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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO

CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS


CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

JOÃO INÁCIO LIMA DE SOUZA SOBRINHO

ANÁLISE DE ESTABILIDADE DE TALUDES UTILIZANDO O MÉTODO DO


EQUILÍBRIO LIMITE E MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS

SÃO LUÍS
2015
JOÃO INÁCIO LIMA DE SOUZA SOBRINHO

ANÁLISE DE ESTABILIDADE DE TALUDES UTILIZANDO O MÉTODO DO


EQULÍBRIO LIMITE E MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS

Monografia apresentada ao Curso de Engenharia


Civil da Universidade Estadual do Maranhão para
obtenção do grau de Bacharel em Engenharia Civil.
Orientador: Prof. Me. Carlos César Pereira de
Almeida

SÃO LUÍS
2015
Souza Sobrinho, João Inácio Lima de.
Análise de estabilidade de taludes utilizando o Método Equilíbrio Limite e
Método dos Elementos Finitos/ João Inácio Lima de Souza Sobrinho. – São
Luís, 2015.

98f.

Monografia (Graduação) – Curso de Engenharia Civil, Universidade


Estadual do Maranhão, 2015.
Orientador: Prof. Me. Carlos César.

1.Fator de Segurança. 2.Comportamento do Solo. 3.Superfície de


deslizamento.
I.Título

CDU: 624.136:004.9
JOÃO INÁCIO LIMA DE SOUZA SOBRINHO

ANÁLISE DE ESTABILIDADE DE TALUDES UTILIZANDO O MÉTODO DO


EQULÍBRIO LIMITE E MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS

Monografia apresentada junto ao Curso de


Engenharia Civil da Universidade Estadual do
Maranhão para obtenção do grau de Bacharel em
Engenharia Civil.

Aprovada em: / /

BANCA EXAMINADORA

Prof. Me. Carlos César Pereira de Almeida (Orientador)

Prof. Esp. Jean Mark Corrêa Santos

Prof. Esp. Arnaldo P. Azevedo


Primeiro à Deus, depois a minha família
pelo incentivo e ajuda nos momentos mais
difíceis.
AGRADECIMENTOS

Agradeço à Deus que, com seu imenso amor, teve misericórdia para nos
sustentar até aqui e nos dar essa conquista.
À minha família, meu pai Murilo, minha mãe Ivonilde, minha irmã Teresa,
meu tio João, e a todos meus amados irmãos da Igreja Maranata pelas orações.
A meus amigos de graduação, pela amizade durante toda essa jornada
de curso.
“Não temas, porque Eu sou contigo; não te
assombres porque Eu sou o teu Deus; eu te
esforço, e te ajudo, e te sustento com a
destra da minha justiça. ”
Isaías 41:10
RESUMO

A mídia, nos últimos anos, tem evidenciado várias catástrofes relacionadas a


deslizamento de terra e rompimento de barragens. Existem vários métodos de análise
para estabilizar taludes. Contudo, alguns métodos possuem suas limitações. Este
trabalho utilizou a análise através de softwares baseados nos métodos do equilíbrio
limite e dos elementos finitos, comparando os resultados obtidos. O estudo ainda
propôs a análise dos mecanismos geradores de instabilidade, bem como, uma revisão
concisa dos métodos baseados nas fatias. Foi feita uma breve revisão do método dos
elementos finitos aplicado a estabilidade de talude, dando destaque ao modelo de
cálculo utilizado nas análises. As análises foram realizadas através de três problemas
propostos. Em cada problema foi analisado os fatores de segurança e a configuração
da superfície de deslizamento obtidos pelos diferentes métodos. Concluiu-se que,
embora o método dos elementos finitos tenha fornecido resultados mais completos,
principalmente em relação ao comportamento do solo, é necessária a utilização de
ambos para resultados mais precisos.

Palavras-chave: Fator de segurança. Comportamento do solo. Superfície de


deslizamento
ABSTRACT

The media, in recent years, has shown several disasters with regard to landslides and
rupture of dams. There are several analysis methods to stabilize slopes. However,
some methods have your limitations. This work utilized the analysis through softwares
based at the methods limit equilibrium and finite elements, comparing the obtained
results. The study still proposed the analysis of the mechanisms that generated
instability, as well as, a concise review of the method of the slices. It was realized a
brief review of the finite element method aplicated at slope stability, giving highlight for
the calculation model used at the analysis. The analysis was done through three
proposed problems. In each problema, it was analysed the fator of safety and the
shape of the slip surface obtained by these different methods. Concluded that although
the element finite method provided better results, mainly with regard to soil behavior,
is necessary to use both to reach results more accurate.

Key Words: Factor of Safety. Soil behavior. Slip Surface


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Terminologia dos elementos de um escorregamento 11


Figura 2 - Terminologia das dimensões 11
Figura 3 - Esquema de forças da porção de terra (bloco) 19
Figura 4 - Esquema de forças atuantes numa porção de terra sobre uma superfície
de deslizamento plana 20
Figura 5 - Comportamento de um talude composto de solo não-coesivo (c=0) 21
Figura 6 - Comportamento de um talude composto por solo coesivo (c≠0) 21
Figura 7 - Esquema de forças na análise entre fatias 24
Figura 8 - Consideração das forças no método de sueco de fatias 26
Figura 9 - Fatia com as forças consideradas no método de Bishop Simplificado 27
Figura 10 - Talude sob a influência de forças adicionais sísmicas (kPi) e de reforços
(Gi) 29
Figura 11 - Fatia com as forças adicionais 30
Figura 12 - Indicação de 𝐷 e 𝑙 no talude para cálculo de 𝑓 33
Figura 13 - Equilíbrio de momentos e coordenadas para uma superfície
não-circular 35
Figura 14 - Esquema das forças pelo Método de Spencer 35
Figura 15 - Elemento infinitesimal de massa 36
Figura 16 - Esquema de forças atuantes numa fatia infinitesimal 37
Figura 17 - Forças efetivas em um elemento infinitesimal 39
Figura 18 - Massa de solo deslizante 40
Figura 19 - Forças que agem numa fatia 40
Figura 20 - Forças agindo numa superfície de deslizamento composta 45
Figura 21 - Fator de segurança versus lambda 47

Figura 22 - Função meio-seno das forças entre fatias 48


Figura 23 - Condições para uma superfície de deslizamento circular 49
Figura 24 - Situação para superfície de ruptura plana 50
Figura 25 - Configuração de superfície de deslizamento mista 50
Figura 26 - Fluxograma da análise de métodos 53
Figura 27 - Interface do software Plaxis 56
Figura 28 - Elementos de solo T-6 e T-15 56
Figura 29 - Interface do software Slope/W 59
Figura 30 - Esquema do problema 1. 63
Figura 31 - Malha deformada (solo arenoso) 63
Figura 32 - Vetores deslocamentos totais (solo arenoso) 64
Figura 33 - Configuração da superfície de ruptura (solo arenoso) 64
Figura 34 - Grau de saturação para talude em solo arenoso 65
Figura 35 - Fator de segurança e nº de iterações (solo arenoso) 65
Figura 36 - Divisão e dimensões das fatias (30 fatias-solo arenoso) 66
Figura 37 - Fator de segurança e superfície de deslizamento (solo arenoso) 68
Figura 38 - Gráfico do fator de segurança vs. Lambda 69
Figura 39 - Deslocamentos totais (solo argiloso) 69
Figura 40 - Vetores deslocamento (solo argiloso) 71
Figura 41 - Concentração de deslocamentos por cisalhamento (solo argiloso) 71
Figura 42 - Grau de saturação do solo argiloso 71
Figura 43 - Fator de segurança analisado (solo argiloso) 72
Figura 44 - Divisão da superfície deslizante em 30 fatias (solo argiloso) 72
Figura 45 - FS e Superfície de deslizamento (solo argiloso) 74
Figura 46 - Fator de segurança vs. Lambda (solo argiloso) 74
Figura 47 - Esquema do problema 2 75
Figura 48 - Problema 2 analisado pelo Plaxis (Reservatório cheio) 76
Figura 49 - Vetores deslocamentos (Reservatório cheio) 76
Figura 50 - Fator de segurança (∑ 𝑀𝑠𝑓) obtido pelo Plaxis (Reservatório cheio)77
Figura 51 - Divisão do problema 2 no AutoCad (Reservatório cheio) 77
Figura 52 - Barragem com nível freático (10 fatias) 79
Figura 53 - Barragem com nível freático (30 fatias) 79
Figura 54 - Fator de segurança vs. Lambda (30 fatias) 79
Figura 55 - Fator de segurança analisado pelo MEF 80
Figura 56 - Configuração da superfície de deslizamento (Reservatório vazio) 81
Figura 57 - Concentração de deslocamentos por cisalhamento 81
Figura 58 - Barragem sem nível freático 81
Figura 59 - Gráfico do fator de segurança vs. Lambda (Reservatório vazio) 83
Figura 60 - Esquema do problema 3 84
Figura 61 - Malha deformada para o caso 1 (𝐶 =0,6 𝐶 ) 85
Figura 62 - Vetores deslocamento para o caso 1 (𝐶 =0,6 𝐶 ) 85
Figura 63 - Superfície de ruptura do caso 1 (𝐶 =0,6 𝐶 ) 85
Figura 64 - Fator de segurança analisado pelo MEF (𝐶 =0,6 𝐶 ) 86
Figura 65 - FS e superfície de deslizamento (caso 1) 86
Figura 66 - Fator de segurança vs. Lambda (caso 1) 87
Figura 67 - Malha deformada (𝐶 =0,2 𝐶 ) 87
Figura 68 - Vetores deslocamento (𝐶 =0,2 𝐶 ) 88
Figura 69 - Concentração de deslocamento por cisalhamento (𝐶 =0,2 𝐶 ) 88
Figura 70 - Fator de segurança obtido pelo Phi-c reduction (𝐶 =0,2 𝐶 ) 88
Figura 71 - Fator de segurança e superfície de ruptura crítica (𝐶 =0,2 𝐶 ) 89
Figura 72 - Fator de segurança vs. Lambda (𝐶 =0,2 𝐶 ) 89
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Escorregamentos mais graves no Brasil nos últimos 100 anos 05


Quadro 2 - Critérios de análise de estabilidade de taludes 06
Quadro 3 - Classificação dos movimentos de encosta 07
Quadro 4 - Características dos principais grandes grupos de
movimento de massa 08
Quadro 5 - Número de equações x número de incógnitas 23
Quadro 6 - Suposições e considerações em vários métodos de análise 25
Quadro 7 - Planilha formulada pelo Método de Bishop
Simplificado (solo arenoso) 67
Quadro 8 - Resumo dos fatores de segurança para solo arenoso 70
Quadro 9 - Planilha baseada no Método de Bishop
Simplificado (solo argiloso) 73
Quadro 10 - Resumo dos FS obtidos para o talude em solo argiloso. 75
Quadro 11 - Parâmetro do material do problema 2 75
Quadro 12 - Planilha baseado no Método de Bishop (Reservatório cheio) 78
Quadro 13 - Resumo dos fatores de segurança (Reservatório cheio) 80
Quadro 14 - Fator de segurança analisado pela planilha 82
Quadro 15 - Resumo dos fatores de segurança do problema 83
Quadro 16 - Parâmetros físicos das camadas de solo do problema 3 84
Quadro 17 - Resumo dos fatores de segurança (caso 1) 87
Quadro 18 - Fatores de segurança (Caso 2) 89
LISTA DE SIGLAS

CEPED - Centro de Estudos e Pesquisas sobre Desastres


CPRM – Serviço Geológico do Brasil
EM-DAT - The International Emergency Disasters Database
FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina
LISTA DE ABREVIATURAS

B.S. – Bishop Simplificado


F.S. – Fator de Segurança
MEF – Método dos Elementos Finitos
MEL – Método do Equilíbrio Limite
M-P – Morgenstern-Price
LISTA DE SÍMBOLOS

