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SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DO CONCELHO DE OLIVEIRA DO BAIRRO

O desenvolvimento cognitivo e
emocional da criança
durante os dois primeiros anos de vida

Telma Batista
12 Janeiro 08
Desenvolvimento
Refere-
Refere-se às mudanç
mudanças qualitativas,
qualitativas tais como aquisição
e o aperfeiçoamento de capacidades e funções, que
permitem à criança realizar coisas novas,
progressivamente mais complexas, com uma habilidade
cada vez maior.

O crescimento
termina em determinada idade , quando esta alcança a sua
maturidade biológica

O desenvolvimento
é um processo que acompanha o homem através
de toda a sua existência
Desenvolvimento

O desenvolvimento abrange processos fisioló


fisiológicos,
psicoló
psicológicos e ambientais contínuos e ordenados, ou
seja, segue determinados padrões gerais.

Tanto o crescimento como o desenvolvimento


produzem mudanç
mudanças nos componentes fí físicos, mental,
emocional e social do indiví
indivíduo, independentemente de
sua vontade.
Desenvolvimento
As mudanç
mudanças ocorrem segundo uma ordem invariante.

Por exemplo:
 antes de falar a primeira palavra a criança balbucia;
 antes de formar uma sentença completa com sujeito,
predicado e complemento, ela usa frases monossílabas;
 antes de andar , a criança senta-se e gatinha.

Estas sequências seguem um padrão de evoluç


evolução e da
mesma forma acontece em outras áreas do
desenvolvimento.
Desenvolvimento
Embora todas as crianças progridam com certos
padrões, a idade em que cada uma se torna capaz de
executar actividades novas e a maneira como as executa,
varia de uma para outra.

Por exemplo: uma criança pode desenvolver-se de uma


forma lenta , rápida , regular ou irregular em vários aspectos
de sua vida.

E esta é uma das várias razões para se afirmar que uma


criança não deve ser comparada com outra, pois cada
uma segue um estilo pró
próprio e um ritmo peculiar de
desenvolvimento.
Factores que influenciam o
desenvolvimento
Há factores que interferem desenvolvimento infantil e que
começam actuar mesmo antes do nascimento e continuam
durante toda a vida dos indivíduos.

1. Aspectos bioló
biológicos e psicoló
psicológicos da pró
própria crianç
criança:
• tendências hereditárias (ex.: propensão a determinada
doença),
• constituição física, sexo (menino ou menina),
• tipo de personalidade (ex.: introvertida/extrovertida)
Factores que influenciam o
desenvolvimento
2. Famí
Família:
• Nível sócio-económico
• Religião e cultura
• Casamento/Divórcio
• Forma de comunicação entre pais e filhos

3. Escola:
• Professores
• Colegas
• Proposta pedagógica e metodologia de ensino
• Avaliação da aprendizagem e do comportamento
O Desenvolvimento
Cognitivo
O desenvolvimento cognitivo é um processo
interno, mas pode ser observado e "medido"
através das acções e da verbalização da criança.
O Desenvolvimento
Cognitivo
Envolve :
capacidades::
O processo de pensamento, o qual inclui as seguintes capacidades
• compreensão dos factos que ocorrem à sua volta;
• percepção de si mesmo e do ambiente;
• percepção de semelhanças e diferenças;
• memória;
• execução de ordens;
• compreensão de conceitos de cor e de forma;
• compreensão de tamanhos;
• compreensão de espaço;
• aquisição de conceitos e o estabelecimento de relações entre
factos e conceitos;
• compreensão de tempo e a relação dos conceitos entre si.
O Desenvolvimento Cognitivo
O desenvolvimento dá
dá-se de maneira contí
contínua desde os
primeiros dias.
dias

Piaget descreveu vários está


estágios do desenvolvimento:
- cada estágio é constituído sobre as estruturas do
anterior, isto significa que:
- cada etapa superada é uma preparação para o estágio
seguinte.

