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Universidade do Vale

do Paraíba
FCSAC

Fundamentos de
micro e
macroeconomia

Prof. Dr. Valdevino Krom


ÍNDICE

NOÇÕES GERAIS DE ECONOMIA


1 - Definições de Economia .......................................................................................................05
2 - Importância da Economia .....................................................................................................05
3 - Por que estudar economia ....................................................................................................05
4 - Necessidades humanas .......................................................................................................05
A economia e a necessidade de Escolha
1 – Escassez ..............................................................................................................................06
2 - Fatores de Produção .............................................................................................................06
3 - Remuneração de recursos ....................................................................................................07
4 - Sistema Econômico ...............................................................................................................07
Organização econômica
1 - Agentes Econômicos ...........................................................................................................08
2 - Visão básica do Sistema Econômico ....................................................................................08
Possibilidades de Produção
1 - Curva de Possibilidade de Produção CPP ............................................................................09
2 - Eficiência Produtiva ...............................................................................................................09
3 - Custo de oportunidade ..........................................................................................................10
4 - Mudanças na curva de Possibilidade de Produção ..............................................................11

DEMANDA
1- Introdução ............................................................................................................................12
2 – Demanda .............................................................................................................................12
3 – A curva da Demanda ...........................................................................................................13
4 - Lei da demanda ....................................................................................................................14
5 - Escala de Demanda Individual ............................................................................................14
6 - Demanda de Mercado ..........................................................................................................15

OFERTA
1 - Determinantes da Oferta .....................................................................................................16
2 - Escala de Oferta Individual ...................................................................................................17
3 - Oferta de Mercado ................................................................................................................17

1
EQUILÍBRIO EM UM MERCADO COMPETITIVO E ALTERAÇÕES NO EQUILÍBRIO
1 – Conceito ...............................................................................................................................19
2 - O excesso de demanda .......................................................................................................19
3 - Excesso de Oferta ................................................................................................................20
4 - Utilização do equilíbrio de mercado na política econômica .................................................20
5 - Alterações no equilíbrio ........................................................................................................21
6 - Variações na demanda .........................................................................................................21
7 - Variações na Oferta. .............................................................................................................22

ELASTICIDADE
1 – Conceito ...............................................................................................................................24
2 - O significado de Elasticidade ...............................................................................................24
3 - A elasticidade preço da demanda..........................................................................................25
4 - Fatores que influenciam a elasticidade preço da demanda ..................................................25
5 - Elasticidade ao longo de uma curva da demanda.................................................................26
6 - Aspectos Matemáticos da Elasticidade-preço da demanda .................................................28
7 - Elasticidade e dispêndio ......................................................................................................29

PRODUÇÃO
1. Conceitos .............................................................................................................................30
2. Métodos de produção ..........................................................................................................30
3. Períodos de tempo relevantes no processo de produção ....................................................32
4 - Processos de produção a curto prazo: conceitos ..............................................................32
5 - Formulário: ............................................................................................................................33
6 - Lei dos rendimentos decrescentes ou Lei das proporções variáveis....................................33
7- Processo de produção a longo prazo: conceitos ...................................................................34

TEORIA DOS CUSTOS


1 – Conceito ...............................................................................................................................37
2 – Custo no Tempo ..................................................................................................................37
3 – Custos no curto Prazo .........................................................................................................37
4 – Analiticamente a dualidade das funções Produção e Custo ..............................................40
5 – Formulário ...........................................................................................................................40
6 – Exemplo numérico ...............................................................................................................41
7 – Os Custos no Longo Prazo ..................................................................................................41
8 - Fatores que explicam as economias e deseconomias de escala ........................................42

2
MOEDA E SISTEMA FINANCEIRO
1 – Conceito ...............................................................................................................................44
2 – Origem e evolução da moeda ..............................................................................................44
3 – Funções da moeda ..............................................................................................................45
4 – As características da moeda ..............................................................................................46
5 – Formas de Moeda ...............................................................................................................46
6 – Quase Moedas ...................................................................................................................46
7 – Demanda de moeda ...........................................................................................................47
8 - Histórico das Moedas no Brasil ...........................................................................................47
9 - O Sistema Financeiro Nacional ..........................................................................................47
10 - Autoridades de apoio ..........................................................................................................48
11 - Instituições financeiras. ......................................................................................................48

INFLAÇÃO
1 – Conceito ..............................................................................................................................51
2 - Tipos de Inflação ..................................................................................................................51
3 - Efeitos da Inflação ...............................................................................................................52
4 - O Imposto Inflacionário .........................................................................................................53
5 - Índices ..................................................................................................................................53
6 - Deflação ...............................................................................................................................56
7 - Combate à inflação ...............................................................................................................57

POLÍTICA FISCAL
1- Conceitos de Política Fiscal ..................................................................................................59
2- Opções de Política Fiscal ......................................................................................................60
3- Atuação do Governo X Nível de Atividade .............................................................................61
4- Financiamento. .......................................................................................................................61
5- Tributação ..............................................................................................................................62
6- Qualidade de Vida X Distribuição de Renda. .........................................................................62

POLÍTICA MONETÁRIA
1 – Introdução ............................................................................................................................64
2 - O Papel do Banco Central ...................................................................................................64
3 - Instrumentos de Controle da Liquidez ..................................................................................65
4 - Mecanismos de controle de liquidez. ....................................................................................66
5 - Sistema Especial de Liquidação e Custódia - Selic .............................................................67
6 - A Política Monetária ..............................................................................................................68
7 - O Spread Bancário ................................................................................................................68

3
SETOR EXTERNO
1 - A importância do setor externo ..........................................................................................69
2 - Balanço de Pagamentos ...................................................................................................69
3 - Taxas de Câmbio ..............................................................................................................71
4 - Coordenação de Políticas Externas: Formas de Ajuste do Balanço de Pagamentos ........72
5 - Políticas Externas. ..............................................................................................................73

TRABALHO E NÍVEL DE ATIVIDADE


1 – Teorias da determinação do salário ....................................................................................74
2 - PIB e Emprego ....................................................................................................................77
3 - Desemprego. ........................................................................................................................79
4 - Taxa de desemprego. ...........................................................................................................79
5 - Tipos de desemprego ...........................................................................................................79
6 - As causas do desemprego. ..................................................................................................80
7 - Os efeitos econômicos do desemprego. ..............................................................................80
8 - Índices de desemprego .......................................................................................................81

CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO


1 – Crescimento e desenvolvimento econômico .......................................................................82
2 – Condicionantes do crescimento econômico ........................................................................82
3 – Fatores de crescimento .......................................................................................................83
4 – Razões para alcançar o crescimento econômico. ...............................................................84
5 - Desenvolvimento Econômico .............................................................................................84
6 - Desenvolvimento sustentável e o meio ambiente ...............................................................85

BIBLIOGRAFIA .......................................................................................................................87

4
Noções gerais de economia

1 - Definições de Economia;

Economia é uma ciência social que estuda a produção, circulação e consumo de bens e
serviços que são utilizados para satisfazer as necessidades humanas.
Economia é o estudo de como indivíduos e sociedade alocam seus recursos limitados para
tentar satisfazer suas necessidade ilimitadas.
Economia pode ser definida como a ciência social que estuda a maneira pela qual os homens
decidem empregar recursos escassos, a fim de produzir diferentes bens e serviços e atender
às necessidades de consumo.
Economia é o estudo da escassez e da escolha.

2 - Importância da Economia

Como a Economia é uma ciência que estuda a escassez e é uma ciência social, cabe no
conteúdo teórico fornecer algumas informações, como, quando, para quem produzir, como se
determinam os preços, o que gera o desemprego as suas conseqüências, qual o papel do
governo, relações internacionais, inflação, crescimento e desenvolvimento regional, nacional
entre outros.
A economia não é só relevante para a política e negócios, mas, a economia se concentra em
todas as escolhas que as pessoas fazem, assim como nas conseqüências pessoais e sociais
dessa escolha

3 - Por que estudar economia

Porque as condições econômicas afetam toda a nossa vida, mesmo antes de nascermos e até
depois que morremos, afetam a nossa maneira de viver, aquilo que gostamos, aquilo que
comemos, a escola que freqüentamos, a profissão que exercemos, o quanto ganhamos. As
condições econômicas afetam a estabilidade, a distribuição de renda, as relações econômica
nacional e internacional etc.

4 - Necessidades humanas

Entende-se por necessidade humana a sensação da falta de alguma coisa unida ao desejo de
satisfazê-la.
O homem encontra prazer na ação ou experiência nova, e não na rotina, a aquisição de um
novo bem, pode produzir também essa sensação, o problema está que essa sensação
desaparece com o uso rotineiro do bem adquirido, a satisfação não depende somente do nível
de renda, mas do seu crescimento.

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A economia e a necessidade de Escolha

1 - Escassez
Stonier & Hangue, relatam se não houvesse escassez nem necessidades de repartir os bens
entre os homens, não haveria necessidade de termos sistemas econômicos, pois na Economia
o fundamental é o estudo da escassez e dos problemas dela decorrentes.
A escassez está presente em toda a atividade humana, pois o desejo das pessoas são
ilimitados e os recursos são limitadas quer sejam materiais ou imateriais.
As necessidades humana são ilimitadas como: alimentação, conforto, medicamentos,
transporte, emprego, educação, jóias, prazer, vida social e etc.

Para o empresário os recursos limitados como tempo, renda, tecnologia, trabalho, capital,
capacidade empresarial e etc..
A escassez é o problema fundamental de cada sociedade. Já que os recursos são escassos,
as quantidades de bens e serviços que podem ser produzidas também são escassas,
Sem a escassez não haveria necessidade de estudar economia. Uma vez que os recursos
econômicos, bens e serviços são escassos, eles não são livres e necessitam do preço para
regular o seu consumo na sociedade.

2 - Fatores de Produção

São fatores utilizados nos processos de produção, gerando diversos bens e serviços, os quais
servem para satisfazer as necessidades.
Podem ser classificados em:

a) Capital
Para alguns o conceito de capital está relacionado ao próprio fluxo de remuneração e
pagamentos, ou seja compreende toda a renda que é empregada para gerar lucro.
Para outros, o capital é um conjunto de recursos de natureza econômica, distintos e passíveis
de reprodução, que possibilita a obtenção de um rendimento em períodos determinados,
podendo ser desmembrados em capital técnico( bens materiais utilizados no processo de
produção), capital jurídico ( capital privado e público), capital contábil (capital de giro,
empréstimos de terceiro, capital de participação acionária) etc.

b) Terra - Recursos naturais


Compreendem a base de um sistema sobre o qual se assentará o capital técnico, são os
recursos naturais (o fator terra), tanto os renováveis como os não renováveis.

c) Trabalho
O sistema econômico depende fundamentalmente da força de trabalho humano, o trabalho
pode ser visto como a única fonte do progresso humano ou ainda o seu valor advém da
colaboração entre o capital.
Pode ser definido como o esforço humano (físico ou mental) usado para produzir bens e
serviços.

6
d) Tecnologia
Pode ser definida como o conhecimento humano aplicado à produção, significa a maneira de
executar uma tarefa, definindo normas, procedimentos, equipamentos, métodos, materiais e
outros insumos afim de obter um bem econômico.

e) Capacidade empresarial
Pode ser considerado um fator econômico pois consiste num esforço usado para coordenar a
produção e a venda de bens e serviços.
A capacidade empresarial pode ser definida como a reunião de aptidões que induzem à
descoberta de oportunidades de investimento, ao financiamento de operações, à obtenção
adequada de fatores de produção e à organização e coordenação das operações de forma
eficiente. Assim, um empreendedor assume riscos, se compromete sem garantias de lucro na
expectativa de sucesso.

3 - Remuneração de recursos

Os proprietários dos fatores esperam a remuneração paga pela utilização dos bens e serviços.

Recurvos Remuneração
Capital ................................................ juros
Recursos naturais .............................. Alugueis
Trabalho ............................................. salários
Capacidade empresarial ................... lucro

4 - Sistema Econômico

É a forma como a sociedade está organizada para desenvolver as atividade econômicas de


produção, circulação, distribuição e consumo de bens e serviços.

Organização econômica

Toda a sociedade, não importando sua organização política, tem de responder a três questões
econômicas fundamentais: O que produzir?, como produzir?, e para quem produzir?
O que produzir refere-se a espécie e quantidades dos bens e serviços a serem produzidos.
Como produzir refere-se à combinação de vários recursos e as técnicas que devem ser usadas
na produção.
Para quem produzir refere-se a como dividi o que foi produzido entre os consumidores na
economia.
Nota: estas questões surgem unicamente porque os recursos são escassos.

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1 - Agentes Econômicos

Refere-se as pessoas de natureza física ou jurídica que através de suas ações, contribuem
para o funcionamento do sistema econômico. São eles:

a) As famílias ( unidades familiares)


Incluírem todos os indivíduos e unidades familiares da economia e que, no papel de
consumidores, adquirem os mais diversos tipos de bens e serviços objetivando o atendimento
de suas necessidades de consumo.
As famílias podem ser proprietárias dos recursos produtivos, fornecem às empresas os
diversos fatores de produção: trabalho, terra, capital e capacidade empresarial.
Como pagamento recebem salários, juros e lucros e é com essa renda que compram os bens e
serviços oferecidos pelas empresas.
O consumidor é racional e suas decisões têm como propósito a maximização da satisfação das
necessidades.

b) As empresas ( unidades produtivas)


São unidades encarregada de produzir e/ou comercializar bens e serviços.
A produção é realizada através da combinação dos fatores produtivos adquiridos junto às
famílias.
Tanto na aquisição de recursos produtivos, quanto na produção e venda de seus produtos às
empresas buscam conseguir auferir o máximo lucro.

c) O governo
Representa todas as organizações que, direta ou indiretamente estão sob o controle do
Estado, nas esferas municipais, estaduais e federais.

2 - Visão básica do Sistema Econômico

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Possibilidades de Produção

Uma escala de possibilidade de produção mostra as diferentes combinações de duas


mercadorias que a sociedade pode produzir com o pleno emprego de todos os seus fatores e
com a melhor tecnologia disponível.
Ela também indica o quanto se deve desistir de uma mercadoria a fim de liberar recursos
suficientes para produzir mais de uma Segunda mercadoria.
Podemos transformar a escala de produção em um gráfico e assim obtemos a curva de
possibilidade de produção.

1 - Curva de Possibilidade de Produção CPP

A Curva de possibilidades de Produção representa a fronteira que a economia pode produzir,


dados os recursos produtivos limitados, demostra também as alternativas de produção da
sociedade, supondo os recursos plenamente empregados.
Ilustra o problema da escassez e da escolha, ela nos mostra todas as combinações possíveis
de produção entre duas ou mais alternativas
Trata-se de um conceito teórico, cujo principal objetivo é ilustrar a questão da escassez de
recursos e as opções ou escolhas que as sociedades devem fazer.
Suponhamos que a economia produza apenas dois bens “A’ e “B” , nos quais são empregados
todos os recursos produtivos (mão-de-obra, capital, terra, mateira prima, recursos naturais). As
alternativas de produção estão representada na tab. Abaixo

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Possibilidade de Produção

Alternativas Prod. "A" Prod. "B"


Unid. Unid.
A 0 10
B 7 9
C 9 8
D 12 6
E 14 3
F 15 0

A curva de Possibilidades de Produção indica o limite máximo de produção, com os recursos


de que a sociedade dispõe, num dado período de tempo. Dada a escassez de recursos, a
sociedade pode decidir produzir em qualquer ponto da curva, no ponto A, a decisão é produzir
10 unidades do produto “B” e nenhuma de “A”, no ponto E, a produção é de 3 unidades do
produto “B” e 14 unidades do produto “A”.
A linha resultante da união dos pontos A até F denomina-se Curva de possibilidades de
produção, ou fronteira de possibilidades de produção e nos mostra todas as combinações
possíveis entre os produtos “A” e “B” que podem ser estabelecidas, quando todos os recursos
disponíveis estão sendo utilizados, significando haver pleno emprego de recursos.

2 - Eficiência Produtiva
Podemos dizer que a economia está operando com eficiência produtiva, sempre que tivermos
que aumentar a produção de um bem, reduzimos a produção de outro bem.

3 - Custo de oportunidade
Representa o grau de sacrifício que se faz ao optar pelo aumento da produção de um bem, em
termos da produção alternativa sacrificada de outro bem.
Exemplo: o custo de oportunidade de aumentarmos a produção do Produto “A” de CD ( 9 para
12 = 3 unidades) é a redução do produto “B” de 8 para 6 unidades, portanto duas unidades.
O custo de oportunidade também é chamado de custo alternativo ou ainda custo implícito, pois
não implica em dispêndio monetário.
Este conceito é válido em cima da curva de possibilidade de produção, em pleno emprego.
Para pontos internos à curva de possibilidade de produção o custo de oportunidade é zero, ou
seja não é necessário o sacrifício de recursos produtivos para aumentar a produção de um

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bem, ou mesmo dos dois bens, no gráfico abaixo , a sociedade pode aumentar a passar do
ponto X para o ponto Y, aumentando a produção de ambos, já que havia recursos ociosos.
4 - Mudanças na curva de Possibilidade de Produção

A curva de Possibilidade de Produção refere-se a um determinado período de tempo, se


houver um aumento na disponibilidade de recursos produtivos, ou desenvolvimento
tecnológico, a curva se desloca para a direita, conforme a fig. abaixo.

Se por exemplo: Se ocorre melhoria tecnológica apenas na produção do bem “B”, teremos:

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DEMANDA

2- Introdução

A teoria Microeconômica ou Teoria dos preços preocupa-se em estudar o comportamento


econômico das unidades econômicas individuais, tais como os consumidores, empresários e
proprietários de recursos.
Estas atividades se manifestam no mercado, que podemos definir como o local ou contexto em
que se encontram os compradores e vendedores de bens, serviços ou recursos, que
estabelecem contato e realizam transações.

2 - DEMANDA

- Conceito

A demanda ( ou procura) é a quantidade de determinado bem ou serviço que os consumidores


desejam estão dispostos e capacitados a comprar, por unidade de tempo.
Assim a demanda é um desejo, um plano. Representa o máximo que o consumidor possa
aspirar, dada a sua renda e os preços no mercado.
A quantidade que um consumidor irá adquirir de um determinado bem depende de vários
fatores,: que podemos chamar de determinantes da demanda, entre os quais os mais
significativos são:

- O Preço do bem.
- A renda do consumidor.
- O preço de outros bens.
- O hábito e gostos dos consumidores.

a) Preço do Bem.
A quantidade demandada de um bem está relacionada com o seu preço, portanto espera-se
que o consumidor decida o quanto vai comprar do bem com relação ao preço, provavelmente
ele adquirirá maiores quantidade se o preço for considerado “barato” e menos quantidade se
for considerado “caro”.

b) A renda do consumidor.
Embora o consumidor considere atrativo o preço do bem, ele não tem condições monetária
para adquiri-lo, espera-se que uma elevação na renda do consumidor provoque uma elevação
nas quantidades compradas destes bens.
Com relação a faixa de renda, podemos classificar os bens de:
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b.1 – Bens Normais
São bens que aumentam de quantidade consumida em função do aumento da renda ou vice-
versa, podemos citar como exemplo as roupas, eletrodomésticos, etc..
b.2. Bens Inferiores
São aquele bens cujo consumo varia inversamente a variação da renda, ou seja o consumo do
bem aumenta quando a renda diminui e vice-versa. Como exemplo podemos citar a carne de
Segunda, o ovo frito nas refeições, etc.
b.3. Bens de consumo saciado
São aqueles bens que não se altera a quantidade consumida em função da renda, ou seja o
consumidor está saciado com a quantidade adquirida, como exemplos podemos citar o sal, a
insulina para diabéticos, etc.

c) Preço de outros bens

A demanda de um produto pode ser afetada pela variação no preço de outros bens, como os
bens complementares e os bens substitutos.
c.1. Bens Complementares
São aqueles utilizados em conjunto com outros bens, como exemplo podemos citar o
automóvel e o combustível, o pão e a margarina, etc. Uma redução no preço do bem “A”,
aumenta a quantidade consumida no bem “B” ou vice-versa.

c.2. Bens substitutos


São aquele bens inter-relacionado, que a redução no preço do bem “A” provoca um aumento
da quantidade consumida do bem “A” e consequentemente uma redução na quantidade
consumida do bem “B”, como exemplo, podemos citar a Toddy e Nescau, a manteiga e a
margarina.

d) O hábito e gostos dos consumidores.