𝑀 - soma dos momentos resistentes


𝑀 - soma dos momentos mobilizadores de deslizamento (motrizes)
𝐹 , R, T - soma das forças resistentes ao movimento
𝐹 - soma das forças mobilizadoras de movimento
𝐹𝑆 - Fator de segurança em relação a coesão
𝐹 - Fator de segurança com respeito à altura
𝐹𝑆ɸ - Fator de segurança com respeito ao atrito
𝑐′ - coesão mobilizada
ɸ′ - ângulo de atrito mobilizado
𝜎 - valor médio de tensão mobilizada ao cisalhamento
𝜏 , á - resistência ao cisalhamento máximo
𝜏 - tensão mobilizada ao cisalhamento
𝑟 - coeficiente de poropressão
𝑃 - peso da fatia;
𝛼 - ângulo de da superfície de ruptura em relação a horizontal
𝑢 - poropressão
𝛽 - ângulo de inclinação do talude
𝑟 - raio do círculo
𝜏 , - resistência ao cisalhamento na base de cada fatia
𝑃 -peso da fatia
𝑘 - coeficiente sísmico
𝑑 - distância entre o centro de gravidade da fatia e o centro do círculo
𝐺 - força no reforço (somente onde o reforço atravessa a superfície de deslizamento)
ℎ - braço de alavanca do reforço em torno do centro do círculo
𝜓 - ângulo de inclinação do reforço em relação a horizontal
𝑓 - fator de correção de Janbu
𝐷 - espessura máxima da zona de falha
𝑙 - distância entre os pontos extremos da superfície falha
𝑋 - força vertical entre as fatias
𝐸 , 𝐸′ - força horizontal entre as fatias
𝜆 - fator de escala (percentual)
𝑓(𝑥) - função que determina a inclinação das forças entre as fatias (constante)
𝑑𝑁′ - força normal efetiva na base da fatia
𝑑𝑇 - força de cisalhamento na base da fatia
𝑑𝑢 - resultante da poropressão na base da fatia
𝑢 - resultante da poropressão atuante na lateral da fatia
𝑐 =coesão efetiva;
𝜙 =ângulo de atrito efetivo
E – Módulo de Young
ʋ - Coeficiente de Poisson
𝑅 - somatório das componentes de forças que contribuem para a resistência ao
cisalhamento
𝑄 - somatório das componentes de forças que causam instabilidade.
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 1
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 4
2.1 Histórico de Deslizamentos no Brasil 4
2.2 Tipos de Talude 6
2.3 Tipos de movimento de terra 7
2.3.1 Rastejo ou fluência 8
2.3.2 Corrida 9
2.3.3 Queda 9
2.3.4 Escorregamento 10
2.4 Causas da instabilidade 13
2.5 Análise de estabilidade 15
2.5.1 Métodos do equilíbrio-limite 15
2.5.2 Definição do fator de segurança 16
2.5.3 Método do talude infinito 19
2.5.4 Método das fatias 22
2.5.5 Método sueco de fatias 25
2.5.6 Método de Bishop Simplificado 27
2.5.7 Método de Janbu simplificado 32
2.5.8 Método de Spencer 34
2.5.9 Método de Morgenstern-Price 35
2.5.10 Método do equilíbrio limite generalizado 44
2.5.11 Uma breve abordagem do Método dos elementos finitos 51
3 METODOLOGIA 53
3.1 Modo de aplicação 53
3.2 Descrição dos softwares utilizados e programas implementados 52
3.2.1 Método de Bishop Simplificado implementado no software Excel 54
3.2.2 Software Plaxis 2D 55
3.2.3 Software Slope/W 58
4 APLICAÇÃO DA METODOLOGIA 62
4.1 Problema 1 62
4.1.1 Talude composto de solo arenoso 63
4.1.2 Talude composto de solo argiloso 70
4.2 Problema 2 75
4.2.1 Reservatório cheio 76
4.2.2 Reservatório vazio 80
4.3 Problema 3 83
4.3.1. Caso 1 (𝐶 =0,6 𝐶 ) 84
4.3.2. Caso 2 (𝐶 =0,2 𝐶 ) 87
5 ANÁLISE DE RESULTADOS 90
5.1 Avaliação da planilha baseada no Método de Bishop Simplificado 90
5.2 Comparação dos fatores de segurança obtidos 90
5.3 Avaliação do comportamento dos solos que constituem os
taludes analisados 91
6 CONCLUSÕES 93
6.1 Considerações finais 93
6.2 Sugestões para trabalhos futuros 94
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 95
1

CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
___________________________________________________________________
1.1 Considerações iniciais
No início do século XX surgiram vários problemas relacionados a obras de
terra. Pesquisadores do mundo todo começaram uma pesquisa frenética com o
objetivo de propor soluções, principalmente, para recalques e deslizamentos de terra.
Daí surgiu a maioria das teorias aplicadas a engenharia de hoje.
Apesar de ser um problema antigo, o estudo da estabilidade de taludes
ainda é objeto de discussão no meio geotécnico.
Os deslizamentos de terra são um dos assuntos mais abordados pelos
canais de comunicação todos os anos. Por ser um problema que gera muitos
prejuízos, tanto físicos como financeiros, os deslizamentos de terra ameaçam grande
parte da população brasileira. Dessa forma, a engenharia geotécnica, ao longo dos
anos, vem buscando soluções para garantir a segurança da população.
Vários métodos de análise de estabilidade de taludes já foram
apresentados com o objetivo principal de propor soluções para a estabilização de
encostas, como: Método do talude infinito, Método das fatias, Método da análise limite,
Método dos elementos finitos, entre outros. Dentre estes, a análise pelos elementos
finitos é o mais recente, possibilitado, principalmente, pelo avanço da tecnologia.
O computador surgiu da necessidade de acelerar, ou tornar possível, a
solução, com o menor percentual de erro, de problemas que antes demandavam muito
tempo para serem solucionados. Assim, começou a surgir a automatização dos
cálculos através dos métodos numéricos.
Atualmente, o computador tornou-se uma ferramenta indispensável para o
engenheiro. Portanto, as implementações dos métodos de análise no computador
tornaram-se essenciais.
Contudo, é necessária uma análise dos métodos propostos, principalmente
em relação às suas implementações em programas. Será que os fatores de segurança
fornecidos pelos programas são próximos? Ou, até mesmo, será que os métodos são
válidos para todos os tipos de projeto, desde os mais comuns até os mais complexos?
Sabe-se que, em relação a solos, muitas ainda são as questões a serem respondidas.
Logo, este trabalho visa abordar a análise dos métodos utilizados para a estabilização
de taludes submetidos principalmente a ação da gravidade.
2

1.2 Objetivos
1.2.1 Geral
A pesquisa propõe uma abordagem efetiva sobre os métodos de cálculo
para estabilidade de talude, considerando o comportamento do solo na condição
homogênea e estratificada. Esse estudo tem o intento de analisar os fatores de
segurança e as superfícies de deslizamento, assim como verificar suas validações.
Além de abordar os métodos de análise de estabilidade, visa analisar o
comportamento dos taludes sob diferentes condições de nível freático.
1.2.2 Específico
Este trabalho tem o propósito de analisar os fatores de segurança e
superfícies de deslizamentos obtidos por diferentes programas. Tem como objetivo
principal, comparar os resultados obtidos entre os métodos das fatias, que utiliza o
equilíbrio limite para resolução da hiperestaticidade, e elementos finitos. Além da
comparação dos métodos, visa o estudo dos mecanismos mobilizadores de ruptura
em taludes submetidos principalmente a ação da gravidade sob diferentes condições.
3

1.3 Justificativa
O tema do trabalho foi escolhido sob a justificativa de desastres recentes
que vem ocorrendo no país. A mídia tem noticiado constantemente grandes desastres
de deslizamentos de terra e rompimento de barragens. Assim, cabe a análise da
estabilidade de taludes através dos métodos disponíveis atualmente.
Outro motivo está relacionado a constante utilização de somente um
método de análise de estabilidade de taludes. É possível que seja necessário mais de
um método de análise para se chegar a uma conclusão real do problema.
Sabe-se que, em relação a outras ciências, a mecânica dos solos ainda é
uma ciência nova. Além disso, alguns métodos de cálculo ainda possuem algumas
limitações, possuindo algumas restrições quanto aos seus empregos. Dessa forma, é
necessário um estudo tanto qualitativo, no que tange a segurança dos projetos
calculados, como comparativo, relacionando os resultados dos próprios métodos
utilizados.
A análise dos métodos de cálculo para estabilizar talude através de
programas computacionais será necessária para efeito de comparação. Todos os
programas utilizados são baseados em uma teoria já proposta. Os resultados obtidos
por métodos simplificados precisam ser comparados com os resultados obtidos por
métodos rígidos. Logo, alguns programas devem possuir restrições quanto ao seu uso
no cálculo da estabilidade de um talude.
Tais restrições podem estar relacionadas ao número de variáveis
implementadas no programa. Por ser um material que apresenta diferentes
comportamentos, o solo possui muitas variáveis significativas. Alguns programas
possuem mais simplificações que outros, devido principalmente ao método de análise
empregado. Sendo assim, os dados de saída obtidos por diferentes programas serão
diferentes para um mesmo estudo de caso.
4

CAPÍTULO 2
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
___________________________________________________________________
2.1 Histórico de deslizamentos no Brasil
Segundo Guidicini e Nieble (1983), o número de registros de movimentos
de massa passa longe do número real de ocorrência. O motivo para as ocorrências
não serem registradas é que muitos deslizamentos ocorreram e ainda ocorrem em
áreas despovoadas, gerando desinteresse à mídia. Assim, as situações registradas
não apresentam uma realidade quantitativa dos escorregamentos de terra.
Ainda de acordo com o autor, outro fator significativo é caracterizado pelo
nível do desenvolvimento técnico da época. Embora a instabilidade de encostas fosse
algo que sempre ocorresse, foi apenas com a chegada da Mecânica dos Solos ao
Brasil que os fenômenos de instabilidade passaram a ser estudados de maneira mais
aprofundada.
Apesar da dificuldade de obter números reais de escorregamentos,
segundo a FAPESP (2015), o Serviço Geológico do Brasil (CPRM), a mando do
governo federal, vem realizando desde 2013 um mapeamento de suscetibilidade,
perigo e risco em 821 municípios considerados prioritários devido a incidência de
desastres naturais.
Segundo a FAPESP (2015) e de acordo com o The International
Emergency Disasters Database (EM-DAT)- que é uma base de dados de desastres
ocorridos no mundo desde 1900-, mostra que entre 1900 e 2013 foram registrados
150 grandes desastres naturais no Brasil, afetando 71 milhões de pessoas e
causando mais de 10 mil mortes com perdas estimadas em torno de US$ 16 bilhões.
De acordo com o Atlas Brasileiro de Desastras Naturais, elaborado pelo
Centro de Estudos e Pesquisas sobre Desastres (Ceped) da Universidade Federal de
Santa Catarina (UFSC), o deslizamento de terra ocupa a segunda colocação no
ranking de óbitos causados por desastres naturais, com 15,6%. Esse tipo de desastre
está diretamente ligado com a ocorrência de chuvas, desmatamento e ocupação de
áreas de risco. Dessa forma, muitos prejuízos são gerados pela instabilidade de
encostas.
No último século várias catástrofes relacionadas a deslizamentos de terra
ocorreram. Assim, baseado em fontes confiáveis, foi elaborado um resumo disposto
5

no quadro 1, listando os registros mais significativos de deslizamentos de terra


ocorridos no país nos últimos 100 anos.
Quadro 1- Escorregamentos mais graves no Brasil nos últimos 100 anos.
ANO LOCAL FONTE DE REFERÊNCIA
Março de Monte Serrat, Santos Vargas (274) (275); Pichler (188);
1928 (SP) Vargas e Pichler(281)
Julho de 1946
Usina Henry Borden, Fox(300);
a março de
Cubatão (SP) Terzagui(334);Vargas(274
1947
Junho de Rodovia Curitiba-
Vargas(274)
1947 Joinvile
15 de
dezembro de Sul de Minas Gerais Sternberg(258)
1948
Diversas Via Anchieta, cota
Rodrigues e Nogami(216) (217)
épocas 95(SP)
Usina Eloy Chaves,
Vargas(274)
Julho de 1953 Pinhal(SP)
2 de março Monte Serrat, Serrat,
Vargas(274); Pichler(188)
de 1956 Santos(SP)
Encosta "Caneleira",
Morro da Penha,
Vargas(274); Vargas e
ligação da via
Pichler(281)
24 de março Anchieta com São
de 1956 Vicente
1964 e Via Anchieta, cota
Teixeira e Kanji(280)
anteriormente 500(SP)
11 e 13 de
janeiro de Barata(12); CNPq(39);
Rio de Janeiro(área
1966; 17 a 19 Jones(311); Costa Nunes (159)
urbana)
de fevereiro (155) (161)
de 1967
22 e 23 de
Jones(99); Costa Nunes(159)
janeiro de Serra da Araras
(155) (161)
1967
18 de março Serra de
Petri e Sugilo (186); IPT
de 1967 Caraguatatuba
29 de abril de Serra de
IPT
1974 Maranguape(CE)
Bairro Salinas do
10 de abril de Sacavém, São Jornal Pequeno-11.04.2009
2009 Luís(MA)
30 de
dezembro de Angra dos Reis(RJ) site: www.terra.com.br
2010
Morro do Bumbra,
site: www.terra.com.br
Abril de 2010 Niterói(RJ)
Outubro de Porto Chibatão,
site: www.terra.com.br
2010 Manaus(AM)
Região serrana do
Rio de Janeiro
11 e 12 de (Teresópolis,
janeiro de Petrópolis, site: www.terra.com.br
2011 Sumidouro, Nova
Friburgo, São José do
Vale do Rio Preto
Abril de 2011 Igrejinha(RS) site: www.terra.com.br
27 de abril de
Salvador(BA) site: www.brasil.estadao.com.br
2015
5 de
novembro de Mariana (MG) site: www.globo.com
2015

Fonte: adaptado de Guidicini e Nieble, 1983


6

2.2 Tipos de Talude


Segundo Gerscovich (2012), denomina-se talude como sendo qualquer
superfície inclinada de um maciço de solo ou rocha. Para Fiori (2015), talude é um
termo genérico que compreende qualquer superfície inclinada que limita um maciço
de terra, de rocha ou de ambos.
O quadro 2 exemplifica algumas situações práticas que devem ser
analisadas de acordo com os critérios de estabilidade.
Quadro 2- Critérios de análise de estabilidade de taludes

