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1. Etimologia de Pentateuco
A palavra grega pentateuchos (septuaginta) da qual se derivou o termo pentateuchus latino (vulgata), e se traduziu
para o português como "Pentateuco", é composto pelos termos Penta, que significa "cinco", e teuchos, o que
significa genericamente “instrumento”, “utensílio” e mais tarde livro. Mino foi primeiro a usar a palavras “teuchos”
(fonte: introduccion a la lectura del pentateuco de Jean Louis Ska)para se referir a um recipiente contendo rolos
cilíndricos (capa de rolos). Então, por metonímia o conteúdo, isto é, os "rolos" (dentro do cilindro) passaram a se
chamar “Teucos”, no caso de "Pentateuco" significa “Cinco livros” ou, melhor, “cinco rolos”. O termo Pentateuco foi
usado na Septuaginta para nomear os 5 livros primeiros livros das Escrituras, escritos por Moisés e denominados no
Tanach (Bíblia Judaica) como Torah (Lei). O Pentateuco é a primeira parte do Antigo Testamento e da Bíblia hebraica.
Contém os primeiros cinco livros da Bíblia: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Estes Cinco nomes,
são oriundos da versão latina da Vulgata, vêm de da tradução grega da Septuaginta. Em suma o “Pentateuco” são os
5 primeiros livros da Bíblia com autoria mosaica e que formam a primeira secção da Bíblia católica e protestante, e
de igual modo também no Tanach, porem “Pentateuco” é refiro pelos judeus como “Torah” e compreende os
mesmos livros do “Pentateuco”.

1.1. Etimologia de Torah


Como vimos a denominação “Pentateuco” para os 5 livros de Moises que principiam o Tanach são traduções do
latim (vulgata) para o português e são oriundos da versão grega septuaginta, porem, em hebraico a primeira seção
da Bíblia leva outros nomes. “Torah” significa literalmente “instrução”, “norma”, “lei” e como podemos ver o
significado principal da “Torá”, é instrução, por isso entendemos como “normas” e finalmente “lei”, mas esta
palavra, a Torah é um substantivo feminino derivado do verbo “yarah”. Que significa “Lançar”, “disparar”; mas
figuradamente significa “executar” e “cumprir” e assim se derivou os significados atuais “ensinar”, “instruir” e
“indicar”. É importante conhecer o significado da “Torá” porque foi traduzido geralmente em nossas versões bíblicas

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simplesmente como “Lei”, o que leva a interpretações erradas que são apoiadas por doutrinas errôneas. A tradução
da palavra “Torah” como “Lei” em nossas Bíblias vem da versão grega da Septuaginta, onde as seguintes palavras
gregas foram usadas para traduzir a palavra hebraica “Torah”:

Nomos ("lei, regra");

Nominos ("de acordo com a lei");

Entolo ("comando, comando, ordem");

Prostagma ("ordem, mandamento, mandato, requisito").

Uma vez que essas palavras gregas (septuaginta) foram posteriormente traduzidas para diferentes idiomas,
espanhol, inglês, francês, português e assim por diante, então, quando lemos na nossa Bíblia, encontramos “Lei” e
não "instrução", o que nos dá uma idéia diferente do significado original na cultura judaica, e isso contribuiu para a
interpretação errônea que o cristianismo fez da “Torá” e que veremos mais tarde. Devemos lembrar que nossas
traduções não são feitas a partir do hebraico, mas sim do grego e que as palavras certas usadas na tradução não
eram inteiramente adequadas em termos do significado das palavras hebraicas, assim se queremos entender o
significado de real de tais palavras-chave, devemos ir diretamente para o hebraico para ver o que realmente nos diz,
no entanto, o legado correto é “Instrução da Torá”, jamais “lei da Torá”. Esse entendimento nos leva a ver que a
“Torá” não eram simples regras, mas uma constituição inteira, portanto fica muito claro que a “Torah” tomada
literalmente é a constituição dos judeus, e não simples regras religiosas, portanto, os gentios que cumprem a “Torá”
cometem uma redundância uma vez que seus países já possuem uma constituição legal.

1.2. A origem dos nomes dos livros


Os nomes dos livros do Pentateuco que compõe nossa Bíblia moderna tem sua origem na língua grega (septuaginta)
e em suas transliterações latinas (vulgata), as palavras que nomeiam os livros na Bíblia grega tem sua origem na ideia
central do livro, como por exemplo, a palavra grega “Gêneses” significa origem. Já os nomes dados no original
hebraico são oriundos das primeiras palavras do rolo (livro), por exemplo, “Shemot” (Êxodo) significa “nomes”, no
rolo original “Shemot” é a primeira palavra que aparece no livro, colocar o nome do livro pela sua primeira palavra
faz parte da cultura judaica.

Gênesis: Do grego "Genesis", que significa "origem, criação, geração". No original hebraico é denominado
"Bereshit", literalmente: "No início", "No começo", "No princípio".

Êxodo: Do latim "Exodus" e do grego "Êxodos" quer dizer "saída, partida, emigração". Em hebraico: "Shemot"
("Nomes").

Levítico: É assim denominado porque contém, principalmente, as leis e os regulamentos concernentes aos Levitas,
que eram descendentes da tribo de Levi. Na Bíblia hebraica é chamado de "Vaiicrá" que significa "E chamou" ou "E
clamou".

Números: Tem esse nome por causa dos dois recenseamentos relatados no livro. Em hebraico: "Bemidbar:",
literalmente: "No deserto".

Deuteronômio: Do grego ("deuterós": "segundo" + "nomos": "lei" = "deuteronômion": "segunda lei"). No original
hebraico leva o nome de "Devarim", ao pé da letra: "Palavras".

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1.3. Pentateuco no Canon do Antigo Testamento moderno
O Antigo Testamento moderno é dividido em nossas Bíblias em 39 livros, esta divisão vem da Septuaginta, através da
Vulgata Latina. A Septuaginta foi a primeira tradução das Escrituras (só o AT), feita do hebraico para o grego, cerca
de 285 a.C em Alexandria no Egito, os livros são divididos na Bíblia por assuntos e dentro desses assuntos em ordem
cronológica. Os livros são agrupados e divididos por assuntos, que são classificados por estilos literários, exemplo a
versão grega e posteriormente a latina agrupou em uma só secção os livros do Antigo Testamento considerados
Proféticos, e dentro dessa divisão criou duas subdivisões, os Profetas Maiores e os Profetas menores. Abaixo será
anexada uma tabela com as divisões de assuntos da Bíblia moderna.

A divisão dos livros Bíblicos em secções, a partir de seu estilo literário auxilia o interprete da Bíblia a abordar o livro
com um olhar literário correto, nas interpretações textuais é fundamental entender o estilo literário para saber o
modo que os textos do livro devem ser entendidos, um exemplo básico são os livros poéticos, escritos de forma
conotativa, e, portanto, devem ser entendidos de maneira diferente dos livros históricos escritos em prosa e de
forma denotativa. Ao se interpretar as Escrituras o teólogo deve levar em conto o tipo de literatura que esta
estudando e assim aplicar a hermenêutica de forma eficaz, avaliar errado a literatura do texto levará o estudante a
não entender o que realmente Deus revelou através do autor sacro.

O Pentateuco é a primeira seção da Bíblia moderna, os livros que estão agrupados nessa divisão são todos escritos
por Moises, e são classificados como livros de instruções para a nação judaica. Para os judeus que estão sob a
“Torah” esses livros são denotativos e devem ser entendidos literalmente, já para a igreja que está sob a égide de
Cristo, esses livros devem ser entendidos sob um olhar cristológicos, de forma denotativa, para uma aplicação
figurada e cristocêntrica.

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1.4. A Torah no Canon Judaico
Nossa o Antigo Testamento de nossas Bíblias são compostas de 5 seções (Pentateuco, Históricos, Poéticos, Profetas
Maiores e Profetas Menores), já o Tanach judaico (Antigo Testamento) é dividido em 3 grandes seções (Torah,
Neviim e Kethuvim), essas seções também representam estilos literários. Tanakh ou Tanach (em hebraico ‫ )תנ״ך‬é um
acrônimo (abreviação) utilizado dentro do judaísmo para denominar seu conjunto principal de livros sagrados
(Primeira letra de cada uma das 3 seções, abaixo anexarei um exemplo), sendo o mais próximo do que se pode
chamar de uma bíblia Judaica. A divisão do acrônimo "Tanakh" está atestada em documentos do período do
segundo templo e na literatura rabínica. Durante aquele período, entretanto, o acrônimo Tanakh não era usado,
sendo que o termo apropriado era Mikrá "Leitura", este termo continua sendo usado em nossos dias, junto com
Tanakh, em referência as escrituras hebraicas. A divisão de livros do Tanach é diferente das nossas Bíblias atuais, as
Escrituras modernas possuem 39 livros no seu Antigo Testamento, já o Tanach é dividido em 24 livros que são os
mesmos 39 livros de nossa Bíblia, mas alguns são ajuntados e se tornam apenas um livro, como por exemplo, na
bíblia moderna temos 1 e 2 Samuel, já na hebraica os dois formam um livro só.

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2. Autoria do Pentateuco
As tradições judaicas e cristãs sempre reconheceram Moisés como autor do Pentateuco, toda a Bíblia faz referencias
reconhecendo ele como autor da “Torah”. Abaixo uma rápida biografia de Moisés, da mesma forma, Tácito, Juvenal,
Strabo e o imperador Juliano reconhecem a origem mosaica dos cinco primeiros livros das Escrituras. Além desses,
Maomé, explicitamente, defende a autoria de Moisés para o Pentateuco, como diz Buckland (2007, p.474).

A Bíblia dá inúmeras referências e inferências que defendem a autoria de Moisés, vejamos algumas: no Antigo
Testamento: Dt 1:5; Dt 4:44; Dt 31:9; Dt 33:4; Js 8:31-34; 1 Rs 2:3; 2 Rs 14:6; 2 Rs 23:25; 2 Cr 23:18; Ed 3:2; Ne 8:1;
Ml 4:4; no Novo Testamento: Lc 2:22; Jo 1:17; At 13:39; At 28:23; 1 Co 9:9; Hb 10:28; O Testemunho pessoal de
Jesus: Lc 24:44; 7:19. Além do testemunho bíblico, existem argumentos lógicos que apontam diretamente para a
autoria de Moisés e que não podem ser ignorados. Por exemplo, Moisés era um dos poucos hebreus (ou talvez o
único), em sua época, que tinha condições e cultura para compilar uma obra literária de tamanha importância e
complexidade. Nascido numa geração escravizada e subserviente, obviamente nenhum hebreu de sua época teve
acesso ao conhecimento que ele adquiriu em sua convivência na corte faraônica (Ex 2:10). Outro argumento lógico é
a convivência de Moisés com Reuel, seu sogro, em Midiã (Ex 2:21), também reforça a idéia de que Moisés teve
acesso a fontes orais e documentais inequívocas, que, obviamente, o ajudaram na compilação da Obra, sob o
seguinte argumento: Reuel era sacerdote em Midiã, terra aparentada de Israel (Gn 25:1,2) e com tradições
semelhantes; Moisés não viveu somente sob a única bandeira de Reuel, mas peregrinou naquela terra (Ex 2.:2), o
que possibilitou o seu contato com inúmeras fontes. O próprio Reuel como sacerdote, pode ser considerado uma
excelente fonte de informações para Moisés. E como já aprendemos os maiores argumentos a favor da autoria
Mosaica sãos tradições judaica (milenares) e a cristã, desde tempos imemoriais, amparam e defendem a convicção
de que o testemunho do Pentateuco revela Moisés como seu autor.

2.1. A autoria de Moisés negada


A crítica bíblia moderna baseada na ciência e nos estudos literários, tem levantado objeções quanto à autoria
Mosaica do Pentateuco, ou de um único autor para a obra. Alegando estilos literários diferentes entre os livros e
dentro de muitos textos e supostas tradições diversas, esses críticos tentam derrubar a noção de uma obra feita por
um homem e em apena uma geração, e introduz a possibilidade de múltiplos autores em centenas de anos,

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sugerindo uma evolução literária e cultural na formação do Pentateuco. Abaixo postarei um quadro com algumas
perguntas da critica bíblica que procuram desacreditar a autoria do Pentateuco por Moisés. A alta critica tem como
premissa o empirismo (uma teoria do conhecimento que afirma que o conhecimento vem apenas, ou
principalmente, a partir da experiência sensorial), onde todos os fatos devem ser entendidos através da ciência e
explicados por meios naturais, isso exclui a inspiração do Espirito sobre a Palavra, relegando a um livro qualquer,
outra premissa dos críticos é não considerar as passagens sobrenaturais com literalidade e criticar livremente as
fontes sagradas (Os escritores tradicionais), em outro momento voltaremos à descrição empírica da alta crítica. A
seguir comentaremos alguns argumentos que foram levantados pela critica de fonte.

Atribuir a Moisés a representatividade do Pentateuco: Segundo a alta crítica é usual no oriente médio organizar
livros por compilações de vários autores e incrementar partes nesse livro até alcançar o estado de compêndio, e
após representar a autoria da obra completa a uma grande autoridade que originalizou os pensamentos contidos na
obra, ou que dou a primeira parte dos escritos. Para esses críticos essas características marcaram a elaboração da
Torah, a formação dos livros se iniciou com Moisés ou somente com suas ideias e vários autores acresceram
literatura a obra até sua conclusão nos séculos V e ou IV antes de Cristo. Para Champlin o Pentateuco talvez somente
tomasse o nome de Moisés para autoria para reforçar a autoridade da obra, em quanto a isso ele escreve:
“Facilmente Moisés poderia haver incorporado outros materiais, como códigos legais, poemas e relatos, e ainda
assim ter sido o único autor-editor do Pentateuco. De fato, hoje em dia não é possível nos comprometermos com
um estudo sério da crítica bíblica sem reconhecermos um vigoroso caráter editorial no Pentateuco.” (2011, p.198).

A morfologia da religião: Esse argumento parte da ideia que toda religião ou cultura nasce de modo singelo e básico
e com o passar dos anos ela é incrementada se tornado cada vez mais complexa. Segundo a alta crítica o fato do
Pentateuco apresentar um sistema religioso e legal tão completo e complexo, é devido à inserção de novos textos na
obra, acompanhando a evolução da religião judaica. Em fins do século 19, Julius Wellhausen e Karl H. Graf
“desenvolveram a hipótese documentária, que foi aceita como a base fundamental da Alta Crítica. Usaram a teoria
da evolução religiosa de Israel como um dos meios para distinguir os supostos documentos que constituiriam o
Pentateuco. Também a utilizaram para datar esses documentos. Por exemplo, se lhes parecia que determinado
documento tinha uma teologia mais abstrata do que outro, chegavam à conclusão de que havia sido redigido em
data posterior, já que a religião ia ficando cada vez mais complicada. De modo que estabeleceram datas segundo a
medida de desenvolvimento que eles imaginavam. Relegaram o livro de Gênesis, em sua maior parte, a uma coleção
de mitos cananeus, adaptados pelos hebreus.” (HOFF, 2007, p.246). Textos que apresentam as duas monoculturas
“Yahveh Elohim” (Senhor Deus) para eles se caracteriza por edições do texto, sendo assim inseridas as duas
tradições do nome de Deus.

Diversas tradições religiosas inseridas na obra: Outro argumento da crítica de fonte é a aparente mescla de
tradições religiosas compondo o Pentateuco, segundo esses teóricos foram usados mais de uma fonte literária
religiosa para compor a obras, inserindo assim tradições diferentes em seus textos. Um exemplo claro dessa
diferença de tradição religiosa é o fato de em certas passagens Deus ser nomeado de “ Elohim” (literalmente deuses,
poderes, plural de El), já em outras porções Deus ser designado por “Yaweh” (literalmente Senhor, a origem desse
nome é a derivação do verbo “Hayah” por isso a tradução “Eu Sou”), para esses estudiosos o fato da mescla dessas
duas nomenclaturas para Deus é evidencia de duas tradições religiosas diferentes compondo o Pentateuco.
Essencialmente, a hipótese literária de Wellhausen e Graf postula que o Pentateuco é uma combinação de narrativas
javistas (J; compostas em c. 950 a.C. derivados de Yahveh), eloístas (E; compostas em c. 850 a.C.), do documento
deuteronômico (D; compostas em c. 622 a 587 a.C.), e do documento sacerdotal (P, do alemão “Priestershcrift”;
compostas em c. 500 a.C. sendo traduzido para o português como fonte S de sacerdotal). Para a alta crítica o
Pentateuco e quase todo o Tanach é fruto da mescla dessas 4 tradições religiosas diferentes, que combinadas
formaram as Escrituras veterotestamentárias, a cerca dessas 4 tradições discorreremos mais adiante.

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Tradições duplicadas: Ao analisarem a Torah “cientificamente” os defensores da alta crítica acharam supostas
duplicidades de relatos, ou seja, relatos históricos análogos, levando em conta que dificilmente uma passagem
isolada se repetira em essências, os críticos chegaram à conclusão que se trata de mesclas do mesmo relato original
sob o olhar de tradições religiosas diferentes. Exemplos de passagens teoricamente repetidas são recorrentes
principalmente no livro de Gêneses, um exemplo são as interações de Abraão e de seu filho Isaque com duas
personagens (Abimeleque e Ficol), em ambas as passagens se realizam uma aliança entre os patriarcas e os filisteus
em torno de poços de águas (Gn 21:22-31; Gn 26:23-33), para os críticos essas passagens são deverás análogas para
serem consideradas coincidências em sua repetição.

A narração de sua própria morte: Um último argumento levantado pelos críticos é a questão da narrativa da morte
de Moisés no último capitulo de Deuteronômio, o que constitui para eles uma prova conclusiva que a autoria do
Pentateuco não pode ser de Moisés ou no mínimo não exclusivamente. Para esses críticos a inserção da morte de
Moises na obra, constitui um obstáculo insuperável para aqueles que consideram a Torah uma obra única e com um
único autor.

Conclusão: Em resumo, portanto, para os estudiosos racionalistas alemães de alguns séculos atrás, “o Pentateuco
não foi escrito por Moisés, mas é uma recopilação de documentos redigidos, em sua maior parte, no século V a.C.”,
concluiu Paul Hoff (2007, p.245), uma data muito mais tardia se comparada aquelas costumeiramente atribuídas à
redação desse livro pelos eruditos mais tradicionais, que consideram Moisés como único autor e a composição da
obra por volta do século XV a.C.

2.1.1. Resposta a Alta Crítica


Evidentemente, eruditos conservadores rejeitaram completamente essa teoria e, obviamente, formularam
argumentos capazes de refutar a maioria das assertivas da Alta Crítica. Qual, no entanto, seria a preocupação dos
estudiosos fundamentalistas em defender a autoria mosaica do Pentateuco? Quais seriam as implicações para a
Bibliologia e para doutrinas importantes como a da Inerrância bíblica, caso o autor do Pentateuco não fosse
realmente Moisés, aquele personagem que tantas passagens escriturísticas referenciam como o autor dos cinco
primeiros livros? A resposta mais direta a essas indagações é também a mais óbvia: os estudiosos mais tradicionais
preocupam-se, na verdade, com a preservação da inerrância da Palavra de Deus e creem que, se em algum (ou
alguns) lugar da Bíblia está escrito que Moisés foi o autor do Pentateuco, e a Bíblia é absolutamente verdadeira em
tudo quanto afirma então Moisés deve realmente ter sido o autor da “Lei”.

Atribuir a Moisés a representatividade do Pentateuco: Como dito uma das premissas básicas da alta crítica é a
duvida sobre as fontes literárias (autores sagrados), para eles as evidencias bíblicas e tradicionais não são o bastante
para garantir uma autoria. Segundo o seus argumentos a ideia de uma representatividade literária ser atribuída a
uma figura de autoridade é recorrente no oriente médio antigo, porém, não a nenhum indicio na cultura judaica que
apoia o fato desse método ser usual nas Escrituras judaicas. Como dito anteriormente as evidencias internas de toda
a Bíblia e as fontes tradicionais mais antigas judaicas sempre atribuíram a Moisés a integridade da Torah, é mais fácil
acreditar em estudiosos modernos, que fizeram suas analises depois de quase 3500 anos, ou nas evidencias internas
das Escrituras e na cultura milenar que apresentou a obra para o mundo?

A morfologia da religião: Outra premissa da crítica de fonte que aprendemos é total exclusão da influencia divina na
composição do livro, claro que isso é fonte deduzida por que só conhece as Escrituras superficialmente e que não
mantém nenhum contato com o seu verdadeiro Autor. Para nós que temos esse contato a Torah, todo o Tanach e o
Novo Testamento constituem fontes inspiradas de revelações, assim sendo acreditamos na inspiração de Deus sobre
Moisés na confecção da Torah e na apresentação da fé judaica. Acreditando que Deus revelou todos os detalhes
sobre o modo que Ele deseja ser adorado, fica fácil entender a complexidade da religião revelada por Moisés, pois se
tratava de algo revelado pronto e deduzido em todos seus detalhes. De novo faço a pergunta, é mais fácil acreditar

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em estudiosos modernos que não conhecem Deus nem a tradição judaica ou aceitar que Deus revelou o culto e a lei
judaica de forma completa como apresentado nas Escrituras e passados milenarmente pelos judeus?

Diversas tradições religiosas inseridas na obra: Esse argumento tem seu contraponto semelhante ao acima, pois a
Palavra nos revela Deus entregando a constituição para os Israelitas em todos seus aspectos legais e sacerdotais,
creditar isso a mescla de tradições é desconhecer a unidade das Escrituras e a formação da cultura judaica. Desde os
primórdios os judeus sempre focaram em dois aspectos a sua “Lei” que serve como constituição e os “sacrifícios”
que servem para se aproximar de Deus, relegar esse dois aspectos a duas tradições religiosas diferentes é inferir que
um povo não pode ter uma constituição e um sistema religioso ao mesmo tempo, fato que vemos em todas grandes
culturas. Outra questão se concentra sobre o uso das nomenclaturas “Yahveh” e “Elohim”, segundo a alta crítica
evidencia duas tradições diversas, essa observação demonstra que esses críticos desconhecem as aplicabilidades dos
nomes, Elohim (Plural de El) significa literalmente “Deuses” e são pistas da trindade nos textos
veterotestamentários, esse nome é aplicado de forma genérica, pois é usado (principalmente na forma “El”) para
outros deuses e poderosos, essa nomenclatura foca as ações criativas de Deus e seu contato transcendente. Já
“Yahveh” (Eu Sou) é o nome particular revelado por Deus, é usado especialmente por Moisés o revelador desse
nome, o foco dessa nomenclatura quando usada pé denotar conhecimento de Deus e sua forma imanente com seus
escolhidos. Quando se emprega o título Yahveh-Elohim (Jeová Deus), muito embora o nome Elohim já denote a idéia
de divindade, somado a Yahveh (derivado do verbo ser) reforça o significado que Deus é eterno e tem existência
ilimitada em si mesmo (Êxodo 3:14), também seu uso indica que é o Deus do pacto, da graça e misericórdia, pois
junto ao titulo de Deus se apresenta seu nome pessoal. Como vimos a aparição das duas nomenclaturas para se
referir ao Deus de Israel e mesmo quando as duas se juntam em um texto, de forma alguma sugerem a mescla de
duas culturas e sim a manipulação de duas nomenclaturas diferente aplicadas a contextos específicos, nossa cultura
atual não continua fazendo isso, exemplo, rei e majestade, enquanto rei nomeia o chefe de estado em uma
monarquia, majestade é um titulo de respeito para nomear o rei, semelhante de “Yahveh” que é o nome pessoas de
Deus e esse é seu titulo (Deus) e ainda é normal se dirigir ao rei vossa majestade a rainha Elisabete, o titulo e a
função na mesma frase.

Tradições duplicadas: Esse argumento da alta critica é uma prova conclusiva que esses críticos ignoram os conceitos
bíblicos e a cultura do oriente médio antigo, quando afirmam que a fatos duplicados na Bíblia e que são frutos de
varias traduções se mesclando, esses gritam bem alto sua total ignorância do dia a dia desses personagens.
Retomando o exemplo de Abraão, Isaque, Abimeleque e Ficol, qualquer leitor atencioso verá que um povo
seminômade (os patriarcas) iria peregrinar pelos mesmos caminhos, atrás de agua e pastagem para os animais e
assim com certeza iriam interagir varias vezes com os mesmos moradores dessas regiões. Outra coisa que esses
supostos cientistas da Bíblia ignoram é a possível longevidade dos seres humanos na época, o que tornaria plausível
pai e filho (Abraão e Isaque) interagirem com os mesmos personagens durante suas peregrinações, porem o fato que
denota mais notoriamente a incompetência desses críticos em entenderem os costumes da época é a referencia dos
títulos ao se referir a esses personagens filisteus (Abimeleque e Ficol), portanto a interação de Abraão e Isaque,
mesmo Jacó com personagens dos mesmos (supostos) nomes é creditado ao ocupante atual dos títulos,
“Abimeleque” (meu pai é rei) é o titulo dado ao rei da cidade de Gerar, logicamente após a morte do soberano o
titulo passa a outro, já “Ficol” (forte) era o titulo que designava o comandante do exército de Gerar, sob
Abimeleque.

A narração de sua própria morte: O levantamento desse argumento seja ser ridículo, uma vez que a Torah era total
propriedade do povo israelita após a morte de Moises, assim qualquer um a seu mando poderia acrescer esse
pequeno adento, sem comprometer a unidade do texto. Outro sim é o fato de o próprio sucessor de Moisés, Josué,
prosseguir com os Escritos Sagrados a mando de Deus, tornando totalmente natural a inserção da Morte de seu
mestre na obra que esse concebeu inteiramente.

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Conclusão: A alta crítica surgiu em um momento que os teólogos não estavam preparados para combatê-la, e por
muitas décadas esses pressupostos aparentemente científicos tiveram estatos de verdade absoluta, porem com o
desenvolvimento da arqueologia bíblica e o conhecimento mais apurado de manuscritos antigos ficou nítido que a
critica de fonte é somente um amontoado de teorias que evidenciam o desconhecimento desses supostos cientistas
da divindade, da profundidade das Escrituras e mesmo da cultura do oriente médio antigo. Se não existisse a
soberba desses pseudos críticos com certeza essas teses já cairiam em desuso. É obrigação de todo o teólogo
acadêmico crente em Cristo Jesus, conhecerem essas falsas teorias e desacredita-las com o verdadeiro
conhecimento, infelizmente esses críticos com um verniz de ciência e conhecimento seguro, engam muitos simples
na fé e os levam a desacreditarem as Escrituras Sagradas e consequentemente do Deus do Livro.

Não poucas pessoas, e de muitos modos, assim como nós, também buscam uma razão para viver! (Porém nós
achamos em Cristo). E muitas pessoas, hoje, com boa formação acadêmica, em diferentes campos da ciência, estão
às voltas com questões éticas, existenciais ou de outra natureza, buscam luzes, repostas que saciam sua sede
espiritual e propiciam sua intelectualidade! Outras, no contexto secularizado, técnico-científico, nem consideram a
possibilidade de encontrarem respostas na religião. Outras ainda, desiludidas por alguma razão, fecharam as portas
a alguma mediação humana ou palavras religiosas. Será possível, que através de bagagem teológica, estabelecer
algum diálogo para todos, que seja frutífero? E a partir de indicações da razoabilidade da fé no próprio ser humano e
em Deus, indicar a esses o caminho? Se a compreensão racional capitula em relação à própria fé, seu estudo,
enquanto esforço racional dão condições para os senhores apontarem o caminho que ao mesmo tempo responde as
perguntas intelectuais e facultam a favor das existenciais. Ora, são os senhores estas pessoas, que também elaboram
logicamente uma fala sobre Deus! Uma fala, portanto, com sinalizadores capazes de emitir sinais para além de sua
historicidade, além da religião, ou de intuir o que ultrapassa as possibilidades imaginativas do ser humano; mas
também, uma fala situada de muitas maneiras, reativa, e, portanto ao mesmo tempo, com a lógica intelectual e com
a fé. No passado os grandes teólogos venceram os desafios apologéticos da fé, hoje cabe aos senhores vencerem os
desafios modernos da falsa ciência bíblica.

3. Princípios da Alta Crítica


Foi somente a partir do século XVIII que a autoria mosaica do Pentateuco começou a ser seriamente questionada.
Nessa época o mundo ocidental estava sofrendo profundas transformações. Surgiu o Iluminismo, Deísmo, que
exaltava a razão humana como norma absoluta para determinar a veracidade e relevância de qualquer tipo de
conhecimento. As descobertas científicas, a era industrial, tudo levou o homem a confiar plenamente em suas
potencialidades. Deus vai sendo posto de lado e a razão humana vai ocupando Seu lugar, essa nova proposta
antropocêntrica e até materialista impactou a forma que os estudiosos entendiam a Bíblia, essa influencia diabólica
foi a principal ascendência para o surgimento da alta crítica. A alta crítica nomeia seus princípios como “método
crítico-histórico”, e sustentam suas teses sobre três pilares, Correlação, Analogia e crítica (já falaremos sobre eles). O
principal pressuposto desses críticos é a chamada “critica de fonte”.

Segundo este método a Bíblia é um livro igual a qualquer outro e deve ser analisada e estudada como qualquer
documento antigo. O método histórico-crítico se fundamenta em três princípios básicos: Princípio da correlação,
princípio da analogia e princípio da crítica. Outra fonte de crítica desses teóricos é a “crítica histórica”, onde a
história da Bíblia é considerada apenas como lenda, tradição, sem fundamento nos fatos. O que a bíblia apresenta é
chamado de história interpretada pela fé (Geschichte), o que realmente aconteceu (Historia) deve ser investigado
pelo método histórico crítico. Surgem assim duas versões da história de Israel: A história percebida pela fé dos
israelitas e a história reconstruída pelo método histórico-crítico e a história bíblica: criação, dilúvio, chamado de
Abraão, Isaque, Jacó, peregrinação no Egito, êxodo, deserto, entrada na terra prometida.

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3.1. Refutando os princípios da Alta Crítica
Os antigos israelitas não percebiam a realidade de forma fragmentária. Para eles havia uma unidade indissolúvel
entre o fato e seu significado. Esta dicotomia só aparece porque os seus proponentes excluem da história qualquer
elemento sobrenatural. Em virtude de pressuposições filosóficas segundo as quais Deus não pode agir na história,
frutos das influencias antropológicas. Jesus e os autores do novo Testamento consideravam os eventos do Antigo
Testamento como factuais. Criação, Mc. 10:6,7; Queda, Rm.5;12 - 21; Dilúvio, 2Pe.3:6. E de novo surge a pergunta, é
mais fácil acreditar em críticos movidos pelos sentimentos antropológicos que surgiram milhares de anos após os
fatos, ou em pessoas que vivenciaram esses fatos e deixaram registrados em sua cultura?

3.2. Princípios do Método Crítico-histórico


1. Correlação: A história é um círculo fechado de causa e efeito. Tudo deve ser explicado por causas naturais, assim
sendo o método de analise deve ser materialista excluindo a existência e interferência divina. Logicamente que esse
entendimento é fruto de estudiosos sem fé e conhecimento de Deus e das Escrituras, além de não acreditar em ditos
da cultura judaica sem fazer parte ou conhecer essa cultura.

2. Analogia: O presente é a chave do passado. Os acontecimentos bíblicos são análogos ou similares aos do
presente, essa premissa diz que se hoje não vemos milagres, com certeza no passado também não existiram, já que
toda historia é análoga e regida pelos meios naturais. Um conhecimento mais amplo do cristianismo ensinaria esses
críticos que milagre ainda acontece e que o sobrenatural interage ativamente com o natural, usando o próprio
argumento desses, se milagres e interações sobrenaturais acontecem ainda hoje, como o passado é análogo com
certeza também aconteceram.

3. Crítica: Todas as afirmações de um autor bíblico devem ser questionadas ou postas em dúvida, esses críticos
acreditam que pessoas “piedosas” para ressaltar autoridade de seus escritos se valeram de fraudes nominais ou
edições históricas usando nomes importantes. Esse método exclui completamente a ética e a verdade bíblica, Deus
não aprovaria uma “piedosa fraude” mesmo para fins nobres, é muito mais assertivo para o caráter divino e a
legislação de Israel (Torah) se valer de autores e escrito autêntico. Outro sim, as edições de livros não são pecados
para ser escondido, assim como Lucas deixou claro que seu livro é oriundo de pesquisas e edições, qualquer autor
bíblico em semelhante trabalho não precisaria ocultar de seu povo, um exemplo veterotestamentário de uma edição
é o livro de Neemias, escrito tradicionalmente por Esdras, nesse caso é o escritor sagrado contando por meio de
pesquisas e edições a historia de outro personagem, pela critica era mais propicio o livro ser reclamado por Neemias,
o livro de Ester idem.

4. As quatro tradições formadoras da Torah segundo a alta crítica


Esse assunto foi devidamente refutado anteriormente, porem, como estudante de teologia de nível acadêmico,
devemos conhecer essa importante tese da alta critica. Um conhecimento mais profundo desses argumentos nos
trará um maior entendimento dobre a critica de fonte e nos dará mais eficiência para combatê-los.

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A tradição Javista, designada pela letra J é assim chamada porque desde o começo dá a Deus o nome de Yahveh. Ela
se originou provavelmente no tempo de Salomão, em torno de 950 a.C., nos meios reais de Jerusalém. O rei ocupa
nela um lugar de proeminência; é ele que faz a unidade da fé.
Ainda não se tem uma unanimidade quanto aos limites do documento Javista, mas podemos supor, com numerosos
estudiosos, que ele comece em Gn 2, 4b e termine com a narração de Balaão em Nm 22; 24, incluindo a narração da
falta de Israel em Baal-Fegor Nm 25, 1-5. As narrativas da tradição Javista caracterizam-se por um vigoroso estilo de
conto popular e uma pitoresca descrição de personagens. Para o Javista, Deus envolve-se ativamente na história da
humanidade e, em especial, na de Israel. O Javista começa a narrativa com a criação (Gn 2, 4b -31), apresentando a
história da humanidade como o pano de fundo contra o qual o Senhor chama Abraão e lhe faz uma promessa que só
o Êxodo e a conquista de Canaã realizam plenamente. O tema da promessa e concretização predomina na
apresentação javista da história patriarcal.

Refutação: Temos elementos bíblicos e históricos para precisar o surgimento do termo “Yahveh” (origem da tradição
Javista) com o advento de Moisés e a Torah, não a nada na historia e na tradição judaica que defenda o surgimento
do nome pessoal de Deus (Yahveh) somente na época de Salomão, o termo Yahveh é recorrente em toda Torah e no
restante do Tanach e sempre aplicado quando a necessidade de der imanência e personalidade para Deus. A vigor
nas descrições se deve a associação do nome Yahveh com interações pessoais com personagens bíblicos, surgindo
assim descrições de eventos sobrenaturais e personagens marcantes. O Gênesis é um livro em forma de narrativa
em terceira pessoa, feita biblicamente por Moisés, esse fato produz a diferença da aplicação das nomenclaturas de
Deus feita pelo narrador e em seu uso pelos personagens, lembrando que o nome pessoal Yahveh foi revelado
somente a Moisés em Êxodo 3, e antes disso Deus era reconhecido por seus títulos (Ex 3 e 4). Abaixo inserirei textos
tidos como “javistas” pela crítica.

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Na verdade esse texto é classificado pela alta crítica como edição de um texto “Javista” sobre um “Eloísta”, para
esses críticos esse texto evidencia a inserção de uma tradição do reino do Sul (Judá), onde se mescla o nome usado
pelos Judeus ao nome usado pela tradição do reino do Norte (Israel) “Elohim”. Essa afirmação demonstra
desconhecimento das aplicabilidades dos termos que se referem a Deus, a junção desses dois termos por Moisés em
um momento criativo de Deus, demonstra claramente que ele denotava a ação criadora de Deus, mostrando que o
Senhor é alguém pessoal e ainda ressaltando sua eternidade como único Criador.

Esse texto possui duas características marcantes para a suposta tradição “Javista”, um evento sobrenatural e um
personagem inusitado, para eles são requisitos para classificar esse texto como inserção “Javista” na Torah. Porem,
de novo demonstra não entender o texto bíblico, aqui vemos uma ação pessoal de Deus, por isso o uso de Seu nome
“Yahveh” (Traduzido como Senhor) e uma interação com um personagem humano (Balaão) dando assim uma ênfase
sobre esse personagem, clara a ação divina sobre Balaão que causa essa característica distinta.

Outro texto mostrando uma interação divina com personagens humanos, que resulta em outro equivoco de
classificação da alta crítica. Nesse texto vemos que o povo pecou contra um Deus pessoal, por isso o aparecimento
de Seu nome, e esse mesmo Deus pessoal se indignou, exigindo uma ação de Moisés, um personagem impactado
pela divindade, por isso seus traços inusitados, para acalmar o Senhor. De novo não vemos nenhum sinal
discrepante com outros textos que aparecem o titulo de Deus (Elohim), e sim circunstancias que pedem
naturalmente essa nomeação e produzem personagens marcantes, um simples conhecimento das aplicabilidades
das nomenclaturas para Deus, impediriam esses críticos de expressarem algo tão gritantemente errôneo, de novo
relembro o exemplo de rei e majestade.

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A tradição Eloísta, designada pela letra E, dá a Deus o nome de Elohim. Ela nasceu talvez por volta de 750 a.C., no
reino do Norte, depois que o reino unido de Davi-Salomão se dividiu em dois. Muito marcada pela mensagem de
profetas como Elias e Oséias, ela dá muita importância aos profetas.
Os limites do documento Eloísta são difíceis de discernir. Podemos dizer que o documento Eloísta começa com o
ciclo de Abraão, o seu final não é fácil de ser determinados, fragmentos dele podem ser encontrados em Nm 25 e 32,
mas provavelmente eles não constituem o fim primitivo dessa tradição. Alguns autores pensam que há textos
Eloístas integrados no Deuteronômio.
A fonte Eloísta está tão entrelaçada com a Javista, que fica muito difícil precisar e separar as duas fontes em todas as
situações. Como a fonte Eloísta ficou subordinada a Javista, o que resta da narrativa Eloísta muitas vezes está
incompleto.
Na tradição Javista, temos como fundamento a benção de Deus, dada a Abraão, que será transmitida ao povo e aos
povos vizinhos pela realeza, principalmente por Salomão. Já na tradição Eloísta, como o reino unido está dissolvida, a
figura da realeza não tem mais a predominância, aparecendo agora à figura do Profeta e o fundamento será o temor
de Deus, não como um medo de Deus, mas como uma obediência à sua Palavra.
Estas duas tradições se fundiram em Jerusalém pelos anos 700 a.C. Esta fusão, chamada Jeovista (JE), não é simples
adição; ela foi a ocasião para se completarem e se desenvolverem algumas tradições, como a tradição
Deuteronômica e a tradição Sacerdotal.

Refutação: Segundo a crítica literária a tradição “Eloísta” surgiu no reino do norte (Israel) após a separação do reino
unificado (Saul, Davi e Salomão), segundo esses o nome “Elohim” é advento da influencia Cananéia sobre o reino do
norte. As contradições começam com a origem do nome “El” e seu plural “Elohim”, tido pelos linguistas como tendo
origem em línguas semitas (aramaico e hebraico), oriundas da mesopotâmia, o que se encaixa com os relatos
Bíblicos sobre a origem do patriarca Abraão. Se os Israelitas do reino do norte tivessem sofrido influencia Cananéia
na escolha da nomenclatura para Deus, o mais provável seria a nomenclatura “Ilu” e seu plural “lhm” (fontes: O guia
literário da Bíblia ed. UNESP de Robert Alter, Frank Kermode; A Bíblia e Estudos Ugaríticos no Século XX de Mark S.
Smith), termos usados em Canaã para o titulo deus (originário do ugarítico, uma das primeiras línguas cananeias).
Outro equivoco desses pseudos cientistas é colocar o movimento profético na vanguarda da suposta tradição
“Eloísta”, o primeiro erro está no fato de a maioria dos profetas serem provenientes de Judá e exercer seus
ministérios no reino do Sul, isso tornaria mais coerente inseri-los na tradição “Javista”. O principal argumento que
eles levantam é a questão das pregações de Elias e Eliseu se concentrarem na nomenclatura “Elohim” durante suas
profecias, para um entendedor coerente da Palavra esses fatos não construíram uma amostra de tradição religiosa
separada e sim uma leitura harmoniosa do escritor sagrado (Jeremias) dos fatos ocorridos. Quando Elias recebe a

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Palavra profética é citado o nome pessoal de Deus “Yahveh” (1 Rs 17:2,8) demonstrando o conhecimento pessoal do
profeta com Seu Deus, e isso se repete quando Elia fala em nome desse Deus pessoal (1 Rs 17:1), porem quando o
profeta faz o desafio de Baal, Ele pergunta, Quem é Deus? Baal ou Yahveh? (1 Rs 18:21), isso mostra que havia (só na
mente do povo) dois personagens que concorriam ao titulo de Deus (Elohim), essa passagem não demonstra a
junção de duas tradições religiosas e sim a alternação natural entre um nome pessoal e um titulo divino. Abaixo
colocarei os versículos usados pela alta crítica para se referir à tradição “Eloísta”.

Nesse texto aparece a nomenclatura “Elohim”, para os teóricos da alta crítica, esse trecho bíblico evidencia a
influencia cananéia na religião do reino do norte (Israel), por isso narra a criação do universo somente com a palavra
“Elohim”. O primeiro erro desse raciocínio resulta na fonte da tradição criadora, as origens bíblicas são inspiradas e
derivadas da cosmogonia (cosmo = universo; gonia = começo) mesopotâmica, que após se espalho por todo oriente
médio, quando Abraão chegou a Canaã essa narrativa era conhecida dele e também dos povos cananeus. O segundo
equívoco é entender que por uma nomenclatura “Elohim”, se mostra toda uma cultura religiosa, vimos também que
a designação de Deus por seu titulo no plural “Elohim” denota transcendência e eternidade, requisitos exigidos para
dar autoridade ao único Criador.

Esse texto tem o mesmo raciocínio do anterior e deve ser entendido com o uso da nomenclatura “Elohim” para
denotar o poder criativo de Deus e sua transcendência para sua criação, incluindo o recém-criado, homem. Ao
reforçar que temos a imagem e semelhança de “Elohim” Moisés demonstra outro aspecto do titulo “Elohim” que é
poder, claramente nesse texto ele mostra Deus dando sua autoridade e poder ao homem a frente de Sua criação.

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Esse texto é deverás interessante teologicamente analisando, enquanto os críticos sem intimidade com as escrituras
veem nessa passagem a tradição “Eloísta”, um teólogo facilmente vê o povo de Deus ser introduzido na aliança
sinática, e assim paulatinamente sendo introduzido ao conceito de um Deus pessoal (Ex 3:14-16; Ex 6:3).

Na suposta fonte “D” (Deuteronômica) acentua fortemente a justiça e a fraternidade como características do povo
eleito e da Nova Aliança a ser estabelecida. A visão deste regime de Monarquia constitucional vê em Israel que deve
ser realizada a nova obediência a Javé, que será também a felicidade do povo. Esses escritos vão preservar as
narrativas sobre os reis e os profetas. Marcada pela linguagem sapiencial e profética. Em seu estado avançado pela
escatologia. Transcende ao livro de Deuteronômio, todavia nele já se vê precedente a realeza e aos profetas após
Moisés. Segundo a alta crítica essa fonte surgiu através de Esdras e os escribas após o cativeiro, que pela
necessidade de centralizar a autoridade sobre os sacerdotes (uma vez que estavam sem rei) por intermédio da lei,
para que o povo voltasse se unir com esperança de reconstrução, manipularam e editaram os escritos antigos,
cometendo uma “fraude piedosa”, para que alcançasse o fim desejado. Segundo eles as fontes (D) “Deuteronômica”,

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estão contidas em sua maior parte no livro de Deuteronômio, que segundo eles foi inteiro fabricado depois do exilio,
mas outros textos da Torah foram manipulados para dar suporte a essa tradição.

Refutação: Ao disser que a suposta tradição “Deuteronômica” é uma “fraude piedosa” feita por Esdras e os escribas
pós-diáspora, a fim de ter autoridade para redoutrinar o povo judaico é um atestado de desconhecimento das
Escrituras e da cultura judaica, Temos alguns livros históricos e outros proféticos pós-exílios com suas autorias
creditadas tradicionalmente por Esdras e profetas que viveram nesse período, porque editar um livro para manipular
o povo, se podia escrever com autoridade canônica? Outro argumento da crítica é que as fraldes editadas pós-exílio
serviam para garantir a unidade da lei e da religião em torno de um só Deus, esse ponto mostra que os críticos
desconhecem a cultura judaica e as Escrituras, primeiro, porque toda a Escritura e tradição pré-exílica demonstra o
conhecimento israelita da existência de um só Deus desde suas origens, segundo, todas as vezes que Israel insistia
em contrariar as Escrituras e sua tradição monoteísta, Deus levantava uma adversidade pedagógica, para assim o
povo retornar as raízes religiosas, a última vez que Deus precisou julgar o povo por seus pecado foi através do
cativeiro babilônico, ficou claro na historia que Judá aprendeu a lição, sendo redundante precisar manipular
falsamente o Tanach somente para tratar de um ponto consumado desde que os judeus habitavam no exilio. Um
argumento que realmente provoca dó, pela falta de conhecimento desses teóricos é o ponto da promessa da “terra
que mana leite e mel”, creditarem isso a algum momento posterior ao Êxodo é risível, uma vez que essa foi a
promessa feita aos patriarcas e força motriz por trás do Êxodo do Egito. Abaixo analisaremos alguns versículos
usados por esses pseudos pesquisadores para fundarem sua tese.

Segundo a alta crítica esse texto evidencia uma edição nos textos do Pentateuco, o objetivo dessa “fraude piedosa”
é colocar na cabeça do povo que voltou do cativeiro que eles e a terra tem as bênçãos de Deus, e assim incentivar o
povo a obediência e confiar em Deus. Porém, qualquer um que leu sistematicamente Deuteronômio e a Torah,

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perceberá a harmonia que esse texto tem com todo o contexto da saída do povo do Egito e a preparação para
adentrar a terra prometida a seus ancestrais. Outro ponto é o fato de o povo que voltou do cativeiro babilônico se
do reino do sul e assim considerados judeus, habitando somente na parte sul de Canaã, então prometer um
território que incluía a Síria, Samaria e transjordânia, a um povo que habitava em um território restrito e se
orgulhava desse é total incoerência.

Os teóricos da alta crítica enxergam nesse texto uma adição póstuma, já que evidentemente não poderia ter sido
escrito por Moisés (já tratamos esse assunto de autoria dessa passagem anteriormente), e também uma “invenção
piedosa” para dar a Moisés um caráter sobrenatural e assim se valer dessa autoridade. Esse argumento seja ser
ridículo, já que essa historia sobre a morte de Moisés não parece somente na Torah, mas também em outros livros
deuterocanônicos e é totalmente enraizada na cultura judaica (Um exemplo disso é a citação do livro de Judas no
versículo 9, oriunda do livro deuterocanônicos da Assunção de Moisés), uma edição posterior a um texto que tem
análogos antigos seja ser ridículo. Mas a maior mostra do desconhecimento da cultura e religião judaica desses
falsos estudiosos é a questão de precisar fraudar eventos sobrenaturais para se valer da autoridade de Moisés, uma
vez que esse é o pai da Torah e considerado mediador da antiga aliança pelos judeus, uma redundância sem
tamanho se preocupar em aumentar a autoridade, de alguém que gozava a maior credibilidade que alguém fora o
próprio Deus possuía.

