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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

DAPHNE CHRISTINA LEÃO DE MORAES CERVEZÃO GODOY

CENTRO PÚBLICO DE CONTROLE E MONITORAMENTO DE


ANIMAIS DOMÉSTICOS ABANDONADOS

NATAL | RN
2014
DAPHNE CHRISTINA LEÃO DE MORAES CERVEZÃO GODOY

CENTRO PÚBLICO DE CONTROLE E MONITORAMENTO DE


ANIMAIS DOMÉSTICOS ABANDONADOS

Trabalho Final de Graduação, apresentado ao Curso


de Arquitetura e Urbanismo, da Universidade Federal
do Rio Grande do Norte, como parte dos requisitos
para obtenção do título de Arquiteta e Urbanista.

Orientador: Fernando José de Medeiros Costa.

NATAL | RN
2014
Catalogação da Publicação na Fonte. Universidade Federal do Rio Grande
do Norte / Biblioteca Setorial de Arquitetura.

Godoy, Daphne Christina Leão de Moraes Cervezão.


Centro público de controle e monitoramento de animais
domésticos abandonados / Daphne Christina Leão de Moraes
Cervezão. – Natal, RN, 2014.
66f. : il.

Orientador: Fernando José de Medeiros Costa.

Monografia (Graduação) – Universidade Federal do Rio Grande


do Norte. Centro de Tecnologia. Departamento de Arquitetura.

1. Casa de animais – Arquitetura – Monografia. 2. Ambiente


veterinário – Monografia. 3. Controle populacional – Monografia. 4.
Bem estar animal – Monografia. I. Costa, Fernando José de Medeiros.
II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.

RN/UF/BSE15 CDU
725.1:619
DAPHNE CHRISTINA LEÃO DE MORAES CERVEZÃO GODOY

CENTRO PÚBLICO DE CONTROLE E MONITORAMENTO DE ANIMAIS


ABANDONADOS
Anteprojeto de um Centro Veterinário para Animais de Companhia Abandonados

Aprovação em 24 de novembro de 2014

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________
Professor: Fernando Costa

_________________________________________________
Professora: Luciana Medeiros

_________________________________________________
Convidado: Camila Furukava
Dedicatória

Dedico este trabalho a todos os meus amigos “animais não humanos”, pela
companhia silenciosa mas sempre presente, sem eles a inspiração para o seu
desenvolvimento jamais teria sido a mesma. Dessa forma, dedico-o também a todos
os animais que merecem reconhecimento das vidas ceifadas pelos olhos desatentos
dos animais humanos.

“A questão não é "Eles são capazes de raciocinar?", nem "São capazes


de falar?", mas sim: "Eles são capazes de sofrer?"’ (BENTHAM, 1984)
Agradecimentos

Agradeço inicialmente a minha família, que sempre estiveram ao meu lado me


incentivando e apoiando em todas as minhas decisões.

Ao meu orientador, Fernando Costa, por toda paciência no desenvolvimento da


proposta.

Aos professores do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFRN por toda a


contribuição para o meu desenvolvimento como profissional e pessoal. A Giovana
Paiva, que sempre presente, agradeço pelo grande incentivo e apoio para sair em
busca de conhecimento. A UFRN por toda a infraestrutura e apoio a qualidade do
curso.

A Marina Medeiros por todas as broncas preocupadas, a minha amiga médica


veterinária Lívia Duarte, que me guiou nas primeiras ideias para o projeto, a todos os
meus queridos amigos que me apoiaram por toda trajetória e a todas as pessoas que
contribuíram para o desenvolvimento desse projeto.

Agradeço em especial a minha mãe Liege Godoy que esteve ao meu lado durante
todo o percurso para me tornar arquiteta.
Resumo

O presente trabalho tem como objetivo elaborar o anteprojeto arquitetônico de um


Centro Público de Controle e Monitoramento de Animais Domésticos Abandonados
na cidade de Natal/RN. Para tanto, busca compreender o panorama atual da gestão
pública e da sociedade em relação a estes animais além de fazer uma análise de
projetos de tipologias voltadas ao uso veterinário buscando o desenvolvimento de uma
proposta arquitetônica compatível com propostas atuais de controle populacional de
animais e adequada ao bem-estar animal. A fim de conhecer melhor os temas
inerentes a esta monografia, foram feitos estudos pertinentes por meio de revisões
bibliográficas e levantamento de dados estatísticos, estudos diretos e indiretos através
de visitas in loco, entrevistas e pesquisas em meios de comunicação.

Palavras-chave: controle populacional; arquitetura; ambiente veterinário; bem-


estar animal
Lista de Ilustrações
Figura 1 - Quadro síntese da metodologia. ...................................................................................... 9
Figura 2- - Funcionários em momento de descanso. ................................................................... 15
Figura 3 - Área do canil coletivo. ...................................................................................................... 16
Figura 4 - Câmara fria........................................................................................................................ 16
Figura 5 - Canil individual. ................................................................................................................. 17
Figura 6 - Área de eutanásia. ........................................................................................................... 17
Figura 7 - Entrada do Hospital Veterinário - Amigo Bicho. .......................................................... 18
Figura 8 - Sala Cirúrgica. .................................................................................................................. 18
Figura 9 – Sala de internação para animais. ................................................................................. 18
Figura 10 - Entrada do Animal Refuge Centre .............................................................................. 19
Figura 11 - Animal Refuge Centre ................................................................................................... 19
Figura 12- Planta-Baixa do pavimento térreo. ............................................................................... 20
Figura 13 - Área de lazer dos cachorros. ....................................................................................... 21
Figura 14 - Canis e Gatis. ................................................................................................................. 21
Figura 15- Corte dos canis e gatis. .................................................................................................. 21
Figura 16 - Entrada do abrigo Friends for Life. .............................................................................. 22
Figura 17 - Localização dos ambientes no Don Sanders Adoption Center .............................. 23
Figura 18 - Sala de abrigo para gatos............................................................................................. 24
Figura 19 - Canil e sala de estar. ..................................................................................................... 24
Figura 20 – Edifício Animal Service Center.................................................................................... 25
Figura 21 - Entrada do edifício. ........................................................................................................ 25
Figura 22 - Planta Baixa Animal Service Center ........................................................................... 26
Figura 23 - Galeria de acesso entre o estacionamento e canis.................................................. 27
Figura 24 - Área dos Canis do Animal Service Center. ................................................................ 28
Figura 25 - Quadro Síntese das Referências. ............................................................................... 29
Figura 26 - Localização do Terreno................................................................................................. 30
Figura 27 - Gabarito do entorno. ...................................................................................................... 31
Figura 28 - Uso do entorno. .............................................................................................................. 32
Figura 29 - Hierarquia de vias no entorno. ..................................................................................... 33
Figura 30 – Dimensões da quadra. ................................................................................................. 34
Figura 31 - Vegetações no terreno. ................................................................................................. 35
Figura 32 - Curvas de nível do terreno. .......................................................................................... 35
Figura 33 - Rosa dos Ventos da cidade de Natal/RN. .................................................................. 36
Figura 34 - Condicionantes bioclimáticos. ...................................................................................... 37
Figura 35 - Quadro de recuos. ......................................................................................................... 38
Figura 36 - Largura mínima em linha reta. ..................................................................................... 41
Figura 37- Quadro de vagas reservadas para deficientes em estacionamento. ...................... 45
Figura 38 – Dimensões mínimas para boxe sanitário acessível. ............................................... 46
Figura 39 - Programa de Necessidades. ........................................................................................ 52
Figura 40 - Funcionograma............................................................................................................... 54
Figura 41 - Maquetes e Croqui do desenvolvimento. ................................................................... 55
Figura 42 - Área escolhida para a implantação. ............................................................................ 56
Figura 43 - Estudo volumétrico inicial. ............................................................................................ 57
Figura 44 - Perspectiva da entrada da edificação. ........................................................................ 57
Figura 45 - Implantação da edificação. ........................................................................................... 58
Figura 46- Ambientes e revestimentos. .......................................................................................... 61
Sumário

VOLUME 1
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 7
2. METODOLOGIA....................................................................................................................... 9
3. REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................................... 10
3.1 O Ser Humano e os Animais ......................................................................................... 10
3.2 Bem estar e sanidade animal ........................................................................................ 13
4. ESTUDOS DE REFERÊNCIA .............................................................................................. 15
4.1 Estudos Diretos ................................................................................................................ 15
4.1.1 Centro de Controle Zoonose (CCZ) – Natal/RN ................................................ 15
4.1.2 Hospital Veterinário e Pet Shop – Amigo Bicho .............................................. 17
4.1.3 Animal Shelter Amsterdam .................................................................................... 19
4.2 Estudos Indiretos ............................................................................................................. 22
4.2.1 Friends for Life - Don Sanders Adoption Center ............................................. 22
4.2.2 South Los Angeles Animal Service Center ....................................................... 25
4.3 Quadro Síntese das Referências.................................................................................. 29
5. CONDICIONANTES .............................................................................................................. 30
5.1 Localização e Entorno do Terreno............................................................................... 30
5.2 Condicionantes Físico-Ambientais ............................................................................. 33
5.3 Condicionantes Legais ................................................................................................... 37
5.3.1 Plano Diretor De Natal - Lei complementar nº 082 .......................................... 37
5.3.2 Código de Obras (2004) .......................................................................................... 38
5.3.3 Código de Segurança e Prevenção Contra Incêndios e Pânico .................. 40
5.3.4 ABNT - NBR 9050 (2004) ......................................................................................... 41
5.3.5 ANVISA - RDC nº 306, de 07 de dezembro de 2004 ......................................... 46
5.3.6 CFMV - Resolução nº 1015, de 9 de novembro de 2012 ................................. 48
6. DESENVOLVIMENTO DA PROPOSTA ............................................................................ 51
6.1 Programa De Necessidades e Pré-Dimensionamento ........................................... 51
6.2 Definição do Partido Arquitetônico ............................................................................. 53
6.3 Pré-Zoneamento e Evolução da Forma ...................................................................... 54
6.4 A Proposta Final ............................................................................................................... 58
7. MEMORIAL DESCRITIVO.................................................................................................... 60
7.1 Estrutura ................................................................................................................................. 60
7.2 Calculo da Caixa d’água ..................................................................................................... 60
7.3 Especificações de Materiais .............................................................................................. 60
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 63
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 64
ANEXO I

VOLUME 2

PRANCHA 01 – SITUAÇÃO LOCAÇÃO E COBERTURA

PRANCHA 02 - PLANTA BAIXA TÉCNICA DO PAVIMENTO TÉRREO

PRANCHA 03 - PLANTA BAIXA TÉCNICA DO PAVIMENTO SUPERIOR

PRANCHA 04 - CORTES

PRANCHA 05 - ELEVAÇÕES
1. INTRODUÇÃO

Nos centros urbanos, há sérios problemas relacionados a animais abandonados, que


acabam procriando e vivendo de acordo com as condições possíveis. Muitas vezes,
esses animais acabam causando problemas de saúde pública, transmitindo doenças
uns para os outros, às pessoas que vivem à sua volta e a outros animais, como os
domiciliados (PEDERSEN, 1991). Entre essas doenças podemos destacar a
leishmaniose, toxoplasmose, sarna, raiva, entre outras não tão conhecidas.
As superpopulações desses animais em centros urbanos ocasionam diversos
problemas: além das zoonoses, podem ocorrer agressões envolvendo pessoas ou
outros animais, problemas no trânsito como acidentes e atropelamentos,
contaminação ambiental por dejetos e desequilíbrio ambiental devido ao
comportamento predatório de animais silvestres, além de possíveis danos à
propriedade pública ou particular.
Diante deste problema, faz-se necessário não só um programa permanente de
controle populacional como também a implantação de medidas de coibição a maus
tratos, visando campanhas educativas que fomentem mudanças de valores e atitudes
na população para uma convivência harmoniosa com os animais.
Sem essas ações o que se constata no dia-a-dia são animais expostos a práticas
cruéis como envenenamentos, atropelamentos, torturas, mutilações devido à falta de
compreensão das pessoas de que os animais que se encontram abandonados são
vítimas da insensibilidade humana e da falta de atenção dos órgãos públicos às suas
necessárias condições de vida. (SMMA, 2009)
Em Natal/RN o número de animais abandonados é visível, segundo o canal de notícias
da Prefeitura Municipal do Natal, os pontos mais críticos estão na Av. Engenheiro
Roberto Freire, Av. Omar O'grady nas proximidades do Parque da Cidade e no
Campus da UFRN.
Em 2011 diversas legislações municipais foram criadas coibindo o mau trato aos
animais e em 2013 novas reuniões na Secretaria Municipal de Meio Ambiente e
Urbanismo (SEMURB) discutiram ações voltadas para a criação de uma campanha
educativa com vistas a estimular a guarda responsável e a castração voluntária de
gatos domiciliados. Outro ponto levantado na reunião é a elaboração de um projeto
com diretrizes para um plano de castração para os animais abandonados nestes
pontos críticos, sendo uma das sugestões de proposta a implantação de um trailer
8

que percorreria as zonas da cidade oferecendo o serviço ou a criação de um ponto


fixo para fazer o procedimento.
Diante do exposto, o presente trabalho tem como objetivo a criação de um centro
público de controle e monitoramento de animais de companhia abandonados na
Região Administrativa Sul em Natal, local com maior número de animais
abandonados.
A ideia para o tema escolhido surgiu através de uma crescente preocupação pessoal
a respeito do número de animais abandonados na cidade além da ausência de um
local público que desempenhe este papel.
Através deste trabalho deseja-se compreender o panorama atual da gestão pública e
da sociedade em relação aos animais abandonados, analisar projetos de tipologias
voltadas ao uso veterinário com enfoque ao controle populacional de animais de
abandonados e desenvolver uma proposta arquitetônica embasada com modelos
atuais de controle populacional desses animais.
9

