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O surgimento da o.u.

a
Relativamente a esta questão acho necessário falarmos do surgimento da O.U.A, porque foi com
este projeto que começa a tomada de consciência de pensarmos como africanos e caminharmos
juntos na resolução de problemas comuns.
A O.U.A foi uma instituição fundada em 1963 em adidis abeba 25 de Maio etiópia, impulsionado
fundamentalmente pelos estados independentes naquela altura, surgem nomes como Kwme
Nkruma (consideração como pai do africanismo), Jomo Keniata, Július Nyerere e outros, e faziam
parte da organização dos 54 países existente em africa 32 países, antes de ser um compromisso
económico-social era um compromisso Político.
A organização da Unidade Africana: espaço de disputas e de reivindicações Estabelecida em 1963,
a OUA2 foi o resultado de um processo de negociação entre os líderes dos países africanos
independentes naquele ano para que suas diferenças políticas fosse apaziguadas em prol do
objetivo comum de extirpar o colonialismo da África. Antes do estabelecimento da organização,
os países africanos estavam divididos entre o Grupo d de Monróvia. O primeiro deles, formado
pela República Árabe Unida (RAU) – nome dado à união política entre Egito e Síria que existiu
de 1958 a 1961 sob a presidência de Gamal Abdul Nasser –, Gana, Guiné, Líbia, Mali e Marrocos,
era considerado mais radical por ser favorável à integração política entre os Estados africanos. Os
chefes de Estado dos países que o compunham eram em sua maioria socialistas, Pan-africanistas e
engajados no Movimento dos Não Alinhados3 (MNA), defendendo o desenvolvimento econômico
centralizado, o estabelecimento de um sistema de defesa comum no continente e a valorização da
cultura africana.

Já o Grupo de Monróvia, formado pelas antigas colônias francesas além de Nigéria, Etiópia,
Libéria, Serra Leoa, Somália, República do Congo e Tunísia, defendia uma integração mais
flexível entre os países africanos que não gerasse perdas de soberania e que permitisse a
participação voluntária em termos culturais e econômicos. Esse grupo enxergava no discurso
integracionista do Grupo de Casablanca uma tentativa de influenciar a política interna dos demais
países africanos e, além do mais, defendia a manutenção das fronteiras nacionais conforme elas se
encontravam no momento da independência para evitar disputas, bem como a continuidade das
relações com as antigas metrópoles.
O objetivo comum dentro e entre os dois grupos de acabar com o colonialismo na África permitiu
que eles se reunissem em 1963 em Addis Abeba a fim de resolver as principais divergências entre
eles e estabelecer um espaço de cooperação interafricana. O encontro na capital etíope resultou na
Carta Manifesto pela Unidade Africana que criou a OUA cujos princípios bertação e formar uma
posição unânime no âmbito da Organização das Nações Unidas (ONU)

A partir da observação das divisões políticas na África que resultaram na formação de dois grupos
distintos, pode-se afirmar que as elites políticas do continente travaram uma disputa entre si ao
defenderem propostas distintas sobre os melhores rumos para os países africanos. O fato deles
terem vivenciado experiências comuns – colonização e escravidão, por exemplo – não significou
a adoção de políticas homogêneas a partir da conquista das primeiras independências. Ao
contrário, conforme os regimes coloniais foram chegando ao fim, as elites políticas africanas
tiveram que encarar a missão de construir uma nação para os Estados que herdaram e lidar com os
diferentes interesses dos grupos internos a respeito dos rumos que deveriam ser adotados. Destarte,
as lideranças políticas africanas discordaram e competiram entre si por recursos políticos e
econômicos, assim como ocorre entre líderes de outros continentes. Partir do pressuposto de que
os interesses dos países africanos são comuns em todas as áreas devido ao compartilhamento de
algumas experiências significa desconsiderar a pluralidade política e social que caracteriza a
África.

