia: Naquele dia, pedireis em meu nome; e não vos digo que rogarei ao Pai por vós.
Porque o próprio Pai vos ama, visto que me tendes amado e tendes crido que eu vim da parte de
Deus. (João 16.26-27)

Não faça do Filho de Deus um Mediador além do que ele é.

Jesus diz: “Não vos digo que rogarei ao Pai por vós”. Em outras palavras, não me colocarei entre
vós e o Pai, como se vós não pudésseis ir diretamente a ele. Por quê? “Porque o próprio Pai vos
ama”.

Isso é surpreendente. Jesus está nos advertindo a não pensar no Deus Todo-Poderoso como
indisposto a nos receber diretamente em sua presença. Por “diretamente” intenciono o que
Jesus quis indicar quando disse: “Eu não levarei os seus pedidos a Deus por vocês. Vocês poderão
levá-los diretamente. Ele os ama. Ele quer que vocês venham. Ele não está irado com vocês”.

É absolutamente verdade que nenhum ser humano pecaminoso tem acesso ao Pai senão através
do sangue de Jesus (Hebreus 10.19-20). Ele intercede por nós agora (Romanos 8.34; Hebreus
7.25). Ele é nosso advogado diante do Pai agora (1 João 2.1). Ele é nosso Sumo Sacerdote diante
do trono de Deus agora (Hebreus 4.15-16). Ele disse: “Ninguém vem ao Pai senão por mim” (João
14.6).

Sim. Mas, Jesus está nos protegendo de considerar a sua intercessão além do limite. “E não vos
digo que rogarei ao Pai por vós. Porque o próprio Pai vos ama”. Ele está lá. Ele está dando um
testemunho constante e eterno da remoção da ira do Pai sobre nós.

Porém, ele não está lá para falar por nós, nem para nos manter afastados do Pai, nem para
sugerir que o coração do Pai tem reservas para conosco ou nos despreza; por isso as palavras:
“Porque o próprio Pai vos ama”.

Então venha. Venha com ousadia (Hebreus 4.16). Venha com expectativa. Venha esperando um
sorriso. Venha tremendo de alegria, não de terror.

Jesus está dizendo: “Eu fiz um caminho para Deus. Agora, não ficarei no caminho”. Venha.

24. Servido ao servir outros

Versículo do dia: Jesus, percebendo-o, lhes perguntou: Por que discorreis sobre o não terdes
pão? Ainda não considerastes, nem compreendestes? Tendes o coração endurecido? (Marcos
8.17)

Depois que Jesus alimentou os cinco mil e os quatro mil com apenas alguns pães e peixe, os
discípulos entraram em um barco sem pão suficiente para si mesmos.
Quando começaram a discutir sobre a sua situação, Jesus disse: “Por que discorreis sobre o não
terdes pão? Ainda não considerastes, nem compreendestes?” (Marcos 8.17). O que eles não
entenderam?

Eles não entenderam o significado das sobras, ou seja, que Jesus cuidará deles quando cuidam
de outros. Jesus diz:

“De quando parti os cinco pães para os cinco mil, quantos cestos cheios de pedaços recolhestes?
Responderam eles: Doze! E de quando parti os sete pães para os quatro mil, quantos cestos
cheios de pedaços recolhestes? Responderam: Sete! Ao que lhes disse Jesus: Não compreendeis
ainda? (Marcos 8.19-21)

Entender o quê? As sobras.

As sobras foram para aqueles que serviram. Na verdade, na primeira vez havia doze servidores
e doze cestos restantes (Marcos 6.43). Na segunda vez, sobraram sete cestos: o número da
completude abundante.

O que eles não entenderam? Que Jesus cuidaria deles. Você não pode dar mais do que Jesus.
Quando você gasta sua vida por outros, suas necessidades serão atendidas.

25. Livramentos tardios

Versículo do dia: De repente… abriram-se todas as portas, e soltaram-se as cadeias de todos.


(Atos 16.26)

Nesta era, Deus livra o seu povo de alguns danos. Não de todos os danos. É reconfortante saber
disso, porque de outra forma poderíamos concluir do nosso mal que ele nos esqueceu ou nos
rejeitou.

Portanto, seja encorajado pela simples lembrança de que em Atos 16.19-24, Paulo e Silas não
foram libertos, mas nos versículos 25-26, eles foram.

Primeiro, nenhuma libertação:

• “Agarrando em Paulo e Silas, os arrastaram para a praça” (versículo 19).

• “E os pretores, rasgando-lhes as vestes” (versículo 22).

• “E, depois de lhes darem muitos açoites” (versículo 23).

• O carcereiro “lhes prendeu os pés no tronco” (versículo 24).

Mas, depois, livramento:

“Por volta da meia-noite, Paulo e Silas oravam e cantavam louvores a Deus… De repente,
sobreveio tamanho terremoto, que sacudiu os alicerces da prisão; abriram-se todas as portas, e
soltaram-se as cadeias de todos” (versículos 25-26).

Deus poderia ter agido mais cedo. Não o fez. Ele tem suas razões. Ele ama Paulo e Silas.

Eu pergunto para você: Se traçar sua vida ao longo dessa sequência, onde você está? Está no
estágio despido-e-ferido ou no estágio portas-abertas-e-liberto?
Ambos são estágios do cuidado de Deus por você.

Se você está no estágio encarcerado, não se desespere. Louve. A liberdade está a caminho. É
apenas uma questão de tempo; mesmo se ela vier através da morte.

26. O doador obtém a glória

Versículo do dia: Por isso, também não cessamos de orar por vós, para que o nosso Deus vos
torne dignos da sua vocação e cumpra com poder todo propósito de bondade e obra de fé, a fim
de que o nome de nosso Senhor Jesus seja glorificado em vós, e vós nele, segundo a graça do
nosso Deus e do Senhor Jesus Cristo. (2Tessalonicenses 1.11-12)

É uma boa notícia que Deus designa que sua glória seja magnificada pelo exercício de sua graça.

Certamente, Deus é glorificado pelo poder de sua ira (Romanos 9.22), mas repetidamente o
Novo Testamento (e o Antigo Testamento; por exemplo, em Isaías 30.18) diz que devemos
experimentar a graça de Deus para que ele seja glorificado.

Reflita sobre como isso funciona na oração de 2Tessalonicenses 1.11-12.

Paulo ora para que Deus cumpra as nossas boas resoluções.

Como? Ele ora para que elas sejam realizadas “com poder [de Deus]”. Ou seja, que elas sejam
“[obras] de fé”.

Por quê? Para que Jesus seja glorificado em nós.

Isso significa que o doador recebe a glória. Se realizarmos uma boa resolução “pelo seu poder”,
ele recebe a glória. Nós temos fé; Ele concede poder. Nós recebemos a ajuda; ele é glorificado.
Esse é o acordo que nos mantém humildes e felizes e o mantém supremo e glorioso.

Então, Paulo diz que esta glorificação de Cristo é “segundo a graça do nosso Deus e do Senhor
Jesus”.

A resposta de Deus à oração de Paulo para que confiemos no poder de Deus para fazer boas
obras é graça. O poder de Deus para que você seja capacitado a fazer o que se propõe é graça.

É assim que ocorre no Novo Testamento repetidamente. Confie em Deus para capacitação
graciosa, e ele recebe a glória quando a ajuda vier.

Nós recebemos a ajuda. Ele recebe a glória.

É por isso que a vida cristã, e não apenas a conversão cristã, é uma boa notícia.

27. Ele conhece a sua necessidade

Versículo do dia: Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que comeremos? Que beberemos? Ou:
Com que nos vestiremos? Porque os gentios é que procuram todas estas coisas; pois vosso Pai
celeste sabe que necessitais de todas elas. (Mateus 6.31-32)

Jesus deseja que seus seguidores sejam livres da preocupação. Em Mateus 6.25-34, ele dá pelo
menos sete argumentos com o propósito de remover a nossa ansiedade. Um deles lista comida,
bebida e roupas, e então diz: “vosso Pai celeste sabe que necessitais de todas elas” (Mateus
6.32).

Jesus deve intencionar que o conhecimento de Deus é acompanhado por seu desejo de satisfazer
nossa necessidade. Ele está enfatizando que temos um Pai e que este Pai é melhor do que um
pai terreno.

Eu tenho cinco filhos. Eu amo satisfazer suas necessidades. Porém, meu conhecimento fica
aquém de Deus em pelo menos três maneiras.

Em primeiro lugar, agora mesmo eu não sei onde eles estão. Eu poderia presumir. Eles estão em
suas casas, no trabalho ou na escola, saudáveis e seguros. Mas, eles podem estar caídos em uma
calçada tendo um ataque cardíaco.

Em segundo lugar, eu não sei o que está no coração deles em um dado momento. Eu posso
imaginar de vez em quando. Porém, eles podem estar sentindo medo, dor, raiva, luxúria,
ganância, alegria ou esperança. Eu não consigo ver seus corações.

Em terceiro lugar, eu não conheço o futuro deles. Agora, eles podem parecer bem e estáveis.
Porém, amanhã uma grande tristeza pode vir sobre eles.

Isso significa que eu não posso ser para eles uma razão muito forte para que não se preocupem.
Há coisas que podem estar acontecendo com eles agora ou podem acontecer amanhã que eu
não conheço. Mas, é totalmente diferente com Pai celestial deles. Ele sabe tudo sobre eles agora
e amanhã, por fora e por dentro. Ele vê todas as necessidades.

Acrescente a isso, sua enorme disposição em atender às necessidades deles (o “quanto mais”
de Mateus 6.30).

Adicione a isso sua completa capacidade de fazer o que deseja (ele alimenta bilhões de aves por
hora, Mateus 6.26).

Então, junte-se a mim, confiando na promessa de Jesus de satisfazer as nossas necessidades. É


isso que Jesus está indicando quando diz: “Vosso Pai celeste sabe que necessitais de todas elas”.

28. Como arrepender-se

Versículo do dia: Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os
pecados e nos purificar de toda injustiça. (1João1.9)

Um sentimento vago e ruim de que você é uma pessoa miserável não é o mesmo que convicção
de pecado. Sentir-se arruinado não é o mesmo que arrependimento.

Nessa manhã, comecei a orar e me senti indigno de estar falando com o Criador do universo.
Esse foi um vago senso de indignidade. Então, eu disse a ele: e agora?

Nada mudou até que comecei a ser específico sobre meus pecados. Sentimentos de miséria
podem ser úteis se levam à convicção de pecados. Sentimentos vagos de ser uma pessoa má
não são muito úteis.

O nevoeiro da indignidade precisa tomar forma de claros pilares sombrios de desobediência.


Assim, você pode apontar para eles, arrepender-se, pedir perdão e buscar destruí-los.
Então, comecei a lembrar dos mandamentos que frequentemente quebrei. Esses são os que me
vieram à mente.

 Ame a Deus com todo seu coração, alma, mente e força. Não 95%, mas 100% (Mateus
22.37).

 Ame o seu próximo como a si mesmo. Esteja tão desejoso que as coisas ocorram bem
para ele quanto é para que as coisas vão bem para você (Mateus 22.39).

 Faça todas as coisas sem murmurar. Nenhuma murmuração — interior ou exterior


(Filipenses 2.14).

 Lance todas as suas ansiedades nele — de forma que você não seja mais abatido por
isso (1Pedro 5.7).

 Diga apenas aquilo que dá graça aos outros — especialmente àqueles mais próximos de
você (Efésios 4.29).

 Remir o tempo. Não desperdice ou seja ocioso (Efésios 5.16).

Muito para qualquer pretensão de grande santidade! Estou desfeito.

Mas agora é específico. Eu olho nos olhos. Eu não estou reclamando sobre me sentir mal. Peço
desculpas a Cristo por não ter guardado tudo o que ele ordenou.

Estou quebrantado e estou zangado com o meu pecado. Eu quero matá-lo, não a mim. Eu não
sou suicida. Eu sou um odiador e assassino do pecado. (“Fazei, pois, morrer a vossa natureza
terrena”, Colossenses 3.5; “Mortificardes os feitos do corpo”, Romanos 8.13).

Neste conflito, ouço a promessa: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos
perdoar os nossos pecados e nos purificar de toda injustiça” (1João 1.9). A paz surge.

A oração se torna possível, correta e poderosa novamente.

29. Converte-nos

Versículo do dia: Converte-nos, ó Senhor, para que possamos ser convertidos! (Lamentações
5.21, tradução própria)

Não há esperança para o povo de Deus, a menos que Deus os converta de seus desvios e queda
no pecado e incredulidade.

O livro de Lamentações é o livro mais sombrio da Bíblia. O próprio Deus havia dizimado a menina
dos seus olhos.

• “Deu o SENHOR cumprimento à sua indignação, derramou o ardor da sua ira; acendeu fogo
em Sião, que consumiu os seus fundamentos” (Lamentações 4.11).

• “Destruiu tudo o que era formoso à vista” (Lamentações 2.4).

• “O SENHOR a afligiu, por causa da multidão das suas prevaricações” (Lamentações 1.5).

Então, como o livro termina?

Ele termina com a única esperança que existe:


Converte-nos, ó Senhor, para que possamos ser convertidos.

Essa é minha única esperança, e sua única esperança.

Jesus disse a Pedro: “Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos peneirar como trigo!
Eu, porém, roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; tu, pois, quando te converteres,
fortalece os teus irmãos” (Lucas 22.31-32).

Não se você se converter. Mas, quando você se converter.

Cristo Jesus é aquele que está à destra de Deus, quem de fato está intercedendo por nós
(Romanos 8.34).

Ele nos converterá. Logo, “àquele que é poderoso para vos guardar de tropeços… seja a glória,
majestade, império e soberania, antes de todas as eras, e agora, e por todos os séculos” (Judas
1.24-25).

30. Graça prevalecente

Versículo do dia: “Tenho visto os seus caminhos e o sararei; também o guiarei e lhe tornarei a
dar consolação, a saber, aos que dele choram…” (Isaías 57.18)

Aprenda sua doutrina a partir de textos bíblicos. É melhor assim e alimenta a alma.

Por exemplo, aprenda a graça irresistível a partir dos textos. Desta forma, você verá que não
significa que a graça não pode ser resistida; significa que quando Deus escolhe, ele pode e vai
vencer essa resistência.

Em Isaías 57.17-19, por exemplo, Deus castiga o seu povo rebelde, ferindo-os e escondendo a
sua face deles: “Por causa da indignidade da sua cobiça, eu me indignei e feri o povo; escondi a
face e indignei-me” (versículo 17).

Porém, eles não responderam com arrependimento. Em vez disso, eles continuaram a
retroceder. Eles resistiram: “mas, rebelde, seguiu ele o caminho da sua escolha” (versículo 17).

Assim, a graça pode ser resistida. De fato, Estêvão disse aos líderes judeus: “vós sempre resistis
ao Espírito Santo” (Atos 7.51).

Então, o que Deus faz? Ele é incapaz de trazer aqueles que resistem ao arrependimento e à
integridade? Não. O próximo versículo diz: “Tenho visto os seus caminhos e o sararei; também
o guiarei e lhe tornarei a dar consolação, a saber, aos que dele choram” (versículo 18).

Assim, diante de um retrocesso recalcitrante e que resiste à graça, Deus diz: “Eu o sararei”. Ele
“restaurará” — a palavra é “farei íntegro ou completo”. Ela está relacionada com a palavra
shalom, “paz”. Essa integridade e paz é mencionada no versículo seguinte, que explica como
Deus se aproxima de alguém que retrocede e resiste à graça.

Ele faz isso “como fruto dos seus lábios criei a paz, paz (shalom, shalom) para os que estão longe
e para os que estão perto, diz o SENHOR, e eu o sararei” (versículo 19). Deus cria o que não
existe. É assim que nós somos salvos. E é assim que somos convertidos dos nossos desvios.

A graça de Deus triunfa sobre nossa resistência ao criar louvor onde não existia. Ele traz shalom,
shalom para o que está perto e para o que está longe. Integridade para o que está perto e para
o que está longe. Ele faz isso “curando”, ou seja, substituindo a doença da resistência pela saúde
da submissão.

A essência da graça irresistível não é que não podemos resistir. Nós podemos e nós resistimos.
O ponto é que quando Deus escolhe, ele supera nossa resistência e restaura um espírito
submisso. Ele cria. Ele diz: “Haja luz!”. Ele cura. Ele guia. Ele restaura. Ele consola.

Portanto, nunca nos orgulhemos de termos retornado de nossos desvios. Nós caímos sobre as
nossas faces diante do Senhor e com alegria tremente agradecemos por sua graça irresistível.

31. Cinco propósitos do sofrimento

Versículo do dia: Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a
Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. (Romanos 8.28)

Raramente nós conhecemos as micro razões de nossos sofrimentos, mas a Bíblia nos dá macro
razões que sustentam a fé.

É bom termos uma maneira de nos lembrar de algumas delas para que, quando de repente
formos afligidos ou tenhamos a chance de auxiliar outros em sua aflição, possamos lembrar de
algumas das verdades que Deus nos deu para nos ajudar a não perdermos a esperança.

Aqui está uma maneira de lembrar: cinco palavras (ou se ajudar, escolha três e tente embra-las).

Os macro propósitos de Deus em nossos sofrimentos incluem:

Arrependimento: O sofrimento é um chamado para que nós e outros deixemos de valorizar


qualquer coisa na terra acima de Deus. Lucas 13.4-5:

“Ou cuidais que aqueles dezoito sobre os quais desabou a torre de Siloé e os matou eram mais
culpados que todos os outros habitantes de Jerusalém? Não eram, eu vo-lo afirmo; mas, se não
vos arrependerdes, todos igualmente perecereis.”

Confiança: O sofrimento é um chamado para confiar em Deus e não nos suportes que sustentam
a vida do mundo. 2Coríntios 1.8-9:

“Porque não queremos, irmãos, que ignoreis a natureza da tribulação que nos sobreveio na Ásia,
porquanto foi acima das nossas forças, a ponto de desesperarmos até da própria vida. Contudo,
já em nós mesmos, tivemos a sentença de morte, para que não confiemos em nós, e sim no
Deus que ressuscita os mortos.”

Justiça: O sofrimento é a disciplina do nosso amoroso Pai celestial, para que possamos
compartilhar sua santidade. Hebreus 12.6, 10-11:

“Porque o Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe… Deus, porém, nos
disciplina para aproveitamento, a fim de sermos participantes da sua santidade. Toda disciplina,
com efeito, no momento não parece ser motivo de alegria, mas de tristeza; ao depois,
entretanto, produz fruto pacífico aos que têm sido por ela exercitados, fruto de justiça.”

Galardão: O sofrimento está operando para nós um grande galardão no céu que compensará
mil vezes cada perda aqui. 2Coríntios 4.17:

“Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória, acima de
toda comparação.”
Lembrança: O sofrimento nos lembra que Deus enviou seu Filho ao mundo para sofrer, para que
o nosso sofrimento não fosse uma condenação divina, mas a sua purificação. Filipenses 3.10:

“…para o conhecer, e o poder da sua ressurreição, e a comunhão dos seus sofrimentos.”

FEVEREIRO

1. Incluído na aliança

Versículo do dia: Ali, farei brotar a força de Davi; preparei uma lâmpada para o meu
ungido. Cobrirei de vexame os seus inimigos; mas sobre ele florescerá a sua coroa. (Salmo
132.17-18)

Quem se beneficiará das promessas que Deus fez a Davi?

 “Ali, farei brotar a força de Davi; preparei uma lâmpada para o meu ungido. Cobrirei de
vexame os seus inimigos; mas sobre ele florescerá a sua coroa” (Salmos 132.17-18).

 “Ah! Todos vós, os que tendes sede, vinde às águas; e vós, os que não tendes dinheiro,
vinde, comprai e comei… porque convosco farei uma aliança perpétua, que consiste nas
fiéis misericórdias prometidas a Davi” (Isaías 55.1, 3).

Seja quem for que chegue a Deus por meio de seu Filho Jesus Cristo, sedento do que ele é, em
vez de depender de quem somos ou do que fazemos, Deus fará com tal pessoa uma aliança.

Que aliança? Uma aliança firme e segura pelas “fiéis misericórdias [de Deus] a Davi”. Considero
que isso significa que estou incluído no pacto davídico. O que Davi receber, eu obterei em Cristo
Jesus.

E o que isso inclui?

Uma força brotará para mim. A saber, o grande poder lutará por mim e me protegerá. Haverá
uma lâmpada preparada por Deus para mim. Ou seja, a luz me cercará e a escuridão não me
vencerá. Haverá uma coroa para mim. Isto é, eu reinarei com o Filho de Davi e me assentarei
com ele no seu trono. “Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono” (Apocalipse
3.21).

É surpreendente que eu serei beneficiado pelas promessas feitas a Davi. Deus intenciona que
eu me maravilhe. Ele quer que eu deixe minhas devoções admirado com o poder, autoridade e
segurança com que sou amado por Deus.

2. O ciclo do perdão

Versículo do dia: Perdoa-nos os nossos pecados, pois também nós perdoamos a todo o que nos
deve; e não nos deixes cair em tentação. (Lucas 11.4)

Quem perdoa quem primeiro?

 “Perdoa-nos os nossos pecados, pois também nós perdoamos a todo o que nos deve”
(Lucas 11.4).

 “Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós” (Colossenses 3.13).
Quando Jesus nos ensina a orar para que Deus nos perdoe “pois também nós perdoamos”, ele
não está dizendo que o primeiro movimento no perdão foi nosso. Pelo contrário, isso ocorre
assim: Deus nos perdoou quando cremos em Cristo (Atos 10.43). Então, a partir dessa
quebrantada, alegre, grata e esperançosa experiência de sermos perdoados, oferecemos perdão
aos outros.

Isso significa que fomos perdoados salvificamente. Ou seja, nosso perdão aos outros demonstra
que temos fé, estamos unidos a Cristo e somos habitados pelo Espírito.

Porém, nós ainda pecamos (1João 1.8, 10). Portanto, ainda nos voltamos para Deus por novas
aplicações da obra de Cristo em nosso favor — novas aplicações do perdão. Não podemos fazer
isso com qualquer confiança se estivermos abrigando um espírito incompassivo (Mateus 18.23-
35).

É por isso que Jesus diz que nós pedimos perdão porque estamos perdoando. Isso é como dizer:
“Pai, continua a alcançar-me com as misericórdias compradas por Cristo, porque por meio
dessas misericórdias eu abandono a vingança e estendo aos outros o que você tem estendido a
mim”.

Que você conheça o perdão de Deus hoje novamente e que a graça transborde em seu coração
em perdão para com os outros.

3. O maior amor

Versículo do dia: Filhinhos, eu vos escrevo, porque os vossos pecados são perdoados, por causa
do seu nome. (1João 2.12)

Por que devemos enfatizar que Deus ama, perdoa e salva para sua própria glória? Aqui estão
duas razões (dentre muitas).

1) Porque a Bíblia o enfatiza.

“Eu, eu mesmo, sou o que apago as tuas transgressões por amor de mim e dos teus pecados não
me lembro” (Isaías 43.25).

“Por causa do teu nome, SENHOR, perdoa a minha iniquidade, que é grande” (Salmo 25.11).

“Assiste-nos, ó Deus e Salvador nosso, pela glória do teu nome; livra-nos e perdoa-nos os
pecados, por amor do teu nome” (Salmo 79.9).

“Posto que as nossas maldades testificam contra nós, ó SENHOR, age por amor do teu nome;
porque as nossas rebeldias se multiplicaram; contra ti pecamos” (Jeremias 14.7).

“Conhecemos, ó SENHOR, a nossa maldade e a iniquidade de nossos pais; porque temos pecado
contra ti. Não nos rejeites, por amor do teu nome; não cubras de opróbrio o trono da tua glória”
(Jeremias 14.20-21).

“[Cristo,] a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para manifestar
a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente
cometidos; tendo em vista a manifestação da sua justiça no tempo presente, para ele mesmo
ser justo e o justificador daquele que tem fé em Jesus” (Romanos 3.25-26).

“Seus pecados são perdoados por causa do seu nome” (1João 2.12).
2) Porque isso evidencia que Deus nos ama com o maior amor.

“Pai, a minha vontade é que onde eu estou, estejam também comigo os que me deste, para que
vejam a minha glória” (João 17.24).

Deus não nos ama de uma maneira que nos torna supremos, mas sim de uma maneira que faz
dele mesmo supremo. O céu não será um salão de espelhos, porém uma visão crescente da
grandeza infinita. Chegar ao céu e descobrir que somos supremos seria a máxima decepção.

O maior amor assegura que Deus faz tudo de modo a estabelecer e magnificar sua própria
supremacia, para que, quando chegarmos lá, tenhamos algo para aumentar nossa alegria para
sempre: a glória de Deus. O maior amor é Deus ter entregado a si mesmo por nós para nosso
gozo eterno, à custa da vida do seu Filho (Romanos 8.32).

4. Cinco maneiras pelas quais a aflição ajuda

Versículo do dia: Antes de ser afligido, andava errado, mas agora guardo a tua palavra. (Salmo
119.67)

Este versículo mostra que Deus envia aflição para nos ajudar a aprender sua palavra. Poderíamos
perguntar como a aflição nos ajuda a entender e guardar a palavra de Deus.

Existem inúmeras respostas, pois há inúmeras experiências. Porém, aqui estão cinco:

1. A aflição remove a suavidade da vida e nos torna mais sérios para que nossa
mentalidade esteja mais em sintonia com a solenidade da palavra de Deus.

2. A aflição golpeia os suportes mundanos sob nós e nos compele a confiarmos mais em
Deus, o que nos coloca em mais sintonia com o propósito da palavra.

3. A aflição nos faz examinar as Escrituras com maior desespero por ajuda, em vez de tratá-
la como periférica à vida.

4. A aflição nos leva à comunhão com os sofrimentos de Cristo, para que possamos estar
em comunhão com ele e ver mais facilmente o mundo através dos seus olhos.

5. A aflição mortifica desejos carnais enganosos e distratores, e assim nos conduz a um


estado mais espiritual que se adequa mais à palavra de Deus.

Que o Espírito Santo nos dê graça para não rejeitarmos a pedagogia de Deus.

5. O principal objetivo do ministério

Versículo do dia:Nós, porém, não somos dos que retrocedem para a perdição; somos,
entretanto, da fé, para a conservação da alma. (Hebreus 10.39)

Não olhe para o custo temporário do amor e recue da confiança nas infinitamente superiores
promessas de Deus, e você não somente perderá as promessas, mas também será destruído.

O inferno está em questão aqui, não apenas a perda de algumas recompensas adicionais.
Hebreus 10.39 diz: “não somos dos que retrocedem para a perdição”. Esse é o julgamento
eterno.
Portanto, alertamos uns aos outros: Não retroceda. Não ame o mundo. Não comece a pensar
que nada relevante está em jogo. Tema a perspectiva terrível de não estimar as promessas de
Deus acima das promessas do pecado.

Porém, principalmente, devemos nos concentrar na preciosidade das promessas e nos ajudar
mutuamente a valorizar acima de tudo o quão grande é a recompensa que Cristo comprou para
nós. Devemos dizer uns aos outros o que Hebreus 10.35 diz: “Não abandoneis, portanto, a vossa
confiança; ela tem grande galardão”. E, assim, devemos ajudar uns aos outros a ver a grandeza
do galardão.

Eu creio que essa é a principal tarefa da pregação e o principal objetivo dos pequenos grupos e
de todos os ministérios da igreja: ajudar as pessoas a verem a grandeza do que Cristo comprou
para todos aqueles que o valorizam acima do mundo. Ajude as pessoas a verem e provarem isso,
e os seus consequentes sacrifícios, para que o valor supremo de Deus resplandeça em sua
satisfação.

6. Injuriados aqui, recompensados no porvir

Versículo do dia: Ele é como árvore plantada junto a corrente de águas, que, no devido tempo,
dá o seu fruto, e cuja folhagem não murcha; e tudo quanto ele faz será bem-sucedido. (Salmo
1.3)

Como a promessa no Salmo 1.3 aponta para Cristo?

É dito: “tudo quanto ele faz será bem-sucedido”. Os justos prosperam em tudo o que fazem.
Isso é ingênuo ou profundamente verdadeiro?

Nesta vida, os ímpios muitas vezes prosperam. “Não te irrites por causa do homem que prospera
em seu caminho, por causa do que leva a cabo os seus maus desígnios” (Salmo 37.7). “Os que
cometem impiedade prosperam, sim, eles tentam ao SENHOR e escapam” (Malaquias 3.15).

E nesta vida os justos muitas vezes sofrem e sua bondade é recompensada com injúria. “Se
tivéssemos esquecido o nome do nosso Deus… porventura, não o teria atinado Deus… Mas, por
amor de ti, somos entregues à morte continuamente, somos considerados como ovelhas para o
matadouro” (Salmos 44.20-22).

Portanto, quando o salmista diz: “tudo quanto ele faz será bem-sucedido”, ele está apontando
através das ambiguidades desta vida para a vida após a morte, onde ficará evidente que tudo o
que temos feito é bem-sucedido.

Esta é a forma como Paulo pensou.

Primeiro, ele celebra a vitória de Cristo sobre a morte. “Onde está, ó morte, a tua vitória?…
Graças a Deus, que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo” (1Coríntios
15.55-57).

Em segundo lugar, ele extrai a implicação de que, por causa desse triunfo, toda a obra que os
crentes têm realizado prosperará. “Portanto, meus amados irmãos… o vosso trabalho não é vão”
(1Coríntios 15.58). Quando algo não é em vão, é bem-sucedido.

Porque Jesus morreu em nosso lugar, ele garantiu que toda boa ação finalmente prospera.
“Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem… Regozijai-vos e exultai,
porque é grande o vosso galardão nos céus” (Mateus 5.11-12). Injuriados aqui. Recompensados
no porvir.

O que parece ingênuo no Antigo Testamento (“tudo quanto ele faz será bem-sucedido”) aponta
profundamente para a obra de Cristo e a realidade da ressurreição.

7. Progresso de última hora

Versículo do dia: Jesus, lembra-te de mim quando vieres no teu reino. (Lucas 23.42)

Um dos maiores assassinos da esperança é você ter tentando mudar por tanto tempo e não ter
conseguido.

Você olha para trás e pensa: Qual é o proveito? Mesmo se eu pudesse experimentar um
progresso, haveria tão pouco tempo para viver em meu novo procedimento que não faria muita
diferença em comparação com tantas décadas de fracasso.

O ex-ladrão que estava na cruz ao lado de Jesus viveu cerca de mais uma hora antes de morrer.
Ele foi transformado. Ele viveu na cruz como um novo homem com novas atitudes e ações, sem
mais atos injuriosos. Mas 99,99% de sua vida foi desperdiçada. As últimas horas de novidade
importaram?

Elas importaram infinitamente. Esse ex-ladrão, como todos nós, estará diante do tribunal de
Cristo para prestar contas da sua vida. “Porque importa que todos nós compareçamos perante
o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio
do corpo” (2Coríntios 5.10). Como sua vida testemunhará naquele dia de seu novo nascimento
e de sua união com Cristo?

As últimas horas contarão a história. Este homem foi regenerado. Sua fé era real. Ele está
verdadeiramente unido a Cristo. A justiça de Cristo é sua. Seus pecados estão perdoados.

É isso que as últimas horas proclamarão no juízo final. Sua mudança importou. Foi, e será, um
belo testemunho do poder da graça de Deus e da realidade de sua fé e união com Cristo.

Agora, de volta à nossa luta por mudanças. Eu não estou dizendo que os crentes que lutam não
estão salvos, como o ladrão estava. Estou simplesmente dizendo que os últimos anos e as
últimas horas da vida são importantes.

Se no último 1% de nossas vidas, nós podemos obter uma vitória sobre algum hábito
pecaminoso persistente ou sobre um defeito prejudicial em nossa personalidade, será um belo
testemunho agora do poder da graça, e será no juízo final um testemunho adicional, ainda que
não o único, de nossa fé em Cristo e nossa união com ele.

Tenha coragem, lutador. Continue pedindo, buscando e batendo. Continue olhando para Cristo.
Se Deus obtém glória salvando ladrões na última hora, ele certamente tem seus propósitos do
porquê tem esperado até agora para lhe dar o progresso que você tem buscado por décadas.

8. Alegria em não sermos Deus

Versículo do dia: Tributai ao SENHOR, ó famílias dos povos, tributai ao SENHOR glória e força.
(Salmo 96.7)
Aqui está o que eu penso ser um pouco do que está incluído em uma experiência completa do
que o salmista solicita quando diz: “Tributai [ou seja, dai] ao Senhor força”.

Primeiro, pela graça divina, atentamos para Deus e vemos que ele é forte. Prestamos atenção à
sua força. Então, admitimos a grandeza da sua força. Nós damos a devida consideração ao seu
valor.

Percebemos que a sua força é maravilhosa. Porém, o que torna esta admiração um tipo de
“tributo” de louvor é que estamos especialmente alegres pela grandeza da força ser dele e não
nossa.

Nós sentimos uma profunda adequação no fato de que ele é infinitamente forte e nós não
somos. Adoramos o fato de que isso seja assim. Não invejamos a Deus por sua força. Não somos
cobiçosos do seu poder. Estamos cheios de alegria que toda força seja dele.

Tudo em nós se alegra em sair e contemplar esse poder, como se tivéssemos chegado à
celebração da vitória de um corredor de longa distância que havia nos derrotado na corrida, e
perceber ser nossa maior alegria admirar sua força, em vez de nos ressentirmos pela derrota.

Encontramos o sentido mais profundo na vida quando nossos corações voluntariamente


admiram o poder de Deus, ao invés de nos voltarmos para nos gloriarmos — ou mesmo
pensarmos — em nossa própria força. Nós descobrimos algo irresistível: É profundamente
satisfatório não ser Deus, e abandonar todos os pensamentos ou desejos de ser Deus.

Ao contemplarmos o poder de Deus, surge em nós uma percepção de que Deus criou o universo
para isso: Para que pudéssemos ter a experiência supremamente gratificante de não sermos
Deus, mas para admirarmos a divindade de Deus — a força de Deus. Nisso se estabelece sobre
nós uma satisfação cheia de paz que a admiração do infinito é o fim último de todas as coisas.

Nós trememos diante da menor tentação de reivindicar qualquer poder como vindo de nós
mesmos. Deus nos fez fracos para nos proteger disso: “Temos, porém, este tesouro em vasos
de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós” (2Coríntios 4.7).

Oh, que amor é esse, que Deus nos proteja de substituir as alturas eternas de admirar a sua
força pela tentativa fútil de nos vangloriarmos na nossa!

9. Melhor do que dinheiro, sexo e poder

Versículo do dia: Não abandoneis, portanto, a vossa confiança; ela tem grande galardão.
(Hebreus 10.35)

Nós precisamos refletir sobre a superioridade de Deus como nosso grande galardão sobre tudo
o que o mundo tem para oferecer. Se não o fizermos, amaremos o mundo e viveremos como
todas as outras pessoas.

Então, pense nas coisas que dirigem o mundo e pondere o quão melhor e mais permanente
Deus é. Medite sobre o dinheiro ou sexo ou poder e pense sobre eles em relação à morte. A
morte acabará com cada um deles. Se você vive para isso, não terá muito, e o que tem, você
perde.
Porém, o tesouro de Deus é permanente. Ele permanece. Vai além da morte. É melhor do que
o dinheiro, porque Deus é dono de todo o dinheiro e é nosso Pai. “Tudo é vosso, e vós, de Cristo,
e Cristo, de Deus” (1Coríntios 3.22-23).

É melhor do que o sexo. Jesus nunca teve relações sexuais, e ele foi o mais pleno e completo ser
humano que alguma vez existirá. O sexo é uma sombra — uma imagem — de uma realidade
maior, de um relacionamento e prazer que fará o sexo parecer um bocejo.

O galardão de Deus é melhor que o poder. Não há maior poder humano do que ser filho do Deus
Todo-Poderoso. “Não sabeis que havemos de julgar os próprios anjos?” (1Coríntios 6.3).

E assim prossegue. Quanto a tudo que o mundo tem para oferecer, Deus é melhor e mais
permanente.

Não há comparação. Deus sempre vence. A pergunta é: Nós teremos a Deus? Será que
acordaremos do êxtase desse mundo entorpecedor e veremos, creremos, nos alegraremos e
amaremos?

10. A fé salvífica não é facilmente satisfeita

Versículo do dia: E, se, na verdade, se lembrassem daquela de onde saíram, teriam oportunidade
de voltar. Mas, agora, aspiram a uma pátria superior, isto é, celestial. (Hebreus 11.15-16)

A fé vê o futuro prometido que Deus oferece e o “deseja”. Meditemos nisso por um momento.

Há muitas pessoas que rebaixam o que é a fé salvífica, tornando-a uma mera decisão destituída
de mudança do que alguém deseja e busca. Mas, a essência deste texto é que viver e morrer
pela fé significa ter novos desejos e buscar novas satisfações.

O versículo 14 diz que os santos do passado (os quais são elogiados por sua fé em Hebreus 11)
estavam buscando um tipo diferente de pátria, em vez do que esse mundo oferecia. E o versículo
16 acima diz que eles desejavam algo melhor do que uma existência terrena presente poderia
oferecer.

Eles tinham sido tão conquistados por Deus e nada menos do que o céu poderia satisfazê-los.

Assim, esta é a verdadeira fé salvífica: ver as promessas de Deus à distância e experimentar uma
mudança de valores, de forma que você deseja e busca as promessas acima ao invés do que
mundo tem para oferecer.

11. A melhor forma de escravidão

Versículo do dia: Porque o que foi chamado no Senhor, sendo escravo, é liberto do Senhor;
semelhantemente, o que foi chamado, sendo livre, é escravo de Cristo. (1Coríntios 7.22)

Eu poderia esperar que Paulo trocasse os lugares de “Senhor” e “Cristo”.

Ele relaciona nossa libertação com Jesus como nosso Mestre (“liberto do Senhor”), e relaciona
nossa nova escravidão com Jesus como nosso Messias (“escravo de Cristo”). Mas, de fato, o
Messias veio para libertar seu povo daqueles que lhes escravizavam; e os mestres controlam a
vida das pessoas.
Por que Paulo fala assim? Sugestão: A troca tem dois efeitos sobre a nossa nova liberdade e dois
efeitos sobre a nossa nova escravidão.

Ao nos chamar de “libertos do Senhor”, ele protege e limita nossa nova liberdade:

1. O senhorio de Jesus está sobre todos os outros senhores; então nossa libertação é
incontestável — segura.

2. Porém, livres de todos os outros senhores, não somos livres dele. Nossa liberdade é
misericordiosamente limitada.

Ao nos chamar de “escravos de Cristo”, ele afrouxa e suaviza nossa escravidão:

1. O Messias reivindica para si mesmo trazê-los dos confins do cativeiro para os lugares
espaçosos da paz: “para que se aumente o seu governo, e venha paz sem fim” (Isaías
9.7).

2. E o Messias os faz seus, para dar-lhes a mais doce alegria: “Eu […] o saciaria com o mel
que escorre da rocha” (Salmo 81.16); e essa Rocha é Cristo.

12. A providência de Lincoln

Versículo do dia: Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de


Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos! (Romanos
11.33)

Abraham Lincoln, que nasceu neste dia em 1809, permaneceu cético, e às vezes até mesmo
sarcástico, sobre a religião até os seus quarenta anos. Logo, é surpreendente como o sofrimento
pessoal e nacional atraiu Lincoln para a realidade de Deus, ao invés de afastá-lo.

Em 1862, quando Lincoln tinha 53 anos, Willie, seu filho de 11 anos, morreu. A esposa de Lincoln
“tentou lidar com seu sofrimento buscando médiuns da Nova Era”. Lincoln se aproximou de
Phineas Gurley, pastor da Igreja Presbiteriana da Avenida Nova York, em Washington.

Várias longas conversas levaram àquilo que Gurley descreveu como “uma conversão a Cristo”.
Lincoln confessou: “fui levado muitas vezes aos joelhos pela convicção irresistível de que não
tinha para onde ir”.

Da mesma forma, os horrores dos soldados mortos e feridos o atingiam diariamente. Havia
cinquenta hospitais para os feridos em Washington. A rotunda do Capitólio tinha 2.000 leitos
para soldados feridos.

Normalmente, cinquenta soldados morriam por dia nesses hospitais temporários. Tudo isso
conduziu Lincoln mais profundamente à providência de Deus. “Não podemos deixar de crer que
aquele que criou o mundo ainda o governa”.

Sua declaração mais famosa sobre a providência de Deus em relação à guerra civil foi o seu
segundo discurso inaugural, que ocorreu um mês antes dele ser assassinado. Esse discurso é
notável por não fazer de Deus um simples defensor da União ou da causa confederada. Deus
tem seus próprios desígnios e não desculpa o pecado de qualquer parte.

Esperamos veementemente — oramos fervorosamente — que este poderoso flagelo da guerra


acabe rapidamente…
Ainda assim, se Deus quiser que continue, até que toda a riqueza acumulada pelos duzentos
anos de trabalho não remunerado dos escravos se esgote, e até que cada gota de sangue tirada
com o chicote seja paga com outra tirada com a espada, como foi dito há três mil anos, assim
deve ser afirmado: “os juízos do SENHOR são verdadeiros e todos igualmente, justos”.

Eu oro por todos vocês que sofrem perdas, dores e grande tristeza para que isso os desperte,
como fez com Lincoln, não para um niilismo vazio, mas para uma confiança mais profunda na
infinita sabedoria e amor da inescrutável providência de Deus.

13. A cidade perfeita

Versículo do dia: Deus… lhes preparou uma cidade. (Hebreus 11.16)

Sem poluição, pichação, lixo, pintura desbotando ou garagens caindo aos pedações, sem grama
morta ou vidros quebrados, sem conversas desagradáveis na rua, sem confrontos diante dos
seus olhos, sem conflitos ou violência no lar, sem perigos de noite, sem incêndios, mentiras,
roubos ou assassinatos, sem vandalismo e sem feiura.

A cidade de Deus será perfeita porque Deus estará nela. Ele andará e falará nela, e se
manifestará em cada parte. Tudo o que é bom, belo, santo, pacífico, verdadeiro e feliz estará lá,
porque Deus estará lá.

A justiça perfeita estará lá e recompensará mil vezes cada dor sofrida em obediência a Cristo. E
ela nunca se corromperá. Em verdade, ela será cada vez mais brilhante, conforme a eternidade
se estender em eras eternas de crescente alegria.

Quando você deseja esta cidade acima de tudo na terra, então você honra a Deus, que, de
acordo com Hebreus 11.10, é o seu arquiteto e edificador. E quando Deus é honrado, ele se
agrada e não se envergonha de ser chamado de seu Deus.

14. Cristo como meio e fim

Versículo do dia: Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em
mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si
mesmo se entregou por mim. (Gálatas 2.19-20)

Por que Deus criou o universo, e por que ele o governa do modo como o faz? O que Deus está
realizando? Jesus Cristo é um meio para esse propósito ou o fim desse propósito?

Jesus Cristo é a suprema revelação de Deus. Ele é Deus em forma humana. Como tal, ele é o fim,
não um meio.

A manifestação da glória de Deus é o sentido do universo. Isso é o que Deus está realizando. Os
céus e a história do mundo estão “proclamando a glória de Deus”.

Porém, Jesus Cristo foi enviado para realizar algo que precisava ser feito. Ele veio para remediar
a queda. Ele veio para salvar os pecadores da inevitável destruição por causa do pecado deles.
Esses redimidos verão, provarão e evidenciarão a glória de Deus com alegria eterna.

Outros continuarão a desprezar a glória de Deus. Portanto, Jesus Cristo é o meio para o que
Deus quis realizar na manifestação da sua glória para o deleite do seu povo.
Mas, na consumação na cruz, enquanto morria pelos pecadores, Cristo revelou supremamente
o amor e a justiça do Pai. Esse foi o ápice da revelação da glória de Deus: a glória da sua graça.

Portanto, no exato momento de seu ato perfeito como o meio do propósito de Deus, Jesus se
tornou o fim desse propósito. Ao morrer no lugar dos pecadores e ao ressuscitar para a vida
deles, ele se tornou a revelação central e suprema da glória de Deus.

Assim, Cristo crucificado é o meio e o fim do propósito de Deus no universo.

Sem a sua obra, esse fim de revelar a plenitude da glória de Deus para o deleite do povo de Deus
não teria acontecido.

E enquanto agia como meio, ele se tornou o fim — aquele que para todo o sempre será o foco
da nossa adoração, enquanto passarmos a eternidade vendo e provando cada vez mais do que
ele revelou de Deus quando se tornou uma maldição por nós.

Jesus é o fim pelo qual o universo foi criado e o meio que torna esse fim possível de ser
desfrutado.

15. Cada passo ao Calvário era amor

Versículo do dia: Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós. (1 João 3.16)

O amor de Cristo por nós em sua morte era tão consciente quanto seu sofrimento era
intencional. Se ele foi voluntário em dar a sua vida, isso foi por nós. Isso era amor.

“Ora, antes da Festa da Páscoa, sabendo Jesus que era chegada a sua hora de passar deste
mundo para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim” (João
13.1).

Cada passo no caminho do Calvário significava: “Eu te amo”.

Assim, sentir o amor de Cristo ao entregar a sua vida, ajuda-nos a ver como isso era
completamente intencional.

Veja o que Jesus disse logo após aquele violento momento em que Pedro tentou cortar a cabeça
do servo, mas cortou apenas a orelha.

“Então, Jesus lhe disse: Embainha a tua espada; pois todos os que lançam mão da espada à
espada perecerão. Acaso, pensas que não posso rogar a meu Pai, e ele me mandaria neste
momento mais de doze legiões de anjos? Como, pois, se cumpririam as Escrituras, segundo as
quais assim deve suceder?” (Mateus 26.52-54).

Uma coisa é dizer que os detalhes da morte de Jesus foram preditos no Antigo Testamento.
Porém, uma coisa muito maior é dizer que o próprio Jesus estava fazendo suas escolhas
precisamente para que as Escrituras fossem cumpridas.

Isso é o que Jesus disse que estava fazendo em Mateus 26.54. “Eu poderia escapar desta miséria,
mas como, pois, se cumpririam as Escrituras, segundo as quais assim deve suceder?”.

Eu não estou escolhendo seguir o caminho que eu poderia tomar, porque eu conheço as
Escrituras. Eu sei o que deve acontecer. É minha escolha cumprir tudo o que está predito sobre
mim na Palavra de Deus.
16. Quando a obediência parece impossível

Versículo do dia: Pela fé, Abraão, quando posto à prova, ofereceu Isaque. (Hebreus 11.17)

Exatamente agora, para muitos de vocês, a obediência é semelhante ao fim de um sonho; para
outros isso ainda está por acontecer. Você sente que se fizer o que a Palavra de Deus ou o
Espírito de Deus está lhe chamando para fazer, isso o tornará miserável, e que não há nenhuma
forma pela qual Deus faça isso cooperar para o bem.

Talvez a ordem ou chamado de Deus que você ouve agora é ficar casado ou solteiro, permanecer
nesse emprego ou deixá-lo, ser batizado, falar no trabalho sobre Cristo, recusar comprometer
seus padrões de honestidade, confrontar uma pessoa em pecado, tentar uma nova vocação, ser
um missionário. E como você vê em sua mente limitada, a perspectiva de fazer isso é terrível —
é como a perda de Isaque.

Você considerou todos os ângulos humanos e é impossível que isso ocorra bem.

Agora, você sabe como foi para Abraão. Esta história está na Bíblia para você.

Você deseja a Deus, seu caminho e suas promessas mais do que qualquer coisa, e crê que ele
pode honrar e honrará a sua fé e obediência, não se envergonhando de chamar-se de seu Deus
e usando toda a sua sabedoria, poder e amor para transformar o caminho da obediência no
caminho da vida e alegria?

Essa é a crise que você enfrenta agora: Você o deseja? Você confiará nele? A palavra de Deus
para você é: Deus é digno e Deus é capaz.

17. Os doces desígnios de Deus

Versículo do dia: Quando, porém, ao que me separou antes de eu nascer e me chamou pela sua
graça… (Gálatas 1.15)

Reflita sobre a conversão de Paulo, a soberania de Cristo e a relação dos pecados de Paulo com
a sua salvação.

Paulo disse: Deus “me separou antes de eu nascer”. E então, no caminho de Damasco “me
chamou pela sua graça” (Gálatas 1.15). Isso significa que, entre o nascimento de Paulo e seu
chamado no caminho de Damasco, ele era um instrumento de Deus já escolhido, porém ainda
não chamado (Atos 9.15; 22.14).

Isso indica que Paulo estava batendo, aprisionando e assassinando cristãos como um
missionário escolhido por Deus, que em breve seria feito um cristão.

“Ora, aconteceu que, indo de caminho e já perto de Damasco, quase ao meio-dia,


repentinamente, grande luz do céu brilhou ao redor de mim. Então, caí por terra, ouvindo uma
voz que me dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues?” (Atos 22.6-7).

Não havia como negar ou fugir. Deus o havia escolhido para isso antes dele nascer. E agora Deus
o tomaria para si. A palavra de Cristo foi soberana. Não houve negociação.

Levanta-te, entra em Damasco, pois ali te dirão acerca de tudo o que te é ordenado fazer (Atos
22.10).
Damasco não era a vontade final e livre de Paulo cedendo a Cristo após décadas de vão esforço
divino para salvá-lo. Deus teve um tempo para escolhê-lo (antes dele nascer) e um tempo para
chamá-lo (no caminho de Damasco). Paulo cedeu quando Deus chamou.

Logo, os pecados que Deus permitiu entre o nascimento de Paulo e seu chamado eram parte do
plano, já que Deus poderia ter agido antes como o fez em Damasco.

Nós temos alguma ideia de qual deve ter sido o plano para esses pecados? Sim. Eles foram
permitidos por você e por mim — por todos os que temem ter pecado a ponto de serem
excluídos da graça. Aqui está a forma como Paulo relaciona os pecados dele a você:

“A mim, que, noutro tempo, era blasfemo, e perseguidor, e insolente. Mas obtive misericórdia…
por esta mesma razão, me foi concedida misericórdia, para que, em mim, o principal,
evidenciasse Jesus Cristo a sua completa longanimidade, e servisse eu de modelo a quantos hão
de crer nele para a vida eterna” (1 Timóteo 1.13, 16).

Oh, quão doces são os desígnios de Deus na soberana salvação dos pecadores endurecidos!

18. Quando você é imortal

Versículo do dia: Quando amanheceu, os judeus se reuniram e, sob anátema, juraram que não
haviam de comer, nem beber, enquanto não matassem Paulo. (Atos 23.12)

E sobre aqueles companheiros famintos que prometeram não comer até que matassem Paulo?

Lemos a respeito deles em Atos 23.12: “Quando amanheceu, os judeus se reuniram e, sob
anátema, juraram que não haviam de comer, nem beber, enquanto não matassem Paulo”. Isso
não funcionou. Por quê? Porque uma série de eventos improváveis aconteceu.

 Um rapaz ouviu a trama.

 O menino era filho da irmã de Paulo.

 O menino teve a coragem de ir até o centurião romano que guardava Paulo.

 O centurião acreditou nele e o levou ao comandante.

 O comandante creu nele e preparou “duzentos soldados, setenta de cavalaria e


duzentos lanceiros” para guardarem Paulo.

Altamente improvável. Estranho. Mas, foi o que aconteceu.

O que os homens famintos que estavam em emboscada não sabiam? Eles não consideraram o
que acontecera com Paulo pouco antes de fazerem a sua trama. O Senhor havia aparecido a
Paulo na prisão e dito: “Coragem! Pois do modo por que deste testemunho a meu respeito em
Jerusalém, assim importa que também o faças em Roma” (Atos 23.11).

Cristo disse que Paulo deveria ir para Roma. E assim aconteceu. Nenhuma emboscada pode
resistir à promessa de Cristo. Até que chegasse a Roma, Paulo era imortal. Havia um testemunho
final a ser dado. E Cristo cuidaria de que Paulo o desse.

Você também tem um testemunho final para dar. E você é imortal até que o dê.
19. O tipo de frio que mata

Versículo do dia: Ele envia as suas ordens à terra, e sua palavra corre velozmente. (Salmo
147.15)

Hoje à noite, estará 4 graus mais quente em nosso freezer da cozinha do que aqui fora em
Minneapolis. A temperatura mais elevada amanhã será de 20 graus abaixo de zero. Nós
recebemos isso da mão do Senhor.

Ele envia as suas ordens à terra, e

Sua palavra corre velozmente;

Dá a neve como lã e

Espalha a geada como cinza.

Ele arroja o seu gelo em migalhas;

Quem resiste ao seu frio?

Manda a sua palavra e o derrete;

Faz soprar o vento, e as águas correm.

(Salmo 147.15-18)

Esse é o tipo de frio com o qual você não brinca. Ele mata.

Quando vim para Minnesota da Carolina do Sul, eu me vesti para o frio. Porém, não preparei os
equipamentos de primeiros socorros em caso de uma falha mecânica.

Um domingo à noite, no caminho de casa vindo da igreja, em meio a esse tipo de frio, meu carro
quebrou. Isso foi antes dos telefones celulares. Eu tinha duas crianças pequenas no carro.

Não havia ninguém nesta estrada. De repente eu percebi que isso era perigoso.

Em breve isso seria muito perigoso. Ninguém veio.

Eu vi, a distância, a cerca de uma casa. Eu sou o pai. Este é o meu trabalho. Pulei a cerca, corri
até a casa e bati na porta. Eles estavam em casa. Eu expliquei que tinha uma esposa e duas
crianças pequenas no carro, e perguntei se eles nos deixariam entrar. Eles permitiram.

Esse é um tipo de frio com o qual você não brinca.

Essa é mais uma forma de Deus dizer: “Esteja quente ou frio, alto ou profundo, afiado ou sem
corte, barulhento ou silencioso, iluminado ou escuro… Não brinque comigo. Eu sou Deus. Eu fiz
todas essas coisas. Elas falam sobre mim, assim como as brisas quentes do verão, as chuvas
leves, as noites agradáveis e iluminadas pela Lua, a movimentação à beira do lago, os lírios do
campo e as aves do céu”.

Há uma palavra para nós nesse frio. Que o Senhor nos dê pele para sentir e ouvidos para ouvir.
20. Maravilhado com a ressurreição

Versículo do dia: Amados, esta é, agora, a segunda epístola que vos escrevo; em ambas, procuro
despertar com lembranças a vossa mente esclarecida. (2 Pedro 3.1)

À medida que a Páscoa se aproxima, vamos despertar nossa gratidão, alegria, admiração e
maravilha pelo que a ressurreição de Jesus significa para nós. A maldição de nossa natureza
caída é que aquilo que uma vez nos emocionou torna-se comum. A realidade não mudou. Nós
mudamos.

É por isso que a Bíblia existe. Pedro diz que suas duas cartas são escritas para “estimular” ou
“despertar” por meio de “lembranças”.

Então, despertemos nossas mentes esclarecidas por meio de lembranças.

O que Deus fez ao ressuscitar Jesus dentre os mortos? Aqui estão algumas respostas bíblicas.

Por causa da ressurreição de Jesus, nós nascemos de novo para uma viva esperança.

1 Pedro 1.3: “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua muita
misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo
dentre os mortos”.

Por causa da ressurreição de Jesus, ele agora tem a glória para a qual nós fomos criados. Nosso
destino final é vê-lo como ele é.

1 Pedro 1.21: “Deus… o ressuscitou dentre os mortos e lhe deu glória”.

João 17.5, 24: “E, agora, glorifica-me, ó Pai, contigo mesmo, com a glória que eu tive junto de ti,
antes que houvesse mundo… Pai, a minha vontade é que onde eu estou, estejam também
comigo os que me deste, para que vejam a minha glória que me conferiste, porque me amaste
antes da fundação do mundo”.

Que o Senhor Jesus ressurreto desperte a sua mente esclarecida para novas profundezas de
adoração, fidelidade e alegria.

21. Nosso servo Jesus

Versículo do dia: O próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a
sua vida em resgate por muitos. (Marcos 10.45)

Jesus não somente era o servo do seu povo enquanto vivia na terra, mas também será nosso
servo quando ele voltar. “Em verdade vos afirmo que ele há de cingir-se, dar-lhes lugar à mesa
e, aproximando-se, os servirá” (Lucas 12.37).

Não apenas isso, ele é nosso servo agora. “De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te
abandonarei. Assim, afirmemos confiantemente: O Senhor é o meu auxílio, não temerei; que
me poderá fazer o homem?” (Hebreus 13.5-6).

Deprecia o Cristo ressurreto dizer que ele foi, é e será para sempre o servo do seu povo? Poderia
depreciar se “servo” significasse “aquele que cumpre ordens”, ou se pensássemos sermos
senhores dele. Sim, isso o desonraria. Porém, não o desonra dizer que somos fracos e
necessitados.
Não o desonra dizer que ele é o único que pode nos servir com aquilo que mais precisamos.

Não o desonra dizer que ele é uma fonte inesgotável de amor, e que quanto mais ele nos ajuda
e quanto mais dependemos do seu serviço, mais maravilhosos os seus auxílios se evidenciam.
Portanto, podemos dizer com confiança: “Jesus Cristo vive para servir!”.

Ele vive para salvar. Ele vive para dar. E ele se agrada por isso ser assim.

Ele não está sobrecarregado com as suas necessidades. Ele prospera em carregar o fardo. Ele
ama trabalhar “para aquele que nele espera” (Isaías 64.4). Ele se agrada “dos… que esperam na
sua misericórdia” (Salmo 147.11). Seus olhos “passam por toda a terra, para mostrar-se forte
para com aqueles cujo coração é totalmente dele” (2 Crônicas 16.9).

Jesus Cristo é exuberante em serviço onipotente por causa de todos os que confiam nele.

22. Deleite em sua plenitude

Versículo do dia: Todos nós temos recebido da sua plenitude e graça sobre graça. (João 1.16)

Pouco antes do culto no domingo passado, o pequeno grupo de santos que orava se esforçava
lutando pela fé do nosso povo e pelas igrejas das cidades e pelas nações enquanto orava. Em
um dado momento, um homem orou as palavras de João 1.14, 16:

E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória,
glória como do unigênito do Pai… Porque todos nós temos recebido da sua plenitude e graça
sobre graça.

Esse foi um daqueles momentos de epifania para mim. Deus concedeu naquele momento que a
palavra “plenitude” — de sua plenitude — transmitisse uma abundância que foi extraordinária
em seu efeito sobre mim. Eu senti alguma medida do que a palavra realmente indica — a
plenitude de Cristo.

Eu senti um pouco da maravilha de que, sim, eu realmente tinha recebido graça sobre a graça
dessa plenitude. E estava naquele momento recebendo graça sobre graça. Achei adequado que
nada seria mais doce do que simplesmente sentar aos seus pés — ou ler minha Bíblia — durante
toda a tarde e sentir a sua plenitude transbordar.

Por que essa plenitude teve tal impacto em mim — e por que ainda nesse momento me comove
de modo incomum? Em parte, porque…

 …Aquele de cuja plenitude sou cheio de graça é o Verbo que estava com Deus e era Deus
(João 1.1-2), de modo que sua plenitude é a plenitude de Deus — uma plenitude divina,
uma plenitude infinita;

 …Esse Verbo se fez carne e assim foi um de nós e estava nos buscando com sua plenitude
— é uma plenitude acessível;

 …Quando esse Verbo apareceu em forma humana, sua glória foi vista — é uma
plenitude gloriosa;

 …Esse Verbo era o “Unigênito do Pai” (João 1.14), de modo que a plenitude divina estava
sendo mediada para mim não apenas a partir de Deus, mas por meio de Deus — Deus
não enviou um anjo, mas seu Filho unigênito para conceder a sua plenitude;
 …A plenitude do Filho é uma plenitude de graça — eu não me afogarei nessa plenitude,
mas serei abençoado em todos os sentidos por ela;

 …Essa plenitude não é apenas uma plenitude de graça, mas também de verdade — eu
não sou agraciado com a lisonja que ignora a verdade; essa graça está enraizada em
inabalável realidade

23. O momento do perigo incomum

Versículo do dia: Se, pelo nome de Cristo, sois injuriados, bem-aventurados sois, porque sobre
vós repousa o Espírito da glória e de Deus. (1 Pedro 4.14)

Atualmente, muitos cristãos no mundo desconhecem o perigo que ameaça a vida do crente em
Cristo. Nós nos acostumamos a ser livres de tal perseguição. Isso parece ser como as coisas
devem ocorrer.

Assim, nossa primeira reação ao perigo de que as coisas sejam de outra forma é muitas vezes a
ira. Porém, essa ira pode ser um sinal de que perdemos nosso senso de sermos estrangeiros e
forasteiros (“Amados, exorto-vos, como peregrinos e forasteiros que sois…” – 1 Pedro 2.11).

Talvez tenhamos nos acomodado demais nesse mundo. Não sentimos saudades de Cristo como
Paulo: “Pois a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor
Jesus Cristo” (Filipenses 3.20).

Muitos de nós precisam da lembrança: “Amados, não estranheis o fogo ardente que surge no
meio de vós, destinado a provar-vos, como se alguma coisa extraordinária vos estivesse
acontecendo” (1 Pedro 4.12).

Alguma vez você já se perguntou como agirá no momento da última tribulação? O homem
armado mira em você e pergunta: “Você é um cristão?”. Aqui está uma palavra forte para lhe
dar esperança de que pode agir melhor do que imagina.

“Se, pelo nome de Cristo, sois injuriados, bem-aventurados sois, porque sobre vós repousa o
Espírito da glória e de Deus” (1 Pedro 4.14). Esse encorajamento de Pedro diz que no momento
do perigo incomum (seja insulto ou morte) haverá “o Espírito da glória e de Deus repousando
sobre nós”. Não significa isso que Deus concede ajuda especial na hora da crise para aqueles
que sofrem por serem cristãos?

Não intenciono dizer que Deus esteja ausente em nossos outros sofrimentos. Eu apenas quero
dizer que Pedro saiu de seu curso para dizer àqueles que sofrem “pelo nome de Cristo” que
experimentarão um especial “repouso” sobre eles do “Espírito da glória e de Deus”.

24. Deus abre o coração

Versículo do dia: Certa mulher, chamada Lídia, da cidade de Tiatira, vendedora de púrpura,
temente a Deus, nos escutava; o Senhor lhe abriu o coração para atender às coisas que Paulo
dizia. (Atos 16.14)

Em todos os lugares onde Paulo pregou, alguns creram e outros não. Como devemos entender
o porquê de alguns dos mortos em delitos e pecados (Efésios 2.1, 5) crerem e outros não?
O motivo pelo qual alguns não creram é que eles “rejeitaram” a palavra de Deus (Atos 13.46),
porque a mensagem do evangelho lhes era “loucura” e não puderam entendê-la (1 Coríntios
2.14). A mente carnal “é inimizade contra Deus, pois não está sujeita à lei de Deus, nem mesmo
pode estar” (Romanos 8.7).

Todo aquele que ouve e rejeita o evangelho “aborrece a luz e não se chega para a luz, a fim de
não serem arguidas as suas obras” (João 3.20). Eles permanecem “obscurecidos de
entendimento… por causa da ignorância em que vivem, pela dureza do seu coração” (Efésios
4.18). Essa é uma ignorância culpada. A verdade está disponível. Mas eles, pela sua impiedade,
“detêm a verdade pela injustiça” (Romanos 1.18).

Mas, por que alguns creem, já que todos estamos nessa condição de rebelde dureza de coração,
mortos em nossos delitos? O livro de Atos dá a resposta em pelo menos três formas diferentes.
Uma delas é que eles são destinados a crer. Quando Paulo pregou em Antioquia da Pisídia, os
gentios se alegraram e “creram todos os que haviam sido destinados para a vida eterna” (Atos
13.48).

Outra maneira de responder por que alguns creem é que Deus concedeu arrependimento.
Quando os santos de Jerusalém ouviram que os gentios estavam respondendo ao evangelho e
não apenas os judeus, disseram: “também aos gentios foi por Deus concedido o arrependimento
para vida” (Atos 11.18).

Porém, a resposta mais clara em Atos à pergunta do porquê uma pessoa crê no evangelho é que
Deus abre o coração. Lídia é o melhor exemplo. Por que ela creu? Atos 16.14 diz: “o Senhor lhe
abriu o coração para atender às coisas que Paulo dizia”.

25. Você é muito amado

Versículo do dia: Entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da
nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da
ira, como também os demais. Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor
com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo,
– pela graça sois salvos. (Efésios 2.3-5)

Você não gostaria de ouvir o anjo Gabriel dizer: “Você é muito amado”?

Isso aconteceu três vezes com Daniel.

 “No princípio das tuas súplicas, saiu a ordem, e eu vim, para to declarar, porque és mui
amado” (Daniel 9.23).

 “Ele me disse: Daniel, homem muito amado, está atento às palavras que te vou dizer;
levanta-te sobre os pés, porque eis que te sou enviado” (Daniel 10.11).

 “E disse: Não temas, homem muito amado! Paz seja contigo!” (Daniel 10.19).

Seja encorajado. Se você tem fé em Jesus, o próprio Deus diz a você: “Você é muito amado”.

Nós “éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais. Mas Deus, sendo rico em
misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos
delitos, nos deu vida juntamente com Cristo… Porque pela graça sois salvos, mediante a fé”
(Efésios 2.3-5, 8).
Isso é melhor do que a voz de um anjo. Se você está “vivo”, você é muito amado.

26. Quando Deus se torna 100% por nós

Versículo do dia: …entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações
da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos
da ira, como também os demais. (Efésios 2.3)

Toda a ira de Deus e toda a condenação que nós merecemos foram derramadas sobre Jesus.
Todas as exigências da perfeita justiça de Deus foram cumpridas por Cristo. No momento em
que vemos esse Tesouro (pela graça!) e o recebemos dessa forma, sua morte é contada como a
nossa morte, sua condenação como nossa condenação, sua justiça como nossa justiça, e Deus
se torna 100% irrevogável e eternamente favorável a nós naquele instante.

A questão que isso deixa sem resposta é: “A Bíblia não ensina que na eternidade Deus
estabeleceu o seu favor sobre nós na eleição?”.

Em outras palavras, pessoas pensativas questionam: “Será que Deus se tornou 100% por nós
somente no momento da fé, da união com Cristo e da justificação? Ele não se tornou 100% por
nós no ato da eleição antes da fundação do mundo?”. Paulo diz em Efésios 1.4-5: “Assim como
[Deus] nos escolheu, nele [em Jesus], antes da fundação do mundo, para sermos santos e
irrepreensíveis perante ele; e em amor nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por
meio de Jesus Cristo”.

Então, Deus não é 100% pelos eleitos desde a eternidade? A resposta depende do significado de
“100%”.

Com o termo “100%” estou tentando assegurar uma verdade bíblica encontrada em várias
passagens da Escritura. Por exemplo, em Efésios 2.3, Paulo diz que os cristãos eram “filhos da
ira” antes de serem vivificados em Cristo Jesus: “Todos nós andamos outrora [entre os filhos da
desobediência], segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos
pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais”.

Paulo está dizendo que antes da regeneração a ira de Deus estava sobre nós. Os eleitos estavam
sob ira. Isso mudou quando Deus nos vivificou em Cristo Jesus e nos despertou para vermos a
verdade e beleza de Cristo, para que o recebêssemos como aquele que morreu por nós e como
aquele cuja justiça é imputada como nossa, devido à nossa união com Jesus. Antes que isso
ocorresse conosco, estávamos sob a ira de Deus. Então, por causa da fé em Cristo e da união
com ele, toda a ira de Deus foi removida e Deus então se tornou, nesse sentido, 100% por nós.

Portanto, alegre-se na verdade de que Deus o preservará. Ele o conduzirá até o fim porque, em
Cristo, ele é 100% por você. E, portanto, perseverar até o fim não faz Deus ser 100% por você.
Esse é o efeito do fato de que ele já é 100% por você.

27. Efeitos radicais da ressurreição

Versículo do dia: Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais
infelizes de todos os homens. (1 Coríntios 15.19)
Paulo conclui a partir dos seus perigos a toda hora, sua morte diária e sua luta com feras que a
vida que ele escolheu ao seguir a Jesus é tola e infeliz se ele não ressuscitar dentre os mortos.

Se a morte fosse o fim de tudo, ele diz: “comamos e bebamos, que amanhã morreremos” (1
Coríntios 15.32). Isso não significa: Tornemo-nos todos glutões e bêbados. Eles são infelizes
também — com ou sem a ressurreição. Paulo quer dizer: Se não há ressurreição, o que faz
sentido é a moderação para maximizar os prazeres terrenos.

Porém, não é isso o que Paulo escolhe. Ele escolhe o sofrimento, porque escolhe a obediência.
Na sua conversão, quando Ananias veio a ele com as palavras do Senhor Jesus: “Eu lhe mostrarei
quanto lhe importa sofrer pelo meu nome” (Atos 9.16), Paulo aceitou isso como parte do seu
chamado.

Como Paulo poderia fazer isso? Qual era a fonte dessa obediência radical? A resposta é dada em
1 Coríntios 15.20: “Mas, de fato, Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as primícias dos
que dormem”. Em outras palavras, Cristo ressuscitou e eu ressuscitarei com ele. Portanto,
nenhum sofrimento por Jesus é vão (1 Coríntios 15.58).

A esperança da ressurreição mudou radicalmente a forma como Paulo viveu. Isso o libertou do
materialismo e do consumismo. Isso lhe deu o poder de viver sem coisas que muitas pessoas
sentem que precisam ter nessa vida. Por exemplo, embora tivesse o direito de se casar (1
Coríntios 9.5), ele renunciou a esse prazer porque foi chamado a suportar muito sofrimento.

Essa é a maneira como Jesus disse que a esperança da ressurreição deve mudar nosso
comportamento. Por exemplo, ele nos disse para convidar para nossas casas pessoas que não
podem nos retribuir nessa vida. Como somos motivados a fazer isso? “Tua recompensa, porém,
tu a receberás na ressurreição dos justos” (Lucas 14.14).

Esse é um apelo radical para que examinemos nossa vida presente para ver se ela é moldada
pela esperança da ressurreição. Nós tomamos decisões com base no ganho nesse mundo ou no
mundo porvir? Arriscamo-nos pelo amor que só pode ser tido como sábio se houver uma
ressurreição?

Que Deus nos ajude a nos dedicarmos novamente, por toda a vida, de modo que a ressurreição
tenha seus efeitos radicais.

28. Decisiva e completamente justificado

Versículo do dia: Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica.
(Romanos 8.33)

Paulo poderia ter dito aqui: “Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus?”, e depois ter
respondido: “Ninguém! Nós somos justificados”. Isso é verdade. Porém, não foi isso que ele
disse. Em vez disso, ele responde: “É Deus quem os justifica”.

A ênfase não está no ato, mas nAquele que pratica o ato.

Por quê? Porque no mundo dos tribunais e das leis de onde vem essa linguagem, a absolvição
de nosso juiz poderia ser anulada por alguém superior.
Assim, de que vale um juiz local o absolver quando você é culpado, se um governador tem o
direito de lhe acusar novamente? E de que vale um governador o absolver quando você é
culpado, se o imperador pode lhe condenar?

Então, esse é o ponto: Acima de Deus, não há tribunais superiores. Se Deus é aquele que lhe
absolve — que declara que você é justo aos seus olhos — ninguém pode apelar, ninguém pode
pedir uma anulação, ninguém pode buscar outras acusações contra você. A sentença de Deus é
decisiva e completa.

Portanto, ouçam isto, todos os que crerão em Jesus, serão unidos a Cristo e mostrarão estar
entre os eleitos: Deus é quem lhes justifica. Não um juiz humano. Não um grande profeta. Nem
um arcanjo do céu. Mas Deus, o criador do mundo, o dono de todas as coisas e governador do
universo e de cada molécula e pessoa nele, Deus é quem lhes justifica.

A suma: segurança inabalável em face de terrível sofrimento. Se Deus é por nós, ninguém pode
ser contra nós. Se Deus deu seu Filho por nós, ele nos dará tudo o que for bom para nós. Se Deus
é quem nos justifica, não pode haver nenhuma acusação contra nós.

29. Cinco recompensas pela generosidade

Versículo do dia: Compartilhai as necessidades dos santos; praticai a hospitalidade. (Romanos


12.13)

Quais são as recompensas se nós confiamos nas promessas de Deus, damos generosamente e
abrimos nossos lares uns aos outros e aos necessitados?

1. O sofrimento dos santos será aliviado ou pelo menos diminuído. Isso é o que este
versículo quer dizer quando afirma: “Compartilhai as necessidades dos santos”. Nós
levantamos um fardo, aliviamos o estresse e damos esperança. E isso é uma
recompensa!

2. A glória de Deus é demonstrada. Mateus 5.16: “Assim brilhe também a vossa luz diante
dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está
nos céus”. Casas generosas e receptivas manifestam a glória, bondade e excelência de
Deus em sua vida. A razão pela qual Deus nos dá dinheiro e lares é para que, pela
maneira como os usamos, as pessoas possam ver que eles não são o nosso Deus, mas
que Deus é o nosso Deus e tesouro.

3. Mais ações de graças são dadas a Deus. 2 Coríntios 9.12: “O ministério dessa assistência
não apenas supre a necessidade dos santos, mas também redunda em muitas graças a
Deus”. Deus nos deu dinheiro e casas não apenas para que sejamos agradecidos, mas
para que por meio de nossa generosidade e hospitalidade muitas pessoas sejam gratas
a Deus.

4. Nosso amor por Deus e seu amor por nós é confirmado. 1 João 3.17: “Ora, aquele que
possuir recursos deste mundo, e vir a seu irmão padecer necessidade, e fechar-lhe o seu
coração, como pode permanecer nele o amor de Deus?”. Em outras palavras, quando
damos generosamente e abrimos nossas casas, o amor de Deus é confirmado em nossas
vidas. Nós somos verdadeiros. Nós não somos falsos cristãos.
5. Finalmente, depositamos um tesouro no céu. Lucas 12.33-34: “Vendei os vossos bens e
dai esmola; fazei para vós outros bolsas que não desgastem, tesouro inextinguível nos
céus… porque, onde está o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração”.

As casas generosas e receptivas estão próximas do centro da vida em Cristo. As razões pelas
quais não abrimos nossos talões de cheques e nossos lares tão frequentemente como
deveríamos estão enraizadas na escravidão do medo e da ganância. O remédio é o prazer da
presença de Cristo e a certeza de sua promessa: “E o meu Deus, segundo a sua riqueza em glória,
há de suprir, em Cristo Jesus, cada uma de vossas necessidades” (Filipenses 4.19).

Nossa recompensa é a demonstração da glória de Deus, o bem dos outros e a alegria de


entesourar em Cristo para sempre. Portanto, exorto-lhes: “Compartilhai as necessidades dos
santos; praticai a hospitalidade”.

MARÇO

01. De onde vem nosso consolo

Versículo do dia: Eles, porém, clamavam: Fora! Fora! Crucifica-o! Disse-lhes Pilatos: Hei de
crucificar o vosso rei? Responderam os principais sacerdotes: Não temos rei, senão César! Então,
Pilatos o entregou para ser crucificado. (João 19.15-16)

A autoridade de Pilatos para crucificar Jesus não o intimidou. Por que não?

Não porque Pilatos estava mentindo. Não porque ele não tinha autoridade para crucificar Jesus.
Ele o crucificou.

Antes, essa autoridade não intimidou Jesus porque ela era derivada. Jesus disse: “ela te foi dada
de cima”. O que significa que é realmente autoritativa. Não menos, porém mais.

Então, como isso não é intimidante? Pilatos não somente tem autoridade para matar Jesus. Ele
tem autoridade dada por Deus para matá-lo.

Isso não intimida Jesus porque a autoridade de Pilatos sobre ele está subordinada à autoridade
de Deus sobre Pilatos. Jesus recebe seu consolo nesse momento não porque a vontade de
Pilatos é impotente, mas porque a vontade de Pilatos é guiada. Não porque Jesus não está nas
mãos temíveis de Pilatos, mas porque Pilatos está nas mãos do Pai de Jesus.

Isso indica que nosso consolo não vem da impotência dos nossos inimigos, mas do governo
soberano do nosso Pai sobre o poder deles.

Esse é o ponto de Romanos 8.35-37. A tribulação, angústia, perseguição, fome, nudez, perigo e
a espada não podem nos separar de Cristo, porque “em todas estas coisas somos mais que
vencedores, por meio daquele que nos amou” (Romanos 8.35-37).

Pilatos (e todos os adversários de Jesus — e nossos) intentaram o mal. Porém, Deus o tornou
em bem (Gênesis 50.20). Todos os inimigos de Jesus se uniram com a autoridade que Deus lhes
deu “para fazerem tudo o que a mão [de Deus] e o propósito [de Deus] predeterminaram” (Atos
4.28). Eles pecaram. Mas, por meio de seu pecado, Deus salvou.

Portanto, não se intimidem com seus adversários que só podem matar o corpo. Não apenas
porque isso é tudo o que eles podem fazer (Lucas 12.4), mas também porque isso é feito sob a
mão vigilante do seu Pai.
“Não se vendem cinco pardais por dois asses? Entretanto, nenhum deles está em esquecimento
diante de Deus. Até os cabelos da vossa cabeça estão todos contados. Não temais! Bem mais
valeis do que muitos pardais” (Lucas 12.6-7).

Pilatos tem autoridade. Herodes tem autoridade. Soldados têm autoridade. Satanás tem
autoridade. Mas ninguém é independente. Toda a autoridade deles é derivada. Tudo isso é
subordinado à vontade de Deus. Não tema. Você é precioso para o seu soberano Pai. Muito mais
precioso do que os pássaros que não são esquecidos.

02. Arme-se com promessas

Versículo do dia: Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus. (Mateus 5.8)

Quando Paulo diz para mortificarmos os feitos do corpo “pelo Espírito” (Romanos 8.13), eu
considero que ele quer dizer que devemos usar a única arma na armadura do Espírito que é
usada para matar. Ou seja, a espada, a qual é a palavra de Deus (Efésios 6.17).

