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Informativo Técnico

Poeiras Combustíveis na Indústria


Áreas Classificadas e Riscos de Explosões
Informativo Técnico
Poeiras Combustíveis na Indústria

CONTEÚDO

 INTRODUÇÃO

 EXEMPLOS DE POEIRAS COMBUSTÍVEIS - VÍDEOS

 O RISCO DE EXPLOSÃO

 CLASSIFICAÇÃO DE ÁREAS

 MÉTODO DE CONTROLE: SISTEMA DE EXAUSTÃO E FILTRAGEM

 OUTRAS MEDIDAS DO CONTROLE DE RISCO

 CONCLUSÕES

 COMO A NEDERMAN PODE AJUDAR


Informativo Técnico: Poeiras Combustíveis na Indústria

1. Introdução
A manipulação e o processamento de diferentes substâncias e materiais na indústria pode, em vários casos, envolver riscos de
explosão e incêndio que põe em risco a segurança dos trabalhadores e do patrimônio das empresas. O senso comum associa
estes riscos, normalmente, a gases inflamáveis, combustíveis, produtos petroquímicos, solventes e similares.

Porém, outra categoria de substâncias também pode apresentar um alto grau de risco como é o caso das poeiras combustíveis.
O objetivo deste breve Informativo é tentar esclarecer aos leitores a natureza e as principais características destas substâncias
bem como os meios de controle mais utilizados.

Pode surpreender aos não especialistas a diversidade de produtos e substâncias que na forma de poeiras ou fibras,
apresenta características combustíveis. Apenas para ilustrar poderíamos citar alguns: açúcar, poeiras alimentícias de milho,
soja ou trigo, poeiras farmacêuticas, serragem de madeira, pó metálico de alumínio ou titânio, particulado fino de resinas
como epóxi, plásticos e pó de papel, entre outros.

Acidentes causados por poeiras


combustíveis são muito mais frequentes
do que se possa imaginar, como se pode
constatar da tabela 1 ao lado.

Tabela 1
Fonte: Dust Explosion Scenarios at 3th AIChE Symposium
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Recentemente houve o caso da empresa Zhongrong Plating situada em Jiangsu,


na China, onde 71 pessoas morreram e 186 ficaram feridas como consequência
de uma explosão causada por acúmulo de pó combustível metálico oriundo de
operações de lixamento de rodas automotivas.

No Brasil, em 2010, uma explosão causada por pó de madeira (serragem) nas


dependências de um grande fabricante de placas para indústria moveleira,
deixou 4 mortos além de vários feridos.
Pó de alumínio. ‘Zhongrong Metal Products‘,
Enfim, os casos são relativamente frequentes e, além de engrossarem os Jiangsu Kunshan, China, 2014
(Imagem: www.chinasmack.com)

números de acidentes de trabalho graves, causam elevadas perdas


patrimoniais.

Pó de alumínio. Pó de açúcar Pó farmacêutico. ‘West Pharmaceutical


’Hayes Lemmerz‘, Indiana, USA, 2003 ‘Imperial Sugar’, Georgia, USA - 2008. Services‘, North Carolina, USA, 2003
(Imagem: US Chemical Safety Board – www.csb.gov) (Imagem: Associated Press) (Imagem: US Chemical Safety Board – www.csb.gov)
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2. Exemplos de poeiras combustíveis - vídeo

Clique na imagem
para abrir o vídeo

Crédito: www.periodicvideos.com – University of Nottingham, UK.


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Crédito: www.firesciencetool.com
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2. Exemplos de poeiras combustíveis - vídeo

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Crédito: Nederman Holding AB


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3. O risco de explosão
O fenômeno da explosão, assim como no caso do incêndio, também
pode ser ilustrado por uma figura geométrica onde os lados do
polígono representam um fator de risco necessário.

No caso de incêndio, o triângulo é bem conhecido com os fatores


Combustível, Comburente e Fonte de Ignição se agrupando para
elevar o risco da ocorrência (Figura 1).