Esta é uma das variáveis das mais importantes, porque o consumidor pode não levar em
consideração o preço dos bens relacionados, por não estar habituado ao seu consumo, pela
própria característica de status que o bem proporciona.
O hábito e a preferência do consumidor depende de uma série de circunstância, como idades,
sexo, cultura, religião e etc.

Essa variáveis são determinantes da demanda, sua atuação conjunta define quanto de um bem
específico um consumidor está disposto em adquirir, para traçar-mos a curva da demanda
devemos considerar somente uma variável em relação a quantidade consumida deste bem e
as demais manter constante.
Utilizamos o termo “Coeteris Paribus”, que é uma expressão latina que significa “ tudo o mais
permanece constante”

3 – A curva da Demanda

O consumidor que está disposto em adquirir um bem, ele aceita em contrapartida sacrificar
uma soma de dinheiro suficiente para comprá-lo em um determinado período de tempo.
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A escala de demanda de um indivíduo mostra as quantidade de uma mercadoria que ele está
disposto e pode comprar em um dado período de tempo, a vários preços alternativos.
A representação gráfica da escala de demanda do indivíduo é a sua curva de demanda.
A curva se enclina para baixo da esquerda para a direita (possui inclinação negativa) porque o
consumidor comprará mais de uma mercadoria quando seu preço for menor e comprará menos
quando seu preço for maior.
A curva da demanda possui inclinação negativa, refletindo a Lei da demanda.

4 - Lei da demanda

“Quanto maior o preço de um bem, menor a quantidade demandada deste, ceteris paribus, de
maneira semelhante, quanto menor o preço de um bem, maior a quantidade demandada”.
Segundo essa lei, toda vez que o preço diminui a quantidade demandada aumenta e toda vez
em que o preço aumenta a quantidade demandada diminui.
Esta relação inversa entre o preço e a quantidade deve-se basicamente a dois fatores, efeito
substituição e efeito renda.
a) O Efeito Substituição – se o preço de um bem aumentar, enquanto os preços dos outros
bens permanecem os mesmos, o consumidor procurará substituir o consumo desse bem,
passando , então a consumir um bem similar.
b) Efeito renda – se a renda do consumidor em termos nominais permanece constante e o
preço de um bem diminui, a renda do consumidor em termos reais aumenta (ele poderá
adquirir um maior quantidade do bem com a mesma renda), então o consumidor poderá
aumentar o consumo do bem em questão.

5 - Escala de Demanda Individual

Escala de demanda individual de um consumidor mostra a quantidade de um bem ou serviço


que esse consumidor está disposto a consumir e em condições monetárias, a diferentes
preços possíveis, coeteris paribus.
O quadro abaixo, demonstra a escala da demanda individual de um indivíduo por carne.

Escala da demanda
Preço Quantidade Ponto
R$ por quilo quilos por mês
5 2 A
4 4 B
3 6 C
2 8 D
1 10 E

Nota – marcando cada par de valores preço-quantidade como um ponto sobre o gráfico e
juntando os pontos, obtemos a curva de demanda do indivíduo.

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6 - Demanda de Mercado

O quadro abaixo demonstra a curva de demanda de mercado, supondo que existam somente
dois consumidores, cuja somatória horizontais de todas as demandas individuais a cada nível
de preço, corresponde a demanda de mercado.

Preço Quant. "A" Quant "B" Quant. Mer. Pontos


1 10 15 25 A
2 8 12 20 B
3 6 9 15 C
4 4 6 10 D
5 2 3 5 E

Devemos observar que a demanda de mercado depende do total dos indíviduos que fazem
parte da procura deste determinado bem ou serviço.

Graficamente podemos representar a Demanda de mercado como:

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OFERTA

Entende-se por oferta de um determinado bem a quantidade desse bem que o produtor esteja
disposto a vender com relação ao preço que este bem possa auferir, em um determinado
período de tempo, Coeteris paribus.

1 - Determinantes da Oferta

A quantidade de um determinado bem que o produtor irá ofertar no mercado depende de vários
fatores, similarmente à demanda, a oferta também é influenciada por diversas variáveis, entre
elas as mais significativos são:
- O preço do bem
- O preço dos fatores de produção
- A tecnologia
- O preços dos bens relacionados
- Impostos e subsídios do governo
- Expectativas do produtor sobre preço futuros.
-
a) O preço do bem
No curto prazo é de se esperar de que quanto mais elevado for o preço de um bem, o produtor
sentirá estimulado a produzir mais, em conseqüência uma maior quantidade será ofertada no
mercado, o contrário é verdadeiro, quanto menor for o preço de um bem, o produtor sentirá
desistimulado a colocar o produto no mercado.

b) O preço dos fatores de produção


A alteração nos níveis de preço das materias-primas, dos combustíveis, da energia, da mão-
de-obra, despesas de capital e de outros insumos, refletem nas alterações da quantidade
ofertada.
Elevações nos preços dos fatores de produção acarretam elevação de custos e
consequentemente diminuições na quantidade oferecida ao mercado e uma redução nos
preços dos fatores, acarretam um aumento de lucratividade e uma maior oferta do produto no
mercado.

c) A tecnologia
Inovações tecnológicas que reduzam os custos de produção ou que permitam aumentar a
produção sem incorrer em custos extras, contribuem para o aumento da quantidade ofertada.

d) O preços dos bens relacionados


A oferta de um produto poderá ser afetada pela variação nos preços de produtos que sejam
substitutos ou complementares na produção.
No caso de bens substitutos na produção podemos considerar aqueles bens que poderiam ser
produzidos com aproximadamente com os mesmos recursos.
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Os bens complementares na produção, são bens que apresentam alterações na produção em
função de variações no preço de outro bem.

e) Impostos e subsídios do governo


Os impostos agem reduzindo a margem de contribuição do produtos, consequentemente reduz
o lucro dos produtores, ao contrário os subsídios estimula os produtores através de maiores
taxas de retorno e estimulando a produção.

f) Expectativas do produtor sobre preço futuros.


A expectativa de maior preço no futuro faz com que o empresário sinta estimulado a aumentar
sua produção.

2 - Escala de Oferta Individual

Semelhante a da demanda, esta enclina-se para cima, da esquerda para a direita ( possui
inclinação positiva) porque há necessidade de pagar preços mais altos a fim de induzir o
produtor a ofertar mais mercadoria. Isto ocorre porque habitualmente o produtor enfreta custos
crescente de produção.
No quadro abaixo temos a escala de oferta de um produto hipotético

Preço Quantidade Ponto


R$ por unidade unidades por
mês
5 10 A
4 8 B
3 6 C
2 4 D
1 2 E

O gráfico abaixo representa a curva de oferta para um determinado produtor, cuja escala da
oferta está representada acima.

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3 - Oferta de Mercado

A soma das curvas de oferta de todos os produtores individuais e uma mercadoria dá a sua
curva de oferta do mercado.
Abaixo temos a oferta de mercado de duas empresas hipotéticas “A” e “B” que fabricam um
determinado produto.

Preço/mês Empresa"A" Empresa "B" Quant. Prod. Pontos


Mercado
(R$) Quant. Prod. Quant. Prod.

1,00 2 3 5 A
2,00 4 6 10 B
3,00 6 9 15 C
4,00 8 12 20 D
5,00 10 15 25 E

Devemos observar que a Oferta de mercado depende do total de empresas que fazem parte
deste mercado.

Graficamente podemos representar a escala de oferta hipotética de duas empresas.

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EQUILÍBRIO EM UM MERCADO COMPETITIVO E
ALTERAÇÕES NO EQUILÍBRIO

1 - Conceito
Tanto a escala da demanda como a da oferta não há necessidade de serem lineares,
geralmente trabalhamos com a linearidade por representar a aplicabilidade no curto prazo.
Na união das curvas da demanda com a curva da oferta temos o equilíbrio de mercado, ou
seja quando a quantidade demandada de um determinado bem é igual a quantidade ofertada
deste bem.
Graficamente podemos representar:

Quando o mercado atinge o equilíbrio, não existe pressão para mudança de preço, pois
representa as quantidades que os compradores/vendedores estão dispostos a
consumir/produzir com os mesmos níveis de preço.

2 - O excesso de demanda

O excesso de demanda faz o preço subir, isto ocorre se o preço estiver abaixo do preço de
equilíbrio, ou seja quando os consumidores estão dispostos a comprar mais do que os
produtores estão dispostos a vender a um determinado preço.A este nível de preço os

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consumidores estão dispostos a consumir uma maior quantidade de bens ou serviços do que
os produtores estão dispostos a produzir e colocar no mercado.
Quando ocorre um excesso de demanda os preços são forçados para cima, movendo através
da curva da oferta aumentando a quantidade ofertada até chegar novamente ao ponto de
equilíbrio ou o preço move-se para cima ao longo da curva da demanda, diminuindo a
quantidade demandada

3 - Excesso de Oferta
O excesso de oferta faz o preço cair, isto ocorre quando os produtores estão dispostos a
vender mais do que os consumidores estão dispostos a comprar um determinado preço.
A este nível de preço os consumidores estão dispostos a consumir uma menor quantidade de
bens ou serviços do que os produtores estão dispostos a produzir e colocar no mercado.
Graficamente podemos representar:

O mercado move-se para baixo ao longo da curva de demanda, aumentando a quantidade


demandada, ou o mercado move-se para baixo ao longo da curva da oferta, diminuindo a
quantidade ofertada.

4 - Utilização do equilíbrio de mercado na política econômica

O governo balisa o mercado de alguns produtos agrícolas, definindo um preço mínimo para o
agricultor antes da plantação, como resposta os agricultores produzirão mais, se o preço pré-
definido estiver acima do preço de equilíbrio de mercado resultando um excesso de oferta.
Por outro lado se o preço pré-estabelercido pelo governo estiver abaixo do ponto de equilíbrio
de mercado haverá uma redução da área plantada e consequentemente um redução da oferta
o que implicará um excesso de demanda.
O governo pode utilizar o controle dos mecanismos de preços para conter a alta inflacionária,
geralmente os planos ecônomicos que utilizam estas medidas de fixação de preços, levam em
considderação o ponto de equilíbrio de mercado, pois se os preços forem fixados abaixo de
ponto de equilíbrio de mercado irá ocorre uma falta do produto provocada por um excesso de
demanda, como exemplo podemos citar o caso da carne bovina no plano cruzado.

20
5 - Alterações no equilíbrio
Vimos que o equilíbrio em um mercado concorrencial ocorre quando a quantidade ofertada é
igual à quantidade demandada, ponto de equilíbrio localizado entre a intersecção da curva da
oferta com o curva da demanda, que uma vez atingido tende a persistir se os determinantes da
demanda e oferta não sofrerem alterações.
As alterações dos determinantes provocam alterações no ponto de equilíbrio e
consequentemente nos preços, os quais chamamos de variações na demanda ou na oferta.

6 - Variações na demanda

a) Um aumento da demanda desloca a curva da demanda para a direita, de modo que, a cada
preço a quantidade demandada correspondente aumenta.
Graficamente temos:

Um aumento na demanda ocorre quando:

- O bem é normal e a renda aumenta


- O bem é inferior e a renda diminui
- O preço de um bem susbstituto aumenta
- O preço de um bem complementar diminui
- A população aumenta.
- As preferências do consumidor mudam em favor do produto
- A propaganda é favorável
- Os consumidores esperam um preço mais alto no futuro.

b) A diminuição na demanda desloca a curva de demanda para a esquerda: a cada preço a


quantidade demandada diminui.
Graficamente temos:

21
Diminuição na demanda que desloca a curva de demanda para a esquerda ocorre quando:
- O bem é normal e a renda diminui
- O bem é inferior e a renda aumenta.
- O preço de um bem substituto diminui.
- O preço de um bem complementar aumenta.
- A população diminui
- As preferências do consumidor alteram contra o produto.
- Os consumidores esperam que o preço irá reduzir.

Nota: Alterações no preço do bem complementar


Quando dois bens são complementas, implica que eles são consumidos em conjunto, portanto
a elevação no preço do bem “A” implica a redução da quantidade consumida no bem “B”.

7 - Variações na Oferta.

O mesmo raciocínio desenvolvido para a demanda pode ser utilizado na oferta.

a) Aumento da oferta

O aumento na oferta desloca a curva de oferta para a direita podendo ocorrer por diversos
fatores, os principais são:

- Redução no custo dos insumos (fatores de produção)


- Avanço tecnológico.
- O aumento no números de produtores
- Expectativas de preços futuros mais baixos
- Subsídio ao produtor.

22
b) Diminuição da Oferta
b) A diminuição na oferta desloca a curva da oferta para a esquerda: a cada preço, a
quantidade ofertada diminui, podendo ocorrer por diversos fatores, os principais são:
- Aumento no custo dos insumos (fatores de produção)
- Redução no números de produtores.
- Expectativas de preços futuros mais altos.
- Elevação da carga tributária.

23
ELASTICIDADE

1 – Conceito

Sabemos que quando o preço de um bem aumenta a quantidade demandada desse bem deve
reduzir, coeteris paribus. Ou seja conhecemos apenas a direção, o sentido, mas não o quanto.
O conceito de elasticidade fornece a resposta numérica, por exemplo se o preço cair em 10%
provavelmente a quantidade aumentará 30 %.
Podemos conceituar elasticidade como a alteração percentual em uma variável, dada um
variação percentual em outra, coeteris paribus.

2 - O significado de Elasticidade
A elasticidade é sinônimo de sensibilidade, resposta, reação de uma variável, em face de
mudanças em outras variáveis, ou seja:
É a relação da variação relativa em uma variável dependente com a variação relativa em uma
variável independente.
Tomamos com exemplo a elasticidade-preço da demanda, a variável dependente é quantidade
e a Variável independente é o preço.

Tomamos como exemplo o coeficiente de elasticidade-preço da demanda 2, indica se uma


elevação no preço em 2%, reduz a quantidade consumida em 1%, temos:

Ed = 2
Como o coeficiente de elasticidade é um número puro ele possibilita a comparação com
diferentes mercadorias.
A economia utiliza muito o conceito de elasticidade, pois sempre que ocorrer uma relação de
causa e efeito pode se calcular a elasticidade.
Citamos alguns exemplos:
a) elasticidade-preço da demanda: é a variação percentual na quantidade demandada, dada
a variação percentual no preço do bem, coeteris paribus;
b) elasticidade-renda da demanda: é a variação percentual na quantidade demandada, dada
uma variação percentual na renda, coeteris paribus;
c) elasticidade-preço cruzada da demanda: é a variação percentual na quantidade
demandada, dada a variação percentual no preço de outro bem, coeteris paribus;
d) elasticidade-preço da oferta: é a variação percentual na quantidade ofertada, dada a
variação percentual no preço do bem, coeteris paribus;
e) elasticidade das exportações em relação à taxa de câmbio: é a variação percentual nas
exportações, dada a variação percentual da taxa de câmbio, coeteris paribus;
24
f) elasticidade da demanda de moeda em relação à taxa de juros: é a variação percentual
da procura de moeda, dada a variação percentual da taxa de juros, coeteris paribus;

3 - A elasticidade preço da demanda


Quando os preços de um bem diminui os consumidores compram uma maior quantidade dele,
mas exatamente quanto a mais é comprado?
Esta questão pode ser respondida com a elasticidade-preço da demanda, que mede a reação
dos consumidores diante das mudanças no preço do bem.
O calculo da elasticidade preço da demanda é calculado dividindo a variação percentual na
quantidade demandada do bem pela variação percentual no preço desse bem.

O sinal negativo da elasticidade do preço da demanda é desprezado porque indica que o


preço e a quantidade caminham em sentido opostos, por isso que é expresso em módulo.
Se a Ep = 1,5, indica que se uma dada variação percentual, por exemplo for de 10% no preço,
a quantidade demandada varia, em sentido contrário, em 15%, coeteris paribus. Isso revela
que a quantidade é bastante sensível a variação de seu preço.
Se a Ep = 0,5, indica que se uma dada variação percentual, por exemplo for de 10% no preço,
a quantidade demandada varia, em sentido contrário, em 5%, coeteris paribus. Isso revela que
a quantidade é pouco sensível a variação de seu preço.
Se a Ep = 1,0, indica que se uma dada variação percentual, por exemplo for de 10% no preço,
a quantidade demandada varia, em sentido contrário, em 10%, coeteris paribus. Isso revela
que a quantidade altera na mesma proporção do que a alteração no preço.

4 - Fatores que influenciam a elasticidade preço da demanda

a) Quanto maior o grau de utilidade do produto para o consumidor, menos elástica será
sua demanda.
Se o produto for essencial para o consumidor, aumentos em seu preço reduzirão muito pouco a
sua quantidade adquirida e o contrário, diminuições no seu preço aumentarão muito pouco seu
consumo. Podemos citar como exemplo os alimentos, vestuários. – dizemos que a demanda é
inelástica.
b) Quanto mais substitutos tiver o bem, mais elástica será sua demanda.
Se o preço do bem aumentar e tiver vários substitutos para o seu consumo, o consumidor
poderá reagir ao aumento do preço, adquirindo uma maior quantidade do bem substituto.
Exemplo eletrodoméstico da marca “A”. – dizemos que a demanda é elástica
c) Tempo.
Uma vez que o consumidor leva tempo para alterar seu hábito de consumo e encontrar outros
substitutos, quanto mais tempo damos ao consumidor para responderem a uma mudança de
preço, maior será a sua resposta. Exemplo: o aumento do gasolina, leva um determinado
tempo para o consumidor adquirir um carro flex, ou comprar um automóvel mais econômico.
d) Importância no orçamento.
Se um bem representa uma parte quase insignificante do orçamento do consumidor, se o bem
aumentar de preço, provavelmente haverá uma redução relativamente pequena na quantidade
demandada. Exemplo: a caixa de palitos de fósforo.
25
e) Necessidades versus supérfluos.
Os bens de primeira necessidade possuem demandas relativamente inelástica, ou seja, a
quantidade consumida não é muito afetada pelo aumento relativo no preço. Exemplo: arroz,
feijão, pão, carne e outros.
Os bens supérfluos como carro de luxo, viagens aéreas, possuem demandas mais elásticas,
pois as quantidade são afetadas diretamente pelo aumento dos preços.

5 - Elasticidade ao longo de uma curva da demanda.


a) Curva de demanda Elástica.
Se a demanda do bem “X” é elástica implica que uma redução no preço do bem, a quantidade
consumida aumenta mais que proporcionalmente.
Graficamente podemos averiguar a variação no preço e na quantidade.

b) Curva de demanda Ineslástica


Se a demanda do bem “X” é inelástica implica que uma redução no preço do bem, a
quantidade consumida aumenta menos que proporcionalmente.

26
d) Curva de demanda unitária.

Se a demanda do bem “X” é unitária implica que uma redução no preço do bem, a quantidade
consumida aumenta na mesma proporção.

e) curva de demanda perfeitamente inelástica.

Se a demanda do bem “X” é perfeitamente inelástica implica que uma redução no preço do
bem a quantidade consumida não sofre alterações.

27
6 - Aspectos Matemáticos da Elasticidade-preço da demanda

A formula abaixo é utilizada para o cálculo da Elasticidade-preço da demanda no ponto, ela é


válida apenas para pequenos movimentos.

Exemplo: Dada a escala de demanda de mercado de um bem hipotético a Ed está


representada abaixo:

Percebemos que a Receita total (p.q) é máxima quando o coeficiente de elasticidade preço-
demanda é 1. E que a curva de demanda possui vários graus de sensibilidade.

28
7 - Elasticidade e dispêndio

O quadro abaixo procura demonstrar como o consumidor gasta a sua renda em um


determinado bem com relação a sua elasticidade.

29
PRODUÇÃO

4. Conceitos

Produção: A função de produção de uma empresa mostra a quantidade máxima de produto


que se pode obter com uma quantidade dada de fatores produtivos.
Existe eplo menos uma função produção para cada empresa ou produto, por exemplo,
os recursos produtivos utilizados na preparação e venda de cachorro quente (produto) por um
vendedor de rua são os pães, as salsichas, o fogão, o carrinho e os serviços de vendedor.

Função de produção: é a relação que indica a quantidade física obtida do produto, a partir da
quantidade física utilizada dos fatores de produção, num determinado período de tempo. Por
exemplo:
q = f( M, K ,T)

onde :
q = é a quantidade total produzida (ou produto ), por unidade de tempo;
M = é a quantidade de trabalhadores por unidade de tempo;
K = é a quantidade física de capital por unidade de tempo;
T = é a quantidade de terra ( há) por unidade de tempo.

Exemplo: A função de produção de uma fábrica de sapatos, em um turno de oito horas,


consiste no numero máximo de sapatos que poderão ser produzidos a partir de determinadas
quantidades de couro, pregos, cola, energia elétrica, trabalhadores, máquinas e equipamentos
e a área utilizada.

