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O DIÁLOGO

Para o mundo pagão a divindade caracteriza-se pelo silêncio. O deus


pagão prefere os caminhos da obscuridade e sua ação é por meio de
enigmas. O diálogo, quando se trata da intimidade pessoal com a divindade,
é ausente resultando em oráculos emitidos e decodificados por meio de um
adivinho. Sua forma de agir é impessoal e inflexível. Em seus oráculos não
existe possibilidade de troca, é uma palavra definitiva. “Com o deus pagão
que não fala, não se fala”, afirma Adolphe Gesché.

O homem antigo, no que se refere à palavra, no ato de diálogo com


Deus, nunca poderia imaginar que era possível aproximar-se de Deus com
tanta ousadia e reverência como fez Moisés no monte Sinai (v. Ex 19.3). A
relação entre o pagão e o falso deus é de silêncio. Gesché expressa muito
bem essa ideia: “a piedade corresponde ao silêncio, a palavra se liga a
revolta”. Para o pagão, portanto, a palavra diante de deus é ímpia. O
universo pagão é mudo e com ele numerosas pessoas cujas vidas
expressam o temor de proferir quaisquer palavras que deixavam seus
deuses indispostos e resolutos em cólera.

A diferença é marcante com o Deus judaico-cristão, cujo convite é


expresso no Salmo: “Buscai a minha presença (Sl 27.4). Vemos esse convite
em várias partes do Velho Testamento, ratificando o desejo do diálogo de
Deus com o homem (cf. Jr 33.3). O Deus que fala é o Deus da palavra. “O
homem tem o direito de falar, de perguntar e de se defender” afirma
Gesché. O Deus bíblico é transcendente porque fala. O diálogo não o
diminui, apenas enaltece-O. Falar com o Deus revelado em Cristo é a parte
solene que cabe a cada ser humano diante de um ato redentor que
possibilitou tal acontecimento. A Glória desse Deus está no fato de manter
um relacionamento profícuo com o homem cujo respeito com a liberdade
é o que O diferencia de qualquer relação com o deus pagão propagado
pelos pensadores gregos do passado.

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