Em se tratando de disputas entre lideranças no continente no âmbito da OUA, nenhuma delas foi
tão evidente quanto a que ocorreu entre o egípcio Nasser e Kwame Nkrumah, Nkrumah, primeiro
presidente de Gana. Embora ambos pertencessem ao Grupo de Casablanca, isso não impediu o
surgimento de uma rivalidade entre eles na medida em que lançaram seus países como líderes dos
demais na busca pela independência, na extirpação do imperialismo e na promoção de uma
inserção internacional mais favorável à África. Usando diferentes argumentos e mobilizando a
OUA para atender interesses nacionais específicos, o embate entre Nasser e Nkrumah evidenciou
não apenas que o Egito possuía políticas voltadas para a África, mas também que ambos
reconheciam a importância política cada vez maior do continente a partir das conquistas das
independências. Essa disputa pela África entre países africanos e as posteriores declarações da
própria OUA eram um sinal claro para o mundo desenvolvido de que já não era viável negligenciar
o peso político do continente.
Colonialismo e o apartheid

Um após outro, os países africanos sacudiram o jugo colonial. Permaneceram as questões da


África do Sul, que gozava de apoio financeiro do Ocidente e de várias empresas multinacionais, e
do Sara Ocidental ocupado por Marrocos. A pressão da OUA face a esta última questão foi tal que
Marrocos, em 1984, decidiu retirar a sua participação na organização por protesto.

A luta contra o colonialismo impôs também uma reflexão sobre os direitos humanos. Já em 1961,
o nigeriano Nmandi Azikiwe, escrevendo sobre o futuro do pan-africanismo, salientava a
necessidade de preparar uma convenção dos direitos humanos de cunho africano. A ideia pairou
muito tempo no ar, e foi só em 1979 que o presidente senegalês Leopold Senghor colocou a questão
à atenção dos chefes de Estado reunidos em Monróvia.

Senghor, consciente de quão delicada fosse a questão, afirmou que «o desenvolvimento social e
económico era um direito humano». A opção de tratar os direitos humanos como meio para o
desenvolvimento permitiu que a questão fosse debatida publicamente e que uma comissão
encarregada de redigir uma carta dos direitos humanos pudesse encontrar-se em Dacar em
Dezembro do mesmo ano. A carta foi debatida e aprovada pelos chefes de Estado no seu encontro
de Nairobi, em Julho de 1981.

E percebe-se disso olhando para os objetivos pretendidos atingir pela


instituição;

 Promover a unidade e solidariedade entre os estados africanos;


 Coordenar e intensificar a cooperação entre os estados africanos, no sentido de atingir uma
vida melhor para os povos de África;
 Defender a soberania, integridade territorial e independência dos estados africanos;
 Erradicar todas as formas de colonialismo da África;
 Promover a cooperação internacional, respeitando a Carta das Nações Unidas e
a Declaração Universal dos Direitos Humanos;
 Coordenar e harmonizar as políticas dos estados membros nas esferas política, diplomática,
económica, educacional, cultural, da saúde, bem-estar, ciência, técnica e de defesa.

A O.U.A com os seus principais órgãos:


 A Conferência dos Chefes de Estado e de Governo, instância suprema;
 O Conselho de Ministros, que prepara e executa as decisões da Conferência;
 Secretariado-Geral Administrativo; e
 A Comissão de Mediação, de Conciliação e de Arbitragem.

Dificuldades e conquistas

A OUA começou a trabalhar com uma certa precariedade. A maior parte dos países fundadores
não tinha experiência de atividades internacionais nem, menos ainda, pessoal preparado para
tarefas complexas e frequentemente de notável consistência diplomática. Além disso, os capitais
à disposição para o funcionamento do Secretariado e das comissões não eram adequados e eram
muitas vezes distanciados com atraso por parte dos países membros.

As dificuldades, estruturais e de pessoal, não impediram contudo a OUA de dar sinais de êxitos,
sem negar as carências que cedo se fizeram sentir. Entre os objetivos que se propôs, os mais
importantes eram a erradicação do colonialismo em África, a obtenção de um melhor nível de vida
para os habitantes do continente e o alcance da paz e estabilidade, quer no seio das nações quer
nas relações internacionais. Estes objetivos eram os que mais do que quaisquer outros podiam
evidenciar a medida da unidade e solidariedade alcançada entre as nações africanas.

As atividades empreendidas para a libertação e assistência dos povos ainda sob o jugo do
colonialismo constituem sem dúvida as melhores páginas desta organização. Os países signatários
da carta acolheram unanimemente «o dever de todos os Estados africanos independentes de apoiar
os povos africanos na sua luta pela liberdade e independência». De sublinhar que a Adis-Abeba
tinham sido convidados os representantes dos movimentos de libertação e que estes tiveram forma
de expor os seus planos e sonhos.

