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INTRODUÇÃO
AO
ANTIGO
TESTAMENTO
Pastor Eudes Lopes Cavalcanti
Março de 2003
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CONTEÚDO
X – A INSPIRAÇÃO DA BÍBLIA.....................................................................14
ANEXOS
BIBLIOGRAFIA
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c) Nele se encontra o cerne de praticamente todas as doutrinas da Bíblia, por exemplo: A redenção pelo sangue (Lv 17:11); A justificação pela fé (Gn 15:6); O
pecado (Gn 3); A ressurreição dos mortos (Jó 19:25; Dn 12:2); O Céu (Sl 15:1); O Inferno (Sl 16:10); Os anjos (Gn 28:12); Deus (Gn 1:1); Cristo (Is 53); O Espírito
Santo (Gn 1:2); O galardão (Sl 37:29; Pv 10:16); O castigo dos ímpios (Sl 1:6; 32:10), etc.
d) Ser ele uma fonte histórica de inegável valor. No Antigo Testamento encontramos traços culturais das mais antigas civilizações, como por exemplo: egípcios,
cananeus, fenícios, babilônicos, persas, etc.
e) Nele se encontra a história do povo de Israel (A organização da nação, a organização da religião judaica, etc.) Livros de Gn 12 – 50; Ex; Et
f) Nele se encontra a manifestação do poder de Deus (A criação de todas as coisas, o dilúvio universal, as pragas do Egito, a abertura do Mar Vermelho, etc.) Gn
1.2; 6-8; Ex 7-12; 14; ...
g) Nele se encontram sete das oito Alianças Bíblicas:
Aprouve a Deus, segundo o beneplácito de sua vontade, revelar-se ao homem, por escrito, através do Antigo Testamento, pelas seguintes razões:
a) A Natureza não revela a Deus de maneira suficiente para a redenção do homem. Sl 19:1-6; Rm 1:18-23
b) A Razão Humana (A religiosidade) não é suficiente para que o homem compreenda a Deus. I Co 1:21-25
c) A necessidade de uma revelação escrita a fim de poder perpetuar-se no tempo e no espaço, tornando-se disponível a todos os homens como lâmpada para os
seus pés e luz para o seu caminho. Sl 119:105; Hb 1.1; 2 Pe 1.21, 21
A Revelação de Deus no Antigo Testamento é confirmada e testificada por Jesus Cristo, pelos seus apóstolos e pelo seu próprio conteúdo.
a) Por Cristo (35 vezes) - Mt 26:54; 27:46; Lc 4:16-21; ...
b) Pelos Apóstolos - At 1:20; 2:12-36; Hb 1:1; Ap 22:16;...
c) Pelo seu próprio conteúdo - Is 34:16; Jo 5:39; Mt 25:56;...
b) A autoridade do Antigo Testamento é confirmada pelo uso que Cristo fez dele. Mt 4:11; Lc 16:29; 24:27, 44;...
c) A autoridade do Antigo Testamento é confirmada pelo uso que os apóstolos fizeram dele. At 1:16, 20; 2:16-21;...
d) A autoridade do Antigo Testamento é confirmada pelo uso que o Espírito Santo fez dele, mostrando ao homem a sua incapacidade de justificar-se pela lei,
preparando o homem para receber a mensagem do Novo Testamento. Gl 2:16; 3:11; Rm 3:20.
O propósito básico do Antigo Testamento é revelar Deus e sua vontade de modo suficiente para preparar o homem para aceitar a Jesus Cristo como Filho de Deus
e seu Salvador pessoal (Jo 5:39b; Lc 24:27, 44-46). O Antigo Testamento é uma revelação verídica e autoritária, embora que parcial e preparatória.
Encontramos nessa Revelação:
a) Deus auto-revelando-se às suas criaturas. Jo 5:39; Lc 24:27, 44-46; Jo 5:46,47
b) A doutrina do sacrifício (O Fio Escarlate). Jo 6:25; Gn 3:21;4:4
c) A linguagem real do Messias (O Fio Purpurino). Is 32:1, 2
O primeiro livro da Escritura hebraica é Gênesis e o último Crônicas (Mt 23:35; Gn 4:8; II Cr 24:20-22).
No Cânon hebraico, como no nosso Cânon, os livros não estão em ordem cronológica.
c) O Nosso Cânon
O Cânon que é aceito pela Igreja Evangélica é o mesmo aceito pelos judeus, apenas difere na sua divisão e no desmembramento de alguns livros.
