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DIREITO ADMINISTRATIVO
1. PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS
1.1. AUTOTUTELA: Recebimento de auxílio-moradia com má-fé e inexistência de
decadência – (Info 839)
O Estado de Pernambuco celebrou convênio com a União por meio do qual recebeu
determinadas verbas para realizar projetos de interesse público no Estado,
assumindo o compromisso de prestar contas da utilização de tais valores perante a
União e o TCU. Ocorre que o Estado não prestou contas corretamente, o que fez com
que a União o inserisse no CAUC. Ao julgar uma ação proposta pelo Estado-
membro contra a União, o STF exarou duas importantes conclusões:
1) Viola o princípio do devido processo legal a inscrição de unidade federativa em
cadastros de inadimplentes antes de iniciada e julgada tomada de contas especial
pelo Tribunal de Contas da União. Em casos como esse, mostra-se necessária a
tomada de contas especial e sua respectiva conclusão, a fim de reconhecer que houve
realmente irregularidades. Só a partir disso é possível a inscrição do ente nos
cadastros de restrição ao crédito organizados e mantidos pela União.
A Administração Pública pode anular seus próprios atos quando estes forem
ilegais. No entanto, se a invalidação do ato administrativo repercute no campo de
interesses individuais, faz-se necessária a instauração de processo administrativo
que assegure o devido processo legal e a ampla defesa.
Assim, a prerrogativa de a Administração Pública controlar seus próprios atos não
dispensa a observância do contraditório e ampla defesa prévios em âmbito
administrativo.
STF. 2ª Turma. RMS 31661/DF, rel. Min. Gilmar Mendes, j. 10/12/13 (Info 732).
STF. Plenário. MS 25399/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 15/10/14 (Info 763).
2. PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE
2.1. Divulgação de vencimentos dos servidores públicos com relação nominal –
(Info 782)
3. NEPOTISMO
3.1. Não haverá nepotismo se a pessoa nomeada possui um parente no órgão, mas
sem influência hierárquica sobre a nomeação – (Info 815)
3.2. Norma que impede nepotismo no serviço público não alcança servidores de
provimento efetivo – (Info 786)
A Constituição do Estado do Espírito Santo prevê, em seu art. 32, VI, que é “vedado
ao servidor público servir sob a direção imediata de cônjuge ou parente até segundo
grau civil”.
Foi proposta uma ADI contra esta norma.
O STF julgou a norma constitucional, mas decidiu dar interpretação conforme à
Constituição, no sentido de o dispositivo ser válido somente quando incidir sobre
os cargos de provimento em comissão, função gratificada, cargos de direção e
assessoramento. Em outras palavras, o STF afirmou que essa vedação não pode
alcançar os servidores admitidos mediante prévia aprovação em concurso público,
ocupantes de cargo de provimento efetivo, haja vista que isso poderia inibir o
próprio provimento desses cargos, violando, dessa forma, o art. 37, I e II, da CF/88,
que garante o livre acesso aos cargos, funções e empregos públicos aos aprovados
em concurso público.
STF. Plenário. ADI 524/ES, rel. orig. Min. Sepúlveda Pertence, red. p/ o acórdão Min.
Ricardo Lewandowski, j. 20/5/2015 (Info 786).
4. PODER DE POLÍCIA
4.1. Poder de polícia de trânsito e guardas municipais – (Info 793) –
IMPORTANTE!!! – (MPSP-2015)
5. CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
5.1. O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do contratado
não transfere automaticamente ao Poder Público a responsabilidade pelo seu
pagamento – (Info 862) – IMPORTANTE!!!
Obs: a tese acima foi a fixada pelo STF. No entanto, penso que é importante um
esclarecimento revelado durante os debates: é possível sim, excepcionalmente, que
a Administração Pública responda pelas dívidas trabalhistas contraídas pela
empresa contratada e que não foram pagas, desde que o ex-empregado reclamante
comprove, com elementos concretos de prova, que houve efetiva falha do Poder
Público na fiscalização do contrato.
STF. Plenário. RE 760931/DF, rel. orig. Min. Rosá Weber, red. p/ o ác. Min. Luiz Fux,
j. 26/4/17 (repercussão geral) (Info 862).
6. LICITAÇÕES
6.1. É inconstitucional lei estadual que exige nova certidão negativa não prevista
na Lei 8.666/93 – (Info 838) – IMPORTANTE!!!
É inconstitucional lei estadual que exija Certidão negativa de Violação aos Direitos
do Consumidor dos interessados em participar de licitações e em celebrar contratos
com órgãos e entidades estaduais.
Esta lei é inconstitucional porque compete privativamente à União legislar sobre
normas gerais de licitação e contratos (art. 22, XXVII, da CF/88).
STF. Plenário. ADI 3.735/MS, Rel. Min. Teori Zavascki, j. 8/9/16 (Info 838).
OBS:
Certidão de Violação aos Direitos do Consumidor (CVDC): O Estado do Mato Grosso
do Sul editou uma lei prevendo que para a pessoa (física ou jurídica) participar de
licitações ou assinar contratos com a Administração Pública estadual acima de
determinado valor, ela deveria apresentar uma certidão negativa de violação aos
direitos do consumidor. De acordo com a lei, a pessoa ficaria impedida de tirar essa
certidão negativa se já tivesse sido condenada, administrativa ou judicialmente, por
ofensa a direitos do consumidor, nos últimos 5 anos.
Isso significa que os Estados, DF e os Municípios podem editar leis tratando sobre
licitações e contratos, desde que sejam referentes a normas “não gerais”. Em outras
palavras, tais entes podem suplementar as normas gerais fixadas pela União,
conforme autorizam os arts. 24, § 2º, 25, §1º, e 30, II:
Art. 24 (...)
§ 2º - A competência da União para legislar sobre normas
gerais não exclui a competência suplementar dos Estados.
Art. 25 (...)
§ 1º - São reservadas aos Estados as competências que não lhes
sejam vedadas por esta Constituição.
6.2. É constitucional lei estadual que determina que a Administração Pública irá,
preferencialmente, utilizar “softwares” livres – (Info 780)
O Governo do Rio Grande do Sul editou uma lei estadual determinando que a
administração pública do Estado, assim como os órgãos autônomos e empresas sob
o controle do Estado utilizarão preferencialmente em seus sistemas e equipamentos
de informática programas abertos, livres de restrições proprietárias quanto à sua
cessão, alteração e distribuição (“softwares” livres).
Determinado partido político ajuizou uma ADI contra essa lei afirmando que ela
teria inconstitucionalidades materiais e formais.
O STF julgou improcedente a ADI e afirmou que a lei é constitucional.
A preferência pelo “software” livre, longe de afrontar os princípios constitucionais
da impessoalidade, da eficiência e da economicidade, promove e prestigia esses
postulados, além de viabilizar a autonomia tecnológica do País.
Não houve violação à competência da União para legislar sobre licitações e
contratos porque a competência da União para legislar sobre licitações e contratos
fica restrita às normas gerais, podendo os Estados complementar as normas gerais
federais.
A referida lei também não viola o art. 61, II, “b”, da CF/88 porque a competência
para legislar sobre “licitação” não é de iniciativa reservada ao chefe do Poder
Executivo, podendo ser apresentada por um parlamentar, como foi o caso dessa lei.
STF. Plenário. ADI 3059/RS, rel. orig. Min. Ayres Britto, red. p/ o acórdão Min. Luiz
Fux, julgado em 9/4/2015 (Info 780).
OBS:
SV 5-STF: A falta de defesa técnica por advogado no processo
administrativo disciplinar não ofende a Constituição.
A OAB tem legitimidade para propor o cancelamento de SV? SIM. A CF/88 determina
que a proposta de cancelamento da súmula vinculante poderá ser provocada pelas
mesmas autoridades e entidades que podem propor a ADI. Em outras palavras, quem
pode propor ADI pode também pedir o cancelamento de súmula vinculante. No caso,
a OAB encontra-se no rol de legitimados da ADI (art. 103, VII, da CF/88) e,
consequentemente, pode requerer o cancelamento de súmula vinculante.
STF continua entendendo que a falta de defesa técnica no PAD não ofenda a CF: O
precedente que deu origem à SV 5 foi o RE 434.059/DF (DJe 12.9.2008). Neste
julgamento, o STF concluiu que a falta de defesa técnica por advogado no PAD não
ofende a CF. Após a edição da SV 5, não houve mudança na legislação, na
jurisprudência ou na percepção da sociedade a justificar a revisão ou o cancelamento
do verbete.
Existem processos judiciais que dispensam advogado: Importante relembrar que, caso
se reconheça que a SV 5 viola a Constituição, também deveria ser reconhecida a
inconstitucionalidade das normas que, em processo judicial, dispensam a presença de
advogado (exs: processos trabalhistas, juizados especiais etc.).
