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Uma teoria científica, como Boltzmann sempre afirmou, não possui nenhum valor
ontológico; ela não pode ascender ao nível das essências, ultrapassando o plano
determinado pelos fenômenos fenomenal. O valor de verdade de uma teoria não é
determinado em função da capacidade de especificar aquilo que está por detrás do
nível fenomênico. Uma teoria é “verdadeira” se, por meio das suas implicações
(previsões, por exemplo), ela conduz a resultados que correspondem à experiência.
(VIDEIRA,2006, pág. 5).
Como já mencionado acima, Mach acreditava que uma teoria de forma ideal
tinha o papel de descrever a totalidade dos fatos mesmo que isso se manifestasse
através de uma tendência assintótica, esse ideal seria o objetivo a ser alcançado
gradualmente por qualquer teoria. Ainda, não seria aconselhável o uso de elementos
externos ao conjunto dos fatos que uma teoria pretendia descrever exceto em casos
de teorias científicas ainda incompletas ou seja não possuía o inventário completo de
todos os fatos que que constituem seu domínio.
Esse trabalho de representação deveria ser feito com a devida cautela pois
quanto mais além da observação fiel dos fatos se está, maior é a chance de se incorrer
em erros, porém esse seria um risco necessário. De forma a reduzir esses erros, seria
papel do cientista fazer a comparação entre a representação por ele produzida e à
experiência.
Disso [do fato de que a teoria está em relação com a natureza, da mesma maneira que o
signo com o significado] segue-se que o nosso objetivo não pode ser o de encontrar uma
teoria absolutamente correta mas, sim, o de encontrar uma imagem, a mais simples possível,
capaz de representar o fenômeno. Pode-se mesmo pensar que existam duas teorias
científicas diferentes e que, todas as duas, igualmente estejam de acordo com os fenômenos.
Apesar de serem totalmente diferentes, são ambas igualmente corretas. A afirmação - existe
uma única teoria que pode ser a única correta - somente pode ser a expressão de nossa
crença subjetiva acerca [do fato] que não pode existir mais do que uma imagem capaz de
estar de acordo [fazer apud].
Uma interessante questão que ilustra parte dos debates sobre termodinâmica
em finais do século 19, foi formulada por Christoph Buys-Ballot e inquiria Clausius e
Maxwell sobre a aparente discrepância entre a velocidade observada na difusão de
um gás (ao abrirmos um perfume em um canto de uma sala demoramos a perceber o
seu cheiro no outro) e a predição teórica baseada na teoria cinética dos gases.
𝑓(𝑣) = 𝑓(|𝑣|)
1 2
⟨𝜈𝑥2· ⟩ = ⟨𝑣𝑦2 ⟩ = ⟨𝑣𝑧2 ⟩ = ⟨𝑣 ⟩
3
·
2 2 2
𝑓(𝑣 2 ) = 𝑒 −𝑎(𝑣𝑥 +𝑣𝑥 +𝑣𝑧 )
Só muito tempo depois, em 1955, a função de distribuição de velocidades pode
ser demonstrada experimentalmente. Essa (lei) ainda teve importante aplicação na
explicação da predição da independência entre viscosidade e densidade em um
momento que alguns trabalhos experimentais sugeriam o contrário. Em 1867 Maxwell
faz importante revisão do seu trabalho, agora considerando a independência entre os
movimentos resultantes das colisões que as moléculas sofrem, e não apenas uma
independência entre os eixos ortogonais.