No Cânon hebraico existem três divisões (A Lei, Os Profetas e os Escritores), e no nosso existem quatro divisões, a saber:
2) Livros Históricos – (doze livros) Josué, Juízes, Rute, 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis, 1 e 2 Crônicas, Esdras, Neemias e Éster.
- Profetas Menores (doze livros) - Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias.
A Divisão do Cânon aceito pelas igrejas cristãs vem da Septuaginta, através da Vulgata Latina, bem como a ordem dos livros por assuntos.
d) A Formação do Cânon
O Cânon do Antigo Testamento foi formado num espaço de -/+ 1046 anos – de Moisés a Esdras. Moisés escreveu as primeiras palavras do Pentateuco por volta de
1491 a.C. Esdras entrou em cena em 445 a.C.
Os livros do Antigo Testamento formaram o Cânon de maneira lenta e gradual, à medida que iam sendo credenciados, como inspirados por Deus, perante o povo
comum, seus líderes, seus profetas e sacerdotes.
Nos últimos anos do período incluso no Cânon, cinco grandes homens de Deus viveram simultaneamente numa época de profundo despertamento religioso, a
saber: Esdras, Neemias, Ageu, Zacarias e Malaquias, sendo dos cinco, Esdras o mais hábil e versátil. Foi este poderoso sacerdote-escriba que, segundo a tradição
judaica, presidiu a chamada Grande Sinagoga, que selecionou e preservou os rolos sagrados, determinando, dessa maneira, o Cânon das Escrituras do Antigo
Testamento (Ed 7:10, 14). A Esdras é atribuído também a tríplice divisão do Cânon hebraico (A Lei, Os Profetas e os Escritos).
A prova de que o Antigo Testamento compõe-se dos livros que se encontram na Escritura hebraica e na Escritura aceita pela Igreja Evangélica Cristã, é dada pelas
evidências internas e externas.
1) Evidências Internas
Moisés, cerca de 1491 a.C. começou a escrever o Pentateuco, concluindo-o por volta de 1451 a.C. (Ex 17:14; 24:4, 7; 34:27; Nm 33:2). As partes do Pentateuco
anteriores a Moisés foram escritas por ele lançando mão de fontes existentes, tais como registros, tradição oral, etc. (Gn 2:4; 5:1; 26:5) e revelação divina, tudo
inspirado pelo Espírito Santo de Deus (2 Pe 1:20, 21;2 Tm 3:16).
Josué, sucessor de Moisés escreveu uma obra e a colocou perante o Senhor (Js 24:26).
Samuel, o último juiz e também profeta do Senhor, escreveu e colocou seus escritos perante o Senhor, isto é, depositou-os próximos a arca do Senhor.
Isaías, o profeta messiânico fala do Livro do Senhor (Is 34:16) e palavras do livro (Is 29:18), referindo-se às Escrituras na sua formação.
Em 726 a.C., os Salmos já tinham sido produzidos e já eram cantados no templo (2 Cr 29:30).
Jeremias, chamado por Deus para o Ministério profético em 626 a.C., registrou a Revelação Divina num livro, conforme orientação de Deus (Jr 30:12). Tal livro foi
queimado por Jeoaquim, rei de Judá, mas novamente escrito, agora com a ajuda de Baruque que escrevia as palavras ditadas por Jeremias (Jr 36:1, 2, 28, 32;
45:1).
No tempo do rei Josias (621 a.C.), Hilquias, o sumo sacerdote achou o Livro da Lei no templo (II Re 22:8-10).
O profeta Daniel fez referência aos Livros, mediante os quais interpretou o sentido profético referente ao período do Cativeiro Babilônico (Dn 9:2).
Zacarias, na sua profecia (Zc 7:12), faz referência a inspiração divina da Lei e dos Escritos dos profetas antigos.
Neemias, nos seus dias, achou o livro da lei de Moisés. Tal leitura produziu uma convicção de pecado tremenda no meio do povo, culminando com uma renovação
do pacto (Ne 8:1-12; 9:38).
O profeta Miquéias cita o profeta Isaías em sua profecia (Mq 4:1-3; Is 2:2-4).
2) Evidências Externas
Filo, escritor de Alexandria (30 a.C. – 50 d.C.) possuía todo o Cânon do Antigo Testamento e o cita abundantemente em todos os seus escritos.
Flávio Josefo, historiador judeu (37 – 100 d.C.), contemporâneo do apóstolo Paulo, escrevendo aos judeus, no livro "Contra Appion", testifica sobre as Escrituras
Hebraicas nestes termos: "Nós temos apenas 22 livros, contando a história de todo o tempo; livros em que nós cremos, ou segundo geralmente diz-se livros aceitos
como divinos. Desde os dias de Artaxerxes ninguém se aventurou a acrescentar, tirar ou alterar uma única sílaba. Faz parte de cada judeu, desde que nasce,
considerar estas Escrituras como ensinos de Deus."
