Aula 08
1
7.2.2- Difusão com reação química heterogênea na superfície de uma
partícula não-catalítica e não-porosa.
Neste item admite-se que a superfície do sólido seja uma etapa da reação,
sendo consumida ao longo do processo difusivo em regime pseudo-
estacionário. Um fenômeno que isso acontece é a combustão: o soluto-
reagente A difunde por uma camada gasosa inerte I, e reage quando em
contato com a superfície do sólido. O produto da reação contradifunde em
relação ao fluxo do reagente. A relação entre os fluxos do reagente e
produto obedece a estequiometria da reação.
b
NS 0 ; N B N A
a
2
Em t = 0 A = reagente gasoso Em t + t
S = reagente sólido
I = inerte
A
B = Produto
r r
Ri
r t r
S Rf
S
I I
B
yA0 yA
NO2,r
r
4
Considerando que o processo de transferência de massa ocorra em regime
permanente e a T e P constante, determine o perfil de fração molar do oxigênio
(yO2) em função do raio da partícula esférica ( r ) e o fluxo molar do oxigênio na
superfície da partícula de carbono.
Solução:
1- Considerando que a partícula tem geometria esférica, a equação da
continuidade de transferência de massa em coordenadas esféricas é:
2 R '''
(3)
t r θ rsenθ
A
r rsenθ
2- Regime permanente;
3- Fluxo radial (unidirecional);
4- O meio difusivo não é reacional.
A equação ( 3 ) torna-se:
1 2
r N A,r 0 (4)
r r
2
5
Seja a seguinte equação reacional:
C(S) O2(g) N 2(g)
CO2(g) N 2(g)
(5)
C A B D B
y A N A,r N D,r
dy A
N A,r C.DAD (9)
dr
Aplicando a equação ( 8 ) na equação ( 9 ), temos:
dy A
y A N A,r N A,r
dy A
N A,r C.DAD
dr N A,r C.DAD ( 10 )
0 dr
6
Substituindo a equação ( 10 ) na equação ( 4 ), temos:
1 2 dy A
r C.D 0 ( 11 )
r r dr
2 AD
d 2 dy A
r 0 ( 12 )
dr dr
Condições de contorno:
CC1: Para r → , yA = 0,21 ( 21% molar de O2)
CC2: Para r = R, RA = ״NA,r = -ksCyA yA = -NA,r/ks.C
d 2 dy A
r 0
dr dr
C1
r2dy A
C1 dy A C1
dr
2
yA C2 ( 13 )
dr r r
7
Aplicando as condições de contorno na equação ( 13 ), temos:
C1
0,21 C2 C2 0,21 ( 14 )
0
N A,r C C R.NA,r
1 C2 1 0,21 C1 R.0,21 ( 15 )
k s .C R R k s .C
Substituindo ( 14 ) e ( 15 ) em ( 13 ), temos:
R RN
y A 0,21 A,r 0,21
r r k s .C
R N
Solução parcial y A 0,21 A,r 0,21 ( 16 )
r k s .C
8
A equação ( 16 ) é uma solução parcial, pois o fluxo NA,r é função do raio da partícula.
Considerando que o fluxo total seja constante em r = R, temos que:
N A,r N A,r r R constante ( x Área da esfera )
dy A
R 2 .N A,r r R r 2 C.D AD
dr
N A, r
yA rR
rR k S .C
dr
R 2 .N A,r r R C.D AD dy A
r2
r y A 0,21
rR N A, r
1 yA rR
R .N A,r r R
2
C.D AD y A y A 0,21 k S .C
r
r 9
1 1 N A,r
rR
R .NA,r r R C.DAD
2
0,21
R k S .C
1 N A,r
rR
R .NA,r r R C.DAD
2
0,21
R k S .C
D AD .NA,r r R
R.NA,r r R C.DAD .0,21
kS
D AD
N A,r r R R C.DAD .0,21
ks
C.D AD .0,21
N A,r r R
D A,D
R ( 18 )
ks
10
Substituindo ( 18 ) em ( 16 ), fica:
R C.D . 0, 21
yA 0,21 AD
0,21
r D AD
k .C R
s
ks
R D AD .0,21
yA 0,21 0,21
r D
k s . R AD
k s
R 0,21.D AD
y A 0,21 0,21
r k s R D AD
R 1
yA 0,21 0,21. 1
r 1
k s .R
D AD
R 1
yA 0,211 1 ( Solução final ) ( 19 )
r 1
k s .R
D AD kS em cm/s (10 ordem); DAD em cm2/s; R em cm
11
7.2.3- Difusão intraparticular com reação química heterogênea
Quando um sólido poroso apresenta sua área interna (na ordem de
30m2/g ou superior) maior ou da mesma magnitude do que a sua
superfície externa, considera-se que o soluto, depois de atingir a
superfície da partícula, difunda no interior desta para depois ser
adsorvido e sofrer reação química nas paredes dos sítios ativos do
catalisador, conforme ilustra a figura a seguir:
1
7
1 - Difusão externa
2 2 - Difusão interna
3 - Adsorção química
4 - Reação catalítica
4
3 6
5 - Dessorção química
5
6 - Difusão interna
7 - Difusão externa
12
Apesar de se tratar de reação química heterogênea descrita pela equação
"
(1), o termo reacional irá aparecer como aR A , em que “a” relaciona a
superfície do poro por unidade de volume da matriz porosa na equação da
continuidade de A, caracterizando um sistema pseudo-homogêneo.
