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FACULDADES INTEGRADAS PITÁGORAS


INTRODUÇÃO A ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
PROF. PEDRO NASCIMENTO

As subáreas do conhecimento relacionadas à Engenharia de Produção que balizam


esta modalidade na Graduação, na Pós-Graduação, na Pesquisa e nas Atividades
Profissionais, são as relacionadas a seguir.

1. ENGENHARIA DE OPERAÇÕES E PROCESSOS DA PRODUÇÃO


Projetos, operações e melhorias dos sistemas que criam e entregam os
produtos (bens ou serviços) primários da empresa.
1.1. Gestão de Sistemas de Produção e Operações
1.2. Planejamento, Programação e Controle da Produção
1.3. Gestão da Manutenção
1.4. Projeto de Fábrica e de Instalações Industriais: organização industrial,
layout/arranjo físico
1.5. Processos Produtivos Discretos e Contínuos: procedimentos, métodos e
sequências
1.6. Engenharia de Métodos

2. LOGÍSTICA
Técnicas para o tratamento das principais questões envolvendo o transporte, a
movimentação, o estoque e o armazenamento de insumos e produtos, visando a
redução de custos, a garantia da disponibilidade do produto, bem como o
atendimento dos níveis de exigências dos clientes.
2.1. Gestão da Cadeia de Suprimentos
2.2. Gestão de Estoques
2.3. Projeto e Análise de Sistemas Logísticos
2.4. Logística Empresarial
2.5. Transporte e Distribuição Física
2.6. Logística Reversa

3. PESQUISA OPERACIONAL
Resolução de problemas reais envolvendo situações de tomada de decisão,
através de modelos matemáticos habitualmente processados computacionalmente.
Aplica conceitos e métodos de outras disciplinas científicas na concepção, no
planejamento ou na operação de sistemas para atingir seus objetivos. Procura, assim,
introduzir elementos de objetividade e racionalidade nos processos de tomada de
decisão, sem descuidar dos elementos subjetivos e de enquadramento organizacional
que caracterizam os problemas.
3.1. Modelagem, Simulação e Otimização
3.2. Programação Matemática
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3.3. Processos Decisórios


3.4. Processos Estocásticos
3.5. Teoria dos Jogos
3.6. Análise de Demanda
3.7. Inteligência Computacional

4. ENGENHARIA DA QUALIDADE
Planejamento, projeto e controle de sistemas de gestão da qualidade que
considerem o gerenciamento por processos, a abordagem factual para a tomada de
decisão e a utilização de ferramentas da qualidade.
4.1. Gestão de Sistemas da Qualidade
4.2. Planejamento e Controle da Qualidade
4.3. Normalização, Auditoria e Certificação para a Qualidade
4.4. Organização Metrológica da Qualidade
4.5. Confiabilidade de Processos e Produtos

5. ENGENHARIA DO PRODUTO
Conjunto de ferramentas e processos de projeto, planejamento, organização,
decisão e execução envolvidas nas atividades estratégicas e operacionais de
desenvolvimento de novos produtos, compreendendo desde a concepção até o
lançamento do produto e sua retirada do mercado com a participação das diversas
áreas funcionais da empresa.
5.1. Gestão do Desenvolvimento de Produto
5.2. Processo de Desenvolvimento do Produto
5.3. Planejamento e Projeto do Produto

6. ENGENHARIA ORGANIZACIONAL
Conjunto de conhecimentos relacionados à gestão das organizações,
englobando em seus tópicos o planejamento estratégico e operacional, as estratégias
de produção, a gestão empreendedora, a propriedade intelectual, a avaliação de
desempenho organizacional, os sistemas de informação e sua gestão e os arranjos
produtivos.
6.1. Gestão Estratégica e Organizacional
6.2. Gestão de Projetos
6.3. Gestão do Desempenho Organizacional
6.4. Gestão da Informação
6.5. Redes de Empresas
6.6. Gestão da Inovação
6.7. Gestão da Tecnologia
6.8. Gestão do Conhecimento

7. ENGENHARIA ECONÔMICA
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Formulação, estimação e avaliação de resultados econômicos para avaliar


alternativas para a tomada de decisão, consistindo em um conjunto de técnicas
matemáticas que simplificam a comparação econômica.
7.1. Gestão Econômica
7.2. Gestão de Custos
7.3. Gestão de Investimentos
7.4. Gestão de Riscos

