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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM EDUCAÇÃO DE PESSOAS COM

TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA E/OU COM ATRASO NO DESENVOLVIMENTO


INTELECTUAL: CONTRIBUIÇÕES DA ANÁLISE DO
COMPORTAMENTO APLICADA (ABA)

DISCIPLINA 3: ANÁLISE DO COMPORTAMENTO APLICADA III: COMPORTAMENTO


VERBAL
Prof. Dr. Jonas Fernandes Gamba

TRADUÇÃO

Utilizando atrasos de tempo para promover fala espontânea em uma criança autista.

Rita Ingenmey e Ro Van Houten

Um dos mais frequentes déficits observados em crianças autistas é a ausência de fala


espontânea. Utilizamos múltiplas linhas de base através de comportamentos para investigar
a efetividade de induzir a fala espontânea em um menino autista de 10 anos de idade
durante brincadeiras. Primeiramente ensinamos a criança a imitar ensaios de instruções
verbais que descreveram a resposta motora da criança. Assim que a criança atingiu o
critério de imitação, implementamos uma linha de base em que um comando verbal
imediato para falar foi fornecido depois de cada resposta motora da criança. A intervenção
consiste em uma demora gradual na apresentação das instruções verbais. O atraso de
tempo efetivamente aumentou a fala espontânea da criança em itens treinados; algumas
generalização para itens não treinados também ocorreram, porém, ​somente dentro da
classe de comportamento da brincadeira com carro. A generalização também foi
observada em diferentes contextos. A fala espontânea se manteve em altos níveis durante
os 4 meses de manutenção do comportamento da brincadeira ​do carro​, porém, diminuiu a
um segundo comportamento. A diminuição da latência na resposta sugere que a fala
espontânea talvez seja uma resposta verbal antecipatória.

Uma criança autista, enfrentando uma disposição não verbal, raramente irá realizar
uma resposta verbal (e.g., Charlop, Schreibman, & Thibodeau, 1985). Isto é, a criança
autista se mantém calada e fala somente quando verbalmente induzida por por outra
pessoa com uma questão ou comando. Esta falha para utilizar a fala espontaneamente
parece não natural para outras pessoas e é um obstáculo para a comunicação normal - uma
especial preocupação entre educadores e pais, devido a importância da comunicação
espontânea no desenvolvimento social.

O procedimento de atraso de tempo aumentou a fala espontânea em crianças


autistas e com deficiência intelectual. Por exemplo, Charlop et al. (1985), ensinou crianças a
imitarem a declaração do instrutor: “Eu quero ___” na presença de objeto apropriado.
Depois, um atraso foi inserido entre a apresentação do objeto e o comando verbal. Todas
as crianças começaram a solicitar o objeto desejado durante o tempo de adiamento.Suas
solicitações também foram generalizadas entre os cenários, pessoas e objetos.
Similarmente, Charlop e Walsh (1986) usaram o procedimento de atraso de tempo para
ensinar crianças autistas a expressar afeição verbalmente. As crianças foram instruídas a
dar um abraço em uma pessoa conhecida ou pai e dizer “Eu gosto (amo) você.”
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Verbalizações espontâneas de afeto aumentaram quando o atraso de tempo foi


implementado e generalizado através dos cenários. Estes resultados são particularmente
encorajadores por conta da dificuldade da obtenção de generalização em crianças autistas
(Lovaas, Koegel, Simons, & Long, 1973). Infelizmente, a durabilidade destas mudanças de
comportamento produzidas com o procedimento de atraso de tempo ainda tem de ser
demonstrado (veja Haden & Zane, 1987); testes de acompanhamento não foram
conduzidos além de duas semanas após os treinamentos (Charlop & Walsh, 1986).