5. Métodos de produção

No processo de produção, diferentes fatores de produção são combinados, de forma a


produzir o bem ou serviço final. As formas como esses fatores ou insumos são combinados
constituem os métodos de produção, (tecnologia) que podem ser intensivos em mão-de-obra
(utilizam mais mão de obra em relação a outros recursos produtivos ou insumos) ou intensivo
em capital, ou intensivos em terra., etc.
Exemplo: um agricultor que produza milho poderá obter uma mesma quantidade de produto
através de um processo de produção que utilize uma maior quantidade de trabalhadores e uma
menor quantidade de máquinas e equipamentos, tais como colhedeiras, tratores, ou
alternativamente, poderá utilizar-se de um processo de produção que utilize uma menor
quantidade de trabalhadores e uma maior quantidade de tratores e colhedeiras.
A escolha do método de produção depende de sua eficiência. O conceito de eficiência
pode ser focado sob o ponto de vista:

30
a) técnico ou tecnológico;

Um processo é tecnicamente eficiente (eficiência técnica ou tecnológica) quando


comparado com outros processos, utiliza menor quantidade de todos os recursos produtivos
para produzir uma quantidade equivalente de produto, ou menor quantidade de pelo menos um
fator de produção, com a quantidade dos demais fatores de produção permanecendo alterado.
Exemplo: Considere que uma empresa possa produzir toneladas de milho por mês
mediante três métodos de produção, conforme abaixo:

A cada método corresponde uma determinada combinação de recursos produtivos ou


fatores de produção. O método de produção C é o menos ineficiente tecnologicamente, uma
vez que utilizase de uma maior quantidade de fatores de produção para obter o mesmo volume
de produto alcançado através dos métodos A e B. De acordo com o exemplo acima o mais
eficiente tecnologicamente é o método A .

b) econômico.
Um processo é economicamente eficiente, quando comparado com outros processos,
permite a obtenção da mesma quantidade de produto, ao menor custo possível.
Para saber qual método custará menos, é necessário conhecer o preço dos recursos
produtivos. Suponhamos , que o aluguel da terra seja de R$ 4.000/hectare/mês; o aluguel do
trator R$ 700,00 e o salário do trabalhador R$ 380,00. O resultados pode ser apresentado na
tabela abaixo :

53.200,00 / 50 ton. = 1.064,00 a ton.

31
53.840,00 / 50 ton. = 1.076,8 a ton.
Aos preços dados, pode-se verificar que, o método economicamente mais eficiente é o
método A, uma vez que apresenta menor custo unitário por ton.

6. Períodos de tempo relevantes no processo de produção

Os períodos de tempo relevantes no processo de produção são:

a) curto prazo;
O curto prazo diz respeito ao período de tem em que pelo menos um dos fatores de
produção empregados é fixo. Assim, se o empresário desejar aumentar o volume fisico da
produção, a curto prazo, só. poderá fazê-lo mediante a utilização mais intensa dos fatores de
produção variáveis. Exemplo: ele poderá usar mais horas de trabalho com o mesmo conjunto
de máquinas e equipamento existentes. Por outro lado ele pode, desejar, a curto prazo, reduzir
seu volume de produção. Nesse caso ele tem possibilidade de desempregar mão-de-obra.
Entretanto ele não tem condições de desfazer rapidamente, de um prédio, de uma grande
máquina, que são considerados fatores de produção fixos.

b) longo prazo.
O Longo Prazo é definido como sendo o período de tempo em que todos os fatores de
produção são variáveis. No longo prazo o tamanho da empresa pode mudar. Assim, ela pode
aumentar sua capacidade instalada através da aquisição de novas instalações e
equipamentos. Da mesma forma, no longo prazo a empresa pode se retrair, vendendo seus
equipamentos e instalações.

As definições de curto e longo prazo apresentadas são gerais, variando entretanto


conforme o tipo de empresa. Exemplo: o curto prazo para uma empresa de fabricação de
sapatos será menor que o curto prazo para produtora de energia elétrica, já que deverá ser
construída a hidroelétrica, que leva muito tempo para serem concretizada.

5 - Processos de produção a curto prazo: conceitos

a) Produto Total (Pt) : é a quantidade do produto que se obtém da utilização do fator variável,
mantendo-se fixa a quantidade dos demais fatores;
b) Produtividade Média (PMe) do fator: é o resultado da divisão da quantidade total
produzida pela quantidade utilizada desse fator. Por exemplo :
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- produtividade média da mão-de-obra é a quantidade do produto divido pelo numero de
trabalhadores.
- produtividade média do capital é igual a quantidade produto dividido pelo número de
máquinas.
- produtividade média da terra é a quantidade do produto dividida pela área cultivada.

c) Produtividade Marginal ( PMg) do fator: é relação entre as variações do produto total e as


variações da quantidade utilizada do fator de produção.
- produtividade marginal da mão de obra é igual a variação do produto dividido pelo
acréscimo de 1 unidade de mão de obra;
- produtividade marginal do capital é a variação do produto dividido pelo acréscimo de 1
unidade do fator capital;
- produtividade marginal da terra é igual a variação do produto dividido pelo acréscimo
de 1 unidade de área cultivada.

5 - Formulário:
Pt = Pme x Qfv.
Pme = Pt / Qfv.
PMg = ∆Pt / ∆Qfv.
Qfv. Significa a quantidade dos fatores variáveis.

6 - Lei dos rendimentos decrescentes ou Lei das proporções variáveis


Pode ser conceituado da seguinte forma: elevando-se a quantidade do fator variável,
permanecendo fixa a quantidade dos demais fatores, a produção inicialmente aumentará a
taxas crescentes; a seguir a taxa decrescente (ou seja os acréscimos cada vez menores);
continuando o aumento da utilização do fator variável, a produção total chegará a um máximo,
para depois decrescer.
A medida que o produto total cresce tanto a produtividade média e a marginal crescem
para em seguida decrescer.
Os conceitos acima definidos podem ilustrados na seguinte tabela :

Terra Mão-de-obra Pt Pme PMg


Fator Fixo Fator Variável Pt / Qfv (MO) ∆Pt / ∆Qfv
10 0 - - -
10 1 6 6,0 6,0
10 2 14 7,0 8,0
10 3 24 8,0 10,0
10 4 32 8,0 8,0
10 5 38 7,6 6,0
10 6 42 7,0 4,0
10 7 44 6,2 2,0
10 8 44 5,4 0,0
10 9 42 4,6 -2,0

De acordo com os numeros acima a produção máxima 44 (toneladas ) é alcançada, com


10 hectares de terra, 8 trabalhadores. A produtividade marginal dessa oitava unidade é nula.

33
Daí por diante, cada unidade do fator variável mão-de-obra, associada às 10 unidades do fator
fixo terra, passará a ser ineficiente, ou seja sua produtividade marginal torna-se negativa. O
empresário racional antes de chegar ao ponto em que a produtividade do trabalhador seja zero,
já investe em novas instalações, ou compra mais terra ou máquinas. Isto é passa para um novo
tempo do processo de produção.
Esse conceito pode ser também observado através da figura abaixo :

A curva de produto total inicialmente cresce a uma taxa crescente, depois a taxa
decrescente, até atingir o seu máximo; em seguida decresce. As curvas de produtividade
média e marginal são construídas a partir da curva do produto total. A produtividade marginal
da mão de obra é zero quando o produto total atinge o máximo (44 toneladas produzidas).

7- Processo de produção a longo prazo: conceitos

a) Economias de escala ou rendimentos de escala.


O conceito está ligado ao tamanho da empresa pode ser definido como o resultado na
quantidade produzida dada uma variação da quantidade de todos os fatores de produção. Esse

34
conceito está ligado ao processo de produção a longo prazo, quando todos os fatores de
produção podem ser alterados.

- Os rendimentos de escala podem ser .

a) rendimentos crescentes de escala ou economia de escala:


Quando a variação na quantidade do produto total é mais do que proporcional a variação da
quantidade utilizada dos fatores de produção. Por exemplo aumentando-se a utilização dos
fatores em 10%, o produto cresce 30%. Significa que a produtividade dos fatores aumentou.
Significa também que o custo médio (unitário) de longo prazo diminuem a medida que o
tamanho da empresa aumenta.

- As causas geradoras dos rendimentos crescente de escala podem ser atribuídas a:

a) Divisão e especialização do trabalho.


Exemplo: aumentando a destreza de cada trabalhador, permitindo a redução do tempo
necessário à execução de cada atividade e eliminação da perda de tempo decorrente da
mudança de uma atividade para outra;

b) Existência de indivisibilidade entre os recursos produtivos.


Exemplo: certos tipos de equipamento só são economicamente viáveis após determinado
tamanho mínimo. Numa siderúgica quando se adquire um novo forno, deve ocorrer um grande
aumento na produção, pois não existe meio forno; as empresas maiores tem mais facilidade na
obtenção de empréstimos junto às instituições bancárias, relativamente às empresas
pequenas.

c) Lote de compra.
preços dos insumos: é possível obter economias através de compras em grande quantidades
de matéria prima e outros insumos, uma vez que encomendas maiores propiciam a obtenção
de descontos elevados.

- Rendimento constante de escala.


Ocorre quando a variação do produto total é proporcionalmente igual a variação da quantidade
utilizada dos fatores de produção. Aumentando-se a utilização dos fatores em 10 %, o produto
também aumenta em 10%.

- Rendimentos decrescentes de escala ou deseconomia de escala.


Ocorrem quando a vaiação do produto é menor do que proporcional à variação na utilização
dos fatores. Exemplo: aumentando-se a utilização dos fatores em 20% e o produto cresce
apenas 15%.

As causas geradoras dos rendimentos decrescentes de escala podem ser atribuídas a:


a) limitação da eficiência administrativa.
Os problemas de administração e supervisão se torna progressivamente mais difícies de
solucionar à medida que o tamanho da empresa aumenta. Exemplo: Pode ocorrer uma

35
descentralização nas decisões que faça com que o aumento de produção obtido não
compense o investimento feito na ampliação da empresa;
b) preço crescentes dos recursos produtivos.
A produção crescente de uma empresa acaba por elevar a procura por fatores de produção,
tais como terra, mão de obra etc. Poderá chegar um momento em que os preços nos mercados
de fatores de produção começarão a se elevar, acarretando um aumento dos custos unitários
de produção.

Os conceitos acima podem ser ilustrado mediante a tabela abaixo:

Na condição inicial as quantidades empregadas de capital são 2 unidades e trabalho 16


trabalhadores cuja produção é 1.000. No caso dos redimentos constantes, duplicamos os
fatores de produção e tambem a produção duplicada. No caso dos redimentos de escala
decrescentes, duplicamos os fatores de produção, porem o produto cresceu a uma taxa menor
do que os fatores de produção. No caso de economias de escala crescentes os fatores de
produção foram duplicados, porem o produto cresceu proporcionalmente mais do que os
fatores.

36
TEORIA DOS CUSTOS

1 – Conceito

O conceito de custos para a contabilidade difere do conceito de custos para o economista, a


contabilidade leva em consideração somente os custos explícitos, aqueles que realmente
constituem despesas explicita pela firma ao contratar ou adquirir recursos.

A economia considera o custo econômico, que é constituído não apenas dos custos explícitos,
mas também dos custos implícitos, que correspondem aos valores dos recursos que por
pertencerem à empresa são normalmente desprezados no calculo do custo da firma.

Tais custos são estimados a partir do que poderia ser ganho por esses recursos no seu melhor
emprego alternativo. Por exemplo o quanto que o empresário ganharia se estivesse
empregado em outra empresa, o valor que renderia se a empresa estivesse alugada ou ainda o
quanto renderia de juros se o montante de valores fosse empregado no mercado financeiro,
etc.

O custos econômicos são maiores do que os custos contábeis.

Podemos dizer que:

Dos fatores empregados surgem os custos de produção - Todos os fatores empregados na


produção têm custo.

Produção = f (fatores fixos ; fatores variáveis)

Os fatores fixos geram os custos fixos.

Os fatores variáveis geram os custos variáveis.

A somatória dos custos fixos mais os custos variáveis geram os custos totais.

a) Custo Fixo: (CF)

São os custos oriundos dos fatores fixos, cuja quantidade empregada numa faixa de produção
não se altera em decorrência da quantidade produzida. Os custos fixos apresentam um valor
constante, apesar de alterações na quantidade produzida do bem. Por exemplo: aluguel,
depreciação

b) Custos variáveis: (CV)

São custos que dependem diretamente da quantidade produzida, dizem respeito ao pagamento
dos fatores variáveis que a firma terá que arcar pela utilização desses fatores.

Os custos variáveis variam de acordo com o volume de produção, ou seja se não houver
produção o custo variável é zero, podemos citar como exemplo a matéria-prima, a energia
elétrica, a mão-de-obra direta entre outros.

37
c) Custo total: (CT)

Representa o custo de produção total associado a cada nível de produção.

2 – Custo no Tempo

a) No curtíssimo prazo.

Considera-se o curtíssimo prazo o período de tempo em que todos os custos são fixos,
portanto não é possível alterar qualquer fator empregado na produção, este período de tempo
não é relevante para tomadas de decisões.

b) No curto Prazo:

Representa o período de tempo em que pelo menos um dos fatores empregados pela empresa
é fixo, este período é o mais relevante para empresa, pois nele se concentra as tomadas de
decisão.

c) No longo Prazo.

É o período de tempo em que todos os fatores de produção empregados pela empresa são
variáveis. Neste período que a empresa efetua o seu planejamento estratégico.

3 – Custos no curto Prazo

Tradicionalmente as teoria econômica apresenta os seguintes gráficos:

a) Custos totais

38
O gráfico acima é composto pelo custo fixo que se mantêm inalterado em uma faixa de
produção a um determinado nível tecnológico e um determinado período de tempo. O custo
variável que depende diretamente da quantidade produzida, apresentando está forma devido a
dualidade da função produção (inverso da função produção ou seja um aumento no Pme
implica na redução do Cvme) que está relacionada à lei dos rendimentos decrescentes, e o
custo total representa a somatória do custo fixo mais o custo variável.

As curvas de custo total (CT) e de custo variável (CV) possuem a mesma inclinação, qualquer
que seja o nível de produção considerado.

b) Custos Unitários

O custo marginal (Cmg), pode ser definido como o custo de uma unidade adicional ocasionado
por uma unidade adicional no produto.

Com o aumento de produção o custo marginal (Cmg) inicialmente declina, atinge um mínimo e
depois se eleva; a prosseguir um aumento de produção, ele cortará as curvas de custo variável
médio (Cvme) e de custo médio (Cme) em seus respectivos pontos de mínimo. Essas
interseções ocorrem nos pontos “a” e “b” da fig. acima.

Quando o custo variável médio atingir o mínimo ele é igual ao custo marginal, da mesma forma
quando o custo médio atingir um mínimo ele será igual ao custo marginal.

As curvas de Cmg, Cme e Cvme, apresentam um formato de “U” em função à lei dos
rendimentos decrescentes (dualidade da função produção), aumentando as quantidades
produzidas, os custos médios reduzem atingindo a um mínimo e depois se elevam.

Os gráficos acima demonstram situações de concorrência perfeita na compra de insumos de


produção a preço constantes e oferta infinita.

39
4 – Analiticamente a dualidade das funções Produção e Custo.

Funções Produção Funções Custo

*As Contrapartidas
Pt - Produto Total CV - Custo Variável
Pme - Produto médio Cvme - Custo variável médio
Pmg - Produto Marginal Cmg - Custo marginal

* As relações
1- Primeiramente, o PT se eleva a uma taxa 1 - Primeiramente, o CV se eleva a uma taxa
crescente e após a uma taxa decrescente. decrescente e, depois a uma taxa crescente.

2 - O Pme eleva-se a um máximo e depois 2 - O Cvme baixa para um mínimo e depois


diminui. se eleva.

3 - O Pmg sobe, depois desce, intercepta 3 - O Cmg baixa, depois sobe, intercepta
o Pme em seu máximo e continua a o Cvme em se mínimo e continua a subir
decrescer mais rapidamente que o Pme. mais rapidamente do que o Cvme.

5 – Formulário.

CT = CF + CV

Cfme = CF / Q. prod.

Cvme = CV / Q. prod.

Cme = CT / Q. prod.

Cme = Cfme = Cvme.

Cmg = d CT / d Q. prod.

Cmg = ∆ CT / ∆ Q. prod.

Cmg = ∆ CV / ∆ Q. prod

Q. prod. = quantidade produzida.

d = derivada.

∆ = variação.

40
6 – Exemplo numérico
A produção de uma empresa é representada por Q.; o custo fixo é de R$ 12,00 por mês, Os
custo variáveis são de R$ 2,00, R$ 3,00, R$ 5,00, R$ 8,00, R$ 13,00, R$ 23,00, R$ 38,00 e R$
69,00, da primeira a oitava unidade produzida, respectivamente.

Q. CF (R$) CV (R$) CT (R$) Cfme (R$) Cvme (R$) Cme (R$) Cmg (R$)
0 12,00 0 12,00 - - - -
1,00 12,00 2,00 14,00 12,00 2,00 14,00 2,00
2,00 12,00 3,00 15,00 6,00 1,50 7,50 1,00
3,00 12,00 5,00 17,00 4,00 1,67 5,67 2,00
4,00 12,00 8,00 20,00 3,00 2,00 5,00 3,00
5,00 12,00 13,00 25,00 2,40 2,60 5,00 5,00
6,00 12,00 23,00 35,00 2,00 3,83 5,83 10,00
7,00 12,00 38,00 50,00 1,71 5,43 7,14 15,00
8,00 12,00 69,00 81,00 1,50 8,63 10,13 31,00

7 – Os Custos no Longo Prazo

Sabemos que o longo prazo é definido como sendo um período de tempo suficientemente
longo para a empresa se tornar apta a variar a quantidade usada de todos os insumos de
produção.
No longo prazo não existem fatores fixos ou custos fixos, e a empresa pode construir qualquer
tamanho ou escala de produção.

A curva do custo médio de longo prazo (CmeLP ) mostra o custo unitário médio mínimo para
produzir a cada nível de produção, quando qualquer escala desejada de planta pode ser
construída.

As curvas de custo médio de curto prazo (Cme), representando todas as alternativas de


tamanho de plantas que a empresa pode construir em termos de longo prazo.

O nível ótimo de produção é aquele em que a eficiência combinada de todos os fatores é


máxima, isto é, o Cme de curto prazo é mínimo.

O tamanho ótimo da empresa é aquele em que o Cme de longo prazo é mínimo, isto é, o
tamanho ótimo da firma no longo prazo é aquele projeto que determinará, dentre todos os
custo médios dos projetos, o CmeLP = Cme (de curto prazo)

A curva de Custo Médio de longo prazo, representa a tangente de todas as curvas de custo
médio de curto prazo em seus pontos de mínimo.

41
Graficamente podemos representar:

Nas discussões dos custos de longo prazo ( período em que a empresa pode planejar
mudanças em todos os fatores de produção, costuma-se a discutir a economia e
deseconomias de escala.
Podemos chamar de economia de escala, quando a empresa aumenta sua produção e ocorre
uma redução nos custos unitários, o inverso é a deseconomia de escala, quando aumenta a
produção temos uma aumento nos custos unitários.
Podemos representar graficamente.

8 - Fatores que explicam as economias e deseconomias de escala

1 – Rendimentos crescentes de escala por troca tecnológica.


2 - Preços mais baixo na compra de insumos em grandes quantidades.
3 – Menor ônus por unidade produzida por despesas administrativas.
4 – Menor ônus por unidade produzida por despesas financeira.
5 – Melhor distribuição de riscos de erros de decisão.

42
MACRO
ECONOMIA

43
MOEDA E SISTEMA FINANCEIRO

1 – Conceito

Moeda é o meio através do qual são efetuadas as transações monetárias. É todo ativo que
constitua forma imediata de solver débitos, com aceitabilidade geral e disponibilidade imediata,
e que confere ao seu titular um direito de saque sobre o produto social.
Utilizando o conceito de Wassily Leontieff, moeda é a mercadoria que serve de equivalente
geral para todas as mercadorias.

2 – Origem e evolução da moeda


Pode ser expressa em seis fases:

a) Era de troca de mercadorias.


Representa a era do inicio da divisão de trabalho, uns se especializam na caça, outros na
plantação, outros no artesanato. A economia funcionava à base do escambo ou seja a troca
pura e simples de mercadorias.
b) Era da mercadoria moeda.