b
NS 0 ; N B N A
a
13
Exemplo 2: Uma corrente gasosa contendo um reagente “A”
entra em contato com um catalisador de geometria esférica
de raio R. Esta partícula está dentro de um reator catalítico.
Nas imediações da partícula catalítica, a concentração do
reagente “A” é CAS (moles/cm3). A espécie “A” difunde
através dos poros existentes no catalisador e converte no
produto “B” através de uma reação irreversível e de
primeira ordem no sítio ativo do mesmo. O produto “B”
difunde no sentido contrário do reagente “A”. Determine o
perfil de concentração do reagente “A” em função do raio
da partícula considerando que o processo de transferência
de massa ocorra em regime permanente e a temperatura e
pressão constante.
14
Reagente ( A ) Produto ( B )
A B
Poro do catalisador
AB
R "A' k s .a.CA
C A ( r 2
N ) (senθ N ) N
2 R '''
1 A,r 1 A,θ 1 A,
(1)
t r r rsenθ θ rsenθ
A
. NA
CA
2- Considerando regime permanente: 0
t
1 (r N A,r )
2
3- Considerando o fluxo unidirecional através do raio da partícula: . N A 2
r r
A equação ( 1 ) reduz-se a:
1 (r N A,r )
2
k s .a.CA (2)
r 2
r
16
O fluxo molar do soluto A no interior da matriz porosa é dado por:
y A N A,r N B,r
dy A
N A,r C.Def (3)
dr
Onde:
p
Def = coeficiente de difusão efetiva Def DAB (4)
Onde:
A
ks
B
Substituindo ( 5 ) em ( 3 ), temos:
17
dy A
N A,r C.Def
dr
ou:
dCA
N A,r Def (6)
dr
Substituindo ( 6 ) em ( 2 ), temos:
1 d 2 dCA
r D ef k s .a.CA (7)
r dr
2
dr
d 2 dCA 2 k .a.CA
r r s (8)
dr dr Def
k s .a
Denominando: 2 (9)
Def
18
Substituindo ( 9 ) em ( 8 ), temos:
d 2 dCA
r CA
2 2
r ( 10 )
dr dr
Condições de contorno:
CA ( 12 )
r
d dr d
dC A r r
' ' r r
dC A dC A
dr dr
dr ( 13 )
dr r2 dr r 2
dr r2
19
Substituindo ( 12) e ( 13 ) em ( 10 ), temos:
d
r
d 2 dr 2 2
r 2
r
dr r r
d d
r r2
dr dr
d 2 d d
2
r r2
dr dr dr
d 2 d 2
2
r r2 2
2
dr dr
d 2
2
2
0 ( 14 )
dr
20
A solução da equação diferencial ( 14 ), de 2ᵃ ordem e homogênea, é:
k s .a
C1cosh(r) C2senh( r) ( 15 ) ( 16 )
Def
C1 0 ( 19 )
21
Substituindo ( 19 ) em ( 18 ), temos:
RC AS
RC AS C 2senh(R) C2 ( 20 )
senh(R)
Substituindo ( 19 ) e ( 20 ) em ( 16 ), temos:
RC AS
rC A 0 senh(r)
senh(R)
C1
C2
CA R senh( r)
( solução final ) ( 21 )
CAS r senh( R)
22
7.3- Difusão em regime permanente com reação química homogênea
CA
. N A R 'A''
t
'''
. N A R A
dN A,z
R 'A'' (1)
dz
23
Gás A
Z = 0, CA = CA0
Líquido B NA,Z
A+BL
Z = , CA = 0
x A N A,z N B,z
dx A
N A,z C.D AB
dz
N A,z
C.D AB dC A C A
N A,z N B,z
C dz C
25
N A,z D AB
dC A C A
N A,z N B,z
dz C
desprezível
dC A
N A,z D AB (2)
dz
R 'A'' k v C A (3)
d dC A
AB
D k vCA
dz dz
26
d 2CA kv
2
CA 0 (4)
dz D AB
kv
(6) Fi
D AB
Condições de contorno:
CC1: em z = 0; CA = CA0