Assim, quando o corpo está prestes a ser levado a uma ação pecaminosa por algum medo ou
desejo, devemos pegar a espada do Espírito e matar esse medo e desejo. Em minha experiência,
isso significa principalmente cortar a raiz da promessa do pecado pelo poder de uma promessa
superior.

Assim, por exemplo, quando começo a desejar algum prazer sexual ilícito, a espada que muitas
vezes cortou a raiz desse prazer prometido é: “Bem-aventurados os limpos de coração, porque
verão a Deus” (Mateus 5.8). Eu me lembro de prazeres que provei ao contemplar a Deus mais
claramente a partir de uma consciência pura; e lembro-me da brevidade, superficialidade e
amargor opressivo dos prazeres do pecado, e com isso, Deus matou o poder conquistador do
pecado.

Ter consigo promessas que se adequem à tentação do momento é uma chave para a guerra
eficaz contra o pecado.

Porém, há momentos em que não temos em nossas mentes uma palavra de Deus perfeitamente
adequada. E não há tempo para buscar na Bíblia uma promessa feita sob medida. Então, todos
nós precisamos ter um pequeno arsenal de promessas gerais prontas para usarmos sempre que
o medo ou desejo ameaçam nos desviar.

Esteja constantemente aumentando o seu arsenal de promessas. Mas nunca perca de vista
aquelas poucas promessas preciosas que Deus abençoou em sua vida. Faça as duas coisas. Esteja
sempre pronto com a antiga. E todas as manhãs busque uma nova para ter consigo durante o
dia.

03. Deus opera através de bons propósitos

Versículo do dia: Por isso, também não cessamos de orar por vós, para que o nosso Deus vos
torne dignos da sua vocação e cumpra com poder todo propósito de bondade e obra de fé. (2
Tessalonicenses 1.11)

Buscar o poder de Deus para cumprir nossos bons propósitos não significa que nós realmente
não decidimos ou que realmente não usamos o poder da vontade.
O envolvimento do poder de Deus nunca toma o lugar do envolvimento da nossa vontade! O
poder de Deus na santificação nunca nos torna passivos! O poder de Deus se estabelece por
baixo, por trás ou dentro de nossa vontade, não em lugar de nossa vontade.

A evidência do poder de Deus em nossas vidas não é a ausência de nossa vontade, mas a força
de nossa disposição.

Qualquer um que diga: “Bem, eu creio na soberania de Deus e por isso vou apenas sentar e não
fazer nada”, realmente não crê na soberania de Deus. Pois por que alguém que crê na soberania
de Deus lhe desobedeceria tão descaradamente?

Quando você se senta para não fazer nada, não está sem fazer nada. Você está ativamente
envolvendo sua vontade em uma decisão de sentar-se. E se essa é a forma como você lida com
o pecado ou tentação em sua vida, isso é desobediência flagrante, porque somos ordenados a
combater um bom combate (1 Timóteo 1.18), resistir ao diabo (Tiago 4.7) e seguir a santificação
(Hebreus 12.14).

Esse versículo diz que é pelo poder de Deus que nós cumpriremos nosso bom propósito e nossa
obra de fé. Porém, isso não anula o significado da palavra “propósito” e da palavra “obra”. Parte
de todo o processo de caminharmos de modo digno do chamado de Deus é o engajamento ativo
de nossa vontade ao propor agir com justiça.

Se você tem pecado persistente em sua vida, ou se continua negligenciando alguma boa obra,
só porque tem esperado ser salvo sem lutar, você está agravando a sua desobediência. Deus
nunca se manifestará com poder em sua vontade em qualquer outra forma além de um bom
propósito que você faz e mantém.

Assim, as pessoas que creem na soberania de Deus não devem temer envolver as suas vontades
na luta pela santidade. “Esforçai-vos por entrar pela porta estreita, pois eu vos digo que muitos
procurarão entrar e não poderão” (Lucas 13.24).

04. Deus se alegra em lhe fazer o bem

Versículo do dia: Farei com eles aliança eterna, segundo a qual não deixarei de lhes fazer o bem…
Alegrar-me-ei por causa deles e lhes farei bem. (Jeremias 32.40-41)

Essa é uma daquelas promessas de Deus que eu relembro repetidamente quando fico
desanimado (sim, isso acontece com os pastores). Você pode pensar em qualquer fato mais
encorajador do que Deus se alegrar em fazer-lhe o bem?

Ele não deixou de cumprir a sua promessa (Romanos 8.28). É a alegria dele fazer-lhe o bem. E
não apenas algumas vezes. Sempre! “Não deixarei de lhes fazer o bem”.

Mas, às vezes, nossa situação é tão difícil de suportar que simplesmente não podemos sentir
qualquer alegria. Quando isso acontece comigo, tento imitar Abraão: “esperando contra a
esperança, creu” (Romanos 4.18). Deus sempre foi fiel em guardar essa pequena centelha de fé
para mim e, eventualmente (não imediatamente), a transforma em uma chama de felicidade e
plena confiança.

Oh, como sou contente em saber que aquilo que faz o Deus Todo-Poderoso mais feliz é fazer o
bem a você e a mim!
05. Olhe para Jesus para sua alegria

Versículo do dia: Praticam, porém, todas as suas obras com o fim de serem vistos dos homens…
Amam o primeiro lugar nos banquetes e as primeiras cadeiras nas sinagogas, as saudações nas
praças e o serem chamados mestres pelos homens.. (Mateus 23.5-7)

A coceira da autorrecompensa deseja ardentemente pelo coçar da autoaprovação. Ou seja, se


estamos tendo prazer em nos sentirmos autossuficientes, não estaremos satisfeitos sem que
outros vejam e aplaudam nossa autossuficiência.

Por isso a descrição de Jesus dos escribas e fariseus em Mateus 23.5-7.

Isso é irônico. A autossuficiência deveria libertar a pessoa orgulhosa da necessidade de ser


aprovada pelos outros. Isso é o que significa “suficiente”. Porém, evidentemente há um vazio
nessa suposta autossuficiência.

O eu nunca foi projetado para satisfazer a si mesmo ou confiar em si mesmo. Ele nunca pode
ser suficiente. Somos apenas a imagem de Deus, não o próprio Deus. Somos sombras e ecos.
Portanto, haverá sempre um vazio na alma que luta para ser satisfeita com os recursos do eu.

Esse desejo vão pelo louvor de outros sinaliza o fracasso do orgulho e a ausência de fé na
constante graça Deus. Jesus viu o efeito terrível desse anseio pela glória humana. Ele o citou em
João 5.44: “Como podeis crer, vós os que aceitais glória uns dos outros e, contudo, não procurais
a glória que vem do Deus único?”. A resposta é: você não pode. O desejo pela glória de outras
pessoas torna a fé impossível. Por quê?

Porque fé significa ser satisfeito com tudo o que Deus é para você em Jesus. E se você é inclinado
a obter a satisfação da sua coceira com o coçar da aclamação dos outros, você se afastará de
Jesus.

Porém, caso você se converta do eu como a fonte de satisfação (arrependimento), e venha a


Jesus para o gozo de tudo o que Deus é para nós nele (fé), então a coceira será substituída por
uma fonte a jorrar para a vida eterna (João 4.14).

06. Deus recompensa o humilde

Versículo do dia: O Deus eterno é a tua habitação e, por baixo de ti, estende os braços eternos.
(Deuteronômio 33.27)

Agora você pode estar passando por coisas que estão dolorosamente preparando-lhe para
algum serviço precioso a Jesus e ao seu povo. Quando uma pessoa atinge o fundo do poço com
uma sensação de nulidade ou desamparo, pode descobrir que atingiu a Rocha Eterna.

Lembro-me de uma frase deliciosa do Salmo 138.6 que lemos nos devocionais do café da manhã
no sábado passado: “O SENHOR é excelso, contudo, atenta para os humildes”.

Você não pode afundar tão fundo ao desesperar dos seus próprios recursos a ponto de Deus
não ver e se importar. Na verdade, ele está no fundo esperando para te segurar. Como Moisés
diz: “O Deus eterno é a tua habitação e, por baixo de ti, estende os braços eternos”
(Deuteronômio 33.27).
Sim, ele vê você tremendo e escorregando. Ele poderia agarrá-lo (e muitas vezes o faz) antes
que você chegasse ao fundo. Mas, dessa vez, ele tem algumas novas lições para ensinar.

O salmista disse no Salmo 119.71: “Foi-me bom ter eu passado pela aflição, para que aprendesse
os teus decretos”. Ele não diz que foi fácil, divertido ou agradável. Ao relembrar, ele
simplesmente diz: “Foi-me bom”.

Na semana passada eu estava lendo um livro de um ministro escocês chamado James Stewart.
Ele disse: “No serviço de amor, somente os soldados feridos podem servir”. É por isso que eu
acredito que alguns de vocês estão sendo preparados agora para algum precioso serviço de
amor. Porque vocês estão sendo feridos.

Não pense que sua ferida lhe ocorreu à parte do propósito gracioso de Deus. Lembre-se da sua
palavra: “Vede, agora, que Eu Sou, Eu somente, e mais nenhum deus além de mim… eu firo e eu
saro” (Deuteronômio 32.39).

Que Deus conceda uma graça especial a você que está gemendo sob algum fardo. Olhe
ansiosamente para a renovada ternura de amor que Deus está lhe comunicando agora mesmo.

07. Como posso ser cheio com o Espírito?

Versículo do dia: Pois tudo quanto, outrora, foi escrito para o nosso ensino foi escrito, a fim de
que, pela paciência e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança. (Romanos 15.4)

Como podemos ser cheios com o Espírito Santo? Como podemos experimentar um
derramamento do Espírito Santo sobre nossa igreja que nos encha de alegria indomável e nos
liberte e capacite a amarmos aqueles que nos rodeiam de maneiras tão autênticas que eles
sejam ganhos para Cristo?

Resposta: Medite de dia e de noite sobre as incomparáveis promessas Deus, as quais dão
esperança. Como o versículo acima nos mostra, foi dessa forma que Paulo manteve seu coração
cheio de esperança, alegria e amor.

A plena certeza da esperança vem a partir da meditação nas promessas da Palavra de Deus. E
isso não contradiz a sentença de oito versos posteriores que diz que o Espírito Santo nos dá
esperança (Romanos 15.13). Isso acontece porque o Espírito Santo é o autor divino da Escritura.
Não é contraditório que a maneira como ele nos enche de esperança é enchendo-nos com sua
própria palavra de promessa.

A esperança não é alguma emoção vaga que surge do nada, como uma dor de estômago. A
esperança é a confiança de que o maravilhoso futuro prometido pela Palavra do Espírito
realmente se tornará realidade. Portanto, o modo de ser cheio com o Espírito é ser cheio com a
sua Palavra. O caminho para ter o poder do Espírito é crer nas promessas da sua Palavra.

Pois é a palavra da promessa que nos enche de esperança, a esperança nos enche de alegria e a
alegria transborda no poder e na liberdade de amar o próximo. E essa é a plenitude do Espírito
Santo.

08. Abra as janelas do seu coração


Versículo do dia: Pus sobre ele o meu Espírito… Não esmagará a cana quebrada, nem apagará
a torcida que fumega. (Isaías 42.1-3)

Provavelmente, as palavras mais encorajadoras que eu tenho ouvido em semanas vieram de


uma profecia em Isaías 42.1-3, sobre como Jesus usará seu poder espiritual.

Você se sente como uma “cana quebrada” — como um daqueles grandes lírios que têm a haste
esticada até que a flor caia no chão e não tenha mais vida? Você já se sentiu como se sua fé
fosse apenas uma pequena faísca em vez de uma chama — como aquele pequeno ponto
vermelho no pavio depois que você apaga a vela de aniversário?

Coragem! O Espírito de Cristo é o Espírito de encorajamento: ele não tirará a sua flor; ele não
apagará sua centelha.

“O Espírito do Senhor está sobre mim… para evangelizar os pobres” (Lucas 4.18). “Nascerá o sol
da justiça, trazendo salvação nas suas asas” (Malaquias 4.2). “[Ele é] manso e humilde de
coração; e achareis descanso para a vossa alma” (Mateus 11.29). “Espera pelo SENHOR, tem
bom ânimo, e fortifique-se o teu coração; espera, pois, pelo SENHOR” (Salmos 27.14).

Pode ser um sofrimento para nós que sejamos apenas uma faísca em vez de um fogo flamejante.
Mas ouça e seja encorajado: Sim, há uma grande diferença entre uma faísca e um fogo. Porém,
há uma diferença infinita entre uma faísca e nenhuma! Uma semente de mostarda (de fé) está
infinitamente mais próxima de ser uma montanha do que de ser semente nenhuma.

Abra a janela das promessas de Deus e deixe o Espírito soprar em cada recâmara do seu coração.
O Vento Santo de Deus não quebrará ou apagará. Ele levantará sua cabeça e fará a sua faísca
tornar-se uma chama. Ele é o Espírito de encorajamento.

09. Deus cuida de você

Versículo do dia: Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que ele, em tempo
oportuno, vos exalte, lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós.
(1 Pedro 5.6-7)

Por que a ansiedade quanto ao futuro é uma forma de orgulho?

A resposta de Deus seria algo como isso:

Eu — o Senhor, seu Criador — sou aquele que lhe conforta, que promete cuidar de você; e
aqueles que lhe ameaçam são meros homens mortais. Portanto, seu medo significa que você
não confia em mim — e mesmo que não tenha certeza de que seus próprios recursos cuidarão
de você, ainda assim opta por uma autossuficiência frágil, em vez de crer na minha graça futura.
Assim, todo o seu temor — fraco como é — revela orgulho.

O remédio? Converta-se da autossuficiência para a dependência de Deus e coloque sua fé no


poder todo-suficiente da graça futura.

Vemos a ansiedade como uma forma de orgulho em 1 Pedro 5.6-7. Observe a conexão
gramatical entre os versos. “Humilhai-vos… sob a poderosa mão de Deus… [versículo 7] lançando
sobre ele toda a vossa ansiedade”. O versículo 7 não é uma nova sentença. É uma cláusula
subordinada. “Humilhai-vos… [por meio de] lançar sobre ele toda a vossa ansiedade”.
Isso significa que lançar suas ansiedades sobre Deus é um modo de se humilhar sob a poderosa
mão de Deus. É como dizer: “Coma educadamente… mastigando com a boca fechada”. “Dirija
com cuidado… mantendo os olhos abertos”. “Seja generoso… convidando alguém para o Dia de
Ação de Graças”.

Uma maneira de ser humilde é lançar todas as suas ansiedades sobre Deus. O que significa que
um obstáculo para lançar suas ansiedades sobre Deus é o orgulho. O que significa que a
preocupação indevida é uma forma de orgulho.

Agora, por que lançar as nossas ansiedades sobre o Senhor é o oposto do orgulho? Porque o
orgulho não gosta de admitir que tem alguma ansiedade. E se o orgulho tem que admitir isso,
ainda assim, ele não gosta de admitir que o remédio pode ser confiar em alguém que é mais
sábio e mais forte.

Em outras palavras, o orgulho é uma forma de incredulidade e não gosta de confiar na futura
graça de Deus. A fé admite a necessidade de auxílio. O orgulho não. A fé confia em Deus para
ajudar. O orgulho não. A fé lança ansiedades sobre Deus. O orgulho não.

Portanto, a maneira de lutar contra a incredulidade do orgulho é admitir voluntariamente que


você tem ansiedades e valorizar a promessa da graça futura nas palavras: “Ele tem cuidado de
vós”

10. Adoremos ao Cordeiro

Versículo do dia: Eu chorava muito, porque ninguém foi achado digno de abrir o livro, nem
mesmo de olhar para ele. (Apocalipse 5.4)

Você já pensou em suas orações como o aroma do céu? A Semana Santa me atraiu novamente
para ler Apocalipse 4 e 5. Aqui há um vislumbre da vida no céu.

Em Apocalipse 5, vemos o Deus todo-poderoso no trono com um livro em sua mão. O livro tinha
sete selos. Todos eles precisavam ser removidos antes que o livro fosse aberto.

Eu acho que a abertura do livro representa os últimos dias da história e a retirada dos sete selos
representa o tipo de história que viveremos à medida que nos aproximarmos desses dias.

A princípio, João chorou pois não havia ninguém digno de abrir o livro e nem de olhar para ele
(5.4). Mas, então, o ancião no céu diz: “Não chores; eis que o Leão da tribo de Judá, a Raiz de
Davi, venceu para abrir o livro e os seus sete selos” (5.5).

Ao morrer na cruz, Jesus conquistou o direito de abrir o restante da história redentora e conduzir
o seu povo vitoriosamente através dela.

No próximo verso, o Leão é retratado como um Cordeiro, “de pé… como tendo sido morto” (5.6).
Essa não é uma bela imagem da vitória de Jesus na cruz?

É tão certo como se um leão tivesse devorado o inimigo — mas a maneira como ele conseguiu
a vitória foi deixando o inimigo matá-lo como um cordeiro!

Portanto, agora o Cordeiro é digno de tomar o livro da história redentora da mão de Deus e abri-
lo. Esse é um ato tão digno de um rei que os vinte e quatro anciãos do céu (o conselho de
adoração de Deus, por assim dizer) se prostram diante do Cordeiro em adoração.
E você sabe o que são as taças de ouro cheias de incenso? O versículo 8 diz que elas são “as
orações dos santos”. Isso não significa que nossas orações são o aroma do céu, aroma agradável
diante do trono de Deus e do Cordeiro?

Sou fortalecido e encorajado a orar com mais frequência e vigor, quando penso que minhas
orações estão sendo reunidas e armazenadas no céu, e oferecidas a Cristo repetidamente em
atos celestiais de adoração.

Bendigamos, honremos e adoremos a Cristo aqui em baixo com nossas orações e, depois,
alegremo-nos duplamente que o conselho de adoração do céu as oferece novamente a Cristo
como aroma agradável de incenso diante do Cordeiro que foi morto.

11. Duas verdades infinitamente fortes e doces

Versículo do dia: Que desde o princípio anuncio o que há de acontecer e desde a antiguidade, as
coisas que ainda não sucederam; que digo: o meu conselho permanecerá de pé, farei toda a
minha vontade. (Isaías 46.10)

A palavra “soberania” (como a palavra “trindade”) não ocorre na Bíblia. Nós a usamos para nos
referir a essa verdade: Deus está no controle definitivo do mundo desde a maior guerra
internacional até à queda do menor pássaro na floresta.

Aqui está como a Bíblia o afirma: “Eu sou Deus, e não há outro semelhante a mim… o meu
conselho permanecerá de pé, farei toda a minha vontade” (Isaías 46.9-10). “[Deus] opera com
o exército do céu e os moradores da terra; não há quem lhe possa deter a mão, nem lhe dizer:
Que fazes?” (Daniel 4.35). “Mas, se ele resolveu alguma coisa, quem o pode dissuadir? O que
ele deseja, isso fará. Pois ele cumprirá o que está ordenado a meu respeito” (Jó 23.13-14). “No
céu está o nosso Deus e tudo faz como lhe agrada” (Salmo 115.3).

Uma razão pela qual essa doutrina é tão preciosa para os crentes é que sabemos que o grande
desejo de Deus é demonstrar misericórdia e bondade aos que confiam nele (Efésios 2.7, Salmos
37.3-7, Provérbios 29.25). A soberania de Deus significa que este propósito para conosco não
pode ser frustrado.

Nada, absolutamente nada, acontece àqueles “que amam a Deus” e “são chamados segundo o
seu propósito”, senão o que é para o nosso mais profundo e mais elevado bem (Romanos 8.28;
Salmo 84.11).

Logo, a misericórdia e a soberania de Deus são os dois pilares da minha vida. Elas são a esperança
do meu futuro, a força do meu serviço, o centro da minha teologia, o vínculo do meu casamento,
o melhor remédio para todas as minhas enfermidades, o antídoto contra todos os meus
desânimos.

E quando eu vier a morrer (mais cedo ou mais tarde), estas duas verdades permanecerão em
meu leito e com mãos infinitamente fortes e infinitamente afetuosas me erguerão até Deus.

12. Quando o Oleiro é por nós


Versículo do dia: Ai daquele que contende com o seu Criador! E não passa de um caco de barro
entre outros cacos. Acaso, dirá o barro ao que lhe dá forma: Que fazes? Ou: A tua obra não tem
alça? (Isaías 45.9)

A majestade de Deus é magnificada quando o vemos através da lente da criação ex nihilo (a


partir do nada). Deus ordena ao nada, e ele obedece e se torna algo.

A partir do nada, ele fez o barro e, do barro, ele nos fez — a olaria do Senhor (Isaías 45.9) — a
sua possessão, destinados para a sua glória, em total dependência dele.

“Sabei que o SENHOR é Deus; foi ele quem nos fez, e dele somos; somos o seu povo e rebanho
do seu pastoreio” (Salmo 100.3). É algo humilhante ser uma ovelha e um caco de barro que
pertencem a outra pessoa.

Nesta manhã eu estava lendo Isaías e encontrei outra declaração sobre a majestade de Deus.
Quando eu a coloco junto com o poder absoluto e os direitos de Deus como Criador, uma
combustão é iniciada em meu coração. Bum!

Isaías 33.21 diz: “Mas o SENHOR ali nos será grandioso”!

Nos será! Por nós! O Criador é por nós e não contra nós. Com todo o poder no universo e com
absoluto direito de fazer o que lhe aprouver com o que ele criou — Deus é por nós!

“Nem com os olhos se viu Deus além de ti, que trabalha para aquele que nele espera.” (Isaías
64.4). “Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Romanos 8.31).

Você pode pensar em alguma coisa (eu quero dizer qualquer coisa) que é mais reconfortante,
asseguradora e deleitosa do que o fato de que o Senhor grandioso é por você?

13. Jesus é o amém de Deus

Versículo do dia: Porque quantas são as promessas de Deus, tantas têm nele o sim; porquanto
também por ele é o amém para glória de Deus, por nosso intermédio. (2Coríntios 1.20)

A oração é o lugar onde o passado e o futuro são ligados repetidamente em nossas vidas. Eu
menciono isso aqui porque Paulo vincula a oração com o sim de Deus nesse versículo de forma
impressionante.

Em 2Coríntios 1.20, ele diz (com um grego sucinto, traduzido em um português sucinto):
“Porquanto também por ele é o amém para glória de Deus, por nosso intermédio”. Vamos tentar
esclarecer isso.

Eis o que ele está dizendo: “Portanto, por causa de Cristo, dizemos amém a Deus em nossas
orações, para mostrar que Deus recebe a glória pela graça futura com a qual contamos”.

Se você já se perguntou por que como cristãos dizemos amém ao final de nossas orações e de
onde vem esse costume, aqui está a resposta. Amém é uma palavra tomada diretamente do
hebraico para o grego sem qualquer tradução, assim como ela foi introduzida no português e na
maioria das outras línguas sem qualquer tradução.

Em hebraico, era uma afirmação muito forte (veja Números 5.22; Neemias 5.13; 8.6) — um
formal, solene e sério “Eu concordo”, “Eu confirmo o que você acabou de dizer” ou “Isso é
verdade”. Simplificando: “amém” significa um sim muito sério no contexto de se dirigir a Deus.
Agora, observe a conexão entre as duas metades do verso 20. A primeira metade diz: “Porque
quantas são as promessas de Deus, tantas têm nele o sim”. A segunda metade diz: “Porquanto
também por ele é o amém para glória de Deus, por nosso intermédio”.

Quando você compreende que “amém” e “sim” significam a mesma coisa, aqui está o que o
versículo diz: Em Jesus Cristo, Deus diz o seu sim para nós por meio das suas promessas; e em
Cristo, nós dizemos o nosso sim a Deus por meio da oração.

14. O triunfo é garantido

Versículo do dia: Pelo que povos fortes te glorificarão, e a cidade das nações opressoras te
temerá. (Isaías 25.3)

Isaías vê o dia chegando, quando todas as nações — representantes de todos os grupos de


pessoas — já não estarão em disputa com Jeová, o Deus de Israel, e seu Messias, que sabemos
ser Jesus.

Elas não adorarão mais Bel, Nebo, Moloque, Alá, Buda, programas sociais utópicos,
possibilidades de crescimento capitalista, ancestrais ou espíritos animísticos. Em vez disso, virão
com fé ao banquete no monte de Deus.

E elas terão o véu do sofrimento removido, a morte será tragada, o opróbrio do povo de Deus
será removido e as lágrimas desaparecerão para sempre.

Esse é o cenário para a compreensão da visão do versículo 3: “Pelo que povos fortes te
glorificarão, e a cidade das nações opressoras te temerá”. Em outras palavras, Deus é mais forte
do que “povos fortes” e ele é tão poderoso e tão bondoso que, por fim, fará com que nações
opressoras o temam.

Assim, a imagem que Isaías nos dá é de todas as nações voltadas para Deus em adoração, um
grande banquete para todos os povos, a remoção de todo sofrimento, tristeza e opróbrio das
nações que se tornaram o seu povo, e o extermínio final da morte para sempre.

Esse triunfo é certo porque Deus está fazendo isso. Portanto, podemos estar seguros disso.

Nenhuma vida gasta na causa da evangelização mundial é desperdiçada. Nenhuma oração,


nenhum real, nenhum sermão, nenhuma carta de encorajamento enviada, nenhuma pequena
luz brilhando em algum lugar escuro — nada empregado na causa do avanço do reino é em vão.

O triunfo é garantido.

15. Subversivos para o Salvador

Versículo do dia: Tendo ele chegado à outra margem, à terra dos gadarenos, vieram-lhe ao
encontro dois endemoninhados… E eis que gritaram: Que temos nós contigo, ó Filho de Deus!
Vieste aqui atormentar-nos antes do tempo? (Mateus 8.29)

Os demônios aprenderam um mistério aqui. Eles sabiam que estavam condenados. Eles sabiam
que o Filho de Deus seria o vencedor. Porém, eles não sabiam, até que isso ocorresse, que Cristo
viria antes do tempo da derrota final.
Cristo não vai esperar até que a bomba atômica caia para acabar com a guerra. Ele começou a
liderar uma força subversiva no território de Satanás. Ele treinou uma “equipe de resgate” para
executar ousadas operações de salvamento. Cristo planejou muitas vitórias táticas antes do
tempo da vitória estratégica final.

A mentalidade resultante do tempo da guerra é essa: Visto que a condenação de Satanás é certa,
e ele sabe disso, podemos sempre lembrá-lo dela quando ele nos tentar a segui-lo. Podemos rir
e dizer: “Você está fora de si. Quem deseja juntar forças com um perdedor?”.

A igreja é o inimigo aberto do “deus deste século” (2 Coríntios 4.4). Nós somos os guerrilheiros
e perturbadores. Somos a insurgência no reino rebelde do “príncipe da potestade do ar” (Efésios
2.2).

Isso não é seguro. Mas é emocionante. Muitas vidas estão perdidas. As forças de Satanás estão
sempre à procura de nossa atividade subversiva. Cristo assegurou a ressurreição para todos os
que lutarem até a morte. Porém, ele não garantiu conforto, nem aceitação do mundo, nem
prosperidade no território inimigo.

Muitos têm dado suas vidas alegremente atrás das fileiras que executam ordens para o
comandante. Eu não consigo pensar em nenhuma maneira melhor de viver — ou morrer!

16. Jesus concluirá a missão

Versículo do dia: E será pregado este evangelho do reino por todo o mundo, para testemunho a
todas as nações. Então, virá o fim. (Mateus 24.14)

Não conheço nenhuma outra promessa missionária mais inspiradora do que essa palavra de
Jesus.

Não: Este evangelho deve ser pregado.


Não: Este evangelho pode ser pregado.
Mas: Este evangelho será pregado.

Essa não é uma grande comissão, nem um grande mandamento. É uma grande certeza, uma
grande confiança.

Quem ousa falar assim? Como ele sabe que isso acontecerá? Como ele pode ter certeza de que
a igreja não falhará em sua tarefa missionária?

Resposta: A graça do serviço missionário é tão irresistível quanto a graça da regeneração. Cristo
pode prometer a proclamação universal porque ele é soberano. Ele conhece o sucesso futuro
das missões porque ele cria o futuro. Todas as nações ouvirão!

Uma “nação” não é um “país” moderno. Quando o Antigo Testamento falava de nações, referia-
se a grupos como jebuseus, ferezeus, heveus, amorreus, moabitas, cananeus e filisteus.
“Nações” são grupos étnicos com sua própria cultura peculiar. “Louvai ao SENHOR, vós todos os
gentios, louvai-o, todos os povos” (Salmo 117.1).

Como o soberano Filho de Deus e Senhor da igreja, Jesus simplesmente tomou este propósito
divino e o declarou como uma certeza absoluta: “E será pregado este evangelho do reino por
todo o mundo, para testemunho a todas as nações”.
A causa das missões mundiais tem garantia absoluta de sucesso. Ela não pode falhar. Não é
razoável, então, que oremos com grande fé, que invistamos com grande confiança, e que
possamos ir com um senso de triunfo garantido?

17. O ponto de exclamação da oração

Versículo do dia: Porque quantas são as promessas de Deus, tantas têm nele o sim; porquanto
também por ele é o amém para glória de Deus, por nosso intermédio. (2 Coríntios 1.20)

A oração é uma resposta às promessas, ou seja, às garantias da futura graça de Deus.

A oração é o saque da conta onde Deus depositou todas as suas promessas de graça futura.

A oração não é a esperança na incerteza de que pode haver um Deus de boas intenções lá fora.
A oração vai ao banco todos os dias e saca as promessas para a graça futura necessária para esse
dia.

Não perca a conexão entre as duas metades desse grande verso. Observe o “porquanto”:
“Porque quantas são as promessas de Deus, tantas têm em Cristo o sim. É por isso que oramos
amém por meio dele, para a glória de Deus”.

Para nos certificarmos de que o entendemos, vamos inverter as duas metades: Quando oramos,
nós dizemos amém a Deus por meio de Cristo, porque Deus disse amém a todas as suas
promessas em Cristo. A oração é a súplica confiante para que Deus cumpra as suas promessas
de graça futura por causa de Cristo. A oração une nossa fé na graça futura com o fundamento
de tudo: Jesus Cristo.

Isso conduz ao ponto final: “Amém” é uma palavra plena e preciosa em tempos de oração. Ela
não significa primariamente: “Sim, agora eu disse toda essa oração”. Significa principalmente:
“Sim, Deus fez todas essas promessas”.

Amém significa: “Sim, Senhor, tu podes fazê-lo”. Significa: “Sim, Senhor, tu és poderoso. Sim,
Senhor, tu és sábio. Sim, Senhor, tu és misericordioso. Sim, Senhor, toda graça futura vem de ti
e foi confirmada em Cristo”.

“Amém” é um ponto de exclamação de esperança após uma oração por auxílio.

18. Por que devemos lançar mão da nossa esperança

Versículo do dia: Deus, quando quis mostrar mais firmemente aos herdeiros da promessa a
imutabilidade do seu propósito, se interpôs com juramento, para que, mediante duas coisas
imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta, forte alento tenhamos nós que já corremos
para o refúgio, a fim de lançar mão da esperança proposta. (Hebreus 6.17-18)

Deus não é inconsistente. Ele não se compromete com promessas, juramentos e o sangue do
seu Filho simplesmente para ancorar um dos extremos da nossa segurança enquanto deixa o
outro balançando no ar.

A salvação que Jesus obteve pelo seu sangue foi tudo o que é necessário para salvar o seu povo,
não apenas parte disso.
Então, somos propensos a perguntar: Por que o escritor nos encoraja a lançarmos mão da nossa
esperança (versículo 18)? Se a nossa segurança foi obtida e irrevogavelmente garantida pelo
sangue de Jesus, então por que Deus nos diz para nos mantermos firmes?

A resposta é esta:

 O que Cristo comprou para nós quando morreu não foi a liberdade de termos que nos
manter firmes, mas o poder capacitador para isso.

 O que ele comprou não foi a anulação de nossas vontades, como se não tivéssemos que
nos manter firmes, mas a capacitação de nossas vontades, porque nós desejamos nos
mantermos firmes.

 O que ele comprou não foi o cancelamento da ordem para nos mantermos firmes, mas
o cumprimento deste mandamento.

 O que ele comprou não foi o fim da exortação, mas o triunfo da exortação.

Ele morreu para que você fizesse exatamente o que Paulo fez em Filipenses 3.12: “Prossigo para
conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus”. Não é tolice, é o
evangelho, dizer para um pecador fazer o que somente Cristo pode capacitá-lo a fazer, ou seja,
esperar em Deus.

Assim, exorto-lhe de todo o coração: Tome e lance mão daquilo para o que você foi tomado por
Cristo, e apegue-se a isso com toda a sua força.

19. Um resumo do evangelho em seis pontos

Versículo do dia: Cristo morreu, uma única vez, pelos pecados, o justo pelos injustos, para
conduzir-vos a Deus. (1 Pedro 3.18)

Aqui está um resumo do evangelho para ajudar você a entendê-lo e apreciá-lo!

1) Deus nos criou para sua glória.

“Trazei meus filhos de longe e minhas filhas, das extremidades da terra, a todos os que são
chamados pelo meu nome, e os que criei para minha glória” (Isaías 43.6-7). Deus fez a todos nós
à sua própria imagem para que pudéssemos manifestar, ou refletir, seu caráter e beleza moral.

2) Todo ser humano deve viver para a glória de Deus.

“Quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus” (1
Coríntios 10.31). O caminho para viver para a glória de Deus é amá-lo (Mateus 22.37), confiar
nele (Romanos 4.20), ser grato a ele (Salmo 50.23) e obedecê-lo (Mateus 5.16). Quando fazemos
estas coisas, manifestamos a glória de Deus.

3) Todos pecamos e carecemos da glória de Deus.

“Todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Romanos 3.23). “Porquanto, tendo


conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças… e mudaram a
glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem…” (Romanos 1.21-23). Nenhum de nós
tem amado, confiado, agradecido ou obedecido a Deus como devemos.

4) Todos nós merecemos o castigo eterno.


“O salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus,
nosso Senhor” (Romanos 6.23). Aqueles que não obedecerem ao Senhor Jesus “sofrerão
penalidade de eterna destruição, banidos da face do Senhor e da glória do seu poder” (2
Tessalonicenses 1.9). “E irão estes para o castigo eterno, porém os justos, para a vida eterna”
(Mateus 25.46).

5) Em sua grande misericórdia, Deus enviou o seu único Filho, Jesus Cristo, para prover aos
pecadores o caminho da vida eterna.

“Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o
que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3.16). “Cristo nos resgatou da maldição
da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar” (Gálatas 3.13). “Cristo morreu, uma
única vez, pelos pecados, o justo pelos injustos, para conduzir-vos a Deus” (1 Pedro 3.18).

6) A vida eterna é um dom gratuito para todos os que confiarem em Cristo como Senhor e
Salvador.

“Crê no Senhor Jesus e serás salvo” (Atos 16.31). “Se, com a tua boca, confessares Jesus como
Senhor e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo”
(Romanos 10.9). “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de
Deus; não de obras, para que ninguém se glorie” (Efésios 2.8-9). “Estou crucificado com Cristo;
logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne,
vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim” (Gálatas 2.19,
20).

20. Jesus morreu por esse momento

Versículo do dia: Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em
mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si
mesmo se entregou por mim. (Gálatas 2.19-20)

Quando o alarme disparou às 4h59 desta manhã, pensei em uma fração de segundo sobre a
realidade absoluta da morte e sobre o fato de estar em pé diante de um Deus totalmente santo,
sem nada para me recomendar senão a minha própria vida.

O horror disso só foi superado pelo esplendor da realidade: Jesus Cristo morreu por esse
momento.

Então, o terror se foi.

Minha percepção imediata foi: Esta é a essência do que acontece sempre que alguém se
converte. É assim que se descobre que Jesus Cristo é real. É assim que uma pessoa vem a estimar
o amor de Cristo. De repente, pela primeira vez, ela vê e sente com os olhos do seu coração a
realidade inegável de ter que se encontrar com Deus com uma consciência culpada.

O impacto dessa visão é devastador. Isso faz com que os pecadores saibam que sua única
esperança é um Mediador. Se permanecerem sozinhos, sem nada para recomendá-los, senão a
sua própria vida pecaminosa, eles estão completamente perdidos. Se há alguma esperança para
a eternidade na presença deste Deus, precisamos de um Redentor, de um Substituto, de um
Salvador.
Neste ponto de terrível crise, nada ilumina, a não ser o evangelho de Jesus Cristo — “que me
amou e a si mesmo se entregou por mim” (Gálatas 2.20). Na fração de segundo antes dele estar
lá, me foi concedido ver as trevas e horror do juízo — não uma inferência teológica, não uma
conclusão meramente racional, não um simples pensamento, mas um vislumbre com o olho
interior, cheio de conhecimento, sentimento e certeza.

Nosso Deus é um fogo consumidor. Ele não contempla o mal. Estamos totalmente perdidos.
Minha culpa era tão grande, real e inquestionável naquela fração de segundo que não havia
sequer a possibilidade mais remota de dar desculpas. Foi repentino, absolutamente comovente
e infinitamente desesperançoso.

Nesse instante, Jesus é tudo o que importa. Ó Cristo! Ó Cristo! Pode o meu coração conter a
onda de gratidão? Ó dom de Deus, minha desesperada e única necessidade!

21. A melhor promessa de Deus

Versículo do dia: Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou,
porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as coisas? (Romanos 8.32)

A promessa mais abrangente da futura graça de Deus é encontrada em Romanos 8.32. Esse é o
versículo mais precioso da Bíblia para mim. Parte do motivo é que a promessa nele é tão
abrangente que continua a me ajudar em praticamente cada reviravolta em minha vida e
ministério. Nunca houve e nunca haverá uma circunstância em minha vida em que essa
promessa seja irrelevante.

Por si só, essa promessa todo-abrangente provavelmente não faria desse versículo o mais
precioso. Há outras grandes e semelhantes promessas, como o Salmo 84.11: “Nenhum bem
[Deus] sonega aos que andam retamente”. E 1 Coríntios 3.21-23: “Tudo é vosso: seja Paulo, seja
Apolo, seja Cefas, seja o mundo, seja a vida, seja a morte, sejam as coisas presentes, sejam as
futuras, tudo é vosso, e vós, de Cristo, e Cristo, de Deus”. É difícil exagerar o espetacular alcance
e escopo dessas promessas.

Porém, o que coloca Romanos 8.32 em uma classe por si só é a lógica que dá origem à promessa
e a torna tão sólida e inabalável quanto o amor de Deus por seu Filho infinitamente admirável.

Romanos 8.32 contém um fundamento e uma garantia que são tão fortes, sólidos e seguros que
não há absolutamente nenhuma possibilidade de que a promessa seja quebrada. Isso é o que a
torna uma força sempre presente em tempos de grande aflição. Não importa o que mude, seja
o que for que desaponte, qualquer outra coisa que falhe, essa promessa abrangente de graça
futura nunca pode falhar.

“Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou…”. Se isso é
verdade, diz a lógica do céu, então Deus certamente dará todas as coisas àqueles a quem deu o
seu Filho!

22. Loja de doces de Satanás

Versículo do dia: Ora, tendo Cristo sofrido na carne, armai-vos também vós do mesmo
pensamento; pois aquele que sofreu na carne deixou o pecado. (1 Pedro 4.1)
Primeiro, esse verso confunde. Teria Cristo deixado de pecar? Não! “O qual não cometeu
pecado” (1 Pedro 2.22).

Depois, cai a ficha. Quando nos armamos com o pensamento de que Cristo sofreu por nós,
percebemos que morremos com ele. “Carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro,
os nossos pecados, para que nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça” (1 Pedro 2.24).
Quando morremos com ele, deixamos de pecar.

É exatamente como Romanos 6. “Sabendo isto: que foi crucificado com ele o nosso velho
homem, para que o corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos o pecado como
escravos; porquanto quem morreu está justificado do pecado… Assim também vós considerai-
vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus” (Romanos 6.6-7, 11).

Pedro diz: “Armai-vos com esse pensamento!”

Paulo diz: “Considerai-vos mortos!”

A arma para o nosso descanso é um pensamento/consideração.

Quando as tentações de Satanás vierem — para cobiçar, roubar, mentir, ambicionar, invejar, se
vingar, criticar, temer — arme-se com esse pensamento: Quando meu Senhor sofreu e morreu
para me libertar do pecado, eu morri para o pecado!

Quando Satanás lhe disser: Por que negar a si mesmo o prazer da luxúria? Por que lidar com a
confusão que você poderia evitar ao mentir? Por que não seguir em frente e obter esse luxo
inocente que você cobiça? Por que não buscar por justiça, retribuindo a mesma dor que você
recebeu?

Responda-lhe: O Filho de Deus sofreu (realmente sofreu!) para me libertar do pecado. Eu não
posso crer que ele sofreu para me fazer miserável. Portanto, o que ele morreu para comprar
deve ser mais maravilhoso do que os prazeres do pecado. Desde que eu confio nele, minha
vulnerabilidade às suas seduções tem murchado e morrido.

Satanás, vá embora! Eu não fico mais com água na boca quando ando em meio à sua loja de
doces.

23. A ignorância garante a impiedade

Versículo do dia: Visto como, pelo seu divino poder, nos têm sido doadas todas as coisas que
conduzem à vida e à piedade, pelo conhecimento completo daquele que nos chamou para a sua
própria glória e virtude. (2 Pedro 1.3)

Eu estou maravilhado com o poder que a Bíblia dá ao conhecimento.

Considere 2 Pedro 1.3: “Pelo divino poder [de Deus]… têm sido doadas todas as coisas que
conduzem à vida e à piedade, pelo conhecimento completo daquele que nos chamou para a sua
própria glória e virtude”.

Literalmente, todo o poder divino disponível para vivermos e sermos piedosos vem pelo
conhecimento! Maravilhoso! Que prêmio devemos creditar à doutrina e instrução nas
Escrituras! A vida e a piedade estão em jogo.
Não que o conhecimento garanta a piedade. Não. Porém, parece que a ignorância garante a
impiedade. Porque, diz Pedro, o poder divino que conduz à piedade é dado pelo conhecimento
de Deus.

Aqui há três implicações, um alerta e uma promessa.

1. Leia! Leia! Leia! Mas cuidado para não perder o seu tempo com baboseira teológica.
Leia ricos livros doutrinários sobre “aquele que nos chamou para a sua própria glória e
virtude”.

2. Medite! Medite! Desacelere. Tire um tempo para pensar sobre a Bíblia. Faça perguntas.
Tenha um diário. Permita-se ser humildemente perturbado por coisas intrigantes. Os
entendimentos mais profundos vêm de tentar ver a raiz unificadora de dois ramos
aparentemente antagônicos.

3. Discuta. Discuta. Seja parte de um pequeno grupo que se preocupe apaixonadamente


com a verdade. Não um grupo que apenas goste de falar e levantar problemas. Mas um
grupo que creia que haja respostas bíblicas a problemas bíblicos.

Alerta: “O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento” (Oséias 4.6). “Eles
têm zelo por Deus, porém não com entendimento” (Romanos 10.2).

Promessa: “E não ensinará jamais cada um ao seu próximo, nem cada um ao seu irmão, dizendo:
Conhece ao Senhor; porque todos me conhecerão, desde o menor deles até ao maior. Pois, para
com as suas iniquidades, usarei de misericórdia e dos seus pecados jamais me lembrarei”
(Hebreus 8.11-12).

24. Ministério e o temor do homem

Versículo do dia: Não temas diante deles, porque eu sou contigo para te livrar, diz o SENHOR.
(Jeremias 1.8)

Um grande obstáculo para servir ao Senhor, especialmente entre os jovens, é o medo da rejeição
e oposição.

Todos os tipos de pensamentos vêm à mente sobre como algumas pessoas podem não gostar
da forma como eu faço isso. As pessoas podem discordar ou se ofender. Eu poderia cometer um
erro e ser criticado.

O temor do homem é um grande obstáculo ao ministério.

Por isso, Deus diz: Não temas, porque eu estarei contigo e te livrarei. A presença e a aprovação
de Deus são mais valiosas do que todos os elogios dos homens. E Deus diz: em todos os seus
problemas e através deles, eu te libertarei. Você triunfará no final. Você será mais do que
vencedor.

E a mesma coisa é prometida a todos nós em Cristo Jesus hoje:

 “Ele [Deus] tem dito: De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te


abandonarei. Assim, afirmemos confiantemente: O Senhor é o meu auxílio, não
temerei; que me poderá fazer o homem?” (Hebreus 13.5-6).

 “Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Romanos 8.31)
Assim, Deus disse a Jeremias, e diz hoje aos jovens a quem ele está chamando para servi-lo:
“Não digas: Não passo de uma criança” (Jeremias 1.7). Por quê?

 Porque sua vida está enraizada nos propósitos inabaláveis e soberanos de Deus. Você
foi escolhido, consagrado, criado e designado para um grande propósito.

 Porque a autoridade de Deus, não a sua própria, está por trás de seu ir e falar.

 E porque o próprio Deus estará com você para livrá-lo em todas as suas tribulações.

25. Satisfeitos para sempre

Versículo do dia: Eu sou o pão da vida; o que vem a mim jamais terá fome; e o que crê em mim
jamais terá sede. (João 6.35)

Esse texto aponta para o fato de que crer em Jesus é um alimentar-se e beber de tudo o que
Jesus é. O texto chega ao ponto de dizer que a sede da nossa alma é satisfeita com Jesus, de
modo que não tenhamos mais sede.

Jesus é o fim da nossa busca por satisfação.

Quando confiamos em Jesus da maneira que João intenciona que façamos, a presença e a
promessa de Jesus são tão satisfatórias que não somos dominados pelos prazeres sedutores do
pecado (veja Romanos 6.14). Isso explica por que tal fé em Jesus anula o poder do pecado e
capacita para a obediência.

João 4.14 aponta na mesma direção: “Aquele, porém, que beber da água que eu lhe der nunca
mais terá sede; pelo contrário, a água que eu lhe der será nele uma fonte a jorrar para a vida
eterna”. De acordo com João 6.35, a fé salvífica é aqui mencionada como um beber da água que
satisfaz os anseios mais profundos da alma.

É o mesmo em João 7.37-38: “Levantou-se Jesus e exclamou: Se alguém tem sede, venha a mim
e beba. Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva”.

Por meio da fé, Cristo se torna em nós uma fonte inesgotável de vida satisfatória que dura para
sempre e nos conduz ao céu. Isso ele faz enviando-nos o seu Espírito (João 7.38-39).

26. Como se deleitar na Palavra de Deus

Versículo do dia: Quão doces são as tuas palavras ao meu paladar! Mais que o mel à minha
boca. (Salmo 119.103)

Nunca reduza o cristianismo a uma questão de exigências, resoluções e força de vontade. É uma
questão do que amamos, no que nos deleitamos, do que apreciamos como bom para nós.

Quando Jesus veio ao mundo, a humanidade foi dividida de acordo com o que eles amavam. “A
luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz; porque as suas obras eram
más” (João 3.19). Os justos e os ímpios são separados pelo que eles amam: a revelação de Deus
ou o caminho do mundo.

Porém, alguém pode perguntar: Como posso me deleitar na Palavra de Deus? Minha resposta
seria dupla:
1) Ore por novos paladares na língua do seu coração;

2) Medite sobre as maravilhosas promessas de Deus para o seu povo.

O mesmo salmista que disse: “Quão doces são as tuas palavras ao meu paladar” (119.103),
afirmou antes: “Desvenda os meus olhos, para que eu contemple as maravilhas da tua lei”
(119.18). Ele orou, pois ter santo paladar na língua do coração é um dom de Deus. Nenhum
homem naturalmente tem fome da sabedoria de Deus e se deleita com ela.

Porém, quando você tiver orado, e até enquanto ora, medite nos benefícios que Deus promete
ao seu povo e na alegria de ter o Deus Todo-Poderoso como seu ajudador agora e como sua
esperança eterna.

Quem não gostaria de ler um livro cuja leitura o mudaria de palha em cedro do Líbano, de uma
tempestade de areia do Texas em um jardim havaiano? No fundo, ninguém quer ser palha —
sem raiz, sem valor, inútil. Todos nós queremos extrair forças de algum rio profundo de
realidade e nos tornar pessoas frutíferas e úteis.

Esse rio de realidade é a Palavra de Deus e todos os grandes santos foram feitos grandes por
meio dela.

27. Dez resultados da ressurreição

Versículo do dia: E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos
pecados. (1 Coríntios 15.17)

Aqui estão dez coisas maravilhosas que devemos à ressurreição de Jesus:

1) Um Salvador que nunca mais morrerá. “Sabedores de que, havendo Cristo ressuscitado dentre
os mortos, já não morre” (Romanos 6.9).

2) Arrependimento. “O Deus de nossos pais ressuscitou a Jesus, a quem vós matastes,


pendurando-o num madeiro. Deus, porém, com a sua destra, o exaltou a Príncipe e Salvador, a
fim de conceder a Israel o arrependimento” (Atos 5.30-31).

3) Novo nascimento. “Segundo a sua muita misericórdia, nos regenerou para uma viva
esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos” (1 Pedro 1.3).

4) Perdão do pecado. “E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos
vossos pecados” (1 Coríntios 15.17).

5) O Espírito Santo. “A este Jesus Deus ressuscitou, do que todos nós somos
testemunhas. Exaltado, pois, à destra de Deus, tendo recebido do Pai a promessa do Espírito
Santo, derramou isto que vedes e ouvis” (Atos 2.32-33).

6) Nenhuma condenação para os eleitos. “Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu —
ou, antes, quem ressuscitou —, o qual está à direita de Deus e também intercede por nós”
(Romanos 8.34).

7) A comunhão e proteção pessoal de Jesus. “E eis que estou convosco todos os dias até à
consumação do século” (Mateus 28.20).
8) Evidência do juízo futuro. “[Deus] estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com
justiça, por meio de um varão que destinou e acreditou diante de todos, ressuscitando-o dentre
os mortos” (Atos 17.31).

9) Salvação da ira vindoura de Deus. “[Nós] aguardamos dos céus o seu Filho, a quem ele
ressuscitou dentre os mortos, Jesus, que nos livra da ira vindoura” (1 Tessalonicenses 1.10;
Romanos 5.9).

10) Nossa própria ressurreição dentre os mortos. “[Nós sabemos] que aquele que ressuscitou o
Senhor Jesus também nos ressuscitará com Jesus e nos apresentará convosco” (2 Coríntios 4.14;
Romanos 6.4; 8.11; 1 Coríntios 6.14; 15.20).

28. Quando todos lhe abandonam

Versículo do dia: Na minha primeira defesa, ninguém foi a meu favor; antes, todos me
abandonaram. Que isto não lhes seja posto em conta! Mas o Senhor me assistiu e me revestiu
de forças, para que, por meu intermédio, a pregação fosse plenamente cumprida, e todos os
gentios a ouvissem; e fui libertado da boca do leão. O Senhor me livrará também de toda obra
maligna e me levará salvo para o seu reino celestial. A ele, glória pelos séculos dos séculos.
Amém! (2 Timóteo 4.16-18)

Nessa manhã, eu refleti muito sobre essas palavras magníficas e comoventes. Paulo está preso
em Roma. Até onde sabemos, ele não foi libertado. Sua última carta é finalizada assim.

Medite e seja maravilhado!

Ele está abandonado. Ele é um homem velho, um servo fiel, em uma cidade estrangeira, longe
de casa. Ele está cercado por inimigos, em perigo de morte. Por quê? Resposta: Para que ele
pudesse escrever esta sentença preciosa para nossas almas: “Mas o Senhor me assistiu”!

Oh, como eu amo essas palavras! Quando você é abandonado por amigos íntimos, você
murmura contra Deus? As pessoas em sua vida são realmente o seu Deus? Ou você é encorajado
com essa magnífica verdade: “E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do
século” (Mateus 28.20)? Você fortalece seu coração com esse juramento inexorável: “De
maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei” (Hebreus 13.5)?

Então, digamos: “O Senhor me assistiu!”.

Pergunta: Qual era a ameaça no versículo 18? Resposta: que Paulo poderia não alcançar o reino
celestial do Senhor! “O Senhor… me levará salvo para o seu reino celestial”.

Pergunta: Como a ida de Paulo para o reino celestial era ameaçada? Resposta: “Obra má”. “O
Senhor me livrará de toda obra má e me salvará para o seu reino celestial”.

Pergunta: Como uma obra má poderia ameaçar Paulo de alcançar o reino celestial? Resposta:
tentando-o a abandonar sua fidelidade a Cristo por meio da desobediência.

Pergunta: Essa tentação era a “boca do leão” da qual ele foi liberto? Resposta: Sim. “O diabo,
vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para
devorar; resisti-lhe firmes na fé” (1 Pedro 5.8-9).
Pergunta: Então, quem recebe a glória por Paulo não ter cedido a essa tentação, mas
perseverado até o fim com fé e obediência? Resposta: “A ele [Deus] seja o domínio, pelos séculos
dos séculos. Amém!” (1 Pedro 5.11).

Pergunta: Por quê? Não foi Paulo quem permaneceu firme?

Resposta: “O Senhor me assistiu e me revestiu de forças”.

29. Tão certo quanto o seu Filho

Versículo do dia: Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou,
porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as coisas? (Romanos 8.32)

Deus remove toda dor de poder destrutivo. Você deve crer nisso ou não crescerá, ou talvez até
mesmo não sobreviverá como cristão em meio às pressões e tentações da vida moderna.

Há tanta dor, contratempos e desânimos, tantas controvérsias e pressões. Eu não sei para aonde
iria se eu não cresse que o Deus Todo-Poderoso está cuidando de todo contratempo, desânimo,
controvérsia, pressão e dor, removendo deles o seu poder destrutivo e fazendo com que
cooperem para o aumento da minha alegria em Deus.

O mundo é nosso. A vida é nossa. A morte é nossa. Deus reina tão supremamente em favor dos
seus eleitos que tudo com o que nos deparamos em uma vida de obediência e ministério será
subjugado pela poderosa mão de Deus e feito servo da nossa santidade e da nossa eterna alegria
em Deus.

Se Deus é por nós, e se Deus é Deus, então é verdade que nada será bem-sucedido contra nós.
Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, infalível e
livremente, nos dará com ele todas as coisas — tudo — o mundo, a vida, a morte e o próprio
Deus.

Romanos 8.32 é um amigo precioso. A promessa da futura graça de Deus é irresistível. Porém,
o mais importante é o fundamento. Aqui está um lugar para enfrentarmos todos os obstáculos.
Deus não poupou o seu próprio Filho! Quanto mais, então, não poupará esforços para me dar
tudo o que Cristo morreu para comprar: todas as coisas, todo o bem?

Isso é tão certo quanto a certeza de que ele amava seu Filho!

30. Ele nos guardará em segurança

Versículo do dia: [O Senhor] também vos confirmará até ao fim, para serdes irrepreensíveis no
Dia de nosso Senhor Jesus Cristo. Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados à comunhão de seu Filho
Jesus Cristo, nosso Senhor. (1 Coríntios 1.8-9)

Em que você está confiando para que sua fé dure até que Jesus venha?

A questão não é: Você acredita na segurança eterna? A questão é: Como nós somos preservados
em segurança?

A perseverança da nossa fé repousa na confiabilidade de nossa própria determinação? Ou


descansa na obra de Deus para “nos manter crendo”?
É uma grande e maravilhosa verdade da Escritura que Deus é fiel e guardará para sempre
aqueles a quem chamou. Nossa confiança de que estamos eternamente seguros é a convicção
de que Deus “nos manterá crendo”!

A certeza da eternidade não é maior do que a certeza de que Deus nos manterá confiando agora.
Mas essa certeza é muito grande para todos aqueles que Deus chamou.

Pelo menos três passagens unem o chamado e a preservação divinos.

1. “[O Senhor] também vos confirmará [guardará] até ao fim, para serdes irrepreensíveis
no Dia de nosso Senhor Jesus Cristo. Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados à comunhão
de seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor” (1 Coríntios 1.8-9).

2. “O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo sejam
conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. Fiel é o
que vos chama, o qual também o fará” (1 Tessalonicenses 5.23-24).

3. “Judas, servo de Jesus Cristo e irmão de Tiago, aos chamados, amados em Deus Pai e
guardados em Jesus Cristo, a misericórdia, a paz e o amor vos sejam multiplicados”
(Judas 1.1-2).

A “fidelidade” de Deus garante que ele guardará em segurança a todos a quem ele chamou (Veja
também Romanos 8.30; Filipenses 1.6; 1 Pedro 1.5; Judas 1.24).

31. O que prende as mãos do amor

Versículo do dia: Damos sempre graças a Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, quando oramos
por vós, desde que ouvimos da vossa fé em Cristo Jesus e do amor que tendes para com todos os
santos; por causa da esperança que vos está preservada nos céus (Colossenses 1.3-5)

O problema com a igreja atual não é que haja muitas pessoas ardentemente apaixonadas pelo
céu. O problema não é que os cristãos professos estão se retirando do mundo, passando metade
dos seus dias lendo as Escrituras e a outra metade cantando sobre seus deleites em Deus,
enquanto são indiferentes às necessidades do mundo.

O problema é que os cristãos professos estão gastando dez minutos lendo as Escrituras e depois
metade do seu dia ganhando dinheiro e a outra metade desfrutando e arrumando aquilo que
compraram.

Não é a mente celestial que dificulta o amor. É a mentalidade mundana que impede o amor,
mesmo quando é disfarçada por uma rotina religiosa no final de semana.

Onde está a pessoa cujo coração é tão fervorosamente apaixonado pela prometida glória celeste
que se sente como um exilado e peregrino na terra? Onde está a pessoa que já provou a beleza
da era futura, de modo que os diamantes do mundo se parecem com bolinhas de gude, e para
quem o entretenimento do mundo é vão, e as causas morais do mundo são muito pequenas
porque não têm nenhuma visão para a eternidade? Onde está essa pessoa?

Ele não está preso à Internet ou a comer, dormir, beber, festejar, pescar, comprar ou em
ociosidade. Ele é um homem livre em uma terra estrangeira. E sua única pergunta é essa: como
posso maximizar o meu deleite em Deus por toda a eternidade enquanto eu sou um exilado
nesta terra? E sua resposta é sempre a mesma: realizando obras de amor.
Apenas uma coisa satisfaz o coração cujo tesouro está no céu: fazer as obras do céu. E o céu é
um mundo de amor!

Não são as cordas do céu que amarram as mãos do amor. É o amor ao dinheiro, ao lazer, ao
conforto e ao louvor — essas são as cordas que prendem as mãos do amor. E o poder de cortar
essas cordas é a esperança cristã.

Digo-o novamente com toda a convicção que há mim: não é a mente celestial que impede o
amor nessa terra. É a mente mundana. E, portanto, a grande fonte do amor é a poderosa e
libertadora confiança da esperança cristã.

ABRIL

01. Duas das nossas necessidades mais profundas

Versículo do dia: À igreja dos tessalonicenses, em Deus, nosso Pai, e no Senhor Jesus Cristo. (2
Tessalonicenses 1.1)

Nós, como igreja, estamos “em” um Pai e “em” um Senhor. O que isso significa?

A palavra “Pai” implica principalmente cuidado, sustentação, proteção, provisão e disciplina.


Assim, estar “no” Pai significa primariamente estar sob seu cuidado e sua proteção.

A outra designação é Senhor: Nós estamos no Senhor Jesus Cristo. A palavra “Senhor” implica
principalmente autoridade, liderança e propriedade. Portanto, estar “no” Senhor significa
primariamente estar sob seu encargo, sob sua autoridade e em sua posse.

Assim, Paulo cumprimenta a igreja de Tessalônica de forma a lembrá-los que eles são uma
família (aos cuidados de um Pai) e que eles são servos (ao comando de um Senhor). Essas duas
descrições de Deus como Pai e Senhor e, portanto, da igreja como família e servos,
correspondem a duas das nossas necessidades mais profundas.

As duas necessidades que cada um de nós tem são a necessidade de resgate e ajuda e a
necessidade de propósito e significado.

1. Precisamos de um Pai celestial que se apiede de nós e nos liberte do pecado e miséria.
Precisamos de sua ajuda a cada passo do caminho pois somos muito fracos e
vulneráveis.

2. Mas também precisamos de um Senhor celestial para nos guiar na vida, nos dizer o que
é sábio e nos dar um comando grandioso e significativo para cumprirmos. Nós não
queremos apenas estar seguros no cuidado de um Pai. Queremos uma causa gloriosa
pela qual viver.

Queremos que um Pai misericordioso seja nosso protetor e queremos que um Senhor
onipotente seja nosso campeão, nosso comandante e nosso líder. Assim, quando Paulo diz no
versículo 1: Vocês são a igreja “em Deus, nosso Pai, e no Senhor Jesus Cristo”, nós podemos
descansar e ser ajudados por um e obter coragem e significado do outro.

02. Melhor do que o Everest


Versículo do dia: Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a
Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. (Romanos 8.28)

Se você vive dentro desta sólida promessa, sua vida é mais firme e estável do que o Monte
Everest.

Nada pode abalá-lo quando você está dentro dos muros de Romanos 8.28. Fora de Romanos
8.28, tudo é confusão e ansiedade, medo e incerteza. Fora dessa promessa da futura graça de
Deus, há casas de palha de drogas, pornografia e dezenas de diversões fúteis. Há paredes de
madeira e telhados de folhas de frágeis estratégias de investimento, fugaz cobertura de
segurança e insignificantes planos de aposentadoria. Aqui há fortificações com travas de
segurança, sistema de alarmes e mísseis antibalísticos. Do lado de fora, há mil substitutos para
Romanos 8.28.

Uma vez que você atravessa a porta do amor para dentro da estrutura sólida e inabalável de
Romanos 8.28, tudo muda. Ali estabilidade, profundidade e liberdade adentram em sua vida.
Você simplesmente não pode mais ser abalado. A confiança de que um Deus soberano governa
para o seu bem toda a dor e todo o prazer que você experimentará é um incomparável refúgio,
segurança, esperança e poder em sua vida.

Quando o povo de Deus realmente vive pela graça futura de Romanos 8.28 — desde o sarampo
até o túmulo — eles são as pessoas mais livres, fortes e generosas do mundo.

A luz deles brilha e as pessoas dão glória ao seu Pai que está nos céus (Mateus 5.16).

03. Como reagir quando você falhar

Versículo do dia: Pois eu não faço o bem que quero, mas o mal que não quero é o que eu continuo
fazendo. (Romanos 7.19)

Os cristãos não vivem apenas em derrota. Porém, tampouco vivemos somente em perfeita
vitória sobre o pecado. E naqueles tempos em que falhamos em triunfar sobre o pecado,
Romanos 7.13-25 mostra a forma normal como um cristão saudável deve responder.

Devemos dizer:

1. Eu amo a lei de Deus (versículo 22).

2. Eu odeio o que fiz (versículo 15).

3. Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte? (versículo 24).

4. Graças a Deus! A vitória virá por meio de Jesus Cristo, meu Senhor (versículo 25).

Em outras palavras, nenhum cristão quer viver desta maneira — em derrota. Nenhum cristão
determina viver assim. Mas, se vivermos desse modo por um tempo, não devemos mentir sobre
isso.

Sem hipocrisia. Sem encenação. Sem vão perfeccionismo. Sem sorrisos religiosos e fingidos ou
superficialidade bem-humorada.

Deus, salva-nos da cegueira quanto às nossas próprias falhas e da consequente rapidez em julgar
os outros.
Deus, ajuda-nos a nos sentirmos piores em relação aos nossos próprios erros do que com a falha
dos outros.

Deus, dá-nos a honestidade, a sinceridade e a humildade do apóstolo Paulo nesse texto!

04. Deus nos fortalece através dos outros

Versículo do dia: Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos peneirar como trigo! Eu,
porém, roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; tu, pois, quando te converteres, fortalece
os teus irmãos. (Lucas 22.31-32)

E os outros dez apóstolos (sem contar Judas)?

Satanás iria peneirá-los também. Jesus orou por eles?

Sim, ele orou. Porém, ele não pediu ao Pai que guardasse a fé deles da mesma forma que
guardaria a de Pedro.

Deus quebrou o orgulho e autoconfiança de Pedro naquela noite na agonia da peneira de


Satanás. Mas Deus não o deixou ir embora. Ele o converteu, perdoou, restaurou e fortaleceu a
sua fé. E agora, a missão de Pedro era fortalecer os outros dez.

Jesus sustentou os dez ao sustentar Pedro. Aquele que foi fortalecido se tornou o fortalecedor.

Há uma grande lição aqui para nós. Às vezes, Deus lidará diretamente com você, fortalecendo
diretamente sua fé nas primeiras horas da manhã. Porém, na maior parte do tempo (poderíamos
dizer 10 a cada 11 horas), Deus fortalece nossa fé através de outra pessoa.

Deus nos envia alguns Simãos Pedros, que trazem exatamente a palavra da graça que
precisamos para prosseguirmos na fé: algum testemunho sobre como “ao anoitecer, pode vir o
choro, mas a alegria vem pela manhã” (Salmo 30.5).

A segurança eterna é um projeto comunitário. Sempre que Deus encorajar seu coração com a
promessa de que na peneiração de Satanás a sua fé não falhará, tome esse encorajamento e
dobre sua alegria ao usar isso para fortalecer seus irmãos e irmãs.

05. Os livros no julgamento

Versículo do dia: E adorá-la-ão [à besta] todos os que habitam sobre a terra, aqueles cujos
nomes não foram escritos no Livro da Vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do
mundo. (Apocalipse 13.8)

A salvação é assegurada para todos os que estão escritos no Livro da Vida.

A razão pela qual ser escrito no Livro da Vida garante a nossa salvação é que o livro é chamado
“o Livro da Vida do Cordeiro que foi morto” (Apocalipse 13.8). Os nomes nesse livro não são
salvos com base em suas obras. Eles são salvos com base na morte de Cristo.

Então, como o registro de nossas vidas contido nos “livros” tem participação em nosso
julgamento? A resposta é que os livros contêm evidências suficientes de nosso pertencimento a
Cristo que funcionam como uma confirmação pública da nossa fé e união com ele.
Considere Apocalipse 21.27: “Nela, nunca jamais penetrará coisa alguma contaminada, nem o
que pratica abominação e mentira, mas somente os inscritos no Livro da Vida do Cordeiro”. Aqui
o resultado de estar “escrito no Livro da Vida” não é somente não perecer, mas também não
praticar comportamentos abomináveis e pecaminosos.

Por exemplo, considere o ladrão na cruz. Jesus disse que ele entraria no paraíso (Lucas 23.43).
Mas como será o julgamento para ele quando os livros forem abertos? Mais de 99,9% de sua
vida consistirá em pecado. Sua salvação será garantida pelo sangue de Cristo.

Então, Deus abrirá os livros, usará o registro do pecado para glorificar o supremo sacrifício do
seu Filho e usará a última página para mostrar a mudança que foi feita nas atitudes e palavras
do ladrão. Essa última página — as últimas horas na cruz — será a confirmação pública da fé do
ladrão e de sua união com Cristo.

Portanto, quando digo que o que está escrito nos livros é uma confirmação pública da nossa fé
e união com Cristo, não quero dizer que o registro contenha mais boas obras do que más.

Eu quero dizer que ali haverá o tipo de mudança que mostra a realidade da fé — a realidade da
regeneração e da união com Cristo. É assim que eu começo o dia, confiante de que minha
condenação é passada (Romanos 8.3), que meu nome está no Livro da Vida e que aquele que
começou boa obra em mim há de completá-la até ao Dia de Cristo.

06. Duas maneiras de lembrar-se de Jesus

Versículo do dia: Lembra-te de Jesus Cristo, ressuscitado de entre os mortos, descendente de


Davi, segundo o meu evangelho. (2 Timóteo 2.8)

Paulo menciona duas maneiras específicas de lembrar-se de Jesus: Lembre-se dele como
ressuscitado de entre os mortos. E lembre-se dele como a descendência de Davi. Por que essas
duas coisas a respeito de Jesus?

Porque se ele ressuscitou dentre os mortos, ele está vivo e é triunfante sobre a morte. “Se habita
em vós o Espírito daquele que ressuscitou a Jesus dentre os mortos, esse mesmo que ressuscitou
a Cristo Jesus dentre os mortos vivificará também o vosso corpo mortal, por meio do seu Espírito,
que em vós habita” (Romanos 8.11).

Isso significa que não importa quão sério o sofrimento se torne, o pior que ele pode fazer nesta
terra é matá-lo. E Jesus tomou o aguilhão desse inimigo. Ele está vivo. E você viverá. “Não temais
os que matam o corpo e não podem matar a alma” (Mateus 10.28).

A ressurreição de Jesus não foi uma ressurreição ao acaso. Foi a ressurreição do filho de Davi.
“Lembra-te de Jesus Cristo, ressuscitado dentre os mortos, descendente de Davi”. Por que Paulo
diz isso?

Porque todo judeu sabia o que isso indicava. Isso significava que Jesus era o Messias (João 7.42).
E isso significava que esta ressurreição não era uma ressurreição qualquer, mas a ressurreição
de um Rei eterno. Ouça as palavras do anjo a Maria, mãe de Jesus:

“Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem chamarás pelo nome de Jesus. Este será
grande e será chamado Filho do Altíssimo; Deus, o Senhor, lhe dará o trono de Davi, seu pai; ele
reinará para sempre sobre a casa de Jacó, e o seu reinado não terá fim” (Lucas 1.31-33)
Portanto, lembre-se de Jesus, aquele a quem você serve, e aquele por quem você sofre. Ele está
vivo e reinará para sempre, e o seu reinado não terá fim. Não importa o que lhe façam, você não
precisa temer.

07. O que significa orar pelo seu inimigo

Versículo do dia: Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem (Mateus 5.44)

A oração por seus inimigos é uma das formas mais profundas de amor, porque significa que você
realmente deseja que algo bom lhes aconteça.

Você pode fazer coisas agradáveis por seus inimigos sem qualquer desejo genuíno de que as
coisas vão bem com eles. Porém, a oração por eles ocorre na presença de Deus, que conhece o
seu coração, e orar é interceder a Deus em favor deles.

A oração pode ser pela conversão deles, pelo arrependimento deles, para que eles sejam
despertados para a inimizade em seus corações. Pode ser para que eles sejam interrompidos
em sua espiral descendente de pecado, mesmo que a doença ou a tragédia façam isso. Mas a
oração que Jesus tem em mente aqui é sempre pelo bem deles.

Isso é o que Jesus fez enquanto esteve pendurado na cruz:

“Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lucas 23.34).

E foi o que Estêvão fez quando estava sendo apedrejado:

“Então, ajoelhando-se, clamou em alta voz: Senhor, não lhes imputes este pecado!” (Atos 7.60).

Jesus está nos chamando não apenas para fazer coisas boas por nossos inimigos, como
cumprimentá-los e ajudar a suprir suas necessidades; ele também está nos convocando a
desejar o melhor para eles, e expressar esses desejos em orações quando o inimigo não está
presente.

Nossos corações devem desejar a sua salvação, querer a sua presença no céu e anelar por sua
felicidade eterna. Assim, nós oramos como o apóstolo Paulo pelo povo judeu, muitos dos quais
tornaram a vida muito difícil para Paulo:

“A boa vontade do meu coração e a minha súplica a Deus a favor deles são para que sejam
salvos” (Romanos 10.1).

08. Faça Satanás conhecer a sua derrota

Versículo do dia: Resisti ao diabo, e ele fugirá de vós. (Tiago 4.7)

Quanto mais real Satanás se evidenciar em nosso dia, mais preciosa a vitória de Cristo se tornará
para aqueles que creem nele.

O Novo Testamento ensina que quando Cristo morreu e ressuscitou, Satanás foi derrotado. Um
tempo de liberdade limitada é concedido a ele, mas seu poder contra o povo de Deus é rompido
e sua destruição é certa.

 “Para isto se manifestou o Filho de Deus: para destruir as obras do diabo” (1 João 3.8).
 “Destes [carne e sangue] também ele [Cristo] igualmente, participou, para que, por sua
morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo” (Hebreus 2.14).

 “[Deus,] despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao


desprezo, triunfando deles na cruz” (Colossenses 2.15)

Em outras palavras, o golpe decisivo foi dado no Calvário. E um dia, quando o tempo de
liberdade limitada de Satanás acabar, Apocalipse 20.10 diz: “O diabo… [será] lançado para
dentro do lago de fogo e enxofre… e serão atormentados de dia e de noite, pelos séculos dos
séculos”.

O que isso significa para aqueles que seguem Jesus Cristo?

 “Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (Romanos
8.1).

 “Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica”


(Romanos 8.33).

 “Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os
principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura,
nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus,
que está em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Romanos 8.38-39).

 “Maior é aquele que está em vós do que aquele que está no mundo” (1 João 4.4).

 “Eles [os santos], pois, o venceram por causa do sangue do Cordeiro e por causa da
palavra do testemunho que deram” (Apocalipse 12.11).

Portanto, “resisti ao diabo, e ele fugirá de vós!”. Ele foi derrotado, e a nós foi dada a vitória.
Nossa tarefa agora é viver nessa vitória e fazer Satanás conhecer a sua derrota.

09. Fale com Deus, não apenas sobre ele

Versículo do dia: Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum,
porque tu estás comigo. (Salmo 23.4)

A estrutura desse salmo é instrutiva.

Nos três primeiros versículos, Davi se refere a Deus como “ele”:

O SENHOR é o meu pastor…

Ele me faz repousar…

Ele leva-me…

Ele refrigera-me a alma…

Depois, nos versículos 4 e 5, Davi se refere a Deus como “tu”:

Não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo;

Teu bordão e o teu cajado me consolam.

Tu me preparas uma mesa…


Tu me unges a cabeça com óleo.

Então, no versículo 6 ele volta para a terceira pessoa:

Eu habitarei na Casa do SENHOR.

A lição que aprendi a partir dessa estrutura é que não é bom falar muito tempo sobre Deus sem
falar com Deus.

Todo cristão é, no mínimo, um teólogo amador — ou seja, uma pessoa que tenta compreender
o caráter e os caminhos de Deus e depois colocar isso em palavras. Se não somos pequenos
teólogos, então não diremos nada uns aos outros sobre Deus e seremos de pouquíssima ajuda
para a fé uns dos outros.

Porém, o que eu aprendi com Davi no Salmo 23 e em outros salmos é que eu deveria entrelaçar
minha teologia com oração. Eu deveria frequentemente interromper minha conversa sobre
Deus para falar com Deus.

Não muito depois da afirmação teológica “Deus é generoso”, deve vir a afirmação como oração:
“Graças te dou, Deus”.

Junto a “Deus é glorioso”, deve vir: “Eu louvo a tua glória”.

O que eu percebi é que essa é a maneira que deve ser, se estamos sentindo a realidade de Deus
em nossos corações, assim como estamos descrevendo-a com nossas cabeças.

10. O que é uma vergonha no lugar certo?

Versículo do dia: Quando éreis escravos do pecado, estáveis isentos em relação à justiça.
Naquele tempo, que resultados colhestes? Somente as coisas de que, agora, vos envergonhais;
porque o fim delas é morte. (Romanos 6.20-21)

Quando os olhos de um cristão são abertos à maldade desonrosa a Deus de seu comportamento
anterior, ele se sente envergonhado. Paulo diz à igreja romana: “Quando éreis escravos do
pecado, estáveis isentos em relação à justiça. Naquele tempo, que resultados colhestes?
Somente as coisas de que, agora, vos envergonhais; porque o fim delas é morte” (Romanos 6.20-
21).

Há um lugar apropriado para o ato de olhar para trás e de sentir a triste dor por já termos vivido
de forma tão desprezível a Deus. Veremos em instantes que não devemos ficar paralisados
pensando nisso. Porém, um coração cristão sensível não pode lembrar das loucuras da
juventude sem sentir ecos de vergonha, mesmo que tenha resolvido tudo com o Senhor.

A vergonha no lugar certo pode ser muito saudável e redentiva. Paulo disse aos tessalonicenses:
“Caso alguém não preste obediência à nossa palavra dada por esta epístola, notai-o; nem vos
associeis com ele, para que fique envergonhado” (2 Tessalonicenses 3.14). Isso significa que a
vergonha é um passo correto e redentivo na conversão e no arrependimento de um crente
quanto a uma época de frieza espiritual e de pecado. A vergonha não é algo a ser evitado a todo
o custo. Há um lugar para ela nos bons tratamentos de Deus com seu povo.

Podemos concluir que o critério bíblico para a vergonha no lugar errado e para a vergonha no
lugar certo é radicalmente centrado em Deus.
O critério bíblico para a vergonha no lugar errado diz: Não se envergonhe por algo que honra a
Deus, independentemente do quão fraco, tolo ou errado isso faça você parecer aos olhos de
outras pessoas. E não tome para si a vergonha de uma situação verdadeiramente vergonhosa, a
menos que você esteja de alguma forma verdadeiramente envolvido no mal.

O critério bíblico para a vergonha no lugar certo diz: “Sinta vergonha por ter participação em
qualquer coisa que desonra a Deus, não importa o quão forte, sábio ou certo isso faça você
parecer aos olhos dos outros”.

11. O vinho do grande Rei

Versículo do dia: Não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas
fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado.
(Hebreus 4.15)

Nunca ouvi alguém dizer: “As lições verdadeiramente profundas da minha vida vieram por meio
de momentos de facilidade e conforto”. Porém, ouvi santos fortes dizerem: “Todo avanço
significativo que eu já fiz para compreender as profundezas do amor de Deus e crescer
profundamente com ele, veio através do sofrimento”.

Esta é uma séria verdade bíblica. Por exemplo: “Por causa da sublimidade do conhecimento de
Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo,
para ganhar a Cristo” (Filipenses 3.8). Paráfrase: Sem dor, sem ganho. Ou:

Agora, que tudo seja sacrificado, contanto que isso me dê mais de Cristo.