SV 5 não se aplica para processos disciplinares que apuram falta grave no sistema
prisional: Vale ressaltar que a SV 5 refere-se ao típico processo administrativo
disciplinar, ou seja, aquele que tramita no âmbito da Administração Pública. Este
enunciado não se aplica para o processo administrativo que apura infrações
cometidas no sistema penitenciário. Assim, mesmo havendo precedentes do STF
exigindo advogado nos processos de apuração de falta grave do condenado, estes não
podem ser invocados para justificar o cancelamento da SV 5.
Este “empréstimo” da prova é permitido mesmo que o processo penal ainda não tenha
transitado em julgado? SIM. É possível a utilização, em processo administrativo
disciplinar, de prova emprestada validamente produzida em processo criminal,
independentemente do trânsito em julgado da sentença penal condenatória. Isso
porque, em regra, o resultado da sentença proferida no processo criminal não
repercute na instância administrativa, tendo em vista a independência existente entre
as instâncias (STJ. 2ª Turma. RMS 33.628-PE, Rel. Min. Humberto Martins, j. 2/4/13.
Info 521).
Ex.: a Polícia Federal, por meio de interceptação judicial deferida pelo juízo criminal,
conseguiu captar conversa na qual determinado servidor público exige quantia para
praticar certo ato relacionado com suas atribuições. Com base nessa prova e em outras
constantes do inquérito, o MPF oferece denúncia contra esse servidor. A
Administração Pública, por sua vez, instaura processo administrativo disciplinar.
8. CONCURSO PÚBLICO
8.1. POSSE TARDIA EM CARGO PÚBLICO POR DETERMINAÇÃO JUDICIAL:
A nomeação tardia a cargo público em decorrência de decisão judicial não gera direito
à promoção retroativa – (Info 868) – IMPORTANTE!!!
O art. 236, § 3º, da CF é uma norma constitucional autoaplicável. Logo, mesmo antes
da edição da Lei 8.935/94, ela já tinha plena eficácia e o concurso público era
obrigatório como condição não apenas para ingresso na atividade notarial e de
registro, como também nos casos de remoção ou permuta.
As normas estaduais que admitem a remoção na atividade notarial e de registro
independentemente de prévio concurso público são incompatíveis com o art. 236, §
3º, da Constituição, razão pela qual não foram por essa recepcionadas.
O prazo decadencial de 5 anos, de que trata o art. 54 da Lei nº 9.784/99, não se aplica
à revisão de atos de delegação de serventias extrajudiciais editados após a CF/88,
sem o atendimento das exigências prescritas no seu art. 236. Assim, se uma pessoa
assumiu uma serventia notarial ou registral sem concurso público após a CF/88, este
ato poderá ser anulado mesmo que já se tenham passado mais de 5 anos.
A decisão que anula o ato de investidura em serventia notarial e registral sem
concurso público não viola o direito adquirido nem a segurança jurídica.
STF. 1ª Turma. MS 29415/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Luiz
Fux, j. 27/09/16 (Info 841).
OBS:
Imagine a seguinte situação hipotética: João prestou concurso para soldado da Polícia
Militar. O edital do certame previa restrições para candidatos que possuem tatuagens.
Segundo o edital, seriam excluídos do concurso candidatos que possuíssem tatuagens
localizadas em regiões do corpo que ficassem visíveis quando o indivíduo estivesse
usando short e camisa (ex: antebraço). João foi aprovado em todas as fases, mas
eliminado do concurso porque possui uma tatuagem tribal, medindo 14 por 13 cm na
panturrilha.
Restrições a cargos públicos somente podem estar relacionadas com o exercício das
funções: Qualquer obstáculo a acesso a cargo público deve estar relacionado
unicamente ao exercício das funções como, por exemplo, idade ou altura que
impossibilitem o exercício de funções específicas. A criação de barreiras arbitrárias
para impedir o acesso de candidatos a cargos públicos fere os princípios
constitucionais da isonomia e da razoabilidade.
O candidato que toma posse em concurso público por força de decisão judicial
precária assume o risco de posterior reforma desse julgado que, em razão do efeito
“ex tunc”, inviabiliza a aplicação da teoria do fato consumado em tais hipóteses.
A posse ou o exercício em cargo público por força de decisão judicial de caráter
provisório não implica a manutenção, em definitivo, do candidato que não atende
a exigência de prévia aprovação em concurso público (art. 37, II, da CF/88), valor
constitucional que prepondera sobre o interesse individual do candidato, que não
pode invocar, na hipótese, o princípio da proteção da confiança legítima, pois
conhece a precariedade da medida judicial.
Em suma, não se aplica a teoria do fato consumado para candidatos que assumiram
o cargo público por força de decisão judicial provisória posteriormente revista.
STF. 1ª Turma. RMS 31538/DF, rel. orig. Min. Luiz Fux, red. p/ o acórdão Min. Marco
Aurélio, julgado em 17/11/2015 (Info 808).
STF. Plenário. RE 608482/RN, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 7/8/2014
(repercussão geral) (Info 753).
É possível que o Poder Judiciário anule questão objetiva de concurso público que
foi elaborada de maneira equivocada? É possível que seja alterada a pontuação dada
ao candidato na questão sob o argumento de que a correção feita pela banca foi
inadequada?
Regra: NÃO. Os critérios adotados por banca examinadora de concurso
público não podem ser revistos pelo Poder Judiciário. Não é possível
controle jurisdicional sobre o ato administrativo que corrige questões de
concurso público. Não compete ao Poder Judiciário substituir a banca
examinadora para reexaminar o conteúdo das questões e os critérios de
correção utilizados.
Exceção: apenas em casos de flagrante ilegalidade ou inconstitucionalidade,
a Justiça poderá ingressar no mérito administrativo para rever critérios de
correção e de avaliação impostos pela banca examinadora.
STF. Plenário. RE 632853/CE, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 23/4/2015
(repercussão geral) (Info 782).
8.10. É inconstitucional lei estadual que cria Serviço de Interesse Militar Voluntário
Estadual – (Info 780)
O Estado de Goiás editou uma lei criando algo que ele chamou de Serviço de
Interesse Militar Voluntário Estadual (SIMVE). Esse SIMVE funcionaria, em linhas
gerais, da seguinte forma: as pessoas poderiam se alistar para trabalhar
“voluntariamente” como soldado na Polícia Militar ou no Corpo de Bombeiros
Militar. Haveria uma espécie de seleção (menos rigorosa que um concurso público)
e, se a pessoa fosse escolhida, ela receberia, como contraprestação pelo trabalho
desempenhado, um subsídio e atuaria como se fosse um soldado. Esse contrato seria
por um prazo determinado.
O STF entendeu que esse SIMVE é formal e materialmente inconstitucional.
O SIMVE viola a regra do concurso público (art. 37, II, da CF/88).
Além disso, o STF afirmou ainda que a Lei estadual possui um vício formal, já que
trata sobre prestação voluntária de serviços na PM e Corpo de Bombeiros de forma
diametralmente oposta ao que diz a Lei federal 10.029/2000.
STF. Plenário. ADI 5163/GO, rel. Min. Luiz Fux, julgado em 26/3/2015 (Infos 780 e
781).
8.13. Questão da prova objetiva que exige do candidato saber quantas afirmações
estão corretas – (Info 778)
A lei estadual do Estado “X” prevê que, em caso de empate entre os candidatos em
concurso de remoção para serventias notariais e registrais, o primeiro critério de
desempate é o maior tempo de serviço público.
Ocorre que a Lei Federal 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) determina que o primeiro
critério de desempate em concurso público será a idade, dando-se preferência ao
de idade mais elevada (art. 27, parágrafo único).
Qual das duas legislações deverá prevalecer no caso?
A legislação estadual. O Estatuto do Idoso, por ser lei geral, não se aplica como
critério de desempate, no concurso público de remoção para outorga de delegação
notarial e de registro, quando existir lei estadual específica que regule o certame e
traga regras aplicáveis em caso de empate. Desse modo, em nosso exemplo, a vaga
deve ficar com o candidato que tiver maior tempo de serviço público (e não
necessariamente com o mais idoso).
STF. 1ª Turma. MS 33046/PR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 10/3/2015 (Info 777).
8.15. Posse em cargo público por determinação judicial e dever de indenizar – (Info
775) – IMPORTANTE!!! – (DPEPR-2017)
O candidato que teve postergada a assunção em cargo por conta de ato ilegal da
Administração tem direito a receber a remuneração retroativa?
Regra: NÃO. Não cabe indenização a servidor empossado por decisão
judicial sob o argumento de que houve demora na nomeação. Dito de outro
modo, a nomeação tardia a cargo público em decorrência de decisão judicial
não gera direito à indenização.
Exceção: será devida indenização se ficar demonstrado, no caso concreto,
que o servidor não foi nomeado logo por conta de uma situação de
arbitrariedade flagrante.
Nas exatas palavras do STF: “Na hipótese de posse em cargo público determinada
por decisão judicial, o servidor não faz jus à indenização, sob fundamento de que
deveria ter sido investido em momento anterior, salvo situação de arbitrariedade
flagrante.”