Existem muitas outras situações em que crianças “normais” falam sem comando.
Neste experimento, o procedimento de atraso de tempo para induzir falas apropriadas e
espontâneas durante o estudo. Uma criança com autismo foi ensinada a descrever suas
ações enquanto brincava com carros e fazia desenhos. Um aspecto inovador deste
experimento foi a inclusão da medida da latência que proveu um insight adicional oculto
sobre o mecanismo de atraso de tempo. Também conduzimos testes de generalização
entre diferentes cenários e comportamentos e, mais importante, determinou se as
alterações comportamentais se mantiveram num acompanhamento de 5 semanas e 4
meses.

Método

Sujeito e Cenário

Tom era um garoto de 10 anos de idade com autismo cujo comportamento auto
estimulatório ocorria com baixa frequência e geralmente consistia em olhar fixo para as
mãos. Sua fala espontânea ocorria com baixa frequência e envolvia o pedido de objetos ou
perguntas repetidas como “Ir para casa?”, “Sem escola amanhã?”, ele tinha pouca
experiência em brincar.
O estudo foi conduzido em sua casa por 3 dias por semana. Cada sessão era de
aproximadamente 30 minutos. Brincadeira com carrinhos e desenhos foram as atividades
recreacionais escolhidas por serem normalmente acompanhadas pela fala em crianças sem
dificuldades. O condutor do ensaio sentava-se no chão com o conjunto de carrinhos entre
ele e Tom. Um Hot-Wheels Fix and Fill-up Center (Mattel Inc) e um carro de brinquedo
(Matchbox Inc.) foram utilizados. Durante o desenho o aplicador ficou em pé próximo a
Tom. Um bloco de desenho (91 cm x 61 cm) foi pendurado em um cavalete. Tom desenhou
com giz de cera.

Comportamentos Alvo

Foi ensinado ao Tom as respostas motoras e verbais. O condutor iniciou cada


ensaio instruindo Tom para realizar uma resposta motora. No desenho, Tom foi orientado a
desenhar um sol, pássaro, balão, ou flor (i.e. “Desenhe um ____”).
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Brincando com os carros, ele foi instruído a “estacione o carro”, “coloque gasolina”,
“coloque o carro no suporte de óleo”, ou “coloque o carro na garagem”. O condutor utilizou o
método “​Graduated Guidance (Orientação classificada)” para ensinar a Tom a resposta
motora adequada até ser bem aprendida. Após finalizar a resposta motora, o condutor pediu
a Tom para descrever seu comportamento (e.g. “O que você fez?” ou “Por que você
estacionou o carro?”. As respostas verbais ensinadas, incluindo os desenhos, “Eu fiz um
______ (so, pássaro, balão ou flor) e durante a brincadeira com carros, “indo guardar”, “o
precisa de combustível”, “o carro precisa de óleo”, “trocar os pneus”. Outras respostas que
Tom deu relacionadas com as tarefas foram consideradas adequadas. Se Tom não
respondesse ou respondesse errado, ele era verbalmente orientado a fazer a resposta
verbal apropriada. Houve 40 ensaios em cada sessão de pré-treinamento. Tom praticou
cada resposta motora cinco vezes por sessão. As atividades alternaram-se entre brincar
com os carros e desenhar, sendo que a primeira atividade de cada sessão era determinada
aleatoriamente. A ordem das respostas motoras por atividade foram aleatórias em blocos de
oito tentativas. A linha de base foi introduzida somente depois que a resposta motora e
verbal de Tom foi de 80% correta após quatro sessões consecutivas.

Medidas dependentes

A fala espontânea foi a primeira medida de interesse. Cada experimento iniciou com
o condutor fornecendo a Tom uma instrução para realizar uma resposta motora. Uma
resposta verbal dita por Tom foi pontuada como espontânea se ocorreu sem estímulo verbal
e foi apropriada. Fala imitada não foi considerada fala espontânea. Adicionalmente, a
latência para iniciar a fala espontânea após a conclusão da resposta motora foi medido
utilizando um cronômetro em outra mão. O condutor iniciou a contagem de tempo tão logo
Tom completou a resposta motora. Ensaios em que a fala espontânea ocorreu antes da
conclusão da resposta motora receberam seus tempos de latência em 0 segundos.

