Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1 Conceitos Básicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.1 Princípio da não contradição e do terceiro excluído 7
3 Relações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
3.1 Relações de equivalência 15
4 Funções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
5 Anéis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
6 Grupos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
6.1 Grupo Simétrico 39
Bibliografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
5
Prefácio
Essas notas de Aula são referentes à matéria Álgebra 1, ministrada na UnB - Universidade de
Brasília - durante o 2o Semestre de 2010 pelo professor José Antônio O. de Freitas, Departamento
de Matemática. Tais notas foram transcritas e editadas pelo graduando em Ciências Econômicas
Luiz Eduardo Sol R. da Silva1 .
É livre a reprodução, distribuição e edição deste material, desde que citadas as suas fontes e
autores. Críticas e sugestões são bem vindas.
1 luizeduardosol@hotmail.com
1. Conceitos Básicos
Definição 1.0.1 Uma proposição é todo conjunto de palavras ou símbolos ao qual podemos
atribuir um valor lógico.
Definição 1.0.2 Diz-se que o valor lógico de uma proposição é “verdade” (V) se a proposição
é verdadeira ou “falsidade” (F) se a proposição é falsa.
“Toda proposição tem um, e um só, dos valores lógicos verdade ou falsidade.”
x ∈ A.
x∈
/ A.
Um conjunto sem elementos é chamado de conjunto vazio. Tal conjunto é denotado por 0.
/
Dado um conjunto A e x um elemento, ocorre sempre o uma das seguintes situações:
x ∈ A ou x ∈
/ A.
Além disso, para dois elementos x, y ∈ A, ocorre exatamente uma das seguinte situações:
x = y ou x ̸= y.
A = {1, 2, 3, 4, 5}
B = {verdade, f also}.
Um conjunto também pode ser dado pela descrição das propriedades dos seus elementos, como
por exemplo:
{1, 2, 3, 4} = {3, 2, 1, 4}
{1, 2, 3} ̸= {2, 3}
A ( B.
Ou seja,
se A = B então A ⊆ B e B ⊆ A.
Além disso,
se A ⊆ B e B ⊆ A, então A = B.
Neste caso, 2 ∈ A e 2 ∈
/ B, logo A * B. Por outro lado, 3 ∈ B e 3 ∈
/ A e com isso B * A. Portanto,
dados dois conjuntos A e B, nem sempre temos A ⊆ B ou B ⊆ A.
Proposição 2.4.2 Seja A um conjunto. Então 0/ ⊆ A.
Prova: Suponha que 0/ * A. Logo existe x ∈ 0/ tal que x ∈
/ A. Mas por definição, o conjunto vazio
não contém elementos. Logo a existência de x ∈ 0/ é uma contradição. Tal contradição surgiu por
termos suposto que 0/ * A. Portanto, 0/ ⊆ A, como queríamos demonstrar.
A ∩ B = {x | x ∈ A e x ∈ B}.
A ∩ B = {2, 3}
A ∩C = 0.
/
Definição 2.5.2 Sejam A e B dois conjuntos. Definimos a união de A com B como sendo o
conjunto A ∪ B, cujos elementos pertencem ao conjunto A ou ao conjunto B. Assim,
A ∪ B = {x | x ∈ A ou x ∈ B}.
A ∪ B = {1, 2, 3, 4}
A ∪C = {1, 2, 3, r, s,t}.
∪
n
A1 ∪ A2 ∪ · · · ∪ An = Ak
k=1
é o conjunto dos elementos x tais que x pertence a pelo menos um dos conjuntos A1 , . . . , An .
Agora,
∩
n
A1 ∩ · · · ∩ An = Ak
k=1
C = A ⊔ B.
A ∩ (B ∪C) ⊆ (A ∩ B) ∪ (A ∩C).