Eis outro exemplo: “embora sendo Filho, [Jesus] aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu”
(Hebreus 5.8). O mesmo livro disse que ele nunca pecou (Hebreus 4.15).

Então, aprender a obediência não significa mudar da desobediência para a obediência. Significa
crescer cada vez mais profundamente com Deus na experiência da obediência. Significa
experimentar profundidades de submissão a Deus que não seriam exigidas de outra forma. Isso
é o que vem por meio do sofrimento. Sem dor, sem ganho.

Samuel Rutherford disse que quando foi lançado nos porões da aflição, lembrou-se de que o
grande rei sempre guardava o seu vinho ali. Charles Spurgeon disse: “Aqueles que mergulham
no mar da aflição trazem consigo pérolas raras”.

Você não ama mais o seu amado quando sente alguma dor estranha que faz você pensar que
está com câncer? Somos criaturas estranhas, de fato. Se temos saúde, paz e tempo para amar,
isso é algo leve e superficial. Mas se estamos morrendo, o amor é um rio profundo e lento de
alegria inexprimível, e dificilmente podemos suportar deixá-lo.

Portanto, irmãos e irmãs: “Tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações”
(Tiago 1.2).

12. Você não pode perder no final

Versículo do dia: Aí tendes uma escolta; ide e guardai o sepulcro como bem vos parecer. (Mateus
27.65).
Quando Jesus estava morto e sepultado, com uma grande pedra fechando o túmulo, os fariseus
vieram a Pilatos e pediram permissão para selar a pedra e guardar o túmulo.

Eles fizeram a sua melhor tentativa — em vão.

Isso foi ineficaz naquela ocasião, é ineficaz hoje e será ineficaz sempre. Tentem o quanto
puderem, as pessoas não podem restringir Jesus. Elas não podem mantê-lo sepultado.

Não é difícil imaginar porque: Ele pode sair, porque ele não foi forçado a entrar. Ele se deixou
ser caluniado, zombado, acusado, desprezado, arrastado e assassinado.

“Por isso, o Pai me ama, porque eu dou a minha vida para a reassumir. Ninguém a tira de mim;
pelo contrário, eu espontaneamente a dou. Tenho autoridade para a entregar e também para
reavê-la” (João 10.17-18).

Ninguém pode restringi-lo, porque ninguém nunca o prendeu. Ele se entregou quando chegou
sua hora.

Quando parece que ele está felizmente sepultado, Jesus está fazendo algo incrível na escuridão.
“O reino de Deus é assim como se um homem lançasse a semente à terra; depois, dormisse e se
levantasse, de noite e de dia, e a semente germinasse e crescesse, não sabendo ele como”
(Marcos 4.26-27).

O mundo pensa que Jesus foi vencido — exterminado — mas Jesus está agindo nos lugares
obscuros. “Se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, produz
muito fruto” (João 12.24). Ele permitiu ser sepultado — “ninguém a tira [minha vida] de mim”
— e ele sairá em poder quando e onde quiser — “Tenho autoridade para reavê-la”.

“Deus [o] ressuscitou, rompendo os grilhões da morte; porquanto não era possível fosse ele
retido por ela” (Atos 2.24). Jesus tem seu sacerdócio hoje “segundo o poder de vida indissolúvel”
(Hebreus 7.16).

Por vinte séculos, o mundo tem feito a sua melhor tentativa — em vão. Eles não podem sepultá-
lo. Eles não podem detê-lo. Eles não podem silenciá-lo ou limitá-lo. Jesus vive e é
completamente livre para ir e vir para onde quiser.

Confie nele e siga com ele, não importa o que aconteça. Você não pode perder no final.

13. Fale às suas lágrimas

Versículo do dia: Os que com lágrimas semeiam com júbilo ceifarão. Quem sai andando e
chorando, enquanto semeia, voltará com júbilo, trazendo os seus feixes. (Salmo 126.5-6)

Não há nada triste sobre semear. Isso não é mais trabalhoso do que colher. Os dias podem ser
belos. Pode haver grande esperança de colheita.

Ainda assim, o salmo fala sobre “semear com lágrimas”. Diz que alguém “sai andando e
chorando, enquanto semeia”. Então, por que eles estão chorando?

Eu penso que a razão não é porque a semeadura seja triste, ou porque semear seja difícil. Acho
que a razão não tem relação com a semeadura. Semear é simplesmente a obra que tem de ser
feita mesmo quando há coisas na vida que nos fazem chorar.
As colheitas não esperarão enquanto nossa dor passa ou resolvemos todos os nossos problemas.
Se temos que comer no próximo inverno, precisamos sair ao campo e semear a semente,
estejamos chorando ou não. Se você fizer isso, a promessa do salmo é que “colherá com júbilo”.
Você “voltará com júbilo, trazendo os seus feixes”. Não porque as lágrimas da semeadura
produzem a alegria da colheita, mas porque a simples semeadura produz a ceifa, e você precisa
se lembrar disso mesmo quando suas lágrimas o tentam a desistir de semear.

Portanto, aqui está a lição: Quando há trabalhos simples e diretos a serem feitos, e você está
cheio de tristeza, e as lágrimas fluem facilmente, vá em frente e faça a obra com lágrimas. Seja
realista. Diga às suas lágrimas: “Lágrimas, eu sinto vocês. Vocês me fazem querer desistir da
vida. Mas há um campo a ser semeado (pratos a serem lavados, carro a ser consertado, sermão
a ser escrito)”.

Então diga, com base na Palavra de Deus: “Lágrimas, eu sei que vocês não durarão para sempre.
O fato de eu apenas fazer meu trabalho (com lágrimas e tudo) trará, por fim, uma colheita de
bênção. Por isso, vão em frente e fluam, se é necessário. Porém, eu creio (ainda não o vejo nem
o sinto plenamente) — creio que o simples trabalho da minha semeadura trará feixes de
colheita. E minhas lágrimas serão transformadas em alegria”.

14. Ore pela fama de Deus

Versículo do dia: Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o
teu nome. (Mateus 6.9)

Dezenas de vezes a Escritura diz que Deus faz as coisas “por amor de seu nome”. Mas se você
perguntar o que está realmente movendo o coração de Deus nessa declaração (e em muitas
como ela), a resposta é que Deus se deleita em ter seu nome conhecido.

A primeira e mais importante oração que se pode orar é: “Santificado seja o teu nome”. Este é
um pedido a Deus para que ele venha operar de modo a fazer com que as pessoas santifiquem
seu nome.

Deus ama ter mais e mais pessoas “santificando” seu nome, e assim seu Filho ensina os cristãos
a colocarem suas orações em sintonia com esta grande paixão do Pai.

“Senhor, faze com que mais e mais pessoas santifiquem o teu nome”, isto é, estimem, admirem,
respeitem, prezem, honrem e louvem o seu nome. Essa é basicamente uma oração missionária.

15. Não seja como a mula

Versículo do dia: Não sejais como o cavalo ou a mula, sem entendimento, os quais com freios e
cabrestos são dominados; de outra sorte não te obedecem. (Salmo 32.9)

Imagine o povo de Deus como um curral com todos os tipos de animais. Deus cuida dos seus
animais, mostra-lhes onde eles precisam ir e fornece um estábulo para sua proteção.

Porém, há um animal nessa fazenda que dá muito trabalho a Deus, a saber, a mula. Ela é
estúpida e teimosa e você não consegue dizer o que vem primeiro: teimosia ou estupidez.
Agora, a maneira como Deus gosta de conduzir seus animais ao celeiro para seu alimento e
abrigo é ensinando a todos eles um nome pessoal e, depois, chamando-os pelo nome. “Instruir-
te-ei e te ensinarei o caminho que deves seguir” (Salmo 32.8).

Porém, a mula não responderá a esse tipo de condução. Ela é sem entendimento. Então, Deus
entra em sua caminhonete e vai ao campo, põe o freio na boca da mula, amarra-a na
caminhonete e a arrasta enquanto ela esperneia e bufa até ao celeiro.

Essa não é a maneira como Deus deseja que seus animais venham a ele para bênção.

Um dia destes será tarde demais para aquela mula. Ela será ferida por chuva de granizo e
atingida por raios, e quando ela vier correndo, a porta do celeiro estará fechada.

Portanto, não seja como a mula, mas em vez disso, que todos os que são piedosos venham a
Deus em oração em tempo de poder encontrá-lo (Salmo 32.6).

O caminho para não sermos uma mula é nos humilharmos, irmos a Deus em oração,
confessarmos nossos pecados e aceitarmos, como pequenos pintinhos necessitados, a
condução de Deus até ao celeiro de sua proteção.

16. Misericórdia para hoje

Versículo do dia: As misericórdias do SENHOR são a causa de não sermos consumidos, porque
as suas misericórdias não têm fim; renovam-se cada manhã. Grande é a tua fidelidade.
(Lamentações 3.22-23)

As misericórdias de Deus são novas todas as manhãs porque cada dia só tem misericórdia
suficiente para aquele dia. Deus fixa os problemas de cada dia. E Deus fixa as misericórdias de
cada dia. Na vida dos seus filhos, estes são perfeitamente designados. Jesus disse: “Portanto,
não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o
seu próprio mal” (Mateus 6.34). Cada dia tem seu próprio mal. Cada dia tem suas próprias
misericórdias. Cada um destes é novo a cada manhã.

Porém, muitas vezes tendemos a nos desesperar quando pensamos que talvez tenhamos que
suportar o fardo de amanhã com os recursos de hoje. Deus quer que saibamos: Nós não o
faremos. As misericórdias de hoje são para os males de hoje. As misericórdias de amanhã são
para os males de amanhã.

Às vezes, nos perguntamos se teremos a misericórdia para suportar uma provação terrível. Sim,
nós teremos. Pedro diz: “Se, pelo nome de Cristo, sois injuriados, bem-aventurados sois, porque
sobre vós repousa o Espírito da glória e de Deus” (1 Pedro 4.14). Quando vem a injúria, vem o
Espírito da glória. Isso aconteceu com Estêvão, enquanto estava sendo apedrejado. Isso ocorrerá
com você. Quando o Espírito e a glória forem necessários, eles virão.

O maná no deserto foi concedido um dia de cada vez. Não havia armazenamento. É assim que
nós devemos depender da misericórdia de Deus. Você não recebe hoje a força para suportar os
fardos de amanhã. Hoje, você recebe misericórdias para os males de hoje.

Amanhã as misericórdias se renovarão. “Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados à comunhão de
seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor” (1 Coríntios 1.9).
17. Abraçando Jesus

Versículo do dia: Porque este é o amor de Deus: que guardemos os seus mandamentos; ora, os
seus mandamentos não são penosos, porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e
esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé. (1 João 5.3-4)

O pastor e teólogo do século 18, Jonathan Edwards, analisou este texto e concluiu: “A fé salvífica
implica… amar… Nosso amor a Deus nos capacita a superar as dificuldades que acompanham o
cumprimento dos mandamentos de Deus — o que mostra que o amor é a principal coisa na fé
salvífica, a vida e poder dela, pelo qual a fé produz grandes efeitos”.

Eu penso que Edwards está certo e que numerosos textos na Bíblia apoiam o que ele diz.

Outra maneira de dizer isso é que a fé em Cristo não é apenas concordar com o que Deus é para
nós, mas também abraçar tudo o que ele é para nós em Cristo. “A verdadeira fé abraça a Cristo
em qualquer maneira em que as Escrituras o oferecem aos pobres pecadores”. Esse “abraço” é
um tipo de amor a Cristo — aquele tipo que o valoriza acima de todas as coisas.

Portanto, não há contradição entre 1 João 5.3, por um lado, que diz que o nosso amor por Deus
nos capacita a guardar os seus mandamentos, e o versículo 4, que, por outro lado, diz que a
nossa fé supera os obstáculos do mundo que nos impedem de obedecer aos mandamentos de
Deus. O amor por Deus e por Cristo está implícito na fé.

O versículo 5 define a fé que obedece como aquela “que crê ser Jesus o Filho de Deus”. Esta fé
está “abraçando” o dom que é Jesus Cristo como a gloriosa pessoa divina que ele é. Isso não é
simplesmente concordar com a verdade de que Jesus é o Filho de Deus, porque os demônios
concordam com isso (Mateus 8.29). Crer que Jesus é o Filho de Deus significa “abraçar” o
significado dessa verdade, ou seja, ser satisfeito com Cristo como o Filho de Deus e com tudo o
que Deus é para nós nele.

“Filho de Deus” significa que Jesus é a maior pessoa no universo, ao lado do seu Pai. Portanto,
tudo o que ele ensinou é verdadeiro, tudo o que prometeu permanecerá firme e toda a sua
grandeza que satisfaz a alma nunca mudará.

Logo, crer que ele é o Filho de Deus inclui confiar nisso tudo e estar satisfeito com isso.

18. Deus, toque nossos corações

Versículo do dia: Também Saul se foi para sua casa, a Gibeá; e foi com ele uma tropa de homens
cujo coração Deus tocara. (1 Samuel 10.26)

Apenas pense no que está sendo dito neste versículo. Deus os tocou. Não uma esposa. Não um
filho. Não um pai. Nem um conselheiro. Mas Deus.

Aquele com poder infinito no universo, aquele com infinita autoridade, sabedoria, amor,
bondade, pureza e justiça, foi ele quem tocou o coração deles.

Como a circunferência de Júpiter toca a borda de uma molécula? E quanto menos penetra em
seu núcleo?

O toque de Deus é impressionante porque é um toque. É uma conexão real. É maravilhoso que
isso envolva o coração. É surpreendente que isso envolva Deus. E é espetacular que isso envolva
um toque real.
Os homens valentes não foram apenas alertados. Eles não foram apenas movidos por uma
influência divina. Eles não foram apenas vistos e conhecidos. Deus, com infinita
condescendência, tocou o coração deles. Deus estava próximo assim. E eles não foram
consumidos.

Eu amo esse toque. Eu o desejo mais e mais, para mim e para todos vocês. Oro para que Deus
me toque novamente para sua glória. Oro para que ele toque a todos nós.

Oh, pelo toque de Deus! Se ele vier com fogo, que assim seja. Se ele vier com água, que assim
seja. Se ele vier com o vento, que venha, ó Deus. Se vier com trovões e relâmpagos, que nos
prostremos diante dele.

Ó Senhor, vem. Aproxima-te assim. Queima, molha, sopra e troveja. Ou quieto e suave, vem.
Vem de todas as formas. Toca os nossos corações.

19. Um futuro para as falhas

Versículo do dia: Não temais; tendes cometido todo este mal; no entanto, não vos desvieis de
seguir o SENHOR, mas servi ao SENHOR de todo o vosso coração. Não vos desvieis; pois seguiríeis
coisas vãs, que nada aproveitam e tampouco vos podem livrar, porque vaidade são. (1 Samuel
12.20-21).

Depois que os israelitas foram levados a temer e a se arrepender de seu pecado de exigir que
Samuel lhes desse um rei, veio a boa-nova: “Não temais; tendes cometido todo este mal; no
entanto, não vos desvieis de seguir o SENHOR, mas servi ao SENHOR de todo o vosso coração.
Não vos desvieis; pois seguiríeis coisas vãs, que nada aproveitam e tampouco vos podem livrar,
porque vaidade são” (12.20-21).

Este é o evangelho: Mesmo que você tenha pecado muito e desonrado terrivelmente o Senhor;
mesmo que tenha agora um rei, ao qual era pecado ter; mesmo que não haja como desfazer
esse pecado ou suas consequências dolorosas que ainda estão por vir; ainda assim, há um futuro
e uma esperança.

Não tenha medo! Não tema!

A seguir, vem o grande fundamento do evangelho no versículo 22. “Pois o SENHOR, por causa
do seu grande nome, não desamparará o seu povo, porque aprouve ao SENHOR fazer-vos o seu
povo”.

20. Medo de se perder

Versículo do dia: Como é grande a tua bondade, que reservaste aos que te temem, da qual
usas, perante os filhos dos homens, para com os que em ti se refugiam! (Salmo 31.19)

Considere duas verdades importantes no Salmo 31.19.

1. A bondade do Senhor

Existe uma bondade peculiar de Deus. Ou seja, não há apenas a bondade geral de Deus que ele
demonstra a todas as pessoas, fazendo o seu sol nascer sobre maus e bons (Mateus 5.45), mas
também uma bondade peculiar para “aqueles que o temem”.
Essa bondade é abundante além da medida. É ilimitada. Dura para sempre. É abrangente. Há
somente bondade para aqueles que o temem. Todas as coisas cooperam para o seu bem.
Mesmo as suas dores são repletas de benefício (Romanos 5.3-5).

Porém, aqueles que não o temem recebem uma bondade temporária — uma bondade que
não leva ao arrependimento, mas à pior destruição (Romanos 2.4).

2. O temor do Senhor

O temor do Senhor é o medo de se desviar dele. Portanto, esse temor se manifesta em


refugiar-se em Deus. É por isso que duas condições são mencionadas no Salmo 31.19 — temer
ao Senhor e refugiar-se nele.

Elas parecem ser opostas. O temer parece afastar e o refugiar-se parece atrair. Mas quando
consideramos que esse temor é o medo de não ser atraído, então essas duas condições
cooperam.

Há um tremor real para os santos. “Desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor”
(Filipenses 2.12). Mas esse é o tremor que alguém sente nos braços de um Pai que acaba de
arrancar seu filho da correnteza do mar.

21. A chave para o amor radical

Versículo do dia: Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem, e vos
perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vós. Regozijai-vos e exultai, porque é
grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de
vós. (Mateus 5.11-12)

Uma das questões que eu levantei recentemente, enquanto pregava sobre amar nossos
inimigos, a partir de Mateus 5.44, foi: Como você ama as pessoas que lhe sequestram e depois
lhe matam?

Como podemos fazer isso? De onde vem o poder para amar dessa forma? Pense em quão
surpreendente isso é quando surge no mundo real! Alguma coisa poderia mostrar a verdade,
poder e realidade de Cristo mais do que isso?

Creio que Jesus nos dá a chave para esse amor radical e abnegado no mesmo capítulo.

Em Mateus 5.11-12, ele fala novamente sobre ser perseguido. O que é notável nesses
versículos é que Jesus diz que você é capaz não somente de suportar o maltrato do inimigo,
mas de se alegrar nisso. Isso parece ainda mais fora do nosso alcance. Se eu pudesse fazer isso
— se eu pudesse me alegrar em ser perseguido — então, seria possível amar meus
perseguidores. Se o milagre da alegria no meio do terror da injustiça, dor e perda pudesse
acontecer, então o milagre do amor por aqueles que nos ofendem também poderia surgir.

Jesus dá a chave para a alegria nesses versículos. Ele diz: “Regozijai-vos e exultai, porque é
grande o vosso galardão nos céus”. A chave da alegria é a fé na futura graça de Deus — “é
grande o vosso galardão nos céus”. Creio que essa alegria é o poder libertador para amarmos
os nossos inimigos quando eles nos perseguem. Se isso é verdade, então o mandamento de
amar é uma ordem para fixarmos as nossas mentes nas coisas que são do alto, não nas coisas
que são da terra (Colossenses 3.2).
O mandamento para amarmos o nosso inimigo é uma ordem para encontrarmos nossa
esperança e nossa satisfação em Deus e em seu grande galardão: sua graça futura. A chave
para o amor radical é a fé na graça futura. Devemos ser persuadidos em meio à nossa agonia
de que o amor de Deus é “melhor do que a vida” (Salmo 63.3). Amar o seu inimigo não lhe dá a
recompensa do céu. Valorizar a recompensa do céu o capacita a amar o seu inimigo.

22. Cinco razões para ser destemido

Versículo do dia: Não temais, ó pequenino rebanho; porque vosso Pai se agradou em dar-vos o
seu reino. (Lucas 12.32)

A razão pela qual Deus deseja que não estejamos temerosos quanto ao dinheiro e às coisas é
que isso magnificaria cinco grandes aspectos sobre ele.

Primeiro, não ter medo mostra que nós estimamos a Deus como nosso Pastor. “Não temais, ó
pequenino rebanho”. Nós somos o seu rebanho e ele é o nosso Pastor. E se ele é o nosso
Pastor, então o Salmo 23.1 aplica-se: “O SENHOR é o meu pastor; nada me faltará” — ou seja,
não carecerei de nada do que realmente preciso.

Segundo, não ter medo mostra que nós valorizamos a Deus como nosso Pai. “Porque vosso Pai
se agradou em dar-vos o seu reino”. Nós não somos apenas seu pequenino rebanho; somos
também seus filhos, e ele é nosso Pai. Ele verdadeiramente se importa e realmente sabe o que
você precisa, e trabalhará por você para assegurar-se de que você tem o que necessita.

Terceiro, não ter medo mostra que valorizamos a Deus como Rei. Ele pode nos dar o “reino”
porque ele é o Rei. Isso acrescenta um tremendo elemento de poder àquele que provê para
nós. “Pastor” indica proteção e provisão. “Pai” indica amor, ternura, autoridade, provisão e
direção. “Rei” indica poder, soberania e riqueza.

Quarto, não ter medo mostra o quão liberal e generoso Deus é. Observe, ele dá o reino. Ele
não vende o reino, nem aluga o reino, nem arrenda o reino. Ele é infinitamente rico e não
precisa de nossos pagamentos. Assim, Deus é generoso e livre em sua generosidade. E isso é o
que magnificamos sobre ele quando não temos medo, mas confiamos nele quanto às nossas
necessidades.

Finalmente, não ter medo mostra que nós valorizamos a Deus como alguém feliz. Ele “se
agrada” em lhe dar o reino. Ele deseja fazer isso. É deleitoso a ele fazê-lo. Nem todos nós
tivemos pais como este, que ficavam felizes ao darem em vez de ganharem. Mas isso não
importa, porque agora você pode ter tal Pai, Pastor e Rei.

Assim, a ênfase desse versículo é que devemos valorizar Deus como nosso Pastor, Pai e Rei que
é generoso e se agrada em nos dar o reino de Deus: dar-nos o céu, dar-nos vida eterna e
alegria e tudo o que precisamos para chegarmos lá.

Se estimarmos a Deus dessa maneira, seremos destemidos e Deus será louvado.

23. Busque o bem da sua cidade

Versículo do dia: Assim diz o SENHOR dos Exércitos, o Deus de Israel, a todos os exilados que eu
deportei de Jerusalém para a Babilônia: Edificai casas e habitai nelas; plantai pomares e comei
o seu fruto… Procurai a paz da cidade para onde vos desterrei e orai por ela ao SENHOR;
porque na sua paz vós tereis paz. (Jeremias 29.4-7)

Se isso foi verdade para os exilados de Deus na Babilônia, parece ainda mais verdadeiro para
os exilados cristãos nesse mundo “babilônico”. Então, o que devemos fazer?

Nós devemos fazer as coisas comuns que precisam ser feitas: edificar casas, habitar nelas,
plantar pomares. Isso não o contaminará se você fizer tudo para o verdadeiro Rei e não apenas
servindo à vista, como para agradar a homens.

Busque a paz do lugar para onde Deus o levou. Pense em si mesmo como enviado por Deus,
porque é isso que você é.

Ore ao Senhor por sua cidade. Peça que coisas grandes e boas aconteçam para a cidade.
Evidentemente Deus não é indiferente à sua paz. Esta é uma razão pela qual ele não é
indiferente: na paz da cidade, o seu povo terá paz.

Isso não significa que desistimos da nossa orientação para o exílio. Na verdade, nós faremos
mais bem a esse mundo mantendo uma firme liberdade de suas atrações sedutoras.
Serviremos melhor à nossa cidade obtendo os nossos valores da cidade “que há de vir”
(Hebreus 13.14). Faremos mais bem à nossa cidade convocando tantos de seus cidadãos
quantos pudermos para serem cidadãos da “Jerusalém lá de cima” (Gálatas 4.26).

Vivamos assim, para que os nativos desejem conhecer o nosso Rei.

24. O poder libertador do perdão

Versículo do dia: Perdoados são os teus pecados. (Lucas 7.48)

Uma mulher vem a Jesus na casa de um fariseu, chorando e lavando os seus pés. Sem dúvida
ela sentiu vergonha enquanto os olhos de Simão comunicavam a todos os presentes que esta
mulher era uma pecadora e que Jesus não deveria permitir que ela lhe tocasse.

De fato, ela era uma pecadora. Havia um lugar para vergonha. Mas não por muito tempo.

Jesus disse: “Perdoados são os teus pecados” (Lucas 7.48). E quando os convidados
murmuraram sobre isso, ele ajudou a sua fé novamente, dizendo: “A tua fé te salvou; vai-te
em paz” (Lucas 7.50).

Como Jesus a ajudou a combater os efeitos paralisantes da vergonha? Ele lhe deu uma
promessa: “Os teus pecados foram perdoados! Tua fé te salvou. Teu futuro será de paz”. Ele
declarou que o perdão passado agora concederia paz futura.

Portanto, a questão para ela era a fé na futura graça de Deus enraizada na autoridade da obra
perdoadora e da palavra libertadora de Jesus. Essa é a maneira pela qual cada um de nós deve
lutar contra os efeitos de uma vergonha devida que ameaça demorar muito tempo e nos
prejudicar.

Devemos lutar contra a incredulidade, agarrando-nos às promessas de graça e paz futuras que
vêm através do perdão de nossos atos vergonhosos.

 “Contigo, porém, está o perdão, para que te temam” (Salmo 130.4).


 “Buscai o SENHOR enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto. Deixe o
perverso o seu caminho, o iníquo, os seus pensamentos; converta-se ao SENHOR, que
se compadecerá dele, e volte-se para o nosso Deus, porque é rico em perdoar” (Isaías
55.6-7).

 “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e
nos purificar de toda injustiça” (1 João 1.9).

 “Dele todos os profetas dão testemunho de que, por meio de seu nome, todo aquele
que nele crê recebe remissão de pecados” (Atos 10.43).

Não importa se o ato do perdão de Deus é completamente passado, ou se há um novo perdão


no futuro — em ambos os casos a questão é o poder libertador do perdão de Deus para o
nosso futuro — a liberdade da vergonha. O perdão é pleno de graça futura.

Quando vivemos pela fé na graça futura, somos libertos dos efeitos persistentes e paralisantes
da vergonha devida.

25. A salvação de Paulo foi por você

Versículo do dia: Mas, por esta mesma razão, me foi concedida misericórdia, para que, em
mim, o principal, evidenciasse Jesus Cristo a sua completa longanimidade, e servisse eu de
modelo a quantos hão de crer nele para a vida eterna. (1 Timóteo 1.16)

A conversão de Paulo foi por sua causa.

Eu quero que você considere isso muito pessoalmente. Deus tinha você em vista quando
escolheu Paulo e o salvou por graça soberana.

Se você crê em Jesus para a vida eterna — ou se ainda pode crer nele para a vida eterna — a
conversão de Paulo é por sua causa. É para tornar vívida para você a incrível longanimidade de
Cristo.

A vida de Paulo antes da conversão foi uma longa perseguição a Jesus. “Por que me
persegues?”, perguntou Jesus (Atos 9.4). “Sua vida de incredulidade e rebelião é uma
perseguição a mim!”. Paulo tinha sido separado para Deus desde antes do nascimento. Então,
toda a sua vida foi um longo insulto a Deus e uma longa rejeição e zombaria a Jesus que o
amava.

É por isso que Paulo diz que sua conversão é uma radiante demonstração da longanimidade de
Jesus. E é isso que ele oferece hoje.

Foi por nossa causa que Jesus o fez dessa forma. Para “evidenciar a sua completa
longanimidade” para nós. Para que não percamos a esperança. Para que não pensemos que
ele não poderia realmente nos salvar. Para que não pensemos que ele está inclinado à ira. Para
que não pensemos que fomos longe demais. Para que não pensemos que o nosso mais amado
ente não pode ser convertido, de repente, inesperadamente, pela soberana e superabundante
graça de Jesus.

26. Você foi feito para Deus


Versículo do dia: Pois o SENHOR, por causa do seu grande nome, não desamparará o seu povo,
porque aprouve ao SENHOR fazer-vos o seu povo. (1 Samuel 12.22)

O nome de Deus muitas vezes se refere à sua reputação, sua fama, seu renome. É dessa
maneira que usamos a palavra “nome” quando dizemos que alguém está fazendo um nome
para si mesmo. Ou, às vezes, dizemos: essa é uma marca de “nome”. Nós queremos dizer uma
marca com uma grande reputação. Isso é o que eu penso que Samuel indica em 1Samuel
12.22, quando ele diz que Deus fez de Israel um povo “para si” e que ele não desampararia
Israel “por causa do seu grande nome”.

Essa maneira de pensar sobre o zelo de Deus por seu nome é confirmada em muitas outras
passagens.

Por exemplo, em Jeremias 13.11, Deus descreve Israel como um cinturão ou cinto que Deus
escolheu para evidenciar a sua glória, mas que acabou por ser temporariamente inútil.
“Porque, como o cinto se apega aos lombos do homem, assim eu fiz apegar-se a mim toda a
casa de Israel e toda a casa de Judá, diz o SENHOR, para me serem por povo, e nome, e louvor,
e glória; mas não deram ouvidos”. Por que Israel foi escolhido e feito a vestimenta de Deus?
Para que pudesse ser um “nome, e louvor, e glória”.

As palavras “louvor” e “glória” nesse contexto nos dizem que “nome” significa “fama”,
“renome” ou “reputação”. Deus escolheu Israel para que o povo construísse uma reputação
para ele.

Deus diz em Isaías 43.21 que Israel é “o povo que formei para mim, para celebrar o meu
louvor”. E quando a igreja viu a si mesma no Novo Testamento como o verdadeiro Israel,
Pedro assim descreveu o propósito de Deus para nós: “Vós, porém, sois raça eleita… a fim de
proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1
Pedro 2.9).

Em outras palavras, Israel e a igreja são escolhidos por Deus para fazer um nome para ele no
mundo.

27. Filhos de um Deus que canta

Versículo do dia: Tendo cantado um hino, saíram para o monte das Oliveiras. (Marcos 14.26)

Você consegue ouvir Jesus cantando?

Ele era um baixo ou um tenor? Havia um tom singelo em sua voz? Ou havia um tom de firmeza
inabalável?

Ele fechou os olhos e cantou para o Pai? Ou olhou nos olhos dos seus discípulos e sorriu diante
da profunda comunhão que tinha com eles?

Ele costumava iniciar a música?

Oh, mal posso esperar para ouvir Jesus cantar! Acho que os planetas seriam sacudidos para
fora da órbita se ele elevasse a sua voz natural em nosso universo. Mas temos um reino que
não pode ser abalado; portanto, Senhor, vem e canta.

O cristianismo é uma fé que canta, e não poderia ser de outra forma. O fundador cantou. Ele
aprendeu a cantar com o seu Pai. Certamente eles estão cantando juntos desde a eternidade.
A Bíblia diz que o objetivo da música é levantar “a voz com alegria” (1 Crônicas 15.16).
Ninguém no universo tem mais alegria do que Deus. Ele é infinitamente feliz. Ele tem se
regozijado desde a eternidade na perspectiva de suas próprias perfeições, refletidas
perfeitamente na divindade do seu Filho.

A alegria de Deus é inimaginavelmente poderosa. Ele é Deus. Quando ele fala, galáxias passam
a existir. E quando ele canta de alegria, mais energia é liberada do que a que existe em toda a
matéria e movimento do universo.

Se ele escolheu a música para que manifestemos nosso deleite de coração nele, não é porque
ele também conhece a alegria de expressar em cântico o deleite de seu próprio coração em si
mesmo? Somos um povo que canta porque somos filhos de um Deus que canta.

28. A maravilhosa troca

Versículo do dia: Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a
salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego; visto que a justiça de
Deus se revela no evangelho. (Romanos 1.16-17)

Precisamos de justiça para sermos aceitáveis a Deus. Mas não a temos. O que temos é pecado.

Então, Deus tem o que precisamos e não merecemos: justiça; e temos o que Deus odeia e
rejeita: pecado. Qual é a resposta de Deus para esta situação?

Sua resposta é Jesus Cristo, o Filho de Deus que morreu em nosso lugar. Deus coloca nossos
pecados sobre Cristo e os castiga nele. E na morte obediente de Cristo, Deus cumpre e vindica
a sua justiça e a imputa (credita) a nós. Nosso pecado sobre Cristo; sua justiça sobre nós.

Dificilmente nós podemos enfatizar demais que Cristo é a resposta de Deus. Tudo é devido a
Cristo.

Não é possível amar demais a Cristo. Não é possível pensar nele, agradecer-lhe ou depender
dele em demasia. Toda a nossa justificação, toda a nossa justiça, está em Cristo.

Este é o evangelho — a boa notícia de que nossos pecados são colocados sobre Cristo e sua
justiça é colocada sobre nós, e que esta maravilhosa troca acontece para nós não por meio de
obras, mas pela fé somente.

Aqui está a boa notícia que remove fardos, concede alegria e fortalece.

29. O dia está chegando

Versículo do dia: Vai alta a noite, e vem chegando o dia. (Romanos 13.12)

Essa é uma palavra de esperança para os cristãos sofredores. É uma palavra de esperança para
os cristãos que odeiam seu próprio pecado e desejam parar de pecar. É uma palavra de
esperança para os cristãos que desejam que o último inimigo, a morte, seja vencido e lançado
no lago de fogo (Apocalipse 20.14).

De que forma essa é uma palavra de esperança para todos eles?


“A noite” representa esta era de escuridão e todo o seu pecado, miséria e morte. E o que
Paulo diz sobre isso? “Vai alta a noite”. O tempo do pecado, miséria e morte está quase
acabado.

Você pode dizer que 2.000 anos depois de Paulo parece uma longa aurora. De um ponto de
vista, é. E nós clamamos: “Até quando, ó Senhor, até quando deixarás isso continuar?”. Porém,
a forma bíblica de pensar é diferente.

A maneira correta e diferente de pensar é que o dia amanheceu em Jesus Cristo. Jesus é o fim
desta era caída. Ele derrotou o pecado, a dor, a morte e Satanás. A batalha decisiva terminou.
O reino veio. A vida eterna chegou.

E quando a aurora vem — como aconteceu na vinda de Jesus — ninguém deve duvidar da
vinda do dia. Nem mesmo se a aurora se estender por 2.000 anos. Ele é certo. O dia chegou.
Nada pode parar o sol nascente.

30. Quinze estratégias para a alegria

Versículo do dia: Tu me farás ver os caminhos da vida; na tua presença há plenitude de alegria,
na tua destra, delícias perpetuamente. (Salmo 16.11)

Nessa vida de pecado e dor, a alegria é resultado de um combate. Exatamente como a fé. E
Paulo diz a Timóteo: “Combate o bom combate da fé” (1 Timóteo 6.12). Assim é com a alegria.
Devemos nos esforçar e lutar por ela. Paulo disse aos Coríntios: “Somos cooperadores de vossa
alegria” (2 Coríntios 1.24).

Então, como lutaremos pela alegria? Aqui estão 15 diretrizes:

1. Compreenda que a verdadeira alegria em Deus é um dom.

2. Compreenda que se deve lutar incansavelmente pela alegria.

3. Resolva atacar todo o pecado conhecido em sua vida.

4. Aprenda o segredo da culpa corajosa: lute como um pecador justificado.

5. Perceba que a batalha é principalmente uma luta para ver Deus pelo que ele é.

6. Medite na Palavra de Deus de dia e de noite.

7. Ore fervorosa e continuamente por olhos do coração abertos e por uma inclinação
para Deus.

8. Aprenda a pregar a si mesmo ao invés de ouvir a si mesmo.

9. Passe tempo com pessoas saturadas de Deus que o ajudem a ver a Deus e combater o
combate.

10. Seja paciente na noite da aparente ausência de Deus.

11. Tenha descanso, exercício e dieta adequados ao que seu corpo foi projetado por Deus
para ter.

12. Faça um uso adequado da revelação de Deus na natureza — um passeio entre as


árvores.
13. Leia grandes livros sobre Deus e biografias de santos eminentes.

14. Faça o que é difícil e amoroso pelo bem de outros (testemunho verbal e ações de
misericórdia).

15. Tenha uma visão global pela causa de Cristo e entregue-se pelos não alcançados.

MAIO

01. Trapos imundos nunca mais

Versículo do dia: Todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças, como trapo da
imundícia. (Isaías 64.6)

É verdade que qualquer transgressão da lei de Deus ofende a sua perfeita santidade e nos
torna passíveis de condenação, já que Deus não pode olhar com favor para qualquer pecado
(Habacuque 1.13; Tiago 2.10-11).

Porém, o que levava uma pessoa à ruína no Antigo Testamento (e é o mesmo conosco hoje)
não era o fracasso em ter a justiça da perfeição sem pecado. O que os levou à ruína foi a falta
de confiança nas promessas misericordiosas de Deus, especialmente a esperança de que um
dia ele providenciaria um redentor que seria uma perfeita justiça para o seu povo (“SENHOR,
Justiça Nossa” – Jeremias 23.6; 33.16). Os santos sabiam que era assim que seriam salvos, que
essa fé era a chave da obediência e que a obediência era a prova dessa fé.

É terrivelmente confuso quando as pessoas dizem que a única justiça que tem algum valor é a
justiça imputada de Cristo. Obviamente, a justificação não se baseia em nenhuma justiça
nossa, mas apenas na justiça de Cristo imputada a nós. Mas, às vezes, as pessoas são
descuidadas e falam depreciativamente de toda justiça humana, como se não houvesse uma
justiça humana que agradasse a Deus.

Eles muitas vezes citam Isaías 64.6, que diz que a nossa justiça é como trapos imundos, ou
“trapo da imundícia”. “Todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças, como
trapo da imundícia”.

Mas, no contexto, Isaías 64.6 não significa que toda justiça realizada pelo povo de Deus é
inaceitável para Deus. Isaías está se referindo a pessoas cuja justiça é, de fato, hipócrita. Não é
mais justiça. Porém, no versículo anterior, Isaías diz que Deus satisfatoriamente sai ao
encontro “daquele que com alegria pratica justiça” (versículo 5).

É verdade — gloriosamente verdadeiro — que ninguém do povo de Deus, nem antes nem
depois da cruz, seria aceito por um Deus imaculadamente santo se a perfeita justiça de Cristo
não fosse imputada a nós (Romanos 5.19; 1 Coríntios 1.30; 2 Coríntios 5.21). Mas isso não
significa que Deus não produza nessas pessoas “justificadas” uma justiça experiencial que não
é um “trapo da imundícia”.

De fato, ele o faz, e essa justiça é preciosa para Deus; e é, de fato, exigida — não como o
fundamento de nossa justificação (que é a justiça de Cristo somente), mas como uma
evidência de que somos verdadeiramente filhos de Deus justificados.

02. Deus demonstra o seu amor


Versículo do dia: Mas Deus prova [demonstra] o seu próprio amor para conosco pelo fato de
ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores. (Romanos 5.8)

Observe que “demonstra” está no tempo presente e “morrido” está no passado.

O tempo presente indica que essa demonstração é um ato contínuo que permanece ocorrendo
no presente de hoje e no presente de amanhã.

O passado “morrido” implica que a morte de Cristo aconteceu de uma vez por todas e não será
repetida. “Pois também Cristo morreu, uma única vez, pelos pecados, o justo pelos injustos,
para conduzir-vos a Deus” (1 Pedro 3.18).

Por que Paulo usou o tempo presente (“Deus demonstra”)? Eu teria esperado que Paulo
dissesse: “Deus demonstrou (no passado) o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter
Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores”. A morte de Cristo não foi a demonstração
do amor de Deus? E essa demonstração não aconteceu no passado?

Eu acho que a pista é dada alguns versículos antes. Paulo acabou de dizer que “a tribulação
produz perseverança; e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança. Ora, a
esperança não confunde” (versículos 3-5).

Em outras palavras, o objetivo de tudo o que Deus nos leva a passar é a esperança. Ele deseja
que nos sintamos incansavelmente esperançosos em meio a todas as tribulações.

Mas, como podemos?

Paulo responde na frase seguinte: “porque o amor de Deus é derramado em nosso coração
pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado” (versículo 5). O amor de Deus “é derramado em
nosso coração”. O tempo desse verbo indica que o amor de Deus foi derramado em nossos
corações no passado (em nossa conversão) e ainda é presente e ativo.

Deus demonstrou o seu amor por nós ao dar seu próprio Filho para morrer de uma vez por
todas no passado por nossos pecados (versículo 8). Mas ele também sabe que esse amor
passado deve ser experimentado como uma realidade presente (hoje e amanhã), para que
tenhamos perseverança, experiência e esperança.

Portanto, ele não somente o demonstrou no Calvário; ele continua demonstrando-o agora
pelo Espírito. Ele faz isso abrindo os olhos de nossos corações para que “provemos e vejamos”
a glória da cruz e a segurança de que nada pode nos separar do amor de Deus em Cristo Jesus
(Romanos 8.39).

03. Como pedir perdão

Versículo do dia: Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados. (1 João 1.9)

Lembro-me de ouvir um dos meus professores no seminário dizer que um dos melhores testes
da teologia de uma pessoa era o efeito que ela tem sobre as suas orações.

Isso me pareceu verdade por causa do que estava acontecendo em minha própria vida. Noel e
eu havíamos acabado de nos casar e estávamos tendo como nosso hábito orarmos juntos
todas as noites. Observei que durante os cursos bíblicos que estavam moldando minha
teologia mais profundamente, minhas orações estavam mudando dramaticamente.
Provavelmente a mudança mais significativa naqueles dias foi que eu estava aprendendo a
argumentar diante de Deus sobre o fundamento da sua glória. Começar com “santificado seja
o teu nome” e terminar com “em nome de Jesus” significava que a glória do nome de Deus era
o alvo e o fundamento de tudo o que eu orava.

E que força adentrou em minha vida quando aprendi que a oração por perdão deve ser
baseada não apenas em um apelo à misericórdia de Deus, mas também em um apelo à sua
justiça em creditar o valor da obediência do seu Filho. “Deus é fiel e justo para nos perdoar os
pecados” (1 João 1.9).

No Novo Testamento, o fundamento de todo o perdão dos pecados é revelado mais


claramente do que no Antigo Testamento, mas a base do compromisso de Deus com o seu
nome não muda.

Paulo ensina que a morte de Cristo demonstrou a justiça de Deus ao perdoar os pecados e
vindicou a justiça de Deus ao justificar os ímpios que confiam em Jesus e não em si mesmos
(Romanos 3.25-26).

Em outras palavras, Cristo morreu de uma vez por todas para livrar o nome de Deus do que
parece um erro grosseiro de justiça — a absolvição dos pecadores simplesmente por causa de
Jesus. Mas Jesus morreu de tal maneira que o perdão “por causa de Jesus” é o mesmo que o
perdão “por causa do nome de Deus”.

04. Um motivo perigoso

Versículo do dia: Ou quem primeiro deu a ele [Deus] para que lhe venha a ser
restituído? Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória
eternamente. (Romanos 11.35-36)

Quando se trata de obediência, a gratidão é um motivo perigoso. Ela tende a ser expressa em
termos de devedor. Por exemplo: “Veja o quanto Deus tem feito por você. Você não deveria,
por gratidão, fazer muito por ele?”, ou: “Você deve a Deus tudo que é e tem. O que você tem
feito por ele em troca?”.

Tenho pelo menos três problemas com esse tipo de motivação.

Em primeiro lugar, é impossível retribuir a Deus toda a graça que ele nos tem dado. Nós nem
sequer podemos começar a retribuir, porque Romanos 11.35-36 diz: “quem primeiro deu a ele
[Deus] para que lhe venha a ser restituído? [Resposta: Ninguém!] Porque dele, e por meio
dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente”. Não podemos retribuir-
lhe porque ele já possui tudo o que temos para lhe dar.

Em segundo lugar, mesmo se conseguíssemos retribuir a ele toda a sua graça para conosco,
conseguiríamos apenas transformar a graça em uma transação comercial. Se pudéssemos
pagá-lo de volta, isso não seria graça. Se alguns amigos tentam demonstrar um favor especial
de amor a você ao convidá-lo para jantar, e você termina a noite dizendo que retribuirá
convidando-os para saírem na próxima semana, você anula a graça deles e a transforma em
um comércio. Deus não se agrada em ter sua graça anulada. Ele gosta de tê-la glorificada
(Efésios 1.6, 12, 14).
Em terceiro lugar, concentrar-se na gratidão como motivo para a obediência tende a ignorar a
importância crucial de ter fé na futura graça de Deus. A gratidão olha para a graça recebida no
passado e se sente grata. A fé olha adiante para a graça prometida no futuro e sente-se
esperançosa. “A fé é a certeza de coisas que se esperam” (Hebreus 11.1).

Essa fé na graça futura é o motivo para a obediência que preserva a qualidade graciosa da
obediência humana. A obediência não consiste em retribuir a Deus, transformando, assim, a
graça em uma negociação. A obediência vem de confiar em Deus por mais graça — a graça
futura — magnificando, assim, as provisões infinitas do amor e do poder de Deus. A fé olha
para a promessa: eu estarei “contigo por onde quer que andares” (veja Josué 1.9), e encoraja-
se, em obediência, a se apossar da terra.

05. Sete fontes de alegria

Versículo do dia: Sinto-me grandemente confortado e transbordante de júbilo em toda a nossa


tribulação. (2 Coríntios 7.4)

O que é extraordinário sobre Paulo é quão incrivelmente duradoura sua alegria era quando as
coisas não estavam indo bem.

De onde isso vinha?

Em primeiro lugar, isso foi ensinado por Jesus: “Bem-aventurados sois quando os homens vos
odiarem… Regozijai-vos naquele dia e exultai, porque grande é o vosso galardão no céu” (Lucas
6.22-23). Para Jesus, as tribulações fazem parte do seu interesse no céu, o qual dura muito
mais do que a terra.

Em segundo lugar, isso vem do Espírito Santo, não de nossos próprios esforços, imaginação ou
educação familiar. “O fruto do Espírito é… alegria” (Gálatas 5.22). “Tendo recebido a palavra,
posto que em meio de muita tribulação, com alegria do Espírito Santo” (1 Tessalonicenses 1.6).

Em terceiro lugar, isso vem de pertencer ao reino de Deus. “O reino de Deus não é comida
nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo” (Romanos 14.17).

Em quarto lugar, isso vem por meio da fé, ou seja, de crer em Deus. “E o Deus da esperança
vos encha de todo o gozo e paz no vosso crer” (Romanos 15.13). “E, convencido disto, estou
certo de que ficarei e permanecerei com todos vós, para o vosso progresso e gozo da fé”
(Filipenses 1.25).

Em quinto lugar, isso vem de considerar e conhecer Jesus como Senhor. “Alegrai-vos sempre
no Senhor” (Filipenses 4.4).

Em sexto lugar, isso vem de outros crentes que se esforçam para nos ajudar a nos concentrar
nessas fontes de alegria, em vez de circunstâncias enganosas. “Somos cooperadores de vossa
alegria” (2 Coríntios 1.24).

Em sétimo lugar, vem dos efeitos santificadores das tribulações. “Nos gloriamos nas próprias
tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança; e a perseverança, experiência; e a
experiência, esperança” (Romanos 5.3-4).
Se ainda não somos como Paulo, ele nos chama a ser. “Sede meus imitadores, como também
eu sou de Cristo” (1 Coríntios 11.1). E para a maioria de nós este é um chamado para a oração
fervorosa. Essa é uma vida sobrenatural.

06. Conhecimento mais verdadeiro produz maior alegria

Versículo do dia: Então, todo o povo se foi… a regozijar-se grandemente, porque tinham
entendido as palavras que lhes foram explicadas. (Neemias 8.12)

A única alegria que reflete o valor de Deus e transborda em amor que glorifica a Deus está
enraizada no verdadeiro conhecimento de Deus. E na medida em que nosso conhecimento é
pequeno ou falho, nossa alegria será um fraco eco da verdadeira excelência de Deus.

A experiência de Israel em Neemias 8.12 é um paradigma de como a alegria que glorifica a


Deus surge no coração. Esdras lhes tinha lido a palavra de Deus e os levitas a explicaram. E,
então, o povo foi embora “a regozijar-se grandemente”.

Sua grande alegria era porque tinham entendido as palavras.

A maioria de nós provou essa experiência do coração ardendo de alegria quando a palavra de
Deus foi aberta para nós (Lucas 24.32). Duas vezes Jesus disse que ensinou seus discípulos para
a alegria deles.

João 15.11: “Tenho-vos dito estas coisas para que o meu gozo esteja em vós, e o vosso gozo
seja completo”. João 17.13: “Isto falo no mundo para que eles tenham o meu gozo completo
em si mesmos”.

E o que vemos principalmente na palavra é o próprio Senhor se oferecendo para ser conhecido
e apreciado. “Continuou o SENHOR a aparecer em Siló, enquanto por sua palavra o SENHOR se
manifestava ali a Samuel” (1 Samuel 3.21).

A questão é que, se nossa alegria deve refletir a glória de Deus, então ela deve fluir do
verdadeiro conhecimento de como Deus é glorioso. Se quisermos nos deleitar em Deus
adequadamente, devemos conhecê-lo verdadeiramente.

07. Não sirva a Deus

Versículo do dia: Quanto ao SENHOR, seus olhos passam por toda a terra, para mostrar-se
forte para com aqueles cujo coração é totalmente dele. (2 Crônicas 16.9)

O que Deus está procurando no mundo? Assistentes? Não. O evangelho não é um anúncio de
“ajuda necessária”. Nem o chamado ao serviço cristão o é.

Deus não está buscando pessoas para trabalharem para ele. “Quanto ao SENHOR, seus olhos
passam por toda a terra, para mostrar-se forte para com aqueles cujo coração é totalmente
dele” (2 Crônicas 16.9). Ele é o grande trabalhador. Ele é aquele com ombros largos que
carregam os fardos. Ele é o forte. E ele está procurando formas de mostrar isso.

O que Deus requer de nós? Não o que poderíamos esperar. Ele repreende Israel por trazer
tantos sacrifícios: “De tua casa não aceitarei novilhos… Pois são meus todos os animais do
bosque… Se eu tivesse fome, não to diria, pois o mundo é meu e quanto nele se contém”
(Salmo 50.9-12).

Mas não há algo que possamos dar a Deus que não o rebaixe à posição de beneficiário?

Sim. Nossas ansiedades.

Esse é um mandamento: “lançando sobre ele toda a vossa ansiedade” (1 Pedro 5.7). Deus
receberá com prazer qualquer coisa de nossa parte que demonstre nossa dependência e sua
plena suficiência.

O Cristianismo é fundamentalmente convalescência. Os pacientes não atendem os seus


médicos, mas confiam neles para boas prescrições. O Sermão do Monte é o conselho médico
do nosso Médico, não a descrição de trabalho do nosso Patrão.

Nossas próprias vidas dependem de não trabalharmos para Deus. “Ora, ao que trabalha, o
salário não é considerado como favor, e sim como dívida. Mas, ao que não trabalha, porém crê
naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é atribuída como justiça” (Romanos 4.4-5).

Os trabalhadores não recebem dádivas. Eles recebem o que é devido: o seu salário. Se nós
queremos ter o dom da justificação, não ousaremos trabalhar por isso. Deus é o trabalhador
nesse caso. E o que ele recebe é a glória de ser o benfeitor da graça, não o beneficiário do
serviço.

08. Satisfeito com seus preceitos

Versículo do dia: Agrada-me fazer a tua vontade, ó Deus meu. (Salmo 40.8)

Como o fato de ser nascido de Deus torna os mandamentos de Deus um deleite ao invés de
um fardo?

O apóstolo João diz: “Esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé” (1 João 5.4). Em outras
palavras, o modo como ser nascido de Deus vence a opressão mundana contra os
mandamentos de Deus é pela geração da fé. Isso é confirmado em 1 João 5.1, que diz,
literalmente: “Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo é nascido de Deus”.

A fé é a evidência de que nascemos de Deus. Não nos fazemos nascer de novo por decidirmos
crer. Deus nos faz dispostos a crer por fazer-nos nascer de novo. Como Pedro disse em sua
primeira carta, Deus “nos regenerou para uma viva esperança” (1 Pedro 1.3). Nossa esperança
viva, ou fé na graça futura, é a obra de Deus por meio do novo nascimento.

Assim, quando João diz: “Todo o que é nascido de Deus vence o mundo”, e então acrescenta:
“Esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé” (1 João 5.4), entendo que ele indica que Deus
nos capacita, por meio do novo nascimento, a vencermos o mundo, ou seja, vencermos nossa
aversão mundana a guardar os mandamentos de Deus. O novo nascimento faz isso criando fé,
o que evidentemente inclui uma disposição para sermos satisfeitos, em vez de aborrecidos,
com os mandamentos de Deus.

Portanto, é a fé que vence a nossa natural hostilidade a Deus e sua vontade, e nos liberta para
guardarmos os seus mandamentos e dizermos com o salmista: “Agrada-me fazer a tua
vontade, ó Deus meu” (Salmo 40.8).
09. O que significa amar a Deus

Versículo do dia: Ó Deus, tu és o meu Deus forte; eu te busco ansiosamente; a minha alma tem
sede de ti; meu corpo te almeja, como terra árida, exausta, sem água. Assim, eu te contemplo
no santuário, para ver a tua força e a tua glória. (Salmo 63.1-2)

Somente Deus satisfará um coração como o de Davi. E Davi era um homem segundo o coração
de Deus. Nós fomos criados para sermos assim.

Esta é a essência do que significa amar a Deus: ser satisfeito nele. Nele!

Amar a Deus incluirá obedecer a todos os seus mandamentos; incluirá crer em toda a sua
palavra; incluirá agradecer-lhe por todos os seus dons; mas a essência de amar a Deus é
desfrutar de tudo o que ele é. E é esse gozo em Deus que glorifica a sua excelência mais
completamente.

Todos nós sabemos disso intuitivamente, bem como a partir da Escritura. Sentimo-nos mais
honrados pelo amor daqueles que nos servem pelos constrangimentos do dever ou pelas
delícias da comunhão?

Minha esposa é mais honrada quando eu digo: “Faz-me feliz passar tempo com você”. Minha
felicidade é o eco da sua excelência. E é assim com Deus. Ele é mais glorificado em nós quando
somos mais satisfeitos nele.

Nenhum de nós chegou à satisfação perfeita em Deus. Aflijo-me muitas vezes pela
murmuração do meu coração diante da perda de consolos mundanos. Porém, eu provei que o
Senhor é bom. Pela graça de Deus, agora conheço a fonte da alegria eterna.

E assim eu amo passar meus dias atraindo pessoas para a alegria, até que elas digam comigo:
“Uma coisa peço ao SENHOR, e a buscarei: que eu possa morar na Casa do SENHOR todos os
dias da minha vida, para contemplar a beleza do SENHOR e meditar no seu templo” (Salmo
27.4).

10. Um povo para o seu nome

Versículo do dia: Simão nos expôs como Deus, no princípio, voltou-se para os gentios a fim de
reunir dentre as nações um povo para o seu nome. (Atos 15.14)

É quase impossível enfatizar demais a centralidade da honra de Deus na motivação da missão


da igreja.

Quando Pedro teve seu mundo virado de cabeça para baixo pela visão de animais impuros em
Atos 10, e pela lição de Deus de que ele deveria evangelizar gentios, bem como judeus, ele
voltou a Jerusalém e disse aos apóstolos que isso tudo era devido ao zelo de Deus pelo seu
nome. Sabemos disso porque Tiago resumiu o discurso de Pedro assim: “Irmãos, atentai nas
minhas palavras: expôs Simão como Deus, primeiramente, visitou os gentios, a fim de
constituir dentre eles um povo para o seu nome” (Atos 15.13-14).

Não é surpreendente que Pedro diga que o propósito de Deus era reunir um povo para o seu
nome; pois o Senhor Jesus havia marcado Pedro alguns anos antes com uma lição inesquecível.

Você se lembra de que, depois que um jovem rico se afastou de Jesus e se recusou a segui-lo,
Pedro disse a Jesus: “Eis que nós tudo deixamos e te seguimos [ao contrário deste jovem rico];
que será, pois, de nós?” (Mateus 19.27). Jesus respondeu com uma leve repreensão, que na
verdade afirmou que não há sacrifício extremo quando você vive para o nome do Filho do
Homem. “Todo aquele que tiver deixado casas, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe [ou
mulher], ou filhos, ou campos, por causa do meu nome, receberá muitas vezes mais e herdará
a vida eterna” (Mateus 19.29).

A verdade é clara: Deus está realizando, com deleite onipotente, um propósito mundial de
reunir um povo para o seu nome de cada tribo, língua e nação (Apocalipse 5.9; 7.9). Ele tem
um entusiasmo inesgotável pela fama do seu nome entre as nações.

Portanto, quando alinhamos nossas afeições com as dele e, por causa do seu nome,
renunciamos à busca de confortos mundanos e nos unimos ao seu propósito mundial, o
onipotente compromisso de Deus com seu nome está sobre nós e não podemos ser
derrotados, apesar de muitas tribulações (Atos 9.16; Romanos 8.35-39).

11. Vá para a refeição

Versículo do dia: Oh! Provai e vede que o SENHOR é bom! (Salmo 34.8)

A você que diz nunca ter experimentado a glória de Deus, eu digo: você já provou muitos dos
seus aperitivos.

Você já olhou para o alto? Você já foi abraçado? Você já se sentou diante de um fogo ardente?
Você já andou em florestas, sentou-se perto de um lago, deitou-se em uma rede no verão?
Alguma vez já tomou sua bebida favorita em um dia quente ou comeu alguma coisa boa?

Todo desejo é uma devoção ou uma sedução distorcida em relação à glória do céu.

Você diz que não provou a glória de Deus. Eu digo que você tem experimentado aperitivos. Vá
para a refeição.

Você viu as sombras; olhe para a substância. Você andou sob os raios quentes do dia; vire-se e
olhe para o próprio sol. Você tem escutado ecos da glória de Deus em toda parte; sintonize o
seu coração com a música original.

O melhor lugar para ajustar o seu coração é na cruz de Jesus Cristo. “Vimos a sua glória, glória
como do unigênito do Pai” (João 1.14).

Se você quiser a demonstração mais concentrada da glória de Deus, olhe para Jesus nos
evangelhos, e olhe especialmente para a cruz. Isso atrairá os seus olhos, ajustará o seu coração
e despertará o seu paladar para que você possa ver, ouvir e provar a glória do verdadeiro Deus
em toda parte.

Foi para isso que você foi criado. Eu imploro a você: não desperdice sua vida. Deus o criou para
conhecer a sua glória. Busque isso com todo o seu coração e acima de tudo.

12. Por que devemos amar os nossos inimigos

Versículo do dia: Amai os vossos inimigos, fazei o bem aos que vos odeiam. (Lucas 6.27)

Há duas razões principais pelas quais os cristãos devem amar seus inimigos e fazer o bem a
eles.
Uma delas é que isso revela algo de como Deus é. Deus é misericordioso.

 “Ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos”
(Mateus 5.45).

 “Não nos trata segundo os nossos pecados, nem nos retribui consoante as nossas
iniquidades” (Salmo 103.10).

 “Sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros,
como também Deus, em Cristo, vos perdoou” (Efésios 4.32).

Assim, quando os cristãos vivem dessa maneira, demonstramos algo sobre como Deus é.

A segunda razão é que os corações dos cristãos estão satisfeitos com Deus e não são guiados
pelo desejo de vingança, autoexaltação, dinheiro ou segurança terrena.

Deus se tornou nosso tesouro plenamente satisfatório e, assim, não tratamos nossos inimigos
a partir do nosso próprio senso de necessidade e insegurança, mas a partir da nossa própria
plenitude com a satisfatória glória de Deus.

Hebreus 10.34: “Aceitastes com alegria o espólio dos vossos bens [ou seja, sem retaliações],
tendo ciência de possuirdes vós mesmos patrimônio superior e durável”. O que remove o
impulso da vingança é a nossa profunda confiança de que esse mundo não é nosso lar, e que
Deus é nossa recompensa absolutamente segura e satisfatória.

Portanto, em ambas as razões para amarmos o nosso inimigo, nós vemos o que é principal:
Deus é demonstrado como quem realmente é: como um Deus misericordioso e como gloriosa
e plenamente satisfatório.

A razão final para sermos misericordiosos é glorificar a Deus — engrandecê-lo aos olhos do
homem.

13. No início de tudo

Versículo do dia: Em amor nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus
Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade. (Efésios 1.4-5)

A experiência de Charles Spurgeon não está além da capacidade de qualquer cristão comum.

Spurgeon (1834-1892) foi um contemporâneo de George Mueller. Ele serviu o Tabernáculo


Metropolitano, em Londres, por mais de trinta anos, como o pastor mais notável de seu
tempo.

Sua pregação era tão poderosa que pessoas se convertiam a Cristo todas as semanas. Seus
sermões ainda são impressos hoje e ele é considerado por muitos como um modelo de
ganhador de almas.

Ele se lembra de uma experiência de quando tinha dezesseis anos que moldou sua vida e seu
ministério pelo restante dos seus dias.

Quando estava indo a Cristo, pensei que eu estava fazendo tudo sozinho, e embora buscasse o
Senhor fervorosamente, não tinha ideia de que o Senhor estava me procurando. Eu não acho
que o jovem convertido está ciente disso no início.
Lembro-me do dia e da hora em que pela primeira vez acolhi essas verdades [a doutrina da
eleição] em minha própria alma — quando, como diz John Bunyan, elas queimaram em meu
coração como com um ferro quente, e posso lembrar como senti que eu tinha crescido de
repente de um bebê a um homem — que eu tinha feito progressos no conhecimento bíblico
por ter encontrado, de uma vez por todas, essa pista para a verdade de Deus.

Uma noite da semana, quando eu estava sentado à casa de Deus, eu não estava pensando
muito sobre o sermão do pregador, porque eu não cria nele.

O pensamento me impressionou: Como você veio a tornar-se um cristão? Busquei o Senhor.


Mas como você veio a buscar o Senhor? A verdade veio à minha mente em um momento — eu
não o teria buscado, a menos que houvesse alguma influência anterior em minha mente para
me fazer buscá-lo. Eu orei, pensei, mas depois perguntei a mim mesmo: Como comecei a orar?
Fui estimulado a orar lendo as Escrituras. Como eu li as Escrituras? Eu as li, mas o que me levou
a fazê-lo?

Então, num instante, vi que Deus estava no início de tudo e que Ele era o autor da minha fé e,
assim, toda a doutrina da graça se desvelou para mim, dessa doutrina não me afastei até este
dia, e eu desejo fazer dessa a minha confissão constante: “Eu atribuo minha conversão
completamente a Deus”.

14. Ideias têm consequências

Versículo do dia: O intuito da presente admoestação visa ao amor. (1 Timóteo 1.5)

Victor Frankl foi preso nos campos de concentração nazistas de Auschwitz e Dachau durante a
Segunda Guerra Mundial. Como professor judeu de neurologia e psiquiatria, tornou-se
mundialmente conhecido por seu livro, Man’s Search for Meaning [A Busca do Homem por
Significado], que vendeu mais de oito milhões de cópias.

Nesse livro, ele desvenda a essência de sua filosofia, que passou a ser chamada logoterapia, a
qual afirma que o motivo humano mais fundamental é encontrar significado na vida. Ele
observou em meio aos horrores dos campos que o homem pode suportar quase qualquer
“modo” de vida, se ele tiver um “porquê”. Mas a citação que me comoveu recentemente foi
esta:

Estou absolutamente convencido de que as câmaras de gás de Auschwitz, Treblinka e


Maidanek não foram, em último análise, construídas em um ou outro ministério em Berlim,
mas sim nas mesas e salas de aula de cientistas e filósofos niilistas. (“Victor Frankl at Ninety:
An Interview” [“Victor Frankl aos Noventa: Uma Entrevista”], em First Things [Primeiras
Coisas], abril de 1995, p. 41).

Em outras palavras, as ideias têm consequências que abençoam ou destroem. O


comportamento das pessoas — bom e mau — não surge a partir do nada. Decorre de visões
dominantes da realidade que se enraízam na mente e produzem o bem ou o mal.

Uma das maneiras pelas quais a Bíblia esclarece a verdade de que as ideias têm consequências
práticas é dizendo coisas como: “tudo quanto, outrora, foi escrito para o nosso ensino foi
escrito, a fim de que… tenhamos esperança” (Romanos 15.4). As ideias apresentadas nas
Escrituras produzem a consequência prática da esperança.
Novamente, Paulo diz: “O intuito da presente admoestação visa ao amor” (1 Timóteo 1.5). A
comunicação de ideias pela “instrução” produz amor.

Esperança e amor não surgem do nada. Eles surgem de ideias — visões da realidade —
reveladas nas Escrituras.

Outra maneira pela qual as Escrituras nos mostram que as ideias têm consequências é usando
as palavras “portanto”, “pois” e outras semelhantes (a palavra grega que essas palavras
traduzem aparece 499 vezes no Novo Testamento). Por exemplo: “Justificados, pois, mediante
a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo” (Romanos 5.1). “Agora, pois,
já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (Romanos 8.1). “Portanto, não
vos inquieteis com o dia de amanhã” (Mateus 6.34).

Se quisermos viver no poder desses grandes e práticos “portantos” e “pois”, devemos nos
agarrar às ideias — às visões da realidade — que ocorrem antes deles e estão sob eles.

15. O que é mansidão?

Versículo do dia: Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra. (Mateus 5.5)

A mansidão começa quando colocamos nossa confiança em Deus. Assim, porque nós
confiamos nele, confiamos nosso caminho a ele. Lançamos sobre ele as nossas ansiedades,
frustrações, planos, relacionamentos, trabalhos e saúde.

E, então, esperamos pacientemente pelo Senhor. Nós confiamos em seu tempo, seu poder e
sua graça para resolver as coisas da melhor forma para sua glória e nosso bem.

O resultado de confiarmos em Deus, lançarmos as nossas ansiedades em Deus e esperarmos


pacientemente por Deus é que não cedemos à raiva rápida e rancorosa. Antes, em vez disso,
damos lugar à ira e entregamos a nossa causa a Deus e deixamos que ele nos vindique se lhe
agradar.

E, assim, como diz Tiago, nesta confiança quieta, somos tardios para falar e prontos para ouvir
(Tiago 1.19). Nós nos tornamos razoáveis e abertos à correção.

A mansidão ama aprender. E ela considera preciosas as feridas feitas por um amigo. E quando
deve dizer uma palavra crítica a uma pessoa flagrada em pecado ou erro, fala a partir da
profunda convicção de sua própria falibilidade, de sua própria susceptibilidade ao pecado e de
sua total dependência da graça de Deus.

A quietude, a flexibilidade e a vulnerabilidade da mansidão são muito belas e dolorosas. Elas


vão contra tudo o que somos por nossa natureza pecaminosa. Elas requerem ajuda
sobrenatural.

Se você é um discípulo de Jesus Cristo, ou seja, se confia nele, confia o seu caminho a ele e
espera pacientemente por ele, Deus já começou a ajudá-lo e o ajudará ainda mais.

E o principal modo pelo qual ele o ajudará é assegurando o seu coração de que você é um
coerdeiro com Jesus Cristo e de que o mundo e tudo o que há nele é seu.

16. O amor mais livre


Versículo do dia: Eis que os céus e os céus dos céus são do SENHOR, teu Deus, a terra e tudo o
que nela há. Tão-somente o SENHOR se afeiçoou a teus pais para os amar; a vós outros,
descendentes deles, escolheu de todos os povos, como hoje se vê. (Deuteronômio 10.14-15)

O amor eletivo de Deus é absolutamente livre. É o gracioso transbordamento de sua ilimitada


felicidade guiada por sua infinita sabedoria.

Deuteronômio 10.14-15 descreve o deleite que Deus teve na escolha de Israel dentre todos os
povos da terra. Observe duas coisas.

Primeiro, observe o contraste entre os versículos 14 e 15. Por que Moisés descreve a eleição
de Israel contra o pano de fundo da posse de Deus de todo o universo? Por que ele diz no
versículo 14: “A Deus pertence tudo o que há no céu e na terra” e depois diz no versículo 15:
“Tão-somente ele vos escolheu para ser seu povo”?

A razão parece ser livrar-se de qualquer noção de que Deus foi de alguma forma obrigado a
escolher este povo. A ênfase é destruir o mito de que cada povo tem o seu próprio deus e que
este deus tinha direito ao seu próprio povo, porém nada mais.

A verdade é que este é o único Deus verdadeiro. Ele possui tudo no universo e pode escolher
qualquer povo que lhe aprouver para sua posse especial.

Assim, a inefável e maravilhosa verdade para Israel é que ele os escolheu. Ele não precisava
fazê-lo. Ele tinha direitos e privilégios para escolher absolutamente qualquer povo na face da
terra para seus propósitos redentivos.

Logo, quando ele chama a si mesmo de “seu Deus”, ele não quer dizer que está em igualdade
com os deuses do Egito ou com os deuses de Canaã. Ele é dono desses deuses e de seus povos.
Se lhe tivesse agradado, ele poderia ter escolhido um povo totalmente diferente para realizar
seus desígnios.

O motivo para colocar os versículos 14 e 15 juntos dessa maneira é enfatizar a liberdade, os


direitos universais e autoridade de Deus.

A segunda coisa a notar (no versículo 15) é o modo como Deus exerce sua liberdade soberana
para “se afeiçoar a teus pais para os amar”. “Ele se deleitou em seus pais para amá-los”. Ele
livremente escolheu ter prazer em amar os pais.

O amor de Deus para com os pais de Israel era livre e misericordioso e não era limitado por
nada que os pais fossem em seu judaísmo ou em sua virtude.

17. Por que nós amamos a Deus

Versículo do dia: Nós amamos porque ele nos amou primeiro. (1 João 4.19)

Uma vez que amar a Deus é a evidência de que ele ama você com amor eletivo (Romanos 8.28,
etc.), a certeza de que Deus lhe ama com amor eletivo não pode ser o fundamento do seu
amor por ele. Nosso amor por ele, que é a evidência de nossa eleição, é nossa apreensão
espiritual da glória plenamente satisfatória deste Deus.

Isso não é primeiramente gratidão por um benefício recebido, mas o reconhecimento e deleite
de que recebê-lo produziria gratidão transbordante. Este reconhecimento e deleite é, ou
deveria ser, de acordo com a Escritura, acompanhado imediatamente com a segurança de que
ele de fato se entrega a nós para alegria eterna.

O chamado do evangelho (Cristo morreu pelos pecadores, creia nele e você será salvo) não é
primeiramente um apelo a crer que ele morreu por seus pecados, mas que, pelo fato de ele
ser o Deus que redime a tal preço e com tal sabedoria e santidade, ele é digno de confiança e é
um repouso verdadeiramente satisfatório para todos os meus anseios.

Crer nisso (ou seja, perceber e compreender) é imediatamente acompanhado pela confiança
de que somos salvos e de que ele morreu por nós, uma vez que a promessa da salvação é dada
àqueles que creem assim.

Assim, a essência do hedonismo cristão está no âmago do que é a fé salvífica e do que


verdadeiramente significa “receber” a Cristo, ou amar a Deus.

Compare: “Nós amamos porque ele nos amou primeiro” (1 João 4.19). Isso pode significar que
o amor de Deus capacita o nosso amor por ele através da encarnação, expiação e obra do
Espírito Santo, não que nosso motivo para amar seja primeiramente ele ter feito muito por
nós.

Ou isso pode indicar que ao contemplar e apreender espiritualmente Deus como o tipo de
Deus que ama pecadores como nós com graça tão surpreendentemente livre e através de
meios de expiação tão maravilhosamente sábios e sacrificais, somos atraídos a nos deleitar
neste Deus por quem ele é em si mesmo. Isso é melhor do que considerar que a afirmação
signifique que o amamos primeiro porque nos vemos como pessoal e particularmente
escolhidos por ele.

18. A luz além da luz

Versículo do dia: Se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas lá do alto,
onde Cristo vive, assentado à direita de Deus. Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui
da terra. (Colossenses 3.1-2)

Jesus Cristo é um refrigério. Apartar-se dele para um prazer sem Cristo faz a alma secar.

No início, pode parecer liberdade e diversão economizar em oração e negligenciar a Palavra.


Mas, depois, pagamos com superficialidade, falta de poder, vulnerabilidade ao pecado,
preocupação com trivialidades, relacionamentos superficiais e uma assustadora perda do
interesse na adoração e nas coisas do Espírito.

Não deixe o verão fazer a sua alma murchar. Deus fez o verão como um antegozo do céu, não
como um substituto.

Se o carteiro lhe traz uma carta de amor do seu noivo, não se apaixone pelo carteiro. Não se
apaixone pelo anúncio do filme a ponto de ficar incapaz de amar a realidade que se aproxima.

Jesus Cristo é o centro revigorante do verão. Ele é preeminente em todas as coisas


(Colossenses 1.18), incluindo férias, piqueniques, futebol, longas caminhadas e churrascos. Ele
nos convida neste verão: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu
vos aliviarei” (Mateus 11.28).
Nós desejamos isso? Essa é a questão. Cristo se entrega a nós na medida em que desejamos o
seu refrigério. “Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração”
(Jeremias 29.13).

A palavra de Pedro para nós sobre isso é: “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos para serem
cancelados os vossos pecados, a fim de que, da presença do Senhor, venham tempos de
refrigério” (Atos 3.19-20). Arrepender-se não é apenas afastar-se do pecado, mas também
converter-se ao Senhor com corações abertos, desejosos e submissos.

Que tipo de mentalidade de verão é essa? É a mentalidade de Colossenses 3.1-2: “Se fostes
ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à
direita de Deus. Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra”.

Essa é a terra de Deus! É um prenúncio da realidade do que será o verão eterno quando “a
cidade não precisa[r] nem do sol, nem da lua, para lhe darem claridade, pois a glória de Deus a
iluminou, e o Cordeiro é a sua lâmpada” (Apocalipse 21.23).

O sol do verão é uma simples seta para o sol que haverá. A glória de Deus. O verão existe para
mostrar isso e tornar isso visível. Você deseja ter olhos para ver? Senhor, faça com que
vejamos a luz além da luz.

19. O que faz Jesus exultar

Versículo do dia: Naquela hora, exultou Jesus no Espírito Santo e exclamou: Graças te dou, ó
Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e instruídos e as
revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado. (Lucas 10.21)

Esse versículo é uma das únicas duas passagens nos evangelhos onde se diz que Jesus se
alegrou. Os setenta discípulos tinham acabado de voltar de suas jornadas para pregação e
relataram seu sucesso a Jesus.

Lucas escreve no versículo 21: “Naquela hora, exultou Jesus no Espírito Santo e exclamou:
Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e
instruídos e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado”.

Observe que os três membros da Trindade se alegram aqui: Jesus está se alegrando; mas é dito
que ele está se alegrando no Espírito Santo. Eu considero que isso signifique que o Espírito
Santo está enchendo-o e movendo-o a se alegrar. Depois, no fim do versículo, é descrito o
agrado de Deus Pai. A NVI o traduz como: “Sim, Pai, pois assim foi do teu agrado”.

Ora, o que fez toda a Trindade se alegrar juntamente nesta passagem? É o amor livre e eletivo
de Deus em esconder coisas da elite intelectual e revelá-las aos pequeninos. “Graças te dou, ó
Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e instruídos e as
revelaste aos pequeninos”.

E o que o Pai esconde de alguns e revela a outros? Lucas 10.22 responde: “Ninguém sabe
quem é o Filho, senão o Pai”. Assim, o que Deus Pai deve revelar é a verdadeira identidade
espiritual do Filho.

Quando os setenta discípulos voltam de sua missão evangelística e dão seu relatório a Jesus,
ele e o Espírito Santo se regozijam de que Deus Pai, escolheu, de acordo com sua boa vontade,
revelar o Filho aos pequeninos e escondê-lo dos sábios.
A questão não é que existam apenas certas classes de pessoas escolhidas por Deus. A questão
é que Deus é livre para escolher os candidatos menos prováveis para a sua graça.

Deus contradiz o que o mérito humano poderia ditar. Ele esconde dos sábios e revela aos mais
desamparados e incapazes.

Quando Jesus vê o Pai livremente iluminando e salvando as pessoas cuja única esperança é a
livre graça, ele exulta no Espírito Santo e se deleita na eleição do seu Pai.

20. Como odiar a sua vida

Versículo do dia: Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, caindo na terra, não
morrer, fica ele só; mas, se morrer, produz muito fruto. Quem ama a sua vida perde-a; mas
aquele que odeia a sua vida neste mundo preservá-la-á para a vida eterna. (João 12.24-25)

“Aquele que odeia a sua vida neste mundo preservá-la-á para a vida eterna”. O que isso quer
dizer?

Isso quer dizer, no mínimo, que você não se preocupa muito com a sua vida neste mundo. Em
outras palavras, simplesmente não tem muita importância o que acontece com a sua vida
neste mundo.

Se os homens falam bem de você, não importa muito.


Se eles o odeiam, não importa muito.
Se você tem muitas coisas, não importa muito.
Se você tem pouco, não importa muito.
Se você é perseguido ou caluniado, não importa muito.
Se você é famoso ou desconhecido, não importa muito.
Se você está morto, essas coisas simplesmente não importam muito.

Porém, isso é ainda mais radical. Há algumas escolhas a serem feitas aqui, não apenas
experiências passivas. Jesus prossegue dizendo: “Se alguém me serve, siga-me” (João 12.26).
Para onde? Ele está indo para o Getsêmani e para a cruz.

Jesus não está apenas dizendo: Se as coisas correrem mal, não se preocupe, já que você está
morto de qualquer modo. Ele está dizendo: Escolha morrer comigo. Escolha odiar a sua vida
neste mundo da maneira que eu escolhi a cruz.

Isso é o que Jesus quis dizer quando afirmou: “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se
negue, tome a sua cruz e siga-me” (Mateus 16.24). Ele nos convoca a escolhermos a cruz. As
pessoas só faziam uma coisa numa cruz. Elas morriam nela. “Tome a sua cruz” significa: “Como
um grão de trigo, caia na terra e morra”. Escolha isso.