Pasme os senhores, para esses críticos, nunca ouve tabernáculo (De onde tiram os itens que Nabucodonosor
catalogou em Babilônia, com registros desde o êxodo, não sabem explicar, ou ignoram que existam), e as festas
judaicas antes do exilio eram apenas rascunho das projetadas piedosamente após o exilio, nesse texto, por exemplo,
eles enxergam uma manipulação piedosa para instituir a pascoa com elementos complexos frutos da evolução
milenar da religião. Esse argumento já rui frente às provas arqueológicas modernas que reproduz a pascoa assim
como é hoje desde os primórdios de Israel, podemos dar um desconto para esses cientistas, já que na época que

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surgiram essas críticas a arqueologia bíblica não era tão desenvolvida, porém, continuar no erro é ignorar uma
ciência, a arqueologia, quem se intitula cientista pode isso?

A tradição Sacerdotal, designada pela letra “P” (Traduzido por “S” de sacerdotal em português) do vocábulo alemão
Priesterkodex (Código sacerdotal), que quer dizer “código sacerdotal”, se originou durante o exílio em Babilônia, de
587 a 538 a.C., e depois. No exílio, os sacerdotes reliam as suas tradições para manterem a fé e a esperança do povo.

Essa obra se empenha em procurar na herança do passado uma resposta para a seguinte pergunta: em que apoiar-
se para continuar a viver no meio das nações? Insiste primeiro no pertencer a um povo, na comunidade do sangue, o
que explica a importância das genealogias na história sacerdotal: trata-se de manter, por meio delas, a identidade de
Israel em Babilônia a fim de evitar a dissolução do povo e permitir a Deus a realização de suas promessas.

Como não é mais possível ir ao templo (por estarem no exílio) insiste-se no sábado, como o tempo consagrado a
Deus e na circuncisão, como sinal de pertencer a Israel. Com isso, já é possível uma vida religiosa; ela consiste em
criar uma comunidade dirigida por um sacerdote, na qual a função do templo é desempenhada pela palavra de
Deus. Nesta tradição, a figura fundamental não será então mais o rei, nem o profeta, mas o sacerdote e o
fundamento não serão mais a benção nem o temor de Deus, mas a fé e uma esperança de um tempo melhor.
Segundo a alta crítica a maioria da tradição “S” (sacerdotal) está inserida nos livros de Êxodo e Levíticos, pois
segundo eles, é textos editados para dar suporte a autoridade sacerdotal.

Refutação: Para a alta-critica essa tradição surge após a consolidação da fonte “D” (Deuteronômica), assim o povo já
está doutrinado e alinhado com o único Deus judaico e a esperança messiânica, então, a tradição “S” (sacerdotal) é a
evolução natural da religião judaica, agora que o povo é apegado com a lei, essa fonte surge para trazer a liderança
dos sacerdotes frente ao povo, aproveitando a lacuna da falta de rei. Porem, a uma pequena discrepância, em
Babilônia surge o movimento farisaico, oriundo dos Escribas e interpretes da Bíblia, esses com a falta do Templo e
consequentemente dos ofícios sacerdotais, se apegam a lei, conciliar escribas e sacerdotes para elaborar uma fraude
piedosa para os sacerdotes insurgirem ao poder, parece muito discrepante para que têm um mínimo de
conhecimento dos partidos religiosos judaicos. Outra questão é que esses “conhecedores” acreditam que essa fonte
fortalece a esperança messiânica em Judá, porem para que fazer uma alteração piedosa se Esdras trata abertamente
dessa esperança em seus livros (1 e 2 Crônicas, Esdras, Neemias e Ester), e esses manuscritos gozam de total
autoridade mesmo sendo pós-exílicos e tradicionalmente creditados a Esdras, outro ponto do messianismo, é tentar
entender o que sacerdotes, que segundo eles criam essa fonte para ter poder, teriam de interesse fomentar uma
esperança messiânica centrada em um descendente de Davi? Pois pessoas que fazem “fraudes piedosas” para
controlar o povo e gerar autoridade, não seriam “éticos” para preparar abrir mão desse poder em nome de outra
tribo. A questão dos profetas é semelhante, pois temos 3 livros proféticos pós-exílicos e todos gozam de autoridade,

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porque fraudar se poderiam facilmente doutrinar o povo com seus escritos? Abaixo estudaremos alguns textos
usados por esses críticos para sustentarem suas incoerências.

Para a alta crítica a complexidade dos sacrifícios e cultos judaicos são frutos da evolução da religião por séculos e
refletindo em adições continuas na Torah e demais livros do Tanach (já refutamos esse argumento anteriormente),
por isso enxergam nesse texto um ritual muito elaborado para a religião nascente pós-saída do Egito. Essa afirmação
nos dias de hoje é ridícula, uma vez que arqueologicamente é provado que os elementos de culto judaicos não são
originais em sua essência (Somente no monoteísmo e santidade), e sim praticados muito antes do nascimento da
nação judaica, assim sendo, esse padrão complexo é muito antigo e remete a suméria, porque milênios depois a
reprodução dessas características são “evoluídas” para época?

Nesse texto os críticos focam na autoridade aramica e de seus descendentes, para eles isso evidencia a edição para
restringir a mediação entre Deus e o povo somente aos sacerdotes. Outro argumento sofrível, pois em todo oriente
médio antigo a autoridade religiosa e mesmo civil esta nas mãos dos sacerdotes dos deuses, e assim é análogo aos
sacerdotes do Senhor, porque editar textos para criar uma autoridade ancestral?

Como dito anteriormente, para a alta crítica o tabernáculo nunca existiu e foi concebido e anexado na Bíblia para
pretexto da construção do novo templo (Zorobabel). Já debatemos as provas arqueológicas da existência do moveis
sagrados muito antes do templo de Salomão, por isso ressaltaremos a necessidade de manipular o povo para a
construção do novo Templo e das coisas sagradas, bem como da necessidade da administração desses pelos
sacerdotes, uma vez que isto esta enraizado na religião e no coração do povo judaico.

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Conclusão: Como podemos ver as quatro supostas fontes que segundo a alta crítica são mescladas para produzir a
Torah e o Tanach, não passa de má interpretação e de desconhecimento sobre Deus, as Escrituras, a cultura judaica
e a historia. O argumento sobre as duas primeiras fonte “J” e “E” é mero desconhecimento das etimologias do nome
Yahveh e do titulo Elohim, e da aplicabilidade coerente de cada uma dessas nomenclaturas. Já a terceira e quarta
fonte “D” é deduzida sobre a ignorância sobre a cultura judaica e do oriente médio antigo, bem como, total
desconhecimento da religião judaica. Para um método que se apresenta como cientifico e empírico, a alta crítica
ignora bastantes dados científicos, como etimologias, antropologias, historia e arqueologia, como podemos ver essas
teorias são nascidas no fanatismo materialista e seu afã por desacreditar Deus, as religiões e Escrituras Sagradas a
qualquer custo.

5. Formação do Pentateuco segundo a alta crítica


JAVISTA (J) – ELOISTA (E) DEUTERONOMISTA (D) – SACERDOTAL (P)

No processo de formação do Pentateuco parece que, inicialmente, se compuseram pequenos fragmentos de relatos,
leis, celebrações litúrgicas, etc., que se transmitem de forma oral ou por escrito. Em distintas épocas, grupos de
escribas, profetas, sacerdotes ou sábios reúnem estes fragmentos para fazer relatos continuados, originando-se
assim quatro tradições que se fundiriam posteriormente num só documento. Estas quatro tradições, conhecem-se
como Javista, Eloísta, Deuteronomista e Sacerdotal. Este trabalho de unificação destas quatro tradições considera-se
finalizado até ao século V a.C., atribuindo-se com frequência ao sacerdote Esdras.

Judá (J)

Durante o reinado de David-Salomão (séc. IX-X) aparece à fonte “Javista”, assim chamada porque chama a Deus com
o nome de “Javé”. Os Livros de Samuel surgem neste tempo, com o objetivo de legitimar a monarquia.

Israel (E)

Neste tempo começam a serem escritas algumas partes do Livro do Génesis, do Êxodo, alguns Salmos e nasce a
literatura sapiencial. Com a morte de Salomão o reino divide-se, Israel (ou Reino do Norte) e Judá (ou Reino do Sul).
No reino do Norte nasce a tradição “Eloísta” (séc. IX-VIII), assim chamada porque chama a Deus com o nome de
“Elohim”. (Livros dos Reis, Amós, Oseias, Miqueias, Isaias).

Judá e Israel (pós exilio samaritano na Assíria) (JE)

Em 722 o Reino do Norte caiu sob o poder da Assíria. Muitos dos habitantes fugiram levando consigo os escritos e as
tradições sagrados para o Reino de Judá. Foi assim que as duas tradições, Javista e a eloísta, se uniram. (Jeremias, 2º
Isaias)

Judá (Pós-exílio) (D)

A Palavra “Deuteronômio” significa “Segunda Lei”, este livro contem três discursos de Moisés, à beira da terra
prometida. O Livro do Deuteronômio começou a ser escrito (uma primeira redação) no Reino do Norte, antes da
ocupação assíria (722). Tem como base a renovação litúrgica da Aliança em Siquém (Js 24), um século mais tarde foi
encontrado no Templo o chamado o Livro da Aliança ou a Torah (2 Rei 23:3-20), o rei Josias contemporâneo do
profeta Jeremias, tentou por em pratica este livro iniciando uma reforma religiosa, a redacção final pode ser datada
nos séc. V-IV a.C.

Judá (Pós-exílio) (S)

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Em 587 Nabucodonosor, rei de Babilónia, tomou a cidade santa e deportaram muitos dos seus habitantes, em terra
estrangeira os sacerdotes voltaram às antigas tradições, insistindo sobre as celebrações litúrgicas (S), quando
voltaram do cativeiro implementaram imediatamente a fonte “D” e após surgiu a fonte “S”, surgindo assim a Torah e
Tanach como conhecemos.

5.1. Formação do Pentateuco segundo a Etologia


Os cinco primeiros livros das Escrituras, embora tenham sido redigidos e editados, em sua maior parte, por Moisés,
em um período que se estende de 1446 a 1406 a.C. aproximadamente, conformam-se, na verdade, em uma unidade
extraordinária. De fato, essa unidade do Pentateuco foi um dos fatores que influenciou a opinião de determinados
estudiosos liberais e os fizeram reconsiderar a autoria (ou pelo menos sua maior porção) mosaica dessa obra, bem
como a datação dela para séculos anteriores.

A grande unidade orgânica do Pentateuco reside sumariamente no fato de ele consistir, ao mesmo tempo, em cinco
livros individuais, porém, unidos e concatenados em mútua dependência. Gênesis, em uma linguagem bastante
peculiar e com propósitos estritamente definidos, apresenta os primórdios da humanidade e de tudo o que existe,
bem como relata o antiquíssimo período patriarcal introduzindo a história de Israel, uma etnia que simboliza o povo
escolhido por Deus. Êxodo narra como o povo hebreu, cativo da grande potência egípcia, sob a liderança de Moisés,
é libertado da escravidão e vem a ter os primeiros contatos com Deus. O livro de Levítico constitui-se como um
manual sacerdotal para Israel, que os ensinaria detalhadamente os processos litúrgicos do culto a Yahveh, uma vez
que Israel fora por ele liberto e, agora, poderia adorá-lo sem empecilhos externos. Narrando a história de Israel
durante sua marcha em direção a Canaã, o livro de Números mostra o povo de Deus e seu exército sendo
encaminhados para uma terra que representava o cumprimento das antigas promessas de Deus. Finalmente, o livro
de Deuteronômio é composto por três grandes discursos de Moisés proferidos nas campinas de Moabe, que
serviriam para lembrar o povo, formado por uma nova geração de israelitas, acerca das leis de Deus, e para
estabelecer o cumprimento da vontade do Senhor como um requisito para a posse da Terra Prometida.

A evidência da literatura do antigo Oriente Próximo implica que Moisés usou documentos cuneiformes escritos ou
tradições orais no estilo mesopotâmico (patriarcal) para escrever Gênesis. Isso de maneira nenhuma significa
implicar uma diminuição da inspiração, mas é uma tentativa de explicar o fenômeno literário do livro de Gênesis
(fonte: New Discoveries in Babylonia about Genesis de P. J. Wiseman). Começando em Gênesis 37, uma marcante
influência egípcia de estilo, forma e vocabulário parecem indicar que Moisés usou ou produções literárias ou
tradições orais dos dias dos Israelitas tanto no Egito quanto na Mesopotâmia. A exata formação literária do
Pentateuco é incerta, porém, o mais provável é que Moisés foi compilador e coautor de quase a totalidade do
Pentateuco, embora ele tenha usado escritores e ou tradições escritas e orais (patriarcais), seus escritos foram
atualizados por escribas posteriores (Após o Exilio). A historicidade e confiabilidade desses primeiros livros do
Tanach têm sido ilustradas e apoiadas pela arqueologia moderna.

Resumindo, o livro de Gêneses foi copilado por Moisés, e isso através de tradições orais e escritos antigos oriundos
principalmente da Mesopotâmia, o que não tira a inspiração do livro, já que Deus revelou qual e como usar as fontes
que originaram o primeiro livro da Torah, O livro de Êxodo e Números em grande parte foi registros anotados das
próprias experiências de Moisés e do povo, se constituindo em reconstruções históricas, nesses tomos a inspiração
de Deus está no fato da seleção e registro dessas atividades segundo a vontade do Espirito. O livro de Levíticos foi
formado principalmente através das revelações pactuais que o Senhor passou a Moisés, e o capacitando a registrar
segundo a vontade da divindade. E por último, temos o livro de Deuteronômio, que é o registro dos últimos três
discursos de Moisés ao povo antes de sua morte e da entrada desses em Canaã, aqui Deus revelou as Palavras a
serem pregadas ao povo e como essas seriam registradas, o registro da morte de Moisés foi muito provavelmente
inserido por Josué ou algum líder do povo pouco tempo após a morte do autor, talvez a pedido do próprio Moisés ao
saber que morreria.

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1. Alta crítica X baixa crítica

A palavra crítica vem do grego “kritiké”, do feminino “kritikós” que denota basicamente dois conceitos, o primeiro
positivo como “Juízo crítico”, que é um discernimento, critério, discussão dos fatos históricos e apreciação
minuciosa; e segundo conceito é negativo, ato de criticar, de censurar, condenação, julgamento ou apreciação
desfavorável. Dentro dos estudos científicos e literários o conceito adotado para “crítica” é o de discernimento, um
exame minucioso dos fatos para chegar ao verdadeiro conhecimento, porem, como vimos à pseudociência da “alta
crítica” mesmo com uma roupagem de “ciência” adota o segundo si9gnificado da palavra crítica, ou seja,
condenação e julgamento. Conseguimos ao estudarmos seus argumentos e identificar que a “alta crítica” parte seus
estudos do preconceito contra o sobrenatural e a inspiração das Escrituras, assim o verdadeiro objetivo desses
teóricos é ridicularizar e combater a Bíblia, e nunca chegar ao conhecimento verdadeiro. O termo “Alta Crítica” foi
escolhido tecnicamente pela definição da palavra “alta” (no inglês, “higher”, ou “superior”) que é um termo
acadêmico, usado neste contexto em um sentido puramente cientifico ou técnico. Ela não é usada no sentido
popular da palavra (pejorativo) e pode transmitir uma impressão errada para o homem comum, a intenção do termo
não é transmitir a idéia de superioridade, e sim simplesmente provocar um termo de contraste com a “baixa Crítica”.

Alta Crítica: Método literário de interpretação das Sagradas Escrituras, que tem por objetivo determinar a autoria,
data e circunstância em que foram compostos os santos livros, este método verifica também as fontes literárias e a
confiabilidade histórica da Bíblia. Ela consiste em extrair dos textos resultados a partir de um enfoque sobre a
natureza, o método e os livros sagrados. Ela se ocupa com a nobre tarefa de examinar a integridade, autenticidade e
credibilidade dos escritos que compõe o Livro Sagrado. O Alto Crítico procura saber a origem, o autor e como ele
compôs o livro, tudo isso deveria salutarmente ser aplicado às Escrituras, por exemplo, quando alguém pergunta

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quando, quem e porque o Pentateuco foi escrito, na verdade está fazendo uma alta crítica da Bíblia. Em suma, a Alta
Crítica é um método cientifico e empírico que analisa os Textos bíblicos pela ótica da historicidade e da ciência,
ignorando as superstições e tradições culturais, envoltas por trás das Escrituras. A Alta Crítica foi o alvo de nossos
estudos na aula passada, e modernamente para eliminar qualquer distinção pejorativa sobre a “Baixa Crítica” adotou
as nomenclaturas “Crítica Histórica” ou “Critica de fonte”, esses nomes surgem a partir da abordagem desses
críticos, que se detém sobre a historicidade cientifica das Escrituras e as verdadeiras fontes originais.

Baixa Crítica: Dá-se o nome de “crítica textual” à técnica filológica (Filo = amor; logia = estudo; Ciência que se detém
sobre o conhecimento da Bíblia em si, sem fontes externas) aplicada à reconstituição dos textos originais das obras
literárias, que se desenvolveu, sobretudo a partir do estabelecimento dos textos de clássicos antigos e da Bíblia.
Ocupa-se mais com a natureza verbal e histórica confinada a vocábulos e suas colocações conforme aparece nos
textos bíblicos e seus manuscritos, na prática sua preocupação principal é restaurar o texto original na base das
copias imperfeitas que chegaram até nós provendo a correta leitura e interpretação do texto. Sobre a “Baixa Crítica”
ou estudo literário para extrair o que verdadeiramente o autor sacro nos revelou que basearemos nosso estudo do
Pentateuco, a partir de agora focaremos nessa ferramenta para abstraímos o máximo possível das verdades bíblicas.
Assim como a Alta Crítica mofou sua nomenclatura para Critica Histórica e de fonte, a Baixa Crítica também adotou
nova nomenclatura, “Crítica Textual”, o que revela o foco dessa ciência em revelar as verdades contidas nos textos
bíblicos.

2. A origem dos nomes dados aos livros do Pentateuco.

Em nossas Bíblias modernas os nomes dos Livros do Pentateuco são de origem em palavras gregas, e oriundas da
Septuaginta, essa grande versão usada pelos apóstolos e primeiros cristãos influenciaram as traduções eclesiásticas
dos primeiros séculos, incluindo a versão latina Vulgata, que emprestou as nossas Bíblias as transliterações dos
nomes gregos. Os livros da Septuaginta foram nomeados pela idéia geral de seus conteúdos, diferentemente dos
originais hebraicos que adotavam a primeira letra do livro para nomeá-lo, um exemplo é o livro de “Gênesis”
(origem), que ganhou esse nome na Septuaginta por ser o livro das origens, já no hebraico o nome do livro é
“Bereshit”, pois essa é a primeira palavra que aparece nos manuscritos hebraicos.

Gênesis: Do grego "Genesis", que significa "origem, criação, geração". No original hebraico é denominado
"Bereshit", literalmente: "No início", "No começo", "No princípio".

Êxodo: Do latim "Exodus" e do grego "Êxodos" quer dizer "saída, partida, emigração". Em hebraico: "Shemot"
"Nomes".

Levítico: É assim denominado porque contém, principalmente, as leis e os regulamentos concernentes aos Levitas,
que eram descendentes da tribo de Levi. Na Bíblia hebraica é chamado de "Vaiicrá" que significa "E chamou" ou "E
clamou".

Números: Tem esse nome por causa dos dois recenseamentos relatados no livro. Em hebraico: "Bemidbar",
literalmente: "No deserto".

Deuteronômio: Do grego ("deuterós": "segundo" + "nomos": "lei" = "deuteronômion": "segunda lei"). No original
hebraico leva o nome de "Devarim", ao pé da letra: "Palavras". Abaixo colocarei uma tabela com os nomes dos livros
em e sua origem nas Escrituras.

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3. Introdução ao livro de Gênesis
Título: Como já dito a palavra grega “Gênesis” significa “inicio”, “origem” e por o assunto do primeiro livro do
Pentateuco, os tradutores da Septuaginta a adotou como titulo do livro. Em Gênesis está contido todo o principio da
criação feita por Deus, desde o universo, aos animais e em especial o homem, nesse livro vemos o real gênesis de
toda criação divina.

Proposito: O proposito desse livro é descrever que todo o universo foi criado por Deus, Gênesis já se inicia com a
frase “no principio criou Deus”, o que serve primeiro para nos ensinar das nossas origens em uma criação de um
Deus eterno, e segundo para nos introduzir nas historias bíblicas. Sem o livro de Gênesis o conhecimento a cerca da
criação seria nebuloso, e provavelmente nunca conhecido de um modo confiável, além de nos deixar totalmente no
escuro ao que concerne a ação criativa de Deus e o começo de sua interação com a humanidade. Teologicamente,
além de ter o proposito de expor os fatos criativos feitos por Deus, o livro de Gênesis nos revela o inicio da
comunhão do homem com Deus, o surgimento do pecado e da rebelião humana com o criador, o principio da obra
salvífica de Deus que culminaria em Cristo. Em suma o proposito desse livro é nos introduzir ao conhecimento da

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gênesis universal e revelar o começo da relação do homem com seu Deus, nos mostrando o principio da historia em
todos seus aspectos, com essas interações podemos entender as perguntas existências da humanidade.

Conteúdo: O livro de Gênesis abrange o principio criativo absoluto do universo, desde o momento que o Senhor
Deus trouxe a sua criação a existência, passando pela organização do planeta (universo), a criação do ser humano,
sua primeira civilização, a reconstrução pós-dilúvio, chegando até a escolha de uma família para levar o
conhecimento de Deus ao mundo, o livro de Gênesis acaba com Jacó e seus descendente migrando para o Egito.

3.1. Esfera de ação:


É muito difícil fazer qualquer afirmação precisa sobre a extensão cronológica do livro de Gênesis, porem através de
cálculos genealógicos alguns estudantes da Palavra chegaram á algo em torno de 2000 anos (+/- 4000 a.C. á +/- 2000
a.C.). Abaixo colocarei um gráfico com dois cálculos oriundos das genealogias, a primeira cronologia feita pelo
arcebispo James Ussher no século XVII (King James) e a segunda é uma cronologia teológica americana (NVI).

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Segundo os escritos cuneiformes encontrados, os sumérios conseguiram alcançar idades fantásticas, nestes escritos,
os dez primeiros reis governaram, no total, 456.000 anos e os vinte e três reis seguintes, 24.510 anos, 3 meses e 3
dias e meio, período o qual trouxe muitos aborrecimentos a estes reis, ocasionados pela era pós-dilúvio, tempo de
reconstrução geral. Pela cronologia suméria a criação teria por volta de 450 mil anos, um período absurdamente
maior que o revelado na Bíblia. Entre todos os exemplos da Lista do Rei Suméria, o prisma Weld-Blundell na coleção
cuneiforme do Museu Ashmolean em Oxford representa a versão mais abrangente, bem como a cópia mais
completa da Lista do Rei. O prisma de 8 polegadas de altura contém quatro lados com duas colunas em cada lado.
Acredita-se que originalmente tinha um fuso de madeira que atravessava seu centro para que ele pudesse ser girado
e lido nos quatro lados. Ele lista os governantes das dinastias antediluvianas ("antes do dilúvio") para o décimo
quarto governante da dinastia isina (cerca de 1763-1753 a.C.). Abaixo postarei a cronologia dos reis da suméria
tirada do prisma Weld-Blundell e também uma foto desse artefato histórico.

1 – Na cidade Eridug, Alulim tornou-se rei; Ele governou por 28.800


anos.
2 - Alaljar governou por 36000 anos, os 2 reis governaram por 64.800
anos. Então a cidade de Eridug caiu e o reinado foi levado para a
cidade Bad-tibira, em Bad-tibira, En-men-lu-ana governou durante
43.200 anos.
3 - Dumuzid, o pastor, governou por 36000 anos, os 3 reis
governaram por 108000 anos. Em seguida, a cidade de Bad-tibira caiu
o reinado foi levado para a cidade de Larag.
4 - Na cidade de Larag, En-sipad-zid-ana governou por 28.800 anos,
então a cidade de Larag caiu e o reinado foi levado para a cidade de
Zimbir.
5 - Na cidade Zimbir, En-men-dur-ana tornou-se rei e governou por
21000 anos, então a cidade de Zimbir caiu e o reinado foi levado para
a cidade de Curuppag.
6 - Na cidade de Curuppag, Ubara-Tutu tornou-se rei e governou por
18600 anos.
7 - SuKurLam (28.800 anos, de 64800 até o ano de 36.000, antes do
dilúvio)
8 - Zin-Suddu¹ ou Ziusudra, o "Noé sumério", de 36.000 até o dilúvio.
Em 5 cidades 8 reis que governaram por 241200 anos, e após esses 8
reis o dilúvio varreu o planeta.

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Com certeza as genealogias sumérias excedem muito os anos de criação do homem e da civilização, e devem ser
encaradas como superlativas ou imaginativas, não servindo de parâmetro para precisar a esfera temporal do livro do
Gênesis. Porem, as genealogias bíblicas parecem ser econômicas em sua datação, aparentando uma representação
total do período, era normal na cultura oriental antiga somente classificar nas genealogias membros destacados da
linhagem, omitindo assim alguns nomes menos representativos, igualmente, é o fato de nem sempre uma filiação
significar uma descendência direta, assim como Jesus foi chamado de filho de Davi e de Abraão (Mt 1.1). A conclusão
que podemos chegar de forma segura é que a datação das genealogias bíblicas mostra um resumo cronológico do
período, já a suméria um exagero desmedido, para os cientistas criacionistas (teóricos da terra recente) a criação
tem em torno de lago entre 12 mil a 8 mil anos de existência, dando ao Gênesis um extensão de 5 a 3 mil anos (Da
criação do homem a morte de José).

3.2. A extensão geográfica pré-diluviana


A reconstrução geográfica e biológica da terra no período antediluviano constitui um dos maiores desafios da
teologia e da ciência, o cataclisma, chamado dilúvio foi de tal magnitude que transformou radicalmente toda crosta
da terra e aniquilou qualquer resquício da vida e da cultura de seus habitantes. Porém, tentaremos reproduzir a
geografia e as características da terra nesse período, através de citações bíblicas (trataremos das questões teológicas
mais a frente) e de estudos dos cientistas criacionistas. Abaixo postarei uma concepção da terra feita pelos cientistas

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através de reconstruções de computador, onde esses retrocedem a deriva continental até chegar ao modelo da
“pangeia” ou de toda a massa terrestre contida no mesmo lugar (Gn 1:9,10).

3.3. Concepção do universo segundo o judaísmo


Segundo o entendimento judaico através da interpretação das escrituras (conformo a tecnologia e a sabedoria da
época, hoje conseguimos extrair um conhecimento mais apurado), a terra era plana, com os continentes localizados
no centro do planeta e os mares rodeando as massas continentais (na verdade todo o super continente), abaixo da
terra ficava as fontes do abismo (aguas subterrâneas) e a cima as aguas superiores, seguradas pelo firmamento (um
domo físico), dentro desse domos estavam localizados o sol, a lua e as estrelas. Abaixo das aguas do abismo ficava as
partes inferiores da terra (Sheol), o lugar dos mortos. Todo o universo material e espiritual estavam contidos na
terra, e a sobre o firmamento ficava o céu de Deus. Abaixo colocarei uma representação da concepção judaica do
universo geocêntrico (o planeta terra no centro).

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3.4. Resumo teológico do livro de Gênesis
Abaixo inserirei uma tabela dinâmica com a síntese de como as principais doutrinas são descritas em Gênesis, através dessa
tabela é fácil ter uma idéia teológica do livro.

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4. Data de composição
Como anteriormente estudado temos base suficiente para declarar Moisés como organizador e autor de toda a obra
do Pentateuco, assim sendo, sua composição foi feita em algum período entre seu exilio na casa de Jetro e a
revelação da aliança com Deus Israel no Monte Horebe, o que dataria o livro de Gênesis entre 1486 a. C. a 1440 a.C.
(Defenderemos a data do êxodo no ano de 1446 a.C. na quarta aula). Porem com a organização da religião e do reino
de Israel durante o reino unificado ouve-se a necessidade de uma melhor organização das Escrituras, foi nesse
período que provavelmente surgiu à organização da Torah. Já depois do exilio ouve a necessidade de se editar a
Torah, pois muitas palavras e lugares se tornaram obsoleto, assim Esdras e seus escribas editaram a Torah dando
uma roupagem mais atual (para sua época) e assimilaram tradições enraizadas, isso de forma alguma tira a autoria
de Moisés, visto que a sua ideia prevalece, podemos dizer que fizeram um pequeno ajuste de tradutores, ou mesmo
macular sua inspiração divina, já que Deus revela esse método para que seu povo pós exilio possa entender as
Escrituras aos olhos de seu tempo e cultura.

No campo das reproduções bíblicas temos dois ramos, o primeiro que chamamos de “textos primitivos” e o segundo
as “traduções”. Os “textos primitivos” são manuscritos considerados originais, já que eram copias exatas da feita
pelo próprio autor sacro, esse método era obrigatório para ter copias de segurança das Escrituras, já que essas
poderiam ser perdidas ou destruídas facilmente, os lideres religiosos de Israel não poderia confiar à revelação divina
a um mero e delicado livro (rolo), para proteger essa revelação usava-se dois escribas, um ditava palavra por palavra
e o outro as escrevia, assim não teria chance de mudar o que o autor entregou de Deus, por essa fidelidade 100%
essas cópias eram classificada como “manuscritos originais”. O segundo método de compilação das Escrituras, são as
traduções, essas surgiram da necessidade de atualizar as Escrituras para a evolução cultural em Israel e acompanhar
a morfologia da língua hebraica e após levar a Palavra para outras línguas, a primeira grande tradução foi feita no
tempo de Esdras, onde os escribas traduziram as Escrituras do hebraico Proto-sinaítico (tempo de Moisés) para o
hebraico chamado da segunda época (tempo de Esdras). Com a assimilação de palavras e culturas de outros povos
na língua hebraica essa tem uma morfologia complexa, tornando assim uma língua completamente diferente do
primeiro hebraico, por esse motivo necessitou-se traduzir a Torah de um hebraico em desuso para o atual (da
época). Após essa grande tradução do hebraico em desuso para o atual, surgiu à necessidade de atender os judeus
espalhados por todo mundo antigo (alguns não dominavam mais o hebraico), assim surgiu às primeiras traduções
Interlinguística, se destacando a versão grega da septuaginta e o Pentateuco samaritano em siríaco.

5. Índice do livro de Gênesis

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6. A criação do Universo
Após toda a introdução sobre o Pentateuco e especificadamente do livro de Gênesis, iremos passar para o estudo
textual do Pentateuco, o método que utilizaremos para extrair as profundidades bíblicas será o comentário dos
textos chave, portanto utilizaremos a crítica textual.

“No princípio criou Deus o céu e a terra. E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do
abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas. E disse Deus: Haja luz; e houve luz. E viu
Deus que era boa a luz; e fez Deus separação entre a luz e as trevas. E Deus chamou à luz Dia; e às trevas
chamou Noite. E foi a tarde e a manhã, o dia primeiro.” Gênesis 1:1-5

A configuração atual que divide esse texto em 5 versículos é moderna, nos textos antigos (antes da divisão em
capítulos e versículos) se constitui um texto só, e portanto indivisível. Portanto, os versículos de 1 ao 5 de Gênesis 1
constituem no original um único texto e devem ser entendidos no mesmo contexto, sem separações modernas, os
adeptos da “teoria da lacuna”, que insistem que existe um lapso de tempo entre o versículo 1 e 2, na verdade
desconhecem a estrutura do texto no original, e fundam sua tese simplesmente em uma divisão versicular das
versões modernas. Abaixo colocarei o versículo traduzido direto da Torah judaica, e assim observaremos que a
passagem corresponde apenas a um texto uniforme e indivisível no original.

“No princípio, ao criar Deus os céus e a terra, a terra era sem forma e vazia, e havia escuridão sobre a
face do abismo, e o espírito de Deus pairava sobre a face das águas. E Deus disse: Haja luz! e houve luz. E
Deus viu que a luz era boa, e Deus separou entre a luz e a escuridão. E Deus chamou à luz Dia e à
escuridão chamou Noite. E foi tarde e foi manhã, dia um”.
Trecho de Gênesis 1:1-5 retirado da Torah judaica, editora Sèfer.

“No princípio criou Deus o céu e a terra.” Gênesis 1:1

A Bíblia começa com a palavra hebraica “Bereshit” que literalmente significa “inicio do tempo criado” e só qualifica
como inicio o momento após a criação divina, jamais a eternidade, porem, em João 1 o apostolo vai mais longe em
seu texto “No princípio era o Verbo”, a palavra que ele usa para “principio é “arche” que nessa aplicação significa
“principio eterno antes da criação”. Para entendermos, enquanto Moisés narra o inicio criativo, ou seja, um
momento após as coisas passarem a existir, denotando quer tudo que existe é passageiro e criado pelo Eterno, João
anuncia um tempo eterno, antes de tudo existir, quando só existia Deus, denotando assim a eternidade de Cristo e
consequentemente sua deidade. A primeira coisa criada resultante do bará, foi o tempo, assim após a criação dos
“céus e terra” passou existir o tempo, ao usar a palavra “Bereshit” para descrever o inicio da criação, Moisés deixou
implícito que também nesse momento criativo passou a existir o tempo como o conhecemos, lembrando que
“Bereshit” significa “inicio do tempo criado”.

A palavra “Bereshit” pode ser decomposta em duas outras palavras “Bet” e “reshit”, que se traduz como “no
principio”, a palavra “bet” na verdade é a segunda letra do alfabeto hebraico, que equivale ao nosso “B”, e também
no alfabeto hebraico Proto-sinaítico, “bet” também descreve o numeral “2” (no hebraico antigo não havia numerais
e os números eram contados por letras), assim sendo, “Bereshit” pode significar “no inicio 2” e junto ao Espirito de
Deus (Ruach Elohim) que aparece no versículo 2 (No mesmo texto no original, vide paragrafo acima)apresenta a
trindade logo no primeiro trecho da Torah. A revelação total da trindade, só pode ser entendida com a revelação de
Cristo, a Palavra e a segunda pessoa da trindade, porem Moisés já dava prova no primeiro texto da Bíblia e muitos
outros na Torah, que entendia e que estava introduzindo o conceito de trindade paulatinamente. Outra
profundidade contida na palavra “Bereshit” é que também simboliza a cabeça (inicio) de todas as coisas, lembrando

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que a palavra Rosh (cabeça), está inserida na palavra “Bereshit” (Be rosh it), na cultura judaica a expressão “na
cabeça” significa “em primeiro”.

O verbo hebraico usado para “criar” nesse versículo é “Bará” que significa literalmente “criar do nada”, ou “trazer a
existência de através de algo que não existia” (Hb 11:3), e é aplicado somente para Deus, pois para criar a matéria
original do nada, necessita ser acima de toda criação e do espaço tempo e, portanto eterno (Atributo exclusivo de
Deus). Após usar o “Bará” (criar do nada) para criar a matéria original (céus e terra), Deus passou a usar o verbo
“Asah” (fazer de algo existente) para transformar todas as coisas que vemos, e para isso usou a matéria original
criada através do “Bará”. As primeiras coisas criadas pelo “Bará” constituem a matéria prima do universo, já a
transformação feita pelo Espirito no versículo 2, demonstra o uso do “Asah”, onde ele transforma através da matéria
pré criada. Portanto a expressão “criou céus e terra” deve ser entendido somente como representativo, pois a
narrativa continuada do texto demonstra que ainda não existiam céus e terra, essa expressão indica somente uma
introdução à criação universal, uma vez que como já vimos (3.3. Concepção do universo segundo o judaísmo) os
judeus acreditavam que todo o universo material e espiritual estavam agregados a terra (planeta).

“E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia
sobre a face das águas.” Gênesis 1:2

O versículo 2 de Gênesis 1 como vimos é uma separação moderna, sendo parte do mesmo texto do versículo 1, no
original somente uma virgula divide o versículo 1 do 2 (Gênesis 1:1 e 2), ou seja literariamente um pequena pausa
dentro do mesmo paragrafo. No capitulo 1 o texto começa nos dando uma introdução da criação em um modelo
“geocêntrico”, já o versículo dois após a virgula explica como era a situação da Terra e céus antes de terminada toda
a criação, e para isso Moisés usa a palavra hebraica “Hayah” (ser/estar, raiz original do nome particular de Deus
YHVH) que significa literalmente “era”, ou seja, a terra não se tornou (Hayah de maneira alguma se traduz como
tornou), ela estava sem forma e vazia, denotando na verdade que ainda não existia nada concreto. O emprego do
verbo “Hayah” no versículo 2 mostra que Deus criou através do “Bará” uma Matéria pré existente (Gn 1.1), e o
estado do universo ainda era informe, pois só havia essa matéria (Nunca a terra se tornou informe, já que o texto diz
claramente que ainda não tinha sido criado nada pelo “Asah), logo para a terra poder se tornar informe precisaria
existir em sua totalidade, o que não é o caso.

As palavras usadas no original para descrever “informe” e “vazia” quando associadas a abismo (águas) passam a
ideias de uma imensa massa de água, se entender o informe como ausência de forma física teremos ter a percepção
de que “tohuw” (informe) e “bohuw” (vazia) eram umas imensas nuvens de gás pré-criada do nada (bará). Podemos
entender que quando a Bíblia fala que havia um abismo (abismo de águas) onde o Espirito pairava, ela estava
dizendo da totalidade da criação. A palavra “céu” aplicada no texto de Gênesis 1.1 significa literalmente “águas de
cima” (espaço), e no caso da “terra” citada no primeiro versículo da Bíblia, podemos lembrar que ela só foi tirada das
águas a partir do versículo 7, e que ainda no versículo 6, Moisés narra somente uma separação entre águas de
“cima” e as de “baixo”. Observando esse contexto junto ao de 2 Pedro 3.5 podemos entender que a expressão criou
(do nada) céu e terra, refere-se a criação somente de uma nuvem imensa (do tamanho do universo) de água. A
palavra usada no português para traduzir a palavra “tirada” no texto de 2 Pedro 3.5 é “sunistao” que significa
“surgiu”, demonstrando que a Terra não foi tirada das águas e sim oriunda dessas, em suma podemos falar que
através dessa matéria criada pelo “bará” tudo veio a ser transformado, ou seja, literalmente essa água produziu a
“Terra” e todo o universo.

Outra palavra mal traduzida para o português é a palavra hebraica “rachaph” traduzida por “mover” passando idéia
que o Espirito “passeava” sobre a face das aguas, porem, ao invés disso a palavra significa “relaxar” ou “amaciar”,
passando a idéia que o Espirito se assentou sobre as águas e transformou a “matéria original” (criada pelo bará) em
tudo que vemos, a palavra “rachaph” é usada entre outra finalidade para descrever o trabalho da galinha ao formar
um ovo. Essa manufatura que o Espirito fez usando como matéria prima a “água” é muito semelhante ao que o

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Senhor Jesus fez em Caná, transformando ou manufaturando água em vinho, possivelmente com isso em mente que
Pedro afirmou que tudo que existe surgiu através da água, a palavra grega “dia” (através) significa literalmente “por
meio de” ou “através de”. Quando Genesis conta que o Espirito “pairava” sobre a face das águas, estava afirmando
que através da energia (luz original Gn 1.3) Ele estava a manufaturar a matéria original (criada pelo bará) ou a nuvem
de águas nomeadas como céu e terra, através do “Asah” (Gn 1.1).

“E disse Deus: Haja luz; e houve luz.” Gênesis 1:3

A palavra usada no texto traduzida como “haja” (Hayah) significa “ser”, “estar” e pode significar “vir há existir”, já a
palavra hebraica “owr” significa literalmente “luz”, a problemática nesse contexto é o fato de essa luz existir antes
dos corpos que produzem luz própria atualmente (Estrelas), lembrando que os luminares seriam criados apenas no
4º dia (Gn 1.16-19). Podemos tratar essa pequena incógnita nomeando essa “luz” original de “energia”, sabemos
que a “luz” é em quase sua totalidade “energia pura” e também que o original hebraico não tem nenhuma palavra
para descrever essa energia pura. Levando em conta que o Senhor produziu a primeira matéria a partir do nada
(bará), significa dizer que a primeira matéria não foi criada através da energia, pois se assim fosse, substituiríamos a
palavra “bará” por “asah” ou criado através de algo já existente, em nosso contexto seria a energia. Assim sendo,
após criar a matéria ou a “nuvem de aguas” Deus precisaria da energia para transformar a matéria original em tudo
que vemos, e essa energia cósmica, chamada de “luz” no texto, foi introduzida na criação através do Espirito Santo,
na verdade acreditamos que ainda essa energia esta no universo, e a chamamos “Força intermolecular forte”, ou
“Forças de Van Der Waals”, que é energia que mantem todas as moléculas unidas, sem ela não existiria nenhuma
matéria (Hb 1:3).

“E viu Deus que era boa a luz; e fez Deus separação entre a luz e as trevas.” Gênesis 1:4

Outra problemática que se apresenta, é a questão da separação “Luz e trevas” ou “dia e noite”, sabemos que as
trevas são ausência de luz, e que a noite é quando certo lado da Terra não está exposto à luz solar. Mas a luz só
ilumina quando existe uma massa sendo atingida, a luz nos ilumina, pois atinge a superfície da terra, é notório por
todos que a luz no espaço cósmico não é percebida, pois não atinge nenhuma massa, sendo assim o primeiro estado
criativo é descrito como “informe e vazio”, assim não teria massa para incidir a luz, seria como o espaço sideral hoje
totalmente em trevas. Já questão do “dia e noite”, ficam difíceis de explicar essa existência se ainda o Sol não havia
sido criado, e consequentemente a Terra não poderia girar em teu eixo (rotação) não havendo lugar iluminado (dia)
ou privado de luz (noite). Outra questão que devemos lembrar é que a terra estava informe, não podendo receber
incidência de luz. Se ela estava informe, muito provavelmente não era essa esfera que pode girar em seu eixo
(rotação) e ao redor do seu luminar (translação).

Podemos tentar superar essa grande e elaborada incógnita (luz e treva) usando as recentes descobertas dos
“cientistas criacionistas”. Comecemos por “luz e trevas”, como já antes teorizadas a luz original poderia significar
energia pura e a matéria original uma nuvem de vapor. A energia pode ser positiva (luz) e negativa (energia escura).
Podemos tentar explicar as expressões “luz” (energia positiva) e “trevas” (energia escura).

“E Deus chamou à luz Dia; e às trevas chamou Noite. E foi a tarde e a manhã, o dia primeiro.” Gênesis 1:5

Para explicar “noite e dia” antes de pronto nosso modelo universal, podemos usar a teoria “campo de Higgs”. Como
já falado dia e noite só existem pela incidência solar em pontos da Terra e a ausência dessa luz em outros. E então
para haver “dia” precisa haver incidência da luz (energia positiva) em massas, e a noite é a falta dessa incidência.
Segundo a teoria já anunciada, a massa que percebemos é a que reflete a luz, porem tem se observado que existe
uma massa denominada escura que não reflete a luz (noite) e somente é percebida por sua gravidade (atração entre
corpos).

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Resumindo, o que Genesis um chama de “luz e trevas” pode ser entendido cientificamente como energia positiva
(dia) e energia negativa ou escura (trevas). Os denominados “dia e noite” podem ser explicados através da matéria
visível (que reflete a luz) e antimatéria (matéria escura que não reflete a luz), lembrando que dia é a área que reflete
a luz do sol e noite é a área que não reflete essa luz.

O texto termina (Gênesis 1:1-5) com a expressão “dia um” e não primeiro dia, como em nossas traduções em
português. No hebraico bíblico original, todas as vezes que o substantivo dia (yowm) é precedido por um numeral
(No hebraico original não havia números, em seu lugar usava-se letras) demonstra um dia de 24 horas, o que se
aplica para o segundo dia (Vers. 8) até o sexto dia (vers. 31). Isso não acontece no versículo 5, pois a palavra usada
para traduzir “um” (echad) não é um numeral e sim um artigo. Do segundo dia em diante, todos podem ser
considerados dias literais de 24 horas, porem, o “um dia” não podemos precisar, pois a tradução ficaria literalmente
“um tempo”, como o “Um dia” não pode ser mensurado por tempo, isso pode dar suporte para o tempo que a
luz/energia necessitaria para chegar a Terra (milhões ou bilhões de anos luz), mesmo a terra tendo somente alguns
milhares de anos (contando a partir do dia segundo).

Concluindo, o texto de Gênesis 1.1-5, não pode ser precisado em sua duração, porém, podemos afirmar que não
houve lacuna entre os versículos 1 e 2, já que fazem parte de um mesmo texto no original, sem divisões. O Certo que
a afirmação é assertiva em falar que a Terra estava “informe e vazia”, pois denota que ela foi criada do nada (Bará,
vers. 1; fazer do nada) e depois manufaturada (asah = fazer a partir de algo já existente) através da matéria criada
pelo “bará”. Outra coisa que chama a atenção é o fato de nos 3 primeiros versículos, Deus não usar a expressão que
ficaria corrente “viu que era bom”, a primeira vez que essa expressão aparece é no versículo 4, para mostrar a
aprovação pela criação da luz (energia positiva) e a primeira vez que é usada para a Terra é só no versículo 10. Fica
claro para um estudante com qualquer noção básica de interpretação de textos, que a ausência da expressão “viu
que era bom” nos 3 primeiros versículos evidenciam que ainda a Terra não estava pronta e consequentemente não
“estava boa”.

6.1. Organização da Terra


“(6) E Deus disse: Haja um firmamento (domo) no meio das águas, e haja separação entre águas e águas!
(7) E Deus fez o firmamento (domo) e separou entre as águas debaixo do firmamento (domo) e as águas
de cima do firmamento (domo), e assim foi. (8) E Deus chamou ao firmamento (domo) Céus. E foi tarde e
foi manhã, segundo dia.”
Trecho de Gênesis 1:6-8 retirado da Torah judaica, editora Sèfer.

Os primeiros 5 versículos do primeiro capítulo da Bíblia se detém em expor a criação absoluta feita através do
“bará”, ou seja, da massa informe e vazia que daria origem a todo o universo, após com o advento da energia (luz),
Deus através do (asah) passa a transformar essa massa original em todas as substancias que conhecemos. Após a
criação de tudo que existe no universo, Deus passa a organiza-lo cosmicamente, a narrativa bíblica foca a
organização cósmica da Terra.

