Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
TRADUÇÃO
Utilizando atrasos de tempo para promover fala espontânea em uma criança autista.
Uma criança autista, enfrentando uma disposição não verbal, raramente irá realizar
uma resposta verbal (e.g., Charlop, Schreibman, & Thibodeau, 1985). Isto é, a criança
autista se mantém calada e fala somente quando verbalmente induzida por por outra
pessoa com uma questão ou comando. Esta falha para utilizar a fala espontaneamente
parece não natural para outras pessoas e é um obstáculo para a comunicação normal - uma
especial preocupação entre educadores e pais, devido a importância da comunicação
espontânea no desenvolvimento social.
Existem muitas outras situações em que crianças “normais” falam sem comando.
Neste experimento, o procedimento de atraso de tempo para induzir falas apropriadas e
espontâneas durante o estudo. Uma criança com autismo foi ensinada a descrever suas
ações enquanto brincava com carros e fazia desenhos. Um aspecto inovador deste
experimento foi a inclusão da medida da latência que proveu um insight adicional oculto
sobre o mecanismo de atraso de tempo. Também conduzimos testes de generalização
entre diferentes cenários e comportamentos e, mais importante, determinou se as
alterações comportamentais se mantiveram num acompanhamento de 5 semanas e 4
meses.
Método
Sujeito e Cenário
Tom era um garoto de 10 anos de idade com autismo cujo comportamento auto
estimulatório ocorria com baixa frequência e geralmente consistia em olhar fixo para as
mãos. Sua fala espontânea ocorria com baixa frequência e envolvia o pedido de objetos ou
perguntas repetidas como “Ir para casa?”, “Sem escola amanhã?”, ele tinha pouca
experiência em brincar.
O estudo foi conduzido em sua casa por 3 dias por semana. Cada sessão era de
aproximadamente 30 minutos. Brincadeira com carrinhos e desenhos foram as atividades
recreacionais escolhidas por serem normalmente acompanhadas pela fala em crianças sem
dificuldades. O condutor do ensaio sentava-se no chão com o conjunto de carrinhos entre
ele e Tom. Um Hot-Wheels Fix and Fill-up Center (Mattel Inc) e um carro de brinquedo
(Matchbox Inc.) foram utilizados. Durante o desenho o aplicador ficou em pé próximo a
Tom. Um bloco de desenho (91 cm x 61 cm) foi pendurado em um cavalete. Tom desenhou
com giz de cera.
Comportamentos Alvo
Brincando com os carros, ele foi instruído a “estacione o carro”, “coloque gasolina”,
“coloque o carro no suporte de óleo”, ou “coloque o carro na garagem”. O condutor utilizou o
método “Graduated Guidance (Orientação classificada)” para ensinar a Tom a resposta
motora adequada até ser bem aprendida. Após finalizar a resposta motora, o condutor pediu
a Tom para descrever seu comportamento (e.g. “O que você fez?” ou “Por que você
estacionou o carro?”. As respostas verbais ensinadas, incluindo os desenhos, “Eu fiz um
______ (so, pássaro, balão ou flor) e durante a brincadeira com carros, “indo guardar”, “o
precisa de combustível”, “o carro precisa de óleo”, “trocar os pneus”. Outras respostas que
Tom deu relacionadas com as tarefas foram consideradas adequadas. Se Tom não
respondesse ou respondesse errado, ele era verbalmente orientado a fazer a resposta
verbal apropriada. Houve 40 ensaios em cada sessão de pré-treinamento. Tom praticou
cada resposta motora cinco vezes por sessão. As atividades alternaram-se entre brincar
com os carros e desenhar, sendo que a primeira atividade de cada sessão era determinada
aleatoriamente. A ordem das respostas motoras por atividade foram aleatórias em blocos de
oito tentativas. A linha de base foi introduzida somente depois que a resposta motora e
verbal de Tom foi de 80% correta após quatro sessões consecutivas.
Medidas dependentes
A fala espontânea foi a primeira medida de interesse. Cada experimento iniciou com
o condutor fornecendo a Tom uma instrução para realizar uma resposta motora. Uma
resposta verbal dita por Tom foi pontuada como espontânea se ocorreu sem estímulo verbal
e foi apropriada. Fala imitada não foi considerada fala espontânea. Adicionalmente, a
latência para iniciar a fala espontânea após a conclusão da resposta motora foi medido
utilizando um cronômetro em outra mão. O condutor iniciou a contagem de tempo tão logo
Tom completou a resposta motora. Ensaios em que a fala espontânea ocorreu antes da
conclusão da resposta motora receberam seus tempos de latência em 0 segundos.
Projeto
Procedimento
Linha de base. O propósito da linha de base foi de determinar se Tom poderia rotular
sua brincadeira espontaneamente na ausência do procedimento de comando atrasado. As
respostas treinadas foram desenhar uma flor, sol, abastecer o carro, colocar no carro no
suporte de óleo. As outras quatro respostas permaneceram sem treinamento. Em cada
ensaio, o condutor poderia dizer “Desenhe um sol”. Quando Tom finalizasse o sol, o
condutor diria “Eu fiz um sol”. Esta era o atraso 0s ou a condição de linha de base.
Qualquer fala ocorrida antes da conclusão da resposta motora foi pontuada como
espontânea. Se Tom imitasse o comando verbal em até 10 segundos, sua resposta era
correta, porém, não espontânea. Instruções verbais foram fornecidas para respostas verbais
e motoras erradas, e o feedback foi fornecido para respostas verbais corretas. Zero, 16 ou
32 ensaios de 48 ensaios por sessão foram ensaios de linha de base, dependendo se zero,
uma ou duas atividades respectivamente, foram na fase de linha de base.