Mas, por que? Por causa do compromisso radical com o ministério: “Em nada considero a vida
preciosa para mim mesmo, contanto que complete a minha carreira e o ministério que recebi
do Senhor Jesus para testemunhar o evangelho da graça de Deus” (Atos 20.24). Parece que
ouço Paulo dizendo: “Não importa o que aconteça comigo, se eu apenas puder viver para a
glória de sua graça”.

21. Deus trabalha para você


Versículo do dia: Elevo os olhos para os montes: de onde me virá o socorro? O meu socorro
vem do SENHOR, que fez o céu e a terra. Ele não permitirá que os teus pés vacilem; não
dormitará aquele que te guarda. (Salmo 121.1-3)

Você precisa de ajuda? Eu preciso. Onde você busca socorro?

Quando o salmista elevou os olhos para os montes e perguntou: “De onde me virá o socorro?”,
ele respondeu: “O meu socorro vem do Senhor”, não dos montes, mas do Deus que fez os
montes.

Assim, ele se lembrou de duas grandes verdades: Uma é que Deus é um poderoso Criador que
está acima de todos os problemas da vida; a outra é que Deus nunca dorme.

Deus é um trabalhador incansável. Pense em Deus como um trabalhador em sua vida. Sim, é
incrível. Somos propensos a pensar em nós mesmos como trabalhadores na vida de Deus. Mas
a Bíblia quer que primeiro nos maravilhemos de que Deus é um trabalhador em nossas vidas:
“Desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu
Deus além de ti, que trabalha para aquele que nele espera” (Isaías 64.4).

Deus está trabalhando por nós o tempo todo. Ele não tira dias para descanso e nem dorme. Na
verdade, ele está tão desejoso de trabalhar por nós que busca por mais trabalho a fazer pelas
pessoas que confiam nele: “Quanto ao SENHOR, seus olhos passam por toda a terra, para
mostrar-se forte para com aqueles cujo coração é totalmente dele” (2 Crônicas 16.9).

Deus ama mostrar o seu incansável poder, sabedoria e bondade ao trabalhar por pessoas que
confiam nele. Jesus foi a principal forma pela qual o Pai mostrou isso: “O próprio Filho do
Homem não veio para ser servido, mas para servir” (Marcos 10.45). Jesus trabalha por seus
seguidores. Ele os serve.

Isso é o que devemos crer — realmente crer — para nos regozijarmos sempre (1
Tessalonicenses 5.16) e dar sempre graças por tudo (Efésios 5.20), para que tenhamos “a paz
de Deus, que excede todo o entendimento” (Filipenses 4.7) e para que não andemos ansiosos
por coisa alguma (Filipenses 4.6), para que odiemos as nossas vidas “neste mundo” (João
12.25) e para que “amemos [nosso] próximo como a [nós mesmos]” (Mateus 22.39).

Que verdade! Que realidade! Deus está acordado a noite toda e o dia todo para trabalhar por
aqueles que nele esperam.

22. Jesus conhece as suas ovelhas

Versículo do dia: As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço. (João 10.27)

Jesus conhece aqueles que são dele. Que conhecimento é esse?

João 10.3 é um paralelo próximo ao versículo 27, que diz: “As ovelhas ouvem a sua voz, ele
chama pelo nome as suas próprias ovelhas e as conduz para fora”.

Assim, quando Jesus diz: “Eu as conheço”, isso significa, no mínimo, que ele as conhece pelo
nome; ou seja, as conhece individual e intimamente. Elas não são anônimas e perdidas no
rebanho.

Os versículos 14-15 dão outra perspectiva: “Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas,
e elas me conhecem a mim, assim como o Pai me conhece a mim, e eu conheço o Pai”.
Existe uma semelhança real entre o modo como Jesus conhece seu Pai no céu e como ele
conhece as suas ovelhas. Jesus vê a si mesmo no Pai, e vê a si mesmo em seus discípulos.

Até certo ponto, Jesus reconhece seu próprio caráter em seus discípulos. Ele vê a sua própria
marca na ovelha.

Ele é como um marido à espera de sua esposa no aeroporto, observando à medida que cada
pessoa desembarca do avião. Quando ela aparece, ele a conhece, reconhece suas feições, se
deleita nela, ela é a única que ele abraça.

O apóstolo Paulo o coloca assim: “o firme fundamento de Deus permanece, tendo este selo: O
Senhor conhece os que lhe pertencem” (2 Timóteo 2.19).

É difícil enfatizar o enorme privilégio de ser conhecido de forma pessoal, íntima e amorosa
pelo Filho de Deus. Essa é uma dádiva preciosa para todas as suas ovelhas, e tem em si a
promessa da vida eterna.

23. Cristo vale a pena?

Versículo do dia: Se alguém vem a mim e não aborrece a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e
irmãos, e irmãs e ainda a sua própria vida, não pode ser meu discípulo. E qualquer que não
tomar a sua cruz e vier após mim não pode ser meu discípulo. (Lucas 14.26-27)

Jesus não tem vergonha ou receio de nos contar o “pior” — o custo doloroso de ser cristão:
aborrecer a família (versículo 26), tomar uma cruz (versículo 27), renunciar as posses (versículo
33). Não há nenhuma letra pequena no pacto da graça. São todas grandes e em negrito. Não
há graça barata! Custa caríssimo! Venha e seja meu discípulo.

Porém, Satanás esconde o seu pior e mostra apenas o seu melhor. Tudo o que realmente
importa no acordo com Satanás está em letras pequenas na última página.

Na primeira página, em letras grandes e em negrito, estão as palavras: “É certo que não
morrereis” (Gênesis 3.4) e “Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares” (Mateus 4.9). Mas
na parte de trás, em letras pequenas — tão pequenas que você só consegue lê-lo com a lupa
da Bíblia — está escrito: “E depois dos prazeres fugazes, você sofrerá comigo para sempre no
inferno”.

Por que Jesus está disposto a nos mostrar o seu “pior”, bem como o seu melhor, enquanto
Satanás só nos mostra o seu melhor? Matthew Henry responde: “Satanás mostra o melhor,
mas oculta o pior, porque seu melhor não [compensa] o seu pior; porém o de Cristo
compensará abundantemente”.

O chamado de Jesus não é apenas um chamado ao sofrimento e abnegação; é primeiramente


um chamado para um banquete. Essa é a ênfase da parábola em Lucas 14.16-24. Jesus
também promete uma gloriosa ressurreição onde todas as perdas dessa vida serão reparadas
(Lucas 14.14). Ele também nos diz que nos ajudará a suportar as dificuldades (Lucas 22.32). Ele
também nos diz que nosso Pai nos dará o Espírito Santo (Lucas 11.13). Ele promete que
mesmo se formos mortos por causa do reino, não se perderá um só fio de cabelo da nossa
cabeça (Lucas 21.18).
Isso significa que quando nos sentamos para calcular o custo de seguir a Jesus — quando
consideramos o “pior” e o “melhor” — ele vale a pena. Abundantemente vale a pena
(Romanos 8.18; 2 Coríntios 4.17).

Não é assim com Satanás. O pão roubado é doce, mas depois a boca se encherá de cascalho
(veja Provérbios 20.17).

24. O fundamento da sua segurança

Versículo do dia: Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação, pela santificação do
Espírito. (2 Tessalonicenses 2.13)

Dezenas de passagens na Bíblia falam de nossa salvação final (embora não da nossa eleição)
como condicionada a um coração e vida transformados. Surge, então, o questionamento:
Como posso ter a segurança de que perseverarei na fé e na santidade necessárias para herdar
a vida eterna?

A resposta é que a segurança está enraizada em nossa eleição (2 Pedro 1.10). A eleição divina
é a garantia de que Deus se comprometerá a completar pela graça santificadora o que a sua
graça eletiva começou.

Esse é o significado da nova aliança: Deus não meramente ordena a obediência, ele a dá: “O
SENHOR, teu Deus, circuncidará o teu coração e o coração de tua descendência, para amares o
SENHOR, teu Deus, de todo o coração e de toda a tua alma, para que vivas” (Deuteronômio
30.6). “Porei dentro de vós o meu Espírito e farei que andeis nos meus estatutos” (Ezequiel
36.27; cf. 11.20).

A eleição assegura que “aos que [Deus] justificou, a esses também glorificou” (Romanos 8.30),
de modo que todas as condições estabelecidas para a glorificação serão satisfeitas pelo poder
da graça de Deus.

A eleição é o fundamento final da segurança porque, como o compromisso de Deus é salvar,


assim também o compromisso de Deus é capacitar para tudo o que é necessário à salvação.

25. O propósito de Deus nos desvios

Versículo do dia: E tudo o que fizerdes, seja em palavra, seja em ação, fazei-o em nome do
Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai. (Colossenses 3.17)

Você já se perguntou o que Deus está fazendo enquanto você está buscando no lugar errado
por algo que perdeu e de que precisava seriamente? Ele sabe exatamente onde está e ele está
deixando você procurar no lugar errado.

Certa vez precisei de uma citação para uma nova edição do meu livro Desiring God [Em busca
de Deus – Shedd Publicações]. Eu sabia que a tinha lido em Richard Wurmbrand. Pensei que
estava em seu livro devocional, Reaching Toward the Heights [Atingindo as Alturas]. Eu quase
podia vê-la no lado direito das páginas viradas. Mas não consegui encontrá-la.

Porém, enquanto estava procurando, fui atraído a uma página, o devocional de 30 de


novembro. Quando eu o li, disse: “Esta é uma das razões pelas quais tive que continuar
procurando a minha citação”. Ali havia uma história, não para mim, mas para os pais de
crianças deficientes.

Ter crianças deficientes é como buscar no lugar errado pelo que você perdeu, e não conseguir
encontrar. Por quê? Por quê? Por quê? Essa foi a recompensa não planejada de momentos
“desperdiçados”.

Em um lar para crianças deficientes, Catherine foi assistida por vinte anos. A criança era
[deficiente mental] desde sempre e nunca tinha dito uma palavra, mas apenas vegetava. Ela
olhava calmamente para as paredes ou fazia movimentos desordenados. Comer, beber e
dormir era no que consistia toda a sua vida. Ela parecia não participar do que acontecia à sua
volta. Uma perna teve que ser amputada. A equipe desejava o bem de Cathy e esperava que o
Senhor em breve a tomasse para Si.

Um dia, o médico chamou o diretor para vir rapidamente. Catherine estava morrendo. Quando
ambos entraram na sala, não podiam acreditar no que viam. Catherine estava cantando hinos
cristãos que tinha ouvido e memorizado, exatamente aqueles adequados para leitos de morte.
Ela repetia vez após vez a canção alemã: “Onde a alma encontra sua pátria, seu descanso?”.
Ela cantou por meia hora com o rosto transfigurado, depois morreu calmamente. (Extraído de
The Best Is Still to Come [O Melhor Ainda Está por Vir], Wuppertal: Sonne und Shild)

Alguma coisa feita em nome de Cristo é realmente desperdiçada?

Minha busca frustrada e inútil pelo que pensei que precisava não foi desperdiçada. Cantar para
esta criança com deficiência não foi desperdiçado. E o seu desvio angustiante e não planejado
não é um desperdício — não se você olhar para o Senhor em busca de sua obra inesperada e
fizer o que precisa ser feito em seu nome (Colossenses 3.17). O Senhor trabalha por aqueles
que nele esperam (Isaías 64.4).

26. Força para esperar

Versículo do dia: Sendo fortalecidos com todo o poder, segundo a força da sua glória, em toda
a perseverança e longanimidade; com alegria. (Colossenses 1.11)

Força é a palavra certa. O apóstolo Paulo orou pela igreja em Colossos, para que fossem
“fortalecidos com todo o poder, segundo a força da sua glória, em toda a perseverança e
longanimidade” (Colossenses 1.11). Paciência é a evidência de uma força interior.

Pessoas impacientes são fracas e, portanto, dependentes de apoios externos — como horários
exatos e circunstâncias que apoiem seus frágeis corações. Suas explosões de xingamentos,
ameaças e críticas severas aos culpados que cruzaram seus planos não soam fracas. Porém,
todo esse barulho é uma camuflagem da fraqueza. A paciência exige enorme força interior.

Para o cristão, essa força vem de Deus. É por isso que Paulo está orando pelos Colossenses. Ele
está pedindo a Deus para capacitá-los para a paciência constante que a vida cristã exige. Mas
quando ele diz que a força da paciência é “segundo a força da glória [de Deus]”, ele não quer
dizer apenas que é preciso poder divino para tornar uma pessoa paciente. Ele quer dizer que a
fé neste poder glorioso é o meio pelo qual o poder da paciência surge.

A paciência é, de fato, um fruto do Espírito Santo (Gálatas 5.22), mas o Espírito Santo capacita
(com todos os seus frutos) por meio da “pregação da fé” (Gálatas 3.5). Portanto, Paulo está
orando para que Deus nos conecte com a “força da glória” que dá poder à paciência. E essa
conexão é a fé.

27. Fé autêntica versus falsa

Versículo do dia: Cristo, tendo-se oferecido uma vez para sempre para tirar os pecados de
muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o aguardam para a salvação. (Hebreus
9.28)

A questão diante de todos nós é: Estamos incluídos nos “muitos” cujos pecados ele tirou? E
seremos salvos pela sua vinda?

A resposta de Hebreus 9.28 é: “Sim”, se o estamos “aguardando para a salvação”. Podemos


saber que nossos pecados são removidos e que estaremos seguros no julgamento se
confiamos em Cristo de tal maneira que isso nos faz aguardar por sua vinda.

Existe uma fé falsa que afirma crer em Cristo, mas é apenas uma apólice de seguro contra o
fogo. A fé falsa “crê” apenas para escapar do inferno. Ela não tem nenhum desejo verdadeiro
por Cristo. De fato, preferiria que ele não viesse, para que pudesse ter o máximo possível de
prazeres desse mundo. Isso mostra que um coração não está com Cristo, mas com o mundo.

Portanto, a questão para nós é: Nós ansiosamente aguardamos pela vinda de Cristo? Ou
queremos que ele espere enquanto nosso caso de amor com o mundo continua? Essa é a
questão que testa a autenticidade da fé.

Sejamos como os coríntios que esperavam “a revelação de nosso Senhor Jesus Cristo” (1
Coríntios 1.7), e como os filipenses cuja “pátria está nos céus, de onde também [aguardavam]
o Salvador, o Senhor Jesus Cristo” (Filipenses 3.20).

Essa é a questão para nós. Nós amamos a sua vinda? Ou nós amamos o mundo e esperamos
que sua aparição não interrompa nossos planos mundanos? A eternidade depende dessa
questão.

28. O pagamento pela paciência

Versículo do dia: Vós, na verdade, intentastes o mal contra mim; porém Deus o tornou em
bem, para fazer, como vedes agora, que se conserve muita gente em vida. (Gênesis 50.20)

A história de José em Gênesis 37-50 é uma grande lição do porquê devemos ter fé na soberana
graça futura de Deus.

José é vendido como escravo por seus irmãos, o que deve ter testado tremendamente a sua
paciência. Mas a ele é dado um bom trabalho na casa de Potifar. Então, quando está agindo
retamente no lugar não planejado da obediência, a esposa de Potifar mente sobre sua
integridade e ele é lançado na prisão — outra grande prova para sua paciência.

Porém, novamente, as coisas melhoram e o carcereiro da prisão lhe concede responsabilidade


e respeito. Mas quando ele pensa que está prestes a obter um indulto por meio do copeiro do
Faraó, cujo sonho interpretou, o copeiro o esquece por mais dois anos.
Finalmente, o significado de todos esses desvios e atrasos torna-se claro. José diz aos seus
irmãos de quem havia se separado há muito tempo: “Deus me enviou adiante de vós, para
conservar vossa sucessão na terra e para vos preservar a vida por um grande livramento… Vós,
na verdade, intentastes o mal contra mim; porém Deus o tornou em bem, para fazer, como
vedes agora, que se conserve muita gente em vida” (Gênesis 45.7, 50.20).

Qual teria sido o segredo para a paciência de José durante todos aqueles longos anos de exílio
e maltrato? A resposta é: fé na graça futura: a graça soberana de Deus para transformar o
lugar e caminho não planejados no final mais feliz que se possa imaginar.

29. Quando Deus age contra a sua vontade

Versículo do dia: Entretanto, não ouviram a voz de seu pai, porque o SENHOR os queria matar.
(1 Samuel 2.25)

Há três implicações desse texto para nossas vidas.

1) É possível pecar tanto e tão gravemente que o Senhor não concederá arrependimento.

É por isso que Paulo disse que, depois de todas as nossas súplicas e instrução, há “a
expectativa de que Deus lhes conceda… o arrependimento”, não “lhes concederá… o
arrependimento” (2 Timóteo 2.25). Há um “tarde demais” na vida de pecado. Como é dito
sobre Esaú em Hebreus 12.17: “não achou lugar de arrependimento, embora, com lágrimas, o
tivesse buscado”. Ele foi abandonado; ele não podia se arrepender.

Isso não significa que aqueles que verdadeiramente se arrependem, mesmo depois de uma
vida inteira de pecado, não possam ser salvos. Eles certamente podem ser, e serão! Deus é
maravilhosamente misericordioso. Testemunhe o ladrão na cruz: “Em verdade te digo que
hoje estarás comigo no paraíso” (Lucas 23.43).

2) Deus pode não permitir que uma pessoa pecadora faça o que é certo.

“Entretanto, não ouviram a voz de seu pai, porque o SENHOR os queria matar”. Ouvir a voz de
seu pai era a coisa certa a fazer. Mas eles não ouviriam. Por quê? “Porque o SENHOR os queria
matar”.

A razão pela qual eles não obedeceram a seu pai foi que Deus tinha outros propósitos para
eles, e os tinha entregado ao pecado e à morte. Isso mostra que há momentos em que a
vontade decretória de Deus é diferente da vontade revelada no mandamento de Deus.

3) Às vezes, as nossas orações para que a vontade revelada de Deus seja feita não serão
atendidas porque Deus decretou algo diferente para fins santos e sábios.

Eu suponho que Eli orou para que seus filhos fossem transformados. Ele deveria ter orado por
algo assim. Porém, Deus havia decretado que Hofni e Finéias não obedecessem, mas fossem
mortos.

Quando algo assim acontece (o que normalmente não sabemos de antemão), enquanto
clamamos a Deus por mudança, a resposta de Deus não é: “Eu não te amo”. Pelo contrário, a
resposta é: “Eu tenho sábios e santos propósitos em não vencer esse pecado e em não
conceder o arrependimento. Você não vê esses propósitos agora. Confie em mim. Eu sei o que
estou fazendo. Eu te amo”.
30. Algo para se gloriar

Versículo do dia: Porque pela graça sois salvos, mediante a fé. (Efésios 2.8)

O Novo Testamento correlaciona fé e graça para assegurar que não nos gloriemos no que a
graça realiza sozinha.

Um dos exemplos mais familiares é esse: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé”
(Efésios 2.8). Pela graça, mediante a fé. Aqui está a correlação que protege a gratuidade da
graça.

A fé é o ato de nossa alma de se voltar da nossa própria insuficiência para os livres e


suficientes recursos de Deus. A fé focaliza-se na liberdade de Deus para conceder graça aos
indignos. Ela se baseia na liberalidade de Deus.

Então, a fé, por sua própria natureza, anula a vanglória e se adequa à graça. Seja para onde for
que a fé olhe, ela vê a graça por trás de cada ato digno de louvor. Portanto, ela não pode se
gloriar, senão no Senhor.

Assim, Paulo, depois de dizer que a salvação é pela graça, mediante a fé, diz: “e isto não vem
de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie” (Efésios 2.8-9). A fé não
pode se gloriar da bondade, nem da competência, nem da sabedoria humana, porque a fé se
concentra na livre graça de Deus, que tudo suporta. Seja qual for a bondade que a fé veja, ela a
vê como o fruto da graça.

Quando a fé olha para nossa “sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção”, ela diz: “Aquele
que se gloria, glorie-se no Senhor” (1 Coríntios 1.30-31).

31. O benefício de servir a Deus

Versículo do dia: Serão seus servos, para que conheçam a diferença entre a minha servidão e a
servidão dos reinos da terra. (2 Crônicas 12.8)

Servir a Deus é completamente diferente de servir a qualquer outra pessoa.

Deus é extremamente zeloso para que compreendamos e apreciemos isso. Por exemplo, ele
nos ordena: “Servi ao SENHOR com alegria” (Salmo 100.2). Há uma razão para essa alegria. Ela
é dada em Atos 17.25. Deus não é “servido por mãos humanas, como se de alguma coisa
precisasse; pois ele mesmo é quem a todos dá vida, respiração e tudo mais”.

Nós o servimos com alegria, porque não temos o fardo de satisfazer as suas necessidades. Pelo
contrário, nos regozijamos em um serviço onde Deus atende as nossas necessidades. Servir a
Deus sempre significa receber graça de Deus.

Há uma história em 2Crônicas 12 para mostrar como Deus é zeloso de que compreendamos
isso e nos gloriemos nisso. Roboão, o filho de Salomão, que governou o reino do sul após a
revolta das dez tribos, “deixou a lei do SENHOR” (2 Crônicas 12.1). Ele escolheu opor-se ao
serviço do Senhor e entregou o seu serviço a outros deuses e outros reinos. Como juízo, Deus
enviou a Sisaque, rei do Egito, contra Roboão com 1.200 carros e 60.000 cavaleiros (2 Crônicas
12.2-3).

Em misericórdia, Deus enviou o profeta Semaías a Roboão com essa mensagem: “Assim diz o
SENHOR: Vós me deixastes a mim, pelo que eu também vos deixei em poder de Sisaque” (2
Crônicas 12.5). O feliz resultado dessa mensagem é que Roboão e seus príncipes se
humilharam em arrependimento e disseram: “O SENHOR é justo” (2 Crônicas 12.6).

Quando o Senhor viu que se humilharam, disse: “Humilharam-se, não os destruirei; antes, em
breve lhes darei socorro, para que o meu furor não se derrame sobre Jerusalém, por
intermédio de Sisaque” (2 Crônicas 12.7). Mas, como uma disciplina para eles, disse: “serão
seus servos, para que conheçam a diferença entre a minha servidão e a servidão dos reinos da
terra” (2 Crônicas 12.8).

A ênfase é clara: Servir a Deus é uma dádiva, uma bênção, uma alegria e um benefício.

É por isso que eu sou tão zeloso em dizer que o culto da manhã de domingo e o culto da
obediência diária não é, no fundo, uma custosa oferta para Deus, mas uma alegre dádiva da
parte de Deus.

JUNHO

01. A fé que magnifica a graça

Versículo do dia: Não anulo a graça de Deus. (Gálatas 2.21)

Quando eu, como um menino, perdia meu equilíbrio nas ondas violentas da praia, sentia como
se fosse ser arrastado para o meio do oceano em um instante.

Era algo terrível. Eu tentava me orientar e descobrir como me levantar. Mas eu não conseguia
manter meus pés no chão e a força das ondas era muito forte para nadar. De qualquer forma,
eu não era um bom nadador.

Em meu pânico, pensava em apenas uma coisa: Alguém poderia me ajudar? Mas eu não
conseguia sequer chamar por estar debaixo da água.

Quando sentia a mão do meu pai segurando meu braço como um poderoso alicate, esse era o
sentimento mais doce do mundo. Eu cedia inteiramente ao ser dominado por sua força. Eu me
deleitava em ser segurado por sua vontade. Eu não resistia.

Eu não pensava que deveria tentar mostrar que as coisas não eram tão ruins; ou que deveria
acrescentar minha força ao braço do meu pai. Tudo o que eu pensava era: Sim! Eu preciso de
você! Eu agradeço a você! Eu amo sua força! Eu amo sua iniciativa! Eu amo seu aperto! Você é
excelente!

Nesse espírito de afeição rendida, ninguém pode se vangloriar. Eu chamo essa afeição rendida
de “fé”. E meu pai era a personificação da graça futura que eu ansiava debaixo da água. Essa é
a fé que magnifica a graça.

À medida que meditamos sobre como viver a vida cristã, o pensamento mais elevado deve ser:
como posso magnificar, em vez de anular a graça de Deus? Paulo responde a essa pergunta em
Gálatas 2.19-21: “Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive
em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e
a si mesmo se entregou por mim. Não anulo a graça de Deus”.
Por que a vida dele não anula a graça de Deus? Porque ele vive pela fé no Filho de Deus. A fé
chama toda a atenção para a graça e a magnifica, em vez de anulá-la.

02. Quem são os filhos de Abraão?

Versículo do dia: Em ti serão benditas todas as famílias da terra. (Gênesis 12.3)

Vocês que esperam em Cristo e o seguem na obediência da fé são descendentes de Abraão e


herdeiros das promessas da sua aliança.

Deus disse a Abraão em Gênesis 17.4: “Quanto a mim, será contigo a minha aliança; serás pai
de numerosas nações”. Mas Gênesis deixa claro que Abraão não gerou uma multidão de
nações num sentido físico ou político. Portanto, o significado da promessa de Deus foi,
provavelmente, que uma multidão de nações de alguma forma desfrutaria das bênçãos da
filiação, embora fisicamente não fossem ligadas a Abraão.

Isso é, sem dúvida, o que Deus quis dizer em Gênesis 12.3, quando disse a Abraão: “Em ti serão
benditas todas as famílias da terra”. Desde o princípio, Deus tinha em vista que Jesus Cristo
seria o descendente de Abraão, e que todo aquele que confia em Cristo se tornaria um
herdeiro da promessa de Abraão.

Assim, é dito em Gálatas 3.29: “E, se sois de Cristo, também sois descendentes de Abraão e
herdeiros segundo a promessa”.

Assim, quando Deus disse a Abraão há 4.000 anos: “Quanto a mim, será contigo a minha
aliança; serás pai de numerosas nações”, ele abriu o caminho para que qualquer um de nós,
não importa a que nação pertençamos, se torne filho de Abraão e herdeiro das promessas de
Deus. Tudo o que precisamos fazer é compartilhar a fé de Abraão, ou seja, depositar nossa
esperança nas promessas de Deus, de modo que, se a obediência exigir, possamos abrir mão
do nosso bem mais precioso, como Abraão abriu mão de Isaque.

Não nos tornamos herdeiros das promessas de Abraão trabalhando para Deus, mas confiando
que Deus trabalha por nós. “[Abraão] pela fé, se fortaleceu, dando glória a Deus, estando
plenamente convicto de que ele era poderoso para cumprir o que prometera” (Romanos 4.20-
21). É por isso que Abraão podia obedecer a Deus, mesmo quando a obediência parecia um
beco sem saída. Ele confiou que Deus faria o impossível.

A fé nas promessas de Deus — ou diríamos hoje, a fé em Cristo, o qual é a confirmação das


promessas de Deus — é o caminho para se tornar um filho de Abraão; a obediência é a
evidência de que a fé é genuína (Gênesis 22.12-19). Portanto, Jesus diz em João 8.39: “Se sois
filhos de Abraão, praticai as obras de Abraão”.

Os filhos de Abraão são pessoas de todas as nações que colocam a sua esperança em Cristo e
que, por isso, como Abraão no Monte Moriá, não deixam que o seu bem terreno mais valioso
impeça a sua obediência.

Vocês que esperam em Cristo e o seguem na obediência da fé são os descendentes de Abraão


e herdeiros das promessas da sua aliança.

03. Fé para o impossível


Versículo do dia: Pela fé, se fortaleceu, dando glória a Deus, estando plenamente convicto de
que ele era poderoso para cumprir o que prometera. (Romanos 4.20-21)

Paulo tem em mente uma razão especial pela qual a fé glorifica a graça futura de Deus. De
modo simples, a razão é que essa fé que glorifica a Deus é uma confiança orientada para o
futuro na integridade, poder e sabedoria de Deus para cumprir todas as suas promessas.

Paulo ilustra essa fé com a resposta de Abraão à promessa de Deus: que ele seria o pai de
muitas nações (Romanos 4.18). “Esperando contra a esperança, creu”, ou seja, ele tinha fé na
graça futura da promessa de Deus.

“E, sem enfraquecer na fé, embora levasse em conta o seu próprio corpo amortecido, sendo já
de cem anos, e a idade avançada de Sara, não duvidou, por incredulidade, da promessa de
Deus; mas, pela fé, se fortaleceu, dando glória a Deus, estando plenamente convicto de que
ele era poderoso para cumprir o que prometera” (Romanos 4.19-21).

A fé de Abraão foi uma fé na promessa de Deus de fazer dele o pai de muitas nações. Essa fé
glorificou a Deus porque chamou a atenção para todos os suprimentos de Deus que seriam
necessários para cumpri-la.

Abraão era velho demais para ter filhos e Sara era estéril. Não apenas isso: como você
transforma um filho ou dois em “muitas nações”, das quais Deus disse que Abraão seria o pai?
Tudo parecia totalmente impossível.

Portanto, a fé de Abraão glorificou a Deus ao estar plenamente segura de que ele poderia e
faria o impossível.

04. O que faz Deus se orgulhar

Versículo do dia: Mas, agora, aspiram a uma pátria superior, isto é, celestial. Por isso, Deus
não se envergonha deles, de ser chamado o seu Deus, porquanto lhes preparou uma cidade.
(Hebreus 11.16)

Eu desejo muito que Deus me diga o que ele disse sobre Abraão, Isaque e Jacó: “Não me
envergonho de ser chamado o seu Deus”.

Por mais arriscado que pareça, isso não significa que, de fato, Deus pode realmente “orgulhar-
se” de ser chamado de meu Deus? Felizmente essa possibilidade maravilhosa é cercada (em
Hebreus 11.16) de razões: uma anterior e uma posterior.

Considere primeiro a posterior: “Deus não se envergonha deles, de ser chamado o seu Deus,
porquanto lhes preparou uma cidade”.

A primeira razão pela qual Deus não tem vergonha de ser chamado de seu Deus é que ele fez
algo por eles. Deus fez uma cidade para eles — a cidade celestial “da qual Deus é o arquiteto e
edificador” (Hebreus 11.10). Assim, a primeira razão pela qual ele não se envergonha de ser
chamado seu Deus é que ele tem trabalhado por eles. Não o contrário.

Agora, considere a razão dada anteriormente: “[Eles] aspiram a uma pátria superior, isto é,
celestial. Por isso, Deus não se envergonha deles, de ser chamado o seu Deus”.
“Por isso” sinaliza que uma razão acaba de ser dada pela qual Deus não se envergonha. A razão
é o desejo deles. Eles desejam uma pátria melhor, ou seja, um país melhor do que o terreno
em que vivem; a saber, um celestial.

Quando nós desejamos esta cidade mais do que desejamos tudo o que esse mundo pode dar,
Deus não se envergonha de ser chamado nosso Deus. Quando valorizamos tudo o que Deus
promete ser para nós, ele se orgulha de ser nosso Deus. Essa é uma boa notícia.

Então, abra seus olhos para a pátria melhor e a cidade de Deus, e a deseje com todo o seu
coração. Deus não se envergonhará de ser chamado seu Deus.

05. Confiável quanto às coisas terrenas

Versículo do dia: Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas
coisas vos serão acrescentadas. (Mateus 6.33)

Um dos mais poderosos testemunhos da completa suficiência da graça futura é o “princípio de


fé” que governou a vida de tantos missionários, especialmente os da OMF – Overseas
Missionary Fellowship [Associação Missionária Intercontinental].

Sem condenar aqueles que seguem um padrão diferente, tem sido a prática daqueles que
seguem os passos de Hudson Taylor mover o coração das pessoas a doar, falando com Deus e
não com as pessoas.

James H. Taylor, bisneto do fundador, explica como essa fé na graça futura, enraizada em
manifestações da graça no passado, honra a Deus.

Nós… começamos de uma posição de fé. Cremos que Deus existe. Nós nos convencemos disso
de várias maneiras, mas todos nós experimentamos a graça de Deus ao nos levar a conhecer a
Si mesmo por meio de Jesus Cristo e através do novo nascimento por Seu Espírito. Cremos que
temos boas razões para crer nele pelo fato histórico da ressurreição de Jesus Cristo dentre os
mortos: acreditamos que alguém que disse que morreria e ressuscitaria, e o fez, é confiável em
qualquer outra situação. Portanto, estamos preparados para confiar nele, não apenas para a
salvação eterna de nossas almas, mas também para a provisão prática de nosso pão diário e de
apoio financeiro.

A OMF publica testemunhos da incrível fidelidade de Deus para demonstrar a glória de sua
graça futura que tudo provê. “Queremos demonstrar que Deus pode ser crido quanto a tudo o
que Ele diz que fará, ao compartilhar como Ele providenciou tais necessidades terrenas como
passagens de avião, refeições, despesas médicas e o sustento regular de todo um grupo de
cristãos por mais de cem anos”.

A OMF se dedica a glorificar a dependência de Deus — em sua mensagem e em seu método.


Hudson Taylor o expressou dessa forma: “Há um Deus vivo. Ele falou na Bíblia. Ele quer dizer o
que diz e fará tudo o que Ele prometeu”.

Vidas de fé são o grande espelho da confiabilidade de Deus.

06. Completamente inimigo de Deus


Versículo do dia: E a vós outros também que, outrora, éreis estranhos e inimigos no
entendimento pelas vossas obras malignas, agora, porém, vos reconciliou no corpo da sua
carne, mediante a sua morte. (Colossenses 1.21-22)

A melhor notícia do mundo é que nossa separação de Deus terminou e estamos reconciliados
com o Juiz do universo. Deus não é mais contra nós, mas por nós. Ter o amor onipotente do
nosso lado fortalece poderosamente a alma. A vida se torna totalmente livre e corajosa
quando o Ser mais forte é por você.

Porém, o todo da mensagem de salvação de Paulo não é uma boa notícia para aqueles que
rejeitam o diagnóstico de Colossenses 1.21. Ele diz: vocês eram “estranhos e inimigos no
entendimento”.

Quantas pessoas você conhece que dizem: “Eu sou inimigo de Deus em meu entendimento”?
As pessoas raramente dizem: “Eu odeio a Deus”. Então, o que Paulo quer dizer quanto às
pessoas serem “inimigas no entendimento” em relação a Deus antes de serem reconciliadas
pelo sangue de Cristo?

Acho que ele quer dizer que a inimizade está realmente ali em relação ao verdadeiro Deus,
mas as pessoas não se permitem pensar no verdadeiro Deus. Elas imaginam que Deus é como
gostariam que ele fosse, o que raramente inclui qualquer possibilidade de que possam estar
em sérios problemas com ele.

Mas com respeito ao Deus que realmente é — um Deus que é soberano sobre todas as coisas,
incluindo a doença e a tragédia — todos nós fomos inimigos dele, diz Paulo. No íntimo,
odiamos seu poder e autoridade absolutos.

Se qualquer um de nós é salvo, isso é devido à maravilhosa verdade de que a morte de Cristo
obteve a graça pela qual Deus conquistou nossos corações e nos fez amar aquele que uma vez
odiamos.

Muitos ainda estão aprendendo a não serem inimigos de Deus. É algo bom que ele seja
gloriosamente paciente.

07. Nós vivemos pela fé

Versículo do dia: Esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me
amou e a si mesmo se entregou por mim. (Gálatas 2.20)

A fé é uma adequação perfeita à futura graça de Deus. Ela corresponde à gratuidade e à


suficiência da graça. E chama a atenção para a gloriosa confiabilidade de Deus.

Uma das implicações importantes dessa conclusão é que a fé que justifica e a fé que santifica
não são dois tipos diferentes de fé. “Santificar” significa simplesmente tornar santo ou
transformar à semelhança de Cristo. É tudo pela graça.

Logo, também deve ser por meio da fé. Pois a fé é o ato da alma que se conecta com a graça, a
recebe, a canaliza como o poder da obediência e a guarda de ser anulada por meio da
jactância humana.

Paulo evidencia esta conexão entre fé e santificação em Gálatas 2.20 (“vivo pela fé”). A
santificação é pelo Espírito e pela fé, que é outra maneira de dizer que é pela graça e pela fé. O
Espírito é “o Espírito da graça” (Hebreus 10.29). O fato de Deus estar nos santificando é obra
do seu Espírito; mas o Espírito opera através da fé no evangelho.

A razão simples pela qual a fé que justifica é também a fé que santifica é que tanto a
justificação quanto a santificação são obras da graça soberana. Elas não são o mesmo tipo de
obra, mas ambas são obras da graça. Santificação e justificação são “graça sobre graça” (João
1.16).

O corolário da livre graça é a fé. Se tanto a justificação quanto a santificação são obras da
graça, é natural que ambas sejam por meio da fé.

08. Glorifique a Deus em seu corpo

Versículo do dia: Porque fostes comprados por preço. Agora, pois, glorificai a Deus no vosso
corpo. (1 Coríntios 6.20)

“Adoração” é o termo que usamos para envolver todos os atos do coração, da mente e do
corpo que expressam intencionalmente o infinito valor de Deus. É para isso que fomos criados.

Não pense em cultos quando você pensa em adoração. Essa é uma enorme limitação que não
está na Bíblia. Toda a vida deve ser adoração.

Tomar café da manhã, por exemplo, ou lanchar no meio da manhã. 1 Coríntios 10.31 diz:
“Quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus”.
Ora, comer e beber são as coisas mais básicas que você pode imaginar. O que poderia ser mais
real e humano?

Ou fazer sexo, por exemplo. Paulo diz que a alternativa à fornicação é a adoração:

“Fugi da impureza. Qualquer outro pecado que uma pessoa cometer é fora do corpo; mas
aquele que pratica a imoralidade peca contra o próprio corpo. Acaso, não sabeis que o vosso
corpo é santuário do Espírito Santo, que está em vós, o qual tendes da parte de Deus, e que
não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por preço. Agora, pois, glorificai a Deus no
vosso corpo” (1 Coríntios 6.18-20).

Ou considere a morte como um exemplo final. Nós morreremos em nosso corpo. Na verdade,
esse será o último ato do corpo nessa terra. O corpo dá o adeus. Como devemos adorar nesse
último ato do corpo? Vemos a resposta em Filipenses 1.20-21. Paulo diz que sua esperança é
que Cristo seja exaltado em seu corpo pela morte. Depois acrescenta: “Para mim… morrer é
lucro”. Nós expressamos o infinito valor de Cristo na hora da morte, ao considerarmos a morte
como lucro.

Você tem um corpo. Mas ele não é seu. “Porque fostes comprados por preço. Agora, pois,
glorificai a Deus no vosso corpo”.

Você está sempre em um templo. Sempre em adoração.

09. A oração é para pecadores

Versículo do dia: Senhor, ensina-nos a orar. (Lucas 11.1)


Deus responde às orações dos pecadores, não de pessoas perfeitas. E você pode se tornar
completamente paralisado em sua oração se não se concentrar na cruz e compreender isso.

Eu poderia demonstrá-lo a partir de inúmeros textos do Antigo Testamento, onde Deus ouve o
clamor do seu povo pecador, cujos mesmos pecados os colocaram na tribulação da qual
clamam por libertação (por exemplo, Salmo 38.4, 15; 40.12-13; 107.11-13). Mas permita-me
mostrá-lo de duas maneiras a partir de Lucas 11:

Nesta versão da oração do Senhor (Lucas 11.2-4), Jesus diz: “Quando orardes, dizei…”. E,
então, no verso 4, ele inclui esta petição: “perdoa-nos os nossos pecados”. Logo, se você unir o
início da oração ao meio, o que ele diz é: “Quando orardes, dizei… perdoa-nos os nossos
pecados”.

Eu entendo que isso significa que essa deve ser uma parte de todas as nossas orações, assim
como “santificado seja o teu nome”. Isso indica que Jesus assume que realmente precisamos
buscar o perdão todas as vezes que oramos.

Em outras palavras, nós sempre somos pecadores. Nada do que fazemos é perfeito. Como
disse Martinho Lutero, em seu leito de morte: “Nós somos mendigos, isso é verdade”. Não
importa quão obedientes tenhamos sido antes de orarmos. Todos nós sempre vamos ao
Senhor como pecadores. E Deus não recusa as orações dos pecadores quando eles oram assim.

A segunda passagem em que vejo isso ensinado está em Lucas 11.13: “Ora, se vós, que sois
maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais o Pai celestial dará o Espírito
Santo àqueles que lho pedirem?”.

Jesus chama seus discípulos de “maus”. Uma linguagem bastante forte. E Jesus não queria
dizer que eles estavam fora de comunhão consigo. Ele não queria dizer que as suas orações
não seriam respondidas.

Ele quis dizer que, enquanto durar esta era caída, até mesmo seus próprios discípulos terão
uma inclinação ao mal que contamina tudo o que fazem, mas que não os impede de fazer
muito bem.

Somos ao mesmo tempo maus e redimidos. Estamos gradualmente vencendo o nosso mal pelo
poder do Espírito Santo. Mas a nossa corrupção natural não é extinta pela conversão.

Nós somos pecadores e somos mendigos. E se reconhecermos esse pecado, o combatermos e


nos apegarmos à cruz de Cristo como nossa esperança, então Deus nos ouvirá e responderá às
nossas orações.

10. Quando a razão serve a rebelião

Versículo do dia: Diz o preguiçoso: Um leão está lá fora; serei morto no meio das ruas.
(Provérbios 22.13)

Não é isso o que eu esperava que o provérbio dissesse. Eu esperava que ele dissesse: “Diz o
covarde: Um leão está lá fora; serei morto no meio das ruas”. Mas ele diz “preguiçoso”, não
“covarde”. Logo, a emoção dominante aqui é a preguiça, não o medo.

Mas o que a preguiça tem a ver com o perigo de um leão na rua? Nós não dizemos: “Esse
homem é muito preguiçoso para ir fazer o seu trabalho, porque há um leão lá fora”.
O ponto é que o preguiçoso cria circunstâncias imaginárias para justificar a não realização do
seu trabalho, e assim tira o foco do defeito de sua preguiça para o perigo dos leões. Ninguém
aprovará a sua permanência em casa o dia todo somente porque ele é preguiçoso.

Um profundo conhecimento bíblico que precisamos saber é que nossos corações exploram
nossas mentes para justificar o que nossos corações querem. Ou seja, nossos desejos mais
profundos precedem o funcionamento racional das nossas mentes e inclinam a mente a
perceber e pensar de uma maneira que faça com que os desejos pareçam corretos.

É isso que o preguiçoso está fazendo. Ele deseja profundamente ficar em casa e não trabalhar.
Não há boas razões para ficar em casa. Então, o que ele faz? Ele vence o seu mau desejo? Não,
ele usa sua mente para criar circunstâncias irreais para justificar o seu desejo.

Fazer o mal que amamos nos torna inimigos da luz da verdade. Nessa condição, a mente se
torna uma fábrica de meias verdades, equívocos, sofismas, evasões e mentiras — qualquer
coisa para proteger os maus desejos do coração da exposição e destruição.

Considere e seja sábio.

11. Fé para o futuro

Versículo do dia: Porque quantas são as promessas de Deus, tantas têm nele o sim. (2 Coríntios
1.20)

Se “quantas são as promessas de Deus, tantas têm nele [em Jesus] o sim”, então confiar nele
no presente é crer que suas promessas se cumprirão.

Essas não são duas fés separadas: confiar nele e acreditar em suas promessas. Crer em Jesus
significa acreditar que ele cumpre sua palavra. Estar satisfeito agora com o Jesus crucificado e
ressurreto inclui a crença de que em cada momento futuro, por toda a eternidade, nada nos
separará do seu amor ou o impedirá de operar todas as coisas para o bem.

Considerando tudo isso, eu diria que a beleza espiritual que precisamos abraçar é a beleza de
Deus que haverá para nós no futuro, assegurada para nós pela gloriosa graça do passado.

Nós precisamos provar agora a beleza espiritual de Deus em todas as suas realizações passadas
— especialmente a morte e ressurreição de Cristo pelos nossos pecados — e em todas as suas
promessas. Nossa confiança e crença devem estar em tudo o que o próprio Deus será para nós
no próximo momento, no próximo mês e nos séculos infinitos da eternidade — “para
iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Cristo” (2 Coríntios 4.6).

Ele somente é quem satisfará a alma no futuro. E é o futuro que deve ser assegurado e
satisfeito com as riquezas espirituais da glória, se quisermos viver a vida cristã radical que
Cristo nos chama a viver aqui e agora.

Se nosso atual gozo de Cristo — nossa fé presente — não tiver nele o sim para todas as
promessas de Deus agora, esse gozo não abrangerá o poder para o serviço radical na força que
Deus (em cada momento futuro) suprirá (1 Pedro 4.11).

Minha oração é que, refletindo assim sobre a essência da fé, sejamos ajudados a evitar
afirmações superficiais e simplistas sobre a crença nas promessas de Deus. Isso é algo
profundo e maravilhoso.
12. Ajuda a minha incredulidade

Versículo do dia: Porque, pela graça que me foi dada, digo a cada um dentre vós que não
pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação, segundo a medida da
fé que Deus repartiu a cada um. (Romanos 12.3)

No contexto desse versículo, Paulo está preocupado que as pessoas estivessem pensando de si
mesmas “além do que convém”. Seu remédio definitivo para esse orgulho é dizer não somente
que os dons espirituais são obra da livre graça de Deus em nossas vidas, mas que também o é
a própria fé com que usamos esses dons.

Isso significa que todos os possíveis motivos de jactância são removidos. Como podemos nos
vangloriar se até mesmo a qualificação para receber dons também é um dom?

Essa verdade tem um profundo impacto sobre como oramos. Jesus nos dá o exemplo em Lucas
22.31-32. Antes que Pedro o negasse três vezes, Jesus lhe disse: “Simão, Simão, eis que
Satanás vos reclamou para vos peneirar como trigo! Eu, porém, roguei por ti, para que a tua fé
não desfaleça; tu, pois, quando te converteres, fortalece os teus irmãos”.

Jesus ora para que a fé de Pedro seja sustentada apesar do pecado, porque ele sabe que Deus
é quem sustenta a fé. Portanto, devemos orar por nós mesmos e pelos outros dessa forma.

Assim, o homem com o menino epiléptico gritou: “Eu creio! Ajuda-me na minha falta de fé!”
(Marcos 9.24). Essa é uma boa oração. Ela reconhece que, sem Deus, não podemos crer como
devemos.

Oremos diariamente: “Ó Senhor, graças te dou pela minha fé. Sustenta-a. Fortalece-a.
Aprofunda-a. Não permitas que ela falhe. Faze dela o poder da minha vida, de modo que em
tudo o que eu fizer, tu obtenhas a glória como o grande Doador. Amém”.

13. Quem matou Jesus?

Versículo do dia: Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou,
porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as coisas? (Romanos 8.32)

Há anos, um dos meus amigos que era pastor em Illinois estava pregando a um grupo de
presos em uma prisão estadual durante a semana santa. Em um momento de sua mensagem,
ele fez uma pausa e perguntou aos homens se eles sabiam quem havia matado Jesus.

Alguns disseram que foram os soldados. Alguns disseram que foram os judeus. Alguns
disseram que foi Pilatos. Depois que houve silêncio, meu amigo simplesmente disse: “Seu Pai o
matou”.

Isso é o que a primeira metade de Romanos 8.32 diz: Deus não poupou o seu próprio Filho,
antes o entregou — à morte. “Sendo este [Jesus] entregue pelo determinado desígnio e
presciência de Deus” (Atos 2.23). Isaías 53 o coloca ainda mais claramente: “Nós o
reputávamos por aflito, ferido de Deus… Todavia, ao SENHOR (o seu Pai) agradou moê-lo,
fazendo-o enfermar” (Isaías 53.4, 10).

Ou como Romanos 3.25 diz: “Deus [o] propôs, no seu sangue, como propiciação”. Assim como
Abraão ergueu o cutelo sobre o peito de seu filho Isaque, mas depois poupou o seu filho
porque havia um carneiro entre os arbustos, assim Deus, o Pai, ergueu o cutelo sobre o peito
do seu próprio Filho, Jesus; mas não o poupou, porque ele era o cordeiro; Ele era o substituto.

Deus não poupou o seu próprio Filho, porque essa era a única forma de nos poupar. A culpa
das nossas transgressões, o castigo de nossas iniquidades e a maldição dos nossos pecados
teriam nos conduzido inescapavelmente à destruição do inferno. Mas Deus não poupou o seu
próprio Filho; Ele o entregou para ser traspassado pelas nossas transgressões, esmagado pelas
nossas iniquidades e crucificado pelo nosso pecado.

Esse versículo é o mais precioso da Bíblia para mim, porque o fundamento da abrangente
promessa da graça futura de Deus é que o Filho de Deus levou em seu corpo todo o meu
castigo, toda a minha culpa, toda a minha condenação, toda a minha iniquidade, toda a minha
ofensa e toda a minha corrupção, para que eu possa estar diante de um Deus grande e santo,
perdoado, reconciliado, justificado, aceito, e sendo o beneficiário das promessas inefáveis de
deleite para sempre e sempre à destra de Deus.

14. Quanto Deus quer te abençoar

Versículo do dia: O SENHOR tornará a exultar em ti, para te fazer bem. (Deuteronômio 30.9)

Deus não nos abençoa de má vontade. Há uma espécie de anelo sobre a beneficência de Deus.
Ele não espera que venhamos até ele. Deus nos procura, porque é seu prazer nos fazer bem.
Deus não está esperando por nós; Ele está nos buscando. De fato, essa é a tradução literal do
Salmo 23.6: “Bondade e misericórdia certamente me [per]seguirão todos os dias da minha
vida”.

Deus ama mostrar misericórdia. Permita-me dizer isso novamente: Deus ama mostrar
misericórdia. Ele não é hesitante, indeciso ou incerto em seus desejos de fazer o bem ao seu
povo. Sua ira deve ser liberada por uma rígida trava de segurança, mas sua misericórdia tem
um gatilho rápido. Isso é o que ele quis dizer quando desceu ao monte Sinai e disse a Moisés:
“O Senhor, o Senhor Deus, misericordioso e piedoso, tardio em irar-se e grande em
beneficência e verdade” (Êxodo 34.6, ACF).

Deus nunca está irritado ou nervoso. Sua ira nunca tem um pavio curto. Em vez disso, ele é
infinitamente ativo com um entusiasmo absolutamente ilimitado e sem fim para o
cumprimento de seus deleites.

É difícil para nós compreendermos isso, porque precisamos dormir todos os dias apenas para
superar, quanto mais para desenvolver-se. Nós somos inconstantes em nossos prazeres.
Ficamos entediados e desencorajados em um dia e nos sentimos esperançosos e animados em
outro.

Nós somos como pequenos gêiseres que borbulham, jorram e estouram de modo incerto. Mas
Deus é como um grande Niágara; você olha para ele e pensa: Certamente isso pode continuar
nessa força ano após ano.

Essa é a maneira como Deus está nos fazendo bem. Ele nunca se cansa disso. Nunca se
aborrece com isso.

15. A lua de mel que nunca termina


Versículo do dia: Como o noivo se alegra da noiva, assim de ti se alegrará o teu Deus. (Isaías
62.5)

Quando Deus faz o bem ao seu povo, não é como um relutante juiz mostrando bondade a um
criminoso que ele considera desprezível (embora essa analogia tenha verdade em si); é como
um noivo mostrando afeição à sua noiva.

Às vezes, brincamos e dizemos sobre um casamento: “A lua de mel acabou”. Mas isso é porque
somos finitos. Não conseguimos sustentar um nível de intensidade e afeto de lua de mel.
Porém, Deus diz que a sua alegria por seu povo é como a de um noivo por uma noiva.

Ele está falando sobre a intensidade, os deleites, a vitalidade, a excitação, o entusiasmo e o


prazer da lua-de-mel. Ele está tentando colocar em nossos corações o que quer dizer quando
afirma que se alegra em nós com todo o seu coração.

E acrescente a isso que com Deus a lua de mel nunca termina. Ele é infinito em poder,
sabedoria, criatividade e amor, e verá que ficamos cada vez mais belos para sempre; e ele é
infinitamente criativo para pensar em coisas novas para fazermos juntos para que não haja
tédio pelo próximo trilhão de eras de milênios.

16. Sirva a Deus com sua sede

Versículo do dia: É por isso que também nos esforçamos, quer presentes, quer ausentes, para
lhe sermos agradáveis. (2 Coríntios 5.9)

E se você descobrisse (como os fariseus) que dedicou toda a sua vida a tentar agradar a Deus,
mas que ao mesmo tempo havia feito coisas que, à vista de Deus, eram abominações (Lucas
16.14-15)?

Alguém pode dizer: “Não acho que isso seja possível; Deus não rejeitaria uma pessoa que tem
tentado agradá-lo”. Mas você vê o que esse interlocutor fez? Ele baseou sua convicção sobre o
que agradaria a Deus em sua ideia de como Deus é. É precisamente por isso que devemos
começar com o caráter de Deus.

Deus é um manancial na montanha, não uma banheira. Um manancial reabastece a si mesmo.


Ele constantemente transborda e abastece a outros. Mas uma banheira precisa ser enchida
com uma bomba ou um balde.

Se você deseja glorificar o valor de uma banheira, você se esforça para mantê-la cheia e útil.
Mas se quiser glorificar o valor de um manancial, você abaixa as suas mãos, ajoelha-se e bebe
para a satisfação do seu coração, até que tenha o refrigério e a força para descer ao vale e
dizer às pessoas o que você encontrou.

Como um pecador desesperado, minha esperança paira sobre essa verdade bíblica: Deus é o
tipo de Deus que ficará satisfeito com a única coisa que tenho a oferecer: a minha sede. É por
isso que a soberana liberdade e a autossuficiência de Deus são tão preciosas para mim: elas
são o fundamento da minha esperança de que Deus não se deleita com a engenhosidade do
método para encher a banheira, mas com o inclinar-se de pecadores quebrantados para
beberem na fonte da graça.
17. Que tipo de oração agrada a Deus?

Versículo do dia: O homem para quem olharei é este: o aflito e abatido de espírito e que treme
da minha palavra. (Isaías 66.2)

A primeira marca do coração reto é que ele treme da Palavra do Senhor.

Isaías 66 trata do problema de alguns que adoram de uma maneira que agrada a Deus e alguns
que adoram de uma maneira que não o agrada. O verso 3 descreve os ímpios que trazem seus
sacrifícios: “O que imola um boi é como o que comete homicídio; o que sacrifica um cordeiro,
como o que quebra o pescoço a um cão”. Os seus sacrifícios são uma abominação para Deus,
equivalentes ao assassinato. Por quê?

No verso 4 Deus explica: “Clamei, e ninguém respondeu, falei, e não escutaram”. Os seus
sacrifícios eram abominações a Deus porque o povo era surdo à sua voz. Porém, e quanto
àqueles cujas orações Deus ouviu? Deus diz no verso 2: “O homem para quem olharei é este: o
aflito e abatido de espírito e que treme da minha palavra”.

Eu concluo que a primeira característica dos retos, cujas orações são um deleite para Deus, é
que eles tremem da Palavra de Deus. Estas são as pessoas para quem o Senhor olhará.

Assim, a oração do justo que agrada a Deus vem de um coração que, primeiramente, se sente
miserável na presença de Deus. Ele treme diante da Palavra de Deus, porque se sente muito
longe do ideal de Deus, muito passível do seu julgamento, muito desamparado e muito triste
por suas falhas.

Isso é exatamente o que Davi disse no Salmo 51.17: “Sacrifícios agradáveis a Deus são o
espírito quebrantado; coração compungido e contrito, não o desprezarás, ó Deus”. A primeira
coisa que faz uma oração aceitável a Deus é o quebrantamento e a humildade daquele que
ora.

18. Como suplicar pelos incrédulos

Versículo do dia: Irmãos, a boa vontade do meu coração e a minha súplica a Deus a favor deles
são para que sejam salvos. (Romanos 10.1)

Paulo ora para que Deus converta Israel. Ele ora por sua salvação! Ele não ora por influências
ineficazes, mas eficazes. E é assim que nós também devemos orar.

Nós devemos tomar as promessas da nova aliança de Deus e suplicar a Deus para que elas
sejam realizadas em nossos filhos, em nossos vizinhos e em todos os campos missionários do
mundo.

Deus, remova deles o coração de pedra e dá-lhes um novo coração de carne (Ezequiel 11.19).
Circuncide o coração deles, para que te amem (Deuteronômio 30.6)! Pai, põe o teu Espírito
dentro deles e faze-os andar em teus estatutos (Ezequiel 36.27). Concede-lhes o
arrependimento e conhecimento da verdade para que possam escapar do laço do diabo (2
Timóteo 2.25-26). Abre o coração deles, para que creiam no evangelho (Atos 16.14)!

Quando crermos na soberania de Deus — no direito e poder de Deus para eleger e, então,
trazer pecadores endurecidos à fé e à salvação — então, seremos capazes de orar sem
qualquer inconsistência e com grandes promessas bíblicas para a conversão dos perdidos.
Assim, Deus tem prazer nesse tipo de oração, porque ela lhe atribui o direito e a honra de ser o
Deus livre e soberano que ele é na eleição e salvação.

19. O pecado de temer o homem

Versículo do dia: Então, disse Saul a Samuel: Pequei, pois transgredi o mandamento do
SENHOR e as tuas palavras; porque temi o povo e dei ouvidos à sua voz. (1 Samuel 15.24)

Por que Saul obedeceu ao povo em vez de a Deus? Porque ele temeu o povo em vez de temer
a Deus. Ele temeu as consequências humanas da obediência mais do que as consequências
divinas do pecado. Ele temeu o descontentamento do povo mais do que o desagrado de Deus.
E isso é um grande insulto a Deus.

Na verdade, Isaías diz que é um tipo de orgulho ter medo do que o homem pode fazer
enquanto ignoramos as promessas de Deus. Ele cita Deus com essa pergunta penetrante: “Eu,
eu sou aquele que vos consola; quem, pois, és tu, para que temas o homem, que é mortal, ou
o filho do homem, que não passa de erva? Quem és tu que te esqueces do SENHOR, que te
criou?” (Isaías 51.12-13).

Temer o homem pode não parecer orgulho, mas é isso o que Deus diz que é: “Quem tu pensas
que é, para temeres o homem e te esqueceres do que te criou?”.

A questão é essa: Se você teme o homem, começou a negar a santidade e excelência de Deus e
de seu Filho, Jesus. Deus é infinitamente mais forte. Ele é infinitamente mais sábio e
infinitamente mais abundante em recompensa e alegria.

Afastar-se dele por medo do que o homem possa fazer é desconsiderar tudo o que Deus
promete ser para aqueles que o temem. Isso é um grande insulto. E Deus não pode ter prazer
em tal insulto.

Por outro lado, quando nós ouvimos as promessas e confiamos nele com coragem, temendo o
opróbrio trazido a Deus por nossa incredulidade, então ele é grandemente honrado. E nisso
ele tem prazer.

20. A graça é perdão — e poder!

Versículo do dia: Pela graça de Deus, sou o que sou; e a sua graça, que me foi concedida, não
se tornou vã; antes, trabalhei muito mais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de
Deus comigo. (1 Coríntios 15.10)

A graça não é simplesmente clemência quando pecamos. A graça é o dom capacitador de Deus
para não pecarmos. Graça é poder, não apenas perdão.

Isso é claro, por exemplo, em 1 Coríntios 15.10. Paulo descreve a graça como o poder
capacitador de seu trabalho. Não é simplesmente o perdão dos seus pecados; é o poder de
continuar em obediência.

Portanto, o esforço que fazemos para obedecermos a Deus não é feito em nossa própria força,
mas “na força que Deus supre, para que, em todas as coisas, seja Deus glorificado” (1 Pedro
4.11). Essa é a obediência da fé.
Paulo confirma isso em 2 Tessalonicenses 1.11-12, chamando cada um de nossos atos de
bondade de “obras de fé” e dizendo que a glória que isso traz a Jesus é “segundo a graça de
nosso Deus”, pois ocorre “por Seu poder”:

“Por isso, também não cessamos de orar por vós, para que o nosso Deus vos torne dignos da
sua vocação e cumpra com poder todo propósito de bondade e obra de fé, a fim de que o
nome de nosso Senhor Jesus seja glorificado em vós, e vós, nele, segundo a graça do nosso
Deus e do Senhor Jesus Cristo”.

A obediência que dá prazer a Deus é produzida pelo poder da graça de Deus por meio da fé. A
mesma dinâmica está em ação em todas as fases da vida cristã. O poder da graça de Deus que
salva pela fé (Efésios 2.8) é o mesmo poder da graça de Deus que santifica pela fé.

21. A satisfação que derrota o pecado

Versículo do dia: Declarou-lhes, pois, Jesus: Eu sou o pão da vida; o que vem a mim jamais terá
fome; e o que crê em mim jamais terá sede. (João 6.35)

O que nós precisamos ver aqui é que a essência da fé é ser satisfeita com tudo o que Deus é
para nós em Cristo.

Essa afirmação enfatiza duas coisas. Uma é a centralidade de Deus na fé. Não são apenas as
promessas de Deus que nos satisfazem, mas sim tudo o que o próprio Deus é para nós. A fé se
apossa de Deus — não apenas de seus dons prometidos — como nosso tesouro.

A fé deposita sua esperança não apenas na herança real da era vindoura, mas também no fato
de que Deus estará lá (Apocalipse 21.3). E, mesmo agora, o que a fé abraça mais
fervorosamente não é apenas a realidade dos pecados perdoados (por mais precioso que isso
seja), mas a presença do Cristo vivo em nossos corações e a plenitude do próprio Deus (Efésios
3.17-19).

A outra coisa enfatizada na definição da fé como ser satisfeita com tudo o que Deus é para
nós é o termo “satisfação”. A fé é o saciar da sede da alma na fonte de Deus. Em João 6.35
vemos que “crer” significa “vir” a Jesus para comer e beber o “pão da vida” e a “água viva”
(João 4.10, 14), que não são outra coisa, senão o próprio Jesus.

Aqui está o segredo do poder da fé para quebrar a força escravizante das atrações
pecaminosas. Se o coração é satisfeito com tudo o que Deus é para nós em Jesus, o poder do
pecado para nos afastar da sabedoria de Cristo é quebrado.

22. Como você deve lutar pela santidade

Versículo do dia: Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor.
(Hebreus 12.14)

Há uma santidade prática sem a qual não veremos o Senhor. Muitos vivem como se isso não
fosse assim.

Há cristãos nominais que vivem de modo tão profano que ouvirão as terríveis palavras de
Jesus: “Nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniquidade” (Mateus 7.23).
Paulo diz aos crentes professos: “se viverdes segundo a carne, caminhais para a morte”
(Romanos 8.13).

Portanto, há uma santidade sem a qual ninguém verá o Senhor. E aprender a lutar pela
santidade por meio da fé na graça futura é supremamente importante.

Existe outra maneira de buscar a santidade que frustra e conduz à morte. Os apóstolos nos
advertem contra servir a Deus de outra maneira que não pela fé em sua graça capacitadora.

Por exemplo, Pedro diz: “se alguém serve, faça-o na força que Deus supre, para que, em todas
as coisas, seja Deus glorificado, por meio de Jesus Cristo” (1 Pedro 4.11). E Paulo diz: “Porque
não ousarei discorrer sobre coisa alguma, senão sobre aquelas que Cristo fez por meu
intermédio” (Romanos 15.18; veja também 1 Coríntios 15.10).

Momento após momento, a graça é dada para nos capacitar a fazer “toda boa obra” que Deus
nos designa. “Deus pode fazer-vos abundar em toda graça, a fim de que, tendo sempre, em
tudo, ampla suficiência, superabundeis em toda boa obra” (2 Coríntios 9.8).

A luta pelas boas obras é uma luta para crer nessa graça futura.

23. A fé honra aquele em quem confia

Versículo do dia: Não duvidou, por incredulidade, da promessa de Deus; mas, pela fé, se
fortaleceu, dando glória a Deus. (Romanos 4.20)

Eu desejo que Deus seja glorificado em nossa busca por santidade e amor. Mas Deus não é
glorificado a menos que nossa busca seja fortalecida pela fé em suas promessas.

E o Deus que se revelou mais plenamente em Jesus Cristo, que foi crucificado pelos nossos
pecados e ressuscitou para a nossa justificação (Romanos 4.25), é mais glorificado quando
abraçamos as suas promessas com alegre firmeza, porque elas são compradas pelo sangue do
seu Filho.

Deus é honrado quando somos humilhados por nossa fraqueza e fracasso, e quando ele é crido
para a graça futura (Romanos 4.20). Assim, a menos que aprendamos a viver pela fé na graça
futura, podemos realizar rigorosos rituais religiosos, mas não para a glória de Deus.

Ele é glorificado quando o poder para ser santo vem da fé humilde na graça futura.

Martinho Lutero disse: “A [fé] honra aquele em quem confia com a mais reverente e mais alta
consideração, já que o considera verdadeiro e digno de confiança”. O confiável Doador recebe
a glória.

Meu grande desejo é que aprendamos a viver para a honra de Deus. E isso significa viver pela
fé na graça futura, o que, por sua vez, significa lutar contra a incredulidade em todas as formas
em que ela surge.

24. Eu posso estar contente em tudo

Versículo do dia: Tudo posso naquele que me fortalece. (Filipenses 4.13)


A provisão divina de graça futura para o dia a dia capacita Paulo a ter fartura ou fome, a
prosperar ou sofrer, a ter abundância ou escassez.

“Tudo posso” realmente significa “tudo”, não apenas as coisas fáceis. Isso significa que “por
meio de Cristo eu posso ter fome, sofrer e ter necessidade”. Isso coloca a maravilhosa
promessa do verso 19 em sua luz adequada: “E o meu Deus, segundo a sua riqueza em glória,
há de suprir, em Cristo Jesus, cada uma de vossas necessidades”.

O que significa “cada uma de vossas necessidades”, à luz de Filipenses 4.19? Significa “tudo o
que você precisa para o contentamento que glorifica a Deus”. O amor de Paulo pelos
Filipenses fluía do seu contentamento em Deus, e seu contentamento fluía da sua fé na graça
futura da infalível provisão de Deus.

É óbvio, então, que a cobiça é exatamente o oposto da fé. É a perda do contentamento em


Cristo, de modo que começamos a desejar que outras coisas satisfaçam os anseios dos nossos
corações. E não há dúvida de que a luta contra a cobiça é uma luta contra a incredulidade e
uma batalha pela fé na graça futura.

Sempre que nós percebermos o menor surgimento de cobiça em nossos corações, precisamos
nos voltar contra ela e combatê-la com todas as nossas forças usando as armas da fé.

25. A armadilha mortal chamada cobiça

Versículo do dia: Os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas
concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição. (1
Timóteo 6.9)

A cobiça pode destruir a alma no inferno.

A razão pela qual estou certo de que essa destruição não é um fracasso financeiro temporário,
mas a destruição final no inferno, é o que Paulo diz em 1 Timóteo 6.12. Ele afirma que a cobiça
deve ser resistida com o combate da fé; depois ele acrescenta: “Toma posse da vida eterna,
para a qual também foste chamado e de que fizeste a boa confissão”. O que está em jogo ao
fugir da cobiça e lutar pelo contentamento na graça futura é a vida eterna.

Assim, quando Paulo diz em 1 Timóteo 6.9 que o desejo de ser rico lança as pessoas em ruína,
ele não está dizendo que a ganância pode prejudicar o seu casamento ou o seu trabalho (o que
certamente pode!). Ele está dizendo que a cobiça pode arruinar a sua eternidade. Ou, como 1
Timóteo 6.10 diz no final: “nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram
com muitas dores” (literalmente: “transpassaram a si mesmos com muitas dores”).

Deus fez o máximo na Bíblia para nos advertir misericordiosamente de que a idolatria da
cobiça é uma situação de perda. É um beco sem saída no pior sentido da palavra. É uma ilusão
e uma armadilha.

Assim, a minha palavra para você é a de 1 Timóteo 6.11: “Foge destas coisas”. Quando você
vê-la vindo (em um anúncio de televisão, em um catálogo de Natal, em uma propaganda da
Internet ou na compra de um vizinho), fuja dela do modo como você fugiria de um leão
rugindo e faminto que escapou de um zoológico.
26. O temor que nos atrai

Versículo do dia: Não temais; Deus veio para vos provar e para que o seu temor esteja diante
de vós, a fim de que não pequeis. (Êxodo 20.20)

Há um temor que é servil e nos afasta de Deus, e há um temor que é doce e nos atrai a Deus.
Moisés advertiu contra um e convocou ao outro no mesmo verso, Êxodo 20.20: “Respondeu
Moisés ao povo: Não temais; Deus veio para vos provar e para que o seu temor esteja diante
de vós, a fim de que não pequeis”.

A ilustração mais clara que eu já vi desse tipo de temor foi o momento em que um dos meus
filhos encarou um pastor alemão. Estávamos visitando uma família da nossa igreja. Meu filho
Karsten tinha cerca de sete anos. Eles tinham um cachorro enorme que ficou cara a cara com
um menino de sete anos.

O cachorro era amigável e Karsten não tinha problemas em fazer amigos. Porém, quando
mandamos Karsten voltar ao carro para pegar algo que havíamos esquecido, ele começou a
correr e o cão correu atrás dele rosnando baixo. É claro que isso assustou Karsten. Mas o dono
disse: “Karsten, por que você não apenas anda? O cachorro não gosta quando as pessoas
fogem dele”.

Se Karsten abraçasse o cachorro, ele seria afável e até lamberia o seu rosto. Mas se ele
corresse do cão, este rosnaria e encheria Karsten de temor.

Agora, essa é uma ilustração do que significa temer ao Senhor. Deus quer dizer que seu poder
e santidade estimulam o temor em nós, não para nos afastar dele, mas para nos conduzir a
ele.

27. Um refúgio para os desamparados

Versículo do dia: Como é grande a tua bondade… para com os que em ti se refugiam! (Salmo
31.19)

A experiência da graça futura muitas vezes depende do fato de se nos refugiamos em Deus ou
se duvidamos dos seus cuidados e corremos para a cobertura de outros abrigos.

Para aqueles que se refugiam em Deus, as promessas da graça futura são muitas e ricas.

 Dos que nele confiam nenhum será condenado (Salmo 34.22).

 Ele é escudo para todos os que nele se refugiam. (2 Samuel 22.31).

 Bem-aventurados todos os que nele se refugiam (Salmo 2.12).

 O SENHOR é bom, é fortaleza no dia da angústia e conhece os que nele se refugiam


(Naum 1.7).

Não obtemos ou merecemos nada ao nos refugiarmos em Deus. Esconder-se em algo não
contribui em nada para o esconderijo. Tudo o que isso faz é demonstrar que consideramos a
nós mesmos como desamparados e ao refúgio como um lugar de socorro.

A condição que nós devemos atender para ter essa graça não é meritória; é a condição do
desespero e do reconhecimento da fraqueza e necessidade.
A miséria não exige ou merece; ela suplica por misericórdia e busca por graça.

28. Suportar ao obedecer dói

Versículo do dia: Olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em
troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz. (Hebreus 12.2)

Às vezes, o que a fé realiza é indizivelmente difícil.

Em seu livro Miracle on the River Kwai [Milagre no Rio Kwai], Ernest Gordon conta a história
real de um grupo de prisioneiros de guerra que trabalhavam na Estrada de Ferro Birmânia,
durante a Segunda Guerra Mundial.

Ao fim de cada dia, as ferramentas eram tiradas do grupo de trabalho. Em uma ocasião, um
guarda japonês gritou que uma pá havia desaparecido e exigia saber que homem a havia
pegado. Ele começou a discutir e a se enfurecer, ergueu-se em uma fúria paranoica e ordenou
que quem fosse culpado desse um passo à frente. Ninguém se moveu. “Todos morrerão!
Todos morrerão!”, gritou ele, carregando e apontando sua arma para os prisioneiros. Naquele
momento, um homem se apresentou e o guarda o matou com o rifle, enquanto ele
permaneceu em silêncio. Quando retornaram ao acampamento, as ferramentas foram
contadas outra vez e nenhuma pá estava faltando.

O que pode sustentar a vontade de morrer por outros, quando você é inocente? Jesus foi
conduzido e sustentado por seu amor por nós “em troca da alegria que lhe estava proposta”.

A graça significa que seus objetos não são merecedores. Então, eu não direi que Jesus colocou
sua esperança na graça. Simplesmente direi que ele confiou nas futuras bênçãos e na alegria, e
estas o conduziram e o sustentaram em amor através do seu sofrimento.

Sempre que nós o seguimos nisto, o que devemos fazer, essa bênção e essa alegria para nós
são graça — graça futura. Como homem, exemplificando para nós como tomar a nossa cruz e
segui-lo no caminho do amor do Calvário, Jesus entregou-se ao seu Pai (1 Pedro 2.23), e
depositou sua esperança na ressurreição e em todas as alegrias do retorno para seu Pai e da
redenção do seu povo.

29. A poderosa raiz do amor prático

Versículo do dia: Nós sabemos que já passamos da morte para a vida, porque amamos os
irmãos. (1 João 3.14)

A Bíblia, algumas vezes, faz do amor a condição da experiência contínua e final da graça futura.
Isso não significa que o amor deve preceder a fé na promessa. Pelo contrário, significa que a fé
na promessa deve ser tão real que o amor que ela produz prove a realidade da fé.

Assim, o amor pelos outros é uma condição da graça futura no sentido de que ele confirma
que a condição primária, a fé, é genuína. Nós poderíamos chamar o amor pelos outros de uma
condição secundária, que confirma a autenticidade da condição primária da fé.

A fé percebe a glória de Deus nas promessas da graça futura e se apossa de tudo o que as
promessas revelam sobre o que Deus é para nós em Jesus. Essa apreensão e esse deleite
espiritual em Deus são a evidência autoautenticadora de que Deus nos chamou para sermos
alguns dos beneficiários da sua graça. Essa evidência nos liberta para confiarmos na promessa
como sendo nossa. E essa confiança na promessa nos capacita a amar, o que, por sua vez,
confirma que a nossa fé é real.

O mundo necessita de uma fé que combina duas coisas: a apreensão reverente da inabalável
verdade divina e o poder totalmente prático e contínuo de fazer uma diferença libertadora na
vida. É disso que eu preciso também. É por isso que eu sou um cristão.

Há um grande Deus de graça que magnifica a sua própria infinita autossuficiência cumprindo
promessas a pessoas miseráveis que confiam nele. E há um poder que provém de estimar este
Deus que não deixa intocado nenhum canto ou brecha da vida. Isso nos capacita a amar da
maneira mais prática.

30. O descanso do céu na ira vindoura

Versículo do dia: Se de fato é justo diante de Deus que dê em paga tribulação aos que vos
atribulam e a vós, que sois atribulados, descanso conosco, quando se manifestar o Senhor
Jesus desde o céu com os anjos do seu poder, com labaredas de fogo, tomando vingança dos
que não conhecem a Deus e dos que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo.
(2 Tessalonicenses 1.6-8, ACF)

Chegará um tempo em que a paciência de Deus se esgotará. Quando Deus ver o seu povo
sofrer pelo tempo determinado e o número dos mártires for completado (Apocalipse 6.11),
então a vingança virá do céu.

Observe que a vingança de Deus contra nossos ofensores é experimentada por nós como
“descanso”. Em outras palavras, o juízo sobre “aqueles que nos atribulam” é uma forma de
graça para conosco.

Talvez a ilustração mais notável do juízo como graça seja a da destruição da Babilônia em
Apocalipse 18. Na sua destruição, uma grande voz clama do céu: “Exultai sobre ela, ó céus, e
vós, santos, apóstolos e profetas, porque Deus contra ela julgou a vossa causa” (Apocalipse
18.20). Nessa ocasião, ouve-se uma grande multidão, dizendo: “Aleluia! A salvação, e a glória,
e o poder são do nosso Deus, porquanto verdadeiros e justos são os seus juízos, pois julgou a
grande meretriz que corrompia a terra com a sua prostituição e das mãos dela vingou o sangue
dos seus servos” (Apocalipse 19.1-2).

Quando a paciência de Deus tiver percorrido seu curso de longanimidade, esta era tiver
terminado e o juízo vier sobre os inimigos do povo de Deus, os santos não desaprovarão a
justiça de Deus.

Isso significa que a destruição final do impenitente não será experimentada como uma miséria
para o povo de Deus.

A indisposição dos outros para o arrependimento não manterá as afeições dos santos como
reféns. O inferno não será capaz de chantagear o céu pela miséria. O julgamento de Deus será
aprovado e os santos experimentarão a vindicação da verdade como uma grande graça.

JULHO
01. O deleite de Deus em fazer bem a você

Versículo do dia: Não temais, ó pequenino rebanho; porque vosso Pai se agradou em dar-vos o
seu reino. (Lucas 12.32)

Jesus não ficará inerte e nos deixará descrer sem uma luta. Ele toma a arma da Palavra e a
proclama com poder para todos os que lutam para crer.

Seu objetivo é derrotar o medo de que Deus não é o tipo de Deus que realmente quer ser bom
para nós — que ele não é realmente generoso, ajudador, amável e terno, mas está
basicamente irritado, indisposto e irado conosco.

Às vezes, mesmo se cremos com nossas cabeças que Deus é bom para nós, podemos sentir em
nossos corações que sua bondade é de alguma forma forçada ou constrangida. Sentimos,
talvez, que Deus seja como um juiz que foi manipulado por um advogado inteligente com base
em um tecnicismo do processo judicial, de forma que ele teve que remover as acusações
contra o preso a quem ele realmente iria mandar para a cadeia.

Porém, Jesus está empenhado em nos ajudar a não nos sentirmos assim em relação a Deus.
Nesse versículo, ele está se esforçando para nos descrever o valor indescritível e a excelência
da alma de Deus, revelando o deleite irrestrito que ele tem em nos dar o reino.

“Não temais, ó pequenino rebanho; porque vosso Pai se agradou em dar-vos o seu reino”.
Cada pequena palavra desta maravilhosa afirmação tem o propósito de ajudar a remover o
medo com o qual Jesus sabe que lutamos, a saber, que Deus reluta em conceder seus
benefícios; que ele é constrangido e incoerente com seu caráter quando faz coisas boas; que,
no íntimo, ele está irado e ama manifestar a sua ira.