Assim, a crianç
criança necessita de estimulaç
estimulação visual,
auditiva e tá
táctil para que sua inteligência se desenvolva.
desenvolva
O Desenvolvimento
Cognitivo
De acordo com Piaget,
no início a criança ainda não representa
internamente e não "pensa" conceptualmente.
O seu pensamento é constituí
constituído pelas suas
sensaç
sensações (sensó
(sensório) e pelos seus movimentos
(motor), ou seja ,
ela descobre as propriedades dos objectos do
seu ambiente manipulando-
manipulando-os.
os
0 - 18/24 meses
Estágio sensório-motor
• A actividade cognitiva durante este estágio baseia-
se, principalmente, na experiência imediata atravé
através
dos sentidos em que há interacção com o meio
(esta é uma actividade prática).

• Na ausência de linguagem para designar as


experiências e assim recordar os acontecimentos e
ideias, as crianç
crianças ficam limitadas à experiência
imediata (vêem e sentem o que está a acontecer, mas não
têm forma de categorizar a sua experiência)
O Desenvolvimento Emocional
• É nesta fase , dos 0 aos 2 anos, que a criança
experiencia o que lhe é próprio, aquilo que é
externo, ou seja, quando ela tem consciência do
"eu".

• a presença da mãe ou de algum adulto é de suma


importância para atender as necessidades da criança,
fazendo o papel de ego-
ego-auxiliar

• Isto propicia à criança diferenciar o que faz parte do


seu interior e o que faz do mundo exterior
O Desenvolvimento Emocional
No início da consolidaç
consolidação do “eu”,
eu se as necessidades
da básicas da criança, quando manifestadas, forem
satisfeitas…

• desenvolve o sentimento de confianç


confiança bá
básica,
sica

• favorece a aquisiç
aquisição da noç
noção de causalidade e
temporalidade

• Ou seja, ela tem condições de confiar no adulto mesmo


quando este não estiver presente.
O Desenvolvimento Emocional
• Alguns aspectos negativos para o desenvolvimento
de uma personalidade segura são:
pais impacientes, hostis, que não atendem as
necessidades da criança

o que pode gerar:


ansiedade, medo, sensação de isolamento e
abandono nas crianças.
O Desenvolvimento Emocional
• O aspecto fundamental durante a construç
construção do
eu” na infância, está ligado a:
“eu”

um clima emocional estável,

onde a criança tem condições de receber amor e


segurança.
Aos 4 meses
• está a aprender que pode adiar o choro olhando à
sua volta para se entreter (a sua visão já se ajustou e
consegue focar o olhar para além de um rosto próximo, o
peito ou o biberão);

• consegue absorver mais do ambiente que o rodeia e


pode perder o interesse no leite para se inteirar de
tudo o que acontece à sua volta;

• começou a aprender a prolongar os estados de sono


e vigília, para adaptar os seus ciclos aos horários dos
pais;
Aos 4 meses
• está a desenvolver a capacidade de esperar, de mudar
a sua atenção, de se entreter observando o mundo,
de usar as suas acções para responder e lidar com os
seus sentimentos – fome, cansaço, aborrecimento,
solidão.

• consegue pegar num brinquedo e brincar sozinha


por breves instantes;
Dos 4 aos 5 meses

• sabe que pode chamar os pais a si – ela reconhece as


suas necessidades bá
básicas e comunica-
comunica-as com clareza
(uma experiência precoce de auto-afirmação);

• quando alguma coisa não estáestá bem – tem fome,


está suja, aborrecida ou só – a criança protesta de
forma cada vez mais especí
específica;

• já aprendeu com as respostas dos pais aos seus


pedidos. Por ex.: quando chora ou faz uma expressão de
desconforto, os pais vêm consolá-la;
Dos 4 aos 5 meses
Estas primeiras experiências de expressão das necessidades
e de as ver satisfeitas…
aumentam a confianç
confiança do bebé
bebé
na sua capacidade de agir sobre o mundo e
de saber que a sua acção tem resultados.

Ele está a descobrir: “Eu sou importante!”


Dos 4 aos 7 meses
• Já tem consciência da alegria que é interagir com os
outros – pelo simples prazer de o fazer;

• Desenvolve a capacidade para variar e refinar os


choros, os sons as expressões faciais e os gestos para
chamar a atenção dos pais.