2. METODOLOGIA

O presente trabalho é composto de 2 volumes. O primeiro volume deste trabalho é


divido em quatro partes. A primeira parte, busca compreender o panorama atual da
gestão pública e da sociedade em relação aos animais abandonados, através de
pesquisas em meios de comunicação e entrevistas. A segunda, compreende a análise
de projetos de tipologias voltadas ao uso veterinário com enfoque ao controle
populacional de animais de abandonados por meio de visitas in loco ou pesquisas em
meios de comunicação. A terceira parte abrange os condicionantes físico-ambientes
e legais, obtidos pôr pesquisas em órgãos pertinentes e visitas in-loco. A quarta parte
compreende o desenvolvimento da proposta em si, que consiste no desenvolvimento
de uma proposta arquitetônica compatível com modelos atuais de controle
populacional dos animais de companhia abandonados, utilizando como ferramentas
maquetes físicas e softwares BIM. O quadro a seguir (figura 1) sintetiza a metodologia
utilizada.

Figura 1 - Quadro síntese da metodologia.


REFERENCIAL TEÓRICO ESTUDOS DE REFERÊNCIA

CONDICIONANTES

FISICO-AMBIENTAIS E LEGAIS

DESENVOLVIMENTO

DA PROPOSTA

Fonte: Elaborado pelo autor.

O Volume 2 compreende o caderno de pranchas e perspectiva na proposta


arquitetônica final.
10

3. REFERENCIAL TEÓRICO
No presente capítulo, será abordado, de forma cronológica, como ocorreu a relação
entre os seres humanos e os animais domésticos, tanto no âmbito social quanto
jurídico, as políticas públicas que existem ou estão sendo implantas no Brasil para o
controle de animais abandonados, questões práticas de controle da população animal
e por fim, uma breve exposição de informações a respeito do bem estar animal em
locais de confinamento.

3.1 O Ser Humano e os Animais


A relação entre os seres humanos e animais teve diversas mudanças ao longo do
tempo por motivos variados, mas sempre esteve condicionada às necessidades do
homem em relação ao ambiente. “Registros históricos antigos identificam esse elo de
ligação com os animais por meio da representação da afetividade e seus
relacionamentos, retratados com muita propriedade por meio de símbolos e
desenhos” (DOTTI, 2014).
Segundo Chieppa (2002) a relação entre o homem e os animas se desenvolveu
durante milênios e podem ser dividida em três fases: a primeira, uma concepção
arcaica do animal, onde possui um status de divindade, a segunda pela concepção
econômico-funcional do animal, sendo representado por uma fase onde o animal é
considerado útil para força de trabalho, produção de leite, pele, ovos e a terceira fase
na qual compreende a concepção ética do animal do período atual, onde ele assume
um papel de ser sensível, sendo conscientes de prazer e dor, obtendo em diversos
países direitos elementares através de legislações em tutela dos animais.
Além da parte jurídica, nesta última fase os animais passam a ser reconhecidos por
seus benefícios na saúde e no bem estar, como no caso das terapias assistida por
animais (TAA).

Em relação aos direitos dos animais, na obra, Libertação Animal, o filósofo Peter
Singer introduz uma nova denominação para diferenciar humanos e animais. Passa a
chamar o primeiro de “animais humanos" e o segundo, de "animais não-humanos"
(SINGER, 2010). Nesse contexto Singer procura evidenciar as semelhanças entre
eles, afirmando que ambos são animais e que a igualdade reside nessa semelhança.
11

Outro filósofo defensor do princípio de igualdade entre animais humanos e animais


não-humanos foi o filósofo Jeremy Bentham, que em seu livro mostra grande
antevisão ao escrever:

“....chegue o dia em que o restante da criação animal venha a adquirir os


direitos que jamais poderiam ter-lhe sido negados, a não ser pela mão da
tirania. Os franceses já descobriram que o escuro da pele não é razão para
que um ser humano seja irremediavelmente abandonado aos caprichos de
um torturador. É possível que um dia se reconheça que o número de pernas,
a vilosidade da pele ou a terminação do osso sacro são razões igualmente
insuficientes para abandonar um ser senciente ao mesmo destino. O que
mais deveria traçar a linha intransponível? A faculdade da razão, ou, talvez,
a capacidade de linguagem? Mas um cavalo ou um cão adulto são
incomparavelmente mais racionais e comunicativos do que um bebê de um
dia, de uma semana, ou até de um mês. Supondo, porém, que as coisas não
fossem assim, que importância teria tal fato? A questão não é "Eles são
capazes de raciocinar?", nem "São capazes de falar?", mas sim: "Eles
são capazes de sofrer?"(grifo meu) (BENTHAM, 1984) .

Com o aumento do número de animais para servirem de alimento e experimentação


em laboratórios e centros de pesquisas, iniciam-se discussões no âmbito jurídico.
Internacionalmente pode-se destacar a Declaração Universal dos Direitos dos
Animais, na qual o Brasil é um dos signatários e que foi proclamada em uma
assembleia da UNESCO, já em 1978, essa proclamação considera que todo o animal
possui direitos e “que o desconhecimento e o desprezo desses direitos têm levado e
continuam a levar o homem a cometer crimes contra os animais e contra a natureza”
(UNESCO, 1978). Nacionalmente a vigente Constituição Federal Brasileira em seu
art. 225, incube ao Poder Público “proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da
lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção
de espécies ou submetam os animais a crueldade” (BRASIL, 2012), entretanto mesmo
possuindo garantias constitucionais e sendo amparados também pela Lei de Crimes
Ambientais, os animais domésticos ainda são vistos sem relevância:

“Para a maioria dos doutrinadores o Direito protege os animais com o intuito


de proteger o homem, daí uma habitual atenção dirigida aos animais
silvestres, em detrimento dos domésticos. O extermínio da vida de um animal
doméstico é aceito pelo sistema que prioriza os direitos econômicos.” (DIAS,
2005)

Em relação a legislação municipal de Natal, é possível destacar a Lei Municipal


5601/04 que instituiu o Código Municipal de Defesa e Bem-Estar Animal, que veda o
abandono de animais em vias públicas, mas ainda trata do assunto de forma tímida.
Entretanto em 2011, três novas leis municipais são significativas para demonstrar a
responsabilidade do governo em relação aos animais abandonados, como a Lei
12

Municipal 6320/11 que estabelece multa e sanções administrativas para maus-tratos


a animais, a Lei Municipal 6235/11 que Institui a Política Municipal de Estímulo à
Adoção de Animais Domésticos e a mais relevante, a Lei Municipal 0326/11, que
dispões sobre o controle da reprodução de cães e gatos, que proíbe a eutanásia em
animais sadios, com exceção de animal considerado agressivo, que podem ser
eutanasiados caso não sejam adotados em 90 dias e a participação do Poder
executivo Municipal e Estadual em incentivar a:

“Viabilização e o desenvolvimento de programas que visem ao controle de


cães e de gatos e à promoção de medidas protetivas, por meio de
identificação, registro, esterilização cirúrgica, adoção e de campanhas
educacionais para a conscientização pública da relevância de tais atividades.”
(NATAL, 2011).

As mudanças na relação social e jurídica entre humanos e animais refletiu diretamente


nas Políticas Públicas Municipais:

“As políticas públicas até recentemente estavam mais voltadas para o


combate à disseminação de doenças e aos acidentes provocados pelos
animais. A partir de 1990, com a conclusão de que a presença de animais
nas ruas se origina principalmente do excesso de nascimentos, as
autoridades passaram a se preocupar com a questão da superpopulação e
consequente abandono. Assim temos duas etapas bem delineadas que
caracterizam as políticas até então adotadas: a primeira etapa, que pode ser
intitulada como fase da captura e extermínio; e a segunda etapa, que poderia
ser descrita como fase da prevenção ao abandono.” (SANTANA,
MACGREGOR, et al., 2004).

A luta contra o abandono animal pode ser considerada com um verdadeiro fato social
urbano, devido à constância e permanência dos problemas das cidades com os
animais de rua na história (SORDI, 2011).

No âmbito internacional, a proposta do Centro Veterinário Municipal de Valongo em


Portugal demonstra de que forma as políticas públicas estão tratando o controle
populacional destes animais. A castração, a conscientização e a colocação de
microchips são algumas das iniciativas propostas pelo centro.

Em algumas regiões do Brasil podemos citar grandes avanços nas Políticas Públicas
voltada para animais, como castrações e vacinações gratuitas, colocação de chips
para identificação além da organização de eventos em prol dos animais.

Como bons exemplos disso, podemos citar a cidade de São Paulo, que em 2009, criou
o Programa Proteção e Bem Estar de Cães e Gatos (PROBEM) e tem como finalidade
13

diminuir o número de cães e gatos abandonados. As ações que buscam ser


alcançadas com o programa são, estabelecer diretrizes e normas para a garantia da
aplicação dos preceitos de bem-estar animal nas atividades que envolvam cães e
gatos, atuar de forma integrada com o Centro de Controle de Zoonoses, desenvolver
ações para divulgação, educação e conscientização sobre a posse responsável a fim
de prevenir o abandono e promover ações de adoção de cães e gatos (SÃO PAULO,
2009). O Estado de São Paulo também possui um Programa Estadual de Identificação
e Controle da população de cães e gatos, que desenvolve ações como identificação
e registro da população de cães e gatos, promoção de esterilização cirúrgica, incentivo
à adoção de cães e gatos abandonados, realização de campanhas de conscientização
pública sobre a relevância do controle da população de cães e gatos e de sua
vacinação periódica (SÃO PAULO, 2010).

Porto Alegre pode ser considerado como um dos municípios que mais avançou em
implementar políticas públicas voltadas a defesa do animal. Em 2011, com a criação
da Secretaria Especial dos Direitos Animais (SEDA), passou a executar políticas
públicas voltadas proteção e bem-estar animal, como ações voltadas a
conscientização da população, além de promover fiscalização a ONGs e a sociedade.
Outro serviço oferecido é por meio de uma unidade móvel responsável em buscar
animais em áreas de maior vulnerabilidade, para efetuar a castração e a colocação
de microchips nos animais (SEDA, 2011).

Já em Natal as Políticas Públicas se resumem apenas a campanhas de


conscientização sobre a posse responsável de animais e a promover feiras de adoção
junto a ONG’s e Associações (NATAL, 2011). Segundo o chefe do Centro de Controle
de Zoonoses de Natal, Diógenes Soares, o CZZ não oferece a esterilização de
animais, pois necessita de uma reforma e ampliação do Centro (SANTOS, 2010).

3.2 Bem estar e sanidade animal

O bem estar animal é uma temática que surgiu devido a questionamentos ao sistema
industrializado de produção animal em relação às condições de vida e saúde dos
animais (PORCHER, 2004).

Segundo Fraser (2004 apud IMPROTA, 2007, p. 33) a sociedade tem se norteado
sobre três perspectivas ao estabelecer o que é importante para o bem estar animal,
14

entre elas o “funcionamento biológico”; a da “vida natural” e a dos “estados afetivos”


dos animais.

Uma das formas de verificar o bem estar animal é através da relação do indivíduo ao
tentar se adaptar ao ambiente. Essas tentativas de adaptação podem ser às vezes
alcançadas rapidamente sem muito esforço ou gastos de energia, neste caso o bem
estar animal é satisfatório, contudo quando este ambiente necessita de muito esforço
para esta adaptação a qualidade do bem estar é baixa (BROMM, 1986).

É possível melhorar o bem-estar através do enriquecimento ambiental, sendo este


definido como uma melhora nas funções biológicas dos animais em cativeiro como
resultado de modificações feitas no ambiente (NEWBERRY,1995).

Nestes ambientes,também é importante observar diretrizes utilizadas para projetos


em Centros de Controle de Zoonose, como revestimentos e instalações hidráulicas
buscando garantir a sanidade dos animais.