Tipo de talude Método de aplicação da análise


avaliar a necessidade de providência de
Encostas naturais
estabilização
definir inclinação do corte/ avaliar a
Cortes ou escavações
necessidade de medidas de estabilização
definir seção da barragem com a
Barragem de terra
geometria mais econômica possível
Barragem de rejeito definir seção dos diques com geometria
(alteamento a montante) economicamente viável
Aterros sobre solos moles definir a geometria da seção mais
compressíveis economicamente viável
Retroanálise da ruptura para reavalição
Ruptura de talude
dos parâmetros de projeto

Fonte: adaptado de Gerscovich, 2012


Os taludes podem ser naturais ou artificiais, ou seja, respectivamente,
moldado pela natureza, como as encostas, ou projetados pelo homem.
Os taludes construídos pelo homem são resultantes de cortes, aterro ou
escavações. Os cortes são muito encontrados em execuções de estradas e ferrovias,
assim como os aterros, que servem tanto para obras viárias como para melhorar a
capacidade de suporte de um solo, executar barragens de terra e diques.
Ainda de acordo com autor, os cortes devem seguir as inclinações
estabelecidas em projeto para assegurar a estabilidade. Os aterros são
constantemente empregados quando o solo tem baixa capacidade de suporte. Apesar
de apresentarem comportamentos diferentes de acordo com as condições
estabelecidas, o material constituinte do aterro possui grau de incerteza menor que os
solos naturais, ou seja, as propriedades do material são conhecidas, proporcionando
a utilização de valores mais exatos no cálculo de estabilidade. Dessa forma, a análise
de estabilidade não fica restrito somente ao projeto, sendo necessário constante
controle desde a fase de implantação do projeto até sua fase de operação, dando
continuidade à manutenção do empreendimento.
7

Gerscovich (2012) afirma que os taludes naturais podem ser formados a


partir de solo residual e/ou coluvionar, além de rocha.
O solo residual é resultante do intemperismo químico e físico que age na
superfície da rocha matriz, degradando-a e transformando-a em solo. Este solo é
marcado por ser encontrado sobrejacente a rocha de origem. Outra característica é
que esse tipo de solo não apresenta as propriedades da rocha de origem,
diferentemente dos solos saprolíticos. Os solos saprolíticos são encontrados entre
uma camada externa de solo residual maduro e outra interna de rocha alterada,
mantendo características da rocha-mãe.
2.3 Tipos de movimento de terra
O movimento de massa é qualquer deslocamento de um volume de solo. A
abordagem da classificação dos tipos de movimento varia entre alguns
pesquisadores, como: Varnes (1978), Hutchinson (1968), Guidicini e Nieble (1983).
Segundo Gerscovich (2012), os conceitos de Varnes (1958) são mais usados
mundialmente. O Quadro 3 mostra o sistema de classificação de Varnes (1958).
Contudo, o sistema de classificação proposto por Varnes (1978) foi
adaptado a dinâmica ambiental brasileira por Augusto Filho (1992, apud
Gerscovich,2012). Ele adequou os principais grupos de escorregamento propostos, à
realidade do comportamento do solo brasileiro. Assim, foi possível realizar uma
classificação coerente com o clima e geologia local.
O quadro 3 mostra a classificação dos movimentos de encosta estabelecido
por Varnes (1978). Em seguida, o quadro 4 apresenta a classificação segundo
Augusto Filho (1992).

Quadro 3- Classificação dos movimentos de encosta

TIPOS DE MATERIAL
TIPOS DE MOVIMENTO Solo(engenharia)
Rocha
Grosseiro Fino
Quedas De rocha De detritos De terra
Tombamentos De rocha De detritos De terra
Abatimento de Abatimento de Abatimento de
Rotacional Poucas unidades rocha De blocos detritos terra
Escorregamento De blocos de
Translacional Muitas unidades rochosos De De blocos de
rocha detritos De detritos terra De terra
Expansões laterais De rocha De detritos De terra
De rocha (rastejo De detritos De terra
Corridas/escoamentos
profundo) (Rastejo de solo)
Complexos: combinação de dois ou mais dos principais tipos de movimento

Fonte: adaptado de Gerscovich (2012)


8

Quadro 4- Características dos principais grandes grupos de movimento de massa

PROCESSOS CARACTERÍSTICAS DO MOVIMENTO, MATERIAL E GEOMETRIA

Vários planos de deslocamento (internos)


Velocidades muito baixas (cm/ano) e decrescentes com a profundidade
Rastejo ou fluência Movimentos constantes, sazonais ou intermitentes
Solo, depósitos, rocha alterada/fraturada
Geometria indefinida

Poucos planos de deslocamento (externos)


Velocidades médias (km/h) e altas (m/s)
Pequenos e grandes volumes de material
Escorregamento Geometria e materiais variáveis
Planares→solos pouco espessos, solos e rochas com um plano de fraqueza
Circular→solos espessos homogêneos e rochas muito fraturadas
Em cunha→ solos e rochas com dois planos de fraqueza

Sem planos de deslocamento


Movimentos tipo queda livre ou em plano inclinado
Velocidades muito altas (vários m/s)
Material rochoro
Queda
Pequenos a médios volumes
Geometria variável: lascas, placas, blocos, etc.
Rolamento de matacão
Tombamento

Muitas superfícies de deslocamento (internas e externas à massa em movimentação)


Movimento semelhante ao de um líquido viscoso
Desenvolvimento ao longo das drenagens
Corrida Velocidades médias a altas
Mobilização de solo, rocha, detritos e água
Grandes volumes de material
Extenso raio de alcance, mesmo em áreas planas

Fonte: Augusto Filho (1992, apud Gerscovich, 2012)

Para este trabalho, interessa conhecer os tipos de movimentos


estabelecidos por Augusto Filho (1992). Dessa forma, todos os tipos serão abordados
de maneira concisa, salientando os principais conceitos.
2.3.1 Rastejo ou fluência
Esse tipo de movimento faz parte de um conceito mais amplo, denominado
escoamento. Os escoamentos são deformações ou movimentos contínuos que podem
possuir ou não uma superfície bem definida ao longo do movimento. Não são
associados a uma velocidade específica. Assim, por ser um conceito amplo, foram
criados dois conceitos de movimento, o rastejo ou fluência, e a corrida.
Segundo Guidicini e Nieble (1983), são movimentos lentos e contínuos de
material de encosta com limites, às vezes, indefinidos. A velocidade em si, em rastejos
comuns, não supera 0,30m em 10 anos, sendo raros os casos de movimentos mais
rápidos (Terzaghi, 1967 apud Guidicini e Nieble, 1983). Geralmente envolve grandes
9

massas de solo, não sendo possível distinguir um material em movimento de um


material estacionário.
Para Gerscovich (2012), as causas do movimento são atribuídas à ação da
gravidade em conjunto com os efeitos provocados pela variação de temperatura e
umidade. Nesse processo, o movimento acontece antes mesmo da resistência
mobilizada se igualar a resistência ao cisalhamento do solo. Porém, se o estado de
tensões atingir a resistência ao cisalhamento, irá proporcionar a definição de um plano
de ruptura, caracterizando um movimento de escorregamento.
É possível identificar alguns sinais que caracterizam o rastejo. Segundo
Sharpe (1938, apud Guidicini e Nieble, 1983), há o aparecimento de árvores
inclinadas, blocos em outras posições diferentes da inicial, postes e cerca deslocados,
estratos e camadas rochosas sofrendo variações bruscas (deslocamento da encosta),
trincas e rupturas em muros, matacões arredondados, eixos de estradas e ferrovias
desalinhados.
2.3.2 Corrida
São formas rápidas de escoamento, de caráter essencialmente
hidrodinâmico, ocasionados pela perda de atrito interno, em virtude da destruição da
estrutura, em presença de excesso de água. (Guidicini e Nieble, 1983)
De acordo com Gerscovich (2012), são movimentos de alta velocidade,
maior ou igual a 10Km/h, proporcionados pela perda da resistência ao cisalhamento
do solo. Assim, o maciço de terra deslocado passa a se comportar como um fluido,
gerando grandes deslocamentos.
Existem três maneiras de atingir um certo grau de fluidez, podendo ser por:
a) simples adição de água, b) efeito de vibrações, podendo ocorrer durante cravações
de estacas ou terremotos e c) processo de amolgamento de argilas muito sensíveis.
De acordo com Krynine e Judd (1957, apud Guidicini e Nieble, 1983) o grau
de fluidez dessas corridas varia consideravelmente. Pode ser que de um lado ocorra
massas de elevadas densidades e viscosidades e do outro, massas que podem atingir
um estado de suspensão de partículas dentro de um meio fluido, comparando-se a
água barrenta de um rio.
2.3.3 Queda
Esta classificação está dentro de um conceito mais amplo, chamado
subsidências.
10

Para Gerscovich (2012), subsidências são movimentos de massa que


correspondem a um deslocamento essencialmente vertical, podendo ser contínuo ou
instantâneo. Esse tipo de movimento pode ser classificado de acordo com a causa do
movimento, podendo ser gerado a partir de um recalque (rearranjo de partículas),
desabamento ou queda (deslocamento finito vertical) ou afundamento (deformação
contínua). Dessa forma, os desabamentos ou quedas são subsidências que ocorrem
de maneira brusca, a alta velocidade.
Os desabamentos envolvem tanto a queda de blocos como a de detritos.
A queda de blocos é definida por Guidicini e Nieble (1983) como uma ação de queda
livre a partir de uma elevação, com ausência de superfície de movimentação. Ou seja,
uma queda sem contato com o corpo da encosta, com depósito direto na base do
talude.
De acordo com Gerscovich (2012), a formação dos blocos decorre da ação
do intemperismo nas fraturas, pressões hidrostáticas nas fraturas, perda de
desconfinamento lateral devido a obras subterrâneas, vibrações etc.
O resultado da desagregação das partículas sólidas é o acumulo de
material no pé do talude. Tal processo é denominado empastilhamento.
2.3.4 Escorregamento
Segundo a NBR 11682 (2009), é o movimento caracterizado por um
deslocamento de massa sobre uma ou mais superfícies. Gerscovich (2012) afirma que
são movimentos de massa rápidos, com superfície de ruptura bem definido. Tal
processo é atingido quando a resistência mobilizada no solo iguala a sua resistência
ao cisalhamento.
De acordo com Guidicini e Nieble (1983), outra característica do movimento
é o deslocamento do centro de gravidade para baixo e para fora do talude. Esse
fenômeno aumenta consideravelmente o valor da resistência mobilizada na massa de
solo. Assim, o fator de segurança diminui, acarretando na perda de estabilidade do
talude.
A NBR 11682 (2009), no seu anexo B, propõe as terminologias dos
elementos e das dimensões que caracterizam um escorregamento. Assim, as figuras
2 e 3 mostram a disposição dessas terminologias.
11

Figura 1- Terminologia dos elementos de um escorregamento.

Fonte: adaptada da NBR 11682, 2009

Figura 2-Terminologia das dimensões

Fonte: adaptada da NBR 11682, 2009

De acordo com Gerscovich (2012), as superfícies de ruptura podem ser


planares, circulares, em cunha, ou mistas (circular e plana).
Os escorregamentos planares são também chamados de translacionais.
São caracterizados pela preexistência de descontinuidades ou planos de fraqueza.
São escorregamentos que podem ocorrer em rochas, solos, ou em conjunto, solo e
rocha.
12

Segundo Guidicini e Nieble (1983), se camadas de rochas estratificadas


forem interceptadas e cortadas por linha de erosão, sua estabilidade será suportada
apenas por atrito entre os seus planos de acamamento. Por outro lado, o atrito pode
ser reduzido devido a influência de outros fatores como: fatores climáticos, pressões
hidrostáticas da água nas juntas, aumento do processo de alteração da rocha. Logo,
a estabilidade de taludes em rocha estará em função de todas essas variáveis.
Em solos, são caracterizados pelo movimento ao longo de uma superfície
plana, apresentando superfície de ruptura tabular. O movimento é influenciado pela
espessura da camada de solo alterado sobrejacente a rocha. Quanto menor a
espessura, mais abrupto será o deslizamento. Geralmente, ocorrem dentro do regolito
ou manto alterado.
Terzaghi (1967 apud Guidicini e Nieble, 1983) estima a velocidade de um
escorregamento em torno de 0,30m/h. Os movimentos mais bruscos ocorrem em
solos mais homogêneos, principalmente os que apresentam coesão e atrito interno
elevado.
De acordo com Guidicini e Nieble (1983), as superfícies em forma de cunha
são geradas a partir de um cruzamento entre os planos de fraqueza ou quando as
camadas de menor resistência sobrejacentes não são paralelas a superfície do talude.
Em solos mais homogêneos, a superfície tende a ser mais circular.
Além dos escorregamentos translacionais, existem os rotacionais.
Gerscovich (2012), relata três tipos. Quando mobilizam simultaneamente mais de uma
superfície de ruptura são denominados múltiplos. Quando o movimento se dá em
direção a crista, sequenciada por descalçamento do pé do talude, é denominado
retrogressivo. E, quando observadas as características do retrogressivo com sentido
contrário, devido a influência de sobrecarga, é denominado progressivo.
De acordo com Collin (1841, apud Bromhead, 2005), a configuração da
superfície de deslizamento em talude constituídos predominantemente de solo
argiloso, tende a ser profunda e circular. Contudo, em solo arenoso, esse
comportamento é diferente, apresentando superfície de deslizamento mais rasa.
As mistas são caracterizadas pela combinação de superfícies planas e
circulares. Ocorre geralmente em solos heterogêneos.
Quando no interior de um estrato existe uma camada relativamente fina,
constituída por um material mais fraco, a superfície de deslizamento pode se
configurar circular nas extremidades e poligonal no contato com essa
determinada camada (SILVA, 2011, p.04).
13