3. Mas, terão sido atingidos os objetivos preconizados pela OUA? É o que vamos ver:
 Durante os quase 40 anos da sua existência, eclodiram inúmeros conflitos no nosso
continente. A OUA nunca possuiu instrumentos sancionatórios para punir os responsáveis
por tais conflitos;
 A esmagadora maioria dos seus países ainda está longe de conhecer o desenvolvimento
desejado. O nosso continente continua na cauda do ranking estabelecido para medir o
Índice de Desenvolvimento Humano regularmente definido pelas Nações Unidas, não
obstante os reconhecidos recursos naturais que nele abundam;
 Foi possível manter inalteráveis as fronteiras herdadas do colonialismo. Não em todos,
mas em grande parte dos países do nosso continente. A Eritreia, por exemplo, resultou de
um desmembramento da Etiópia. A Somália deixou praticamente de ter fronteiras
nacionais, estando a ser fragmentada por grupos étnicos. O Sudão é o caso mais recente de
uma acão centrífuga;
 O 4º objectivo enunciado – pôr fim ao colonialismo – foi praticamente atingido, com
excepção para o caso do Sahara Ocidental, que ainda permanece sob dominação de
Marrocos (que optou, em 1985, por se colocar fora da OUA);
 O drama vivido pelo Sahara Ocidental é o resultado de uma descolonização mal
conseguida levada a cabo pela Espanha, que abandonou o território expondo-o aos apetites
expansionistas de Marrocos e da Mauritânia, que o veio, posteriormente a abandonar;
 Para ajudar os povos ainda sob dominação colonial, a OUA não só se socorreu da pressão
política, como ainda criou um instrumento de apoio directo, o Comité de Coordenação da
Libertação de África. Por este mecanismo, a OUA passou a canalizar os seus apoios aos
Movimentos de Libertação dos então territórios ainda colonizados;
 A OUA pressionou também as Nações Unidas para a aplicação de sanções ao regime do
apartheid na África do Sul e ao regime ilegal da então Rodésia do Sul (actual Zimbabwe);
 A cooperação regional com vista ao desenvolvimento dos países africanos foi uma ideia
que sempre esteve no pensamento dos líderes de então. E surgiu ainda antes da
institucionalização da OUA;
 Por exemplo, em Abril de 1958, em Acra (Ghana) e em Junho de 1960, em Addis Abeba
(Etiópia), colocou-se sobre a mesa a problemática da união de esforços entre os africanos,
para se evitar a fragmentação de esforços. O alargamento dos mercados só seria possível
pela coordenação das políticas económicas;
 Surgiram, então, dois modelos distintos de cooperação entre os países africanos: a
fórmula pan-africanista, defendida por Kwame Nkrumah, com base no modelo de
integração continental, através da criação de uma organização económica única,
abrangendo a totalidade do continente; mas a fórmula pan-africanista foi rejeitada pela
maioria dos líderes que optou por uma fórmula menos ambiciosa de integração sub-
regional entre países vizinhos, que poderia, paulatinamente, evoluir para espaços mais
alargados. É esta que ainda está em curso. Foi a partir desse resultado que a Comissão
Económica das Nações Unidas para África decidiu subdividir o nosso continente em
grandes sub-regiões: oriental e austral, ocidental, central e norte;
 A Partir daí os líderes africanos instaram os diversos países a aprofundarem os
mecanismos de integração já existentes e a criar outros que se julgassem necessários para
a coordenação das políticas económicas entre si;
 Surgiram assim: o COMESA (Mercado Comum da África Oriental e Austral); a SADC
(Comunidade de Desenvolvimento da África Austral); a CEEAC (Comunidade Económica
dos Estados da África Central); CEDEAO (Comunidade Económica de Desenvolvimento
dos Estados da África Ocidental); União Árabe do Magreb.
OS FRACASSOS DA O.U.A

Mas infelizmente este sonho ainda esta a caminhar, Portanto, a OUA cumpriu o objetivo
primordial da sua fundação, luta pela auto- determinação de todo continente e a unidade. Ainda
que, aqui e ali fechando os olhos a ditaduras e atropelos aos direitos humanos. a ultima década
particularmente após o fim do apartheid (1994),reduzi-o a retórica isto não tanto por falta de
empenho dos lideres mais pragmáticos com uma visão aberta do mundo mas principalmente pela
escassez de meios financeiro (desbaratados nuns e inexistente noutros) e de instrumentos
vinculativo dos diferentes estados membros a um projeto coletivo .

Neste fracasso juntamos também o facto de Durante quase 40 anos de existência, a OUA não
conseguir evitar ou resolver os inúmeros conflitos políticos, étnicos, religiosos que assolaram o
continente, nem promover de forma efetiva o seu desenvolvimento. Uma das razões poderia ser o
caráter consensual da organização, que nunca puniu qualquer responsável, sendo necessário a
intervenção de instituições extra africanas para resolver estes conflitos. Prova isso o número de
golpes de estado que África viveu neste período.