Esta é uma afirmação sobre a natureza de Deus. É sobre o tipo de coração que Deus tem. É um
versículo sobre o que torna Deus satisfeito — não apenas sobre o que Deus fará ou sobre o
que ele tem que fazer, mas sobre o que ele se agrada, ama e tem prazer em fazer. Cada
palavra conta.

02. Quão bem você conhece a Deus?

Versículo do dia: Eis que Deus é grande, e não o podemos compreender; o número dos seus
anos não se pode calcular. (Jó 36.26)

É impossível conhecer muito bem a Deus.

Ele é a pessoa mais importante que existe. E isso é porque ele criou todos os outros e qualquer
importância que eles tenham é devida a Deus.

Qualquer poder, inteligência, habilidade ou beleza que eles tenham vem dele. Em cada nível
de excelência, ele é infinitamente maior do que a melhor pessoa que você já conheceu ou já
ouviu falar.

Sendo infinito, ele é infinitamente interessante. É impossível, portanto, que Deus seja
enfadonho. Sua contínua demonstração das ações mais inteligentes e interessantes é
vulcânica.

Como fonte de todo bom prazer, ele, em si mesmo, agrada completa e finalmente. Se não o
experimentamos assim, estamos mortos ou dormindo.
Logo, é surpreendente quão pouco esforço é feito em conhecer a Deus.

É como se o presidente dos Estados Unidos viesse morar com você por um mês, e você só
dissesse oi de passagem todos os dias ou algo como isso. Ou como se você estivesse voando à
velocidade da luz por duas horas ao redor do sol e do sistema solar, e em vez de olhar pela
janela, você ficasse jogando no computador. Ou como se você fosse convidado a assistir os
melhores atores, cantores, atletas, inventores e estudiosos fazerem o seu melhor, mas se
recusasse a ir para que pudesse assistir o último capítulo da telenovela.

Oremos para que nosso Deus infinitamente grande abra os nossos olhos e corações para que o
vejamos e busquemos conhecê-lo mais.

03. Boa notícia: Deus é feliz

Versículo do dia: …o evangelho da glória do Deus bendito… (1 Timóteo 1.11)

Esta é uma bela frase em 1 Timóteo, enterrada sob a superfície muito familiar de palavras
conhecidas da Bíblia. Mas depois que você a desenterra, ela soa como isto: “A boa notícia da
glória do Deus feliz”.

Grande parte da glória de Deus é a sua felicidade.

Era inconcebível para o apóstolo Paulo que Deus pudesse não ter infinita alegria e ainda ser
todo glorioso. Ser infinitamente glorioso era ser infinitamente feliz. Ele usou a frase “a glória
do Deus feliz”, porque é algo maravilhoso Deus ser tão feliz quanto ele é.

A glória de Deus consiste muito no fato de que ele é feliz além do máximo que podemos
imaginar. Como disse o grande pregador do século XVIII, Jonathan Edwards: “Parte da
plenitude de Deus que ele comunica é a sua felicidade. Essa felicidade consiste em deleitar-se
e regozijar-se em si mesmo; assim também o faz a felicidade da criatura”.

E este é o evangelho: “O evangelho da glória do Deus feliz”. É uma boa notícia que Deus seja
gloriosamente feliz. Ninguém gostaria de passar a eternidade com um Deus infeliz.

Se Deus é infeliz, então o objetivo do evangelho não é um objetivo feliz, e isso significa que ele
não seria evangelho algum. Mas, de fato, Jesus nos convida a passar a eternidade com um
Deus feliz quando diz: “Entra no gozo do teu senhor” (Mateus 25.23).

Jesus viveu e morreu para que a sua alegria — a alegria de Deus — pudesse estar em nós e
nossa alegria pudesse ser completa (João 15.11; 17.13). Portanto, o evangelho é “o evangelho
da glória do Deus feliz”.

04. Quando eu estarei satisfeito?

Versículo do dia: Eu lhes fiz conhecer o teu nome e ainda o farei conhecer, a fim de que o amor
com que me amaste esteja neles, e eu neles esteja. (João 17.26).

Imagine ser capaz de desfrutar o que é mais agradável com poder e paixão ilimitados para
sempre.

Essa não é a nossa experiência atual. Três coisas ficam no caminho de nossa completa
satisfação neste mundo.
1. Nada tem um valor pessoal grande o suficiente para satisfazer os anseios mais
profundos dos nossos corações.

2. Nós não temos a força para provar os melhores tesouros em sua máxima excelência.

3. Nossas alegrias aqui chegam a um fim. Nada dura.

Mas, se o propósito de Jesus em João 17.26 se tornar realidade, tudo isso mudará.

Se o prazer de Deus no Filho se tornar nosso prazer, então o objeto de nosso deleite, Jesus,
será inesgotável em valor pessoal. Ele nunca se tornará enfadonho, decepcionante ou
frustrante. Nenhum tesouro maior do que o Filho de Deus pode ser concebido.

Além disso, nossa capacidade de saborear esse tesouro inesgotável não será limitada por
fraquezas humanas. Nós fruiremos do Filho de Deus com o próprio gozo do seu Pai.

O deleite de Deus em seu Filho estará em nós e será nosso. E isso nunca acabará, porque nem
o Pai nem o Filho nunca terminam. Seu amor um pelo outro será o nosso amor por eles e,
portanto, nosso amor por eles nunca findará.

05. Entregue a Deus a sua vingança

Versículo do dia: Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira; porque está
escrito: A mim me pertence a vingança; eu é que retribuirei, diz o Senhor. (Romanos 12.19).

Por que essa é uma promessa tão crucial para vencermos nossa inclinação à amargura e à
vingança? A razão é que essa promessa responde a um dos impulsos mais poderosos por trás
da ira — um impulso que não é totalmente errado.

Posso ilustrar com uma experiência que tive durante meus dias no seminário. Eu estava em um
pequeno grupo de casais que começaram a se relacionar em um nível pessoal bastante
profundo. Certa noite estávamos discutindo sobre perdão e ira. Uma das jovens esposas disse
que não podia e não perdoaria a mãe por algo que lhe fizera quando era menina.

Nós falamos sobre alguns dos mandamentos e advertências bíblicas contra um espírito
inclemente.

 “Antes, sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos
outros, como também Deus, em Cristo, vos perdoou” (Efésios 4.32).

 “Se, porém, não perdoardes aos homens… tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas
ofensas” (Mateus 6.15)

Porém, ela não cedeu. Eu a adverti que sua própria alma estava em perigo se ela continuasse
com tal atitude de amargura inflexível. Mas ela estava convencida de que não perdoaria a
mãe.

A graça do julgamento de Deus é prometida aqui em Romanos 12 como um meio de nos


ajudar a superar um espírito de vingança e amargura.
O argumento de Paulo é que não devemos nos vingar, porque a vingança pertence ao Senhor.
E para nos motivar a desistir de nossos desejos vingativos, ele nos dá uma promessa — que
agora sabemos ser uma promessa de graça futura — “Eu é que retribuirei, diz o Senhor”.

A promessa que nos liberta de um espírito implacável, amargo e vingativo é a promessa de que
Deus acertará as nossas contas. Ele o fará mais justamente e mais rigorosamente do que
jamais faríamos. Portanto, podemos recuar e dar lugar para que Deus trabalhe.

06. Como Cristo venceu a amargura

Versículo do dia: Ele, quando ultrajado, não revidava com ultraje; quando maltratado, não
fazia ameaças, mas entregava-se àquele que julga retamente. (1 Pedro 2.23).

Ninguém foi mais gravemente alvo do pecado do que Jesus. Cada pequena animosidade contra
ele foi completamente imerecida.

Jamais viveu alguém que fosse mais digno de honra do que Jesus; e ninguém foi mais
desonrado.

Se alguém tinha o direito de ficar irado, e ser amargo e vingativo, esse era Jesus. Como ele se
controlava quando os miseráveis, cujas vidas ele sustentava, cuspiram em seu rosto? 1 Pedro
2.23 responde: “Ele, quando ultrajado, não revidava com ultraje; quando maltratado, não fazia
ameaças, mas entregava-se àquele que julga retamente”.

O que esse versículo indica é que Jesus tinha fé na graça futura do justo julgamento de Deus.
Ele não precisava se vingar de todas as indignidades que sofria, porque confiava a sua causa a
Deus. Ele deixou a vingança nas mãos de Deus e orou pelo arrependimento de seus inimigos
(Lucas 23.34).

Pedro dá esse vislumbre da fé de Jesus para que aprendamos a viver assim. Ele disse:
“Porquanto para isto mesmo fostes chamados [para suportar o tratamento áspero
pacientemente]… pois que também Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para
seguirdes os seus passos” (1 Pedro 2.21).

Se Cristo venceu a amargura e a vingança pela fé na graça futura, quanto mais deveríamos nós,
já que temos bem menos direito de murmurar por sermos maltratados do que ele?

07. Quando outro cristão lhe ferir

Versículo do dia: Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus.
(Romanos 8.1)

Qual é a base de não guardarmos rancor contra irmãos e irmãs cristãos que se arrependem?

Nossa indignação moral diante de uma ofensa terrível não se evapora apenas porque o
ofensor é um cristão. Na verdade, podemos nos sentir ainda mais traídos. E um simples: “eu
sinto muito”, muitas vezes parecerá totalmente desproporcional à dor e feiura da ofensa.

Porém, nesse caso, estamos lidando com companheiros cristãos e a promessa da ira de Deus
não se aplica, porque “nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (Romanos
8.1). “Porque Deus não nos destinou [os cristãos] para a ira, mas para alcançar a salvação
mediante nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Tessalonicenses 5.9).

Para onde nos voltaremos para nos assegurarmos de que a justiça será feita, de que o
cristianismo não é uma zombaria contra a seriedade do pecado?

A resposta é que olhamos para a cruz de Cristo. Todos os erros que foram cometidos contra
nós por crentes foram vingados na morte de Jesus. Isso está implícito no fato simples, mas
assombroso, de que todos os pecados de todo o povo de Deus foram colocados sobre Jesus
(Isaías 53.6; 1 Coríntios 15.3).

O sofrimento de Cristo foi a recompensa de Deus para cada maltrato que eu já recebi de um
companheiro cristão. Portanto, o cristianismo não torna o pecado leve. Ele não acrescenta
insulto à nossa injúria.

Pelo contrário, ele considera os pecados contra nós tão seriamente que, para lidar com eles de
modo justo, Deus deu o seu próprio Filho para sofrer mais do que poderíamos fazer alguém
sofrer pelo que nos fez.

08. A fé salvífica ama o perdão

Versículo do dia: Sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos
outros, como também Deus, em Cristo, vos perdoou. (Efésios 4.32)

Ter fé salvífica não é meramente crer que você está perdoado. A fé salvífica olha para o horror
do pecado, e depois olha para a santidade de Deus, e discerne espiritualmente que o perdão
de Deus é incrivelmente glorioso.

Fé no perdão de Deus não significa apenas uma persuasão de que eu estou livre de perigos.
Significa provar a verdade de que um Deus que perdoa é a realidade mais preciosa do
universo. A fé salvífica quer ser perdoada por Deus, e dali se ergue para valorizar o Deus que
perdoa — e tudo o que ele é para nós em Jesus.

O grande ato de perdão é passado — a cruz de Cristo. Por meio deste olhar para trás,
aprendemos sobre a graça em que sempre permaneceremos (Romanos 5.2). Nós aprendemos
que somos amados e aceitos agora, e sempre seremos. Aprendemos que o Deus vivo é um
Deus que perdoa.

Mas a grande experiência de ser perdoado é toda futura. A comunhão com o grande Deus que
perdoa é completamente futura. A liberdade pelo perdão que flui dessa comunhão
plenamente satisfatória com o Deus que perdoa é toda futura.

Eu aprendi que é possível continuar a guardar rancor se a sua fé simplesmente significa que
você olhou para trás para a cruz e concluiu que está fora de perigo. Tenho sido compelido a
me aprofundar no que é a verdadeira fé. É estar satisfeito com tudo o que Deus é para nós em
Jesus. A fé olha para trás não apenas para descobrir que está livre de perigos, mas para provar
e ver o tipo de Deus que nos oferece um futuro de infinitos amanhãs reconciliados em
comunhão com ele.

09. Seis formas pelas quais Jesus combateu a depressão


Versículo do dia: E, levando consigo a Pedro e aos dois filhos de Zebedeu, começou a
entristecer-se e a angustiar-se. (Mateus 26.37)

Havia várias táticas na batalha estratégica de Jesus contra o desânimo.

1. Ele escolheu alguns amigos próximos para estar com ele. “Levando consigo a Pedro e
aos dois filhos de Zebedeu” (Mateus 26.37).

2. Ele abriu a sua alma para eles. Ele lhes disse: “A minha alma está profundamente triste
até à morte” (Mateus 26.38).

3. Ele pediu a sua intercessão e companheirismo na batalha. “Ficai aqui e vigiai comigo”
(Mateus 26.38).

4. Ele derramou o seu coração ao Pai em oração. “Meu Pai, se possível, passe de mim
este cálice!” (Mateus 26.39).

5. Ele descansou a sua alma na soberana sabedoria de Deus. “Todavia, não seja como eu
quero, e sim como tu queres” (Mateus 26.39).

6. Ele fixou o seu olhar na gloriosa graça futura que o esperava do outro lado da cruz.
“Em troca da alegria que lhe estava proposta, [ele] suportou a cruz, não fazendo caso
da ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus” (Hebreus 12.2).

Quando ocorrer algo em sua vida que pareça ameaçar seu futuro, lembre-se disso: As
primeiras oscilações da bomba não são pecado. O perigo real é ceder a elas, entregar-se, não
iniciar nenhuma luta espiritual. E a raiz dessa rendição é a incredulidade: um fracasso em lutar
pela fé na graça futura; um fracasso em estimar tudo o que Deus promete ser para nós em
Jesus.

Jesus nos mostra outro caminho. Não sem dor, nem passivo. Siga-o. Encontre seus amigos
espirituais e confiáveis. Abra sua alma para eles. Peça-lhes que vigiem e orem com você.
Derrame a sua alma ao Pai. Descanse na soberana sabedoria de Deus. E fixe os seus olhos na
alegria que está diante de você nas preciosas e magníficas promessas de Deus.

10. Obras orgulhosas versus fé humilde

Versículo do dia: Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos
nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não
fizemos muitos milagres? (Mateus 7.22)

Considere a diferença entre um coração de “fé” e um coração de “obras”.

O coração das obras obtém satisfação com a vanglória do eu em realizar algo com seu próprio
poder. Ele tentará escalar um paredão rochoso, assumir responsabilidades extras no trabalho,
arriscar a vida em uma zona de combate, agonizar em meio a uma maratona ou realizar jejum
religioso por semanas — tudo pela satisfação de conquistar um desafio pelo poder da sua
própria vontade e pela resistência do seu próprio corpo.

O coração com uma inclinação às obras também pode expressar seu amor pela independência,
autodireção e autorrealização, rebelando-se contra a gentileza, a decência e a moralidade
(Gálatas 5.19-21). Mas é a mesma inclinação às obras, determinada pelo eu e exaltadora de si
mesma, que também se desagrada com comportamento grosseiro e se propõe a provar a sua
superioridade através de autonegação, coragem e grandeza pessoal.

EM TUDO ISSO, A SATISFAÇÃO BÁSICA DA INCLINAÇÃO ÀS OBRAS É PROVAR SER UM EU


ASSERTIVO, AUTÔNOMO E, SE POSSÍVEL, TRIUNFANTE.

O coração da fé é radicalmente diferente. Seus desejos não são menos fortes, pois ele olha
para o futuro. Mas o que ele deseja é a plena satisfação de experimentar tudo o que Deus é
para nós em Jesus.

Se as “obras” desejam a satisfação de sentirem-se superando um obstáculo, a “fé” prova a


satisfação de sentir que Deus supera um obstáculo. As obras anseiam pela alegria de serem
glorificadas como capazes, fortes e inteligentes. A fé anela pela alegria de ver Deus glorificado
por sua capacidade, força e sabedoria.

Em sua forma religiosa, as obras aceitam o desafio da moralidade, vencem seus obstáculos
através de grande esforço e oferecem a vitória a Deus como um pagamento por sua aprovação
e recompensa. A fé também aceita o desafio da moralidade, mas apenas como uma ocasião
para se tornar o instrumento do poder de Deus. E quando a vitória chega, a fé se alegra por
toda a glória e ação de graças pertencerem a Deus.

11. Nós experimentamos o Espírito por meio da fé

Versículo do dia: Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito. (Gálatas 5.25)

O Espírito veio até você na primeira vez em que creu nas promessas de Deus compradas pelo
sangue. E o Espírito continua vindo e operando por este mesmo meio.

Assim, Paulo pergunta de forma retórica: “Aquele, pois, que vos concede o Espírito e que
opera milagres entre vós, porventura, o faz pelas obras da lei ou pela pregação da fé?”
(Gálatas 3.5). Resposta: “Pela pregação da fé”.

Portanto, o Espírito veio pela primeira vez, e o Espírito continua sendo fornecido, pelo canal da
fé. O que ele realiza em nós é por meio da fé.

Se você é como eu, pode ter, de tempos em tempos, fortes desejos pela poderosa operação do
Espírito Santo em sua vida. Talvez você clame a Deus pelo derramamento do Espírito em sua
vida, família, igreja ou cidade. Esses clamores são corretos e bons. Jesus disse: “Quanto mais o
Pai celestial dará o Espírito Santo àqueles que lho pedirem?” (Lucas 11.13).

Mas o que encontrei na maioria das vezes em minha própria vida foi a incapacidade de me
abrir à plena medida da obra do Espírito por meio da fé nas promessas de Deus. Não me refiro
apenas à promessa de que o Espírito virá quando pedirmos. Quero dizer todas as outras
promessas preciosas que não são diretamente sobre o Espírito, mas, talvez, sobre a provisão
de Deus para o meu futuro; por exemplo: “Meu Deus […] há de suprir […] cada uma de vossas
necessidades” (Filipenses 4.19).

Isso é o que está faltando na experiência de muitos cristãos que buscam o poder do Espírito
em suas vidas. O Espírito nos é fornecido “pela pregação da fé” (Gálatas 3.5); não apenas pela
fé em uma ou duas promessas sobre o próprio Espírito, mas sobre toda a presença de Deus,
que satisfaz a alma, em nosso futuro.
12. A fé expulsa a culpa, a cobiça e o temor

Versículo do dia: O intuito da presente admoestação visa ao amor que procede de coração
puro, e de consciência boa, e de fé sem hipocrisia. (1 Timóteo 1.5)

A fé na graça de Deus expulsa do coração os poderes pecaminosos que impedem o amor.

Se nos sentimos culpados, tendemos a afundar em depressão egocêntrica e autopiedade,


incapazes de ver, e muito menos de nos preocupar, com a necessidade de qualquer outra
pessoa. Ou agimos como hipócritas para cobrirmos nossa culpa e, assim, destruímos toda
sinceridade nos relacionamentos. Ou falamos sobre as falhas de outras pessoas para minimizar
a nossa própria culpa.

Acontece o mesmo com o temor. Se sentimos medo, tendemos a não nos aproximarmos de
um estranho na igreja que possa precisar de uma palavra de boas-vindas e encorajamento. Ou
podemos rejeitar as missões internacionais em nossas vidas, porque parecem muito perigosas.
Ou podemos desperdiçar dinheiro em seguros excessivos ou estarmos envolvidos em todas as
formas de pequenas fobias que nos tornam preocupados com nós mesmos e cegos para as
necessidades dos outros.

Se somos cobiçosos, podemos gastar dinheiro em luxos — dinheiro que deveria ser usado para
a propagação do evangelho. Não empreendemos nada arriscado, para que nossas posses
preciosas e nosso futuro financeiro não sejam comprometidos. Nós nos concentramos em
coisas ao invés de pessoas, ou vemos as pessoas como meios para nossa vantagem material.

A fé na graça futura produz o amor ao remover a culpa, o temor e a cobiça do coração.

Ela remove a culpa, porque se apega à esperança de que a morte de Cristo é suficiente para
garantir a absolvição e a justiça agora e para sempre (Hebreus 10.14).

Ela remove o temor porque se baseia na promessa: “Não temas, porque eu sou contigo… eu te
fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a minha destra fiel” (Isaías 41.10).

E ela remove a cobiça, porque está confiante de que Cristo é riqueza maior do que tudo que o
mundo pode oferecer (Mateus 13.44).

Em todos os casos, a glória de Cristo é magnificada quando somos mais satisfeitos com a sua
graça futura do que com as promessas do pecado.

13. O que motiva você a servir?

Versículo do dia: Porque o que semeia para a sua própria carne da carne colherá corrupção;
mas o que semeia para o Espírito do Espírito colherá vida eterna. (Gálatas 6.8)

A fé tem um apetite insaciável por experimentar o máximo possível da graça de Deus. Assim, a
fé empurra em direção ao rio onde a graça de Deus flui mais livremente, ou seja, o rio do
amor.

Que outra força nos afastará de nossas felizes salas de estar para que tomemos sobre nós as
inconveniências e sofrimentos que o amor requer?

O que nos impulsionará…


 a cumprimentar estranhos quando nos sentimos tímidos?

 a ir até um inimigo e suplicar a reconciliação quando nos sentimos indignados?

 a ofertar quando nunca o fizemos antes?

 a falar com nossos colegas sobre Cristo?

 a convidar novos vizinhos para um estudo bíblico?

 a atravessar as culturas com o evangelho?

 a criar um novo ministério para alcoólatras?

 a passar uma noite dirigindo uma van?

 a dedicar uma manhã orando por restauração?

Nenhum desses custosos atos de amor acontece de repente. Eles são impulsionados por um
novo apetite — o apetite da fé por uma mais plena experiência da graça de Deus.

A fé ama confiar em Deus e vê-lo realizar milagres em nós. Portanto, a fé nos impulsiona para
a correnteza, onde o poder da graça futura de Deus flui mais livremente: a correnteza do
amor.

Eu acho que foi isso que Paulo intencionou quando disse que devemos “semear para o
Espírito” (Gálatas 6.8). Pela fé, devemos colocar as sementes da nossa força nos sulcos onde
sabemos que o Espírito está operando para dar fruto: nos sulcos do amor.

14. O ministério é mais importante do que a vida

Versículo do dia: Porém em nada considero a vida preciosa para mim mesmo, contanto que
complete a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus. (Atos 20.24)

De acordo com o Novo Testamento, “ministério” é o que todos os cristãos fazem. Os pastores
têm o trabalho de capacitar os santos para a obra do ministério (Efésios 4.12). Mas os cristãos
comuns são aqueles que executam o ministério.

O ministério é tão diversificado quanto os cristãos. Não se trata de um ofício como de


presbítero ou diácono; é um estilo de vida dedicado a valorizar Cristo.

Isso quer dizer que nós fazemos “o bem a todos, mas principalmente aos da família da fé”
(Gálatas 6.10). Quer sejamos banqueiros ou pedreiros, significa que visamos promover a fé e a
santidade de outras pessoas.

Cumprir o seu ministério é mais importante do que viver. Essa convicção é o que torna as vidas
de pessoas radicalmente devotadas tão inspiradoras de serem contempladas. A maioria delas
se expressa da maneira como Paulo falou sobre seu ministério aqui em Atos 20. Cumprir o
ministério que Deus nos dá é mais importante do que a vida.

Você pode pensar que precisa salvar a sua vida para cumprir o seu ministério. Em vez disso, o
modo como você perde a sua vida pode ser a pedra angular do seu ministério. Certamente isso
aconteceu com Jesus, quando tinha apenas uns trinta anos.
Não precisamos nos preocupar em nos manter vivos para terminar nosso ministério. Somente
Deus conhece o tempo determinado de nosso serviço.

Henry Martyn estava certo quando disse: “Se [Deus] tem trabalho para eu realizar, eu não
posso morrer”. Em outras palavras, eu sou imortal até que o meu trabalho seja concluído.
Portanto, o ministério é mais importante do que a vida.

15. Nós trabalhamos por meio da graça

Versículo do dia: Mas, pela graça de Deus, sou o que sou; e a sua graça, que me foi concedida,
não se tornou vã; antes, trabalhei muito mais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça
de Deus comigo. (1 Coríntios 15.10)

Paulo percebeu que a primeira parte desse versículo pode ser mal interpretada. Então, ele
prossegue dizendo: “todavia, não eu, mas a graça de Deus comigo”.

Este texto não diz que Paulo está obedecendo a Cristo por gratidão pela graça que ele
concedeu no passado. Diz que, a cada momento, a graça futura de Deus possibilitou a obra de
Paulo.

O versículo realmente diz isso? Ele não diz apenas que a graça de Deus trabalhou com Paulo?
Não, ele diz mais. Nós devemos chegar a um consenso em relação às palavras: “todavia, não
eu”. Paulo quer exaltar a graça de Deus, que atua a cada momento, de tal maneira que fique
evidente que ele em si não é o autor decisivo desse trabalho.

No entanto, ele é um realizador desse trabalho: “trabalhei muito mais do que todos eles”. Ele
trabalhou. Porém, ele disse que isso foi a graça de Deus que lhe foi concedida.

Se considerarmos todas as partes deste versículo, o resultado final é o seguinte: a graça é o


fator decisivo no trabalho de Paulo. Uma vez que Paulo também é um realizador da sua obra, a
maneira pela qual a graça se torna o agente decisivo é tornando-se o poder capacitador do
trabalho de Paulo.

Eu penso que isso significa que, enquanto Paulo enfrentava o fardo diário do ministério, ele
curvava a cabeça e confessava que, a menos que a graça futura fosse dada para o trabalho do
dia, ele não seria capaz de fazê-lo.

Ele se lembrou das palavras de Jesus: “Sem mim nada podeis fazer” (João 15.5). Então, ele
orou por graça futura para o dia e confiou na promessa de que ela viria com poder. “E o meu
Deus, segundo a sua riqueza em glória, há de suprir, em Cristo Jesus, cada uma de vossas
necessidades” (Filipenses 4.19).

Assim, ele agia com todas as suas forças.

16. Poder para as tarefas de hoje

Versículo do dia: Desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor; porque Deus é quem
efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade. (Filipenses 2.12-13)

Deus é o trabalhador decisivo aqui. Ele quer e ele realiza segundo a sua boa vontade. Mas crer
nisso não torna os cristãos passivos. Isso os torna esperançosos, ativos e corajosos.
A cada dia há um trabalho a ser feito em nosso ministério especial. Paulo ordena que nos
esforcemos ao fazê-lo. Porém, ele nos diz como realizá-lo no poder da graça futura: creia na
promessa de que nesse dia Deus estará efetuando em você o querer e o realizar segundo a sua
boa vontade.

É o próprio Deus, ao conceder graciosamente cada momento, que traz o futuro ao presente.
Não é a gratidão pela graça do passado que Paulo enfatiza ao explicar como ele trabalhou
muito mais do que todos os outros (1 Coríntios 15.10). É uma nova graça para cada nova
conquista em seu trabalho missionário.

O poder da graça futura é o poder do Cristo vivo — sempre presente para trabalhar por nós
em cada momento futuro em que entrarmos. Assim, quando Paulo descreve o efeito da graça
de Deus que estava com ele, diz: “Não ousarei discorrer sobre coisa alguma, senão sobre
aquelas que Cristo fez por meu intermédio, para conduzir os gentios à obediência, por palavra
e por obras” (Romanos 15.18).

Portanto, como ele não se atreveria a falar sobre coisa alguma além do que Cristo havia feito
por meio do seu ministério e, ainda assim, ele, de fato, falou do que a graça fez por meio do
seu ministério (1 Coríntios 15.10), isso deve significar que o poder da graça é o poder de Cristo.

Isso indica que o poder que nós precisamos para o ministério de amanhã é a graça futura do
Cristo onipotente, que sempre estará presente por nós — disposto a querer e a realizar
segundo a sua boa vontade.

17. O poder para confessar a Cristo

Versículo do dia: Com grande poder, os apóstolos davam testemunho da ressurreição do


Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça. (Atos 4.33)

Se nosso ministério é testemunhar de Cristo amanhã em alguma situação adversa, a chave não
será o nosso brilho; a chave será a abundante graça futura.

De todas as pessoas, os apóstolos pareciam precisar menos de ajuda para dar um testemunho
convincente do Cristo ressuscitado. Eles estiveram com Jesus por três anos. Eles o viram
morrer. Eles o tinham visto vivo. No seu arsenal de testemunho, eles tinham “muitas provas”
(Atos 1.3). Você poderia pensar que, de todas as pessoas, o ministério de testemunho deles,
naqueles primeiros dias, se sustentaria com o poder das glórias passadas que ainda estavam
muito frescas.

Porém, não é isso que o livro de Atos nos diz. O poder de testemunhar com fidelidade e
eficácia não veio principalmente de memórias de graça ou de reservatórios de conhecimento;
ele veio de novas concessões de “abundante graça”. Foi dessa maneira que isso ocorreu com
os apóstolos, e assim será conosco em nosso ministério de testemunhar.

Não importa que sinais e maravilhas adicionais Deus pode mostrar para ampliar nosso
testemunho de Cristo, eles virão da mesma maneira que vieram a Estevão. “Estêvão, cheio de
graça e poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo” (Atos 6.8).

Há uma graça e um poder, futuros e extraordinários, nos quais podemos confiar na crise da
necessidade do ministério especial. Há um novo ato de poder pelo qual Deus confirma a
palavra da sua graça (Atos 14.3, veja também Hebreus 2.4). A graça do poder sustenta o
testemunho da graça da verdade.

18. A graça de Deus nos dons espirituais

Versículo do dia: Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, como bons
despenseiros da multiforme graça de Deus. (1 Pedro 4.10)

A graça futura é uma “graça multiforme”. Ela vem em muitas cores, formas e tamanhos. Essa é
uma das razões pelas quais os dons espirituais no corpo são tão variados. O prisma da sua vida
refletirá uma das cores da graça que nunca viria através do meu prisma.

Há tantas graças futuras quanto há necessidades no corpo de Cristo — e mais. O propósito dos
dons espirituais é receber e distribuir a futura graça de Deus a essas necessidades.

Mas alguém pode perguntar: “Por que você cita Pedro como se referindo à graça futura? Um
mordomo não administra recursos domésticos que já estão disponíveis?”.

A principal razão pela qual cito Pedro como se referindo à graça futura é que o próximo
versículo ilustra como isso funciona, e a referência ali é a suprimentos contínuos da graça
futura. Ele diz: “se alguém serve, faça-o na força que Deus supre, para que, em todas as coisas,
seja Deus glorificado” (1 Pedro 4.11).

Quando você utilizar o seu dom espiritual para servir a alguém amanhã, estará servindo “na
força que Deus supre” amanhã. A palavra é supre, não supriu.

Deus continua, a cada dia, a cada momento, suprindo a “força” na qual nós ministramos.

19. O tempo de Deus é perfeito

Versículo do dia: Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de


acharmos graça para socorro em ocasião oportuna. (Hebreus 4.16, tradução literal pelo autor)

Todo o ministério está no futuro — um dado momento, ou um mês, ou um ano, ou uma


década. Nós temos bastante tempo para nos preocupar com a nossa imperfeição. Quando isso
acontece, devemos recorrer à oração.

A oração é a forma de fé que nos conecta hoje com a graça que nos tornará adequados para o
ministério de amanhã. O tempo é tudo.

E se a graça chegar muito cedo ou vier tarde demais? A tradução tradicional de Hebreus 4.16
esconde de nós uma promessa muito preciosa a esse respeito. Precisamos de uma versão mais
literal para vê-la.

O texto mais tradicional é o seguinte: “Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao


trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em tempo de
necessidade”. O original grego por detrás da frase “graça para socorro em tempo de
necessidade” poderia ser traduzido literalmente como “graça para socorro em ocasião
oportuna”.

A questão é que a oração é o modo de encontrar a graça futura para um socorro oportuno.
Essa graça sempre provém do “trono da graça”, pontualmente. O termo “trono da graça”
significa que a graça futura vem do Rei do universo que estabelece os tempos segundo a sua
própria autoridade (Atos 1.7).

Seu tempo é perfeito, mas raramente é o nosso: “Pois mil anos, aos teus olhos, são como o dia
de ontem que se foi” (Salmo 90.4). Em nível global, ele estabelece os tempos para que as
nações se elevem e caiam (Atos 17.26). E no nível pessoal, “nas tuas mãos, estão os meus dias”
(Salmo 31.15).

Quando nos perguntamos sobre o tempo da graça futura, devemos pensar no “trono da
graça”. Nada pode impedir o plano de Deus de enviar graça quando ela for melhor para nós. A
graça futura é sempre oportuna.

20. Graça para cada necessidade

Versículo do dia: Volta-te para mim e compadece-te de mim; concede a tua força ao teu servo.
(Salmo 86.16)

A graça futura é a súplica constante dos salmistas em oração. Eles oram por ela
constantemente para que atenda a todas as necessidades. Eles deixam para cada santo um
modelo de dependência diária da graça futura para cada exigência.

 Eles clamam por graça quando precisam de ajuda: “Ouve, SENHOR, e tem compaixão
de mim; sê tu, SENHOR, o meu auxílio” (Salmo 30.10).

 Quando estão fracos: “Volta-te para mim e compadece-te de mim; concede a tua força
ao teu servo” (Salmo 86.16).

 Quando necessitam de cura: “Tem compaixão de mim, SENHOR, porque eu me sinto


debilitado; sara-me, SENHOR” (Salmo 6.2).

 Quando são afligidos pelos inimigos: “Compadece-te de mim, SENHOR; vê a que


sofrimentos me reduziram os que me odeiam” (Salmo 9.13).

 Quando estão solitários: “Volta-te para mim e tem compaixão, porque estou sozinho e
aflito” (Salmo 25.16).

 Quando estão aflitos: “Compadece-te de mim, SENHOR, porque me sinto atribulado;


de tristeza os meus olhos se consomem” (Salmo 31.9).

 Quando pecaram: “compadece-te de mim, SENHOR; sara a minha alma, porque pequei
contra ti” (Salmo 41.4).

 Quando desejam que o nome de Deus seja exaltado entre as nações: “Seja Deus
gracioso para conosco, e nos abençoe… para que se conheça na terra o teu caminho”
(Salmos 67.1-2).

Sem dúvida, a oração é o grande elo de fé entre a alma do santo e a promessa da graça futura.
Se Deus requer que o ministério seja sustentado pela oração, então o ministério deve ser
sustentado pela fé na graça futura.

21. Exemplos para combate ao desânimo


Versículo do dia: Ainda que a minha carne e o meu coração desfaleçam, Deus é a fortaleza do
meu coração e a minha herança para sempre. (Salmo 73.26)

Literalmente, o verbo é simplesmente desfalecer: “Ainda que a minha carne e o meu coração
desfaleçam!”. Estou desanimado! Estou desencorajado! Mas, então, imediatamente ele
dispara uma arma contra seu desânimo: “Deus é a fortaleza do meu coração e a minha
herança para sempre”.

O salmista não cede. Ele luta contra a incredulidade com um contra-ataque.

Essencialmente o que ele diz é isso: “Em mim mesmo sinto-me muito fraco, desamparado e
incapaz de reagir. Meu corpo está ferido e meu coração quase morto. Mas seja qual for a razão
para este desânimo, não me entregarei. Eu vou confiar em Deus e não em mim mesmo. Ele é a
minha fortaleza e a minha herança”.

A Bíblia está repleta de exemplos de santos lutando contra espíritos deprimidos. O Salmo 19.7
diz: “A lei do SENHOR é perfeita e reaviva a alma” (tradução literal). Esta é uma clara admissão
de que a alma do santo, às vezes, precisa ser reavivada. E se ela precisa ser reavivada, em
certo sentido ela estava “morta”.

Davi diz o mesmo no Salmo 23.2-3: “Leva-me para junto das águas de descanso; refrigera-me a
alma”. A alma do “homem segundo o coração de Deus” (1 Samuel 13.14) precisava ser
refrigerada. Ela estava morrendo de sede e prestes a cair exausta, mas Deus conduziu a alma
às águas e concedeu-lhe vida novamente.

Deus colocou esses testemunhos na Bíblia para que possamos usá-los na luta contra a
incredulidade do desânimo.

22. Pregue a si mesmo

Versículo dia: Por que estás abatida, ó minha alma? Por que te perturbas dentro de mim?
Espera em Deus, pois ainda o louvarei, a ele, meu auxílio e Deus meu. (Salmo 42.11)

Nós precisamos aprender a combater o desânimo. O combate é uma luta de fé na graça futura.
O desânimo é combatido ao pregarmos a verdade a nós mesmos sobre Deus e seu futuro
prometido.

Isso é o que o salmista faz no Salmo 42. O salmista prega à sua alma aflita. Ele se repreende e
discute consigo mesmo. E seu argumento principal é a graça futura: “Espere em Deus! Confie
no que Deus será para você no futuro. Um dia de louvor está chegando. A presença do Senhor
será todo o socorro que você precisa. E ele prometeu estar conosco para sempre”.

Martyn Lloyd-Jones acredita que esta questão de pregar a nós mesmos a verdade sobre a
graça futura de Deus é importante para a superação da depressão espiritual.

Você já percebeu que uma grande parte da sua infelicidade na vida provém do fato de que
você está ouvindo a si mesmo em vez de falar consigo mesmo? Considere aqueles
pensamentos que lhe vêm à mente no momento em que acorda de manhã. Você não os
originou, mas eles começam a falar com você, trazem de volta os problemas de ontem, etc.
Alguém está falando… Você está falando consigo mesmo!
A batalha contra o desânimo é uma luta para crer nas promessas de Deus. E essa crença na
graça futura de Deus vem por ouvir a Palavra. E, assim, a pregação para nós mesmos está no
coração da batalha.

23. Como resistir ao desejo pecaminoso

Versículo do dia: Pela fé, Moisés… [desprezou os] prazeres transitórios do pecado… porque
contemplava o galardão. (Hebreus 11.24-26)

A fé não se contenta com “prazeres transitórios”. Ela é ávida por alegria. E a Palavra de Deus
diz: “Na tua presença há plenitude de alegria, na tua destra, delícias perpetuamente” (Salmo
16.11). Assim, a fé não será desviada para o pecado. Ela não desistirá tão facilmente em sua
busca pelo máximo da alegria.

A função da Palavra de Deus é alimentar o apetite da fé por Deus. E, ao fazer isso, ela afasta
meu coração do sabor enganoso da luxúria.

À princípio, a luxúria começa a me enganar fazendo-me sentir que eu realmente perderia


alguma grande satisfação se eu seguisse o caminho da pureza. Mas, então, eu pego a espada
do Espírito e começo a lutar.

 Eu li que é melhor arrancar os meus olhos do que cobiçar (Mateus 5.29).

 Eu li que se eu pensar sobre coisas que são puras, amáveis e de boa fama, a paz de
Deus estará comigo (Filipenses 4.8-9).

 Eu li que fixar a mente na carne traz morte, mas fixar a mente no Espírito traz vida e
paz (Romanos 8.6).

 Eu li que a luxúria guerreia contra minha alma (1 Pedro 2.11), e que os prazeres dessa
vida sufocam a vida do Espírito (Lucas 8.14).

 Porém, o melhor de tudo é que eu li que Deus nenhum bem sonega aos que andam
retamente (Salmo 84.11), e que os puros de coração verão a Deus (Mateus 5.8).

Enquanto oro para que minha fé se satisfaça com a vida e a paz de Deus, a espada do Espírito
remove o açúcar do veneno da luxúria. Eu vejo o veneno como ele é. E pela graça de Deus, seu
poder sedutor é quebrado.

24. Jesus guarda as suas ovelhas

Versículo do dia: Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos peneirar como trigo!
Eu, porém, roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; tu, pois, quando te converteres,
fortalece os teus irmãos. (Lucas 22.31-32)

Embora Pedro tenha falhado miseravelmente, a oração de Jesus o preservou da ruína


completa. Ele foi levado a chorar amargamente e foi restaurado para a alegria e ousadia do
Pentecostes. Dessa mesma forma, Jesus intercede por nós hoje para que nossa fé não
desfaleça (Romanos 8.34).
Jesus prometeu que as suas ovelhas seriam preservadas e nunca pereceriam. “As minhas
ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna;
jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão” (João 10.27-28).

A razão para isso é que Deus trabalhará para preservar a fé das ovelhas. “Aquele que começou
boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus” (Filipenses 1.6).

Nós não somos deixados sozinhos no combate da fé. “Deus é quem efetua em vós tanto o
querer como o realizar, segundo a sua boa vontade” (Filipenses 2.13).

Você tem a garantia da Palavra de Deus de que, se for seu filho, ele o aperfeiçoa em todo o
bem, para cumprir a sua vontade, operando em você o que é agradável diante dele, por Jesus
Cristo (Hebreus 13.21).

Nossa perseverança na fé e na alegria está final e decisivamente nas mãos de Deus. Sim, nós
devemos lutar. Mas essa mesma luta é o que Deus “opera em nós”. E ele certamente o fará,
pois “aos que justificou, a esses também glorificou” (Romanos 8.30).

Ele não perderá nenhum dos que ele conduziu à fé e justificou.

25. A estratégia de Satanás e a sua defesa

Versículo do dia: Resisti-lhe firmes na fé. (1 Pedro 5.9)

Os dois grandes inimigos das nossas almas são o pecado e Satanás. E o pecado é o pior inimigo,
porque a única maneira pela qual Satanás pode nos destruir é nos levando a pecar.

Deus pode soltar as rédeas de Satanás o suficiente para ele nos prejudicar, como fez a Jó, ou
mesmo para nos matar, como ele fez aos santos em Esmirna (Apocalipse 2.10); mas Satanás
não pode nos condenar ou roubar de nós a vida eterna. A única forma pela qual ele pode nos
causar dano decisivo é nos influenciando para o pecado, que é exatamente o que ele pretende
fazer.

Assim, a principal atividade de Satanás é defender, promover, favorecer, estimular e confirmar


a nossa inclinação ao pecado.

Vemos isso em Efésios 2.1-2: “Estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, nos quais
andastes outrora… segundo o príncipe da potestade do ar”. Pecar é “segundo” o poder de
Satanás no mundo. Quando ele provoca o mal moral, ele o faz através do pecado. Quando nós
pecamos, nos movemos em sua esfera e entramos em acordo com ele. Quando pecamos,
damos lugar ao diabo (Efésios 4.27).

A única coisa que nos condenará no dia do juízo é o pecado não perdoado — não a doença, as
aflições, as perseguições, as intimidações, as aparições ou os pesadelos. Satanás sabe disso.
Logo, o seu foco principal não está principalmente em como assustar cristãos com fenômenos
estranhos (embora haja muito disso), mas em como corromper cristãos com condutas indignas
e pensamentos malignos.

Satanás quer nos atacar em um momento em que nossa fé não esteja firme, quando ela
estiver vulnerável. Faz sentido que a mesma coisa que Satanás deseja destruir também seja o
meio de resistir aos seus esforços. É por isso que Pedro diz: “Resisti-lhe firmes na fé”. Também
é por isso que Paulo diz que o “escudo da fé” pode “apagar todos os dardos inflamados do
maligno” (Efésios 6.16).

A maneira de frustrar o diabo é fortalecer exatamente aquilo que ele está tentando destruir: a
sua fé.

26. O que significa amar ao dinheiro

Versículo do dia: O amor do dinheiro é raiz de todos os males. (1 Timóteo 6.10)

O que Paulo quis dizer quando escreveu isso? Ele não quis dizer que o dinheiro está sempre
em sua mente quando você peca. Muitos pecados acontecem quando não estamos pensando
em dinheiro.

Minha sugestão é essa: ele quis dizer que todos os males no mundo provêm de um certo tipo
de coração, a saber, o tipo de coração que ama ao dinheiro.

Agora, o que significa amar ao dinheiro? Não significa admirar o papel azul ou as moedas de
cobre ou de prata. Para saber o que significa amar o dinheiro, você tem que perguntar: O que
é o dinheiro? Eu gostaria de responder a essa pergunta dessa forma: O dinheiro é
simplesmente um símbolo que indica os recursos do homem. O dinheiro representa o que
você pode obter do homem em vez de Deus.

Deus negocia com base na moeda da graça, não com dinheiro: “Ah! Todos vós, os que tendes
sede, vinde às águas; e vós, os que não tendes dinheiro, vinde, comprai e comei” (Isaías 55.1).
O dinheiro é a moeda dos recursos do homem. Assim, o coração que ama o dinheiro é um
coração que fixa as suas esperanças, busca os seus prazeres e deposita a sua confiança no que
os recursos do homem podem oferecer.

Assim, o amor ao dinheiro é praticamente o mesmo que a fé no dinheiro: a crença (certeza,


confiança, segurança) de que o dinheiro atenderá às suas necessidades e o fará feliz.

O amor ao dinheiro é a alternativa à fé na futura graça de Deus. É a fé nos futuros recursos do


homem. Portanto, o amor ao dinheiro, ou a confiança no dinheiro, é a base da incredulidade
nas promessas de Deus. Jesus disse em Mateus 6.24: “Ninguém pode servir a dois senhores…
Não podeis servir a Deus e às riquezas”.

Você não pode confiar em Deus e no dinheiro ao mesmo tempo. A crença em um é a


incredulidade no outro. Um coração que ama ao dinheiro — que confia no dinheiro para a
felicidade — não está confiando na futura graça de Deus para a satisfação.

27. Se você não lutar contra a luxúria

Versículo do dia: Amados, exorto-vos… a vos absterdes das paixões carnais, que fazem guerra
contra a alma. (1 Pedro 2.11)

Quando eu confrontei um homem quanto ao adultério em que estava vivendo, tentei


compreender sua situação e pedi que ele voltasse para sua esposa. Então, eu disse: “Você
sabe, Jesus diz que se você não lutar contra esse pecado com o tipo de seriedade de quem está
disposto a arrancar o próprio olho, você irá para o inferno e sofrerá ali para sempre”.
Como um cristão professo, ele olhou para mim com total incredulidade, como se nunca tivesse
ouvido algo assim em sua vida, e disse: “Quer dizer que você acha que uma pessoa pode
perder a sua salvação?”.

Assim, eu aprendi repetidamente, por experiência própria, que há muitos cristãos nominais
que têm uma visão da salvação que a desconecta da vida real, que anula as ameaças da Bíblia
e que coloca a pessoa pecadora que afirma ser um cristão além do alcance das advertências
bíblicas. Creio que essa visão da vida cristã está confortando milhares de pessoas que estão no
caminho largo que conduz à perdição (Mateus 7.13).

Jesus disse que se você não lutar contra a luxúria, não irá para o céu. Não é que os santos
sempre sejam bem-sucedidos. A questão é que resolvemos lutar, não que temos sucesso sem
falhas.

Os riscos são muito mais altos do que se o mundo fosse explodido por mil mísseis de longo
alcance, terroristas bombardeassem a sua cidade, o aquecimento global derretesse as calotas
ou a AIDS destruísse as nações. Todas essas calamidades podem matar apenas o corpo. Mas se
nós não lutamos contra a luxúria, perdemos as nossas almas.

Pedro diz que as paixões da carne guerreiam contra as nossas almas. Os riscos nessa guerra
são infinitamente maiores do que em qualquer ameaça de guerra ou terrorismo. O apóstolo
Paulo listou “prostituição, impureza, paixão lasciva, desejo maligno e a avareza”, então disse
que “por estas coisas é que vem a ira de Deus” (Colossenses 3.5-6). E a ira de Deus é
imensamente mais temível do que a ira de todas as nações juntas.

Que Deus nos dê graça para considerarmos seriamente as nossas almas e as dos outros e
continuarmos a luta.

28. Porque nós não desanimamos

Versículo do dia: Mesmo que o nosso homem exterior se corrompa, contudo, o nosso homem
interior se renova de dia em dia. (2 Coríntios 4.16)

Paulo não consegue enxergar da forma que costumava (e não havia óculos). Ele não consegue
ouvir como ouvia antes (e não havia aparelhos auditivos). Ele não se recupera dos
espancamentos como costumava se recuperar (e não havia antibióticos). Sua força,
caminhando de cidade em cidade, não se mantém como antes. Ele vê as rugas em seu rosto e
pescoço. Sua memória não é tão boa. E ele admite que isso é uma ameaça à sua fé, alegria e
coragem.

Mas ele não desanima. Por quê?

Ele não desanima porque o seu homem interior está sendo renovado. Como?

A renovação do seu coração vem de algo muito surpreendente: ela vem por olhar para o que
ele não pode ver.

“Não atentando nós nas coisas que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem
são temporais, e as que se não veem são eternas” (2 Coríntios 4.18).

Este é o modo de Paulo não desanimar: olhar para o que você não pode ver. O que ele via?
Alguns versículos mais adiante, em 2 Coríntios 5.7, ele diz: “Andamos por fé e não pelo que
vemos”. Isso não significa que ele salta no escuro sem a evidência do que existe ali. Isso
significa que, por enquanto, as realidades mais preciosas e importantes do mundo estão além
dos nossos sentidos físicos.

Nós “olhamos” para essas coisas invisíveis através do evangelho. Nós fortalecemos nossos
corações — renovamos nossa coragem — fixando nosso olhar na verdade invisível e objetiva
que vemos no testemunho daqueles que viram Cristo face a face.

29. O plano de Deus para os mártires

Versículo do dia: A cada um deles foi dada uma vestidura branca, e lhes disseram que
repousassem ainda por pouco tempo, até que também se completasse o número dos seus
conservos e seus irmãos que iam ser mortos como igualmente eles foram. (Apocalipse 6.11)

Por quase trezentos anos, o Cristianismo cresceu em solo regado pelo sangue dos mártires.

Até o imperador Trajano (cerca de 98 d.C.), a perseguição era permitida, mas não era legal. De
Trajano a Décio (cerca de 250 d.C.), a perseguição era legal, mas principalmente local. De
Décio, que odiava os cristãos e temia o impacto deles em suas reformas, até o primeiro edito
de tolerância em 311, a perseguição não era apenas legal, mas difundida e geral.

Um escritor descreveu a situação neste terceiro período:

O horror se espalhou por toda parte em meio às congregações; e o número dos lapsi [aqueles
que renunciavam à sua fé quando ameaçados]… era enorme. Entretanto, não havia falta de
quem permanecesse firme e sofresse o martírio em vez de ceder; e à medida que a
perseguição crescia e se intensificava, o entusiasmo dos cristãos e seu poder de perseverança
se tornavam cada vez mais fortes.

Assim, por trezentos anos, ser cristão era um ato de imenso risco para sua vida, posses e
família. Era um teste do que você mais amava. E na extremidade desse teste estava o martírio.

E acima desse martírio havia um Deus soberano que disse que haveria um número
determinado. Eles têm uma função especial a desempenhar na plantação e encorajamento da
igreja. Eles têm um papel especial a desempenhar ao fechar a boca de Satanás, que
constantemente diz que o povo de Deus o serve somente para suas vidas melhorem (Jó 1.9-
11).

O martírio não é algo acidental. Ele não surpreende a Deus. Não é inesperado. E enfaticamente
não é uma derrota estratégica para a causa de Cristo.

Pode parecer uma derrota, mas é parte de um plano no céu que nenhum estrategista humano
jamais conceberia ou poderia projetar. E tal plano triunfará para todos os que perseverarem
até o fim pela fé na graça de Deus.

30. O sofrimento que fortalece a fé

Versículo do dia: Tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações, sabendo
que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança. (Tiago 1.2-3)
Por mais estranho que pareça, um dos principais propósitos de ser abalado pelo sofrimento é
que nossa fé se torne mais inabalável.

A fé é como o tecido muscular: se você o forçar ao limite, ele fica mais forte, não mais fraco.
Isso é o que Tiago quer dizer aqui. Quando a sua fé é ameaçada, provada e pressionada até
quase se romper, o resultado é uma maior capacidade de suportar.

Deus ama tanto a fé que ele a provará até quase romper-se, a fim de mantê-la pura e forte.
Por exemplo, ele fez isso com Paulo, de acordo com 2 Coríntios 1.8-9:

“Porque não queremos, irmãos, que ignoreis a natureza da tribulação que nos sobreveio na
Ásia, porquanto foi acima das nossas forças, a ponto de desesperarmos até da própria
vida. Contudo, já em nós mesmos, tivemos a sentença de morte, para que não confiemos em
nós, e sim no Deus que ressuscita os mortos”.

As palavras “para que” mostram que havia um propósito nesse sofrimento extremo: era para
que Paulo não confiasse em si mesmo e em seus recursos, mas em Deus e, especificamente, na
futura graça de Deus em ressuscitar os mortos.

Deus valoriza tanto a fé que temos de todo o coração que ele, graciosamente, tirará tudo no
mundo em que nós poderíamos ser tentados a confiar — até mesmo a própria vida. Seu
objetivo é que nos tornemos cada vez mais fortes em nossa confiança de que ele mesmo será
tudo o que nós precisamos.

Ele quer que possamos dizer com o salmista: “Quem mais tenho eu no céu? Não há outro em
quem eu me compraza na terra. Ainda que a minha carne e o meu coração desfaleçam, Deus é
a fortaleza do meu coração e a minha herança para sempre” (Salmo 73.25-26).

31. O sofrimento que esmaga a fé

Versículo do dia: Mas eles não têm raiz em si mesmos, sendo, antes, de pouca duração; em
lhes chegando a angústia ou a perseguição por causa da palavra, logo se escandalizam.
(Marcos 4.17)

A fé de alguns é esmagada, em vez de edificada, pelo sofrimento. Jesus sabia disso e o


descreveu aqui na parábola dos quatro solos. Algumas pessoas ouvem a Palavra e inicialmente
a recebem com alegria, mas depois vem o sofrimento e as faz cair.

Assim, a aflição nem sempre torna a fé mais forte. Às vezes, ela esmaga a fé. E, então, as
palavras paradoxais de Jesus tornam-se realidade: “Ao que não tem, até o que tem lhe será
tirado” (Marcos 4.25).

Esse é um chamado para que possamos suportar o sofrimento com firme fé na graça futura,
para que nossa fé possa se tornar mais forte e não se provar vã (1 Coríntios 15.2). “Ao que tem
se lhe dará” (Marcos 4.25). Conhecer o propósito de Deus no sofrimento é um dos principais
meios de crescer em meio ao sofrimento.

Se você pensa que o seu sofrimento é inútil, ou que Deus não está no controle, ou que ele é
caprichoso ou cruel, então o seu sofrimento o afastará de Deus, em vez de afastar você de
tudo, menos de Deus — como deveria ser. Portanto, é crucial que a fé na graça de Deus inclua
a fé de que ele concede graça através do sofrimento.
AGOSTO

01. Nossa fraqueza revela a excelência de Deus

Versículo do dia: A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. (2


Coríntios 12.9)

O propósito de Deus para o sofrimento é que ele magnifique a excelência e o poder de Cristo.
Isso é graça, porque a maior alegria para nós, cristãos, é ver Cristo engrandecido em nossas
vidas.

Quando Paulo foi informado pelo Senhor Jesus de que seu “espinho na carne” não seria tirado,
Jesus fortaleceu a fé de Paulo explicando o motivo. O Senhor disse: “A minha graça te basta,
porque o [meu] poder se aperfeiçoa na fraqueza” (2 Coríntios 12.9). Deus ordena que Paulo
seja fraco para que Cristo possa ser visto como forte em favor de Paulo.

Se nos sentimos e nos vemos como autossuficientes, nós obteremos a glória, não Cristo.
Assim, Cristo escolhe as coisas fracas do mundo “a fim de que ninguém se vanglorie na
presença de Deus” (1 Coríntios 1.29). E, às vezes, ele torna mais fracas as pessoas
aparentemente fortes, para que o poder divino seja mais evidente.

Sabemos que Paulo experimentou isso como graça, porque ele se alegrou nisso: “De boa
vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de
Cristo. Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições,
nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte” (2
Coríntios 12.9-10).

Viver pela fé na graça de Deus significa estar satisfeito com tudo o que Deus é para nós em
Jesus. Portanto, a fé não se esquiva daquilo que revela e magnifica tudo o que Deus é para nós
em Jesus. Isso é o que nossa própria fraqueza e sofrimento fazem.

02. Sem medo de morrer

Versículo do dia: Visto, pois, que os filhos têm participação comum de carne e sangue, destes
também ele, igualmente, participou, para que, por sua morte, destruísse aquele que tem o
poder da morte, a saber, o diabo, e livrasse todos que, pelo pavor da morte, estavam sujeitos à
escravidão por toda a vida. (Hebreus 2.14-15)

Como Cristo nos livra do pavor da morte e nos liberta para vivermos com o tipo de
despreocupação amorosa que consegue “perder família, bens, prazer”?

“Visto, pois, que os filhos têm participação comum de carne e sangue…”.

O termo “filhos” é tomado do versículo anterior e refere-se à descendência espiritual de


Cristo, o Messias. Estes são também os “filhos de Deus”. Em outras palavras, ao enviar Cristo,
Deus visa especialmente a salvação dos seus “filhos”.

“Destes [carne e sangue] também ele, igualmente, participou…”.


O Filho de Deus, que existia antes da encarnação como o Verbo eterno (João 1.1), participou
da carne e sangue e vestiu a sua divindade com a humanidade. Ele se tornou plenamente
homem e permaneceu plenamente Deus.

“Para que, por sua morte…”.

O motivo pelo qual Cristo se tornou humano foi morrer. Como Deus antes da encarnação, ele
não podia morrer pelos pecadores. Mas unido à carne e ao sangue, ele podia. Seu objetivo era
morrer. Portanto, ele precisou nascer humano.

“Destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo…”.

Ao morrer, Cristo destruiu o diabo. Como? Pagando por todo o nosso pecado (Hebreus 10.12).
Isso significa que Satanás não tem motivos legítimos para nos acusar diante de Deus. “Quem
intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica” (Romanos 8.33). Em
qual fundamento ele justifica? Pelo sangue de Jesus (Hebreus 9.14; Romanos 5.9).

A arma final de Satanás contra nós é o nosso próprio pecado. Se a morte de Jesus remove o
pecado, a principal arma que o diabo tem é tirada de sua mão. Nesse sentido, ele se torna
impotente.

“E livrasse todos que, pelo pavor da morte, estavam sujeitos à escravidão por toda a vida”.

Portanto, estamos livres do medo da morte. Deus nos justificou. Há somente graça futura
adiante de nós. Satanás não pode derrubar esse decreto. E Deus quer que nossa plena
segurança tenha uma consequência imediata em nossas vidas. Ele quer que o final feliz acabe
com a escravidão e o medo do presente.

03. Por que você tem um corpo

Versículo do dia: Porque fostes comprados por preço. Agora, pois, glorificai a Deus no vosso
corpo. (1 Coríntios 6.20)

Deus não criou o universo físico-material por acaso. Ele tinha um propósito, a saber, adicionar
maneiras pelas quais a sua glória fosse externalizada e manifestada. “Os céus proclamam a
glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos” (Salmo 19.1).

Nossos corpos se encaixam na mesma categoria das coisas físicas que Deus criou por essa
razão. Ele não voltará atrás em seu plano de glorificar a si mesmo através dos seres humanos e
de corpos humanos.

Por que Deus se esforça por sujar as suas mãos, por assim dizer, com nossa carne em
decomposição, manchada pelo pecado, para restabelecê-la como corpo ressurreto e vesti-la
com imortalidade? Resposta: Porque seu Filho pagou o preço da morte para que o propósito
do Pai quanto ao universo material fosse cumprido, ou seja, para que Deus fosse glorificado
nele, inclusive em nossos corpos, por todo o sempre.

Isso é o que o texto diz: “Porque fostes comprados por preço [a morte do seu Filho]. Agora,
pois, glorificai a Deus no vosso corpo”. Deus não desprezará nem desonrará a obra do seu
Filho. Deus honrará a obra do seu Filho, ressuscitando os nossos corpos dentre os mortos, e
nós usaremos nossos corpos para glorificá-lo eternamente. É por isso que você tem um corpo
agora. E é por isso que ele será ressuscitado para ser semelhante ao corpo glorioso de Cristo.
04. Tão seguros quanto Deus é fiel

Versículo do dia: E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses
também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou. (Romanos 8.30)

No intervalo entre a eternidade passada na predestinação de Deus e a eternidade futura na


glorificação de Deus, ninguém se perde.

Ninguém que é predestinado para a filiação deixa de ser chamado. E ninguém que é chamado
deixa de ser justificado. E ninguém que é justificado deixa de ser glorificado. Essa é uma
corrente de aço inquebrável da fidelidade pactual de Deus.

E, assim, Paulo diz:

“Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de ompleta-la até
ao Dia de Cristo Jesus” (Filipenses 1.6).

“[Ele] também vos confirmará até ao fim, para serdes irrepreensíveis no Dia de nosso Senhor
Jesus Cristo. Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados à comunhão de seu Filho Jesus Cristo,
nosso Senhor” (1 Coríntios 1.8-9).

Estas são as promessas do nosso Deus que não pode mentir. Aqueles que nasceram de novo
estão tão seguros quanto Deus é fiel.

05. Dez significados de “Yahweh”

Versículo do dia: Disse Deus ainda mais a Moisés: Assim dirás aos filhos de Israel: O SENHOR, o
Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó, me enviou a vós
outros; este é o meu nome eternamente, e assim serei lembrado de geração em geração.
(Êxodo 3.15)

O nome de Deus é quase sempre traduzido como SENHOR (todo em maiúsculo) na Bíblia em
português. Mas o hebraico seria pronunciado como “Yahweh”, e é formado com base na
palavra para “Eu Sou”.

Assim, cada vez que ouvimos a palavra Yahweh, ou toda vez que você vê SENHOR na Bíblia em
português, deve pensar: esse é um nome próprio (como Pedro ou João) formado a partir da
palavra para “Eu Sou” e nos lembra constantemente que Deus absolutamente é.

Há pelo menos dez coisas que o nome Yahweh, “EU SOU”, expressa sobre Deus:

1. Ele nunca teve um começo. Toda criança pergunta: “Quem criou Deus?”, e todo pai
sábio diz: “Ninguém criou Deus. Deus simplesmente é. E sempre foi. Ele não teve
nenhum começo”.

2. Deus nunca terminará. Se ele não veio a ser, ele não pode deixar de ser, porque ele é
ser.

3. Deus é a realidade absoluta. Não há realidade anterior a ele. Não há realidade fora
dele, a menos que ele a deseje e a faça. Ele é tudo o que eternamente foi. Nenhum
espaço, nenhum universo, nenhum vazio. Somente Deus.
4. Deus é totalmente independente. Ele não depende de nada para trazê-lo à existência,
ajudá-lo, aconselhá-lo ou transformá-lo no que ele é.

5. Tudo o que não é Deus depende totalmente de Deus. O universo inteiro é totalmente
secundário. Ele veio a existir por meio de Deus e permanece a cada momento pela
decisão de Deus de mantê-lo existindo.

6. Todo o universo é como nada em comparação a Deus. A realidade contingente e


dependente está para a realidade absoluta e independente como uma sombra está
para a substância, ou como um eco para um trovão. Tudo o que nos maravilha no
mundo e nas galáxias é nada, quando comparado a Deus.

7. Deus é constante. Ele é o mesmo ontem, hoje e eternamente. Ele não pode ser
melhorado. Ele não está se tornando algo. Ele é quem é.

8. Deus é o padrão absoluto da verdade, bondade e beleza. Não há nenhum livro da lei
para o qual ele olhe para saber o que é certo, nem qualquer almanaque para
estabelecer os fatos, nem alguma convenção para determinar o que é excelente ou
belo. Ele mesmo é o padrão do que é certo, verdadeiro e belo.

9. Deus faz o que lhe agrada e é sempre justo, belo e coerente com a verdade. Toda a
realidade que há fora dele, ele criou, projetou e governa, como a realidade absoluta
que ele é. Portanto, ele é totalmente livre de quaisquer restrições que não se originam
do conselho de sua própria vontade.

10. Deus é a realidade e pessoa mais importante e mais valiosa do universo. Ele é mais
digno de interesse, atenção, admiração e deleite do que todas as outras realidades,
incluindo o universo inteiro.

06. Jesus comprou a sua perseverança

Versículo do dia: Este é o cálice da nova aliança no meu sangue derramado em favor de vós.
(Lucas 22.20)

Isso significa que a nova aliança, prometida mais explicitamente em Jeremias 31 e 32, foi
garantida e selada pelo sangue de Jesus. A nova aliança se concretizou porque Jesus morreu
para estabelecê-la.

E o que a nova aliança assegura para todos os que pertencem a Cristo? Perseverança na fé até
o fim.

Ouça Jeremias 32.40:

“Farei com eles aliança eterna, segundo a qual não deixarei de lhes fazer o bem; e porei o meu
temor no seu coração, para que nunca se apartem de mim”.

A aliança eterna — a nova aliança — inclui a promessa inquebrantável: “Porei o meu temor no
seu coração, para que nunca se apartem de mim”. Eles não podem se apartar. Eles não se
apartarão. Cristo selou esta aliança com o seu sangue. Ele comprou a sua perseverança.

Se você está perseverando na fé hoje, deve isso ao sangue de Jesus. O Espírito Santo, que está
operando em você para preservar a sua fé, honra a conquista de Jesus. Deus Espírito opera em
nós o que Deus Filho obteve para nós. O Pai planejou isso. Jesus o comprou. O Espírito o aplica
— todos o fazem de modo infalível.

Deus está totalmente comprometido com a segurança eterna dos seus filhos comprados pelo
sangue.

07. O objetivo da criação

Versículo do dia: Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem
e mulher os criou. (Gênesis 1.27)

Deus criou os seres humanos à sua imagem para que o mundo fosse preenchido com
refletores de Deus, imagens de Deus, sete bilhões de estátuas de Deus, para que
ninguém se esqueça do objetivo da criação.

Ninguém (a não ser que sejam cegos) poderia se enganar quanto ao objetivo da humanidade, a
saber, Deus — conhecer, amar, manifestar Deus. Os anjos clamam em Isaías 6.3: “Santo, santo,
santo é o SENHOR dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória”. Ela está cheia de
bilhões de humanos portadores da sua imagem. Ruínas gloriosas.

Mas não somente os homens. A natureza também! Por que um mundo tão deslumbrante para
nós vivermos? Por que um universo tão vasto?

Certa vez li que há mais estrelas no universo do que há palavras e sons que todos os seres
humanos de todos os tempos já falaram. Por quê? A Bíblia diz claramente: “Os céus
proclamam a glória de Deus” (Salmo 19.1).

Se alguém pergunta: “Se a terra é o único planeta habitado e o homem o único habitante
racional entre as estrelas, por que um universo tão grande e vazio?”, a resposta é: Isso não é
por causa de nós, é por causa de Deus. E essa é uma afirmação atenuada.

Deus nos criou para conhecê-lo, amá-lo e manifestá-lo. E, assim, ele nos deu uma
pista sobre ao que ele é semelhante: o universo.

08. Governador de toda a natureza

Versículo do dia: A sorte se lança no regaço, mas do SENHOR procede toda decisão.
(Provérbios 16.33)

Na linguagem moderna, diríamos: “Os dados rolam na mesa e cada jogada é decidida por
Deus”.

Não há eventos tão pequenos que ele não governe para os seus propósitos. “Não se vendem
dois pardais por um asse?”, Jesus disse, “E nenhum deles cairá em terra sem o consentimento
de vosso Pai. E, quanto a vós outros, até os cabelos todos da cabeça estão contados” (Mateus
10.29-30).

Cada lance de dados em Las Vegas, cada pequeno pássaro que cai morto em mil florestas –
tudo isso é ordem de Deus.

No livro de Jonas, Deus ordena que um peixe engula Jonas (1.17), manda que cresça uma
planta (4.6) e que um verme a mate (4.7).
E muito acima da vida dos vermes, as estrelas têm o seu lugar e se mantêm ali ao comando de
Deus.

“Levantai ao alto os olhos e vede. Quem criou estas coisas? Aquele que faz sair o seu exército
de estrelas, todas bem contadas, as quais ele chama pelo nome; por ser ele grande em força e
forte em poder, nem uma só vem a faltar” (Isaías 40.26).

Quanto mais, então, os eventos naturais desse mundo, desde o clima até às catástrofes; desde
a doença e a incapacidade até à morte.

Que nós, portanto, permaneçamos em temor e estejamos em paz, sabendo que nenhum
evento natural está fora dos bons propósitos e do perfeito controle de Deus.

09. A finalidade do evangelho

Versículo do dia: Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele
salvos da ira. Porque, se nós, quando inimigos, fomos reconciliados com Deus mediante a
morte do seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida; e não
apenas isto, mas também nos gloriamos em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo, por intermédio
de quem recebemos, agora, a reconciliação. (Romanos 5.9-11)

Do que precisamos ser salvos? O versículo 9 o declara de forma evidente: da ira de Deus. Mas
esse é o mais elevado, melhor, mais completo e mais satisfatório prêmio do evangelho?

Não. O versículo 10 diz: “muito mais… seremos salvos pela sua vida”. Depois, o versículo 11
conduz à finalidade quando diz: “não apenas isto, mas também nos gloriamos em Deus”.

Essa é a finalidade e o mais elevado bem da boa notícia. Não há outro “não apenas isto”
depois disso. Há apenas Paulo dizendo como chegamos a esse fim: “por nosso Senhor Jesus
Cristo, por intermédio de quem recebemos, agora, a reconciliação”.

A finalidade do evangelho é que nos gloriemos em Deus. O mais elevado, mais pleno, mais
profundo e mais doce bem do evangelho é o próprio Deus, desfrutado por seu povo redimido.

Deus em Cristo se tornou o preço (Romanos 5.6-8) e Deus em Cristo se tornou o prêmio
(Romanos 5.11).

O evangelho é a boa notícia de que Deus comprou para nós o deleite eterno em Deus.

10. Compadece-te de mim, ó Deus

Versículo do dia: Compadece-te de mim, ó Deus, segundo a tua benignidade; e, segundo a


multidão das tuas misericórdias, apaga as minhas transgressões. (Salmo 51.1)

Três vezes: “Compadece-te”, “segundo a tua benignidade”, e “segundo a multidão das tuas
misericórdias”.

Isso é o que Deus prometeu em Êxodo 34.6-7:

“E, passando o SENHOR por diante dele, clamou: SENHOR, SENHOR Deus compassivo,
clemente e longânimo e grande em misericórdia e fidelidade; que guarda a misericórdia em
mil gerações, que perdoa a iniquidade, a transgressão e o pecado, ainda que não inocenta o
culpado”.

Davi sabia que havia culpados que não seriam perdoados. E havia culpados que por alguma
misteriosa obra de redenção não seriam considerados culpados, mas seriam perdoados. O
Salmo 51 é o seu modo de se apossar do mistério da misericórdia.

Nós conhecemos mais sobre o mistério desta redenção do que Davi. Conhecemos a Cristo.
Porém, nos apossamos da misericórdia da mesma forma que ele o fez.

A primeira coisa que ele faz é se voltar como miserável para a misericórdia e o amor de Deus.
Hoje, isso significa se voltar como miserável a Cristo.

11. Os diferentes tempos da graça

Versículo do dia: Por isso, também não cessamos de orar por vós, para que o nosso Deus vos
torne dignos da sua vocação e cumpra com poder todo propósito de bondade e obra de fé, a
fim de que o nome de nosso Senhor Jesus seja glorificado em vós, e vós, nele, segundo a graça
do nosso Deus e do Senhor Jesus Cristo. (2 Tessalonicenses 1.11-12)

A graça não é apenas a disposição de Deus de nos fazer bem quando não o merecemos —
favor imerecido. É também um poder real de Deus que age em nossas vidas e faz coisas boas
acontecerem em nós e para nós.

Paulo disse que cumprimos nossos propósitos de bondade “com [o seu] poder” (versículo 11).
E, então, ele acrescenta no final do versículo 12: “segundo a graça do nosso Deus e do Senhor
Jesus Cristo”. O poder que realmente opera em nossas vidas para tornar possível a obediência
que exalta a Cristo é uma extensão da graça de Deus.

Você pode ver isso também em 1 Coríntios 15.10:

“Mas, pela graça de Deus, sou o que sou; e a sua graça, que me foi concedida, não se tornou
vã; antes, trabalhei muito mais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de Deus
comigo”.

Assim, a graça é um poder ativo, presente, transformador e capacitador da obediência.


Portanto, esta graça que se move com poder de Deus para você em um dado momento é
passada e futura. Ela já fez algo para você ou em você e, portanto, é passada. E ela está prestes
a fazer algo em você e para você e, assim, é futura — tanto daqui a cinco segundos quanto
daqui a cinco milhões de anos.

A graça de Deus está sempre fluindo na cachoeira do presente a partir do inesgotável rio da
graça que vem até nós do futuro, para o reservatório cada vez maior de graça no passado. Nos
próximos cinco minutos, você receberá graça sustentadora que flui a partir do futuro, e você
acumulará mais cinco minutos de graça no reservatório do passado.

12. Minha alma tem sede de Deus

Versículo do dia: Como suspira a corça pelas correntes das águas, assim, por ti, ó Deus, suspira
a minha alma. A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando irei e me verei perante a
face de Deus? (Salmo 42.1-2)
O que torna isso tão belo e crucial para nós é que ele não está sedento principalmente do
alívio de suas circunstâncias ameaçadoras. Ele não está sedento principalmente de escapar dos
seus inimigos ou da sua destruição.

Não é errado desejar alívio e orar por isso. Às vezes, é correto orar pela derrota dos inimigos.
Porém, mais importante do que qualquer outra coisa é o próprio Deus.

Quando pensamos e sentimos com Deus nos salmos, este é o resultado principal: Chegamos a
amar a Deus, e queremos ver a Deus, estar com Deus e nos contentamos em admirar e exultar
em Deus.

Uma tradução provável do final do versículo 2 é: “Quando irei e verei a face de Deus?”. A
resposta final a essa pergunta foi dada em João 14.9 e 2 Coríntios 4.4. Jesus disse: “Quem me
vê a mim vê o Pai”. E Paulo disse que quando nos convertemos a Cristo vemos “a luz do
evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus”.

Quando vemos a face de Cristo, vemos a face de Deus. E vemos a glória da sua face quando
ouvimos a história do evangelho de sua morte e ressurreição. Esse é “o evangelho da glória de
Cristo, o qual é a imagem de Deus”.

Que o Senhor aumente a sua fome e a sua sede de ver a face de Deus. E que ele conceda o seu
desejo por meio do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus.

13. Três exemplos de fé batalhadora

Versículo do dia: Por isso, também não cessamos de orar por vós, para que o nosso Deus vos
torne dignos da sua vocação e cumpra com poder todo propósito de bondade e obra de fé. (2
Tessalonicenses 1.11)

Quando Paulo diz que Deus cumpre o nosso propósito de bondade pelo seu poder por meio da
nossa fé, ele quer dizer que nós derrotamos o pecado e praticamos a justiça ao estarmos
satisfeitos com tudo o que Deus promete ser para nós em Cristo nos próximos cinco minutos,
cinco meses, cinco décadas e pela eternidade.

Aqui estão três exemplos de como isso pode se expressar em sua vida:

1. Se você propor em seu coração ofertar sacrificial e generosamente, o poder de Deus


para cumprir esta resolução virá a você enquanto confia em sua graça futura na
promessa: “O meu Deus, segundo a sua riqueza em glória, há de suprir, em Cristo
Jesus, cada uma de vossas necessidades” (Filipenses 4.19). E na promessa: “o que
semeia com fartura com abundância também ceifará” (2 Coríntios 9.6). E na promessa:
“Deus pode fazer-vos abundar em toda graça, a fim de que, tendo sempre, em tudo,
ampla suficiência, superabundeis em toda boa obra” (2 Coríntios 9.8).

2. Se você propor em seu coração renunciar à pornografia, o poder de Deus para cumprir
esta resolução virá a você enquanto confia em sua graça futura na promessa: “Bem-
aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus” (Mateus 5.8). É melhor “que
se perca um dos teus membros, e não seja todo o teu corpo lançado no inferno”
(Mateus 5.29). Muito melhor. Maravilhosamente melhor. Plenamente satisfatório e
melhor.
3. E se você propor em seu coração anunciar a Cristo quando tiver oportunidade, o poder
de Deus para cumprir esta resolução virá a você enquanto confia em sua graça futura
na promessa: “Não cuideis em como ou o que haveis de falar, porque, naquela hora,
vos será concedido o que haveis de dizer” (Mateus 10.19).

Que Deus aumente a nossa fé diária em sua graça futura, que é inesgotável, comprada pelo
sangue e que exalta a Cristo.

14. Deus perdoa e continua sendo justo

Versículo do dia: Também o SENHOR te perdoou o teu pecado; não morrerás. Mas, posto que
com isto deste motivo a que blasfemassem os inimigos do SENHOR, também o filho que te
nasceu morrerá. (2 Samuel 12.13-14)

Isto é chocante. Urias está morto. Bate-Seba está violada. O bebê morrerá. E Natã diz: “O
SENHOR te perdoou o teu pecado”.

Como assim? Davi cometeu adultério. Ele ordenou um assassinato. Ele mentiu. Ele “desprezou
a palavra do Senhor”. Ele “blasfemou de Deus”. E o Senhor “perdoou o [seu] pecado”.

Que tipo de juiz justo Deus é? Você não releva estupro, assassinato e mentira pura e
simplesmente. Juízes justos não fazem isso.

Aqui está o que Paulo disse em Romanos 3.25-26:

“Deus propôs, no seu [de Cristo] sangue, como propiciação, mediante a fé, para manifestar a
sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente
cometidos; tendo em vista a manifestação da sua justiça no tempo presente, para ele mesmo
ser justo e o justificador daquele que tem fé em Jesus”.

Em outras palavras, a indignação que sentimos quando Deus parece simplesmente relevar o
pecado de Davi seria uma boa indignação se Deus estivesse simplesmente varrendo o pecado
de Davi para debaixo do tapete. Ele não está.