Em relação ao layout dos ambientes destinados a permanência de cães e gatos, a


World Society for the Protection of Animals (WSPA) fornece algumas informações
para o bem-estar nestes nestes locais além de ressaltar alguns aspectos importantes
a serem levados em conta sobre o comportamento dessas espécies. Para cachorros,
por exemplo, a área do piso é mais importante que a altura em locais de confinamento,
dessa forma, segundo as diretrizes da WSPA para cada cão é necessária dispor de 2
m² de área coberta para abrigo das intempéries mais um mínimo de 2,5 m² para banho
de sol, além da criação de um espaço que permita a soltura diária para a redução do
nível de estresse que normalmente ocorre em cativeiro. Já em relação aos gatos,
diferentemente dos cachorros é necessária maior altura nos ambientes devido ao
comportamento animal, gatos gostam de subir em prateleiras e ter maior visão sobre
o espaço, a WSPA também fornece algumas diretrizes, como manter separado gatos
e cachorros, tanto visualmente quanto acusticamente e que a área aberta para banho
de sol mais a área fechada devem ter um mínimo de 2,2 m³ por gato, a parte fechada
deve ser construída de modo a evitar a entrada de sol, chuva e vento e possuir
passagem permanente para a área aberta individual (WSPA, 2011).
15

4. ESTUDOS DE REFERÊNCIA

4.1 Estudos Diretos

4.1.1 Centro de Controle Zoonose (CCZ) – Natal/RN

O CCZ de Natal fica localizado na Zona Norte, no Conjunto Santa Catarina. A parte
destinada a animais possui um terreno de 7569 m² foi fundado em 1983 e é
subordinado a secretária Municipal de Saúde (SMS). Com aproximadamente 700
funcionários e 7 veterinários englobando todos os setores, a administração possui
apenas 380 m² e divide seu pouco espaço com a área para descanso dos funcionários,
inapropriada para este fim (Figura 2). Segundo a administração, a maior reclamação
é a inexistência de um espaço grande o suficiente para reuniões, sendo necessário
fazer estas separadamente.

Figura 2- - Funcionários em momento de descanso.

Fonte: Acervo próprio

O setor visitado destinado aos animais foi o do programa de raiva, que possui área de
500 m² e compreende sala de vacinação, sala de investigação, sala de medicamentos
com geladeira para vacinas, banheiros, canis coletivos (Figura 3), canis individuais,
área para eutanásia e câmara de refrigeração para resíduos de tecidos e animais
16

mortos (Figura 4), entretanto, segundo o veterinário que acompanhou a visita este
nunca chegou a funcionar.

Figura 3 - Área do canil coletivo. Figura 4 - Câmara fria.

Fonte: Acervo próprio Fonte: Acervo próprio

Outras duas observações foram feitas pelo veterinário em relação à espacialização


dos ambientes, na área do canil individual (Figura 5), os alojamentos superiores
ficaram altos, e foram subutilizados como depósito. A segunda observação é em
relação ao local de eutanásia (Figura 6) porque durante este processo os animais
liberam hormônios e que podem ser sentidos pelos outros animais no mesmo
ambiente.
17

Figura 5 - Canil individual. Figura 6 - Área de eutanásia.

Fonte: Acervo próprio Fonte: Acervo próprio

O destino do lixo hospitalar e restos de tecidos e animais mortos é feito por uma
empresa contratada de São Gonçalo, sendo no caso, depositado em outra cidade.

O CCZ de Natal possui uma infraestrutura precária que necessita de reformas e


ampliações, além de demonstrar a falta de fiscalização em ambientes com esse uso.

4.1.2 Hospital Veterinário e Pet Shop – Amigo Bicho

Localizado no bairro Morro Branco, em Natal, o Hospital Amigo Bicho (Figura7)


compreende uma área de 220 m². Inaugurada em 2006, possui 3 acessos, sendo o
da clínica separada do pet shop, além do de serviço.
18

Figura 7 - Entrada do Hospital Veterinário - Amigo Bicho.

Fonte: Acervo próprio

O hospital oferece serviços de Pet Shop, Cirurgias, exames laboratoriais, internações,


Odontologia e Ortopedia, sendo necessário 22 funcionários e 7 veterinários para o
seu funcionamento.

A sala cirúrgica (Figura 8) possui todos os equipamentos necessários, entretanto suas


dimensões são mínimas. O setor cirúrgico não possui nenhuma sala para o preparo
ou recuperação dos animais anestesiados, estes são levados para um dos 20 abrigos
disponíveis no setor de internação, que é composto por duas salas, uma para animais
infectocontagiosos e outro para sadios (Figura 9), além das salas, existem também 4
abrigos externos para animais de maior porte.

Figura 8 - Sala Cirúrgica. Figura 9 – Sala de internação para animais.


19

Fonte: Acervo próprio Fonte: Acervo próprio

O destino do lixo hospitalar e restos de tecidos e animais mortos é feito por uma
empresa contratada.

Embora a edificação tenha pouco área útil, é possível abrigar grande parte do
programa de necessidades, com exceção de alguns ambientes que se tornam
obrigatórios em 2015 e que poderá acarretar grandes modificações internas para
comtemplar todas as obrigatoriedades.

4.1.3 Animal Shelter Amsterdam

A escolha deste estabelecimento se deu pela referência internacional de um


estabelecimento executado pelo poder público mas gerido pelo setor privado.

Em um terreno triangular na periferia de Amsterdam, o Abrigo de Animais de


Amsterdam (DOA) (Figura10) é um espaço que oferece diversos serviços voltado aos
animais. Além de promover a adoção de animais abandonados, o abrigo fornece os
serviços de banho e tosa, colocação de microchip, day care e fisioterapia. Construído
em 2007 pelo escritório Arons en Gelauff Architecten em um terreno triangulas envolto
por canais (Figura 11) o edifício possui 1765 m² para a área comercial e de serviços
mais 5800 m² para abrigos que podem comportar até 180 cachorros e 450 gatos.

Figura 10 - Entrada do Animal Refuge Centre Figura 11 - Animal Refuge Centre


20

Fonte: Acervo próprio. Fonte: Acervo próprio.

O “modelo de pente” utilizado pelos arquitetos é usual para edifícios dessa tipologia e
consiste de um corredor de serviço que serve uma série de canis colocados
perpendicularmente (Figura 12). Unindo o corredor de serviço com os canis cria-se
uma “fita edificada” e que margeia todo o terreno, produzindo dois grandes espaços
de lazer para os animais dentro dela (Figura 13).

Figura 12- Planta-Baixa do pavimento térreo.

APOIO TÉCNICO

CANIL

CENTRO VETERINÁRIO/
ADMINISTRAÇÃO E SUSTENTAÇÃO
CANIL NO TÉRREO E
GATIL NO 1º PAVIMENTO

Fonte: Archdaily1

1
Disponível em: < http://www.archdaily.com/2156/animal-refuge-centre-arons-en-gelauff-architecten/>.
Acesso em set. 2014.
21

As faces do edifício estão voltadas para dentro a fim de reduzir os níveis de ruído
excessivos de latidos para os vizinhos. Na parte mais alta encontra-se o alojamento
para os gatos logo acima dos canis (Figura 14 e 15), servindo também com um
isolamento extra do som para a área exterior.

Figura 13 - Área de lazer dos cachorros. Figura 14 - Canis e Gatis.

Fonte: Acervo próprio. Fonte: Acervo próprio.

Figura 15- Corte dos canis e gatis.

Fonte: Archdaily2.

2
Disponível em: < http://www.archdaily.com/2156/animal-refuge-centre-arons-en-gelauff-architecten/>.
Acesso em set. 2014.
22

O átrio de entrada do edifício recebe a posição central e determina a forma final - um


objeto fluído, revestida por painéis de aço zincado com 1,5 mm de espessura com no
máximo 5,40 m de comprimento coloridas em 12 tons de verde, criando uma aparência
de grama pixelizada (ARONS EN GELAUFF, 2013).

A principal contribuição obtida nesta visita para o projeto, é em relação a


espacialização e disposições dos ambientes e as soluções de isolamento acústico.

4.2 Estudos Indiretos

4.2.1 Friends for Life - Don Sanders Adoption Center

O centro de adoção Friends for Life, localizado em Houston/TX foi projetado em um


armazém existente em uma comunidade urbana de uso misto próximo ao centro da
cidade (Figura 16). Em vez de optar por um local mais distante, fora da cidade, esta
localização urbana permite maior facilidade de acesso de pessoas, encorajando
doações, trabalhos voluntários e doações.

Figura 16 - Entrada do abrigo Friends for Life.

Fonte: Modern Cat3.

3
Disponível em: < http://www.moderncat.net/wp-content/uploads/2012/07/FriendsForLife8.jpg>. Acesso em set.
2014.
23

O projeto do abrigo de aproximadamente 645 m² é de responsabilidade do escritório


de arquitetura Gensler Architecture Firm, a equipe focou em criar um espaço amigável
do ponto de vista dos animais, já que geralmente eles ficam estressados só de
estarem em um ambiente de abrigo. A tarefa era, em parte, promover um ambiente
sem stress, saudável e o mais interessante possível, tornando o espaço um local
agradável também para os possíveis adotantes e visitantes.

O piso térreo é dedicado aos animais e inclui espaço para utilitários, armazenamento,
salas de exame e recepção. O mezanino do piso superior fornece um espaço de
escritório para a equipe e voluntários do abrigo (Figura 17).

Figura 17 - Localização dos ambientes no Don Sanders Adoption Center

Fonte: Animal Shelter -Texas Architect4.

Para os gatos, foram projetados uma espaçosa sala de atividades sem gaiolas, com
pé direito de 5,8 m, fornecendo muito espaço para brincar e perambular com conforto
e luz solar (Figura 18). Cada sala está equipada com mobiliários integrados que
permitem aos gatos subirem nas prateleiras com conforto e um sistema de parede
com ripas que possibilita a colocação e rearranjo de prateleiras e poleiros conforme o
necessário. Separadamente ao dos gatos adultos, foram dedicados também espaços
para gatos idosos, filhotes com leucemia, e filhotes.

4
Disponível em: <http://issuu.com/taartdir/docs/ta13_11.12_web/106#>. Acesso em set. 2014.
24

Figura 18 - Sala de abrigo para gatos.

Fonte: Mordern Cat5.

Já na área voltada para os cachorros, além dos canis, foi criado um espaço de sala
de estar (Figura 19), possuindo um ambiente acolhedor, inclui sofás, cadeiras, tapetes
e janelas panorâmicas. Neste local, potenciais adotantes têm a oportunidade de
conhecer os nossos cães em um ambiente como a sua própria casa e os cães são
capazes de aprender como se comportar em um ambiente doméstico.

Figura 19 - Canil e sala de estar.

Fonte: Friends 4 life6.

5
Disponível em: < http://www.moderncat.net/2012/07/14/more-green-shelter-design-friends-for-life-in-houston-
opens-leed-certified-no-kill-animal-shelter/>. Acesso em set. 2014.
66
Disponível em: < http://www.adoptfriends4life.org/images/uploads/>. Acesso em set. 2014.
25

O cuidado foi levado a todos os detalhes do edifício. Sendo certificado do Leadership


in Energy and Environmental Design (Leed), a iluminação solar foi pensada de forma
a alcançar todos os animais e ambientes de trabalho, o tratamento acústico feito nos
ambientes para reduzir o nível de ruídos busca um melhor conforto para os animais e
funcionários, além disso, há ainda um sistema de renovação do ar que funciona 15
vezes por hora, trazendo para dentro do edifício ar fresco do exterior.

Os sistemas de energia e água também são eficientes, mas o maior destaque da


eficiência do edifício é para o sistema de aspiração central à vácuo de parede, que
consiste em um sistema de aspiração com tomadas de sucção estrategicamente
instaladas e interligadas à uma central através de uma rede de tubulações de PVC,
sendo acionado quando a mangueira se conecta na tomada. Este tipo de sistema
permiti retirar o pó sem circula-lo pelo ambiente, por isso sua instalação é
recomendada em clínicas, hospitais, etc., pois melhora a qualidade do ar. A redução
do consumo de água na limpeza é importante porque o esgoto produzido nestes
ambientes não é apenas sujo e podem ser um verdadeiro perigo a saúde e segurança.

4.2.2 South Los Angeles Animal Service Center

Para desenvolver o projeto do South Los Angeles Animal Service Center (Figura 20),
o escritório de arquitetura RA-DA tinha como objetivo final criar um ambiente
acolhedor aos visitantes possibilitando também o envolvimento da comunidade de
uma forma positiva.

Figura 20 – Edifício Animal Service Center Figura 21 - Entrada do edifício.

Fonte:Archdaily7. Fonte:Archdaily⁷.