Falta liderança

Nos anos 60, a África era o continente com o mais baixo nível de desenvolvimento. O crescimento
do PIB fixava-se em 1,3 por cento, quando era de 3,5 por cento na Ásia. Não faltava, contudo, o
otimismo de que o continente alcançaria em breve os outros países em vias de desenvolvimento.
Infelizmente, a OUA não foi capaz de uma liderança clara neste campo. Cada nação decidiu seguir
modelos diferentes, do socialismo ao capitalismo, do diálogo com um bloco ou outro à política de
não-alinhamento também económico.

A falta de unidade, as opções impostas por instituições internacionais e por institutos de crédito
privados, a cegueira de alguns líderes autoritários, mais preocupados com o seu poder do que com
o bem do seu povo, conduziram a África à estagnação e ao aumento desmedido da dívida externa.
A OUA não soube conduzir os povos africanos ao desenvolvimento e raramente contribuiu para a
melhoria da vida dos povos do continente. A atual melhoria da economia e dos indicadores sociais
em África é devida a outros fatores, que extravasam os objetivos deste artigo.

No momento da sua constituição, todas as nações da OUA aceitaram a inviolabilidade das


fronteiras herdadas do colonialismo, não obstante todos estivessem bem conscientes de que estas
eram artificiais e muitas vezes traçadas expressamente para enfraquecer os territórios coloniais,
separando as etnias e destruindo as relações entre o próprio povo. Mas os chefes de Estado estavam
igualmente conscientes de que pô-las em questão teria causado uma vaga de dificuldades e
conflitos. Durante a existência da OUA contaram-se pelo menos quinze conflitos causados por
disputas territoriais e cerca de trinta países envolvidos. Mas foram muitas mais as contendas
resolvidas por via diplomática.

A OUA não foi capaz de evitar ou limitar outras guerras que dilaceraram a África. Os mais longos
conflitos foram os que viram a separação da Eritreia da Etiópia e do Sul do Sudão do
Sudão .Não está ainda concluído o caminho do povo saráui e o Sara Ocidental deseja ainda a
independência, mas é dificultado por Marrocos, que o ocupa e impede o seu desenvolvimento,
mantendo a população refém.

A UA (UNIÃO AFRICANA)

O projeto foi lançado, em 1999, em Sirte, pelo líder líbio Muhammar Khadaffi que convidou os
participantes a criar a instituição, com base no modelo da União Europeia,). Em julho de 2000, em
Lomé, capital de Togo, foi adotado o Ato Constitutivo da União Africana (UA) e, em julho de
2001, em Lusaca (Zâmbia), foi estabelecido o programa de substituição da OUA pela UA. Em
2002, na Cimeira de Durban (África do Sul) procedeu-se à sessão inaugural da Conferência dos
Chefes de Estado e do Governo da instituição, instituição foi criada com o propósito de não só
colocar a África no panorama económico mundial, como também de resolver os problemas sociais,
económicos e políticos dos países africanos.

Ribeiro (2007) afirma que a União Africana teve como princípios e objetivos:

 Realizar maior unidade e solidariedade entre os países e povos da África;


 Respeitar a soberania, integridade territorial e independência dos seus Estados Membros;
 Acelerar a integração política e socioeconômica do Continente;
 Promover e defender posições africanas comuns sobre as questões de interesse para o
Continente e os seus povos;
 Encorajar a cooperação internacional, tendo devidamente em conta a Carta das Nações
Unidas e a Declaração dos Direitos do Homem;
 Promover a paz, a segurança e a estabilidade no Continente;
 Promover os princípios e as instituições democráticas, a participação popular e a boa
governação;
 Promover e proteger os direitos do homem e dos povos, em conformidade com a Carta
Africana dos Direitos do Homem e dos Povos e outros instrumentos pertinentes relativos
aos direitos do homem;
 Criar as necessárias condições que permitam ao Continente desempenhar o papel que lhe
compete na economia mundial e nas negociações internacionais;
 Promover o desenvolvimento duradouro nos planos econômico, social e cultural, assim
como a integração das economias africanas;
 Promover a cooperação em todos os domínios da atividade humana, com vista a elevar o
nível de vida dos povos africanos;
 Coordenar e harmonizar as políticas entre as Comunidades Econômicas Regionais
existentes e futuras, para a gradual realização dos objetivos da União;
 Fazer avançar o desenvolvimento do Continente através da promoção da investigação em
todos os domínios, em particular em ciência e tecnologia;
 Trabalhar em colaboração com os parceiros internacionais relevantes na erradicação das
doenças susceptíveis de prevenção e na promoção da boa saúde no Continente (RIBEIRO,
2007, p. 16).
PRINCIPAIS ÓRGÃOS DA UNIÃO AFRICANA