“E disse Deus: Haja uma expansão (firmamento) no meio das águas, e haja separação entre águas e
águas. E fez Deus a expansão, e fez separação entre as águas que estavam debaixo da expansão e as
águas que estavam sobre a expansão; e assim foi.” Gênesis 1:6,7

Deus inicia a organização de nosso planeta criando nosso céu e atmosfera, possivelmente nesse momento Deus
escolhe uma fração da matéria criada por intermédio da nuvem original, e começa a dar forma, surgindo assim o
planeta esférico que existe hoje. A princípio o planeta terra era apenas uma massa gigante de agua, separada da
nuvem universal, o primeiro ato criativo (asah) de Deus em nosso mundo é o que a Palavra chama de firmamento,
em hebraico é “raqiya Ì” que literalmente significa uma superfície côncava, ou um domo sólido. O segundo ato é a

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separação entre aguas de baixo do firmamento (o planeta terra se tornou uma massa esférica de agua) e as aguas
sobre o firmamento (atmosfera), na verdade a palavra hebraica para céu provém de água (mayim), e significa “aguas
superiores”, ou “aguas de cima” (shamayim). Hoje entendemos que era possível represar agua na orbita da terra
sem uma barreira física (como os satélites e estações espaciais modernas), mas para os hebreus que tinham o
planeta terra como único no universo, acreditavam que necessitava de algo para segurar as aguas superiores (céu),
por isso para eles o firmamento era algo semelhante a uma comporta gigante de vidro, que segura a agua sobre o
céu.

“E chamou Deus à expansão Céus, e foi a tarde e a manhã, o dia segundo.” Gênesis 1:8

A partir desse momento a terra começa a ter a forma que a conhecemos, porem sua superfície era uma massa de
agua (em estado gasoso), e foi através dessa massa de agua, usando fusão nuclear (fundindo elementos para criar
outros e moléculas), que Deus passou a dar forma ao nosso mundo, na verdade quando Pedro diz que tudo passou a
existir através da agua (2 Pedro 3:5,6), é nesse momento que ele pensava. Resumindo, usando como matéria prima a
massa de agua que era nosso planeta, Deus através da fusão nuclear cria (asah) tudo que existe nesse planeta, e de
forma semelhante a Jesus transformando (asah) agua em vinho.

A expressão “a tarde e a manhã”, não encerra em si nenhum mistério oculto, mas somente demonstra a cosmovisão
judaica, enquanto, para nós o dia começa 24, e entendemos que o dia começa de manhã, para o hebreu o dia
começa 6 horas da tarde, e assim o início de cada dia é dado na virada da noite. Quando Moisés diz, “tarde e
manhã”, apenas mostra a ordem dos dias judaicos, ou seja, para eles a tarde vem primeiro que a manhã, o texto só
reflete a ordem natural da organização diária bíblica. Diferente de “um dia” (um tempo), dia segundo, representa
um dia de 24 horas, em hebraico quando a palavra dia (yowm) quando acompanhada de um numeral (nesse caso
segundo), é entendido de forma literal, ou seja, um dia literal de 24 horas, assim sendo, a parir do “dia segundo”,
todos os atos criativos devem ser considerados dentro de um dia de 24 horas. Para termos um dia de 24 horas, a
terra necessita ter seus dois principais movimentos, rotação (volta que a terra da em seu próprio eixo) e translação
(volta da terra em torno de sua estrela, sol), isso pode sugerir que nesse momento já existia a organização universal,
e as lei da física, ou seja, já existiam as estrelas (entre elas o sol) e os movimentos cósmicos, porem a luz do sol não
chegava a nosso planeta por esse ser somente uma massa de agua (informe e vazio).

“(9) E Deus disse: Juntem-se as águas debaixo dos céus em um lugar e se veja o leito seco, e assim foi.
(10) E Deus chamou ao seco Terra, e à reunião das águas chamou Mares, e Deus viu que era bom. (11) E
disse Deus: Produza a terra relva – erva que dá semente; árvore de fruto que dá fruto de sua espécie,
cuja semente esteja nele sobre a terra, e assim foi. (12) E produziu a terra relva – erva que dá semente
de sua espécie – e árvore que dá fruto, que contém sua semente, segundo sua espécie, e Deus viu que
era bom. (13) E foi tarde e foi manhã, terceiro dia. (14) E Deus disse: Haja luzeiros no firmamento dos
céus, para separar entre o dia e a noite, e sejam sinais para os prazos, dos dias dos anos, (15) e luzeiros
no firmamento dos céus para iluminar sobre a terra, e assim foi. (16) E Deus fez os dois grandes luzeiros
– o luzeiro maior para governar o dia, e o luzeiro menor para governar a noite, e as estrelas. (17) E Deus
os colocou no firmamento dos céus para iluminar sobre a terra, (18) para governar de dia e de noite e
para separar, 19 E foi tarde e foi manhã, quarto dia”.
Trecho de Gênesis 1:9-19 retirado da Torah judaica, editora Sèfer.

Neste trecho do texto de Gênesis 1, Moisés continua narrando a organização cósmica feita por Deus, após organizar
a esfera da terra, as leis físicas do universo e a atmosfera da terra (firmamento), o Senhor passa a organizar
especificadamente nosso planeta. O primeiro ato criativo (asah) em nosso mundo é a criação da porção seca (já
comentamos anteriormente), que Deus chama terra, e assim surgem em sua volta os mares, após esse ato já temos
as características básicas dos habitats terrestres, terra, oceanos e céu. O versículo 11 constitui um desafio, para a

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coerência cientifica, pois como surgiu à vida vegetal antes da criação de nossa fonte de energia, o sol? (ao menos lua
luz não chegava à superfície da terra). Para esse pequeno dilema tem respostas simples, o sol não é a única fonte de
luz no universo, além disso, é possível que ele já existisse desde o segundo dia, tendo somente aparecido ou se feito
visível (com a dissipação da neblina) no quarto dia. Vemos luz num dia nublado, mesmo quando não nos é possível
ver o sol, assim a energia do sol poderia ter penetrado a nossa atmosfera antes mesmo de esse ser visto, atualmente
esse fenômeno acontece em planetas chamados gigantes gasosos, que mesmo sem poder penetra a luz do sol em
sua superfície, a sua radioatividade banha o planeta.

No quarto dia ao que parece Deus terminou toda a sintonia fina universal, que possibilita a vida na terra, o que os
cientistas chamam de “principio antrópico” (antrop = homem; ico = substancia; teoria criacionista que estuda as
características universais para a sustentação de vida na terra). Acredita que a existência e desenvolvimento da vida
na Terra requerem que tantas variáveis estejam perfeitamente harmonizadas, que seria impossível que todas as
variáveis chegassem a ser como são apenas pelo acaso, se nosso planeta fosse um pouco mais próximo do Sol, as
condições para existência de vida seriam inviáveis.

Com a incidência da luz na terra, os fitoplâncton (organismos marinhos microscópicos), as algas e os vegetais passam
a fazer a fotossíntese, cuja reação resultante produz o oxigênio que as formas de vida necessitam para viver. No
quarto dia toda a organização cósmica (incluindo as leis da física) e todo o “principio antrópico” estava concluído,
portanto o planeta estava qualificado para receber vida em toda diversidade que conhecemos.

“(20) E Deus disse: Produzam as águas réptil de alma viva e ave que voe sobre a terra, sobre a face do
firmamento dos céus. (21) E Deus criou os grandes peixes e toda alma viva que se arrasta, que as águas
produziram segundo suas espécies, e toda ave segundo sua espécie, e Deus viu que era bom. (22) Então
Deus os abençoou, dizendo: Frutificai, multiplicai-vos e enchei as águas dos mares, e que a ave se
multiplique na terra. (23) E foi tarde e foi manhã, quinto dia. (24) E Deus disse: Produza a terra alma viva
segundo sua espécie – animal, réptil e animal selvagem da terra segundo sua espécie, e assim foi. 25 E
Deus fez o animal selvagem da terra segundo sua espécie, o animal segundo sua espécie e todo réptil da
terra segundo sua espécie, e Deus viu que era bom”.

Trecho de Gênesis 1:20-25 retirado da Torah judaica, editora Sèfer.

Com todo o universo concluído e o planeta organizado, Deus então passa a criar os animais, no quinto dia ele cria os
animais oriundos das aguas, peixes, lagartos, aves e todos os animais de carne branca (Porque são tirados das
aguas), no sexto dia Deus cria os animais provenientes da terra, os animais de carne vermelha. Se os cientistas ateus
olhassem para a Bíblia com respeito e sem preconceito, já teriam percebido que o homem tem DNA parecido com
animais porque é retirado da mesma terra que esses, a Bíblia há muito tempo já mostraria que nosso DNA seria
semelhante à de outras espécies. Até aqui Deus criou a matéria original do universo através do “bará” (criar do
nada) e transformou essa matéria em tudo que vemos através do “asah” (criar usando matéria prima existente),
porem tanto no “bará” quanto no “asah”, Deus criou tudo pelo poder da Palavra.

6.2. Criação do homem


“(26) E Deus disse: Façamos homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança, e que domine sobre
o peixe do mar, sobre a ave dos céus, sobre o animal e em toda a terra, e sobre todo réptil que se arrasta
na terra, (27) E Deus criou o homem à Sua imagem, à imagem de Deus o criou; macho e fêmea criou-os”.

Trecho de Gênesis 1:26,27 retirado da Torah judaica, editora Sèfer.

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“(7) E o Eterno Deus formou o homem [Adám] do pó da terra, e soprou em suas narinas o alento da vida
e o homem tornou-se alma viva”.

Trecho de Gênesis 2:7 retirado da Torah judaica, editora Sèfer.

Como dito, até aqui Deus usou apenas dois verbos criativos o “bará” (criar do nada) e o “asah” (criar usando matéria
prima existente), porem, na criação do homem a Bíblia, introduz um terceiro verbo criativo, o “Yatsar” (formar com
as mãos), que além da literalidade que significa fazer com as mãos, ainda tem o sentido figurado de uma obra prima
feita pelo artista. Diferente de tudo o que já tinha se produzido, o homem não foi criado pelo poder da Palavra e sim
pelas próprias mãos de Deus, em “teologia” e “Cristologia” aprendemos que o homem foi criado por uma
antropomorfia do próprio Cristo. Alguns teóricos (sem o mínimo de conhecimento literário judaico) levantam a
possibilidade de o homem criado no capítulo e de Gênesis ser outra criação ou substituta da primeira de Gênesis 1, a
tese é formulada a partir da existência de dois relatos diferente de criação. Porém, qualquer um com o mínimo de
conhecimento literário judaico, sabe que a dualidade de relatos, sendo um geral e outro especifico é recorrente em
toda e praticamente indispensável nas narrativas hebreias. O fato de no primeiro capitulo usar a palavra “bará” para
a criação do homem, e no segundo relato (Gênesis 2) usar o verbo “Yatsar”, não demonstra discrepância de relatos e
sim que, no primeiro relato (Gênesis 1) o foco é a criação geral, com o homem somente sendo inserido no total
criativo, e no segundo relato separe-se o homem, o elemento mais importante de toda a criação, para mostra em
minucias como esse foi criado, esse raciocínio também se aplica na questão da criação do homem e mulher juntos
em Gênesis 1 e separados em Gênesis 2.

No primeiro relato da criação do homem, por se tratar de um relato geral, dentro de um contexto universal, não trás
a nós nenhuma dificuldade de entendimento, porem, no capitulo vemos todos os requintes da confecção da coroa
da criação.

“E formou (Yatsar = formou) o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou (naphach = sopro; folego
que sai da boca de Deus, Espirito Santo) em suas narinas o fôlego (n^eshamah = espirito dado pelo sopro
de Deus) da vida (chay = vida espiritual); e o homem foi feito (Hayah = ser/estar) alma (nephesh = alma
consciente) vivente (chay = viva). (alma tem vida através da vida do seu espirito)” Gênesis 2:7

Esse texto de Gênesis 2:7, vemos os dois momentos criativos do homem, a criação material de seu corpo e a criação
espiritual de sua vida. Nesse texto podemos observar a criação do homem material (corpo) através do “Yatsar” e
num segundo momento à criação do homem interior (espirito e alma) através do sopro de Deus (Espirito Santo).
Analisando pelo hebraico, conseguimos distinguir três momentos distintos, a criação material através do “Yatsar”
(criar com as mãos), a criação do espirito humano e a criação da alma. Podemos entender a criação espiritual da
seguinte maneira: 1º Deus soprou (O Espirito de Deus é o sopro), ou seja, o Espirito entrou no homem e produziu
seu espirito (n^eshamah, mal traduzido como folego), e sua vida (espiritual), e da vida do homem (espiritual) foi
feito sua alma.

Traduzindo o versículo de Gênesis 2:7 através das traduções que o Strong no dá teríamos: “E formou com suas mãos
o Senhor Deus o homem do pó da terra; e o Espirito entrou em suas narinas e soprou seu espirito vivo, e o homem é
uma alma viva”. Esse versículo interpretado com as palavras no original hebraico nos ensina que Deus criou o corpo
material do homem, e o Espirito de Deus criou diretamente o espirito do homem (por isso imagem e semelhança),e
do espirito humano saiu sua alma que anima seu corpo mortal, por isso “alma vivente”. A palavra hebraica “chay”
aparece duas vezes no versículo, uma após a criação do espirito humano, para descrever que esse é vivo, a
semelhança de Deus, e a segunda vez após alma, para mostra que a vida da lama provém do Espirito. Outra coisa
que aprendemos com esse texto no original é que o homem é tricotômico, pois tem corpo material, um espirito vivo
a semelhança do espirito de Deus, e uma alma animada pelo espirito que dá vida ao corpo.

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A observação atenta desse texto também responde uma das maiores lacunas da teologia, “como o homem pode
pecar se sua vida espiritual foi feita diretamente por Deus (Hc 1:13; Ti 1:13)? A resposta é simples, o corpo não peca
porque não tem vontade própria, o espirito também não porque foi criado diretamente por Deus, e é a parte do
homem que se aproxima do criador santo, então sobra alma, que por não ter sido criada diretamente por Deus, e
sim derivada do espirito humano, pode pecar e por não ter contado com Deus, não impede o espirito de se ligar a
Deus. Em contrapartida fica difícil para é difícil para um dicotomista (homem só tem duas partes) explicar, como a
mesma parte do homem que peca, pode depois adorar a Deus. Único modo de explicar como o homem já nasce com
pecado mesmo sendo feito por Deus é através do conceito traducionalista (que a alma não foi criada diretamente
por Deus, e sim derivada do espirito), onde o espirito é criado diretamente por Deus, assim ele é puro e busca o
Criador, já a alma não pode ser criada por Deus, pois já nasce pecadora, assim entendemos que o espirito humano
cria sua alma (vida) e essa leva a bagagem da carne (transmitia pelo pai). Alguns nesse texto veem uma insinuação
de que Davi era filho ilegítimo, que se constitui uma falsidade. Primeiro porque ser fruto de adultério não qualifica a
responsável pelo delito, e depois que nenhuma tradição judaica ou rabínica jamais citou tal aberração.

Quando a Bíblia diz que temos a imagem e semelhança de Deus, ela se refere ao nosso espirito, criado diretamente
pelo Espirito de Deus, capaz de pensar, de ser ético, igualmente como nosso Criador. Assim como a inteligência e a
vontade de conhecer Deus esta em nosso espirito, o homem que não foi regenerado esta morto espiritualmente. A
alma não pode buscar a Deus sozinha, mas chega até ele através do espirito, assim sendo a parte humana que tem
comunhão com Deus é seu espirito.

6.2.1. Criação da Mulher


“Então o Senhor Deus fez cair um sono pesado sobre Adão, e este adormeceu; e tomou uma das suas
costelas, e cerrou a carne em seu lugar; E da costela que o Senhor Deus tomou do homem, formou uma
mulher, e trouxe-a a Adão. E disse Adão: Esta é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne; esta
será chamada mulher, porquanto do homem foi tomada. Portanto deixará o homem o seu pai e a sua
mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne.” Gênesis 2:21-24

Como antes requerido a mulher criada nesse texto é a mesma mulher do capitulo 1 de Gênesis, porem, agora temos
um relato especifico de sua criação. Outra heresia é dizer que a mulher criada no versículo 23 (Gênesis 2) que Adão
chamou de “mulher”, é diferente da nomeada por Adão em Gênesis 3:20 como Eva (Chavvah = (mãe) viventes),
enquanto Mulher (no original, ’ishshah derivado de ’iysh = varão), é a designação especial que a mulher descende
do homem, Eva é seu nome particular, que descreve que ela é a mãe de todos os seres humanos, e mãe simbólica de
todos os seres vivos.

Para criar a mulher Deus fez uma complexa manipulação genética, aplicou uma anestesia em Adão (fez cair um sono
pesado), fez uma delicada e localizada cirurgia, retirando uma de suas costelas e após preencheu essa cavidade com
carne, oriunda provavelmente de um enxerto (hoje a medicina faz enxertos com a carne das nádegas), e com a
extração desse material produziu por manipulação genética a mulher, lembrando que com um fragmento tão
pequeno não teria material físico para produzir a companheira de Adão. Assim vemos Deus fazendo a primeira
cirurgia e também a primeira manipulação genética, só para salientar, o homem não tem uma costela a menos por
conta dessa operação no primeiro homem (somente Adão teve), pois seria o mesmo que alguém que amputou um
membro gerasse filhos com a falta desses mesmos membros, alguns crentes no afã de provar a veracidade das
escrituras, chegam a citar essa falácia, tornando assim nossa fé uma chacota, na verdade a analise profunda das
Escrituras é a melhor forma de defendê-la (1 Pe 3:15; 2 Pe 3:18).

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6.3. O código divino em nosso DNA
Esse tópico é extremamente cientifico e difícil de entender, porem, tentarei explicar de uma forma popular para que
todos possam entender, para isso não me ocuparei dos detalhes técnicos, me restringindo a parte pratica e popular
desse conhecimento. Primeiramente precisamos ter uma noção do que é DNA: O que é DNA: DNA ou ADN em
português é a sigla para ácido desoxirribonucléico, que é um composto orgânico cujas moléculas contêm as
instruções genéticas que coordenam o desenvolvimento e funcionamento de todos os seres vivos e de alguns vírus,
em síntese são cadeias de proteínas que trazem todas as informações de um ser vivo, é algo semelhante a uma
programação de software. Abaixo colocarei uma ilustração do DNA.

DNA é uma molécula microscópica formada por duas cadeias na forma de uma dupla hélice, que são constituídas por
um açúcar (aminoácido orgânico), um grupo fosfato (estrutura energética formada de fosforo e hidrogênios) e uma
base nitrogenada (pontes de nitrogênios que une as duas hélices do DNA). A dupla hélice é um fator essencial na
replicação do DNA durante a divisão celular, onde cada hélice serve de molde para outra nova (na concepção
levamos uma hélice de cada um dos nossos pais).

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Após termos um conhecimento básico do que é DNA, podemos entender onde está o código de Deus, no nosso DNA,
como dito as bases nitrogenadas são as pontes que mantem unidas as 2 hélices da estrutura do DNA, cada uma
dessas hélices são formadas por milhões de genes e a cada conjunto de genes existem pontes nitrogenadas ligando a
uma hélice a outra. A cada numero determinado de genes existe uma ponte nitrogenada, a supressa foi à descoberta
que existe um padrão de números de genes para cada base nitrogenada, na verdade existe um padrão com 4
espaços de genes a cada ponte. Abaixo colocarei o modelo de espaço de pontes nitrogenadas proposto por Gregg
Braden.

Como vimos no modelo existe um padrão de numero de genes para o aparecimento das pontes nitrogenadas, esse
padrão funciona da seguinte forma, com um numero de 10 genes aparece uma ponte nitrogenada, o espaço depois
é de 5 genes para a próxima ponte, o terço espaço são 6 genes e o 4 um espaço de 5 genes para a ponte
nitrogenada, após o padrão se repete (voltando para 10 espaços), temos assim uma sequencia de 10-5-6-5 espaços,
que se repetem por toda hélice de DNA. Se substituirmos esses valores numéricos pelo alfabeto bíblico (Hebraico) e
o Aramaico (segundo os linguistas era a língua falada antes de Babel), termos as letra Y (valor 10), H (valor 5), V
(valor 6) e h (valor 5), que formam o código YHVH, ou tetragrama divino. Esse estudo ainda é controverso , mas se
estiver correto, todo o ser humano terá a assinatura do nome particular de Deus em seu DNA, sua programação com
todas as características do ser.

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7. A queda do homem
Esse assunto já foi tratado de forma exaustiva em nosso estudo de “harmatiologia”, por isso iremos fazer somente
uma pequena síntese do tema. O pecado derivou-se no primeiro homem: “Portanto, como por um homem entrou o
pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos
pecaram”. Romanos 5:12.

“E disse a mulher à serpente: Do fruto das árvores do jardim comeremos, Mas do fruto da árvore que
está no meio do jardim, disse Deus: Não comereis dele, nem nele tocareis para que não morrais. Então a
serpente disse à mulher: Certamente não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele
comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal. E viu a mulher que
aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento;
tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com ela. Então foram abertos os
olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; e coseram folhas de figueira, e fizeram para si
aventais.” Gênesis 3:2-7

A tentação:
(a) A possibilidade da tentação: O terceiro capítulo de Gênesis relata o fato da queda do homem, informando acerca
do primeiro lar do homem, sua inteligência, seu serviço no Jardim no Éden, as duas árvores, e o primeiro
matrimônio. Menciona especialmente as duas árvores do destino, a árvore da ciência do bem e do mal e a árvore da
vida, essas duas árvores constituem um sermão em forma de quadro, dizendo constantemente a nossos primeiros
pais: "Se seguirdes o bem e rejeitardes o mal, tereis a vida”, não é esta realmente a essência do Caminho da Vida
encontrada através das Escrituras? (Dt. 30:15.) Notemos a árvore proibida, por que foi colocada ali? Logicamente
para prover um teste pelo qual o homem pudesse, amorosa e livremente, escolher servir a Deus e dessa maneira
desenvolver seu caráter, sem vontade livre o homem teria sido meramente uma máquina.

(b) A origem da tentação: "Ora, a serpente era mais astuta que todas as alimárias do campo que o Senhor Deus
tinha feito." É razoável deduzir que a serpente, que naquele tempo deveria ter sido uma criatura formosa, foi o
agente empregado por Satanás, o qual já tinha sido lançado fora do céu antes da criação do homem. (Ez. 23:13-17;
Is. 14:12-15.) Por essa razão, Satanás é descrito como "essa antiga serpente, chamada o diabo" (Ap. 12:9),
geralmente Satanás trabalha por meio de agentes. Quando Pedro (embora sem má intenção) procurou dissuadir seu
Mestre da senda do dever, Jesus olhou além de Pedro, e disse, "Para trás de mim, Satanás" (Mt. 16:22,23), neste
caso Satanás trabalhou por meio de um dos amigos de Jesus, já no Éden empregou a serpente, uma criatura da qual
Eva não desconfiava. Muito se tem teorizado sobre como Satanás tentou o primeiro casal, os teólogos mais
populares acreditam que foi por uma possessão demoníaca, e relatam que essa foi à primeira seção espirita da
historia, já os teólogos acadêmicos tende pela zoomorfia (zoo = animal; morfia = transformar; transformar em um
animal), ou seja, que Satanás se transfigurou em uma serpente, e assim enganou nossos primeiros pais, até porque
não a prova que um animal falasse no Éden, coisa que seria estranho aos primeiros seres humanos, e segundo temos
historias similares, principalmente no Egito onde há relatos de deuses zoomórficos (demônios). A palavra “nachash”
traduzida no texto como serpente, na verdade significa “monstro mitológico”, e aparece em algumas outras
passagens bíblicas transcrevendo bestas gigantes ou mesmo sobrenaturais (Jó 26:13; Is 27:1; Am 9:3), normalmente
a palavra usada para cobra e serpentes era “pethen”, que descreve um animal peçonhento natural, outro fato é que
a nomenclatura “ser mitológico sobrenatural” continua sendo aplicada a Satanás, sugerindo que era ele a própria
serpente (Ap 12:9,14,45; Ap 20:2). A conclusão que chegamos após analisarmos a etimologia, a coerência bíblica e as
culturas judaicas e egípcias é que provavelmente a aparição de Satanás no Éden foi por meio de zoomorfia.

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(c) A sutileza da tentação: A sutileza é mencionada como característica distintiva da serpente. (Mt. 10:16.), que com
grande astúcia ela oferece sugestões, as quais, ao serem abraçadas, abrem caminho a desejos e atos pecaminosos.
Ela começa falando com a mulher, o vaso mais frágil, que, além dessa circunstância, não tinha ouvido diretamente a
proibição divina. (Gn. 2:16,17). Note-se a astúcia na aproximação, ela torce as palavras de Deus (Gn. 3:1 e 2:16,17) e
então finge surpresa por estarem assim torcidas, dessa maneira ela, astutamente, semeia dúvida e suspeitas no
coração da ingênua mulher, e ao mesmo tempo insinua que está bem qualificada para ser juiz quanto à justiça de tal
proibição. Por meio da pergunta no versículo 1, lança a tríplice dúvida acerca de Deus.

1) Dúvida sobre a bondade de Deus. Ela diz, com efeito: "Deus está retendo alguma bênção de ti."

2) Dúvida sobre a retidão de Deus. "Certamente não morrereis." Isto é, "Deus não pretendia dizer o que disse".

3) Dúvida sobre a santidade de Deus. No versículo 5 a serpente diz, com efeito: "Deus vos proibiu comer da árvore
porque tem inveja de vos. Não quer que chegueis a ser sábios tanto quanto ele, de modo que vos mantém em
ignorância. Não é porque ele se interesse por vós, para salvar-vos da morte, e sim por interesse dele, para impedir
que chegueis a ser semelhantes a ele."

(6) E viu a mulher que a árvore era boa para comer, desejável para os olhos e cobiçável a árvore para
entender o bem e o mal, e tomou do seu fruto e comeu, e deu também a seu marido, que estava com
ela, e ele comeu.

Trecho de Gênesis 3:6 retirado da Torah judaica, editora Sèfer.

Inseri esse trecho para acabar com um mito bíblico (machista?), onde alguns teólogos (muitos se dizem) afirmam
que no momento da queda a serpente estava sozinha com Eva (já ouvi alguns conjecturando onde estaria Adão),
porem esse texto é claro em dizer “e deu também a seu marido, que estava com ela”, portanto, Adão sabia o que
estava acontecendo, estava no momento com sua mulher e caiu no mesmo engodo, isso não o torna cumplice e sim
participante do mesmo pecado.

O protoevangelho:
“E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e
tu lhe ferirás o calcanhar.” Gênesis 3:15

O texto de Gênesis 3.15 pode ser considerado a mais antiga promessa de Deus ao homem caído, depois do pecado e
antes de qualquer outra providência histórica, o Senhor Deus prometeu ao homem e à mulher que o seu resgate
viria do seu Descendente. Para a cultura no tempo de Moisés dizer que a providencia de Deus viria através da
semente da Mulher, seria algo inconcebível humanamente falando, por isso só podemos chegar à conclusão que é
algo totalmente divino (Quer por compilação, ou mesmo por revelação; Is 7:14; Mt 1:23; Gl 4:4). Cientificamente o
sêmen (semente) do homem que fecunda o ovulo da mulher (pó da terra), a mulher em si não pode gerar um filho
sozinha (o homem também não), mas o que então Moisés quis dizer com a semente da mulher? Como já vimos o
pecado foi creditado e passado para seus descendentes por Adão, assim sendo é o sexo masculino que propaga o
pecado (mulher tem pecado porque tem pai), porem, Jesus sendo descendente humano só da mulher (Maria),
fugiria da maldição do pecado adâmico e nasceria puro assim como nosso primeiro pai foi criado. Foi assim que
Deus, em Sua soberania, mostrou Seu amor ao homem, fazendo-lhe, logo no início de sua queda à miserável
condição de pecador, uma promessa gloriosa de redenção, o “Protoevangelho” bendito que anuncia que Jesus é o
Senhor da Criação e dos filhos escolhidos de Deus.

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A Matrilinhagem:
O nosso DNA é a nossa programação, onde esta contida todas as nossas características, o DNA é formado através do
rearranjo dos DNA´s maternos e paternos (50% de cada progenitor, ou uma das hélices, já tratamos desse assunto
em “antropologia”), o que protege o nosso DNA para que não perca as informações é o DNA mitocondrial, que não
transmite características (como o DNA), porem protege a integridade da nossa carga genética. Foi descoberto no
século passado que nosso DNA mitocondrial (proteção do DNA) é doado somente pela mãe, por isso os humanos são
chamados de “Matrilinhagem”, pois só estamos vivos por ter essa proteção dada pelo DNA mitocondrial de nossas
mães. Abaixo colocarei um quadro explicativo, feito pela a autora da descoberta.

Outra descoberta mais recente (2016) mostra que nossas imperfeições congênitas são oriundas de nossos pais
(progenitores masculinos), portanto, se temos vida devemos ao DNA mitocondrial de nossas mães, se temos
imperfeições, envelhecimento rápido e propensão a doenças deveram aos nossos pais (progenitores masculinos).
Esse estudo científico esta de acordo com a Bíblia, pois essa ensina que Adão responsável pela aliança, foi o
amaldiçoado com a morte e sofrimentos (a mulher e de mais seres vivos por intermédio de Adão), e creditado a
entrada do pecado ao mundo (Rm 5:12-19). Várias passagens das Escrituras ensinam que o pecado é herança do
homem desde a hora do seu nascimento e, portanto, está presente na natureza humana tão cedo que não há
possibilidade de ser considerado como resultado de imitação (Sl 5:5; Jó 14.4; Jo 3:6; Em Ef 2:3). Jesus por não ter pai
biológico (seu pai é o Espirito; Mt 1:18; Lc 1:36), fugiu da miséria do pecado, pois a carga genética que herdou de sua
mãe, junto a seu DNA mitocondrial, o fez perfeito e puro.

Cientificamente Imediatamente após a fecundação do gameta feminino (óvulo) pelo gameta masculino
(espermatozoide), a membrana das mitocôndrias contidas no gameta masculino perde sua integridade e morre (na
colisão com o óvulo) e libera enzimas CPS-6, que passam para a matriz mitocondrial e desencadeiam diversos
processos que resultam na degradação do material genético e de toda a organela (Fonte: Science 23 Jun. 2016).
Curiosamente, esta enzima liberada pela mitocôndria paterna age em conjunto com enzimas maternas, como

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enzimas degradadoras de proteínas. Conclusão, se só tivéssemos a enzimas CPS-6 (proveniente do espermatozoide),
nunca nasceríamos, pois essa enzima ataca e destrói o DNA, se só tivéssemos o DNA da mãe (cromossômico e
mitocondrial), seriamos perfeito, sem doença e viveríamos muito mais, porem como temos os dois (enzimas CPS-6
do pai, e DNA mitocondrial da mãe), conseguimos viver, mas nascemos fisicamente imperfeitos, com propensão a
doenças e velhice, e espiritualmente pecadores (não se tornamos pecadores a primeira vez que pecamos e sim
pecamos a primeira vez porque somos pecadores, Sl 51:5). Abaixo colocarei mais um esquema explicativo da
Matrilinhagem.

Nesse esquema vemos que nosso DNA genômico (cromossomos com as informações do ser) são passados pelos pais
(progenitores masculinos e femininos), esses são 50% de cada progenitor (uma hélice de cada, e rearranjada
criativamente, já tratamos o assunto em “antropologia”), já o DNA mitocondrial (proteção do DNA)é passado
somente pela mãe, em um processo chamado matrilinhagem.

Juízo de Deus:
“Então o Senhor Deus disse à serpente: Porquanto fizeste isto, maldita serás mais que toda a fera, e mais
que todos os animais do campo; sobre o teu ventre andarás, e pó comerás todos os dias da tua vida.
E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu
lhe ferirás o calcanhar. E à mulher disse: Multiplicarei grandemente a tua dor, e a tua conceição; com dor
darás à luz filhos; e o teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará. E a Adão disse: Porquanto
deste ouvidos à voz de tua mulher, e comeste da árvore de que te ordenei, dizendo: Não comerás dela,

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maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida.
Espinhos, e cardos também, te produzirá; e comerás a erva do campo. No suor do teu rosto comerás o
teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado; porquanto és pó e em pó te tornarás.”
Gênesis 3:14-19

Juízo de Deus sobre a Serpente: As palavras de condenação à serpente implicam que essa forma de animal usada
por Satanás, outrora eram criaturas formosas (talvez aladas). Mas após ação de Satanás veio a ser o instrumento de
punição para o homem caído, tomou-se maldita e degradada na escala da criação animal. Uma vez que a serpente
foi simplesmente o instrumento de Satanás, ou simplesmente a forma que Satanás assumiu, por que deve ser
punida? Porque é a vontade de Deus fazer da maldição da serpente um tipo e profecia da maldição sobre o diabo
(pois essa adotou tal forma) e sobre todos os poderes do mal. O homem deve reconhecer, pelo castigo da serpente,
como a maldição de Deus ferirá todo pecado e maldade, arrastando-se no pó recordaria ao homem o dia em que
Deus derribará até ao pó, o poder do diabo. Isso é um estimulo para o homem, que é tentado, mas está em pé,
erguido, enquanto a serpente está sob a maldição. Pela graça de Deus o homem pode vencer o mal. (Lc 10:18; Rm
16:20; Ap. 12:9; 20:1-3, 10.).

Juízo de Deus sobre a mulher: Não há dúvida que dar à luz filhos constitui um momento critico e penoso na vida da
mulher, o sentimento de faltas passadas pesa de uma maneira particular sobre ela, e também a crueldade e loucura
do homem contribuíram para fazer o processo mais doloroso e perigoso para a mulher do que para os animais. O
pecado tem corrompido todas as relações da vida, e mui particularmente a relação matrimonial. Em muitos países a
mulher é praticamente escrava do homem, a posição e a condição triste de meninas viúvas e meninas mães na Índia
têm sido um fato horrível em cumprimento dessa maldição, o que resulta da maldição que as torna submissas a seus
pais e maridos. Um dado interessante é, porque a maldição sobre a mulher inclui multiplicação das dores de parto?
A palavra hebraica traduzida por “multiplicar” é “rabah” que significa “aumentar”, ou seja, multiplicar algo já
existente (Jesus só multiplicou pães porque tinha pães), isso nos sugerem que a mulher já havia tido filhos no Éden,
porem sem dores.

Juízo sobre o homem: O trabalho para o homem já tinha sido designado (Gn 2:15) porém o castigo consiste no afã,
nas decepções e aflições que muitas vezes acompanham o trabalho e principalmente na fadiga e no cansaço. A
agricultura é especificada em particular, porque sempre tem sido um dos empregos humanos mais necessários, de
alguma maneira misteriosa, a terra e a criação em geral têm participado da maldição e da queda do seu senhor (o
homem), porém estão destinadas a participar da sua redenção, este é o pensamento de Romanos. 8:19-23. Em Isaias
11:1-9 e 65:17-25, temos exemplos de versículos que predizem a remoção da maldição da terra durante o Milênio.
Além da maldição física que se apossou da terra, também é certo que o capricho e o pecado humanos têm
dificultado de muitas maneiras o labor e provocado às condições de trabalho mais difíceis e duras para o homem.
Notemos a pena de morte. "Porquanto é pó, e em pó te tornarás." O homem foi criado capaz de não morrer
fisicamente; teria existência física indefinidamente se tivesse preservado sua inocência e continuasse a comer da
árvore da vida. Ainda que volte à comunhão com Deus (e dessa maneira vença a morte espiritual) por meio do
arrependimento e da oração, não obstante, deve voltar ao seu Criador através da morte, visto que a morte faz parte
da pena do pecado, a salvação completa deve incluir a ressurreição do corpo, (1 Cor. 15:54-57.), não obstante, certas
pessoas, como Enoque, tiveram o privilégio de escapar da morte física. (Gên. 5:24; 1 Cor. 15:51.). Para concluir, Deus
nos fez de carne e com certeza já tinha em mente a criação superior, a prova que essa existência física não foi feita
para ser eterna é a constituição frágil do homem, mesmo comendo da arvore da vida, é de se esperar que não
vivesse eternamente nesse plano, mas em algum momento seria transformado em uma nova natureza. Talvez o
plano original de Deus fosse esse, quando o homem atingisse um grau muito grande em seu relacionamento com
Deus, esse fosse arrebatado, a história de Enoque pode nos sugerir isso, outro sim, é o fato de nosso planeta ser
finito e com o homem se multiplicando eternamente um dia não haveria mais espaço para todos.

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8. O dilúvio

A causa moral do dilúvio


“Havia naqueles dias gigantes na terra; e também depois, quando os filhos de Deus entraram às filhas
dos homens e delas geraram filhos; estes eram os valentes que houve na antiguidade, os homens de
fama.” Gênesis 6:4

Têm sido apresentadas algumas opiniões com respeito a esta passagem muito difícil: (1) casamentos mistos dos
filhos devotos de Sete com os filhos ímpios de Caim; (2) casamentos polígamos dos antigos governantes dinásticos
("O s homens de renome”); (3) casamentos mistos entre "filhas dos homens” mulheres de carne, com os “benê
Elohim”, "filhos de Deus", chamados anjos. Dessas três opiniões predominantes, a terceira deve ser preferida por
causa da amplitude da passagem (motivo do dilúvio cataclísmico), da origem dos nephilím (provavelmente
relacionados com os gigantes que habitavam na terra, da Septuaginta, "gigantes"), do paralelo com relatos gregos e
romanos que mencionamos titãs, criaturas mitológicas, parte humanas e parte divinas, do uso constante de benê
Elohim, no Antigo Testamento só era usado para os anjos (Jó 1:6; 2:1, Antes da morte de Cristo nenhum homem era
chamado de Filho de Deus, e sim filho do homem, Jo 1:12), toda tradição judaica e cristão primitiva acreditava nesse
conhecimento, e porque escritores do Novo Testamento acrescentam seu testemunho (2Pe 2.4-5 e Jd 6).

Causas físicas do dilúvio


“No ano seiscentos da vida de Noé, no mês segundo, aos dezessete dias do mês, naquele mesmo dia se
romperam todas as fontes do grande abismo, e as janelas dos céus se abriram,” Gênesis 7:11

As causas do dilúvio de Noé insinuam uma catástrofe mundial, não um simples dilúvio local (2 Pe 3:4-6), dão-se
varias explicações quanto à origem das águas do dilúvio, a mais plausível delas é a de Whitcomb e Morris (em The
Genesis Flood), eles supõem que o dilúvio começou com o vazamento de vasta quantidade de águas subterrâneas
(Gn 7:1), com certeza provocado por um terremoto, implicando rebaixamento do nível da terra e elevação do fundo
do mar, isso é mencionado primeiro (as fontes do abismo). Os quarenta dias de precipitação violenta foi apenas a
fonte secundária da água e ocasionaram mudanças climáticas radicais até então, a terra obviamente era regada por
tais fontes subterrâneas e por uma neblina ascendente (Gn2. 5-6), de modo que talvez não houvesse condições
atmosféricas para que se formasse um arco da aliança (G n 9:1 3) com o no mundo pós-diluviano transformado.

“Um vapor, porém, subia da terra, e regava toda a face da terra.” Gênesis 2:6

Aparentemente existia um imenso copo de agua na orbita da terra, essa agua deixa a pressão atmosférica maior,
impedindo de a agua subir e condensa em nuvens, eliminando assim as possibilidades de chuvas. Porem alguma
coisa mudou o centro da terra (provavelmente um meteoro), fazendo as aguas subterrâneas subirem (fonte do
abismo) e precipitando as aguas em orbitas (janelas dos céus), portanto o relato que diz não haver chuvas é
coerente.

Duas teses sobre o diluvio.


Diluvio Parcial

Teoria que afirma que o diluvio foi apenas regional, atingindo somente a bacia da mesopotâmia e talvez o oriente
médio. Sua maior defesa esta no fato de dizer que o mundo habitado, ou seja, o oriente médio era para as primeiras

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civilizações o mundo todo. A agua que produziu a inundação, afirmam esses teóricos que eram provenientes do mar
negro, que por causa de um desgelo universal aumentou drasticamente de nível afetando a mesopotâmia.

Universal

O diluvio universal usa a literalidade da Bíblia e interpretações geológicas para provar a universalidade do diluvio. Os
argumentos mais sólidos apresentados por esses teóricos são os relatos do diluvio em quase todas as culturas e
provas geológicas de uma catástrofe universal em todos continentes.

AS LENDAS DILUVIANAS: CADA MARCA É UMA LENDA ENCONTRADA


• No Brasil, o historiador Henrrera, especialista em tradição indígena latino-americana, documentou narrativas de
alguns grupos indígenas que contam a história de um velho homem que sabendo que haveria uma grande inundação
sobre a terra, construiu um grande barco colocou nele vários animais e sua família e acabou sendo o patriarca de
uma nova raça humana.

• No México os índios Tamanaques possuem uma antiga lenda que conta a historia de um casal com alguns animais
que teriam sido avisados sobre um grande dilúvio e subiram até o alto de uma grande montanha chamada Tannacu
que era protegida pelos Deuses e assim sobreviveu. Após cessarem as chuvas este casal deveria por ordem divina
repovoar a terra.

• A tribo Athapascen, da costa oeste dos Estados Unidos, também conta de uma incessante chuva que inundou toda
a Terra. Apenas um semideus chamado Nagaitche sobreviveu e recriou a humanidade.

• Na Fenícia podemos encontrar a lenda de Demeroon que teria vencido a destruição causada pelo deus Ponto.

• Os índios que vivem em reservas no Estado do Arizona e são conhecidos como Hopi, afirmam que são
descendentes daqueles que sobreviveram a uma grande inundação que fora causada segundo afirmam pelo Grande
Espírito para destruir todo o mundo dos antigos.

• Na Mitologia grega também encontramos o relato de um dilúvio causado por Poseidon que por ordem de Zeus
havia decidido pôr fim à existência humana. Deucalion que juntamente com sua mulher Pirra, puderam salvar-se
desta catástrofe construindo uma Arca e colocando dentro dela um casal de cada espécie de animal existente.

• Em 1816, Belzoni, um arqueólogo italiano, encontrou o túmulo do faraó Seti I, da 19a. Dinastia egípcia. Junto de
sua múmia havia antigos hieróglifos que contavam a história de um dilúvio muito parecida com a narrativa bíblica. O
faraó Seti I morreu em 1581 A.C., o que demonstra a Antiguidade dessa tradição.

• Nas escrituras védicas da Índia encontramos um rei chamado Svayambhuva Manu, que foi avisado sobre o dilúvio
por uma encarnação de Vishnu (Matsya Avatar). Matsya arrastou o barco de Manu e lhe salvou da destruição.

• Na história do povo mapuche existe uma lenda que fala das serpentes Tentem Vilu e Caicai Vilu que também
menciona um dilúvio destruindo todo o mundo antigo.

• O povo da ilha de páscoa também conta uma curiosa lenda que afirma que seus ancestrais teriam chegado lá após
terem escapado de um grande dilúvio que teria destruído o lugar onde viviam, chamado Hiva.

• Os relatos dos antigos Maias também mencionam um dilúvio, que teria ocorrido por obra dos deuses que estavam
insatisfeitos com os homens que haviam criado, pois os mesmos não os temiam e haviam se tornado extremamente

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maus, por isso veio um dilúvio e matou a todos. Diferente de outras narrativas, nesta ninguém foi poupado, todos
morreram. Os deuses então recriaram os homens novamente.

• No manuscrito asteca conhecido como Código borgia, Temos a história do mundo dividido em idades e eras, das
quais a última terminou com um grande dilúvio causado pela deusa Chalchitlicue.

• Os Incas são um povo extremamente comprometido na propagação da tradição oral, onde os relatos lendários são
tidos como religião, por isso as lendas são validas como historia deste povo e devem ser propagadas com total
veracidade. Na mitologia Inca encontramos a lenda onde Viracocha destruiu os gigantes com uma grande inundação,
e duas pessoas repovoaram a Terra (Manco Capac e Mama Ocllo mais dois irmãos que sobreviveram).

Poema de Gilgamés

A versão do Dilúvio que se acha no poema de Gilgamés diz o mesmo: “toda a humanidade virou barro” (XI: 133).
Utnapishtim, o herói do dilúvio, abriu a janela de sua arca e contemplou a terra seca. É também interessante notar
que não foi à subida dos rios por causa da fusão da neve na Anatólia que causou o dilúvio. Segundo Utnapishtim, foi
à tempestade que causou o dilúvio; uma tempestade vinda das nuvens, acompanhada de relâmpagos no céu.
Quando prestes a testar as possibilidades de abandonar a arca, ele também soltou aves, como Noé. Os primeiros
dois pássaros, uma pomba e uma andorinha, voltaram à arca porque “nenhum lugar de pouso era visível” (XI: 148
151). Não há dúvida aqui sobre a extensão vasta do dilúvio.

A semelhança entre a narrativa dos testos de Gilgamés e a escrita de Gênesis é incrível e tais semelhanças de
narrativas podem ser encontradas em outros testos antigos como no testo sumério de Eridu e do épico de Atra-
hasis.

A teoria das hidro placas:


A Teoria das Hidroplacas consiste numa tentativa de explicação para demonstrar que uma inundação de proporções
globais foi a responsável pela origem da maioria das características física do planeta Terra, incluindo os estratos de
sedimento, fósseis e formações salinas. A teoria das Hidroplacas é um desdobramento do Criacionismo,
pretendendo ser um arcabouço teórico alternativo à teoria da subducção, também conhecida como tectônica de
placas, sobre a deriva continental e cuja base de evidências gira em torno da comprovação científica de que a atual
formação geológica terrestre se deu mediante um evento catastrófico promovido por uma inundação de proporções
globais. Foi elaborada pelo então engenheiro e militar norte-americano Walter Brown, e apresentada formalmente,
como teoria, em 1980.

Fases que constituem a Teoria das Hidro Placas.

1ª Fase de ruptura: Segundo Brown, por volta de 4.500 anos atrás, a Terra teria apresentado características
diferentes das atuais, com pressão atmosférica elevada (aproximadamente 6 atm.), relevo de baixas altitudes e
oceanos menos profundos e de baixa salinidade. Também teria possuído um único supercontinente e um lençol de
água subterrâneo homogêneo de aproximadamente 1 km de espessura, com cerca de metade da atual quantidade
de água dos oceanos, que se situaria cerca de 15 km abaixo da superfície. Um aumento de pressão da água
subterrânea sobre rochas com menor resistência teria promovido uma ruptura da crosta terrestre, lançando
violentamente uma enorme mistura de água, terra e rocha na superfície, com uma energia superior à explosão de
dez bilhões de bombas de hidrogénio.

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2ª Fase de inundação: Ao chegar à estratosfera, a água lançada teria congelado rapidamente, produzindo cristais de
gelo que, ao caírem, teriam originado uma forte chuva torrencial, ao mesmo tempo em que teriam promovido o
congelamento instantâneo de animais como o mamute, encontrado na Sibéria e no Alasca. A água em alta pressão
emergindo das rupturas teria produzido o grande volume de sedimentos que agora cobrem todo o globo terrestre.
Esses sedimentos teriam soterrado plantas e animais, formando os registros fósseis. A Bíblia descreve a inundação
global como sendo o Dilúvio e, segundo ela, teria ocorrido em quarenta dias de chuvas contínuas.