Na sua veemente defesa em prol da autenticidade do Cânon do Antigo Testamento, Josefo diz que todo o judeu respeitava instintivamente as Escrituras Hebraicas
como sendo mandamentos de Deus, procuravam obedecer e, se necessário, morreriam prazerosamente por elas.
e) Os Livros Apócrifos
Nas Bíblias publicadas pela Igreja Romana existem sete livros a mais, do que a da edição protestante. Além dos 7 livros a mais, existem 4 acréscimos ou
apêndices a livros canônicos. Toda esta literatura começou a fazer parte do Cânon católico a partir do Concílio de Trento, em 1546, isto é, depois de
aproximadamente 1700 anos da conclusão do Cânon Hebraico, compilado por Esdras.
Toda esta literatura é considerada apócrifa, isto é, não inspirada por Deus. O termo é grego e significa escondido ou oculto. Significa também não genuíno, espúrio
ou de origem duvidosa. Convém lembrar que os livros apócrifos não fazem parte do Cânon Hebraico.
Manuscritos são os rolos, pergaminhos, ou livros escritos a mão, antes da invenção da imprensa com tipos, móveis, que foi inventada por Gutenberg em meados
do século XV.
A palavra manuscrito é sempre usada pela abreviatura MS no singular e MSS ou MAS no plural.
Material Gráfico dos MSS Bíblicos:
a) Papiro - planta abundante no Egito, cuja popa era cortada em tiras que eram colocadas superpostas umas as outras de forma cruzada, coladas, prensadas e
depois polidas. Eram escritas de um lado apenas. A cor era amarelada.
b) Pergaminho – pele de animais curtida e preparada para a escrita, seu uso generalizado vem dos primórdios do cristianismo, mas já era conhecido em tempos
remotos, pois temos uma menção de Isaías 34:4 sobre um livro que era enrolado. O pergaminho preparado de modo especial para a escrita era chamado de velo.
Tudo indica que o termo pergaminho derivou o seu nome da cidade Pérgamo, na Ásia menor, cujo rei Eumenes II (159 – 197 d.C.), fez uma grande biblioteca para
rivalizar com a de Alexandria no Egito. O Novo Testamento menciona esse material gráfico em 2 Tm 4:13; Ap 6:14.
Outros materiais foram utilizados para a escrita nos tempos antigos, mas de menor importância, tais como: linho, ostraco (fragmento de cerâmica) mencionado em
Jó 38:14; Ez 4:1, madeira, pedra (Ex 24:12; Js 8:30-32), tábua recoberta de cera (Is 8:1; Lc 1:63).
O Antigo Testamento foi escrito em Hebraico, exceção de Esdras 4:8 à 6:18; 7:18-26; Daniel 2:4 à 7:28 e Jeremias 10:11, que foram escritos em aramaico. O Novo
Testamento foi escrito em sua totalidade no grego.
O Hebraico é uma língua que faz parte do grupo de línguas semíticas que eram faladas na Ásia Mediterrânea. A língua hebraica é chamada no Antigo Testamento
de língua de Canaã (Is 19:18), língua judaica ou judaico (2 Rs 18:26, 28; Is 36:13). Como a maior parte das línguas do ramo semítico, o hebraico lê-se da direita
para a esquerda. O alfabeto compõe-se de 22 letras, todas consoantes. Os atuais sinais vocálicos (não vogais) que são colocados em cima, em baixo e dentro das
letras do alfabeto hebraico começaram a ser utilizados em meados do século VI da era cristã pelos escribas massoretas. Qualquer texto bíblico posterior ao século
VI da era atual é chamado de massorético porque contém sinais vocálicos.
O Aramaico é um idioma semítico falado desde 2000 a.C., em Arã (Síria). O primitivo território onde o aramaico era falado estendia-se das montanhas do Líbano
até além do Eufrates, incluindo Babilônia, Mesopotâmia Superior (Padã-Arã) – Gn 25:20, e outros distritos. A influência do aramaico sobre o hebraico foi profunda,
começando no cativeiro do reino de Israel, em 722 a.C. na Assíria, e continuando através do cativeiro do reino de Judá, em 586, pelos babilônicos. Quando Israel
regressou do cativeiro babilônico falava o aramaico como língua vernacular. O aramaico era a língua comercial do mundo antigo, porque era falado na rota
comercial daquela época, principalmente quando a Assíria e a Babilônia dominaram o mundo antigo. O aramaico era também chamado de siríaco no norte (2 Rs
18:26; Ed 4:7; Dn 2:4) e caldeico no sul (Dn 1:4). Tinha o mesmo alfabeto do hebraico, mas diferia nos sons e nas estruturas de certas palavras. No tempo do
Senhor Jesus a língua era falada pelo povo judeu. O hebraico era falado nos serviços religiosos do templo e nas sinagogas.