Com o decorrer do tempo, a sociedade sentiu necessidade de facilitar as trocas, para tanto a
mercadoria eleita para servir como mediadora da translação deveria atender a uma
necessidade comum e ser rara o bastante para que tivesse valor.
Nesse sentido, vários tipos de produtos foram utilizados como referencial das relações de
trocas de mercadorias, tais como o gado, fumo, azeite de oliva, escravos, sal entre outros.
A vantagem que o gado apresentava em relação a outros meios, é que enquanto os indivíduos
aguardavam para nova troca, o gado se reproduzia, ou seja “rendia juros”.
c) Era da moeda metálica.
Para que uma mercadoria possa ser aceita como moeda, ela deve possuir algumas
características como durabilidade, divisibilidade, homogeneidade, facilidade de manuseio e
transporte, as moedas metálicas possuíam estas características.

O cobre, o bronze e o ferro perdiam o seu valor, pois eram encontrados em abundância.
Os metais nobres como o ouro e a prata, não sofriam influência de novas descobertas de
jazidas, pois são escassos e permitiam que as pessoas as guardassem esperando uma melhor
oportunidade de troca.
Apesar das vantagens, as moedas metálicas tinham uma grande inconveniência pelo peso na
viagens longas e os assaltos.
d) Era do papel moeda.
A moeda representativa ou papel moeda, eliminou as dificuldades que os comerciantes
enfrentavam em seu deslocamento, eles carregavam o certificado de depósito, que era emitido
por instituições conhecidas como “Casa de Custódia” onde os mesmo depositavam sua
moedas metálicas ou outros valores sob garantia.

44
O seu uso acabou se generalizando de tal modo que os comerciantes, passaram a transferir os
direitos dos certificados diretamente aos comerciantes locais.
e) A moeda Fiduciária ou papel moeda.
Com o passar do tempo as casas de Custódia que recebiam o metal e forneciam certificados,
começaram a perceber que os detentores desse certificados não realizavam a troca imediata, o
que permitiam as casas da moeda emitir certificado sem lastro, o que chamamos de moeda
fiduciária ( baseada na credibilidade).
No início o papel moeda apresentou as características de seu lastro ser inferior a contrapartida
em ouro, contudo uma menor garantia e a emissão podia ser realizada por particulares. O
sistema acabou em ruína o que obrigou o Estado a intervir e a assumir as emissões dos
certificados que eram lastreados em ouro.
f) A moeda bancária ou escritural.
É assim chamada por que diz respeito aos lançamentos de crédito e débito realizados nas
contas correntes do banco, sendo representada pelos depósitos à vista e a curto prazo nos
bancos.

3 – Funções da moeda
O conceito de moeda pode ser entendido a partir das funções que ela desempenha e que
justificam o desejo das pessoas a reterem, pode ser considerado moeda tudo aquilo que
exerce simultaneamente as funções de:

a) Função de meio ou instrumento de troca.

Esta função permite que trabalhamos e recebendo uma contrapartida monetária e será trocada
por diversos bens ou serviços.
É um dos mais importantes atributos da moeda, o que permitiu que a sociedade aumentasse
sua eficiência, possibilitando um mundo de relações de troca tão complexo como nós vivemos.
b) Função de medida de valor
Através dos sistema monetário conferimos valor aos diversos bens e serviços existentes na
economia.
A moeda serve como unidade ou ponto de referência na avaliação dos diversos bens e
serviços.
c) Reserva de valor.
A moeda pode tornar-se um elemento de entesouramento ou estoque de riqueza, pode ser
transformada em bens e serviços a qualquer instante, exerce também a função de reserva de
valor. O efeito inflacionário pode corroer seu valor.
d) Função padrão de pagamento diferido.
Quando as operações de compra de bens e serviços se fazem a crédito, o produto é entregue
ao comprador sem pagamento imediato, deixando o valor de pagamento no futuro, podendo
ser parcelado ou não, com ou sem juros.

4 – As características da moeda.

Para que a moeda possa desempenhar suas funções básicas, ela deve possuir alguma
características que são:

45
a) Indestrutibilidade e Inalterabilidade.
A moeda deve resistir às inúmeras relações de troca, deve ser resistente utilizando material de
excelente qualidade.
b) Homogeneidade.
As unidades monetárias que possuem o mesmo valor de compra devem ser rigorosamente
iguais.
c) Divisibilidade.
A moeda deve possuir múltiplos e submultiplos, buscando permitir a todos os tipos de
transações comerciais.
c) Transferibilidades.
A moeda deve transitar pela economia sem nenhuma dificuldade, isto é garantido pelo Estado
que emite e garante o volume de papel moeda em circulação.
d) Facilidade de Manuseio e Transporte.
O papel moeda deve ser impresso de forma a facilitar o seu uso e o seu transporte.

5 – Formas de Moeda.

O sistema monetário impõe por forma legal o conjunto de três formas de moedas que são
utilizadas no País.
a) Moeda metálica.
Visam facilitar operações de pequeno valor e servem também como unidade fracionada,
facilitando o troco.
b) Papel-Moeda.
Representam as células emitidas pelo Banco Central e também circulam por força legal.
c) Moeda Escritural.
É a moeda dos bancos, são lançamentos feito pelos bancos a crédito de seus depositantes ou
correntistas, concretizando-se apenas em seus registros, podendo citar o depósito à vista,
cheques, ordem de pagamento, cartões de crédito entre outros.

6 – Quase Moedas.

Compreendem o conjunto de ativos do sistema financeiro não monetários, são constituídos por
compromissos assumidos pelas instituições financeiras e pelo governo e se caracterizam pela
sua extrema liquidez, além de possuírem muitas propriedades da moeda, os principais são:
- Títulos da dívida pública que estejam fora do Banco Central (obrigações do tesouro
nacional, letras do tesouro nacional, bônus do tesouro nacional, entre outros).
- Depósitos de poupança.
- Depósito a prazo (certificados bancários, recibos de depósito bancário).
São quase moedas porque tem que ser transformado em moedas para despesas de consumo.

46
7 – Demanda de moeda.

A demanda de moeda ocorre por três motivos básicos:

a) Transação.
Representa a guarda de moeda para se fazer face a pagamentos, dado que os pagamentos e
recebimentos não são perfeitamente sincronizados.
b) Precaução.
É a guarda de moeda para cobrir gastos imprevistos.
d) Especulação.
A moeda é considerada também como reserva de valor e não apenas meio de troca. Por isso,
não seria estranho que os agentes econômicos guardassem moeda ociosa, na expectativa de
mudanças na taxa de juros de mercado e, assim, aplicá-las melhor no futuro.

8 - Histórico das Moedas no Brasil

• Real (plural: Réis) - de 1500 a 8.out.1834


• Mil Réis - de 8.out.1834 a 1.nov.1942
• Conto de Réis (equivalente a um milhão de réis)
• Cruzeiro - de 1.nov.1942 a 13.fev.1967
• Cruzeiro Novo - de 13.fev.1967 a 15.mai.1970
• Cruzeiro - de 15.mai.1970 a 28.fev.1986
• Cruzado - de 28.fev.1986 a 15.jan.1989
• Cruzado novo - de 15.jan.1989 a 15.mar.1990
• Cruzeiro - de 15.mar.1990 a 1.ago.1993
• Cruzeiro Real - de 1.ago.1993 a 1.jul.1994
• Real (plural: Reais) - de 1.jul.1994 até atualmente

9 - O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL

As autoridades monetárias:

a) Conselho Monetário Nacional (CMN).


É o conselho de política econômica do país, visto que o mesmo é responsável pela fixação das
diretrizes da política monetária, creditícia e cambial. Atualmente, seu presidente é o próprio
Ministro da Fazenda.
b) O Banco Central do Brasil (BACEN). www.bc.gov.br
O BACEN é o órgão responsável pela execução das normas que regulam o Sistema Financeiro
Nacional (SFN). São suas atribuições agir como: banco dos bancos, gestor do SFN, executor
da política monetária, banco emissor e banqueiro do governo.
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10 - Autoridades de apoio:

a) A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) www.cvm.gov.br


A CVM é um órgão normativo voltado ao mercado de ações e debêntures. Ela é vinculada ao
Governo Federal e seus objetivos podem sintetizados em apenas um: o fortalecimento do
mercado acionário.
b) O Banco do Brasil (BB). www.bb.com.br
Até janeiro de 1986 o BB assemelhava-se a uma autoridade monetária mediante ajustamentos
da conta movimento do BACEN e do Tesouro Nacional. Hoje, é um banco comercial comum,
embora responsável pela Câmara de Confederação.
c) O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. www.bndes.gov.br
Contando com recursos de programas e fundos de fomento, o BNDES é responsável pela
política de investimentos de Longo Prazo do Governo e, a partir do Plano Collor, também pela
gestão do processo de privatização. É a principal instituição financeira de fomento do Brasil por
impulsionar o desenvolvimento econômico, atenuar desequilíbrios regionais, promover o
crescimento das exportações, dentre outras funções.
d) A Caixa Econômica Federal. www.cef.gov.br
A CEF caracteriza-se por estar voltada ao financiamento habitacional e ao saneamento básico.
É um instrumento governamental de financiamento social.

11 - Instituições financeiras.

a) Os Bancos Comerciais (BC).


Os BC são intermediários financeiros que transferem recursos dos agentes superavitários para
os deficitários, mecanismo esse que acaba por criar moeda através do efeito multiplicador. Os
BC's podem descontar títulos, realizar operações de abertura de crédito simples ou em conta
corrente, realizar operações especiais de crédito rural, de câmbio e comércio internacional,
captar depósitos à vista e a prazo fixo, obter recursos junto às instituições oficiais para repasse
aos clientes, etc.
b) Os Bancos de Desenvolvimento.
O já citado BNDES é o principal agente de financiamento do governo federal. Destacam-se
outros bancos regionais de desenvolvimento como, por exemplo, o Banco do Nordeste do
Brasil (BNB), o Banco da Amazônia, dentre outros.
c) As Cooperativas de Crédito.
Equiparando-se às instituições financeiras, as cooperativas normalmente atuam em setores
primários da economia ou são formadas entre os funcionários das empresas.
No setor primário, permitem uma melhor comercialização dos produtos rurais e criam
facilidades para o escoamento das safras agrícolas para os consumidores.
No interior das empresas em geral, as cooperativas oferecem possibilidades de crédito aos
funcionários, os quais contribuem mensalmente para a sobrevivência e crescimento da mesma.
Todas as operações facultadas às cooperativas são exclusivas aos cooperados.

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c) Os Bancos de Investimentos (BI).
Os BI captam recursos através de emissão de Certificado de depósito bancário (CDB) e Recibo
de depósito bancário (RDB), de capitação e repasse de recursos e de venda de cotas de
fundos de investimentos.
Esses recursos são direcionados a empréstimos e financiamentos específicos à aquisição de
bens de capital pelas empresas ou subscrição de ações e debêntures. Os BI não podem
destinar recursos a empreendimentos mobiliários e têm limites para investimentos no setor
estatal.
d) Sociedade de Crédito, Financiamento e Investimentos.
As "financeiras" captam recursos através de letras de câmbio e sua função é financiar bens de
consumo duráveis aos consumidores finais (crediário). Tratando-se de uma atividade de alto
risco, seu passivo é limitado a 12 vezes seu capital mais reservas.
e) Sociedade Corretoras.
Essas sociedades operam com títulos e valores mobiliários por conta de terceiros. São
instituições que dependem do BACEN para constituírem-se e da CVM para o exercício de suas
atividades. As "corretoras" podem efetuar lançamentos de ações, administrar carteiras e fundos
de investimentos, intermediar operações de câmbio, dentre outras funções.
f) Sociedades Distribuidoras.
Tais instituições não têm acesso às bolsas como as Sociedades Corretoras. Suas principais
funções são a subscrição de emissão de títulos e ações, intermediação e operações no
mercado aberto. Elas estão sujeitas a aprovação pelo BACEN.
g) Sociedade de Arrendamento Mercantil.
Operam com operações de "leasing" que tratam-se de locação de bens de forma que, no final
do contrato, o locatário pode renovar o contrato, adquirir o bem por um valor residencial ou
devolver o bem locado à sociedade. Atualmente, tem sido comum operações de leasing em
que o valor residual é pago de forma diluída ao longo do período contratual ou de forma
antecipada, no início do período.
As Sociedades de Arrendamento Mercantil captam recursos através da emissão de
debêntures, com características de longo prazo.
h) Associações de Poupança e Empréstimo.
São sociedades civis onde os associados têm direito à participação nos resultados. A captação
de recursos ocorre através de caderneta de poupança e seu objetivo é principalmente
financiamento imobiliário.
i) Sociedades de Crédito Imobiliário.
Ao contrário das Caixas Econômicas, essas sociedades são voltadas ao público de maior
renda. A captação ocorre através de Letras Imobiliárias depósitos de poupança e repasses da
CEF. Esses recursos são destinados, principalmente, ao financiamento imobiliário diretos ou
indiretos.
j) Investidores Institucionais.
Os principais investidores institucionais são:
j.1) Fundos Mútuos de Investimentos: são condomínios abertos que aplicam seus
recursos em títulos e valores mobiliários objetivando oferecer aos condomínios maiores
retornos e menores riscos.
j.2) Entidades Fechadas de Previdência Privada: são instituições mantidas por
contribuições de um grupo de trabalhadores e da mantenedora. Por determinação legal,
parte de seus recursos devem ser destinados ao mercado acionário.
j.3) Seguradoras: são enquadradas coo instituições financeiras segundo determinação
legal. O BACEN orienta o percentual limite a ser destinado aos mercados de renda fixa
e variável.
49
k) Companhias Hipotecárias: dependendo de autorização do BACEN para funcionarem, tem
objetivos de financiamento imobiliário, administração de crédito hipotecário e de fundos de
investimento imobiliário, dentre outros.
l) Agências de Fomento: sob supervisão do BACEN, as agências de fomento captam
recursos através dos Orçamentos públicos e de linhas de créditos de longo prazo de bancos de
desenvolvimento, destinando-os a financiamentos privados de capital fixo e de giro.
o) Bancos Múltiplos: como o próprio nome diz, tais bancos possuem pelo menos duas das
seguintes carteiras: comercial, de investimento, de crédito imobiliário, de aceite, de
desenvolvimento e de leasing. A vantagem é o ganho de escala que tais bancos alcançam.
m) Bancos Cooperativos: são verdadeiros bancos comerciais surgidos a partir de
cooperativas de crédito. Sua principal restrição é limitar suas operações em apenas uma
Unidade da Federação, o que garante a permanência dos recursos onde são gerados,
impulsionando o desenvolvimento local.

50
INFLAÇÃO

1 - Conceito

A inflação pode ser conceituada como um aumento contínuo e generalizado no nível geral de
preços
A alta dos preços deve ser generalizada, ou seja, todos os produtos da economia devem sofrer
acréscimos em seus preços. Se apenas alguns dos bens e serviços produzidos na economia
apresentarem elevações de preços, enquanto outros apresentarem redução, isso não é
inflação.
Este fenômeno pode decorrer simplesmente do mecanismo de ajuste dos respectivos
mercados em virtude de alterações da demanda ou da oferta.

2 - Tipos de Inflação

a) Inflação de Demanda.

A inflação da demanda, considerada o tipo mais “clássico” de inflação, diz respeito ao excesso
de demanda agregada em relação à produção disponível de bens e serviços ou seja, refere-se
ao excesso de demanda em relação à produção disponível de bens e serviços na economia.
A inflação de demanda ocorre quando a economia está próxima de sua capacidade máxima,
ou seja, não pode aumentar substancialmente a oferta de bens e serviços em curto prazo para
acompanhar o crescimento da demanda.

b) Inflação de Custos.
Esse tipo de inflação é causado pelo aumento no custo de produção. O aumento das despesas
com os fatores de produção, tais como o trabalho, os recursos naturais e o capital, ocasiona
este tipo de inflação.
Com relação ao trabalho, caso haja um aumento na sua remuneração (salário) haverá inflação,
pois esse aumento normalmente é repassado para o preço final das mercadorias.
No que se refere aos recursos naturais, caso das matérias-primas, um aumento em seus
custos – decorrente, por exemplo, de aumento nos preços internacionais ou por problemas nas
condições climáticas - ocasionará aumento nos custos de produção que, por sua vez, será
repassado para o preço final.
Por último, com relação ao capital, caso haja uma elevação dos juros, haverá uma restrição no
acesso a financiamentos; o dinheiro torna-se mais caro com os juros elevados, repassando,
portanto, esse alto custo para o preço das mercadorias.

51
c) Inflação de Lucros.
Neste tipo de inflação é importante considerar a inserção da empresa no mercado. Empresas
que têm força de mercado podem elevar o preço de suas mercadorias sem enfrentar maiores
obstáculos, dado que estas empresas possuem o poder de estabelecer preços.
No caso de existir um grande número de empresas com estas características, há a
possibilidade delas entrarem em acordo para elevação conjunta dos preços com o intuito
deliberado de aumentar a taxa de lucro.

d) Inflação Inercial.
Esse tipo refere-se ao caso em que a inflação presente é resultado da inflação observada no
passado. Um dos grandes responsáveis pela inflação inercial é a indexação da economia.
A indexação consiste em se corrigir as rendas recebidas pelos agentes econômicos e o valor
dos ativos de sua propriedade com base na variação de um índice de preços que reflita a taxa
de inflação no período de tempo entre os reajustes.
Desse modo, os salários dos trabalhadores, os aluguéis de imóveis, a taxa de câmbio da
economia, o capital emprestado pelo poupador, os títulos da dívida pública emitidos pelo
Governo, entre outros, são reajustados periodicamente com base na inflação passada.
Dessa forma, a indexação acaba perpetuando a inflação, pois os agentes econômicos criam
expectativas acerca do nível dos preços e sempre tenderão a reajustar os rendimentos pela
inflação passada, impedindo que a taxa de inflação venha a cair no futuro.
É necessário lembrar que essa diferenciação de tipos de inflação se dá no plano teórico. Na
realidade, há um entrelaçamento variado entre todos esses tipos de inflação.

e) Inflação de expectativa
Este tipo de inflação está associado aos aumentos de preços provocados pelas expectativas
dos agentes de que a inflação futura tende a crescer, e eles procuram resguardar suas
margens de lucro.
No Brasil, esse fator tem sido muito presente antes de mudanças de governo, com os
empresário se precavendo contra eventuais políticas de governo.

3 - Efeitos da Inflação

Os governos contemporâneos colocam a redução da inflação entre as principais metas de sua


política econômica. Isso ocorre porque a inflação provoca alguns efeitos na economia. O
principal deles é a perda do poder aquisitivo dos salários e de outras rendas fixas.
a) Efeito sobre a distribuição de renda
Uma das distorções mais sérias provocadas pela inflação diz respeito à redução do poder
aquisitivo das classes que dependem de rendimentos fixos, que possuem prazos legais de
reajuste.
Se os assalariados não sofrerem reajustes nominais em seus vencimentos ou se esse reajuste
for inferior ao nível do índice de preços, todos perderão com a inflação, pois a elevação
continuada dos preços reduzirá paulatinamente seus salários reais, ou seja, a quantidade de
bens e serviços que eles podem adquirir.

52
Os que auferem renda de aluguel também têm perda de rendimento real, ao longo do processo
inflacionário, mas estes são compensados pela valorização de seus imóveis, que costuma
valorizar mais do que a inflação.
Os proprietários dos bens de raiz nada sofrem, já que suas propriedades normalmente são
valorizadas no mesmo ritmo em que deteriora o valor do dinheiro, podemos citar os
empresários que tem condições de repassar os aumentos de custos provocados pelo inflação
nos preços dos bens e serviços, o próprio governo via correção de impostos e tarifas públicas.
b) Efeito sobre o balanço de pagamentos
Elevadas taxas de inflação, em níveis superiores ao aumento de preços internacionais,
encarecem o produto nacional relativamente ao produzido externamente. Assim, provocam
estímulo às importações e desestímulos às exportações, diminuindo o saldo da balança
comercial (exportação – importação) . Esse fato costuma provocar um circulo vicioso, se o país
estiver enfrentando um déficit cambial.
c) Efeito sobre as expectativas;
Outra distorção provocada por elevadas taxas de inflação prende-se à formação das
expectativas sobre o futuro.
O setor empresarial é sensível a esse tipo de situação, dada a instabilidade e imprevisilidade
de seus lucros, o empresário dificilmente tomará iniciativa de expandir sua capacidade
produtiva realizando investimentos, consequentemente a produção futura e o nível de emprego
serão afetados pelo processo inflacionário.
d) Efeito sobre o mercado de capitais
No processo inflacionário, o valor da moeda deteriora-se rapidamente, ocorre desestímulo à
aplicação de recursos no mercado de capitais financeiros a menos que estes sofram reajustes
quase imediatos, provocando uma expectativa de inflação futura.