3ª fase da deriva continental: A erosão promovida pela água em alta pressão teria alargado rapidamente o tamanho
das rupturas da crosta terrestre, promovendo a compressão de rochas. O leito do oceano, que até então era plano,
teria começado a emergir, formando as cordilheiras mesoceânicas, cobrindo 74.000 km ininterruptos do fundo
oceânico. As placas continentais, definidas como Hidroplacas pela teoria de Brown, ainda contendo água
subterrânea lubrificante, teriam deslizado rapidamente pelo oceano. Ao encontrarem resistência, as rochas das
Hidroplacas teriam sido comprimidas como uma espécie de "efeito mola", formando as montanhas acima do oceano
e as fossas abissais abaixo deste. Isso teria acarretado o surgimento de oceanos mais profundos, e, ao mesmo
tempo, por causa da compactação de rochas, continentes mais altos.

4ª Fase da acomodação: O movimento dos continentes, em velocidades aproximadas de 60 km/h, teria aberto
profundas bacias oceânicas, nas quais as águas da inundação teriam se retraído. Nos continentes, cada cavidade
teria moldado depressões ou bacias, as quais naturalmente teriam sido preenchidas com água, produzindo os lagos.
A erosão das águas continentais teria produzido cânions em pouco tempo. Abaixo colocarei uma representação da
teoria das Hidroplacas.

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Evidências favor do diluvio universal
Em todo o mundo existem relatos sobre o dilúvio.

A Tradição antiga do dilúvio está presente em todos os continentes, algumas delas marcaram semelhanças com o
relato de Gênesis. A história babilônica do dilúvio, descoberto em tabuletas de argila é o Épico de Gilgamesh.
Gilgamesh, O mito sumério de Gilgamesh conta os feitos do rei da cidade de Uruk, Gilgamesh, que parte em uma
jornada de aventuras em busca da imortalidade, nesta busca encontra as duas únicas pessoas imortais: Utanapistim
e sua esposa, estes contam à Gilgamesh como conquistaram tal sorte, esta é a história do dilúvio. O casal recebeu o
dom da imortalidade ao sobreviver ao dilúvio que consumiu a raça humana. Na tradição suméria, o homem foi
dizimado por incomodar aos deuses. Os elementos comuns incluem a construção de um navio e tomar todos os
tipos de animais na mesma. Byron Nelson, em seu livro, "The Deluge Story in Stone", tem tabuladas as características
comuns das lendas, inundação de muitas culturas e os comparou com o relato bíblico.

Destruição maciça da Vida

Cemitérios em massa, de elefantes, cavalos, dinossauros e outras criaturas são encontradas em todo o mundo.
Fósseis são distribuídos mundialmente.

Florestas petrificadas

Muitas florestas petrificadas, cobertas de lava são encontrados em muitas partes do mundo. Parque Nacional de
Yellowstone nos EUA tem estas florestas.

Os sistemas fluviais, marcas d'água.

Sistemas da Terra e deltas fluviais importantes não remontam para um longo passado, mas sim para alguns milhares
de anos. A topografia presente e sistemas fluviais da terra resultaram das mudanças topográficas que ocorreram
durante e depois do Dilúvio.

Há Marcas d'agua demonstrando que houve secas em lagos, terraços fluviais e antigas linhas costeiras elevadas,
encontrados em diferentes partes do mundo que testemunham um evento aguado e deposição de camadas.

Origens das civilizações

Registros históricos confiáveis das civilizações mais antigas não passam de 5000 anos. Houve estouros de civilizações
após o dilúvio: caldeu, assírio, babilônico, hitita e egípcio. A razão é que após o Dilúvio, a humanidade se disseminou
nessas regiões dentro de algumas centenas de anos.

A datação por radiocarbono de fósseis

Esse assunto merece um tópico à parte, que o blog abordará em breve, mas os modelos de datações utilizados pelas
teorias evolucionistas são baseados em pressuposições, pois a ciência histórica não é observável. A premissa
utilizada é que a Terra é muito antiga, pois as três teorias evolutivas (evolução estelar evolução química e biológica)
não comporta uma terra jovem, portanto, logo de inicio ignora-se uma Terra jovem e um Dilúvio universal bíblico.

Então, modelos de datações são utilizados com definições já pré-concebidas, por exemplo, um modelo de datação
de um dinossauro não será o mesmo que o de um fóssil de mamute, porque se assume logo de cara que o
dinossauro tem milhões de anos, Carbono 14 foi encontrado em diamantes e fósseis, o qual não poderia acontecer
em objetos com milhões ou bilhões de anos. As datações para a Terra antiga são feitas já direcionadas para isso. Mas
o assunto será tratado com mais detalhes pelo blog em outra oportunidade, que abordará inclusive a datação
radiométrica.

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Muitos pesquisadores afirmam que os sedimentos da Terra tenham sido depositados na água e pela água durante o
Dilúvio, como é o caso de Derek Ager. (Derek V. Ager, The Nature of the Stratigraphical Record (Chichester, England:
John Wiley & Sons, 1993), págs. 27, 33, 60 e 65);

As evidências fósseis que a paleontologia encontra só se tornam possíveis se houver um rápido “enterramento”
(Cemitério com milhares de fosseis no lugar mais seco da terra). [Arvores que cortam varias camadas geológicas] Isso
pode ser explicado através da “teoria de zoneamento ecológico”, desenvolvido por H. W. Clark;

A teoria de zoneamento ecológico ensina que os organismos foram sepultados em seus habitats naturais enquanto
as águas varriam a Terra, produzindo assim a sucessão de fósseis. (Ariel A. Roth, Origins: Linking Science and
Scripture (Hagerstown, Maryland: Review and Herald Publ. Assn., 1998), págs. (170-175);

Essa teoria explica a presença de amonites (invertebrados marinhos) em grandes altitudes, como na Cordilheira dos
Andes, Cajón del Malpo (próximo a Santiago do Chile), e do outro lado dos Andes (Neuquén, Argentina); dentre
outras montanhas como: Atlas no Marrocos, Himalaia, Everest, Montanhas da China ;

Muitos fósseis fornecem evidência de que não viveram no lugar onde foram descobertos. (Björn Kurtén, Introdução
à Paleontologia: O Mundo dos Dinossauros, Madrid: Ediciones Guadarrama), págs. 15 e 16; Horácio Camacho,
Invertebrados fósseis (Buenos Aires: Eudeba, pág. 28).

O posicionamento dos troncos das árvores petrificadas e a ausência de raízes nas mesmas nas florestas petrificadas
da Patagônia (Argentina) ensinam que um transporte precedeu o sepultamento. O agente mais provável desse
“transporte” foi à água. Isso foi demonstrado pelo estudo de Harold Coffin acerca da catástrofe do Monte Sta.
Helena, nos EUA. (Harold Coffin, “Mount St. Helens and Spirit Lake”, Origins, 10:1 (1983) págs. 9-17); Ariel Roth,
(“Ecossistemas incompletos”, Ciência das Origens, setembro a dezembro de 1995, págs. 11-13);

O mesmo método é aplicado à ecologia de animais e plantas, no mesmo período geológico. Os fósseis de animais e
das plantas que deviam ter servido como seu alimento, frequentemente não aparecem juntos como era de se
esperar. Esse fato é observado na América do Norte e na América do Sul, a exemplo dos dinossauros encontrados na
Patagônia;

A melhor explicação para a existência dos conhecidos grandes depósitos de carvão e de petróleo é o Dilúvio, que
produziu o acúmulo e subsequente enterro de enormes quantidades de plantas e animais (Petróleo e gás natural
podem não ser fósseis). Essa explicação é corroborada por Paolo Arduini e Giorio Teruzzi, acerca de grandes
inundações. (Paolo Arduini e Giorio Teruzzi, Guía de fósiles (Barcelona: Ediciones Grijalbo, 1987), pág. 12; Björn
Kurtén, Introdução à Paleontologia: O Mundo dos Dinossauros (Madrid: Ediciones Guadarrama), pág. 71);

No Chile (La Portada), há um grande depósito de fósseis de conchas marinhas. É conhecido como o “banco de
conchas”, e possui uma espessura média de 50m muitos quilômetros de extensão. A causa mais provável para sua
formação foi à ação da água seguida de um rápido enterramento. Alguns pesquisadores afirmam que “conchas não
podem acumular-se permanentemente no leito do mar”, e mais: “A pergunta frequentemente levantada acerca de
como tão pouco se acha preservado… devia ser substituída por: Por que algo foi preservado, afinal?”. (Eric Powell,
George Staff, David Davies e Russel Callender, “Rates of Shell Dissolution versus Net Sediment Accumulation: Can
Shell Beds Form by Gradual Accumulation of Hardparts on the Sea Floor?” Abstracts With Programs, 20:7 (1998);
Reunião Anual, Geological Society of America, 1988);

Muitos animais são encontrados fossilizados em uma posição que alguns paleontólogos denominam de
“angustiosa”. Isso indica que tais animais sofreram uma morte violenta. Na região de Santana (aqui no Brasil)
encontramos evidências incontestáveis de catastrofismo, isto é, do Dilúvio.

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Na mesma região (Santana – Ceará) encontram-se excelentes exemplares de pequenos peixes e insetos, com todos
os detalhes de sua delicada estrutura e com as evidências citadas. (Harold Coffin, “La Asombrosa Formación
Santana”, Ciencia de los Orígenes, maio a agosto, 1991, págs. 1, 2 e 8.);

Fósseis tridimensionais (raros) de animais apresentam uma evidência clara de um sepultamento ainda em vida, ou
de um enterramento imediatamente após a morte. O estudo desses exemplares na Região de Santana revelou a
presença de parasitas (copépodes) em suas barbatanas. O estudo mais aprofundado desses exemplares revelou que
o processo de petrificação dos mesmos iniciou-se enquanto ainda estavam vivos. (Harold Coffin, “La Asombrosa
Formación Santana”, Ciencia de los Orígenes, maio a agosto, 1991, pág. 2);

A mesma evidência é encontrada nos fósseis dos Trilobitas, encontrados em Jujuy (Argentina), e entre La Paz e Oruro
(Altiplano Boliviano). Em Quebrada de Humahuaca (Jujuy), e no monte Tunari (Vinto, Cochabamba, Bolívia), a
preservação de “cruzianas” (traços de trilobita) é ainda mais notável, trazendo a tona mais uma evidência da
ocorrência do Dilúvio;

O rápido sepultamento de organismos vivos também é evidenciado através do estudo das ostras fechadas e
petrificadas, achadas ao longo de pequenos rios, perto de Libertador San Martin (Entre Rios, Argentina), e em muitos
lugares da Patagônia. (Joaquín Frenguelli, Contribución al conocimiento de La geología de Entre Ríos (Buenos Aires:
Imprenta y Casa Editora Coni, 1920), pág. 43), o que evidencia a ocorrência do Dilúvio;

Os esqueletos delicados e articulados de Mesossauros podem ser achados em rocha calcária, no Estado de São
Paulo, evidenciando o Dilúvio. De acordo com o uniformismo, as camadas sedimentares foram sendo depositadas
gradativamente, porém, o diâmetro dos ossos desses dinos atravessam várias camadas, mostrando assim que o
uniformismo está errado, nesse caso, pois os fósseis mostram que o corpo permanecia inteiro, sem degradação ou
desarticulação, o que seria de se esperar nesse modelo (uniformista). A evidência claramente aponta para um
catastrofismo, isto é, o Dilúvio. Björn Kurtén destaca que: “Muitos esqueletos completos desses dinossauros
[Hadrossauros] foram achados na posição de natação e com as cabeças puxadas para trás, como se estivessem
agonizando.” (Björn Kurtén, Introdução à Paleontologia: O Mundo dos Dinossauros (Madrid: Ediciones Guadarrama),
pág. 115);

Grandes quantidades de sedimentos e organismos marinhos, que formam as espessas camadas de rochas
sedimentares fossilíferas que hoje, cobrem grandes porções dos continentes. A região do Grand Canyon, no
sudoeste dos EUA, por exemplo, fornece uma magnífica exposição dessa característica de bolo de várias camadas
das rochas sedimentares, que, em muitos casos, são extensas lateralmente. As placas tectônicas lentas e graduais
simplesmente não podem explicar essas sequencias tão densas de estratos sedimentários contendo fósseis marinhos
no interior de vastas áreas continentais, áreas normalmente bem acima do nível do mar;

O jorro convectivo do manto, resultante de subducção de fuga das placas do solo oceânico refrigerado, teria esfriado
de forma brusca a temperatura do manto no seu limite interno, acelerando muitíssimo a convecção no núcleo
externo adjacente e sua perda de calor. Esse resfriamento da superfície do núcleo resultaria em reversões do campo
magnético da Terra;

Essas reversões magnéticas seriam expressas na superfície da Terra e gravadas nas faixas magnéticas em padrão
zebrado nas rochas do novo solo oceânico. Essa magnetização seria errática e cheia de remendos locais, nas laterais
e na profundidade, distinta do padrão esperado na versão lenta e gradual. Foi predito que registros similares de
reversões magnéticas "surpreendentemente rápidas", devem estar presentes no fluxo de lava continental liquida, e
essas reversões surpreendentemente rápidas no fluxo de lava continental foram encontradas em seguida.

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Portanto esse modelo de placa tectônico catastróficas fornece uma explicação poderosa de como frias e rígidas
placas da crosta puderam se mover milhares de quilômetros sobre o manto, enquanto o solo oceânico sofria
subducção. Isso prevê relativamente pouco movimento de placas hoje, porque o "movimento" continental
desacelerou rapidamente quando o solo oceânico pré-diluviano sofreu subducção.

Assim, também poderíamos esperar que, hoje, as trincheiras adjacentes às zonas de subducção sejam preenchidas
com sedimentos inalterados anteriores posteriores ao Dilúvio. O modelo fornece um mecanismo para recuo das
águas dos continentes para novas bacias oceânicas quando, no fim do Dilúvio, o movimento da placa quase cessou,
as forças tectônicas, dominantes resultaram em movimentos verticais da Terra (Salmos 104.8). AS interações das
placas em suas fronteiras durante o cataclismo gerou montanhas ao mesmo tempo em que o resfriamento, em que
o resfriamento do novo solo oceânico aumentou a sua densidade, fazendo-o afundar e aprofundar a bacia dos novos
oceanos para receber o recuo das águas do Dilúvio.

Aspecto do modelo do comportamento de fuga no manto tem sido testados e verificados independentemente. O
mesmo modelo prevê que, uma vez que a subducção de fuga das placas frias do solo oceânico ocorreu apenas
poucos milhares de anos atrás durante o Dilúvio, essas placas frias não teriam tempo suficiente desde a catástrofe
para ser totalmente "assimiladas" no manto circundante.

Dessa forma, evidências das lajes relativamente frias logo acima dos limites do núcleo do manto, no qual elas
afundaram, ainda são encontradas hoje.

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1. Impacto do dilúvio na Terra
Na aula passada aprendemos a tese cientifica mais plausível para o dilúvio, vimos também que a tese das
“Hidroplacas” é a única que explica a topografia da terra, a deriva continental e a grande quantidade de fosseis
achados em todo o globo. Nessa aula nos deteremos em falar do gatilho que deu inicio ao dilúvio, seu impacto no
planeta e na vida dos seres vivos, começaremos essa aula com o impacto do dilúvio e terminaremos com o final da
época patriarcal, um período que compreende o reinicio da humanidade com Noé, até a morte de José na conclusão
do livro de Gênesis.

Como dissemos anteriormente a geografia da terra antediluviana era muito diferente da atual (representação da
pangeia na ilustração da pág. 29), a porção de terra era centralizada e existia somente um oceano que
circunvizinhava toda a terra. Outras características da terra antediluviana era a baixa topografia (com montanhas
inferiores a 1 KM de altura) e oceanos muito mais rasos (já que a agua estava nas galerias subterrâneas, juntando
esses dados ao fato da terra estar no meio do globo, chegamos a conclusão que não haviam estações na terra
(provavelmente o clima era como dá nossa primavera), com uma região litorânea úmida, onde a agua do mar em
forma de orvalho (não haviam chuvas) colidiam com as baixas colinas e precipitavam formando os rios, a abobada
de agua em orbita filtrava a luz solar, a tornando mais sadia e com certeza a agua era alcalina (hoje a nossa é acida),
pois não tinha entrado em contato com as substancias acidas da terra (o dilúvio produziu essa ligação), esses fatores
explicam porque o homem vivia muito mais antes do dilúvio.

Como vimos às configurações antigas da terra eram perfeitas para a vida em nosso planeta, Deus produziu um
mundo com todos os elementos para o bem estar biológico, por isso que sempre após uma obra criativa, o
comentário divino era, “viu Deus que era bom”. Porem hoje vê uma terra totalmente diferente, e com uma condição
para vida muito inferior, oque aconteceu com o planeta para mudar assim? A única resposta seria o dilúvio bíblico.
Mas o que força propulsora está por trás desse cataclismo tão destruidor? Essa resposta é mais complexa, porem,
alcança sua resposta na “teoria das Hidroplacas”. Mas o que teria desencadeado em um mundo tão perfeito e
estável o dilúvio (Hidroplacas)? Está resposta estudaremos a partir de agora.

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A força que causo o dilúvio foi tão poderosa, que sentimos seus resquícios até hoje, na deriva continental
(afastamento dos continentes), terremotos e vulcões, todos os vestígios das civilizações passadas sumiram e toda a
terra foi alterada. Cientificamente, o único elemento capaz de criar tão grande impacto, seria a queda de um
meteoro (erroneamente os evolucionistas acreditam que um destruiu a terra a milhões de anos), que ao entrar na
atmosfera se dividiu em muitos pedaços que atingiram a crosta terrestre, esse evento foi tão poderoso que tirou o
eixo da terra de sua posição, fazendo que as aguas subterrâneas (existem essas cavidades subterrâneas até hoje,
porem sem a agua) entrassem em contato com o magma da terra, com o aquecimento dessas aguas, o planeta foi
cortado por milhões de gêiser de aguas quentes de quilômetros de altura e extensão, explodindo a pangeia como
uma panela de pressão. O gigantesco meteoro se dividiu em vários pedaços significativos, os lugares de seus
impactos (conhecemos pelas suas crateras) nos explicam a configuração dos continentes atuais. Abaixo colocarei
uma representação gráfica de onde caiu cada fragmento significativo do meteoro na terra antediluviana (pangeia) e
na terra atual.

Vemos nesse mapa onde caíram os grandes fragmentos do meteoro na terra antediluviana, a seta vermelha está
destacando o meteoro que caiu no mar (hoje seria no oceano Indico) próximo ao Oriente Médio, esse impacto além
de criar um grande tsunami que direcionou a arca de Noé para a região do Ararate, com sua energia liberada lançou
essa porção de Terra (oriente médio) para o norte, criando assim a geografia moderna das terras bíblicas, acredita-se
que Noé viu nessa região antes do cataclismo, e após continuou morando nessa região, porem onde ela foi
deslocada. O raciocínio Bíblico que sugere que Noé continuou morando na mesma região (mesopotâmia) é a
informação dada sobre os rios que corriam no Éden e que após o dilúvio continuaram existindo (Eufrates e Tigre), a

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não identificação dos outros dois rios podem sugerir que a área que eles estavam foi alterada, e diferente do
Eufrates e Tigre deixou de existir após o cataclismo, alguns dizem que os outros dois rios eram o Jordão e o Nilo,
porem pela ordem da Bíblia, vemos que o quarto rio é o Eufrates (por ser o ultimo é o mais ocidental para a cultura
antiga), o terceiro esta a leste deste (Tigre), pelo raciocínio o segundo e primeiro rios só podem estar para leste dos
dois últimos (Tigre e Eufrates), porem o Jordão e o Nilo estão a oeste da mesopotâmia. Olhando os círculos de fogo
no mapa, conseguimos entender porque aos continentes se recortaram como hoje vemos.

O impacto com a terra faz com que essa se mova, nesse mapa vemos as crateras no mundo atual, notem que as que
caíram em terra continuam na mesma porção que caíram na terra antes do dilúvio, porem geograficamente essas se
deslocaram junto com a massa de terra, isso prova que uma das forças que criaram a deriva continental é os
impactos dos fragmentos do meteoro. A outra força é a das aguas subterrâneas, quando essas subiram em gêiseres
foram empurrando a crosta da terra, cada vez que os gêiseres se tornavam mais extenso mais comprimia a terra,
essa compressão criou as montanhas que conhecemos e as fossas marinhas.

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1.1. De onde veio e para onde foi toda a agua do dilúvio
É provado cientificamente que a agua que submergiu toda superfície da terra é em sua grande maioria oriunda das
profundezas da terra, existem milhares de cavidades subterrâneas no mundo todo, que são prova que existiam
oceanos embaixo da terra, uma pequena parte é proveniente da abobada que existia em orbita, porem, essa não
seria o bastante para alagar a terra, então, as aguas que causaram o dilúvio e submergiram toda a terra são
provenientes 95 % das fontes subterrâneas antigas e 5% da abobada da terra. Já vimos que o movimento dos
gêiseres e o impacto dos meteoros criaram as grandes montanhas e as profundas fossas marinhas, assim sendo,
como a tendência física da água é descer através da gravidade, essas desceram para as cavidade marinhas, criando
os oceanos que conhecemos, portanto, a agua que cobriu o mundo durante o dilúvio continua existindo em nossos
mares e oceanos.

1.2. A extensão do Mundo Bíblico (pós-dilúvio)


A região que denominamos Mundo Bíblico situa-se, hoje, nas regiões conhecidas como Oriente Médio e
mediterrânicas (Ver mapa do Mundo Bíblico). Podemos apontar como áreas limites do Mundo Bíblico a Península
Ibérica, a ocidente, e o atual Iraque, a oriente. Os países que são encontrados hoje nestas regiões são a Portugal,
Espanha, França, Itália, Grécia, os diversos países balcânicos, Turquia, Egito, Israel, Jordânia, Líbano, Síria, Iraque, Irã,
Arábia Saudita e vários emirados árabes (use o mapa Mundo para localizar estas regiões e, ao mesmo tempo,
verificar a distância entre estes países e o Brasil). A abaixo colocarei um mapa com toda extensão bíblica, pós-
diluviana.

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2. Marco Inicial da civilização pós-diluviana
Nosso marco inicial para estudarmos a geografia e a história bíblica é a encalhação da arca no monte Ararate. Toda
estrutura politica, geográfica e histórica pré-diluviana se constitui de especulações e incertezas, não podendo ser
ensinados com certeza e segurança. Pela abrangência e violência catastrófica do diluvio quase todas evidencias
anteriores foram modificadas ou destruídas, por essa dificuldade de reconstruir o passado antes do cataclisma que
iniciamos nossa jornada introdutória à teologia com o que temos de certeza, ou seja, tudo o que é posterior à arca
no Ararate. Podemos ensinar esses dados com solidez, pois após o diluvio a Terra não sofreu nenhuma modificação
geográfica significativa, segundo a Palavra, a arca onde estavam todos os remanescentes da inundação, encalhou no
monte Ararate, esse monte localiza-se entre a Turquia e o Irã, estando ao norte do Iraque e fazendo parte da
cordilheira do Cáucaso, sua grande elevação, suas camadas de gelo e constantes movimentos sismológicos
constituem grandes empecilhos para os pesquisadores atuarem em sua área com mais eficácia.

2.1. O Monte Ararate


“E a arca repousou no sétimo mês, no dia dezessete do mês, sobre os montes de Ararate.” Gênesis 8:4

O Monte Ararate está situado na região leste da Anatólia, Turquia, entre as províncias de Iğdır e Ağrı, perto da
fronteira com o Irã e a Armênia, entre os rios Aras e Murat, o seu cume fica a cerca de 16 km ao oeste do Irã e 32 km
ao sul da fronteira com a Armênia, o enclave Nakhchivan (território com distinções políticas, sociais e/ou culturais
cujas fronteiras geográficas ficam inteiramente dentro dos limites de um outro território) do Azerbaijão também
está nas proximidades da montanha. O Monte Ararate (Ağrı Dağı, em turco) é um maciço vulcânico extinto localizado
no leste da Turquia, é constituído por dois picos, distantes um do outro por cerca de 11 km, o Grande Ararate atinge
uma altitude de 5169 metros acima do nível do mar, tem o pico mais alto da Turquia e é tradicionalmente
considerado o local de repouso da Arca de Noé, já o Pequeno Ararate tem uma altitude de 3928 metros acima do
nível do mar. Os dois picos são recobertos por camadas alternadas de lava e cinzas. Por causa da falta de água, a
área é relativamente estéril e desabitada, na época medieval, entretanto, a região tinha vegetação abundante,
muitos animais e assentamentos humanos, o desmatamento, pastoreio excessivo e um terremoto devastador, em
1840, no entanto, provocaram grandes danos à área. A baixo colocarei fotos com a localização do Ararate e sua
forma.

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2.2. Será que a Arca descansou mesmo no Monte Ararate?
A mais dois montes onde supostamente poderia ter encalhado a arca de Noé, alguns estúdios afirmam que colocar a
Arca sobre o Ararate foi um erro de entendimento de copistas pós-exílios, pois nos primórdios da história a palavra
Ararate servia para designar o país de Urartu (moderno país Armênia), assim sendo, segundo eles, quando designou
as montanhas de Ararate na verdade o autor poderia ter expressado qualquer monte dentro de Urartu. Segundo
tradições assírias dentro dos montes de Urartu, o lugar onde especificamente encalho a arca foi o monte Curch.

Outra tradição, essa suméria, escrita na Epopeia de Gilgamés (épico mais antigo que a Bíblia que descreve a
destruição do mundo pelo dilúvio), localiza a parada da arca sobre o monte Nisir, localizado no Curdistão iraquiano,
a leste do Rio Tigre. Esses montes além de ser mais baixos e assim mais fáceis de descer com os animais, também
estão localizados muito mais perto da Terra de Sinar, onde Noé e os seus habitaram após a catástrofe, lembrando
que a distancia do Ararate à baixa mesopotâmia (terra de Sinar) é um percurso que soma mais de 800 km. Abaixo
colocarei uma ilustração com as três teorias que descrevem o lugar de parada da arca.

No mapa da esquerda vemos um circulo que demarca toda a área montanhosa do Ararate (Armênia no original),
segundo a Bíblia antiga, que diz que ela parou “na terra do Ararate” a arca pode ter parado em qualquer lugar
dentro desse circulo, lembrando que nomear os dois picos como Ararate é uma designação moderna, nos tempos
bíblicos os dois montes eram chamados de Ağrı Dağı, e Ararate designava toda a região montanhosa. No mapa da
direita temos o local de parada da arca segundo a Epopeia de Gilgamés, o monte Nisir (colina), alguns manuscritos
bíblico antigos referem-se ao lugar de parada da arca somente como colina (Nisir em sumério), essa colina esta

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localizada no Irã, e, portanto, muito mais próximo da mesopotâmia, que os Ararate, lembrando que Noé e seus
descendentes vieram para a terra de Sinar (sul da mesopotâmia) após saírem da arca. Perguntas que devemos nos
fazer: Como Noé seus familiares e todos os animais desceriam de uma montanha de cerca de 5600 Metros de
altura? Como eles andariam através de uma área montanhosa de centenas de quilômetros (para chegar à
mesopotâmia)? Como eles desceriam de um monte que hoje é evitado por alpinistas por suas grandes camadas de
gelo instáveis? As duas primeiras perguntas deixarei para cada um pensar, já a terceira responderemos no próximo
capitulo, porem será que o monte Ararate já era coberto de gelo naquele período?

2.3. Formação da era do gelo:


A Bíblia fala da ocorrência de um dilúvio universal, pois bem, as alterações climáticas que seguiram esse dilúvio
explicam o mecanismo catastrófico pelo qual se iniciou a Era do Gelo (segundo a ciência há 10 mil anos atrás), com
efeito, o relato bíblico fornece informações que mostram como não houve, simultaneamente, uma queda da
temperatura com alta umidade do dilúvio (alta umidade no planeta deixaria a terra na era do gelo). Para explicar o
porquê não ouve uma queda da temperatura (como era de se esperar), bastam lembrar que o dilúvio foi um evento
marcado por intensa atividade tectônica e vulcânica, logo, enormes quantidades de aerossóis vulcânicos
permaneceram na atmosfera terrestre, fazendo com que a temperatura aumentasse bastante antes de decair por
causa da diminuição de reflexão dos raios solares sobre a terra (nuvem expeça impedindo os raios de sol). Para
explicar a alta umidade atmosférica, a leitura de Gênesis 7.11 é bastante útil: “... nesse mesmo dia todas as fontes
das grandes profundezas jorraram”. A liberação das escaldantes águas subterrâneas durante a erupção das “fontes
das grandes profundezas” não apenas contribuiu para cobrir todas as montanhas pré-diluvianas (que eram menores
do que as que temos hoje), mas também facilitou a grande evaporação oceânica por meio do aumento da
temperatura de suas águas. Ocorrendo então, simultaneamente, a queda de temperatura e a alta umidade, ambas
causadas pelo dilúvio, isso deu origem à Era do Gelo, que foi passando lentamente, à medida que depósitos de
poeira e aerossóis vulcânicos acumulados sobre a superfície iniciaram a fase de degelo, aumentando a absorção
solar. Concluindo: A grande atividade vulcânica e a alta temperatura dos gêiseres que inundaram a terra, impediu
que essa entrasse instantaneamente em uma era do gelo, o que com certeza mataria Noé, seus familiares e animais
que não estaria preparado para sair da arca com tão baixas temperaturas, porem a terra foi resfriando aos poucos,
pela grande umidade que impedia os raios de sol entrar na terra (refletindo de volta para o espaço como um
espelho), chegando então a uma era do gelo cerca de 300 anos após o dilúvio, o que coincide com punição de Deus
em Babel, pois com os oceanos polares congelados o homem poderia atravessar os oceanos e habitar nas Américas,
Oceania e outros lugares separados do oriente médio por oceanos. Abaixo colocarei uma representação da era do
gelo pós-dilúvio.

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Com o congelamento das áreas polares, os homens puderam atravessar e habitar todos os continentes. Maravilhosa
provisão de Deus, pois para o homem sobreviver cria um mecanismo para manter a temperatura alta após o dilúvio
e quando precisa separar os povos por todo o globo, estabelece uma era do gelo.

3. Mesopotâmia, Primeiro Habitat Pós Dilúvio


“E era toda a terra de uma mesma língua e de uma mesma fala. E aconteceu que, partindo eles do
oriente, acharam um vale na terra de Sinar; e habitaram ali.” Gênesis 11:1,2

Após saírem da arca, segundo os relatos bíblicos, Noé, seu povo e animais migraram para o sul da região que hoje
chamamos mesopotâmia (terra entre dois rios), para a terra de Sinar (Gn 11.2). Mesopotâmia é a denominação dada
a um planalto localizado no Oriente Médio, mais especificadamente no atual Iraque, delimitado entre os vales dos
rios Tigre e Eufrates, ocupado pelo atual território do Iraque e terras próximas.

Segundo a Bíblia e em acordo com a ciência, foi na mesopotâmia que desenvolveu as primeiras civilizações. O lugar
escolhido pelos primeiros pais para habitarem foi na terra de Sinar (Suméria) localizada no sul da mesopotâmia,
tecnicamente denominada baixa mesopotâmia. Foi na terra de Sinar (significa a terra de Sin, deus mesopotâmico da
lua), que ocorreu a rebelião de Babel e posteriormente o juízo do Senhor dividindo os povos e as línguas (Gn 11.3-
11). Abaixo colocarei uma ilustração com a localização da Mesopotâmia antiga e um mapa com a localização atual.

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3.1. A Torre de Babel
A construção da torre: Os descendentes de Noé falavam no inicio uma só língua, eles viajaram para o L (ou melhor,
SE), das montanhas do Ararate (Urartu, Arménia; cf. Gn 8.4) ao lugar do jardim na planície aluvial, um lugar muito
fértil da Babilónia (Sinar), entre os rios Tigre e o Eufrates, uns 320 km finais dos rios, antes de chegarem ao mar. Os
ricos sedimentos desses dois grandes rios formaram esse lugar ideal para o berço da civilização pós-diluviana e para
os construtores de Babel. Após um longo período de ocupação sedentária no Sul da Babilónia, e durante a vida de
Pelegue, filho de Héber (Gn 10.25), que ao que parece ocorreu bem antes de 4000 a.C. (segundo os cientistas
criacionistas), a raça humana havia se multiplicado o suficiente e desenvolvera artes e ofícios para construir uma
cidade e " com uma torre cujo topo toque no céu". Isso não é mera hipérbole, mas uma expressão de orgulho ("
façamos para nós um nome") e rebelião contra Deus e sua ordem expressa: "enchei a terra" (Gn 9.1). Evidenciaram-
se a glória pessoal, em vez da glória de Deus, e a unidade forjada por homens que substituiu a unidade perdida
quando abandonaram o temor de Deus. Tijolos (argila secada ao sol) e argamassa (betume) eram Materiais fáceis no
solo aluvial da planície.

A confusão de línguas: Sem dúvida, a Babilónia era uma das cidades mais poliglotas do mundo antigo, e é notável
que ali se localize o início das línguas humanas. A confusão de línguas foi um julgamento divino contra o orgulho e a
rebelião dos construtores de Babel e concretizou sua disseminação sobre a terra. Mas foi um ato divino, e não se
revela a maneira precisa pela qual foi realizada. Gn 10, explicando a diversidade de raças, é muito posterior aos
eventos de 11.1-9. Como já estudamos o juízo sobre Babel e a divisão das línguas coincidiu com a era do gelo pós-
diluviana, assim através dos mares congelados o Senhor conseguiu espalhar o homem por todo o globo, cumprindo
sua ordem de multiplicar e habitar toda a terra.

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3.1.1. Concepções da Torre de Babel
Em Gênesis a Torre de Babel é ilustrada semelhante a montanhas artificiais gigantescas de tijolos, que eram secos ao
sol, no sul da Babilónia, esses eram denominados zigurates (palavra assírio-babilônica ziqquratu, significando
“pináculo" ou "cume de montanha"). O mais antigo dos zigurates recuperados (das mais de duas dúzias hoje
conhecidas) fica na antiga Uruk (Ereque, Gn 10.10; atual Warka), esse era uma grande pilha de argila reforçada
exteriormente com tijolos e betume, foram achados zigurates semelhantes em Borsippa, Ur e Babilónia, porem mais
recentes. Os zigurates eram construídos em forma degraus, de três a sete andares de altura, e eram multicoloridos,
no último andar, localizava-se o santuário e a imagem do padroeiro da cidade. A torre de Gênesis 11 provavelmente
foi à primeira dessas tentativas de se construírem torres gigantes, o zigurates de Babel foi símbolo da revolta e
rebelião do homem contra Deus. Os usos politeístas das torres posteriores, cópias da original (torre de Babel),
exemplificam uma apostasia completa, a idolatria característica dos sumérios e, mais tarde, dos babilónios semitas
da planície do Sinar. A concepção que hoje temos da torre de Babel em forma de cone, provêm da idade média, e é
advinda da descoberta da torre que Nabucodonosor, rei da Babilônia ergueu em homenagem a seu deus Marduk
(provavelmente Ninrod) no mesmo local da primitiva torre de Babel, porem atualmente sabemos que o estilo
arquitetônico desenvolvido pelos primeiros habitantes de Sinar, era os zigurates, com certeza o Zigurate de Ur
(achado arqueológico importante, pois era funcional no tempo de Abraão) era copia e inspirado na torre de Babel.
No original babel (e mais tarde babilônia) significa “Portal dos deuses” e mostra o grau de idolatria alcançado pelos
primeiros pais depois do dilúvio, após a separação das línguas (confusão dos povos), babel também se tornou
sinônimo de confusão, ou união do homem contra Deus, quando esse decide se unir e não obedecer à ordem de se
espalhar pela terra. Abaixo colocarei a concepção de zigurate, o Zigurate de Ur, que era copia da torre de babel, e
também a torre escalonada de Nabucodonosor (que tinha cerca de 93 metros de altura).

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3.1.2. A altura da Torre de Babel
O livro dos Jubileus:

Na nossa Bíblia não há nenhum registo ou mesmo indicio sobre a altura da torre de Babel, para preencher essa
lacuna e propiciar a teologia acadêmica, buscamos em outras fontes alguma indicação sobre a altura dessa primeira
mega estrutura humana pós-diluvio. O livro apócrifo e deuterocanônicos chamado “Livro dos Jubileus” refere-se à
Torre da maldição (babel) como tendo 5.433 cúbicos e dois palmos de altura (2.484 metros). Isto equivaleria a mais
de duas vezes a altura da maior estrutura humana atual (Burj Khalifa, com Altura 828 metros de altura, localizado em
Dubai).

O “Livro dos Jubileus” (ou Pequeno Gênesis) é um texto apócrifo que relata a história da criação do mundo,
de Adão e Eva até logo após a queda, também narra à história dos personagens bíblicos encontrados em
Gênesis, com detalhes adicionais, principalmente com relação aos três patriarcas de Israel, até o
nascimento de Moisés. É um antigo trabalho judaico religioso, de 50 capítulos, considerados canônicos
pela Igreja etíope ortodoxa, bem como pelo povo “Beta Israel” (judeus etíopes), onde é conhecido como o
Livro de Divisão ( Ge'ez, Mets'hafe Kufale) O “Livro dos jubileus” é considerado um livro pseudoepígrafe
pelas igrejas Protestante, Católica Romana, e Ortodoxa Oriental, para os israelitas ele é considerado
“deuterocanônicos” ou livro do segundo Canon. Abaixo será inserida a introdução do “Livro dos Jubileus”.

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O terceiro Apocalipse de Baruque:

Segundo o terceiro livro de Baruque, uma fonte extra canônica, a “torre da discórdia” (torre de Babel) alcançava 463
cúbitos (212 metros de altura), e assim foi à estrutura mais alta da antiguidade, maior até que a grande pirâmide de
Gizé de que alcançou 147 metros de altura, assim sendo a “torre de Babel” foi a maior estrutura do mundo até o
século 19. “3º Baruque” ou “Apocalipse grego de Baruch” é um livro visionário, considerado pela religião judaica de
Pseudoepígrafo (falso escrito), provavelmente foi escrito depois de 130 d.C., talvez ainda mais tarde (como no início
de século 3 d.C.), a certeza é que foi escrito após a queda de Jerusalém para os romanos em 70 d.C. Esse manuscrito
Pseudoepígrafo é atribuído falsamente ao escriba de Jeremias , Baruque , que viveu no século 6 a.C. esse livro não
faz parte do cânone bíblico de judeus ou cristãos, ele sobrevive em certos manuscritos gregos, e também em alguns
manuscritos eslavos eclesiásticos. Abaixo colocarei uma explicação adicional sobre o livro de 3º Baruque.

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3.1.3. Objetivos da Torre de Babel
A torre de Babel, contida no Capítulo 11:1-9 de Gêneses, estava na cidade de Babel (babilônia) que foi edificada na
planície que se encontra entre os rios (Tigre e Eufrates), com os seguintes objetivos:

a) Os homens passaram por alto o mandamento de que deviam espalhar-se e encher a terra (9:1; 11:4); um dos
motivos que os para fazer a construção era que desejavam permanecer unidos. Um edifício para a coletividade
estabeleceria uma vida que os ajudaria a permanecer juntos.

b) Foram motivados pela intenção pessoal ("façamo-nos um nome" —disseram—) e de culto ao poder, que
caracterizou a Babilônia. Uma torre elevada e visível para todos ver, seria um símbolo de sua grandeza e de seu
poder para dominar os habitantes da terra.

c) Excluíam a Deus de seus planos; ao glorificar seu próprio nome, esqueciam-se do nome de Deus.

3.1.4. Torre de Babel na historia e arqueologia


Torre de Babel nas lendas pagãs:

O evento da torre de Babel e consequentemente seu juízo, confusão das línguas e a ordem divina para o homem se
espalhar por toda a terra, aconteceram antes do florescimento de qualquer cultura pós-diluviana, por esse motivo é
de se supor que varias culturas do mundo antigo (todas avindas da torre de Babel e após espalhadas pelo globo)
tragam em seus cabedais lendários fragmentos desse evento, a seguir veremos alguns dos mais importantes relatos
sobre a torre de Babel em culturas antigas.

O mito de Enmerkar, dos sumérios (povo já desaparecido) fala da construção de um imenso zigurat (torre-templo) na
origem da diversificação das línguas.

O missionário dominicano Frei Diego Durán (1537–1588) recolheu em Xelhua (México) a saga dos gigantes que
tentaram construir uma pirâmide para atingir os céus, mas que os deuses destruíram, confundindo a linguagem dos
construtores.

O historiador nativo Fernando d'Alva Ixtilxochitl (1565-1648) recolheu a lenda tolteca (América Central) segundo a
qual após um grande dilúvio os homens erigiram uma imensa torre que os preservaria de outro dilúvio, porém suas
línguas foram confundidas e eles se dispersaram pelas diversas regiões da Terra.

Histórias mais ou menos parecidas foram documentadas pelo antropólogo social escocês Sir James George Frazer
(1854 – 1941). Frazer menciona especificamente narrações nesse sentido entre os Wasania de Quênia; no povo
Kacha Nagado Assam (Índia); entre os habitantes de Encounter Bay, Austrália; nos Maidu da Califórnia; nos Tlingit da
Alaska e nos K'iche' Maya da Guatemala. Também entre os estonianos no Mar Báltico, Europa do Norte; e até na
Arizona, EUA.

Como vemos a relatos da Torre de Babel e seu destino em culturas de todos os continentes, muitas divididas do
oriente médio por oceanos, que só saberiam da existência de outros continentes após a era europeia das
navegações (com inicio no século XV), somente um evento universal com todos os povos unidos na mesma região
poderia explicar todos esses relatos globais, feitos por culturas que nunca se conheceram.

Arqueologia da torre de Nabucodonosor:

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3.1.5. A reação de Deus

4. O crescente Fértil
Após a separação das línguas (na mesopotâmia) a Palestina e o Egito são incorporados aos relatos bíblicos, essa
junção dá se o nome de “crescente fértil”. Crescente fértil é o nome dado a uma região localizada no Oriente Médio
(Mesopotâmia e Canaã) e na África (Egito), historicamente habitada por diversos povos e civilizações desde os
primórdios da história da humanidade (civilização pós-dilúvio). Seu nome deriva precisamente do fato dessa região,
ser geometricamente em forma de lua crescente, essa região abrigou as primeiras civilizações por ser extremamente
propícia à agricultura e profundamente irrigada por rios. O crescente fértil é constituído de 3 regiões, a leste pela
mesopotâmia e a oeste pelo Egito, sendo ligados pela palestina ao centro. A escolha dos primeiros povos por essa
região esta ligada aos rios que irrigam sua área, sendo principalmente os rios Tigres e Eufrates na mesopotâmia, os
rios Orontes e Jordão na Palestina e logicamente o rio Nilo no Egito esses rios além de saciar a sede e possibilitar a
agricultura, ainda foram importantes para o transporte comercial e as rotas cíclicas dos habitantes seminômades.
Após a separação das línguas o fértil crescente se dividiu entre os três filhos de Noé os semitas habitaram a baixa
mesopotâmia (Suméria e Babilônia), os filhos de Jafé ao norte da mesopotâmia (mais tarde chamada Assíria) e a Ásia
menor (de onde futuramente iriam para Europa) e os Camitas a Palestina e o Egito (posteriormente se espalhariam
para toda África), e essa primeira divisão foi à base para a expansão da humanidade. (Sem = Ásia, Cam =África e
Jafé=Europa). Abaixo colocarei um mapa da localização e configuração da mesopotâmia.

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Posição do Crescente Fértil no globo terrestre:

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Porque estudar o crescente fértil de forma tão extensa? É simples, foi nessa pequena e especifica área dentro do
globo terrestre que se desenrolaram todos os eventos descritos no Antigo Testamento. Para uma melhor
compreensão bíblica e teológica devemos principiar conhecendo a região, o tempo e a cultura de onde a Palavra foi
revelada. Conhecendo assim o contexto que a revelação é inserida no espaço/tempo podemos compreender com
mais propriedade a Bíblia, sua mensagem e sua teologia.

5. A divisão das línguas


As divisões geográficas, etnológicas e linguísticas atuais tem sua origem no evento bíblico conhecido como “divisão
das línguas”, após esse evento o homem é espalhado por todo o mundo segundo suas famílias, a grosso modo a
divisão geográfica mundial tem a seguinte configuração, os europeus e nortistas são oriundos de Jafé (filho do meio
de Noé), o oriente médio tem suas origens em Sem (primogênito de Noé) e a África tem sua gênese e Cam (Filho
menor de Noé). As grandes famílias linguísticas universais também são oriundas dos três primeiros patriarcas, as
línguas indo-europeias são oriundas das famílias Jafitas, as línguas semitas (do oriente médio) são nascidas através
da descendência de Sem e as línguas African são provenientes das famílias camitas. Na configuração atual do mundo
podemos ver a população mundial dividida em 3 grandes ramos etnológicos, esses são, os indo-europeus, que
habitam a Índia, Europa e países Nórdicos, descendentes de Jafé, temo o ramo pertencente ao oriente médio,
judeus e árabes provenientes de Sem, e os Africanos com origem camita. Abaixo um mapa com a configuração atual
e sua origem nos três filhos de Noé.

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Nota: O mapa de satélite (com geografia atual) é ilustrado com as bandeiras atuais das nações e o nome dos
descendentes de Noé que originaram essas nações, no quadro da esquerda tem a divisão do mundo por etnias (A
partir dos três filhos de Noé). Esse mapa é baseado na reconstrução do Mundo narrado em Gênesis 11.

Abaixo temos a árvore genealógica de Noé, dividido entre seus três filhos e as nações que esses fundaram:

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5.1. Os povos do extremo oriente.
Dentro da configuração tradicional na separação das nações entre os grupos etnológicos oriundos dos três filhos de
Noé, temos os Indo-europeus, que são javitas, os povos do oriente médio descendentes de Sem e os Africanos
oriundos de Cam, fica então a pergunta e a origem dos povos do extremo oriente (China e Japão)? Essa resposta a
Bíblia já forneceu a milhares de anos atrás e recentemente os cientistas chegaram à mesma conclusão através da
genética.

“E Canaã gerou a Sidom, seu primogênito, e a Hete; E ao jebuseu, ao amorreu, ao girgaseu, E ao heveu,
ao arqueu, ao sineu, E ao arvadeu, ao zemareu, e ao hamateu, e depois se espalharam as famílias dos
cananeus.”

Gênesis 10:15-18

Dois filhos de Canaã, Hete (hititas ou heteus) e Sin (sinitasou ou Sineus), são presumidos como os progenitores da
família Chinesa (que deu origem aos coreanos e japoneses também) e Mongoloide (que deu origem aos tibetanos e
ao sudoeste asiático também). Sin, um irmão de Hete, tem muitas ocorrências em formas variantes no Extremo
Oriente, há um destaque significante concernente ao provável modo de origem da civilização chinesa, o lugar mais
associado pelos próprios chineses para a origem de sua civilização é a capital de Shensi, a saber, Siang-fu (Pai Sin).
Siang-fu aparece em registros assírios como Sianu hoje, Siang-fu pode ser traduzido, "Lugar para a Capital Ocidental
da China”. As pessoas hititas foram esculpidas como narizes bem à vista, lábios cheios, bochechas grandes, faces
sem pelos, variando a cor da pele do marrom para o amarelado e avermelhado, cabelo preto liso e olhos marrom-
escuros, e arrogando sua origem em Hete. Abaixo colocarei representações antigas dos Chineses e mongóis e
esculturas produzidas no oriente médio e Egito antigo, o que prova que os povos do crescente fértil já tinham
familiaridade com os povos do extremo oriente.