Assembleia

Reúne chefes de Estado e governo dos Estados membros e é o órgão principal da União Africana.
O seu presidente é eleito anualmente entre seus membros. Entre as suas funções destacam-se:
determinar as políticas comuns da União; apreciar candidaturas de novos membros; aprovar o or-
çamento da União; orientar a actividade da organização em matéria de Paz e Segurança e nomear
o presidente da Comissão.

Comissão

Composta por um presidente, um vice-presidente e oito comissários. Estes dez elementos deverão
refl ectir uma representação de dois elementos por cada uma das regiões africanas, sendo que um
destes deverá ser uma mulher. O presidente e o vice-presidente são eleitos por maioria de 2/3 pela
Assembleia de chefes de Estado e de governo. Os comissários encontram-se adstritos a diversas
áreas temáticas entre as quais se destaca: Paz e Segurança, Assuntos Políticos, de Infraestruturas
e Energia, Assuntos Sociais, Recursos Humanos, Ciência e Tecnologia, Comércio e Indústria,
Economia Rural e Agricultura, Assuntos Económicos. Entendida como mais um passo no erguer
do Governo da União, na 12.ª Cimeira da União Africana, que decorreu em Addis Abeba em
Janeiro de 2009, fi cou decidida a transformação da Comissão em Autoridade Africana cujo debate
sobre o seu formato e modo de operacionalização fi cou agendado para a 13.ª Cimeira, em Julho
de 2009. Esta Cimeira atribuiu à Comissão a missão de preparação da implementação desta
mudança. Com um mandato que se espera mais alargado daquele que actualmente serve de base
ao funcionamento da Comissão, espera-se que este novo órgão venha a dispor de um presidente,
um vice-presidente e vários secretários.

Parlamento Pan-Africano

Órgão consultivo com início de actividade em Março de 2004, na Etiópia, como um dos órgãos
mais emblemáticos da UA, o PAP (Pan African Parliament) possui a sua sede na África do Sul.
Reúne duas vezes por ano e constitui um fórum de debate e aprofundamento de refl exões sobre
os mais diversos temas a envolver a actividade da UA. Termina em 2009 o primeiro período de
actividade, que corresponde também à sua fase de implementação (2004-2009), é debatida a sua
continuação em actividade enquanto verdadeiro órgão legislativo. Cada Estado membro da UA
que tenha ratifi cado o Tratado Constitutivo do PAP (neste momento 48 dos 53 Estados que
integram a UA) encontra-se representado por cinco elementos, eleitos para o efeito a nível das
estruturas parlamentares nacionais. O PAP possui um presidente que é asses- sorado por quatro
vice-presidentes em representação de cada uma das cinco regiões consideradas na UA, estes
compõem o Bureau do PAP.

Tribunal de Justiça

Composto por 11 juízes. Actualmente integram o colectivo de juizes: Hamdi Fanoush da Líbia,
Kelello Mafoso-Gunni do Lesoto, El Hadji Guisse do Senegal, Fatsah Ouguergouz da Argélia
(com mandatos de quatro anos iniciados em Janeiro de 2006), Modibo Guindo do Mali, Jean
Mutsinzi do Ruanda, Gerard Niyungeko do Burundi (com mandatos de seis anos iniciados em
Janeiro de 2006), Sophia Akuffo do Gana, Githu Muigai do Quénia, Joseph Mulenga do Uganda
e Bernard Ngoepe da África do Sul (com mandatos de seis anos iniciados em Julho de 2008).

Conselho Executivo

Composto pelo ministro dos Negócios Estrangeiros (ou outros indicados) de cada Estado-mem-
bro. Reúne duas vezes por ano para dar cumprimento às suas atribuições.

Comité de Representantes Permanentes

Composto por representantes de cada Estado-membro. Encarregue da preparação do trabalho do


Conselho Executivo, actuando na sua dependência.

Conselho de Paz e Segurança

Órgão político de tomada de decisão em matérias relacionadas com a Prevenção, Gestão e Reso-
lução de confl itos, tendo por objectivo fulcral a resposta atempada e efi caz a situações de confl
ito e crise em África. As actividades deste Conselho são apoiadas pela Comissão, por um Painel
de Sábios, por um Sistema Continental de Alerta Precoce, por uma Força Africana em Alerta e por
um Fundo Especial.