Por exemplo, nesta fase é natural que a criança choramingue


muito. Os pais podem pensar que…
- lhe estão a crescer os dentes…
- ou ficam sem saber porque é que ela fica tão inquieta quando
não tem ninguém por perto.
- ou que a criança está a manipulá-los, mas…
Dos 4 aos 7 meses
• A criança está a aprender a alegria de reconhecer e
lidar com os seus sentimentos.

• Está a explorar todas as novas formas de expressar as


necessidades e levar os outros a atenderem-nas.

Cada vez que se exprime, aprende mais sobre os seus


controlos internos
e a importância que tem no seu mundo
Dos 4 aos 7 meses
O que os pais podem fazer?

• Devem evitar correr a consolar a criança, dar-lhe de


comer ou pegar-lhe ao colo de cada vez que ela
soltar um gemido e chorar;

• Tentem compreender o que a criança lhes está a


pedir e ajudá-la a ser mais clara nos seus pedidos:
“Porque estás a chorar? Queres um brinquedo? A bola?”
Dos 4 aos 7 meses
• Ajudem a criança a contrariar a impaciência e a
descobrir a motivação para fazer sozinha aquilo que
já consegue fazer: “Aqui tens a bola. Consegues vir
buscá-la?”

Desta forma estão a ajudá-la a:


- ser capaz de esperar…
- a desenvolver recursos interiores que ela pode usar
para dominar sentimentos como o aborrecimento e a
raiva
Dos 4 aos 7 meses

• Quando a crianç
criança der gritos agudos…
agudos

- perguntem-lhe calmamente: “Que queres?”

- vão explorando várias possibilidades …

- vão observando para ver se o tom vai ficando mais


suave à medida que ela a escuta e observa.
Dos 4 aos 7 meses
• Mas por outro lado, se os pais ignorarem muitas
vezes o choro da crianç
criança, se não lhe prestarem
atenç
atenção suficiente…
suficiente…

- a sua auto-estima começa a desmoronar-se…

- em vez de demonstrar aquilo que precisa, a criança


espera passivamente pelas refeições e pelo sono;

- vai perdendo a esperança de ver as suas necessidades


feitas e desiste de entrar em relação.
Dos 8 aos 11 meses
• Por volta desta idade, quando os bebés aprendem a
gatinhar, encaminham-se logo para objectos
proibidos como a televisão, o fogão, a sanita…

• As palavras “Não! Não!”


Não!” são o incentivo para a
descoberta do bebé
bebé de se movimentar.
movimentar Ao afirmar-
se, o bebé vai querer perceber o que a mãe pensa
das suas conquistas;

• Ele não consegue apenas expressar-se com maior


clareza, mas também interpretar os pensamentos da
mãe atravé
através da sua expressão facial;
facial
Dos 8 aos 11 meses
Por exemplo, quando começa a gatinhar para longe, olha de
relance para os pais, tentando perceber como o seu
comportamento faz mudar a sua expressão. Isto fá-lo sentir-
se muito poderoso.

• O bebé precisa saber que a mãe está perto para o


proteger dos seus próprios impulsos, ao explorar o
mundo que está cada vez mais ao seu alcance “Não
podes fazer isso…””Não mexas no fogão”;

• Quando os pais o impedem, grita zangado, mas


olha para eles para se certificar de que a estão a
escutar e continua determinado a fazer aquilo que
estava a fazer .
Dos 8 aos 11 meses
• O bebé
bebé precisa que os pais lhe demonstrem a sua
determinaç
determinação – com cara e voz sésérias.
rias (O rosto dele
suaviza-se e talvez até se aninhe em si);

Estes episó
episódios ajudam o bebé
bebé a perceber …
 o seu poder para fazer reagir os pais
 a previsibilidade das suas reacções
 a sua prontidão para lhe dar os controlos de que ele
necessita para contrabalançar a excitação da
exploração
 que está seguro e que os pais se importam com ele
Dos 8 aos 11 meses
• o bebé é capaz de estender o braço e o indicador
para apontar para aquilo que quer. Usa a linguagem
corporal para dizer: “Olha para aquilo. Quero que olhes
para lá”. Ou até: “Dá-me aquilo”.

• já aprendeu formas de se afirmar e causar agitação.