STF. Plenário. RE 724347/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min.
Roberto Barroso, julgado em 26/2/2015 (repercussão geral) (Info 775).
8.16. Sociedade de economia mista que contrata escritório de advocacia em vez de
convocar advogados aprovados – (Info 763) – IMPORTANTE!!!
8.17. Serviços sociais autônomos não precisam realizar concurso público – (Info 759)
– IMPORTANTE!!! – (DPEAC-2017) (DPEAL-2017)
Os serviços sociais autônomos precisam realizar concurso público para contratar seu
pessoal?
NÃO. Os serviços sociais autônomos, por possuírem natureza jurídica de direito
privado e não integrarem a Administração Pública, mesmo que desempenhem
atividade de interesse público em cooperação com o ente estatal, NÃO estão sujeitos
à observância da regra de concurso público (art. 37, II, da CF/88) para contratação de
seu pessoal.
STF. Plenário. RE 789874/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 17/9/2014
(repercussão geral) (Info 759).
(DPEAC-2017-CESPE): Conforme entendimento do STF, as entidades de serviços
sociais autônomos integrantes do sistema “S” não se submetem à exigência do
concurso público para a contratação de pessoal. BL: Info 759, STF.
9. ORGANIZAÇÕES SOCIAIS
9.1. Constitucionalidade da Lei 9.637/98 – (Info 781) – IMPORTANTE!!!
Organizações sociais são pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos,
prestadoras de atividades de interesse público e que, por terem preenchido
determinados requisitos previstos na Lei 9.637/98, recebem a qualificação de
“organização social”.
A pessoa jurídica, depois de obter esse título de “organização social”, poderá
celebrar com o Poder Público um instrumento chamado de “contrato de gestão” por
meio do qual receberá incentivos públicos para continuar realizando suas
atividades.
Foi ajuizada uma ADI contra diversos dispositivos da Lei 9.637/98 e também contra
o art. 24, XXIV, da Lei 8.666/93, que prevê a dispensa de licitação nas contratações
de organizações sociais.
O Plenário do STF não declarou os dispositivos inconstitucionais, mas deu
interpretação conforme a Constituição para deixar explícitas as seguintes
conclusões:
a) o procedimento de qualificação das organizações sociais deve ser conduzido de
forma pública, objetiva e impessoal, com observância dos princípios do “caput” do
art. 37 da CF, e de acordo com parâmetros fixados em abstrato segundo o disposto
no art. 20 da Lei 9.637/98;
b) a celebração do contrato de gestão deve ser conduzida de forma pública, objetiva
e impessoal, com observância dos princípios do “caput” do art. 37 da CF;
c) as hipóteses de dispensa de licitação para contratações (Lei 8.666/1993, art. 24,
XXIV) e outorga de permissão de uso de bem público (Lei 9.637/1998, art. 12, § 3º)
são válidas, mas devem ser conduzidas de forma pública, objetiva e impessoal, com
observância dos princípios do “caput” do art. 37 da CF;
d) a seleção de pessoal pelas organizações sociais deve ser conduzida de forma
pública, objetiva e impessoal, com observância dos princípios do “caput” do art. 37
da CF, e nos termos do regulamento próprio a ser editado por cada entidade; e
e) qualquer interpretação que restrinja o controle, pelo Ministério Público e pelo
Tribunal de Contas da União, da aplicação de verbas públicas deve ser afastada.
STF. Plenário. ADI 1923/DF, rel. orig. Min. Ayres Britto, red. p/ o acórdão Min. Luiz
Fux, julgado em 15 e 16/4/2015 (Info 781)
É constitucional o art. 7º, III e XV, da Lei 9.782/99, que preveem que compete à
ANVISA:
III - estabelecer normas, propor, acompanhar e executar as
políticas, as diretrizes e as ações de vigilância sanitária;
XV - proibir a fabricação, a importação, o armazenamento, a
distribuição e a comercialização de produtos e insumos, em
caso de violação da legislação pertinente ou de risco
iminente à saúde;
11.2. Lei estadual que trata sobre a nomeação e destituição de dirigentes de agências
reguladoras – (Info 759)
Como é o pagamento desta indenização? Pode ser de outra forma que não seja
dinheiro? NÃO. Durante os debates do julgamento, o Min. Barroso propôs que a
indenização não fosse em dinheiro, mas sim por meio de remição da pena. Em vez de
receber uma reparação pecuniária, os presos que sofrem danos morais por cumprirem
pena em presídios com condições degradantes teriam direito ao "abatimento" de dias
da pena. Vale ressaltar que esta solução do Ministro Barroso não tem previsão na lei e
seria feita por meio da aplicação, por analogia, do art. 126 da LEP:
Art. 126. O condenado que cumpre a pena em regime fechado
ou semiaberto poderá remir, por trabalho ou por estudo, parte
do tempo de execução da pena.
Pela proposta do Ministro, os danos morais causados a presos por superlotação ou
condições degradantes deveriam ser reparados, preferencialmente, pela remição de
parte do tempo da pena – à razão de um dia de remição para cada 3 a 7 dias cumpridos
sob essas condições adversas, a critério do juiz da Vara de Execuções Penais
competente. Barroso argumentou que, com a solução, ganha o preso, que reduz o
tempo de prisão, e ganha o Estado, que se desobriga de despender recursos com
indenizações, dinheiro que pode ser, inclusive, usado na melhoria do sistema.
O voto do Min. Barroso foi acompanhado por Luiz Fux e Celso de Mello, sendo,
portanto, minoritário (vencido).
Assim, a maioria do STF decidiu que a indenização deve ser mesmo em pecúnia.
O STF decidiu que "é prescritível a ação de reparação de danos à Fazenda Pública
decorrente de ilícito civil." (RE 669069/MG). Em embargos de declaração opostos
contra esta decisão, o STF afirmou que:
a) O conceito de ilícito civil deve ser buscado pelo método de exclusão: não se
consideram ilícitos civis aqueles que decorram de infrações ao direito público,
como os de natureza penal, os decorrentes de atos de improbidade e assim por
diante.
b) As questões relacionadas com o início do prazo prescricional não foram
examinadas no recurso extraordinário porque estão relacionadas com matéria
infraconstitucional, que devem ser decididas segundo a interpretação da legislação
ordinária.
c) Não deveria haver modulação dos efeitos, considerando que na jurisprudência
do STF não havia julgados afirmando que as pretensões de ilícito civil seriam
imprescritíveis. Logo, o acórdão do STF não frustrou a expectativa legítima da
Administração Pública.
STF. Plenário. RE 669069/MG, Rel. Min. Teori Zavascki, j. 3/2/16 (repercussão geral)
(Info 813).
STF. Plenário. RE 669069 ED/MG, Rel. Min. Teori Zavascki, j. 16/6/16 (Info 830).
Art. 37 (...)
§ 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado
prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus
agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito
de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
Requisitos para que haja a responsabilidade civil do Estado: Quando se fala que a
responsabilidade do Estado é objetiva, isso significa que a pessoa que sofreu um dano
causado por um agente público terá que provar apenas três elementos:
a) conduta praticada por um agente público, nesta qualidade;
b) dano;
c) nexo de causalidade (demonstração de que o dano foi causado pela conduta).
Logo, o Poder Público poderá ser condenado a indenizar pelos danos que o preso
venha a sofrer. Esta responsabilidade é objetiva. Assim, a morte de detento gera
responsabilidade civil objetiva para o Estado em decorrência da sua omissão
específica em cumprir o dever especial de proteção que lhe é imposto pelo art. 5º, XLIX,
da CF/88.
Ressalta-se, no entanto, que a responsabilidade civil neste caso, apesar de ser objetiva,
é regrada pela teoria do risco administrativo. Desse modo, o Estado poderá ser
dispensado de indenizar se ficar demonstrado que ele não tinha a efetiva
possibilidade de evitar a ocorrência do dano. Nas exatas palavras do Min. Luiz Fux:
"(...) sendo inviável a atuação estatal para evitar a morte do preso, é imperioso
reconhecer que se rompe o nexo de causalidade entre essa omissão e o dano.
Entendimento em sentido contrário implicaria a adoção da teoria do risco integral, não
acolhida pelo texto constitucional (...)".
Em suma:
Em regra: o Estado é objetivamente responsável pela morte de detento. Isso
porque houve inobservância de seu dever específico de proteção previsto no
art. 5º, inciso XLIX, da CF/88.
Exceção: o Estado poderá ser dispensado de indenizar se ele conseguir provar
que a morte do detento não podia ser evitada. Neste caso, rompe-se o nexo de
causalidade entre o resultado morte e a omissão estatal.