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6. A era patriarcal

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A era patriarcal nas Escrituras inicia com a inserção de Abrão (futuro Abraão) nas paginas sagradas, O final do
capitulo 11 do Gênesis, mostra a família de Abrão, migrando de Ur para Harã. Como mostrado no mapa (Jornada de
Abraão) Ur se localizava na baixa mesopotâmia (sul) e, portanto território semita, e o após se mudaram para a alta
mesopotâmia (norte) território outrora Jafita, mas agora também semita. Já no capitulo 12 vemos Abrão se dirigindo
para as possessões de Cam (Canãa e Egito), as migrações de Abraão conseguem compreender toda a extensão do
Crescente fértil e interage em nos territórios dos descendentes dos três filhos de Noé. Pode-se dizer que o Período
Patriarcal, na narrativa bíblica, vai do surgimento de Abraão no capítulo 11 do Livro de Gênesis até o primeiro
capítulo do Livro de Êxodo, o qual apresenta uma lista dos filhos de Jacó, antes de começara narrar um novo período
da história. Não se pode ser dogmático em questão de datas para um estágio tão distante no tempo como este, mas,
uma data aproximada, pode ser estipulada um período que vai no máximo do ano 2300 a.C. até o ano 1500 a.C.
Período que seria a data mais antiga possível para o surgimento de Abrão (2300 a.C.), até a data mais recente
possível para o Patriarca José (1500 a.C.).

A história dos Patriarcas tem o seu início ligado à cidade de Ur dos Caldeus, nela vivia Terá e seus filhos, dentre os
quais se destacaria, mais tarde, Abraão, como aquele que receberia as promessas de Deus e, por crer
incondicionalmente nelas, se tornaria conhecido como o Pai da Fé. A narrativa bíblica não explica o porquê, mas Terá
resolveu deixar Ur dos Caldeus e partir para a terra de Canaã, esta viagem nunca foi concretizada, já que Terá e os
seus chegaram à Harã e lá permaneceram. A viagem só continuou depois da morte de Terá, quando Abraão, nesta
época ainda conhecido como Abrão, recebeu um comunicado divino para partir, ao qual atendeu prontamente
levando consigo Sarai, sua esposa a qual, mais tarde, seria chamada de Sara, seu sobrinho Ló, bens e várias pessoas
que o serviam ou, que o seguiram pela sua causa, e herdar a terra prometida por Deus (Gn 11:26-12:5). A
Mesopotâmia desta época estava enfrentando uma grande confusão política, o que pode ter motivado Terá, por
questão de prudência, a partir de sua cidade. Inclusive, existem indícios de que Ur dos caldeus ela foi destruída,
pelos elamitas, por volta de 1950 a.C. Sua permanência em Harã pode ser explicada pela semelhança desta com Ur,
pois ambas eram cidades bem desenvolvidas e centros de adoração do deus lua (Sin), o qual Terá deve ter adorado,
já que a Bíblia o apresenta como idólatra (Js 24:2). Ainda que não se possa determinar, com exatidão, o motivo que
levou Terá e seus familiares a deixarem Ur e partirem para Canaã, em um primeiro momento, e mesmo que as
viagens realizadas pelos nômades e seminômades daquela época estejam relacionadas, principalmente, com
questões políticas e econômicas, não se deve esquecer que o caso de Abraão é especial. Ele saiu de sua terra
atendendo a uma necessidade espiritual. Está claro que o seu objetivo era religioso, ele deixou seus parentes e seu
lar atendendo a uma chamada divina. Abraão havia recebido a promessa divina de que possuiria a terra de Canaã
(Gn 13:14-18) mas, de fato, ele mesmo nunca a possuiu, isto ficou para os seus descendentes muitos séculos mais
tarde. Ele acabou por ser proprietário, apenas, de um pedaço de terra em Hebron, o qual comprou por preço justo
para sepultar sua esposa Sara (Gn 23), lá também foram sepultadas Rebeca e Lia, além dele mesmo (Gn 25: 8,9), seu
filho Isaque (Gn 49:31), e seu neto Jacó (Gn 50:12,13). Em Canaã Abraão teve vários filhos de suas esposas e
concubinas, os quais foram, depois de receberem presentes do pai, mandados embora, antes de sua morte, para
que Isaque o filho da promessa ficasse livre da presença deles (Gn 25:1-6). Ainda que aos olhos do cristão moderno
esta atitude possa parecer incoerente, é bom pensar que isto pode ter evitado problemas quanto à chefia do grupo
depois da morte de Abraão. Assim, pode-se dizer que sua atitude radical ao mandar os filhos embora fosse, no
máximo, um mal necessário, algo desagradável, mas que deveria ser feito para garantir a sucessão pacifica de Isaque
como patriarca do grupo. Isaque não foi uma figura de grande destaque na tradição bíblica, contudo, aparece como
o herdeiro das promessas divinas feitas a seu pai Abraão, conseguiu aumentar a sua riqueza pessoal e chegou a agir
como uma espécie de chefe de estado ao fazer aliança com os filisteus (Gn 26). Seus filhos foram Esaú e Jacó, sendo
este chamado mais tarde de Israel. Foi ele quem se destacou como o receptor das promessas divinas que iriam ser
cumpridas em sua descendência, as chamadas tribos de Israel, oriundas de seus doze filhos.

As promessas divinas que não se cumpriram literalmente nos Patriarcas, o que pode deixar o leitor moderno
confuso. Para que se possa entender melhor a aparente resignação por parte dos Patriarcas quanto a isto, é bom

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lembrar que eles não viam a vida após a morte como o cristão a vê na atualidade, eles não esperavam muita coisa
para si mesma depois da morte, somente que voltariam para sua verdadeira pátria preparada por Deus e assim
continuariam vivos espiritualmente (Hb 11: 10,26), e também na continuidade da vida em seus descendentes. Sendo
assim, na mentalidade deles, quando o descendente recebesse o cumprimento da promessa também o seu
ascendente a receberia, desta forma, Jacó voltou a peregrinar em Canaã até que foi, com toda a sua família para o
Egito, fugindo da fome que arrasava a terra. Foi para lá a convite de seu filho José o qual, por intrigas dentro da
família, havia sido vendido pelos seus irmãos, mas, que no momento, se encontrava em posição privilegiada,
desenvolvendo a função de Administrador deste país. O Faraó da época, desconhecido dos historiadores modernos,
agradecido a José pelos bons serviços que este vinha prestando à nação, acolheu muito bem a Jacó e sua família.
Recebeu pessoalmente a Jacó e uma comitiva formada por parte de seus filhos em uma entrevista e deu-lhes a
região de Gósen para que habitassem (Gn 47), dessa forma o governador do Egito, se tornou o ultimo patriarca
bíblico, após a morte de José Israel se torna um povo dirigido por anciões, algo muito parecido com o período dos
Juízes, Mesmo dentro do Egito, Israel se isola sendo uma nação dentro de outra nação (Egito).

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6.1. Porque Abraão saiu de Ur dos caldeus?
Segundo o Alcorão:

A Bíblia não dá as justificativas que levaram Terá e os seus a saírem de Ur, o Palavra narra os fatos de forma
consumada, porem algumas fontes extra-biblícas podem nos fornecer alguma luz sobre os motivos das saída dos
patriarca de Ur. No Alcorão Ibrahim ou Abraão é mencionado 69 vezes em 25 capítulos do Alcorão., o nome de seu
pai era Aazar, eles viviam na cidade de Ur na Caldéia. Ele escapou Ur para Harran (Padã-Arã), no norte da península
Arábica, na Síria de hoje, quando Nimrod, o rei desde os tempos de Babe, tentou queimá-lo vivo. De Harran ele foi
para a Palestina com sua esposa Sarah e o filho de seu irmão, Ló (Loot em árabe) e sua esposa, devido à fome, eles
foram forçados a mudar para o Egito. O motivo da perseguição de Nimrod a Abraão, segundo o Alcorão, é por uma
profecia (ou sonho) que revelava que aquela criança que nasceu (Abraão) filho do sacerdote de Sin (Terá) seria
aquele que aniquilaria o reinado de Nimrod, assim a única solução seria matar Abraão, avisados então por Deus Terá
e seus familiares fogem de Ur.

Segundo o Livro dos Jubileus:

No capítulo 11:10, o Livro dos Jubileus diz que Abraão, tendo quatorze anos, em Ur dos caldeus, começou a
compreender que os homens da terra haviam se corrompido após as imagens de escultura, então Abraão não
aceitou mais adorar ídolos com seu pai Terá e começou a orar a Deus, pedindo-o que lhe conservasse a alma pura do
erro dos filhos dos homens, a dele e a de seus descendentes. No capítulo 12:10, diz-se que Abraão casou-se com sua
irmã Sara (meia irmã por parte de pai, em concordância com Gn 20:12), no ano 49 de sua vida, e no ano 60 da vida
de Abraão, ocorreu a morte de Harã, o pai de Ló da seguinte forma: Abraão levantou-se pela madrugada sem que
ninguém o soubesse, e pôs fogo na Casa dos Ídolos de seu pai Terá, mas Harã, acordando pela madrugada, viu o
fogo, e entrou na Casa dos Ídolos para tentar salvá-los do fogo, porém, o fogo se agravou e Harã morreu ali
queimado, junto com os ídolos de Terá, depois disso, após a descoberta que Abraão era o autor do incêndio que
vitimou seu til um sacerdote de Sin, Abraão seria executado, por isso Terá teve que fugir as pressas de Ur e foi
habitar em Harã. Mais adiante, o livro conta-nos que, em certa ocasião, Abraão orava ao Senhor, pedindo-lhe para
que Deus não o deixasse desviar do verdadeiro Deus e se tornasse idolatra como os outros, e Deus o atendeu,
mandando-lhe afastar-se dali e partir para a terra de Canaã. Foi aí que Abraão partiu para a terra que o Senhor lhe
haveria de mostrar, quando relatou a visão divina a seu pai Terá, este abençoou a Abraão e pediu para ele levar a Ló
consigo, e tratá-lo como um próprio filho, essa seria justificativa de Abraão levar junto à se seu sobrinho.

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Segundo a tradição judaica e a história:

O final da Terceira Dinastia de Ur deveu-se por um ataque dos Elamitas em 2004 a.C., e provavelmente ajudado por
desavenças internas e lutas pelo poder. Com a ajuda de seminômades do Oeste, os Elamitas capturam a capital Ur
dos caldeus e exterminam seu último governante. A tragédia está relatada na célebre composição Lamento pela
cidade de Ur, que segundo a tradição judaica, Terá e seu clã foge de Ur dos Caldeus pouco tempo antes de sua
queda. Podemos concluir que a tradição judaica e os fatos históricos apresentam os fatos mais seguros que revelam
o porque da fuga de Terá e sua família de Ur, pois se não fugissem teriam sido mortos na queda da cidade, porem
não podemos descartar as tradições árabes e o “Livro dos Jubileus”, pois pode ser que mais de um motivo tenham
culminados na saída de Terá de Ur.

6.2. A Prova de Abraão


O sacrifício de Isaque em Gênesis 22:1-14 foi à prova suprema de Abraão, esse evento marcou o ápice da experiência
espiritual de Abraão (cf. Hb 11.17-19), e também foi a maior crise na vida do patriarca, e foi precedida por três
outras provas menores que serviram de fundamento e preparação: Sua renúncia à pátria e aos familiares (Gn 12.1);
Sua separação de Ló, um possível herdeiro e companheiro de fé (Gn 13.5-18; 2 Pe 2.7-8); Sua rejeição dos planos e
esperanças pessoais para Ismael (Gn 17.17-18). Somente por esses compromissos espirituais prévios como base ,
que Abraão ficou pronto para a ordem divina: "Toma agora teu filho ,o teu único filho , Isaque, a quem
amas...oferece-o" (22.2). Todo o incidente estava repleto de significado espiritual, Abraão prefigura o Pai que "não
poupou nem o próprio filho, mas, pelo contrário, o entregou por todos nós" (Rm 8.32), Isaque retrata Cristo,
"obediente até à Morte" (Fp 2.5-8), o carneiro simboliza o sacrifício expiatório por meio do qual Cristo seria
oferecido como oferta queimada em nosso lugar (Hb 10.5-10). Abaixo o mapa com a rota Tradicional que Abraão
usou para a terra de Moriá (de Berseba ao Moriá), ainda hoje existe uma estrada moderna:

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Há milhares de anos, o Monte Moriá foi local de importantes passagens bíblicas, situado na atual região da Cidade
Velha, em Jerusalém, Israel, acredita-se que nele o patriarca Abraão subiu para sacrificar seu filho Isaque, segundo
mandamento de Deus (leia Gênesis 22:2). Também foi nele que Davi viu o anjo que destruiria Jerusalém, ainda
segundo ordem de Deus, insatisfeito com seu povo (leia 2 Samuel 24), tendo o Criador mandado o anjo parar com a
destruição, Davi adquiriu a preço justo a terra em que vira o anjo e ergueu ali um altar, mais tarde incumbindo seu
filho Salomão de erguer no local o famoso templo que substituiria o Tabernáculo, obra das mais arrojadas do planeta
na época. Como deixam claros os relatos bíblicos, a região era pouco habitada na época de Abraão, Salém o único
povoado da região mais tarde daria origem a Jerusalém, era a única vila que ficava nas cercanias. Muito após Abraão,
nos tempos de Davi, o famoso rei dos judeus comprou aquelas terras no episódio do anjo destruidor de Jerusalém,
onde ficava então uma eira (área de terra batida usada para debulhar e secar grãos) dos jebuseus, a preço justo, o
monarca ordenaria que ali fosse construído o famoso templo de adoração a Deus, ordem executada por Salomão.

6.3. Jacó desce ao Egito


Após oferecer sacrifício em Berseba (extremo sul da palestina/Canaã) a Deus por gratidão a José (Gn 46.1), Jacó
partiu com seu clã e todos os seus bens para o Egito. Canaã e o Egito eram territórios dos filhos de Cam, o primeiro
atribuído a Canaã seu filho caçula e o segundo a Misraim seu segundo filho. Recapitulando, Abraão saiu de Ur na
suméria (baixa mesopotâmia) localizada nos territórios semitas (sudeste do crescente fértil) e se transferiu primeiro
para Harã, jurisdição outrora dos Jafitas, mas na ocasião já semita, na Assíria (norte da mesopotâmia e noroeste do
crescente fértil) e após se estabeleceu em Canaã região de ligação da mesopotâmia com o Egito (centro do crescente
fértil), Jacó agora com sua família desce para se erradicar no Egito (extremo oeste do crescente fértil). A terra que
Israel recebe para morar é chamada Gosém (Gn 47.1), localizada no delta do Nilo (foz de um rio formada por vários
canais ou braços do leito do rio que normalmente desaguam no mar em forma de triangulo), essa região posicionada
no norte do Egito era o lugar ideal para Deus incubar seu povo.

Ao mandar seu povo para o Egito Deus estava fazendo uma transição entre o Clã do patriarca Jacó e a nação dos
filhos de Israel, a era patriarcal já estava acabando, todos os povos estavam se fixando em territórios e
transformando-se em nações, logo essa pátrias estariam fechadas impedindo a estadia e a peregrinação de um clã.
Deus necessitava transformar esse clã em uma nação, mas na terra de Canaã a família de Jacó era mal vista, por
inúmeros problemas com os habitantes originais (Gn 34) e logo seria destruída pelos os povos locais. Para
transformar esse clã em nação, precisava de um lugar afastado onde os israelitas não se contaminassem com outras
culturas e também um lugar fértil e rico em aguas onde os filhos de Jacó pastores como eram pudessem criar seus
animais, a terra de Gosém se constituía o lugar perfeito para a ação de Deus, pois além de afastada dos centros
urbanos egípcios, não teria o risco de os dois povos interagirem já que os egípcios abominavam os hebreus e
pastores de animais (Gn 43.32), a terra era perfeitamente irrigada pelo delta do Nilo constituindo um lugar perfeito
para pastagens (Gn 46.34; 47.6).

80
1. Introdução ao livro de Êxodo

Propósito: O livro de Êxodo é a sequencia natural do livro de Gênesis, onde Gênesis funciona como uma introdução
prévia para se compreender os acontecimentos do livro de Êxodo, o intuito desse livro é registrar os acontecimentos
mais importantes no principio da História de Israel como nação, fatos como a libertação do povo de Israel do Egito
por intermédio dos atos miraculosos de Deus, o inicio da peregrinação rumo a Canaã, o relato da aliança sinática e a
organização do sacerdócio e do Tabernáculo. O livro de Êxodo introduz Deus como Senhor e redentor do povo de
Israel, e seu servo Moisés sendo o mediador de tal aliança e conduzindo os acontecimentos históricos, para a religião
judaica, essa revelação em forma de escrita que descreve o concerto de Deus para com eles no Sinai é de suma
importância, pois descreve implicitamente o amor de Deus para com seu povo, o Êxodo é um documento que
permite aos judeus a consciência destes fatos, gerando fé nas gerações posteriores dos hebreus.

81
Conteúdo: O livro de Êxodo abrange do nascimento oculto de Moisés e sua criação no palácio de faraó, homem que
se transformaria no futuro libertador de Israel, passando por sua fuga do Egito e sua volta triunfante, que culmina
com sua liderança em conduzir Israel à saída do Egito, até a revelação da aliança com Deus no Sinai e a entrega da
estrutura de culto com a apresentação do tabernáculo, o livro se encerra com a inauguração poderosa do
Tabernáculo.

Esfera de ação: O livro de Êxodo cobre um período de cerca de 100 anos, iniciando com a escravização dos hebreus
pouco antes de Moises nascer, cobrindo 80 anos da vida de Moisés (seu nascimento, sua fuga aos 40 anos e sua
volta aos 80 anos), e se encerrando cerca de dois anos após o Êxodo com a inauguração do tabernáculo (Ex 40:17).
Vale salientar que no capitulo primeiro o autor faz um adento introdutório com as informações contidas no final do
livro de Gêneses, contendo a narração da morte de José e demais patriarcas, porem esse adento não configura parte
estrutural do livro e, portanto não foi incluída na esfera de ação de Êxodo.

Data da escrita: Aparentemente o livro do Êxodo foi escrito durante a revelação de Deus no monte Sinai, portanto
de um a dois anos após a saída do Egito (O Livro provavelmente foi escrito antes da primeira marcha ordenada por
Deus após a revelação sinática, Nm 10:11). Portanto, a datação do Êxodo é de suma importância para precisarmos a
data da composição do livro, já que esse foi composto cerca de 1 a 2 anos após os eventos do Êxodo. Basicamente
existem duas possibilidades de datação do Êxodo, a primeira e mais tradicional, coloca o evento no ano de 1445 a.C.
e a segunda, mais recente e preferida da alta critica coloca o evento em aproximadamente 1200 a. C.

Defesa da data tradicional, 1446 a.C.: A defesa dessa data esta baseada nas seguintes observações: (1) I Reis 6.1
declara que o êxodo ocorreu 480 anos antes do quarto ano do rei Salomão (966 a.C.), datando o êxodo de 1446 a.C.
(2) Jefté, em aproximadamente 1100 a.C., afirmou que Israel havia ocupado Canaã por 300 anos (Jz 11.26), e,
adicionando-se 40 anos da jornada no deserto, a data do êxodo é situada entre 1446 e 1400 a.C. (3) Segundo o livro
do Êxodo o tempo que os Israelitas ficaram no Egito é de 430 anos (Ex 12:40,41), o que dataria a descida de Israel
para o Egito no ano de 1876 a.C. fato colocaria o evento da descida de Jacó para o Egito na cronologia correta para o
final da era Patriarcal. (4) A Estela de Merneptah (cerca de 1220 a.C) refere-se a "Israel" como um povo já
estabelecido na terra no registro do filho de Ramsés II (o que descarta uma invasão nos sec. 12 e 12 a.C.), com isso,
dificilmente haveria tempo para o êxodo, a peregrinação no deserto, a conquista e a colonização de Canaã pelos
israelitas. (5) As tabuletas de Amarna (cerca de 1400 a.C.) referem-se a um período de caos na terra de Canaã, o qual
poderia equivaler à conquista israelita. (6) A Estela do Sonho de Tutmés IV, que seguiu Amenófis II, indica que ele
não era o herdeiro primogênito legal do trono, pois o filho mais velho havia morrido.

82
Defesa da data recente, +- 1200 a.C. : Os argumentos a favor da data recente do Êxodo costumam ser os seguintes:
(1) Os anos bíblicos são reinterpretados como símbolos (480 anos= 12 gerações) ou generalizações exageradas (por
exemplo, os 300 anos de Jefté). (2) Nenhuma referência extra-biblícas a "Israel" foi encontrada antes da Estela de
Merneptah (aproximadamente 1200 a.C.). 3) Parecem faltar evidências arqueológicas de uma conquista no século 15
a.C. em alguns locais de Canaã. (4) Os israelitas ajudaram a construir as cidades de Pitom e Ramessés (Êx 1.11),
concluídas por Ramsés II. (5) Governos sobrepostos em Juízes podem justificar a contagem de um período mais curto
para a conquista, a colonização e a época dos juízes.

Principais problemas da datação recente: A datação mais recente praticamente descarta qualquer leitura literal da
cronologia bíblica em favor de dados arqueológicos que temos no momento, é muito provável que as escavações
futuras continuem a esclarecer a questão e anulem definitivamente à datação recente. Enquanto isso, críticos de
fontes reduzem toda a história do Êxodo e da conquista de Canaã a uma posição de mitologia judaica, tornando
qualquer data irrelevante para eles. Aqueles que tomam o relato bíblico de forma literal, têm feito uma defesa mais
do que adequada de sua posição, as leis básicas e os rituais religiosos de Israel, provavelmente, foram moldados ao
longo do tempo, mas deve ter havido um começo em algum ponto da história.

Conclusão: Assim, admitindo a autoria mosaica e a datação antiga do êxodo, é provável que o livro tenha sido escrito
em algum momento entre os dois anos após o êxodo (1444 a.C.) e a morte de Moisés (1406 a.C.), com maior
probabilidade para o ano de 1444 a.C. dois anos após os Eventos do Êxodo israelita. O começo desse período parece
ser mais apropriado, pois foi ali que os acontecimentos descritos ocorreram.

83
2. Índice do livro do Êxodo.

3. Israel no cativeiro Egípcio


A vida cotidiana dos filhos de Jacó no Egito pode ser dividida em duas partes antagônicas, sendo a primeira
durante a vida de José e a segunda parte após sua morte.

3.1. Durante o período em que José estava vivo


O Faraó dá aos filhos de Jacó a melhor terra do Egito e eles comem da fartura da terra, sendo deles o que
havia de melhor naquela terra (Gênesis 45,18-20). Os filhos de Jacó eram pastores e exerceram essa profissão, em
paz com o Faraó e inclusive foram nomeados 'administradores dos rebanhos do Faraó' (Gênesis 47,1-6). O Faraó
deixou os filhos de Israel entrar no Egito e deu para eles a melhor região, a terra de Ramsés, e José providenciou
para eles pão (Gênesis 47,7-12). O povo de Israel se estabeleceu na região de Gósen, onde adquiriram propriedades,
foram fecundos e se tornaram muito numerosos (Gênesis 47,27).

3.2. Depois da morte de José


Foram impostos contra Israel inspetores de obras para tornar-lhe dura a vida com os trabalhos que lhe
exigiam. Dessa forma construíram as cidades de Pitom e de Ramsés (Êxodo 1,11). Os egípcios obrigavam os israelitas
a duros trabalhos: preparação da argila, a fabricação de tijolos, trabalhos nos campos... (Êxodo 1,13). As parteiras
foram orientadas para que quando as hebreias dessem à luz, se a criança fosse um menino, deveria ser morta,
jogada no rio (Êxodo 1,15-22). No final, Deus ouviu o clamor do povo e, através de Moisés, libertou o povo da
escravidão no Egito e o conduziu à Terra Prometida, depois de 40 anos pelo deserto.

3.3. Faráo que não conhecia José


Existem duas teorias que tentam explicar essa afirmação, a primeira defendida pelos teóricos da cronologia
tradicional, que afirma que essa expressão denota somente uma mudança de dinastia egípcia, e a segunda
defendida pelos teóricos da cronologia recente que entende que essa expressão demonstra que José e Jacó
desceram ao Egito durante a ocupação dos hicsos.

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Teoria da cronologia tradicional: Segundo essa tese, Jacó entrou no Egito durante o império médio (2000-1750 a.C.),
por volta de 1900 a.C. e saiu durante o império novo, por volta de 1446 a.C. Durante esse período ouve a invasão do
Hicsos ao Egito, fato que durou de 1750 a 1550 a.C. portanto Moisés nasceu pouco após os Egípcios expulsarem os
hicsos, dando início ao Novo Império (1550 – 1070 a.C.). Para esses teóricos a expressão “E levantou-se um novo rei
sobre o Egito, que não conhecera a José” significa que surgiu um novo império e dinastia, que não reconhecia os
feitos da dinastia anterior que permitiu a invasão do Egito, soma-se a isso, que Faraó era considerado filho dos
deuses e, portanto, toda vez que trocava de dinastia a sucessora esforçava em apagar todos os feitos da anterior, já
que deveria defender suas origens divinas e detrimento a dinastia anterior que caiu. A favor dessa teoria pesa o fato
de se encaixar com o relato de 430 anos de cativeiro (Ex 12:40,41), datando o Êxodo em sua data mais aceita, 1446
a.C. Alguns dados internos bíblicos também colaboram com essa teoria, como o fato de José ter que se barbear para
entrar na presença de Faráo (Ex 41:14), o que apoia o fato do faraó ser egípcio, já que os egípcios não possuíam
barba por motivos de higiene, porem os hicsos cultivavam a barba como sinal de maturidade e poder (abaixo
colocarei uma representação de um hicso), portanto, se o soberano do Egito fosse hicso seria desrespeito entrar em
sua presença sem barba, outro fato é a questão da abominação dos pastores de rebanhos e seus animais, que eram
abomináveis no Egito pelas doenças que transmitiam, o relato de Gêneses deixa claro que os egípcios isolaram Israel
e seu clã por serem pastores (Ex 46:34), o que não faria sentido no caso dos hicso, já que esses eram chamados de
reis-pastores no Egito, e portanto amantes dos rebanhos, e por ultimo temos o fato de os faraós do livro de Êxodo,
terem medo dos israelitas, fato que os de Gênesis não apresentaram, essa dedução pode ser explicada facilmente
pelo fato do egípcios temerem os pastores israelitas, que associavam aos reis-pastores hicsos. Segue abaixo um
esquema cronológico da linha do tempo dos impérios egípcios, com a entrada e saída de Israel do Egito, tempo de
domínio hicso e total de tempo de Israel no Egito, segundo a tese da cronologia tradicional.

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Teoria da cronologia recente: Para esses teóricos a expressão “E levantou-se um novo rei sobre o Egito, que não
conhecera a José”, é justificada pelo fato de José ter servido durante a ocupação hicsa, e por isso um Faraó egípcio
nativo não teria gratidão pelas obras de um governado que serviu durante um governo de ocupação. Para eles o que
sustenta sua tese seria o fato de essa data se ajustar para um Êxodo por volta de 1600 a.C. Segue abaixo um
esquema cronológico da linha do tempo dos impérios egípcios, com a entrada e saída de Israel do Egito, tempo de
domínio hicso e total de tempo de Israel no Egito, segundo a tese da cronologia recente.

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4. Esboço sintético do livro do Êxodo

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5. A Pascoa
“E falou o Senhor a Moisés e a Arão na terra do Egito, dizendo: Este mesmo mês vos será o princípio dos
meses; este vos será o primeiro dos meses do ano. Falai a toda a congregação de Israel, dizendo: Aos dez
deste mês tome cada um para si um cordeiro, segundo as casas dos pais, um cordeiro para cada família.
Mas se a família for pequena para um cordeiro, então tome um só com seu vizinho perto de sua casa,
conforme o número das almas; cada um conforme ao seu comer, fareis a conta conforme ao cordeiro. O
cordeiro, ou cabrito, será sem mácula, um macho de um ano, o qual tomareis das ovelhas ou das cabras.
E o guardareis até ao décimo quarto dia deste mês, e todo o ajuntamento da congregação de Israel o
sacrificará à tarde. E tomarão do sangue, e pô-lo-ão em ambas as ombreiras, e na verga da porta, nas
casas em que o comerem.” Êxodo 12:1-7

Páscoa do Senhor : A festa da Páscoa, por estar relacionada com a liberação dos israelitas de sua escravidão
no Egito, é a comemoração anual mais importante para o povo judeu (cf. Lv 23.5; Nm 9.1-5; 28.16; Dt 16.1-2). No NT
adquire um significado especial para os cristãos, já que se interpreta como figura da obra redentora de Cristo, o
Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo (Jo 1.29). Cf. especialmente MT 26.2-29; 1 CO 5.7; 1 Pe 1.18-19, e
vejam-se Jo 19.14 N.; 19.36 N.

Para que os israelitas se salvassem da praga da morte, tinham que matar um cordeiro sem defeitos e colocar
seu sangue nos Marcos das portas de cada casa. por que sacrificaram um cordeiro os hebreus? Ao matar um
cordeiro os israelitas estavam derramando sangue inocente, o cordeiro era um sacrifício, um substituto da pessoa
que se supunha devia morrer na praga. Desde este ponto em adiante, o povo hebreu teria um entendimento claro
de que o ser farelos de cereais da morte significava que outra vida devia ser sacrificada em seu lugar.
A festa da Páscoa era uma celebração anual para recordar a noite quando o anjo do Senhor "passou sobre" as
casas dos israelitas. Os hebreus seguiram as instruções de Deus e colocaram o sangue do cordeiro nos postes das
portas de suas casas. Essa noite o primogênito de cada família que não tivesse sangue nos lhes dente da porta seria
morto. O cordeiro tinha que matar-se para proporcionar o sangue que os protegeria. (Isto anunciava o sangue de
Cristo, o Cordeiro de Deus, que deu seu sangue pelos pecados do mundo.) dentro de suas casas, os israelitas
comeram um jantar de Páscoa que incluía cordeiro assado, ervas amargas e pão sem levedura. O pão sem levedura
se podia fazer rapidamente já que não tinham que esperar a que levedasse, aassim poderiam estar preparados para
sair em qualquer momento, as ervas amargas significavam a amargura da escravidão, que Deus os libertará.
A páscoa judaica (Pesach) foi instituída na época de Moisés, para agradecer a Deus a libertação do povo de
Israel escravizado no Egito. Sua celebração ocorre de acordo com o calendário judaico (163 dias antes do início do
ano judaico), correspondendo,

A festa da pascoa é marcada, sobretudo pela refeição (Seder) pascal, que é feita em família e se compõe de
iguarias que rememoram e simbolizam os momentos da libertação. No jantar, o cordeiro assado lembra a imolação
do cordeiro de outrora que, junto com pães sem fermento (pão ázimo) e ervas amargas, serviram de alimento ao
povo hebreu, na saída do Egito. Instruído por Deus, Moisés orientou aos israelitas a usarem o sangue do mesmo
cordeiro que os alimentaria para marcar as ombreiras das portas de suas casas, de modo que fossem poupados
quando o anjo do Senhor passasse, ferindo todos os primogênitos do Egito, tanto dos homens quanto dos animais,
como forma de desestimular o faraó a manter o povo hebreu cativo. O pão ázimo relembra a falta de tempo para
fermentar a massa do pão na saída apressada e as ervas amargas simbolizam a vida de amargura que os israelitas
viveram nos 430 anos de permanência em terra egípcia. Fazem parte ainda da mesa pascal judaica, ervas doces e
molho doce, recordando às famílias que a servidão se tornou doçura, graças à salvação. No dia anterior à celebração
faz-se uma profunda limpeza da casa, procurando não deixar nada fermentado, para ensinar às novas gerações que
só é permitido comer pães ázimos, conforme a prescrição do livro do Êxodo. Assim, a páscoa judaica reafirma a
identidade deste povo, celebra a vitória sobre o sofrimento e anuncia uma nova vida de liberdade e de esperança na
terra prometida.

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5.1. ELEMENTOS DA PÁSCOA NO VELHO TESTAMENTO
1 - O Cordeiro. Representava o preço da redenção e libertação de Israel do Egito; o sacrifício.

2 - Os Pães Asmos. Revelavam a pressa com que abandonariam a terra do Egito. A farinha amassada sem ter
recebido o fermento, por falta de tempo.

3 - As Ervas Amargas. Ou alface agreste, recordavam a opressão do Egito, amargura do cativeiro, além de dar melhor
sabor à carne adocicada do cordeiro.

4 - O Sangue. Representava a Expiação.

6. A data do Êxodo
Na introdução do livro de Êxodo fizemos uma síntese que defende a composição do livro cerca de 2 anos após os
eventos da fuga de Israel, e para essa datação apresentamos a data de 1446 a.C. como a mais provável para o Êxodo
israelita. Na ocasião tecemos argumentos resumidos que sustentam essa data e diminui a chance de uma data mais
recente, cabe nesse capitulo fazer uma defesa completa que precisará o Êxodo na data de 1446 a.C. A seguir
apresentaremos argumentos inquestionáveis para a defesa da “data tradicional do Êxodo”, é entendimento desse
autor e da comunidade teológica acadêmica que todo teólogo ortodoxo tenha conhecimento para defender essa
data frente a inovação dos “teólogos liberais”.

6.1. Argumentos das datas bíblicas.


Afirma-se em 1 Reis 6:1 que o êxodo precedeu o momento em que Salomão começou a construir o Templo (ca. 966
a.C) por 480 anos. Os 480 anos adicionados a 966 a.C produz uma data de 1446 a.C para o êxodo. Declaração de
Jefté em Juízes 11:26 que Israel possuía a terra de Canaã por sua vez por um período de 300 anos. Própria data de
Jefté é aproximada 1100 a.C. Isso significa que Israel estava na terra desde ca. 1400 a.C e acrescentando 40 anos
para o errante deserto produz uma data êxodo de ca. 1440 a.C . O apóstolo Paulo declarou em Atos 13:19-20 que o
tempo do êxodo para o profeta Samuel foi de 450 anos. David, que foi ungido Rei de Israel por Samuel, capturou
Jerusalém ca. 995 a.C (3) Adição de 450 anos para ca. 995 a.C produz uma data para o Êxodo em ca. 1445 a.C. Além
disso, uma análise do comprimento do juízes Período requer um tempo total de muito mais tempo do que é possível
com o Data tarde. Subtraindo-se a viagem de 40 anos deserto, a cerca de 20 anos para a conquista de Josué, e
outros aproximados 20 anos para que a liderança de Samuel antes de Saul equivale a cerca de 80 anos. Portanto, o
tempo suficiente deve ser permitido para estas 80 anos, para além do período de juízes. A última data permite
menos de 150 anos, enquanto o início Data permite a pouco mais de 300 anos. Segundo o livro do Êxodo o tempo
que os Israelitas ficaram no Egito é de 430 anos (Ex 12:40,41), o que dataria a descida de Israel para o Egito no ano
de 1876 a.C. fato colocaria o evento da descida de Jacó para o Egito na cronologia correta para o final da era
Patriarcal.

6.2. Argumento da Estela de Merneptah


A Estela de Merneptah é uma coluna comemorativa escrita por volta de 1207 a.C. que conta as conquistas militares
do faraó Merneptah, é a mais antiga menção do nome “Israel” fora da Bíblia. Alguns céticos insistem em negar a
história dos Juízes dizendo que Israel não existia como nação naqueles dias, porém, a Estela de Merneptah
desmente essa afirmação ao mencionar Israel entre os inimigos do Egito, o que mostra que Israel já era uma nação
organizada e bem estabelecida a ponto de ser considerada rival do Egito, coisa que nunca aconteceria se Israel ainda
estivesse em processo de conquista ou estabelecimento em Canaã.

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6.3. Argumentos, das cartas de El Armana
Em 1887, um camponês egípcio casualmente descobriu um grande depósito de tabuinhas de barro em Tell El-
Amarna. Datando de 1400-1370 a.C, essas tabuinhas estavam escritas em cuneiforme acádico (escrita em formato
de cunha) – a língua então aceita para correspondência internacional. As tabuinhas eram cartas urgentes enviadas
de reis cananeus para o rei egípcio, solicitando assistência militar imediata para lidar com ferozes invasores. Estas
cartas também refletem uma receosa desunião entre os vários reis cananeus, e uma ávida disposição em
abandonarem a sua aliança egípcia e tornarem-se politicamente afiliados aos invasores habiru ou ‘Apiru (vede
Pritchard, 1958, p. 276). Muitos estudiosos associam os habiru aos hebreus bíblicos (cf. Archer, 1974, pp. 271-279;
Harrison, 1969, 318-322).

Assim, uma análise destes documentos sugere que eles refletiam uma perspectiva Cananéia da conquista israelita.
Existem alguns paralelos significativos entre a informação geral destas cartas e a narrativa bíblica. Um comunicado
de Megido mencionava que diversas cidades localizadas na região de Arade, ao sul, já haviam caído aos invasores.
De acordo com Números 21:1-3, os israelitas destruíram muitas cidades nesta região sul. Além disso, não havia sido
encontrada nenhuma carta das primeiras cidades destruídas durante a incursão israelita (p.e., Jericó, Gibeão, etal.).

Se os habiru mencionados nas cartas de Tell El-Amarna eram realmente os invasores hebreus (e há boas razões para
crer que eram), então estes documentos fornecem confirmação secular à descrição bíblica da conquista, tanto
cronológica como metodicamente. Visto que estas cartas datam de 1400 a.C., elas sugerem que os passos iniciais da
conquista aconteceram no século 15, e não 13 a.C. Adicionalmente, elas corroboram a visão de uma infiltração
militar concentrada em Canaã. Em ambos os casos, elas apoiam o registro bíblico da conquista.

6.4. Argumento Estela do Sonho de Tutmés IV


A próxima prova foi encontrada pelo arqueólogo Dyer, a "estela sonho" de Tutmés IV, que registra uma promessa de
um deus que ele iria herdar o trono do Egito. Alguns acreditam que isso significa que ele tinha um irmão mais velho
(Moisés), que foi o primeiro a nascer, que deve ter morrido ou abdicado do trono, senão a promessa não tinha
sentido. O povo Habiru (Israel) mencionado nas cartas de Amarna, de acordo com Dyer, pode confirmar a data
tradicional para o Êxodo, outros fatores são os nomes dos Faraós registrados por Josefo. Outra é a correlação entre a
cronologia de Moisés e o Faraó contemporâneo. Dyer colocado mais ênfase na evidência bíblica para a data de início
do que na evidência arqueológica que pode ser interpretada de diversas formas.

6.5. Argumento, da ocupação pacífica


Quanto às cidades ocupadas pelos israelitas sem incêndio, os defensores da teoria da data posterior do êxodo
cometem dois erros fundamentais. Primeiro, eles colocam de lado a evidência textual de que estas cidades não
foram queimadas antes dos israelitas a ocuparem, e em lugar disso, presumem que a captura israelita de uma cidade
deve ser, provavelmente, marcada pela destruição. Mas a narrativa da história bíblica da conquista registrada em
Josué nega completamente esta pressuposição. Ele relata: “Contudo, Israel não incendiou nenhuma das cidades
construídas nas colinas, com exceção de Hazor, que Josué incendiou” (Js 11.13). Reconhecidamente, ele se refere
nesta declaração às colinas do norte da Palestina, mas em seu relato da captura das colinas no sul da Palestina
afirma apenas que Josué as tomou (laqad). Em contraste, no caso de Ai e Jericó ele afirmou que Josué as queimou
(sara [). Ao tomar a maioria das cidades cananitas sem, antes, destruí- las, Josué cumpriria a promessa de Yahveh a
Israel: “O SENHOR... jurou... dar a vocês, terra com grandes e boas cidades que vocês não construíram com casas
cheias de tudo o que há de melhor, de coisas que vocês não produziram”. Cidades queimadas completamente não
concederiam aos seus conquistadores casas cheias de tudo que há de melhor.

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6.6. Argumento da citação bíblica da filha de Faraó
A menção de filha de faraó encaixa com o destaque de Hatshepsut, a única mulher que chegou ao posto de faraó do
Egito, Hatshepsut foi à mulher mais poderosa do Egito e assim a única que poderia desafiar a ordem de faraó de
matar os bebes hebreus e adotar uma dessas crianças. Hatshepsut nasceu em Tebas. Era a filha mais velha do rei
Tutmés I (Tutmósis I) e da rainha Amósis. Quando o seu pai morreu Hatshepsut teria cerca de vinte e quatro anos.
Casou com seu meio-irmão, Tutmés II, seguindo um costume que existia no Antigo Egito que consistia em membros
da família real casarem entre si. Após a morte de Tutmés II, cujo reinado é pouco conhecido, o enteado de
Hatshepsut, Tutmés III, era ainda uma criança que não estava apta a governar. Por esta razão Hatshepsut, na
qualidade de grande esposa real do rei Tutmés II, assumiu o poder como regente na menoridade de Tutmés III. Mais
tarde, Hatshepsut decidiu assumir a dignidade de faraó e governar em seu direito. A cronologia de Hatshepsut e de
sua dinastia compreendem um período de mais de 250 anos (1500 – 1292 a.C.), ela viveu nos anos entre XV e XIV, o
que a coloca na data tradicional do Êxodo. Abaixo colocarei um esquema com a 18º dinastia e as datas.

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7. Ponto de travessia do Êxodo
São muitas as hipóteses do ponto preciso que os israelitas fizeram a travessia do mar, nesse estudo veremos as mais
comuns, e descobriremos as duas mais prováveis através de um estudo minucioso, no final do capitulo estaremos
apitos a defender o ponto de travessia mais provável. O que levaremos em conta é a sensação que toda a travessia
deve ter levado em torno de 24 horas (a Bíblia não diz tempo claramente), o que também é confirmado pelos
escritos de Flavio Josefo, portanto, uma hipótese que não permite a travessia em menos de um dia será descartada.
Abaixo anexarei um mapa com as hipóteses mais comuns levantadas pelos estudiosos, após teceremos comentários
sobre elas.

Hipótese 1: Mar de Acaba, existe uma forte possibilidade para se acreditar que a travessia foi realizada neste local, o
motivo é fato de ter sido detectado através de mapeamento topográfico a existência de um platô de 100 m de
profundidade e 900 m de largura com rochas agrupadas em linhas nas bordas formando uma espécie de ponte que
se estende por aproximadamente 18 km da costa egípcia até a costa árabe, esse platô submerso poderia ser
atravessado pelo povo de Israel em torno de seis horas.

Hipótese 2: Meio Mar do Junco, o local tradicional para a travessia do povo israelita encontra-se no norte do corpo
principal do mar Vermelho, onde sua largura máxima é de aproximadamente 50 km, possibilitando uma travessia em
poucas horas.

Hipótese 3: Extremo norte Mar do Junco: Essa hipótese é pouco provável já que nessa área o Mar do Junco não
possui praia, o que impossibilita uma grande concentração de pessoas esperando o mar se abrir, outro motivo é a

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questão que para acessar essa lugar precisa transpassar altos morros, o que seria impossível para uma grande
multidão, com crianças, animais e bens, fugindo de um exercito, portanto, essa hipótese podemos excluir.

Hipótese 4: Lagos amargos, essa hipótese é a menos provável, já que a Bíblia registra a travessia no mar e não em
lagos, outra questão é que esses lagos poderiam ser cruzados nas margens, sem necessidade de intervenção divina,
e por ultimo temos um motivo bíblico, pois essa rota conduziria eles para o território dos filisteus, o que o próprio
Deus proibiu (Ex 13:17). Essa hipótese também pode desconsiderar.

Hipótese 5: Mar Vermelho (corpo principal), tecnicamente o mar vermelho se divide em 3 partes, seu corpo
principal que provem do mar Arábico que constitui quase a totalidade de sua massa e suas duas extensões mais
estreitas. A sua extensão oriental é chamada mar de Acaba que divide a península arábica da península do Sinai. Sua
extensão ocidental é chamada mar do Junco e divide o Egito da península do Sinai. O corpo principal do mar
Vermelho apresenta uma largura de aproximadamente 300 km, a Palavra não nos fala o tempo exato dessa
passagem, porém nos da entender que não poderia ter sido muito mais que 24 horas entre o começo do vento
oriental e as aguas tornarem a seu lugar ao comando de Moises (Ex 14.16-30). Um rápido raciocínio de lógica poderá
fazer dessa tese algo muito improvável, já que a Bíblia nos conta que o povo era cerca de 600 mil homens (Ex
12.37,38), juntamente com talvez, 2 vezes mais esse número entre mulheres e crianças e ainda tinha o agravante do
povo levar suas fazendas e objetos. Uma caravana dessa magnitude e com tantos itens que os fariam mais vagarosos
não poderia andar em uma marcha forçada mais que 3 km/h, porém devemos lembrar que antes do mar se abrir um
vento soprou toda a noite, o que significaria para um judeu das 6 da noite as 0 horas (meia noite), restando somente
aproximadamente 18 horas para se completar um dia inteiro. Um singelo calculo nos mostrará que o povo andando
3 km/h por 18 horas cobririam uma distancia de 54 km (lembrando que cerca de 50 km é a largura máxima do mar
dos Juncos e 31 Km o mar de Acaba), algo totalmente incoerente no caso de atravessar o corpo principal do mar
vermelho que tem um comprimento de cerca de 300 km (ou seja, 100 horas ou mais de 4 dias), não sendo possível
garantir que o povo suportaria uma marcha forçada por 100 horas sem esmorecer. Outro valor é a grande distancia
do Mar Vermelho para o lugar da fuga (mais de 500 Km), passando por altos morros, portanto, essa hipótese
também pode ser descartada.

Conclusão: Fica claro que as hipóteses 3 a 5 são inviáveis, portanto, iremos descartar um estudo mais aprofundado
sobre essas possibilidades, sobra a nós as hipóteses 1 e 2, que iremos analisar de uma forma mais abrangente.

7.1. Travessia sob o mar do Junco


A travessia sob o mar do Junco é normalmente a mais ensinada entre os cursos básicos, por esse motivo irei fazer
uma defesa dessa possibilidade usando os argumentos tradicionais da teologia, após levantarei alguns problemas
que podem inutilizar essa hipótese.

7.1.1. Defesa da hipótese.


1) O local tradicional para a travessia do povo israelita encontra-se no mar do Junco, onde sua largura máxima é de
aproximadamente 50 km, permitindo uma travessia de cerca de 17 horas (em uma marcha de 3 km/h), sendo
totalmente coerente com a sensação bíblica de 24 horas de travessia.

2) A Palavra não nos fala o tempo exato dessa passagem, porém nos da entender que não poderia ter sido muito
mais que 24 horas entre o começo do vento oriental e as aguas tornarem a seu lugar ao comando de Moises (Ex
14.16-30). O povo andando 3 km/h por 18 horas cobririam uma distancia de 54 km (lembrando que cerca de 50 km é
a largura máxima do mar dos Juncos).

3) O platô de pedra sob o mar que sustenta a travessia, o que possibilita a passagem de uma multidão no seu fundo,
o que não ocorreria no Mar Vermelho, já que esse tem fundo arenoso e com topografia variada.