O Grego faz parte do grupo de línguas ariana. Vem da fusão dos dialetos falados pelas duas principais tribos que povoavam a Grécia, a saber: os dóricos e os
áticos. O grego é uma língua de expressão muito precisa, e das línguas bíblicas, é a que é mais conhecida, devido a sua proximidade com o grupo de línguas
latinas. O grego com que foi escrito o Novo Testamento é o grego popular, isto é, falado pelo povo, chamado Koinê. Com as conquistas de Alexandre Magno, a
Cultura grega foi disseminada pelo mundo todo, tornando-se assim o grego uma língua universal. A influência do grego foi tão grandiosa no mundo antigo, que no
Egito, em Alexandria, as Escrituras Hebraicas foram traduzidas para o grego. Essa versão que foi usada amplamente na época de Jesus, chamava-se a
Septuaginta ou a Versão dos Setenta (LXX).
Definimos versão como sendo a tradução da Bíblia diretamente dos originais para outra língua. A mais importante das versões antigas das Escrituras Hebraicas é a
Versão dos Setenta, chamada Septuaginta (LXX). A Septuaginta é a versão das Escrituras Hebraicas (Antigo Testamento) para o grego. Segundo a tradição,
Ptolomeu Filadelfo, rei do Egito, 285 a 247 a.C., solicitou de Jerusalém 72 anciãos de Israel, de cada tribo 6, eruditos, para fazerem a tradução das Escrituras
Hebraicas para o grego, em Alexandria. Essa tradução nos explica porque foram acrescentados os livros apócrifos à Septuaginta – para tê-los na Biblioteca de
Alexandria como literatura da nação israelita.
Tendo em vista o uso constante dos primitivos cristãos da Septuaginta em seus cultos e nas controvérsias doutrinárias com os judeus e os pagãos, os judeus do
segundo século da era cristã fizeram novas traduções das Escrituras Hebraicas para o grego, sendo as mais famosas: 1) A de Áquila, de 130 anos depois de
Cristo; 2) A de Teodósio, 150 anos depois de Cristo. A versão de Teodósio foi tão bem feita que o livro de Daniel substituiu o da versão Septuaginta nas cópias
existentes da primeira versão grega; 3) A de Sínaco, de 190 anos depois de Cristo, sendo esta uma versão mais erudita.
Orígenes, considerado um dos pais da Igreja, copiou essas quatro versões gregas e partes de outras em colunas paralelas, com o hebraico original. Dessa obra
denominada Hexaplia ainda existe fragmento hoje em dia nos museus da Europa.
Devido à rápida expansão do Evangelho para todos os quadrantes do mundo conhecido, começou a surgir a necessidade da divulgação das Sagradas Escrituras
para outras línguas. No período compreendido entre 150 a 200 A.D., o Antigo Testamento foi traduzido dos originais para o siríaco através das versões,
CUREITONIANA, PESHITO, HARCLEANA E PALESTINIANA, sendo a mais famosa e aceita a PESHITO. A versão PESHITO (simples, comum ou literal) era a
versão feita para o povo em geral sem se preocupar com o linguajar erudito.
Devido ao aramaico ter praticamente substituído o hebraico como língua oficial dos judeus após o exílio babilônico, surgiu a necessidade de que as Escrituras
Hebraicas fossem vertidas para o aramaico. Os judeus fizeram a versão inclusive parafraseando e explicando o texto hebraico. Essa versão chamou-se TARGUM,
sendo os principais o da Lei feito por Onqueto, amigo de Gamaliel (II Séc. a.d.) e os livros PROFÉTICOS E HISTÓRICOS feito por Jonathan Bem Uziel (III Séc.
a.D.).
Houve também a necessidade de traduzir as Sagradas Escrituras dos originais para o latim, a língua falada pelo império romano. A medida que o império romano ia
se expandindo, o latim também ia se introduzindo no meio dos povos conquistados, tornando-se assim uma língua universal. Na cruz de Cristo o título "Jesus
Nazareno, rei dos Judeus" foi escrito em hebraico, grego e latim (Jo 19:20). Considerando este fato, houveram versões da Bíblia das línguas originais para o latim,
sendo a mais antiga a Antiga Versão Latina, também chamada Versão Africana do Norte, feita possivelmente em Cartago em 170 d.C.. essa versão foi feita da
Septuaginta.