CC2: em z = ; CA = CA = 0
27
Aplicando as condições de contorno na equação (5), obtêm-se:
C1 CA0 (7)
CA0
C2 (8)
tgh( δ)
CA (z) senh(z)
cosh(z)
tgh( δ)
(9)
CA0
28
senh(δ)
cosh( z) senh( z)
C A (z) cosh(δ)
C A0 tgh( δ)
senh(δ)cosh(z) cosh(δ)senh(z)
C A (z) cosh(δ)
C A0 tgh( δ)
senh(δ)cosh(z) cosh(δ)senh(z)
C A (z) cosh(δ)
C A0 senh( δ)
cosh(δ)
C A (z) (δ z) z
1 ( 11 )
( Solução final para kv 0 ) C A0 δ δ
30
Exemplo 3: Um certo gás é dissolvido em um líquido B contido em
uma proveta. Na medida em que A difunde ele sofre reação química
na forma A + B L, até desaparecer completamente depois de
penetrar a uma distância desde a interface gás/líquido.
Considerando:
(a) a cinética de reação é de ordem zero com respeito a A;
(b) reação química lenta ( kV 0 );
(c) a concentração do gás A dissolvido é pequena se comparada ao
do líquido B;
(d) o produto da reação L é altamente solúvel no líquido, o que leva
a não influenciar na difusão do soluto A; obtenha expressões
para:
• A distribuição da concentração molar de A;
• O fluxo global molar de A na interface gás/líquido;
• A concentração média molar de A.
31
Gás A
Z = 0, CA = CA0
Líquido B NA,Z
A+BL
Z = , CA = 0
32
a) Cálculo da concentração molar CA em função de z.
Considerar:
Regime permanente: C A
0
t
N A,z
Fluxo de A somente na direção de z: . N A z
dN A,z
Portanto, a equação ( 1 ) fica: kv (2)
dz
33
O fluxo total do reagente A até na superfície do catalisador é:
x A N A,z N B,z
dx A
N A,z C.DAB
dz
N A,z
C.DAB dC A C A
N A,z N B,z
C dz C
A N A,z N B,z
dCA C
N A,z DAB (3)
dz C
dCA
N A,z D AB (4)
dz
34
Substituindo a equação ( 4 ) na equação ( 2 ), temos:
d dC A
D AB kv
dz dz
d dC A
D AB kv
dz dz
Considerando T e P constantes, temos:
d dC A kv kv
(5) Beta
dz dz D AB D AB
d 2CA
2
(6)
dz
35
Integrando a equação ( 6 ) duas vezes, temos:
d dC A
dz dz
dC
d A
dz dz
dC A
z C1
dz
dC A
zdz C1
dz
z2
CA C1z C2 (7)
2
36
Condições de contorno:
δ2
0 β C1δ C2 (9)
2
Substituindo ( 8 ) na ( 9 ), temos:
δ2 1 δ2
0 β C1δ CA0 C1 CA0 ( 10 )
2 δ 2
37
Substituindo as equações ( 8 ) e ( 10 ) na ( 7 ), temos:
z2 1 δ2
CA CA0 z CA0 ( 11 )
2 δ 2
z
CA CA0 1 ( 12 ) ( solução final )
δ
b) Cálculo do fluxo molar NA,z na superfície gás/líquido ( z = 0 ).
dCA
N A,z D AB (4)
dz
38
Derivando a equação ( 11 ) em relação a z, temos:
dC A 1 δ2
z C A0
dz
δ 2
( 13 )
dC A 1 δ2
C A0
2
( 14 )
dz z0 δ
D AB
δ 2
1
N A, z z 0 A0
C ( 15 )
δ 2
Como se trata de reação química lenta, kv 0, como conseqüência 0 e a equação
( 15 ) torna-se:
D AB CA0
N A, z z 0 ( 16 )
δ
39
c) Cálculo da concentração molar média de A.
z
C dz
z 0
A
CA z
( 17 )
dz
z 0
dz
z 0
z δ
1 z3 z 2 δ 2 1 δ2
CA C C A0
z CA CA0 ( 18 )
2δ 2
A0 2 6
δ 6 z 0