Conselho Económico-social e Cultural


Que congrega associações, grupos culturais e sociais, representações profi ssionais, organiza- ções
comunitárias entre outros núcleos de associativismo em África. Encontra-se organizado por
Assembleia Geral, Standing Committee, Comités Sectoriais, Comité de Credenciais e um
Secretariado.

Comités Técnicos Especializados

Destacam-se 14 comités temáticos: Economia Rural e Assuntos Agrícolas; Assuntos Monetários,


Financeiros e Planeamento Económico e Integração; Comércio, Indústria e Minerais; Transportes,
Infraestruturas Transcontinentais e Intraregionais, Energia e Turismo; Género e Capacitação das
Mulheres; Justiça e Assuntos Legais; Desenvolvimento Social, Trabalho e Emprego; Serviço
Públi- co, Governo Local, Desenvolvimento Urbano e Descentralização; Saúde População e
Controlo da Toxicodependência; Migração, Refugiados e Deslocados Internos; Juventude, Cultura
e Desporto; Educação, Ciência e Tecnologia; Comunicações; Defesa e Segurança. Cada Comité
funciona como órgão de preparação dos programas e projectos da União e, numa fase posterior,
como órgão de acompanhamento e implementação dos mesmos.

Instituições Financeiras

Banco Central Africano, Banco Africano de Investimento e Fundo Monetário Africano.

A União Africana

A criação da União Africana no lugar da Organização da Unidade Africana é considerada uma


ruptura importante nas relações externas dos países do continente, na medida em que a instituição
da nova organização se traduz na esperança das elites locais de modificar as estruturas existentes.

A ideia da criação da UA inspira-se na ideologia do pan-africanismo. Segundo Visentini, sua


fundação se insere no contexto da necessidade de uma organização capaz de fazer frente aos
desafios potencializados pela situação gerada pelo encerramento do conflito bipolar (VISENTINI,
2010).

Nas palavras de Fernandes (2011), dada a entrada do novo milênio, ante o processo de
globalização, e a posição adversa da África no comércio internacional, os objetivos da Organização
da Unidade Africana se mostravam insuficientes para conduzir o desenvolvimento do continente.
Tendo em vista este novo contexto, uma nova organização se fazia necessária. A União Africana
vinha sendo preconizada desde a época de Kwame Nkrumah, ou seja, no pan-africanismo. Essas
ideias teriam sido retomadas na 35ª sessão de Conferência Ordinária dos Chefes de Estado e de
Governo da OUA, realizada de 12 a 14 de julho de 1999, em Argel. Atentos na promoção de um
maior fortalecimento da OUA, na globalização e no comprimento dos Objetivos do
Desenvolvimento do Milênio, os líderes africanos se reuniram, entre 8 e 9 de setembro de 1999,
em Sirte, na Líbia onde optaram pela substituição da OUA.

Ante este novo contexto, a organização teria sido criada com o intuito de corrigir o legado negativo
deixado pela antecessora OUA e recolocar a África no novo cenário que se vislumbrava. Com sede
em Abis Abeba (Etiópia), compõem a UA todos os Estados africanos, à exceção do Marrocos.
Com a admissão da República Árabe Saarauí Democrática (não reconhecida pela ONU), a
organização totaliza 53 membros.

Com todo o aparato institucional implementado, cabe à União Africana desempenhar um papel de
liderança no continente no que diz respeito, sobretudo, à harmonização e racionalização de
políticas e programas de intercâmbio de experiências, de fortalecimento e capacidades
institucionais. Assim sendo, a Comissão da UA foca especialmente, na paz e segurança,
desenvolvimento social, questões ligadas à igualdade de gênero e água (FERNANDES, 2011).

Desafios união africana

Seguindo esta linha de raciocínio, o Fundo das Nações Unidas para África (UNECA, 2006),
conforme citado por Fernandes (2011), traz alguns elementos que também podemos considerar
como inibidores da integração africana: a pobreza;as limitadas capacidades; um financiamento
insuficiente; a adesão a múltiplos blocos regionais e a interrupção dos mandatos; economias pouco
complementares; poucos centros de coordenação; antagonismo de liderança entre os países mais
poderosos em vários setores; e a ausência de grupos de interesse nacional, tanto empresas quanto
a sociedade civil, na integração regional.

Mshomba (2000) ainda considera que alguns dos desafios que se apresentam na questão da
integração são de fato, a elevada dependência face aos países doadores, assim como, o domínio de
países estrangeiros em temos de permissão de acesso a mercados, bem como, as constantes
instabilidades políticas.