Já no caso do risco de explosão utiliza-se, ao invés de um triângulo,


um pentágono conforme indicado na Figura 2. Figura 1

Comparando-se então as duas figuras o que se observa é que, no


caso de explosão, os fatores “Dispersão” e “Confinamento” são
adicionados à lista de causas necessárias.

Deste modo, da mesma forma que se pode referir ao “Triângulo do


Fogo”, pode-se mencionar o “Pentágono da Explosão”.

Resumindo, uma substância combustível, dispersa em um ambiente


confinado, na presença de oxigênio, pode precipitar uma explosão via
fonte de ignição. O domínio deste conceito básico é fundamental, tanto
para a análise de risco, como para a concepção de medidas de controle. Figura 2
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Quando se trata de poeiras, adota-se como premissa que qualquer particulado cuja dimensão seja igual ou inferior a 63
micra, ou fibras com dimensões menores que 500 micra, e cuja concentração seja superior a 20 gramas por metro cúbico,
pode apresentar risco de explosão.

Estes parâmetros, porém são muito variáveis e dependem de cada substância analisada. Assim o mais correto é uma
avaliação físico-química da substância que defina a sua distribuição granulométrica.

Os valores de “Kst”, “Pmax” e MIE. O “Kst”, e o “Pmax”,


conforme mostra o Gráfico 1, são respectivamente a
velocidade de incremento da pressão e a pressão máxima
atingida por uma deflagração.

Isso, na realidade, define a severidade de uma eventual


explosão.

Outro dado importante é o MIE da substância, ou seja,


sua temperatura mínima de ignição. Esse valor define
qual a temperatura mínima na qual a substância sofre
ignição espontânea.

Esta grandeza, por sua vez, determina a máxima


Gráfico 1
temperatura admissível nas superfícies que venham a
entrar em contato com ela.
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4. Classificação de áreas
A classificação de áreas é uma tarefa eminentemente técnica e
deve ser realizada por especialistas com experiência.

Esta responsabilidade deve ser assumida por engenheiros


eletricistas e de segurança visto que há uma ênfase muito
grande nos riscos de centelhamento ocasionado por
equipamentos e instalações elétricas nestas áreas.

Muitas empresas não possuem pessoal qualificado para tanto e,


neste caso, devem recorrer a empresas de consultoria
especializada.

De uma forma genérica o que se procura avaliar é o alcance e a


Exemplo de estudo de classificação de áreas utilzando modelo eletrtônico. A
probabilidade de formação de nuvens de poeiras explosivas de maquete ilustra região contendo áreas classificadas de gases com atmosferas
explosivas, de acordo com os requisitos da ABNT NBR IEC 60079-10-1.
modo a enquadrar a área em um dos critérios da norma adotada. Fonte: Subcomitê SC-31 do COBEI - Atmosferas Explosivas

No Brasil, a norma NBR IEC 60079-10-2 apresenta orientações e critérios quanto à classificação de áreas sujeitas à presença
de poeiras explosivas. Tais critérios são muito semelhantes aos adotados pela Comunidade Europeia nas diretivas ATEX.
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Para atender a estes requisitos, um dos critérios mais largamente utilizados no Brasil, e no mundo inclusive, é o critério das
diretivas ATEX vigentes nos países da comunidade europeia e que classifica as áreas de risco adotando-se um critério de
“Zonas” conforme ilustrado na Figura 3 abaixo.

Figura 3
Descrição sucinta das zonas com risco de explosão por presença de poeiras explosivas
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O mapeamento e a definição dos perímetros das áreas classificadas dentro da planta de produção é a etapa que se segue
à determinação do Kst, do Pmax e do MIE.

Isso é realizado de forma sistemática e devidamente documentada com memoriais descritivos, plantas, etc.