Agora para provar ii), seja x ∈ (A ∩ B) ∪ (A ∩C). Daí, x ∈ A ∩ B ou x ∈ A ∩C. Suponha que
x ∈ A ∩ B. Assim, x ∈ A e x ∈ B. Como x ∈ B, segue que x ∈ B ∪C e então x ∈ A ∩ (B ∪C),
ou seja, (A ∩ B) ∪ (A ∩C) ⊆ A ∩ (B ∪C). Agora, suponha que x ∈ A ∩C. Com isso x ∈ A e
x ∈ C. Desse modo, x ∈ B ∪C e então x ∈ A ∩ (B ∪C) e daí
(A ∩ B) ∪ (A ∩C) ⊆ A ∩ (B ∪C).
Portanto
A ∩ (B ∪C) = (A ∩ B) ∪ (A ∩C),
como queríamos.
ii) Análoga ao caso anterior.
2.5 Relações entre conjuntos 13
Definição 2.5.5 Dados dois conjuntos A e B, definimos a diferença dos conjuntos A e B,
denotada por A − B ou A\B como sendo o conjunto
A − B = {x | x ∈ A e x ∈
/ B}.
A − B = {1, 4, 5}
B − A = {6, 8}.
(A ∪ B) −C = (A −C) ∪ (B −C).
CE (A) = {x ∈ E | x ∈
/ A}.
(A ∪ B)C ⊆ AC ∩ BC . (2.1)
AC ∩ BC ⊆ (A ∪ B)C . (2.2)
(A ∪ B)C = AC ∩ BC .
14 Capítulo 2. Noções de Teoria de Conjuntos
(A ∩ B)C ⊆ AC ∪ BC . (2.3)
AC ∪ BC ⊆ (A ∩ B)C . (2.4)
(A ∩ B)C = AC ∪ BC .
Definição 2.5.7 Dados dois conjuntos A e B, definimos o produto cartesiano de A por B
como sendo o conjunto
A × B = {(x, y) | x ∈ A, y ∈ B}.
P(A) = {X | X ⊆ A}
Os elementos desse conjunto são todos os subconjuntos de A. Dizer que Y ∈ P(A) significa
que Y ⊆ A. Particularmente, temos 0/ ∈ P(A) e A ∈ P(A).
Exemplos 2.2 / P(A) = {0};
1) A = 0, /
2) B = {x}, P(B) = {0, / {x}};
3) C = {a, b, c}, P(C) = {0,/ {a}, {b}, {c}, {a, b}, {a, c}, {b, c},C};
4) D = R, P(D) = {X | X ⊆ R}, por exemplo Q ∈ P(D).
3. Relações
Quando R ⊆ A×A é uma relação de equivalência, dizemos que R é uma relação de equivalência
em A. Quando dois elementos x, y ∈ A são tais que (x, y) ∈ R, dizemos que x e y são relacionados
ou que x e y estão relacionados.
Exemplos 3.1 1) Seja A={1,2,3,4}. Temos
A × A ={(1, 1); (1, 2); (1, 3); (1, 4); (2, 1); (2, 2); (2, 3); (2, 4);
(3, 1); (3, 2); (3, 3); (3, 4); (4, 1); (4, 2); (4, 3); (4, 4)}.
Solução: De fato,
16 Capítulo 3. Relações
(x − y) + (y − z) = 2k + 2l
x − z = 2(k + l)
Definição 3.1.3 Seja R uma relação de equivalência sobre um conjunto A. Dado b ∈ A, cha-
mamos de classe de equivalência determinada por b módulo R, denotada por b ou C(b), o
subconjunto de A dado por
1 = {x ∈ A | (x, 1) ∈ R1 } = {1, 2, 3, 4}
2 = {x ∈ A | (x, 2) ∈ R1 } = {1, 2, 3, 4}
3 = {x ∈ A | (x, 3) ∈ R1 } = {1, 2, 3, 4}
4 = {x ∈ A | (x, 4) ∈ R1 } = {1, 2, 3, 4}
1 = {x ∈ A | (x, 1) ∈ R3 } = {1, 2}
2 = {x ∈ A | (x, 2) ∈ R3 } = {1, 2}
3 = {x ∈ A | (x, 3) ∈ R3 } = {3}
4 = {x ∈ A | (x, 4) ∈ R3 } = {4}
1 = {x ∈ A | (x, 1) ∈ R4 } = {1}
2 = {x ∈ A | (x, 2) ∈ R4 } = {2}
3 = {x ∈ A | (x, 3) ∈ R4 } = {3}
4 = {x ∈ A | (x, 4) ∈ R4 } = {4}
0 = {x ∈ Z | xR0} = {x ∈ Z | x − 0 = 2k, k ∈ Z}
0 = {x ∈ Z | x = 2k, k ∈ Z} = {0, ±2, ±4, ±6, . . . }
1 = {x ∈ Z | xR1} = {x ∈ Z | x − 1 = 2k, k ∈ Z}
1 = {x ∈ Z | x = 2k + 1, k ∈ Z} = {±1, ±3, ±4, ±7, . . . }
Definição 3.1.5 Seja C uma classe de equivalência de uma relação de equivalência R. Qual-
quer elemento y ∈ C é chamado representante de C.