Exemplo: Imagine que um detento está doente e precisa de tratamento médico. Ocorre
que este não lhe é oferecido de forma adequada pela administração penitenciária. Há
claramente uma violação ao art. 14 da LEP. Neste caso, se o preso falecer, o Estado
deverá ser responsabilizado, considerando que houve uma omissão específica e o
óbito era plenamente previsível. Suponha, no entanto, que o preso estivesse bem e
saudável e, sem qualquer sinal anterior, sofre um mal súbito no coração e cai morto
instantaneamente no pátio do presídio. Nesta segunda hipótese, o Poder Público não
deverá ser responsabilizado por essa morte, já que não houve omissão estatal e este
óbito teria acontecido mesmo que o preso estivesse em liberdade.
O Estado pode ser responsabilizado pela morte do detento mesmo que ele se suicide?
SIM. Existem precedentes do STF e do STJ nesse sentido: STF. 2ª Turma. ARE 700927
AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 28/08/2012. Todavia, aqui também, como
se adota a teoria do risco administrativo, o Estado poderá provar alguma causa
excludente de responsabilidade. Assim, nem sempre que houver um suicídio, haverá
responsabilidade civil do Poder Público.
Vale ressaltar que é a Administração Pública que tem o ônus de provar a causa
excludente de responsabilidade.
STF reconheceu que a União deve indenizar companhia aérea, que explorava os
serviços de aviação, sob o regime de concessão, pelos prejuízos causados
decorrentes de plano econômico que determinou o congelamento das tarifas de
aviação.
STF. Plenário. RE 571969/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 12/3/2014 (Info
738).
15.2. Eficácia imediata do teto de retribuição fixado pela EC 41/2003 – (Info 761)
17.3. Se a pessoa acumular licitamente dois cargos públicos ela poderá receber acima
do teto – (Info 862) – IMPORTANTE!!!
Os efeitos financeiros das revisões de aposentadoria concedida com base no art. 6º-
A da EC 41/2003, introduzido pela EC 70/2012, somente se produzirão a partir da
data de sua promulgação (30/3/2012).
STF. Plenário. RE 924456/RJ, rel. orig. Min. Dias Toffoli, red. p/ o ac. Min. Alexandre
de Moraes, j. 5/4/17 (Info 860).
17.5. Magistrado que estava recebendo abono de permanência e foi promovido terá
direito de continuar percebendo o benefício – (Info 859)
17.10. Revogação de lei que concedeu aumento sem que tenham se iniciado seus
efeitos financeiros – (Info 819)
OBS:
Conversão da súmula 680 do STF: A conclusão exposta nesta SV 54 já era prevista em
uma súmula “comum” do STF, a súmula 680 (de 24/09/2003). O Plenário do STF tem
convertido em súmulas vinculantes algumas súmulas “comuns” com o objetivo de
agilizar os processos e pacificar os temas. Essa foi uma das escolhidas.
Por que a paridade era algo positivo para os servidores aposentados? Os servidores
aposentados possuem um poder de pressão e de barganha menor que os servidores
em atividade. Isso porque estes últimos podem fazer greve, dificultar a prestação dos
serviços públicos, realizar operações padrão etc. Todos esses mecanismos servem
como instrumento de pressão contra o Governo. Desse modo, sem o princípio da
paridade, a Administração Pública pode reajustar apenas a remuneração dos
servidores da ativa, não concedendo o mesmo aumento aos aposentados. Com isso,
agrada aqueles que podem causar maiores transtornos e faz economia ao não
beneficiar os inativos. Com a paridade, os aposentados eram sempre agraciados
quando os servidores ativos conseguiam alguma conquista remuneratória para a
categoria.
O princípio da paridade ainda existe? NÃO. “Esse princípio foi revogado, restando
somente para os servidores com direito adquirido, que já preenchiam os requisitos
para a aposentadoria antes da edição da EC 41 (art. 3º, EC 41), ficando também
resguardado o direito para aqueles que estão em gozo do benefício (art. 7º, EC 41) e os
que se enquadrarem nas regras de transição do art. 6º da EC 41 e do art. 3º da EC 47.”
(MARINELA, Fernanda. Direito Administrativo. 7ª ed., Niterói: Impetus, 2013, p. 774).
Desse modo, se você ingressar no serviço público hoje, não terá a garantia da paridade
quando se aposentar.
No lugar da paridade, existe hoje o chamado “princípio da preservação do valor real”,
previsto no art. 40, § 8º, da CF/88, segundo o qual os proventos do aposentado devem
ser constantemente reajustados para que seja sempre garantido o seu poder de
compra.
O STF concordou com a tese dos aposentados? Mesmo sem previsão legal, os
servidores inativos também possuem direito ao auxílio-alimentação? As leis que
preveem o pagamento de auxílio-alimentação apenas aos servidores ativos violam o
princípio da paridade? NÃO. O direito ao auxílio-alimentação (vale-alimentação) não
pode ser estendido aos servidores inativos com base no princípio da paridade. Isso
porque esta verba tem natureza indenizatória e é destinada apenas a cobrir os custos
de refeição devida exclusivamente ao servidor que se encontrar no exercício de suas
funções, não se incorporando à remuneração nem aos proventos de aposentadoria.
Mesmo quando vigorava o princípio da paridade, algumas verbas concedidas aos
servidores ativos não precisavam ser estendidas aos aposentados se ficasse
demonstrado que tais quantias eram próprias do serviço e incompatíveis com o
inatividade. O exemplo mais marcante era o direito ao adicional de férias. Ora, o
servidor inativo não recebe esta verba porque o aposentado não tem férias. Outro
exemplo seriam as horas extras. Para o STF, o auxílio-alimentação é mais um exemplo
dessas verbas que são próprias da atividade e incompatíveis com a aposentadoria.
Segundo este ponto de vista, o valor pago a título de auxílio-alimentação destina-se a
custear as despesas que o servidor público tem com alimentação no horário do almoço
ou lanche pelo fato de ter saído para trabalhar e, por isso, não estar fazendo suas
refeições em casa. Este é o argumento que, em tese, justificaria ser uma verba exclusiva
dos servidores da ativa. Quando foi em 2003, o Tribunal decidiu deixar ainda mais
clara a sua posição e editou a súmula 680, prevendo que "o direito ao auxílio-
alimentação não se estende aos servidores inativos". Agora, este enunciado é alçado à
condição de súmula vinculante.
Algumas Constituições estaduais preveem que a pessoa que tiver exercido o cargo
de Governador do Estado fará jus, após deixar o mandato, a um subsídio mensal e
vitalício. Alguns chamam isso de representação, outros de pensão vitalícia e outros
de pensão civil. A previsão desse pagamento é compatível com a CF/88?
NÃO. Essa regra fere o princípio da isonomia. Não há uma justificativa razoável
para que seja prevista genericamente a concessão da “pensão” para ex-
governadores, configurando um tratamento privilegiado sem haver fundamento
legítimo.
STF. Plenário. ADI 4552 MC/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 9/4/2015 (Info
780).
17.19. Pensão por morte e menor sob guarda (Lei 8.112/90) – (Info 766)
O menor que, na data do óbito do servidor, esteja sob a guarda deste último, tem
direito à pensão temporária até completar 21 anos de idade (art. 217, II, "b" da Lei
nº 8.112/90).
Vale ressaltar que é irrelevante o fato de a guarda ser provisória ou definitiva.
STF. 1ª Turma. MS 31687 AgR/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 11/3/2014 (Info
738).
STF. 2ª Turma. MS 31770/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 3/11/2014 (Info
766).
Súmula vinculante 37-STF: Não cabe ao poder judiciário, que não tem função
legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos sob o fundamento de
isonomia.
STF. Plenário. Aprovada em 16/10/2014.
(...) O Poder Judiciário não tem poder para conceder aumentos para servidores
regidos pelo regime estatutário com base no princípio da isonomia.
STF. Plenário. RE 592317/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 28/8/2014
(repercussão geral) (Info 756).
A Lei n. 8.112/90 prevê que poderá ser concedida licença ao servidor público federal
para acompanhar seu cônjuge ou companheira que foi deslocado para outro ponto
do território nacional, podendo ali exercer provisoriamente atividade compatível
com seu cargo em órgão ou entidade da Administração Federal direta, autárquica
ou fundacional. Tal licença remunerada está prevista no § 2º do art. 84.
Contudo, o servidor não terá direito a essa licença remunerada se o cônjuge se
mudou para outro Município para assumir um cargo público decorrente de
concurso público para o qual foi aprovado.
Em suma, a licença para o acompanhamento de cônjuge ou companheiro de que
trata o § 2º do art. 84 da Lei n. 8.112/90 não se aplica aos casos de provimento
originário de cargo público.
STF. 1ª Turma. MS 28620/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 23/9/2014 (Info 760).
17.27. Servidor público em inatividade não goza do adicional de férias – (Info 755)
17.31. Contratação por tempo determinado do art. 37, IX, da CF/88 – (Info 748)
A lei do ente federativo que regulamente o art. 37, IX, da CF/88, deverá especificar
as hipóteses emergenciais que justificam as medidas de contratação excepcional.
Caso não o faça, ela será tida por inconstitucional.