De posse então destas informações, ou seja, características


da substância e classificação da área, passa-se à
determinação dos equipamentos que possam ser ali
instalados atendendo aos requisitos da norma empregada e,
ao mesmo tempo, minimizando os riscos causados pelo
acúmulo de pó no ambiente, como é o caso dos sistemas de
exaustão e filtragem.

Por fim cabe aqui salientar que os procedimentos e


providências acima não isentam a empresa da adoção de
boas práticas administrativas e de manutenção da área de
risco como veremos a seguir neste Informativo.
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5. Método de Controle: Sistemas de Exaustão e Filtragem


O meio mais efetivo de controlar os riscos de explosão em áreas classificadas onde haja manipulação e processamento de
poeiras combustíveis são os Sistemas de Exaustão e Filtragem.

Estes sistemas destinam-se à coleta do particulado em suspensão o mais próximo possível da fonte de geração evitando
que se formem nuvens ou camadas de poeiras potencialmente explosivas.

Um sistema de exaustão pode ser esquematicamente representado conforme a figura 4 abaixo.

Captores adequadamente concebidos e


dimensionados (E) coletam o pó em suspensão e o
conduzem através de tubulação (A) até um filtro
auto-limpante (F) que retém o particulado e
descarrega ar filtrado na atmosfera (DE).

Outros acessórios importantes como a válvula


contra retorno da onda explosiva (C), ventilador com
construção anti-centelhante (VE), etc., compõem um
típico sistema de exaustão e filtragem de poeiras
combustíveis.

Figura 4
Ilustração esquemática de sistema de exaustão localizada com filtragem.
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O sistema evita assim que o particulado em suspensão (combustível) forme nuvens explosivas (dispersão) dentro da área
fabril (confinamento) onde há, obviamente, a presença de ar (comburente) e uma eventual centelha (fonte de ignição) leve a
uma explosão. Assim, os sistemas de exaustão e filtragem impedem que se forme o “pentágono da explosão” reduzindo
significativamente os riscos.

A concepção básica de um filtro próprio para uso com poeiras explosivas, inadequadamente chamado de “filtro à prova de
explosão”, é o alívio controlado da pressão gerada por uma deflagração, direcionando a onda de choque para um sentido
previamente previsto (figuras 5 e 6). Desta forma pode-se manter a segurança das pessoas e do patrimônio, exceto é claro,
do próprio equipamento que é sacrificado em benefício da preservação de vidas e de toda uma instalação fabril.

Figura 5 Figura 6
Desenho esquemático da onda de choque de uma explosão num filtro ATEX Painéis de alívio instalados em filtros ATEX para trabalhos com poeiras explosivas
(Imagem: Nederman)
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Um aspecto importantíssimo também é observar que tais sistemas devem, por força de norma, ter uma construção
compatível com a finalidade a que se destinam.

No caso do filtro, uma nuvem explosiva em seu interior é esperada e, portanto, trata-se ali de uma “Zona 20” ou “Zona 21”. Já
no caso dos captores e tubulações, instalados dentro da área classificada, há necessidade de serem anti-estáticos e no caso
dos ventiladores devem ter construção anti-centelhante como proteção a um eventual vazamento de pó do filtro.

Todos estes critérios e formas construtivas são devidamente estabelecidos nas normas aplicáveis.

As diretivas ATEX por exemplo, exigem a marcação dos equipamentos utilizados conforme exemplo abaixo.

Esta marcação define, entre outras coisas, a que tipo de área


classificada o equipamento está apto a trabalhar, qual o tipo
de substância que pode processar, limites de temperatura
(MIE) e outros aspectos importantes para a correta
caracterização do equipamento e a especificação do
processo onde vai ser empregado.

Em tese, todo equipamento utilizado em áreas classificadas


deve possuir uma marcação que identifique suas
características conforme uma norma aplicável; diretivas ATEX
ou outras equivalentes. Exemplo de marcação ATEX

Cabe aos responsáveis pelas áreas classificadas assegurarem-se de que os equipamentos empregados estejam devidamente
marcados e certificados para o emprego previsto.
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Considerando ainda que o acúmulo de poeiras combustíveis sobre superfícies em geral é extremamente perigoso, ao lado das
nuvens de pó em suspensão, sistemas de limpeza à vácuo tem sido muito utilizados como medida preventiva complementar.