7
Disponível em: http://www.archdaily.com/?p=407296. Acesso em set 2014.
26

Procurando torná-lo tão visível e acessível possível O edifício está situado


estrategicamente em um terreno de uma área industrial de Los Angeles, cercada por
zonas residenciais e perto de avenidas movimentadas. Com a sua fachada distinta e
cores brilhantes (Figura 21), o abrigo anima a área, fornecendo um local agregador
para a comunidade local.

Figura 22 - Planta Baixa Animal Service Center

CENTRO VETERINÁRIO/ SUSTENTAÇÃO ADMINISTRAÇÃO/


CANIL
ANIMAL VITRINE

Fonte: Archdaily⁷.

O volume do edifício possui 2230 m² e é dividido em duas partes (Figura 22), criando
uma galeria central que conecta o estacionamento público com a área do canil ao ar
livre (Figura 23). Essa conexão permite que os visitantes ao passearem por ela vejam
diversos animais considerados menos difíceis de adotar “expostos” por janelas em
seus abrigos. Esse arranjo procura aumentar as possibilidades de adoção para estes
animais, enquanto que os filhotes que são geralmente mais fáceis de serem adotados
ficam aos fundos.
27

Figura 23 - Galeria de acesso entre o estacionamento e canis.

Fonte:Archdaily⁷.

A área dos canis (Figura 24) que fica na parte externa, possui 3250m². Os canis são
orientados de uma forma que minimiza o número de canis voltados uns para os outros,
num esforço para reduzir os níveis de ruído e desencorajar latidos. Os canis possuem
muita arborização, assim como o entorno do terreno. Estes esforços de mitigação de
ruído em combinação com paisagismo e áreas de descanso, incentiva os visitantes a
ficarem mais tempo no jardim do canil. O ambiente mais calmo melhora a interação
entre os visitantes e os animais e ajuda a promover a adoção.
28

Figura 24 - Área dos Canis do Animal Service Center.

Fonte: Archdaily⁷.

O revestimento do exterior do edifício segue o conceito de peles de animais, como as


escamas sobrepostas de répteis. Envolvido por duas fileiras de painéis compostos
pré-fabricados, os painéis mudam de cor quando as partes superiores e inferiores
entram e saem para criar saliências em formas de entrada, sombra em áreas
envidraçadas, e articulação em grandes superfícies.

Este edifício busca a certificação LEED, e para isso adotou medidas para regular a
iluminação e controle de temperatura. Foram utilizados no interior e exterior do edifício
materiais reciclados ou regionalmente acessíveis, painéis solares no telhado, entradas
de luz natural em todos os lugares ocupadas por pessoas ou animais e todo o
paisagismo foi pensado para necessitar de pouca manutenção e baixo consumo de
água.
29

4.3 Quadro Síntese das Referências

Figura 25 - Quadro Síntese das Referências.

Características Área Internação/ Castração Microchip Eficiência


Total abrigo Energética
Local
CCZ – Natal 880m² Não/Sim Não Não Não
Clinica Veterinária 220m² Sim/Não Sim Não Não
– Amigo Bicho

Animal Refuge 7565m² Sim/Sim Sim Sim Não


Centre Amsterdam

Friends 4 life 645m² Sim/Sim Sim Sim Sim

Animal Care 5480m² Sim/Sim Sim Sim Sim


Center

Fonte: Elaborado pelo autor.

De modo geral, as referências diretas serviram para embasar as disposições espaciais


e ambientes físicos enquanto que as referências indiretas tiveram uma contribuição
mais conceitual, como a questão dos “espaços vitrines” ou a relação do local com o
público.
30

5. CONDICIONANTES

5.1 Localização e Entorno do Terreno

Para a escolha do terreno foi levado em consideração algumas particularidades


necessárias para o desenvolvimento da proposta, uma delas é a localização, que
focou na área com maior número de animais abandonados.

O terreno escolhido é uma quadra junto à divisa entre dois bairros da Região
Administrativa Sul de Natal, localizado entre as vias, Historiador Francisco Fausto de
Souza, Maria Lamas Farache e Ilo Fernandes Costa em Capim Macio e Avenida Praia
de Genipabu em Ponta Negra, conforme indicado na figura a seguir (Figura 26).

Figura 26 - Localização do Terreno.

Fonte: Elaborado pelo autor.

O gabarito das edificações (Figura 27) no entorno do terreno é em sua maioria está
entre um ou dois pavimentos, entretanto no entorno imediato pode-se observar a
presença de edificações de três e quatro pavimentos. Isso foi levado em conta no
posicionamento dos canis, já que estes poderiam produzir mais ruídos para
edificações com maior gabarito.
31

Figura 27 - Gabarito do entorno.

Fonte: Elaborado pelo autor. (2014)

Em relação ao uso (Figura 28), a área possui principalmente residências com


presença de comércio na Av. Praia de Genipabu. A procura de um terreno junto a uma
área residencial se deu na possibilidade de maior envolvimento da comunidade com
programas desenvolvidos para o centro. Outra característica marcante é a presença
de um grande número de terrenos vazios.
32

Figura 28 - Uso do entorno.

Fonte: Elaborado pelo autor. (2014)

Outro fator que influenciou a escolha foi a facilidade de acesso. Situado entre duas
vias coletoras II (Figura 29), o terreno é muito visível, além de possuir fácil acesso
também ao transporte público. Outro fator potencializador do local é a proximidade
com o Praia Shopping, situado no início da Av. Praia de Genipabu, serve como ponto
de referência e atração ao Centro Veterinário.
33

Figura 29 - Hierarquia de vias no entorno.

Fonte: Elaborado pelo autor. (2014)

5.2 Condicionantes Físico-Ambientais

A quadra do terreno escolhido apresenta 4596 m² de área (Figura 30), que permite
além do edifício proposto, a possibilidade de ampliações e a criação de uma praça
para animais onde fosse possível o desenvolvimento de eventos como feira de
adoções.
34

Figura 30 – Dimensões da quadra.

Fonte: Elaborado pelo autor a partir de mapa do Google Earth. (2014)

Como a quadra não possui as delimitações da pavimentação das calçadas, foi


adotado um recuo de 2,5m para a implantação das mesmas de acordo com o código
de obras do município, resultando em uma área final do terreno de 3886 m².

A vegetação existente no terreno é voltada para a Rua Hist. Francisco Fausto.


Composta de árvores de médio e grande porte (Figura 31), buscou-se mantê-las
sempre que possível na implantação da edificação, devido a possibilidade de atenuar
odores provenientes do Centro Veterinário.
35

Figura 31 - Vegetações no terreno.

Fonte: Acervo próprio.

Em relação a topografia, o terreno escolhido possui pouco desnível, sendo este menor
que um metro (Figura 32).

Figura 32 - Curvas de nível do terreno.

Fonte: Elaborado pelo autor a partir de mapa do Google Earth..

A cidade de Natal por ser uma cidade litorânea localizada próxima à linha do Equador,
possui um clima tropical quente e úmido, com uma temperatura média anual de 26,2°
C e taxas de radiação solar muito elevadas, o que aumenta a necessidade de
36

proteções nas fachadas leste/oeste, além de uma maior preocupação no momento da


implantação da edificação.

Outro aspecto importante a ser levado em conta é a direção predominante dos ventos,
que é na direção sudeste, podendo haver variações entre sul e leste, como pode ser
observado na Figura 33. Dessa forma sombreamento e a ventilação natural são as
principais estratégias que podem ser utilizadas para resolver questões de conforto
ambiental no clima quente e úmido de Natal.

Figura 33 - Rosa dos Ventos da cidade de Natal/RN.

Fonte: Labcon DARQ/UFRN.

Na Figura 34, pode-se observar a posição do terreno em relação ao norte, a


disposição da vegetação e ainda o percurso solar e a direção dos ventos, indicados
esquematicamente.
37

Figura 34 - Condicionantes bioclimáticos.

VENTOS
DOMINANTES

Fonte: Elaborado pelo autor a partir de mapa do Google Earth.

5.3 Condicionantes Legais

5.3.1 Plano Diretor De Natal - Lei complementar nº 082

O terreno Localiza-se em uma Zona de Adensamento Básico, de forma que a ele se


aplica o coeficiente de adensamento básico. O coeficiente de adensamento básico
para todos os usos nos terrenos contidos na Zona Urbana é de 1,2, de acordo com o
Art. 10º do Plano Diretor. Com relação ao gabarito, o máximo de altura permitido é de
65 m na região.

Ainda segundo o Plano Diretor, a taxa de impermeabilização dos terrenos exigida nos
terrenos do município de Natal não pode exceder 80 %, tal índice é obtido por meio
da divisão entre a área impermeável (que não permite absorção de água pluvial) e a
área total do lote. Já a taxa de ocupação máxima permitida, ou seja, o índice que se
obtém através da divisão entre a área correspondente à projeção horizontal da
construção e a área total do lote ou gleba (sem considerar a projeções de beirais e
marquises), não deve ultrapassar 80 % no subsolo, térreo e 2º pavimento; acima do
2º pavimento, a taxa de ocupação será em função da área resultante da aplicação dos
recuos previstos pelo Plano Diretor. Os recuos exigidos para Zonas não Adensáveis,
aplicáveis ao terreno escolhido, estão expostos da tabela a seguir:
38

Figura 35 - Quadro de recuos.

Fonte: Plano Diretor de Natal – Lei complementar nº082.

Dessa forma para o terreno de 3886m² podemos considerar que a área máxima
construída poderá ser até de 4663,2m².

5.3.2 Código de Obras (2004)

Nas Zonas de Adensamento básico, aos terrenos edificados é facultada a construção


de fechos (muros, cercas, grades ou similares) em suas divisas, devendo estes,
quando existentes, obedecer a altura máxima de 3 m em relação ao passeio medidos
de qualquer ponto em relação a testada, no caso do fechamento frontal, e 3 m em
relação ao terreno natural para os fechamentos laterais e dos fundos.

Todo projeto deve prever áreas destinadas ao estacionamento ou guarda de veículos,


cobertas ou não. A entrada e saída dos veículos devem ser projetadas para não criar
ou agravar problema de tráfego na via de acesso. Em edificações com uso não
residencial, como é o caso da proposta a ser desenvolvida, a área destinada ao
estacionamento e guarda de veículos é o resultado das exigências de áreas relativas
ao uso, para isso será utilizado a exigência de uma vaga a cada 45m² de área
39

construída8. Em locais públicos ou privados de uso coletivo deve ser reservado o


número de vagas a deficientes conforme estabelecido na NBR específica, com
sinalização, rebaixamento de guias e localização adequada.

É necessário toda a calçada possuir faixa de, no mínimo, 1,20 metros de largura para
pedestres, com piso contínuo e regular. Em vias coletoras e locais é permitida, junto
ao meio-fio, a execução de faixa gramada nas calçadas, desde que a largura da faixa
pavimentada não seja inferior a 1,20 metros. A calçada pode conter arborização,
observadas as orientações do órgão competente do Município. Toda edificação deve
ser projetada em conformidade com a orientação dos pontos cardeais de modo a
atender, sempre que possível, aos critérios mais favoráveis de ventilação, insolação
e iluminação. Todos os logradouros públicos e edificações públicas ou privadas de
uso coletivo devem garantir o acesso, circulação e utilização por pessoas portadoras
de deficiências ou com mobilidade reduzida, de acordo com as normas da ABNT. O
Código afirma que são dispensados de iluminação e ventilação direta e natural os
ambientes que se destinam a: corredores e halls de área inferior a cinco metros
quadrados (5,00 m), compartimentos que pela sua utilização justifiquem a ausência
dos mesmos, conforme legislação, própria, mas que disponham de iluminação e
ventilação artificiais; depósitos de utensílios e despensa. E também não são
considerados ventilados ou iluminados os compartimentos cuja profundidade, a partir
do local de onde provem a iluminação, seja superior a três (3) vezes o seu pé direito.

8
Exigências para clínicas em vias coletores conforme Anexo 1 do código de obras de Natal (2004).
40

5.3.3 Código de Segurança e Prevenção Contra Incêndios e Pânico

O Código de Segurança e Prevenção Contra Incêndio e Pânico do Estado do RN tem


como objetivo estabelecer critérios básicos indispensáveis de segurança contra
incêndio nas edificações de todo o Estado do Rio Grande do Norte, visando garantir
os meios necessários ao combate a incêndio, evitar ou minimizar a propagação do
fogo, facilitar as ações de socorro e assegurar a evacuação segura dos ocupantes
das edificações.

As exigências do Corpo de Bombeiros Militar do RN (CBM-RN) dependem do uso da


edificação. Dentre as opções dadas, a presente proposta de projeto se enquadra
melhor dentro da ocupação hospitalar e engloba edificações como hospitais, clínicas,
maternidade, casas de repouso, centros clínicos e similares.