2.4 Causas da instabilidade


Segundo Guidicini e Nieble (1983), o termo causa se refere ao modo de
atuação de um determinado agente. Como exemplo têm-se a água que pode gerar o
encharcamento de um material provocado pelo degelo, assim como pode proporcionar
o fenômeno da liquefação espontânea, devido ao aumento da pressão neutra. Dessa
forma, através de um agente pode-se obter várias causas de instabilidade.
As causas podem ser separadas dependendo de sua posição com relação
ao talude (Terzaghi, 1967, apud Guidicini e Nieble, 1983). São verificados três tipos
de causa. Quando o talude entra em colapso sem que se verifique qualquer mudança
na sua geometria e tem como resultado a perda de atrito interno do material,
denomina-se causas internas. Quando há o aumento de tensões de cisalhamento sem
que haja a diminuição da resistência, chama-se causas externas. Há também as
causas intermediárias, que ocorrem devido a ação de agentes externos no interior do
talude (liquefação espontânea, erosão retrogressiva, rebaixamento rápido do nível
freático).
Dentre as causas internas de movimento pode-se citar as oscilações
térmicas e a influência do intemperismo físico-químico na diminuição dos parâmetros
de resistência do material. Devido às contrações e dilatações, as oscilações térmicas
provocam grande variação volumétrica. O intemperismo gera enfraquecimento
gradual do meio rochoso ou terroso, ocorrendo remoção de elementos solúveis
constituintes de minerais, dissolução de elementos cimentícios, e desenvolvimento de
rede de microfissuras em rochas.
Terzaghi (1943, apud Duncan, 2015) apontou que se o solo tem baixa
resistência, fendas de tração serão geradas no topo do talude reduzindo o fator de
segurança.
Algumas causas externas podem ser citadas, como mudança de geometria,
desmatamento, vibrações no maciço e efeito tectônico. Geralmente o que ocorre, em
obras de retaludamento, quando verificado o movimento, é a remoção de material do
pé talude, proporcionando a diminuição do empuxo passivo e aumento do ativo. A
vegetação promove a proteção da superfície do talude e grampeamento do solo
proporcionado pelas raízes. As vibrações causam mudanças significativas no estado
inicial de tensões do material, sendo geradas a partir de terremotos, bater de ondas,
cravação de estacas e outras. O efeito tectônico causa mudança natural da inclinação
do talude, resultando no aparecimento de fenômenos de instabilidade.
14

Guidicini e Nieble (1983), ainda relatam sobre a ação antrópica como causa
externa. Essa consideração está relacionada ao lançamento de lixo nas encostas. O
lixo orgânico, quando soterrado, gera camadas suscetíveis a ruptura no interior do
talude.
Ainda de acordo com Guidicini e Nieble (1983), algumas causas
intermediárias podem ser citadas, como, a diminuição da coesão aparente, o
fenômeno piping ou erosão subterrânea retrogressiva, rebaixamento rápido do lençol
freático e a elevação do nível freático em solos homogêneos.
Segundo Bromhead (2005), o movimento de umidade do solo na zona
capilar pode provocar mudanças significativas na tensão efetiva, como a sucção que
é criada ou elimanada. Assim, a sucção irá influenciar significativamente a resistência
da porção de solo perto da superfície do talude.
De acordo com Cheng e Lau (2008), há condições desfavoráveis
proporcionadas pela hidrologia e topografia local, como:
i) Falta de linhas de drenagem sobre a superfície, facilitando a infiltração;
ii) Zonas de recarga de chuva, influenciando na abertura de
descontinuidades e dilatação de fendas de tração;
iii) Zonas com grande diferença de condutividade hidráulica;
iv) Pressões artesianas ocasionadas por camadas superficiais com baixa
permeabilidade localizadas sob camadas permeáveis;
v) Tempo de atraso que o nível freático leva para atingir a horizontalidade,
gerando aumento de poropressão.
De acordo com Fiori (2015), a água que se encontra dentro dos vazios
acima da zona capilar, está sob tensão, ou seja, com pressão neutra negativa, tendo
um efeito de sucção. Logo, isso resultado num aumento significativo da resistência de
solo.
Cheng e Lau (2008) afirmam que a identificação das variáveis causadoras
de instabilidade é mais complicada na condição hidrológica. Isso se deve pela
presença de fatores como as linhas de drenagem, depressões locais,
descontinuidades abertas, fendas de tração, índice pluviométrico da região e outros.
Assim, tais fatores influenciam diretamente no aumento do nível freático, podendo
ocorrer grandes pressões artesianas com consequente instabilidade.
15

2.5 Análise de estabilidade


É evidente que os deslizamentos de terra sempre ocorreram ao longo de
toda a história do Brasil. Porém, estudos na área foram iniciados apenas com o
advento da Mecânica dos Solos, desencadeando várias pesquisas aprofundadas
nessa área. Logo, tornou-se possível entender os mecanismos que geravam esses
fenômenos.
Segundo Cheng e Lau (2008), um problema de estabilidade de taludes é
estaticamente indeterminado. Para possibilitar uma solução, há vários métodos de
análise disponíveis aos engenheiros. A análise de estabilidade pode ser promovida
através dos métodos de equilíbrio limite (MEL), análise limite, elementos finitos (MEF)
ou pelo método da diferença finita. Apesar da variedade de métodos, o método do
equilíbrio limite é o mais usado e mais fácil de ser programado. O método dos
elementos finitos é o mais novo em relação aos outros. Dessa forma, ambos os
métodos são utilizados constantemente em projetos de talude.
De acordo com Fiori (2015), do ponto de vista teórico, um talude está
basicamente submetido a três diferentes campos de força: forças devidas ao peso dos
materiais, forças devido ao escoamento superficial de água e forças de resistências
ao cisalhamento. Dentre estas, as únicas que proporcionam estabilidade são as forças
devido à resistência ao cisalhamento.
2.5.1 Métodos do equilíbrio-limite
De acordo com Gerscovich (2012), o método consiste na determinação do
equilíbrio de uma massa ativa de solo, sendo que esta pode ser delimitada por uma
superfície de ruptura de forma circular, poligonal ou de outra geometria.
Segundo Whitman e Bailey (1967, apud Cheng e Lau, 2008), foi
apresentado uma avaliação clássica da análise de métodos do equilíbrio limite, sendo
agrupadas em:
i) Método das fatias: o maciço instável é dividido em uma série de fatias
verticais e a superfície de ruptura pode ser circular ou poligonal. Métodos
que empregam superfície de ruptura circular: Fellenius(1936);
Taylor(1949); Bishop(1955). Métodos que utilizam superfície de ruptura
não-circular: Janbu (1956); Morgenstern e Price (1965); Sarma(1973).
ii) Método das cunhas: a massa de solo é dividida em cunhas com a
interface inclinada. Esse método não é muito usado em análise de
16

estabilidade de taludes. Métodos que empregam o método das cunhas:


Seed e Sultan (1967) e Sarma (1979).
Como o método das cunhas não é muito utilizado em análise de
estabilidade de taludes, este não será abordado no trabalho. Assim, este trabalho dará
mais ênfase ao método das fatias, considerando o equilíbrio-limite como base para
resolução do problema da hiperasticidade das fatias.
Além desses métodos, Duncan (2015) cita alguns procedimentos que tem
suas equações baseadas na resolução de um único corpo livre. Os procedimentos
baseados num único corpo livre são relativamente mais simples de usar e mais úteis,
dependendo da situação que se deseja analisar. Pode-se destacar alguns, como:
Talude infinito, Espiral logarítmica e o Método circular sueco. Para entender algumas
considerações sobre um desses procedimentos, será realizada uma abordagem
superficial do método do talude infinito.
Segundo Krahn (2001), o método do equilíbrio limite foi concebido
primordialmente para análise de estabilidade de taludes onde as tensões normais ao
longo da superfície de deslizamento eram submetidas apenas a influência da
gravidade. Muitas análises, incluindo solo reforçado, estão sendo realizadas através
de um método que satisfaz apenas a estática.
2.5.2 Definição do fator de segurança
O fator de segurança é geralmente definido como a razão entre a
resistência ao cisalhamento última dividida pela tensão de cisalhamento mobilizada
na ruptura.
O mais comum é tornar o fator de segurança constante ao longo de toda
superfície de deslizamento. Ou seja, ao longo da superfície de ruptura existem vários
fatores de segurança, sendo a média o resultado considerado.
Ele é definido para força e momento de equilíbrio:
i) Equilíbrio de momentos: geralmente usado para análise de rotações em
deslizamentos. Assim, fica definido como:

𝑀
𝐹𝑆 = (2.1)
𝑀
Onde:
𝑀 = soma dos momentos resistentes;
𝑀 = soma dos momentos mobilizadores de deslizamento (motrizes).
17

Em falhas de superfícies circulares, o ponto central do círculo é tomado


como referência de cálculo. No entanto, em superfícies planas ou em forma de cunha,
é considerado um ponto aleatório para análise.
Porém, somente o fator de segurança obtido pelo equilíbrio de momentos
não leva a uma análise completa. Segundo Cheng e Lau (2008), o uso da equação de
equilíbrio de momentos sem a aplicação do equilíbrio de forças não garante um
“verdadeiro” equilíbrio de momentos.

ii) Equilíbrio de forças: são geralmente aplicadas a rupturas por translação


ou rotação, apresentando superfícies de deslizamento plano ou
poligonal. Assim, o fator de segurança fica definido como:

𝐹
𝐹𝑆 = (2.2)
𝐹
Onde:
𝐹 = soma das forças resistentes ao movimento (R ou T);
𝐹 = soma das forças mobilizadoras de movimento.
Neste trabalho, 𝐹 será encontrado como R ou T, apesar de serem a
mesma força de resistência ao cisalhamento.
Murthy (2002), define dois tipos de fatores de segurança. Sendo:
i) Fator de segurança relacionado a resistência ao cisalhamento;
ii) Fator de segurança relacionado a coesão.
O fator de segurança, 𝐹𝑆, em relação a resistência ao cisalhamento é
escrito como:
𝜏, á 𝑐 ′ + 𝜎 ′ tan (ɸ′ )
𝐹𝑆 = = (2.3)
𝜏 𝜏
A tensão mobilizada ao cisalhamento em cada ponto na superfície falha
deve ser:
𝑐′ tan (ɸ )
𝜏 = + 𝜎 (2.4)
𝐹𝑆 𝐹𝑆

Ou,
𝜏 = 𝑐′ + 𝜎 tan (ɸ ) (2.5)
18

Onde deduz-se que:


𝑐
𝑐 = (2.6)
𝐹𝑆
tan (ɸ )
tan ɸ′ = (2.7)
𝐹𝑆ɸ
Apesar da obtenção de valores constantes, a resistência ao cisalhamento
não é igual em todos os pontos da superfície de ruptura. Assim como, as tensões
mobilizadas de cisalhamento estão longe de serem constantes. Porém, as equações
são consideradas corretas devido a consideração da média entre valores.
Se os fatores de segurança com respeito a coesão e ângulo de atrito forem
diferentes, deve-se utilizar a seguinte equação para tensão mobilizada ao
cisalhamento. Assim,
𝑐′ tan (ɸ )
𝜏 = + 𝜎 (2.8)
𝐹𝑆 𝐹𝑆ɸ
Onde 𝐹𝑆 vai depender da altura do talude. Esse fator é encontrado como
𝐹 , sendo a relação entre a altura crítica e a altura atual do talude, em que a altura
crítica é a altura máxima para um talude se tornar estável. Assim,
𝑐′
𝜏 = + 𝜎 tan (ɸ ) (2.9)
𝐹

E o valor de 𝐹𝑆ɸ , é encontrado da seguinte forma:


tan (ɸ )
𝐹𝑆ɸ = (2.10)
tan (ɸ )

Onde as variáveis são:


𝐹𝑆= Fator de segurança em relação a resistência ao cisalhamento;
𝐹𝑆 = Fator de segurança em relação a coesão;
𝐹 = Fator de segurança com respeito à altura;
𝐹𝑆ɸ = Fator de segurança com respeito ao atrito;
𝑐′ = coesão mobilizada;
ɸ′ = ângulo de atrito mobilizado;
𝜎 = valor médio de tensão mobilizada ao cisalhamento;
𝜏 , á = resistência ao cisalhamento máximo;
𝜏 = tensão mobilizada ao cisalhamento.
19

2.5.3 Método do talude infinito


De acordo com Duncan (2015), este procedimento assume a extensão do
talude como sendo infinita, assim como o plano de deslizamento paralelo a inclinação
do talude. Ele é muito aplicado em casos onde há uma camada rasa de solo pouco
resistente sobrejacente a uma camada de solo resistente.
Figura 3: Esquema de forças da porção de terra (bloco)