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4) A palavra usada no original denota “Mar dos Juncos”, A Bíblia hebraica de Jay P. Green, Sr, The interlinear Bible,
Grand Rapids, Michigan, encontramos no hebraico (transliterado “Ha Derek Hamitbar Iam Suf” caminho do deserto
do Mar dos Juncos, as traduções foram fiéis ao texto, e não trocaram o nome do Mar dos Juncos para o Mar
Vermelho), Mar do Junco além de ser o lugar tradicional (para judeus e cristãos) d travessia, ainda conta com sua
nomenclatura em versões mais confiáveis.

5) A pequena distancia do lugar onde eles estavam no Egito, permitia uma fuga mais eficiente, que trilhar centenas
de quilômetros em solos montanheses.

Conclusão: A pequena distancia do local da fuga, que ajudaria os israelitas não serem pegos ou cansarem em
demasia, uma pequena extensão de agua (cerca de 50 Km), o que possibilitaria a travessia em poucas horas, aliados
a um fundo do mar rochoso e plaino, o que possibilitaria sustentabilidade para a multidão passar e poucos
obstáculos para atrapalhar, além de constar o nome “mar do Junco” nas versões mais fieis e ser o local tradicional
para israelitas e cristãos. Esses fatores somados fazem do Mar do Junco um lugar totalmente provável para a
travessia.

7.1.2. Pontos negativos para a travessia

1: Para acessar o mar do Junco os israelitas precisariam ultrapassar altas formações rochosas, ou contornar esses
morros com um desvio ao sul de centenas de quilômetros, saindo do itinerário descrito no livro.

2: O local tradicional da travessia não possui uma praia grande, o que impossibilita um ajuntamento como o descrito
no livro do Êxodo, na margem oposta também não a uma praia significativa, o que dificultaria uma concentração de
Israel após a passagem.

3: A Bíblia descreve que o exercito de faraó foi submerso no mar, o que deixaria vestígios submersos, porem, não
podemos observar nenhum sinal de um exercito submerso no fundo do mar do Junco, a construção do canal de Suez
poderia apagar todos os vestígios, o que impossibilitaria de provar que a passagem foi nesse local.

4: Não é observado na paisagem local nenhuma pista que uma grande caravana passou por esse local, era de se
esperar que um povo religioso como os israelitas deixasse perpetuado símbolos comemorativos na paragem. Por
mais que o vento data cerca de 3500 anos pela região seca e desértica ainda apresentaria símbolos em rochas, a
menos que fossem apagados de proposito.

Conclusão: A combinação desses quatro pontos praticamente inutiliza o mar do Junco como lugar da travessia, seu
lugar remoto e com passagem montanhosa, a ausência de praia, adicionado à falta de pistas submersas e sinais em
rochas praticamente descarta esse local como a passagem do mar.

7.2. Travessia sob o mar de Acaba


A travessia sob o mar de Acaba é ensinado somente em nível superior e acadêmico, pois estudantes desse nível já
estão preparados para aprender com disciplinas extra-biblícas. No caso de estudante de nível básico e médio o
sistema de ensino prioriza quase exclusivamente a Bíblia como fonte base do conhecimento, o motivo de se ensinar
nesses níveis a travessia sob o mar do Junco, esta na natureza do relato de nossas Bíblias mais antigas e confiáveis,
porem, tudo que temos remota a idade média e algumas fontes do Mar Morto (1 a.C. a 1 d.C.), que não garante a
integridade original de um texto escrito em 1444 a.C. Todos alunos acadêmicos devem estar preparados para
defender a travessia sob o mar do Junco, junto aos populares e menos aprofundados, mas também em defender a

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travessia sob o mar de Acaba junto a comunidade teológica acadêmica e a comunidade cientifica. Abaixo veremos os
argumentos que sustentam a travessia nesse local de forma quase incontestável.

1: A um entendimento entre os arqueólogos evangélicos que o local de passagem é o mar de Acaba, também a
entendimento que o Tanach antes de Esdras relatava a passagem no Mar de Acaba.

2: A descrição bíblica do local em que iniciaram a fuga só permitira passagem pelo norte, que é a rota dos filisteus,
pelo sul para o alto Egito e para o leste (mar do Junco e mar de Acaba) por uma ravina natural, que daria direto no
Mar de Acaba, para desviar para o mar do Junco os israelitas teriam que escalar a montanha. Abaixo colocarei fotos
da ravina que conduz direto ao mar de Acaba, com essas fotos ficará claro que esse era o único caminho que
poderiam seguir, e esse mar o único destino possível.

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3: A fuga pela ravina se encaixa e oferece melhores possibilidades para explicar o relato da fuga em Êxodo, o
primeiro fato que a ravina explica é Israel a pé, com crianças, animais e cargas conseguirem fugir de um exercito
treinado, com carros e cavalos, pois a ravina é um corte entre montanhas, com percurso acidentado e irregular que
favorece que foge de pé, e dificulta que tem rodas ou esta em cima de animais, além de facilitar a quebra de rodas e
equipamentos. Outro fator é a facilidade de escurecer um trecho da ravina com uma nuvem e iluminar outra parte
somente com um fecho de luz direcionado, o que explica escurecer o campo dos egípcios de dia e clarear o
acampamento hebreu de noite, em um lugar aberto a sol do campo dos israelitas iria clarear o dos egípcios como um
dia nublado, e a luz noturna de Deus guiaria os egípcios como um farol.

4: Diferente do mar do Junco o de Acaba possui amplas praias em sua duas margens, o que permitiria a
concentração e espera dos israelitas antes da abertura do mar e a acomodação segura depois da travessia. Segue
uma foto com a praia ocidental do mar de Acaba.

5: A provas concretas de imagens de satélites e de mergulhadores, que jaz submerso no mar de Acaba um exercito
enterrado, com ossos humanos, de animais, armas e carros de guerra, esse fator constitui uma prova definitiva em
favor da travessia nesse local, já que a historia não narra nenhum outro evento de um exercito submerso em um
mar. Abaixo colocarei fotos com achados no fundo domar.

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6: O mar de acaba possui um fundo rochoso, onde foi detectado através de mapeamento topográfico a existência de
um platô de 100 m de profundidade e 900 m de largura com rochas agrupadas em linhas nas bordas formando uma
espécie de ponte que se estende por aproximadamente 18 km da costa egípcia até a costa árabe, esse platô
submerso poderia ser atravessado pelo povo de Israel em torno de seis horas. Esse platô possibilitaria a travessia sob
o mar com sustentabilidade e uma superfície plana, envolta do platô é o local onde foram encontrados os vestígios
do exercito submerso de faraó. Abaixo colocarei a representação do platô rochoso local da travessia.

7: Além das teorias do Sr. R. Wyatt. Já demonstrarem ter uma maior consistência do que as que antes foram
estabelecidas por outros pesquisadores. O que vem a validar mais fortemente as suas ideias é o fato de que duas
colunas idênticas foram encontradas às margens do Mar Vermelho. Ambas trazendo inscrições antigas em hebraico.
As colunas teriam sido erigidas pelo rei Salomão que em sua época possuía o controle dos mares e tinha autoridade
nestas regiões. Mas ainda faltavam provas mais conclusivas que pudessem dar às narrativas bíblicas a veracidade
que necessitavam, para provar aos incrédulos que tudo ocorrera da forma que a Bíblia descreveu. Abaixo colocarei a
foto do local dos pilares comemorativos da travessia.

102
8: Na região do mar de Acaba (leste) a bastante sinais em pedra de símbolos judaicos, o que demonstra que os
israelitas passaram por essa região durante seu êxodo. Abaixo enseirei símbolos gravados a leste do mar de Acaba.

103
9: Eis que eu estarei ali diante de ti sobre a rocha, em Horebe, e tu ferirás a rocha, e dela sairão águas e o povo
beberá. E Moisés assim o fez, diante dos olhos dos anciãos de Israel. E chamou aquele lugar Massá e Meribá, por
causa da contenda dos filhos de Israel, e porque tentaram ao Senhor, dizendo: Está o Senhor no meio de nós, ou
não? Então veio Amaleque, e pelejou contra Israel em Refidim. Êxodo 17:6-8

Os amalequitas habitavam na península da Arábia, diz a Bíblia que saíram para guerrear com os israelitas pela agua,
o que nos leva entender que essas aguas estavam em seus territórios, pela rota tradicional do mar do Junco, os
amalequitas teriam que se deslocarem centenas de quilômetros para pleitear uma agua que não estava em seu
território, quando na travessia do mar de Acaba coloca a disputa pela agua coerentemente no território de
Amaleque.

Conclusão: As provas apresentadas são praticamente decisivas e quase impossíveis de contestar, o pilar de Salomão,
demonstra claramente que o Tanach e a tradição judaica antiga apontam o mar de Acaba como lugar da travessia, a
ravina além de responder muitos eventos bíblicos é o único local onde eles poderiam fugir e em seu fim a praia de
Nuweiba seria um lugar perfeito para aguardarem a abertura do mar, os egípcios que lá pereceram ainda estão no
fundo do mar, junto a seus animais e objetos, a leste do mar foram encontrados vários vestígios da passagem de
Israel na região, o que seria de esperar de uma caravana tão grande. Abaixo colocarei um mapa com o itinerário do
êxodo.

7.3. O local do monte Sinai


Logicamente a travessia no mar de Acaba inutilizaria o local que hoje conhecemos como monte Sinai, e o colocaria
além do mar de Acaba, nas terras árabes. No mapa acima o verdadeiro monte Sinai é identificado pelo x, e hoje é
conhecido pelo nome árabe de Jebel el Lawz. Não a nenhuma possibilidade do Sinai ser na península de acaba já
que essa fica a oeste do local da travessia.

104
8. O pacto Sinático
O Êxodo menciona muitas alianças, mas refere-se geralmente, de modo direto ou indireto, àquela que foi concluída
no Sinai. Ela encontra-se no centro de numerosas passagens proféticas. Durante muito tempo, soubemos muito
pouco sobre a natureza das alianças de Israel. Graças às escavações realizadas em território hitita, estamos agora em
condições de situar a aliança do Sinai no seu contexto histórico. A fiabilidade da Bíblia é reforçada desse modo. A
forma da aliança do Sinai corresponde perfeitamente às alianças que eram feitas na época de Moisés, mas difere
radicalmente das alianças mais tardias. Em todas as alianças feitas no Médio Oriente, em meados do segundo
milénio, encontramos seis particularidades que se encontram igualmente na aliança bíblica do Sinai.

Existe, primeiramente, um preâmbulo que menciona os nomes das partes implicadas. Em cada caso, os nomes do
monarca ou do regente são indicados. Por vezes, o nome do vassalo é omitido. O preâmbulo bíblico encontra-se em
Êxodo 20:2: “Eu sou o Senhor teu Deus.” O nome de Israel, o vassalo, não é mencionado. Depois do preâmbulo,
segue-se o prólogo histórico, citando as razões que motivam a aliança. Nas alianças seculares, encontramos, muitas
vezes, longas enumerações. Na aliança do Sinai, o prólogo é bastante conciso: “que te tirei da terra do Egito, da casa
da servidão” (Êxodo 20:2). O poder que Deus tinha manifestado no momento do Êxodo servia de base à Sua relação
com Israel, como soberano. Vêm em seguida os preconceitos que o soberano preserve ao seu vassalo a fim de se
assegurar da sua fidelidade. Nas alianças não bíblicas, trata-se de precauções que devem impedir o vassalo de fazer
outras alianças, que poderiam ser prejudiciais para o soberano. Os Dez Mandamentos de Êxodo 20:3-17 são,
visivelmente, as cláusulas da aliança do Sinai. É de salientar que o primeiro mandamento aborda o mesmo problema
que as alianças não bíblicas, a saber, a fidelidade ao Senhor: “Não terás outros deuses diante de Mim.”. O quarto
aspeto relaciona-se com o lugar onde a aliança deve ser conservada, assim como as orientações para uma leitura
pública regular. O soberano quer ter a certeza de que o vassalo não esquece o conteúdo da aliança. Segundo Êxodo
25:16, os Dez Mandamentos, o coração da aliança, deviam ser conservados na arca Ada aliança. O livro do Êxodo não
fala de um preceito regulando a leitura pública; mas Deuteronômio 31:9-13 menciona essa diretiva. Sabemos, além
disso, que as leituras públicas tiveram lugar em várias ocasiões. Uma aliança era acompanhada por uma lista de
testemunhas. Nos exemplos não bíblicos, as testemunhas eram sempre divindades, as do soberano e as do vassalo.
Os deuses deviam punir o vassalo se este não respeitasse as cláusulas da aliança. Êxodo 20 não faz qualquer
referência a testemunhas. Neste caso, Deus é o soberano; isso não deveria, portanto, espantar-nos. Profundamente
monoteístas, os israelitas não desejavam apelar para uma lista de deuses, como faziam as nações vizinhas. Por vezes,
os profetas mencionavam testemunhas cósmicas, como “o céu e a terra”, ou “as nações e as regiões litorais”. No
entanto, as verdadeiras testemunhas eram o próprio Deus (que, mais tarde, testemunhariam muitas vezes contra as
más ações de Israel) e o povo que, em Êxodo 24:3, tinha prometido “fazer tudo que o Senhor tinha dito”.
Testemunhavam contra si próprios de que tinham recebido os preceitos destinados a conduzi-los no caminho do
bem-estar segundo o projeto de Deus. Podiam testemunhar de que tinham ouvido e compreendido os Dez
Mandamentos, a essência da aliança. O último elemento presente nas alianças da Antiguidade é uma série de
bênçãos e de maldições. Geralmente, a lista de maldições era mais longa do que a das bênçãos. Em Êxodo 20 não
encontramos nem bênçãos nem maldições; só o segundo mandamento parece ir neste sentido. Deus é aí
apresentado como sendo um Deus exclusivo, que recompensa a obediência e pede contas em caso de
desobediência. Mas, noutros lugares da Bíblia, como em Levíticos.

“Estas são as palavras da aliança que o SENHOR ordenou a Moisés que fizesse com os filhos de Israel, na
terra de Moabe, além da aliança que fizera com eles em Horebe. E chamou Moisés a todo o Israel, e
disse-lhes: Tendes visto tudo quanto o Senhor fez perante vossos olhos, na terra do Egito, a Faraó, e a
todos os seus servos, e a toda a sua terra;” Deuteronômio 29:1,2

Por todo o Pentateuco vemos os indícios que a Lei Mosaica entregue no Horebe é para o povo de Israel e sua
descendência (Ex 12:42; 30:31; 31:16; Lv 22:3; 24:8; 27:34; Nm 18:19; Dt 4:10; 28:46; 32:46), portanto, a Lei não foi

105
dada a nós gentios (At 15; Gl 5:3-5). A grande promessa da Lei é possuir a terra de Canaã (Ex 33:1-3), já a suma
promessa da graça é habitar em um novo céu e Terra (A9 21:1-4).

“E será que, se ouvires a voz do SENHOR teu Deus, tendo cuidado de guardar todos os seus
mandamentos que eu hoje te ordeno, o SENHOR teu Deus te exaltará sobre todas as nações da terra.”

Deuteronômio 28:1

O cumprimento da Lei por parte dos filhos de Israel acarreta as bênçãos prometidas pelo soberano Deus, como um
acordo modelo Suserano/vassalo a obediência das leis dadas pelo soberano e o pagamento do seu imposto (dizimo)
por parte do vassalo garante o bom favor do Senhor, que gira em torno da supremacia de Israel sobre as demais
nações, e todas as bênçãos que acompanham essa posição. A palavra promete ao justo possuir a terra (Israel), o que
demonstra claramente que as promessas veterotestamentárias são direcionadas aos judeus (Sl 37:29).

“Será, porém, que, se não deres ouvidos à voz do Senhor teu Deus, para não cuidares em cumprir todos
os seus mandamentos e os seus estatutos, que hoje te ordeno, então virão sobre ti todas estas
maldições, e te alcançarão:” Deuteronômio 28:15

O não cumprimento da Lei imposta pelo soberano também implica penalidades, assim como todas as alianças
suseranos/vassalos que eram firmadas no oriente médio antigo, do mesmo modo que o cumprimento acarretava
bênçãos nacionais e materiais, a desobediência era punida através de escravidão e miséria. No capitulo 14 de
Gênesis vemos um exemplo Bíblico da punição pela quebra de uma aliança suserano/vassalo quando os reis da
mesopotâmia saem para punir seus vassalos da planície de Sodoma.

Conclusão: Ao lermos com atenção o Pentateuco perceberemos facilmente que a “Antiga Aliança” foi entregue e
exigia em obediência a nação de Israel, e sua benção envolvem a nação e os bens materiais, portanto, se a igreja
cumprir a Lei ou se apropriar das bênçãos veterotestamentárias de Israel constitui uma ofensa a “Nova Aliança”.
Seguindo o modelo tradicional suserano/vassalo entendemos que a Lei de Israel se constitui um código
constitucional para a nação e que o dizimo é apenas o imposto entregue aos filhos de Israel, nós brasileiros
possuímos nosso próprio código legal para servir.

8.1. Significado de Abençoado no Antigo Testamento


No Antigo Testamento, em geral, a bênção refere-se a bem-estar terreno, segurança, poder, riqueza, descendência,
etc., mas essa bênção está expressamente condicionada à obediência aos mandamentos de Deus: "Eis que, hoje, eu
ponho diante de vós a bênção e a maldição: a bênção, quando cumprirdes os mandamentos do SENHOR, vosso
Deus, que hoje vos ordeno; a maldição, se não cumprirdes os mandamentos do SENHOR, vosso Deus, mas vos
desviardes do caminho que hoje vos ordeno, para seguirdes outros deuses que não conhecestes" (Dt 11.26-28).

O contexto de abençoado para a Lei passa por prosperidade nacional, onde cada membro da nação possui suas
bênçãos individuais e na coletividade transformam Israel em primazia entre as nações. Todo o conceito de benção
veterotestamentário gira em torno das bênçãos materiais, onde “ter” prosperidade material é o sinal do favor do
Senhor e de sua benção. As bênçãos prometidas na Lei são exclusivas para o povo israelita e tem sua plenitude na
nação de Israel, bênçãos particulares e geográficas, que contrastam dramaticamente do proposito de Deus para a
igreja, e sua benção sobre os crentes, na verdade nossa benção é superior a deles (Hb 11:40) e portanto não
precisamos se apossar do que não foi destinado a igreja.

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107
1. Introdução ao livro de Levíticos

Propósito: O livro de Levítico é diferente do que os outros livros do Pentateuco porque relata quase exclusivamente
o sistema das leis para governar Israel na sua vida religiosa, civil, dietética e diária, este livro não relata a história de
Israel, mas as leis dadas por Deus a eles, o livro de Levítico é organizado em tópicos da Lei, em vez de ser cronológico
como os demais livros do Pentateuco. O proposito desse livro é detalhar a Lei para seus administradores levitas e
para todo o povo, portanto, Levíticos é um livro de inteirações legais, que visa instruir na constituição legal (Torah)
todo o povo israelita.

Conteúdo: A santidade de Deus na separação e na santificação é a chave para entender esse livro, a santidade é
apresentada em várias formas e ensinada por todo o livro, derivações da palavra “santidade” como santificar,
santíssimo, santo, santuário, limpo e santificação aparecem em toda obra. O versículo chave é 19:2: “santos sereis,

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porque eu, o senhor vosso Deus, sou santo”, outro versículo que diz a mesma verdade é 11:44, podemos ver uma
grande verdade neste tema, já que a única forma de ter comunhão com o Santo Deus, é através de uma vida de
santidade. A Torah (conjunto de leis judaicas) é uma poderosa forma de mostrar a justiça e os ideais elevados de
Deus e seu povo, o que produziria nas outras nações o desejo de conhecer a Deus, portanto, a santificação de Israel
frente às abominações e injustiça das outras nações era o desejo de Deus para seu povo, o livro de Levíticos é feito
para que os israelitas conhecessem a legislação dada por Deus a sua nação.

Esfera de ação e data da escrita: Levíticos relata as leis levíticas que Deus deu a Moisés na tenda (tabernáculo) da
congregação, o Senhor revelou estas leis a Moisés logo depois que o tabernáculo foi feito, ao que parece esse livro
foi escrito em um mês. A esfera de ação desse livro com certeza esta entre a revelação da Torah a Moisés no 3º mês
do Êxodo (Ex 19:1) a saída do povo do Sinai no segundo mês do segundo ano da peregrinação (Nm 10:11). De uma
forma abrangente podemos dizer que esse livro compreende o tempo da revelação de Deus a Moisés no Sinai, que
aconteceram no primeiro dia do primeiro mês, do segundo ano, (Ex 40:17) e o versículo inicial do livro que segue a
Levítico, Números, fala de acontecimentos ocorridos no primeiro dia do segundo mês daquele mesmo ano. Segue-
se, daí, que o período abrangido por Levítico não pode ter sido mais de um mês lunar, e não pode ter sido menos de
oito dias, porque este é o tempo que levou a investidura do sacerdócio, descrita no livro (Lv 9:1).

Relação de Levíticos com Êxodo e com Números: A revelação que se encontra em Levítico foi entregue a Moisés
quando Israel ainda se acampava diante do monte Sinai (27:34),segue o fio da última parte de Êxodo, a qual
descreve o tabernáculo. A seguir, Números continua com o conteúdo de Levítico, assim, os três livros formam um
conjunto e estão estreitamente relacionados entre si. Todavia, Levítico difere dos outros dois em que é quase
totalmente legislativo. Narra apenas três acontecimentos históricos: a investidura dos sacerdotes (capítulos 8 e 9), o
pecado e castigo de Nadabe e Abiú (capítulo 10) e o castigo de um blasfemo (24:10-14, 23).

2. Índice do Livro de Levíticos

I - Leis referentes às ofertas - caps. 1-7

II - Leis referentes ao sacerdócio - caps. 8,9

III - Nadabe e Abiú - cap. 10

IV - Leis referentes à pureza de vida - caps. 11-22

V - Leis referentes às festas - caps. 23,24

VI - Leis referentes à terra - caps. 25 – 27

VI a - O ano de descanso: (cap. 25)

VI b - Recompensa e castigo: (cap. 26)

VI c - Votos: (cap. 27)

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3. As leis acerca dos sacrifícios
Há leis específicas para cada tipo de oferenda feita ao Senhor, seja espontânea ou por pecado, junto a cada tipo de
oferta a Palavra descreve certo ritual, porem, basicamente existem 5 grupos de sacrifícios (Holocausto continuo,
oferta de manjares, oferta pelo pecado, oferta pela culpa e oferta pacifica), nesse curso aprenderemos
sinteticamente cada um deles. Os 5 grupos de sacrifícios correspondem a cada modo de se aproximar de Deus, por
exemplo, pecados conscientes e inconscientes exigiam modos diferentes de propiciação, assim pois, para cada
evento na vida humana havia uma maneira de se aproximar do Senhor ou de reparar seu erro. Os sacrifícios levíticos
eram modos de se aproximarem de Deus que representava o futuro sacrifício de Cristo, hoje porem, nós temos
acesso a Deus e perdão de nossos pecados em um único e eficaz sacrifício em Cristo Jesus (Hb 4:16; 10:1-23).

3.1. Holocausto Contínuo


“Falou mais o Senhor a Moisés, dizendo: Dá ordem a Arão e a seus filhos, dizendo: Esta é a lei do
holocausto; o holocausto será queimado sobre o altar toda a noite até pela manhã, e o fogo do altar
arderá nele. E o sacerdote vestirá a sua veste de linho, e vestirá as calças de linho, sobre a sua carne, e
levantará a cinza, quando o fogo houver consumido o holocausto sobre o altar, e a porá junto ao altar.
Depois despirá as suas vestes, e vestirá outras vestes; e levará a cinza fora do arraial para um lugar
limpo. O fogo que está sobre o altar arderá nele, não se apagará; mas o sacerdote acenderá lenha nele
cada manhã, e sobre ele porá em ordem o holocausto e sobre ele queimará a gordura das ofertas
pacíficas.” Levítico 6:8-12

Holocausto, (6:8-13) que significava inteira consagração ao SENHOR, esta oferta aponta para a entrega total do
Senhor Jesus, em completa submissão à vontade do Pai (Jo 4.34; Mt 26.42 1.2).

A palavra portuguesa “holocausto” tem sua origem na palavra grega “holokautoma” que significa fazer uma oferta
de sacrifício totalmente queimada, porem, o verdadeiro conceito de “holocausto” vem da palavra hebraica “olah”
que significa literalmente subir a Deus, no caso dos sacrifícios, “olah” fala da fumaça que sobe a Deus como cheiro
agradável da queima da oferta (Lv 1:9; 2:9; 3:5; 6:15; 17:6). O sacrífico contínuo era chamado de holocausto porque
era totalmente queimado no altar, todo o animal era consumido pelo fogo nesse rito, que figurava Jesus Cristo que
seria sacrificado por todos nós.

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“Um cordeiro oferecerás pela manhã, e o outro cordeiro oferecerás à tarde. Com um cordeiro a décima
parte de flor de farinha, misturada com a quarta parte de um him de azeite batido, e para libação a
quarta parte de um him de vinho, E o outro cordeiro oferecerás à tarde, e com ele farás como com a
oferta da manhã, e conforme à sua libação, por cheiro suave; oferta queimada é ao Senhor. Este será o
holocausto contínuo por vossas gerações, à porta da tenda da congregação, perante o Senhor, onde vos
encontrarei, para falar contigo ali. E ali virei aos filhos de Israel, para que por minha glória sejam
santificados.” Êxodo 29:39-43

O holocausto contínuo era um ritual repetido todos os dias, com duas ofertas diárias, uma oferta era realizada na
hora terceira (Nove da manhã) e a outra oferta na hora nona (três horas da tarde, lembrando que primeira hora em
Israel era as 6 da manhã, a segunda hora as 7 da manhã e assim sucessivamente). O holocausto continuo era
realizado em prol do povo de Israel, para que esses pudessem sobreviver junto à santidade de Deus, mesmo com
suas falhas diárias, assim o holocausto cobria seus pecados e povo era santificado, esse ritual é descrito como
perpetuo e vale enquanto vigorar a Lei mosaica, outra coisa que o texto deixa claro, que a validade desse rito é para
Israel e seus filhos.

“E assim todo o sacerdote aparece cada dia, ministrando e oferecendo muitas vezes os mesmos
sacrifícios, que nunca podem tirar os pecados; Mas este, havendo oferecido para sempre um único
sacrifício pelos pecados, está assentado à destra de Deus,” Hebreus 10:11,12

A prova que o holocausto contínuo não era eficaz era o fato de ter que ser repetido duas vezes todos os dias,
portanto esse rito somente “cobria provisoriamente” os pecados de Israel, e de forma alguma produzia mudanças
eternas, já que era realizado todos os dias. Já o sacrifício feito por Cristo, uma só vez é totalmente eficaz, pois além
de perdoar todos nossos pecados, ainda purifica nossas consciências e nos santifica a cada dia.

3.2. Oferta de Manjares

“E esta é a lei da oferta de alimentos: os filhos de Arão a oferecerão perante o Senhor diante do altar. E
dela tomará um punhado da flor de farinha, da oferta e do seu azeite, e todo o incenso que estiver sobre
a oferta de alimentos; então o acenderá sobre o altar, cheiro suave é isso, por ser memorial ao Senhor. E
o restante dela comerão Arão e seus filhos; ázimo se comerá no lugar santo, no pátio da tenda da
congregação o comerão. Levedado não se cozerá; sua porção é que lhes dei das minhas ofertas
queimadas; coisa santíssima é, como a expiação do pecado e como a expiação da culpa. Todo o homem
entre os filhos de Arão comerá dela; estatuto perpétuo será para as vossas gerações das ofertas
queimadas do Senhor; todo o que as tocar será santo.” Levítico 6:14-18

A oferta de manjares que acompanha o holocausto (6:14-18) é constituída de farinha, pães ou grãos, representava o
reconhecimento da bondade de Deus para com o Seu povo, dando-lhe o sustento necessário para viver. A oferta de
manjares consistia em produtos vegetais que constituíam a principal alimentação do país: farinha, azeite, cereais,
vinho, sal e incenso, ao serem apresentadas ao Senhor, parte era queimada sobre o altar em memória, como cheiro
suave ao Senhor. No caso de uma oferta queimada (holocausto), tudo era consumido no altar, já no da oferta de
manjares, apenas uma pequena parte era posta sobre o altar; o resto pertencia ao sacerdote, para seu sustento.

111
A palavra “minchah” significa literalmente “dadiva”, e tem o sentido de presentear Deus, o soberano da aliança
sinática, normalmente esse presente era em forma de sacrifícios, em Levíticos “minchah” adquire a denotação de
oferendas voluntarias a Deus, o que pela lei era feita em forma de alimentos, por isso nossa tradução trás para esse
rito o nome de “oferta de manjares”. Segundo os linguistas do DITAT na origem da língua a palavra “minchah”
significava “repartir” e “atribuir”, e tinha o sentido de compartilhar com o Soberano além do que Ele previa na Lei,
por isso “Oferta de Manjares” acompanham os sacrifícios ou são dados de forma voluntaria como adoração. As
ofertas de manjares eram um reconhecimento de soberania e mordomia, da dependência em Deus, também eram
um ato de homenagem a Deus, e um penhor e reconhecimento por sua lealdade.

“E, se fizeres ao Senhor oferta de alimentos das primícias, oferecerás como oferta de alimentos das tuas primícias
de espigas verdes, tostadas ao fogo; isto é, do grão trilhado de espigas verdes cheias. E sobre ela deitarás azeite, e
porás sobre ela incenso; oferta é de alimentos. Assim o sacerdote queimará o seu memorial do seu grão trilhado,
e do seu azeite, com todo o seu incenso; oferta queimada é ao Senhor.” Levítico 2:14-16

A oblação ou oferta de alimento: Capítulos 2:1-16; 6:14-23, a palavra traduzida por "oblação" significa em hebraico
"aproximação", pois era o modo que o israelita devia trazer uma oferta ao aproximar-se de Deus, a oblação não era
um sacrifício de animal, mas consistia em produtos da terra, que representavam o fruto dos labores humanos e a
graça de Deus em concede-los, As “ofertas de manjares” eram um sacrifício de reconhecimento pelo que o Senhor
deu. Significava a consagração a Deus dos frutos do labor humano, o ofertante reconhecia que Deus o havia provido
com seu pão quotidiano e oferecia-se o melhor que o ofertante possuía, e isto ensina que nossas dádivas a Deus
devem ser de alta qualidade (hoje nosso sacrifício de louvor).

É especialmente declarado que nenhuma oferta de manjares se devia fazer com fermento, nem com mel, pois esses
itens eram proibidos de serem oferecidos sob o altar (Lv 2:11). Não obstante, ambos, fermento e mel, podiam ser
oferecidos como primícias, quando assim usados, não se deviam ainda assim colocar sobre o altar, o fermento é
símbolo de pecado por esta razão era proibido em toda oferta queimada, já o mel era usado para fermentar bebidas
e assim considerado no contexto símbolo do pecado.

“E quando alguma pessoa oferecer oferta de alimentos ao SENHOR, a sua oferta será de flor de farinha, e
nela deitará azeite, e porá o incenso sobre ela; E a trará aos filhos de Arão, os sacerdotes, um dos quais
tomará dela um punhado da flor de farinha, e do seu azeite com todo o seu incenso; e o sacerdote
queimará como memorial sobre o altar; oferta queimada é, de cheiro suave ao Senhor. E o que sobejar
da oferta de alimentos, será de Arão e de seus filhos; coisa santíssima é, das ofertas queimadas ao
Senhor.” Levítico 2:1-3

Oferta de manjares (Lv 2.1-16): Era cheiro suave ao Senhor, normalmente acompanhava os “holocaustos” e as
ofertas “pacíficas”, deveria fazer todas as manhãs e a tarde sempre depois do holocausto, seus itens eram cereais,
vinho, azeite, sal, farinha fina. As ofertas de manjares que acompanhavam as ofertas pacíficas metade eram
consumidas no fogo e a outra metade ficava para os sacerdotes.

112
“Então disse: Eis aqui venho, para fazer, ó Deus, a tua vontade. Tira o primeiro, para estabelecer o
segundo. Na qual vontade temos sido santificados pela oblação do corpo de Jesus Cristo, feita uma vez.”
Hebreus 10:9,10

Jesus foi o sacrifício perfeito de Deus que pagou nossos pecados, por sua vida pura pode morrer em sacrifício de nós
pecadores, por isso Jesus para nós é oferta de sacrifício, pois pagou nossos pecados, porem, como Jesus não possuía
pecados, sua oferta a Deus foi voluntaria, ou seja, oferta de louvor. O texto de Hebreus 10 deixa claro que o sacrifício
de Cristo aniquilou o sacrifício levíticos, assim sendo, somos salvos pela graça que a em Cristo Jesus, não nos
preceitos da lei israelita. Na verdade Jesus se derramou (oblação) sem pecados de forma de sacrifício de louvor a
Deus, e sacrifício de pecado para nós, e somos santificados por esse único sacrifício.

3.3. Oferta pelo pecado


“Fala a Arão e a seus filhos, dizendo: Esta é a lei da expiação do pecado; no lugar onde se degola o
holocausto se degolará a expiação do pecado perante o Senhor; coisa santíssima é. O sacerdote que a
oferecer pelo pecado a comerá; no lugar santo se comerá, no pátio da tenda da congregação. Tudo o que
tocar a carne da oferta será santo; se o seu sangue for espargido sobre as vestes de alguém, lavarás em
lugar santo aquilo sobre o que caiu. E o vaso de barro em que for cozida será quebrado; porém, se for
cozida num vaso de cobre, esfregar-se-á e lavar-se-á na água. Todo o homem entre os sacerdotes a
comerá; coisa santíssima é. Porém, não se comerá nenhuma oferta pelo pecado, cujo sangue se traz à
tenda da congregação, para expiar no santuário; no fogo será queimada.” Levítico 6:25-30

A “oferta pelo pecado”, (Lv 6:24-30) significava a tristeza e o arrependimento pelo pecado cometido, e a busca do
perdão e reconciliação, esta oferta aponta para o Senhor Jesus como Aquele que carregou sobre Si o nosso pecado,
comprando com o Seu sangue precioso o nosso perdão, e nos reconciliando com Deus (1 Pe 2;24; 2 Co 5:21; Hb 10:1-
18). A “oferta pelo pecado” era uma reparação por pecados cometidos inconscientemente, ou de forma espontânea,
sem premeditação, além do sacrifício o penitente compartilharia uma refeição com itens selecionados de seu
sacrifício com o sacerdote.

No original “oferta pelo pecado” chama “chatta’th” e significa literalmente “errar o alvo”, que tem o conceito de se
desviar de qualquer um dos 613 preceitos da “Torah”, quando alguém cometia algum pecado sem premeditação, era
obrigado a fazer uma “oferta pelo pecado” como forma de reparação e expiação por seu erro.

“Fala aos filhos de Israel, dizendo: Quando uma alma pecar, por ignorância, contra alguns dos mandamentos do
Senhor, acerca do que não se deve fazer, e proceder contra algum deles;” Levítico 4:2

A “oferta pelo pecado” só era aceito no caso do pecador, errar por ignorância, já no caso de pecar conscientemente
sua expiação seria “pela culpa”. Como aprendemos em harmatiologia, pecados por ignorância também são puníveis
e atentam contra a santidade de Deus, por isso Deus providenciou uma oferta para quem pecar sem querer, ou errar
sem conhecimento, no caso desse último, sacrificaria quando alguém apontasse o erro ou aprendesse na Palavra.

113
“Fala a Arão e a seus filhos, dizendo: Esta é a lei da expiação do pecado; no lugar onde se degola o
holocausto se degolará a expiação do pecado perante o Senhor; coisa santíssima é. O sacerdote que a
oferecer pelo pecado a comerá; no lugar santo se comerá, no pátio da tenda da congregação. Tudo o que
tocar a carne da oferta será santo; se o seu sangue for espargido sobre as vestes de alguém, lavarás em
lugar santo aquilo sobre o que caiu. E o vaso de barro em que for cozida será quebrado; porém, se for
cozida num vaso de cobre, esfregar-se-á e lavar-se-á na água. Todo o homem entre os sacerdotes a
comerá; coisa santíssima é. Porém, não se comerá nenhuma oferta pelo pecado, cujo sangue se traz à
tenda da congregação, para expiar no santuário; no fogo será queimada.” Levítico 6:25-30

A oferta reparação pelo pecado possuía uma singularidade, onde o sacerdote após o sacrifício consumia as sobras da
oferta em uma refeição no santo lugar, essa parte do ofício foi instituída por Deus para sustento dos sacerdotes do
altíssimo, porem as ofertas de sacrifico culposo seriam totalmente queimadas em holocausto. O capitulo quatro de
Levíticos discute o assunto das ofertas pelo pecado, mencionam-se quatro classes de ofensores: O sacerdote ungido
(vers. 3-12), toda a congregação (vers. 13 e 21), o príncipe (vers. 22-26), um do povo comum (vers. 27-35). Os
sacrifícios exigidos não eram os mesmos em todos os casos, nem se dispunha do sangue pela mesma maneira.

“E fará a este novilho, como fez ao novilho da expiação; assim lhe fará, e o sacerdote por eles fará
propiciação, e lhes será perdoado o pecado.” Levítico 4:20

Após o sacrifício pela expiação por seu pecado, o pecador era considerado inocente, visto que o animal morreu por
seu pecado, esse ato era um símbolo que demonstrava a obra futura de Cristo, onde ele em seu sangue levaria
nossos pecados.

“E quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue; e sem derramamento de sangue não
há remissão.” Hebreus 9:22

O homem é um ser indivisível, composto de uma substancia material e outra espiritual (alma e espirito), porem
todas essas partes constituem um único individuo, sendo o sangue a vida do corpo (Gn 9:4,5 Dt 12:23), o Senhor
compra o homem com o sangue puro de Cristo, ou seja, compra vida, com vida, uma vez que compra a vida do
corpo, pode assim comprar toda a identidade de um homem. O sangue de Jesus é o fundamento da redenção, Jesus
Cristo morreu na cruz, derramou o Seu sangue, e então ressuscitou como o único pagamento aceitável pelos nossos
pecados. O discípulo Pedro escreveu em 1 Pedro 1:18-19: "sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata
ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver, que por tradição recebestes dos vossos pais, mas com
precioso sangue, como de um cordeiro sem defeito e sem mancha, o sangue de Cristo." . No Antigo Testamento
(depois do pecado original de Adão), Deus aceitou a morte de um animal como um substituto pelo pecador, o
sangue derramado do animal era prova de que uma vida tinha que ser entregue por outra. Este acordo demonstrava
que, embora o sangue simbolizasse a morte, ele também mostrava que uma vida foi poupada, no entanto, esse
pacto era temporário e esse derramamento de sangue precisava ser repetido diariamente e anualmente, porem,
Jesus derramando sua vida (sangue) uma só vez foi capaz de trocar sua vida pura pela nossa pecaminosa, isso se
chama substituição.

“Cheguemo-nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé, tendo os corações purificados da má
consciência, e o corpo lavado com água limpa,” Hebreus 10:22

Diferentes dos irmãos do Antigo Testamento, temos dentro de nós o Espirito Santo que nos avisa e orienta quanto
ao pecado, todas as vezes que cometemos atos que ferem a santidade de Deus mesmo inconsciente o Espirito nos
leva a se arrepender e perdi perdão, não precisamos correr a um sacerdote para reparação de nosso pecado, pois no
momento que nos arrependemos, Cristo purifica toda nossa consciência, e assim temos paz com Deus.

114
3.4. Oferta pela culpa
“E esta é a lei da expiação da culpa; coisa santíssima é. No lugar onde degolam o holocausto, degolarão a
oferta pela expiação da culpa, e o seu sangue se espargirá sobre o altar em redor. E dela se oferecerá
toda a sua gordura; a cauda, e a gordura que cobre a fressura. Também ambos os rins, e a gordura que
neles há, que está junto aos lombos, e o redenho sobre o fígado, com os rins se tirará; E o sacerdote os
queimará sobre o altar em oferta queimada ao Senhor; expiação da culpa é. Todo o varão entre os
sacerdotes a comerá; no lugar santo se comerá; coisa santíssima é. Como a expiação pelo pecado, assim
será a expiação da culpa; uma mesma lei haverá para elas; será do sacerdote que houver feito
propiciação com ela. Também o sacerdote, que oferecer o holocausto de alguém, terá para si o couro do
holocausto que oferecer. Como também toda a oferta que se cozer no forno, com tudo que se preparar
na frigideira e na caçoula, será do sacerdote que a oferecer. Também toda a oferta amassada com azeite,
ou seca, será de todos os filhos de Arão, assim de um como de outro.” Levítico 7:1-10

A oferta pela culpa, (Lv 7:1-10) que era oferecida no caso de ofensas que exigissem restituição, esta oferta aponta
para o fato de o Senhor Jesus ter pago o preço exigido em função dos danos que o nosso pecado causo (Cl 2.14). O
culpado pelo pecado consciente além de fazer um holocausto como propiciação, ainda precisaria sofre a pena legal
que seu ato trás, em caso de ofensa a outrem, a lei exigia restituição.

A palavra traduzida por culpa é “´asham” que significa literalmente “culpado de pecado”, que tem o conceito de se
desviar de qualquer um dos 613 preceitos da “Torah”, de forma premeditada e consciente. Em sua raiz primitiva
“´ashah” significava “culpado”, esse veredito era dado quando provado o erro, assumido ou confessado, aquele que
fosse condenado sofreria o rigor da lei.

“E do sangue da expiação do pecado espargirá sobre a parede do altar, porém o que sobejar daquele
sangue espremer-se-á à base do altar; expiação do pecado é. E do outro fará holocausto conforme ao
costume; assim o sacerdote por ela fará expiação do seu pecado que cometeu, e ele será perdoado.“
Levítico 5:9,10

A “oferta pela culpa” também era um holocausto, e, portanto, todo o sacrifício deveria ser queimado ao Senhor,
porem, antes o sangue do animal deveria ser derramado sobre o altar como símbolo que estava cobrindo o pecado
do ofertante, assim ele seria perdoado pela expiação do animal inocente. Em Cristo Jesus, temos seu sangue vertido
na cruz do Calvário, o que verdadeiramente cobre nossos pecados, tudo de mau que cometemos é esquecido e Deus
vê em nossas vidas o sangue puro do Cordeiro.

“Será pois que, como pecou e tornou-se culpado, restituirá o que roubou, ou o que reteve
violentamente, ou o depósito que lhe foi dado em guarda, ou o perdido que achou, Ou tudo aquilo sobre

115
que jurou falsamente; e o restituirá no seu todo, e ainda sobre isso acrescentará o quinto; àquele de
quem é o dará no dia de sua expiação.” Levítico 6:4,5

Além do holocausto reparatório pelo pecado consciente, o penitente ainda terá que fazer a restituição ou reparação
por seu pecado, quando esse pecado for contra outra pessoa, essa teria que ser restituída segundo a lei, e quando o
pecado era religioso, também sofreria a pena da lei. Assim o pecador se apresentaria perante o sacerdote,
confessaria ou assumiria seus atos, faria o derramamento de sangue e o holocausto propiciatório e após cumpriria o
rigor da lei, um exemplo, um assassino após o holocausto seria executado como manda a lei, em caso de defraudar o
próximo, a restituição é primeiro, seguindo após o holocausto. Na verdade como sabemos todo pecado é rebelião
contra Deus, e punível com a morte, por esse motivo Cristo Jesus morreu em nosso lugar, para que vivêssemos sua
vida.

Quando alguma pessoa pecar, e transgredir contra o Senhor, e negar ao seu próximo o que lhe deu em guarda, ou o
que deixou na sua mão, ou o roubo, ou o que reteve violentamente ao seu próximo, Ou que achou o perdido, e o
negar com falso juramento, ou fizer alguma outra coisa de todas em que o homem costuma pecar; Será, pois que,
como pecou e tornou-se culpado, restituirá o que roubou, ou o que reteve violentamente, ou o depósito que lhe foi
dado em guarda, ou o perdido que achou, Ou tudo aquilo sobre que jurou falsamente; e o restituirá no seu todo, e
ainda sobre isso acrescentará o quinto; àquele de quem é o dará no dia de sua expiação. E a sua expiação trará ao
Senhor: um carneiro sem defeito do rebanho, conforme a tua estimação, para expiação da culpa trará ao sacerdote;
E o sacerdote fará expiação por ela diante do Senhor, e será perdoada de qualquer das coisas que fez, tornando-se
culpada. A grande diferença na liturgia entre a “oferta do pecado” para a “oferta da culpa” é que no caso da “culpa”,
todo o sacrifício seria consumido em holocausto, não podendo aproveitar nada para a refeição do sacerdote, já a do
“pecado” partes selecionadas eram destinadas para a alimentação dos sacerdotes.

“Como acima diz: Sacrifício e oferta, e holocaustos e oblações pelo pecado não quiseste, nem te
agradaram (os quais se oferecem segundo a lei). Então disse: Eis aqui venho, para fazer, ó Deus, a tua
vontade. Tira o primeiro, para estabelecer o segundo. Na qual vontade temos sido santificados pela
oblação do corpo de Jesus Cristo, feita uma vez. E assim todo o sacerdote aparece cada dia, ministrando
e oferecendo muitas vezes os mesmos sacrifícios, que nunca podem tirar os pecados; Mas este, havendo
oferecido para sempre um único sacrifício pelos pecados, está assentado à destra de Deus,” Hebreus
10:8-12

O holocausto antigo era apenas um símbolo que apontava para oferta para perdão dos nossos pecados, oferecida
por Cristo, jamais um sangue de animal inferior ao nosso poderia pagar nossos pecados ou nos substituir, porém, o
sangue precioso de Jesus Cristo, nosso Senhor, passa em muito o valor que nossas vidas apresentam. Os sacrifícios
levíticos eram diários, para mostrar sua ineficácia e despertar em Israel o desejo de algo melhor, mas os judeus se
apegaram em seus ritos aponto de ignorar o sacrifício perfeito em Cristo Jesus.

3.5. Oferta pacífica


“E esta é a lei do sacrifício pacífico que se oferecerá ao Senhor: Se o oferecer por oferta de ação de
graças, com o sacrifício de ação de graças, oferecerá bolos ázimos amassados com azeite; e coscorões
ázimos amassados com azeite; e os bolos amassados com azeite serão fritos, de flor de farinha. Com os
bolos oferecerá por sua oferta pão levedado, com o sacrifício de ação de graças da sua oferta pacífica. E
de toda a oferta oferecerá uma parte por oferta alçada ao Senhor, que será do sacerdote que espargir o
sangue da oferta pacífica. Mas a carne do sacrifício de ação de graças da sua oferta pacífica se comerá no
dia do seu oferecimento; nada se deixará dela até à manhã. E, se o sacrifício da sua oferta for voto, ou

116
oferta voluntária, no dia em que oferecer o seu sacrifício se comerá; e o que dele ficar também se
comerá no dia seguinte; E o que ainda ficar da carne do sacrifício ao terceiro dia será queimado no fogo.
Porque, se da carne do seu sacrifício pacífico se comer ao terceiro dia, aquele que a ofereceu não será
aceito, nem lhe será imputado; coisa abominável será, e a pessoa que dela comer levará a sua
iniqüidade.” Levítico 7:11-18

A “oferta pacífica”, (Lv 7:11-21) que era comida em parte pelo sacerdote e em parte pelo ofertante, significava a
comunhão do povo com o SENHOR, esta oferta aponta para a paz que o Senhor Jesus veio estabelecer entre Deus e
os homens (Mq 5.5; Ef 2.17,18). A “oferta pacífica” era um sacrifício de louvor ou de voto, e normalmente era
somente de adoração e reconhecimento pelo que o Senhor fez os votos quase sempre se enquadravam na “oferta
de manjares”.