As edificações classificadas como de uso hospitalar devem atender as exigências de


dispositivos de proteção contra incêndio de acordo com a área construída e altura da
edificação. Dentro das possibilidades da proposta pode-se ressaltar dois casos:

Em caso de edificações com altura inferior a seis metros e área construída inferior a
750 m², há a exigência de:

• Prevenção fixa (hidrantes) nas edificações classificadas no risco “C”;

• Prevenção móvel (extintores de incêndio);

• Sinalização;

• Escada convencional.

No caso de edificações com altura inferior a seis metros e com área construída
superior a 750 m², a exigência é de:

• Prevenção fixa (hidrantes);

• Prevenção móvel (extintores de incêndio);

• Sinalização;

• Escada convencional;
41

• Instalação de hidrante público.

Além de atender as exigências de dispositivos de proteção contra incêndio, em


relação com a área construída e altura da edificação, devendo ainda, atender os
seguintes requisitos:

I - A escada atenderá às recomendações previstas para escada convencional, sendo


exigida a largura mínima de um metro e sessenta centímetros (1,60 m);

5.3.4 ABNT - NBR 9050 (2004)

A NBR 9050 é a Norma que estabelece os critérios e parâmetros técnicos a serem


observados quando do projeto, construção, instalação e adaptação de edificações,
mobiliário, espaços e equipamentos urbanos às condições de acessibilidade.

A largura mínima adequada para deslocamento em linha reta de pessoas em cadeira


de rodas é indicada na Figura 37.

Figura 36 - Largura mínima em linha reta.

Fonte: NBR 9050 (ABNT).

As medidas necessárias para a manobra de cadeira de rodas sem deslocamento são:


42

• Para rotação de 90¢X = 1,20 m x 1,20 m;

• Para rotação de 180¢X = 1,50 m x 1,20 m;

• Para rotação de 360¢X = diâmetro de 1,50 m.

As áreas de transferência devem ter as dimensões do Modulo de Referencia (M.R. =


1,20 x 0,80) e garantir condições de deslocamento e manobra para o posicionamento
no assento. Devem ser instaladas barras de apoio, nas situações previstas nesta
norma.

Deve ser garantido o posicionamento frontal ou lateral da área definida pelo M.R. em
relação ao objeto, avançando sob este entre 0,25 m e 0,55 m, em função da atividade
a ser desenvolvida.

A sinalização tátil no piso pode ser do tipo de alerta ou direcional. Ambas devem ter
cor contrastante com a do piso adjacente.

A textura da sinalização tátil de alerta consiste em um conjunto de relevos tronco-


cônicos.

A sinalização tátil de alerta deve ser instalada perpendicularmente ao sentido de


deslocamento nas seguintes situações: obstáculos suspensos, nos rebaixamentos de
calcadas, no início e termino de escadas fixas, escadas rolantes e rampas, junto às
portas dos elevadores, junto a desníveis, tais como plataformas de embarque e
desembarque, palcos, vãos, entre outros; A textura da sinalização tátil direcional
consiste em relevos lineares, regularmente dispostos. A sinalização tátil direcional
deve ter textura com seção trapezoidal, qualquer que seja o piso adjacente, ser
instalada no sentido do deslocamento, ter largura entre 20 cm e 60 cm e ser cromo
diferenciada em relação ao piso adjacente. Deve ser utilizada em áreas de circulação
na ausência ou interrupção da guia de balizamento, indicando o caminho a ser
percorrido e em espaços amplos. Recomenda-se que toda escada e rampa possua
sinalização tátil no corrimão e no piso.

A inclinação das rampas deve ser calculada segundo a seguinte equação:


43

Em que:

i e a inclinação, em porcentagem;

h e a altura do desnível;

c e o comprimento da projeção horizontal.

Para inclinação entre 6,25% e 8,33% devem ser previstas áreas de descanso nos
patamares, a cada 50 m de percurso. Degraus e escadas fixas em rotas acessíveis
devem estar associados a rampa ou ao equipamento de transporte vertical.

As dimensões dos pisos e espelhos devem ser constantes em toda a escada,


tendendo as seguintes condições:

• Pisos (p): 0,28 m < p < 0,32 m;

• Espelhos (e): 0,16 m < e < 0,18 m;

• 0,63 m < p + 2e < 0,65 m.

A largura das escadas deve ser estabelecida de acordo com o fluxo de pessoas,
conforme ABNT NBR 9077. A largura mínima recomendável para escadas fixas em
rotas acessíveis é de 1,50 m, sendo o mínimo admissível 1,20 m.

O primeiro e o último degrau de um lance de escada devem distar no mínimo 0,30 m


da área de circulação adjacente e devem estar sinalizados.

As escadas fixas devem ter no mínimo um patamar a cada 3,20 m de desnível e


sempre que houver mudança de direção. Entre os lances de escada devem ser
previstos patamares com dimensão longitudinal mínima de 1,20 m. Os patamares
situados em mudanças de direção devem ter dimensões iguais à largura da escada.
44

Os corrimãos devem ser instalados em ambos os lados dos degraus isolados, das
escadas fixas e das rampas. Devem ter largura entre 3,0 cm e 4,5 cm, sem arestas
vivas, e com espaço livre de no mínimo 4,0 cm entre a parede e o corrimão.

O elevador vertical deve atender integralmente ao disposto na ABNT NBR 13994,


quanto a sinalização, dimensionamento e características gerais.

As larguras mínimas para corredores em edificações e equipamentos urbanos são:

• 0,90 m para corredores de uso comum com extensão até 4,00 m;

• 1,20 m para corredores de uso comum com extensão até 10,00 m e 1,50 m
para corredores com extensão superior a 10,00 m;

• 1,50 m para corredores de uso público;

• Maior que 1,50 m para grandes fluxos de pessoas.

As portas, inclusive de elevadores, devem ter um vão livre mínimo de 0,80 m e altura
mínima de 2,10 m.

As portas de sanitários, vestiários e quartos acessíveis em locais de hospedagem e


de saúde devem ter um puxador horizontal associado à maçaneta.

Calçadas, passeios e vias exclusivas de pedestres devem incorporar faixa livre com
largura mínima recomendável de 1,50 m, sendo a mínimo admissível de 1,20 m e
altura livre mínima de 2,10 m. As calcadas devem ser rebaixadas junto às travessias
de pedestres sinalizadas com ou sem faixa, com ou sem semáforo, e sempre que
houver foco de pedestres.

As vagas para estacionamento de veículos que conduzam ou sejam conduzidos por


pessoas com deficiência devem:

• Ter sinalização horizontal;

• Contar com um espaço adicional de circulação com no mínimo 1,20 m de


largura, quando afastada da faixa de travessia de pedestres.
45

• Quando afastadas da faixa de travessia de pedestres, conter espaço adicional


para circulação de cadeira de rodas e estar associadas a rampa de acesso a
calcada;

• Estar vinculadas a rota acessível que as interligue aos polos de atração;

• Estar localizadas de forma a evitar a circulação entre veículos.

O número de vagas para estacionamento de veículos que conduzam ou sejam


conduzidos por pessoas com deficiência deve ser estabelecido conforme a Figura 38.

Figura 37- Quadro de vagas reservadas para deficientes em estacionamento.

Fonte: NBR 9050 (ABNT).

Os sanitários e vestiários acessíveis devem localizar-se em rotas acessíveis,


próximos à circulação principal. Deve haver área de transferência adequada para
acesso a sanitários e chuveiros, com auxílio de barras de apoio, conforme
especificado na norma. E, para o lavatório, deve ser prevista a área de aproximação
adequada.

Os boxes para bacia sanitária devem garantir as áreas para transferência diagonal,
lateral e perpendicular, bem como área de manobra para rotação de 180º, conforme
Figura 39.
46

Figura 38 – Dimensões mínimas para boxe sanitário acessível.

Fonte: NBR 9050 (ABNT).

5.3.5 ANVISA - RDC nº 306, de 07 de dezembro de 2004

O regulamento da Anvisa aplica-se aos geradores de Resíduos de Serviço da Saúde,


tanto humana quanto animal, entre as diversas especificações na norma cabe
destacar o armazenamento externo dos resíduos seguindo os seguintes critérios;

15.1 O armazenamento externo, denominado de abrigo de resíduos, deve ser


construído em ambiente exclusivo, com acesso externo facilitado à coleta,
possuindo, no mínimo, 1 ambiente separado para atender o armazenamento
de recipientes de resíduos do Grupo A juntamente com o Grupo E e 1
ambiente para o Grupo D.

O abrigo deve ser identificado e restrito aos funcionários do gerenciamento


de resíduos, ter fácil acesso para os recipientes de transporte e para os
veículos coletores. Os recipientes de transporte interno não podem transitar
pela via pública externa à edificação para terem acesso ao abrigo de
resíduos.

15.2 - O abrigo de resíduos deve ser dimensionado de acordo com o volume


de resíduos gerados, com capacidade de armazenamento compatível com a
periodicidade de coleta do sistema de limpeza urbana local. O piso deve ser
revestido de material liso, impermeável, lavável e de fácil higienização. O
fechamento deve ser constituído de alvenaria revestida de material liso,
lavável e de fácil higienização, com aberturas para ventilação, de dimensão
equivalente a, no mínimo, 1/20 (um vigésimo) da área do piso, com tela de
proteção contra insetos.

15.3- O abrigo referido no item 15.2 deste Regulamento deve ter porta provida
de tela de proteção contra roedores e vetores, de largura compatível com as
dimensões dos recipientes de coleta externa, pontos de iluminação e de
água, tomada elétrica, canaletas de escoamento de águas servidas
direcionadas para a rede de esgoto do estabelecimento e ralo sifonado com
tampa que permita a sua vedação.
47

15.4- Os resíduos químicos do Grupo B devem ser armazenados em local


exclusivo com dimensionamento compatível com as características
quantitativas e qualitativas dos resíduos gerados.

15.5 - O abrigo de resíduos do Grupo B, quando necessário, deve ser


projetado e construído em alvenaria, fechado, dotado apenas de aberturas
para ventilação adequada, com tela de proteção contra insetos. Ter piso e
paredes revestidos internamente de material resistente, impermeável e
lavável, com acabamento liso. O piso deve ser inclinado, com caimento
indicando para as canaletas. Deve possuir sistema de drenagem com ralo
sifonado provido de tampa que permita a sua vedação. Possuir porta dotada
de proteção inferior para impedir o acesso de vetores e roedores.

15.6 - O abrigo de resíduos do Grupo B deve estar identificado, em local de


fácil visualização, com sinalização de segurança-RESÍDUOS QUÍMICOS,
com símbolo baseado na norma NBR 7500 da ABNT.

15.7 - O armazenamento de resíduos perigosos deve contemplar ainda as


orientações contidas na norma NBR 12.235 da ABNT.

15.8- O abrigo de resíduos deve possuir área específica de higienização para


limpeza e desinfecção simultânea dos recipientes coletores e demais
equipamentos utilizados no manejo de RSS. A área deve possuir cobertura,
dimensões compatíveis com os equipamentos que serão submetidos à
limpeza e higienização, piso e paredes lisos, impermeáveis, laváveis, ser
provida de pontos de iluminação e tomada elétrica, ponto de água,
preferencialmente quente e sob pressão, canaletas de escoamento de águas
servidas direcionadas para a rede de esgotos do estabelecimento e ralo
sifonado provido de tampa que permita a sua vedação.

15.9 - O trajeto para o traslado de resíduos desde a geração até o


armazenamento externo deve permitir livre acesso dos recipientes coletores
de resíduos, possuir piso com revestimento resistente à abrasão, superfície
plana, regular, antiderrapante e rampa, quando necessária, com inclinação
de acordo com a RDC ANVISA nº. 50/2002.

15.10 - O estabelecimento gerador de RSS cuja geração semanal de resíduos


não exceda a 700 L e a diária não exceda a 150 L, pode optar pela instalação
de um abrigo reduzido exclusivo, com as seguintes características:

• Ser construído em alvenaria, fechado, dotado apenas de aberturas teladas


para ventilação, restrita aduas aberturas de 10X20 cm cada uma delas, uma
a 20 cm do piso e a outra a 20 cm do teto, abrindo para a área externa. A
critério da autoridade sanitária, estas aberturas podem dar para áreas
internas da edificação;

• Piso, paredes, porta e teto de material liso, impermeável e lavável. Caimento


de piso para ao lado oposto ao da abertura com instalação de ralo sifonado
ligado à instalação de esgoto sanitário do serviço.