Proposição 3.1.3 Seja A um conjunto não vazio e R uma relação de equivalência em A. Então A
é a união disjunta das classes b, b ∈ A, ou seja,
∪
X= b.
b∈A
∪
Prova: Para todo b ∈ A temos, pela definição de classe de equivalência, que b ⊆ A. Logo b∈X b ⊆
∪ ∪ ∪
X. Agora seja x ∈ A. Logo x ∈ x e daí x ∈ b∈A b. Assim X ⊆ a∈X a. Portanto, X = b∈X b.
Definição 3.1.6 Sejam a, b ∈ Z, b ̸= 0. Dizemos que b divide a quando existe um inteiro k
tal que a = bk. Nesse caso escrevemos b | a. Quando b não divide a, escrevemos b ̸ |a.
Prova:
i) Para todo a ∈ Z, a ≡ a (mod m) pois m | (a − a).
ii) Se a ≡ b (mod m), então m | (a − b). Daí existe k ∈ Z, tal que (a − b) = km. Agora,
(b − a) = −(a − b) = −(km) = (−k)m, ou seja, m | (b − a). Daí b ≡ a (mod m).
iii) Se a ≡ b (mod m) e b ≡ c (mod m), então m | (a − b) e m | (b − c). Assim, m | [(a − b) +
(b − c)]. Logo, m | (a − c), isto é, a ≡ c (mod m).
Portanto a congruência módulo m é uma relação de equivalência.
a1 − b1 = km
a2 − b2 = lm,
isto é,
a1 = b1 + km
a2 = b2 + lm,
Assim
Proposição 3.1.7 As classes de equivalência definidas pela congruência módulo m são determi-
nadas pelos restos da divisão inteira por m. Em outras palavras, Rm (n) é o conjunto dos números
inteiros cujo resto na divisão inteira por m é n.
20 Capítulo 3. Relações
Exemplos 3.6 1) Se m = 2, então os possíveis restos na divisão inteira por 2 são 0 e 1. Logo,
existem duas classes de equivalência, a saber
Rm (0) = 0
Rm (1) = 1
..
.
Rm (m − 1) = m − 1
Z
O conjunto quociente desta relação será denotado por ou Zm . Assim
mZ
Z
Zm = = {0, 1, ..., m − 1}.
mZ
Queremos definir um meio de somar e multiplicar os elementos de Zm . Por exemplo, em
Z2 = {0, 1} temos que a soma de pares é par, soma de par com ímpar é ímpar e a soma de ímpares
é par. Assim podemos escrever
⊕ 0 1
0 0 1
1 1 0
⊗ 0 1
0 0 0
1 0 1
Proposição 3.1.10 As operações de soma e produto definidas em (3.1) e (3.2) são independentes
dos representantes das classes.
Prova: Dadas duas classes em Zm com representantes diferentes, a1 = a2 , b1 = b2 , com a1 ̸= a2 e
b1 ̸= b2 , temos:
a1 ⊕ b1 = a1 + b1 = a2 + b2 = a2 ⊕ b2
a1 ⊗ b1 = a1 b1 = a2 b2 = a2 ⊗ b2 .
Exemplo 3.1 A some e a multiplicação em Z4 = {0, 1, 2, 3} são dadas nas tabelas abaixo:
b = b ⊗ 1 = b ⊗ (a ⊗ d)
= (b ⊗ a) ⊗ d = 1 ⊗ d = d
22 Capítulo 3. Relações
Exemplos 3.7 1) Em Z4 existem dois elementos inversíveis que são 1, cujo inverso é 1, e o
3, cujo inverso é 3.
