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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __ VARA

CÍVEL DA COMARCA DE.

nome, brasileiro, casado, inscrito no CPF sob o nº, portador do RG 2001001299098,


filho de Benedito Sipriano da Silva e Maria de Melo, residente e domiciliado à Rua,
Timóteo/MG, CEP, por meio de sua advogada que abaixo subscreve, com endereço
profissional à Rua vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência propor a
presente

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS COM


PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA

com fulcro nos artigos. 186, 404 e 927, do Código Civil Brasileiro, art. 5.º, X, da
Constituição Federal, art. 42, § único do Código de Defesa do Consumidor
e art. 300 do Código de Processo Civil e demais previsões legais, em face de
BANCO BRADESCO S.A, pessoa jurídica, inscrita no CNPJ sob nº
60.726.948/0001-12, com endereço a Nuc Cidade de Deus, S/N, Vila Yara,
Osasco/SP, CEP 06029-900.

DA TUTELA DE URGÊNCIA

A negativação indevida gera dano de difícil reparação, constituindo abuso e grave


ameaça, abalando o prestígio creditício que gozava o autor na praça.
Assim, preconiza o artigo 300, do CPC:

Art. 300 – A tutela de urgência será concedida quando


houver elementos que evidenciem a probabilidade do
direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do
processo.

Todavia, o autor nada deve, razão pela qual a negativação no cadastro de inadimplentes
é indevida.

Verifica-se, que a situação do requerente, atende, perfeitamente, aos requisitos


esperados para a concessão da medida antecipatória, pelo que se busca antes da decisão
do mérito em si, a ordem judicial para sustação dos efeitos de negativação de seu nome
junto ao órgão restritivo de crédito.

Para tanto, requer a Vossa Excelência, que determine a expedição de Ofício à empresa
requerida para retirada do nome do requerente dos órgãos de maus pagadores do Brasil,
sob pena de multa diária em valor não inferior a R$1.000,00 (mil reais).

DOS FATOS

Recentemente, o requerente tentou realizar compras a crédito no mercado local, porém


foi informado pela atendente que por meio de uma consulta junto ao SPC (Serviço de
Proteção ao crédito), constatou que seu nome constava no cadastro de inadimplentes,
tornando-se impossível a aquisição almejada.

Surpreso com a notícia e convicto de não possuir nenhuma dívida que justificasse tal
restrição, o requente dirigiu-se ao CDL local para retirar uma certidão que indicasse seu
nome no cadastro, pois estava certo de que não possuía dívida alguma.

Salienta-se que, quando retirou a certidão (em anexo), verificando do que se tratava, não
entendeu o porquê de seu nome constar no referido cadastro, haja vista estar em dia com
suas obrigações.
Ademais, a ré manteve o nome do requerente junto ao cadastro de inadimplentes por
uma dívida a qual já foi devidamente negociada e quitada como consta no recibo (em
anexo), de uma conta inativa.

Ora Excelência, os transtornos causados ao autor são incontestáveis e imensuráveis, vez


que teve sua honra ofendida perante o comércio local por uma dívida que não contraiu,
ainda mais considerando que a cobrança advém de uma conta salário aberta somente
para o fim de receber seu salário.

DO DIREITO

Em decorrência deste incidente, o Requerente experimentou situação constrangedora,


angustiante, tendo sua moral abalada, diante da indevida inscrição de seu nome perante
o cadastro de inadimplentes com reflexos prejudiciais, sendo suficiente a ensejar danos
morais, tendo seu nome inserido indevidamente junto ao SERASA, não imaginando que
um incidente deste pudesse ocorrer, pois encontra-se em dia com suas obrigações.

Desta forma, não pode a Instituição Requerida se eximir da responsabilidade pela


reparação do dano causado.

A Constituição Federal de 1988 preceitua em seu artigo 5º, inciso X que:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de


qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito
à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra
e a imagem das pessoas, assegurado o direito a
indenização pelo dano material ou moral decorrente de
sua violação;
Assim, a Requerida afrontou o texto constitucional acima transcrito, devendo, por isso
ser condenada à respectiva indenização pelo dano moral causado ao Requerente,
fazendo-o passar por um constrangimento lastimável.

Dispõe o artigo 186 do Código Civil, que “aquele que, por ação ou omissão voluntária,
negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito, que é imprescindível para que configure o
dano moral”.

Para que se caracterize o dano moral, é imprescindível que haja: a) ato ilícito, causado
pelo agente, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência; b) ocorrência
de um dano, seja ele de ordem patrimonial ou moral; c) nexo de causalidade entre o
dano e o comportamento do agente.

A presença do nexo de causalidade entre os litigantes está patente, sendo indiscutível o


liame jurídico existente entre eles, pois se não fosse a manutenção do nome do
Requerente no cadastro de inadimplentes, o mesmo não teria sofrido os danos morais
pleiteados, objeto desta ação.