4 - O Imposto Inflacionário

Observamos que uma das principais conseqüências de elevadas taxa de inflação recai sobre a
classe de menor renda, que não tem condições de defende-se dos aumentos de preços. Sobre
eles recai o imposto inflacionário.
O imposto inflacionário representa um receita para o governo, devido ao monopólio que possui
sobre a emissão de moedas. Pois para honrar seus compromissos emite mais moeda. O
imposto inflacionário representa a receita que o Banco Central obtém ao emitir moeda a custo
zero.

5 - Índices

A inflação na realidade não pode ser medida. O que se pode fazer é uma aproximação das
variações de preços. Essa aproximação é feita através de médias e ponderações para se
chegar a um índice. Seguem abaixo alguns dos índices mais utilizados na análise conjuntural:

53
a) Índice Preços ao Consumidor Amplo (IPCA)

Mede a variação de preços para as famílias com rendimento mensais entre 1 a 40 salários
mínimos, nas regiões metropolitanas de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte,
Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre, Brasília e município de Goiânia.
O índice tem como unidade de coleta estabelecimento comerciais e de prestação de serviços,
concessionárias de serviços públicos e domicílios (para levantamento de aluguel e
condomínio). O período de coleta do IPCA estende-se em geral, do dia 01 a 30 do mês de
referência.
Para calcular o índice , o instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) considera nove
grupos de produtos e serviços: alimentação e bebidas; artigos de residência; comunicação;
despesas pessoais; educação; habitação; saúde e cuidados pessoais; transporte e vestuário.
Ao todo, são calculadas as variações de preços de 465 subitens.
O IPCA é o índice utilizado pelo Conselho Monetário Nacional para calcular a meta de inflação
para o Brasil a cada ano. Atualmente, a meta para a variação de preços em 2008 é de 4,5%.

b) Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP – DI)

É calculado pela fundação Getúlio Vargas, origina-se de média ponderada do Índice de Preços
do Atacado (IPA-DI, peso de 60%), do Índice de Preços ao consumidor (IPC-DI, peso de 30%)
e do Índice Nacional de Construção Civil (INCC-DI, peso de 10%).
A coleta de preços é feita no mês cheio, de 1 a 30 ou 31 de cada mês. A cada mês de
referência apura-se o índice três vezes: os resultados das duas primeiras apurações são
considerados valores parciais (prévias), a última é o resultado definitivo do mês.
Assim como os outros Índices Gerais de Preços (IGPs), calculados pela FGV, o IGP-DI apura
as variações de preços de matérias-primas agrícolas e industriais no atacado e de bens e
serviços finais no consumo. Entre os itens considerados estão os preços de produtos
alimentícios, transporte, habitação, educação, saúde e vestuário.
Embora não seja mais usada para reajustar a tarifa de telefone, a taxa acumulada do IGP-DI
ainda é usada como indexadora das dívidas dos Estados com a União.

b) Índice Nacional de Preços ao Consumidor ( INPC)

Mede a variação de preços para as família com rendimentos mensais compreendidos entre um
e sei salários mínimos, nas regiões metropolitanas de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo
Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre, Brasília e município de Goiânia.
O índice tem como unidade de coleta estabelecimento comerciais e de prestação de serviços,
concessionárias de serviços públicos e domicílios (para levantamento de aluguel e
condomínio). O período de coleta do IPC estende-se em geral, do dia 01 a 30 do mês de
referência.
Para calcular o índice , o instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) considera nove
grupos de produtos e serviços: alimentação e bebidas; artigos de residência; comunicação;
despesas pessoais; educação; habitação; saúde e cuidados pessoais; transporte e vestuário.
Ao todo, são calculadas as variações de preços de 465 subitens.
O INPC é utilizado para negociação de reajustes salariais.

54
c) Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M)

É calculado pela fundação Getúlio Vargas, origina-se de média ponderada do Índice de Preços
do Atacado (IPA-M, peso de 60%), do Índice de Preços ao consumidor (IPC-M, peso de 30%) e
do Índice Nacional de Construção Civil (INCC-M, peso de 10%).
A coleta de preços é feita entre o dia 21 do mês anterior ao de referência e o dia 20 do mês de
referência. A cada mês de referência apura-se o índice três vezes: os resultados das duas
primeiras apurações são considerados valores parciais (prévias), a última é o resultado
definitivo do mês.
Assim como os outros Índices Gerais de Preços (IGPs), calculados pela FGV, o IGP-M apura
as variações de preços de matérias-primas agrícolas e industriais no atacado e de bens e
serviços finais no consumo. Entre os itens considerados estão os preços de produtos
alimentícios, transporte, habitação, educação, saúde e vestuário.
O IGP-M costuma a ser utilizado para reajustar contratos de aluguel, tarifas públicas e planos e
seguros de saúde (nos contratos mais antigos)

e) Índice de Preços ao Consumidor da Fipe (IPC-FIPE)

É calculado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE) desde 1968 e registra a
variação de preços no município de São Paulo.
A Fipe calcula a cada semana as variações quadrissemanais do IPC para a faixa de rendsa
familiar entre 1 a 20 salários mínimos. O sistema de cálculo da variação quadrissemanal
abrange um período de 08 semanas de coleta, com no mínimo 07 e no máximo 08 dias, para
adequar o sistema aos meses do ano que têm de 28 a 31 dias.
As varrições são obtidas comparando-se os preços médios das quatro últimas semana
(referência) com os das quatro primeiras semanas (base). Desta forma, para o cálculo de cada
nova taxa inclui-se os preços coletados na última semana e descarta-se os dados da semana
mais antiga.
A Fipe mede a variação dos itens em sete grupos de despesas; habitação, alimentação,
transportes, despesas pessoais, saúde, vestuário e educação.
O IPC-Fipe é utilizado como indexador informal para contratos da Prefeitura de São Paulo.
Abaixo um quadro com os principais indices de mensuração à inflação mensal em
porcentagem, bem como o acumulado no ano de 2007.

f) Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF)

A POF é uma pesquisa domiciliar por amostragem que investiga informações sobre as
características de domicílios, famílias, moradores e principalmente seus orçamentos, isto é,
suas despesas e recebimentos.
A pesquisa busca mensurar a estrutura de gastos (despesas), os recebimentos (receitas) e as
poupanças da população. Tais informações permitem estudar importantes aspectos da
economia nacional como a composição dos gastos familiares, disparidades regionais e a
dimensão do mercado para grupos de produtos e serviços.
Entre os objetivos da pesquisa, destaca-se sua utilização na atualização das estruturas de
ponderações dos índices de preços ao consumidor produzidos pelo IBGE e outras instituições.
Os dados também são utilizados para traçar perfis de consumo das famílias, para diversos
estudos relacionados ao planejamento econômico e social e para identificação de aspectos
nutricionais da população.
55
A abrangência geográfica da POF compreende os domicílios localizados nas regiões
metropolitanas de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São
Paulo, Curitiba e Porto Alegre, além do Distrito Federal e o município de Goiânia.

Principais índices de mensuração à inflação em %

Período IPCA IGP-DI INPC IGP-M IPC-FIPE


jan/07 0,44 0,43 0,49 0,5 0,66
fev/07 0,44 0,23 0,42 0,27 0,33
mar/07 0,37 0,22 0,44 0,34 0,11
abr/07 0,25 0,14 0,26 0,04 0,33
mai/07 0,28 0,16 0,26 0,04 0,36
jun/07 0,28 0,26 0,31 0,26 0,55
jul/07 0,24 0,37 0,32 0,28 0,27
ago/07 0,47 1,39 0,59 0,98 0,07
set/07 0,18 1,17 0,25 1,29 0,24
out/07 0,3 0,75 0,3 1,05 0,08
nov/07 0,38 1,05 0,43 0,69 0,47
dez/07 0,74 1,47 0,97 1,76 0,82
jan/08 0,54 0,99 0,69 1,09 0,52
fev/08 0,49 0,27 0,44 0,53 0,19
mar/08 0,48 0,7 0,51 0,74 0,31
abr/08 0,55 1,24 0,64 0,69 0,54
mai/08 0,79 1,88 0,96 1,61 1,23
jun/08 1,98
Acumulado 4,46 7,89 5,16 7,75 4,38
2007

6 - Deflação

Entende-se por deflação uma queda generalizada dos preços na economia durante um
determinado período. Quando ela está no início, seu impacto torna-se positivo sob a ótica do
consumidor final que gastará menos na compra de produtos e mercadorias. Entretanto, na
medida em que se aprofunda, seus efeitos negativos começam a se tornar evidentes, abalando
o sistema econômico como um todo.
Caso a queda nos preços perdure por longa data, o lucro das indústrias e demais atividades da
economia começa a decair (redução do nível de atividade). Com isso, a produção fica
56
comprometida na medida em que se torna pouco atrativa em função dos menores ganhos. A
partir daí, passam a existir situações em que as empresas começam a paralisar periodicamente
seu processo produtivo, utilizando-se, por exemplo, do instrumento das férias coletivas.
Caso a conjuntura não se modifique, começa a onda de demissões, seja pelo procedimento
normal ou do modo voluntário em que, em algumas situações, o funcionário atingido pela
medida monta seu próprio negócio. Acontece que nesta etapa, o consumo na economia já está
completamente abaixo das expectativas.
Geram-se grandes prejuízos principalmente para os ramos comerciais e de serviços que não
conseguem vender em função do contingente populacional desempregado e da renda em
queda dos que estão empregados.
A deflação, portanto, pode acabar provocando uma depressão. Normalmente, combate-se a
deflação por meio de um aumento nos gastos públicos e um maior grau de endividamento
público, como forma de aumentar a demanda agregada.

7 - Combate à inflação

Como a inflação é um problema macroeconômico e que afeta o bem estar da sociedade como
um todo, o seu controle torna-se prioridade entre os governos, teoricamente, duas são as
soluções para o problema: contração da demanda e controle de preços e salários.
Temos três correntes de pensamento econômico, que estão interligadas ao combate do
processo inflacionário.

a) Estruturalista
O diagnóstico estruturalista para o processo inflacionário em países periféricos pressupões que
a inflação está associada estreitamente a tensões de custos, causadas por deficiências da
estrutura econômica associadas a um conflito distributivo.

b) Liberais ou Neoliberais
Possui uma visão monetarista o que associa a inflação ao desequilíbrio crônico do setor
público. A necessidade de financiar a dívida pública leva a um aumento das emissões de títulos
e ao excesso de moeda.

c) Inercialista
O processo inflacionário está associado aos mecanismos de indexação, o quais acabam
perpetuando a inflação passada, numa espécie de inércia inflacionaria, utilizam mecanismos
para acabar com a “memória” inflacionaria.

O quadro abaixo procura sintetizar as diversas correntes de pensamento econômico e suas


políticas no combate ao processo inflacionário.

57
INFLAÇÃO NO BRASIL E AS CORRENTES ECONÔMICAS
Corrente Causas principais Políticas Antinflacionárias

- Ajuste fiscal
(para reduzir déficit e dívida pública,
- Desequilíbrio do setor público via reforma fiscal, privatização)
Liberais ou (o déficit e a dívida pública provocam
Neoliberais descontrole monetário, causando - Controle monetário
inflação de demanda) (juros e moeda)

- Liberalização do comércio exterior


(abertura comercial e valorização
cambial)

- Desidexação
( para apagar a “memória” ou a
Inercialistas - Indexação generalizada inércia inflacionaria, via congela-
(formal e informal) mento de preços, salários e tarifas.
Planos Cruzado, Bresser – ou troca
de moeda – Plano Real).

- Conflitos distributivos - Controle de preços de Oligopólios


(pressões de margens de lucro,
Estruturalistas pressões salariais, pressões de tarifas e - Reformas estruturais
preço públicos provocam inflação de
custos)

Fonte: Vasconcellos M. A. S. & Troster R. L. Economia básica, Atlas.

58
POLÍTICA FISCAL

O que é Política Fiscal?


O termo Política Fiscal refere-se ao comportamento e à administração das receitas e despesas
do setor público. Conforme indica a definição, a maneira como cada Estado gere seus recursos
e obrigações não deve ser obrigatoriamente a mesma, como se existisse um manual
descrevendo a “maneira certa” de se executar a política fiscal.
As decisões do Estado são resultado de um processo político, em que interesses conflitantes
são colocados frente a frente e influenciam na forma como se constitui a estrutura fiscal do
Estado nacional.
As despesas do Governo derivam da prestação de serviços e/ou da produção de bens pelo
setor público, tais como o pagamento de salários de funcionários públicos, obras,
aposentadorias, etc. Atualmente, o pagamento de juros é a parcela mais significativa dentre os
gastos do governo federal no Brasil.
As receitas resultam de diversos mecanismos, tais como da arrecadação de impostos e
contribuições, venda de títulos públicos e receitas das empresas estatais.

1- Conceitos de Política Fiscal:


Para compreender a política fiscal, precisamos agora mostrar alguns conceitos relativos às
informações mais comumente utilizadas sobre o tema. Vejamos:

- Déficit/Superávit – Conceitos Primário e Nominal.

a) Conceito Primário.
Seja ele déficit ou superávit, quando nos referimos ao conceito primário estamos considerando
as contas do governo sem incluir pagamentos de juros da dívida (externa ou interna) e sem
incluir ajustes financeiros. Então:
b) Resultado Primário
Receitas – despesas (sem incluir despesas financeiras)
c) Conceito Nominal.
Seja ele déficit ou superávit, inclui despesas financeiras como pagamento de juros da dívida
(interna ou externa), correção monetária e correção cambial. Então:
d) Resultado Nominal.
Receitas – despesas (inclui despesas financeiras)
Outros Conceitos
e) Carga Tributária.
É o total de impostos, contribuições e taxas arrecadadas pelo Estado em relação ao total de
riqueza produzido pelo país durante um certo período de tempo.
f) Relação Dívida/PIB.
É total da dívida em relação ao total de riqueza produzida pelo país num certo período de
tempo. É importante ter em mente que existem dois “tipos” básicos de dívida: a dívida pública e
59
a dívida de particulares (financiamentos e empréstimos tomados pela iniciativa privada no
exterior).
Contudo, mais importante que definir esses conceitos, é entender como eles interferem no
exercício da política fiscal e na vida cotidiana da população.
Exemplo:
2007
• Superávit primário do setor público = R$ 101,6 bilhões (3,98 % do PIB)
• Despesas Financeiras Líquidas= R$ 159,5 bilhões
• Déficit nominal = R$ 57,9 bilhões (2,27 % do PIB)
2004
• Superávit primário do setor público = R$ 81,1 bilhões (4,6% do PIB)
• Despesas Financeiras Líquidas = R$ 128,2 bilhões
• Déficit nominal = R$ 47,1 bilhões (2,7 % do PIB)

As despesas financeiras líquidas, considera que além das despesas, entre as quais o
pagamento de juros que é feito pelo governo, outras despesas e ajustes financeiros (correção
cambial, correção monetária). O governo também obtém outras receitas financeiras.
Pode-se observar que apesar do governo ter apresentado resultado primário positivo (ou
superávit primário), o total de despesas financeiras foi tal que, nos dois anos mostrados, temos
resultado nominal negativo (ou déficit nominal). Isso significa que o governo reservou parte de
sua receita para fazer uma espécie de reserva: o superávit primário. Porém, as despesas
financeiras mais que compensaram esse aperto fiscal e, ao final, houve déficit nominal.
O déficit nominal é, portanto, um valor que representa a parcela dos compromissos assumidos
pelo governo que ele não foi capaz de pagar e que passam a compor sua dívida.
Para fazer superávit, o governo precisa aumentar receitas e/ou reduzir despesas (ou seja,
gastos com pessoal, saúde, infra-estrutura, educação, etc.). Cabe ao governo definir qual a
opção mais vantajosa, ou a que melhor se enquadra aos seus objetivos.

2- Opções de Política Fiscal

O Governo pode assumir duas posturas (políticas):


a) Política Expansionista:
↑ gastos públicos ↓ impostos → ↑ produção e emprego
Ou seja, ao aumentar os gastos públicos (em obras de infraestrutura, por exemplo) e/ou
diminuir a tributação, o governo proporciona uma maior renda disponível para empresas e
famílias, com conseqüências benéficas sobre o nível de produção e emprego.

b) Política Contracionista:
↓ gastos públicos ↑ impostos → ↓ produção e emprego
Inversamente, caso o governo decida diminuir seus gastos e/ou aumentar a quantidade de
impostos cobrados, a renda disponível para as famílias e empresas se reduzirá e haverá uma
tendência à diminuição do nível de emprego e renda.
Para aplicação das políticas econômicas, principalmente a política fiscal, deve-se verificar quais
os resultados previstos. Se o alcance dos objetivos envolve custos econômicos ou sociais
elevados, ainda que sua eficácia seja comprovada, a política pode não ser recomendável.

60
3- Atuação do Governo X Nível de Atividade.

O governo pode provocar déficit através da Política Fiscal expansionista, visando incentivar um
aumento do nível de produção e emprego, ou melhor, elevar o nível de atividade da economia.
O governo tem um papel importante para superação de crises econômicas (papel anti-cíclico),
pois a intervenção governamental pode evitar efeitos mais duradouros das mesmas.
O aumento dos gastos públicos estimula o aumento da produção das firmas por duas vias:

a) diretamente, quando o setor público compra bens e serviços das empresas e famílias;

b) indiretamente, quando as famílias, de posse de uma renda maior, elevam sua demanda por
bens de consumo, e, portanto, as vendas das que atuam neste setor.
A redução de impostos também estimula a produção, visto que permanecerá uma maior renda
no setor privado, podendo este reinvestir mais, e que haverá um acréscimo da renda das
famílias, podendo estas aumentar o consumo. Então uma redução dos impostos altera o nível
de emprego e salário.
Já o aumento dos impostos representa um vazamento da renda do setor privado, que poderia
ser alocada à compra de bens e serviços no mercado. Dessa forma, age sobre a demanda
agregada (todas as demandas do país) no sentido oposto ao de suas despesas, ou seja, reduz
a produção.
Como já vimos, o aumento dos gastos públicos estimula o nível de atividade econômica
diretamente e indiretamente (através do consumo). Devido a esse estímulo indireto ao
consumo, diz-se que os gastos do governo têm um “efeito multiplicador” sobre a atividade
econômica, porque resultam em um aumento mais que proporcional na demanda agregada e
também no PIB. À medida que esse primeiro aumento da renda começa a estimular novos
gastos de consumo, a demanda agregada por bens e serviços é novamente acrescida. Assim,
esses novos gastos de consumo vão gerar um novo aumento da renda da economia.
Geralmente, essa tendência a consumir é mais acentuada em economias menos
desenvolvidas (países periféricos), onde existe um alto grau de concentração de renda (ou
número elevado de famílias de baixa renda em comparação com as de renda elevada). Nesses
países, quando há um aumento na renda, a tendência a consumir é maior.
Assim, nesses países, um pequeno aumento dos gastos do governo é capaz de produzir um
grande impulso na demanda agregada e também no nível de atividade da economia.
Um aumento de gasto público, gera aumento no emprego, que gera mais salários, o que faz
aumentar o consumo e, consequentemente, a renda. Aumentando consumo, aumenta a receita
do governo, pois mais impostos serão recolhidos. E assim sucessivamente.

4- Financiamento.

Como é financiado o déficit?


Ao longo do século XX, na maioria dos países, o setor público aumentou sua participação na
atividade econômica, o que o fez incorrer em custosos déficits. Isso implica em necessidades
crescentes de financiamento. Para atender a essas necessidades, pode-se contar com três
procedimentos:
a) Impostos
Ainda que os impostos apareçam como uma forma natural de se financiar os gastos públicos,
eles apresentam uma série de limitações, já que, quando existe déficit, eles são insuficientes
para atender os gastos.

61
Aumento dos impostos é uma medida impopular, e, em período de recessão, o aumento de
impostos iria agravar ainda mais a situação, pois inibiria a produção privada.
b) Emissão de moeda
Outro procedimento para tentar enfrentar o déficit público consiste na emissão de moeda
(criação de dinheiro). Isso porque o setor público, por meio do Banco Central, é o responsável
pela emissão do dinheiro.
Recorrendo à emissão monetária atender a curto prazo às necessidades de financiamento do
déficit. Este procedimento, entretanto, implicaria em um grande aumento da pressão
inflacionária. Além disso, o dinheiro em poder do público é considerado uma obrigação (dívida)
emitida pelo governo.
c) Emissão da Dívida Pública.
O financiamento dos gastos públicos consiste em emissão de títulos da dívida pública, ou seja,
o Estado pôr a venda títulos públicos. Essa decisão, no entanto, reduz a quantidade de
dinheiro no mercado que poderia ser destinada aos investimentos privados, tendendo a
aumentar a taxa de juros: os fundos financeiros são limitados e a emissão de títulos da dívida
pública pode reduzir as possibilidades de financiamento da iniciativa privada. Em outros
termos, se a oferta de recursos monetários para investimentos é inferior à demanda, a taxa de
juros (remuneração do dinheiro) tende a subir, a menos se a captação for de recursos
externos.