2) Em Z11 , todos elementos, exceto 0, possuem inverso:
O conjunto A é chamado de domínio de f e será denotado por dom ( f ).O conjunto B é cha-
mado de contra-domínio de f . O conjunto
Im ( f ) = { f (x) | x ∈ A} ⊆ B
é chamado imagem de f .
Exemplos 4.1 1) Sejam A = {0, 1, 2, 3} e B = {4, 5, 6, 7, 8}. Quais das seguintes relações
são funções?
a) R1 = {(0, 5), (1, 6), (2, 7)}
b) R2 = {(0, 4), (1, 5), (1, 6), (2, 7), (3, 8)}
c) R3 = {(0, 4), (1, 5), (2, 7), (3, 8)}
d) R4 = {(0, 5), (1, 5), (2, 6), (3, 7)}
2) R5 = {(x, y) ∈ R × R | y2 = x2 }
3) R6 = {(x, y) ∈ R × R | x2 + y2 = 1}.
4) R7 = {(x, y) ∈ R × R | y = x2 }
Solução: É uma função.
f (x1 ) = f (x2 )
3x1 + 1 = 3x2 + 1
3x1 = 3x2
3(x1 − x2 ) = 0.
Assim x1 − x2 = 0, isto é, x1 = x2 . Logo f é injetora.
Para determinar se f é sobrejetora seja y ∈ Z. Precisamos determinar se é possível encon-
trar algum x ∈ Z tal que f (x) = y. Ou seja, precisamos saber se a equação 3x + 1 = y tem
solução em Z para qualquer valor de y.
Se tomarmos y = 2 temos
3x + 1 = 2
3x = 1
e essa última equação não possui solução em Z. Logo para y = 2 não existe x ∈ Z de modo
que f (x) = 2. Logo f não é sobrejetora.
2) g : Q → Q dada por f (x) = 3x + 1
Solução: A prova que g é injetora é idêntica ao caso anterior.
A função h não é sobrejetora pois, por exemplo, para y = −1 não existe x ∈ R tal que
h(x) = −1.
25
Definição 4.0.3 Sejam f : A → B e g : B → C funções. Definimos a função composta de g
com f como sendo a função denotada por g ◦ f : A → C tal que (g ◦ f )(x) = g( f (x)) para todo
x ∈ A.
Exemplos 4.3 1) Sejam f : R → R e g : R → R dadas por f (x) = x2 e g(x) = x + 1. Assim
podemos definir g ◦ f e f ◦ g e
Assim em geral f ◦ g ̸= g ◦ f .
2) f : R− → R∗+ e g : R∗+ → R dadas por f (x) = x2 + 1 e g(x) = ln x. Nesse caso só podemos
definir g ◦ f : R− → R e
(g ◦ f )(x1 ) = (g ◦ f )(x2 )
g( f (x1 )) = g( f (x2 )).
Como por hipótese g é injetora, dessa última igualdade segue que f (x1 ) = f (x2 ). Mas f também
é injetora, por hipótese, daí x1 = x2 , como queríamos. Portanto g ◦ f é injetora.
Proposição 4.0.2 Se f : A → B e g : B → C são funções sobrejetoras, então g ◦ f : A → C é
sobrejetora.
Prova: Para mostrar que g ◦ f : A → C é sobrejetora, precisamos mostrar que para todo y ∈ C,
existe x ∈ A tal que (g ◦ f )(x) = y.
Assim seja y ∈ C. Como g : B → C é sobrejetora, existe z ∈ A tal que g(z) = y. Mas z ∈ B e
f : A → B é sobrejetora e assim existe x ∈ A tal que f (x) = z. Logo
Portanto g ◦ f é sobrejetora.