STF. Plenário. ADI 3649/RJ, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 28/5/2014 (Info 748)
17.32. CONCEITO DE CARGO TÉCNICO PARA OS FINS DO ART. 37, XVI, “B”,
DA CF/88 – (Info 747) – IMPORTANTE!!!
O art. 170 da Lei n. 8.112/90 prevê que, mesmo estando prescrita a infração
disciplinar, é possível que a prática dessa conduta fique registrada nos assentos
funcionais do servidor.
O STF decidiu que esse art. 170 é INCONSTITUCIONAL por violar os princípios
da presunção de inocência e da razoabilidade.
STF. Plenário. MS 23262/DF, rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 23/4/2014 (Info 743).
17.35. Contratação por tempo determinado do art. 37, IX, da CF/88 – (Info 742)
A lei do ente federativo que regulamente o art. 37, IX, da CF/88 não poderá prever
hipóteses abrangentes e genéricas de contratações temporárias sem concurso
público.
Além disso, essa lei deverá especificar a contingência fática que caracteriza a
situação de emergência.
STF. Plenário. RE 658026/MG, rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 9/4/2014 (Info 742).
17.37. Lei que efetivava servidores sem concurso público e modulação dos seus
efeitos – (Info 740)
17.38. Contratação por tempo determinado do art. 37, IX, da CF/88 – (Info 740)
O STF entende que o art. 37, IX, da CF/88 autoriza que a Administração Pública
contrate pessoas, sem concurso público, tanto para o desempenho de atividades de
caráter eventual, temporário ou excepcional, como também para o desempenho das
funções de caráter regular e permanente, desde que indispensáveis ao atendimento
de necessidade temporária de excepcional interesse público.
No caso concreto julgado pelo STF, estava sendo impugnada uma lei do Estado do
Maranhão que permite a contratação, com base no art. 37, IX, da CF/88, de
professores para os ensinos fundamental e médio, desde que não existam
candidatos aprovados em concurso público e devidamente habilitados. A Lei
maranhense prevê que essa contratação deverá ocorrer pelo prazo máximo de 12
meses e o STF conferiu interpretação conforme para que esse prazo seja contado do
último concurso realizado para a investidura de professores. Desse modo, durante
o período de 1 (um) ano, haveria necessidade temporária que justificaria a
contratação sem concurso até que fosse concluído o certame.
STF. Plenário. ADI 3247/MA, rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 26/3/2014 (Info
740).
17.39. O menor sob guarda tem direito à pensão temporária por morte na Lei n.
8.112/90 – (Info 738) – Atenção! Concursos Federais!
O menor que, na data do óbito do servidor, esteja sob a guarda deste último, tem
direito à pensão temporária até completar 21 anos de idade (art. 217, II, "b" da Lei
nº 8.112/90).
Vale ressaltar que é irrelevante o fato de a guarda ser provisória ou definitiva.
STF. 1ª Turma. MS 31687 AgR/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 11/3/2014 (Info
738).
17.41. Lei estadual pode passar a exigir nível superior para cargo público,
aumentando sua remuneração – (Info 734)
É CONSTITUCIONAL Lei estadual que passa a exigir nível superior para
determinado cargo público (que antes era de ensino médio), determinando ainda o
aumento da remuneração paga para os ocupantes desse cargo, que irão agora
receber como servidores de nível superior.
STF. Plenário. ADI 4303/RN, rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 5/2/2014 (Info
734).
Quais são os requisitos para que os servidores públicos possam fazer greve? São
requisitos para a deflagração de uma greve no serviço público:
a) tentativa de negociação prévia, direta e pacífica;
b) frustração ou impossibilidade de negociação ou de se
estabelecer uma agenda comum;
c) deflagração após decisão assemblear;
d) comunicação aos interessados, no caso, ao ente da
Administração Pública a que a categoria se encontre vinculada
e à população, com antecedência mínima de 72 horas (uma vez
que todo serviço público é atividade essencial);
e) adesão ao movimento por meios pacíficos; e
f) a garantia de que continuarão sendo prestados os serviços
indispensáveis ao atendimento das necessidades dos
administrados (usuários ou destinatários dos serviços) e à
sociedade.
A Justiça Comum será competente mesmo que se trate de empregado público (vínculo
celetista)? SIM. A Justiça Comum será competente mesmo que o vínculo do servidor
com a Administração Pública seja regido pela CLT, ou seja, ainda que se trate de
empregado público.
Sobre o tema, o STF fixou a seguinte tese:
A justiça comum, federal ou estadual, é competente para
julgar a abusividade de greve de servidores públicos celetistas
da Administração pública direta, autarquias e fundações
públicas. STF. Plenário. RE 846854/SP, rel. orig. Min. Luiz
Fux, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, j. 1º/8/2017
(repercussão geral) (Info 871).
Vale fazer, contudo, uma importante ressalva: se a greve for de empregados públicos
de empresa pública ou sociedade de economia mista, a competência será da Justiça
do Trabalho.
Estadual ou Federal
Se os servidores públicos que estiverem realizando a greve forem municipais
ou estaduais, a competência será da Justiça Estadual.
Se os servidores públicos grevistas forem da União, suas autarquias ou
fundações, a competência será da Justiça Federal.
E se a greve abranger mais de um Estado?
Se a greve for de servidores estaduais ou municipais e estiver restrita a uma
unidade da Federação (um único Estado), a competência será do respectivo
Tribunal de Justiça (por aplicação analógica do art. 6º da Lei 7.701/88).
Se a greve for de servidores federais e estiver restrita a uma única região da
Justiça Federal (ex: greve dos servidores federais de PE, do CE, do RN e da
PB): a competência será do respectivo TRF (neste exemplo, o TRF5) (por
aplicação analógica do art. 6º da Lei 7.701/88).
Se a greve for de âmbito nacional, ou abranger mais de uma região da Justiça
Federal, ou ainda, compreender mais de uma unidade da federação, a
competência para o dissídio de greve será do STJ (por aplicação analógica do
art. 2º, I, "a", da Lei 7.701/88).
Os policiais militares podem fazer greve? NÃO. A CF/88 proíbe expressamente que
os Policiais Militares, Bombeiros Militares e militares das Forças Armadas façam greve
(art. 142, 3º, IV c/c art. 42, § 1º).
O art. 142, § 3º, IV, da CF/88 não menciona os policiais civis. Em verdade, não existe
nenhum dispositivo na Constituição que proíba expressamente os policiais civis de
fazerem greve. Diante disso, indaga-se: os policiais civis possuem direito de greve?
NÃO. Apesar de não haver uma proibição expressa na CF/88, o STF decidiu que os
policiais civis não podem fazer greve. Aliás, o Supremo foi além e afirmou que
nenhum servidor público que trabalhe diretamente na área da segurança pública pode
fazer greve.
Greve não é direito absoluto: A greve não é um direito absoluto e, neste caso, deverá
ser feito um balanceamento entre o direito de greve e o direito de toda a sociedade à
segurança pública e à manutenção da ordem pública e paz social. Neste caso, há a
prevalência do interesse público e do interesse social sobre o interesse individual de
uma categoria. Por essa razão, em nome da segurança pública, os policiais não podem
fazer greve. Importante destacar que a ponderação de interesses aqui não envolve
direito de greve X continuidade do serviço público. A greve dos policiais é proibida
não por causa do princípio da continuidade do serviço público (o que seria muito
pouco), mas sim por conta do direito de toda a sociedade à garantia da segurança
pública, à garantia da ordem pública e da paz social.
Não se trata de aplicar por analogia o art. 142, § 3º, IV: É importante destacar que o
STF afirmou expressamente que, ao decidir que os policiais civis não possuem direito
de greve, não estava aplicando o art. 142, § 3º, IV, da CF/88 por analogia a eles. Não
se trata, portanto, de analogia. A greve é proibida por força dos princípios
constitucionais que regem os órgãos de segurança pública.
Além dos policiais civis, os policiais federais também estão proibidos de fazer greve?
SIM. O STF entendeu que o exercício de greve é vedado a todas as carreiras policiais
previstas no art. 144, ou seja, não podem fazer greve os integrantes da:
Polícia Federal;
Polícia Rodoviária Federal;
Polícia Ferroviária Federal;
Polícia Civil;
Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros militar.
Mediação: Apesar de os policiais não poderem exercer o direito de greve, é
indispensável que essa categoria possa vocalizar (expressar) as suas reivindicações de
alguma forma. Pensando nisso, o STF afirmou, como alternativa, que o sindicato dos
policiais possa acionar o Poder Judiciário para que seja feita mediação com o Poder
Público, nos termos do art. 165 do CPC:
Art. 165. Os tribunais criarão centros judiciários de solução
consensual de conflitos, responsáveis pela realização de
sessões e audiências de conciliação e mediação e pelo
desenvolvimento de programas destinados a auxiliar, orientar
e estimular a autocomposição.