A palavra “shelem” traduzida no português como “pacífica” significa literalmente “amizade”, no livro de Levíticos
tem o conceito de “um sacrifício de amizade e reconhecimento”, onde o ofertante faz seu sacrifício unicamente me
louvor a Deus, a raiz da palavra “shelem” vem da palavra hebraica “Shalam” que significa “completo”, “integro” e
mostrava como um amigo deveria ser com o outro, em expiação “Shalam” significa totalmente sem culpa, alguém
que não tem erro, e sabemos que somente em Cristo Jesus nossos pecados não são imputados e assim somos
“amigos de Deus” e nosso culto “oferta de louvores”.

OFERTAS PACÍFICAS Estas ofertas se dividiam em 3 tipos:

1- Ofertas pacíficas por Ações de Graças: Um ato de gratidão por uma bênção especial recebida (Lv 7:12).

2- Ofertas de votos ou Ofertas Voluntárias: Agradecimento antecipado por uma Bênção desejada (Lv 7:16).

3- Ofertas Pacíficas: Por uma reconciliação obtida com Deus e ou com o próximo (Lv 7:15; Dt. 1:11,12).

“E se a sua oferta for sacrifício pacífico; se a oferecer de gado, macho ou fêmea, a oferecerá sem defeito
diante do SENHOR. E porá a sua mão sobre a cabeça da sua oferta, e a degolará diante da porta da tenda
da congregação; e os filhos de Arão, os sacerdotes, espargirão o sangue sobre o altar em redor. Depois
oferecerá, do sacrifício pacífico, a oferta queimada ao Senhor; a gordura que cobre a fressura, e toda a
gordura que está sobre a fressura, E ambos os rins, e a gordura que está sobre eles, e junto aos lombos,
e o redenho que está sobre o fígado com os rins, tirará.” Levítico 3:1-4

Oferta pacíficas (Lv 3.1-17): Era uma oferta de cheiro suave ao Senhor, feita de forma voluntária, poderia ser feita
com uma maior diversidade de animais, era uma oferta de ação de graças. O animal era imolado na entrada no pátio
exterior, seu sangue era espalhado ao redor do altar do holocausto e algumas partes dos animais poderiam ser
comidas pelo sacerdote em qualquer lugar, com sua família após o movimento perante o Senhor, mas a maior parte
do animal era dado ao ofertante para fazer uma refeição comunitária com sua família e o levita em sua cidade, a
carne deveria ser comida no mesmo dia do sacrifício

117
Diferenças entre oferta de manjares e oferta pacífica

3.6. Animais e manjares aceitos em sacrifícios


Por motivo didático e de visual irei colocar gravuras com animais e manjares requeridos nos sacrifícios, acredito que
a percepção será melhor com a representação desses em gravuras, do que somente em nomes.

118
3.7. Representação do modo sacrificial.
Acreditando que também ficará mais didático ver representações dos sacrifícios, do que apenas ler seus modos,
abaixo coloquei cenas de oferendas.

119
4. Leis referentes ao sacerdócio
4.1. O sacerdote
“Depois tu farás chegar a ti teu irmão Arão, e seus filhos com ele, do meio dos filhos de Israel, para me
administrarem o ofício sacerdotal; a saber: Arão, Nadabe, e Abiú, Eleazar e Itamar, os filhos de Arão. E
farás vestes sagradas a Arão teu irmão, para glória e ornamento. Falarás também a todos os que são
sábios de coração, a quem eu tenho enchido do espírito da sabedoria, que façam vestes a Arão para
santificá-lo; para que me administre o ofício sacerdotal.” Êxodo 28:1-3

O segundo ofício principal que aparece na história da nação Israel é o ofício sacerdotal, esse ao contrario do profeta
que representava Deus entre o povo, o sacerdote era o mediador entre o povo e Deus, aquele que foi dado para
representar os homens frente ao Senhor. Na verdade, antes que houvesse nação, há o aparecimento do primeiro e
maior, no entanto obscuro sacerdote bíblico: Melquisedeque (Gn 14.17-20). É em Arão, entretanto, que vemos o
ofício ser desenvolvido e organizado por Deus sobre a nação. O sacerdote usava alguns instrumentos no
desempenho de seu ofício: O sacerdote era aquele que representava o povo diante de Deus e isso ficava claro em
suas vestes (Ex 28.9, 17-21, 29). Ela era também aquele que consultava a Deus quando o povo tinha dúvidas (Ex
28.30; Lv 8.8), bem como aquele que agia como juiz representante de Deus (Nm 5.21-22). O sacerdote usava uma
espécie de tiara com a inscrição santidade ao Senhor (Ex 28.36, 39.30), dependia da ação do Espírito Santo para
desempenhar seu ofício (Ex 28.41; 29.7) e precisava ser puro por meio dos sacrifícios que fazia por si mesmo antes
de atuar pelo povo (Ex 29.10, Lv 16.11). É interessante que além desses homens separados por Deus serem
sacerdotes, havia um sentido em que todo o povo de Israel deveria servir de sacerdote às nações (Ex 19.6, Os 4.6). O
Antigo Testamento previa de forma tênue que a uma ordem sacerdotal superior à de Arão seria instaurada no futuro
(Sl 110, Hb 7).

“um sacerdote é: (1.) Um homem devidamente designado para agir em prol de outros homens nas coisas
concernentes a Deus. A idéia que jaz no fundamento do ofício é que os homens, sendo pecadores, não têm livre
acesso a Deus, portanto, deve-se designar alguém que tenha em si mesmo esse direito, ou que se haja concedido,
para que se aproxime de Deus em favor deles. Consequentemente, um sacerdote é, pela natureza de seu ofício, um
mediador. (2.) Um sacerdote é designado para oferecer dons e sacrifícios pelos pecadores. Sua função é reconciliar
os homens com Deus; fazer expiação pelos pecados deles; e apresentar suas pessoas, confissões e oferendas a Deus.
(3.) Ele intercede pelo povo. Isso não meramente como um homem pode orar por outro, mas recomendando a
eficácia de seu sacrifício e autoridade de seu ofício com base sobre as quais suas orações devem ser respondidas”
(HODGE, 2001, p. 830).

120
4.2. A consagração dos sacerdotes
“Falou mais o SENHOR a Moisés, dizendo: Toma a Arão e a seus filhos com ele, e as vestes, e o azeite da
unção, como também o novilho da expiação do pecado, e os dois carneiros, e o cesto dos pães ázimos, E
reúne toda a congregação à porta da tenda da congregação.” Levítico 8:1-3

No capítulo 8 de Levítico lemos sobre o cerimonial da consagração dos sacerdotes que incluía:

1: Lavagem com água: Era um símbolo semelhante ao batismo, onde a velha natureza era lavada pelas águas que
simbolizam a purificação que no Senhor Jesus, após o rito o purificado deveria apresentar uma nova vida purificada.

2: vestir-se com roupas: Também é um símbolo de nascer de novo, a troca da roupa simula a troca da velha
natureza por uma transformada para o serviço do Senhor.

3: Unção com óleo: Era um óleo muito perfumado, que deveria ser feito exatamente conforme uma receita que o
Senhor deu a Moisés, dedicado exclusivamente à consagração do tabernáculo, seus utensílios, e os sacerdotes. Este
cuidado era importante porque o óleo sagrado, feito das mais excelentes especiarias, representava o Espírito Santo,
e o sumo sacerdote simbolizava o Messias, o Senhor Jesus, chamado o Ungido de Deus (At 10:38), sobre quem o
Espírito Santo desceu em seu batismo.

4: aspersão do sangue: Uma oferta de expiação pelo pecado, um novilho, foi trazido, e Arão e seus filhos sobre ele
puseram as mãos, sendo o animal morto após, o sangue foi apanhado por Moisés, que o pôs “com o seu dedo sobre
as pontas do altar em redor”, e expiou “o altar; depois derramou o resto do sangue à base do altar, e o santificou,
para fazer expiação por ele” (Lv 8:15). Observemos que o sangue do novilho não foi levado para dentro do santuário,
como no caso em que o sacerdote ungido, o sumo-sacerdote, pecava (Lv 4:6), talvez o motivo seja que esta oferta
particular pelo pecado não era por Arão apenas, mas também por seus filhos, e que ela parece aplicar-se em
especial ao altar para sua purificação e santificação, para que a reconciliação se pudesse efetuar sobre ele (Lv 8:15).
Alguns opinam, em verdade, que essa oferta não era absolutamente por Arão, mas só pelo altar, o sumo sacerdote
Arão atuou tão somente em favor do povo de Israel, e isto após o derramamento do sangue, efetuado na Páscoa
celebrada à saída do Egito, neste sentido, ele é um tipo do Senhor Jesus, que é sumo sacerdote atuando em favor
dos redimidos, Sua igreja.

4.3. Os requisitos para Sacerdotes

121
De todas as tribos israelitas Deus escolheu os Levitas para serem seus servidores nas coisas santas, eram
prerrogativas exclusivas da tribo de Levi cuidar das coisas santas e objetos santos (Nm 1.51; 3.12). E para poder ser
sacerdote, ou ministro do culto ao Senhor além de levita era obrigatório ser da linhagem de Arão, o primeiro sumo
sacerdote, a ninguém nem mesmo de outras descendências levitas era qualificado para tal oficio (Nm 3.10). Em
resumo, para poder ter o direito de ser sacerdote eram requisitos obrigatórios, ler levita pela descendência aramica,
assim Jesus como linhagem judaica era totalmente descartado para ministrar como sacerdote da lei (Hb 7.13,14).

4.4. O sacerdócio eterno de Cristo


“De sorte que, se a perfeição fosse pelo sacerdócio levítico (porque sob ele o povo recebeu a lei), que
necessidade havia logo de que outro sacerdote se levantasse, segundo a ordem de Melquisedeque, e
não fosse chamado segundo a ordem de Arão? Porque, mudando-se o sacerdócio, necessariamente se
faz também mudança da lei. Porque aquele de quem estas coisas se dizem pertence a outra tribo, da
qual ninguém serviu ao altar, Visto ser manifesto que nosso Senhor procedeu de Judá, e concernente a
essa tribo nunca Moisés falou de sacerdócio. E muito mais manifesto é ainda, se à semelhança de
Melquisedeque se levantar outro sacerdote, Que não foi feito segundo a lei do mandamento carnal, mas
segundo a virtude da vida incorruptível. Porque ele assim testifica: Tu és sacerdote eternamente,
Segundo a ordem de Melquisedeque.” Hebreus 7:11-17

Como relatado acima, Jesus por ser da descendência de Judá nunca poderia preitear a posição de sacerdote em
Israel, porem a fonte da autoridade sacerdotal de Jesus não veio através de linhagens Israelitas e sim através do
sacerdócio de Melquisedeque (Hb 7.11-17). A autoridade de Melquisedeque procede de seu encontro com Abraão,
onde ele abençoa o Patriarca (Gn 14.17-20), as Escrituras ensinam que sempre o maior abençoa o menor (Hb 7.4-7),
assim sendo, Melquisedeque é biblicamente maior que Abraão, e isso servem para todos que são sua descendência,
Isaque, Jacó, Levi (Hb 7.5) e pela linhagem levita Deus levantou os sacerdotes dentre o ramo de Arão.
Melquisedeque que significa “Rei da Justiça” era rei de Salem, que significa em português “paz”, se tornando uma
figura perfeita de Cristo, nosso Rei da paz e da Justiça, além ainda de Melquisedeque não apresentar antecedentes
na Bíblia, sendo assim figura da eternidade de Jesus (Hb 7.6).

Mas com que direito Jesus pode assumir o sacerdócio eterno de Melquisedeque?

- Como já falado anteriormente esperava-se que o Messias apresentasse em seu ministério os 3 ofícios vigentes em
Israel, assim como o rei Davi. O rei Saul foi rejeitado por Deus por desobediência (1 Sm 15.22,23)e a maior delas foi
apresentar sacrifício antes da chegada de Samuel (1 Sm 13.9,9), pois sacrifícios competem unicamente aos
sacerdotes (Nm 3.10) e esse ofício é vetado a todos que não são levitas pela linhagem de Arão, incluindo reis e
lideres (2 Cr 26.16-19). Mas vemos Davi e seu filho Salomão, reis de Israel oferecendo sacrifícios e não sendo
condenado por Deus (2 Sm6.17,18; 2 Sm 24.25; 1 Rs 3.3,4; 2 Cr 1.6; 2 Cr 7.5), porque? – Davi quando se torna rei de
todo Israel escolhe para ser sua capital a cidade de Jebus (2 Sm 5.6-9), que outrora foi à cidade de Salem (1 Cr 11.4)
governada por Melquisedeque (Gn 14.18; Hb 7.1), ao conquistar essa cidade Davi se proclama rei de Salem e assim
sendo se transforma em “Melquisedeque” (Sm 110.4) rei e sacerdote do altíssimo (Gn 14.18; Sl 110.4; Hb 7.1). Esse
Título Melquisedeque passa para toda linhagem de Davi, reis por direito de Jerusalém. Essa verdade se aplica a
Jesus, em suas genealogias (Mateus e Lucas) vemos que nosso Senhor gozava de plenos direitos para tal posição e
assim ser um Melquisedeque (Hb 6.20; 7.15).

Jesus nossa Sacrifício

Jesus não é somente nosso eterno sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque (Hb 6.20; 7.15), Ele é também
nosso sacrifício a Deus (Hb 10.10-12), é aquele que morreu por nossos pecados (Hb 7.27). Estávamos condenados

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por nossos pecados à morte eterna (Rm 6.23; Ti 1.15), a lei exigia que o réu pagasse com a morte (Rm 6.23; Hb
10.28), porem, Ele morreu em nosso lugar (Rm 5.18; 2 Co 5.21; 1 Tm 2.5-6), como a lei exige um réu de morte, Jesus
morre em nosso lugar (Rm 5.18; 1 Tm 2 5,6), para que vivamos eternamente com Ele (Rm 3.23-25; Rm6.23; 2 Co
5.21; Hb 9.28;).

5. As festas fixas em Israel


“Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes: As solenidades do Senhor, que convocareis, serão santas
convocações; estas são as minhas solenidades:” Levítico 23:2

Dentro da Torah Deus especificou 3 reuniões nacionais, onde todos os israelitas deveriam se reunir perante o
Senhor, para relembrar e comemorar as bênçãos do Senhor, essas festas eram realizadas originalmente onde estava
o Tabernáculo e a arca, após passou para Jerusalém, não poderiam comemorar em outro local essas festas. No
original a expressão “festas fixas” vem do hebraico “mow Ìed” que significa “tempo determinado”, as interpretações
correntes entendem que “tempo determinado” deve ser entendido como dia fixo para celebrar uma determinada
comemoração, porem alguns estudiosos judaicos entendem que o termo tem uma denotação mais profunda e
significa “tempo determinado para eventos”. Alguns intérpretes do Tanach entendem que “festas fixas”, ou melhor,
“tempo determinado” significa momentos escatológicos que estão embutidos nas festas, assim sendo cada festa
representa um evento escatológico judaico importante.

A expressão festas fixas no original é “mow ìed”, que significa literalmente “tempo determinado” e “lugar
determinado”, o que mostra que essas festas aconteciam em uma data determinada e em um lugar certo, no caso
após a era davídica em Jerusalém, antes no local onde estava o Tabernáculo e a Arca da Aliança. Segundo o Strong a
palavra hebraica que deu origem a “mow ìed” é “Moed” que significa literalmente “reunião”, e tem o sentido de se
reunir para confraternizar. Para os judeus as festas além de significarem uma comemoração em um lugar
determinado e em um dia certo, tem significados proféticos, com eventos importantes com a característica das
festas ocorrendo nesses dias.

“Três vezes no ano todo varão entre ti aparecerá perante o Senhor teu Deus, no lugar que escolher, na
festa dos pães asmos, e na festa das semanas, e na festa dos tabernáculos; porém não aparecerá de
mãos vazias perante o Senhor” (Dt 16:16).

Originalmente o Senhor Deus especificou três festas fixas em Israel, a festa dos pães asmos (pascoa), a festa das
semanas (pentecostes) e a festa dos tabernáculos, além do sábado que era uma observância fixa em Israel, foram
com tempo outras festas foram acrescidas. As festas em Israel eram acompanhadas de ritos e sacrifícios, e só eram
executadas onde estava o Tabernáculo e mais tarde o Templo, todos os israelitas deveriam comparecer diante do
Senhor para essas festas veterotestamentária, porem, para a igreja essas festas não foi prevista nessas Palavras (Ef
3:5,6), logo concluímos que essas comemorações são exclusivas para judeus.

123
“Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua
nova, ou dos sábados, Que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo.” Colossenses 2:16,17

Nesse texto Paulo cita alguns elementos da lei e reitera que ninguém deve ser julgado por eles, pois são apenas
sombras de coisas futuras, a palavra traduzida como “julgue” é “krino” que seria mais bem traduzida como
“separar”, que no contexto implica que ninguém pode ser separado da igreja por essas práticas judaicas, já que o
“corpo é de Cristo”, assim sendo o que nos “junta” (antônimo de separar) é Cristo que morreu pelo corpo, portanto
as praticas judaicas nos afastam de Jesus (Gl 5:4). A palavra grega “skia” traduzida no texto como “sombras” significa
literalmente “sombra causada pela intercepção da luz”, mas em seu sentido metafórico significa “rascunho” ou
“esboço” e é entendido como alguma coisa que faz lembrar-se de outra mais importante, um primeiro exemplo que
temos aqui é o “sábado”, que a Bíblia diz que é sombra do verdadeiro descanso em Cristo (Hb 4:6-11), que diz que
guarda o sábado já encontrou seu descanso e assim perde o verdadeiro, Jesus indagado porque não guardava o
Sábado respondeu, que Seu pai ainda trabalha e Ele Também (Jo 5:16,18), devemos fazer assim como Cristo e
esperar para entrar no verdadeiro descanso, infelizmente alguns religiosos e frequentadores de seitas sabáticas
estariam perseguindo Jesus por não guardar o sábado. Vejamos uma tabela com as festas judaicas.

5.1. Os sábados
“Seis dias trabalho se fará, mas o sétimo dia será o sábado do descanso, santa convocação; nenhum
trabalho fareis; sábado do Senhor é em todas as vossas habitações.” Levítico 23:3

O é o dia da festa semanal do povo eleito, no qual todos deveriam descansar de todos os seus trabalhos e adorar ao
SENHOR, o sábado aponta para o fato de que é no Senhor Jesus Cristo que encontramos o verdadeiro descanso (Mt
11:28,29; Jo 14:1-3 3:2). O sábado em Israel era um dia de repouso, onde todo o povo trabalhou 6 dias e no sétimo o

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Senhor instituiu um descanso servil. Era um estatuto perpetuo para a nação e por Lei (Torah) era obrigado a se
observar, com penas previstas em âmbito legal e perante Deus.

A palavra hebraica “shabbath” significa literalmente “sábado” ou o sétimo dia da semana, o dia do descanso, em
Israel era um dia especial onde todos deveriam respeitar o repouso. Segundo os linguistas “shabbath” significa em
sua raiz “descanso” e tem sua origem em um dia semanal de repouso.

“Falou mais o Senhor a Moisés, dizendo: Tu, pois, fala aos filhos de Israel, dizendo: Certamente
guardareis meus sábados; porquanto isso é um sinal entre mim e vós nas vossas gerações; para que
saibais que eu sou o Senhor, que vos santifica. Portanto guardareis o sábado, porque santo é para vós;
aquele que o profanar certamente morrerá; porque qualquer que nele fizer alguma obra, aquela alma
será eliminada do meio do seu povo. Seis dias se trabalhará, porém o sétimo dia é o sábado do descanso,
santo ao Senhor; qualquer que no dia do sábado fizer algum trabalho, certamente morrerá. Guardarão,
pois, o sábado os filhos de Israel, celebrando-o nas suas gerações por aliança perpétua. Entre mim e os
filhos de Israel será um sinal para sempre; porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, e ao sétimo
dia descansou, e restaurou-se.” Êxodo 31:12-17

A Palavra é bem clara em atribuir o descanso do sábado na Torah para a nação de Israel, esse era um sinal que o
Senhor deixou entre ele e as gerações dos israelitas, que mostrava a equidade e proteção da pessoa pelo Deus de
Israel, já que em outras nações seus cidadãos não tinham esse descanso na labuta.

“E por esta causa os judeus perseguiram a Jesus, e procuravam matá-lo, porque fazia estas coisas no
sábado. E Jesus lhes respondeu: Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também. Por isso, pois, os
judeus ainda mais procuravam matá-lo, porque não só quebrantava o sábado, mas também dizia que
Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus.” João 5:16-18

Jesus fazia a obra de Deus no sábado, sempre estava na ativa, pois considerava o ser humano mais importante que
um dia qualquer. Nesse texto o Senhor acaba com uma falsa impressão judaica, em que Deus precisa descansar dar
limite para o Deus soberano é considera-lo com ótica humana, claro que Jesus trabalha até hoje e o Pai também, e
se não fosse assim nada existiria, já que Ele sustenta tudo pelo poder de sua Palavra (Hb 1:3). Quando diz que Deus
descansou no sétimo dia, não quer dizer que parou ou repousou, e sim que concluiu toda a criação.

“E disse-lhes: O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado. Assim o
Filho do homem até do sábado é Senhor.” Marcos 2:27,28

O sábado não foi instituído para escravizar o homem, e sim para que esse pudesse repousar, Jesus deixa claro que o
homem que é importante para Deus, não o sábado, que é um presente. Jesus é o Senhor do sábado e também nosso
Senhor, que na verdade nos fez seus amigos, assim na posição de filhos de Deus nada que Jesus é Senhor pode nos
escravizar.

125
“Dizei-me, os que quereis estar debaixo da lei, não ouvis vós a lei? Porque está escrito que Abraão teve
dois filhos, um da escrava, e outro da livre. Todavia, o que era da escrava nasceu segundo a carne, mas,
o que era da livre, por promessa. O que se entende por alegoria; porque estas são as duas alianças; uma,
do monte Sinai, gerando filhos para a servidão, que é Agar. Ora, esta Agar é Sinai, um monte da Arábia,
que corresponde à Jerusalém que agora existe, pois é escrava com seus filhos. Mas a Jerusalém que é de
cima é livre; a qual é mãe de todos nós.” Gálatas 4:21-26

Nesse texto Paulo faz uma analogia entre duas mulheres de Abraão e seus filhos, Agar mãe de Ismael chama de
escrava e a compara a Torah, que escravizou os israelitas, já Sara mãe de Isaque é livre e comparada à graça que há
em nosso Senhor Jesus. Após Deus nos entregar a graça em Cristo Jesus, fomos libertos como filhos de Deus e
portanto libertos da escravidão da Lei, observar qualquer mandamento da Lei significa se escravizar e negar a Cristo
(Gl 5:3-5).

“Portanto, resta ainda um repouso para o povo de Deus. Porque aquele que entrou no seu repouso, ele
próprio repousou de suas obras, como Deus das suas. Procuremos, pois, entrar naquele repouso, para
que ninguém caia no mesmo exemplo de desobediência.” Hebreus 4:9-11

O sábado na verdade foi apenas um símbolo do nosso descanso eterno em Cristo, nós a igreja aguardamos o
descanso eterno e por isso só descansaremos na gloria. Aquele que afirma guardar o sábado está negando o
descanso verdadeiro que a em Cristo Jesus, trocando a verdade por apenas uma sobra.

5.2. Páscoa
“No mês primeiro, aos catorze do mês, pela tarde, é a páscoa do Senhor. E aos quinze dias deste mês é a
festa dos pães ázimos do Senhor; sete dias comereis pães ázimos. No primeiro dia tereis santa
convocação; nenhum trabalho servil fareis; Mas sete dias oferecereis oferta queimada ao Senhor; ao
sétimo dia haverá santa convocação; nenhum trabalho servil fareis.” Levítico 23:5-8

A Páscoa tem a duração de um dia (14º dia do primeiro mês do ano judaico, Nisã), é bom lembrarmos que o Senhor
Jesus morreu por ocasião da Festa da Páscoa (Mt 26:19; 27:15). Comemoração judaica da libertação israelita da
escravidão do Egito era comemorada com o sacrifício de um cordeiro, que simbolizava que este morreu para que os
primogênitos de Israel vivessem. Jesus como nosso cordeiro pascoal, foi sacrificado nessa festa, e para nós significou
libertação da escravidão do pecado e salvação do inferno eterno.

A palavra “pecach” traduzida no português como páscoa tem como significado “passar” ou “saltar”, no contexto da
festa tem o conceito de “passar” da escravidão do Egito para a liberdade de Canaã. Algumas variações da palavra
“pecach” como “pecach” tem o sentido de “saída”, com o mesmo contexto de sair do Egito.

“E falou o Senhor a Moisés e a Arão na terra do Egito, dizendo: Este mesmo mês vos será o princípio dos
meses; este vos será o primeiro dos meses do ano. Falai a toda a congregação de Israel, dizendo: Aos dez

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deste mês tome cada um para si um cordeiro, segundo as casas dos pais, um cordeiro para cada família.
Mas se a família for pequena para um cordeiro, então tome um só com seu vizinho perto de sua casa,
conforme o número das almas; cada um conforme ao seu comer, fareis a conta conforme ao cordeiro. O
cordeiro, ou cabrito, será sem mácula, um macho de um ano, o qual tomareis das ovelhas ou das cabras.
E o guardareis até ao décimo quarto dia deste mês, e todo o ajuntamento da congregação de Israel o
sacrificará à tarde. E tomarão do sangue, e pô-lo-ão em ambas as ombreiras, e na verga da porta, nas
casas em que o comerem.” Êxodo 12:1-7

A festa da Páscoa, por estar relacionada com a liberação dos israelitas de sua escravidão no Egito, é a comemoração
anual mais importante para o povo judeu (cf. Lv 23.5; Nm 9.1-5; 28.16; Dt 16.1-2). No NT adquire um significado
especial para os cristãos, já que se interpreta como figura da obra redentora de Cristo, o Cordeiro de Deus, que tira o
pecado do mundo (Jo 1.29). Cf. especialmente MT 26.2-29; 1 CO 5.7; 1 Pe 1.18-19, e vejam-se Jo 19.14 N.; 19.36 N.

Algumas festas foram instituídas Por Deus mesmo. A Páscoa era uma festividade designada para celebrar a liberação
do Israel do Egito e para recordar ao povo o que Deus fez. Também, as festas podem ser importantes hoje em dia,
como avisos anuais do que Deus tem feito por nós. Desenvolva tradições em sua família para fazer ressaltar o
significado religioso de certas festas. Estas servem como avisos para a gente maior e como experiências de
aprendizagem para os jovens.

Para que os israelitas se salvassem da praga da morte, tinham que matar um cordeiro sem defeitos e colocar seu
sangue nos Marcos das portas de cada casa. Por que sacrificaram um cordeiro os hebreus? Ao matar um cordeiro os
israelitas estavam derramando sangue inocente. O cordeiro era um sacrifício, um substituto da pessoa que se
supunha devia morrer na praga. Desde este ponto em adiante, o povo hebreu teria um entendimento claro de que o
ser farelos de cereais da morte significava que outra vida devia ser sacrificada em seu lugar.

A festa da Páscoa era uma celebração anual para recordar a noite quando o anjo do Jeová "passou sobre" as casas
dos israelitas. Os hebreus seguiram as instruções de Deus e colocaram o sangue do cordeiro nos postes das portas
de suas casas. Essa noite o primogênito de cada família que não tivesse sangue nos lhes dente da porta seria morto.
O cordeiro tinha que matar-se para proporcionar o sangue que os protegeria. (Isto anunciava o sangue de Cristo, o
Cordeiro de Deus, que deu seu sangue pelos pecados do mundo.) dentro de suas casas, os israelitas comeram um
jantar de Páscoa que incluía cordeiro assado, ervas amargas e pão sem levedura. O pão sem levedura se podia fazer
rapidamente já que não tinham que esperar a que levedasse. Assim poderiam estar preparados para sair em
qualquer momento. As ervas amargas significavam a amargura da escravidão.

5.2.1. Os elementos da páscoa

“E naquela noite comerão a carne assada no fogo, com pães ázimos; com ervas
amargosas a comerão. Não comereis dele cru, nem cozido em água, senão assado no
fogo, a sua cabeça com os seus pés e com a sua fressura.” Êxodo 12:8,9
A festa da pascoa é marcada, sobretudo pela refeição (Seder) pascal, que é feita em família e se compõe de iguarias
que rememoram e simbolizam os momentos da libertação. No jantar, o cordeiro assado lembra a imolação do
cordeiro de outrora que, junto com pães sem fermento (pão ázimo) e ervas amargas, serviram de alimento ao povo
hebreu, na saída do Egito. Instruído por Deus, Moisés orientou aos israelitas a usarem o sangue do mesmo cordeiro
que os alimentaria para marcar as ombreiras das portas de suas casas, de modo que fossem poupados quando o
anjo do Senhor passasse, ferindo todos os primogênitos do Egito, tanto dos homens quanto dos animais, como
forma de desestimular o faraó a manter o povo hebreu cativo. O pão ázimo relembra a falta de tempo para
fermentar a massa do pão na saída apressada e as ervas amargas simbolizam a vida de amargura que os israelitas

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viveram nos 430 anos de permanência em terra egípcia. Fazem parte ainda da mesa pascal judaica, ervas doces e
molho doce, recordando às famílias que a servidão se tornou doçura, graças à salvação. No dia anterior à celebração
faz-se uma profunda limpeza da casa, procurando não deixar nada fermentado, para ensinar às novas gerações que
só é permitido comer pães ázimos, conforme a prescrição do livro do Êxodo. Assim, a páscoa judaica reafirma a
identidade deste povo, celebra a vitória sobre o sofrimento e anuncia uma nova vida de liberdade e de esperança na
terra prometida.

ELEMENTOS DA PÁSCOA NO VELHO TESTAMENTO

1 - O Cordeiro. Representava o preço da redenção e libertação de Israel do Egito; o sacrifício.

2 - Os Pães Asmos. Revelavam a pressa com que abandonariam a terra do Egito. A farinha amassada sem ter
recebido o fermento, por falta de tempo.

3 - As Ervas Amargas. Ou alface agreste, recordavam a opressão do Egito, amargura do cativeiro, além de dar melhor
sabor à carne adocicada do cordeiro.

4 - O Sangue. Representava a Expiação.

5.2.2. Da pascoa para a ceia


“Alimpai-vos, pois, do fermento velho, para que sejais uma nova massa, assim como estais sem
fermento. Porque Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós.” 1 Coríntios 5:7

A páscoa israelita é um rito que comemora a libertação nacional do povo judeu do Egito, portanto, uma festa
judaica, para a igreja nossa páscoa é Cristo Jesus, aquele que nos livrou da morte e do pecado, e assim fazemos uso
dos símbolos dessa libertação, celebrando com o pão (símbolo de seu corpo) e o vinho (símbolo de seu sangue). Não
faz sentido para a igreja comemorar um símbolo da antiga aliança, que tem significado judaico, quando nós
podemos comemorar a verdadeira páscoa.

Sem dúvida, a Páscoa era uma das festas mais importantes do judaísmo, e a sua celebração era carregada
de valor simbólico, seu ritual era metódico e meticuloso, pois lembrava um dos momentos mais
importantes da história do povo de Deus da Antiga Aliança, a libertação do cativeiro egípcio, a sua
celebração anual mobilizava toda a nação judaica. Quando instituiu a Santa Ceia, por ocasião da celebração
da última Páscoa, Jesus tinha em mente esses fatos, porem, Ele era sabedor de que a Páscoa era apenas
um tipo do qual Ele era o antítipo (ou uma figura da qual Ele era o cumprimento), Ele demostrou alegria e
satisfação por poder celebrá-la na companhia de seus discípulos, apenas algumas horas depois, o Filho do
Homem estaria libertando o seu povo, não mais de um cativeiro humano, mas do cativeiro do pecado e da
condenação eterna.

5.3. Pães Asmos


“E aos quinze dias deste mês é a festa dos pães ázimos do Senhor; sete dias comereis pães ázimos. No
primeiro dia tereis santa convocação; nenhum trabalho servil fareis; Mas sete dias oferecereis oferta
queimada ao Senhor; ao sétimo dia haverá santa convocação; nenhum trabalho servil fareis.”

Levítico 23:6-8

Já a Festa dos Pães Asmos, cujo início se dá no 15º dia de Nisã e que tem duração de sete dias, comemora a partida
do povo redimido do Egito (Ex 13.3-10; Lv 23.4-8; Dt 16.1-8). : O pão asmo era um pão sem fermento, que com a

128
eminencia da fuga do Egito teriam que fazer (lembrando que naquele tempo não havia fermento químico e a
levedura era natural e demorada), assim teria um pão pronto rapidamente quando escapasse do Egito, Jesus
relaciona o fermento com o pecado e com as doutrinas judaizantes dos fariseus. Nesse dia de comemoração os
israelitas colocariam o pão asmo no forno para assar, simbolizando assim a liberdade do pecado, Jesus foi colocado
no sepulcro durante essa festa e assim como o pão iria para o forno, o corpo do Senhor foi para a sepultura (câmara
ardente).

Festas dos pães asmos no original “Chag matstsah” significa literalmente “festa sacrificial dos pães asmos”, que era
uma festa que se consumia esses pães sem fermentos, chamados em Israel de asmos. Segundo o Strong, a palavra
hebraica que deu origem aos “pães asmos” é “matsats” que significa “sugar” ou “drenar”, que tem significado
obscuro em “pães asmos”. O fermento é um símbolo do pecado, pois nos tempos bíblicos a levedura da massa e a
fermentação das bebidas eram feitos de modo natural através de fungos e bactérias, o que é um símbolo da sujeira
e contaminação do pecado, além disso o processo natural levava mais tempo que o industrial usado hoje, por isso na
pressa da fuga o Senhor mando fazer sem fermento, para que fizessem um pão rápido.

“Sete dias comereis pães ázimos; ao primeiro dia tirareis o fermento das vossas casas; porque qualquer
que comer pão levedado, desde o primeiro até ao sétimo dia, aquela alma será cortada de Israel. E ao
primeiro dia haverá santa convocação; também ao sétimo dia tereis santa convocação; nenhuma obra se
fará neles, senão o que cada alma houver de comer; isso somente aprontareis para vós. Guardai pois a
festa dos pães ázimos, porque naquele mesmo dia tirei vossos exércitos da terra do Egito; pelo que
guardareis a este dia nas vossas gerações por estatuto perpétuo. No primeiro mês, aos catorze dias do
mês, à tarde, comereis pães ázimos até vinte e um do mês à tarde.” Êxodo 12:15-18

Nos tempos do Antigo Testamento observa-se a Páscoa de forma separada da Festa dos Pães Asmos, apesar de
terem íntima conexão, a Páscoa era celebrada na tarde do dia 14 do mês de Abibe ou Nisã (a Ceia Pascal era comida
no início do dia 15, ou seja, na noite deste dia, pois o dia judaico começa às 18 horas, à tarde do dia 14, era dedicado
ao sacrifício dos cordeiros pascais, bem como de outros preparativos), enquanto que a Festa dos Pães Asmos
começava no dia 15 de Abibe, e continuava durante sete dias (Ex 12:6; Lv 23.5,6). A Aquilo que parece ser uma
simples restrição dietética temporária é na verdade uma profunda demonstração do processo de santificação que
acompanha a obra da redenção. Já nos tempos de Jesus, as Festas da Páscoa e dos Pães Asmos já eram tratadas
como sendo uma somente (Lc 22:1), e isto se devia, sem dúvida alguma, ao fato de não haver intervalo entre as duas
Festas, e também porque ambas celebravam a mesma libertação do Egito (Ex 12:1-28), na verdade a Festa dos Pães
Asmos era a continuação da Festa Páscoa, durante estas acontecia o dia das primícias da cevada. Durante a semana
da Festa dos Pães Asmos, o fermento (heb = seor, isto é, qualquer substância semelhante à levedura, capaz de
produzir fermentação em massa de pão ou líquido) e qualquer coisa fermentada (heb = hamets, isto é, qualquer
coisa fermentada ou contendo levedura) tinha que ser removida dos lares dos israelitas (Em Ex 12:15 e 13:7, hamets
e traduzido por «pão levedado», porém, o significado literal desse termo, é coisa fermentada. Noutras palavras,
nada que continha fermento devia ser encontrado entre eles, em hipótese alguma, em todo teu território (Ex 13:7 –
ARA) a negligência e a desobediência a esta ordenança, traria punição ao culpado (vs.15).

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“Sete dias comereis pães ázimos; ao primeiro dia tirareis o fermento das vossas casas; porque qualquer
que comer pão levedado, desde o primeiro até ao sétimo dia, aquela alma será cortada de Israel.” Êxodo
12:15

A rejeição intencional e deliberada dos preceitos do Senhor resulta em julgamento Divino (v.19), o culpado era
excluído do povo do concerto, ou, pela expulsão, ou pela morte (Ex 31:14). A punição era gravíssima; pois nas
Escrituras, o fermento frequentemente simboliza o pecado, a impureza, a podridão, a corrupção, a hipocrisia, as
doutrinas falsas, e, enfim tudo o que corrompe e contamina o homem (Mt 16:6,11; Mc 8:15; Lc 12:1; 1 Cor 5:6-8).

“E Jesus disse-lhes: Adverti, e acautelai-vos do fermento dos fariseus e saduceus.” Mateus 16:6

“E ordenou-lhes, dizendo: Olhai, guardai-vos do fermento dos fariseus e do fermento de Herodes.”


Marcos 8:15

Assim como o fermento leveda a massa, o pecado leveda o corpo, e por isso deixar o fermento era um símbolo da
santificação no “Espirito”, mas além desse tipo o Senhor nos ensinou outra aplicabilidade para a levedura, o
legalismo judaico. Quando Jesus fala para ter cuidado com as doutrinas dos fariseus e do saduceus, ele ensinou seus
discípulos (judeus na época) a colocar o amor e o homem antes da letra da lei, pois os religiosos judaicos não
aplicavam a Torah com o bom senso e nem com a ótica do amor. Já a doutrina de Herodes existe duas teses do que
o Senhor realmente quis dizer, a primeira levando em conta que o Senhor quis realmente se referir a essa figura,
significa que não podemos agir como Herodes que mente e mata para chegar a seus objetivos. Já a segunda tese
leva em conta que Jesus quis nomear o partido dos herodianos, que eram normalmente saduceus e sacerdotes que
para se manter no poder apoiavam as autoridades romanas, assim como fez Herodes, o conselho aqui seria tomar
cuidado em apoiar os lideres que estão do lado do inimigo, antes ficar com a Palavra e com o Senhor.

“Alimpai-vos, pois, do fermento velho, para que sejais uma nova massa, assim como estais sem
fermento. Porque Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós”. 1 Coríntios 5:7

Para a igreja Jesus é a verdadeira páscoa, e aquele que nos inicia na santificação do Espirito, portanto, o Espirito
Santo retira de nós o pecado (fermento) assim como se retirava as casas de Israel. Para entrarmos em nossa morada
eterna devemos nos livrar de todo o fermento do pecado.

5.4. Festa das primícias


“Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes: Quando houverdes entrado na terra, que vos hei de dar, e fizerdes
a sua colheita, então trareis um molho das primícias da vossa sega ao sacerdote; E ele moverá o molho
perante o Senhor, para que sejais aceitos; no dia seguinte ao sábado o sacerdote o moverá. E no dia em
que moverdes o molho, preparareis um cordeiro sem defeito, de um ano, em holocausto ao Senhor,”
Levítico 23:10-12

Em Levítico 23:9-14, Deus apresenta a prescrição para a realização da Festa das Primícias., dois dias depois da Páscoa
e um dia depois da Festa dos Pães Asmos, no décimo sexto dia de Nisã, os israelitas comemorariam o dia das
primícias. Essa era a terceira festa da primavera e, como as outras duas, era uma representação da redenção, na
Páscoa, comemorava-se o livramento, na Festa dos Pães Asmos, ressaltava-se o rompimento com o passado e, na
Festa das Primícias, festejava-se a nova vida. Nessa festa em que os israelitas ofereciam a Deus o primeiro fruto da
terra, comemorando assim mais um ano de provisão. A festa das Primícias é a terceira do calendário, e eram
entregues para Deus as primícias da terra e dos animais. Jesus ressuscitou no dia das primícias e se tornou primícias
dos que dormem, assim como fomos livres do pecado em sua morte, temos a garantia da ressureição e da vida
eterna por sua ressureição gloriosa.

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Festas das primícias no original “Chag re’shiyth” significa literalmente “festa sacrificial das primícias”, que era uma
festa que se ofertava s primícias da colheita em Israel. No original a palavra “re’shiyth” significa “inicio” (É a mesma
palavra do “inicio” em Gn 1:1), e denota o principio ou começo de algo, no caso da festa, o conceito é entregar o
produto da primeira colheita em Israel, como reconhecimento das bênçãos do Senhor. Outro nome que se dava a
festa é “bikkuwr” (Ex 23:16) que significa literalmente “primeiros frutos”, pois os Deus exigia os primeiros frutos da
colheita como sacrifício nessa festa. Segundo os linguistas a palavra hebraica “bikkuwr” tem sua origem na palavra
“bakar” que era o primeiro a nascer, o primogênito, nesse contexto Jesus é a primícias dos que dormem, ou o
primeiro a ressuscitar.

“E a festa da sega dos primeiros frutos do teu trabalho, que houveres semeado no campo, e a festa da
colheita, à saída do ano, quando tiveres colhido do campo o teu trabalho.” Êxodo 23:16

No Antigo Testamento havia ordem de Deus para que o povo dedicasse os primeiros e melhores frutos de suas
colheitas ao Senhor, isso era feito quando esses frutos eram colhidos e levados aos sacerdotes como oferta
consagrada a Deus no tabernáculo e mais tarde no templo, era uma oferta de gratidão acima de tudo. Nessa Festa
da Sega, também chamada de Festa das Primícias ou Semanas, os israelitas deviam oferecer as primícias da colheita
do último trigo da primavera na Terra Santa (Nm 28:26; Dt 34:22), alguns meses depois eles celebravam outro
festival, chamado de Festa da Colheita ou Festa dos Tabernáculos, isto acontecia no “fim do ano” que concedia com
o fim do ciclo agrícola anual, quando acabava o verão na Terra Santa e quando as pessoas se reuniam para a
colheita.

“Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos, e foi feito as primícias dos que dormem. Porque assim
como a morte veio por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem.” 1 Coríntios
15:20,21

A festa das primícias além de simbolizar que devemos dar ao Senhor nossa primeira adoração e nosso melhor culto,
também é tipo de Jesus, a verdadeira oferta das primícias oferecida por Deus, na cruz Jesus ofereceu o seu melhor e
assim nos salvou. Ao ressuscitar Cristo se tornou o primeiro a vencer a morte, e assim as primícias dos que dormem,
assim sendo, em Jesus todos os que creram no evangelho também serão ressuscitados da morte.

5.5. Festa de Pentecostes


“Depois para vós contareis desde o dia seguinte ao sábado, desde o dia em que trouxerdes o molho da
oferta movida; sete semanas inteiras serão. Até ao dia seguinte ao sétimo sábado, contareis cinquenta
dias; então oferecereis nova oferta de alimentos ao Senhor. Das vossas habitações trareis dois pães de
movimento; de duas dízimas de farinha serão, levedados se cozerão; primícias são ao Senhor.” Levítico
23:15-17

O nome Pentecostes é uma derivação de uma palavra grega que significa “quinquagésimo” ou “cinquenta dias”
porque essa festa é realizada 50 dias após a páscoa. Em hebraico é chamada de festa “das semanas” por ser
realizada 7 semanas após a pascoa ou “hag haqasir” que significa festa da colheitas, pois eram entregues a ultima

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parte das colheitas (festa da primícias eram entregues a primeira parte da colheita e festa das colheitas as ultimas).
Nesse dia era entregue ao Senhor a ultima porção da prosperidade do ano e significava o fim da colheita, em
Pentecostes Jesus batizou seu povo com o Espirito Santo, capacitando a igreja para a última colheita da terra.

A palavra hebraica “Shavuot” significa literalmente “sete semanas”, essa festa é nomeada por ser 7 semanas após
páscoa, em grego se traduz “pentecostes” (quinquagésimo), por ser 50 dias após a páscoa. Segundo o Strong a raiz
da palavra “shavuôt” é também a palavra hebraica “Sheba” que corresponde ao numeral sete. Outro nome que é
chamada essa festa é “shabuan” que significa “conjunto de sete”, e é usada para semanas de dias e de anos, a raiz
original assim como de “shavuôt” é “Sheba”, literalmente “sete”. Por último a festa é chamada de “’aciyph” que se
traduz como colheita, esse nome se deriva porque nessa festa os israelitas entregavam a última colheita do ano ao
Senhor, a raiz original é “qatsiyr” que significa “ramo maduro” ou pronto para a colheita.

“Também guardarás a festa das semanas, que é a festa das primícias da sega do trigo, e a festa da
colheita no fim do ano. Três vezes ao ano todos os homens aparecerão perante o Senhor DEUS, o Deus
de Israel;” Êxodo 34:22,23

A Festa das Semanas, ou Dia das Primícias, era celebrada no mês de Sivan, sete semanas depois da oferta movida,
após a Páscoa. A Palavra Pentecostes originou-se no intervalo de cinquenta dias que separava as duas festas, de
acordo com a tradução judaica, realizava-se no aniversário da dádiva da lei no Monte Sinai. O aspecto especial desse
dia era a oferta movida dos dois pães leve dados, feitos de grão maduro que tinha sido ceifado, na solenidade das
Semanas, era necessário que houvesse uma oferta pelo pecado, devido à presença do fermento. A oferta de
manjares tipifica a vida perfeita de Cristo e o holocausto, aquele sacrifício que satisfez completamente o coração de
Deus.

“E, cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos concordemente no mesmo lugar; E de repente
veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam
assentados. E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada
um deles. E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o
Espírito Santo lhes concedia que falassem.” Atos 2:1-4

Para os discípulos de Jesus o dia de pentecostes abre uma nova era, o surgimento da igreja, assim como em
Pentecostes Deus revela a lei (Torah) do antigo pacto (segundo a tradição judaica), para a igreja Jesus revela através
do poder do Espirito Santo a missão da Igreja. Cristo antes de ascender aos céus mandou seus discípulos
permanecerem em Jerusalém, até a descida do Espirito, após esse vento eles estavam aptos para ganhar o mundo,
assim nascia a triunfante igreja de Jesus.