5- Tributação.

É a principal e maior forma de receita do Governo. Os impostos são uma imposição do Estado
a indivíduos, unidades familiares e empresas, para que paguem uma certa quantidade de
dinheiro em relação a determinados atos econômicos (consumo, salários, lucros, etc).

Tipos de impostos.

a) Diretos: incidem sobre patrimônio e renda. Ex.: Imposto de Renda.


b) Indiretos: incidem sobre bens e serviços adquiridos pelas pessoas.
Ex.: ICMS, IPI.

Podendo ser.
a) Progressivos: é o caso do imposto direto, ou seja, quanto maior a renda maior é a parcela
da renda destinada a pagar impostos.
b) Regressivos: é o caso do imposto indireto, ou seja, independentemente da renda, todos
pagam o mesmo imposto para adquirir os bens e serviços. Dessa forma, uma parcela maior da
renda das pessoas mais pobres é destinada a pagar impostos.
c) Proporcionais: seu percentual permanece constante em relação à renda.
Nota:- No Brasil a carga tributária atualmente, mesmo após a Reforma Tributária, tem um
aspecto extremamente regressivo.

6- Qualidade de Vida X Distribuição de Renda.


A qualidade de vida da população está altamente associada à distribuição de renda. Embora
não seja seu principal determinante, o conjunto de impostos de um país e também das
transferências e pagamentos que o governo faz para a sociedade impacta diretamente na
distribuição de renda.
62
Por meio de uma carga tributária progressiva, com ênfase em impostos incidentes sobre
rendas e patrimônio, pode-se atenuar o impacto da concentração de propriedade e dos
desníveis nos rendimentos.
A Política Fiscal pode atuar de forma a aumentar o pagamento de transferências para a
população com menores rendimentos. Nesse sentido, políticas que favoreçam direitos
universais como educação pública, saúde e um sistema previdenciário de caráter solidário são
fundamentais.
Além disso, o governo também pode adotar uma política salarial favorável ao trabalhador. Ao
ajustar ou estabelecer um salário mínimo corrigido periodicamente, permite que os rendimentos
da maior parte da população mantenham seu poder de compra.

63
POLÍTICA MONETÁRIA

1 - Introdução

A política monetária é um instrumento de atuação do governo que diz respeito à quantidade de


moeda na economia e às operações de crédito, ou seja, controle da liquidez.
No caso do Brasil, a autoridade monetária, entidade responsável pela execução dessa política,
é o Banco Central (BACEN). Ou seja, é o BACEN que controla a quantidade de dinheiro em
circulação em uma economia, de forma direta e indireta.
O controle dos meios de pagamento pode ter, pelo menos, duas diferentes funções:
a) Garantir a estabilidade do nível de preços.
b) Intervir no nível de atividade da economia, ou seja, O BACEN pode optar por exercer um
papel ativo dentro do sistema econômico.
Essas duas funções não são independentes uma da outra. O controle do nível de preços gera
distorções na atividade econômica, assim como ao intervir no nível da atividade econômica, o
BACEN acaba afetando os preços da economia.
Os mecanismos de controle são mais do que meras ferramentas técnicas e de validade
universal, são objetos de escolhas, muito mais políticas que econômicas na realidade. Essas
escolhas, são tomadas em um ambiente onde classes com demandas e ideologias diferentes
se confortam.

2 - O Papel do Banco Central

As quatro principais funções do BACEN são:

a) Controlar a emissão de moeda.

A Casa da Moeda é órgão responsável pela produção física do dinheiro, cabe ao BACEN
decidir sobre a produção ou não de mais dinheiro.
O volume de moeda na economia tem imensa importância, pois é responsável em grande parte
pelas transações econômicas.
É na forma do dinheiro que os trabalhadores recebem seus salários, que é feito o pagamento
de aluguéis e que são realizadas operações de compra, venda e crédito.
Parte dessas operações não envolve recebimento ou pagamento de papel moeda, mas em
última instância, mesmo os lançamentos contábeis muito comuns hoje em dia (como débitos
automáticos em conta corrente) utilizam o dinheiro, pelo menos como unidade de conta, já que
o dinheiro serve de denominador comum entre as diversas economias.
A oferta de moeda não pode ser direcionada de uma forma desordenada, pois pode ocasionar
desequilíbrios macroeconômicos.
A variação na quantidade de meios de pagamento na economia pode ocasionar variação no
nível de preços e também no nível de produto.

64
b) Ser depositário das reservas internacionais
O País realiza transações com o resto do mundo, sejam estas comerciais ou financeiras, como
quando um agente exporta alguma mercadoria ou serviço, possivelmente receberá o papel
moeda do país do comprador ou em divisas (moeda de credibilidade internacional, como o
dólar americano).
Mas em território nacional só é permitida a circulação da moeda nacional, o Real. Então, cada
vez que uma mercadoria ou serviço é vendida para o exterior, a moeda estrangeira recebida é
convertida pelo BACEN dólares, dólares em Reais para que possa circular internamente.
c) Ser o banco dos bancos
O BACEN age também como banco dos bancos comerciais.
Os bancos comerciais realizam diversas operações com o público, recebem depósitos e
realizam empréstimos, entre outras atividades. Nessas relações comerciais, recebe também
obrigações de outros bancos.
Essas transações não ocorrem sempre na mesma proporção, de modo que pode haver dias
que ocorra uma entrada de dinheiro maior que a saída (mais depósitos que empréstimos) e
pode haver dias em que as saídas superem as entradas (mais empréstimos que depósitos), de
forma que o banco terá que tomar empréstimos para cumprir suas obrigações.
O banco para equilibrar seu débitos pode pegar dinheiro emprestado com outros bancos
comerciais, ou pode utilizar do empréstimos junto ao BACEN.
O BACEN empresta dinheiro ao banco com juros iguais a taxa básica (SELIC) mais uma taxa
punitiva (chamada taxa de redesconto).
d) Ser o banqueiro do governo
Além de emprestar dinheiro para os bancos comerciais, o BACEN empresta dinheiro também
para o governo. Além disso, todos os recursos que o governo arrecada, na forma de impostos,
contribuições e taxas, são depositados no Banco Central.
Podemos dizer que o BACEN desempenha um papel de banco do governo.

3 - Instrumentos de Controle da Liquidez

Vimos anteriormente que o BACEN é o responsável pela emissão de moeda. Mas quando os
bancos comerciais realizam empréstimos eles também criam moeda. Essa forma de moeda
criada pelos bancos comerciais é denominada moeda escritural.
Abaixo um exemplo hipotético do banco brasileiro em ação.

Banco brasileiro em ação

Clientes Depósito Empréstimos


(R$) (R$)
João 1000,00
Maria 2000,00
Felipe 1000,00
Beatriz 1500,00
Saldo 3000,00 2500,00

65
No exemplo acima João deposita R$1000,00 no Banco brasileiro em ação, e que Maria
deposita mais R$2000,00. Suponhamos que o Banco possua em seu poder R$ 3000,00. Em
seu caixa . Dificilmente João e Maria retirarão todo seu dinheiro ao mesmo tempo, de forma
que o banco pode emprestar parte deste dinheiro para outros indivíduos.
Temos agora Felipe e Beatriz que tomem empréstimo deste mesmo Banco nos valores de R$
1000,00 e R$1500,00 respectivamente.
Observamos que João e Maria têm um direito de R$1000,00 e R$2000,00, respectivamente
com o banco e que Felipe e Beatriz possuem R$1000,00 e R$1500,00.
No total, esses cientes possuem R$5500,00. O banco, portanto, criou na forma de moeda
escritural, um montante de R$2500,00.
Então, além de controlar diretamente a quantidade de moeda emitido, o BACEN tem que
controlar indiretamente o montante de moeda escritural.

4 - Mecanismos de controle de liquidez.

a) Taxa de juros
A taxa de juros pode ser compreendida como preço do dinheiro.
Uma elevação na taxa de juros, pode ser interpretada como uma elevação no preço do
dinheiro, induzindo os agentes a sentirem desestimulados a pegar empréstimos junto aos
bancos, pois para os empresários representa uma elevação da despesa financeira e a pessoa
física prefere muitas vezes adiar o seu consumo do que para uma taxa maior de juros.
Como a taxa de juros do BACEN, a SELIC, influencia as outras taxas da economia, até mesmo
os juros cobrados nas prestações das vendas a varejo a prazo se elevam (que também é uma
forma de empréstimo), o que acaba por diminuir a demanda da economia.
Além disso, a elevação da taxa de juros torna o mercado financeiro mais atrativo, de modo que
parte do dinheiro antes em circulação migra para estes mercados, principalmente o capital
internacional que busca as taxas de juros mais altas entre todos os países.
b) Depósito Compulsório
O BACEN retira obrigatoriamente dos banco comerciais uma porcentagem dos depósitos á
vista, esta parte que fica com o BACEN é denominada de depósito compulsório.
A elevação da taxa de compulsório reduz a criação de moeda escritural por parte dos bancos
comerciais.
Supomos que a taxa de redesconto em um dado momento é de 30%. Utilizando o exemplo
hipotético do Banco brasileiro em ação, o Banco poderá emprestar no máximo R$ 2.100,00.

Banco brasileiro em ação


Clientes Depósito Depósito Valor disponível
(R$) Compulsório (R$) Para empréstimos (R$)
João 1000,00 300,00
Maria 2000,00 600,00
Saldo 3000,00 900,00 2100,00

Se o BACEN elevar a taxa do depósito compulsório haverá menos dinheiro em circulação na


economia e o contrário é verdadeiro.

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c) Redesconto
Sabemos que o Banco Central atua como banco dos bancos comerciais. Caso ocorram
problemas de liquidez nestes bancos, eles podem se dirigir ao BACEN para pegar
empréstimos. O redesconto é uma taxa punitiva cobrada pelo BACEN aos bancos nestes
casos.
Quanto maior o redesconto, maior será a prudência do banco ao realizar suas operações, pois
caso estes realizem empréstimos além de suas capacidades, poderão ter que recorrer ao
Banco Central.
d) Mercado aberto.
Caso o Banco Central constate excesso ou falta de meios de pagamento na economia ele pode
também lançar mão de mecanismos de mercado aberto.
O BACEN tem como ativo títulos da dívida pública emitidos pelo Tesouro Nacional. Caso haja
excesso de liquidez na economia (excesso de dinheiro), ele pode lançar esses títulos no
mercado com o intuito de reter parte da liquidez em poder dos agentes e dos bancos. Caso
ocorra falta de liquidez, o BACEN pode resgatar esses títulos, o que coloca novamente o
dinheiro em circulação na economia.
e) Controle seletivo de crédito
Embora exista a taxa básica de juros fixada pelo Banco Central, outras taxas são praticadas no
mercado.
O BACEN pode promover linhas de crédito seletivas, de forma a beneficiar grupos de agentes
com facilidades de crédito. Um exemplo são os empréstimos consignados em folha de
pagamento e alguns programas de financiamento de imóveis, que possuem taxas de juros
menores que as praticadas no mercado.

5 - Sistema Especial de Liquidação e Custódia - Selic

SELIC (Sistema Especial de Liquidação e Custódia) é uma meta para a taxa de juros fixada
pelo Comitê de Política Monetária (COPOM). Essa taxa média é perseguida através das
operações de mercado aberto realizadas pelo Banco Central: com a meta fixada, o BACEN
diariamente compra e vende títulos com o objetivo de alcançar a meta.
A SELIC, no entanto, acaba por influenciar todas as taxas de juros da economia, de modo que
se ocorre elevação na SELIC, as demais taxas tenderão a acompanhá-la, assim como essas
taxas tenderão a cair caso ocorra redução.
A SELIC é a taxa cobrada pelo BACEN quando este realiza empréstimos para os bancos
comerciais. Esta taxa, é portanto, uma espécie de custo mínimo para os bancos, já que se
estes apresentarem problemas de liquidez e tenham que recorrer ao Banco Central, terão que
arcar com um custo pelo menos igual ao valor da SELIC.

6 - A Política Monetária

A política monetária é um elemento fundamental para a determinação do nível de produto e de


emprego em uma economia.
A emissão de moeda pode implicar na maior disponibilidade de dinheiro em circulação na
economia, ocasionando uma maior quantidade de dinheiro nas mãos dos agentes econômicos
que demandaram uma maior quantidade de bens e serviços.

67
Com a elevação do nível de demanda, a oferta é pressionada pela elevação dos preços, de
forma que esta tem que se elevar para acompanhar o crescimento da demanda.
Os empresários, portanto, tem que produzir mais e, para isso, utilizam a capacidade ociosa da
firma, se houver.
Uma vez utilizada a capacidade ociosa, caso a demanda ainda não tenha sido alcançada,
serão realizados novos investimentos (compra de máquinas, aumento da planta etc.) e serão
contratados novos trabalhadores.
A redução da taxa de juros fará, por um lado, com que os investimentos no mercado financeiro
se tornem menores, uma vez que a lucratividade de parte destes ativos está vinculada a sua
remuneração.
As taxas de juros menores proporcionarão um incentivo ao investimento, uma vez que o custo
dos empréstimos diminuirá.
Com a redução da rentabilidade dos ativos financeiros (aplicações em papeis), parte destes
recursos pode migrar para o setor produtivo quando se tornam viáveis economicamente,
aumentando a oferta dos produtos e reduzindo as despesas financeiras.

7 - O Spread Bancário

Os juros praticados pelos bancos, principalmente junto a pessoas físicas, são muito elevados
no Brasil. Os juros cobrados pelo serviço de cheque especial, por exemplo, chegam em média
a 120% ao ano. Os empréstimos pessoais também possuem taxas muito elevadas, a menos
quando se tratam de certos financiamentos subsidiados pelo governo, como casa própria
popular, crédito consignado entre outros.
Ao captar recursos, os bancos pagam taxas de juros em geral mais baixas que as que este
cobra ao emprestar. A diferença entre a taxa cobrada ao emprestar seus recursos e a taxa de
captação dos bancos é denominada spread bancário.
Spread = Taxa de Juros cobrada pelo banco – Taxa de juros paga pelo banco
Um dos motivos para a existência de uma taxa de spread tão elevada no Brasil é a
inviabilidade dos bancos enquanto financiadores de investimentos (financiamento de longo
prazo), tomadores de recursos financeiros junto às pessoas físicas a longo prazo e risco muito
elevado.
Esses fatos decorrem de que as altas taxas de juros praticadas pelo governo impelirem que os
recursos dos bancos que poderiam ser utilizados pelas pessoas físicas e jurídicas migrem para
financiar o governo.
Emprestar dinheiro ao governo é considerado pelos investidores nacional e internacional como
um ato mais confiável, ou de menor risco.

68
SETOR EXTERNO

1 - A importância do setor externo


Os países não são estruturas isoladas, e mesmo os mais fechados acabam por manter uma
série de relações econômicas com outros países, envolvendo trocas de mercadorias, fatores de
produção e ativos financeiros.
A intensificação destas relações deu origem a um processo denominado globalização
econômica, em que as economias dos diferentes países estão mais inter-relacionadas do que
nunca. A análise do comércio internacional de bens e serviços e dos fluxos monetários
internacionais se tornou uma atitude fundamental tanto da estratégia econômica como da
política econômica nacional.

2 - Balanço de Pagamentos

O Balanço de Pagamentos é o registro contábil de todas as transações de um país com o resto


do mundo. Envolve tanto transações com bens e serviços, como transações com capitais
(monetários e físicos) num determinado período de tempo.
Sua estrutura contabiliza os fluxos de entrada e saída de mercadorias, ativos financeiros e
monetários no país e deste modo permite avaliar a atuação econômica deste em relação à
economia mundial.

Estrutura Completa do Balanço de Pagamentos


BALANÇO DE PAGAMENTOS
1. Balança Comercial
1.1.Exportações
1.2.Importações
2.Balança de Serviços
2.1.Transportes: fretes, seguros, etc.
2.2.Turismo e viagens internacionais
2.3.Rendas de Capital: remessa de lucros, lucros reinvestidos e juros
2.4.Serviços governamentais
2.5.Diversos
3.Transferências unilaterais
4.Saldo do balanço de pagamentos em transações correntes: 1+2+3
5.Conta Capital e Financeira
5.1.Investimentos diretos
5.2.Reinvestimentos
5.3.Empréstimos e financiamentos
5.4.Outros capitais

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6.Erros e omissões
7.Saldo total do balanço de pagamentos: 4+5+6
8.Transações compensatórias
8.1.Variação de reservas
8.2.Operações de regularização
8.3.atrasados

A estrutura do Balanço de Pagamentos está divida em três contas e suas respectivas sub
contas.
a) Conta corrente / Transações Correntes:
A diferença entre as exportações e as importações de bens e serviços é conhecida como conta
corrente.
Se as importações de um país excedem suas exportações, dizemos que o país tem um déficit
em conta corrente. Analogamente, um superávit em conta corrente é dado quando as
exportações de um país excedem suas importações.
Além das exportações líquidas de bens e serviços a conta corrente inclui as transferências
unilaterais. Assim, a conta corrente apresenta três subcontas.
a.1) Balança comercial – registra a movimentação de mercadorias, ou seja, de bens tangíveis.
Seu saldo é dado pela diferença entre as exportações e as importações de mercadorias
efetuadas pelo país.
b.1) Balança de serviços - registra a movimentação de bens intangíveis como, o pagamento ou
recebimento em função da utilização de fatores de produção (remessa de lucros ou pagamento
de juros) e as receitas e as despesas com transporte e viagens internacionais.
c.1) Transferências unilaterais – registra pagamentos ou recebimentos de recursos que não
correspondem à compra de qualquer bem, serviço ou ativo.
b) Conta de Capital e Financeira:
Constituída apenas pela subconta Movimentos de Capitais (5), a conta de capital e financeira
registra as transferências unilaterais de capital relacionadas com patrimônio de migrantes e a
aquisição de bens não financeiros não produzidos, tais como cessão de patentes e marcas, e
ainda, fluxos decorrentes de transações com ativos e passivos financeiros entre residentes e
não-residentes.
Em função de imperfeições na forma de registro das informações, nem sempre se consegue a
necessária equivalência entre o total de débitos e créditos. A conta Erros e Omissões,
compensa toda sobrestimação ou subestimação dos componentes registrados.
c) Conta de Capital Compensatório.
Constituída apenas pela subconta de Transações Compensatórias (8), a conta de capital
Compensatório registra a variação de reservas em moeda estrangeira pelo país, os
empréstimos de regularização e os atrasados. O saldo do balanço de pagamentos deve ser
idêntico ao saldo das transações compensatórias.
As reservas internacionais são ativos monetários mantidos pelos bancos centrais como um
amparo contra um infortúnio econômico nacional pois, quando o balanço de pagamentos
apresenta resultado negativo (deficitário), deve-se cobrir essa lacuna com as reservas. Do
contrário, se o resultado for positivo, ampliam-se as reservas.
Quando não há reservas suficientes, os empréstimos de regularização são basicamente
advindos do FMI (Fundo Monetário Internacional) e estabelecem uma série de exigências, as
quais os país deve ser submisso, em termos de política econômica e obtenção de resultados.
O FMI (Fundo Monetário Internacional), foi criado no pós-guerra pelo acordo de Bretton Woods
e tem como função básica fornecer recursos financeiros, tal como um banqueiro de última
70
instância, para aqueles países que apresentam déficits nas contas externas, decorrentes de
conjunturas internacionais adversas.
O recurso aos atrasados é contabilizado quando o país não dispõe nem de reservas nem de
ajuda do organismos internacionais. Dessa forma, um lançamento nessa conta significa a
decretação de moratória pelo país.