Fonte: adaptado de Fiori (2015)

Segundo Fiori (2015), o fator de segurança surgiu da necessidade de


comparação de taludes em condições diferentes de equilíbrio-limite. Logo, fator de
segurança, chamado FS, é tido como a razão entre forças resistentes e as
mobilizadoras de movimento. Assim:
𝑃 cos (𝛽) tan (𝜙) tan (𝜙)
𝐹𝑆 = = (2.11)
𝑃 𝑠𝑒𝑛 (𝛽) tan (𝛽)
Assim, assumindo um fator de segurança maior que 1, para 𝑐 = 0, significa
que o talude está em equilíbrio, pois a soma dos valores de resistência será maior que
a mobilizada. Quando menor que 1, indica que as forças mobilizadas são maiores que
as resistentes e, portanto, o maciço está em desequilíbrio. A situação de equilíbrio-
limite é atingida quando o valor do fator de segurança é igual a 1, pois o maciço estará
na iminência de uma ruptura.
Para entender a diferença de comportamento entre um material arenoso
(c=0) e um argiloso (c≠0), será necessária a análise das forças atuantes no bloco
considerado. Assim:
20

Figura 4- Esquema de forças atuantes numa porção de terra sobre uma superfície
de deslizamento plana

Fonte: adaptado de Fiori (2015)

Como o fator de segurança pode ser dado como a razão entre a resistência
ao cisalhamento (𝜏 ) e a tensão de cisalhamento (𝜎 ), têm-se para c=0:
𝜏 𝑐 + 𝜎 tan(𝜙) 𝛾 𝑧 𝑐𝑜𝑠 (𝛽) tan(𝜙) cos (𝛽) tan (𝜙)
𝐹𝑆 = = = =
𝜎 𝜎 𝛾 𝑧 𝑐𝑜𝑠(𝛽) 𝑠𝑒𝑛 (𝛽) 𝑠𝑒𝑛 (𝛽)
tan (𝜙)
= (2.12)
tan (𝛽)
Para material coesivo (c≠0), acrescenta-se a variável coesão (c), ficando a
equação da seguinte forma:
𝑐 + 𝛾 𝑧 𝑐𝑜𝑠 (𝛽) tan (𝜙) 2𝑐 tan (𝜙)
𝐹𝑆 = = + (2.13)
𝛾 𝑧 cos (𝛽) 𝑠𝑒𝑛 (𝛽) 𝛾 𝑧 𝑠𝑒𝑛 2 (𝛽) tan (𝛽)
Em termos de tensão efetiva, têm-se:
𝑐 + (𝛾 𝑧 𝑐𝑜𝑠 (𝛽) − 𝑢) tan (𝜙) 2𝑐 tan (𝜙)
𝐹𝑆 = = + (2.14)
𝛾 𝑧 cos (𝛽) 𝑠𝑒𝑛 (𝛽) 𝛾 𝑧 𝑠𝑒𝑛 2 (𝛽) tan (𝛽)
Similarmente, em termos de tensões efetivas, se a poropressão (𝑢) for
proporcional a profundidade do plano de deslizamento (𝑧), o fator de segurança pode
ser expresso assim:
𝐹𝑆 = [cot (𝛽) − 𝑟 (cot (𝛽) + tan (𝛽)] tan (ɸ′)] (2.15)
Onde 𝑟 é a o coeficiente de poropressão proposto por Bishop e
Morgenstern (1960):
𝑢
𝑟 = (2.16)
𝛾 𝑧
21

Por esse fator de segurança, esse procedimento é mais adequado a


taludes compostos de solo pouco coesivo.
Segundo Fiori (2015), plotando-se os valores de 𝜏 e 𝜎 no círculo de Mohr
e definindo um ponto qualquer que considera as condições de pressão atuante a uma
profundidade z, é possível assimilar a diferença de comportamento entre taludes
compostos de solos coesivo e não-coesivos. Assim, observa-se que se o ângulo de
inclinação do talude (𝛽) for menor que o ângulo de atrito solo (𝜙), para c=0, o talude
estará estável. A situação de equilíbrio-limite será verificada fazendo-se 𝛽 = 𝜙, ou
seja, o talude estará na iminência de romper. A instabilidade do talude será dada,
quando 𝛽 > 𝜙 .
No entanto, se o material for coesivo, c≠0, seu comportamento quando 𝛽 >
𝜙 não será o mesmo de um solo não-coesivo, apresentando um intervalo com certo
equilíbrio devido a coesão entre partículas.
A seguir as figuras 5 e 6 mostram os diagramas de Mohr, sendo
respectivamente, solos não-coesivos e solos coesivos.
Figura 5- Comportamento de um talude composto de solo não-coesivo (c=0)

Fonte: adaptado de Fiori, 2015


Figura 6- Comportamento de um talude composto por solo coesivo (c≠0)

Fonte: adaptado de Fiori, 2015


22

2.5.4 Método das fatias


Segundo Gerscovich (2012), esse método é o mais utilizado em estudos
de estabilidade devido não apresentar restrições quanto a homogeneidade do solo,
geometria do talude e tipo de análise (tensão total ou efetiva). Logo, permite que solo
seja constituído de materiais diferentes, como também a distribuição de poropressão.
As etapas desse método se resumem assim:
i) Divisão do talude em fatias, considerando a base linear. Deve-se garantir
que as bases das fatias sejam constituídas do mesmo material. Assim
como, o topo não deve possuir descontinuidades.
ii) Realização do equilíbrio de forças em cada fatia, fazendo com que a
tensões normais sejam geradas pelo próprio peso da fatia (solo). Supõe-
se que a tensão normal é aplicada no eixo da base da fatia.
iii) O equilíbrio do arranjo é calculado através da equação de momentos em
relação ao centro do círculo, levando em consideração os pesos e as
forças tangenciais na base das fatias.
Zhu et al.(2003, apud Cheng e Lau, 2008) resumiram algumas
características comuns entre os métodos das fatias da seguinte maneira:
i) O corpo sobre a superfície de ruptura é dividido em um número finito de
fatias. Em geral são utilizadas fatias verticais, porém muitos
pesquisadores vêm usando fatias horizontais e inclinadas.
ii) A resistência da superfície de deslizamento é mobilizada para alcançar
o mesmo grau de deslizamento do corpo dentro de um estado limite.
iii) São utilizadas suposições em relação a forças entre fatias para tornar o
problema determinável.
O fator de segurança é calculado utilizando as equações de equilíbrio de
força e/ou momento.
Assim, no método das fatias, o equilíbrio-limite é admitido simultâneo entre
as fatias, ou seja, atinge ao mesmo tempo a condição de FS=1. Para realizar a análise
é arbitrado uma determinada superfície potencial de ruptura, sendo o solo acima
dividido em fatias. O equilíbrio é calculado a partir das equações da estática. Sendo
assim, é realizado a análise de cada fatia. O equilíbrio de momentos é feito
comparando momentos estabilizantes e momentos instabilizantes, sendo a tensão
mobilizada (𝜏 ) uma das incógnitas.
23

Devido ao número de incógnitas ser maior que o número de equações de


equilíbrio, trata-se de um problema indeterminado. Assim, para contornar o problema
da indeterminação, vários métodos foram propostos, utilizando hipóteses
simplificadoras para diminuir o número de incógnitas.
No quadro 5, a seguir, resume bem esse problema. O número de
incógnitas, igual a (6n-2), é superior ao número de equações.
Quadro 5- Número de equações x número de incógnitas

Equações
2n Equilíbrio de forças
n Equilíbrio de momentos
n Envoltória de resistência(Lei de Coulomb)
4n Total de equações
Incógnitas
1 Fator de segurança
n Força tangencial na base da fatia
n Força normal na base da fatia
n Ponto de aplicação da força normal
n-1 Força tangencial entre fatias
n-1 Força normal entre fatias
n-1 Ponto de aplicação das forças entre fatias (E e X)
6n-2 Total de incógnitas

Fonte: adaptado de Gerscovich (2012)

Com o advento dos computadores, muitos métodos vêm sendo


desenvolvidos. A maioria dos métodos de equilíbrio limite são baseados em técnicas
de fatias que podem ser verticais, horizontais ou inclinadas. Segundo Cheng e Lau
(2008), a primeira técnica (Fellenius,1927) foi baseada mais em uma intuição que em
um princípio mecânico. Entre as décadas de 50 e 70, houve um grande
desenvolvimento de métodos baseado em fatias, como os de: Bishop(1955); Janbu et
al.(1956); Lowe e Karafiath (1960); Morgenstern e Price(1965); e Spencer(1967).
Vários desses métodos foram examinados e resumidos (Freudlund e Krahn, 1984;
Nash,1987; Morgenstern,1992; Duncan,2015).
Para Duncan (2015), o procedimento de fatias é baseado na divisão em
fatias de uma massa de solo acima de uma superfície de deslizamento. O número de
fatias depende do perfil do solo e da geometria do talude.
O que mais diferencia entre os métodos são as considerações de equilíbrio
e de forças entre fatias. Segundo Krahn (2011, apud Silva, 2011, p.17), as grandes
diferenças entre os métodos estão relacionadas a equações da estática, consideração
24

das forças entre fatias, e distribuição das forças de interação. Assim, dentre os
métodos das fatias, as considerações estarão em função de procedimentos rigorosos
e não-rigorosos.
De acordo com Cheng e Lau (2008), os métodos de cálculo utilizados na
estabilidade de taludes podem ser simplificados ou não-rigorosos, e rigorosos. Os
métodos simplificados não consideram simultaneamente os equilíbrios de força e
momento. Os valores obtidos são levemente diferentes, pois em ambos os casos são
necessárias suposições. Porém, os valores obtidos pelos métodos rígidos são
geralmente melhores, pois leva em consideração o equilíbrio de forças e momentos.
Ainda de acordo com Cheng e Lau (2008), na verdade, um talude pode apresentar
vários fatores de segurança de acordo com os diferentes métodos de análise.

Figura 7- Esquema de forças na análise entre fatias

Fonte: adaptado de Silva (2011)


Ao longo do desenvolvimento dos métodos, os autores fizeram algumas
suposições referentes às forças que agem numa fatia. Assim, o quadro 5 resume
alguns métodos levando em consideração suas suposições e considerações de
equilíbrios de força e momento.
25

Quadro 6- Suposições e considerações em vários métodos de análise

Superfície de Equilíbrio de força Equilíbrio de Componente Componente Força entre


Método Rigoroso
deslizamento ƩFh ƩFv momento E X fatias Z
Sueco não circular não não sim não não não existe
Bishop
não Circular não sim sim sim não horizontal
simplificado
Janbu
não Plana sim sim não sim não horizontal
simplificado
Spencer sim qualquer sim sim sim sim sim constante
Morgernstern e
sim qualquer sim sim sim sim sim variável
Price
Janbu rigoroso sim qualquer sim sim sim sim sim variável
Sarma sim qualquer sim sim sim sim sim variável
Média da
inclinação da
Lowe-Karafiath sim qualquer sim sim sim sim sim superfície do
talude e inclinação
da base da fatia

Fonte: adaptado de Cheng e Lau (2008)

O foco é apresentar as teorias dos Métodos de Bishop simplificado e


Morgernstern-Price. O motivo para tal destaque se deve pelo primeiro ser considerado
um método não-rígido e o outro um método rígido. Para a análise desses métodos
serão utilizados programas baseados nessas teorias. Assim, o motivo para tais
escolhas foi impulsionado em decorrência dos métodos considerarem diferentes
suposições de análise.
2.5.5 Método sueco de fatias
Este método não considera as forças de interação entre fatias (forças nos
lados das fatias). Também é conhecido como Método Ordinário das fatias ou Método
de Fellenius (1936). Não deve ser confundido com outros métodos que Fellenius
(1936) desenvolveu, como o método das fatias que satisfazia completamente o
equilíbrio estático. Segundo Gerscovich (2012), nesse método o equilíbrio de forças é
realizado nas direções normal e tangencial à superfície de ruptura.
26

Figura 8- Consideração das forças no método de sueco de fatias

Fonte: adaptado de DUNCAN (2015)

O fator de segurança desse método é dado como:

Ʃ[𝑐 𝛥𝑙 + (𝑃 cos (𝛼) − 𝑢 𝛥𝑙 𝑐𝑜𝑠 (𝛼) tan (ɸ )]


𝐹𝑆 = (2.17)
Ʃ 𝑃 𝑠𝑒𝑛 (𝛼)

Onde:

𝑐 = coesão efetiva;

𝑃= peso da fatia;

𝛼= ângulo de da superfície de ruptura em relação a horizontal;

𝑢= poropressão;

ɸ = ângulo de atrito efetivo.