Confiança entre avaliadores

Uma medida de concordância de interobservador foi obtida com uma avaliação


individual através de gravações das sessões. A concordância interobservadores foi
calculada por duas sessões durante cada condição experimental dividindo o número de
concordâncias pelo número de concordâncias e discordâncias e multiplicando por 100.
Concordâncias foram computadas quando ambos avaliadores pontuaram o ensaio
igualmente, enquanto que discordâncias foram computadas quando os avaliadores
pontuaram o ensaio diferente. A média de concordância interobservadores foi de 92% para
a ocorrência de fala espontânea, com uma variação de 90% a 94%. Ensaios em que a
concordância para a fala espontânea também ocorreram também tiveram uma alta
concordância para a latência (r = 0,93).
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Projeto

O ensaio utilizou múltiplas linhas de base através do design de comportamento.


Depois que os critérios foram preenchidos no pré-treinamento, os dados da linha de base
foram coletados para a brincadeira com carros e desenho. Depois de cinco sessões de linha
de base, o procedimento de atraso de tempo foi introduzido para a brincadeira com carros,
enquanto o desenho permaneceu na condição de linha de base por mais cinco sessões.
Provas pós sessões foram conduzidas ao longo do estudo, e provas de generalização em
diferentes contextos e provas de manutenção foram elaboradas depois da finalização da
intervenção de atraso de tempo.

Procedimento

Linha de base. O propósito da linha de base foi de determinar se Tom poderia rotular
sua brincadeira espontaneamente na ausência do procedimento de comando atrasado. As
respostas treinadas foram desenhar uma flor, sol, abastecer o carro, colocar no carro no
suporte de óleo. As outras quatro respostas permaneceram sem treinamento. Em cada
ensaio, o condutor poderia dizer “Desenhe um sol”. Quando Tom finalizasse o sol, o
condutor diria “Eu fiz um sol”. Esta era o atraso 0s ou a condição de linha de base.
Qualquer fala ocorrida antes da conclusão da resposta motora foi pontuada como
espontânea. Se Tom imitasse o comando verbal em até 10 segundos, sua resposta era
correta, porém, não espontânea. Instruções verbais foram fornecidas para respostas verbais
e motoras erradas, e o feedback foi fornecido para respostas verbais corretas. Zero, 16 ou
32 ensaios de 48 ensaios por sessão foram ensaios de linha de base, dependendo se zero,
uma ou duas atividades respectivamente, foram na fase de linha de base.

Atraso de Tempo. No atraso de tempo, os ensaios foram com as mesmas linhas de


base excetuando que o condutor aguardou um breve intervalo de tempo antes de dar a
instrução verbal após a finalização da resposta motora. Estes breves intervalos foram sendo
aumentados gradativamente durante as sessões. Na primeira sessão de atraso de tempo,
os primeiro oito ensaios com atraso consistiram em atrasos de 2-s e os próximos oito em
atrasos de 4-s. Na segunda sessão os primeiros oito ensaios de atraso de tempo
consistiram de atrasos de 6-s e os próximos oito ensaios em atrasos de 8-s. Depois disso,
todos os atrasos foram de 10-s. Comando e feedback foram fornecidos como na fase de
linha de base. Durante somente 14 sessões de treinamento, a criança foi reforçada com
comestíveis para produzir as respostas treinadas.
Cada sessão consistiu de um total de 48 ensaios, em que 32 ensaios foram de
treinamento. Alguns dos ensaios de treinamento foram de linha de base e alguns foram
ensaios de atraso de tempo. Cada resposta treinada foi apresentada oito vezes. A
brincadeira com carros e as atividades de desenho foram alternadas em todos os oito
ensaios. Em cada bloco de ensaios a ordem foi aleatória.
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Investigações pós-sessão. As investigações pós-sessão foram usadas para