18.3. Administração Pública deve descontar os dias não trabalhados por servidor
público em greve – (Info 845) – IMPORTANTE!!! – (TJSP-2017)
OBS:
Os servidores públicos possuem direito de greve? SIM. Isso se encontra previsto no
art. 37, VII, da CF/88:
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e,
também, ao seguinte:
VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites
definidos em lei específica;
Este inciso VII afirma que o direito de greve dos servidores públicos será exercido nos
termos e nos limites definidos em lei específica. Esta lei, até o presente momento, não
foi editada. Mesmo sem haver lei, os servidores públicos podem fazer greve? SIM.
Mesmo sem ter sido ainda editada a lei de que trata o art. 37, VII, da CF/88, os
servidores públicos podem fazer greve, devendo ser aplicadas as leis que
regulamentam a greve para os trabalhadores da iniciativa privada (Lei 7.701/88 e Lei
7.783/89). Nesse sentido: STF. Plenário. MI 708, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
25/10/2007.
Quais são os requisitos para que os servidores públicos possam fazer greve? São
requisitos para a deflagração de uma greve no serviço público:
a) tentativa de negociação prévia, direta e pacífica;
b) frustração ou impossibilidade de negociação ou de se
estabelecer uma agenda comum;
c) deflagração após decisão assemblear;
d) comunicação aos interessados, no caso, ao ente da
Administração Pública a que a categoria se encontre vinculada
e à população, com antecedência mínima de 72 horas (uma vez
que todo serviço público é atividade essencial);
e) adesão ao movimento por meios pacíficos; e
f) a garantia de que continuarão sendo prestados os serviços
indispensáveis ao atendimento das necessidades dos
administrados (usuários ou destinatários dos serviços) e à
sociedade.
Greve é considerada pela lei como suspensão do contrato de trabalho: Os dias em que
o trabalhador fica afastado do serviço com o objetivo de participar da greve são
considerados pela legislação como período de suspensão do contrato de trabalho. Veja
o que diz a Lei nº 7.783/89:
Art. 7º Observadas as condições previstas nesta Lei, a
participação em greve suspende o contrato de trabalho,
devendo as relações obrigacionais, durante o período, ser
regidas pelo acordo, convenção, laudo arbitral ou decisão da
Justiça do Trabalho.
O STF, no julgamento do MI 708, afirmou que este art. 7º deve ser aplicado nas greves
envolvendo servidores públicos.
Greve é um direito, mas que possui consequências: Segundo o STF, embora a grave
seja possível, porque é um direito constitucional, ela tem consequências. O desconto
dos dias de paralisação é o ônus inerente à greve, assim como a paralisação parcial
dos serviços públicos imposta à sociedade é consequência natural do movimento. Esse
desconto dos dias parados não tem finalidade disciplinar punitiva. Trata-se de um
“afastamento” não remunerado do servidor, na medida em que, embora autorizado
pela CF/88, esta não lhe garantiu o pagamento integral dos vencimentos. Assim, em
razão da ausência de prestação específica do serviço por parte do grevista, os
descontos devem ser realizados.
O fato de ser permitido o desconto da remuneração, não faz com que, na prática, o
STF esteja dizendo que a greve no serviço público é proibida? NÃO. Ao admitir o
desconto dos dias paralisados, o STF não está negando o exercício do direito do
servidor público de realizar greve. A participação do servidor público em um
movimento paredista é um direito seu, mas esse direito possui limites e ônus, em
especial, por se tratar o serviço público de atividade de importância estratégica para o
Estado em prol da sociedade.
Experiência de outros países: Na maioria dos países onde a greve no serviço público
é permitida, também ocorre o desconto da remuneração dos grevistas, o que tem
mobilizado a criação, inclusive, de fundos de greve, como é o caso do Reino Unido
(“strike fund”), da França e do Canadá (“fonds de grève”), da Espanha e de diversos
países de língua espanhola (“fondo de huelga”) e de Portugal (“fundos de maneio”).
É possível que a lei que venha a regulamentar o inciso VII do art. 37 preveja a greve
no serviço público como hipótese de interrupção (autorizando o pagamento da
remuneração)? SIM. O Min. Dias Toffoli afirmou que não existe vedação para que o
Poder Legislativo preveja na lei que vier a ser editada que o movimento grevista seja
hipótese de interrupção do vínculo.
Não poderá ser feito o desconto se ficar demonstrado que a greve foi provocada por
conduta ilícita do Poder Público: Considera-se assim aquelas circunstâncias em que
o ente da administração tenha contribuído, mediante conduta recriminável, para que
a greve ocorresse. Ex: não haverá desconto se a greve tiver sido provocada por atraso
no pagamento aos servidores públicos ou se houver outras circunstâncias
excepcionais que justifiquem o afastamento da premissa da suspensão da relação
funcional ou de trabalho.
Dessa forma, quando uma legislação nova surge, ela deverá respeitar as cláusulas do
contrato que estão em vigor até que o ajuste chegue ao seu termo final. Em caso de
prorrogação, contudo, é possível já exigir as novas condições, estando o
concessionário livre para aceitar ou não os novos termos contratuais. Não se pode
falar neste caso que haja violação ao equilíbrio econômico-financeiro do contrato
considerando que ele já chegou ao fim e o que se está discutindo é a sua
prorrogação.
Não constitui requisito legal para a concessão de pensão por morte à companheira
que a união estável seja declarada judicialmente, mesmo que vigente formalmente
o casamento.
Assim, é possível o reconhecimento de união estável de pessoa casada que esteja
comprovadamente separada judicialmente ou de fato, para fins de concessão de
pensão por morte, sem necessidade de decisão judicial neste sentido.
STF. 1ª Turma. MS 33008/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 3/5/2016 (Info
824).
22.2. Adoção de descendente maior com o único objetivo de deixar pensão por morte
– (Info 785)
PARIDADE
Em regra, eles não têm direito à paridade com servidores em atividade;
Exceção: terão direito à paridade caso se enquadrem na regra de transição
prevista no art. 3º da EC 47/2005.
INTEGRALIDADE
Os pensionistas de servidor falecido posteriormente à EC 41/2003 não
possuem direito à integralidade (CF, art. 40, § 7º, I), não havendo regra de
transição para isso.
24. DESAPROPRIAÇÃO
24.1. CONFISCO DO ART. 243 DA CF/88: Possibilidade de o proprietário afastar a
sanção do art. 243 da CF/88 se provar que não teve culpa – (Info 851) –
IMPORTANTE!!!
A expropriação prevista no art. 243 da Constituição Federal pode ser afastada, desde
que o proprietário comprove que não incorreu em culpa, ainda que in vigilando ou
in eligendo.
STF. Plenário. RE 635336/PE, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 14/12/16 (repercussão
geral) (Info 851).
OBS:
Art. 243 da CF/88: O art. 243 da CF/88 prevê o seguinte:
Art. 243. As propriedades rurais e urbanas de qualquer região
do País onde forem localizadas culturas ilegais de plantas
psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo na forma da
lei serão expropriadas e destinadas à reforma agrária e a
programas de habitação popular, sem qualquer indenização
ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em
lei, observado, no que couber, o disposto no art. 5º.
Parágrafo único. Todo e qualquer bem de valor econômico
apreendido em decorrência do tráfico ilícito de entorpecentes
e drogas afins e da exploração de trabalho escravo será
confiscado e reverterá a fundo especial com destinação
específica, na forma da lei.
O STF também reafirmou que se trata de confisco. Veja o que disse o Ministro Gilmar
Mendes:
"O instituto previsto no art. 243 da CF não é verdadeira espécie
de desapropriação, mas uma penalidade imposta ao
proprietário que praticou a atividade ilícita de cultivar plantas
psicotrópicas, sem autorização prévia do órgão sanitário do
Ministério da Saúde. Portanto, a expropriação é espécie de
confisco constitucional e tem caráter sancionatório."
Não se exige que o proprietário tenha participado: Para que haja a sanção do art. 243,
não se exige a participação direta do proprietário no cultivo ilícito. No entanto, apesar
disso, trata-se de medida sancionatória, exigindo-se algum grau de culpa para sua
caracterização. Assim, mesmo que o proprietário não tenha participado diretamente,
mas se agiu com culpa, deverá ser expropriado. Isso porque a função social da
propriedade gera para o proprietário o dever de zelar pelo uso lícito do seu imóvel,
ainda que não esteja na posse direta.
Mesmo tendo esse dever, poderá provar que não teve como evitar: Esse dever de zelar
pelo correto uso da propriedade não é ilimitado, só podendo ser exigido do
proprietário que evite o ilícito quando estiver ao seu alcance. Assim, o proprietário
pode afastar sua responsabilidade demonstrando que não incorreu em culpa. Ele pode
provar, por exemplo, que foi esbulhado ou até enganado pelo possuidor ou pelo
detentor.
Se agiu com culpa, aplica-se o art. 243: Vale ressaltar, mais uma vez, que, se o
proprietário agiu com culpa, deverá ser expropriado. Essa culpa pode ser in vigilando
ou in eligendo:
Culpa in vigilando é a falta de atenção com a conduta de outra pessoa. Ocorre
quando não há uma fiscalização efetiva.