3 - Taxas de Câmbio

Dentro de uma nação as transações são realizadas com a mesma moeda. No entanto, no
comércio internacional são utilizadas moedas diferentes. Daí surge a necessidade de se
converter uma moeda em outra, como forma de facilitar o intercâmbio comercial.
A taxa de câmbio é o mecanismo através do qual essa troca é possível, ou seja, expressa o
preço da moeda nacional em relação ao preço da moeda estrangeira.
O preço da moeda (divisa) estrangeira pode ser expressa em:
1 dólar US = R$ 1,711 1 Euro = R$ 2,6634 1 Peso Argentino = R$ 0,5397.
Como todo o preço a taxa de câmbio é determinada pela oferta e demanda.
A oferta de divisas depende basicamente do volume de exportação e da entrada de capitais
externos seja para investimentos ou aplicações financeiras quando os agentes precisam trocar
reais por dólares.
A demanda de divisas depende basicamente das importações e das remessas de capital
(juros, lucros, amortizações de empréstimos entre outros), quando os agentes precisam trocar
dólares por reais.
Quanto maior a oferta de divisas (dada a demanda) menor a taxa de câmbio; maior a
demanda de divisas (dada a oferta) maior a taxa de câmbio.
A valorização cambial, é definida como um aumento do poder de compra da moeda nacional,
perante outras moedas (por exemplo: um real compra mais dólares), como a taxa de câmbio é
definida como o preço da moeda estrangeira, implica que uma valorização cambial
corresponde a uma queda na taxa de câmbio.
A desvalorização cambial representa uma perda do poder de compra da moeda nacional, o que
corresponde a um aumento da taxa de câmbio.
A variação do dólar no paralelo representa um termômetro das incertezas e expectativas que o
país atravessa, mas não depende nem influência diretamente a taxa de câmbio oficial.
O nível da taxa de câmbio pode ser determinado ou pelas forças de mercado (pelo confronto
entre oferta e demanda de divisas) ou a partir da interferência do governo no mercado cambial
(fixando a taxa). De acordo com essas possibilidades é possível definir três tipos de regime
cambial:
a) Regime de câmbio flutuante.
A taxa de câmbio oscila livremente para garantir o equilíbrio entre a oferta e a demanda de
divisas.
b) Regime de câmbio fixo.
A taxa de câmbio é determinada pelo Banco Central, por meio da compra e venda de divisas
no mercado.
c) Regime misto.
A taxa de câmbio pode variar dentro de determinados limites estabelecidos pela política
econômica.
Atualmente, a maioria dos países adota o regime misto já que historicamente o sistema
flutuante resultou em grandes instabilidades nas diversas taxas de câmbio no mundo e o
sistema fixo não se mostrou eficiente quanto à determinação da taxa de câmbio ideal.
71
Esta política é adotada na maioria dos países é chamada flutuação suja “dirty floating”, onde o
mercado de divisas determina a taxa de câmbio, mas com intensa atuação do Banco Central,
na venda e na compra, que procura mantê-la em níveis relativamente estáveis.

3.1) Efeito das variações na taxa de câmbio sobre exportações e importações.


Com uma desvalorização cambial, a taxa de câmbio sobe (o preço do dólar sobe, em reais), os
compradores estrangeiros, com os mesmos dólares, compram mais produtos brasileiros e os
exportadores tendem a exportar mais. Os importadores pagarão mais reais por dólar e tendem
a importar menos.
As desvalorizações cambiais tendem a estimular as exportações e a desestimular as
importações.
A valorização cambial torna a moeda nacional mais forte, o que estimulará a compra de
produtos importados, mas desestimula a venda dos exportados.

3.2) Efeito das variações na taxa de câmbio sobre a taxa de inflação.


Um dos mais importantes instrumentos utilizados para o controle da inflação tem sido a
valorização cambial, chamada, nesse contexto de “âncora cambial”.
Espera-se que ao valorizar o câmbio, tornando a moeda nacional mais forte, estimula-se a
compra de produtos importados, aumentando a concorrência com os nacionais, o que provoca
uma pressão pela queda dos preços internos.
Geralmente esta política cambial está acoplada com a política de abertura comercial, ou seja, a
liberalização de importações, com quedas acentuadas das tarifas sobre importações e das
barreiras protecionistas.
A valorização cambial como um instrumento de combate a inflação, contribui com a melhoria da
eficiência produtiva, pelo aumento de competição, em compensação ela representa um custo
para o setor exportador, que perde mercado pelo maior valor relativo do seu produto e afeta
diretamente os setores que eram protegidos para alavancar a industria nacional.
A desvalorização cambial proporciona um aumento nas exportações e uma queda na maior
parcelas de produtos importados, o efeito mais imediato é o aumento no custo das
importações de produtos essenciais, cuja demanda é inelástica.

4) Coordenação de Políticas Externas: Formas de Ajuste do Balanço de Pagamentos.

Desajustes sistemáticos no balanço de pagamentos, sem a perspectiva de reversão a longo


prazo, tendem a deteriorar a posição do país no cenário econômico internacional. Dessa forma,
o governo do país em questão, é obrigado a utilizar políticas de ajuste do balanço de
pagamentos.
Existem inúmeros instrumentos de ajuste do balanço de pagamentos, dentre os quais, os mais
importantes são:

a) Desvalorização cambial.
Estimula as exportações e desestimula as importações.
b) Elevação das tarifas de importação.
Sendo a tarifa de importação um imposto sobre determinada mercadoria importada, a
aplicação desta permite controlar o volume das importações de alguns produtos através do
valor dos impostos.

72
c) Estabelecimento de cotas de importações.
Restringe diretamente a importação de determinada mercadoria ao fixar uma quantidade limite
de importação. Representa uma redução no grau de abertura comercial do país.
d) Concessão de subsídios às exportações.
Benefícios concedidos aos produtores nacionais que visam ampliar o volume das exportações.
Assim como o instrumento anterior, representa uma redução no grau de abertura comercial do
país. Medidas assim não são bem vistas pelo mercado internacional e podem levar a
acusações de prática de dumping.
Dumping é a prática de manter um preço artificialmente abaixo dos custos com o intuito de
conquistar o mercado dos concorrentes e em seguida se beneficiar de uma situação mais
confortável em termos de determinação dos preços.
e) Imposição de restrição à saída de capitais.
Objetiva elevar o saldo do movimento de capitais, já que um superávit nessa conta muitas
vezes é necessário para financiar eventuais déficits em transações correntes.
f) Redução no nível de atividade da economia.
Tem a finalidade de reduzir as importações ao diminuir a capacidade interna de consumo.
Favorece as exportações já que, frente a um desaquecimento do mercado interno, a produção
doméstica tende a procurar, no mercado externo, alternativas de venda.
g) Elevação da taxa de juros interna.
Objetiva atrair capitais de curto prazo (especulação) para elevar o saldo da conta de capital e
financeira, esses capitais acreditam que a diferença entre os juros internos e externos
possibilitará o ganho de grandes lucros no mercado financeiro doméstico.
A elevação da taxa interna de juros desestimula o consumo e reduz o nível de atividades
econômicas, pois diminuirá os investimentos produtivos, devido ao encarecimento do crédito.
Cada uma dessas medidas possui aspectos positivos e negativos. Dessa forma, o grande
desafio das autoridades econômicas é programar uma ou mais medidas que, em seu conjunto,
tragam o menor dano à sociedade e assim fazer com que o ajuste do balanço de pagamentos
seja o meio pelo qual o dinamismo da economia se fortalece e cresce.

5 - Políticas Externas.

As políticas externas que atuam sobre as variáveis relacionadas ao setor externo da economia,
divide-se em política cambial e política comercial.
a) Política cambial.
Refere-se à atuação do governo sobre a taxa de câmbio as principais são as valorizações e
desvalorizações cambiais, as taxas fixas, mistas ou flutuantes, as bandas cambiais.
b) Política Comercial
A política comercial utiliza os instrumentos de estímulo às exportações ou importações, ou de
controle, ou de abertura comercial. Para tanto utiliza de os incentivos fiscais (crédito-prêmio do
IPI, ICMS, etc.) e créditos (taxas de juros subsidiadas, financiamentos) ás exportações e ao
controle das importações (vias tarifas, ou estabelecendo barreiras quantitativas como fixação
de cotas, etc.). Essas políticas são fiscalizadas pela OMC ( Organização Mundial do Comércio),
que procura coibir políticas protecionistas e práticas de dumping, que muitos países praticam
para ganhar mercado.

73
TRABALHO E NÍVEL DE ATIVIDADE

1 – Teorias da determinação do salário


Na revolução Industrial acontece uma gradativa substituição da utilização da força manual pela
força das máquinas, configurando a transição do feudalismo para uma nova forma de organizar
e pensar a produção: o sistema capitalista.
Com o incremento do trabalho assalariado em larga escala faz despontar o mercado de
trabalho como uma instituição fundamental ao funcionamento da economia, sendo entendido
de forma genérica como a compra e venda de serviços de mão-de-obra, o local onde
trabalhadores e empresários se encontram e confrontam, interagindo e determinando, com ou
sem a presença do Estado, o nível de salários, de empregos e as condições do trabalho, além
do outros aspectos relativos à relação capital – trabalho.
O início do capitalismo foi explicado pela Escola Clássica baseada na lei de Say, onde toda
oferta cria sua própria demanda, logo toda produção seria consumida, não havendo excedente
ou escassez, portanto, não existindo desequilíbrio e crise.
Era o princípio do liberalismo econômico, a não intervenção nos mercados, uma vez que
sozinhos seriam capazes de se auto-ajustarem . Até mesmo o mercado de trabalho funcionaria
no equilíbrio, pois toda oferta de mão-de-obra encontraria sua demanda por mão-de-obra, não
admitindo o desemprego involuntário.
David Ricardo, um dos principais defensores da teoria da subsistência, o salário de um
trabalhador deve ser determinado pelo valor dos bens e serviços necessários à subsistência,
que seria a taxa natural de salário.
A taxa de mercado seria a variável resultante da oferta e da demanda de trabalho. O aumento
ou diminuição da mão-de-obra seria regulado pela pressão demográfica, derivada da taxa de
natalidade e da taxa de mortalidade da população.
A lei de Ferro (ou bronze) dos salários consiste na concepção de que os salários tenderiam
sempre a oscilar em torno do chamado “ mínimo indispensável” para que o trabalhador e sua
família poderem subsistir.
As oscilações salariais resultariam de mudanças na oferta e na demanda de trabalho, na qual
abaixo do nível inferior não permitiria a reprodução da força de trabalho e acima do nível
superior levaria a economia à estagnação.
Para Marx o valor da força de trabalho (salário) correspondia ao mínimo necessário à formação
e à preservação do trabalhador, equivalente aos custos de reposição de sua capacidade de
trabalho.
Marx nega a teoria da pressão demográfica de David Ricardo e afirma que o elemento
regulador da oferta de mão-de-obra e do valor dos salários é a existência do chamado exército
industrial de reserva ou superpopulação relativa.
A criação de um exército industrial de reserva permanente, pela economia capitalista, garante
que a escassez de mão-de-obra não pressionará no sentido de aumento de salários a um nível
superior ao que seria compatível com a manutenção da taxa de acumulação. Caso contrário, a
taxa de crescimento dos salários ultrapassando os lucros detonaria a crise.
A existência de um exercito industrial de reserva seria a condição sine qua non para a
acumulação no sentido de possibilitar uma taxa de salário restrita aos limites do mínimo
indispensável, o que poderia ser afetado pelo poder de negociação das classes trabalhadoras.
Marx também estuda o processo de acumulação de capital que existente no sistema
capitalista, afirmando haver uma relação direta e forte entre a acumulação de capital por parte
da burguesia e o empobrecimento do operariado, uma vez que, para Marx, somente o trabalho
seria capaz de adicionar/criar valor à produção, portanto, a obtenção da mais-valia ou lucro do
74
empresário aconteceria a partir da exploração do operário com a apropriação de parte do seu
trabalho realizado.
Para a teoria marginalista ou neoclássica, o problema salarial é enfocado segundo a utilidade
da contratação da mão-de-obra para o empresário. Só é útil à medida que o emprego de um
trabalhador adicional for capaz de aumentar a produtividade marginal, sendo portanto, rentável.
Quando isso não ocorre, a contratação perde sua utilidade, e a produção passa a sofrer um
rendimento decrescente, exigindo inclusive corte nos custos de mão-de-obra.
O salário é determinado no mercado de trabalho através da interação entre as curvas de oferta
e demanda por trabalho.
Mercado pode ser definido como o local ou contexto onde vendedores e compradores efetuam
trocas de mercadorias. Dessa forma, o mercado de trabalho nada mais é que um tipo
específico de mercado, onde existem, de um lado, pessoas que estão dispostos a vender sua
força de trabalho (trabalhadores) e, do outro, aqueles que estão dispostos a pagar pela força
de trabalho alheia (capitalistas).
Curva de oferta de trabalho.
Representa a relação direta entre salário real e oferta de mão-de-obra, tendo como base que
os trabalhadores ofertariam seu trabalho até o ponto em que a utilidade do lazer fosse igual à
utilidade marginal proporcionada pelo salário.
Os pontos ao longo da curva indicam que para cada nível de salário, o máximo de horas
destinadas ao trabalho.
A curva de Demanda de trabalho.
Refere-se ao postulado de que a firma empregaria trabalhadores, até o ponto em que o custo
marginal, cujo elemento fundamental é o salário, se igualasse à receita marginal que a firma
obtém ao empregar um trabalhador adicional.
Os pontos ao longo da curva representam o objetivo de maximização de lucros da firma a cada
nível salarial, dados a demanda e o preço esperados.
Pela interação das duas curvas ficam determinados, simultaneamente o nível de emprego e o
salário real.
Keynes rejeita o pressuposto neoclássico de que os trabalhadores decidiriam o quanto
desejariam trabalhar a cada nível de salário real, como se a oferta de trabalho expressasse sua
função de preferência. Sendo as decisões de produção tomadas pelos capitalistas, os
trabalhadores não têm poder para defender suas preferências junto às firmas.
O salário recebido é trocado por outros bens que não são estabelecidos na barganha salarial e
que dependem das decisões de produção e da demanda de outros agentes.
A demanda e, consequentemente, os preços dos diversos bens só serão conhecidos muito
depois de o contrato de trabalho ser efetuado.
Nada garante a igualdade entre salários e desutilidade marginal do trabalho. A um nível de
salário nominal corresponderiam diversos níveis de salário real, gerando várias funções de
oferta.
Salário Nominal ou salário monetário representa a soma de dinheiro que o trabalhador recebe
em troca de sua força de trabalho.
Salário Real representa o nível de salário em relação a seu próprio poder de compra (ou poder
aquisitivo) em determinado momento, isto é, o salário nominal deflacionado por um índice geral
de preços.
Keynes estuda o comportamento dos mercados à partir do desequilíbrio e baseado no princípio
da demanda efetiva (é a demanda que se realiza no mercado que determina a produção),
defende a participação decisiva do Estado na condução da economia ao crescimento.
Como a economia estava em crise e o setor privado não tinha maiores interesses em investir
no mercado produtivo, a solução seria o Estado através dos gastos públicos nos setores de
infra-estrutura básica fomentar a criação de novos empregos, gerando mais renda e,
75
consequentemente, mais consumo (demanda efetiva), portanto, incentivando a produção e o
crescimento econômico.
A maior participação do Estado na vida econômica proporcionou, na maior parte do mundo,
uma elevação nas taxas de crescimento do produto, fato esse que restabeleceu a estabilidade
e o crescimento econômico.
Para os economistas monetaristas não se trata de ilusão monetária, mas de assimetria de
poder de decisão entre os capitalistas e trabalhadores e incerteza quanto ao futuro que faz
com que os sindicalistas não possam pautar suas barganhas em termos de salário reais
prospectivos.
Passada a segunda grande guerra, o mundo conhece uma fase de intenso desenvolvimento
econômico, proporcionado pelas elevadas taxas de crescimento do PIB. A redução nas taxas
de crescimento do PIB faz ressurgir o problema do desemprego. A mão-de-obra que chega ao
mercado de trabalho não é mais absorvida de forma satisfatória, quer seja em nível do número
dos postos de trabalho, quer seja em nível de remuneração e um déficit no mercado de
trabalho passa a ser fato rotineiro.
A necessidade de continuar produzindo e, mais do que isso, continuar realizando essa
produção no mercado, faz despontar os ideais de um novo liberalismo econômico defendido
pelos novos clássicos, com a quebra das barreiras alfandegárias e a criação de um livre
comércio mundial, não somente em nível dos bens e serviços, mas também a nível financeiro.
A redução do Estado (Estado mínimo) passa a ser considerado fator decisivo para a
prosperidade econômica, pois inchado acaba atrapalhando o ajustamento automático dos
mercados.
O processo de globalização iniciado acirra a competitividade, favorecendo as economias mais
desenvolvidas que possuem tecnologia de ponta e grandes parques industriais, pois podem
produzir em larga escala bens de qualidade a um preço relativamente mais barato,
consequentemente, esses países ganham novos mercados consumidores para seus produtos.
Nas economias periféricas, o processo é inverso, não possuindo vantagens competitivas, não
conseguem inserção no cenário internacional, agravando a recessão e a falta de empregos.
Muito embora a falta de empregos seja um problema mundial, em grande parte decorrente do
fenomenal desenvolvimento tecnológico ocorrido nos últimos anos, associado ao menor
dinamismo das economias nacionais, conseqüência do processo de globalização em curso e
da internacionalização do capital, é nas periferias que tem demonstrado maior voracidade
devido às próprias condições político-sócio-econômicas existentes nesses locais.
A teoria Neoclássica-Keynesiana, através da curva de Phillips tratava o mercado de trabalho
como o mercado de um bem qualquer, e examinava o efeito de variações na demanda efetiva
sobre salários nominais.
Phillips chegou, em seu estudo econométrico a três conclusões principais.
a) Para taxas de desemprego elevadas, os salários permanecem bastantes estáveis, enquanto,
quanto menor as taxa de desemprego, mais rápido crescem os salários.
b) Há um espaço de tempo entre a resposta dos salários e as variações na demanda de
trabalho em função da institucionalização dos processos de barganha coletivos e,
particularmente, do crescimento de arbitragens e conciliações, tornando-os menos sensíveis
aquelas variações
c) Apenas em períodos de elevação significativa dos preços (acima dos índices de
produtividade) é que os trabalhadores reagiriam á perda do poder de compra.
Os monetaristas consideram que o desemprego só é excessivo quando ele ultrapassa o nível
natural, sugerem que a taxa de desemprego nunca é nula, pois em condições normais, sempre
tem trabalhadores entrando e saindo do desemprego inclusive voluntariamente.
A posição dos novos keynesianos é o de defender a idéia de que boa parte do desemprego é
involuntário e que os desvios do produto abaixo do produto potencial são socialmente nocivos,

76
portanto, uma economia monetária de iniciativa privada é instável na ausência de políticas
públicas para regular a demanda agregada.
São adeptos dos instrumentos de política fiscal e monetária para regular a demanda agregada
privada. O grau de intervencionismo governamental tem sido o principal foco dos debates
teóricos atuais.
Os novos Keynesianos procuram explicar por que mudanças no nível geral de preços
apresentam alterações e que essas variações de preços não apresentam o mesmo
comportamento do que variações no PIB nominal. Preço rígidos implicam que o PIB real não é
objeto de escolha por trabalhadores individuais e firmas.
Teoria do mercado interno de trabalho, mostra que não há perfeita mobilidade ou substituição
da força de trabalho. Além das habilidade adquiridas na formação escolar, existem habilidades
específicas, associadas a cada firma. Não só o treinamento no interior das firmas, mas também
a cultura de cada empresas representa um fator importante para explicar a heterogeneidade da
demanda da força de trabalho.
A teoria do mercado interno trata de um dos aspectos da divisão do mercado de trabalho em
submercados, que se distinguem por diferentes regras de comportamento: a estrutura de
cargos e salários das firmas.
Um mercado de trabalho pouco desenvolvido contribui para a proliferação de atividades
informais, que acabam se apresentando como atividades de elevada importância na contenção
do desemprego e tem efeito minimizador nas desigualdades sociais provenientes da redução
na oferta de empregos formais, a medida em que, mesmo que precariamente, gera renda e um
certo poder de compra que garante uma atividade econômica, não sendo, entretanto, suficiente
para eliminar ou até mesmo atenuar a pobreza, uma vez que funcionando à margem do
sistema, não presta contas com o Estado, limitando sua capacidade de arrecadação e os
investimentos públicos nos setores básicos que visam a melhorar a qualidade de vida de toda a
coletividade.
O comportamento do mercado de trabalho demonstra acompanhar a mesma dinâmica cíclica
do crescimento da economia.
Quando a atividade econômica recupera o fôlego, as dispensas reduzem com a criação dos
novos postos de trabalho, mas o número de pessoas que deixam seus empregos em busca de
outro melhor é maior. Nos períodos de recessão, aumenta o número de trabalhadores que
perdem o emprego, e reduz o número dos que largam o emprego, pois o mercado está mais
difícil.
O mercado de trabalho está intimamente relacionado ao contexto econômico, não podendo ser
analisado de forma isolada, uma vez que modificações em algumas variáveis como salários,
desemprego e rotatividade, dependem, basicamente, do nível da atividade econômica e do
padrão de desenvolvimento econômico.