determinar se houve fala espontânea generalizada para respostas não treinadas. Dezesseis
investigações pós-sessão foram conduzidas ao fim de cada sessão de linha de base ou
atraso de tempo. As respostas não treinadas incluíam desenhar um pássaro ou balão,
estacionar o carro, e colocar o carro na garagem. Cada resposta foi apresentada quatro
vezes. As validações foram exatamente as mesmas como o ensaio de atraso de tempo
exceto que não houve sempre o fornecimento de comandos verbais ou feedback. A latência
da resposta foi medida. Se Tom não falasse dentro de 10 segundos após o comando, o
ensaio não foi pontuado como fala espontânea.
Generalização e manutenção. As validações de manutenção através dos cenários
foram utilizadas para determinar se o aprendizado poderia ser transferido para outro
cenário. Estas validações foram conduzidas em diferentes cômodos da casa de Tom 3 e 10
dias após a última sessão da condição de atraso de tempo. Estes ensaios foram conduzidos
da mesma forma que os ensaios de validação, exceto que as quatro respostas treinadas
também foram incluídas. Não houve comando ou feedback fornecido. Houve 32 ensaios por
sessão, consistindo de quatro ensaios a cada oito respostas (quatro treinadas e quatro não
treinadas). A validação de manutenção também foi conduzida em 5 semanas e 4 meses
após as intervenções. Estas validações foram conduzidas de maneira similar a validação de
“generalização-através-de-cenários”, exceto que ocorreram na mesma sala do treinamento
original.
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RESULTADOS
O percentual de fala espontânea de Tom é apresentada na Figura 1. O painel
superior da brincadeira com carros e o painel superior de desenho mostra os
comportamentos recebendo o treinamento de atraso de tempo. O painel inferior da
brincadeira com carros e o painel inferior de desenhos mostra os comportamentos não
treinados.
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Treinados. Na condição de linha de base, a fala espontânea variou de 6% a 25%


para comportamentos treinados na brincadeira com carros. A fala espontânea ocorreu
somente em uma sessão de desenho. A fala espontânea aumentou imediatamente quando
o procedimento de atraso de tempo foi introduzido e manteve-se em níveis muito altos.
Não treinado. Depois que o procedimento de atraso de tempo foi introduzido para
itens treinados para a brincadeira com carros, a fala espontânea da criança em
experimentos não treinados continuou com pouca variação durante as primeiras oito
sessões, mas foi mantida em altos níveis durante as sete sessões restantes. Em contraste,
a fala espontânea para desenho ocorreu em baixos níveis pelas quatro primeiras sessões
depois que o atraso de tempo foi implementado e então cresceu dramaticamente e se
manteve em altos níveis.
Generalização e manutenção. A fala espontânea ocorreu em altos níveis durante
ambas atividades em itens treinados e não treinados durante a generalização dos cenários.
O nível de responsividade foi comparável a aquele observado em sessões de atraso de
tempo posteriores e pós-sessões de avaliação. Durante 5 semanas de acompanhamento, a
fala espontânea foi mantida em altos níveis na brincadeira com carros em itens treinados e
não treinados. A fala espontânea diminuiu para 50% durante o desenho de itens não
treinados. Durante o acompanhamento de 4 meses, a fala espontânea continuou em altos
níveis durante a brincadeira com carros nos itens treinados e não treinados. No desenho, a
fala espontânea caiu para 25% em itens treinados e não treinados.
Latência. Os dados de latência para as pós-sessões de avaliação e generalização
são apresentadas na Figura 2. A latência não foi coletada para os itens treinados. Se não
houve fala espontânea durante a sessão, nenhum ponto de dados foi preenchido.
Tanto na brincadeira com carros quanto no desenho, houve uma diminuição
acentuada da fala espontânea durante as sessões. Na brincadeira com carros, a latência da
fala espontânea caiu de uma média de 6.2 para 1.5 s.