Culpa in eligendo consiste na má escolha daquele a quem se confia a prática
de um ato. Também chamada de “responsabilidade pela má eleição”.
Desse modo, se o proprietário agiu com culpa in vigilando ou in eligendo, deverá
incidir o art. 243 da CF/88.
Ônus da prova: Importante destacar que cabe ao proprietário (e não à União) o ônus
da prova. Em outras palavras, caberá ao proprietário provar que não agiu com culpa.
24.2. Desconsideração das conclusões do laudo pericial com base em outras provas
– (Info 817)
Ao tecer comentários sobre este art. 479, Daniel Amorim Assumpção Neves explica
que:
"O sistema de valoração das provas, adotado pelo sistema
processual brasileiro, é o da persuasão racional, também chamado
de livre convencimento motivado. Significa dizer que não existem
cargas de convencimento pré-estabelecidas dos meios de prova,
sendo incorreto afirmar abstratamente que determinado meio de
prova é mais eficaz no convencimento do juiz do que outro. Com
inspiração nesse sistema de valoração das provas, o art. 479 do Novo
CPC prevê que o juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo se
convencer com outros elementos ou fatos provados no processo."
(NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Novo CPC comentado.
Salvador: Juspodivm, 2016, p. 784).
25. PRECATÓRIO
25.1. É possível aplicar o regime de precatórios às empresas públicas e sociedades
de economia mista? – (Info 888) – (TRF2-2017)
Esse entendimento acima explicado é o que prevalece? A tese de julgamento acima foi
bem redigida? NÃO. O que prevalece no STF é o seguinte:
Em regra, as empresas estatais estão submetidas ao regime das
pessoas jurídicas de direito privado (execução comum).
No entanto, é possível sim aplicar o regime de precatórios
para empresas públicas e sociedades de economia mista que
prestem serviços públicos e que não concorram com a
iniciativa privada.
Assim, é aplicável o regime dos precatórios às empresas
públicas e sociedades de economia mista prestadoras de
serviço público próprio do Estado e de natureza não
concorrencial.
STF. 1ª Turma. RE 627242 AgR, Rel. Min. Marco Aurélio, Rel.
p/ Acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em 02/05/2017.
STF. Plenário. ADPF 387/PI, Rel. Min. Gilmar Mendes,
julgado em 23/3/2017 (Info 858).
STF. RE 592004 AgR, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgado em
05/06/2012. STF. Plenário. RE 225011, Relator p/ Acórdão
Min. Maurício Corrêa, julgado em 16/11/2000.
Por que houve essa divergência de julgados? Não houve uma divergência real de
entendimento. Explico. O caso enfrentado pela 1ª Turma do STF no RE 851711
AgR/DF tratava a respeito de uma execução envolvendo a “Administração dos Portos
de Paranaguá e Antonina” (APPA), uma empresa pública pertencente ao Estado do
Paraná. Apesar de a empresa alegar que desenvolve serviço público, o TST e o STF
entendem que ela explora atividade econômica. Por isso, negam a incidência do
regime de precatórios, aplicando a regra do art. 173, § 1º, II, da CF/88:
Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a
exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será
permitida quando necessária aos imperativos da segurança
nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos
em lei.
§ 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública,
da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que
explorem atividade econômica de produção ou
comercialização de bens ou de prestação de serviços,
dispondo sobre:
(...)
II - a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas
privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis,
comerciais, trabalhistas e tributários;
Ocorre que a opinião pessoal do Min. Marco Aurélio é no sentido de que o regime
de precatórios nunca se aplica para empresas públicas e sociedades de economia
mista. Assim, em seus votos, ele faz consignar a seguinte afirmação, sem qualquer
exceção: “as empresas públicas e sociedades de economia mista não têm direito à
prerrogativa de execução via precatório.”
Como isso pode ser cobrado nas provas? Infelizmente, é difícil prever. No entanto, é
possível que, em provas objetivas, sejam consideradas corretas as seguintes
afirmações, ainda que ligeiramente contraditórias:
“As empresas públicas e sociedades de economia mista não têm direito à
prerrogativa de execução via precatório.” (alternativa CORRETA, segundo o
RE 851711 AgR/DF, Info 888).
“É aplicável o regime dos precatórios às sociedades de economia mista
prestadoras de serviço público próprio do Estado e de natureza não
concorrencial.” (alternativa também correta, segundo a ADPF 387/PI, Info
858).
Na prática forense, o que prevalece? Quem tem o privilégio de pagar por meio de
precatório? A quem se aplica o regime dos precatórios? As Fazendas Públicas Federal,
Estaduais, Distrital e Municipais. Essa expressão abrange:
União, Estados, DF e Municípios (administração direta);
Autarquias;
Fundações;
Empresas públicas prestadoras de serviço público (ex: Correios);
Sociedades de economia mista prestadoras de serviço público de atuação
própria do Estado e de natureza não concorrencial.
Quem tem o privilégio de pagar por meio de precatório? A quem se aplica o regime
dos precatórios? As Fazendas Públicas Federal, Estaduais, Distrital e Municipais. Essa
expressão abrange:
União, Estados, DF e Municípios (administração direta);
Autarquias;
Fundações;
Empresas públicas prestadoras de serviço público (ex: Correios);
Sociedades de economia mista prestadoras de serviço público de atuação
própria do Estado e de natureza não concorrencial.
Não atuar em regime de concorrência e não objetivar lucro: Segundo o STF, para que
a sociedade de economia mista goze dos privilégios da Fazenda Pública, é necessário
que ela não atue em regime de concorrência com outras empresas e que não tenha
objetivo de lucro. Confira:
(...) Os privilégios da Fazenda Pública são inextensíveis às
sociedades de economia mista que executam atividades em
regime de concorrência ou que tenham como objetivo
distribuir lucros aos seus acionistas. Portanto, a empresa
Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A. - Eletronorte não
pode se beneficiar do sistema de pagamento por precatório de
dívidas decorrentes de decisões judiciais (art. 100 da
Constituição). (...)
(STF. Plenário. RE 599628, Rel. Min. Ayres Britto, Relator p/
Acórdão Min. Joaquim Barbosa, julgado em 25/05/2011).
26.2. Lei estadual não pode conceder isenção de contribuição previdenciária para
todos os servidores aposentados e pensionistas que tiverem doença incapacitante –
(Info 776)
Assim, a CF/88 prevê situações em que o indivíduo poderá ser admitido no serviço
público mesmo sem concurso. Podemos citar como exemplos:
a) cargos em comissão (art. 37, II);
b) servidores temporários (art. 37, IX);
c) cargos eletivos;
d) nomeação de alguns juízes de Tribunais, Desembargadores, Ministros de Tribunais;
e) ex-combatentes (art. 53, I, do ADCT);
f) agentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias (art. 198, § 4º).
Vamos estudar agora apenas a hipótese dos servidores temporários (art. 37, IX, da
CF/88).
Características: Para ser válida, a contratação com fundamento no inciso IX deve ser...
- feita por tempo determinado (a lei prevê prazos máximos);
- com o objetivo de atender a uma necessidade temporária; e
- que se caracterize como sendo de excepcional interesse público.
Lei de cada ente deverá reger o tema: Repare que o inciso IX fala que LEI estabelecerá
os casos de contratação. Não se trata de uma só lei. O que esse dispositivo está
afirmando é que cada ente da Federação deverá editar a sua própria lei prevendo os
casos de contratação por tempo determinado. Não poderia uma só lei dispor sobre o
tema porque é preciso que se respeite a autonomia administrativa dos entes.
Ex.1: no âmbito federal, a lei que rege o tema é a Lei 8.745/93.
Ex.2: em Goiás, quem traz as hipóteses é a Lei estadual 3.664/00.
Ex.3: em Manaus, a contratação por prazo determinado deverá observar a Lei
municipal 1.425/2010.
Para saber se é legítima a contratação com base no art. 37, IX, deverão ser analisados
dois aspectos:
a) a necessidade da contratação deve ser transitória (temporária);
b) deve haver um excepcional interesse público que a justifique.
Ex.2: no caso concreto julgado pelo STF, estava sendo impugnada uma lei do Estado
do Maranhão que permite a contratação, com base no art. 37, IX, da CF/88, de
professores para os ensinos fundamental e médio, desde que não existam candidatos
aprovados em concurso público e devidamente habilitados. A Lei maranhense prevê
que essa contratação deverá ocorrer pelo prazo máximo de 12 meses e o STF conferiu
interpretação conforme para que esse prazo seja contado do último concurso realizado
para a investidura de professores. Desse modo, durante o período de 1 (um) ano,
haveria necessidade temporária que justificaria a contratação sem concurso até que
fosse concluído o certame. STF. Plenário. ADI 3247/MA, rel. Min. Cármen Lúcia,
julgado em 26/3/2014 (Info 740).