Por exemplo: Se a mãe estiver ao telefone, o bebé gatinha
até à ficha e aponta para ela. A mãe larga o telefone e corre
para a criança e esta percebe que é capaz de puxar a ficha.
Dos 8 aos 11 meses
• O bebé está a desenvolver a motricidade fina,
fina por exemplo,
pegando em pedacinhos de comida com o polegar e o indicador;

• começa a experimentar novos poderes e que isso tem


efeito nos pais, por exemplo:
- deitar pedaços de comida para o chão, faz com que os pais a
apanhem ou lhe gritem;
- atirar com os brinquedos para fazer muito barulho e bater
ruidosamente na mesa faz com que lhe dêem atenção;
- choramingar, dar pontapés e contorcer-se enquanto lhe mudam
a fralda, faz com que os pais se exasperem.

fazer os pais agirem torna-se parte da diversão


Dos 8 aos 11 meses
Nesta idade o bebé :
• é capaz de perceber o efeito que produz nos pais
com cada exploração que faz;
• está a aproximar-se um sentido de poder sobre o
mundo;
• está a começar a testar e aprender os limites…

Estas são as primeiras formas de auto-


auto-afirmaç
afirmação
Dos 8 aos 11 meses
O que os pais devem fazer:

• controlar a irritação, ao mesmo tempo que…

• lhe mostram os limites de que ele necessita


enquanto testa a sua independência com estas
novas capacidades.
Dos 12 aos 15 meses

• Aos 12 meses, o bebé talvez já tenha começado a


andar ou se esteja a preparar para o fazer.

• Isso significa maior independência e oportunidades


para exploraç
explorações audaciosas;
audaciosas

• as coisas para o bebé podem ser tão excitantes que


ele perde o controlo, pois tem dificuldade em gerir
a excitaç
excitação de tomar as suas pró próprias decisões (“Será
que devo ir por aqui ou por ali?”) e testar ideias novas (“e
se fosse ver o que há dentro do armário?”)
Dos 12 aos 15 meses
• Perante tantas possibilidades avassaladoras de
explorar o mundo,
mundo de independência, a criança
procura conter-se, mas acaba por ficar ainda mais
frenética;

• Não consegue controlar-se sem a ajuda dos pais,


mas quando estes lhe pegam ao colo, ou a
impedem de avanç
avançar, grita de frustraç
frustração ou talvez
até
até faç
faça birra…
birra…
(no entanto, estes têm que a impedir de avançar para lugares
potencialmente perigosos)

Andar é uma forma de auto-


auto-afirmaç
afirmação
Dos 12 aos 15 meses
• Na maioria das vezes a criança ainda não consegue
controlar a sua raiva…

• Pode começar a morder e a puxar os cabelos – são


novas formas de se expressar e de descobrir o que daí
resulta.

• Por exemplo, quando morde/puxa os cabelos à mãe e


esta grita: “Ui!” a criança ri-se e volta a fazê-lo. “O que é
que acontece se eu voltar a fazer isto?”
A mãe diz: “Não! Não!” a criança fica excitada mas
assustada ao mesmo tempo “Que é que eu fiz?”, “Será que
se eu voltar a fazer isto a minha mãe zanga-se comigo?”
Dos 12 aos 15 meses
• Aos poucos e poucos vai aprender a deixar de
morder, se a reacção dos pais for firme: “Não! Isso
dói!” e estes a puserem no chão e virarem-lhe as
costas;
A crianç
criança está
está:
 a descobrir o prazer de provocar uma agitação e
aborrecer os pais;
 testar novas formas de comunicação com os pais
(pois esta sua preparação para a separação começa a
complicar a relação com eles)
Dos 12 aos 15 meses
• ao focalizar toda a sua energia no “aprender a andar”, o
sono, a alimentaç
alimentação e os primeiros controlos
emocionais podem ser afectados:
afectados
– recusar-se a adormecer e começar a acordar a meio da
noite, ficando agarrada às grades da cama, de 4 em 4
horas, a gritar: “Ajudem-me! Quero praticar, quero
andar!”
– perder o interesse pela comida e gritar…
– facilmente se vai abaixo…
• como está prestes a começar a andar, mas ainda não
consegue fazê-lo…O O seu desespero e frustraç
frustração
transformam-
transformam-se em exigências insensí
insensíveis feitas a todos os
que a rodeiam.
Dos 12 aos 15 meses
O que os pais devem fazer:

• ajudarem-na a atravessar esta fase de reorganização


- encarar as mudanças como algo temporário, pois
é uma prova que a criança tem que passar para
começar a andar;

• sobreviver às explosões de raiva/ frustração/


desespero da criança e à falta de sono, sem se
sentirem desesperados e magoados;
Dos 12 aos 15 meses
• quando ela chora ou faz birra é melhor não
intervirem, para a criança aprender a confortar-se
sozinha e não reforçar esse comportamento;

• pode ensinar-lhe maneiras de se controlar – um


brinquedo, a chucha, etc. e quando ela for capaz de
o fazer, mostrar-lhe o quanto se orgulham dela.

• a disciplina e os limites são importantes para a


criança...
, 15 meses
Dos 12 aos
• mas quando a birra se descontrola e ela não é capaz
de se confortar sem ajuda, os pais devem confortá-
a, por exemplo, pegando-lhe ao colo – mas fazer isto
o menos possível, para ver se ela é capaz de se acalmar
sozinha.

• colocar limites à sua disponibilidade - quando ajudar,


quando impor limites, quando deixar o autocontrolo a
cargo da criança – para que ela possa perceber que
essas são conquistas suas.
Dos 12 aos 15 meses

• começa aos poucos a descobrir a permanência do


objecto – o facto de um objecto ou uma pessoa
existirem, mesmo quando longe da vista;

• pode começ
começar a “desaparecer”
desaparecer”, por exemplo, a
afastar-se da sala onde estão os pais – está a tentar
provocar e a testar os pais, se eles irão procurá-la.
Dos 12 aos 15 meses
• ela precisa testar os pais mais do que nunca,
nunca pois
como descobriu que pode fugir, anseia pela segurança
dos limites que eles lhe dão.

• ela já aprendeu que pode separar-se deles, fazendo-os


“desaparecer” quando sai da sala, mas pode continuar
a pensar neles, pode mantê-los na sua cabeça…

• mas agora tem de enfrentar a dúvida sobre o que


acontece quando os pais se separam dela…
dela…
Dos 12 aos 15 meses
• a meio deste processo de independência a criança
está
está mais sensí
sensível às ocasiões em que a mãe/pai tem
de a deixar - grita ou perde o controlo, quando a mãe
se afasta dela.

• é provável que comece a fazer birra para tentar


manter os pais pró
próximos de si, por exemplo,
quando é deixada na creche

• a criança sabe que os pais estão algures, mas não com


ela, o dia todo. Sabe que vai ter saudades, chorar por
eles, mas não consegue fazê-los voltar antes deles
decidirem que chegou a hora;
Dos 12 aos 15 meses

• a criança já não se contenta em mostrar aos pais no


final do dia, o que sente por a terem deixado. Agora
ela mostra-
mostra-o antes deles partirem, na tentativa de os
manter junto de si.

• Por exemplo, choraminga a caminho da creche, percebe que


os pais ficam tensos e sérios, mas continua a protestar num
tom mais audível até se transformar em birra por ser deixado
– a criança aprendeu que esta é uma maneira de fazer os pais
demorarem-se mais antes de partirem...
Dos 12 aos 15 meses
• já aprendeu que os seus protestos são ouvidos,
mesmo que não tenham sempre a resposta de que
ela gostaria;

• protestar e testar os sentimentos e as acções dos


pais, ajudam-na a lidar com os sentimentos de raiva
por ser deixada (isto exprime a sua ligação aos pais);

• experimenta cada vez mais sentimentos que não


têm de ser satisfeitos, mesmo que os exprima com
grande clareza.
Dos 12 aos 15 meses
O que os pais devem fazer:
• compreender as exigências das crianças (os seus
protestos por se separar)mas devem partir, para a
criança compreender que estas separações não a
magoam a ela nem aos pais;

• se os pais cederem aos pedidos da criança para não


se irem embora, ela interroga-se se o seu receio
tem fundamento e se algo de mal aconteceria se os
pais fossem embora.
Dos 16 aos 23 meses
• Dos 16 aos 18 meses é a idade do “EU”
EU”: “Eu tento.
Eu quero fazer. Deixa-me fazer.”