8. ENGENHARIA DO TRABALHO
Projeto, aperfeiçoamento, implantação e avaliação de tarefas, sistemas de
trabalho, produtos, ambientes e sistemas para fazê-los compatíveis com as
necessidades, habilidades e capacidades das pessoas visando a melhor qualidade e
produtividade, preservando a saúde e integridade física. Seus conhecimentos são
usados na compreensão das interações entre os humanos e outros elementos de um
sistema. Pode-se também afirmar que esta área trata da tecnologia da interface
máquina - ambiente - homem - organização.
8.1. Projeto e Organização do Trabalho
8.2. Ergonomia
8.3. Sistemas de Gestão de Higiene e Segurança do Trabalho
8.4. Gestão de Riscos de Acidentes do Trabalho

9. ENGENHARIA DA SUSTENTABILIDADE
Planejamento da utilização eficiente dos recursos naturais nos sistemas
produtivos diversos, da destinação e tratamento dos resíduos e efluentes destes
sistemas, bem como da implantação de sistema de gestão ambiental e
responsabilidade social.
9.1. Gestão Ambiental
9.2. Sistemas de Gestão Ambiental e Certificação
9.3. Gestão de Recursos Naturais e Energéticos
9.4. Gestão de Efluentes e Resíduos Industriais
9.5. Produção mais Limpa e Ecoeficiência
9.6. Responsabilidade Social
9.7. Desenvolvimento Sustentável

10. EDUCAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO


Universo de inserção da educação superior em engenharia (graduação, pós-
graduação, pesquisa e extensão) e suas áreas afins, a partir de uma abordagem
sistêmica englobando a gestão dos sistemas educacionais em todos os seus aspectos: a
formação de pessoas (corpo docente e técnico administrativo); a organização didático
pedagógica, especialmente o projeto pedagógico de curso; as metodologias e os meios
de ensino/aprendizagem. Pode-se considerar, pelas características encerradas nesta
especialidade como uma "Engenharia Pedagógica", que busca consolidar estas
questões, assim como, visa apresentar como resultados concretos das atividades
desenvolvidas, alternativas viáveis de organização de cursos para o aprimoramento da
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atividade docente, campo em que o professor já se envolve intensamente sem


encontrar estrutura adequada para o aprofundamento de suas reflexões e
investigações.
10.1. Estudo da Formação do Engenheiro de Produção
10.2. Estudo do Desenvolvimento e Aplicação da Pesquisa e da Extensão em
Engenharia de Produção
10.3. Estudo da Ética e da Prática Profissional em Engenharia de Produção
10.4. Práticas Pedagógicas e Avaliação Processo de Ensino-Aprendizagem em
Engenharia de Produção
10.5. Gestão e Avaliação de Sistemas Educacionais de Cursos de Engenharia de
Produção

Rio de Janeiro, 2008.

UM PANORAMA DA ENGENHARIA DE PRODUÇÃO


Professor Francisco Soares Másculo, Ph.D.*
* - Professor Associado do Departamento de Engenharia de Produção da UFPB;
diretor científico da ABEPRO, 2006/09.

O texto a seguir é uma síntese de vários escritos sobre a engenharia de


produção e procura dar uma contribuição para os alunos, professores e
interessados neste campo de conhecimento. Foi produto das atividades
exercidas ao longo dos últimos quatro anos como diretor científico da
Associação Brasileira de Engenharia de Produção.

CONTEXTO FILOSÓFICO DA PRODUÇÃO E DA ENGENHARIA DE


PRODUÇÃO:

Há que se considerar que a Engenharia de Produção é determinada pelo seu


contexto sócio-técnico. Isso significa dizer que ela é moldada, como as
sociedades humanas, pelo estágio tecnológico em que humanidade se
encontra. Daí algumas afirmações nos norteiam:
- Inacabamento ou inconclusão do homem;
- Os humanos acumulam conhecimentos: colocam a Natureza a seu
serviço; têm o poder do pensamento conceitual; são ativos na busca de
conhecer (Paulo Freire);
- O homem trabalha para produzir: o trabalho é parte da vida; é
uma ação inteligente e transformadora (Harry Braverman);
- Estágio tecnológico determina a forma de produzir, de viver, de
lazer, etc; (Darcy Ribeiro).
- As técnicas e as tecnologias (transitórias) são suportadas por
saber científico (duradouro).
- Os problemas de interesse para o homem, de uma forma ou de
outra, são ligados ao ser humano e à sociedade em que esse está inserido -
função social.
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Segundo José Roberto G. Silva, em um estudo denominado: "Uma definição


formal para engenharia" (Revista de Ensino de Engenharia ABENGE nº 17,
1997) foram levantadas trinta e cinco (35) definições de engenharia e a que ele
utilizou como a mais pertinente foi: "A engenharia é uma aplicação de
conhecimentos científicos e empíricos: é uma atividade que aplica os
conhecimentos humanos à resolução de problemas propondo soluções técnicas
utilizando as tecnologias".