A jurisprudência dos Tribunais é dominante no sentido do dever de reparação por dano


moral, em especial nos casos de inscrição indevida, destacando-se dentre muitos, os
seguintes:

APELAÇÃO CÍVEL - INDENIZAÇÃO - FALHA NA


PRESTAÇÃO DE SERVIÇO - INSCRIÇÃO INDEVIDA DO
NOME DO AUTOR NOS CADASTROS RESTRITIVOS AO
CRÉDITO - DANOS MORAIS - CONFIGURADOS. A

negativação indevida em órgãos de restrição de


crédito ocasiona dano moral puro. A fixação do valor da
indenização por dano moral deve atender às circunstâncias do
caso concreto, não devendo ser fixado em quantia irrisória,
assim como em valor elevado a ponto de propiciar
enriquecimento sem causa. Em se tratando de responsabilidade
contratual devem incidir os juros moratórios desde a citação (art.
405 CC). (TJMG - Apelação Cível 1.0027.12.022722-1/001,
Relator(a): Des.(a) Marco Aurelio Ferenzini , 14ª CÂMARA
CÍVEL, julgamento em 23/02/2016, publicação da súmula em
02/03/2016)

APELAÇAO CÍVEL - AÇÃO ORDINÁRIA - INEXISTÊNCIA


DE RELAÇÃO JURÍDICA - NEGATIVAÇÃO INDEVIDA -
DANO MORAL PURO - INDENIZAÇÃO - JUROS DE
MORA - HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. Não
demonstrada a relação jurídica entre as partes e a
regularidade da cobrança de valores, a inscrição do
nome da parte nos cadastros de proteção ao crédito
deve ser considera ilegítima. A negativação indevida
em órgãos de restrição de crédito ocasiona dano
moral puro. A fixação do valor da indenização por dano
moral deve atender às circunstâncias do caso concreto, não
devendo ser fixado em quantia irrisória, assim como em valor
elevado a ponto de propiciar enriquecimento sem causa.
Tratando-se de responsabilidade extracontratual, os juros de
mora incidem desde o evento danoso, nos termos da súmula
54, do STJ. Os honorários advocatícios devem ser fixados em
quantia compatível com a natureza e importância da causa, o
trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para seu
serviço. (TJMG - Apelação Cível 1.0335.12.000417-1/001,
Relator(a): Des.(a) Marco Aurelio Ferenzini , 14ª CÂMARA
CÍVEL, julgamento em 28/01/2016, publicação da súmula em
05/02/2016)

APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DECLARATÓRIA C/C


INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - INSCRIÇÃO
INDEVIDA - TARIFAS - CONTA SALÁRIO - DANO
MORAL PRESUMIDO - INDENIZAÇÃO FIXADA EM
VALOR RAZOÁVEL. - É ilegal a cobrança de tarifas em conta
salário, de forma que indevida a inclusão do nome da correntista
nos cadastros de restrição ao crédito por dívida derivada de tais
tarifas. - Restando provada inclusão indevida do nome do
Apelado nos cadastros de restrição ao crédito, configura-se o
dano moral, que, no caso, é in re ipsa, ou seja, prescinde de
prova. - Valor do dano moral fixado conforme os princípios da
razoabilidade e proporcionalidade. - Na indenização por dano
moral a correção monetária e os juros moratórios defluem desde
a data do evento danoso, conforme as Súmulas 43 e 54 do
STJ. (TJMG - Apelação Cível 1.0024.13.117948-3/001,
Relator(a): Des.(a) Alexandre Santiago , 11ª CÂMARA CÍVEL,
julgamento em 13/11/2014, publicação da súmula em
25/11/2014)

Não bastasse, a empresa requerida inscreveu o nome do autor por uma dívida totalmente
indevida, vez que sequer é cliente da empresa ré e tal cobrança é ilegal, gerando o
direito à repetição de indébito, senão vejamos:

Art. 42. Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente


não será exposto a ridículo, nem será submetido a qualquer tipo
de constrangimento ou ameaça.

Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia


indevida tem direito à repetição do indébito, por valor
igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de
correção monetária e juros legais, salvo hipótese de
engano justificável.

Por fim, resta comprovado todo ato ilícito causado pelo requerido ao autor, de modo
que a condenação pelos danos morais e materiais é medida de rigor.
DOS PEDIDOS

Diante o exposto requer:


1. LIMINARMENTE, seja deferida a tutela pleiteada, em caráter de urgência, no
sentido de excluir o nome do autor dos cadastros de maus pagadores do Brasil,
até decisão final desse Juízo, sob pena de multa diária em valor não inferior a
R$1.000,00 (mil reais).
2. Dispensa o autor a realização de audiência de conciliação, com fundamento
no artigo 334, §5º, do CPC.
3. A citação da Requerida para, querendo, contestar a presente ação, sob pena de
revelia e confissão quanto à matéria de fato, e no final a condenação da empresa
ao pagamento dos valores pleiteados, acrescidos de correção monetária e juros
de mora desde a data do evento danoso.
4. Seja condenada a Requerida ao pagamento de R$60.000,00 (sessenta mil reais) a
título de indenização por danos morais.
5. Seja condenada a Requerida ao pagamento de danos materiais/repetição de
indébito no valor de R$536,00 (quinhentos e trinta e seis reias).
6. Requer a TOTAL PROCEDÊNCIA da ação, por todos os fatos e fundamentos
expostos.
7. A declaração de inexistência do débito discutido nos autos, vez que a suposta
dívida é inexistente.
8. Seja determinada a INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA, pela verossimilhança
de suas alegações e por sua condição de hipossuficiente.
9. Sejam concedidos os benefícios da Justiça Gratuita, pois o autor não tem
condições de arcar com o pagamento de custas e demais despesas processuais,
sem prejuízo de seu sustento e de sua família;
10. Provar-se o alegado por todos os meios de provas admitidos, especialmente a
prova documental, testemunhal e pericial.

Dá-se o valor da causa de R$60.536,00 (sessenta mil e quinhentos e trinta e seis reais),
para efeitos de alçada

Nestes termos,
Pede deferimento.

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