De acordo com Whitman e Bailey (1967, apud Freudlund; Krahn; Pufahl,


2009), o valor fornecido do FS pelo método ordinário das fatias pode diferenciar em
mais de 60%, quando comparado a outros métodos.
27

2.5.6 Método de Bishop Simplificado

Esse procedimento assume superfície de deslizamento qualquer e forças


horizontais entre as fatias. Somente as componentes normais (E) nas laterais das
fatias são assumidas (não considera as componentes verticais de cisalhamento). O
método satisfaz o equilíbrio de momentos em torno do centro do círculo (considerado
na superfície de ruptura) e o equilíbrio de força na vertical para cada fatia.
Figura 9- Fatia com as forças consideradas no método de Bishop simplificado

Fonte: adaptado de DUNCAN ,2015

Satisfazendo o equilíbrio vertical de forças, obtêm-se a tensão normal que


age na base da fatia, assim:
𝑁 cos (𝛼) + 𝑇 𝑠𝑒𝑛 (𝛼) − 𝑃 = 0 (2.18)
A força de cisalhamento pode ser dada como:
𝑇= 𝜏 𝛥𝑙 (2.19)
Onde:
𝜏 = tensão mobilizada ao cisalhamento;
Da equação (2.3), em termos de resistência ao cisalhamento, a equação
pode ser escrita:
𝜏 𝛥𝑙
𝑇= (2.20)
𝐹𝑆
Em termos de tensões efetivas, utilizando a Lei de Mohr-Coulomb, têm-se:
1
𝑇= [𝑐 𝛥𝑙 + (𝑁 − 𝑢𝛥𝑙) tan (ɸ )] (2.21)
𝐹𝑆
Combinando as equações (2.18) e (2.21), e isolando a força normal 𝑁,
obtêm-se:
28

𝑃 − (1 𝐹𝑆)[𝑐 𝛥𝑙 − 𝑢 𝛥𝑙 tan (ɸ )]
𝑁= (2.22)
[𝑠𝑒𝑛(𝛼) tan (ɸ )]
cos (𝛼) + 𝐹𝑆
E a tensão normal efetiva na base da fatia é:
𝑁
𝜎 = −𝑢 (2.23)
𝛥𝑙
De acordo com a equação (2.24) do fator de segurança de equilíbrios de
momentos em termos de tensões efetivas,
Ʃ[𝑐 + 𝜎 tan (ɸ )] 𝛥𝑙
𝐹𝑆 = (2.24)
Ʃ 𝑃 𝑠𝑒𝑛 (𝛼)
e combinando as equações (2.22) e (2.23), têm-se, depois do rearranjo de termos, a
equação:
𝑐 𝛥𝑙 cos (𝛼) + [𝑃 − 𝑢 𝛥𝑙 cos (𝛼)]tan (ɸ′)]
Ʃ
cos (𝛼) + [𝑠𝑒𝑛 (𝛼) tan (ɸ )]/𝐹𝑆
𝐹𝑆 = (2.25)
Ʃ 𝑃 𝑠𝑒𝑛 (𝛼)
Esta mesma equação pode ser escrita em termo de tensões totais,
substituindo apenas os parâmetros de resistência efetiva (𝑐′ e 𝜙′) pelos parâmetros
de resistência total (𝑐 e ɸ) e fazendo a poropressão (𝑢) igual a zero. Assim:
𝑐 𝛥𝑙 cos (𝛼) + 𝑃 tan (ɸ)
Ʃ
cos (𝛼) + [𝑠𝑒𝑛 (𝛼) tan (𝜙)]/𝐹𝑆
𝐹𝑆 = (2.26)
Ʃ 𝑃 𝑠𝑒𝑛 (𝛼)
Segundo Duncan (2015), há problemas que envolvem tanto análise de
camadas em termos de tensões totais (como solo argiloso), como em tensões efetivas
(como solo arenoso ou granular). Dessa forma, as equações (2.25) e (2.26) serão
úteis, dependendo das condições de drenagem ao longo da superfície de ruptura.
Ainda, sob condições de carregamento não-drenado, a resistência ao
cisalhamento, em termos de tensões totais, deve ser caracterizada por ɸ=0. Assim, a
equação fica reduzida em:
Ʃ 𝑐 𝛥𝑙
𝐹𝑆 = (2.27)
Ʃ 𝑃 𝑠𝑒𝑛 (𝛼)
De acordo com Wright et al. (1973, apud Duncan, 2015), o fator de
segurança obtido pelo método simplificado de Bishop é bem próximo (dentro de uma
margem de erro de 5%) de um fator de segurança calculado por análise de tensões
através do método dos elementos finitos. A limitação dessa margem de erro está em
relação ao uso restrito para superfícies circulares de deslizamento.
29

De acordo com Krahn (2001), o método de Bishop simplificado foi


incialmente desenvolvido para superfícies circulares, porém, em alguns casos, as
mesmas suposições de análise do método podem ser aplicadas a superfícies não-
circulares.
De acordo com Duncan (2015), esse método, comparado ao Método sueco
de fatias, é mais preciso em termos de resultado, especialmente para análise de
tensões efetivas com valor alto de poropressão.
O método sueco das fatias e o método simplificado de Bishop são
baseados na suposição de que as forças mobilizadoras e resistentes são provocadas
somente, respectivamente, pelo peso da massa do solo e por sua resistência ao
cisalhamento. Contudo, há influência de outras forças na estabilidade do talude, como
as forças sísmicas (força mobilizadora de movimento) e forças devido ao reforço do
solo (força resistente ao cisalhamento).

Figura 10- Talude sob a influência de forças adicionais sísmicas (kPi) e de


reforços (Gi)

Fonte: adaptado de DUNCAN (2015)

A partir da figura 10, considerando o equilíbrio de momentos (em torno do


centro do círculo) entre os momentos resistentes e momentos mobilizadores de
movimento, têm-se:
𝜏 ,𝛥𝑙
𝑟 −𝑟 𝑃 𝑠𝑒𝑛 (𝛼 ) = 0 (2.28)
𝐹𝑆
Duncan (2015) propõe a influência de forças adicionais, como forças
sísmicas (kPi) e reforço de solo (Xi). Sendo assim, equação deve ser escrita:
30

𝜏 ,𝛥𝑙
𝑟 −𝑟 𝑃 𝑠𝑒𝑛 (𝛼 ) − 𝑘𝑃 𝑑 + 𝐺 ℎ =0 (2.29)
𝐹𝑆

Onde:
𝑟= raio do círculo;
𝜏 , = resistência ao cisalhamento na base de cada fatia;
𝑃 = peso da fatia;
𝑘= coeficiente sísmico;
𝑑 = distância entre o centro de gravidade da fatia e o centro do círculo;
𝐺 = força no reforço (somente onde o reforço atravessa a superfície de
deslizamento);
ℎ = braço de alavanca do reforço em torno do centro do círculo.
O reforço nem sempre deve ser considerado na horizontal, como mostrado
na figura 11. Logo, ele pode formar um determinado ângulo com a horizontal, como o
esquema da figura 16.
Figura 11- Fatia com as forças adicionais

Fonte: adaptado de Duncan, 2015

Como as forças adicionais são variáveis conhecidas, podem ser


substituídas por um único termo denominado, 𝑀 . Tal termo pode incluir, além de
31

forças sísmicas e de reforço, uma sobrecarga (água na superfície do talude) “S”.


Assim, a equação pode ser reduzida da seguinte forma:
𝜏 ,𝛥𝑙
𝑟 −𝑟 𝑃 𝑠𝑒𝑛 (𝛼 ) + 𝑀 = 0 (2.30)
𝐹𝑆
Ficando a equação do fator de segurança assim:
∑𝜏 , 𝛥𝑙
𝐹𝑆 = (2.31)
∑ 𝑃 𝑠𝑒𝑛 (𝛼 ) − 𝑀 𝑟
Escrevendo a equação (2.31) em termos de tensões efetivas, e aplicando
o cálculo a uma fatia, têm-se:
𝑁
∑[ 𝑐 + − 𝑢 tan (𝜙 )] 𝛥𝑙
𝐹𝑆 = 𝛥𝑙 (2.32)
∑ 𝑃 𝑠𝑒𝑛 (𝛼 ) − 𝑀 𝑟
Agora, de acordo com a figura 11, analisando as forças que agem numa
fatia e fazendo o equilíbrio de forças na vertical, têm-se:
𝑁 cos (𝛼) + 𝑇 𝑠𝑒𝑛 (𝛼) − 𝑃 − 𝑆 cos (𝛽) + 𝐺 𝑠𝑒𝑛 (𝜓) = 0 (2.33)
Onde:
𝜓= ângulo de inclinação do reforço em relação a horizontal;
𝛽=inclinação do topo da fatia.
Mais uma vez, pode-se combinar as componentes verticais das forças
adicionais (𝑆 e 𝑇), menos o peso (𝑃), atribuindo a uma variável chamada 𝐹 .
𝑁 cos (𝛼) + 𝑇 𝑠𝑒𝑛 (𝛼) − 𝑃 + 𝐹 = 0 (2.34)
Combinando a equação (2.21) com a equação acima (2.34), e isolando a
força normal (N), obtêm-se:
𝑃 − 𝐹 − (1 𝐹𝑆)(𝑐 𝛥𝑙 − 𝑢𝛥𝑙 tan (𝜙 ) 𝑠𝑒𝑛 (𝛼)
𝑁= (2.35)
[𝑠𝑒𝑛(𝛼) tan (𝜙 )]
cos (𝛼) + 𝐹𝑆
E, novamente, combinando a equação (2.35) com a (2.32), têm-se:

𝑐 𝛥𝑙 cos (𝛼) + [𝑃 − 𝐹 − 𝑢 𝛥𝑙 cos (𝛼)] tan (𝜙 )


[ 𝑠𝑒𝑛 (𝛼) tan (𝜙 )]
cos (𝛼) + 𝐹𝑆
𝐹𝑆 = (2.36)
∑ 𝑃 𝑠𝑒𝑛 (𝛼) − 𝑀
𝑟
Esse procedimento é comumente utilizado em análise de reforço de talude.
É necessária uma atenção especial ao ângulo de inclinação da força de reforço em
relação a horizontal. Se 𝜓 = 0 , o reforço vai ser considerado somente no equilíbrio
32

de momentos. Porém, se 𝜓 > 0 , será necessária a consideração no equilíbrio de


forças verticais.
A equação (2.26), na qual pode ser escrita da seguinte forma:

𝑐 𝛥𝑙 cos (𝛼) + [𝑃 − 𝑢 𝛥𝑙 cos (𝛼)]tan (ϕ′)



tan(𝜙 ) tan(𝛼)
cos (𝛼) 1 + 𝐹𝑆
𝐹𝑆 = (2.37)
∑ 𝑃 𝑠𝑒𝑛 (𝛼)
Esta equação pode ser reduzida assumindo um valor:
tan(𝜙 ) tan(𝛼)
𝑀(𝛼) = cos(𝛼) 1 + (2.38)
𝐹𝑆
Assim,
1
∑[𝑐 𝛥𝑙 cos (𝛼) + [𝑃 − 𝑢 𝛥𝑙 cos (𝛼)]tan (ϕ′)]
𝑀(𝛼)
𝐹𝑆 = (2.39)
∑ 𝑃 𝑠𝑒𝑛 (𝛼)

Observa-se que o valor FS aparece nos dois membros da equação (2.39),


assim o cálculo é feito por iterações. Segundo Fiori (2015), se resumem na seguinte
maneira: atribui-se a FS do segundo termo um valor aproximado 𝐹 (pode ser obtido
pelo método de Fellenius), obtendo um valor 𝐹 no FS do primeiro termo da equação.
Se esse valor, 𝐹 , for muito diferente de 𝐹 , repete-se o mesmo processo até atingir
um valor bem próximo de 𝐹 .
Ainda de acordo com Fiori (2015), nesse método bastam apenas três
iterações para achar o fator de segurança.
2.5.7 Método de Janbu simplificado
O método de Janbu simplificado (1956) considera completamente o
equilíbrio de forças (horizontal e vertical), porém, o equilíbrio de momentos não é
satisfeito. Nele, somente a componente horizontal (E) das forças entre fatias é levada
em consideração. É um método que deve ser usado para superfícies com falhas não-
circulares (comuns em solo arenoso). Por conta do método fornecer valores menores
que os métodos rigorosos, Janbu et al. (1956) propôs um fator de correção. Tal
coeficiente quando multiplicado pelo fator de segurança obtido pelo método
simplificado, gera um valor de FS bem próximo dos métodos rigorosos. De acordo
com Cheng e Lau (2008), o fator de correção (𝑓 ) é dado da seguinte maneira:
33

Para solo coesivo (𝑐 > 0) e condição drenada 𝜙 > 0 :


𝐷 𝐷
𝑓 = 1 + 0,5 − 1,4 (2.40)
𝑙 𝑙
Para solo não-coesivo (𝑐 = 0):
𝐷 𝐷
𝑓 = 1 + 0,3 − 1,4 (2.41)
𝑙 𝑙
Para condição não-drenada (ɸ = 0):
𝐷 𝐷
𝑓 = 1 + 0,6 − 1,4 (2.42)
𝑙 𝑙

Figura 12- Indicação de 𝐷 e 𝑙 no talude para cálculo de 𝑓

Fonte: adaptado de Cheng e Lau (2008)

Onde:

𝐷= espessura máxima da zona de falha;

𝑙= distância entre os pontos extremos da superfície falha.