O quadro abaixo apresenta um resumo da evolução dos sistemas de produção,


a partir das invenções tecnológicas que os moldaram, adaptado de Slack et all
(Ed. Atlas, 2ª ed., 2002). Assim, James Watt em 1764 ao desenvolver a
máquina a vapor deu um salto, em 1790, Ely Witney adapta o tear. No meio
Adam Smith em 1776 mostra a eficiência que advém da divisão do trabalho. Já
em 1832, Charles Babbage começa a desenvolver o computador. Ressalte-se
que todas essas "descobertas" são produtos de conhecimento acumulado por
antecessores.

Produzir é mais que simplesmente utilizar conhecimento científico e


tecnológico. É necessário integrar questões de naturezas diversas,
atentando para critérios de qualidade, eficiência, custos, fatores humanos,
fatores ambientais, etc. A Engenharia de Produção, ao voltar a sua ênfase para
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as dimensões do produto e do sistema produtivo, veicula-se fortemente com as


idéias de projetar produtos, viabilizar produtos, projetar sistemas produtivos,
viabilizar sistemas produtivos, planejar a produção, produzir e distribuir
produtos que a sociedade valoriza. Essas atividades, tratadas em profundidade
e de forma integrada pela Engenharia de Produção, são fundamentais para a
elevação da competitividade do país.

Breve história da EP

O quadro acima lista importante personagens e suas contribuições. Afonso


Fleury em texto extraído do site da POLI/ USP trás relato das origens da
engenharia de produção:

"Historicamente, a origem da Engenharia de Produção ocorre nos EUA, na


virada do século XIX para o século XX, inserida em um processo de avanço da
industrialização e crescimento econômico. Neste período, em decorrência do
desenvolvimento tecnológico e expansão da rede ferroviária de transportes,
surgem as primeiras grandes corporações norte-americanas, impulsionando a
produção em larga escala e o surgimento de um forte mercado interno de
consumo.
O aumento do porte das empresas impõe desafios de natureza tecnológica e
administrativa, exigindo uma capacitação maior para gestão da produção e dos
negócios. No período de 1880 a 1920, vários estudos abordam a temática da
busca da eficiência na produção. Dentre os diversos trabalhos, destacam-se os
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estudos de Frederick W. Taylor (1856-1915). Em particular, a publicação da sua


obra Princípios da Administração Científica constitui um marco no surgimento
da área de conhecimento denominada Industrial Engineering. Em seus estudos,
Taylor analisa em detalhe o trabalho dos operários nas fábricas, buscando
identificar formas de aumentar a eficiência do trabalho humano e da própria
organização da produção. Na mesma época (1913), o engenheiro Henry Ford
cria e introduz o conceito da Linha de Montagem na fabricação do veículo Ford
- Modelo T, na fábrica da Ford Motors em Detroit. A introdução da linha de
montagem revolucionou o modelo de produção existente, em virtude do grande
aumento de produtividade que proporcionou.
Paralelamente aos estudos sobre organização industrial, desenvolvem-se
também as técnicas de contabilidade e administração de custos. Dentre as
técnicas criadas, destaca-se a análise econômica de investimentos, dando
origem à Engenharia Econômica, e difusão do uso de indicadores de custos,
giro de estoques, etc. Estas técnicas viabilizam a gestão eficaz de grandes
corporações.
É também na virada do século que surgem, nos EUA, os primeiros cursos de
administração (business school) e engenharia industrial, com o objetivo de
formar profissionais para gestão da produção, tanto na graduação quanto em
pós-graduação. Nos currículos de Engenharia Industrial, nota-se uma formação
mais tecnológica, quando comparados aos de Administração, mais orientada
para a gestão de negócios (marketing e finanças, além da administração de
pessoal).
Uma terceira influência no campo da Engenharia Industrial se dá já na segunda
metade do século XX, com o nascimento da Pesquisa Operacional (Operations
Research), área de conhecimento caracterizada pela aplicação do método
científico na modelagem e otimização de problemas logísticos durante a
Segunda Guerra Mundial. Ao término da guerra, os métodos de otimização
desenvolvidos foram incorporados aos currículos de Engenharia Industrial e
Transportes. Paralelamente e realimentando o desenvolvimento dos modelos e
teoria da decisão, verifica-se o crescimento da informática que, gradualmente,
é introduzida nas universidades e na administração de empresas.
Este conjunto de conhecimentos relativos à Organização da Produção,
Economia e Administração de Empresas, Controle da Qualidade, Planejamento
e Controle da Produção, Pesquisa Operacional e Processamento de Dados
forma o núcleo básico da Engenharia Industrial clássica da década de 70. Na
formação do engenheiro industrial, destaca-se também um conhecimento
técnico que o diferencia do administrador de empresas. Historicamente, os
cursos de Engenharia Industrial se aproximam da Engenharia Mecânica,
provavelmente em função da maior complexidade dos processos de fabricação
e montagem mecânicos.
Nos anos 80, os países industrializados observam o fenômeno da recuperação e
desenvolvimento econômico no Japão, país arrasado ao término da Segunda
Guerra Mundial. Em particular, a indústria automobilística e de produtos eletro-
eletrônicos superam em desempenho suas concorrentes norte-americanas,
oferecendo produtos de melhor qualidade e menor custo dentro do próprio
EUA. Esta revolução baseou-se na revisão de paradigmas ocidentais de gestão
da produção. Dois conceitos fundamentais norteiam o modelo japonês de
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produção: i) Gestão da Qualidade Total (Total Quality Management - TQM) e ii)