• Identificação na porta com o símbolo de acordo com o tipo de resíduo


armazenado;

• Ter localização tal que não abra diretamente para área de permanência de
pessoas e, circulação de público, dando-se preferência a locais de fácil
acesso à coleta externa e próxima a áreas de guarda de material de limpeza
ou expurgo.
48

5.3.6 CFMV - Resolução nº 1015, de 9 de novembro de 2012

A resolução do Conselho Federal de Medicina Veterinária (Anexo 1) que entrou em


vigor em setembro de 2014, conceitua e estabelece as condições para o
funcionamento de estabelecimentos médico veterinários de atendimento a pequenos
animais, entre essas condições foram consideradas para enquadramento da proposta
projetual, os seguintes critérios;

Das Clínicas Veterinárias

Art. 4º Clínicas Veterinárias são estabelecimentos destinados ao


atendimento de animais para consultas e tratamentos clínico-cirúrgicos,
podendo ou não ter cirurgia e internações, sob a responsabilidade técnica e
presença de médico veterinário.

§1º No caso de haver internações, é obrigatório o funcionamento por 24


horas, ainda que não haja atendimento ao público, e um profissional médico
veterinário em período integral.

§2º Havendo internação apenas no período diurno, a clínica deverá manter


médico veterinário e auxiliar durante todo o período de funcionamento do
estabelecimento.

§3º A opção de internação em período diurno ou integral e de atendimento


cirúrgico deverá ser expressamente declarada por ocasião de seu registro no
Sistema CFMV/CRMVs.

Art. 5º São condições para funcionamento de Clínicas Veterinárias:

I - setor de atendimento:

a) sala de recepção;

b) consultório;

c) geladeira, com termômetro de máxima e mínima para manutenção


exclusiva de vacinas, antígenos e outros produtos biológicos; e

d) sala de arquivo médico, que pode ser substituída por sistemas de


informática;

II – para o caso de o estabelecimento optar pelo atendimento cirúrgico, setor


cirúrgico:
49

a) sala para preparo e recuperação de pacientes, contendo:

1. sistemas de aquecimento (colchões térmicos e/ou aquecedores);

2. sistemas de provisão de oxigênio e ventilação mecânica;

3. armário de fácil acesso com chave para guarda de medicamentos


controlados e armário para descartáveis necessários a seu funcionamento; e

4. no caso dos medicamentos sujeitos a controle, será obrigatória a sua


escrituração em livros apropriados, de guarda do médico veterinário
responsável técnico, devidamente registrados nos órgãos competentes.

b) sala de antissepsia e paramentação com pia e dispositivo dispensador de


detergente sem acionamento manual;

c) sala de lavagem e esterilização de materiais, contendo equipamentos para


lavagem, secagem e esterilização de materiais.

d) a sala de lavagem e esterilização de materiais pode ser suprimida quando


o estabelecimento utilizar a terceirização destes serviços, comprovada pela
apresentação de contrato/convênio com a empresa executora;

e) sala cirúrgica:

1. mesa cirúrgica impermeável e de fácil higienização;

2. equipamentos para anestesia inalatória, com ventiladores

mecânicos;

3. equipamentos para monitorização anestésica com no minimo temperatura


corporal, oximetria, pressão arterial não-invasiva e eletrocardiograma;

4. sistema de iluminação emergencial própria;

5. foco cirúrgico;

6. instrumental para cirurgia em qualidade e quantidade adequadas à rotina;

7. aspirador cirúrgico;

8. mesa auxiliar;

9. paredes impermeabilizadas de fácil higienização, observada a legislação


sanitária pertinente;
50

10. sistema de provisão de oxigênio;

11. equipamento básico para intubação endotraqueal, compreendendo no


mínimo tubos traqueais e laringoscópio;

12. sistema de aquecimento (colchão térmico);

III - para o caso de o estabelecimento optar pela internação, setor de


internação, devendo dispor de:

a) mesa e pia de higienização;

b) baias, boxes ou outras acomodações individuais e de isolamento


compatíveis com os animais a elas destinadas, de fácil higienização,
obedecidas as normas sanitárias municipais e/ou estaduais;

c) local de isolamento para doenças infectocontagiosas, no caso de


internação;

d) armário para guarda de medicamentos e descartáveis necessários a seu


funcionamento;

e) no caso dos medicamentos sujeitos a controle, será obrigatória a sua


escrituração em livros apropriados, de guarda do médico veterinário
responsável técnico, devidamente registrados nos órgãos competentes.

IV - setor de sustentação:

a) lavanderia;

b) depósito/almoxarifado;

c) instalações para descanso, preparo de alimentos e alimentação do médico


veterinário e funcionários, quando houver funcionamento 24 horas;

d) sanitários/vestiários compatíveis com o número de funcionários;

e) setor de estocagem de medicamentos e fármacos;

f) unidade de conservação de animais mortos e restos de tecidos;

Parágrafo único. A clínica deverá manter contrato/convênio com empresa


devidamente credenciada para recolhimento de cadáveres e resíduos
hospitalares.
51

6. DESENVOLVIMENTO DA PROPOSTA

6.1 Programa De Necessidades e Pré-Dimensionamento

Para a definição do programa de necessidades foram preenchidos todos os requisitos


para o funcionamento de um Centro Veterinário de acordo com a resolução n°
1015/2012 do CFMV, além de outros ambientes observados durante as pesquisas.
Na figura 40 pode-se observar os ambientes divididos por setores, além da área
prevista inicialmente no programa de necesidades e a área definitiva presente na
proposta final.
52

Figura 39 - Programa de Necessidades.


QUANTIDADE QUANTIDADE ÁREA
USO PREVISTA FINAL PREVISTA ÁREA FINAL
RECEPÇÃO 1 1 20m² 18,25m²
CONSULTÓRIO 2 2 17,5m² 16,04m²
AMBULATÓRIO 1 1 17,5m² 16,04m²
ARQUIVO 1 1 6m² 5,25m²
LABORATÓRIO 1 1 16m² 13,97m²
SALA DE NOVOS
ANIMAIS 2 2 12m² 10,46m²
SALA DE PREPARO
DOS ANIMAIS 1 1 13,5m² 13,97m²
SALA DE
ANTISSEPSIA 1 1 10m² 6,68m²
SALA CIRÚRGICA 1 1 35m² 43,13m²
SALA DE
RECUPERAÇÃO
ANESTÉSICA 1 1 13,5m² 13,97m²
LAVAGEM E
ESTERILIZAÇÃO DE
CENTRO VETERINÁRIO

MATERIAIS 1 1 12m² 16,04m²


LAVANDERIA 1 1 20m² 22,25m²
PREPARO DE
ALIMENTOS 1 1 20m² 22,25m²
DEPÓSITO RAÇÃO 1 1 12m² 10,46m²
DEPÓSITO/
ALMOXARIFADO 1 1 12m² 10,46m²
EXPURGO 2 2 4m² 3,71 e 4,30m²
D.M.L 2 2 4m² 3,71 e 4,30m²
ESTOCAGEM DE
MEDICAMENTOS 1 1 13,5m² 11,90m²
ABRIGO DE
RESÍDUOS 1 1 6m² 5,06m²
CONSERVAÇÃO DE
ANIMAIS MORTOS 1 1 6m² 5,06m²

DESCANÇO E
ALIMENTAÇÃO DOS
FUNCIONÁRIOS
1 1 30m² 27,20m²
BWC PARA
FUNCIONÁRIOS 2 2 12m² 13,25m²
INTERNAÇÃO 2 2 12m² 18,11m²
ISOLAMENTO 2 3 5m² 11,9m²
GATIS INDIVIDUAIS 20 18 2m² 2,3m²

CANIS INDIVIDUAIS
10 10 4m² 3,6m²
GATIS COLETIVOS 2 2 20m² 20,18²
ABRIGO

CANIS COLETIVOS 2 2 20m² 13,97²


BANHO E TOSA 1 1 12m² 11,9²
EXERCÍCIO/PASSEIO
GATIL 1 1 10m² 13,68²
EXERCÍCIO/PASSEIO
CANIL 1 1 40m² 84,16m²
AMBIENTAL
EDUCAÇÃO

SALA DE PALESTRAS
1 1 40m² 24,41m²
SALA DE ADOÇÃO/
ENCONTRO 1 1 15m² 9,83m²
BWC PÚBLICO 2 2 13m² 11,90m²
DIRETORIA 1 1 15m² 15,86m²
WC DIRETORIA 1 1 4m² 3,71m²
ADMINISTRAÇÃO

SECRETARIA 1 1 20m² 23,69m²


SALA DE REUNIÕES 1 1 30m² 35,55m²
MONITORAMENTO/
FISCALIZAÇÃO 1 1 20m² 27,20m²

WC FUNCIONÁRIOS
2 2 4m² 3,71m²

Fonte: Elaborado pela autor.


53

6.2 Definição do Partido Arquitetônico

Para a definição do partido arquitetônico buscou-se ideias chaves que norteariam a


proposta. As referências indiretas ajudaram neste processo, auxiliando nos conceitos
a serem adotados como: Acolher, Expor e Atrair. Esses conceitos fazem parte da
concepção de como o projeto deveria ser pensado. Acolher os animais, coloca-los em
evidência e atrair pessoas para o local.

Como o foco principal da edificação é o controle de animais abandonados, uma grande


área do projeto é voltada para a área da saúde. Dessa forma foi adotado um partido
arquitetônico caracterizado pela funcionalidade entre seus espaços, sendo adotado a
malha de 1.20 x 1.20m que é largamente utilizada em projetos de estabelecimentos
de saúde.

O conceito de expor será extravasado com a permeabilidade visual na elevação


principal, gatis e canis. Para acolher os animais, foram pensados espaços que
permitiam a interação entre eles, além da criação de espaços adequados para os
abrigos e lazer. A implantação deve permitir ventilação nos ambientes, além da
setorização entre o centro veterinário e a parte de abrigo, sendo este último dividido
em canis e gatis separados.

Pensando nas possibilidades para atrair pessoas ao local, a edificação deverá ter
elementos marcantes que a destaquem no entorno além de espaços que permitam
feiras de adoção.

Algumas diretrizes influenciaram bastante no processo projetual, dentre elas estão as


dimensões do terreno, ventilação e o fato de que o terreno possuía quatro testadas.
Pensando na maior visibilidade do projeto a elevação principal será voltada para a
maior via de circulação, a Av. Praia de Genipabu e em relação as dimensões do
terreno, que além de permitir futuras ampliações deve inicialmente proporcionar um
espaço como forma de atração para as pessoas.
54

6.3 Pré-Zoneamento e Evolução da Forma

A partir do programa de necessidades e da definição do partido, foi possível começar


a pensar a disposição dos espaços englobados pelo Centro Veterinário. Na figura 41
está esquematizado o funcionograma que expõe a relação pretendida para os
diversos setores que a compõem.

Figura 40 - Funcionograma.

Fonte: Elaborado pela autor.

O Zoneamento de cada setor foi feito em conjunto ao estudo volumétrico: elaborou-se


uma maquete física do terreno e com blocos de tamanho proporcional ao pré-
dimensionamento dos setores testou-se com as possibilidades de implantação. Nesta
55

fase foram realizados alguns testes com os blocos buscando permitir as


características desejadas para o projeto. Além de croquis que ajudassem a visualizar
detalhes pretendidos (Figura 42).

Figura 41 - Maquetes e Croqui do desenvolvimento.

Fonte: Acervo próprio.

Desde o início definiu-se que a entrada para a edificação seria pela Av. Praia de
Genipabu e que antes do acesso da edificação teria um espaço que permitisse
eventos como feiras de adoção e vacinação. Aos fundos do terreno, devido a
existência de vegetações de médio e grande porte optou-se por destinar a área para
a recreação de cachorros, equipando o espaço com mobiliários voltados ao uso deles.
Este mesmo espaço posteriormente poderia ser utilizado ainda para uma possível
ampliação. Dessa forma a implantação da edificação seria mais centralizada,
permitindo a expansão da edificação para os fundos e reservando o espaço na frente
do terreno para as feiras de adoção(Figura 43).
56

Figura 42 - Área escolhida para a implantação.

Fonte: Elaborado pelo autor a partir de mapa do Google Earth.

Essa decisão impactou diretamente na forma final do projeto. A necessidade de


estacionamento para o centro veterinário restringiu a largura do terreno para a
implantação, visto que a criação dele dentro do lote limitaria os espaços da frente ou
dos fundos, uma das soluções adotadas para contornar isso foi o estreitamento dos
abrigos, e que criou uma ótima oportunidade de proporcionar movimentação na
fachada

Outra modificação foi em relação a ventilação, inicialmente os abrigos ficariam para


as fachadas sudoeste e posteriormente foram transferidos para a leste, evitando que
os odores se dispersassem dentro do centro além de diminuir a carga térmica nas
fachadas dos abrigos.

Inicialmente, a foi definido que a administração estaria localizada em um pavimento


superior (Figura 44) enquanto todas as outras funções seriam desenvolvidas no
pavimento térreo para facilitar o manuseio com os animais.
57

Figura 43 - Estudo volumétrico inicial.

Fonte: Elaborado pelo autor com o programa Revit.

Posteriormente, uma sala multiuso foi adicionada ao pavimento superior para a


realização de palestras educativas e a adoção de pavimento duplo na área de
recepção resultando na forma final (Figura 45).