Definição 4.0.4 Seja f : A → B uma função.
i) Dado P ⊆ A, chama-se imagem direta de P segundo f e indica-se por f (P) o subcon-
junto de B dado por
g( f (x)) = x
para todo x ∈ A. Mas f (x) = y com y ∈ B. Assim podemos tentar definir g como
Com essa definição g é uma função? Vejamos um exemplo: definia f : {0, 1, 2, 3} → {4, 5, 6, 7, 8}
por:
f (0) = 5
f (1) = 5
f (2) = 6
f (3) = 7.
g(5) = 0
g(5) = 1
g(6) = 2
g(7) = 3.
Assim g definida pela condição (4.1) não é uma função pois g atribui ao número 5 dois possí-
veis valores: 0 e 1. Isso ocorre pois f não é injetora. Vamos então redefinir f de modo a torná-la
27
injetora:
f (0) = 5
f (1) = 4
f (2) = 6
f (3) = 7.
Agora g torna-se:
g(5) = 0
g(4) = 1
g(6) = 2
g(7) = 3.
Ainda assim g não é função pois g não associa 8 ∈ B com nenhum elemento em A. Isso ocorre
pois f não é sobrejetora.
Portanto para que a condição (4.1) defina uma função é necessário que f seja bijetora. Temos
então o seguinte teorema:
Definição 5.0.1 Seja A um conjunto não vazio. Dizemos que A está munido (ou equipado) de
uma operação binária quando existe uma função
∆ : A×A → A
(a, b) 7−→ a∆b
Definição 5.0.2 Seja A um conjunto não vazio A no qual estão definidas duas operações biná-
rias ⊕ e ⊗, chamadas soma e produto. Dizemos que (A, ⊕, ⊗) é um anel quando as seguintes
condições são verdadeiras:
i) Associatividade: para todos x, y, x ∈ A vale que
(x ⊕ y) ⊕ z = x ⊕ (y ⊕ z)
x⊕y = y⊕x
iii) Elemento Neutro: Existe em A um elemento denotado por 0 (zero) ou 0A tal que para
30 Capítulo 5. Anéis
x ⊕ 0A = x = 0A ⊕ x
x ⊕ y = 0A = y ⊕ x
(x ⊗ y) ⊗ z = x ⊗ (y ⊗ z)
(x ⊕ y) ⊗ z = x ⊗ z ⊕ y ⊗ z
x ⊗ (y ⊕ z) = x ⊗ y ⊕ x ⊗ z.
x⊗y = y⊗x
x ⊗ 1 = x = 1 ⊗ x,
para todo x ∈ A, então dizemos que (A, ⊕, ⊗) é um anel com unidade ou um anel unitário.
O elemento 1A é chamado de unidade de A ou elemento neutro da multiplicação de A.
3. Se um anel (A, ⊕, ⊗) satisfaz as duas propriedades anteriores dizemos que (A, ⊕, ⊗) é um
anel comutativo com unidade ou um anel comutativo unitário.
4. Seja (A, ⊕, ⊗) uma anel. Quando não houver chance de confusão com relação às operações
envolvidas diremos simplesmente que A é uma anel.
Exemplos 5.2 1) (Z, +, .), (Q, +, .), (R, +, .), (C, +, .), (Zm , ⊕, ⊗) são anéis associativos,
comutativos e com unidade.
2) Seja A = Z = { f : Z → Z | f é uma função}. Dadas duas funções quaisquer f , g ∈ A, defi-
nimos f ⊕ g : Z → Z e f ⊗ g : Z → Z como:
i) Para todo x ∈ Z
[( f ⊕ g) ⊕ h](x) = ( f ⊕ g)(x) + h(x) = ( f (x) + g(x)) + h(x)
= f (x) + (g(x) + h(x)) = f (x) + (g ⊕ h)(x)
= [ f ⊕ (g ⊕ h)](x)
para todos f , g e h ∈ A.
ii) Para todo x ∈ Z
( f ⊕ g)(x) = f (x) + g(x) = g(x) + f (x) = (g ⊕ f )(x),
portanto f ⊕ g = g ⊕ f para todos f , g ∈ A.
iii) 0A : Z → Z dada por 0A (x) = 0 para todo x ∈ Z. Daí para todo x ∈ Z
( f ⊕ 0A )(x) = f (x) + 0A (x) = f (x) + 0 = f (x)
para todo f ∈ A. Logo f + 0A = f para todo f ∈ A. Logo 0A é o elemento neutro da
soma em A.
iv) Dada f ∈ A, defina g : Z → Z por g(x) = − f (x) para todo x ∈ Z. Daí para todo x ∈ Z
temos
( f ⊕ g)(x) = f (x) + g(x) = f (x) + (− f (x)) = 0.