produção Just-in-time (JIT). O primeiro representa uma forte mudança cultural
na forma de administrar a qualidade na produção e o segundo, um esforço no
sentido aumentar a flexibilidade dos sistemas de produção de forma a viabilizar
a produção em pequenos lotes com baixos custos e alta produtividade.
Evidentemente, estes conceitos foram incorporados ao campo da Engenharia
de Produção.
Ainda preservando o título de Engenharia Industrial, nos EUA e Europa, os
cursos de graduação e pós-graduação expandem o campo de atuação para
englobar, de forma sistêmica, toda a organização da empresa industrial. Isto
implica em estudar desde o projeto do produto, dos processos de fabricação e
das instalações, como também os aspectos estratégicos como o planejamento
de investimentos, análise de negócios, gestão da tecnologia etc.
Nos anos 90, duas tendências se verificam. Uma consiste na integração dos
diferentes elos de uma cadeia produtiva, buscando-se um planejamento
cooperativo entre empresas clientes e fornecedoras, com vistas a oferecer
produtos com alta qualidade, baixos custos e inovadores nos diferentes
mercados mundiais. Esta filosofia, denominada "supply chain management",
tornou-se operacional graças aos avanços na Tecnologia de Informação em
curso. Outra tendência, diz respeito à transposição dos conceitos originários da
Manufatura para empresas do setor de Serviços. Nestes casos, a fronteira entre
a Engenharia de Produção e a Administração de Empresas torna-se ainda
menos clara.
No Brasil, várias Instituições de Ensino Superior oferecem cursos de Engenharia
de Produção, tanto de graduação quanto de pós-graduação (lato e estrito
senso). Cabe destacar que a adoção aqui da denominação Produção em lugar
de Industrial (denominação clássica ainda hoje nos EUA e Europa) deve-se ao
intuito de diferenciar o curso de engenharia (nível superior) dos cursos técnicos
industriais (nível médio) pré-existentes. Atualmente, a denominação que
utilizamos parece mais adequada para representar a formação e atribuições do
engenheiro que se pretende formar. Na graduação, os cursos de Engenharia de
Produção são oferecidos, em geral, como habilitação ou ênfase de alguma
outra modalidade da Engenharia. Embora o mais comum seja a combinação
Produção - Mecânica, encontram-se alternativas como Produção - Química e
Engenharia Civil de Produção, por exemplo."

Podemos afirmar que os seguintes marcos tecnológicos determinaram


nosso sistema sócio-técnico e, por conseguinte a engenharia de produção:
- A partir de meados do século XX: automação e informatização.
- Unidades lógicas nos equipamentos: máquinas passam a receber
e executar instruções pré-programadas.
- Agrupamento de máquinas controladas por computadores e
desenvolvimento de robôs industriais deu aos sistemas de produção condições
para receber e transmitir informações on-line: sistemas de fabricação flexíveis.
- Mudança de economia industrial (fabricação) para economia de
informação (conhecimento). Papel relevante dos setores de maior acumulação:
alta tecnologia (micro e nano-eletrônica, microondas, fibras óticas, lasers,
novos materiais, microbiologia, etc.).
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De acordo com sua definição clássica, adotada tanto pelo American Institute of
Industrial Engineering (A.I.I.E.) como pela Associação Brasileira de Engenharia
de Produção (ABEPRO),
"Compete à Engenharia de Produção o projeto, a implantação, a melhoria e a
manutenção de sistemas produtivos integrados, envolvendo homens, materiais
e equipamentos, especificar, prever e avaliar os resultados obtidos destes
sistemas, recorrendo a conhecimentos especializados da matemática, física,
ciências sociais, conjuntamente com os princípios e métodos de análise e
projeto da engenharia".