• As acç
acções de auto-
auto-afirmaç
afirmação têm um sentido mais
perigoso…
perigoso

• Ao morder ou bater nos pais, estes gestos parecem


muito menos acidentais ou exploratórios, pelo
contrário, parece que está
está a tomar uma posiçposição,
como se dissesse: “Que vais fazer em relação a isto?”
Dos 16 aos 23 meses
• As crianças não param de ter ideias e precisam de as
experimentar de imediato:
Por exemplo, ao experimentar andar, ela quer dar passos
sozinha e dirige-se para sítios potencialmente perigosos,
como se fosse um foguete.

• Os pais devem agir com firmeza e determinação


“Não voltes a fazer isso!”
(talvez a criança até não volte, mas por enquanto, os pais
ainda não podem contar com ela para se controlar)
Aos 24 meses
• A criança esforç
esforça-se muito para aprender:
aprender sobre si
própria, sobre a necessidade que tem dos pais e
sobre como se tornar independente sem os perder;

• Ao continuar a provocar os pais e levá-los aos


limites, ela testa-os para perceber se continuarão a
apoiá-la
(a vontade de tentar coisas sozinha, de ver até onde pode ir,
depende de ser capaz de contar com eles na retaguarda);
Aos 24 meses
A criança sente…
sente…
• por um lado uma grande excitaç
excitação por querer
experimentar coisas sozinha (“eu sou capaz de tomar as
minhas próprias decisões”),
• mas por outro uma nova vulnerabilidade,
vulnerabilidade pois
precisa que tomem conta dela (é divertido, mas
também é assustador)

• É também mais capaz de se concentrar naquilo que


quer, manter-
manter-se persistente e resistir às distracç
distracções
(agora é muito difícil distraí-la de algo que não pode ter) –

isto permite-lhe procurar os seus interesses com


maior determinação.
Aos 24 meses
• Os sentimentos da criança são mais fortes que
nunca;

• ela ainda não está preparada para identificar e


exprimir claramente os seus sentimentos e muitas
vezes não consegue deixar de ser levada por eles;

• as crises (as birras, bater, morder) vão surgir – a


cada mudança, a cada transição para uma nova
actividade, de cada vez que tiver de parar;
Aos 24 meses
• a crianç
criança faz uma birra porque sente-se assustada
pela sua perda de controlo…

• fá-lo repetidamente até aprender a controlar o


poder dos seus próprios sentimentos e os
comportamentos assustadores que eles
desencadeiam;
cada vez que faz uma birra, ela obtém uma reacção – assim
aprende quando e onde os pais estão menos/mais dispostos
a ajudá-la a acalmar-se e controlar-se
Aos 24 meses
• as birras acontecem onde têm maior impacto,
impacto ou
seja, nos lugares e nas alturas mais inconvenientes e
mais mortificantes para os pais, por ex.: nos
supermercados, numa festa de aniversário
(estas situações são as mais estimulantes e assustadoras
para a criança)

• as birras são mais prová


prováveis quando a criança se
sente frustrada ou não lhe fizerem a vontade ou
quando está cansada, tem fome, está stressada ou
demasiado estimulada – e os pais também
Aos 24 meses
• as causas das birras podem ser lutas internas, isto
porque a criança que tem muita vontade de fazer as
coisas “sozinha”, de tomar as suas próprias decisões
(“Faço ou não faço?”) fica aflita com a sua própria
incapacidade de o fazer e de repente desata a chorar…

Se um dos pais a tentar confortar, ela prolonga o


choro, gemendo, agitando-se. É como se estivesse a
dizer: “Deixem-me em paz! Esta decisão é minha”
Aos 24 meses
Mas quanto mais a criança luta contra os pais e
contra o facto de se sentir impotente, mais
impotente fica e isso faz com que se jogue ao chão
e se desfaça em lágrimas.