Então, o fator de segurança pode ser obtido da seguinte forma:

𝑐 + (𝑃 − 𝑢) tan (𝜙 )

𝑛
𝐹𝑆 = 𝑓 (2.43)
∑ 𝑃 tan (𝛼)

Sendo que, 𝑛 , depende da geometria da fatia. Assim, pode ser definido


pela equação:
34

tan (𝜙 )
𝑛 = 𝑐𝑜𝑠 (𝛼) 1 + tan(𝛼) (2.44)
𝐹𝑆

2.5.8 Método de Spencer

É um procedimento que leva em consideração todas as condições do


equilíbrio estático. Spencer (1967) formulou esse método baseando-se na suposição
de que as forças entre as fatias (X e E) são paralelas e de razão constante. Ele adotou
uma relação constante entre as forças normal e de cisalhamento entre fatias.
Os fatores de segurança são obtidos por um processo iterativo. Este
processo consiste na alteração da relação entre X e E até os fatores de segurança se
tornarem iguais. Assim, encontrada relação que iguala os dois fatores de segurança,
pode-se afirmar que os equilíbrios de momento e força foram satisfeitos.
A equação proposta para o cálculo da força de cisalhamento entre fatia (X),
foi proposta da seguinte maneira:
𝑋 = 𝜆 𝑓(𝑥)𝐸 (2.45)
Onde:
𝑋= força vertical entre as fatias;
𝐸= força horizontal entre as fatias;
𝜆= fator de escala (percentual);
𝑓(𝑥) = função que determina a inclinação das forças entre as fatias
(constante).
Esse procedimento pode ser aplicado tanto a superfície circular como não-
circular. Os equilíbrios de força e momentos são calculados considerando a massa de
solo como um todo, composta de todas as fatias. Considera-se a aplicação da força
normal (𝑁) no centro da base da fatia.
Como as forças entre as fatias são consideradas paralelas e opostas, foi
considerada uma força resultante (𝑄).
35

Figura 13- Equilíbrio de momentos e coordenadas para uma superfície não-circular

Fonte: adaptado de Duncan, 2015

A expressão para 𝑄 é obtida pelo equilíbrio de forças de uma fatia. Assim,


o equilíbrio é efeito a partir da análise das forças propostas na figura 13.
Segundo Freudlund (1977, apud SILVA, 2011, p.20), o método prevê o
cálculo do FS para os dois ângulos que correspondem aos dois lados das fatias.

Figura 14 - Esquema das forças pelo Método de Spencer.

Fonte: adaptado de Silva, 2011, p.20

2.5.9 Método de Morgenstern-Price


Morgenstern e Price (1965) desenvolveram um método similar ao Método
de Spencer, porém consideraram a função f(x) variável. Este método leva em
consideração todas as condições de equilíbrio. Ele assume uma relação da força de
36

cisalhamento entre as fatias com a força normal da base da fatia. Essa relação é dada
pela seguinte função:
𝑋 = 𝜆 𝑓(𝑥)𝐸 (2.46)
Onde:
𝑋= força vertical entre as fatias;
𝐸= força horizontal entre as fatias;
𝜆= fator de escala (percentual);
𝑓(𝑥) = função que determina a inclinação das forças entre as fatias
(variável)
O método parte da análise de equilíbrio de um elemento infinitesimal de
massa. Assim:

Figura 15- Elemento infinitesimal de massa.

Fonte: adaptado de SILVA, 2011, pág.26

Onde:
𝑦 = 𝑧(𝑥)→ corresponde a equação da superfície do terreno;
𝑦 = 𝑦(𝑥)→ corresponde à linha de ruptura (curva);
𝑦 = ℎ(𝑥)→ linha de pressão referente às pressões neutras;
𝑦 = 𝑦′(𝑥)→ linha de pressão referente às forças efetivas.
37

Figura 16-Esquema de forças atuantes numa fatia infinitesimal

Fonte: adaptado de Silva, 2011

Onde:
𝑑𝑁′=força normal efetiva na base da fatia;
𝑑𝑇=força de cisalhamento na base da fatia;
𝑑𝑢 =resultante da poropressão na base da fatia;
𝐸′= força normal efetiva de iteração entre fatias;
𝑋= força de cisalhamento de iteração entre fatias;
𝑢 = resultante da poropressão atuante na lateral da fatia;

A formulação do método é dada da seguinte forma:


Em torno do ponto médio da base é feito o equilíbrio de momentos, sob a
condição deste ponto impedir a rotação da fatia.
𝑑𝑦 𝑑𝑦
𝐸′ (𝑦 − 𝑦 𝑡) − − +𝑢 (𝑦 − ℎ) − −
2 2
𝑑𝑦 𝑑𝑋 𝑑𝑋
− (𝐸 + 𝑑𝐸 ) 𝑦 + 𝑑𝑦 − 𝑦 𝑡 − 𝑑𝑦 𝑡 + − −𝑋 − (𝑋 + 𝑑𝑋)
2 2 2
𝑑𝑦
− (𝑢 + 𝑑𝑢 ) (𝑦 + 𝑑𝑦) − (ℎ + 𝑑ℎ) − − 𝑑𝑢 𝑔 = 0 (2.47)
2
Simplificando a equação diferencial acima, com 𝑑𝑥 tendendo a zero, têm-
se:
38

𝑑 𝑑𝐸 𝑑 𝑑𝑢
𝑋= (𝐸 . 𝑦 𝑡) − 𝑦 + (𝑢 . ℎ) − 𝑦 (2.48)
𝑑𝑥 𝑑𝑥 𝑑𝑥 𝑑𝑥
Para satisfazer o equilíbrio de forças, faz-se o equilíbrio nas direções das
forças N e T. Assim:
 Na direção de N:

𝐹 =0

𝑑𝑁 + 𝑑𝑢 = 𝑑𝑃𝑐𝑜𝑠 (𝛼) − 𝑑𝑋 cos(𝛼) − 𝑑𝐸 𝑠𝑒𝑛(𝛼) − 𝑑𝑢 𝑠𝑒𝑛(𝛼) (2.49)

 Na direção de T:

𝐹 =0

𝑑𝑇 = 𝑑𝐸 cos(𝛼) + 𝑑𝑢 cos(𝛼) − 𝑑𝑋 𝑠𝑒𝑛(𝛼) + 𝑑𝑃 𝑠𝑒𝑛(𝛼) (2.50)

Considerando a Lei de Mohr-Coulomb na ruptura de maciços de terra, têm-


se:
1 1
𝑑𝑇 = 𝑐 . 𝑑𝑥. + 𝑑𝑁 . tan(𝜙 ) (2.51)
𝐹𝑆 cos(𝛼)
Onde:
𝑐 =coesão efetiva;
𝜙 =ângulo de atrito efetivo;
𝐹𝑆=fator de segurança.
Como as fatias são consideradas infinitesimais, os temos 𝑑𝑁′ e 𝑑𝑇 podem
ser eliminados das equações que os contém. Igualando as equações (2.50) e (2.51),
têm-se a equação (2.52). Para isso, é necessário dividir os dois membros da equação
por 𝑑𝑥. cos(𝛼), considerando a relação entre pressão neutra e peso da fatia proposta
por Bishop e Morgenstern, em que 𝑑𝑢 = 𝑟 𝑑𝑃 sec(𝛼). Assim a equação fica:
𝑑𝐸′ tan(𝜙 ) 𝑑𝑦 𝑑𝑋 tan(𝜙 ) 𝑑𝑦
1− + +
𝑑𝑥 𝐹𝑆 𝑑𝑥 𝑑𝑥 𝐹𝑆 𝑑𝑥
𝑐′ 𝑑𝑦 𝑑𝑢 tan(𝜙 ) 𝑑𝑦
= 1+ + −1
𝐹𝑆 𝑑𝑥 𝑑𝑥 𝐹𝑆 𝑑𝑥
𝑑𝑃 tan(𝜙 ) 𝑑𝑦 𝑑𝑦 tan(𝜙 )
+ + −𝑟 1+ (2.52)
𝑑𝑥 𝐹𝑆 𝑑𝑥 𝑑𝑥 𝐹𝑆
39

Figura 17-Forças efetivas em um elemento infinitesimal

Fonte: adaptado de Silva, 2011

Devido ao estabelecimento da função y, o problema torna-se


indeterminado. As variáveis 𝐸′ , 𝑋 e 𝑦′𝑡 são desconhecidas. Dessa forma, é
necessário supor simplificações para possibilitar a determinação do problema.
Os dois autores partiram da distribuição das forças internas num elemento
isolado junto da fronteira das fatias para obter uma relação entre as duas
componentes da força de iteração (Silva, 2011, pag. 29).
Assim, as forças de iteração entre as fatias ficam:

𝐸 = 𝜎 (𝑦)𝑑𝑦 (2.53)

𝑋= 𝜏 (𝑦)𝑑𝑦 (2.54)

Assim, a função é definida relacionando as componentes normal e


tangencial entre as fatias (𝐸 e 𝑋).

𝑋 = 𝜆 𝑓(𝑥) 𝐸 (2.55)
Com base na definição da relação das forças entre as fatias, será
necessário o cálculo das incógnitas 𝜆 e FS. Tais valores serão obtidos com a
resolução das equações diferenciais (2.48) e (2.52).
40

 Formulação do FS e λ
Para possibilitar o cálculo computacional, Zhu et al.(2005) propôs uma
formulação mais fácil de ser programada, em que as soluções fossem obtidas com
menor número de iterações.
O método é baseado praticamente na mesma análise proposta por
Morgenstern e Price (1965). A formulação é apresentada no trabalho de Silva (2011),
no qual relata que a numeração para o lado esquerdo e direito da fatia difere da
apresentada por Zhu.
Considera-se a divisão do corpo dividido em fatias, como na figura 18, e as
forças que agem numa fatia individual, como mostrado na figura 19.
Figura 18-Massa de solo deslizante

Fonte: adaptado de Silva (2011), p.30

Figura 19-Forças que agem numa fatia

Fonte: adaptado de Silva, 2011, p.30


41

Fazendo-se o equilíbrio de forças na direção perpendicular à base, têm-


se:
[𝑃∗ − 𝜆 𝑓 𝐸 + 𝜆 𝑓 𝐸
+ 𝑆 cos(𝜔 )]cos (𝛼 ) + [−𝑘 𝑃 + 𝐸 − 𝐸 + 𝑆 𝑠𝑒𝑛(𝜔 )]𝑠𝑒𝑛 (𝛼 ) − 𝑢
−𝑁 =0 (2.56)

Onde, 𝑃∗ = 𝑃 (1 + 𝑘 ) (2.57)
Repetindo o mesmo procedimento acima para a direção paralela a base,
têm-se:
−𝑇 + [𝑃∗ − 𝜆 𝑓 𝐸 + 𝜆 𝑓 𝐸 + 𝑆 cos(𝜔 )]𝑠𝑒𝑛 (𝛼 )]
− [−𝑘 𝑃 + 𝐸 − 𝐸 + 𝑆 𝑠𝑒𝑛 (𝜔 )] cos (𝛼 ) = 0 (2.58)
Onde, pela relação entre o critério de resistência ao cisalhamento de Mohr-
Coulomb e o fator de segurança:
𝑁′ tan 𝜙 + 𝑐′ 𝑏 sec (𝛼 )
𝑇 = (2.59)
𝐹𝑆
Isolando os termos 𝑁 e 𝑇 das respectivas equações (2.56) e (2.58),
obtém-se:
𝑁 = [𝑃∗ − 𝜆 𝑓 𝐸 + 𝜆 𝑓 𝐸 + 𝑆 cos(𝜔 )] cos(𝛼 ) + [−𝑘 𝑃 + 𝐸 − 𝐸 + 𝑆 𝑠𝑒𝑛(𝜔 )]
−𝑢 (2.60)
e
𝑁 tan 𝜙 + 𝑐′ 𝑏 sec(𝛼 )
𝑇 =
𝐹𝑆
= [𝑃∗ − 𝜆 𝑓 𝐸 + 𝜆 𝑓 𝐸 + 𝑆 cos(𝜔 )]𝑠𝑒𝑛(𝛼 )
− [−𝑘 𝑃 + 𝐸 − 𝐸 + 𝑆 𝑠𝑒𝑛 (𝜔 )] cos (𝛼 ) (2.61)

Incrementando os termos 𝑅 e 𝑄 , têm-se:


𝑅 = 𝑃∗ cos(𝛼 ) − 𝑘 𝑃 𝑠𝑒𝑛 (𝛼 ) + 𝑆 𝑠𝑒𝑛 (𝜔 − 𝛼 ) − 𝑢 (2.62)
e
𝑄 = 𝑃∗ 𝑠𝑒𝑛 (𝛼 ) + 𝑘 𝑃 cos(𝛼 ) − 𝑆 𝑠𝑒𝑛 (𝜔 − 𝛼 ) (2.63)

Assim, as equações (2.60) e (2.61) ficam da seguinte forma:

𝑁′ = 𝑅 − 𝐸 [𝑠𝑒𝑛 (𝛼 ) − 𝜆 𝑓 cos(𝛼 )] + 𝐸 [𝑠𝑒𝑛 (𝛼 ) − 𝜆 𝑓 cos(𝛼 )] (2.64)