A outra versão latina chamada de Ítala é mais uma revisão da Antiga Versão Latina do que propriamente uma nova versão. Essa versão foi preparada na Itália, daí
o seu nome.
Em 387-405 d.C., Jerônimo, um dos mais sábios e piedosos homens de sua época empreendeu um grande projeto de traduzir as Sagradas Escrituras dos originais
para o latim. Para realizar o seu projeto instalou-se num mosteiro em Belém (Palestina). Essa formosa versão foi a Bíblia da Igreja do Ocidente na Idade Média; em
604 d.C., no tempo de Gregório, o Grande, foi denominada de Vulgata, por ser uma versão mais popular que se tinha conhecido. Por mil anos a Vulgata foi a Bíblia
oficial de quase toda a Europa. Em 1452, Gutenberg, inventor da imprensa, publicou o seu primeiro livro que foi a Vulgata. A Vulgata durante muitos séculos foi a
base de traduções para outras línguas. No Concílio de Trento, em 1546, ela foi formalmente oficializada como a Bíblia da Igreja Romana, já com a inclusão dos
livros apócrifos. Como aconteceu com os outros idiomas, as Sagradas Escrituras não foi traduzida por inteiro para o português, nossa língua pátria. D. Diniz, rei de
Portugal (1279-1375), traduziu da Vulgata uma parte do livro de Gênesis. D. João I (1385-1433) ordenou que os Evangelhos fossem traduzidos para o português.
Ele mesmo traduziu o livro de Salmos. Frei Bernardo traduziu o Evangelho de S. Mateus no século XV. Em 1495, a rainha Leonor, casada com D. João II, mandou
publicar o livro "Vida de Cristo", que era uma espécie de harmonia dos Evangelhos. Em 1505 a mesma rainha mandou imprimir os Atos dos Apóstolos e as
Epístolas Universais.
Vejamos agora as versões completas das Sagradas Escrituras para o português:
a) Versão de Almeida – João Ferreira de Almeida foi ministro do Evangelho da Igreja reformada Holandesa, em Batavia, então capital da ilha de Java, na Oceania.
Na época, Java, atual Jacarta, capital da Indonésia, era domínio holandês, conquistada aos portugueses. Almeida traduziu primeiro o Novo Testamento,
terminando-o em 1670, sendo o mesmo impresso em Amsterdã, Holanda, em 1681. Terminando o Novo Testamento, Almeida empreendeu a tradução do Antigo
Testamento indo até Ezequiel 48:21, quando faleceu em 1691. Missionários, seus amigos, liderados por Jacob Opden Akker, completaram a tradução. A tradução
de Almeida foi feita diretamente dos originais grego e hebraico, utilizando também para este trabalho, as versões holandesa e espanhola. A Bíblia completa em
português foi publicada pela 1ª vez pela Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira, em 1819. O Texto de Almeida foi revisado em 1951, a Imprensa Bíblica
Brasileira (Organização Batista Independente) publicou a versão Revista e Corrigida, por sinal, a mais aceita pelo público evangélico brasileiro, segundo a pesquisa
feita recentemente pela Sociedade Bíblica do Brasil. Uma comissão de especialistas brasileiros trabalhando no período de 1945 a 1955 apresentou a edição
Revista e Atualizada de Almeida.
b) Versão de Figueiredo – Em 1821, a Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira, publicou a versão feita pelo Padre Antônio Pereira de Figueiredo. A tradução de
Figueiredo foi feita da Vulgata Latina e não dos originais. O Padre Figueiredo foi um dos latinistas do seu tempo, e levou 17 anos para concluir a tradução do latim.
c) Versão de Matos Soares – Em 1932, o Padre Brasileiro Matos Soares, traduziu a Bíblia do latim para o português, sendo a mesma publicada somente em 1946.
É a Bíblia popular dos católicos romanos. Segundo os especialistas, a tradução carece de fidelidade, pois nota-se em Matos Soares preconceitos e tendências,
especialmente nos itálicos (Expressões que não constam dos originais e que foram feitas para completar o sentido das frases) que às vezes tem texto maior que o
próprio original.
· A Bíblia foi impressa a primeira vez no Brasil em 1944, pela Imprensa Bíblica Brasileira.
· A divisão do texto bíblico em capítulos e versículos não vem dos originais. A primeira Bíblia que trouxe essa divisão foi a Vulgata Latina, em 1555.