DISCUSSÃO

Os resultados deste experimento demonstra que o procedimento de atraso de tempo


foi efetivo em aumentar a fala espontânea da criança durante a brincadeira com carro e
desenhos. Estes resultados confirmam investigações anteriores (e.g. Charlop et al., 1985;
Charlop & Walsh, 1986; Halle, Baer, & Spradling, 1981; Halle, Marshall, & Spradling, 1979)
que utilizaram o procedimento de atraso de tempo para o aumento da fala espontânea. A
fala espontânea também foi aumentada com itens não treinados para a brincadeira com
carros, indicando que houve generalização na mesma classe comportamental; isto é, a
partir de itens treinados para itens não treinados da brincadeira com carros, mas não de
itens treinados para não treinados em desenhos. Introduzimos comestíveis para os
comportamentos treinados na Sessão 14 somente para incentivar a motivação para atender
a tarefa. Isto resultou em generalização de itens treinados de desenho para itens não
treinados. Estes resultados complementam os de Charlop et al. (1985), que encontrou
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generalização entre itens treinados e não treinados dentro da mesma classe


comportamental. A fala espontânea também se generalizou nos cenários durante ambas
atividades, confirmando os resultados de Charlop et al. (1985) and Charlop and Walsh
(1986).
A fala espontânea continuou a acontecer na brincadeira com carros em altos níveis
por 5 semanas e 4 meses após a intervenção. Em contraste, a fala espontânea durante os
desenhos diminuiu próximo aos níveis da linha de base em 4 meses. Há um número de
possíveis razões para a discrepância na manutenção da fala espontânea entre a brincadeira
com carro e o desenho. Uma possibilidade é o comportamento bem aprendido, e maior
competência, são retidos por maiores períodos. Os resultados do pré-treinamento suportam
esta possibilidade. Quinze sessões foram requeridas antes que o critério fosse preenchido
para a brincadeira com carros, e 23 sessões foram requeridas para o desenho.
Uma segunda possibilidade, que não é fácil descartar. é a que a criança praticou
uma atividade entre o treinamento e as sessões de manutenção. Então, é provável que
estes comportamentos sejam mantidos ao longo do tempo. Na verdade, a mãe de Tom
indicou que seu filho ocasionalmente brincou com carrinhos em sua casa. Ela não tinha
certeza se seu filho falou enquanto brincava com seus carros, mas esta brincadeira era uma
tarefa apropriada. Ela também relatou que Tom desenhou sem frequência e raramente fazia
isso por si próprio. Seus desenhos normalmente consistiam-se de rabiscos aleatórios ou
círculos. A mãe não lembrou instantes de fala pelo filho enquanto ele desenhava. Porque a
criança não desenhava figuras identificáveis, talvez era menos provável que ele
descrevesse-as verbalmente. Portanto, diferenças na experiência com materiais podem ter
feito a diferença no grau de manutenção. Isto sugere que deve se tomar cuidado para
selecionar atividades como as utilizadas na vida diária da criança quando houve
planejamento de intervenções para aumento da fala espontânea, particularmente se a fala
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está associada com respostas motoras específicas.