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5.6. A festa das Trombetas
“Fala aos filhos de Israel, dizendo: No mês sétimo, ao primeiro do mês, tereis descanso, memorial com
sonido de trombetas, santa convocação. Nenhum trabalho servil fareis, mas oferecereis oferta queimada
ao Senhor. Falou mais o Senhor a Moisés, dizendo: Mas aos dez dias desse sétimo mês será o dia da
expiação; tereis santa convocação, e afligireis as vossas almas; e oferecereis oferta queimada ao
Senhor.” Levítico 23:24-27

Toda festa em Israel começa às 6 horas da tarde, assim como o novo dia judaico (por isso que gênesis 1 diz tarde e
manhã), exceto a Festa das Trombetas que se inicia com o aparecer da primeira lua nova do ano novo do calendário
civil judaico. Ao aparecer da lua nova o sacerdote tocava a trombeta e convocava o povo para a festa das trombetas
(Lv 23:23,24) era uma convocação de alegria, a reunião original era feita diante do Tabernáculo mas após a
construção do Templo de Salomão e nos tempos de Jesus era tradição se reunir no Templo após o chamado das
trombetas (As Festas Judaicas do Antigo Testamento de Grady McMurtry). A Festa das Trombetas é celebrada por 2
dias, porque era necessário que se esperasse por até 2 dias para que todos os judeus espalhados pelo mundo
soubessem da confirmação do aparecimento da Lua Nova em Jerusalém. Com a confirmação, eles poderiam guardar
a festa, a Festa das Trombetas é o único feriado comemorado por dois dias em Israel, diferente do que acontece com
todas as outras festas. A incerteza se dá por causa do calendário que depende de quando a lua nova é vista,
designando assim, o início de cada novo mês pelo tribunal rabínico em Jerusalém.

A palavra hebraica “chatsots” que significa literalmente “trombeta”, que era um instrumento de sopro que consistia
em um bocal, em um comprido tubo de metal e em uma extremidade em forma de funil, normalmente as trombetas
dos tempos bíblicos eram feitas de chifre de animais, por isso recebiam também o nome de “shophar”, que significa
“chifre”. A “trombeta” Foi um instrumento instituído por Deus para ser tocado em uma infinidade de momentos da
vida nacional de seu povo no Antigo Testamento. De certa forma as trombetas serviam para expressar momentos de
grande satisfação, para trazer avisos, proclamar juízos divinos, fazer convocações festivas e religiosas e chamar o
povo às consagrações, havia até mesmo um dia especial chamado "dia de sonido de trombetas", nessa festa a
trombeta era tocada para anunciar a primeira lua nova do ano civil israelita, essa festa era denominada “festa das
trombetas”. Outro nome dado à festa das trombetas é “Yom Teruah” significa “Dia do Shofar” ou “Dia do Despertar
ao som da trombeta”, esse nome deriva do fato de todo Israel se reunir na frente da tenda da congregação ou
tabernáculo (tempo de Moisés), posteriormente se reunião em frente ao Templo, nos tempos de Jesus ainda tinha
esse costume.

“Tocai a trombeta na lua nova, no tempo apontado da nossa solenidade. Porque isto era um estatuto
para Israel, e uma lei do Deus de Jacó.” Salmos 81:3,4

A Festa das Trombetas ocorre no 1° dia do mês de Tishri, o sétimo mês do calendário judaico religioso e o primeiro
do calendário Judaico civil (setembro/outubro no nosso calendário) e ocorre também no 1º dia da Lua Nova,
considerada a noite mais escura do mês, razão pela qual não era fácil identificá-la, tendo em vista que sua face

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escura está voltada para a Terra e sem acesso do sol. A Festa das Trombetas é tempo de descanso solene, no qual as
trombetas são tocadas a fim de reunir o povo de Israel para alertá-lo a respeito da proximidade do Dia da Expiação
(Yon Kippur) (Yom Kippur), que representa um dia de juízo onde se exige preparação e solenidade. O dia das
trombetas era comemorado 10 dias antes de “Yon Kippur”, nesses 10 dias, os israelitas se contristavam e pediam
perdão por seus pecados, para que no dia da Expiação fossem perdoados de seus pecados. Para os judeus ortodoxos
a Festa das Trombetas significa metaforicamente “novo tempo”, eles encaram essa data como uma possível data
para o aparecimento do Messias, assim sendo, essa festa pode ser uma data profética para o aparecimento do
“anticristo”.

“Congregai-vos, sim, congregai-vos, ó nação não desejável; Antes que o decreto produza o seu efeito, e o
dia passe como a pragana; antes que venha da ira do Senhor, antes que venha sobre vós o dia da ira do
Senhor. Buscai ao Senhor, vós todos os mansos da terra, que tendes posto por obra o seu juízo; buscai a
justiça, buscai a mansidão; pode ser que sejais escondidos no dia da ira do Senhor.” Sofonias 2:1-3

O texto acima de Sofonias trata culturalmente do Rosh Hashaná (dia de ano novo judaico, etimologicamente cabeça
do ano), após a festa das trombetas, os israelitas fazem dez dias de consagração para receberem o favor do perdão
dos pecados no dia do Senhor (Yon Kippur). Esses dez dias denominados “dias de arrependimento”, visava garantir
que Deus fosse favorável em seu julgamento à nação e a cada individuo no “dia da Expiação”, os israelitas temiam
que Deus não recebesse o sacrifício de “Yon Kippur”, e o “dia do Senhor” se tornasse dia de condenação e juízo.

“Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus;
e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro.” 1 Tessalonicenses 4:16

Alguns acreditam que o arrebatamento da igreja será em um “dia das trombetas”, pois com esse instrumento
Moisés chamava o povo de Deus para reunião, porem, é coerente lembrar que as festas judaicas são um sinal entre
Israel e seus descendentes, e que Deus tem outra revelação para sua igreja. Como aprendemos em escatologia as 4
primeiras festas que se cumpriram para judeus e em Israel, as 3 ultimas devem por coerência seguir a mesma
características, uma vez que as festas são judaicas e da Lei e não estão na graça ou são para a Igreja. Assim como as
4 primeiras tiveram seu cumprimento na Lei e sobre os judeus, naturalmente que as 3 ultimas também seguiram
essa característica e se cumpriram profeticamente, abaixo analisaremos as 3 ultimas festas em seu contexto legal e
que eventos escatológicos podem significar. Para a igreja a festa das trombetas é um lembrete que um dia o Senhor
nos chamara para o encontro, assim a noiva estará para sempre com o noivo.

5.7. Dia da Expiação


“Falou mais o Senhor a Moisés, dizendo: Mas aos dez dias desse sétimo mês será o dia da expiação;
tereis santa convocação, e afligireis as vossas almas; e oferecereis oferta queimada ao Senhor. E naquele
mesmo dia nenhum trabalho fareis, porque é o dia da expiação, para fazer expiação por vós perante o
Senhor vosso Deus. Porque toda a alma, que naquele mesmo dia se não afligir, será extirpada do seu
povo.” Levítico 23:26-29

O Dia da Expiação (Yon Kippur) era o dia mais importante para Israel, era quando o sumo-sacerdote levaria o sangue
da expiação para dentro do véu (santo dos santos) e o derramaria sobre a tampa (propiciatório) da arca da aliança
(testemunho) e ali eram cobertos os pecados (hattatt) dos filhos de Israel, em Pentateuco estudaremos mais
amplamente essa e outras cerimônias e festas. Tradicionalmente o Dia da Expiação era considerado o “dia do juízo”,
onde além de Deus analisar a nação de Israel, julgaria as ações de todo ano de cada individuo da nação, por isso
depois da Festa das Trombetas os israelitas fazem 10 dias de arrependimentos para que cheguem no “Yon Kippur”
perdoados por Deus.

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O “Dia da Expiação” em hebraico “Yon Kippur”, literalmente significa o “dia da cobertura”, que tem o conceito do dia
que o Senhor esconderá os pecados, o dia do perdão. A raiz da palavra “Kippur” se encontra na palavra hebraica
“kaphar” que significa literalmente “cobrir” e figuradamente “pacificar, fazer propiciação”. Nesse dia o sumo
sacerdote entrava no Santo dos Santos e derramava o sangue do sacrifício sobre a tampa da arca (propiciatório) e
esse sangue “cobria os pecados do povo de Israel”, fazendo que esses sejam aceitos e propícios para Deus, e
apaziguava a santidade de Deus que deseja destruir o pecador.

“E falou o SENHOR a Moisés, depois da morte dos dois filhos de Arão, que morreram quando se
chegaram diante do SENHOR. Disse, pois, o Senhor a Moisés: Dize a Arão, teu irmão, que não entre no
santuário em todo o tempo, para dentro do véu, diante do propiciatório que está sobre a arca, para que
não morra; porque eu aparecerei na nuvem sobre o propiciatório. Com isto Arão entrará no santuário:
com um novilho, para expiação do pecado, e um carneiro para holocausto.” Levítico 16:1-3

Levíticos 16 descreve o “Dia da Expiação”, o dia santo mais importante do ano judaico, nesse dia, o sumo sacerdote,
vestia as vestes sagradas, e de início preparava-se mediante um banho cerimonial com água, em seguida, antes do
ato da expiação pelos pecados do povo, ele tinha de oferecer um novilho pelos seus próprios pecados. A seguir,
tomava dois bodes e, sobre eles, lançava sortes: um tornava-se o bode do sacrifício, e o outro tornava-se o bode
expiatório (16.8), sacrificava o primeiro bode, levava seu sangue, entrava no Lugar Santíssimo, para além do véu, e
aspergia aquele sangue sobre o propiciatório, o qual cobria a arca contendo a lei divina que fora violada pelos
israelitas, mas que agora estava coberta pelo sangue, e assim se fazia expiação pelos pecados da nação inteira
(16.15,16). Como etapa final, o sacerdote tomava o bode vivo, impunha as mãos sobre a sua cabeça, confessava
sobre ele todos os pecados dos israelitas e o enviava ao deserto, simbolizando isto que os pecados deles eram
levados para fora do arraial para serem aniquilados no deserto (16.21, 22).

"Ouve, Senhor, a minha voz quando clamo; tem também piedade de mim, e responde-me. Quando tu
disseste: Buscai o meu rosto; o meu coração disse a ti: O teu rosto, Senhor, buscarei. Não escondas de
mim a tua face, não rejeites ao teu servo com ira; tu foste a minha ajuda, não me deixes nem me
desampares, ó Deus da minha salvação.” Salmos 27:7-9

Segundo a tradição judaica esse Salmo atribuído a Davi foi composto entre o “dia das Trombetas” e “Yon Kippur”, os
10 dias de arrependimento judaico, esses dias também são chamados de “dias de temor” (Yamim Noraim). O Salmo
27 descreve o terror dos 10 dias de penitencia e o livramento de Deus vindo no “dia do Senhor” (Yon Kippur), esse
Salmo é lido 2 vez ao dia em todo o período do “Yamim Noraim”. O ensino rabínico desse período deixa claro a todos
os judeus que no “dia da Expiação” não só a nação é julgada e sim cada individuo.

“Filho do homem, fala aos filhos do teu povo, e dize-lhes: Quando eu fizer vir a espada sobre a terra, e o
povo da terra tomar um homem dos seus termos, e o constituir por seu atalaia; E, vendo ele que a
espada vem sobre a terra, tocar a trombeta e avisar o povo; Se aquele que ouvir o som da trombeta, não
se der por avisado, e vier a espada, e o alcançar, o seu sangue será sobre a sua cabeça.” Ezequiel 33:2-4

Outro texto lido nos 10 dia de arrependimento é Ezequiel 33, nesse capitulo o “dia do Senhor” é descrito como “Yom
HaDin” (dia do Julgamento), onde todos serão julgados pelo o Senhor. O grande objetivo desses 10 dias era chegar

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ao “dia do Senhor” selado e assim o “Yon Kippur” deixaria de ser o “dia do juízo” para ser “Yon Há’Peduth” o dia da
redenção.

“Esta é a aliança que farei com eles Depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei as minhas leis em seus
corações, E as escreverei em seus entendimentos; acrescenta: E jamais me lembrarei de seus pecados e
de suas iniquidades. Ora, onde há remissão destes, não há mais oblação pelo pecado. Tendo, pois,
irmãos, ousadia para entrar no santuário, pelo sangue de Jesus, Pelo novo e vivo caminho que ele nos
consagrou, pelo véu, isto é, pela sua carne, E tendo um grande sacerdote sobre a casa de Deus,
Cheguemo-nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé, tendo os corações purificados da má
consciência, e o corpo lavado com água limpa,” Hebreus 10:16-22

O sacrifício de “Yon Kippur” realizado todo ano pelo sumo sacerdote, no Santo dos Santos sobre o propiciatório, era
um símbolo da morte de Cristo e a expiação de nossos pecados. A Palavra de Deus sobejamente ensina que Cristo
morreu vicariamente, como nosso substituto, em nosso lugar, pagando por nosso pecado, recebendo nossa punição
(Is 53:4-8,11-12), substituição é indiscutível (Rm 5:8; 1 Co 15:3; 2 Co 5:211Pe 2:24), levando ele mesmo os nossos
pecados sobre o madeiro (1Pe 3:18). Crê-se que a palavra propiciação tem sua origem em uma palavra latina
"propõe", que significa "perto de". Assim se nota que a palavra significa juntar, tornar favorável, o sacrifício de
propiciação traz o homem para perto de Deus, reconcilia-o com Deus fazendo expiação por suas transgressões,
ganhando a graça e favor. Em sua misericórdia, Deus aceita o dom propiciatório e restaura o pecador a seu amor,
esse também é o sentido da palavra grega como é usada no Novo Testamento.

5.8. Festa dos Tabernáculos


“Fala aos filhos de Israel, dizendo: Aos quinze dias deste mês sétimo será a festa dos tabernáculos ao
Senhor por sete dias. Ao primeiro dia haverá santa convocação; nenhum trabalho servil fareis. Sete dias
oferecereis ofertas queimadas ao Senhor; ao oitavo dia tereis santa convocação, e oferecereis ofertas
queimadas ao Senhor; dia de proibição é, nenhum trabalho servil fareis.” Levítico 23:34-36

. A “Festa de Tabernáculos” dura sete dias, do 15º ao 21º dia do mês Hebraico de Tishrei (normalmente em meados
de Outubro). O primeiro dia e último são os mais festivos, sendo o primeiro dia sagrado, um dia de descanso quando
nenhum trabalho é permitido, o oitavo dia é chamado de “Shemeni Atseret” (lit. "Oitavo *dia+ da Assembleia"), que é
uma festa à parte. Durante a festa se oferecem sacrifícios todos os dias ao Senhor o ultimo dia da festa é chamado
“Simchat Torah” (alegria da Lei). Sucot (Festa dos Tabernáculos) relembra os 40 anos de êxodo dos hebreus no
deserto após a sua saída do Egito. Nesse período o povo judeu não tinha terra própria, eram nômades e viviam em
pequenas tendas ou cabanas frágeis e temporárias. Como forma de simbolizar este período, durante a celebração de
Sucot, os judeus fazem suas refeições sob as folhas e galhos ao ar livre, em uma sukka. Após a volta do exilio
babilônico os judeus liam o livro de Eclesiastes (Meghilloth), como forma de se precaver contra o materialismo e o
abandono de Deus em meio à fartura.

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A palavra “tabernáculo” origina-se da palavra latina “tabernaculum” que significa “uma cabana, um abrigo
temporário”, no original hebraico a palavra equivalente é “sukka”, cujo plural é “sukkot” que significa literalmente
“cabanas”. A raiz da palavra “sucot” é a palavra hebraica “cukkah” que significa “cobertura rustica”, o conceito da
festa era lembrar-se da peregrinação do deserto habitando nesses dias em “tendas”.

“E celebraram a festa dos tabernáculos, como está escrito; ofereceram holocaustos cada dia, por ordem,
conforme ao rito, cada coisa em seu dia.” Esdras 3:4

Diariamente, durante a semana de sucot (exceto no Shabbath), os judeus pegavam na mão direita as três espécies
de ramos, na mão esquerda a cidra, e recitavam uma bênção, em seguida juntando as mãos e agitando o molho para
todos os lados, para cima e para baixo, assim manifestavam a alegria e demonstravam que a presença de Deus está
em toda a parte. A Festa dos Tabernáculos tinha dois aspectos distintos na época do Templo, uma parte da festa era
consagrada ao louvor e ações de graça, o toque das trombetas convocava o povo, que se postava nas ruas para
assistir à marcha dos sacerdotes que iam ao tanque de Siloé, enchiam uma vasilha de prata de água e depois
rumavam para o templo e a derramavam no altar. Os levitas os acompanhavam tocando seus instrumentos de
corda, sopro e percussão durante a recitação dos Salmos 113 a 118, especialmente as palavras messiânicas do Salmo
118, versos 25 e 26: “Ó Senhor, salva, Te pedimos! Ó Senhor, nós te pedimos, envia-nos a prosperidade. Bendito
aquele que vem em nome do Senhor”. Segundo ponto alto das comemorações eram os festejos à noite, os povos
judeus festejavam com banquetes, cantavam e caminhavam pelas ruas portando tochas. Eram também colocadas
tochas que iluminavam o átrio do Templo, nesses momentos demonstravam sua gratidão a Deus com louvores e
comunhão com os irmãos de judaísmo.

“Aprendei, pois, esta parábola da figueira: Quando já os seus ramos se tornam tenros e brotam folhas,
sabeis que está próximo o verão.” Mateus 24:32

As três últimas festas analisadas (Trombetas, Expiação e Tabernáculos) são consideradas festas de outono e começo
de inverno, época em que as árvores estão sem frutos, o que em Israel representa aflição e sofrimento, porém
também representa a esperança do novo verão e com ele a alegria e a vida. Jesus compara sua vinda com o fim do
inverno e o começo os brotos da figueira, já vimos que Israel representa a essa arvore, assim podemos entender que
a “parousia” marcará o fim do inverno (tribulação) e o começo do verão judaico (restauração).

“E vi um novo céu, e uma nova terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já
não existe. E eu, João, vi a santa cidade, a nova Jerusalém, que de Deus descia do céu, adereçada como
uma esposa ataviada para o seu marido.” Apocalipse 21:1,2

Para a igreja, a “festa dos Tabernáculos” significa a uma nova vida com Cristo, assim como os israelitas saíram do
Egito e peregrinaram em cabanas até entrarem na terra prometida, nós também tabernáculos por essa terra, até o
momento do arrebatamento e após novo céu e nova terra, onde estaremos eternamente com nosso Senhor.

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6. Nadabe e Abiu
“E Arão sobre ele queimará o incenso das especiarias; cada manhã, quando puser em ordem as
lâmpadas, o queimará. E, acendendo Arão as lâmpadas à tarde, o queimará; este será incenso contínuo
perante o Senhor pelas vossas gerações. Não oferecereis sobre ele incenso estranho, nem holocausto,
nem oferta; nem tampouco derramareis sobre ele libações.” Êxodo 30:7-9

“E os filhos de Arão, Nadabe e Abiú, tomaram cada um o seu incensário e puseram neles fogo, e
colocaram incenso sobre ele, e ofereceram fogo estranho perante o SENHOR, o que não lhes ordenara.
Então saiu fogo de diante do Senhor e os consumiu; e morreram perante o Senhor.” Levítico 10:1,2

Não se pode adorar, cultuar ou sequer se aproximar de Deus conforme parâmetros estabelecidos por homens,
conforme a imaginação do coração humano, mas somente conforme o padrão estabelecido por Deus, o Senhor não
é igual aos homem e sim o soberano de todo universo. Portanto, é Deus quem estabelece a maneira aceitável de se
aproximar d’Ele, e foi por isso que Deus matou Nadabe e Abiú, eles acenderam o fogo errado no incensário, quando
o único fogo que poderia ser aceso no incensário era o fogo do altar (Ex 30.9, Lv 16.12-13). O fogo do altar não havia
sido iniciado por qualquer homem, mas pelo próprio Deus (Lv 9.23-24) e os sacerdotes tinham a obrigação de
acender lenha nele a cada manhã para que não se apagasse (Lv 6.12), o “fogo estranho” era fogo comum que não
procedia do altar de Deus e sim acesso por mãos humanas. Como bem disse o reformador John Knox: “Todo culto,
honra ou serviço inventados pelo cérebro do homem na religião de Deus, sem o seu mandamento expresso, é
idolatria”.

Nadabe e Abiú morreram devido a um comportamento impróprio e desrespeitoso frente ao sagrado, o autor de
Levítico relata que eles ofereceram fogo estranho diante do Senhor (Lv 10), quando a ordem era acender com fogo
acesso pelo próprio Senhor. O livro de Números também apresenta a mesma razão para a tragédia (Nm 3.4; 26.61),
na verdade, a Bíblia descreve Nadabe e Abiú agindo independentemente de ter recebido qualquer ordem, por sua
própria iniciativa, eles avançaram na realização do culto, sem uma ordem clara de Deus. Existem mandamentos
relacionados ao culto no templo, dados a Moisés (Nm 8.2) e Arão (Nm 9.2), que contrastam com o desafio de
Nadabe e Abiú que agiram independentemente.

“Tende cuidado, para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a
tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo;” Colossenses 2:8

“Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua
nova, ou dos sábados, Que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo. Ninguém vos
domine a seu bel-prazer com pretexto de humildade e culto dos anjos, envolvendo-se em coisas que não
viu; estando debalde inchado na sua carnal compreensão,” Colossenses 2:16-18

“Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma deste pão e beba deste cálice. Porque o que
come e bebe indignamente, come e bebe para sua própria condenação, não discernindo o corpo do
Senhor. Por causa disto há entre vós muitos fracos e doentes, e muitos que dormem.”
1 Coríntios 11:28-30

Nadabe e Abiú foram mortos por Deus ao profanar o culto introduzindo algo do homem (fogo de suas lamparinas),
do mesmo modo quando introduzimos elementos judaicos, esotéricos e tradições de homens, profanamos o culto
racional ao Senhor. Devemos tomar cuidado com o tipo de culto e adoração que estamos destinando ao nosso Deus,
pois o Senhor ainda é o mesmo e repudia tal ato de seus adoradores, grande será o preço que pastores

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enganadores, visando lucros ou estatos pagaram por perverter o culto cristão legitimo e ensinar esses males aos
fieis.

7. Leis referentes à pureza de vida


A terceira parte do livro de Levíticos, formada pelos capítulos 11 ao 22, é chamada lei de pureza, porque fala da
impureza de certos animais ou da impureza por ações, situações ou contatos, em outras palavras, descreve sobre os
meios pelos quais um estado de impureza poderia surgir e como recuperar o estado de pureza. Essa secção de
Levíticos trata especificadamente das Leis referentes à pureza de vida dos israelitas, essa parte da Torah se detém
em regras de conduta para uma santificação perante Deus, grande parte dessas leis tem fundo de higiene e saúde,
como por exemplo, a da carne de porco, que exige cuidados no preparo, coisa que dificilmente um israelita da época
teria, outro problema da carne de porco é seu peso no estomago, consumir em labuta ou com muito calor pode
causar complicações na saúde. Entre os atos considerados impuros em Israel estavam às leis sobre os alimentos
impuros, contato com cadáveres, sangue, doentes ou pessoas impuras, enfermidades sexuais e a lepra, quem tivesse
contato com algo impuro deveria fazer um ritual de purificação e ser separado da congregação de Israel até à tarde.
Entre fontes impuras, tinham pessoas doentes, corpos, animais, insetos, vasos ou paredes com fungos e tecidos
embolorados.

7.1. Animais impuros

Destes, porém, não comereis; dos que ruminam ou dos que têm unhas fendidas; o camelo, que rumina,
mas não tem unhas fendidas; esse vos será imundo; E o coelho, porque rumina, mas não tem as unhas
fendidas; esse vos será imundo; E a lebre, porque rumina, mas não tem as unhas fendidas; essa vos será
imunda. Também o porco, porque tem unhas fendidas, e a fenda das unhas se divide em duas, mas não
rumina; este vos será imundo. Das suas carnes não comereis, nem tocareis nos seus cadáveres; estes vos
serão imundos. De todos os animais que há nas águas, comereis os seguintes: todo o que tem
barbatanas e escamas, nas águas, nos mares e nos rios, esses comereis. Mas todo o que não tem
barbatanas, nem escamas, nos mares e nos rios, todo o réptil das águas, e todo o ser vivente que há nas
águas, estes serão para vós abominação. Ser-vos-ão, pois, por abominação; da sua carne não comereis, e
abominareis o seu cadáver. Todo o que não tem barbatanas ou escamas, nas águas, será para vós
abominação. Das aves, estas abominareis; não se comerão, serão abominação: a águia, e o
quebrantosso, e o xofrango, E o milhano, e o abutre segundo a sua espécie. Todo o corvo segundo a sua
espécie, E o avestruz, e o mocho, e a gaivota, e o gavião segundo a sua espécie. E o bufo, e o corvo
marinho, e a coruja, E a gralha, e o cisne, e o pelicano, E a cegonha, a garça segundo a sua espécie, e a
poupa, e o morcego. Todo o inseto que voa, que anda sobre quatro pés, será para vós uma abominação.
Mas isto comereis de todo o inseto que voa, que anda sobre quatro pés: o que tiver pernas sobre os seus
pés, para saltar com elas sobre a terra. Deles comereis estes: a locusta segundo a sua espécie, o
gafanhoto devorador segundo a sua espécie, o grilo segundo a sua espécie, e o gafanhoto segundo a sua
espécie. E todos os outros insetos que voam, que têm quatro pés, serão para vós uma abominação. E por
estes sereis imundos: qualquer que tocar os seus cadáveres, imundo será até à tarde. Qualquer que levar
os seus cadáveres lavará as suas vestes, e será imundo até à tarde.

Levítico 11:4-25

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Embora Deus não tenha revelado as razões exatas porque certos animais podem ser comidos e outros devem ser
evitados como comida, nós podemos tirar conclusões baseadas nos animais incluídos em ambas as categorias. Na
lista de animais que não podem ser comidos, Deus proíbe o consumo de animais que se alimentam de carniça e de
cadáveres em decomposição, os quais devoram outros animais para a sua alimentação, animais como porcos, ursos,
abutres e aves de rapina podem comer carne em decomposição. Animais predatórios como lobos, leões, leopardos e
chitas frequentemente caçam e matam os animais na manada que sejam mais fracos e também quando se trata de
animais marinhos que vivem ao fundo do mar, tal como lagostas e caranguejos, que limpam o fundo do mar de
animais mortos, mariscos tais como ostras, moluscos e mexilhões semelhantemente consomem matéria orgânica
em decomposição, incluindo a matéria de esgoto, que desça para o fundo do mar.

7.2. Mulheres Menstruadas e Grávidas


E não chegarás à mulher durante a separação da sua imundícia, para descobrir a sua nudez, Nem te
deitarás com a mulher de teu próximo para cópula, para te contaminares com ela.

Levítico 18:19,20

Fala aos filhos de Israel, dizendo: Se uma mulher conceber e der à luz um menino, será imunda sete dias,
assim como nos dias da separação da sua enfermidade, será imunda. E no dia oitavo se circuncidará ao
menino a carne do seu prepúcio. Depois ficará ela trinta e três dias no sangue da sua purificação;
nenhuma coisa santa tocará e não entrará no santuário até que se cumpram os dias da sua purificação.
Mas, se der à luz uma menina será imunda duas semanas, como na sua separação; depois ficará sessenta
e seis dias no sangue da sua purificação.

Levítico 12:2-5

Nos tempos do Antigo Testamento, as mulheres as mulheres tinham uma vida servil e difícil, com poucos momentos
de alegria, elas faziam a maior parte do trabalho domestico que cabia aos homens, isso ainda acontece em muitos
países, onde tanto o trabalho de casa quanto o do campo são feitos pelas mulheres. Foi sob tais condições, que Deus
fez provisão para as mães de Israel, prescrevendo-lhes um período de relativo repouso e isolamento durante
algumas semanas, tanto para o parto como para a menstruação (mulher fica mais frágil). A questão sobre o tempo
de impureza para uma filha ser o dobro do de um nascimento de menino não tem nenhuma base cientifica, mas
somente social em uma sociedade patriarcal, isso não que dizer que Deus menospreza as mulheres e sim que
respeita a cultura social, pouco a pouco Deus foi diminuindo esse abismo entre os sexos, até culminar em Cristo,
onde todos são iguais (Gl 3:26-29; At 10:34). Além de preservar a mulher do trabalho a mulher menstruada e em
resguardo, essa lei tem objetivo de evitar doenças venéreas, já que o contato com o sangue pode transmitir varias
doenças, já na mulher em resguardo a ação sexual pode machucar.

7.3. A lepra
Quando um homem tiver na pele da sua carne, inchação, ou pústula, ou mancha lustrosa, na pele de sua
carne como praga da lepra, então será levado a Arão, o sacerdote, ou a um de seus filhos, os sacerdotes.

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E o sacerdote examinará a praga na pele da carne; se o pêlo na praga se tornou branco, e a praga parecer
mais profunda do que a pele da sua carne, é praga de lepra; o sacerdote o examinará, e o declarará por
imundo. Mas, se a mancha na pele de sua carne for branca, e não parecer mais profunda do que a pele, e
o pêlo não se tornou branco, então o sacerdote encerrará o que tem a praga por sete dias; E ao sétimo
dia o sacerdote o examinará; e eis que, se a praga, ao seu parecer parou, e na pele não se estendeu,
então o sacerdote o encerrará por outros sete dias; E o sacerdote ao sétimo dia o examinará outra vez; e
eis que, se a praga se recolheu, e na pele não se estendeu, então o sacerdote o declarará por limpo; é
uma pústula; e lavará as suas vestes, e será limpo. Mas, se a pústula na pele se estende grandemente,
depois que foi mostrado ao sacerdote para a sua purificação, outra vez será mostrado ao sacerdote, E o
sacerdote o examinará, e eis que, se a pústula na pele se tem estendido, o sacerdote o declarará por
imundo; é lepra. Quando no homem houver praga de lepra, será levado ao sacerdote, E o sacerdote o
examinará, e eis que, se há inchação branca na pele, a qual tornou o pêlo em branco, e houver carne viva
na inchação, Lepra inveterada é na pele da sua carne; portanto, o sacerdote o declarará por imundo; não
o encerrará, porque imundo é.

Levítico 13:2-11

A lepra (em hebraico: tzaraat ou çãra‘ath) era uma palavra usada para várias doenças de pele, em outros casos, a
mesma palavra falava de manchas em roupas ou paredes, que nós poderíamos chamar hoje de fungo ou mofo, em
suma, algo que era cerimonialmente impuro. De acordo com a Lei, uma pessoa leprosa era considerada imunda:
“Disse o Senhor a Moisés e a Arão: O homem que tiver na sua pele inchação (inchaço), ou pústula (erupção), ou
mancha lustrosa (mancha brilhante), e isto nela se tornar como praga de lepra, será levado a Arão, o sacerdote, ou a
um de seus filhos, sacerdotes. O sacerdote lhe examinará a praga na pele; se o pêlo na praga se tornou branco, e a
praga parecer mais funda do que a pele da sua carne é praga de lepra; o sacerdote o examinará e o declarará
imundo” (Lv 13: 1-3). Alguns estudiosos sugerem que Levítico capítulo 13 incluía diferentes doenças sob o termo
gerais lepra, pois não há muitas indicações de que a doença fosse frequente na antiguidade, alguns dos sintomas
descritos se assemelham à psoríase, aos eczemas, às pústulas (vesícula com conteúdo purulento), ao vitiligo, às
cicatrizes de queimadura (ou quelóides = cicatrizes espessas), à micose (“tinha” ou “sicose”) na pele ou na barba e à
lepra. O diagnóstico era confiado ao sacerdote, os critérios usados para o diagnóstico da doença eram inchaço (ou
algum tipo de tumoração), pústula e erupção, onde os pêlos se tornaram brancos e a parte afetada aparecia mais
afundada que o resto da pele (Lv 13: 1-3), caso não se fizesse o diagnóstico de imediato, um novo exame era feito
após isolamento de sete dias. Caso houvesse dúvidas ainda, outro exame era feito sete dias depois, ou seja, a
capacidade de diferenciar entre o frio e o calor, e diminuição da sensação de dor no local, assim como a diminuição
da sudorese sobre a mancha, em alguns casos, não é mencionada, nem o espessamento dos nervos superficiais, que
são pontos essenciais para o diagnóstico da doença, de modo que a avaliação sacerdotal necessariamente envolvia
certo grau de imprecisão.

A situação de uma pessoa com lepra era a mais miserável de todas, pois suas vestes eram rasgadas, seu cabelo
desgrenhado, cobria o bigode e tinha que clamar: Imundo, imundo! (v.45), naqueles tempos a cura vinha apenas da
parte de Deus. Hoje o pecado atua como uma lepra, tomando conta de todas as pessoas, e ele precisa ser eliminado
de nossa vida, através do poder de Deus, do mesmo modo que biblicamente a lepra só tem cura em Deus, só somos
perdoados e livres de nossos pecados em Cristo Jesus.

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8. Leis referentes à terra
8.1. O ano do descanso
“Falou mais o SENHOR a Moisés no monte Sinai, dizendo: Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes: Quando
tiverdes entrado na terra, que eu vos dou, então a terra descansará um sábado ao Senhor. Seis anos
semearás a tua terra, e seis anos podarás a tua vinha, e colherás os seus frutos; Porém ao sétimo ano
haverá sábado de descanso para a terra, um sábado ao Senhor; não semearás o teu campo nem podarás
a tua vinha.” Levítico 25:1-4

Também conhecido por Shemitá (“libertação”, na tradução literal do hebraico), o ano sabático é descrito no Torá
como o período de descanso da terra, onde os judeus não podiam cultivar a agricultura. De acordo com as regras da
bíblia judaica, o ano sabático deve ser feito de sete em sete anos, ou seja, seis anos de cultivo da terra e o sétimo é
dedicado ao seu descanso e recuperação. O Senhor deu limites à natureza, e se esses limites naturais não forem
respeitados, o seu povo sofrerá as consequências. Tudo que a plantação dava naturalmente no sétimo ano seria para
os pobres e animais, ou seja, aqueles ex-escravos que acabaram de receber a liberdade (no ano sabático acontecia à
libertação dos escravos judeus), também estariam supridos por pelo menos um ano. Ono ano sabático o povo não
trabalharia a terra, comeria de suas reservas, e o tempo livre que geraria deveria ser tradicionalmente aplicado nos
estudos e ensinos das Escrituras, além de ensinar o povo depender exclusivamente de Deus. Para a Israel o ano
sabático figura o milênio, quando descansarão em paz na terra prometida, para a igreja simboliza o eterno descanso
que a em Cristo.

8.2. Ano do Jubileu


“Também contarás sete semanas de anos, sete vezes sete anos; de maneira que os dias das sete
semanas de anos te serão quarenta e nove anos. Então no mês sétimo, aos dez do mês, farás passar a
trombeta do jubileu; no dia da expiação fareis passar a trombeta por toda a vossa terra, E santificareis o
ano quinquagésimo, e apregoareis liberdade na terra a todos os seus moradores; ano de jubileu vos será,
e tornareis, cada um à sua possessão, e cada um à sua família. O ano quinquagésimo vos será jubileu;
não semeareis nem colhereis o que nele nascer de si mesmo, nem nele vindimareis as uvas das
separações, Porque jubileu é, santo será para vós; a novidade do campo comereis.

Levítico 25:8-12

Enquanto o sétimo ano é chamado de Ano de descanso (Levítico 25:5), o quinquagésimo ano é chamado de Ano da
remissão (Dt 15:9; 31:10), o Ano da liberdade (Ez 46:17) ou o Ano do Jubileu (Lv 25:10), mas semelhante ao ano
sabático o ano do Jubileu também é um ano de descanso (sabático), até porque, acontece após o ciclo de 7 vezes 7
anos. O termo “Jubileu” vem do hebraico, “yovel” que significa “ponta de carneiro”, que lembra o shofar (pequeno
chifre, trombeta) tocado como uma trombeta para anunciar o momento de cumprir as instruções de Deus. O termo
júbilo, em português, tornou-se por influencia judaica sinônimo de alegria, festa, regozijo. Como no ano sabático, no
ano do jubileu a terra deveria descansar. Sendo assim, a terra nesse período descansaria dois anos seguidos: no ano
49 (o sétimo ano da sequência) e no ano 50 (o chamado ano do jubileu). A princípio, todo israelita deveria ajudar
seus irmãos que, porventura, empobrecessem (Lv 25:35-37), se chegasse ao ponto de um hebreu se tornasse
escravo, deveria ser libertado no sétimo ano, já os escravos perpétuos deveriam ser os estrangeiros (Lv 25:44-46),
um israelita jamais deveria ser tirano com outro (Levítico 25:46). Em Israel um terreno (herança de família ou tribo)
não podia ser vendido para sempre, o seu preço dependeria da proximidade do ano do jubileu, pois, neste ano, as
posses que foram vendidas deveriam voltar para seu antigo dono, por isso, quanto mais perto do ano do jubileu,

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mais barato era o terreno (Levítico 25:14-17,23), assim as herança dos filhos de Israel nunca acabariam. No Novo
Testamento há alusões ao arranjo do jubileu, Jesus Cristo disse que ele veio para “pregar livramento aos cativos”. (Lc
4:16-18), mais tarde, ele disse com respeito à libertação da servidão ao pecado: “Se o Filho vos libertar, sereis
realmente livres.” (Jo 8:36) Visto que os cristãos são declarados justos para a vida e gerados como filhos de Deus, o
apóstolo Paulo podia escrever depois: “A lei desse Espírito que dá vida em união com Cristo Jesus libertou-te da lei
do pecado e da morte.” (Rm 8:2)

8.3. O Voto
“Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes: Quando alguém fizer particular voto, segundo a tua avaliação serão
as pessoas ao Senhor. Se for a tua avaliação de um homem, da idade de vinte anos até a idade de
sessenta, será a tua avaliação de cinquenta siclos de prata, segundo o siclo do santuário. Porém, se for
mulher, a tua avaliação será de trinta siclos. E, se for de cinco anos até vinte, a tua avaliação de um
homem será vinte siclos e da mulher dez siclos. E, se for de um mês até cinco anos, a tua avaliação de um
homem será de cinco siclos de prata, e a tua avaliação pela mulher será de três siclos de prata. E, se for
de sessenta anos e acima, pelo homem a tua avaliação será de quinze siclos e pela mulher dez siclos.
Mas, se for mais pobre do que a tua avaliação, então apresentar-se-á diante do sacerdote, para que o
sacerdote o avalie; conforme as posses daquele que fez o voto, o avaliará o sacerdote.”

Levítico 27:2-8

Promessa solene feita a Deus de realizar algum ato, fazer alguma oferta ou dádiva, ingressar em algum serviço ou
condição, ou abster-se de certas coisas que em si não são ilícitas. Um voto era uma promessa solene, feita de livre e
espontânea vontade. Sendo uma promessa solene, o voto tinha a força dum juramento, e, às vezes, as duas
expressões ocorrem juntas na Bíblia. (Nm 30:2; Mt 5:33) O “voto” é mais uma declaração de intenção, ao passo que
“juramento” indica o apelo feito a uma autoridade superior para que ateste a veracidade ou a natureza obrigatória
da declaração. Juramentos frequentemente acompanhavam a atestação dum pacto.
Tanto o último versículo do capítulo precedente quanto o deste 27 capítulo de Levítico, indicam que os
mandamentos deste livro foram dados por Deus quando o povo de Israel se encontrava acampado junto ao monte
Sinai. Neste último capítulo são descritos os procedimentos para os votos voluntários relativos a pessoas (v.2-8), a
animais (v.7-13), a casas (v.14-15) ou a campos (v.16-25). Nenhum voto era de caráter impositivo, mas uma vez
sendo feito pela iniciativa do próprio votante, deveria ser cumprido, conforme prescrito pela lei. A consagração de
pessoas ao Senhor seria feita com base na idade e no sexo, sendo que os valores a serem pagos ao sacerdote para
ser usado na administração do tabernáculo, foram fixados da seguinte forma, em siclos de prata:

· Sexo masculino – de 1 mês a 5 anos – 5 siclos (v.6);


de 5 a 20 anos – 20 siclos (v 5);
de 20 a 60 anos – 50 siclos (v.3).
acima de 60 anos – 15 siclos (v.7)

· Sexo feminino - de 1 mês a 5 anos – 3 siclos (v.6);


de 5 a 20 anos – 10 siclos (v 5);
de 20 a 60 anos – 30 siclos (v.4).
acima de 60 anos – 10 siclos (v.7).

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1. Introdução ao Livro de Números

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Proposito: O livro de Números é o diário de bordo de Moisés e do povo israelita, esse livro leva-nos a acompanhar a
viagem do povo judeu em seus 39 anos de peregrinação pelo deserto, até a preparação de sua entrada na Terra
Prometida. O proposito de Números é descrever todos os erros e acertos do povo em sua peregrinação, para que
servisse de exemplo para as gerações futuras de israelitas. Em números vemos a convivência diária do povo de Israel
com seu Deus, esses registros exortam os judeus de todas as eras a se enquadrarem na Lei e como sua obediência ou
desobediência acarretam recompensas de Seu Senhor, para a igreja deixa um conselho que Deus é santo e que cobra
santidade de seus filhos em sua vida diária.

Conteúdo: Enquanto levíticos é em sua maioria um livro teórico sobre as normas da Torah, Números é um livro
pratico que demonstra na vida diária a necessidade de aplicar e viver as regras aprendidas em Levíticos. Esse livro
contem os atos dos filhos de Israel durante seus 39 anos de deserto, começando no segundo ano do Êxodo (Nm
10:11-13) e terminando, nas planícies de Moabe no ano 40 da peregrinação. O registro mais importante do livro de
Números é o custo da rebeldia do povo, que movido pelas noticias pessimistas de 10 dos 12 espias, desejaram
interromper o projeto, porém, o custo desse levante, foi Deus impedir todo essa geração de entrar na terra
prometida (excetuando Josué e Calebe), esse proposito divino foi cumprido nos 40 anos de peregrinação, onde
morreu toda a geração rebelde (excetuando Josué e Calebe).

Data de Escrita e esfera de ação: O Livro de Números foi escrito provavelmente entre 1444 e 1406 a.C. (Do segundo
ano de peregrinação até a preparação para a entrada na terra de Canaã), a data segura para sua conclusão é no ano
de 1406 a.C. que marca o fim da peregrinação de Israel no deserto, portanto o livro foi concluído no final da jornada
de Moisés a frente do povo. A esfera de ação do livro é de 38 anos, desde a saída de Israel do Sinai até acamparem
nas planícies de Moabe para atravessarem o Jordão, o livro corresponde todo o tempo de peregrinação no deserto.

Relação de Números com Levíticos e Deuteronômio: O livro de Números começa imediatamente após a revelação
da Lei a Moisés no monte Sinai, portanto Levíticos interagem com o começo do livro de Números, o livro acaba nas
planícies de Moabe, defronte a Jerico, onde o povo passaria o Jordão, nesse ultimo acampamento Moisés profere os
discursos que deram origem ao livro de Deuteronômio, assim sendo, o final do Livro de Números interage com o
livro de Deuteronômio. Como sabemos que existe uma unidade entre os livros do Pentateuco, poderíamos colocar o
Livro de Levíticos no começo do livro de Números, e Deuteronômio no final desse.

2. Índice do livro de Números

1: No Deserto de Sinai - caps. 1 a 9).

(a preparação para a jornada).

2; De Sinai a Cades Barnéia - caps. 10 a 19.

(a primeira etapa da jornada - rebeldia e deslealdade).

3: De Cades Barnéia a Moabe - caps.20 a 36.

(Moisés perde a calma em Meribá – preparativos para entrar na terra).

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2.1. Resumo do contexto histórico
Números começa com a ordem dada pelo SENHOR em 1 de maio de 1444 a.C. para fazer o recenseamento do povo,
e termina com uma assembléia às margens do Jordão, pouco antes da morte de Moisés, a duração total dos
acontecimentos de Números é de 38 anos e 9 meses, que são divididos em quatro períodos.

A) Recenseamento e preparo para a marcha.

B) Jornada até Cades-Barnéia e a missão de espionagem.

C) Peregrinação no deserto em torno de Cades

D) Jornada em torno de Edom até as campinas de Moabe (5 meses).

3. Recenseamento e preparo para a marcha.


Falou mais o SENHOR a Moisés no deserto de Sinai, na tenda da congregação, no primeiro dia do
segundo mês, no segundo ano da sua saída da terra do Egito, dizendo: Tomai a soma de toda a
congregação dos filhos de Israel, segundo as suas famílias, segundo a casa de seus pais, conforme o
número dos nomes de todo o homem, cabeça por cabeça; Da idade de vinte anos para cima, todos os
que em Israel podem sair à guerra, a estes contareis segundo os seus exércitos, tu e Arão.

Números 1:1-3

Após a entrega da Lei, fato registado no Livro de Levíticos, Deus prepara o povo para a peregrinação, para isso
manda Moisés e Arão contar todos os homens com idade de 20 anos para cima, homens considerados aptos
fisicamente e com maturidade para guerra e outros trabalhos (por isso de 20 anos para cima). Para ajuda-los nessa
contagem Deus designou um cabeça de cada tribo (Nm 1:4-16), para facilitar o trabalho, o Senhor ordenou que
todos os homens de 20 anos para cima se agrupassem em descendência segundo as suas famílias, segundo a casa de
seus pais (Nm 1:18). Ficaram de fora dessa contagem militar os Levitas, povo destacado para o sacerdócio (Família
de Arão) e para administrar o Tabernáculo e das coisas santas do Senhor (Nm 1:49). Após a contagem de todos os
varões acima de 20 anos (excetuando os Levitas), o numero dos exércitos israelitas eram de seiscentos e três mil e
quinhentos e cinquenta.

Os filhos de Israel armarão as suas tendas, cada um debaixo da sua bandeira, segundo as insígnias da
casa de seus pais; ao redor, defronte da tenda da congregação, armarão as suas tendas. Números 2:2

Após o recenseamento Deus ordenou que as tribos de Israel fossem divididas em acampamentos tribais, sendo 3
tribo em cada um dos pontos cardeais, a leste ficaram as tribos de Judá, Issacar e Zebulom (Nm 2:3-9), Ao sul ficaram
as tribos de Rúben, Simeão e Gade (num 2:10-16, a oeste ficaram as tribos de Efraim, Manassés e Benjamim (Nm
2:18-24)e ao norte as tribos de Dã, Aser e Naftali (Nm 2:25-31). Os acampamentos dos Levitas estavam entorno do
Tabernáculo e marchavam depois das tribos do sul e antes das tribos do oeste (Nm 2:17). Abaixo colocarei uma
figura com a organização das tribos de israel.

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Segundo alguns estudiosos os acampamentos das tribos de Israel seguiam o padrão de uma romã, ou uma estrela de
6 pontas, assim em cada ponto cardeal as 3 tribos seriam dispostas em padrão que mantinha a tribo do meio na
frente e as duas extremas atrás, formando uma imagem de estrela, com essa geometria o exercito pareceria maior
em qualquer ângulo que o inimigo olhasse, pois, além de ver as 3 tribos do ângulo que olhar, ainda poderia ver as
outra duas tribos projetas de outros pontos cardeais, essa estratégia serviria para aumentar visualmente o exercito
de Israel em todos os ângulos, assim intimidaria seus adversários. Abaixo postarei a representação das formas
geométricas da estrela e da romã, fonte de inspiração para a formação do acampamento e uma representação da
disposição tribal segundo essa visão.

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