Esta definição ressalta a multidisciplinaridade da Engenharia de Produção. No


entanto, não explicita suficientemente qual é o objeto de estudo próprio à
Engenharia de Produção. Esta enfatiza a concepção da engenharia como
ciência "aplicada", cujos problemas são resolvidos recorrendo-se aos
conhecimentos das ciências "puras", das ciências sociais e aos métodos da
engenharia. Esta ênfase na administração e em métodos matemáticos tende a
obscurecer a importância de outros conteúdos positivos propiciados pelas
ciências sociais (por exemplo, a história da ciência e da técnica, a filosofia da
técnica, a antropologia econômica, as análises econômicas do processo de
trabalho e do processo de produção, a história do trabalho e da própria
produção) que são necessários para se desenvolver uma teoria substantiva da
produção. Esses conteúdos, constituem, além de seu caráter multidisciplinar,
uma das especificidades da Engenharia de Produção diante das outras
engenharias, que determina seus conteúdos programáticos e cuja
caracterização não pode ser obtida unicamente através de ênfases.

CRONOLOGIA DE CURSOS DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO NO


BRASIL:

- 1931 - IDORT - Instituto de Organização Racional do


Trabalho - Governo Vargas: objetivava melhoria do padrão de vida
dos que trabalham e desenvolver esforços na difusão e introdução de
processos de organização científica do trabalho e da produção.
- 1959 - EPUSP - Curso de EP: auxílio de professores
americanos.
- 1959 - ITA - "Opção Produção" no Curso de Engenharia
Aeronáutica.
- 1957 - Universidade do Brasil (UFRJ) - Curso de
Engenharia Econômica - Pós-Graduação.
- 1962 - PUC-RJ - 6 disciplinas de EP no currículo de
Engenharia Mecânica como optativa.
- 1966 - PUC-RJ - Pós-Graduação (PG).
- 1967 - COPPE/UFRJ - Pós-Graduação.
- 1968 - USP - Pós-Graduação.
- 1969 - UFSC - PG.
- 1971 - UFRJ - Graduação.
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- 1972 - USP - Doutorado.


- 1975 - UFPB - PG.
- 1975 - UFSM - PG.
- 1979 - UFSC - Graduação.
- 1979 - COPPE/UFRJ - Doutorado.
- 1979 - UFPE - PG.

O CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

O curso de Engenharia de Produção tem como objetivo formar profissionais


habilitados ao projeto, operação, gerenciamento e melhoria de sistemas de
produção de bens e serviços, integrando aspectos humanos, econômicos,
sociais e ambientais.

A DEMANDA PELOS CURSOS DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

A necessidade dos conhecimentos e técnicas da área da Engenharia de


Produção tem feito com que o mercado procure e valorize os profissionais
egressos dos cursos desta especialidade. Em função disso, a demanda pelos
cursos de Engenharia de Produção tem sido muito grande, segundo apontam
as estatísticas dos vestibulares.

- Mercado procura e valoriza os profissionais egressos dos cursos desta


especialidade
- Demanda pelos cursos de Engenharia de Produção tem sido muito grande de
acordo com as estatísticas dos vestibulares
- No Brasil, reportagens recentes de revistas como Exame, Isto É e Veja, e de
jornais como Folha de São Paulo, apontam a Engenharia de Produção como a
Engenharia com as melhores perspectivas de mercado de trabalho previstas
para esse final de século, juntamente com Telecomunicações e Mecatrônica
- Indústrias de automóveis, de eletrodomésticos, de equipamentos, etc. enfim,
setores que fabricam algum tipo de produto.
- Empresas de serviços tais como: empresas de transporte aéreo, transporte
marítimo, construção, consultoria em qualidade, hospitais, consultoria em geral
e cursos, etc.
- Instituições e empresas públicas tais como: Correios, PETROBRAS, Agência
Nacional de Energia, Agência Nacional de Petróleo, BNDEs, etc.
- Empresas privadas de petróleo, usinas de açúcar, empresas de telefonia,
agroindústrias, indústrias de alimentos, bancos (parte operacional),
seguradoras e fundos de pensão.
- Bancos de investimento (na análise de investimentos)