Não obstante os desafios, não é correto ignorar o esforço da União Africana na busca por melhores
condições. Dados apontam para um melhor desempenho econômico no início do novo milênio
praticamente em todos os países do continente. Embora fique claro que a pobreza não esteja
erradicada, a percentagem da população que vive abaixo da linha da pobreza baixou de 47% em
1999 para 41% em 2004, devido à melhora no desenvolvimento econômico, estimada em cerca de
5% em 2000 (UNIÃO AFRICANA, 2008).

Neste contexto, a União Africana surge como um instrumento fundamental e é sob esta ótica que
deverá ser analisada: como um instrumento capaz de buscar e assegurar as condições necessárias
à promoção da paz e do desenvolvimento africano.

Obviamente, os objetivos da UA não são pequenos, bem como os desafios que ela terá de enfrentar.
Para não cometer os mesmos erros que sua antecessora, a UA deverá, segundo Espada (2009),
pautar-se por uma atuação mais firme e coerente.

Pela diversidade de identidades culturais presentes no continente, a atuação da União Africana


pode ser considerada muito complexa, especialmente para a construção de uma entidade
supranacional. Essa tarefa é difícil, porém não impossível. Portanto, a União Africana ainda tem
um longo caminho a percorrer na busca por seu espaço no mundo globalizado.

É certo que a África tem pela frente numerosos desafios, mas estes, se geridos estrategicamente,
poderão ser transformados em oportunidades. A União Africana pode, neste contexto, ter um papel
de mais relevância na elaboração de uma agenda continental que seja simultaneamente coerente
com o processo de desenvolvimento africano e inclusiva de todos os interesses das nações
africanas.

Contexto atual da União Africana:


 Integrada por 54 países membros – Marrocos saiu em protesto contra reconhecimento da
RASD.
 Não obstante a UA ter afirmado a sua condenação a mudanças do poder por via dos golpes de
Estado, ainda tem havido golpes de Estado no nosso Continente (casos do Egipto e da Guiné
Bissau) e uma boa parte dos líderes dos países integrantes são ainda o resultado de golpes de
Estado dados há dezenas de anos.
 Nos últimos anos, aumentou a instabilidade interna em diversos países, com tentações
separatistas, sobretudo, de carácter etno-regional. O exemplo mais gritante é o do Leste da
República Democrática do Congo, onde se assiste a uma clara tentativa de reconfiguração das
fronteiras herdadas do colonialismo, envolvendo ainda o Ruanda e o Uganda.
 Estão em curso inúmeros conflitos com base em antagonismos étnicos e religiosos Mali,
República Centro Africana. Porém, o conflito prevalecente, por exemplo, na região do Darfur
(Sudão), não tem como pano de fundo a religião, dado que ambos os antagonistas são povos
islâmicos. A base do conflito é, se quisermos, étnica/rácica. Os habitantes do Darfur são negros
islamizados pelos árabes do norte do país, com quem se confrontam.
 Qualquer instabilidade política mina a confiança dos potenciais investidores nacionais e
estrangeiros, o que constitui um obstáculo ao pretendido desenvolvimento económico.
 A UA tem se preocupado apenas com a aparência de democracia nos nossos países – passando,
por norma, “certificados de boa prática eleitoral” às eleições fraudulentas que vão ocorrendo.
 A UA não possui condições para ser ela própria a assumir o ónus das ações de pacificação que
vão surgindo em várias partes do continente. Por exemplo, os países africanos fornecem
homens, contudo, os custos económicos das ações recaem sobre os parceiros estrangeiros –
geralmente, França, Reino Unido e EUA.
 Até agora, a UA também não mostrou capacidade para travar a onda de destruição e morte que
prevalece nos países da chamada “Primavera Árabe”. O exemplo mais flagrante é o da Líbia,
presentemente a viver um processo de autêntica desagregação do Estado.

Objetivos atuais da União Africana

Numa altura em que não cessam os desafios para o nosso continente, a União Africana (UA)
prepara-se para realizar mais uma cimeira, desta vez em Addis Abeba e sob o lema “pan
africanismo e Renascimento Africano”.

Numa altura em que não cessam os desafios para o nosso continente, a União Africana (UA)
prepara-se para realizar mais uma cimeira, desta vez em Addis Abeba e sob o lema “pan
africanismo e Renascimento Africano”. Desconheço as razões da escolha do tema, mas os
propósitos repousam, muito provavelmente, na celebração dos 50 anos daquela organização, que
já conheceu outras designações. A organização nasceu em Maio de1963, com o nome de
Organização da Unidade Africana, que manteve até Julho de 2002, quando passou a designar-se
União Africana.