Logo g(x) = − f (x) é o oposto de f ∈ A.
v) Para todo x ∈ Z
[( f ⊗ g) ⊗ h](x) = ( f ⊗ g)(x)h(x) = ( f (x)g(x))h(x)
= f (x)(g(x)h(x)) = f (x)(g ⊗ h)(x)
= [ f ⊗ (g ⊗ h)](x)
para todos f , g e h ∈ Z.
vi) Para todo x ∈ Z
[( f ⊕ g) ⊗ h](x) = ( f ⊕ g)(x)h(x) = ( f (x) + g(x))h(x)
= f (x)h(x) + g(x)h(x) = ( f ⊗ g)(x) + (g ⊗ h)(x)
= [( f ⊗ g) ⊕ (g ⊗ h)](x)
para todos f , g e h ∈ A.
vii) Para todo x ∈ Z
[ f ⊗ (g ⊕ h)](x) = f (x)(g ⊕ h)(x) = f (x)(g(x) + h(x))
= f (x)g(x) + f (x)h(x) = ( f ⊗ g)(x) + ( f ⊗ h)(x)
= [( f ⊗ g) ⊕ ( f ⊗ h)](x)
para todos f , g e h ∈ A.
Assim (A, ⊕, ⊗) é um anel. Além disso, para todo x ∈ Z
( f ⊗ g)(x) = f (x)g(x) = g(x) f (x) = (g ⊗ f )(x)
para todos f , g ∈ A. Assim a operação ⊗ é comutativa.
Mais ainda, definindo 1A : Z → Z como 1A (x) = 1 para todo x ∈ Z temos
( f ⊗ 1A )(x) = f (x)1A (x) = f (x) · 1 = f (x)
para todo f ∈ A. Logo 1A é a unidade de A.
Portanto (A, ⊕, ⊗) é um anel comutativo com unidade.
32 Capítulo 5. Anéis
Observaçao 5.1 Seja (A, ⊕, ·) um anel. Para simplificar a notação vamos denotar a operação
⊕ por + e a operação ⊗ por · e assim escrever simplesmente que (A, +, ·) é um anel.
Proposição 5.0.1 Seja (A, +, ·) uma anel. Então:
i) O elemento neutro é único.
ii) Para cada x ∈ A existe um único oposto.
iii) Para todo x ∈ A, −(−x) = x.
iv) Dados x1 , x2 , . . . , xn ∈ A, n > 2, então
x + 01 = x e x + 02 = x
01 = 01 + 02 = 02
x + y1 = 0A e x + y2 = 0A .
Daí
y1 = y2 + 0A = y1 + (x + y2 ) = (y1 + x) + y2 = 0A + y2 = y2 .
a+x = a+y
(−a) + a + x = (−a) + a + y
0A + x = 0A + y
x=y
como queríamos.
vi) Temos 0A + x · 0A = a · 0A = a(0A + 0A ) = a · 0A + a · 0A . Assim do item anterior segue que
x · 0A = 0A .
vii) Provemos que x(−y) = −(xy):
x(−y) + xy = x((−y) + y) = x · 0A = 0A ,
Definição 5.0.3 Um anel comutativo (A, +, ·) é dito ser um anel de integridade quando para
todos x, y ∈ A, se xy = 0A , então x = 0A ou y = 0a . Um anel de integridade também é chamado
de domínio de integridade ou simplesmente de domínio.
Observaçao 5.2 Se x e y são elementos não nulos de um anel A tais que xy = 0A , então x e y
são chamados de divisores próprios de zero.
Exemplos 5.3 1) Os anéis Z, Q, R, C são anéis de integridade.
2) Em geral Zm não é anel de integridade, por exemplo, em Z4 , 2 ̸= 0, no entanto 2 ⊗ 2 = 4 = 0.