RESULTADOS
O percentual de fala espontânea de Tom é apresentada na Figura 1. O painel
superior da brincadeira com carros e o painel superior de desenho mostra os
comportamentos recebendo o treinamento de atraso de tempo. O painel inferior da
brincadeira com carros e o painel inferior de desenhos mostra os comportamentos não
treinados.
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM EDUCAÇÃO DE PESSOAS COM
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA E/OU COM ATRASO NO DESENVOLVIMENTO
INTELECTUAL: CONTRIBUIÇÕES DA ANÁLISE DO
COMPORTAMENTO APLICADA (ABA)
DISCUSSÃO
Por conta disto o primeiro experimento para examinar a retenção de fala espontânea
por longos períodos de tempo, é dificultado para estabelecer fortes generalizações sobre
outras crianças com autismo. A replicação com um grande número de pessoas é
claramente necessária. Mesmo assim, estes dados indicam que pode haver alguma base
para interesse sobre a durabilidade das mudanças de comportamento produzidas pelo
atraso de tempo, especialmente para o comportamento de desenhar.
É interessante que os altos níveis de fala espontânea não ocorreram durante as
primeiras sessões. Não foi até um atraso ser inserido entre a finalização da resposta motora
e o comando verbal que a fala espontânea começou a aparecer. Por que poderia ser o
caso? Os dados de latência durante as pós-sessões de avaliação podem fornecer algum
insight dentro desta questão. Estes dados indicam que as primeiras instâncias da fala
espontânea ocorreram muitos segundos após a finalização da resposta motora. A latência
para responder então rapidamente foi diminuída com treinamento. Este padrão de
resultados suporta a explicação de Touchette (1971) sobre o mecanismo do procedimento
de atraso de tempo. Touchette argumentou que sobre os ensaios, o sujeito irá antecipar o
comando atrasado e responderá em antecipação a ele. Nossos resultados indicam que a
resposta antecipada inicialmente ocorre pouco antes do comando verbal, e então com
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM EDUCAÇÃO DE PESSOAS COM
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA E/OU COM ATRASO NO DESENVOLVIMENTO
INTELECTUAL: CONTRIBUIÇÕES DA ANÁLISE DO
COMPORTAMENTO APLICADA (ABA)
treinamento adicional, move-se mais próxima a resposta motora, como qualquer resposta
antecipada (e.g., Pavlov, 1927).
Apesar de termos sugerido que a resposta motora foi o estímulo discriminativo
controlando a fala espontânea, também é possível que o comando do condutor do
experimento foi o estímulo funcional para o comportamento verbal. Parece mais provável
que a resposta motora foi discriminativa pelo estímulo por haver mais proximidade temporal
a fala da criança. A resposta motora precedeu imediatamente a fala espontânea, que o
comando verbal do condutor do experimento ocorreu bem antes disso.
Apesar deste estudo ter demonstrado a efetividade do procedimento de atraso de
tempo em promover a fala espontânea de uma criança autista durante brincadeiras,
pesquisas adicionais são necessárias. Por exemplo, para evitar possíveis efeitos de
transição, isto pode ser útil para atrasar as pós-sessões de validação até depois da sessão
de treinamento. A generalidade do procedimento de atraso de tempo deve também ser
examinada através do monitoramento do indivíduo fora de sessões experimentais e
instâncias de gravação de fala espontânea. Seria também interessante registrar qual
percentual de fala espontânea da criança era nova em oposição àquelas previamente
treinadas. Embora estes dados não foram coletados durante nossos estudos, acreditamos
que a maioria das respostas verbais de Tom foram repetições dos comentários originais do
condutor do experimento. Em todo caso, este experimento forneceu novos dados sobre a
latência e a durabilidade da mudança de comportamento.
Referências.
Charlop, M. H., Schreibman, L., & Thibodeau, M. G. (1985). Increasing spontaneous verbal
responding in autistic children using a time delay procedure. Journal ofApplied Behavior
Analysis, 18, 155-166. Charlop, M. H., & Walsh, M. E. (1986). Increasing autistic children's
spontaneous verbalizations of affection: An assessment of time delay and peer modelling
procedures. Journal ofApplied Behavior Analysis, 19, 307-314. Halle,J. W., Baer, D. M., &
Spradlin,J. E. (1981). Teachers' generalized use of delay as a stimulus control procedure to
increase language use in handicapped children. Journal ofApplied Behavior Analysis, 14,
389-409. Halle, J. W., Marshall, A. M., & Spradlin, J. E. (1979). Time delay: A technique to
increase language use and facilitate generalization in retarded children. Journal of Applied
Behavior Analysis, 12, 431-439. Handen, B. L., & Zane, T. (1987). Delayed prompting: A
review of procedural variations and results. Research in Developmental Disabilities, 8,
307-330. Lovaas, 0. I., Koegel, R. L., Simmons, J. Q., & Long, J. S. (1973). Some
generalization and follow up measures on autistic children in behavior therapy.Journal
ofApplied Behavior Analysis, 6, 131-166. Pavlov, I. P. (1927). Conditioned reflexes. Oxford,
England: Oxford University Press. Touchette, P. E. (1971). Transfer ofstimulus control:
Measuring the moment of transfer. Journal of the Experimental Analysis ofBehavior, 15,
347-354. Received September 23, 1989 Initial editorial decision December 22, 1989
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM EDUCAÇÃO DE PESSOAS COM
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA E/OU COM ATRASO NO DESENVOLVIMENTO
INTELECTUAL: CONTRIBUIÇÕES DA ANÁLISE DO
COMPORTAMENTO APLICADA (ABA)
Revisions received March 26, 1990; August 14, 1990; February 5, 1991 Final acceptance
April 25, 1991 Action Editor, Susan A. Fowler