Figura 44 - Perspectiva da entrada da edificação.

Fonte: Elaborado pelo autor com o programa Revit.


58

6.4 A Proposta Final

Na proposta final, a implantação (Figura 46) ocupou a parte central do terreno, a


criação dos espaços externos pretendidos e vagas suficientes para os 1300m²
construídos. O pavimento térreo corresponde a maior parte do programa de
necessidades, além das setorizações já mencionadas, as soluções adotadas buscou
evitar o cruzamento de animais sadios com animais saudáveis, os acessos de animais
vadios recolhidos pelo centro será junto ao acesso para carga/descarga possuindo
espaço específico para permanência antes dos exames, o setor de internação está
localizado junto ao volume principal que comporta toda a área médica e os animais
do abrigo foram distribuídos por toda a fachada oposta. Na figura a seguir é possível
onde estes estão localizados no terreno assim como o fluxo dos animais.

Figura 45 - Implantação da edificação.

Praça para animais Centro Veterinário Espaço para feiras

de adoção

Animais externos Internação Abrigo


Animais vadios Animais sadios
Fonte: Elaborado pelo autor com o programa Revit.
59

Para a elaboração da proposta, foi considerado que o centro funcionaria apenas para
o controle populacional, dessa forma os consultórios servem apenas para a consulta
inicial antes da castração, para vacinação ou para consultas de animais dentro dos
abrigos, não exercendo consultas para animais externos. A proposta é que o Centro
seja um local que promova campanhas de castração gratuitas para animais
domiciliados afim de diminuir o número de crias indesejáveis.

Para o controle dos animais sem proprietários, o centro disponibiliza um pequeno


abrigo, promovendo feiras de adoção e educação ambiental. Este setor foi
dimensionado para que apenas animais recolhidos pelo centro fossem abrigados,
buscando com essa ação desestimular o abandono de animais no local.

O resultado foi um projeto que o principal foco está no controle da população animal
e por isso possui uma grande sala de cirurgias para castração, onde pode ser feitas
até três cirurgias simultâneas. A ideia de fazer uma única sala, em vez de separa-las
foi decidida durante a visita ao Hospital Amigo Bicho, o veterinário responsável que
acompanhou a visita sugeriu essa configuração que se assemelha as utilizadas em
faculdades de veterinária.
60

7. MEMORIAL DESCRITIVO

7.1 Estrutura

O sistema construtivo utilizado no bloco central foi a de concreto armado em pilares e


vigas com laje convencional devido a existência do segundo pavimento e a
necessidade de maior vedação dos ambientes em relação a cobertura. Nos outros
ambientes, a utilização de alvenaria estrutural com cinta de amarração superior e
inferior possibilitando a colocação das janelas altas sem a necessidade de vergas.

A cobertura principal será metálica, apoiada em pilares de concreto no interior do


edifício e pilares de aço cilíndrico no exterior. As vigas para distribuição dos esforços
centrais serão de aço possibilitando maior vão no átrio central sem a presença de
pilares. O tipo de telha usada será a sanduíche para todos os ambientes de utilização,
com exceção nas áreas de depósitos e lixo, que será utilizada telhas de fibrocimento.

7.2 Calculo da Caixa d’água

Para o cálculo da caixa d’água foi considerado o centro com a capacidade máxima de
alojamento e internação para os animais.

Foram considerados 77 animais (limite máximo de animais simultaneamente dentro


do centro), com o consumo de 125 litros por dia (litros por animal em canil), totalizando
9625. A reserva de incêndio será de 20% do consumo diário, resultando em 1925
litros.

O total necessário para a caixa d’agua é de 19250litros.

Para o reservatório superior será destinado 2/5 = 7700+ reserva de incêndio = 11550

Para o reservatório inferior será destinado 3/5 = 11550

Como o volume de água necessário é alto, foi previsto a colocação de um castelo


d’água de forma a criar um totem na entrada do edifício. Outra solução pensada porém
não desenvolvida foi o reuso da água coletada na cobertura principal para a limpeza
dos gatis e canis.

7.3 Especificações de Materiais


61

Figura 46- Ambientes e revestimentos.


AMBIENTE PISO PAREDE TETO
RECEPÇÃO GRANILITE EPÓXI X
CONSULTÓRIO GRANILITE EPÓXI FORRO EM GESSO
AMBULATÓRIO GRANILITE EPÓXI FORRO EM GESSO
ARQUIVO GRANILITE EPÓXI X
LABORATÓRIO GRANILITE EPÓXI FORRO EM GESSO
SALA DE NOVOS
ANIMAIS CERÂMICA CERÂMICA X
SALA DE PREPARO
DOS ANIMAIS GRANILITE EPÓXI FORRO EM GESSO
SALA DE
ANTISSEPSIA GRANILITE EPÓXI FORRO EM GESSO
SALA CIRÚRGICA GRANILITE EPÓXI FORRO EM GESSO
SALA DE
RECUPERAÇÃO
ANESTÉSICA GRANILITE EPÓXI FORRO EM GESSO
LAVAGEM E
ESTERILIZAÇÃO DE
CENTRO VETERINÁRIO

MATERIAIS GRANILITE EPÓXI FORRO EM GESSO


LAVANDERIA CERÂMICA CERÂMICA X
PREPARO DE
ALIMENTOS CERÂMICA CERÂMICA X
DEPÓSITO RAÇÃO CERÂMICA CERÂMICA X
DEPÓSITO/
ALMOXARIFADO CERÂMICA CERÂMICA X
EXPURGO GRANILITE CERÂMICA X
D.M.L GRANILITE CERÂMICA X
ESTOCAGEM DE
MEDICAMENTOS GRANILITE EPÓXI X
ABRIGO DE
RESÍDUOS CERÂMICA CERÂMICA X
CONSERVAÇÃO DE
ANIMAIS MORTOS CERÂMICA CERÂMICA X
DESCANÇO E
ALIMENTAÇÃO DOS
FUNCIONÁRIOS
GRANILITE EPÓXI FORRO EM GESSO
BWC PARA
FUNCIONÁRIOS CERÂMICA CERÂMICA FORRO EM GESSO
INTERNAÇÃO GRANILITE CERÂMICA FORRO EM GESSO
ISOLAMENTO GRANILITE CERÂMICA FORRO EM GESSO
GATIS INDIVIDUAIS CERÂMICA CERÂMICA X
CANIS INDIVIDUAIS
CERÂMICA CERÂMICA X
GATIS COLETIVOS CERÂMICA EPÓXI X
ABRIGO

CANIS COLETIVOS CERÂMICA EPÓXI X


BANHO E TOSA CERÂMICA EPÓXI X
EXERCÍCIO/PASSEIO
GATIL X ACRÍLICA X
EXERCÍCIO/PASSEIO
CANIL X ACRÍLICA X
AMBIENTAL
EDUCAÇÃO

SALA DE PALESTRAS
GRANILITE EPÓXI FORRO EM GESSO
SALA DE ADOÇÃO/
ENCONTRO GRANILITE EPÓXI X
BWC PÚBLICO CERÂMICA CERÂMICA FORRO EM GESSO
DIRETORIA GRANILITE EPÓXI FORRO EM GESSO
WC DIRETORIA GRANILITE EPÓXI FORRO EM GESSO
ADMINISTRAÇÃO

SECRETARIA GRANILITE EPÓXI FORRO EM GESSO


SALA DE REUNIÕES GRANILITE EPÓXI FORRO EM GESSO
MONITORAMENTO/
FISCALIZAÇÃO GRANILITE EPÓXI FORRO EM GESSO
WC FUNCIONÁRIOS
GRANILITE EPÓXI FORRO EM GESSO

Fonte: Elaborado pelo autor.

Os materiais escolhidos foram indicações de normas e livros para uso em ambientes


hospitalares.
62

As janelas serão de alumínio na cor preta assim como as portas externas. As portas
internas serão de compensado revestidas com fórmica. O piso da área externa será
de intertravados e nas paredes externas será utilizado pintura acrílica e revestimento
texturizado.
63

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pensou-se neste TFG como forma de trabalhar em uma área de grande interesse
pessoal e com um tema pouco usual mas que possui grande potencial futuro para
desenvolvimento no meio profissional.

Um dos desafios encontrados na elaboração da proposta foi obter informações sobre


legislações referentes a ambientes veterinários, a nova resolução do CFMV ajuda a
elucidar melhor as questões inerentes ao projeto.

A escolha do software Revit para o desenvolvimento do projeto impossibilitou a


conclusão de certas fases da elaboração como a parte do layout. A falta de
configurações iniciais do programa, conhecido como template, e a escassez de
biblioteca principalmente no tema que se propõe este trabalho, resultaram em atrasos
no cronograma. É possível verificar problemas na representação gráfica, como a de
espessura de linhas das vistas, que são limitações do programa. Cabe salientar que
o programa embora ainda possua suas limitações, principalmente para áreas mais
específicas, como é o caso da arquitetura hospitalar, proporciona um resultado mais
acurado com a realidade do que o AutoCAD.

Para este projeto, foi de imensa importância os estudos de referência realizados que
proporcionaram o conhecimento da tipologia abordada e embasaram a definição do
programa de necessidades e a adoção de diversas soluções projetuais para enfatizar
a adoção de animais. Estes estudos permitiram uma nova visão das ações possíveis
para o controle populacional com ênfase ao bem-estar animal.

Acredito que os principais objetivos do trabalho foram alcançados, que foi


compreender melhor as políticas públicas atuais para o controle de animais
abandonados, demonstrando que os CCZ atuais não comportam as novas questões
éticas em relação e estes. A proposta final enfatiza as necessidade da criação de um
espaço atrativo, que permita a educação ambiental da comunidade aliada aos
incentivos as castrações.

Por fim, ressalta-se a que é com muita satisfação que chego a esta etapa final do
curso, além da oportunidade de realizar este trabalho, que concentra muitos de meus
interesses e preocupações.
64

REFERÊNCIAS

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caninas. Disnponível em: < http://antropologias.descentro.org/seminarioppgas/files/2011/10/
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zoonoses e fatores biológicos de risco. – Brasília:Funasa, 2003.

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NATAL. Lei nº. 6.320 ,de 01 de dezembro de 2011. Prefeitura Municipal do Natal, 2011. Disponivel
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SÃO PAULO. Decreto nº 50.706, de 2 de julho de 2009. Institui o Programa Municipal de Proteção e
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SÃO PAULO. Decreto nº 55.373, de 28 de janeiro de 2010. Institui o Programa Estadual de


Identificação e Controle da População de Cães e Gatos. Diario Oficial [do] Estado de São Paulo, São
Paulo, SP, 28 de janeiro de 2010. Disponivel em:
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SEDA. Secretaria Especial dos Diretos Animais. Prefeitura Municipal de Porto Alegre, 2011.
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SINGER, P. Libertação Animal. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2010.

SORDI, C. O animal como próximo. Unisinos, 2011. Disponivel em:


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UNESCO. Declaração Universal dos Direitos dos Animais. Forum Nacional, 1978. Disponivel em:
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WSPA. Políticas Para Abrigos de Cães e Gatos, 2011. Disponivel em:


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ANEXO I

RESOLUÇÃO Nº 1015, DE 9 DE NOVEMBRO DE 2012


Conceitua e estabelece condições para o funcionamento de estabelecimentos
médicos veterinários, e dá outras providências.
O CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA VETERINÁRIA - CFMV -, no uso das atribuições que lhe confere a
alínea “f” do art. 16 da Lei nº 5.517, de 23 de outubro de 1968, regulamentada pelo Decreto nº 64.704, de 17 de
junho de 1969,
RESOLVE:
CAPÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Art. 1º O funcionamento de estabelecimentos médicos veterinários, as instalações e os equipamentos necessários
aos atendimentos realizados ficam subordinados às condições e especificações da presente Resolução e demais
dispositivos legais pertinentes.
Parágrafo único. Em se tratando de serviço especializado, deve ser atendido o que preceitua a Resolução CFMV
nº 935, de 10 de dezembro de 2009, que dispõe sobre requisitos para exercício da especialidade.
CAPÍTULO II
DOS ESTABELECIMENTOS MÉDICOS VETERINÁRIOS
Seção I
Dos Hospitais
Art. 2º Hospitais Veterinários são estabelecimentos capazes de assegurar assistência médica curativa e preventiva
aos animais, de funcionamento obrigatório em período integral (24 horas), com a presença permanente e sob a
responsabilidade técnica de médico veterinário.
Art. 3º São condições para o funcionamento de hospitais veterinários:
I - setor de atendimento:
a) sala de recepção;
b) consultório;
c) sala de ambulatório;
d) arquivo médico.
e) sala de vacinação
f) no caso de grandes animais a sala de vacinação será substituída por brete ou tronco de contenção.
II - setor cirúrgico:
a) sala de preparo de pacientes;
b) sala de antissepsia com pias de higienização;
c) sala de lavagem e esterilização de materiais;
d) unidade de recuperação anestésica;
1. sistemas de aquecimento e monitorização do paciente;
2. sistemas de provisão de oxigênio e ventilação mecânica;
3. armário com chave para guarda de medicamentos e armário para descartáveis necessários a seu funcionamento.
4. no caso dos medicamentos sujeitos a controle, será obrigatória a sua escrituração em livro apropriado, de guarda
do Médico Veterinário responsável técnico e devidamente registrado na vigilância sanitária.
e) sala cirúrgica:
1. mesa cirúrgica impermeável, com bordas e dispositivo de drenagem e de fácil higienização;
2. equipamentos para anestesia inalatória, com ventiladores mecânicos;
3. equipamentos para monitorização anestésica;
4. sistema de iluminação emergencial própria;
5. desfibrilador;
6. foco cirúrgico;
7. instrumental para cirurgia, em qualidade e quantidade adequadas à rotina;
8. bombas de infusão;
9. aspirador cirúrgico.
10. mesas auxiliares.
III - setor de internamento:
a) mesa e pia de higienização;
b) baias, boxes ou outras acomodações individuais e de isolamento compatíveis com os animais a elas destinadas,
de fácil higienização, obedecidas as normas sanitárias municipais e/ou estaduais;
c) local de isolamento para doenças infecto-contagiosas;
d) armário para guarda de medicamentos e materiais descartáveis necessários a seu funcionamento.
IV - setor de sustentação:
a) lavanderia;
b) local para preparo de alimentos;
c) depósito/almoxarifado;
d) instalações para repouso de plantonistas e funcionários;
e) sanitários/vestiários compatíveis com o nº de funcionários;
f) setor de estocagem de medicamentos e fármacos;
g) conservação de animais mortos e restos de tecidos.
V - setor auxiliar de diagnóstico:
a) setor auxiliar de diagnostico próprio, conveniado ou terceirizado, realizados nas dependências ou fora do
hospital.
VI - equipamentos indispensáveis:
a) geladeira, com termômetro de máxima e mínima para manutenção exclusiva de vacinas, antígenos e outros
produtos biológicos;
b) dispositivos para lavagem, secagem e esterilização de materiais;
Parágrafo único. O hospital deverá manter convênio com empresa devidamente credenciada para recolhimento
de cadáveres e lixo hospitalar.
Seção II
Das Clínicas Veterinárias
Art. 4º Clínicas veterinárias são estabelecimentos destinados ao atendimento de animais para consultas e
tratamentos clínico-cirúrgicos, podendo ou não ter internamentos, sob a responsabilidade técnica e presença de
médico veterinário.
§ 1º No caso de internamentos, é obrigatório manter no local um profissional médico veterinário e um auxiliar no
período integral.
§ 2º Havendo internação apenas no período diurno, a clínica deverá manter Médico Veterinário e auxiliar durante
todo o período de funcionamento do estabelecimento.
§ 3º Havendo atendimento cirúrgico a clínica deverá manter atendimento 24 horas e unidade de recuperação pós-
anestésica.
§ 4º A opção de internação em período diurno ou integral e de atendimento cirúrgico deverá ser expressamente
declarada por ocasião de seu registro no sistema CFMV/CRMVs.
Art. 5º São condições para funcionamento de clínicas veterinárias:
I - setor de atendimento:
a) sala de recepção;
b) consultório;
c) sala de ambulatório;
d) arquivo médico.
II - setor cirúrgico:
a) sala para preparo de pacientes;
b) sala de anti-sepsia com pias de higienização;
c) sala de lavagem e esterilização de materiais;
d) unidade de recuperação anestésica
1. sistemas de aquecimento e monitorização do paciente;
2. sistemas de provisão de oxigênio e ventilação mecânica.
3. armário para guarda de medicamentos e descartáveis necessários a seu funcionamento.
4. no caso dos medicamentos sujeitos a controle, será obrigatória a sua escrituração em livro apropriado, de guarda
do Médico Veterinário responsável técnico e devidamente registrado na vigilância sanitária.
e) sala cirúrgica:
1. mesa cirúrgica impermeável, com bordas e dispositivo de drenagem e de fácil higienização;
2. equipamentos para anestesia inalatória, com ventiladores mecânicos;
3. equipamentos para monitorização anestésica;
4. sistema de iluminação emergencial própria;
5. desfibrilador;
6. foco cirúrgico;
7. instrumental para cirurgia em qualidade e quantidade adequadas à rotina;
8. bombas de infusão;
9. aspirador cirúrgico;
10. mesas auxiliares.
III - setor de internamento (opcional), deve dispor de:
a) mesa e pia de higienização;
b) baias, boxes ou outras acomodações individuais e de isolamento, com ralos individuais para as espécies
destinadas e de fácil higienização, e com coleta diferenciada de lixo, obedecidas as normas sanitárias municipais
e/ou estaduais;
c) local de isolamento para doenças infecto-contagiosas;
d) armário para guarda de medicamentos e descartáveis necessários a seu funcionamento.
e) no caso dos medicamentos sujeitos a controle, será obrigatória a sua escrituração em livro apropriado, de guarda
do Médico Veterinário responsável técnico e devidamente registrado na vigilância sanitária.
IV - setor de sustentação:
a) lavanderia;
b) local para preparo de alimentos;
c) depósito/almoxarifado;
d) instalações para repouso de plantonistas e funcionários;
e) sanitários/vestiários compatíveis com o nº de funcionários;
f) setor de estocagem de medicamentos e drogas (fármacos);
g) geladeira, com termômetro de máxima e mínima para manutenção exclusiva de vacinas, antígenos e outros
produtos biológicos;
h) conservação de animais mortos e/ou restos de tecidos.
Parágrafo único. A clínica deverá manter convênio com empresa devidamente credenciada para recolhimento de
cadáveres e lixo hospitalar
Seção III
Do Consultório e Ambulatório Médico Veterinário
Art. 6º Consultórios veterinários são estabelecimentos de propriedade de médico veterinário, destinados ao ato
básico de consulta clínica, curativos e vacinações de animais, sendo vedadas a realização de procedimentos
anestésicos e/ou cirúrgicos e a internação.
Parágrafo único. Os Consultórios veterinários estão isentos de pagamento de taxa de inscrição e anuidade,
embora obrigados ao registro no Conselho de Medicina Veterinária.
Art. 7º São condições de funcionamento dos consultórios dos médicos veterinários:
I - setor de atendimento:
a) sala de recepção;
b) mesa impermeável com bordas e dispositivo de drenagem e de fácil higienização;
c) sala de atendimento;
d) pias de higienização;
e) arquivo médico;
f) armários próprios para equipamentos e medicamentos.
II - equipamentos necessários:
a) geladeira, com termômetro de máxima e mínima para manutenção exclusiva de vacinas, antígenos e outros
produtos biológicos;
Parágrafo único. O consultório deverá manter convênio com empresa devidamente credenciada para
recolhimento de cadáveres e lixo hospitalar.
Art. 8º Ambulatórios veterinários são as dependências de estabelecimentos comerciais, industriais, de recreação
ou de ensino, onde são atendidos os animais pertencentes exclusivamente ao respectivo estabelecimento, para
exame clínico e curativos, com acesso independente, vedadas a realização de procedimentos anestésicos e/ou
cirúrgicos e a internação.
I - setor de atendimento:
a) sala de recepção;
b) mesa impermeável com bordas e dispositivo de drenagem e de fácil higienização;
c) sala de atendimento;
d) pias de higienização;
e) arquivo médico;
f) armários próprios para equipamentos e medicamentos.
II - equipamentos necessários:
a) geladeira, com termômetro de máxima e mínima para manutenção exclusiva de vacinas, antígenos e outros
produtos biológicos;
Parágrafo único. O ambulatório deverá manter convênio com empresa devidamente credenciada para
recolhimento de cadáveres e lixo hospitalar
CAPÍTULO III
DA UNIDADE DE TRANSPORTE E REMOÇÃO
MÉDICO VETERINÁRIO E AMBULÂNCIA
Art. 9º Unidade de transporte e remoção é o veículo destinado unicamente a de remoção de animais que não
necessitem de atendimento de urgência ou emergência. Sua utilização dispensa a necessidade da presença de um
médico veterinário.
Art. 10. Ambulância veterinária é o veículo identificado como tal, cujos equipamentos, utilizados
obrigatoriamente por um profissional médico veterinário, permitam a aplicação de medidas de suporte básico ou
avançado de vida, destinadas à estabilização e transporte de doentes que necessitem de atendimento de urgência
ou emergência.
§ 1º É condição fundamental para o funcionamento da unidade de transporte e remoção e da ambulância veterinária
estarem vinculadas a um estabelecimento veterinário, sendo vedado seu uso como veículo móvel para realização
de atendimentos veterinários.
§ 2º A unidade de transporte e remoção e a ambulância veterinária somente poderão ter gravados o nome do
estabelecimento ao qual estejam vinculadas, logomarca, endereço, telefone, e a clara identificação “transporte de
animais” ou “ambulância”.
§ 3º São equipamentos indispensáveis à ambulância veterinária:
I - sistema de maca com possibilidade de contenção e imobilização do paciente;
II - sistema de monitorização do paciente;
III - sistema para aplicação de fluidos;
IV - sistema de provisão de oxigênio e ventilação mecânica.
§ 4º A Unidade de transporte e remoção poderá prestar serviços de utilidade pública no transporte de animais em
apoio à Saúde Animal, Saúde Pública, Pesquisa e Ensino Profissional.
§ 5º É terminantemente vedado a utilização da unidade de transporte e remoção e da ambulância veterinária para
transporte de animais para serviços de banho e tosa.
Art. 11. O estabelecimento médico veterinário deve comunicar, por escrito, ao respectivo Conselho a implantação
da Unidade de transporte e remoção ou da ambulância veterinária, com antecedência mínima de 30 (trinta) dias
antes do início dos serviços, contendo tal documento: marca, modelo cor, ano, placa, especificação completa dos
equipamentos e gravações constantes do §2º do artigo 10.
Art. 12. Para fins de aplicação do presente artigo, são considerados estabelecimentos médicos veterinários:
hospitais veterinários, clínicas veterinárias, consultórios veterinários, estabelecimentos de ensino, pesquisa, outros
órgãos públicos e privados que utilizem a Unidade Móvel de Atendimento Médico Veterinário.
CAPÍTULO III
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Seção I
Das Penalidades
Art. 13. Constitui falta grave, passível de multa, a utilização de unidade de transporte e remoção na função de
ambulância veterinária ou o transporte de animais para serviços de banho e tosa em unidade de transporte e
remoção ou ambulância veterinária.
§ 1º A multa será aplicada pelo respectivo Conselho Regional de Medicina Veterinária e deverá levar em conta o
princípio de gradação da multa.
§ 2º Havendo reincidência, a multa será, de pelo menos, o dobro da multa anterior, não podendo ultrapassar o teto
máximo.
Seção II
Das Disposições Finais
Art. 14. A reincidência só ocorrerá quando a prática ou omissão do ato for sobre o mesmo tipo de infração e
quando não caiba mais recurso em Processo Administrativo.
Art. 15. Hospitais veterinários, clínicas veterinárias, consultórios veterinários podem conter dependências próprias
e com acesso independente para comercialização de produtos para uso animal e prestação de serviços de estética
para animais, desde que sejam regularmente inscritos na Junta Comercial ou Cartório de Registro de Títulos e
Documentos.
Art. 16. Excepcionalmente os hospitais veterinários, clínicas veterinárias, consultórios veterinários e ambulatórios
veterinários terão prazo de 180 dias após a publicação para se adequarem às exigências desta Resolução.
§ 1º Os hospitais veterinários, clínicas veterinárias, consultórios veterinários e ambulatórios veterinários que
solicitarem ou forem intimados a se registrarem no Conselho, deverão obedecer as normas aqui estabelecidas.
§ 2º Os hospitais veterinários, clínicas veterinárias, consultórios veterinários e ambulatórios veterinários que
estiverem funcionando irregularmente, serão incursos nas penalidades previstas nesta Resolução.
Art. 17. Toda atividade passível de terceirização poderá ser aceita, desde que cumpridos os dispositivos
estabelecidos nesta Resolução, ou em outras que a substitua ou complemente, e legislação sanitária.
Art. 18. A presente Resolução entrará em vigor 6 (seis) meses após a sua publicação, revogando as disposições
em contrário, especificamente a Resolução nº 670, de 10 de agosto de 2000, publicada no DOU nº 55-E, de
21/3/2001 (Seção 1, pg.88).
Méd.Vet. Benedito Fortes de Arruda Méd.Vet. Antônio Felipe P. de F.
Presidente Wouk
CRMV-GO nº 0272 Secretário-Geral
CRMV-PR nº 0850

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