Deus vê ao longo dos séculos, desde o tempo de Davi até a morte de seu Filho, Jesus Cristo,
que morreria no lugar de Davi, de modo que a fé de Davi na misericórdia de Deus e na futura
obra redentora de Deus une Davi com Cristo. E na mente onisciente de Deus, os pecados de
Davi são considerados como pecados de Cristo e a justiça de Cristo é considerada como a
justiça de Davi, e Deus justamente perdoa o pecado de Davi.

A morte do Filho de Deus é ultrajante o bastante, e a glória de Deus que essa morte exalta é
grande o suficiente, de modo que Deus é vindicado ao perdoar o adultério, o assassinato e a
mentira de Davi.

E, assim, Deus mantém a sua retidão e justiça perfeita, ao mesmo tempo em que demonstra
misericórdia àqueles que têm fé em Jesus, não importa quantos ou quão monstruosos sejam
os seus pecados. Esta é uma boa notícia.

15. Para que nós fomos criados


Versículo do dia: Cristo morreu, uma única vez, pelos pecados, o justo pelos injustos, para
conduzir-vos a Deus. (1 Pedro 3.18)

O evangelho é o deleite da comunhão com o próprio Deus. Isto é expresso aqui em 1 Pedro
3.18 na frase “para conduzir-vos a Deus”.

Todos os outros dons do evangelho existem para tornar este possível.

 Somos perdoados para que nossa culpa não nos afaste de Deus.

 Somos justificados para que nossa condenação não nos afaste de Deus.

 Recebemos a vida eterna agora, com novos corpos na ressurreição, para que
tenhamos as capacidades para desfrutar ao máximo de Deus.

Examine o seu coração. Por que você deseja o perdão? Por que você deseja ser justificado? Por
que você deseja a vida eterna? A resposta decisiva é: “Porque eu desejo desfrutar de Deus”?

O amor evangélico que Deus dá é, em última instância, o dom de si mesmo. É para isso que
fomos feitos. Isso é o que perdemos em nosso pecado. Isso é o que Cristo veio restaurar.

“Na tua presença há plenitude de alegria, na tua destra, delícias perpetuamente” (Salmo
16.11).

16. Por que você cede ao pecado sexual

Versículo do dia: Faze-me ouvir júbilo e alegria, para que exultem os ossos que esmagaste...
Restitui-me a alegria da tua salvação e sustenta-me com um espírito voluntário. (Salmo 51.8,
12)

Por que Davi não está clamando por restrição sexual? Por que ele não está orando para que os
homens continuem lhe considerando respeitável? Por que ele não está orando para que seus
olhos sejam guardados e seus pensamentos, livres de sexo? Neste salmo de confissão e
arrependimento depois de, em suma, estuprar Bate-Seba, você poderia esperar que Davi
pedisse algo assim.

A razão é que ele sabe que o pecado sexual é um sintoma, não a doença.

As pessoas caem em pecado sexual porque não têm a plenitude de alegria e deleite em Cristo.
Seus espíritos não são constantes, firmes e estabelecidos. Eles vacilam. Eles são seduzidos e
cedem porque Deus não tem o lugar supremo que deveria ter em seus sentimentos e
pensamentos.

Davi sabia disso a respeito de si mesmo. Isso é verdade sobre nós também. Davi está nos
mostrando, pela maneira como ele ora, qual é a verdadeira necessidade para aqueles que
pecam sexualmente: Deus! Alegria em Deus.

Esta é uma sabedoria profunda para nós.

17. O que significa bendizer ao Senhor


Versículo do dia: Bendize, ó minha alma, ao SENHOR, e tudo o que há em mim bendiga ao seu
santo nome. (Salmo 103.1)

O salmo começa e termina com o salmista pregando à sua alma para que bendiga ao Senhor —
e pregando aos anjos, às hostes do céu e às obras das mãos de Deus. O salmo é
esmagadoramente focado em bendizer ao Senhor. O que significa bendizer ao Senhor?
Significa falar bem sobre a sua grandeza e bondade.

O que Davi está fazendo nos primeiros e últimos versículos deste salmo, quando diz: “Bendize,
ó minha alma, ao SENHOR”, é dizer que proclamar a bondade e a grandeza de Deus deve vir da
alma.

Bendizer a Deus com a boca sem a alma seria hipocrisia. Jesus disse: “Este povo honra-me com
os lábios, mas o seu coração está longe de mim” (Mateus 15.8). Davi conhece esse perigo e ele
está pregando para si mesmo para que isso não aconteça.

Venha, alma, contemple a grandeza e bondade de Deus. Junte-se à minha boca e que nós
bendigamos ao Senhor com todo o nosso ser.

18. Esperança para obedecer a mandamentos difíceis

Versículo do dia: Quem quer amar a vida e ver dias felizes… aparte-se do mal, pratique o que é
bom. (1 Pedro 3.10-11)

Existe apenas uma razão básica pela qual desobedecemos aos mandamentos de Jesus: é
porque não temos confiança de que obedecer trará mais bênçãos do que desobedecer. Nós
não esperamos plenamente na promessa de Deus.

O que ele prometeu? Pedro comunica o seu ensinamento assim:

“Não pagando mal por mal ou injúria por injúria; antes, pelo contrário, bendizendo, pois para
isto mesmo fostes chamados, a fim de receberdes bênção por herança. Pois quem quer amar
a vida e ver dias felizes… aparte-se do mal, pratique o que é bom” (1 Pedro 3.9-11).

Você sempre estará melhor ao obedecer do que ao desobedecer, mesmo que isso lhe custe a
vida.

“Em verdade vos digo que ninguém há que tenha deixado casa, ou irmãos, ou irmãs, ou mãe,
ou pai, ou filhos, ou campos por amor de mim e por amor do evangelho, que não receba, já no
presente, o cêntuplo… com perseguições; e, no mundo por vir, a vida eterna” (Marcos 10.29-
30).

A única maneira de ter o poder de seguir a Cristo no custoso caminho do amor é ser cheio de
esperança, com forte confiança de que, se perdermos a vida fazendo a sua vontade, vamos
encontrá-la novamente e seremos ricamente recompensados.

19. Qual é o significado da ressurreição

Versículo do dia: Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em teu coração, creres
que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. (Romanos 10.9)
O significado da ressurreição é que Deus é por nós. Ele tem o propósito de estar ao nosso lado.
Ele deseja superar todo o nosso sentimento de abandono e alienação.

A ressurreição de Jesus é a declaração de Deus a Israel e ao mundo de que não podemos


construir o nosso caminho para a glória, mas ele intenciona fazer o impossível para nos
conduzir até lá.

A ressurreição é a promessa divina de que todos os que confiam em Jesus serão os


beneficiários do poder de Deus para nos guiar nas veredas da justiça e pelo vale da morte.

Logo, crer em seu coração que Deus ressuscitou Jesus dos mortos é muito mais do que aceitar
um fato. Significa estar confiante de que Deus é por você, está aliado a você, está
transformando a sua vida e preservará você para a bem-aventurança eterna.

Crer na ressurreição significa confiar em todas as promessas de vida, esperança e justiça, que
são sustentadas por ela.

Significa estar tão confiante no poder e amor de Deus que nenhum medo de perda mundana e
nenhuma ganância por lucro terreno nos atrairá a desobedecermos a sua vontade.

Essa é a diferença entre Satanás e os santos. Ó, possa Deus circuncidar os nossos corações
para amarmos a Jesus e descansarmos na ressurreição do seu Filho.

20. Jesus é quem você está buscando

Versículo do dia: Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, portanto, fazei
discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito
Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou
convosco todos os dias até à consumação do século. (Mateus 28.18-20)

O último capítulo de Mateus é uma janela que se abre para o alvorecer da glória do Cristo
ressurreto. Através desse capítulo, você pode ver pelo menos três sólidos picos na cordilheira
do caráter de Cristo: o pico do seu poder, o pico da sua bondade e o pico do seu propósito.

E todos nós sabemos em nossos corações que, para que o Cristo ressurreto satisfaça o nosso
desejo de admirar a grandeza, esse é o caminho que ele tem que tomar.

Pessoas que são fracas demais para efetuar os seus propósitos não podem satisfazer o nosso
desejo de admirar a grandeza. Nós admiramos ainda menos as pessoas que não têm propósito
algum na vida. E ainda menos aquelas cujos propósitos são meramente egoístas e
desamorosos.

O que desejamos ver e conhecer é uma Pessoa cujo poder seja ilimitado, cuja bondade seja
suave e cujo propósito seja único e imutável.

Novelistas, poetas, cineastas e roteiristas de TV de vez em quando criam uma sombra dessa
Pessoa. Mas eles não conseguem preencher nosso desejo de adoração mais do que a National
Geographic deste mês consegue satisfazer meu desejo pelo Grand Canyon.

Nós precisamos ter aquilo que é real. Devemos ver a origem de todo poder, bondade e
propósito. Necessitamos ver e adorar o Cristo ressurreto.
21. Um Deus inabalavelmente feliz

Versículo do dia: Tenho-vos dito estas coisas para que o meu gozo esteja em vós, e o vosso
gozo seja completo. (João 15.11)

Deus é absolutamente soberano.

“No céu está o nosso Deus e tudo faz como lhe agrada” (Salmo 115.3).

Assim, Deus não está frustrado. Ele se alegra em todas as suas obras quando as contempla
como cores do magnífico mosaico da história redentiva. Ele é um Deus inabalavelmente feliz.

Sua felicidade é o prazer que ele tem em si mesmo. Antes da criação, ele se alegrava na
imagem da sua glória na pessoa do seu Filho. Depois, a alegria de Deus “tornou-se pública” nas
obras da criação e da redenção.

Estas obras deleitam o coração de Deus porque refletem a sua glória. Ele faz tudo o que faz
para preservar e manifestar essa glória, pois nisso a sua alma se alegra.

Todas as obras de Deus culminam nos louvores do seu povo redimido. O auge da sua felicidade
é o deleite que ele tem nos ecos da sua excelência nos louvores dos santos. Esse louvor é a
consumação da nossa própria alegria em Deus.

Portanto, a busca de Deus por nosso louvor e nossa busca por prazer nele são a mesma busca.
Esse é o grandioso evangelho!

22. Satisfeitos em louvar

Versículo do dia: Louvem-te os povos, ó Deus; louvem-te os povos todos. (Salmo 67.3, 5)

Por que Deus ordena que nós o louvemos?

C.S. Lewis:

Assim como os homens louvam espontaneamente tudo o que eles valorizam, assim
espontaneamente instam conosco a nos unirmos a eles nesse louvor: “Ela não é encantadora?
Não foi glorioso? Você não acha isso magnífico?”.

Os salmistas, ao dizerem a todos para louvarem a Deus, estão fazendo o que todos os homens
fazem quando falam sobre o que estimam. Minha maior e mais geral dificuldade com o louvor
a Deus dependia da minha absurda negação, quanto ao supremamente valioso, do que nos
deleita, do que realmente não conseguimos deixar de fazer, acima de tudo o mais que
valorizamos.

Acho que nos deleitamos em louvar aquilo que gostamos porque o louvor não apenas
expressa, como também completa o prazer; é a sua designada consumação. Não é pelo elogio
que aqueles que se amam continuam a contar um ao outro como eles são belos; o deleite é
incompleto até que seja expresso.

Aqui está a solução! Nós louvamos o que estimamos porque o deleite é incompleto até que
seja expresso em louvor. Se não pudéssemos falar sobre o que valorizamos, celebrar o que
amamos e louvar o que admiramos, nossa alegria não poderia ser completa.
Portanto, se Deus nos ama o bastante para fazer com que a nossa alegria seja completa, ele
deve não apenas nos dar a si mesmo, mas também obter de nós o louvor dos nossos corações
— não porque ele necessita fortalecer alguma fraqueza em si mesmo ou compensar alguma
deficiência, mas porque ele nos ama e busca a plenitude da nossa alegria, a qual só pode ser
encontrada em conhecer e louvar aquele que é o mais magnífico de todos os seres.

Se Deus é verdadeiramente por nós, ele deve ser por si mesmo! Deus é o único ser em todo o
universo para quem buscar o seu próprio louvor é o ato máximo de amor. Para ele, a
autoexaltação é a maior virtude. Quando ele faz todas as coisas “para o louvor da sua glória”,
ele preserva para nós e nos oferece a única coisa em todo o mundo que pode satisfazer os
nossos anseios.

Deus é por nós! E o fundamento desse amor é que Deus tem sido, agora é e sempre será por si
mesmo.

23. Deus não é um idólatra

Versículo do dia: Quando vier para ser glorificado nos seus santos e ser admirado em todos os
que creram, naquele dia (porquanto foi crido entre vós o nosso testemunho). (2
Tessalonicenses 1.10)

As pessoas tropeçam no ensinamento de que Deus exalta sua própria glória e busca ser
louvado por seu povo, porque a Bíblia ensina a não sermos assim. Por exemplo, a Bíblia diz que
o amor “não procura os seus interesses” (1 Coríntios 13.5).

Como Deus pode ser amoroso e ainda ser totalmente dedicado a “buscar a sua própria” glória,
louvor e alegria? Como Deus pode ser por nós se ele é tão completamente por si mesmo?

A resposta que eu proponho é esta: Porque Deus é único como um ser todo glorioso e
completamente autossuficiente, ele deve ser por si mesmo, para que ele seja por nós. As
regras da humildade que pertencem a uma criatura não podem se aplicar da mesma forma ao
seu Criador.

Se Deus se afastasse de si mesmo como a fonte da alegria infinita, deixaria de ser Deus. Ele
negaria o valor infinito da sua própria glória. Ele indicaria que há algo mais valioso fora de si
mesmo. Ele cometeria idolatria.

Isso não seria de nenhum proveito para nós, pois para onde iríamos se nosso Deus fosse
injusto? Onde encontraríamos uma rocha de integridade no universo se o coração de Deus
deixasse de valorizar supremamente o que é supremamente valioso? Para onde nos
voltaríamos com nossa adoração se o próprio Deus abandonasse as reivindicações do valor e
da beleza infinitos?

Não, jamais devemos buscar transformar a autoexaltação de Deus em amor, exigindo que
Deus deixe de ser Deus.

Em vez disso, devemos perceber que Deus é amor precisamente porque ele busca de modo
incansável os louvores do seu nome nos corações do seu povo.

24. A mensagem da criação


Versículo do dia: Inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos e mudaram a glória do Deus
incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, bem como de aves,
quadrúpedes e répteis. (Romanos 1.22-23)

Seria uma grande tolice e tragédia se um homem amasse sua aliança de casamento mais do
que sua noiva. Porém, é isso que esta passagem diz que aconteceu.

Os seres humanos se apaixonaram pelo eco da excelência de Deus na criação e perderam a


capacidade de ouvir o incomparável e original brado de amor.

A mensagem da criação é esta:

Há um grande Deus de glória, poder e generosidade por trás de todo esse incrível universo;
você pertence a ele; ele é paciente com você ao sustentar a sua vida rebelde; converta-se e
deposite a sua esperança nele e deleite-se nele, não em sua obra.

O dia expressa o “discurso” desta mensagem para todos os que querem ouvir o dia, falando
por meio do sol brilhante, do céu azul, das nuvens, das formas e cores incalculáveis de todas as
coisas visíveis. A noite anuncia o “conhecimento” da mesma mensagem para todos os que
querem ouvir a noite, falando por meio da grande escuridão, das luas cheias, das inúmeras
estrelas, dos sons surpreendentes, das brisas frescas e da aurora boreal (Salmo 19.1-2).

Dia e noite estão dizendo uma só coisa: Deus é glorioso! Deus é glorioso! Deus é glorioso!

25. Quando o amor de Deus é mais doce

Versículo do dia: Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si
mesmo se entregou por ela, para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem
de água pela palavra. (Efésios 5.25-26)

Se você apenas espera o amor incondicional de Deus, sua esperança é grande, porém ainda
muito pequena.

O amor incondicional de Deus não é a experiência mais doce do seu amor. A experiência mais
doce é quando o seu amor diz: “Eu te tornei tão semelhante ao meu Filho que me deleito em
te ver e estar contigo. Tu és um deleite para mim, porque estás tão resplandecente com a
minha glória”.

Essa experiência mais doce está condicionada à nossa transformação no tipo de pessoas cujas
emoções, escolhas e ações agradam a Deus.

O amor incondicional é a fonte e o fundamento da transformação humana que torna possível a


doçura do amor condicional. Se Deus não nos amasse incondicionalmente, ele não adentraria
em nossas vidas repugnantes, não nos conduziria à fé, não nos uniria a Cristo, não nos daria o
seu Espírito e não nos transformaria progressivamente à imagem de Jesus.

Porém, quando Deus nos escolhe incondicionalmente, envia Cristo para morrer por nós e nos
regenera, ele coloca em ação um processo de transformação que não pode parar e que nos
torna gloriosos. Ele nos concede um esplendor que corresponde ao seu tipo favorito.

Vemos isso em Efésios 5.25-27: “Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou [amor
incondicional] por ela… para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa” — a condição em que ele
se deleita.
É incrivelmente maravilhoso que Deus nos conceda incondicionalmente seu favor enquanto
ainda somos pecadores incrédulos. A razão suprema por que isso é maravilhoso é que esse
amor incondicional nos conduz ao gozo eterno da sua gloriosa presença.

Mas o ápice desse prazer é que não apenas vemos a sua glória, mas também a refletimos. “A
fim de que o nome de nosso Senhor Jesus seja glorificado em vós, e vós, nele” (2
Tessalonicenses 1.12).

Sombras e córregos

Versículo do dia: A glória do SENHOR seja para sempre! Exulte o SENHOR por suas obras! Com
só olhar para a terra, ele a faz tremer; toca as montanhas, e elas fumegam. Cantarei ao
SENHOR enquanto eu viver; cantarei louvores ao meu Deus durante a minha vida. Seja-lhe
agradável a minha meditação; eu me alegrarei no SENHOR. (Salmo 104.31-34)

Deus se alegra nas obras da criação porque elas nos apontam para além de si mesmas, para o
próprio Deus.

Deus deseja que nós fiquemos maravilhados e impressionados com a sua obra de criação. Mas
não por causa da criação em si. Deus deseja que olhemos para a sua criação e digamos: Se o
simples trabalho dos seus dedos (apenas dos seus dedos! Salmo 8.3) é tão cheio de sabedoria,
poder, grandeza, majestade e beleza, como não deve ser Deus em si mesmo!

Essas coisas são apenas a parte de trás de sua glória, por assim dizer, vista obscuramente
através de um espelho. O que não será ver o próprio Criador! Não as suas obras! Um bilhão de
galáxias não satisfará a alma humana. Deus e somente Deus é a finalidade da alma.

Jonathan Edwards o expressou assim:

Fruir de Deus é a única felicidade com que nossas almas podem ser satisfeitas. Ir para o céu
para desfrutar plenamente de Deus é infinitamente melhor do que as acomodações mais
agradáveis aqui… [Estas] são apenas sombras, mas Deus é a substância. Estas são apenas raios
de luz, mas Deus é o sol. Estas são apenas córregos, mas Deus é o oceano.

É por isso que o Salmo 104 (versículos 31-34) chega a uma conclusão como esta, com um foco
no próprio Deus. No fim, não serão os mares, nem as montanhas, nem as cordilheiras, nem as
aranhas aquáticas, nem as nuvens, nem as grandes galáxias que encherão nossos corações a
ponto de eles romperem em maravilha e que encherão as nossas bocas de eterno louvor.
Quem fará isso será Deus.

27. Jesus pisoteará todos os nossos inimigos

Versículo do dia: Então, virá o fim, quando ele entregar o reino ao Deus e Pai, quando houver
destruído todo principado, bem como toda potestade e poder. (1 Coríntios 15.24)

Quão longe se estende o reino de Cristo?

O versículo 25 diz: “Convém que ele reine até que haja posto todos os inimigos debaixo dos
pés”. A palavra TODOS nos diz a extensão.
Assim é com a palavra TODO no versículo 24: “Então, virá o fim, quando ele entregar o reino
ao Deus e Pai, quando houver destruído todo principado, bem como toda potestade e poder”.

Não há nenhuma doença, vício, demônio, mau hábito, falha, depravação, fraqueza,
temperamento, mau humor, orgulho, autopiedade, conflito, inveja, perversão, cobiça e
preguiça que Cristo não tenha o propósito de vencer como o inimigo da sua honra.

E o encorajamento nessa promessa é que quando você se propõe a lutar contra os inimigos da
sua fé e da sua santidade, você não lutará sozinho.

Jesus Cristo está agora, nesta era, colocando todos os seus inimigos debaixo dos seus pés.
Todo principado, potestade e poder serão vencidos.

Portanto, lembre-se de que a extensão do reino de Cristo alcança o menor e maior inimigo da
sua glória. O inimigo será derrotado.

28. Perdoados por causa de Jesus

Versículo do dia: Por causa do teu nome, SENHOR, perdoa a minha iniquidade, que é grande.
(Salmo 25.11)

A justiça de Deus é o zelo, alegria e prazer infinitos que ele tem no que é supremamente
valioso, ou seja, na sua própria perfeição e excelência. E se ele alguma vez agisse
contrariamente a essa eterna paixão por suas próprias perfeições, ele seria injusto e idólatra.

Como um Deus tão justo pode se afeiçoar a pecadores como nós, que desprezam as suas
perfeições? Porém, a maravilha do evangelho é que nessa justiça divina está também o
próprio fundamento de nossa salvação.

A infinita consideração que o Pai tem pelo Filho torna possível para mim, vil pecador, ser
amado e aceito no Filho, porque em sua morte ele reivindicou o valor e a glória do seu Pai.

Agora eu posso fazer a oração do salmista com um novo entendimento: “Por causa do teu
nome, SENHOR, perdoa a minha iniquidade, que é grande” (Salmo 25.11). O novo
entendimento é que Jesus já realizou expiação pelo pecado e reivindicou a honra do Pai para
que nossos pecados sejam perdoados “por causa do seu nome” (veja 1 João 2.12).

O prazer infinito do Pai em suas próprias perfeições é a fonte da nossa eterna alegria. O fato
de que o prazer de Deus em seu Filho é o prazer em si mesmo não é vaidade. É o evangelho.

29. Seis significados de estar em Jesus

Versículo do dia: [Deus] nos salvou e nos chamou com santa vocação; não segundo as nossas
obras, mas conforme a sua própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus,
antes dos tempos eternos. (2 Timóteo 1.9)

Estar “em Cristo Jesus” é uma realidade maravilhosa. É impressionante o que significa estar em
Cristo, unido a Cristo, ligado a Cristo.

Se você está “em Cristo”, ouça o que isso significa para você:
1. Em Cristo Jesus, você recebeu graça antes que o mundo fosse criado. 2 Timóteo 1.9:
“Graça que nos foi dada [por Deus] em Cristo Jesus, antes dos tempos eternos”.
2. Em Cristo Jesus, você foi eleito por Deus antes da criação. Efésios 1.4: “[Deus] nos
escolheu, nele, antes da fundação do mundo”.
3. Em Cristo Jesus, você é amado por Deus com um amor inseparável. Romanos 8.38-39:
“Eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os
principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura,
nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de
Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor”.
4. Em Cristo Jesus, você foi redimido e perdoado de todos os seus pecados. Efésios 1.7:
“[Em Cristo] temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados”.
5. Em Cristo Jesus, você é justificado diante de Deus e a justiça de Deus em Cristo é
imputada a você. 2 Coríntios 5.21: “Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado
por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus”.
6. Em Cristo Jesus, você se tornou uma nova criatura e um filho de Deus. 2 Coríntios 5.17:
“Se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se
fizeram novas”. Gálatas 3.26: “Todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo
Jesus”.

30. Sim para todas as promessas de Deus e mais

Versículo do dia: Porque quantas são as promessas de Deus, tantas têm nele o sim; porquanto
também por ele é o amém para glória de Deus, por nosso intermédio. (2 Coríntios 1.20)

Estar “em Cristo Jesus” é uma realidade maravilhosa. É impressionante o que significa estar em
Cristo, unido a Cristo, ligado a Cristo.

Se você está “em Cristo”, ouça o que isso significa para você:

1. Em Cristo Jesus, você está assentado nos lugares celestiais, mesmo enquanto habita na
terra. Efésios 2.6: “[Deus] nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais em
Cristo Jesus”.

2. Em Cristo Jesus, todas as promessas de Deus são sim para você. 2 Coríntios 1.20:
“Quantas são as promessas de Deus, tantas têm nele o sim”.

3. Em Cristo Jesus, você está sendo santificado e tornado puro. 1 Coríntios 1.2: “À igreja
de Deus que está em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus”.

4. Em Cristo Jesus, tudo o que você realmente precisa será suprido. Filipenses 4.19: “O
meu Deus, segundo a sua riqueza em glória, há de suprir, em Cristo Jesus, cada uma de
vossas necessidades”.

5. Em Cristo Jesus, a paz de Deus guardará o seu coração e mente. Filipenses 4.7: “a paz
de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente
em Cristo Jesus”.

6. Em Cristo Jesus, você tem a vida eterna. Romanos 6.23: “Porque o salário do pecado é
a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor”.
7. E, em Cristo Jesus, você ressuscitará dentre os mortos na vinda do Senhor. 1 Coríntios
15.22: “Porque, assim como, em Adão, todos morrem, assim também todos serão
vivificados em Cristo”. Todos os que estão unidos a Adão na primeira humanidade
morrem. Todos os que são unidos a Cristo na nova humanidade ressuscitam para que
vivam novamente!

31. O leão e o cordeiro

Versículo do dia: Eis aqui o meu servo, que escolhi, o meu amado, em quem a minha alma se
compraz. Farei repousar sobre ele o meu Espírito, e ele anunciará juízo aos gentios. Não
contenderá, nem gritará, nem alguém ouvirá nas praças a sua voz. Não esmagará a cana
quebrada, nem apagará a torcida que fumega, até que faça vencedor o juízo. E, no seu nome,
esperarão os gentios. (Mateus 12.18-21, citando Isaías 42).

A própria alma do Pai exulta com alegria pela mansidão semelhante à de um servo e
compaixão do seu Filho.

Quando uma cana está encurvada e prestes a quebrar, o Servo irá sustentá-la ternamente até
que seja curada. Quando um pavio está queimando e quase não resta mais calor, o Servo não
o apaga, mas o protege com a sua mão e sopra suavemente até que queime novamente.

Assim, o Pai clama: “Eis aqui o meu servo, em quem a minha alma se compraz”. A excelência e
a beleza do Filho não vêm apenas da sua majestade, nem apenas da sua mansidão, mas do
modo como elas se misturam em perfeita proporção.

Quando o anjo clama em Apocalipse 5.2: “Quem é digno de abrir o livro e de lhe desatar os
selos?”, a resposta é: “Não chores; eis que o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi, venceu para
abrir o livro e os seus sete selos” (Apocalipse 5.5).

Deus ama a força do Leão de Judá. É por isso que ele é digno aos olhos de Deus para abrir os
pergaminhos da história e desatar os últimos dias.

Porém, a figura não está completa. Como o Leão venceu? O versículo seguinte descreve a sua
aparência: “Então, vi, no meio do trono e dos quatro seres viventes e entre os anciãos, de pé,
um Cordeiro como tendo sido morto” (Apocalipse 5.6). Jesus é digno do deleite do Pai não
apenas como o Leão de Judá, mas também como o Cordeiro que foi morto

SETEMBRO

01. Deus tudo faz como lhe agrada

Versículo do dia: No céu está o nosso Deus e tudo faz como lhe agrada. (Salmo 115.3)

Este versículo ensina que sempre que Deus age, ele o faz de modo a agradar a si mesmo.

Deus nunca é constrangido a fazer algo que ele detesta. Ele nunca é forçado de modo que o
seu único recurso seja fazer algo que ele odeia.

Ele faz o que lhe agrada. E, portanto, em certo sentido, ele tem prazer em tudo o que faz.
Isso deve nos levar à prostração diante de Deus e ao louvor da sua liberdade soberana, pois,
em certo sentido, ele sempre age em liberdade, de acordo com seu “beneplácito”, seguindo os
ditames dos seus próprios deleites.

Deus nunca se torna vítima das circunstâncias. Ele nunca é forçado a uma situação onde deve
fazer algo em que ele não consiga se alegrar. Ele não é frustrado. Ele não está preso,
encurralado ou coagido.

Mesmo no momento da história em que Deus fez o que, em certo sentido, era a coisa mais
difícil para ele realizar, quando “não poupou o seu próprio Filho” (Romanos 8.32), Deus foi
livre e fez o que lhe agradou. Paulo diz que o sacrifício de Jesus na morte foi “como oferta e
sacrifício a Deus, em aroma suave” (Efésios 5.2). O maior pecado, a mais eminente morte e o
ato mais difícil de Deus foram agradáveis ao Pai.

E no seu caminho para o Calvário, o próprio Jesus tinha legiões à sua disposição. “Ninguém a
tira de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a dou” (João 10.18) — de sua própria boa
vontade, pela alegria que lhe estava proposta (Hebreus 12.2). No único momento da história
do universo onde Jesus parecia preso, ele estava totalmente no controle, fazendo exatamente
o que lhe agradava: morrer para justificar ímpios como você e eu.

Então, permaneçamos admirados e maravilhados. E tremamos, pois não apenas os nossos


louvores sobre a soberania de Deus, como também a nossa salvação por meio da morte de
Cristo por nós, dependem disso: “No céu está o nosso Deus e tudo faz como lhe agrada”.

02. Desolado e deleitado

Versículo do dia: O SENHOR, teu Deus, te escolheu, para que lhe fosses o seu povo próprio, de
todos os povos que há sobre a terra. (Deuteronômio 7.6)

Como as doutrinas da graça soariam se em cada galho dessa árvore estivesse correndo a seiva
do prazer Agostiniano (ou seja, do que eu chamo de “Hedonismo Cristão”)?

 Depravação total não é apenas maldade, mas cegueira em relação à beleza de Deus e
morte quanto à mais profunda alegria.

 Eleição incondicional significa que a plenitude da nossa alegria em Jesus foi planejada
para nós antes que nós existíssemos, como o transbordamento da alegria de Deus na
comunhão da Trindade.

 Expiação limitada é a garantia de que a indestrutível alegria em Deus está


infalivelmente assegurada para nós pelo sangue da nova aliança.

 Graça irresistível é o compromisso e o poder do amor de Deus para assegurar que não
nos apeguemos a prazeres suicidas, e para nos libertar pelo poder soberano das
delícias superiores.

 Perseverança dos santos é a obra onipotente de Deus, não de nos deixar cair na
escravidão final dos prazeres inferiores, mas de nos guardar, em meio a toda aflição e
sofrimento, para uma herança de plenitude de alegria em sua presença e de delícias à
sua destra perpetuamente.
A eleição incondicional anuncia os juízos mais severos e mais doces à minha alma. O fato de
que ela é incondicional destrói toda autoexaltação; e o fato de que é eleição faz de mim a sua
preciosa possessão.

Essa é uma das belezas das doutrinas bíblicas da graça: suas piores desolações nos preparam
para os seus maiores deleites.

Que presunçosos nós poderíamos nos tornar diante das palavras: “O SENHOR, teu Deus, te
escolheu, para que lhe fosses o seu povo próprio, de todos os povos que há sobre a terra”
(Deuteronômio 7.6), se essa eleição dependesse, de alguma forma, da nossa vontade. Mas
para nos guardar do orgulho, o Senhor nos ensina que somos eleitos incondicionalmente
(Deuteronômio 7.7-9). “Ele fez de um miserável o seu tesouro”, como nós cantamos tão
alegremente.

Somente as desoladoras liberdade e incondicionalidade da graça eletiva nos permitem


considerar e provar tais dádivas como nossas, sem a exaltação do eu.

03. O “eu farei” de Deus

Versículo do dia: Jerusalém será habitada como as aldeias sem muros, por causa da multidão
de homens e animais que haverá nela. Pois eu lhe serei, diz o SENHOR, um muro de fogo em
redor e eu mesmo serei, no meio dela, a sua glória. (Zacarias 2.4-5)

Há manhãs em que eu acordo me sentindo frágil e vulnerável. Muitas vezes isso é vago. Não
há ameaça alguma. Nenhuma fraqueza. Apenas uma sensação estranha de que algo dará
errado e de que eu serei o responsável.

Isso geralmente ocorre após muitas críticas, após várias expectativas que têm prazos e que
parecem enormes e muito numerosas.

Enquanto eu olho para trás para cerca de 50 anos de tais manhãs periódicas, fico maravilhado
em como o Senhor Jesus tem preservado a minha vida e o meu ministério. A tentação de fugir
do estresse nunca venceu — ainda não, em todo caso. Isso é maravilhoso. Eu louvo a Deus por
isso.

Em vez de me deixar afundar na paralisia do medo ou correr para uma miragem de grama mais
verde, Deus despertou um clamor por socorro e depois respondeu com uma promessa
concreta.

Aqui está um exemplo. Isso é recente. Acordei sentindo-me emocionalmente frágil, fraco e
vulnerável. Eu orei: “Senhor, ajuda-me. Nem sei como orar”.

Uma hora depois eu estava lendo Zacarias, buscando a ajuda que eu havia suplicado, e ela
veio.

“Jerusalém será habitada como as aldeias sem muros, por causa da multidão de homens e
animais que haverá nela. Pois eu lhe serei, diz o SENHOR, um muro de fogo em redor e eu
mesmo serei, no meio dela, a sua glória” (Zacarias 2.4-5).

Haverá tal prosperidade e crescimento para o povo de Deus que Jerusalém não poderá mais
ser murada. “A multidão de homens e animais” será tanta que Jerusalém será como muitas
aldeias espalhadas, sem muros.
A prosperidade é boa, mas, e quanto à proteção?

Sobre isso, Deus diz em Zacarias 2.5: “eu lhe serei, diz o SENHOR, um muro de fogo em redor”.
Sim, é isso. Essa é a promessa. O “eu farei” de Deus. Isso é o que eu preciso.

E se isso é verdadeiro para as vulneráveis aldeias de Jerusalém, é verdadeiro para mim, um


filho de Deus. Deus será um “muro de fogo ao meu redor”. Sim, ele o será. Ele tem sido. E ele
será.

E isso fica ainda melhor. Dentro desse muro ardente de proteção, ele diz: “eu mesmo serei, no
meio dela, a sua glória”. Deus nunca está satisfeito em nos dar a proteção do seu fogo; ele nos
dará o deleite da sua presença.

04. Fundamente a sua vida nisso

Versículo do dia: O deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos, para que lhes não
resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus. (2 Coríntios
4.4)

Examine-se. Qual é a sua mentalidade? Você começa com Deus e com os direitos e propósitos
dele? Ou você começa consigo mesmo e com seus direitos e desejos?

E quando você olha para a morte de Cristo, o que ocorre? Sua alegria realmente vem de
transformar essa maravilhosa obra divina em um impulso para a autoestima? Ou você é
arrancado de si mesmo e enchido de admiração, reverência e adoração, pelo fato de que aqui,
na morte de Jesus, há a declaração mais profunda e mais clara da estima infinita que Deus tem
por sua glória e por seu Filho?

Aqui está um grandioso fundamento objetivo para a plena certeza da esperança: o perdão dos
pecados é baseado, finalmente, não em minha finita dignidade e obra, mas na infinita
dignidade da justiça de Deus — a inabalável fidelidade de Deus para sustentar e vindicar a
glória do seu nome.

Eu suplico a você de todo o meu coração, faça disso o seu fundamento. Fundamente a sua vida
nisso. Firme a sua esperança nisso. Assim, você será liberto da fútil mentalidade do mundo e
nunca cairá.

Quando a exaltação de Deus em Cristo é a sua alegria, esta jamais falhará.

05. O objetivo do amor de Cristo

Versículo do dia: Pai, a minha vontade é que onde eu estou, estejam também comigo os que
me deste, para que vejam a minha glória. (João 17.24)

Os crentes em Jesus são preciosos para Deus (somos a sua noiva!). E ele nos ama tanto que
não permitirá que nossa preciosidade se torne nosso deus.

Deus realmente faz muito por nós (adoção!), mas ele faz isso de uma forma que nos liberta de
nós mesmos para desfrutarmos da sua grandeza.

Examine-se. Se Jesus viesse passar o dia com você, sentasse ao seu lado no sofá e dissesse: “Eu
realmente te amo”, em que você se focalizaria no restante do dia que vocês passariam juntos?
Percebo que muitas canções e sermões nos dão a resposta errada. Eles deixam a impressão de
que o ponto alto da nossa alegria deveria estar no sentimento recorrente de sermos amados.
“Ele me ama! Ele me ama!”. Verdadeiramente, isso é alegria. Mas não o ponto alto e não a
ênfase.

O que nós estamos dizendo com as palavras “eu sou amado”? O que queremos dizer? O que é
“ser amado”?

A maior alegria e a que mais exalta a Cristo não seria encontrada em observar Cristo durante
todo o dia e exclamar: “Você é maravilhoso! Você é maravilhoso!”?

 Ele responde à pergunta mais difícil, e sua sabedoria é maravilhosa.

 Ele toca uma ferida imunda e purulenta, e sua compaixão é maravilhosa.

 Ele ressuscita uma senhora morta no consultório médico, e seu poder é maravilhoso.

 Ele prevê os eventos da tarde, e sua presciência é maravilhosa.

 Ele dorme durante um terremoto, e seu destemor é maravilhoso.

 Ele diz: “Antes que Abraão existisse, EU SOU” (João 8.58), e suas palavras são
maravilhosas.

Caminhamos com ele completamente maravilhados com o que vemos.

O seu amor por nós não é o desejo de fazer para nós tudo o que ele precisa fazer (incluindo
morrer por nós) para que possamos nos maravilhar com ele e não sermos consumidos por ele?
A redenção, a propiciação, o perdão, a justificação e a reconciliação — tudo isso precisa
acontecer. Eles são os atos do amor.

Mas o objetivo do amor, que faz com que esses atos sejam amorosos, é que nós estejamos
com Jesus, vejamos a sua glória surpreendente e nos maravilhemos. Nesses momentos,
esquecemos de nós mesmos e vemos e sentimos a Jesus.

Portanto, estou exortando pastores e professores: Conduza as pessoas através dos atos do
amor de Cristo para o objetivo do seu amor. Se a redenção, a propiciação, o perdão, a
justificação e a reconciliação não nos levam ao gozo do próprio Jesus, não são amor.

Avance nesse sentido. Foi por isso que Jesus orou.

06. Amor presente e poderoso

Versículo do dia: Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou
perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? (Romanos 8.35)

Observe três coisas em Romanos 8.35.

1. Cristo está nos amando agora.

Uma esposa pode dizer acerca de seu falecido marido: Nada me separará do seu amor. Ela
pode estar querendo dizer que a memória do amor do marido será doce e poderosa por toda a
sua vida. Mas isso não é o que Paulo quer dizer aqui.
Em Romanos 8.34, é dito claramente: “É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem
ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por nós”. A razão pela qual
Paulo pode dizer que nada nos separará do amor de Cristo é porque Cristo está vivo e continua
nos amando agora.

Ele está à destra de Deus e, portanto, governa por nós. E ele está intercedendo por nós, o que
significa que ele está cuidando para que sua obra consumada de redenção nos salve, de fato, a
cada momento, e nos conduza à alegria eterna. Seu amor não é uma lembrança. É uma ação
constante do onipotente e vivo Filho de Deus, para nos trazer à alegria eterna.

2. Esse amor de Cristo é eficaz para nos proteger da separação e, portanto, não é um
amor universal por todos, mas um amor particular pelo seu povo — aqueles que, de
acordo com Romanos 8.28, amam a Deus e são chamados segundo o seu propósito.

Esse é o amor de Efésios 5.25: “Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a
igreja e a si mesmo se entregou por ela”. É o amor de Cristo pela igreja, sua noiva. Cristo tem
um amor por todos, e ele tem um amor especial, salvífico e preservador por sua noiva. Você
sabe que é parte dessa noiva se confia em Cristo. Qualquer um — sem exceções —que confia
em Cristo pode dizer: Eu sou parte da sua noiva, sua igreja, seus chamados e eleitos, aqueles
que Romanos 8.35 diz que são preservados e protegidos para sempre, não importa o que
aconteça.

3. Esse amor onipotente, eficaz e protetor não nos poupa de tragédias nesta vida, mas
nos conduz em segurança para a alegria eterna com Deus.

A morte acontecerá conosco, mas não nos separará. Assim, quando Paulo diz no versículo 35
que a “espada” não nos separará do amor de Cristo, ele quer dizer: mesmo se formos
assassinados, não seremos separados do amor de Cristo.

Assim, o resumo do assunto no versículo 35 é esse: Jesus Cristo está amando poderosamente o
seu povo com um amor onipotente e constante, o qual nem sempre nos livra da tragédia, mas
nos preserva para a alegria eterna em sua presença, mesmo através do sofrimento e da morte.

07. Adversários e fé concedidos por Deus

Versículo do dia: Vivei, acima de tudo, por modo digno do evangelho de Cristo… e que em nada
estais intimidados pelos adversários… Porque vos foi concedida a graça de padecerdes por
Cristo e não somente de crerdes nele. (Filipenses 1.27-29)

Paulo disse aos filipenses que viver dignamente do evangelho de Cristo significava coragem
diante dos adversários. Em seguida, ele deu a lógica da coragem.

A lógica é esta: Deus lhe deu dois dons, não apenas um: fé e sofrimento. Isso é o que diz o
versículo 29.

Neste contexto, isso significa que tanto a sua fé diante do sofrimento quanto o seu sofrimento
são dons de Deus. Quando Paulo diz que eles não estavam intimidados pelos adversários, ele
tinha duas razões em sua mente pelas quais eles não precisavam ficar temerosos:

1. Uma razão é que os adversários estão na mão de Deus. Sua oposição é um dom de
Deus. Ele a governa. Esse é o primeiro ponto do versículo 29.
2. E a outra razão para não temer é que a sua coragem, ou seja, a sua fé, também está na
mão de Deus. Essa também é um dom. Esse é o outro ponto do versículo 29.

Assim, a lógica da coragem diante da adversidade é essa dupla verdade: Tanto a sua
adversidade quanto a sua fé diante da adversidade são dons de Deus.

Por que isso é chamado viver de modo “digno do evangelho de Cristo”? Porque o evangelho é
a boa notícia de que o sangue da aliança de Cristo infalivelmente comprou para todo o seu
povo a soberana obra de Deus, para nos dar fé e governar os nossos inimigos — sempre para o
nosso bem eterno.

Portanto, não tema. Os seus adversários não podem fazer mais do que Deus concede. E ele lhe
concederá a fé que você precisa. Essas promessas são compradas e seladas pelo sangue; são
promessas do Evangelho.

08. Como retribuir a Deus

Versículo do dia: Que darei ao SENHOR por todos os seus benefícios para comigo? Tomarei o
cálice da salvação e invocarei o nome do SENHOR. Cumprirei os meus votos ao SENHOR. (Salmo
116.12-14)

O que protege o pagamento dos votos voluntários do risco de ser tratado como um
pagamento de dívida é que o “pagamento” não é, na realidade, um mero pagamento, mas
outro ato de receber que magnifica a graça de Deus em curso. Ele não magnifica os nossos
recursos. Podemos ver isso no Salmo 116, versículos 12 a 14.

A resposta do salmista à sua própria pergunta: “Que darei ao SENHOR por todos os seus
benefícios para comigo?”, é, em essência, que ele continuará recebendo do Senhor, de modo
que a inesgotável bondade do Senhor seja magnificada.

Primeiramente, tomar o cálice da salvação significa se apossar da salvação do Senhor que


satisfaz, bebê-la e esperar por mais. É por isso que eu digo que “pagar” a Deus ou “cumprir”
nesses contextos não é um pagamento comum. É um ato de receber.

Em segundo lugar, esse também é o significado da frase seguinte: “invocarei o nome do


SENHOR”. O que darei a Deus por responder graciosamente ao meu clamor? Resposta:
Invocarei novamente. Eu renderei a Deus o louvor e o tributo por ele jamais necessitar de
mim, mas estar sempre transbordando de benefícios quando eu necessito dele (o que sempre
acontece comigo).

Depois, o salmista diz, em terceiro lugar: “Cumprirei os meus votos ao SENHOR”. Mas como
eles serão pagos? Serão pagos ao se tomar o cálice da salvação e ao se invocar o Senhor. Ou
seja, eles serão pagos pela fé na graça futura.

09. A graça deve ser livre

Versículo do dia: Andamos por fé e não pelo que vemos. (2 Coríntios 5.7)

Imagine a salvação como uma casa na qual você vive.


Ela fornece proteção. É abastecida com alimentos e bebidas que durarão para sempre. Ela
nunca envelhece ou desmorona. Suas janelas abrem para visões da glória.

Deus a construiu com grande custo para si mesmo e para seu Filho, e ele a deu a você.

O contrato de “compra” é chamado de uma “nova aliança”. Os termos declaram: “Esta casa se
tornará e permanecerá sua se você a receber como um presente e se deleitar no Pai e no Filho,
enquanto eles habitam a casa com você. Você não profanará a casa de Deus abrigando outros
deuses, nem desviará o seu coração para outros tesouros”.

Não seria tolice dizer sim a esse acordo e, em seguida, contratar um advogado para elaborar
um cronograma de amortização com pagamentos mensais na esperança de equilibrar algumas
contas?

Você não estaria mais tratando a casa como um presente, mas como uma compra. Deus não
seria mais o livre benfeitor. E você seria escravizado a um novo conjunto de exigências que
Deus nunca imaginou colocar sobre você.

Se a graça é livre — este é o próprio significado de graça — não podemos vê-la como algo a ser
retribuído.

10. Como lutar contra a ansiedade

Versículo do dia: Lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós.
(1 Pedro 5.7)

O Salmo 56.3 diz: “Em me vindo o temor, hei de confiar em ti”.

Observe que ele não diz: “Eu nunca luto contra o medo”. O medo ataca e a batalha começa.
Logo, a Bíblia não afirma que os verdadeiros crentes não terão nenhuma ansiedade. Em vez
disso, a Bíblia nos diz como lutar quando a ansiedade atacar.

Por exemplo, 1 Pedro 5.7 diz: “Lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem
cuidado de vós”. Não é dito que nunca sentiremos ansiedade. É dito que quando você sentir
ansiedade, ela deve ser lançada sobre Deus. Quando a lama suja o seu para-brisa e você perde
temporariamente a visão da estrada e começa a mudar de direção em ansiedade, ligue os
limpadores e acione a água para lavar o para-brisa.

Assim, minha resposta à pessoa que precisa lidar com sentimentos de ansiedade todos os dias
é: isso é mais ou menos normal. Pelo menos é para mim, desde a minha adolescência. A
questão é: como lutar contra esses sentimentos?

A resposta a essa pergunta é: Nós lutamos contra as ansiedades lutando contra a


incredulidade e lutando pela fé na graça futura. E a maneira de lutar esse “bom combate” (1
Timóteo 6.12; 2 Timóteo 4.7) é meditando sobre as promessas divinas de graça futura e
pedindo a ajuda do seu Espírito.

Os limpadores de para-brisa são as promessas de Deus que limpam a lama da incredulidade, e


a água para lavagem do para-brisa é o auxílio do Espírito Santo. A batalha para ser libertado do
pecado — incluindo o pecado da ansiedade — é combatida “pela santificação do Espírito e fé
na verdade” (2 Tessalonicenses 2.13).
A obra do Espírito e a Palavra da verdade: esses são os grandes edificadores da fé. Sem a obra
suavizadora do Espírito Santo, o limpador de para-brisa da Palavra apenas arranha a ofuscante
sujeira da incredulidade no para-brisa.

Ambos são necessários: o Espírito e a Palavra. Nós lemos as promessas de Deus e oramos pela
ajuda do seu Espírito. E, à medida que o para-brisa é limpo, de forma que conseguimos ver o
bem que Deus planeja para nós (Jeremias 29.11), nossa fé é fortalecida e a angústia da
ansiedade é retificada.

11. Sete razões para não se preocupar (Parte 1)

Versículo do dia: Por isso, vos digo: não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis
de comer ou beber; nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir. Não é a vida mais do
que o alimento, e o corpo, mais do que as vestes? Observai as aves do céu: não semeiam, não
colhem, nem ajuntam em celeiros; contudo, vosso Pai celeste as sustenta. Porventura, não
valeis vós muito mais do que as aves? (Mateus 6.25-26)

Em Mateus 6 nós temos o exemplo da ansiedade sobre comida e roupas.

Mesmo na América, com seu grande sistema de bem-estar, a ansiedade sobre finanças e
habitação pode ser intensa. Mas no versículo 30, Jesus diz que isso decorre de fé insuficiente
na promessa da graça futura do nosso Pai: “homens de pequena fé”. E, assim, esse parágrafo
tem pelo menos sete promessas intencionadas por Jesus para nos ajudar a lutar o bom
combate contra a incredulidade e a estar livres da ansiedade. (Na parte 1, veremos as
promessas de número 1 e 2; e depois as demais nas partes 2 e 3).

PROMESSA #1: “Por isso, vos digo: não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis
de comer ou beber; nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir. Não é a vida mais do
que o alimento, e o corpo, mais do que as vestes?” (Mateus 6.25).

Uma vez que seu corpo e sua vida são muito mais complexos e difíceis de serem sustentados
do que é fornecer comida e roupas, e mesmo assim Deus criou e sustenta a ambos, então,
certamente ele será capaz e estará disposto a fornecer comida e roupas.

Além disso, não importa o que aconteça, Deus ressuscitará o seu corpo um dia e preservará a
sua vida para a comunhão eterna com ele.

PROMESSA #2: “Observai as aves do céu: não semeiam, não colhem, nem ajuntam em celeiros;
contudo, vosso Pai celeste as sustenta. Porventura, não valeis vós muito mais do que as aves?”
(Mateus 6.26).

Se Deus está disposto e é capaz de alimentar criaturas tão insignificantes como aves que não
podem fazer nada para obter a sua comida — como você pode fazer por meio do cultivo —
então, ele certamente suprirá as suas necessidades, porque você vale muito mais do que as
aves.

12. Sete razões para não se preocupar (Parte 2)

Versículo do dia: Qual de vós, por ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado ao curso da
sua vida? E por que andais ansiosos quanto ao vestuário? Considerai como crescem os lírios do
campo: eles não trabalham, nem fiam. Eu, contudo, vos afirmo que nem Salomão, em toda a
sua glória, se vestiu como qualquer deles. Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje
existe e amanhã é lançada no forno, quanto mais a vós outros, homens de pequena
fé? (Mateus 6.27-30)

Mateus 6 contém pelo menos sete promessas intencionadas por Jesus para nos ajudar a lutar
o bom combate contra a incredulidade e a estar livres da ansiedade. Na parte 1, vimos as
promessas 1 e 2; hoje veremos as promessas 3 e 4.

PROMESSA #3: “Qual de vós, por ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado ao curso da
sua vida? E por que andais ansiosos quanto ao vestuário?” (Mateus 6.27-28).

Esse é um tipo de promessa — a simples promessa da realidade: a ansiedade não lhe fará
nenhum bem. Esse não é o argumento principal, mas, às vezes, nós apenas precisamos
sermos firmes conosco e dizermos: “Alma, essa preocupação é absolutamente inútil. Você não
está apenas perturbando o seu próprio dia, mas o de muitas outras pessoas também. Entregue
isso a Deus e continue o seu trabalho”.

A ansiedade não produz nada que valha a pena.

PROMESSA #4: “Considerai como crescem os lírios do campo: eles não trabalham, nem
fiam. Eu, contudo, vos afirmo que nem Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer
deles. Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno,
quanto mais a vós outros, homens de pequena fé?” (Mateus 6.28-30).

Comparado com as flores do campo, você é uma prioridade muito maior para Deus, porque
você viverá para sempre e, assim, pode dar a ele louvores eternos.

Ainda assim, Deus tem tal abundância de poder criativo e de cuidado, que ele
os concede a flores que duram apenas alguns dias. Então, ele certamente tomará esse mesmo
poder e habilidade criativa e os usará para cuidar dos seus filhos que viverão para sempre.

13. Sete razões para não se preocupar (Parte 3)

Versículo do dia: Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que comeremos? Que beberemos? Ou:
Com que nos vestiremos? Porque os gentios é que procuram todas estas coisas; pois vosso Pai
celeste sabe que necessitais de todas elas; buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua
justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. Portanto, não vos inquieteis com o dia de
amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o seu próprio mal. (Mateus 6.31-
34)

Mateus 6 contém pelo menos sete promessas intencionadas por Jesus para nos ajudar a lutar
o bom combate contra a incredulidade e a estar livres da ansiedade. Nas partes 1 e 2 vimos as
promessas de 1 a 4; agora veremos as promessas de 5 a 7.

PROMESSA #5: “Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que comeremos? Que beberemos? Ou:
Com que nos vestiremos? Porque os gentios é que procuram todas estas coisas; pois vosso Pai
celeste sabe que necessitais de todas elas” (Mateus 6.31-32).

Não pense que Deus ignora as suas necessidades. Ele conhece todas elas. E ele é o seu “Pai
celestial”. Ele não olha à distância, de modo indiferente. Ele se importa. Ele agirá para suprir a
sua necessidade quando for o melhor momento.
PROMESSA #6: “Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas
vos serão acrescentadas” (Mateus 6.33).

Se você se entregar à causa de Deus no mundo, ao invés de se preocupar com suas


necessidades materiais particulares, ele garantirá que você tenha tudo o que necessita para
cumprir a sua vontade e lhe dar glória.

Esta promessa é semelhante à promessa de Romanos 8.32: “[Deus] não nos dará
graciosamente com [Cristo] todas as coisas?”.

PROMESSA #7: “Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os
seus cuidados; basta ao dia o seu próprio mal” (Mateus 6.34).

Deus fará com que você não seja provado em qualquer dia além do que possa suportar (1
Coríntios 10.13). Ele trabalhará por você, para que “permaneça a tua força e paz com os teus
muitos dias” (Deuteronômio 33.25).

Cada dia não terá mais aflições do que você possa suportar; e cada dia terá misericórdias
suficientes para o estresse diário (Lamentações 3.22-23).

14. Deus suprirá todas as suas necessidades

Versículo do dia: O meu Deus, segundo a sua riqueza em glória, há de suprir, em Cristo Jesus,
cada uma de vossas necessidades. (Filipenses 4.19)

Em Filipenses 4.6, Paulo diz: “Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam
conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de
graças”. E em Filipenses 4.19 (apenas 13 versículos depois), ele dá a libertadora promessa da
graça futura: “O meu Deus, segundo a sua riqueza em glória, há de suprir, em Cristo Jesus,
cada uma de vossas necessidades”.

Se vivermos pela fé nessa promessa da graça futura, será muito difícil que a ansiedade
sobreviva. As “riquezas” de Deus “em glória” são inesgotáveis. Ele realmente intenciona que
não nos preocupemos com o nosso futuro.

Devemos seguir esse padrão que Paulo estabelece para nós. Devemos combater a
incredulidade da ansiedade com as promessas da graça futura.

Quando estou ansioso por algum novo desafio ou reunião, eu regularmente combato a
incredulidade com uma das minhas promessas mais usadas: Isaías 41.10.

No dia em que troquei a América por três anos na Alemanha, meu pai me fez uma ligação de
longa distância e me falou essa promessa ao telefone. Por três anos eu devo ter citado essa
promessa para mim mesmo quinhentas vezes ao passar por períodos de grande estresse. “Não
temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou o teu Deus; eu te fortaleço, e
te ajudo, e te sustento com a minha destra fiel”.

Eu tenho lutado contra a ansiedade com essa promessa tantas vezes que quando o motor da
minha mente está em ponto morto, o ruído das engrenagens é o som de Isaías 41.10.

15. A única felicidade duradoura


Versículo do dia: Assim também agora vós tendes tristeza; mas outra vez vos verei; o vosso
coração se alegrará, e a vossa alegria ninguém poderá tirar. (João 16.22)

“A vossa alegria ninguém poderá tirar” porque a sua alegria decorre de estar com Jesus, e a
ressurreição de Jesus significa que você nunca morrerá; você nunca será separado dele.

Veja, duas coisas precisam ser verdadeiras para que a sua alegria jamais seja tirada de você.
Uma é que a fonte da sua alegria dure para sempre e a outra é que você permaneça para
sempre. Se você ou a fonte da sua alegria for mortal, a sua alegria será tirada de você.

E, oh, quantas pessoas têm se contentado com isso! Coma, beba e se alegre, eles dizem,
porque amanhã morreremos, e só (Lucas 12.19). A comida não dura para sempre, e eu não
duro para sempre. Então, vamos aproveitar ao máximo enquanto pudermos. Que tragédia!

Se você é tentado a pensar dessa forma agora, por favor, considere tão seriamente quanto
puder que se a sua alegria fosse estar com Jesus, a sua alegria ninguém poderia tirar — nem
nesta vida, nem na vida que está por vir.

Nem a vida, nem a morte, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem
do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura
poderá tirar a nossa alegria em Jesus Cristo (veja Romanos 8.38-39).

A alegria de estar com Jesus é uma corda inquebrantável, desde agora até a eternidade, a qual
não será cortada nem pela sua morte, nem pela nossa.

16. A festa final da alma

Versículo do dia: Uma coisa peço ao SENHOR, e a buscarei: que eu possa morar na Casa do
SENHOR todos os dias da minha vida, para contemplar a beleza do SENHOR e meditar no seu
templo. (Salmo 27.4)

Deus não é indiferente ao desejo contrito da alma. Ele vem, ergue o fardo do pecado e enche
nosso coração de alegria e gratidão. “Converteste o meu pranto em folguedos; tiraste o meu
pano de saco e me cingiste de alegria, para que o meu espírito te cante louvores e não se cale.
SENHOR, Deus meu, graças te darei para sempre” (Salmo 30.11-12).

Mas a nossa alegria não surge apenas ao olharmos para trás, em gratidão. A alegria também
surge ao olharmos adiante, em esperança: “Por que estás abatida, ó minha alma? Por que te
perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, a ele, meu auxílio e Deus
meu” (Salmo 42.5-6).

“Aguardo o SENHOR, a minha alma o aguarda; eu espero na sua palavra” (Salmo 130.5).

Finalmente, o coração não anseia por nenhuma das boas dádivas de Deus, mas pelo próprio
Deus. Ver a Deus, conhecê-lo e estar em sua presença é a festa final da alma. Além disso, já
não há mais busca. As palavras falham. Chamamos isso de prazer, alegria e deleite. Mas esses
são indicadores fracos para a indizível experiência:

“Uma coisa peço ao SENHOR, e a buscarei: que eu possa morar na Casa do SENHOR todos os
dias da minha vida, para contemplar a beleza do SENHOR e meditar no seu templo” (Salmo
27.4).
“Na tua presença há plenitude de alegria, na tua destra, delícias perpetuamente” (Salmo
16.11).

“Agrada-te do SENHOR” (Salmo 37.4).

17. Adoração em uma tempestade de relâmpagos

Versículo do dia: Porque assim como o relâmpago, fuzilando, brilha de uma à outra
extremidade do céu, assim será, no seu dia, o Filho do Homem. (Lucas 17.24)

Eu estava em um voo noturno de Chicago a Minneapolis, quase sozinho no avião. O piloto


anunciou que havia uma tempestade sobre o lago Michigan e em Wisconsin. Ele seguiria para
o oeste para evitar turbulências.

Enquanto eu me sentava ali olhando para a escuridão total, de repente todo o céu ficou
iluminado, e uma espécie de caverna de nuvens brancas baixou quatro milhas em relação ao
avião e depois desapareceu.

Um segundo depois, um gigantesco túnel branco de luz explodiu de norte a sul através do
horizonte, e novamente desapareceu na escuridão. Logo depois, os relâmpagos eram quase
constantes, e erupções de luz rebentavam de nuvens e por detrás de distantes montanhas
brancas.

Sentei-me ali, balançando a cabeça quase em incredulidade. Ó Senhor, se estas são apenas as
faíscas do afiar da sua espada, o que será o dia da sua aparição! E me lembrei das palavras de
Cristo: “Como o relâmpago, fuzilando, brilha de uma à outra extremidade do céu, assim será,
no seu dia, o Filho do Homem” (Lucas 17.24).

Mesmo agora, quando me lembro daquela visão, a palavra glória é repleta de sentido para
mim. Agradeço a Deus por repetidamente ter despertado o meu coração para desejá-lo, vê-
lo, sentar-me na festa do Hedonismo Cristão e adorar o Rei da Glória. A sala do banquete é
muito grande.

18. A única verdadeira liberdade

Versículo do dia: Disse, pois, Jesus aos judeus que haviam crido nele: Se vós permanecerdes na
minha palavra, sois verdadeiramente meus discípulos; e conhecereis a verdade, e a verdade vos
libertará. (João 8.31-32)

O que é a verdadeira liberdade? Você é livre?

1. Se você não tem o desejo de fazer algo, você não é totalmente livre para fazê-lo. Oh,
você pode reunir a força de vontade para fazer o que não quer fazer, mas ninguém
chama isso de completa liberdade. Não é assim que queremos viver. Há um
constrangimento e pressão sobre nós que não desejamos.

2. E se você tem o desejo de fazer algo, mas nenhuma capacidade para fazê-lo, você não
é livre para fazer isso.

3. E se você tem o desejo e a capacidade de fazer algo, mas nenhuma oportunidade, você
não é livre para fazê-lo.
4. E se você tem o desejo de fazer algo, a capacidade de fazê-lo e a oportunidade de fazê-
lo, mas isso finalmente o destrói, você não é totalmente livre — não é livre, de fato.

Para sermos totalmente livres, devemos ter o desejo, a capacidade e a oportunidade de fazer o
que nos fará felizes para sempre. Sem desapontamentos. E somente Jesus, o Filho de Deus que
morreu e ressuscitou por nós, pode tornar isso possível.

Se o Filho o libertar, verdadeiramente você será livre.

19. Nosso privilégio inefável

Versículo do dia: Disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. (Êxodo 3.14)

Uma implicação do magnífico nome, EU SOU O QUE EU SOU, é que esse Deus infinito, absoluto
e autodeterminado se aproximou de nós em Jesus Cristo.

Em João 8.56-58 Jesus está respondendo às críticas dos líderes judeus. Ele diz: “Abraão, vosso
pai, alegrou-se por ver o meu dia, viu-o e regozijou-se. Perguntaram-lhe, pois, os judeus: Ainda
não tens cinquenta anos e viste Abraão? Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade eu
vos digo: antes que Abraão existisse, EU SOU”.

Jesus poderia ter tomado palavras mais exaltadas em seus lábios? Quando Jesus disse: “antes
que Abraão existisse, EU SOU”, ele tomou toda a majestosa verdade do nome de Deus, a
envolveu na humildade de servo, se ofereceu para expiar toda a nossa rebelião e abriu
caminho para que nós vejamos a glória de Deus sem temor.

Em Jesus Cristo, nós que nascemos de Deus temos o inefável privilégio de conhecer a Yahweh
como nosso Pai — EU SOU O QUE SOU — o Deus…

 que existe;

 cuja personalidade e cujo poder são devidos unicamente a si mesmo;

 que nunca muda;

 de quem todo poder e toda força no universo fluem;

 e a quem toda a criação deve conformar a sua vida.

Que aqueles que conhecem o nome de Deus confiem nele.

20. Quase não hedonista o suficiente

Versículo do dia: Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a
ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam; mas ajuntai para vós outros tesouros no
céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam, nem roubam. (Mateus 6.19-
20)

A mensagem que precisa ser gritada a partir das grandes instituições financeiras é esta:
Homem secular, você quase não é hedonista o suficiente!
Deixe de se satisfazer com os pequenos rendimentos de 5% de prazer que são corroídos pelas
traças da inflação e pela ferrugem da morte. Invista nas ações valorizadas, de alto rendimento
e divinamente garantidas do céu.

Dedicar uma vida aos confortos materiais e emoções é como jogar dinheiro em um buraco.
Mas investir uma vida na obra de amor produz lucros de alegria insuperáveis e intermináveis:

“Vendei os vossos bens e dai esmola. [E assim] fazei para vós outros bolsas que não
desgastem, tesouro inextinguível nos céus, onde não chega o ladrão, nem a traça consome”
(Lucas 12.33).

Esta mensagem é uma notícia muito boa: Venha a Cristo, em cuja presença há plenitude de
alegria e delícias perpetuamente. Junte-se a nós na obra do Hedonismo Cristão. Porque o
Senhor falou: É mais bem-aventurado amar do que viver no luxo!

21. Munição contra a ansiedade

Versículo do dia: Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas,
diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças. (Filipenses
4.6)

Quando fico ansioso pelo fato do meu ministério ser inútil e vazio, luto contra a incredulidade
com a promessa de Isaías 55.11: “Assim será a palavra que sair da minha boca: não voltará
para mim vazia, mas fará o que me apraz e prosperará naquilo para que a designei”.

Quando fico ansioso por ser fraco demais para fazer meu trabalho, luto contra a incredulidade
com a promessa de Cristo: “A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza”
(2 Coríntios 12.9).

Quando fico ansioso quanto a decisões que preciso tomar a respeito do futuro, luto contra a
incredulidade com a promessa: “Instruir-te-ei e te ensinarei o caminho que deves seguir; e, sob
as minhas vistas, te darei conselho” (Salmo 32.8).

Quando fico ansioso por enfrentar adversários, luto contra a incredulidade com a promessa:
“Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Romanos 8.31).

Quando fico ansioso pelo bem-estar daqueles que amo, luto contra a incredulidade com a
promessa de que se eu, sendo mau, sei dar boas coisas aos meus filhos, quanto mais o “Pai,
que está nos céus, dará boas coisas aos que lhe pedirem?” (Mateus 7.11).

E eu luto para manter meu equilíbrio espiritual com a lembrança de que todo aquele que
deixou casa, ou irmãos, ou irmãs, ou mãe, ou pai, ou filhos ou campos por amor de Cristo
receberá “o cêntuplo de casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, com perseguições; e, no
mundo por vir, a vida eterna” (Marcos 10.29-30).

Quando fico ansioso por estar doente, luto contra a incredulidade com a promessa: “Muitas
são as aflições do justo, mas o SENHOR de todas o livra” (Salmo 34.19).

E com tremor, eu considero a promessa: “A tribulação produz perseverança; e a perseverança,


experiência; e a experiência, esperança. Ora, a esperança não confunde, porque o amor de
Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado” (Romanos
5.3-5).
22. Perca bens e familiares

Versículo do dia: Lembrai-vos, porém, dos dias anteriores, em que, depois de iluminados,
sustentastes grande luta e sofrimentos; ora expostos como em espetáculo, tanto de opróbrio
quanto de tribulações, ora tornando-vos co-participantes com aqueles que desse modo foram
tratados. Porque não somente vos compadecestes dos encarcerados, como também aceitastes
com alegria o espólio dos vossos bens, tendo ciência de possuirdes vós mesmos patrimônio
superior e durável. Não abandoneis, portanto, a vossa confiança; ela tem grande galardão.
(Hebreus 10.32-35)

Os cristãos em Hebreus 10.32-35 obtiveram o direito de nos ensinar sobre o amor custoso.

A situação parece ser esta: Nos primeiros dias da sua conversão, alguns deles foram presos por
causa da fé. Outros foram confrontados com uma escolha difícil: Devemos seguir em secreto e
ficar “seguros”, ou devemos visitar nossos irmãos e irmãs na prisão e arriscar nossas vidas e
bens? Eles escolheram o caminho do amor e aceitaram o custo.

“Porque não somente vos compadecestes dos encarcerados, como também aceitastes com
alegria o espólio dos vossos bens”.

Mas eles foram perdedores? Não. Eles perderam bens e ganharam alegria! Eles aceitaram
alegremente a perda.

Em certo sentido, eles negaram a si mesmos. Mas em outro, eles não o fizeram. Eles
escolheram o caminho da alegria. Evidentemente, esses cristãos foram motivados para o
ministério da prisão do mesmo modo que os macedônios (de 2 Coríntios 8.1-9) foram
motivados para ajudar os pobres. Sua alegria em Deus transbordou em amor pelos outros.

Eles olharam para as suas próprias vidas e disseram: “Porque a tua graça é melhor do que a
vida” (veja o Salmo 63.3).

Eles olharam para todos os seus bens e disseram: Temos um patrimônio no céu que é superior
e mais durável do que qualquer uma destas coisas (Hebreus 10.34).

Então, eles olharam um para o outro e disseram:

Se temos de perder

Família, bens, prazer!

Se tudo se acabar

E a morte enfim chegar,

Com ele reinaremos!

(Martinho Lutero)

23. Esperança para o pior dos pecadores

Versículo do dia: Terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia e me compadecerei de quem


eu me compadecer. (Êxodo 33.19)
Moisés precisava ter esperança de que Deus realmente poderia ter misericórdia de um povo
de dura cerviz, que acabara de cometer idolatria e de desprezar o Deus que o tirou do Egito.

Para dar a Moisés a esperança e a confiança de que necessitava, Deus disse: “Terei
misericórdia de quem eu tiver misericórdia”. Em outras palavras: “Minhas escolhas não
dependem do nível de mal ou de bem no homem, mas somente da minha vontade soberana.
Portanto, ninguém pode dizer que é demasiadamente mau para receber graça”.

A doutrina da eleição incondicional é a grande doutrina da esperança para o pior dos


pecadores. Ela indica que quando se trata de ser um candidato à graça, a sua situação não tem
relação alguma com a escolha de Deus.

Se você não nasceu de novo e não foi levado à fé salvífica em Jesus Cristo, não afunde em
desesperança pensando que a excessiva miséria ou o endurecimento da sua antiga vida é um
obstáculo insuperável à graciosa obra de Deus em sua vida. Deus ama magnificar a liberdade
da sua graça salvando o pior dos pecadores.

Afaste-se do seu pecado; invoque o Senhor. Mesmo neste devocional, ele está sendo gracioso
com você e está lhe concedendo forte encorajamento para vir a ele em busca de misericórdia.

“Vinde, pois, e arrazoemos, diz o SENHOR; ainda que os vossos pecados sejam como a
escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o
carmesim, se tornarão como a lã” (Isaías 1.18).

24. A busca de Jesus por alegria

Versículo do dia: Olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em
troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e
está assentado à destra do trono de Deus. (Hebreus 12.2)

O exemplo de Jesus contradiz o princípio do Hedonismo Cristão? Ou seja, o princípio de que o


amor é o caminho da alegria e que deve ser escolhido por esse mesmo motivo, para que
ninguém seja encontrado relutante em obedecer ao Todo-Poderoso, irritado sob o privilégio
de ser um canal de graça ou depreciando a recompensa prometida.

Hebreus 12.2 parece dizer com bastante clareza que Jesus não contradiz esse princípio.

O maior labor de amor que já aconteceu foi possível porque Jesus buscou a maior alegria
imaginável, ou seja, a alegria de ser exaltado à destra de Deus na assembleia de um povo
redimido: “Em troca da alegria que lhe estava proposta, [ele] suportou a cruz”!

Ao dizer isso, o escritor quer citar Jesus como outro exemplo, junto com os santos de Hebreus
11, daqueles que são tão desejosos e confiantes na alegria que Deus oferece que rejeitam os
“prazeres transitórios do pecado” (Hebreus 11.25) e escolhem os maus tratos para que
estejam alinhados com a vontade de Deus.

Portanto, não é antibíblico dizer que a esperança da alegria além da cruz foi o que sustentou
Cristo nas horas sombrias do Getsêmani. Isso não diminui a realidade e a grandeza do seu
amor por nós, porque a alegria que ele esperava era a alegria de conduzir muitos filhos à glória
(Hebreus 2.10).
A alegria de Jesus Cristo está em nossa redenção, a qual redunda na glória de Deus. Abandonar
a cruz e, assim, abandonar a nós e a vontade do Pai era uma perspectiva tão horrível na mente
de Cristo que ele a rejeitou e abraçou a morte.

25. A vida é sustentada pela Palavra de Deus

Versículo do dia: Disse-lhes: Aplicai o coração a todas as palavras que, hoje, testifico entre vós,
para que ordeneis a vossos filhos que cuidem de cumprir todas as palavras desta lei. Porque
esta palavra não é para vós outros coisa vã; antes, é a vossa vida; e, por esta mesma palavra,
prolongareis os dias na terra à qual, passando o Jordão, ides para a possuir. (Deuteronômio
32.46-47)

A palavra de Deus não é uma ninharia; é uma questão de vida ou morte. Se você trata as
Escrituras como uma ninharia ou como palavras vazias, você perde a vida.

Mesmo a nossa vida física depende da palavra de Deus, porque pela sua palavra nós fomos
criados (Salmo 33.6; Hebreus 11.3), e ele sustenta “todas as coisas pela palavra do seu poder”
(Hebreus 1.3).

A nossa vida espiritual começa com a palavra de Deus: “Segundo o seu querer, ele nos gerou
pela palavra da verdade” (Tiago 1.18). “Fostes regenerados… mediante a palavra de Deus, a
qual vive e é permanente” (1 Pedro 1.23).

Nós não somente começamos a viver pela palavra de Deus, mas também continuamos a viver
pela palavra de Deus: “Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da
boca de Deus” (Mateus 4.4; Deuteronômio 8.3).

Nossa vida física é criada e sustentada pela palavra de Deus, e nossa vida espiritual é vivificada
e mantida pela palavra de Deus. Quantas histórias poderiam ser reunidas para testemunhar o
poder vivificante da Palavra de Deus!

De fato, a Bíblia não é “palavra vã para você” — é a sua vida! O fundamento de toda a alegria é
a vida. Nada é mais fundamental do que a pura existência — nossa criação e preservação.

Tudo isso é devido à palavra do poder de Deus. Por esse mesmo poder, ele falou nas Escrituras
para a criação e sustento da nossa vida espiritual. Portanto, a Bíblia não é uma palavra vã, mas
é realmente a sua vida — o despertar da sua alegria!

26. Viva confiante no poder de Deus

Versículo do dia: A suprema grandeza do seu poder para com os que cremos. (Efésios 1.19)

A onipotência de Deus significa um refúgio eterno e inabalável na eterna glória de Deus, não
importa o que aconteça nesta terra. E essa confiança é o poder da obediência radical ao
chamado de Deus.

Existe algo mais libertador, mais emocionante ou mais fortalecedor do que a verdade de que o
Deus Todo-Poderoso é o seu refúgio — durante todo o dia, todos os dias em todas as
experiências ordinárias e extraordinárias da vida?
Se acreditássemos nisso, se realmente deixássemos que essa verdade da onipotência de Deus
se apoderasse de nós, que diferença isso faria em nossas vidas pessoais e ministérios! Quão
humildes e poderosos nos tornaríamos para os propósitos salvíficos de Deus!

A onipotência de Deus significa refúgio para o povo de Deus. E quando você realmente crê que
o seu refúgio é a onipotência do Deus Todo-Poderoso, há uma alegria, uma liberdade e um
poder que transbordam em uma vida de obediência radical a Jesus Cristo.

A onipotência de Deus significa reverência, recompensa e refúgio para o seu povo pactual.

Eu lhe convido a aceitar os termos do seu pacto da graça: Converta-se do pecado e confie no
Senhor Jesus Cristo, e a onipotência do Deus Todo-Poderoso será a reverência da sua alma, a
recompensa contra seus inimigos e o refúgio da sua vida, para sempre.

27. O poder de uma promessa superior

Versículo do dia: Eu andarei em liberdade, pois busquei os teus preceitos. (Salmo 119.45,
tradução do autor)

Um elemento essencial da alegria é a liberdade. Nenhum de nós ficaria feliz se não fôssemos
livres daquilo que odiamos e livres para o que amamos.

E onde encontramos a verdadeira liberdade? O Salmo 119.45 diz: “Eu andarei em liberdade,
pois busquei os teus preceitos”.

A referência é a espaços amplos. A palavra nos livra da pequenez da mente (1 Reis 4.29) e dos
confinamentos ameaçadores (Salmo 18.19).

Jesus diz: “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (João 8.32). A liberdade que ele
tem em mente é a liberdade da escravidão do pecado (João 8.34). Ou, para expressá-lo
positivamente, é a liberdade para a santidade.

As promessas da graça de Deus fornecem o poder que torna as exigências da santidade de


Deus uma experiência de liberdade e não de medo. Pedro descreveu assim o poder libertador
das promessas de Deus: “As suas preciosas e mui grandes promessas, para que por elas vos
torneis co-participantes da natureza divina, livrando-vos da corrupção das paixões que há no
mundo” (2 Pedro 1.4).

Em outras palavras, quando confiamos nas promessas de Deus, cortamos a raiz da corrupção
pelo poder de uma promessa superior.

Quão crucial é a palavra que quebra o poder dos prazeres falsos! E quão vigilantes devemos
estar para iluminar os nossos caminhos e encher os nossos corações com a palavra de Deus!

“Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e luz, para os meus caminhos” (Salmo 119.105).
“Guardo no coração as tuas palavras, para não pecar contra ti” (Salmo 119.11; cf. verso 9).

28. Nosso bem é a glória de Deus

Versículo do dia: Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto e, fechada a porta, orarás a
teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará. (Mateus 6.6)
Uma objeção comum ao Hedonismo Cristão é que ele coloca os interesses do homem acima da
glória de Deus, que coloca a minha felicidade acima da honra de Deus. Mas o Hedonismo
Cristão muito enfaticamente não faz isso.

Esteja certo de que nós, hedonistas cristãos, nos esforçamos para buscar o nosso interesse e a
nossa felicidade com todas as nossas forças. Apoiamos a resolução do jovem Jonathan
Edwards: “Resolvi esforçar-me para obter tanta felicidade no mundo vindouro quanto seja
possível, com todo o poder, força, vigor, veemência, e até violência que eu for capaz de
exercer, ou que eu puder me levar a exercer, de qualquer maneira que me seja possível
pensar”.