2 - PIB e Emprego

O PIB é o valor agregado de tudo aquilo que é produzido em território nacional – por empresas
nacionais ou estrangeiras, famílias e governo – em um determinado período. A magnitude do
mesmo é um importante indicador para avaliar a atividade econômica do país.
O PIB é também um fator determinante do nível de emprego da economia: há aumento do nível
de emprego quando a taxa de crescimento do PIB supera o aumento da produtividade do
trabalho (que significa um mesmo indivíduo produzir mais num mesmo espaço de tempo),
sendo assim deve ocorrer uma queda na taxa de desemprego, de forma que o mercado de
trabalho consiga absorver não somente os desempregados, mas também os novos entrantes.
A seguinte equação representa as variáveis que compõem o cálculo do PIB pela ótica do
dispêndio.

77
PIB = Consumo das Famílias + Gastos do Governo + Investimento das Empresas + Exportação
Líquida
Analisemos, agora, cada uma das variáveis separadamente e seus efeitos na relação com o
nível de emprego:
a) Consumo das Famílias.
As famílias destinam uma parte de sua renda ao consumo de bens e serviços, e a outra parte é
destinada à poupança. As famílias de baixa renda, tendem a consumir proporcionalmente mais
de suas rendas. Destaca-se, então, a importância de uma distribuição de renda eqüitativa no
país, pois se aumentarmos a renda das famílias mais pobres, elas poderão consumir mais, e
com isso as empresas terão que produzir mais para suprir as demandas por bens e serviços
das pessoas. Isto gerará um maior nível de emprego, pois as empresas necessitarão de mais
empregados. Enfim, o aumento do consumo, aumenta o PIB, que aumenta o nível de emprego,
e por conseqüência aumentará a renda das famílias. No entanto, o ideal é que as famílias não
consumam a totalidade de suas rendas, guardando uma parte para a poupança, pois é através
dela que pode se efetuar o investimento.
b) Investimento das Empresas.
O Investimento das empresas é uma das mais importantes variáveis para o crescimento de um
país. Ao investirem, as firmas elevam o nível de emprego, produto e renda.
As indústrias, na maioria das vezes, não possuem recursos suficientes para realizarem seus
planos de investimento e, com isso, precisam recorrer a empréstimos junto às instituições
financeiras, pagando uma determinada taxa de juros pelo dinheiro que tomam emprestado. Ao
fazerem seus planos de investimento as empresas calculam, aproximadamente, a rentabilidade
que tal investimento vai lhes proporcionar. Caso a lucratividade do investimento seja maior que
os juros que deverão ser pagos pelo financiamento, a empresa realizará seus planos; caso
contrário tal investimento torna-se inviável. Portanto, para que exista um nível de investimento
elevado na economia é necessária uma política de juros favorável à atividade produtiva.
Além disso, as empresas tão somente realizam investimentos quando há um ambiente onde
haja expectativas de ganhos futuros. Portanto, em um ambiente recessivo, onde tal condição
não existe, os empresários tendem a entesourar moeda como forma de se proteger da crise.
Cabe, portanto, ao Estado proporcionar um ambiente macroeconômico propício que incentive o
investimento privado.
c) Gasto público.
Ao fazer obras, construir, operar suas estatais, etc. o governo emprega mais pessoas, expande
o nível de emprego e, ao mesmo tempo, dá condições para que as empresas produzam mais.
Assim, ao comprar e produzir mais, o governo causa uma elevação da produção e do nível de
emprego, aumentando o nível de renda da economia. O poder público, além de elevar seus
gastos, pode diminuir a tributação (o que aumentaria além da renda disponível das famílias
para o consumo, o nível de investimento da economia) ou aumentar a transferência de renda
para as famílias.
d) Exportação líquida.
É a diferença entre as exportações e as importações do país. Quanto maior o saldo, maior a
produção em território nacional e, por conseguinte, maior o nível de emprego e de crescimento
econômico. Em contraposição, quanto menor o saldo, menor o nível de emprego, pois com a
crescente participação das importações há um desestímulo à produção nacional. É óbvio que
nenhum país se exclui totalmente do comércio internacional, mas o ideal é manter um superávit
na balança comercial. Vale ressaltar que nenhuma economia mantém-se sempre superavitária
havendo a necessidade de um mercado interno bem estruturado para que não ocorra uma
redução na taxa de crescimento do PIB quando as exportações diminuírem.
O crescimento econômico, embora seja uma variável chave, não é capaz de determinar ou
mensurar o desenvolvimento do país.
Como o padrão de vida de um país depende de sua capacidade de produzir bens e serviços,
utiliza-se outras variáveis, como o PIB per capita, que consiste na divisão do PIB pela
78
população do país, esse índice considera o tamanho da população do país já o poder
aquisitivo da população pode ser dividido o PIB per capita pelo valor do salário mínimo, mas
por se tratar de média simples, acabam por desconsiderar uma questão crucial, que é a
distribuição de renda.

3 - Desemprego.

A informação mais completa sobre a situação do mercado de trabalho é fornecida pelo IBGE
para seis regiões metropolitanas: Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte,
Salvador e Recife.
O IBGE define uma pessoa como desempregado nos seguintes termos: “Considera-se
desempregada toda pessoa de 16 ou mais anos que, durante a semana de referência, isto é, a
semana em que se fez a pesquisa, esteve procurando trabalho, isto é, que tomou medidas
para procurar trabalho ou que procurou estabelecer-se durante a semana precedente”.

4 - Taxa de desemprego.

Considera-se como taxa de desemprego a porcentagem de pessoas desocupadas em relação


ao total da população ativa (os ocupados mais os desempregados) é conhecida como taxa de
desemprego.

5 - Tipos de desemprego

a) Desemprego sazonal.
É uma forma de desemprego que se limita a algumas épocas do ano. É causado por variações
na demanda de trabalhos em diferentes momentos do ano, como por exemplo, nas
entressafras.
b) Desemprego cíclico.
Está ligado às alterações de ritmo da atividade econômica. Ou seja, durante as recessões a
taxa de desemprego aumenta, e nas fases de recuperação e expansão ela diminui.
c) Desemprego Friccional.
Esta forma de desemprego decorre da própria dinâmica do mercado de trabalho. Origina-se da
saída de trabalhadores de seus empregos a procura outros melhores, das crises enfrentadas
pelas empresas que acabam por demitir funcionários, ou porque os trabalhadores levam algum
tempo até encontrar um emprego.
A existência de um certo nível de desemprego friccional é normal, porque a mobilidade de
trabalhadores de um emprego para outro ou de uma cidade para outra. O normal é que a maior
parte dos desempregados friccionais não tarde muito em encontrar um emprego.

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d) Desemprego estrutural e/ou tecnológico.
O desemprego estrutural deve-se a desajustes entre a qualificação ou localização da força de
trabalho e à qualificação ou localização requerida pelo empregador. É ocasionado por
mudança nos padrões tecnológicos e na demanda dos consumidores.
O trabalhador que está desempregado por motivos estruturais enfrenta um prolongado período
de desemprego ou troca de ocupação.

Nota: - O desemprego friccional como o desemprego estrutural formam o chamado


desemprego involuntário, que representam o montante do trabalhadores que desejam
empregar-se ao salário vigente e que não encontram ocupação.

6 - As causas do desemprego.

O aparecimento do desemprego pode ser justificado pela dinâmica do mercado de trabalho ou


pelo nível da demanda agregada.
a) Dinâmica do mercado de trabalho.
Quando os salários estão elevados as empresas demandam uma quantidade menor de mão-
de-obra, e o contrário é verdadeiro, pois o mercado de trabalho não difere de outro mercado.
b) O nível da demanda agregada.
Para os economistas Keynesianos o desemprego deve-se fundamentalmente ao nível
insuficiente da demanda agregada por bens e serviços.
A elevação dos gastos não implica necessariamente a criação de novos empregos, pois o
gasto pode ser canalizado para a importação.

7 - Os efeitos econômicos do desemprego.

O desemprego provavelmente é o maior problema que os países enfrentam, os seus efeitos


podem ser analisados.
a) Efeito sobre os desempregados.
O trabalho é um recurso produtivo, quando a sociedade não utiliza este se perde e a sociedade
deixa de produzir bens e serviços.
Os custo mais grave são para quem sofre diretamente, pois sentem rechaçado pela sociedade,
o que pode afetar psicologicamente ou socialmente.
b) Efeitos sobre os que trabalham.
Apesar que a carga mais pesada do desemprego recaia sobre os desempregados, mas o
empregado e as empresas também arcam com um fatia, nos impostos elevados afim de
financiar os gastos públicos e cotas sociais e na redução dos salários pela perda do poder de
negociação dos sindicatos.
c) O desemprego de longa duração
O desemprego de longa duração, isto é, o que é igual ou superior a seis meses, é muito grave
em suas conseqüências sobre o indivíduo e sua família.
Normalmente os trabalhadores com mais de 50 anos têm maior dificuldade do que os demais
para encontrar uma ocupação, muitos encontrando refúgio na economia informal.

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8 - Índices de desemprego

Existem vários índices, elaborados por diferentes institutos, que buscam medir o desemprego.
Os dois índices mais conhecidos são os do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)
e do DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos).
As taxas de desemprego apuradas pelo IBGE e pelo DIEESE não apresentam números iguais.
Isso se deve a uma metodologia de pesquisa diferente utilizada por cada instituto, que dá
diferente significado para a palavra desemprego.
O IBGE divide o desemprego em dois tipos: aberto e oculto. O primeiro agrupa todas as
pessoas que não exercem nenhum tipo de atividade remunerada. O segundo, como o próprio
nome diz, é um desemprego que fica “escondido”, como é o caso do trabalho precário (precário
tanto nas condições do trabalho como na sua remuneração), do trabalho irregular e o
desemprego por desalento. Este último agrupa os indivíduos que por desesperança não
tomaram atitudes efetivas na procura por trabalho, mas que gostariam de trabalhar.
O IBGE tem como índice oficial a taxa de desemprego aberto. Já o DIEESE num índice só
inclui tanto o desemprego aberto quanto o oculto. Assim, a sua metodologia acaba revelando
taxas de desemprego mais altas do que as do outro instituto, sendo mais próximas da
realidade brasileira. atividade para exercer.

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CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

1 – Crescimento e desenvolvimento econômico

Podemos conceituar crescimento econômico como um processo de crescimento contínuo da


renda per capita ao longo do tempo, ou seja, é o processo pelo qual a quantidade de bens e
serviços, produzidos por uma coletividade, tende a crescer mais rapidamente que ela.
Representa um aumento contínuo e persistente da produtividade da mão-de-obra.
O critério convencional para aferir se um país está crescendo é o valor da renda nacional per
capita , entretanto não significa que o país está passando por um processo de desenvolvimento
econômico.
O desenvolvimento econômico é um fenômeno mais global, que representa as alterações da
composição do produto e a alocação dos recursos pelos diferentes setores da economia, de
forma a melhorar os indicadores de bem-estar econômico e social (pobreza, desemprego,
desigualdades, condições de saúde, nutrição, educação e moradia).

2 – Condicionantes do crescimento econômico

As causas do crescimento econômico e suas características assumem peculiaridades


diferentes em cada país em um dado momento histórico, geralmente pode considerar os
seguintes fatores como determinantes básico do crescimento.
a) A disponibilidade de recursos produtivos.
Tradicionalmente os fatores básicos da produção eram o trabalho e o capital, supunha que o
trabalho crescia a uma taxa mais ou menos constante e o capital podia ser aumentado
livremente.
Existem outros fatores necessários a produção que não são factíveis de serem produzidos,
como os recursos não renováveis, tal como o petróleo, recursos naturais .
A disponibilidade de recursos aparece como um elemento chave em parte das teorias
explicativas sobre o crescimento econômico.
b) A produtividade.
A produtividade está associada ao crescimento econômico, quando um trabalhador médio
produz mais por hora trabalhada, ou quando aumenta a produtividade média do trabalho,
cresce a produção total da economia.

Produção total = Horas de trabalho x Produtividade média do trabalho.

b.1 - Causas que explicam o crescimento da produtividade do trabalho.


- O aumento da quantidade e da qualidade do equipamento produtivo mediante investimento é
uma das formas mais diretas para se conseguir aumentar a produtividade do trabalhador.
- A maior eficiência na gestão da organização.

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- O aproveitamento de economias de escala: a utilização de instalações maiores permite a
introdução de processos técnicos mais eficientes.
- A melhora na educação e na especialização do fator trabalho.
- A adoção de novos processos com ganhos tecnológicos.
- A mobilidade geográfica e ocupacional dos fatores produtivos, dependem dos agentes
econômicos em aceitarem transformações na estrutura produtiva.

c) A atitude da sociedade em relação à poupança.


O crescimento de uma economia depende, em boa parte, do investimento e este está
relacionado à poupança interna ou externa.
O crescimento de uma economia encontra-se em sua capacidade de investir e esta depende
fundamentalmente do montante de investimento que está atrelado a capacidade de poupar da
população.

3 – Fatores de crescimento

Do ponto de vista técnico, o crescimento econômico está relacionado a três variáveis principais:
a) Crescimento da população.
Sendo a mão-de-obra um dos fatores de produção, um aumento da população será
acompanhado de um deslocamento positivo da curva de possibilidades de produção da
sociedade.
O crescimento econômico envolve o aumento do produto nacional per capita, dado pela
relação do PN e o total da população. Se o aumento do produto for maior que o aumento da
população, em termos proporcionais, ter-se-á um aumento de Produto per capita. Mas se o
aumento do Produto for proporcionalmente menor que o aumento da população, haverá
redução do Produto per capita.
Interessa, pois, considerar que o efeito do crescimento da população sobre o crescimento
econômico dependerá de como, quando e onde ocorre a variação da população.
b) Acumulação de capital
A acumulação de capital é também conhecida pela geração e acumulação de excedentes, isto,
é, a produção de um volume de bens e serviços em níveis superiores àquele necessário à
sobrevivência dos membros da coletividade humana produtora destes bens e serviços.
c) Progresso tecnológico
A elevação da produtividade do trabalho é normalmente explicada pelos avanços no campo da
tecnologia e da técnica de produção.
O progresso tecnológico implica mudanças na qualidade e na utilização dos fatores básicos de
produção. Onde são incorporados ao processo produtivo novos métodos, novos materiais,
novas aptidões etc.,
O progresso técnico é o propulsor do desenvolvimento nas economias modernas, ele é o
resultado de uma série de outros fatores que denotam o estágio de desenvolvimento de uma
coletividade.

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4 – Razões para alcançar o crescimento econômico.

A população, as autoridades econômicas e as autoridades políticas mostram-se sempre


desejosas de alcançar altas taxas de crescimento, pelas seguintes razões:
- O crescimento pode ser a chave para alcançar um nível de vida mais elevado, pois aumentos
na produtividade permitem que a comunidade possa desfrutar de uma maior quantidade de
bens e serviços.
- Quando a renda nacional aumenta em termos reais, as autoridade econômicas podem obter
maiores receitas mediante impostos sem ter que recorrer à elevação nas alíquotas dos
impostos.
- As políticas direcionadas a uma distribuição maior da renda podem ser realizadas sem afetar
o poder aquisitivo de um grupo social que tem uma maior renda. Quando a renda real está
aumentando um grupo social não precisa arcar com um custo para que grupos sociais mais
necessitados possa ter ganhos na qualidade de vida.
- Geralmente quando a produção aumenta, aumenta também o nível de emprego, além disso
os resultados do aumento da produtividade pode implicar em melhoras de competitividade
inclusive no exterior.

6 - Desenvolvimento Econômico

O Desenvolvimento e o crescimento econômico apresentam-se intimamente relacionado na


análise econômica.
O crescimento econômico implica alteração na taxa de crescimento ou na estrutura da
economia, ou ambas, enquanto que o Desenvolvimento econômico significa aumento de
produtividade, com repercussões sobre a distribuição e utilização da renda, decorrente de
fenômenos de crescimento em setores particulares da economia.
Desenvolvimento econômico consiste na observação da diminuição dos níveis de pobreza, de
desemprego e de distribuição de renda, aliada a elevação das condições de saúde da
população, nutrição, de educação, de habitação entre outros.
O desenvolvimento de uma nação é percebido pela análise de certos indicadores que se
relacionam em termos de estrutura, intercondicionando-se. Estes indicadores compreendem
três grandes grupos:
a) Vitais
- a expectativa média de vida – indica o número de anos que um recém nascido viveria,
considerando-se os padrões de mortalidade vigente à época de seu nascimento;
- mortalidade infantil – representa o número de crianças que morrem antes de completarem
um ano de idade, num grupo de mil nascidos vivos, em determinado período de tempo;
- morbilidade – representa a ocorrência e distribuição de doenças e agravos à saúde na
população residente na área geográfica referida
- estrutura etária – mostra a proporção da população entre faixas de idade;
- taxa média anual de crescimento populacional – calculada pelo método exponencial entre
os extremos de um determinado período de tempo.
b) Econômicos
Dividem-se em:
b.1. Estruturais - relaciona-se ao conjunto de elementos que forma a base econômica da
sociedade, como:
- força de trabalho;
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- recursos naturais;
- capital;
- estrutura da produção;
- estrutura da distribuição da renda.

b.2. Disponibilidade de bens e serviços - refere-se ao conjunto de elementos que permitem o


bem-estar da sociedade, como:
- renda per capita;
- bens básicos de consumo (alimentos, têxteis, sapatos, etc.);
- bens produtivos ou insumos ( aço, energia, cimento, etc.);
- serviços básicos (transportes, estradas, portos, etc.);
- serviços sociais representativos (educação, assistência médica, etc.).

c) Sociais
- estratificação de classes, refere-se a interação entre indivíduos, grupos, classes sociais, e o
conjunto de normas, valores e padrões de comportamento que regem estas relações;
- mobilidade social, representa a possibilidade ou facilidade dos indivíduos de uma
sociedade se movimentares de uma para outra camada da hierarquia social;
- representação no sistema político, indica o nível de representatividade da população nos
poderes executivo, legislativo e judiciário;
- participação social, representa a forma de como a população se articula, de acordo com um
conjunto de valores que definem seus padrões de comportamento;
- sistema de concentração da propriedade, indica a avaliação da proporção de empresas que
detêm parte significativa do capital, investimentos, vendas, força de trabalho, etc.

7 – Desenvolvimento sustentável e o meio ambiente

O crescimento econômico impacta o meio ambiente provocando um custo ambiental que


chamamos de externalidades negativa.
O atual modelo de crescimento econômico gerou enormes desequilíbrios; se, por um lado,
nunca houve tanta riqueza e fartura no mundo, por outro lado, a miséria, a degradação
ambiental e a poluição aumentam dia-a-dia.
Diante desta constatação, surge a idéia do Desenvolvimento Sustentável, buscando conciliar o
desenvolvimento econômico com a preservação ambiental e, ainda, ao fim da pobreza no
mundo.
Para alcançarmos o desenvolvimento sustentável, a proteção do ambiente tem que ser
entendida como parte integrante do processo de desenvolvimento e não pode ser considerada
isoladamente.
A diferença entre o crescimento e o desenvolvimento é que o crescimento não conduz
automaticamente à igualdade nem à justiça sociais, pois não leva em consideração nenhum
outro aspecto da qualidade de vida a não ser o acúmulo de riquezas, O desenvolvimento, por
sua vez, preocupa-se com a geração de riquezas, mas tem o objetivo de distribuí-las, de
melhorar a qualidade de vida de toda a população, levando em consideração, portanto, a
qualidade ambiental do planeta.

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O Desenvolvimento Sustentável tem seis aspectos prioritários que devem ser entendidos como
metas:
- A satisfação das necessidades básicas da população (educação, alimentação, saúde, lazer,
etc);
- A solidariedade para com as gerações futuras (preservar o ambiente de modo que elas
tenham chance de viver);
- A participação da população envolvida (todos devem se conscientizar da necessidade de
conservar o ambiente e fazer cada um a parte que lhe cabe para tal);
- A preservação dos recursos naturais (água, oxigênio, etc);
- A elaboração de um sistema social garantindo emprego, segurança social e respeito a outras
culturas (erradicação da miséria, do preconceito e do massacre de populações oprimidas);
- A efetivação dos programas educativos.

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