A ENGENHARIA DE PRODUÇÃO COMO GRANDE ÁREA

Hoje se identifica uma base científica e tecnológica própria da Engenharia de


Produção que a caracteriza como grande área. Esse conjunto de
conhecimentos, que está parcialmente listado a seguir, é fundamental para que
qualquer tipo de sistema produtivo tenha um funcionamento coordenado e
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eficaz: - Engenharia do Produto; - Projeto da Fábrica; - Processos Produtivos; -


Engenharia de Métodos e Processos; - Planejamento e Controle da Produção; -
Custos da Produção; - Qualidade; - Organização e Planejamento da
Manutenção; - Engenharia de Confiabilidade; - Ergonomia; - Higiene e
Segurança do Trabalho; - Logística e Distribuição; - Pesquisa Operacional. Uma
análise mais detalhada da formação oferecida atualmente pelos cursos de
Engenharia indica que esses conhecimentos e habilidades são próprios e
característicos da Engenharia de Produção. Além disso, a Engenharia de
Produção trabalha esses assuntos de forma integrada, considerando como cada
um deles enquadra-se dentro do conjunto que compõe um sistema produtivo.
Ressalta-se que a aplicação desses conhecimentos requer a base de formação
(Matemática, Física, Química, Informática, Desenho, etc.) que existe apenas na
Engenharia.

PERFIL DO EGRESSO

O perfil desejado para o egresso do curso é o de uma Sólida formação científica


e profissional geral que capacite o engenheiro de produção a identificar,
formular e solucionar problemas ligados às atividades de projeto, operação e
gerenciamento do trabalho e de sistemas de produção de bens e/ou serviços,
considerando seus aspectos humanos, econômicos, sociais e ambientais, com
visão ética e humanística, em atendimento às demandas da sociedade.

COMPETÊNCIAS DO ENGENHEIRO DE PRODUÇÃO

1. Ser capaz de dimensionar e integrar recursos físicos, humanos e


financeiros a fim de produzir, com eficiência e ao menor custo, considerando a
possibilidade de melhorias contínuas;
2. Ser capaz de utilizar ferramental matemático e estatístico para
modelar sistemas de produção e auxiliar na tomada de decisões;
3. Ser capaz de projetar, implementar e aperfeiçoar sistemas,
produtos e processos, levando em consideração os limites e as características
das comunidades envolvidas;
4. Ser capaz de prever e analisar demandas, selecionar tecnologias e
know-how, projetando produtos ou melhorando suas características e
funcionalidade;
5. Ser capaz de incorporar conceitos e técnicas da qualidade em todo
o sistema produtivo, tanto nos seus aspectos tecnológicos quanto
organizacionais, aprimorando produtos e processos, e produzindo normas e
procedimentos de controle e auditoria;
6. Ser capaz de prever a evolução dos cenários produtivos,
percebendo a interação entre as organizações e os seus impactos sobre a
competitividade;
7. Ser capaz de acompanhar os avanços tecnológicos, organizando-os
e colocando-os a serviço da demanda das empresas e da sociedade;
8. Ser capaz de compreender a inter-relação dos sistemas de
produção com o meio ambiente, tanto no que se refere à utilização de recursos
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escassos quanto à disposição final de resíduos e rejeitos, atentando para a


exigência de sustentabilidade;
9. Ser capaz de utilizar indicadores de desempenho, sistemas de
custeio, bem como avaliar a viabilidade econômica e financeira de projetos;
10. Ser capaz de gerenciar e otimizar o fluxo de informação nas
empresas utilizando tecnologias adequadas.

HABILIDADES

 Compromisso com a ética profissional;


 Iniciativa empreendedora;
 Disposição para auto· aprendizado e educação continuada;
 Comunicação oral e escrita;
 Leitura, interpretação e expressão por meios gráficos;
 Visão crítica de ordens de grandeza;
 Domínio de técnicas computacionais;
 Domínio de língua estrangeira;
 Conhecimento da legislação pertinente;
 Capacidade de trabalhar em equipes multidisciplinares;
 Capacidade de identificar, modelar e resolver problemas.
 Compreensão dos problemas administrativos, sócio· econômicos e
do meio ambiente;
 Responsabilidade social e ambiental;
 "Pensar globalmente, agir localmente";

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