Mas nós aprendemos a partir da Bíblia (e de Edwards!) que o interesse de Deus é magnificar a
plenitude da sua glória, derramando misericórdia em nós.

Portanto, a busca do nosso interesse e da nossa felicidade nunca está acima de Deus, mas
sempre em Deus. A verdade mais preciosa na Bíblia é que o maior interesse de Deus é
glorificar a riqueza da sua graça, fazendo pecadores felizes nele — nele!

Quando nos humilhamos como crianças e não nos apegamos a nós mesmos, mas corremos
felizes para a alegria do abraço do nosso Pai, a glória da sua graça é magnificada e o anelo da
nossa alma é satisfeito. Nosso interesse e sua glória são um.

Portanto, os hedonistas cristãos não colocam a sua felicidade acima da glória de Deus quando
buscam a felicidade nele.

29. Faça guerra contra a incredulidade

Versículo do dia: Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas,
diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças. (Filipenses
4.6)

Quando fico ansioso por estar envelhecendo, luto contra a incredulidade com a promessa:
“Até à vossa velhice, eu serei o mesmo e, ainda até às cãs, eu vos carregarei; já o tenho feito;
levar-vos-ei, pois, carregar-vos-ei e vos salvarei” (Isaías 46.4).

Quando fico ansioso acerca da morte, luto contra a incredulidade com a promessa de que
“nenhum de nós vive para si mesmo, nem morre para si. Porque, se vivemos, para o Senhor
vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. Quer, pois, vivamos ou morramos, somos do
Senhor. Foi precisamente para esse fim que Cristo morreu e ressurgiu: para ser Senhor tanto
de mortos como de vivos” (Romanos 14.7-9).

Quando fico ansioso pela possibilidade de naufragar na fé e me afastar de Deus, luto contra a
incredulidade com as promessas: “aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até
ao Dia de Cristo Jesus” (Filipenses 1.6); e: “Também pode salvar totalmente os que por ele se
chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles” (Hebreus 7.25).

Façamos guerra, não contra outras pessoas, mas contra a nossa própria incredulidade. Essa é a
raiz da ansiedade que, por sua vez, é a raiz de muitos outros pecados. Então, vamos ligar
nossos limpadores de para-brisa, usar o borrifador de água e manter os olhos fixos sobre as
preciosas e mui grandes promessas de Deus.
Pegue a Bíblia, peça ajuda ao Espírito Santo, guarde as promessas em seu coração e lute o bom
combate — para viver pela fé na graça futura.

30. A descoberta mais libertadora

Versículo do dia: Quanto ao mais, irmãos meus, alegrai-vos no Senhor. (Filipenses 3.1)

Ninguém jamais havia me ensinado que Deus é glorificado pela nossa alegria nele. Essa alegria
em Deus é a mesma coisa que faz do louvor uma honra a Deus, e não hipocrisia.

Mas Jonathan Edwards disse isso de forma clara e poderosa:

Deus glorifica a si mesmo para com as criaturas também [em] duas formas: (1) revelando-se…
ao entendimento delas; (2) comunicando-se aos seus corações, e na sua alegria, deleite e gozo
das manifestações que ele faz de si mesmo… Deus não é glorificado apenas pela sua glória ser
vista, mas por ela ser objeto de deleite…

Quando aqueles que a veem se deleitam nela, Deus é mais glorificado do que se eles apenas a
vissem… Aquele que testifica ter a sua ideia da glória de Deus [não] glorifica tanto a Deus
quanto aquele que testifica também que aprova e se deleita nessa glória.

Essa foi uma descoberta maravilhosa para mim. Eu preciso buscar a alegria em Deus, se quiser
glorificá-lo como a Realidade surpreendentemente valiosa no universo. A alegria não é uma
mera opção ao lado da adoração. É um componente essencial da adoração.

Nós temos um nome para aqueles que tentam louvar quando não têm deleite no objeto. Nós
os chamamos de hipócritas. O fato de que o louvor significa completo prazer e que o fim mais
elevado do homem é beber profundamente desse prazer, foi talvez a descoberta mais
libertadora que eu já fiz.

OUTUBRO

01. O objeto totalmente satisfatório

Versículo do dia: Agrada-te do SENHOR, e ele satisfará os desejos do teu coração. (Salmo 37.4)

A busca pelo prazer não é opcional, mas ordenada (nos Salmos): “Agrada-te do SENHOR, e ele
satisfará os desejos do teu coração” (Salmo 37.4).

Os salmistas buscaram fazer exatamente isso: “Como suspira a corça pelas correntes das
águas, assim, por ti, ó Deus, suspira a minha alma. A minha alma tem sede de Deus, do Deus
vivo” (Salmo 42.1-2). “A minha alma tem sede de ti; meu corpo te almeja, como terra árida,
exausta, sem água” (Salmo 63.1).

O motivo da sede tem sua contrapartida satisfatória quando o salmista diz que os homens
“fartam-se da abundância da tua casa, e na torrente das tuas delícias lhes dás de beber”
(Salmo 36.8).

Eu descobri que a bondade de Deus, sendo o próprio fundamento da adoração, não é algo a
que você demonstra respeito por meio de algum tipo de reverência desinteressada. Não, ela é
algo a ser apreciado: “Oh! Provai e vede que o SENHOR é bom” (Salmo 34.8).
“Quão doces são as tuas palavras ao meu paladar! Mais que o mel à minha boca” (Salmo
119.103).

Como diz C.S. Lewis, Deus nos Salmos é o “objeto todo-satisfatório”. Seu povo o adora sem se
envergonhar pela “grande alegria” que encontra nele (Salmo 43.4). Ele é a fonte do prazer
completo e inesgotável: “Na tua presença há plenitude de alegria, na tua destra, delícias
perpetuamente” (Salmo 16.11).

02. Deus não é triste

Versículo do dia: O SENHOR frustra os desígnios das nações e anula os intentos dos povos. O
conselho do SENHOR dura para sempre; os desígnios do seu coração, por todas as gerações.
(Salmo 33.10-11)

“No céu está o nosso Deus e tudo faz como lhe agrada” (Salmo 115.3). A implicação desse
texto é que Deus tem o direito e o poder de fazer o que o deixa feliz. Isso é o que significa dizer
que Deus é soberano.

Pense nisso por um momento: Se Deus é soberano e pode fazer qualquer coisa que lhe agrada,
então nenhum dos seus propósitos pode ser frustrado. “O SENHOR frustra os desígnios das
nações e anula os intentos dos povos. O conselho do SENHOR dura para sempre; os desígnios
do seu coração, por todas as gerações” (Salmo 33.10-11).

E se nenhum dos seus propósitos pode ser frustrado, então ele deve ser o mais feliz de todos
os seres.

Essa felicidade infinita e divina é a fonte da qual o Cristão bebe e deseja beber mais
profundamente.

Você pode imaginar como seria se o Deus que governa o mundo não fosse feliz? E se Deus
murmurasse, ficasse iracundo e deprimido, como o gigante da história de João e o pé de
feijão? E se Deus fosse frustrado, desanimado, abatido, triste, descontente e melancólico?

Poderíamos nos unir a Davi e dizer: “Ó Deus, tu és o meu Deus forte; eu te busco
ansiosamente; a minha alma tem sede de ti; meu corpo te almeja, como terra árida, exausta,
sem água” (Salmo 63.1)? Eu penso que não.

Todos nos relacionaríamos com Deus como filhos que têm um pai frustrado, abatido, triste e
descontente. Eles não conseguem desfrutar dele. Eles só podem tentar não incomodá-lo, ou
talvez tentar trabalhar para ele a fim de ganhar algum pequeno favor.

O objetivo do Cristão Hedonista é ser feliz em Deus, se deleitar em Deus, apreciar e fruir da sua
comunhão e favor.

03. Amor absoluto, soberano e todo-poderoso

Versículo do dia: “SENHOR, SENHOR Deus compassivo, clemente e longânimo e grande em


misericórdia e fidelidade” (Êxodo 34.6)

Deus é grande em amor e fidelidade constantes.

Duas figuras vêm à minha mente:


1. O coração de Deus é como uma inesgotável fonte de água que borbulha amor e
fidelidade desde o topo da montanha.

2. Ou o coração de Deus é como um vulcão que tanto arde em amor que explode o topo
da montanha e ano após ano flui com a lava do amor e da fidelidade.

Quando Deus usa a palavra “grande”, ele deseja que entendamos que os recursos do seu amor
não são limitados. De certa forma, ele é como o governo: sempre que há uma necessidade, ele
pode apenas imprimir mais dinheiro para supri-la.

Mas a diferença é que Deus tem um tesouro infinito de amor de ouro para suprir todo dinheiro
que ele imprime. O governo está em um mundo de sonhos. Deus deposita de forma muito
realista os recursos infinitos da sua divindade.

A existência absoluta, a liberdade soberana e a onipotência de Deus são a plenitude vulcânica


que explode em um transbordamento de amor. A plena magnificência de Deus significa que
ele não precisa de nós para preencher qualquer deficiência em si mesmo. Em vez disso, sua
infinita autossuficiência se derrama em amor para nós que precisamos dele.

Nós podemos confiar em seu amor exatamente porque cremos em sua existência absoluta, na
sua liberdade soberana e no seu poder ilimitado.

04. Alegria ilimitada

Versículo do dia: Eu lhes fiz conhecer o teu nome e ainda o farei conhecer, a fim de que o amor
com que me amaste esteja neles, e eu neles esteja. (João 17.26)

Imagine ser capaz de desfrutar do que é mais agradável com força e paixão ilimitadas para
sempre. Agora, essa não é a nossa experiência. Três coisas são obstáculos para a nossa
completa satisfação neste mundo.

Um obstáculo é que nada tem um valor pessoal grande o suficiente para satisfazer os anseios
mais profundos dos nossos corações.

Outro obstáculo é que nos falta a força para saborear os melhores tesouros ao máximo do seu
valor.

E o terceiro obstáculo para a completa satisfação é que nossas alegrias aqui chegam a um fim.
Nada permanece. Mas se o propósito de Jesus em João 17.26 é real, tudo isso mudará.

Se o deleite de Deus no Filho se tornar o nosso deleite, então o objeto do nosso prazer, Jesus,
será inesgotável em excelência pessoal. Ele nunca se tornará tedioso, decepcionante ou
frustrante.

Nenhum maior tesouro pode ser concebido do que o Filho de Deus.

Além disso, nossa capacidade de saborear esse tesouro inesgotável não será limitada pelas
fraquezas humanas. Nós apreciaremos o Filho de Deus com o próprio deleite do seu Pai.

O deleite de Deus em seu Filho estará em nós e será nosso. E isso nunca acabará, porque nem
o Pai nem o Filho jamais acabarão.

O amor deles, um pelo outro, será o nosso amor por eles e, portanto, nunca deixaremos de
amá-los.
05. A justiça será feita

Versículo do dia: Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira; porque está
escrito: A mim me pertence a vingança; eu é que retribuirei, diz o Senhor. (Romanos 12.19)

Todos vocês foram injustiçados em um momento ou outro. A maioria de vocês,


provavelmente, foi seriamente injustiçado por alguém que nunca pediu desculpas ou fez algo
suficiente para consertá-lo.

E um dos profundos obstáculos para o abandono da dor e da amargura é a convicção — a


convicção justificada — de que a justiça deveria ser feita, e de que o curso do universo
mostrará que pessoas podem simplesmente escapar com erros horríveis e enganar a todos.

Esse é um dos obstáculos ao perdão e ao abandono dos rancores. Não é o único. Temos nosso
próprio pecado com o qual lidar. Mas é um obstáculo real.

Sentimos que apenas relevar seria admitir que a justiça simplesmente não será feita. E nós não
podemos fazer isso.

Então, nos apegamos à ira e repetimos a história muitas vezes com os sentimentos de que isso
não deveria ter acontecido; não deveria ter acontecido; foi errado; foi errado. Como ele pode
estar tão feliz agora, quando eu estou tão miserável? Isso é tão errado. É tão errado!

Esta palavra em Romanos 12.19 é dada por Deus a vocês, para remover esses seus fardos.

“Não vos vingueis a vós mesmos… mas dai lugar à ira”. O que isso significa para vocês?

Abandonar o fardo da ira, abandonar a prática de nutrir a sua dor com sentimentos de ter sido
prejudicado — abandonar tudo isso — não significa que não aconteceu um grande erro contra
vocês.

Isso não significa que não há justiça. Isso não significa que vocês não serão vindicados. Isso não
significa que eles escaparam. Não.

Isso significa, quando vocês deixam o fardo da vingança, Deus tomará esse fardo.

Essa não é uma maneira suave de se vingar. Essa é uma maneira de dar vingança àquele a
quem ela pertence.

Isso é respirar profundamente, talvez pela primeira vez em décadas, e sentir como agora, por
fim, que vocês podem ser livres para amar.

06. O Deus feliz

Versículo do dia: ...À sã doutrina, segundo o evangelho da glória do Deus bendito [feliz]. (1
Timóteo 1.10b-11, trad. lit.)

Grande parte da glória de Deus é a sua felicidade.

Era inconcebível para o apóstolo Paulo que Deus pudesse não ter infinita alegria e ainda ser
todo glorioso. Ser infinitamente glorioso era ser infinitamente feliz. Ele usou a frase “a glória
do Deus feliz”, porque é algo maravilhoso Deus ser tão feliz quanto ele é.
A glória de Deus consiste muito no fato de que ele é feliz além do máximo que podemos
imaginar.

Este é o evangelho: “o evangelho da glória do Deus feliz”. É uma boa notícia que Deus seja
gloriosamente feliz.

Ninguém gostaria de passar a eternidade com um Deus infeliz. Se Deus é infeliz, então o
objetivo do evangelho não é um objetivo feliz, e isso significa que ele não é evangelho algum.

Mas, de fato, Jesus nos convida a passar a eternidade com um Deus feliz quando diz: “Entra no
gozo do teu senhor” (Mateus 25.23). Jesus viveu e morreu para que a sua alegria — a alegria
de Deus — pudesse estar em nós e nossa alegria pudesse ser completa (João 15.11; 17.13).
Portanto, o evangelho é “o evangelho da glória do Deus feliz”.

A felicidade de Deus é antes de tudo uma felicidade em seu Filho. Assim, quando
compartilhamos a felicidade de Deus, partilhamos do mesmo deleite que o Pai tem no Filho.

É por isso que Jesus tornou o Pai conhecido para nós. No fim da sua grandiosa oração em João
17, ele disse ao seu Pai: “Eu lhes fiz conhecer o teu nome e ainda o farei conhecer, a fim de
que o amor com que me amaste esteja neles, e eu neles esteja” (João 17.26). Ele fez Deus
conhecido para que o deleite de Deus em seu Filho estivesse em nós e se tornasse o nosso
prazer.

07. Nós esperamos, Deus trabalha

Versículo do dia: Porque desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem
com os olhos se viu Deus além de ti, que trabalha para aquele que nele espera. (Isaías 64.4)

Apenas poucas coisas têm me dominado com maior alegria do que a verdade de que Deus ama
mostrar sua divindade ao trabalhar para mim, e que seu trabalhar para mim está sempre
antes, debaixo e em qualquer trabalho que eu faço para ele.

A princípio, pode soar arrogante quanto a nós, e implicar em menosprezo em relação a Deus,
dizer que ele trabalha para nós. Mas isso é somente por causa da conotação de que sou um
empregador e de que Deus precisa de um emprego. Esse não é o sentido quando a Bíblia fala
de Deus trabalhar para nós. Como em Isaías 64.4: Deus trabalha “para aquele que nele
espera”.

O sentido apropriado em dizer que Deus trabalha para mim é que estou arruinado e preciso de
ajuda. Eu sou fraco e necessito de alguém forte. Estou em perigo e preciso de um protetor. Sou
tolo e necessito de alguém sábio. Estou perdido e preciso de um Resgatador.

Deus trabalha para mim significa que eu não posso fazer o trabalho.

E isso glorifica a ele, não a mim. O Provedor recebe a glória. O Poderoso recebe o louvor.

Leia e seja liberto do fardo de suportar sua própria carga. Deixe que Deus faça esse trabalho.

1. “Nem com os olhos se viu Deus além de ti, que trabalha para aquele que nele espera”
(Isaías 64.4).

2. Deus não é “servido por mãos humanas, como se de alguma coisa precisasse; pois ele
mesmo é quem a todos dá vida, respiração e tudo mais” (Atos 17.25).
3. “o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida
em resgate por muitos” (Marcos 10.45).

4. “Quanto ao SENHOR, seus olhos passam por toda a terra, para mostrar-se forte para
com aqueles cujo coração é totalmente dele” (2 Crônicas 16.9).

5. “Se eu tivesse fome, não to diria… Invoca-me… eu te livrarei, e tu me glorificarás”


(Salmo 50.12, 15).

6. “Até à vossa velhice… eu vos carregarei; já o tenho feito; levar-vos-ei, pois, carregar-
vos-ei e vos salvarei” (Isaías 46.4).

7. “Trabalhei muito mais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de Deus
comigo” (1 Coríntios 15.10).

8. “Se o SENHOR não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam” (Salmo 127.1).

9. “Se alguém serve, faça-o na força que Deus supre, para que, em todas as coisas, seja
Deus glorificado” (1 Pedro 4.11).

10. “Desenvolvei a vossa salvação… Porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer
como o realizar” (Filipenses 2.12-13).

11. “Eu plantei, Apolo regou; mas o crescimento veio de Deus” (1 Coríntios 3.6).

08. Nosso bem é o deleite de Deus

Versículo do dia: Farei com eles aliança eterna, segundo a qual não deixarei de lhes fazer o
bem; e porei o meu temor no seu coração, para que nunca se apartem de mim. Alegrar-me-ei
por causa deles e lhes farei bem; plantá-los-ei firmemente nesta terra, de todo o meu coração e
de toda a minha alma. (Jeremias 32.40-41)

A busca de Deus por nosso louvor e nossa busca de prazer nele são a mesma busca. O anseio
de Deus por ser glorificado e nosso anseio por sermos satisfeitos alcançam seu objetivo nessa
única experiência: nosso deleite em Deus, que transborda em louvor.

Para Deus, o louvor é o doce eco da sua própria excelência nos corações do seu povo.

Para nós, o louvor é o auge da satisfação que decorre de vivermos em comunhão com Deus.

A impressionante implicação dessa descoberta é que todo o poder onipotente que dirige o
coração de Deus a buscar a sua própria glória também leva Deus a satisfazer os corações
daqueles que buscam a sua alegria nele.

A boa notícia da Bíblia é que Deus não está, de modo algum, indisposto a satisfazer os
corações daqueles que esperam nele, mas exatamente o oposto: precisamente aquilo que
pode nos tornar mais felizes é aquilo em que Deus se deleita com todo o seu coração e com
toda a sua alma.

Com todo o seu coração e com toda a sua alma, Deus se une a nós na busca da nossa alegria
eterna, porque a consumação dessa alegria nele redunda na glória da sua própria excelência
infinita.
09. A sábia misericórdia de Deus

Versículo do dia: Nós pregamos a Cristo crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os
gentios; mas para os que foram chamados, tanto judeus como gregos, pregamos a Cristo,
poder de Deus e sabedoria de Deus. (1 Coríntios 1.23-24)

Contra a terrível notícia de que nós caímos sob a condenação do nosso Criador e de que ele é
movido pelo seu próprio caráter justo a preservar a excelência da sua glória derramando a ira
eterna sobre o nosso pecado, há a maravilhosa notícia do evangelho.

Essa é uma verdade que ninguém jamais pode aprender naturalmente. Ela deve ser contada
aos vizinhos, pregada nas igrejas e propagada por missionários.

A boa notícia é que o próprio Deus decretou um meio para satisfazer as exigências da sua
justiça sem condenar toda a raça humana.

O inferno é uma maneira de acertar as contas com pecadores e defender a sua justiça. Mas há
outro modo.

A sabedoria de Deus ordenou um caminho para o amor de Deus nos libertar da sua ira sem
comprometer a sua justiça.

E qual é essa sabedoria? A morte do Filho de Deus pelos pecadores!

A morte de Cristo é a sabedoria de Deus pela qual o amor de Deus salva pecadores da ira de
Deus, enquanto mantém e demonstra a justiça de Deus em Cristo.

10. A melhor passagem

Versículo do dia: A quem Deus propôs [Jesus], no seu sangue, como propiciação, mediante a fé,
para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados
anteriormente cometidos; tendo em vista a manifestação da sua justiça no tempo presente,
para ele mesmo ser justo e o justificador daquele que tem fé em Jesus. (Romanos 3.25-26)

Romanos 3.25-26 talvez sejam os versículos mais importantes da Bíblia.

Deus é completamente justo! E ele justifica o ímpio!

Não um ou outro! Ambos! Ele absolve o culpado, mas não se torna culpado ao fazer isso. Essa
é a melhor notícia do mundo!

 “Ele [Deus] o fez [Jesus] pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de
Deus” (2 Coríntios 5.21).

 “Deus enviando o seu próprio Filho em semelhança de carne pecaminosa e no tocante


ao pecado; e, com efeito, condenou Deus, na carne, o pecado” (Romanos 8.3).

 “Carregando ele mesmo [Cristo] em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados” (1
Pedro 2.24).

 “Pois também Cristo morreu, uma única vez, pelos pecados, o justo pelos injustos,
para conduzir-vos a Deus” (1 Pedro 3.18).
 “Se fomos unidos com ele na semelhança da sua morte, certamente, o seremos
também na semelhança da sua ressurreição” (Romanos 6.5).

Se a notícia mais aterrorizante do mundo é que nós caímos sob a condenação do nosso Criador
e que ele é movido pelo seu próprio caráter justo a preservar a excelência da sua glória
derramando a ira eterna sobre o nosso pecado…

…Então a melhor notícia em todo o mundo (o evangelho!) é que Deus decretou um caminho
de salvação que também mantém a excelência da sua glória, a honra do seu Filho e a salvação
eterna dos seus eleitos. Deus deu o seu Filho para morrer pelos pecadores e para vencer a
morte deles por meio da sua própria ressurreição.

11. Não podemos fazer nada

Versículo do dia: Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá
muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. (João 15.5)

Suponha que você esteja totalmente paralisado e não possa fazer nada por si mesmo, exceto
falar. E suponha que um amigo forte e confiável prometa viver com você e fazer tudo o que
você precisa. Como você poderia exaltar esse amigo se um estranho viesse vê-lo?

Você exaltaria a sua generosidade e força tentando sair da cama e carregá-lo? Não! Você diria:
“Amigo, por favor, venha me levantar. E você poderia colocar um travesseiro atrás de mim
para que eu possa olhar para o meu convidado? E você poderia colocar meus óculos para
mim?”.

E, assim, o seu visitante aprenderia pelos seus pedidos que você é incapaz e que seu amigo é
forte e amável. Você glorifica o seu amigo por precisar dele, e ao lhe solicitar ajuda, e ao
confiar nele.

Em João 15.5, Jesus diz: “Sem mim nada podeis fazer”. Então, nós realmente estamos
paralisados. Sem Cristo, não somos capazes de qualquer bem que exalte a Cristo. Como Paulo
diz em Romanos 7.18: “Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem
nenhum”.

Mas João 15.5 também diz que Deus tem o propósito que façamos muito bem que exalte a
Cristo, ou seja, dar fruto: “Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto”. Assim,
como nosso forte e confiável amigo — “Tenho-vos chamado amigos” (João 15.15) — ele
promete fazer para nós, e através de nós, o que não podemos fazer por nós mesmos.

Como, então, podemos glorificá-lo? Jesus responde em João 15.7: “Se permanecerdes em
mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis o que quiserdes, e vos será feito”.
Nós oramos! Pedimos a Deus que faça para nós, por meio de Cristo, aquilo que não podemos
fazer por nós mesmos — dar fruto.

João 15.8 dá o resultado: “Nisto é glorificado meu Pai, em que deis muito fruto”.

Então, como Deus é glorificado pela oração? A oração é a admissão aberta de que sem Cristo
nada podemos fazer. E a oração é o nosso voltar de nós mesmos para Deus na confiança de
que Ele nos dará o auxílio que precisamos.
12. Servindo a Deus com cuidado

Versículo do dia: O Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe, sendo ele Senhor do céu e
da terra, não habita em santuários feitos por mãos humanas. Nem é servido por mãos
humanas, como se de alguma coisa precisasse; pois ele mesmo é quem a todos dá vida,
respiração e tudo mais (Atos 17.24-25)

Não glorificamos a Deus suprindo as necessidades dele, mas orando para que ele supra as
nossas e confiando que ele responderá.

Aqui estamos na essência da boa notícia do Hedonismo Cristão. A insistência de Deus para que
lhe peçamos que nos ajude, de modo que ele receba a glória (Salmo 50.15), nos força ao
surpreendente fato de que devemos tomar cuidado ao servir a Deus e tomar especial cuidado
em que ele nos sirva, para que não roubemos a sua glória.

Isso parece muito estranho. A maioria de nós pensa que servir a Deus é algo totalmente
positivo; nós não consideramos que servir a Deus pode ser um insulto a ele. Mas meditar sobre
o significado da oração exige essa reflexão. Atos 17.24-25 nos esclarece isso.

Esse é o mesmo raciocínio do texto de Robinson Crusoé sobre a oração: “Se eu tivesse fome,
não to diria, pois o mundo é meu e quanto nele se contém… Invoca-me no dia da angústia; eu
te livrarei, e tu me glorificarás” (Salmo 50.12, 15).

Evidentemente, há uma maneira de servir a Deus que o insultaria, como se ele fosse
necessitado do nosso serviço. “O próprio Filho do Homem não veio para ser servido” (Marcos
10.45). O objetivo dele é ser o servo. O objetivo dele é obter a glória como Provedor.

13. O senhor que é servo

Versículo do dia:…Para mostrar, nos séculos vindouros, a suprema riqueza da sua graça, em
bondade para conosco, em Cristo Jesus. (Efésios 2.7)

Para mim, a mais surpreendente figura da Bíblia sobre a segunda vinda de Cristo está em Lucas
12.35-37, que retrata o retorno de um senhor vindo de uma festa de casamento:

“Cingido esteja o vosso corpo, e acesas, as vossas candeias. Sede vós semelhantes a homens
que esperam pelo seu senhor, ao voltar ele das festas de casamento; para que, quando vier e
bater à porta, logo lha abram. Bem-aventurados aqueles servos a quem o senhor, quando vier,
os encontre vigilantes; em verdade vos afirmo que ele há de cingir-se, dar-lhes lugar à mesa e,
aproximando-se, os servirá”.

Esteja certo de que nós somos chamados de servos, e isso sem dúvida significa que devemos
fazer exatamente o que nos é ordenado. Mas a maravilha dessa figura é que o “servo” insiste
em “servir” mesmo na era vindoura quando ele virá em toda a sua glória “com os anjos do seu
poder, em chama de fogo” (2 Tessalonicenses 1.7-8). Por quê?

Porque o elemento central da glória de Deus é a plenitude da graça que transborda em


bondade para pessoas necessitadas. Por isso, ele deseja mostrar “nos séculos vindouros, a
suprema riqueza da sua graça, em bondade para conosco, em Cristo Jesus” (Efésios 2.7).
Em que consiste a grandiosidade do nosso Deus? Qual é a sua singularidade no mundo? Isaías
responde: “desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com os
olhos se viu Deus além de ti, que trabalha para aquele que nele espera” (Isaías 64.4).

14. Deus sara ao humilhar

Versículo do dia: Tenho visto os seus caminhos e o sararei; também o guiarei e lhe tornarei a
dar consolação, a saber, aos que dele choram. Como fruto dos seus lábios criei a paz, paz para
os que estão longe e para os que estão perto, diz o SENHOR, e eu o sararei. (Isaías 57.18-19)

Apesar da severidade da enfermidade humana da rebelião e da obstinação, Deus sarará. Como


ele irá sarar? Isaías 57.15 diz que Deus habita com os contritos e humildes. Ainda assim, o
povo citado em Isaías 57.17 busca ousadamente o seu próprio caminho orgulhoso. Em que
consistirá essa cura?

A cura só pode ser uma coisa: Deus os sarará humilhando-os. Ele curará o paciente esmagando
o seu orgulho. Se somente os contritos e humildes desfrutam da comunhão com Deus (Isaías
57.15), e se a doença de Israel é uma rebelião orgulhosa e deliberada (Isaías 15.17), e se Deus
promete sará-los (Isaías 57.18), então, o seu sarar deve ser um humilhar e sua cura deve ser
um espírito quebrantado.

Não seria esse o modo de Isaías profetizar o que Jeremias chamou de nova aliança e de um
novo coração? Ele disse: “Eis aí vêm dias, diz o SENHOR, em que firmarei nova aliança com a
casa de Israel… Na mente, lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhas inscreverei;
eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo” (Jeremias 31.31, 33).

Isaías e Jeremias veem a chegada de um tempo em que um povo doente, desobediente e de


coração duro será transformado de modo sobrenatural. Isaías fala sobre sarar. Jeremias fala
sobre escrever a lei em seus corações.

Assim, a cura de Isaías 57.18 é um grande transplante de coração — o velho coração


endurecido, orgulhoso e obstinado é retirado e um novo coração suavizado e sensível é
colocado, o qual é facilmente humilhado e quebrantado pela lembrança do pecado e pelo
pecado remanescente.

Esse é um coração em que o Altíssimo cujo nome é Santo pode habitar e ao qual pode dar
vida.

15. Plano para a oração

Versículo do dia: Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós,


pedireis o que quiserdes, e vos será feito. (João 15.7)

A oração busca alegria na comunhão com Jesus e no poder de compartilhar a vida dele com os
outros.

E a oração busca a glória de Deus, considerando-o como o reservatório inesgotável de


esperança e de socorro. Na oração, nós admitimos nossa pobreza e a prosperidade de Deus,
nossa ruína e sua generosidade, nossa miséria e sua misericórdia.
Portanto, a oração altamente exalta e glorifica a Deus precisamente por buscar tudo o que
desejamos nele, e não em nós mesmos. “Pedi e recebereis… a fim de que o Pai seja glorificado
no Filho… e o vosso gozo seja completo” (João 16.24; 14.13; 15.11). A menos que eu esteja
muito enganado, uma das principais razões pelas quais muitos dos filhos de Deus não têm uma
vida significativa de oração não é tanto que nós não queremos, mas que não planejamos.

Se você quiser tirar férias de quatro semanas, não se levanta em uma manhã de verão e diz:
“Ei, vamos hoje!”. Você não terá nada pronto. Você não saberá para onde ir. Nada foi
planejado.

Mas é assim que muitos de nós tratamos a oração. Nós nos levantamos dia após dia e
percebemos que momentos significativos de oração devem ser uma parte da nossa vida, mas
nunca nada está pronto.

Não sabemos para onde ir. Nada foi planejado. Nenhum tempo. Nenhum lugar. Nenhuma
ação. E todos nós sabemos que o oposto do planejamento não é um fluxo maravilhoso de
experiências profundas e espontâneas na oração. O oposto do planejamento é a rotina.

Se você não planejar as férias, provavelmente ficará em casa e assistirá TV. O fluxo natural e
sem planejamento da vida espiritual afunda até o mais baixo declínio da vitalidade. Há uma
carreira a ser corrida e um combate a ser combatido. Se você deseja renovação em sua vida de
oração, deve planejar para vê-la.

Portanto, a minha simples exortação é esta: Dediquemos tempo ainda hoje para repensarmos
nossas prioridades e como a oração se encaixa nelas. Faça alguma nova resolução.
Experimente algo novo com Deus. Defina um horário. Estabeleça um lugar. Escolha uma parte
da Escritura para guiá-lo.

Não seja tiranizado pela pressão dos dias ocupados. Todos nós precisamos de correções
durante o caminho. Faça de hoje um dia de oração, para a glória de Deus e para a plenitude da
sua alegria.

16. Temor e esperança pelo zelo de Deus

Versículo do dia: Pois o nome do SENHOR é Zeloso; sim, Deus zeloso é ele. (Êxodo 34.14)

Deus é infinitamente zeloso pela honra do seu nome, e responde com terrível ira contra
aqueles cujos corações devem pertencer a ele, mas seguem após outras coisas.

Por exemplo, em Ezequiel 16.38-40 ele diz ao Israel infiel: “Julgar-te-ei como são julgadas as
adúlteras e as sanguinárias; e te farei vítima de furor e de ciúme. Entregar-te-ei nas suas mãos,
e derribarão o teu prostíbulo de culto… despir-te-ão de teus vestidos, tomarão as tuas finas
joias e te deixarão nua e descoberta. Farão subir contra ti uma multidão, apedrejar-te-ão e te
traspassarão com suas espadas”.

Eu lhes exorto a ouvir esse alerta. O zelo de Deus por seu amor e devoção indivisíveis sempre
terá a última palavra. Tudo o que atrai as suas afeições para longe de Deus com atração
enganosa voltará para lhes desnudar e traspassar.

É algo terrível usar a sua vida que foi dada por Deus para cometer adultério contra o Todo-
Poderoso.
Mas para aqueles de vocês que são verdadeiramente unidos a Cristo, que mantêm os seus
votos de abandonarem todos os outros, se unirem apenas a ele e viverem para a sua honra —
para vocês, o zelo de Deus é um grande consolo e esperança.

Visto que Deus é infinitamente zeloso pela honra do seu nome, qualquer coisa e qualquer
pessoa que ameaçam o bem da sua esposa fiel estão em oposição à onipotência divina.

O zelo de Deus é uma grande ameaça para aqueles que praticam a prostituição, vendem seu
coração ao mundo e fazem de Deus um marido traído. Mas o seu zelo é um grande consolo
para aqueles que guardam os votos da aliança e se tornam estrangeiros e peregrinos no
mundo.

17. O propósito da prosperidade

Versículo do dia: Aquele que furtava não furte mais; antes, trabalhe, fazendo com as próprias
mãos o que é bom, para que tenha com que acudir ao necessitado. (Efésios 4.28)

Existem três níveis de como viver com as coisas: (1) você pode roubar para obter; (2) ou você
pode trabalhar para obter; (3) ou você pode trabalhar para obter a fim de dar.

Muitos cristãos professos vivem no nível dois. Quase todas as forças da nossa cultura os
encorajam a viver no nível dois. Mas a Bíblia nos impulsiona inflexivelmente para o nível três.
“Deus pode fazer-vos abundar em toda graça, a fim de que, tendo sempre, em tudo, ampla
suficiência, superabundeis em toda boa obra” (2 Coríntios 9.8).

Por que Deus nos abençoa com abundância? Para que tenhamos o suficiente para viver e,
depois, usemos o restante para todo o tipo de boas obras que aliviam a miséria espiritual e
física. O suficiente para nós; abundância para os outros.

A questão não é o quanto uma pessoa ganha. Grandes negócios e grandes salários são uma
realidade dos nossos tempos, e não são necessariamente maus. O mau está em ser enganado
ao pensar que um salário de seis dígitos deve ser acompanhado por um estilo de vida de seis
dígitos.

Deus nos criou para sermos canais condutores da sua graça. O perigo está em pensar que o
canal condutor deve ser revestido com ouro. Não deveria. Cobre serve. O cobre pode conduzir
riquezas impressionantes a outros.

18. A alegria de Jesus no casamento

Versículo do dia: Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si
mesmo se entregou por ela, para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem
de água pela palavra, para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa. (Efésios 5.25-27)

A razão pela qual há tanta miséria no casamento não é que os maridos e as esposas buscam o
seu próprio prazer, mas que eles não o buscam no prazer dos seus cônjuges. O mandato
bíblico para maridos e esposas é que busquem a sua própria alegria na alegria do seu cônjuge.

Dificilmente há uma passagem mais hedonista na Bíblia do que aquela sobre o casamento em
Efésios 5.25-30. Os maridos são instruídos a amarem as suas esposas como Cristo amou a
igreja.
Como Jesus amou a igreja? Ele “a si mesmo se entregou por ela”. Mas por quê? “Para que a
santificasse” e a purificasse. Mas por que ele quis fazer isso? “Para a apresentar a si mesmo
igreja gloriosa”!

Ah! Aqui está! “Em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz” (Hebreus 12.2).
Que alegria? A alegria do casamento com a sua noiva, a igreja.

Jesus não deseja uma esposa suja e profana. Por isso, ele se dispôs a morrer para “santificar e
purificar” sua noiva para que pudesse apresentar a si mesmo uma esposa “gloriosa”. Ele
obteve o desejo do seu coração ao se entregar pelo bem da sua noiva.

19. A maior felicidade do amor

Versículo do dia: Ninguém jamais odiou a própria carne; antes, a alimenta e dela cuida, como
também Cristo o faz com a igreja; porque somos membros do seu corpo. (Efésios 5.29-30)

A união entre Cristo e sua noiva é tão próxima (“uma carne”) que qualquer bem feito a ela é
um bem feito a ele mesmo. A afirmação clara desse texto é que essa realidade motiva o
Senhor a nutrir, cuidar, santificar e purificar a sua noiva.

Segundo algumas definições, isso não pode ser amor. Eles dizem que o amor deve ser livre de
interesse pessoal — especialmente o amor cristão, especialmente o amor do Calvário. Eu
nunca vi tal visão de amor estando de acordo com essa passagem da Escritura.

Porém, esse texto chama claramente de amor o que Cristo faz por sua noiva: “Maridos, amai
vossa mulher, como também Cristo amou a igreja…” (Efésios 5.25). Por que não deixamos o
texto definir o amor para nós, em vez de trazermos a nossa definição a partir da ética ou da
filosofia? De acordo com esse texto, o amor é a busca da nossa alegria na santa alegria do
amado.

Não há maneira de excluir o interesse próprio do amor, pois o interesse próprio não é o
mesmo que egoísmo. O egoísmo busca a sua própria felicidade particular, à custa dos outros.

O amor busca a sua felicidade na felicidade do amado. O próprio amor sofrerá e morrerá pelo
amado, para que a sua alegria seja plena na vida e na pureza do amado.

Cristo nos amou assim, e é dessa forma que Cristo nos ordena a amar uns aos outros.

20. A primeira prioridade da oração

Versículo do dia: Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o
teu nome. (Mateus 6.9)

Na oração do Senhor, Jesus ensina que a primeira prioridade na oração é pedir que o nome do
nosso Pai celestial seja santificado.

Observe que essa é uma petição ou um pedido. Não é uma declaração (como eu pensei por
anos). É uma súplica a Deus para que ele faça com que o seu próprio nome seja santificado.

É como o texto de Mateus 9.38, onde Jesus nos diz para orarmos ao Senhor da seara para que
mande trabalhadores para sua própria seara. Nunca deixa de me maravilhar que nós, os
trabalhadores, sejamos instruídos a pedir ao dono do campo, que o conhece melhor do que
nós, para que acrescente mais trabalhadores ao campo.

Mas não é o mesmo que temos aqui na oração do Senhor — Jesus nos dizendo para pedirmos
a Deus, que é infinitamente zeloso pela honra do seu próprio nome, que o seu nome seja
santificado?

Talvez possa nos surpreender, mas é a mesma coisa. E isso nos ensina duas lições.

1. Uma é que a oração não move Deus a realizar coisas que ele não é inclinado a fazer.
Ele tem toda a intenção de fazer com que seu nome seja santificado. Nada é mais
elevado na lista de prioridades de Deus.

2. A outra é que a oração é o modo de Deus de alinhar as nossas prioridades com as dele.
Deus deseja fazer grandes coisas em consequência das nossas orações, quando as
nossas orações são a consequência dos seus grandes propósitos.

Alinhe o seu coração com o zelo de Deus de santificar o seu nome, e você orará com grande
sucesso. Que a sua primeira e determinante oração seja pela santificação do nome de Deus, e
as suas orações se unirão ao poder do zelo de Deus.

21. O mistério do casamento

Versículo do dia: Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois
uma só carne. (Gênesis 2.24)

Quando Deus propôs criar o homem e a mulher e instituiu a união do casamento, ele não
jogou dados, nem lançou sortes, nem arremessou uma moeda para determinar como eles
deveriam se relacionar. Ele padronizou o casamento muito intencionalmente a partir da
relação entre seu Filho e a igreja, que ele havia planejado desde a eternidade.

Portanto, o casamento é um mistério — ele contém e oculta um sentido muito maior do que
nós vemos exteriormente. Deus criou o ser humano, macho e fêmea, e ordenou o matrimônio
para que a relação de aliança eterna entre Cristo e sua igreja fosse representada na união
matrimonial.

A inferência de Paulo a partir desse mistério é que os papéis de marido e mulher no


casamento não são atribuídos de modo arbitrário, mas estão fundamentados nos papéis
distintivos de Cristo e sua igreja.

Aqueles de nós que são casados precisam ponderar repetidamente quão misterioso e
maravilhoso é o fato de Deus nos conceder no casamento o privilégio de representar
maravilhosas realidades divinas, infinitamente maiores e melhores do que nós mesmos.

Esse é o fundamento do padrão de amor que Paulo descreve para o casamento. Não é
suficiente dizer que cada cônjuge deve buscar a sua própria felicidade na alegria do outro.
Também é importante dizer que maridos e esposas devem copiar conscientemente o
relacionamento que Deus designou para Cristo e a igreja.

Eu espero que você considere isso seriamente, seja solteiro ou casado, velho ou jovem. A
revelação do Cristo e da sua igreja, que mantêm a aliança, permanece sobre o casamento.
22. Hedonismo para maridos e esposas

Versículo do dia: Como, porém, a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam
em tudo submissas ao seu marido. Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a
igreja e a si mesmo se entregou por ela. (Efésios 5.24-25)

Há um padrão de amor no casamento ordenado por Deus.

Os papéis de marido e mulher não são os mesmos. O marido deve extrair suas instruções
específicas a partir de Cristo como a cabeça da igreja. A esposa deve extrair suas instruções
específicas a partir da igreja como submissa a Cristo.

Ao fazer isso, os resultados pecaminosos e prejudiciais da queda começam a ser combatidos.


Em alguns homens, a queda perverteu a liderança amorosa masculina em domínio hostil, e em
outros, em indiferença preguiçosa. Em algumas mulheres, a queda perverteu a submissão
racional e voluntária feminina em manipulações servis, e em outras, em insubordinação
aberta.

A redenção que nós aguardamos na vinda de Cristo não é o desmantelamento da ordem da


criação de liderança amorosa e submissão voluntária, mas uma restauração dessa ordem.
Esposas, redimam a sua submissão caída moldando-a segundo o propósito de Deus para a
igreja! Maridos, redimam a sua liderança caída moldando-a segundo o desígnio de Deus para
Cristo!

Eu encontro essas duas coisas em Efésios 5.21-33: (1) a demonstração do hedonismo cristão
no casamento e (2) a direção que os seus impulsos devem tomar.

Esposas, busquem a sua alegria na alegria do seu marido, afirmando e honrando seu papel
ordenado por Deus como líder em seu relacionamento. Maridos, busquem a sua alegria na
alegria da sua esposa, aceitando a responsabilidade de liderar como Cristo liderou a igreja e se
entregou por ela.

Eu gostaria de testemunhar a bondade de Deus em minha vida. Descobri o hedonismo cristão


no mesmo ano em que me casei, em 1968. Desde então, Noël e eu, em obediência a Jesus
Cristo, buscamos tão apaixonadamente quanto podemos as alegrias mais profundas e
duradouras possíveis. Ainda que muito imperfeitamente, e por vezes de forma muito
vacilante, nós temos buscado a nossa própria alegria na alegria do outro.

E podemos testemunhar juntos: Para aqueles que se casam, esse é o caminho para o desejo do
coração. Para nós, o casamento tem sido uma matriz para o hedonismo cristão. Conforme
cada um busca a alegria na alegria do outro e cumpre um papel ordenado por Deus, o mistério
do casamento como uma parábola de Cristo e da igreja torna-se manifesto, para a sua grande
glória e nossa grande alegria.

23. Palavra final e decisiva de Deus

Versículo do dia: Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais,
pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho. (Hebreus 1.1-2)

Os últimos dias começam com a vinda do Filho ao mundo. Nós temos vivido nos últimos dias
desde os dias de Cristo — ou seja, nos últimos dias da história como a conhecemos antes do
estabelecimento final e pleno do reino de Deus.
O ponto principal para o escritor de Hebreus é que a Palavra que Deus falou por seu Filho é a
Palavra decisiva. Tal Palavra não será continuada nessa era por qualquer palavra maior ou
substituta. Essa é a Palavra de Deus: a pessoa, o ensinamento e a obra de Jesus.

Quando lamento que não ouço a Palavra de Deus, quando sinto um desejo de ouvir a voz de
Deus e fico frustrado por ele não falar da forma que eu desejo, o que estou dizendo de fato?
Estou realmente dizendo que fiquei exausto dessa Palavra decisiva e final revelada a mim tão
plenamente no Novo Testamento? Tenho realmente esgotado essa Palavra? Ela tornou-se
uma parte de mim de tal modo que tem moldado o meu próprio ser e me dado vida e direção?

Ou eu a tratei levianamente — a li superficialmente como um jornal, a provei como se testasse


o gosto, e depois decidi que eu queria algo diferente, algo mais? Eu temo ser mais culpado
disso do que eu desejo admitir.

Deus está nos chamando para ouvir a sua Palavra final e decisiva — para meditá-la, estudá-la,
memorizá-la, permanecer e mergulhar nela até que ela nos sature no centro do nosso ser.

24. Cristo é como a luz do sol

Versículo do dia: Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser. (Hebreus 1.3)

Jesus se relaciona com Deus como o esplendor se relaciona com a glória, ou como os raios de
sol se relacionam com o sol.

Tenha em mente que toda analogia entre Deus e as coisas naturais é imperfeita e será
distorcida se você a forçar. Contudo, considere, por exemplo:

1. Não há momento em que o sol exista sem os raios de esplendor. Eles não podem ser
separados. O esplendor é coeterno com a glória. Cristo é coeterno com Deus Pai.

2. O esplendor é a glória brilhando. Ele não é essencialmente diferente da glória. Cristo é


Deus que se apresenta como separado, mas não essencialmente diferente do Pai.

3. Assim, o esplendor é eternamente gerado, por assim dizer, pela glória — não criado ou
feito. Se você colocar sob a luz solar uma calculadora ativada pelo sol, os números
aparecerão na superfície da calculadora. Você poderia dizer que esses números são
criados ou feitos pelo sol, mas não são o que o sol é. Mas os raios do sol são uma
extensão do sol. Assim, Cristo é eternamente gerado pelo Pai, mas não criado ou feito.

4. Nós vemos o sol através de vermos os raios do sol. Assim, vemos a Deus Pai através de
vermos a Jesus. Os raios do sol chegam aqui cerca de oito minutos depois de deixarem
o sol, e a bola redonda de fogo que nós vemos no céu é a imagem — a exata
representação — do sol; não porque é uma pintura do sol, mas porque é o sol se
comunicando em seu esplendor.

Dessa forma, eu o recomendo essa grande Pessoa para que você possa confiar nele, amá-lo e
adorá-lo. Ele está vivo e sentado à destra de Deus com todo poder e autoridade e um dia virá
em grande glória. Ele tem esse lugar exaltado porque ele mesmo é Deus Filho.

25. A grande esperança missionária


Versículo do dia: Estando nós mortos em nossos delitos, [Deus] nos deu vida juntamente com
Cristo, – pela graça sois salvos. (Efésios 2.5)

A grande esperança missionária é que, quando o evangelho é pregado no poder do Espírito


Santo, o próprio Deus faz o que o homem não pode fazer: ele cria a fé que salva. O chamado
de Deus faz o que o chamado do homem não pode. Ele ressuscita os mortos. Ele cria vida
espiritual. É como o chamado de Jesus a Lázaro no sepulcro: “Vem para fora!” (João 11.43).

Podemos despertar alguém do sono com o nosso chamado, mas o chamado de Deus chama à
existência as coisas que não existem (Romanos 4.17). O chamado de Deus é irresistível no
sentido de que pode vencer toda resistência. Tal chamado é infalivelmente eficaz segundo o
propósito de Deus, de tal modo que Paulo pode dizer: “Aos que chamou, a esses também
justificou” (Romanos 8.30).

Em outras palavras, o chamado de Deus é tão eficaz que infalivelmente cria a fé pela qual uma
pessoa é justificada. Todos aqueles que são chamados são justificados. Mas ninguém é
justificado sem fé (Romanos 5.1). Portanto, o chamado de Deus não pode falhar em seu efeito
designado. Esse chamado irresistivelmente garante a fé que justifica.

Isso é o que o homem não pode fazer. É impossível. Somente Deus pode remover o coração de
pedra (Ezequiel 36.26). Somente Deus pode atrair pessoas ao Filho (João 6.44, 65). Somente
Deus pode abrir o coração para que atenda ao evangelho (Atos 16.14). Somente o Bom Pastor
conhece as suas ovelhas pelo nome.

Ele as chama e elas o seguem (João 10.3-4, 14). A soberana graça de Deus, fazendo o
humanamente impossível, é a grande esperança missionária.

26. Remédio para o missionário

Versículo do dia: Para Deus tudo é possível. (Marcos 10.27)

A graça soberana é a fonte de vida para o hedonista cristão. Pois o que o hedonista cristão
mais ama é a experiência da soberana graça de Deus o enchendo e transbordando para o bem
de outros.

Os missionários cristãos hedonistas amam a experiência de “não eu, mas a graça de Deus
comigo” (1 Coríntios 15.10). Eles se regozijam na verdade de que o fruto do seu trabalho
missionário é completamente de Deus (1 Coríntios 3.7; Romanos 11.36).

Eles sentem singular alegria quando o Mestre diz: “sem mim nada podeis fazer” (João 15.5).
Eles saltam como cordeiros diante da verdade de que Deus tirou o fardo impossível da
regeneração dos ombros deles e o colocou em seus próprios. Sem titubear, eles dizem: “Não
que, por nós mesmos, sejamos capazes de pensar alguma coisa, como se partisse de nós; pelo
contrário, a nossa suficiência vem de Deus” (2 Coríntios 3.5).

Quando eles voltam temporariamente ao seu país natal para descanso e reciclagem, nada lhes
dá mais alegria do que dizer às igrejas: “Não ousarei discorrer sobre coisa alguma, senão sobre
aquelas que Cristo fez por meu intermédio, para conduzir os gentios à obediência” (Romanos
15.18).

“Para Deus tudo é possível!” — à frente as palavras dão esperança, e atrás dão humildade. Elas
são o antídoto para o desespero e o orgulho: o perfeito remédio missionário.
27. Possível para Deus

Versículo do dia: Ainda tenho outras ovelhas, não deste aprisco; a mim me convém conduzi-
las; elas ouvirão a minha voz. (João 10.16)

Deus tem um povo em cada grupo populacional. Ele os chamará com o poder do Criador. E
eles crerão! Que poder há nessas palavras para vencer o desânimo nos lugares difíceis das
fronteiras!

A história de Peter Cameron Scott é uma boa ilustração. Nascido em Glasgow em 1867, Scott
se tornou o fundador da Missão para o Interior da África. Mas os seus começos na África foram
tudo, menos promissores.

Sua primeira viagem à África terminou em um acometimento severo de malária que o enviou
para casa. Ele resolveu voltar depois de ter se recuperado. Esse retorno foi especialmente
gratificante porque dessa vez seu irmão John se uniu a ele. Mas, em pouco tempo, John foi
acometido por febre.

Completamente sozinho, Peter enterrou seu irmão e, na agonia daqueles dias, voltou a se
comprometer a pregar o evangelho na África. Ainda assim, sua saúde declinou novamente, e
ele precisou voltar para a Inglaterra.

Como ele poderia sair da desolação e depressão daqueles dias? Ele havia se comprometido
com Deus. Mas onde encontraria força para voltar à África? Para o homem era impossível!

Ele encontrou força na Abadia de Westminster. O túmulo de David Livingstone ainda está lá.
Scott entrou em silêncio, encontrou o túmulo e se ajoelhou diante dele para orar. A inscrição
diz:

AINDA TENHO OUTRAS OVELHAS, NÃO DESTE APRISCO; A MIM ME CONVÉM CONDUZI-LAS.

Ele se levantou com uma nova esperança. Ele voltou para a África. E hoje a missão que ele
fundou é uma força vibrante e crescente para o evangelho na África.

Se a sua maior alegria é experimentar a graça de Deus transbordando de você para o bem de
outros, então a melhor notícia em todo o mundo é que Deus fará o impossível através de você
para a salvação de pessoas desconhecidas.

28. Recompensa radical

Versículo do dia: Em verdade vos digo que ninguém há que tenha deixado casa, ou irmãos, ou
irmãs, ou mãe, ou pai, ou filhos, ou campos por amor de mim e por amor do evangelho, que
não receba, já no presente, o cêntuplo de casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, com
perseguições; e, no mundo por vir, a vida eterna. (Marcos 10.29-30)

O que Jesus quer dizer aqui é que ele mesmo recompensa todo sacrifício.

 Se você desiste da afeição e cuidado aconchegantes de uma mãe, recebe cem vezes a
afeição e cuidado do Cristo sempre presente.

 Se você desiste da cordial amizade de um irmão, recebe cem vezes a cordialidade e


amizade de Cristo.
 Se você desiste do sentimento de familiaridade que teve em sua casa, recebe cem
vezes o conforto e segurança de saber que ao seu Senhor pertence toda casa.

Para os futuros missionários, Jesus diz: “Eu prometo trabalhar por você e ser para você de tal
forma que você não poderá falar sobre ter sacrificado qualquer coisa”.

Qual foi a atitude de Jesus em relação ao espírito “sacrificial” de Pedro? Pedro disse: “Eis que
nós tudo deixamos e te seguimos” (Marcos 10.28). Esse espírito de “abnegação” é elogiado por
Jesus? Não, é repreendido.

Jesus disse: “Ninguém nunca sacrifica nada por mim que eu não pague cem vezes — sim, num
sentido, mesmo nesta vida, para não mencionar a vida eterna na era vindoura”.

29. Doença, pecado ou sabotagem

Versículo do dia: Três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim. (2 Coríntios 12.8)

Toda a vida, se é vivida sinceramente pela fé, na busca pela glória de Deus e a salvação dos
outros, é como o cristão que vai para um local atingido por epidemias. O sofrimento
decorrente é parte do preço de viver onde você está, em obediência ao chamado de Deus.

Ao escolher seguir a Cristo no modo que ele conduz, escolhemos tudo o que esse caminho
inclui sob a sua soberana providência. Assim, todo o sofrimento que ocorre no caminho da
obediência é sofrimento com Cristo e por Cristo — seja câncer ou conflito.

E isso é “escolhido” — ou seja, seguimos voluntariamente o caminho da obediência onde o


sofrimento ocorre conosco, e não murmuramos contra Deus. Podemos orar, como fez Paulo,
para que o sofrimento seja retirado (2 Coríntios 12.8); mas se Deus quiser, nós finalmente o
aceitamos como parte do custo do discipulado no caminho da obediência a caminho do céu.

Todas as experiências de sofrimento no caminho da obediência cristã, seja por perseguição,


doença ou acidente, têm isso em comum: todas ameaçam a nossa fé na bondade de Deus e
nos tentam a deixar o caminho da obediência.

30. O perigo de estar à deriva

Versículo do dia: Importa que nos apeguemos, com mais firmeza, às verdades ouvidas, para
que delas jamais nos desviemos. (Hebreus 2.1)

Todos nós conhecemos pessoas com quem isso aconteceu. Sem senso de urgência, sem
vigilância, sem atenciosa escuta, consideração ou fixação dos olhos em Jesus, e o resultado
não foi uma parada, mas um ficar à deriva.

O importante aqui é: não existe parada. A vida neste mundo não é um lago. É um rio. E ele está
fluindo para baixo rumo à destruição. Se você não ouve sinceramente a Jesus, não o considera
diariamente e não fixa os seus olhos nele a todo momento, então não ficará parado; você
retrocederá. Você seguirá a correnteza.

Ficar à deriva é algo mortal na vida cristã. E o remédio, de acordo com Hebreus 2.1, é: “nos
apeguemos, com mais firmeza, às verdades ouvidas”. Ou seja, considere o que Deus está
dizendo em seu Filho Jesus. Fixe os seus olhos no que Deus está dizendo e fazendo em seu
Filho, Jesus Cristo.

Isso não é algo difícil de ser aprendido para que possamos nadar contra a correnteza do
pecado e da indiferença. A única coisa que nos impede de nadar dessa forma é o nosso desejo
pecaminoso de flutuar com outros interesses.

Mas não nos queixemos como se Deus tivesse nos dado um trabalho árduo. Ouvir, considerar,
fixar os olhos — isso não é o que você chamaria de descrição de um trabalho árduo. Não é
uma descrição de trabalho. É um convite solene para que estejamos satisfeitos em Jesus, de
modo que não sejamos atraídos correnteza abaixo por desejos enganosos.

Se você está à deriva hoje, um dos sinais de esperança de que você nasceu de novo é que você
se sente afligido por isso, e há um desejo crescente em seu coração de virar os olhos para
Jesus, considerá-lo e ouvi-lo nos dias, meses e anos que estão por vir.

31. O seminário do sofrimento

Versículo do dia: A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. (2


Coríntios 12.9)

Esse é o propósito universal de Deus para todo o sofrimento cristão: mais contentamento em
Deus e menos satisfação no eu e no mundo. Nunca ouvi ninguém dizer: “As lições
verdadeiramente profundas da vida vieram através de momentos de facilidade e conforto”.

Mas tenho ouvido santos fortes dizerem: “Todo o progresso significativo que eu já fiz para
compreender as profundezas do amor de Deus e crescer profundamente com ele veio através
do sofrimento”.

A pérola de maior valor é a glória de Cristo.

Por isso, Paulo destaca que em nossos sofrimentos a glória da graça de Cristo é magnificada.
Se confiamos em Cristo na nossa calamidade e ele sustenta nossa “alegria na esperança”,
então, fica evidente que ele é Deus de graça e força que nos satisfaz completamente.

Se nos apegamos a Jesus “quando tudo ao nosso redor desmorona”, então mostramos que ele
é mais desejável do que tudo o que perdemos.

Cristo disse ao apóstolo sofredor: “A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na
fraqueza”. Ao que Paulo respondeu: “De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas,
para que sobre mim repouse o poder de Cristo. Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas
injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque,
quando sou fraco, então, é que sou forte” (2 Coríntios 12.9-10).

Portanto, o sofrimento é claramente determinado por Deus, não apenas como uma forma de
desmamar os cristãos do eu e nutri-los na graça, mas também como uma maneira de
evidenciar essa graça e fazê-la brilhar. Isso é precisamente o que a fé faz: ela magnifica a graça
futura de Cristo.

NOVEMBRO
01. Os sofrimentos de Cristo em nós

Versículo dia: Agora, me regozijo nos meus sofrimentos por vós; e preencho o que resta das
aflições de Cristo, na minha carne, a favor do seu corpo, que é a igreja. (Colossenses 1.24)

Cristo preparou uma oferta de amor para o mundo ao sofrer e morrer por pecadores. Essa
oferta está consumada e nada lhe falta — exceto uma coisa: uma apresentação pessoal do
próprio Cristo às nações do mundo.

A resposta de Deus a essa falta é convocar o povo de Cristo (pessoas como Paulo) a fazerem
uma apresentação pessoal das aflições de Cristo ao mundo. Ao fazermos isso, “preenchemos o
que resta das aflições de Cristo”. Nós terminamos aquilo para que elas foram concebidas, a
saber, uma apresentação pessoal para as pessoas que não conhecem o valor infinito dessas
aflições.

Porém, o mais surpreendente sobre Colossenses 1.24 é como Paulo preenche o que resta das
aflições de Cristo.

Ele diz que são os seus próprios sofrimentos que preenchem as aflições de Cristo. Então, isso
significa que Paulo demonstra os sofrimentos de Cristo quando ele mesmo sofre por aqueles
que está tentando ganhar. Nos sofrimentos de Paulo, eles veem os sofrimentos de Cristo.

O resultado surpreendente é esse: Deus tem o propósito de que as aflições de Cristo sejam
demonstradas ao mundo por meio das aflições do seu povo.

Deus realmente tem a intenção de que o corpo de Cristo, a igreja, experimente alguns dos
sofrimentos que ele experimentou para que, quando proclamarmos a cruz como o caminho
para a vida, as pessoas vejam as marcas da cruz em nós e sintam o amor da cruz a partir de
nós.

02. Alegria na dor

Versículo do dia: Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem, e vos
perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vós. Regozijai-vos e exultai, porque é
grande o vosso galardão nos céus. (Mateus 5.11-12)

O Hedonismo Cristão afirma que há diferentes formas de se alegrar no sofrimento como um


cristão. Todas devem ser buscadas como uma expressão da todo-suficiente e todo-satisfatória
graça de Deus.

Uma forma de se regozijar no sofrimento vem de fixar nossa mente firmemente na grandeza
da recompensa que virá a nós na ressurreição. O efeito desse tipo de foco é fazer com que a
dor presente pareça pequena em comparação com o que está por vir: “Para mim tenho por
certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser
revelada em nós” (Romanos 8.18, veja 2 Coríntios 4.16-18). Ao tornar o sofrimento tolerável, a
alegria por nossa recompensa também tornará o amor possível.

“Amai, porém, os vossos inimigos, fazei o bem e emprestai, sem esperar nenhuma paga; será
grande o vosso galardão” (Lucas 6.35). Seja generoso com os pobres “e serás bem-aventurado,
pelo fato de não terem eles com que recompensar-te; a tua recompensa, porém, tu a
receberás na ressurreição dos justos” (Lucas 14.14).
Outra forma de se regozijar no sofrimento decorre dos efeitos do sofrimento em nossa
segurança da esperança. A alegria na aflição está enraizada na esperança da ressurreição, mas
nossa experiência do sofrimento também aprofunda a raiz dessa esperança. Por exemplo,
Paulo diz: “nos gloriamos nas próprias tribulações, sabendo que a tribulação produz
perseverança; e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança” (Romanos 5.3-4).

Aqui, a alegria de Paulo não está apenas enraizada em sua grande recompensa, mas no efeito
do sofrimento para solidificar a sua esperança naquela recompensa. As aflições produzem
perseverança, a perseverança produz um senso de que nossa fé é real e genuína, e isso
fortalece nossa esperança de que realmente teremos a Cristo.

03. O sentido do sofrimento

Versículo do dia: [Moisés] considerou o opróbrio de Cristo por maiores riquezas do que os
tesouros do Egito, porque contemplava o galardão. (Hebreus 11.26)

Não escolhemos o sofrimento simplesmente porque somos ordenados, mas porque aquele
que nos ordena o apresenta como o caminho para a alegria eterna.

Ele nos indica a obediência do sofrimento não para demonstrar a força da nossa devoção ao
dever, ou para revelar o vigor da nossa determinação moral, ou para verificar os limites da
nossa tolerância à dor, mas para manifestar, na fé semelhante à de uma criança, a infinita
preciosidade das suas promessas que nos satisfazem completamente.

Moisés preferiu “ser maltratado junto com o povo de Deus a usufruir prazeres transitórios do
pecado… porque contemplava o galardão” (Hebreus 11.25-26). Logo, a sua obediência
glorificou o Deus da graça, não a decisão de sofrer.

Essa é a essência do Hedonismo Cristão. Na busca da alegria através do sofrimento,


engrandecemos o valor da Fonte totalmente satisfatória da nossa alegria. O próprio Deus
brilha ainda mais no fim do nosso túnel de dor.

Se não manifestamos que ele é o objetivo e o fundamento da nossa alegria no sofrimento,


então o próprio sentido do nosso sofrimento será perdido.

O sentido é esse: Deus é lucro. Deus é lucro. Deus é lucro.

O fim principal do homem é glorificar a Deus. E é mais verdadeiro no sofrimento do que em


qualquer outra circunstância que Deus é mais glorificado em nós quando estamos mais
satisfeitos nele.

04. O real problema com a ansiedade

Versículo do dia: Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é
lançada no forno, quanto mais a vós outros, homens de pequena fé? (Mateus 6.30)

Jesus afirma que a raiz da ansiedade é fé inadequada na graça futura do nosso Pai.

Uma reação a tal afirmação pode ser: “Essa não é uma boa notícia! Na verdade, é muito
desencorajador aprender que aquilo que eu pensava ser uma simples luta contra uma
disposição ansiosa é, antes, uma luta muito mais profunda relativa a se confio em Deus”.
Minha resposta é concordar, mas depois discordar.

Suponha que você estivesse sentindo dor no estômago e a tratasse com remédios e dietas de
todos os tipos, sem êxito. E, depois, suponha que seu médico lhe diga, após uma visita de
rotina, que você tem câncer em seu intestino delgado. Seria uma boa notícia? Você diz: “com
certeza não!”. E eu concordo.

Mas permita-me fazer a pergunta de outra maneira: Você está feliz pelo médico ter
descoberto o câncer enquanto ele ainda é tratável e pelo fato de que, na verdade, pode ser
tratado com muito sucesso? Você diz: “sim, estou muito feliz que o médico tenha
diagnosticado o problema real”. Novamente, eu concordo.

Logo, a notícia de que você tem câncer não é uma boa notícia. Mas, em outro sentido, é uma
boa notícia, porque saber o que está realmente errado é bom, especialmente quando seu
problema pode ser tratado com sucesso.

Isso é semelhante a aprender que o verdadeiro problema por trás da ansiedade é a


incredulidade nas promessas da graça futura de Deus. E Deus é capaz de trabalhar de forma
maravilhosamente curativa quando clamamos: “Eu creio! Ajuda-me na minha falta de fé!”
(Marcos 9.24).

05. Você negligencia a sua salvação?

Versículo do dia: Como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação? (Hebreus
2.3)

Existe um senso de grandiosidade em sua mente a respeito da sua salvação? Ou você a


negligencia?

Você responde à grandiosidade da sua salvação? Ou você a considera da maneira que trata a
sua vontade, ou o documento de posse do seu carro, ou a escritura da sua casa? Você a
“assinou” uma vez e ela está em uma gaveta de documentos em algum lugar, mas não é
realmente grandiosa. Ela não tem nenhum efeito diário em você. Basicamente, você a
negligencia.

Mas o que essa grande salvação realmente é? O que, de fato, está sendo dito é:

 Não negligencie ser amado por Deus.

 Não negligencie ser perdoado, aceito, protegido, fortalecido e guiado pelo Deus Todo-
Poderoso.

 Não negligencie o sacrifício da vida de Cristo na cruz.

 Não negligencie o dom gratuito da justiça imputada pela fé.

 Não negligencie a remoção da ira de Deus e o sorriso reconciliado de Deus.

 Não negligencie a habitação do Espírito Santo e a comunhão e amizade do Cristo vivo.

 Não negligencie o esplendor da glória de Deus na face de Jesus.

 Não negligencie o livre acesso ao trono da graça.


 Não negligencie o tesouro inesgotável das promessas de Deus.

Essa é uma grande salvação. Negligenciá-la é muito ímpio. Não negligencie tão grande
salvação. Porque se o fizer, você certamente perecerá.

Portanto, ser cristão é algo muito sério — não é amargo, mas é sério. Nós somos
simplesmente fervorosos quanto a sermos felizes em nossa grande salvação.

Não seremos desviados por esse mundo para os prazeres passageiros e suicidas do pecado.
Não negligenciaremos nossa alegria eterna em Deus — que é a salvação. Nós preferiremos
arrancar os nossos olhos em vez de sermos atraídos para longe da vida eterna.

06. Amem uns aos outros com alegria

Versículo do dia: Ele te declarou, ó homem, o que é bom e que é o que o SENHOR pede de ti:
que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus.
(Miquéias 6.8)

Ninguém jamais se sentiu não amado porque lhe disseram que a sua alegria faria outra pessoa
feliz. Nunca fui acusado de egoísmo ao justificar uma gentileza baseado em que isso me dava
prazer. Ao contrário, os atos amorosos são verdadeiros na medida em que não são feitos de
má vontade.

E a boa alternativa à má vontade não é neutralidade ou obrigação, mas alegria. O autêntico


coração amoroso ama a misericórdia (Miquéias 6.8); não apenas age com misericórdia. O
Hedonismo Cristão nos compele a considerar essa verdade.

Nisto conhecemos que amamos os filhos de Deus: quando amamos a Deus e praticamos os
seus mandamentos. Porque este é o amor de Deus: que guardemos os seus mandamentos; ora,
os seus mandamentos não são penosos, porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo
(1 João 5.2-4).

Leia essas frases na ordem inversa e observe a lógica. Primeiro, ser nascido de Deus dá poder
para vencer o mundo. Isso é dito ser o fundamento ou base (“porque”) da afirmação de que os
mandamentos de Deus não são penosos.

Portanto, ser nascido de Deus dá um poder que vence a nossa aversão mundana à vontade de
Deus. Ora, os seus mandamentos não são “penosos”, mas sim o desejo e o deleite do nosso
coração. Este é o amor de Deus: não apenas que pratiquemos os seus mandamentos, como
também que eles não sejam pesados.

Depois, no versículo 2, é afirmado que a prova da veracidade do nosso amor pelos filhos de
Deus é o amor a Deus. O que isso nos ensina sobre nosso amor pelos filhos de Deus?

Já que o amor a Deus é fazer a sua vontade com alegria, e não com um sentimento de peso, e
já que o amor a Deus é a medida da veracidade do nosso amor pelos filhos de Deus, tal amor
também deve ser praticado com alegria e não com má vontade.

O Hedonismo Cristão está diretamente associado a servir em amor, porque nos impulsiona
para a obediência alegre.
07. O amor de Deus é condicional?

Versículo do dia: Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós outros. (Tiago 4.8)

Esse versículo significa que há uma experiência preciosa de paz, segurança, harmonia e
intimidade que não é incondicional. Ela depende de não entristecermos o Espírito.

Depende de abandonarmos os maus hábitos. Depende de deixarmos as pequenas


inconsistências das nossas vidas cristãs. Depende de caminharmos perto de Deus e desejarmos
o mais alto grau de santidade.

Se isso é verdade, eu temo que as atuais garantias vulneráveis de que o amor de Deus é
incondicional possam impedir as pessoas de fazerem as próprias coisas que a Bíblia diz que
elas precisam fazer para que tenham a paz que tanto desejam. Ao tentar dar paz através da
“incondicionalidade”, podemos estar afastando as pessoas do remédio que a Bíblia prescreve.

Declaremos incansavelmente a boa nova de que nossa justificação se baseia no valor da


obediência e do sacrifício de Cristo, e não no nosso (Romanos 5.19, “como, pela desobediência
de um só homem, muitos se tornaram pecadores, assim também, por meio da obediência de
um só, muitos se tornarão justos”).

Mas também declaremos a verdade bíblica de que A APRECIAÇÃO DESSA JUSTIFICAÇÃO em


seu efeito sobre a nossa alegria, confiança e poder de crescer em semelhança a Jesus está
condicionada a abandonarmos ativamente os pecados, deixarmos os maus hábitos e luxúrias
mortificantes, buscarmos intimidade com Cristo, e não entristecermos o Espírito.

08. Como não buscar a Deus

Versículo do dia: Se desviares o pé de profanar o sábado e de cuidar dos teus próprios


interesses no meu santo dia; se chamares ao sábado deleitoso e santo dia do SENHOR, digno
de honra, e o honrares não seguindo os teus caminhos, não pretendendo fazer a tua própria
vontade, nem falando palavras vãs, então, te deleitarás no SENHOR. Eu te farei cavalgar sobre
os altos da terra. (Isaías 58.13-14)

É possível buscar a Deus sem glorificar a Deus. Se nós quisermos que nossa busca honre a
Deus, devemos buscá-lo pela alegria na comunhão com ele.

Considere o Shabat como uma ilustração disso. O Senhor repreende o seu povo por buscar “a
sua própria” vontade no seu dia santo. Mas o que Deus quer dizer? Que eles estão se
deleitando em seus interesses e não na beleza do seu Deus.

Ele não repreende o seu prazer. Ele repreende a fraqueza desse prazer. Eles se mantinham nos
interesses seculares e, portanto, os honravam acima do Senhor.

Observe que chamar o Shabat “deleitoso” é paralelo a chamar o dia santo do Senhor de “digno
de honra”. Isso simplesmente significa que você honra aquilo em que se deleita. Ou você
glorifica aquilo em que tem prazer.

09. O fim da história


Versículo do dia: Estes sofrerão penalidade de eterna destruição, banidos da face do Senhor e
da glória do seu poder, quando vier para ser glorificado nos seus santos e ser admirado em
todos os que creram, naquele dia (porquanto foi crido entre vós o nosso testemunho). (2
Tessalonicenses 1.9-10)

Paulo descreve a segunda vinda de Cristo como esperança e terror.

Jesus Cristo está voltando não somente para realizar a salvação final do seu povo, mas para
que através da sua salvação seja “glorificado nos seus santos e admirado em todos os que
creram”.

Um comentário decisivo sobre o clímax da história, enquanto João descreve a Nova Jerusalém,
a igreja glorificada, está em Apocalipse 21.23: “A cidade não precisa nem do sol, nem da lua,
para lhe darem claridade, pois a glória de Deus a iluminou, e o Cordeiro é a sua lâmpada”.

Deus Pai e Deus Filho são a luz em que os cristãos viverão a sua eternidade.

Esta é a consumação do objetivo de Deus em toda a história: revelar a sua glória para que
todos a possam ver e louvar. A oração do Filho confirma o propósito final do Pai: “Pai, a minha
vontade é que onde eu estou, estejam também comigo os que me deste, para que vejam a
minha glória que me conferiste, porque me amaste antes da fundação do mundo” (João
17.24).

Podemos concluir que o fim principal de Deus é glorificar a Deus e fruir de si mesmo para
sempre. Ele é supremo no centro das suas próprias afeições. Por isso mesmo, ele é uma fonte
autossuficiente e inesgotável de graça.

10. Remova os seus medos

Versículo do dia: Em me vindo o temor, hei de confiar em ti. (Salmo 56.3)

Uma resposta possível à verdade de que nossa ansiedade está enraizada na incredulidade é a
seguinte: “Eu lido com sentimentos de ansiedade quase todos os dias; e assim sinto que minha
fé na graça de Deus deve ser totalmente inadequada. Então, eu me pergunto se posso ter
qualquer garantia de ser salvo”.

Minha resposta a essa preocupação é: Suponha que você está em uma corrida de carros e seu
inimigo, que não deseja que você termine a corrida, jogue lama em seu para-brisa. O fato de
você temporariamente perder de vista o seu objetivo e começar a desviar não significa que
sairá da corrida.

E, certamente, não significa que você está na pista errada. Caso contrário, o seu opositor — o
seu adversário — não o incomodaria de modo algum. Isso significa que você deve ligar os
limpadores de para-brisa.

Quando a ansiedade nos atinge e distorce a nossa visão da glória de Deus e da grandiosidade
do futuro que ele planeja para nós, isso não significa que somos incrédulos, ou que não
chegaremos ao céu. Isso significa que nossa fé está sendo atacada.

No primeiro golpe, nossa crença nas promessas de Deus pode titubear e se desviar. Mas se
continuaremos na pista e chegaremos à linha de chegada depende de, pela graça, colocarmos
em ação um processo de resistência — lutarmos contra a incredulidade da ansiedade. Nós
ligaremos os limpadores do para-brisa?

O Salmo 56.3 diz: “Em me vindo o temor, hei de confiar em ti”.

Observe que não é dito: “Eu nunca luto contra o temor”. O medo ataca e o combate começa.
Assim, a Bíblia não afirma que os verdadeiros crentes não terão nenhuma ansiedade. Em vez
disso, a Bíblia nos diz como lutar quando as ansiedades atacarem. Diz como devemos acionar
os limpadores do para-brisa.

11. Nós somos a casa de Cristo

Versículo do dia: Cristo, porém, como Filho, em sua casa; a qual casa somos nós, se
guardarmos firme, até ao fim, a ousadia e a exultação da esperança. (Hebreus 3.6)

A igreja de Jesus Cristo é a casa de Deus hoje. Isso significa que Jesus, nessa manhã — não
apenas nos dias de Moisés ou durante os seus dias na terra — mas nessa manhã, é nosso
Criador, nosso Proprietário, nosso Rei e nosso Provedor.

Ele é o Filho; nós somos os servos. Nós somos a casa de Deus. Moisés é um conosco nessa
casa, e ele é nosso conservo por meio do seu ministério profético. Mas Jesus é nosso Criador,
nosso Proprietário, nosso Rei e nosso Provedor.

E o texto conclui dizendo que somos a casa de Cristo — somos o seu povo, somos participantes
de um chamado celestial — “se guardarmos firme, até ao fim, a ousadia e a exultação da
esperança”. A evidência de que somos parte da família de Deus é que não abandonamos a
nossa esperança — Hebreus 10.35 diz: “Não abandoneis, portanto, a vossa confiança; ela tem
grande galardão” — nós não nos desviamos para a indiferença e incredulidade.

Tornar-se cristão e ser cristão acontecem da mesma maneira: esperando em Jesus — um tipo
de esperança que produz ousadia e exultação em Jesus.

O que você está esperando hoje? Onde você está buscando ousadia? Em você? Em
investimentos inteligentes? Em programas de exercício físico? Em trabalho árduo? Na sorte?

A palavra de Deus para você hoje é: “Considere Jesus”. E espere nele. Assim, você será parte
da sua casa e ele será seu Criador, seu Proprietário, seu Rei e seu Provedor.

11. Nós somos a casa de Cristo

Versículo do dia: Cristo, porém, como Filho, em sua casa; a qual casa somos nós, se
guardarmos firme, até ao fim, a ousadia e a exultação da esperança. (Hebreus 3.6)

A igreja de Jesus Cristo é a casa de Deus hoje. Isso significa que Jesus, nessa manhã — não
apenas nos dias de Moisés ou durante os seus dias na terra — mas nessa manhã, é nosso
Criador, nosso Proprietário, nosso Rei e nosso Provedor.