Tais sistemas podem ser desde equipamentos móveis de aspiração (Figura 7) até instalações centralizadas que servem vácuo
à toda área fabril, como uma utilidade (Figura 8), da mesma forma que o é o ar comprimido, a energia elétrica, etc.

Figura 7: Equipamento móvel Figura 8: Sistema Central de Vácuo


(Imagem: Nederman) (Imagem: Nederman)

Tal arranjo, ao lado de boas práticas de utilização, permitem a manutenção das áreas classificadas praticamente livres do
risco de acúmulo de poeiras combustíveis sobre superfícies.
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A propósito, uma das indicações mais evidentes de risco aumentado de explosões é o acúmulo de poeiras combustíveis
sobre o piso em quantidade suficiente para formação de pegadas (figura 10) ou outras superfícies com poeiras
combustíveis acumuladas (figura 9).

Figura 9: Acúmulo de pó combustível sobre superfície Figura 10: Acúmulo de pó no piso.


devido à falta de limpeza (Imagem: Project-Explo Fórum Nacional sobre Riscos de Explosões 2012)
(Imagem: Project-Explo Fórum Nacional sobre Riscos de Explosões 2012)

O uso dos sistemas de exaustão e filtragem e de limpeza por vácuo (aspiração) pode reduzir muito o nível de risco da área
classificada levando a uma reclassificação mais favorável de risco da “Zona” e a uma enorme redução no investimento em
outros itens de proteção, particularmente em instalações elétricas.

Além disso, uso de tais sistemas reduz significativamente o prêmio das apólices de seguro, muitas das vezes tornando-as
viáveis em casos onde não o são. É muito importante notar porém, que tais equipamentos e sistemas de vácuo também
estão sujeitos às normas construtivas, marcações e certificações das diretivas ATEX ou outras normas equivalentes
aplicáveis.
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6. Outras medidas do controle de risco


Além dos sistemas de exaustão e filtragem e de limpeza a vácuo ATEX, que são os meios mais eficazes de controle dos
riscos de explosões causadas por poeiras explosivas, algumas medidas administrativas também devem ser adotadas.

A elaboração de procedimentos de trabalho documentados e devidamente controlados, baseados em análises de risco, o


treinamento adequado do pessoal empregado, o uso de instrumentos de trabalho e vestimenta especiais quando for o
caso, controle periódico da resistividade do aterramento e outras medidas específicas devem complementar as etapas
acima listadas.
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7. Conclusões

 A manipulação e o processamento de pó nos mais diversos processos industriais podem envolver riscos de explosão devido
às possíveis características combustíveis destas substâncias, conforme pode se constatar pelo “Pentágono das Explosões”.
O conhecimento das características físico-químicas da substância como Kst, Pmax, e MIE, aliado à pertinente classificação
da área, permitem a elaboração de uma avaliação de riscos e tomada de medidas preventivas que busquem minimizá-los a
um nível confortável.

 O uso de sistemas de exaustão e filtragem para coleta do particulado em suspensão o mais próximo possível da fonte de
geração assim como uso de sistemas de limpeza por aspiração, são os métodos mais eficazes de controle destes riscos. Tais
equipamentos, assim como todos os demais utilizados em áreas classificadas, devem ser concebidos, identificados e
certificados de acordo com normas aplicáveis para a função à qual se destinam, destacando-se entre estas normas as
diretivas ATEX da comunidade europeia.

 Medidas administrativas complementares também são importantes para


manutenção dos riscos nos níveis projetados sem degradação da situação
com o passar do tempo.
Informativo Técnico: Fumos metálicos em corte térmico

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Informativo Técnico: Poeiras Combustíveis na Indústria. Agosto, 2016.

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