· Existe no Brasil três entidades evangélicas que publicam e distribuem a Bíblia. A primeira é a Imprensa Bíblica Brasileira, fundada em 1940. A segunda é a
Sociedade Bíblica do Brasil, fundada em 1948, resultante da Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira e Sociedade Bíblica Americana. A terceira é a Sociedade
Bíblica Trinitariana, com sede em São Paulo.
· A Bíblia em português está entre as mais populares do mundo, juntamente com a Vulgata, a de Lutero e a Versão Autorizada (Inglesa).
O Antigo Testamento, sendo como é a parte inicial da Revelação Divina, tem uma estrutura bem definida. O Senhor Jesus falou sobre o plano das Escrituras e de
seu propósito sobre Ele, ao dizer que elas testificam dEle.
Observando com cuidado as palavras de Jesus e dos seus apóstolos, veremos que eles consideravam o Antigo Testamento como a Palavra de Deus que não
poderia falhar e que não havia divisão nela, sendo tudo como é inspirada por Deus verbal e plenariamente. "Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia
das Escrituras é de particular interpretação... mas os homens santos da parte de Deus falaram movidos pelo Espírito Santo". 2 Pe 1:20, 21.
a) Sua Unidade
Nota-se a unidade das Sagradas Escrituras inteira em sua estrutura e no desenvolvimento do plano de Deus através dos séculos (At 15:18; Rm 11:33, 36). No livro
de Gênesis encontramos a criação de todas coisas, a queda do homem, a promessa da vinda do Messias, a chamada de um homem para dele fazer Deus uma
grande nação, donde viria o Messias ao mundo. Nos livros seguintes do Antigo Testamento encontramos registradas as peripécias desse povo escolhido por Deus,
bem como a revelação gradual de Deus ao homem, à sua vontade, assim como a apresentação de um quadro profético do Messias, cada vez mais nítido, a medida
que a palavra profética era acionada por Deus. Acresça-se a isso as pessoas e as coisas registradas que tipificaram e figuravam o Messias.
"O Antigo Testamento nos fornece, não a história de um descobrimento gradual de Deus por parte do homem, mas, antes, uma auto-revelação progressiva de
Jesus ao homem. No princípio Deus falava diretamente com o homem, como se verifica em Gn 2:16, 17; 3:8-13;4:9-15; etc. Porém, conforme o homem se
submergia no pecado, afastava-se de Deus, tornando-se incapaz de ouvir sua voz. Dessa forma Deus se foi revelando cada vez mais, não por intermédio de
preceitos didáticos, mas, antes, por meio de sua providência nos acontecimentos da sua vida diária... Mais tarde ordenou que aquelas revelações fossem escritas,
para que se tornassem úteis para nós também".
No que diz respeito especialmente no Antigo Testamento, sua continuidade é maravilhosa, ao considerarmos: 1º) Dezesseis séculos tinham decorrido desde que o
primeiro escritor bíblico pegara na pena para grafar as palavras sacras no pergaminho até que o último registrou a última palavra que Deus inspirou; 2º) Que os
autores humanos eram de níveis e ocupações diferentes como reis e pastores de ovelhas, profetas e estadistas, generais de exércitos , grandes líderes e homens
desconhecidos à parte de seus registros; 3º) Alguns dos trinta e nove livros do Antigo Testamento foram escritos em terras estrangeiras, e os escritos feitos na
Palestina cobrem tempos bem diferentes, no que se refere às condições físicas e políticas. Apesar disso tudo, o Antigo Testamento é uma obra só, que desdobra o
mesmo tema principal, cada livro fazendo sua contribuição para levar ao clímax o propósito divino. Temos no Antigo Testamento um relato em ordem da história do
homem, do ponto de vista espiritual. Trata-se da história do trato de Deus com o homem através dos milênios.
Antes de mostrarmos em forma de esquema o plano ou estrutura do Antigo Testamento é conveniente dizermos algo sobre cronologia. Não há unanimidade dos
comentadores sobre a cronologia bíblica, principalmente no período compreendido entre o cativeiro Assírio (722 a.C.) e os relatos do livro de Gênesis. Todos os
eventos envolvendo este período são considerados como tendo data aproximada e não exata. Do cativeiro assírio para frente não há muitas dúvidas quanto as
datas dos eventos acontecidos. A seguir apresentaremos três esquemas, pedidos emprestados ao livro Introdução ao Antigo Testamento, volume 1, do Dr. D. D.