Ele é o Filho; nós somos os servos. Nós somos a casa de Deus. Moisés é um conosco nessa
casa, e ele é nosso conservo por meio do seu ministério profético. Mas Jesus é nosso Criador,
nosso Proprietário, nosso Rei e nosso Provedor.
E o texto conclui dizendo que somos a casa de Cristo — somos o seu povo, somos participantes
de um chamado celestial — “se guardarmos firme, até ao fim, a ousadia e a exultação da
esperança”. A evidência de que somos parte da família de Deus é que não abandonamos a
nossa esperança — Hebreus 10.35 diz: “Não abandoneis, portanto, a vossa confiança; ela tem
grande galardão” — nós não nos desviamos para a indiferença e incredulidade.

Tornar-se cristão e ser cristão acontecem da mesma maneira: esperando em Jesus — um tipo
de esperança que produz ousadia e exultação em Jesus.

O que você está esperando hoje? Onde você está buscando ousadia? Em você? Em
investimentos inteligentes? Em programas de exercício físico? Em trabalho árduo? Na sorte?

A palavra de Deus para você hoje é: “Considere Jesus”. E espere nele. Assim, você será parte
da sua casa e ele será seu Criador, seu Proprietário, seu Rei e seu Provedor.

12. Como Satanás serve a Deus

Versículo do dia: Tendes ouvido da paciência de Jó e vistes que fim o Senhor lhe deu. (Tiago
5.11)

Por trás de todas as enfermidades e deficiências está a vontade decisiva de Deus. Não que
Satanás não esteja envolvido — ele provavelmente sempre está envolvido de uma forma ou de
outra nos propósitos destrutivos (Atos 10.38). Mas o seu poder não é decisivo. Ele não pode
agir sem a permissão de Deus.

Essa é uma das questões na doença de Jó. O texto evidencia que quando Jó adoeceu,
“Satanás… feriu a Jó de tumores malignos” (Jó 2.7). Sua esposa o incitou a amaldiçoar a Deus.
Mas Jó disse: “temos recebido o bem de Deus e não receberíamos também o mal?” (Jó 2.10). E
novamente o autor do livro elogia Jó dizendo: “Em tudo isto, não pecou Jó com os seus lábios”.

Em outras palavras: Essa é uma visão correta da soberania de Deus sobre Satanás. Satanás é
real e pode ter uma participação em nossas calamidades, mas não uma participação definitiva
e decisiva.

Tiago deixa claro que Deus teve um bom propósito em todas as aflições de Jó: “Tendes ouvido
da paciência de Jó e vistes que fim o Senhor lhe deu; porque o Senhor é cheio de terna
misericórdia e compassivo” (Tiago 5.11).

Portanto, Satanás esteve envolvido, mas o propósito decisivo era de Deus, e era “cheio de
terna misericórdia e compassivo”.

Essa é a mesma lição que aprendemos a partir de 2 Coríntios 12.7, onde Paulo diz que o seu
espinho na carne era um mensageiro de Satanás, mas o propósito desse espinho era a sua
própria santidade: “E, para que não me ensoberbecesse com a grandeza das revelações, foi-
me posto um espinho na carne, mensageiro de Satanás, para me esbofetear” — para que não
me ensoberbecesse!

Ora, a humildade não é a intenção de Satanás nessa aflição. Portanto, o propósito é de Deus.
Logo, aqui Satanás está sendo usado por Deus para cumprir os seus bons propósitos na vida de
Paulo.
13. Não endureça o seu coração

Versículo do dia: Então vemos que eles não puderam entrar por causa da incredulidade.
(Hebreus 3.19)

Ainda que o povo de Israel tenha visto as águas do Mar Vermelho se abrirem e eles tenham
andado sobre a terra seca, no momento em que tiveram sede, o coração deles foi duro contra
Deus e eles não confiaram no cuidado de Deus por eles. Clamaram contra Deus e disseram que
a vida no Egito era melhor.

Este versículo está escrito para prevenir isso. Oh, quantos cristãos professos começam bem
com Deus. Eles ouvem que os seus pecados podem ser perdoados e que podem escapar do
inferno e ir para o céu. E eles dizem: “O que eu tenho a perder? Vou crer”.

Mas, então, dentro de uma semana, um mês, um ano ou dez anos, a provação vem — uma
temporada de nenhuma água no deserto. Há um fastio do maná e de modo sutil um desejo
crescente pelos prazeres passageiros do Egito, como Números 11.5-6 diz: “Lembramo-nos dos
peixes que, no Egito, comíamos de graça; dos pepinos, dos melões, dos alhos silvestres, das
cebolas e dos alhos. Agora, porém, seca-se a nossa alma, e nenhuma coisa vemos senão este
maná”.

Essa é uma condição terrível para se estar — não estar mais interessado em Cristo, em sua
palavra, na oração, no culto, nas missões e em viver para a glória de Deus, e considerar todos
os prazeres fugazes deste mundo como mais atraentes do que as coisas do Espírito.

Se essa é a sua situação, eu rogo que você ouça o Espírito Santo falando neste texto. Preste
atenção à palavra de Deus. Não endureça o seu coração. Conscientize-se do engano do
pecado. Considere a Jesus, o apóstolo e sumo sacerdote da nossa grande confissão, e
mantenha firme a sua confiança e esperança nele.

E se você nunca começou bem com Deus, então ponha a sua esperança nele. Converta-se do
pecado e da autossuficiência e coloque a sua confiança em um grande Salvador. Essas coisas
estão escritas para que você possa crer, perseverar e ter vida.

14. A maravilha da criação

Versículo do dia: Deus lhe dá corpo como lhe aprouve dar e a cada uma das sementes, o seu
corpo apropriado. (1 Coríntios 15.38)

Eu tenho colhido pequenas coisas nas Escrituras que revelam o envolvimento íntimo de Deus
na criação.

Por exemplo, em 1 Coríntios 15.38, Paulo está comparando como uma semente é plantada de
uma forma e cresce de outra forma com um “corpo” diferente de todos os outros corpos. Ele
diz: “Deus lhe dá um corpo exatamente como ele quer, e a cada uma das sementes um corpo
apropriado” (tradução do autor).

Essa é uma declaração notável sobre o envolvimento divino na forma como Deus projetou
cada semente para produzir sua própria planta única (não apenas espécies, mas cada semente
individual!).
Aqui, Paulo não está ensinando sobre a evolução, mas está mostrando como ele considera o
envolvimento íntimo de Deus com a criação. Evidentemente, ele não pode imaginar que
qualquer processo natural seja concebido sem que Deus o faça.

Novamente, no Salmo 94.9, é dito: “O que fez o ouvido, acaso, não ouvirá? E o que formou os
olhos será que não enxerga?”. O salmista afirma que Deus foi o criador do olho e que ele
projetou a maneira como o ouvido é disposto na cabeça para cumprir a sua função de audição.

Assim, quando nos encantamos com as maravilhas do olho humano e com a estrutura
impressionante do ouvido, não devemos nos maravilhar com processos do acaso, mas com a
mente e criatividade de Deus.

De modo semelhante, no Salmo 95.5: “Dele é o mar, pois ele o fez; obra de suas mãos, os
continentes”. O envolvimento de Deus em criar a terra e o mar é tal que de fato o mar é dele.

Não é como se ele, de alguma maneira impessoal, tivesse posto isso tudo em ação há bilhões
de anos. Pelo contrário, ele é o único dono porque ele o fez. Hoje, isso é obra das suas mãos e
traz as marcas do seu Criador reivindicando sobre si, como uma obra de arte pertence àquele
que a pintou até que ele a vende ou dá.

Eu sinalizo essas coisas não para resolver todos os problemas que envolvem as questões das
origens, mas para chamar você a ser centrado em Deus enquanto admira as maravilhas do
mundo.

15. Palavras para o combate

Versículo do dia: Não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou o teu
Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a minha destra fiel. (Isaías 41.10)

Quando estou ansioso por algum novo desafio ou reunião, eu regularmente combato a
incredulidade com uma das minhas promessas mais usadas: Isaías 41.10.

No dia em que troquei a América por três anos na Alemanha, meu pai me fez uma ligação de
longa distância e me deu essa promessa ao telefone. Por três anos, eu devo ter citado essa
promessa para mim mesmo umas quinhentas vezes ao passar por períodos de grande estresse.

Quando o motor da minha mente está em ponto morto, o ruído das engrenagens é o som de
Isaías 41.10.

Quando fico ansioso pelo fato do meu ministério ser inútil e vazio, luto contra a incredulidade
com a promessa de Isaías 55.11: “Assim será a palavra que sair da minha boca: não voltará
para mim vazia, mas fará o que me apraz e prosperará naquilo para que a designei”.

Quando fico ansioso por ser fraco demais para fazer meu trabalho, luto contra a incredulidade
com a promessa de Cristo: “A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza”
(2 Coríntios 12.9).

Quando fico ansioso quanto a decisões que preciso tomar a respeito do futuro, luto contra a
incredulidade com a promessa: “Instruir-te-ei e te ensinarei o caminho que deves seguir; e, sob
as minhas vistas, te darei conselho” (Salmo 32.8).

Quando fico ansioso por enfrentar adversários, luto contra a incredulidade com a promessa:
“Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Romanos 8.31).
Quando fico ansioso pelo bem-estar daqueles que amo, luto contra a incredulidade com a
promessa de que se eu, sendo mau, sei dar coisas boas aos meus filhos, quanto mais o “Pai,
que está nos céus, dará boas coisas aos que lhe pedirem?” (Mateus 7.11).

16. Quando estou ansioso

Versículo do dia: …lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós.
(1 Pedro 5.7)

Quando fico ansioso por estar doente, luto contra a incredulidade com a promessa: “Muitas
são as aflições do justo, mas o SENHOR de todas o livra” (Salmo 34.19). E, com tremor, eu
considero a promessa: “A tribulação produz perseverança; e a perseverança, experiência; e a
experiência, esperança. Ora, a esperança não confunde, porque o amor de Deus é derramado
em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado” (Romanos 5.3-5).

Quando fico ansioso por estar envelhecendo, luto contra a incredulidade com a promessa:
“Até à vossa velhice, eu serei o mesmo e, ainda até às cãs, eu vos carregarei; já o tenho feito;
levar-vos-ei, pois, carregar-vos-ei e vos salvarei” (Isaías 46.4).

Quando fico ansioso acerca da morte, luto contra a incredulidade com a promessa de que
“nenhum de nós vive para si mesmo, nem morre para si. Porque, se vivemos, para o Senhor
vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. Quer, pois, vivamos ou morramos, somos do
Senhor. Foi precisamente para esse fim que Cristo morreu e ressurgiu: para ser Senhor tanto
de mortos como de vivos” (Romanos 14.7-9).

Quando fico ansioso pela possibilidade de fazer naufrágio na fé e me afastar de Deus, luto
contra a incredulidade com as promessas: “aquele que começou boa obra em vós há de
completa-la até ao Dia de Cristo Jesus” (Filipenses 1.6); e: “Também pode salvar totalmente os
que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles” (Hebreus 7.25).

Façamos guerra, não contra outras pessoas, mas contra a nossa própria incredulidade. Essa é a
raiz da ansiedade, que, por sua vez, é a raiz de muitos outros pecados.

Portanto, mantenhamos os olhos fixos sobre as preciosas e mui grandes promessas de Deus.
Pegue a Bíblia, peça ajuda ao Espírito Santo, guarde as promessas em seu coração e lute o bom
combate — para viver pela fé na graça futura.

17. Mudar é possível

Versículo do dia: E vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão
procedentes da verdade. (Efésios 4.24)

Cristianismo significa que mudar é possível. Mudar de forma profunda e fundamental. É


possível se tornar compassivo quando uma vez você foi rude e insensível. É possível deixar de
ser dominado pela amargura e ira. É possível se tornar uma pessoa amorosa não importa o
que seu passado tenha sido.

A Bíblia afirma que Deus é o fator decisivo para nos transformar no que devemos ser. Com
maravilhosa franqueza, a Bíblia diz: “Longe de vós… toda malícia” e sejam “compassivos”
(Efésios 4.31-32). Não diz: “Se vocês puderem…”. Ou: “Se seus pais foram gentis com vocês…”.
Ou: “Se vocês não foram terrivelmente injustiçados…”. Diz: “Sede… compassivos”.

Isso é maravilhosamente libertador. Liberta-nos do fatalismo terrível que diz que a mudança é
impossível para mim. Liberta-me das visões mecanicistas que fazem do meu passado o meu
destino.

E os mandamentos de Deus sempre são acompanhados com a verdade libertadora a ser crida,
a qual muda a vida. Por exemplo,

 Deus nos adotou como seus filhos. Temos um novo Pai e uma nova família. Isso quebra
as forças fatalistas da nossa “família de origem”. “A ninguém sobre a terra chameis
vosso pai; porque só um é vosso Pai, aquele que está nos céus” (Mateus 23.9).

 Deus nos ama como seus filhos. Somos “filhos amados” (Efésios 5.1). O mandamento
para imitarmos o amor de Deus não carece de fundamento, ele é dado com poder:
“Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados”. “Amar!” é o mandamento e ser
amado é o poder.

 Deus nos perdoou em Cristo. Sede compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como
também Deus, em Cristo, vos perdoou. (Efésios 4.32). O que Deus fez é o poder para a
mudança. O mandamento para ser compassivo refere-se mais ao que Deus fez por
você do que ao que sua mãe fez com você. Esse tipo de mandamento indica que você
pode mudar.

 Cristo o amou e se entregou por você. “Andai em amor, como também Cristo nos
amou” (Efésios 5.2). O mandamento é acompanhado da verdade que muda a vida.
“Cristo amou você”. No momento em que há uma oportunidade de amar e alguma voz
diz: “Você não é uma pessoa amorosa”, você pode dizer: “O amor de Cristo por mim
faz de mim um novo tipo de pessoa. Seu mandamento para amar é tão seguramente
possível para mim quanto a sua promessa de amor é verdadeira para mim”.

18. O poder penetrante da palavra de Deus

Versículo do dia: Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer
espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é
apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração. (Hebreus 4.12)

A palavra de Deus é nossa única esperança. As boas novas das promessas de Deus e as
advertências do seu juízo são suficientemente cortantes, vivas e eficazes para penetrarem até
o íntimo do meu coração e me mostrarem que as falsidades do pecado são realmente
mentiras.

O aborto não criará um futuro maravilhoso para mim, nem a traição, nem vestir-se
sedutoramente, nem deixar a minha pureza sexual, nem ficar calado diante da desonestidade
no trabalho, nem o divórcio, nem a vingança. E o que me livra desse engano é a palavra de
Deus.

A palavra da promessa de Deus é como a abertura de uma grande janela para o sol brilhante
da manhã sobre as baratas do pecado disfarçadas como prazeres satisfatórios em nossos
corações. Deus deu a você a sua boa notícia, as suas promessas, a sua palavra para protegê-lo
dos profundos enganos do pecado que tentam endurecer o coração, atraí-lo para longe de
Deus e conduzi-lo à destruição.

Tenha bom ânimo em sua batalha para crer, porque a palavra de Deus é viva, eficaz e mais
penetrante do que qualquer espada de dois gumes, e atingirá mais profundamente do que
qualquer engano do pecado alguma vez já alcançou, e revelará o que é verdadeiramente
valioso e o que, de fato, é digno de confiança.

19. Todos nós precisamos de socorro

Versículo do dia: Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de


recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna. (Hebreus 4.16)

Cada um de nós precisa de socorro. Nós não somos Deus. Temos necessidades, fraqueza e
confusão. Temos limitações de todos os tipos. Nós precisamos de ajuda.

Mas cada um de nós tem outra coisa: temos pecados. E, portanto, no íntimo dos nossos
corações, sabemos que não merecemos o socorro que precisamos. E, assim, nos sentimos
aprisionados.

Eu preciso de socorro para viver minha vida, enfrentar a morte e lidar com a eternidade —
ajuda com minha família, minha esposa, meus filhos, minha solidão, meu trabalho, minha
saúde, minhas finanças. Eu preciso de socorro. Mas eu não mereço a ajuda de que preciso.

Então, o que posso fazer? Posso tentar negar toda essa necessidade e ser um super-homem
que não precisa de ajuda. Ou posso tentar sufocar tudo e lançar a minha vida em um mar de
prazeres sensuais. Ou posso simplesmente dar lugar à paralisia do desespero.

Mas Deus declara sobre essa conclusão sem esperança: Jesus Cristo se tornou um Sumo
Sacerdote para destruir esse desespero com a esperança; humilhar aquele super-homem ou
supermulher; e resgatar aquele miserável afogado.

Sim, todos nós precisamos de socorro. Sim, nenhum de nós merece o socorro que precisamos.
Porém, “não” ao desespero, ao orgulho e à luxúria. Veja o que Deus diz. Porque temos um
Grande Sumo Sacerdote, o trono de Deus é um trono de graça. E o socorro que recebemos
nesse trono é misericórdia e graça para nos socorrer em ocasião oportuna. Graça para socorro!
Não socorro merecido, mas socorro gracioso.

Você não está aprisionado. Diga “não” a essa mentira. Nós precisamos de socorro. Nós não o
merecemos. Mas podemos tê-lo. Você pode ter socorro agora e para sempre, caso receba e
confie no seu Sumo Sacerdote, Jesus, o Filho de Deus, e se aproxime de Deus por meio dele.

20. Cinco razões pelas quais a morte é lucro

Versículo do dia: Porquanto, para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro. (Filipenses 1.21)

Como o morrer é lucro?

1) Nossos espíritos serão aperfeiçoados (Hebreus 12.22-23).

Não haverá mais pecado em nós. Acabaremos com a guerra interior e com as decepções
angustiantes por ofendermos o Senhor que nos amou e a si mesmo se entregou por nós.
Mas tendes chegado ao monte Sião e à cidade do Deus vivo, a Jerusalém celestial, e a
incontáveis hostes de anjos, e à universal assembleia e igreja dos primogênitos arrolados nos
céus, e a Deus, o Juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados.

2) Nós seremos aliviados da dor deste mundo (Lucas 16.24-25).

A alegria da ressurreição ainda não será nossa, mas a alegria da liberdade da dor será. Jesus
conta a história de Lázaro e do homem rico para mostrar a grande inversão que está se
aproximando.

Então, clamando, [o homem rico] disse: Pai Abraão, tem misericórdia de mim! E manda a
Lázaro que molhe em água a ponta do dedo e me refresque a língua, porque estou
atormentado nesta chama. Disse, porém, Abraão: Filho, lembra-te de que recebeste os teus
bens em tua vida, e Lázaro igualmente, os males; agora, porém, aqui, ele está consolado; tu,
em tormentos.

3) Será concedido um profundo repouso em nossa alma (Apocalipse 6.9-11).

Haverá uma serenidade sob o olhar e cuidado de Deus que ultrapassará qualquer coisa que
conhecemos aqui, na mais calma noite de verão, diante do lago mais pacífico, em nossos
momentos mais felizes.

Vi, debaixo do altar, as almas daqueles que tinham sido mortos por causa da palavra de Deus e
por causa do testemunho que sustentavam. Clamaram em grande voz, dizendo: Até quando, ó
Soberano Senhor, santo e verdadeiro, não julgas, nem vingas o nosso sangue dos que habitam
sobre a terra? Então, a cada um deles foi dada uma vestidura branca, e lhes disseram que
repousassem ainda por pouco tempo

4) Experimentaremos uma profunda familiaridade (2 Coríntios 5.8).

Sem que saiba, toda a raça humana sente saudades de Deus. Quando voltarmos para casa e
para Cristo, haverá um contentamento além de qualquer senso de segurança e paz que já
conhecemos.

Entretanto, estamos em plena confiança, preferindo deixar o corpo e habitar com o Senhor.

5) Estaremos com Cristo (Filipenses 1.21-23).

Cristo é uma pessoa mais maravilhosa do que qualquer outra na terra. É mais sábio, forte e
bondoso do que qualquer outro com quem você gosta de estar. Ele é infinitamente
interessante. Ele sabe exatamente o que fazer e o que dizer a cada momento para fazer os
seus hóspedes tão felizes quanto eles possam ser. Ele transborda em amor e com uma visão
infinita de como usar esse amor para fazer seus queridos se sentirem amados. Portanto, Paulo
disse:

Porquanto, para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro. Entretanto, se o viver na carne traz
fruto para o meu trabalho, já não sei o que hei de escolher. Ora, de um e outro lado, estou
constrangido, tendo o desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor.

21. A seriedade da gratidão


Versículo do dia: Sabe, porém, isto: nos últimos dias, sobrevirão tempos difíceis, pois os
homens serão egoístas, avarentos, jactanciosos, arrogantes, blasfemadores, desobedientes aos
pais, ingratos… (2 Timóteo 3.1-2)

Observe como a ingratidão acompanha o orgulho, a blasfêmia e a insubordinação.

Em outro lugar, Paulo diz: “nem conversação torpe, nem palavras vãs ou chocarrices… antes,
pelo contrário, ações de graças” (Efésios 5.4). Assim, parece que a gratidão é o oposto da
desonra e violência.

O motivo disso é que o sentimento da gratidão é humilde, não orgulhoso. Gratidão é exaltar o
outro, e não a si mesmo. É alegre de coração, não irado ou amargurado.

A chave para libertar um coração grato e vencer a amargura, a desonra, o desrespeito e a


violência é uma forte confiança em Deus, o Criador, Sustentador, Provedor e Doador da
esperança. Se não cremos que estamos profundamente em dívida com Deus por tudo o que
temos ou esperamos ter, então a própria fonte da gratidão ficou seca.

Portanto, concluo que a ascensão da violência, do sacrilégio, da desonra e da insubordinação


nos últimos tempos é uma questão relativa a Deus. A questão básica é a falha em sentirmos
gratidão nos níveis mais elevados da nossa dependência.

Quando a elevada fonte da gratidão a Deus falha no topo da montanha, logo todos os
reservatórios de gratidão começam a secar mais abaixo na montanha. E quando não há
gratidão, a soberania do “eu” desculpará cada vez mais a corrupção para o seu próprio prazer.

Ore por um grande despertamento da gratidão humilde.

22. A chave para a maturidade espiritual

Versículo do dia: O alimento sólido é para os adultos, para aqueles que, pela prática, têm as
suas faculdades exercitadas para discernir não somente o bem, mas também o mal. (Hebreus
5.14)

Isso é maravilhoso. Fique atento. Isso pode evitar anos de vida desperdiçada.

O que esse versículo está dizendo é que se você deseja se tornar maduro e entender os
ensinamentos mais sólidos da palavra, então o rico, nutritivo e precioso leite das promessas do
evangelho de Deus deve transformar os seus sentidos morais — sua mente espiritual — para
que você consiga discernir entre o bem e o mal.

Ou, permita-me expressá-lo de outra forma. Preparar-se para se banquetear com toda a
palavra de Deus não é primeiro um desafio intelectual; é primeiro um desafio moral. Se você
deseja comer o alimento sólido da palavra, deve exercitar os seus sentidos espirituais de modo
a desenvolver uma mente que discerne entre o bem e o mal.

A verdade surpreendente é que se você falha em entender Melquisedeque em Gênesis e


Hebreus, pode ser porque você vê programas de TV questionáveis. Se você tropeça na
doutrina da eleição, pode ser porque você ainda usa algumas práticas obscuras nos negócios.
Se você tropeça na obra teocêntrica de Cristo na cruz, pode ser porque você ama o dinheiro, –
gasta demais e doa pouquíssimo.
O caminho para a maturidade e para o alimento bíblico sólido não é primeiro se tornar uma
pessoa inteligente, mas uma pessoa obediente. O que você faz com álcool, sexo, dinheiro,
lazer, comida e computadores tem mais relação com sua capacidade para a comida sólida do
que onde você vai estudar ou que livros você lê.

Isso é tão importante porque em nossa sociedade altamente tecnológica somos propensos a
pensar que a educação — especialmente o desenvolvimento intelectual — é a chave para a
maturidade. Há muitos PhDs que estão sufocados em sua imaturidade espiritual sobre as
coisas de Deus. E há muitos santos menos eruditos que são profundamente maduros e podem
se alimentar com prazer e ter proveito com as coisas mais profundas da Palavra de Deus.

23. Quando Deus jura por si mesmo

Versículo do dia: Pois, quando Deus fez a promessa a Abraão, visto que não tinha ninguém
superior por quem jurar, jurou por si mesmo, dizendo: Certamente, te abençoarei e te
multiplicarei. (Hebreus 6.13-14)

Há uma Pessoa cujo valor, honra, dignidade, preciosidade, grandeza, beleza e reputação é
maior do que todas as outras excelências combinadas — dez mil vezes mais — a saber, o
próprio Deus. Então, Deus jura por si mesmo.

Se Deus pudesse ir mais alto, ele iria mais alto. Por quê? Para dar a você forte encorajamento
em sua esperança. O que Deus está dizendo ao jurar por si mesmo é que é tão improvável que
ele quebre a sua promessa de nos abençoar, quanto é improvável que ele despreze a si
mesmo.

Deus é a maior excelência no universo. Não há nada mais valioso ou maravilhoso do que Deus.
Portanto, Deus jura por Deus. E, ao fazê-lo, diz: “Quero que você confie em mim tanto quanto
for possível”. Porque, se mais fosse possível, Hebreus 6.13 diz que ele nos daria.

Esse é o nosso Deus, o Deus que vai tão alto quanto ele pode ir para estimular a sua esperança
inabalável. Portanto, fuja para Deus em busca de refúgio. Deixe todas as esperanças
superficiais e autodestrutivas do mundo e coloque a sua esperança em Deus. Não há nada e
nem ninguém que se assemelhe a Deus como um refúgio e uma rocha de esperança.

24. Apegue-se à sua esperança

Versículo do dia: Por isso, Deus, quando quis mostrar mais firmemente aos herdeiros da
promessa a imutabilidade do seu propósito, se interpôs com juramento, para que, mediante
duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta, forte alento tenhamos nós que já
corremos para o refúgio, a fim de lançar mão da esperança proposta. (Hebreus 6.17-18)

Por que o escritor nos encoraja a lançarmos mão da nossa esperança? Se a nossa segurança
foi obtida e irrevogavelmente garantida pelo sangue de Jesus, então por que Deus nos diz para
nos mantermos firmes?

A resposta é esta:

 O que Cristo comprou para nós quando morreu não foi a liberdade de nos mantermos
firmes, mas o poder capacitador para isso.
 O que ele comprou não foi a anulação das nossas vontades, ainda que não tivéssemos
nenhuma para nos mantermos firmes, mas a capacitação das nossas vontades, porque
nós desejamos nos manter firmes.

 O que ele comprou não foi o cancelamento da ordem para nos mantermos firmes, mas
o cumprimento desse mandamento.

 O que ele comprou não foi o fim da exortação, mas o triunfo da exortação.

Ele morreu para que você fizesse exatamente o que Paulo fez em Filipenses 3.12: “Prossigo
para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus”. Não é tolice, é o
evangelho, dizer para um pecador fazer o que somente Cristo pode capacitá-lo a fazer, ou seja,
esperar em Deus.

Assim, exorto-lhe de todo o coração: Tome e lance mão daquilo para o que você foi alcançado
por Cristo, e apegue-se a isso com toda a sua força.

25. Glorifique dando graças

Versículo do dia: Todas as coisas existem por amor de vós, para que a graça, multiplicando-se,
torne abundantes as ações de graças por meio de muitos, para glória de Deus. (2 Coríntios
4.15)

Gratidão é alegria direcionada a Deus pela sua graça. Mas em sua própria natureza, a gratidão
glorifica o doador. A gratidão reconhece a sua própria necessidade e a beneficência do doador.

Assim como eu me humilho e exalto a garçonete no restaurante quando eu digo “obrigado” a


ela, assim eu me humilho e exalto a Deus quando eu sou grato a ele. A diferença, é claro, é que
eu, de fato, estou infinitamente em dívida com Deus pela sua graça, e tudo o que ele faz por
mim é livre e imerecido.

Mas a questão é que a gratidão glorifica o doador. Glorifica a Deus. E esse é o objetivo final de
Paulo em todos os seus labores: por causa da igreja — sim; mas acima e além disso, para a
glória de Deus.

O que é maravilhoso no evangelho é que a resposta que exige de nós para a glória de Deus é
também a resposta que sentimos ser a mais natural e alegre; ou seja, gratidão pela graça. A
glória de Deus e a nossa alegria não estão em competição.

Uma vida que dá glória a Deus por sua graça e uma vida de profunda alegria são sempre a
mesma vida. E o que as faz uma é a gratidão.

26. Jesus ora por nós

Versículo do dia: [Jesus] pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo
sempre para interceder por eles. (Hebreus 7.25)

Aqui é afirmado que Cristo é capaz de salvar totalmente — para sempre — uma vez que ele
vive sempre para interceder por nós. Em outras palavras, ele não seria capaz de nos salvar
para sempre se não continuasse intercedendo por nós para sempre.
Isso significa que nossa salvação é tão segura quanto o sacerdócio de Cristo é indestrutível. É
por isso que precisávamos de um sacerdote muito maior do que qualquer ser humano. A
divindade de Cristo assegura para nós o seu sacerdócio indestrutível.

Portanto, não devemos falar sobre a nossa salvação em termos estáticos, como falamos
muitas vezes — como se eu tivesse tomado uma decisão em dada ocasião, e Cristo tivesse
feito algo uma vez quando ele morreu e ressuscitou, e isso fosse tudo que diz respeito à
salvação. Isso não é tudo.

Hoje mesmo estou sendo salvo pela eterna intercessão de Jesus no céu. Jesus está orando por
nós e essa é a nossa salvação.

Somos salvos eternamente pelas orações eternas (Romanos 8.34) e pela advocacia (1 João 2.1)
de Jesus no céu como nosso sumo sacerdote. Ele ora por nós e suas orações são respondidas
porque ele ora perfeitamente com base em seu perfeito sacrifício.

27. Como exaltar a Deus

Versículo do dia: Louvarei com cânticos o nome de Deus, exaltá-lo-ei com ações de graças.
(Salmo 69.30)

Existem duas formas de engrandecer: engrandecer com o microscópio e engrandecer com o


telescópio. Um faz algo pequeno parecer maior do que é. O outro faz algo grande começar a
ser visto como tão grande quanto de fato é.

Quando Davi diz: “Exaltá-lo-ei [a Deus] com ação de graças”, não quer dizer: “Farei um Deus
pequeno parecer maior do que ele é”. Davi quer dizer: “Farei um Deus grande começar a ser
visto como tão grande quanto ele realmente é”.

Não somos chamados a ser microscópios, mas telescópios. Os cristãos não são chamados a ser
homens enganadores que exaltam o seu produto de modo desproporcional à realidade,
quando sabem que o produto do concorrente é muito melhor. Não há nada e ninguém
superior a Deus. E, assim, o chamado de quem ama a Deus é fazer com que sua grandeza
comece a ser vista como tão grande quanto de fato é.

Todo o dever do cristão pode ser resumido nisso: sentir, pensar e agir de uma maneira que
fará Deus ser visto como tão grande quanto de fato ele é. Seja para o mundo um telescópio da
infinita e resplandecente riqueza da glória de Deus.

Esse é o significado de um cristão exaltar a Deus. Mas você não pode exaltar o que você não
tem contemplado ou o que você esquece rapidamente.

Logo, nossa primeira tarefa é ver e lembrar a grandeza e bondade de Deus. Assim, oramos a
Deus, “Abra os olhos do meu coração”, e pregamos à nossa alma: “Alma, não te esqueças de
nem um só de seus benefícios”.

28. A raiz da ingratidão

Versículo do dia: Porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem
lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes
o coração insensato. (Romanos 1.21)
Quando a gratidão brota no coração humano em direção a Deus, ele é exaltado como a rica
fonte da nossa bênção. Ele é reconhecido como doador e benfeitor e, portanto, como glorioso.

Mas quando a gratidão não surge em nossos corações diante da grande bondade de Deus para
conosco, provavelmente isso significa que não desejamos honrá-lo; não queremos exaltá-lo
como nosso benfeitor.

E há uma razão muito boa pela qual os seres humanos por natureza não desejam exaltar a
Deus com ação de graças ou glorificá-lo como seu benfeitor. A razão é que isso diminui a glória
deles mesmos, e todas as pessoas por natureza amam a sua própria glória mais do que a glória
de Deus.

Na raiz de toda ingratidão está o amor pela própria grandeza. Pois a gratidão verdadeira
admite que somos beneficiários de uma herança imerecida. Nós somos aleijados apoiados na
muleta em forma de cruz de Jesus Cristo. Somos paralíticos vivendo minuto a minuto
dependendo do pulmão artificial da misericórdia de Deus. Somos crianças dormindo no
carrinho celestial.

O homem natural odeia pensar em si mesmo nessas figuras: beneficiário indigno, aleijado,
paralítico, criança. Elas tiram toda a sua glória, dando-a toda a Deus.

Portanto, enquanto um homem ama a sua própria glória, valoriza a sua autossuficiência, e
odeia pensar em si mesmo como enfermo pelo pecado e desamparado, nunca sentirá
nenhuma gratidão genuína pelo Deus verdadeiro e, assim, nunca exaltará a Deus, mas apenas
a si mesmo.

“Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes; não vim chamar justos, e sim pecadores”
(Marcos 2.17).

Jesus não tem nada a fazer por aqueles que insistem que estão bem. Ele exige algo grande:
que admitamos que não somos grandes. Essa é uma má notícia para os arrogantes, mas
palavras doces para aqueles que têm abandonado a sua farsa de autossuficiência e estão
buscando a Deus.

29. O único purificador da consciência

Versículo do dia: Muito mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito eterno, a si mesmo se
ofereceu sem mácula a Deus, purificará a nossa consciência de obras mortas, para servirmos
ao Deus vivo! (Hebreus 9.14)

Nós estamos na era moderna — a era da Internet, telefones inteligentes, viagens espaciais e
transplantes cardíacos — e nosso problema é fundamentalmente o mesmo de sempre: nossas
consciências nos condenam e nos fazem sentir inaceitáveis a Deus. Somos separados de Deus.

Podemos nos ferir, ou lançar nossos filhos no rio sagrado, ou doar um milhão de reais para a
caridade, ou servir em uma cozinha comunitária, ou realizar cem formas de penitência e
autoflagelo, e o resultado será o mesmo: A mácula permanece e a morte aterroriza.

Nós sabemos que a nossa consciência é contaminada — não por coisas exteriores como tocar
um cadáver, uma fralda suja ou um pedaço de carne de porco. Jesus disse: o que sai de um
homem, isso é o que o contamina, não o que entra (Marcos 7.15-23). Nós somos
contaminados por atitudes como orgulho, autopiedade, amargura, luxúria, inveja, ciúme,
cobiça, apatia e medo.

A única solução nessa era moderna, como em qualquer outra era, é o sangue de Cristo.
Quando a sua consciência se levantar e o condenar, para onde você irá? Hebreus 9.14 lhe dá a
resposta: Vá para Cristo.

Vá para o sangue de Cristo. Vá para o único purificador no universo que pode lhe dar alívio na
vida e paz na morte.

30. A vergonha triunfante da cruz

Versículo do dia: Nem ainda para se oferecer a si mesmo muitas vezes, como o sumo sacerdote
cada ano entra no Santo dos Santos com sangue alheio. Ora, neste caso, seria necessário que
ele tivesse sofrido muitas vezes desde a fundação do mundo; agora, porém, ao se cumprirem
os tempos, se manifestou uma vez por todas, para aniquilar, pelo sacrifício de si mesmo, o
pecado. (Hebreus 9.25-26)

Não deve se considerar como garantido que haverá um acolhimento para pecadores no céu.

Deus é santo, puro, perfeitamente justo e reto. Contudo, toda a história da Bíblia é sobre como
um Deus tão grande e santo pode receber e recebe pessoas sujas como você e eu em sua
presença. Como é possível?

Hebreus 9.25 diz que o sacrifício de Cristo pelo pecado não foi como os sacrifícios dos sumos
sacerdotes judeus. Eles entravam no Santo dos santos anualmente com sacrifícios de animais
para expiar os pecados do povo. Mas esses versículos dizem que Cristo não entrou no céu para
“oferecer a si mesmo muitas vezes… neste caso, seria necessário que ele tivesse sofrido muitas
vezes desde a fundação do mundo” (Hebreus 9.26).

Se Cristo tivesse seguido o modelo dos sacerdotes, precisaria morrer anualmente. E como os
pecados a serem cobertos incluiriam os pecados de Adão e Eva, ele precisaria começar sua
morte anual na fundação do mundo. Mas o escritor trata isso como impensável.

Por que isso é impensável? Porque faria a morte do Filho de Deus parecer fraca e ineficaz. Se
precisasse ser repetida ano após ano durante séculos, onde estaria o triunfo? Onde veríamos o
valor infinito do sacrifício do Filho? O valor desapareceria na vergonha de um sofrimento e
morte anuais.

Houve vergonha na cruz, mas foi uma vergonha triunfante. “[Jesus] não fez caso da ignomínia,
e está assentado à destra do trono de Deus” (Hebreus 12.2).

Esse é o evangelho da glória de Cristo, a imagem de Deus (2 Coríntios 4.4). Oro para que, por
mais sujo com o pecado que você seja, você veja a luz dessa glória e creia.

DEZEMBRO

01. Prepare o caminho


Versículo do dia: E converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor, seu Deus. E irá adiante do
Senhor no espírito e poder de Elias, para converter o coração dos pais aos filhos, converter os
desobedientes à prudência dos justos e habilitar para o Senhor um povo preparado. (Lucas
1.16-17)

O que João Batista fez por Israel, o Advento pode fazer por nós. Não deixe que o Natal o
encontre despreparado. Digo, espiritualmente despreparado. A alegria e o impacto do Natal
serão muito maiores se você estiver pronto!

Para que você se prepare…

Primeiramente, medite sobre o fato de que precisamos de um Salvador. O Natal é uma


acusação antes de se tornar uma alegria. Ele não cumprirá o seu propósito até que sintamos
desesperadamente a necessidade de um Salvador. Que essas breves meditações sobre o
Advento ajudem a despertar em você um senso amargo e doce de necessidade do Salvador.

Em segundo lugar, faça um autoexame sério. O Advento é para o Natal o que a Quaresma é
para a Páscoa. “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração, prova-me e conhece os meus
pensamentos; vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno” (Salmo
139.23-24). Que todo coração prepare pousada para Cristo… pela limpeza da casa.

Em terceiro lugar, desenvolva uma antecipação, expectativa e entusiasmo centrados em Deus


em sua casa — especialmente para as crianças. Se você estiver exultante por Cristo, elas
também estarão. Se você só consegue tornar o Natal emocionante pelas coisas materiais,
como as crianças terão sede de Deus? Dobre os esforços da sua imaginação para tornar visível
para as crianças a maravilha da chegada do Rei.

Em quarto lugar, tenha muito contato com as Escrituras e memorize as grandes passagens!
“Não é a minha palavra fogo, diz o SENHOR?” (Jeremias 23.29)! Esteja ao redor do fogo nessa
época do Advento. É aconchegante. É brilhante em cores da graça. É cura para mil dores. É luz
para as noites escuras.

02. O magnífico Deus de Maria

Versículo do dia: Então, disse Maria: A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se
alegrou em Deus, meu Salvador, porque contemplou na humildade da sua serva. Pois, desde
agora, todas as gerações me considerarão bem-aventurada, porque o Poderoso me fez grandes
coisas. Santo é o seu nome. A sua misericórdia vai de geração em geração sobre os que o
temem. Agiu com o seu braço valorosamente; dispersou os que, no coração, alimentavam
pensamentos soberbos. Derribou do seu trono os poderosos e exaltou os humildes. Encheu de
bens os famintos e despediu vazios os ricos. Amparou a Israel, seu servo, a fim de lembrar-se da
sua misericórdia a favor de Abraão e de sua descendência, para sempre, como prometera aos
nossos pais. (Lucas 1.46-55)

Maria vê claramente algo extraordinário sobre Deus: Ele está prestes a mudar o curso de toda
a história humana; as três décadas mais importantes de todos os tempos estão prestes a
começar.

E onde está Deus? Ocupando-se com duas mulheres desconhecidas e simples — uma velha e
estéril (Isabel), uma jovem e virgem (Maria). E Maria fica tão comovida por essa visão de Deus,
aquele que ama os humildes, que ela irrompe em canção — um cântico que ficou conhecido
como “O Magnificat” (Lucas 1.46-55).

Maria e Isabel são heroínas maravilhosas no relato de Lucas. Ele ama a fé dessas mulheres.
Parece que a coisa que mais o impressiona, e aquilo que ele quer inspirar em seu nobre leitor
Teófilo, é a submissão e humildade alegre de Isabel e Maria

Isabel diz (Lucas 1.43): “E de onde me provém que me venha visitar a mãe do meu Senhor?”. E
Maria diz (Lucas 1.48): “porque contemplou na humildade da sua serva”.

As únicas pessoas cuja alma pode verdadeiramente engrandecer ao Senhor são pessoas como
Isabel e Maria — pessoas que reconhecem sua condição humilde e são conquistadas pela
condescendência do Deus magnífico.

03. A visitação há muito tempo esperada

Versículo do dia: Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, porque visitou e redimiu o seu povo, e
nos suscitou plena e poderosa salvação na casa de Davi, seu servo, como prometera, desde a
antiguidade, por boca dos seus santos profetas, para nos libertar dos nossos inimigos e das
mãos de todos os que nos odeiam. (Lucas 1.68-71)

Observe duas coisas impressionantes a partir dessas palavras de Zacarias em Lucas 1.

Em primeiro lugar, nove meses antes, Zacarias não podia acreditar que sua esposa teria um
filho. Agora, cheio do Espírito Santo, ele está tão confiante na obra redentora de Deus no
Messias prestes a vir que ele o expressa no tempo passado. Para a mente da fé, um ato
prometido por Deus é tão certo como se já estivesse realizado. Zacarias aprendeu a aceitar a
palavra de Deus e assim tem uma segurança impressionante: “Deus visitou e redimiu!” (Lucas
1.68).

Em segundo lugar, a vinda de Jesus, o Messias, é uma visitação de Deus ao nosso mundo: O
Deus de Israel “visitou e redimiu” (Lucas 1.68). Durante séculos, o povo judeu esteve abatido
sob a convicção de que Deus havia se retirado: o espírito de profecia tinha cessado, Israel caíra
nas mãos de Roma. E todos os piedosos em Israel estavam aguardando a visitação de Deus.
Lucas nos diz que o piedoso Simeão “esperava a consolação de Israel” (Lucas 2.25). Da mesma
forma, a orante Ana estava “esperando a redenção de Jerusalém” (Lucas 2.38).

Esses foram dias de grande expectativa. Agora, a tão esperada visitação de Deus estava prestes
a acontecer — de fato, estava se aproximando de uma forma que ninguém imaginava.

04. Para os pequeninos de Deus

Versículo do dia: Naqueles dias, foi publicado um decreto de César Augusto, convocando toda
a população do império para recensear-se. Este, o primeiro recenseamento, foi feito quando
Quirino era governador da Síria. Todos iam alistar-se, cada um à sua própria cidade. José
também subiu da Galiléia, da cidade de Nazaré, para a Judéia, à cidade de Davi, chamada
Belém, por ser ele da casa e família de Davi, a fim de alistar-se com Maria, sua esposa, que
estava grávida. (Lucas 2.1-5)
Você já pensou que coisa maravilhosa é que Deus tenha ordenado de antemão que o Messias
nascesse em Belém (como mostra a profecia em Miquéias 5); e que ele ordenou tudo de tal
modo que, quando chegou o tempo, a mãe e o pai (segundo a lei) do Messias estavam vivendo
em Nazaré; e que para cumprir a sua palavra e levar duas pequenas pessoas a Belém nesse
primeiro natal, Deus colocou no coração de César Augusto que todo o mundo romano deveria
ser recenseado, cada um em sua própria cidade?

Como eu, você já se sentiu pequeno e insignificante num mundo de sete bilhões de pessoas,
onde todas as notícias são sobre grandes movimentos políticos, econômicos e sociais e sobre
pessoas ilustres com muito poder e prestígio?

Se você já se sentiu assim, não permita que isso o deixe desanimado ou infeliz. Pois está
implícito na Escritura que todas as grandes forças políticas e todos os gigantescos complexos
industriais, sem que saibam, estão sendo guiados por Deus, não por causa deles mesmos, mas
por causa do pequeno povo de Deus — como a pequena Maria e o pequeno José que
precisavam ser levados de Nazaré para Belém. Deus governa um império para abençoar os
seus filhos.

Não pense que, por você experimentar a adversidade, a mão do Senhor está encurtada. Não é
a nossa prosperidade, mas a nossa santidade que Deus busca com todo o seu coração. E para
essa finalidade, ele governa o mundo inteiro. Como diz Provérbios 21.1: “Como ribeiros de
águas assim é o coração do rei na mão do SENHOR; este, segundo o seu querer, o inclina”.

Ele é um Deus grande para pessoas pequenas, e temos grande motivo para nos alegrar que,
sem que saibam, todos os reis, presidentes, primeiros-ministros e chanceleres do mundo
cumprem os decretos soberanos do nosso Pai celestial, para que nós, os filhos, sejamos
conformados à imagem do seu Filho, Jesus Cristo.

05. Nenhum desvio do Calvário

Versículo do dia: Estando eles ali, aconteceu completarem-se-lhe os dias, e ela deu à luz o seu
filho primogênito, enfaixou-o e o deitou numa manjedoura, porque não havia lugar para eles
na hospedaria. (Lucas 2.6-7)

Você poderia pensar que, se Deus governa o mundo de modo a usar um censo do império para
conduzir Maria e José a Belém, ele certamente poderia ter preparado um quarto disponível na
hospedaria.

Sim, ele poderia. E Jesus poderia ter nascido em uma família rica. Ele poderia ter transformado
pedra em pão no deserto. Poderia ter convocado dez mil anjos em seu auxílio no Getsêmani.
Poderia ter descido da cruz e salvado a si mesmo. A questão não é o que Deus poderia fazer,
mas o que ele quis fazer.

A vontade de Deus era que, embora Cristo fosse rico, por causa de você ele se tornasse pobre.
Os avisos de “sem vaga” em todas as hospedarias em Belém foram por sua causa. “Jesus
Cristo… sendo rico, se fez pobre por amor de vós” (2 Coríntios 8.9).

Deus governa todas as coisas — até mesmo as vagas de hotéis — por causa dos seus filhos. O
caminho do Calvário começa com um aviso de “sem vaga” em Belém e termina com cuspe e
zombaria na cruz em Jerusalém.
E não devemos esquecer do que Jesus disse: “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se
negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me” (Lucas 9.23).

Nós nos unimos a Jesus no caminho do Calvário e o ouvimos dizer: “Lembrai-vos da palavra
que eu vos disse: não é o servo maior do que seu senhor. Se me perseguiram a mim, também
perseguirão a vós outros” (João 15.20).

Àquele que disse de modo entusiasmado: “Seguir-te-ei para onde quer que fores”, Jesus
respondeu: “As raposas têm seus covis, e as aves do céu, ninhos; mas o Filho do Homem não
tem onde reclinar a cabeça” (Lucas 9.57-58).

Sim, Deus poderia ter preparado um quarto para Jesus em seu nascimento. Mas isso seria um
desvio do caminho do Calvário.

06. Paz entre os homens a quem Deus quer bem

Versículo do dia: E isto vos servirá de sinal: encontrareis uma criança envolta em faixas e
deitada em manjedoura. E, subitamente, apareceu com o anjo uma multidão da milícia
celestial, louvando a Deus e dizendo: Glória a Deus nas maiores alturas, e paz na terra entre os
homens, a quem ele quer bem. (Lucas 2.12-14)

Paz para quem? Há uma observação séria emitida no louvor dos anjos. Paz entre os homens
sobre quem o favor de Deus está. Paz entre os homens a quem ele quer bem. Sem fé é
impossível agradar a Deus. Então, o Natal não traz paz para todos.

“O julgamento é este”, disse Jesus, “que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as
trevas do que a luz; porque as suas obras eram más”. Ou como o velho Simeão disse quando
viu o menino Jesus: “Eis que este menino está destinado tanto para ruína como para
levantamento de muitos em Israel e para ser alvo de contradição… para que se manifestem os
pensamentos de muitos corações”. Oh, quantos observam um dia de Natal sombrio e frio e
veem nada mais do que isso.

“Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. Mas, a todos quantos o receberam, deu-
lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que creem no seu nome”. Foi
somente para os seus discípulos que Jesus disse: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não
vô-la dou como a dá o mundo. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize”.

As pessoas que desfrutam da paz de Deus, que excede todo o entendimento, são aquelas que
em tudo, por meio da oração e súplica, fazem as suas necessidades conhecidas a Deus.

A chave que abre o cofre do tesouro da paz de Deus é a fé nas promessas de Deus. Assim,
Paulo ora: “O Deus da esperança vos encha de todo o gozo e paz no vosso crer”. E quando nós
confiamos nas promessas de Deus e temos alegria, paz e amor, então, Deus é glorificado.

Glória a Deus nas alturas, e paz na terra entre os homens a quem ele quer bem — homens que
creriam.

07. Messias para os magos


Versículo do dia: Tendo Jesus nascido em Belém da Judéia, em dias do rei Herodes, eis que
vieram uns magos do Oriente a Jerusalém. E perguntavam: Onde está o recém-nascido Rei dos
judeus? (Mateus 2.1-2)

Ao contrário de Lucas, Mateus não nos fala sobre os pastores que vêm visitar Jesus no
estábulo. Seu foco é imediatamente sobre os estrangeiros que vêm do Oriente para adorar a
Jesus.

Assim sendo, Mateus retrata Jesus no início e no fim do seu evangelho como um Messias
universal para as nações, não apenas para os judeus.

Aqui, os primeiros adoradores são magos da corte, astrólogos ou sábios, que não vinham de
Israel, mas do Oriente — talvez da Babilônia. Eles eram gentios. Imundos.

E no fim de Mateus, as últimas palavras de Jesus são: “Toda a autoridade me foi dada no céu e
na terra. Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações” (Mateus 28.18-19).

Isso não apenas abriu a porta para que nós, gentios, nos alegrássemos no Messias, como
também acrescentou prova de que Jesus era o Messias. Pois uma das profecias repetidas era
que as nações e os reis, de fato, viriam a ele como o governador do mundo. Por exemplo,
Isaías 60.3: “As nações se encaminham para a tua luz, e os reis, para o resplendor que te
nasceu”.

Desse modo, Mateus acrescenta provas à messianidade de Jesus e demonstra que ele é o
Messias — um Rei e Cumpridor da Promessa — para todas as nações, não apenas para Israel.

08. A estrela sobrenatural de Belém

Versículo do dia: Onde está o recém-nascido Rei dos judeus? Porque vimos a sua estrela no
Oriente e viemos para adorá-lo. (Mateus 2.2)

Repetidamente a Bíblia desconcerta nossa curiosidade sobre como certas coisas aconteceram.
Como essa “estrela” fez os magos irem do Oriente até Jerusalém?

Não é dito que a estrela os guiou ou seguia antes deles. É dito apenas que eles a viram no
Oriente (versículo 2), e foram a Jerusalém. E como aquela estrela os precedia no pequeno
percurso de cerca de oito quilômetros de Jerusalém a Belém, como diz o versículo 9? E como
uma estrela parou “sobre onde estava o menino”?

A resposta é: Não sabemos. Há inúmeros esforços para explicá-lo em termos de conjunções de


planetas, cometas, supernovas ou luzes miraculosas. Simplesmente não sabemos. E quero
exortá-lo a não se preocupar em desenvolver teorias que, por fim, são apenas tentativas e têm
pouquíssima relevância espiritual.

Eu arrisco uma generalização para alertá-lo: Pessoas que se ocupam e se inquietam com tais
coisas – como a estrela agia, como o Mar Vermelho se abriu, como o maná caía, como Jonas
sobreviveu no peixe, e como a lua se transforma em sangue – são geralmente as pessoas que
têm o que eu chamo de mentalidade para o periférico. Você não enxerga neles um profundo
apreço pelas grandes coisas centrais do evangelho — a santidade de Deus, o horror do pecado,
a incapacidade do homem, a morte de Cristo, a justificação somente pela fé, a obra
santificadora do Espírito, a glória do retorno de Cristo e o juízo final. Tais pessoas sempre
parecem estar conduzindo você a um desvio com um novo artigo ou livro. Há pouca alegria no
que é central.

Mas o que é claro sobre essa questão da estrela é que ela está fazendo algo que não pode
fazer por si mesma: ela está guiando os magos para o Filho de Deus a fim de que o adorem.

Há apenas uma Pessoa no pensamento bíblico que pode estar por trás dessa intencionalidade
nas estrelas: o próprio Deus.

Assim, a lição é clara: Deus está guiando estrangeiros a Cristo para que o adorem. E para
cumprir esse propósito, ele está exercendo influência e poder globais, provavelmente mesmo
universais.

Lucas mostra Deus influenciando todo o Império Romano para que o recenseamento ocorra no
momento exato para conduzir uma virgem a Belém, de modo a cumprir a profecia com a sua
chegada. Mateus mostra Deus influenciando as estrelas no céu para dirigir magos estrangeiros
a Belém a fim de que possam adorar Jesus.

Esse é o propósito de Deus. Ele o fez naquele tempo. Ele ainda o está fazendo agora. Seu
objetivo é que as nações — todas as nações (Mateus 24.14) — adorem o seu Filho.

Essa é a vontade de Deus para todos em seu escritório no trabalho, em sua vizinhança e em
sua casa. Como diz João 4.23: “Porque são estes que o Pai procura para seus adoradores”.

No início de Mateus, ainda temos um padrão de “venha-veja”. Mas no final o padrão é “vá-
diga”. Os magos vieram e viram. Nós devemos ir e dizer.

Porém, o que não é diferente é que o propósito de Deus é a reunião das nações para que
adorem o seu Filho. A exaltação de Cristo na adoração fervorosa de todas as nações é a razão
pela qual o mundo existe.

09. Dois tipos de oposição a Jesus

Versículo do dia: Tendo ouvido isso, alarmou-se o rei Herodes, e, com ele, toda a Jerusalém.
(Mateus 2.3)

Jesus é um incômodo para as pessoas que não querem adorá-lo, e ele suscita oposição àqueles
que o adoram. Provavelmente, esse não é um aspecto principal na mente de Mateus, mas é
inescapável enquanto a história continua.

Nessa história, existem dois tipos de pessoas que não querem adorar Jesus, o Messias.

O primeiro tipo são as pessoas que simplesmente não fazem nada sobre Jesus. Ele é um
insignificante em suas vidas. Esse grupo é representado pelos principais sacerdotes e escribas.
Versículo 4: “Convocando todos os principais sacerdotes e escribas do povo, [Herodes]
indagava deles onde o Cristo deveria nascer”. Bem, eles contaram a Herodes, e pronto:
voltaram às atividades como de costume. O silêncio e a inatividade dos líderes são
esmagadores diante da magnitude do que estava acontecendo.

E observe que no versículo 3 é dito: “Tendo ouvido isso, alarmou-se o rei Herodes, e, com ele,
toda a Jerusalém”. Em outras palavras, circulava o rumor de que alguém pensava que o
Messias havia nascido. A apatia dos principais sacerdotes é assombrosa — por que eles não
vão com os magos? Eles não estão interessados. Eles não desejam adorar o Deus verdadeiro.
O segundo tipo de pessoas que não querem adorar Jesus é o tipo que fica profundamente
ameaçado por ele. Esse é Herodes nessa história. Ele está realmente com medo. Tanto que ele
trama e mente e, em seguida, comete assassinato em massa apenas para se ver livre de Jesus.

Assim, hoje esses dois tipos de oposição virão contra Cristo e seus adoradores. Indiferença e
hostilidade. Você está em um desses grupos?

Que este Natal seja o momento em que você reconsidere o Messias e examine o que é adorá-
lo.

10. Ouro, incenso e mirra

Versículo do dia: E, vendo eles a estrela, alegraram-se com grande e intenso júbilo. Entrando
na casa, viram o menino com Maria, sua mãe. Prostrando-se, o adoraram; e, abrindo os seus
tesouros, entregaram-lhe suas ofertas: ouro, incenso e mirra. (Mateus 2.10-11)

Deus não é servido por mãos humanas como se precisasse de alguma coisa (Atos 17.25). Os
presentes dos magos não são oferecidos como assistência ou para satisfazer necessidades.
Desonraria um monarca se visitantes estrangeiros chegassem com pacotes de mantimentos
reais.

Esses presentes também não significam suborno. Deuteronômio 10.17 diz que Deus não aceita
suborno. Bem, o que esses presentes significam? Como eles são uma adoração?

Os presentes são intensificadores do desejo pelo próprio Cristo, da mesma forma que o jejum.
Quando você dá um presente como esse a Cristo, essa é uma forma de dizer: “A alegria que eu
busco (versículo 10) não é a esperança de ficar rico com coisas que venham de ti. Eu não vim a
ti por tuas coisas, mas por ti mesmo. E esse desejo eu agora intensifico e manifesto ao
oferecer coisas, na esperança de apreciar mais a ti, e não as coisas. Ao dar-te aquilo de que
não precisas, e o que eu poderia desfrutar, estou dizendo de modo mais sincero e verdadeiro:
‘Tu és meu tesouro, não essas coisas’”.

Acho que esse é o significado de adorar a Deus com presentes de ouro, incenso e mirra.

Que Deus tome a verdade desse texto e desperte em nós um desejo pelo próprio Cristo. Que
possamos dizer de coração: “Senhor Jesus, tu és o Messias, o Rei de Israel. Todas as nações
virão e se prostrarão diante de ti. Deus governa o mundo para assegurar-se de que tu sejas
adorado. Portanto, seja qual for a oposição que possa enfrentar, eu alegremente atribuo
autoridade e dignidade a ti, e trago os meus dons para dizer que não estes, mas só tu podes
satisfazer o meu coração”.

11. Por que Jesus veio

Versículo do dia: Visto, pois, que os filhos têm participação comum de carne e sangue, destes
também ele, igualmente, participou, para que, por sua morte, destruísse aquele que tem o
poder da morte, a saber, o diabo, e livrasse todos que, pelo pavor da morte, estavam sujeitos à
escravidão por toda a vida. (Hebreus 2.14-15)

Hebreus 2.14-15 merece mais do que dois minutos em um devocional sobre o Advento. Esses
versículos ligam o início e o fim da vida terrena de Jesus. Eles deixam claro por que Jesus veio.
Eles seriam ótimos para serem usados com um amigo ou familiar incrédulo para guiá-los, passo
a passo, em sua visão cristã do Natal. Essa explicação poderia ser assim…

“Visto, pois, que os filhos têm participação comum de carne e sangue…”.

O termo “filhos” é tomado do versículo anterior e se refere à descendência espiritual de Cristo,


o Messias (veja Isaías 8.18; 53.10). Estes são também os “filhos de Deus”. Em outras palavras,
ao enviar Cristo, Deus tem em vista especialmente a salvação dos seus “filhos”. É verdade que
“Deus amou o mundo de tal maneira que enviou [Jesus]”. Mas também é verdade que Deus
estava especialmente reunindo “em um só corpo os filhos de Deus, que andam dispersos”
(João 11.52). O desígnio de Deus era oferecer Cristo ao mundo e realizar a salvação dos seus
“filhos” (veja 1 Timóteo 4.10). Você pode experimentar a adoção ao receber Cristo (João 1.12).

“…destes [carne e sangue] também ele, igualmente, participou…”.

Cristo existia antes da encarnação. Ele era espírito. Ele era a Palavra eterna. Ele estava com
Deus e era Deus (João 1.1; Colossenses 2.9). Mas ele tomou carne e sangue e revestiu sua
deidade com a humanidade. Ele se tornou plenamente homem e permaneceu plenamente
Deus. Esse é um grande mistério em muitos aspectos. Mas é o coração da nossa fé e é o que a
Bíblia ensina.

“…para que, por sua morte…”.

A razão pela qual Jesus se tornou homem foi morrer. Como Deus, ele não podia morrer pelos
pecadores. Mas como homem ele podia. Seu objetivo era morrer. Portanto, ele precisou
nascer humano. Ele nasceu para morrer. A Sexta-feira Santa é a razão para o Natal. Isso é o
que precisa ser dito hoje sobre o significado do Natal.

“…destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo…”.

Ao morrer, Cristo desarmou o diabo. Como? Ao cobrir todo o nosso pecado. Isso significa que
Satanás não tem motivos legítimos para nos acusar diante de Deus. “Quem intentará acusação
contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica” (Romanos 8.33). Sobre que fundamento
ele justifica? Por meio do sangue de Jesus (Romanos 5.9).

A arma definitiva de Satanás contra nós é o nosso próprio pecado. Se a morte de Jesus remove
o pecado, a principal arma do diabo é tirada de sua mão. Ele não pode pleitear a nossa pena
de morte, porque o Juiz nos absolveu através da morte do seu Filho!

“…e livrasse todos que, pelo pavor da morte, estavam sujeitos à escravidão por toda a vida”.

Logo, estamos livres do pavor da morte. Deus nos justificou. Satanás não pode derrubar esse
decreto. E Deus deseja que nossa segurança final tenha um efeito imediato em nossas vidas.
Ele deseja que o final feliz livre da escravidão e medo do agora.

Se não precisamos temer o nosso último e maior inimigo, a morte, então não precisamos
temer nada. Podemos ser livres. Livres para a alegria. Livres para outras pessoas.

Que grande presente de Natal de Deus para nós! E nosso para o mundo!

12. Substituindo as sombras


Versículo do dia: Ora, o essencial das coisas que temos dito é que possuímos tal sumo
sacerdote, que se assentou à destra do trono da Majestade nos céus, como ministro do
santuário e do verdadeiro tabernáculo que o Senhor erigiu, não o homem. (Hebreus 8.1-2)

A essência do livro de Hebreus é que Jesus Cristo, o Filho de Deus, não veio apenas para se
enquadrar no sistema terreno do ministério sacerdotal, como o melhor e último sacerdote
humano, mas veio para cumprir e pôr fim a esse sistema, e para orientar toda a nossa atenção
para si mesmo ministrando para nós no céu.

O tabernáculo, os sacerdotes e os sacrifícios do Antigo Testamento eram sombras. Agora, a


realidade chegou e as sombras passaram.

Aqui há uma ilustração do Advento para crianças — e para aqueles de nós que já foram
crianças e se lembram de como era ser uma. Suponha que você e sua mãe se separem no
mercado e você começa a ficar assustado e em pânico e não sabe para onde ir, e corre até o
final de um corredor, e bem antes de começar a chorar, vê uma sombra no chão no final do
corredor que se parece com a sua mãe. Essa sombra realmente lhe dá alegria e você sente
esperança. Mas o que é melhor? A felicidade de ver a sombra, ou ter a sua mãe no fim do
corredor e realmente ser ela?

É assim que Jesus vem para ser nosso Sumo Sacerdote. Isso é o Natal. O Natal é a substituição
das sombras pela realidade.

13. A realidade final está aqui

Versículo do dia: Ora, o essencial das coisas que temos dito é que possuímos tal sumo
sacerdote, que se assentou à destra do trono da Majestade nos céus, como ministro do
santuário e do verdadeiro tabernáculo que o Senhor erigiu, não o homem. (Hebreus 8.1-2)

O Natal é a substituição das sombras pela realidade.

Hebreus 8.1-2 é um tipo de afirmação sumária. A essência é que o único sacerdote que
permanece entre nós e Deus, nos torna retos diante de Deus, e ora a Deus por nós não é um
sacerdote comum, fraco, pecador e mortal, como nos dias do Antigo Testamento. Ele é o Filho
de Deus — forte, sem pecado e com uma vida indestrutível.

Não apenas isso, ele não está ministrando em um tabernáculo terreno com todas as suas
limitações de lugar e tamanho, que está se desgastando e sendo comido pela traça, e nem
sendo inundado, queimado, rasgado e roubado.

Não, o versículo 2 diz que Cristo está ministrando para nós em um “verdadeiro tabernáculo
que o Senhor erigiu, não o homem”. Essa é a realidade no céu. É o que lançou uma sombra no
Monte Sinai, a qual Moisés copiou.

De acordo com o versículo 1, outro grande aspecto sobre a realidade que é maior do que a
sombra é que nosso Sumo Sacerdote está sentado à destra da Majestade no céu. Nenhum
sacerdote no Antigo Testamento poderia dizer isso.

Jesus lida diretamente com Deus Pai. Ele tem um lugar de honra ao lado de Deus. Ele é amado
e respeitado infinitamente por Deus. Ele está constantemente com Deus. Isso não é sombra da
realidade como cortinas, taças, mesas, velas, vestes, pendões, ovelhas, cabras e pombos. Essa
é a última e decisiva realidade: Deus e seu Filho interagem em amor e santidade para a nossa
salvação eterna.

A realidade final é as Pessoas da Divindade em relacionamento, lidando entre si sobre como a


sua majestade, santidade, amor, justiça, bondade e verdade serão manifestados em um povo
redimido.

14. Deus torna a sua aliança real para o seu povo

Versículo do dia: Agora, com efeito, obteve Jesus ministério tanto mais excelente, quanto é ele
também Mediador de superior aliança instituída com base em superiores promessas. (Hebreus
8.6)

Cristo é o Mediador de uma nova aliança, de acordo com Hebreus 8.6. O que isso significa?
Que o seu sangue — o sangue da aliança (Lucas 22.20; Hebreus 13.20) — comprou o
cumprimento das promessas de Deus para nós.

Significa que Deus opera nossa transformação interior pelo Espírito de Cristo.

E significa que Deus opera toda a sua transformação em nós por meio da fé em tudo o que
Deus é para nós em Cristo.

A nova aliança é comprada pelo sangue de Cristo, aplicada pelo Espírito de Cristo e apropriada
pela fé em Cristo.

O melhor lugar para ver Cristo agindo como o Mediador da nova aliança está em Hebreus
13.20-21:

Ora, o Deus da paz, que tornou a trazer dentre os mortos a Jesus, nosso Senhor, o grande
Pastor das ovelhas, pelo sangue da eterna aliança [essa é a compra da nova aliança], vos
aperfeiçoe em todo o bem, para cumprirdes a sua vontade, operando em vós o que é
agradável diante dele, por Jesus Cristo, a quem seja a glória para todo o sempre. Amém!

As palavras “operando em vós o que é agradável diante dele” descrevem o que ocorre quando
Deus escreve a lei em nossos corações na nova aliança. E as palavras “por Jesus Cristo”
descrevem Jesus como o Mediador dessa gloriosa obra da graça soberana.

Portanto, o significado do Natal não é apenas que Deus substitui as sombras pela realidade,
mas também que ele toma a realidade e a torna real para o seu povo. Deus a escreve em
nossos corações. Ele não abaixa o seu presente de Natal da salvação e transformação para que
você consiga pegá-lo em sua própria força. Deus toma o presente e o coloca em seu coração e
em sua mente, e sela você para que seja um filho de Deus.

15. Vida e morte no Natal

Versículo do dia: O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir; eu vim para que
tenham vida e a tenham em abundância. (João 10.10)

Quando eu estava prestes a iniciar esse devocional, recebi a notícia de que Marion Newstrum
acabara de morrer. Marion e seu marido Elmer fizeram parte da igreja Bethlehem por mais
tempo do que a maioria dos nossos membros tem de vida. Ela tinha 87 anos. Eles foram
casados por 64 anos.

Quando falei com Elmer e lhe disse que gostaria que ele fosse forte no Senhor e não desistisse
da vida, ele disse: “O Senhor tem sido um amigo verdadeiro”. Oro para que todos os cristãos
possam dizer no fim da vida: “Cristo tem sido um amigo verdadeiro”.

Em cada Advento, eu relembro o aniversário da morte de minha mãe. Ela morreu aos 56 anos,
em um acidente de ônibus em Israel. Era 16 de dezembro de 1974. Esses eventos são
incrivelmente reais para mim ainda hoje. Se eu me permitir, posso facilmente começar a
chorar — por exemplo, pensando que meus filhos nunca a conheceram. Nós a enterramos no
dia seguinte ao natal. Que Natal precioso foi aquele!

Muitos de vocês sentirão a sua perda nesse Natal mais intensamente do que antes. Não
impeça o sentimento. Permita que ele venha. Sinta-o. O que é amar, senão intensificar nossas
afeições — tanto na vida como na morte? Mas, oh, não fique amargurado. É autodestrutivo de
modo trágico ser amargurado.

Jesus veio no Natal para que nós tenhamos a vida eterna. “Eu vim para que tenham vida e a
tenham em abundância” (João 10.10). Elmer e Marion haviam conversado sobre onde
passariam os seus últimos anos. Elmer disse: “Marion e eu concordamos que o nosso último lar
seria com o Senhor”.

Você se sente preocupado em relação ao seu lar? Eu tenho familiares vindo para casa para os
feriados. Isso é bom. Eu acho que o motivo principal pelo qual isso é bom é porque eles e eu
somos destinados, no íntimo do nosso ser, para um retorno final para o lar. Todas as outras
voltas para casa são prenúncios. E prenúncios são bons.

A não ser que eles se tornem substitutos. Oh, não permita que todas as coisas doces dessa
época se tornem substitutos da doçura final, grandiosa e totalmente satisfatória. Que cada
perda e cada prazer estimule o seu coração a desejar voltar para o lar no céu.

O que é o Natal, senão isto: Eu vim para que tenham vida? Marion Newstrum, Ruth Piper, você
e eu — que nós possamos ter a Vida, agora e para sempre.

Torne o seu agora mais rico e mais profundo nesse Natal ao beber da fonte do para sempre,
pois ele está muito perto.

16. A adversidade mais bem sucedida de Deus

Versículo do dia: Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está
acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e
debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai.
(Filipenses 2.9-11)

O Natal foi a adversidade mais bem-sucedida de Deus. Ele sempre se deleitou em mostrar o
seu poder através da aparente derrota. Ele faz retrocessos táticos para obter vitórias
estratégicas.

Foram prometidos glória e poder a José em seu sonho (Gênesis 37.5-11). Mas para alcançar
essa vitória ele precisou se tornar um escravo no Egito. E como se isso não bastasse, quando
suas condições melhoraram por causa da sua integridade, ele foi feito pior do que um escravo:
um prisioneiro.

Porém, tudo estava planejado. Pois na prisão José encontrou o copeiro de Faraó, que por fim o
levou a Faraó, que o colocou sobre o Egito. Que percurso mais improvável para a glória!

Mas esse é o caminho de Deus, mesmo para o seu Filho. Ele esvaziou a si mesmo e assumiu a
forma de um servo. Pior do que um servo — um prisioneiro — e foi executado. Mas, como
José, ele manteve a sua integridade. “Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe
deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho”
(Filipenses 2.9-10).

E esse é o caminho de Deus para nós também. A glória nos é prometida — se com ele
sofremos (Romanos 8.17). O caminho para subir é descer. O caminho para frente é para trás. O
caminho para o sucesso é através de adversidades divinamente nomeadas. Estas sempre serão
vistas e sentidas como fracasso.

Mas se José e Jesus nos ensinam algo nesse Natal é que “Deus o tornou em bem” (Gênesis
50.20).

Vós, santos temerosos, tomai renovada coragem


As nuvens que tanto temeis
Estão cheias de misericórdia e se romperão
Derramando bênçãos sobre as vossas cabeças.[1]

#1: [Deus Age de Modo Misterioso], por William Cowper.

17. A maior salvação imaginável

Versículo do dia: Eis aí vêm dias, diz o SENHOR, em que firmarei nova aliança com a casa de
Israel e com a casa de Judá. (Jeremias 31.31)

Deus é justo, santo e separado de pecadores como nós. Esse é o nosso principal problema no
Natal e em qualquer outra época. Como seremos reconciliados com um Deus justo e santo?

Contudo, Deus é misericordioso e prometeu em Jeremias 31 (quinhentos anos antes de Cristo)


que um dia faria algo novo. Ele substituiria as sombras pela realidade do Messias. E ele agiria
em nossas vidas de modo poderoso e escreveria a sua vontade em nossos corações, de modo
que não seríamos constrangidos a partir do exterior, mas seríamos dispostos desde o interior a
amar a Deus, confiar nele e segui-lo.

Essa seria a maior salvação imaginável: se Deus nos oferecesse o gozo da maior realidade do
universo e, então, se operasse em nós para garantir que pudéssemos apreciá-la com a maior
liberdade e alegria possíveis. Seria digno cantar a respeito desse presente de Natal.

De fato, Deus o prometeu. Mas havia um enorme obstáculo. Nosso pecado. Nossa separação
de Deus por causa de nossa injustiça.

Como um Deus santo e justo lidará conosco, pecadores, com tanta bondade que nos dará a
maior realidade do universo (seu Filho) para desfrutarmos com a maior alegria possível?

A resposta é que Deus colocou nossos pecados sobre o seu Filho e os julgou nele, para que
pudesse removê-los de sua vista e lidar conosco com misericórdia, e ao mesmo tempo,
permanecer justo e santo. Hebreus 9.28 diz: “Cristo, tendo-se oferecido uma vez para sempre
para tirar os pecados de muitos”.

Cristo levou nossos pecados em seu próprio corpo quando ele morreu. Ele tomou nosso
julgamento. Ele cancelou nossa culpa. E isso significa que os pecados foram tirados. Eles não
permanecem diante da vista de Deus como fundamento para condenação. Nesse sentido,
Deus se “esquece” dos pecados. Eles são consumidos na morte de Cristo.

Isso significa que Deus agora é livre, em sua justiça, para nos conceder a nova aliança. Ele nos
dá Cristo, a maior realidade do universo, para nosso gozo. E ele escreve a sua própria vontade
— seu próprio coração — em nossos corações para que possamos amar a Cristo, confiar em
Cristo e seguir Cristo desde o interior, com liberdade e alegria.

18. O modelo do Natal para missões

Versículo do dia: Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo. (João
17.18)

O Natal é um modelo para missões. Missões são um espelho do Natal. Como eu fiz, faça
também [João 13.15].

Por exemplo, o perigo. Cristo veio para o que era seu, e os seus não o receberam. Assim é com
você. Eles conspiraram contra ele. Assim é com você. Ele não tinha casa permanente. Assim é
com você. Inventaram falsas acusações contra ele. Assim é com você. Eles o chicotearam e
zombaram dele. Assim é com você. Ele morreu após três anos de ministério. Assim é com você.

Mas há um perigo pior do que qualquer um desses do qual Jesus escapou. Assim é com você!

Em meados do século XVI, Francisco Xavier (1506-1552), um missionário católico, escreveu ao


padre Perez de Malacca (hoje parte da Indonésia) sobre os perigos da sua missão na China. Ele
disse:

O perigo de todos os perigos seria perder a confiança na misericórdia de Deus… Desconfiar


dele seria algo muito mais terrível do que qualquer mal físico que todos os inimigos de Deus
juntos pudessem nos infligir, pois sem a permissão de Deus nem os demônios nem seus servos
humanos poderiam em um mínimo grau nos prejudicar.

O maior perigo que um missionário enfrenta é desconfiar da misericórdia de Deus. Se esse


perigo for evitado, então todos os outros perigos perderão seu aguilhão.

Deus faz de cada espada, um cetro em nossas mãos. Como J.W. Alexander diz: “Cada instante
do atual labor será graciosamente recompensado com um milhão de eras de glória”.

Cristo escapou do perigo da desconfiança. Por isso, Deus o exaltou sobremaneira!

Lembre-se neste Advento que o Natal é um modelo para as missões. Como eu fiz, faça
também. E que essa missão implica perigo. E que o maior perigo é desconfiar da misericórdia
de Deus. Renda-se a essa desconfiança e tudo está perdido. Vença aqui e nada pode prejudicá-
lo por um milhão de eras.

19. O Natal existe para a liberdade


Versículo do dia: Visto, pois, que os filhos têm participação comum de carne e sangue, destes
também ele, igualmente, participou, para que, por sua morte, destruísse aquele que tem o
poder da morte, a saber, o diabo, e livrasse todos que, pelo pavor da morte, estavam sujeitos à
escravidão por toda a vida. (Hebreus 2.14-15)

Jesus se tornou homem porque era necessária a morte de um homem que fosse mais do que
um homem. A encarnação foi Deus prendendo a si mesmo no corredor da morte.

Cristo não se arriscou a morrer. Ele abraçou a morte. É exatamente por isso que ele veio: não
para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos (Marcos 10.45).

Não é de admirar que Satanás tentou desviar Jesus da cruz! A cruz era a destruição de Satanás.
Como Jesus o destruiu?

O “poder da morte” é a capacidade de tornar a morte temível. O “poder da morte” é o poder


que detém os homens em escravidão pelo pavor da morte. É o poder de manter os homens no
pecado para que a morte ocorra como algo terrível.

Mas Jesus despojou Satanás desse poder. Jesus o desarmou. Jesus formou para nós uma
couraça de justiça, a qual nos torna imunes à condenação do diabo.

Por sua morte, Jesus apagou todos os nossos pecados. E uma pessoa sem pecado retira
Satanás da questão. A traição de Satanás é abortada. Sua infidelidade cósmica é frustrada.
“Seu furor podemos suportar, pois eis que condenado já está”.[1] A cruz o traspassou e ele
suspirará pela última vez em breve.

O Natal existe para a liberdade. Liberdade do pavor da morte.

Jesus tomou nossa natureza em Belém, para morrer nossa morte em Jerusalém, para que
sejamos destemidos em nossa cidade. Sim, destemidos. Porque se a maior ameaça à minha
alegria foi removida, então por que devo me preocupar com as menores? Como você pode
dizer (em verdade!): “Bem, eu não tenho medo de morrer, mas estou com medo de perder o
meu emprego”? Não pode. Não. Reflita!

Se a morte (eu disse, a morte! — nenhuma pulsação, frio, acabado!) — se a morte não é mais
um pavor, somos livres, realmente livres. Livres para assumir qualquer risco debaixo do sol por
Cristo e por amor. Sem mais escravidão à ansiedade.

Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.

#1: Tradução livre de trecho do hino “Castelo Forte”, por Martinho Lutero

20.

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