3) Mn (R) não é um anel de integridade, por exemplo, em M2 (R)
[ ] [ ] [ ] [ ]
1 0 0 0 0 0 0 0
A= ̸ = , B= ̸ =
0 0 0 0 1 0 0 0
[ ]
0 0
AB =
0 0
Definição 5.0.4 Seja (A, +, ·) um anel. Dizemos que um subconjunto não vazio B ⊆ A é um
subanel de A quando (B, +, ·) é um anel.
Exemplos 5.4 1) Todo anel A sempre tem dois subanéis: {0A } e A, que são chamados de
subanéis triviais.
2) Em (Z4 , ⊕, ⊗) o conjunto B = {0, 2} é um subanel.
3) No anel Z, o conjunto mZ, m > 1 é um subanel de Z.
Proposição 5.0.2 Seja (A, +, ·) um anel. Um subconjunto não vazio B ⊆ A é um subanel de A se,
e somente se, x − y ∈ B e x · y ∈ B para todos x, y ∈ B.
ii) Temos 0B = f (0A ) = f (x + (−x)) = f (x) ⊕ f (−x). Assim somando − f (x) em ambos os
lados obtemos
0B ⊕ (− f (x)) = [ f (x) ⊕ f (−x)] + (− f (x))
− f (x) = f (−x) ⊕ ( f (x) ⊕ (− f (x)))
f (−x) = − f (x)
Definição 5.0.6 Seja f : A → B um homomorfismo, onde A e B são anéis. Dizemos que
i) f é um epimorfismo se f for sobrejetora
ii) f é um monomorfismo se f for injetora
iii) f é um isomorfismo se f for bijetora
iv) Quando A = B e f é um isomorfismo, então f é um automorfismo
ker( f ) = {x ∈ A | f (x) = 0B }
y ⊗ f (1A ) = y = f (1A ) ⊗ y
para todo y ∈ B. Sendo assim, seja y ∈ B. Como f é sobrejetor então existe x ∈ A tal que
f (x) = y. Assim
desde que x ∈ A possua inverso multiplicativo. Sendo assim suponha que x ∈ A possui
inverso multiplicativo. Seja x−1 o inverso multiplicativo de x em A. Temos
Definição 6.0.1 Seja A um conjunto não vazio. Toda função f : A × A → A é chamada de uma
operação binária sobre A.
Nas considerações que faremos a seguir uma operação binária f sobre A que associa a cada
par ordenado (x, y) ∈ A × A um elemento f (x, y) ∈ A será denotada simplesmente por ∗. Assim
escreveremos f (x, y) = x ∗ y. Por exemplo a operação ∗ : N × N → N tal que x ∗ y = xy está bem
definida pois xy ∈ N sempre que x, y ∈ N. Observe que esta operação não pode ser definida em Z
pois por exemplo 2−1 ∈ / Z. Também não pode ser definida em Q pois 21/2 ∈/ Q.
Definição 6.0.2 Seja G um conjunto não vazio no qual está definida uma operação binária ∗
tal que:
i) Para todos x, y, z ∈ G:
(x ∗ y) ∗ z = x ∗ (y ∗ z)
x∗e = x = e∗x
x∗y = e = y∗x
Observaçao 6.1 Quando ∗ é uma soma, dizemos que (G, ∗) é um grupo aditivo. Se ∗ é uma
x∗y = y∗x
para todos x, y ∈ G.
x∗y = x+y−3
(x ∗ y) ∗ z = (x + y − 3) ∗ z = (x + y − 3) + z − 3
= x + (y − 3 + z) − 3 = x + (y + z − 3) − 3 = x ∗ (y + z − 3)
= x ∗ (y ∗ z)
x ∗ y = x + (6 − x) − 3 = 3 = y ∗ x.
temos 2 ⊗ 2 = 0 ∈
/ G. Portanto a operação ⊗ não é uma operação binária em G = Z4 .