Turner que tratam sobre a estrutura do Velho Testamento: No princípio, ou seja, no primeiro esquema encontramos a distribuição dos livros do Velho Testamento
em sua ordem cronológica. No segundo esquema encontramos a divisão dos livros proféticos da Bíblia relacionados com as duas maiores crises do povo judeu,
que foram os cativeiros assírio e babilônico. No terceiro esquema encontramos a história bíblica em épocas.
X – A INSPIRAÇÃO DA BÍBLIA
A Bíblia em sua inteireza é um livro inspirado por Deus. Em 2 Tm 3:16, encontramos: "Toda Escritura é inspirada por Deus..."; ainda em 2 Pe 1:20-21, lemos que
nenhuma profecia da Escritura provém de particular elucidação; porque nunca jamais, qualquer profecia foi dada por vontade humana, entretanto, homens santos
de Deus, falaram da parte de Deus movidos pelo Espírito Santo.
Vejamos algumas definições sobre o que é Inspiração: "A Inspiração das Escrituras é aquela influência que Deus exerceu sobre os autores humanos por intermédio
de quem o Antigo e o Novo Testamento foram inscritos". (Chaffer).
"A Inspiração, quando aplicada à Bíblia, é o sopro de Deus dentro dos homens, habilitando-os dessa forma a receber e a comunicar a verdade divina". (Miller).
"A Inspiração bíblica é aquela influência do Espírito Santo sobre certos homens escolhidos por Deus para ensinar sua vontade, que os guardava do erro na
comunicação de tudo que deveria constituir uma parte da revelação divina". (Miller).
Miller faz ainda o seguinte acréscimo, explicando melhor sua definição: "Essa influência se estendia à: 1) Isenção do erro no relato dos fatos históricos; 2)
Confirmação autoritária das verdades da revelação natural às quais faz referência; 3) Revelação sobrenatural, ou seja, às verdades que só podem ser conhecidas
por revelação direta de Deus".
A Inspiração da Bíblia foi plenária e verbal. Quando se fala em inspiração plenária se quer dizer que toda a Bíblia e não somente parte dela, foi inspirada por Deus.
Isso quer dizer que a Bíblia não apenas contém, mas é de fato a Palavra de Deus.
Em outras palavras, as Sagradas Escrituras em sua inteireza é considerada como igualmente fidedigna e que toda a Escritura original foi inspirada por Deus sem
exceção de uma só palavra.
Quando se fala em Inspiração Verbal, quer dizer, que não somente as idéias, mas também as próprias palavras registradas nos originais, foram inspiradas por
Deus. Cartledje disse em determinada ocasião sobre o assunto: "O Espírito escolheu as palavras necessárias para expressar a verdade, porém, não são
necessariamente as únicas palavras que poderiam ter sido usadas". Os teólogos aceitam isso como verdade, quando se trata de traduções, e explica o uso feito
pelo Senhor e seus discípulos da Septuaginta.
Esclarecido o significado de inspiração é de suma importância que entendamos que a inspiração, no sentido bíblico, cessou quando o Cânon Bíblico foi
completado. Depois que o último livro da Bíblia foi terminado, completando a revelação divina, cessou por completo a inspiração do Espírito Santo no que diz
respeito às Sagradas Escrituras. Ninguém pode a partir daquele limite se ancorar no direito de dizer que foi inspirado por Deus para trazer uma nova revelação ao
homem. O apóstolo Paulo foi bem claro nisso quando afirmou: "Mas ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos pregasse outro evangelho, além do que já vos
pregamos, seja anátema. Como antes temos dito, assim agora novamente o digo: Se alguém vos pregar outro evangelho além do que já recebestes, seja
anátema". Gl 1:8, 9.
É conveniente que entendamos que existe diferença entre inspiração, revelação e iluminação. Como já conhecemos o que significa inspiração, vejamos os
significados das duas outras palavras:
Revelação – é o ato soberano de Deus pelo qual Ele faz conhecido aquilo que dantes não se tinha conhecimento.
Iluminação – é a ação do Espírito Santo sobre os leitores das Sagradas Escrituras, capacitando-os a perceber a força da revelação.
a) A Teoria de Que as Idéias Foram Inspiradas e Não as Palavras – "Essa teoria sustenta que Deus revelou novas verdades e inspirou idéias divinas nas mentes
dos escritores, porém, permitiu-lhes expressar essas idéias em suas próprias palavras, de modo que temos que passar por alto dos erros nas palavras e crer
somente nas idéias expressas na Bíblia. Essa teoria supõe que o Deus infalível entregou sua verdade a homens falíveis para escrevê-las como melhor lhes
parecesse, pelo que o Deus que não erra é autor de um livro crivado de erros".