Os desafios de hoje são diferentes, pois há 50 anos os grandes objetivos eram as conquistas e
reconhecimentos das independências nacionais, o que foi conseguido, à excepção da República
Árabe Sarahoui Democrática, que prevalece como um problema interno de África. Já não se trata
de um território ocupado e colonizado por uma entidade estranha ao continente, embora o seu
status quo apresente as mais variadas interpretações.

O debate à volta do desenvolvimento da organização continental para uma estrutura federal lembra
o debate surgido pouco tempo depois de vários países terem ascendido à independência.
Alguns desses países pretendiam, na altura, maior unidade continental, enquanto outros punham
reservas sobre os moldes em que isso devia funcionar. De qualquer forma, surgiu o grupo de
Casablanca liderado por Nkwame Nkrumah, que defendia uma federação de todos os países e o de
Monróvia liderado por estadistas como Leopold Senghor, que não apoiavam aquela ideia.
O primeiro grupo constitui o prolongamento dos que defendem hoje a rápida transformação da
União Africana numa estrutura federal continental, enquanto o segundo se assemelha aos
chamados Estados de “tendência gradualista”. Angola faz parte deste último grupo que defende
uma integração por fases.

O grupo de Monróvia advogava há 50 anos a consolidação dos blocos regionais antes de se avançar
para aquilo que querem os “imediatistas modernos”, herdeiros do grupo de Casablanca.
A antecessora da UA conseguiu a unidade africana, mas não a geriu da melhor maneira, tendo em
conta a falta de convergência entre os países pró socialistas e pró capitalistas. Tão-pouco se soube
manter neutra durante a Guerra-Fria, o que tornou os Estados africanos vulneráveis a interferências
externas. Hoje, a UA enfrenta os mesmos desafios revestidos de novas abordagens.

A União africana tem sido relegada para segundo plano quando se trata dos grandes problemas
continentais, o que é um dos seus grandes na atualidade. A instabilidade causada pela “Primavera
Árabe”, tal como os conflitos pós eleitorais, as tomadas do poder pela força, a transformação do
Sahel e da Somália em réplicas do Afeganistão em África, prevalece sem que a UA tome medidas
eficazes. É verdade que, atendendo à dimensão do continente e à maneira imprevisível como
surgem, não é fácil reunir homens e meios que resolvam os problemas. Como a experiência
comprova, muitos dos conflitos em África não carecem necessariamente de mobilização de
homens e de meios que não raro acabam por os agudizar. Tem razão a presidente da Comissão
Africana, Nkosazana Zuma, quando afirma que a percepção dos desafios dos problemas africanos
deve começar por uma abordagem local, que tem de ser encorajada, antes de se pensar na
organização continental.

Parece inquestionável a ideia de consolidação dos blocos regionais como premissa fundamental
para a procura de soluções africanas. Na cimeira de Addis Abeba, que se realiza entre os próximos
dias 21 e 28, espera-se que África tome decisões concretas para a resolução dos problemas na
Somália, na República Centro Africana, na República Democrática do Congo e no Mali.
De uma maneira geral, as atenções da União Africana devem estar concentradas em toda a região
do Sahel devido à existência de organizações que constituem autênticas ameaças a governos
democraticamente eleitos. Alqaeda do Magrebe Islâmico, a Anzar Dine, Movimento para Unidade
e Jihad na África Ocidental e Boko Haram são organizações que atuam a partir da Mauritânia,
Argélia, Mali, Níger e Nigéria, atravessando todo o Sahel até a Somália, onde há grupos que lhes
estão ligados, o que torna a situação de instabilidade política e militar uma preocupação para toda
África.

Por tudo isto espera-se que a União Africana saia mais reforçada da cimeira deste mês, que cumpra
de forma escrupulosa o estipulado na Carta Constitutiva e que o continente passe a falar a uma
única voz.
Bibliografia

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MSHOMBA,Richard.E. Africa in the Global Economy, 2000, Lynne Rienner Publishers. (A


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RIBEIRO, Cláudio Oliveira. União Africana: possibilidades e desafios, 2007. Disponível em:
<http://www.funag.gov.br/Eve/ii-conferencia-nacional-de- politica- externa-e-politica-
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http://jpintodeandrade.blogspot.com/2014/06/o-papel-da-uniao-africana.html

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