Proposição 6.0.1 Seja (G, ∗) um grupo. Então:
i) O elemento neutro de G é único.
ii) Existe um único inverso para cada x ∈ G.
iii) Para todos x, y ∈ G,
S = { f : A → A | f é injetora}
com a composição de funções ◦. Como Id : A → A tal que Id(x) = x para todo x ∈ A é uma função
bijetora então S ̸= 0.
/ Agora sejam f , g e h ∈ S . Para todo x ∈ A temos
Logo ( f ◦ g) ◦ h = f ◦ (g ◦ h).
Agora da Proposição 4.0.6 sabemos que para toda f ∈ S
f ◦ Id = f = Id ◦ f ,
logo Id é o elemento neutro da composição. Além disso, para toda f ∈ S existe g ∈ S tal que
f ◦ g = Id = g ◦ f
Id : A → A f :A→A
Id(1) = 1 f (1) = 2
Id(2) = 2 f (2) = 1
◦ Id f
Id Id f
f f Id
Id : A → A f1 : A → A
Id(1) = 1 f1 (1) = 2
Id(2) = 2 f1 (2) = 1
Id(3) = 3 f1 (3) = 3
40 Capítulo 6. Grupos
f2 : A → A f4 : A → A
f2 (1) = 3 f4 (1) = 2
f2 (2) = 2 f4 (2) = 3
f2 (3) = 1 f4 (3) = 1
f3 : A → A f5 : A → A
f3 (1) = 1 f5 (1) = 3
f3 (2) = 3 f5 (2) = 1
f3 (3) = 2 f5 (3) = 2
Definição 6.1.2 Seja (G, ∗) um grupo. Se G é um conjunto com uma quantidade finita de
elementos, dizemos que G é um grupo finito. Denotamos por |G| o número de elementos de G
e que será chamado de ordem de G ou cardinalidade de G. Quando o conjunto G não é finito,
dizemos que G é um grupo infinito.
H1 = {1, 3}
H2 = {1, 5}
H3 = {1, 7}
São subgrupos de G.
Teorema 6.1.2 Seja G um grupo finito. Se H ⊆ G é um subgrupo, então |H| divide |G|.
Exemplo 6.1 Quais são as possíveis ordens dos subgrupos de um grupo de ordem 48?
Solução: Seja G um grupo tal que |G| = 48. Se H é um subgrupo prório de G, então |H| divide
|G|. Mas 48 = 24 · 3, daí se H é um subgrupo de G então |H| = 2 ou |H| = 3 ou |H| = 22 ou
|H| = 23 ou |H| = 24 ou |H| = 2 · 3 ou |H| = 22 · 3 ou |H| = 23 · 3.
Observaçao 6.2 O Teorema 6.1.2 não diz que haverá um subgrupo de ordem n para todo n tal
que n||G|. Diz apenas que se H é subgrupo de G, então |H| divide |G|.
Prova: Suponha |G| = p é um número primo. Assim os únicos divisores positivos de p são 1 e
p. Logo se H é um subgrupo de G, pelo Teorema 6.1.2 então |H| divide |G|. Assim |H| = 1 ou
|H| = p. Portanto, H = {e} ou H = G.
Definição 6.1.4 Dados doi grupos (G, ∗) e (H, △) dizemos que uma função f : G → H é um
homomorfismo de grupos se
f (x ∗ y) = f (x)△ f (y)
para todos x, y ∈ G.
para todos x, y ∈ Z.
2) A função f : R∗+ → R dada por f (x) = ln(x) é um homomorfismo de (R∗+ , ·) em (R, +). De
fato,
para todos x, y ∈ R∗+ . Além disso, como ln(x) é uma função bijetora, então f é um isomor-
fismo de grupos.
3) Sejam m um inteiro positivo fixo. A função f : Z → Zm definida por f (x) = x é um homo-
morfimos de (Z, +) em (Zm , ⊕). De fato,
f (x + y) = x + y = x + y = f (x) + f (y).
ker( f ) = {x ∈ G | f (x) = 1H }.
f (x) = f (y)
f (x)△ f (y)−1 = 1H
f (x)△ f (y−1 ) = 1H
f (x ∗ y−1 ) = 1H
[4] G. Birkhoff, S. MacLane: Álgebra Moderna Básica, 4ł Ed., Guanabara Dois, 1980