b) Teoria da Inspiração Parcial – Essa teoria pretende dizer que somente partes da Bíblia são inspiradas e não toda ela, cabendo ao leitor o juízo sobre o que é
inspirado ou não. Essa teoria nos deixaria com uma Bíblia auto-relativa e nos daria um conceito deformado de Deus. Em 2 Tm 3:16, lemos que toda Escritura é
inspirada por Deus.
c) A Teoria da Inspiração Ditada – "Essa teoria defende a idéia de que os autores da Bíblia eram menos estenógrafos, escrevendo mecanicamente apenas aquilo
que Deus ditava, sem usar o cérebro do escritor. Em linguagem atual, seria um texto psicografado. Se essa teoria fosse verdade então todo o Cânon Sagrado em
toda a sua extensão não importando o estilo literário dos autores dos livros, teriam o mesmo estilo literário e vocabulário, o que não é verdade, pois Deus inspirou
os autores humanos e os guardou do erro; não obstante, empregou suas mentes e talentos individuais, pelo que não temos um livro monótono quanto ao estilo,
etc., mas vemos as características particulares de cada um dos seus escritores, e o Espírito Santo superintendendo tudo, para produzir um livro divino, isento de
erro ou engano. Longe do Espírito Santo anular ou por de lado os talentos naturais dos escritores sacros. Usou-os para o seu propósito, tal como é sua maneira de
agir até hoje em toda a obra espiritual".
O Nome Popular da Anos Antes de Total Os Acontecimentos que Os Personagens A O Pacto As Referências
Época Jesus Cristo marcam o começo e o fim da Dispensação que Regia Bíblicas
Época cursada pela
Época
A IDADE ANTIDILUVIANA - 2441 1656 A Expulsão O Dilúvio Adão Noé Consciência Adâmico Gênesis 4 a 6
A IDADE DE UMA SÓ RAÇA 2441 2014 427 O Dilúvio A Chamada de Noé Abraão Governo Noético Gênesis 7 a 11
Abraão Humano
OS PATRIARCAS – A 2014 1584 430 A chamada A Lei em Sinai Abraão Moisés Promessa Abraâmico O Livro de Jó
OPRESSÃO de Abraão Gn 12 a Ex 11
O REINO UNIDO 1057 937 120 O A Divisão do Saul Roboão Lei Mosaico 1 Sm 1 a I Rs
Estabeleci- Reino 11; 1 Cr 1 a 2
mento do Cr 10; Sl; Pv;
Reino Ec; Cant.
O REINO DIVIDIDO 937 722 215 A Divisão O Cativeiro Roboão Ezequias Lei Mosaico 1 Rs 12 a 2 Rs
do Reino Assírio de Israel 18; 2 Cr 11 à
31; Joel;
Jonas; Amós,
etc.
O REINO DE JUDÁ 722 606 116 O Cativeiro O Cativeiro Ezequias Zedequias Lei Mosaico 2 Rs 18 a 25; 2
Assírio de Babilônico de Cr 32 a 36;
Israel Judá Isaias;
Jeremias, etc.
O CATIVEIRO BABILÔNICO 606 536 70 O Cativeiro A Volta dos Zedequias Zorobabel Lei Mosaico Daniel
Babilônico Judeus à Ezequiel
de Judá Palestina
A RESTAURAÇÃO 536 432 104 A Volta dos O Fim do Antigo Zorobabel Malaquias Lei Mosaico Esdras, Éster,
Judeus à Testamento Neemias,
Palestina Ageu,
Zacarias,
Malaquias
INTER-TESTAMENTÁRIO 432 0 432 O Fim do O Nascimento Malaquias Jesus Lei Mosaico Silêncio
Antigo do Senhor Jesus Cristo Profético
Testamento Cristo
Provérbios Ageu
Eclesiastes Zacarias
Cantares Malaquias
Joel
Amós
Jonas
Oséias
Isaías
Miquéias
Sofonias
Naum
Habacuque
Jeremias
Lamentações
Obadias
SÃO DOS LIVROS PROFÉTICOS DE
ACORDO COM AS DUAS GRANDES CRISES
DO POVO JUDEU
Bibliografia
GEISLER Norman, Introdução Bíblica – Como a Bíblia chegou até nós. São Paulo: Vida, 1997.
TURNER D. D., Introdução ao Antigo Testamento. São Paulo: Imprensa Batista Regular, 1952.
RYRIE Charles C., Guia Conciso da Bíblia. São Paulo: Editora e Distribuidora Candeias, 1988.
SOUZA Nicodemos de, Bibliologia, Um Assunto Oportuno. Rio de Janeiro: CPAD, 1987.