A birra é uma tentativa desesperada de lutar contra


esses sentimentos – embora seja uma batalha perdida.
Aos 24 meses
• Bater e morder podem agora tornar-
tornar-se problemá
problemáticos:
ticos
a criança fica muito excitada, frustrada e descontrola-
se, é possível que desate a gritar, bater ou morder…

• Se, ao perder o controlo, a criança bate ou morde


outra criança com quem estava a brincar…
- ela pode ficar tão surpresa/ assustada quanto a criança que é
agredida e que começa a chorar, isto porque,
- os adultos nunca lhe responderam assim e ela não queria
magoar a outra, só queria descarregar a tensão,
Aos 24 meses
Quando agride sente-se assustada…ainda mais se os
outros a olharem como se tivesse peçonha.

As reacç
reacções dos adultos podem aumentar a
ansiedade da crianç
criança…

A crianç
criança que agride també
também precisa do conforto de
adultos carinhosos, de limites e da certeza de que
pode aprender a controlar-se
Aos 24 meses
Como podem os adultos ajudar a crianç
criança a
reconquistar o auto-
auto-controlo e aprender a
não bater nem morder?
• se conseguirem reconhecer antecipadamente os
sinais que levam a criança a bater ou a morder
podem…
tentar pegar-lhe e ajudá-la a acalmar-se antes dela
“atacar” outra criança;
(ela acabará por reconhecer os seus próprios sinais de aviso e
recuar, antes que seja tarde demais)
Aos 24 meses
• se já não forem a tempo de a fazer parar,
mantenham-se calmos, peguem-lhe ao colo,
acalmem-na e segurem-na...

• depois digam-lhe que vai ter de ficar sozinha até estar


preparada para pedir desculpa e se controlar;
(este breve período de isolamento é mais eficaz do que as
reacções excessivas que podem fazer com que o descontrolo
da criança lhe pareça mais assustador ou levá-la a testar estas
respostas, mordendo ainda mais)
Aos 24 meses
• Quando a criança estiver preparada para a escutar,
falem-lhe calmamente, mas com firmeza: “Aquilo
magoa. Não podes fazê-lo a mais ninguém. Quando
estiveres mais calma, vais pedir-lhe desculpa. Na próxima
vez, eu vou ajudar-te, antes que voltes a morder”

• Devem assegurar-lhe que ela é capaz de aprender a


controlar-se e, até o conseguir, pode contar com os
seus limites: “Não posso deixar-te fazer uma coisa destas”.
Dos 2 aos 3 anos
• A criança parece estar, por vezes, muito séria através
da sua expressão facial e do ritmo do andar – ela
está
está a esforç
esforçar-
ar-se por entender o mundo que a
rodeia;
rodeia

• A crianç
criança decide o que quer e preocupa-
preocupa-se por
poder ter de lutar para o obter (adora os pais, mas
tenta contornar as ordens deles);
Dos 2 aos 3 anos
• Sente-se dividida entre a fome de afecto e a
necessidade de se afirmar;

• Quando os pais tentam reprimir um dos seus novos


empreendimentos, por exemplo, mudar o lugar da
mobília – a criança prepara-se para se rebelar e
procura novas maneiras de manter a sua preciosa
independência;
Dos 2 aos 3 anos
• Aprender a usar a casa de banho pode ser uma
ocasião de auto-
auto-afirmaç
afirmação:
 a criança pode sentir-se entusiasmada com a possibilidade
de se identificar com o mundo dos crescidos mas…
 se for pressionada para deixar as fraldas e começar a usar a
casa de banho (antes dela estar preparada para o fazer), a
criança pode não ver isso como uma oportunidade de se
tornar independente – é provável que resista ou que sinta
que está a ser controlada e pode recusar-se a usar o bacio
ou reter as fezes;

 a retenção das fezes pode querer dizer: “Isto é parte de


mim. Quero tomar conta de mim”
Dos 2 aos 3 anos
O que os pais podem fazer?
 não pressionar a criança para utilizar o bacio ou a casa de
banho;
 mostrarem-lhe que é ela quem tem de decidir quando
está preparada;
 controlarem as suas observações acerca do desejo de que
ela use a casa de banho, mesmo que o faça com delicadeza
(“Tenta, senta-te no bacio só um bocadinho. Faz isso pela
mamã…. A mamã não te pode levar para o infantário se ainda
usares fraldas.”)
 pedir conselho ao médico sobre a forma de manter as
fezes moles para que a criança não evite evacuar com
medo da dor.
Dos 2 aos 3 anos
Se deixar que seja a crianç
criança a aprender a usar a casa
de banho sozinha…
sozinha…