Por conta disto o primeiro experimento para examinar a retenção de fala espontânea
por longos períodos de tempo, é dificultado para estabelecer fortes generalizações sobre
outras crianças com autismo. A replicação com um grande número de pessoas é
claramente necessária. Mesmo assim, estes dados indicam que pode haver alguma base
para interesse sobre a durabilidade das mudanças de comportamento produzidas pelo
atraso de tempo, especialmente para o comportamento de desenhar.
É interessante que os altos níveis de fala espontânea não ocorreram durante as
primeiras sessões. Não foi até um atraso ser inserido entre a finalização da resposta motora
e o comando verbal que a fala espontânea começou a aparecer. Por que poderia ser o
caso? Os dados de latência durante as pós-sessões de avaliação podem fornecer algum
insight dentro desta questão. Estes dados indicam que as primeiras instâncias da fala
espontânea ocorreram muitos segundos após a finalização da resposta motora. A latência
para responder então rapidamente foi diminuída com treinamento. Este padrão de
resultados suporta a explicação de Touchette (1971) sobre o mecanismo do procedimento
de atraso de tempo. Touchette argumentou que sobre os ensaios, o sujeito irá antecipar o
comando atrasado e responderá em antecipação a ele. Nossos resultados indicam que a
resposta antecipada inicialmente ocorre pouco antes do comando verbal, e então com
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treinamento adicional, move-se mais próxima a resposta motora, como qualquer resposta
antecipada (e.g., Pavlov, 1927).
Apesar de termos sugerido que a resposta motora foi o estímulo discriminativo
controlando a fala espontânea, também é possível que o comando do condutor do
experimento foi o estímulo funcional para o comportamento verbal. Parece mais provável
que a resposta motora foi discriminativa pelo estímulo por haver mais proximidade temporal
a fala da criança. A resposta motora precedeu imediatamente a fala espontânea, que o
comando verbal do condutor do experimento ocorreu bem antes disso.
Apesar deste estudo ter demonstrado a efetividade do procedimento de atraso de
tempo em promover a fala espontânea de uma criança autista durante brincadeiras,
pesquisas adicionais são necessárias. Por exemplo, para evitar possíveis efeitos de
transição, isto pode ser útil para atrasar as pós-sessões de validação até depois da sessão
de treinamento. A generalidade do procedimento de atraso de tempo deve também ser
examinada através do monitoramento do indivíduo fora de sessões experimentais e
instâncias de gravação de fala espontânea. Seria também interessante registrar qual
percentual de fala espontânea da criança era nova em oposição àquelas previamente
treinadas. Embora estes dados não foram coletados durante nossos estudos, acreditamos
que a maioria das respostas verbais de Tom foram repetições dos comentários originais do
condutor do experimento. Em todo caso, este experimento forneceu novos dados sobre a
latência e a durabilidade da mudança de comportamento.

Referências.

Charlop, M. H., Schreibman, L., & Thibodeau, M. G. (1985). Increasing spontaneous verbal
responding in autistic children using a time delay procedure. Journal ofApplied Behavior
Analysis, 18, 155-166. Charlop, M. H., & Walsh, M. E. (1986). Increasing autistic children's
spontaneous verbalizations of affection: An assessment of time delay and peer modelling
procedures. Journal ofApplied Behavior Analysis, 19, 307-314. Halle,J. W., Baer, D. M., &
Spradlin,J. E. (1981). Teachers' generalized use of delay as a stimulus control procedure to
increase language use in handicapped children. Journal ofApplied Behavior Analysis, 14,
389-409. Halle, J. W., Marshall, A. M., & Spradlin, J. E. (1979). Time delay: A technique to
increase language use and facilitate generalization in retarded children. Journal of Applied
Behavior Analysis, 12, 431-439. Handen, B. L., & Zane, T. (1987). Delayed prompting: A
review of procedural variations and results. Research in Developmental Disabilities, 8,
307-330. Lovaas, 0. I., Koegel, R. L., Simmons, J. Q., & Long, J. S. (1973). Some
generalization and follow up measures on autistic children in behavior therapy.Journal
ofApplied Behavior Analysis, 6, 131-166. Pavlov, I. P. (1927). Conditioned reflexes. Oxford,
England: Oxford University Press. Touchette, P. E. (1971). Transfer ofstimulus control:
Measuring the moment of transfer. Journal of the Experimental Analysis ofBehavior, 15,
347-354. Received September 23, 1989 Initial editorial decision December 22, 1989
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Revisions received March 26, 1990; August 14, 1990; February 5, 1991 Final acceptance
April 25, 1991 Action Editor, Susan A. Fowler

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