A regra do art. 9º, III, da Lei 8.745/93 é salutar porque evita que uma função
temporária seja transformada em algo ordinário. Dessa forma, o referido dispositivo
é necessário e adequado para preservar a impessoalidade do concurso público.
Assim, não configura ofensa à isonomia a previsão legal de proibição, por prazo
determinado, de nova contratação de candidato já anteriormente admitido em
processo seletivo simplificado para atender a necessidade temporária de
excepcional interesse público.
Obs2: vale ressaltar que inúmeras leis estaduais e municipais repetem a redação do
art. 9º, III, da Lei nº 8.745/93. Tais leis também são constitucionais.
27.2. Lei de contratação temporária não pode prever hipóteses genéricas nem a
prorrogação indefinida dos contratos – (Info 858)
São inconstitucionais, por violarem o art. 37, IX, da CF/88, a autorização legislativa
genérica para contratação temporária e a permissão de prorrogação indefinida do
prazo de contratações temporárias.
STF. Plenário. ADI 3662/MT, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 23/3/17 (Info 858).
OBS:
Exceção ao princípio do concurso público: A CF/88 instituiu o “princípio do concurso
público”, segundo o qual, em regra, a pessoa somente pode ser investida em cargo ou
emprego público após ser aprovada em concurso público (art. 37, II). Esse princípio,
que na verdade é uma regra, possui exceções que são estabelecidas no próprio texto
constitucional.
Assim, a CF/88 prevê situações em que o indivíduo poderá ser admitido no serviço
público mesmo sem concurso. Podemos citar como exemplos:
a) cargos em comissão (art. 37, II);
b) servidores temporários (art. 37, IX);
c) cargos eletivos;
d) nomeação de alguns juízes de Tribunais, Desembargadores, Ministros de Tribunais;
e) ex-combatentes (art. 53, I, do ADCT);
f) agentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias (art. 198, § 4º).
Vamos estudar agora apenas a hipótese dos servidores temporários (art. 37, IX, da
CF/88).
Características: Para ser válida, a contratação com fundamento no inciso IX deve ser...
- feita por tempo determinado (a lei prevê prazos máximos);
- com o objetivo de atender a uma necessidade temporária; e
- que se caracterize como sendo de excepcional interesse público.
Lei de cada ente deverá reger o tema: Repare que o inciso IX fala que LEI estabelecerá
os casos de contratação. Não se trata de uma só lei. O que esse dispositivo está
afirmando é que cada ente da Federação deverá editar a sua própria lei prevendo os
casos de contratação por tempo determinado. Não poderia uma só lei dispor sobre o
tema porque é preciso que se respeite a autonomia administrativa dos entes.
Ex.1: no âmbito federal, a lei que rege o tema é a Lei 8.745/93.
Ex.2: em Goiás, quem traz as hipóteses é a Lei estadual 3.664/00.
Ex.3: em Manaus, a contratação por prazo determinado deverá observar a Lei
municipal 1.425/2010.
Os Ministros entenderam que o referido inciso VI desse art. 264 permite, de forma
muito genérica, a contratação temporária de servidores, o que se mostra
inconstitucional. STF. Plenário. ADI 3662/MT, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em
23/3/2017 (Info 858).
O art. 19-A da Lei nº 8.036/90 deve ser aplicado também nas hipóteses em que a pessoa
foi contratada temporariamente, nos termos do art. 37, IX da CF/88?
A 1ª Turma do STF decidiu que SIM. O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço -
FGTS é devido aos servidores temporários, nas hipóteses em há declaração de
nulidade do contrato firmado com a Administração Pública, consoante decidido
pelo Plenário do STF, na análise do RE 705.140-RG, Rel. Min. Teori Zavascki (STF. 1ª
Turma. ARE 839606 AgR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 11/11/2014).
É importante, no entanto, ressaltar que o STJ possui precedente mais antigo em
sentido contrário: STJ. 1ª Turma. AgRg nos EDcl no AREsp 45.467-MG, Rel. Min.
Arnaldo Esteves Lima, julgado em 5/3/2013 (Info 518).
Nos processos que tramitam no TCU não é necessária a intimação pessoal da data
em que será realizada a sessão de julgamento, bastando que essa informação seja
publicada em veículo de comunicação oficial (imprensa oficial).
STF. 2ª Turma. MS 28644/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em
12/8/2014 (Info 752).
29. INTERVENÇÃO ESTATAL NA PROPRIEDADE PRIVADA
29.1. Tombamento
29.1.1. Ato do Poder Legislativo que efetiva o tombamento e que pretenda alterar as
condições de tombamento regularmente instituído pelo Poder Executivo
(TJPI – 2015 – FCC): O tombamento é constituído mediante ato do Poder Executivo que,
observada a legislação pertinente, estabelece o alcance da limitação ao direito de
propriedade, ato emanado do Poder Legislativo não podendo alterar essas restrições. De
acordo com o ordenamento jurídico brasileiro vigente, tal como compreendido
pelo Supremo Tribunal Federal, a afirmação está correta, eis que o ato do Poder
Legislativo, alterando tombamento concretamente fixado por ato do Poder
Executivo, seria incompatível com o princípio da harmonia entre os Poderes. BL:
ADI 1706-4 do STF.
As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios são bens da União (art. 20, XI, da
CF/88) e, portanto, não podem ser consideradas como terras devolutas de domínio
do Estado-membro.
STF. Plenário. ACO 362/MT e ACO 366/MT, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 16/8/17
(Info 873).
OBS:
Desapropriação indireta: A desapropriação indireta ocorre quando o Estado (Poder
Público) se apropria de um bem sem observar as formalidades previstas em lei para a
desapropriação, dentre as quais a declaração indicativa de seu interesse e a
indenização prévia. Trata-se de um verdadeiro esbulho possessório praticado pelo
Poder Público. A desapropriação indireta é também chamada de apossamento
administrativo.
Terras devolutas: Terras devolutas são aquelas que não tem nenhuma utilização
pública específica e que não se encontram, por qualquer título, integradas ao domínio
privado. As terras devolutas pertencem, em regra, aos Estados-membros, com exceção
daquelas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções
militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, que são de
propriedade da União (art. 20, II).
O pedido foi aceitou pelo STF? NÃO. O STF julgou improcedente a ação.
Os laudos antropológicos juntados aos autos deixaram claro que as áreas em questão
eram habitadas historicamente por indígenas. Diante disso, o STF reconheceu que a
titularidade das terras não é do Estado do Mato Grosso, sendo indevida, portanto, a
indenização pleiteada.
Vale ressaltar que, desde a Constituição de 1934 é reconhecida a proteção da posse
dos indígenas das terras que tradicionalmente ocupam. Assim, desde a Carta de
1934, não se pode caracterizar as terras ocupadas pelos indígenas como devolutas.
A EC 46/05 não interferiu na propriedade da União, nos moldes do art. 20, VII, da
Constituição Federal, sobre os terrenos de marinha e seus acrescidos situados em
ilhas costeiras sede de Municípios.
STF. Plenário. RE 636199/ES, Rel. Min. Rosa Weber, j. 27/4/17 (repercussão geral)
(Info 862).
31. REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA
31.1. ADI proposta contra a Lei nº 11.952/2009 – (Info 882)
Anuidades: Os Conselhos podem cobrar um valor todos os anos dos profissionais que
integram a sua categoria. A isso se dá o nome de anuidade (art. 4º, II, da Lei 12.514/11).
Veja o que diz também a Lei nº 11.000/2004:
Art. 2º Os Conselhos de fiscalização de profissões
regulamentadas são autorizados a fixar, cobrar e executar as
contribuições anuais, devidas por pessoas físicas ou jurídicas,
bem como as multas e os preços de serviços, relacionados com
suas atribuições legais, que constituirão receitas próprias de
cada Conselho.
Exercem atividade tipicamente pública: Esses Conselhos são criados por lei e possuem
personalidade jurídica de direito público, exercendo uma atividade tipicamente
pública, qual seja, a fiscalização do exercício profissional. Os Conselhos são dotados
de poder de polícia e poder arrecadador. STF. 1ª Turma. MS 28469, Rel. Min. Luiz Fux,
julgado em 09/06/2015.
Exceção: OAB. O STF decidiu que a OAB, quando vai contratar seus empregados,
não precisa realizar concurso público (STF ADI 3026).
(MPGO-2016): Os Conselhos de fiscalização profissional, por possuírem natureza
jurídica de autarquia corporativa, devem se submeter aos princípios
constitucionais concernentes à Administração Pública, inclusive o da exigência de
realização de concurso público para contratação de pessoal. BL: STF, MS 28469 e
RE 758168 AgR.
32.5. Para o exercício de toda e qualquer profissão, é necessário que a pessoa se
inscreva no respectivo Conselho Profissional (ex: o músico é obrigado a se inscrever
na Ordem dos Músicos do Brasil)? – (Sem Info) – (MPDFT-2013)
33. FUNDEF
33.1. União deverá indenizar Estados prejudicados com o cálculo incorreto do
VMNA – (Info 876)