 ela decide qual a melhor altura para o fazer e vai agir de


acordo com essa decisão – será uma conquista dela;
 ajuda-a a transformar a resistência à sua pressão numa
tomada de decisão própria, a sua declaração de
independência;
 é uma oportunidade de a deixar sentir que controla o seu
próprio corpo;
Dos 2 aos 3 anos
• As birras nesta idade podem começar a parecer
menos uma perda de controlo e mais uma
afirmaç
afirmação da capacidade de a crianç
criança controlar os
pais;
• Agora ela faz uma birra para mostrar que para ela é
importante fazer as suas pró
próprias escolhas: “ Quero
vestir a blusa cor de laranja e não a verde!”

• Quando a criança está zangada ou se sente


frustrada, talvez não demonstre logo o que sente,
para explodir mais tarde (será mais difícil perceber a
origem da birra)
Dos 2 aos 3 anos
• continua a fazer birra quando não lhe fazem a
vontade ou sempre que lhe dizem “Não!”
Não!” – no
entanto, por exemplo, quando se atira ao chão, fá-
lo com um certo dramatismo.
dramatismo

• com a birra está


está a pedir aos pais que o seu poder
seja reconhecido – se os pais cederem, normalmente a
birra pára e aí ela fica com mais poder do que é capaz de
gerir.

• recorre às birras apenas quando não sabe já como


obter o que quer (já não são tão divertidas para a criança
como antes eram).
Dos 2 aos 3 anos
O que os pais podem fazer?

 deixá-la tomar decisões para ela sentir que tem o


controlo da situação, mas apenas quando tal for
possível. Por exemplo, deixe-a carregar no botão do
elevador, mas não em todos.

 Deixem-na fazer escolhas simples desde que o que


ela escolha seja aceitável
Dos 2 aos 3 anos
• Deixem bem claras quais as escolhas que ela não
pode fazer: “Não, não vamos comprar coca-cola nem
batatas fritas. Mas podes escolher se vamos levar pêras ou
maçãs.”;

• Não encarem as brigas como algo pessoal (se o


fizerem, estarão a dar-lhe mais força).

• Mantenham a calma e, através da vossa não reacção,


desarmem-na, fazendo-lhe ver que: “A tua birra não
vai obrigar-nos a fazer-te a vontade”. Mantenham a
vossa posição.
Dos 2 aos 3 anos
• depois, se não houver perigo, afastem-se;

• caso contrário, se houver algum perigo, fiquem


junto da criança e observem-na, mas não interajam
com ela;

• quando tudo terminar, peguem-lhe ao colo e


acarinhem-na.
Dos 2 aos 3 anos
• As razões para uma crianç
criança desta idade ser agressiva
podem ser: chamar a atenção; raiva por ter sido
frustrada na brincadeira, sobrecarga de sensações ou
cansaço, auto-defesa contra uma ameaça real ou
imaginária);

• mas nenhuma destas razões desculpa os pontapés e


os beliscões – as consequências devem ser
imediatas, firmes e consistentes;

• a criança precisa saber que é responsável pelo seu


comportamento.
Dos 2 aos 3 anos
• Mas quando a crianç
criança recorre repetidamente às
agressões fí
físicas (bate, belisca ou morde) ou parece
incapaz de mudar para uma atitude mais pacífica quando
está a brincar com os amigos, poderá
poderá ser a única forma
que encontra de mostrar que algo mais sé
sério a está
está
a perturbar:

ex.: a chegada de um bebé à família; a hostilidade entre dois


pais que estão com problemas no casamento; estar assustada
por uma criança mais velha estar a atormentá-la; a criança
pode ter um atraso no desenvolvimento da linguagem que a
impede de expressar as suas necessidades e a deixa
completamente frustrada…

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