42

𝑁′ tan 𝜙 + 𝑐′ 𝑏 sec(𝛼 )
𝐹𝑆
= 𝑄 + 𝐸 [cos(𝛼 ) + 𝜆 𝑓 𝑠𝑒𝑛 (𝛼 )]
− 𝐸 [cos(𝛼 ) + 𝜆 𝑓 𝑠𝑒𝑛 (𝛼 )] (2.65)
Onde:
𝑅 = somatório das componentes de forças que contribuem para a
resistência ao cisalhamento;
𝑄 = somatório das componentes de forças que causam instabilidade.
Agora, combinando as equações (2.64) com a equação (2.65), têm-se:
{𝑅 − 𝐸 [𝑠𝑒𝑛 (𝛼 ) − 𝜆 𝑓 cos(𝛼 )] + 𝐸 [𝑠𝑒𝑛 (𝛼 ) − 𝜆 𝑓 cos(𝛼 )]} tan(𝜙 )
𝐹𝑆
𝑐′ 𝑏 sec(𝛼 )
+
𝐹𝑆
= 𝑄 + 𝐸 [cos(𝛼 ) + 𝜆 𝑓 𝑠𝑒𝑛 (𝛼 )]
− 𝐸 [cos(𝛼 )
+ 𝜆 𝑓 𝑠𝑒𝑛 (𝛼 )] (2.66)
Logo, arrumando a equação (2.66), resulta:
𝐸 [(𝑠𝑒𝑛(𝛼 ) − 𝜆 𝑓 cos(𝛼 )] tan (𝜙 ) +[cos(𝛼 ) + 𝜆 𝑓 𝑠𝑒𝑛(𝛼 )]𝐹𝑆
= 𝐸 [𝑠𝑒𝑛 (𝛼 ) − 𝜆 𝑓 cos (𝛼 )] tan 𝜙 + [cos(𝛼 ) + 𝜆 𝑓 𝑠𝑒𝑛 (𝛼 )]𝐹𝑆
− 𝐹𝑆. 𝑄 + 𝑅 (2.67)
Introduzindo as variáveis a seguir:
𝛷 = [(𝑠𝑒𝑛(𝛼 ) − 𝜆 𝑓 cos(𝛼 )] tan (𝜙 ) +[cos(𝛼 ) + 𝜆 𝑓 𝑠𝑒𝑛(𝛼 )]𝐹𝑆 (2.68)
𝛷 = [(𝑠𝑒𝑛(𝛼 ) − 𝜆 𝑓 cos(𝛼 )] tan (𝜙 ) +[cos(𝛼 ) + 𝜆 𝑓 𝑠𝑒𝑛(𝛼 )]𝐹𝑆 (2.69)
[(𝑠𝑒𝑛(𝛼 ) − 𝜆 𝑓 cos(𝛼 )] tan (𝜙 ) +[cos(𝛼 ) + 𝜆 𝑓 𝑠𝑒𝑛(𝛼 )]𝐹𝑆
ᵩ = (2.70)
𝛷
Assim, a equação pode ser escrita da seguinte maneira:
𝐸 𝛷 = ᵩ 𝐸 𝛷 + 𝑅 − 𝐹𝑆. 𝑄 (2.71)
Considerando as condições de contorno, as componentes das forças
(𝐸 , 𝑋 𝑒 𝐸 , 𝑋 ) entre as fatias da extremidade são iguais a zero. Logo, segundo Silva
(2011, p.33), o fator de segurança pode ser obtido, por exemplo, simulando um talude
com 4 fatias verticais.
Assim, 𝐸 =0 (2.72)
𝐸 𝛷 = ᵩ 𝐸 𝛷 + 𝑅 − 𝐹𝑆. 𝑄 (2.73)
43

Como ᵩ 𝐸 𝛷 =0 (2.74)
Então 𝐸 𝛷 = 𝑅 − 𝐹𝑆. 𝑄 (2.75)
Porém, 𝐸 𝛷 = ᵩ 𝐸 𝛷 + 𝑅 − 𝐹𝑆. 𝑄 (2.76)
Substituindo (2.75) em (2.76), obtêm-se:
𝐸 𝛷 = ᵩ . 𝑅 − ᵩ . 𝐹𝑆. 𝑄 + 𝑅 − 𝐹𝑆. 𝑄 (2.77)
Realizando novamente o mesmo processo:
𝐸 𝛷 = ᵩ 𝐸 𝛷 + 𝑅 − 𝐹𝑆. 𝑄 (2.78)
Substituindo (2.85) em (2.86):
𝐸 𝛷 = ᵩ ᵩ . 𝑅 − ᵩ . ᵩ . 𝐹𝑆. 𝑄 + ᵩ . 𝑅 − ᵩ . 𝐹𝑆. 𝑄 + 𝑅 − 𝐹𝑆. 𝑄 (2.79)
Finalmente,
0 = 𝐸 𝛷 = ᵩ 𝐸 𝛷 + 𝑅 − 𝐹𝑆. 𝑄 (2.80)
E substituindo (2.79) em (2.80), resulta:
0 = ᵩ . ᵩ ᵩ . 𝑅 + ᵩ . ᵩ . 𝑅 + ᵩ . 𝑅 − ᵩ . ᵩ . ᵩ . 𝐹𝑆. 𝑄 − ᵩ . ᵩ . 𝐹𝑆. 𝑄 − ᵩ . 𝐹𝑆. 𝑄 + 𝑅
− 𝐹𝑆. 𝑄 (2.81)
Dessa forma, a equação do fator de segurança é formulada da seguinte
maneira:
ᵩ .ᵩ ᵩ .𝑅 + ᵩ .ᵩ .𝑅 + ᵩ .𝑅 + 𝑅
𝐹𝑆 = (2.82)
ᵩ .ᵩ .ᵩ .𝑄 + ᵩ .ᵩ .𝑄 + ᵩ .𝑄 + 𝑄
Generalizando a equação (2.90) para uma massa de 𝑛 fatias, fica escrita:
∑ 𝑅 ∏ (ᵩ ) + 𝑅
𝐹𝑆 = (2.83)
∑ 𝑄 ∏ (ᵩ ) + 𝑄
Como o fator de segurança aparece nos dois membros, a solução será
obtida a partir de iterações, atribuindo um valor inicial a FS.
Com o fator de segurança formulado, será necessário determinar a linha
de impulso do talude a partir de lambda (λ).
A determinação é feita para cada fatia, a partir da equação de equilíbrio de
momentos em relação ao ponto médio da base.
𝑏 𝑏 𝑏 𝑏 ℎ
𝐸 𝑧 − tan(𝛼 ) − 𝐸 𝑧 + tan(𝛼 ) + 𝑋 + 𝑋 − 𝑘 𝑃 + 𝑆 𝑠𝑒𝑛(𝜔 )ℎ
2 2 2 2 2
=0 (2.84)
Como, 𝑀 =𝐸 𝑧 (2.85)
E,
𝑀 =𝐸𝑧 (2.86)
44

A equação (2.84) fica:


𝑏 𝑏 ℎ
𝑀 =𝑀 +𝜆 (𝑓 𝐸 + 𝑓𝐸 ) − (𝐸 + 𝐸 ) tan(𝛼 ) − 𝑘 𝑃
2 2 2
+ 𝑆 𝑠𝑒𝑛(𝜔 )ℎ (2.87)
Aplicando as condições de contorno a seguir:
𝑀 =𝐸 𝑧 =0 (2.88)
𝑀 =𝐸 𝑧 =0 (2.89)
Assim, pela equação (2.87), será possível obter a força ‘E’ e assim
encontrar a componente tangencial ‘V’. Para esse cálculo, é necessário obter o valor
de λ. Logo, λ fica definido assim:
∑ [𝑏 (𝐸 + 𝐸 ) tan(𝛼 ) + 𝑘 𝑃 ℎ − 2𝑆 𝑠𝑒𝑛(𝜔 )ℎ ]
𝜆= (2.90)
∑ 𝑏 (𝑓 𝐸 + 𝑓 𝐸 )
2.5.10 Método do equilíbrio limite generalizado
Os métodos citados anteriormente, se diferenciam significativamente nas
suposições aplicadas a análise. Essa diferença está baseada nas equações de
equilíbrio (somente equilíbrio de forças, somente equilíbrio de momentos ou ambos)
satisfeitas, como também às forças normal e de cisalhamento entre as fatias
consideradas. Dessa forma, o Método do Equilíbrio Generalizado veio preencher essa
lacuna, propondo uma nova perspectiva de análise.
O método do equilíbrio limite generalizado foi criado por Freudland na
Universidade de Saskatchewan na década de 70. Segundo Kranh (2003), esse
método engloba todos os elementos chave dos métodos citados anteriormente, além
de outros não abordados, como os Métodos de Lowe e Karafiath e do Corpo de
Engenheiros.
A formulação do método consiste na análise de dois fatores de segurança,
permitindo atribuir condições a forças de cisalhamento entre fatias. Uma equação é
formulada a partir do equilíbrio de momentos (𝐹 ), enquanto a outra equação fornece
o FS a partir do equilíbrio de força horizontal (𝐹 ). Segundo Kranh (2003), essa ideia
de usar dois fatores de segurança já tinha sido proposta por Spencer (1967).
A obtenção dos fatores de segurança pelo método do equilíbrio limite
generalizado pode ser resumido da seguinte maneira:
i) O somatório das forças na direção vertical é usado para calcular a força
normal (N) na base da fatia.
45

ii) O somatório das forças na direção horizontal é usado para calcular a


força normal entre fatia, E. Essa equação é aplicada ao longo de toda
massa deslizante.
iii) O somatório de momento é feito a partir de um ponto comum para todas
as fatias. Essa equação pode ser resolvida para obter o fator de
segurança pelo equilíbrio de momentos, 𝐹 .
iv) O somatório das forças na direção horizontal para todas as fatias é
realizado para obter o fator de segurança pelo equilíbrio de forças, 𝐹 .
Essa análise é considerada indeterminada. Assim, para solucioná-la são
necessárias algumas suposições em relação a direção da força resultante entre fatias.
Essa direção é definida a partir de uma função entre as componentes da resultante (X
e E). Definida a direção e a força normal entre fatias, pode-se calcular a força de
cisalhamento entre fatias. Dessa forma, torna-se possível o cálculo dos fatores de
segurança, 𝐹 e 𝐹 .
Figura 20- Forças agindo numa superfície de deslizamento composta

Fonte: adaptado de GEO-SLOPE International, 2015

Observa-se que as variáveis 𝑃 e 𝛥𝑙 , são substituídas, respectivamente,


pelas variáveis 𝑊 e 𝛽. Porém, as variáveis ainda têm o mesmo objetivo dentro da
equação.
46

Analisando a figura 20, pode-se chegar aos fatores de segurança através


do equilíbrio de momentos e equilíbrio de forças. Nesse caso, o fator de segurança
dos momentos de todas as fatias em torno do ponto do eixo pode ser dado como:
∑(𝑐 𝛽 𝑅 + (𝑁 − 𝑢𝛽)𝑅 tan(𝜙 ))
𝐹 = (2.91)
∑𝑊 − ∑𝑁 + ∑𝑘 𝑊 ± ∑𝐷 ± ∑𝐴
Observa-se que as variáveis que compõem o numerador da equação são
tidas como a tensão resistente da massa deslizante, enquanto que o denominador é
composto de ações mobilizadoras de movimento.
Essa equação é considerada não-linear pois o fator de segurança depende
da força normal.
Agora, fazendo o equilíbrio de forças na horizontal, o fator de segurança é
dado como:
∑(𝑐 𝛽 cos(𝛼) + (𝑁 − 𝑢𝛽) tan(𝜙 )cos(𝛼))
𝐹 = (2.92)
∑ 𝑁 𝑠𝑒𝑛 (𝛼) + ∑ 𝑘𝑊 − ∑ 𝐷 cos(𝜔) ± ∑ 𝐴
A força normal (N) é dada como o somatório das forças na direção vertical
em cada fatia. Assim:
𝑐 𝛽 𝑠𝑒𝑛 (𝛼) − 𝑢 𝛽 tan(𝜙 )𝑠𝑒𝑛(𝛼)
𝑊 + (𝑋 − 𝑋 ) − 𝐹
𝑁= (2.93)
𝑠𝑒𝑛 (𝛼)tan(𝜙 )
cos(𝛼) + 𝐹
Onde o valor de F vai depender do equilíbrio analisado. Se for para o
equilíbrio de momentos, F é igual a 𝐹 , se for para o equilíbrio de força, F é igual a 𝐹
.
O valor da equação não pode ser obtido diretamente, pois seu valor
depende do fator de segurança (F) e forças de cisalhamento entre fatias (𝑋 ; 𝑋 ).
Assim, utiliza-se um esquema interativo para a solução de N.
Se as forças de cisalhamento entre fatias forem ignoradas, porém
mantendo as forças normais entre fatias, têm-se para a força normal na base da fatia
a seguinte equação:
(𝑐 𝛽 𝑠𝑒𝑛(𝛼) + 𝑢𝛽𝑠𝑒𝑛(𝛼) tan(𝜙 ))
𝑊− 𝐹 + (𝐷 𝑠𝑒𝑛 (𝜔))
𝑁= (2.94)
𝑠𝑒𝑛 (𝛼)tan(𝜙 )
cos(𝛼) + 𝐹
Geralmente, o denominador dessa equação é encontrado na literatura
como sendo 𝑚 .
47

Figura 21 - Fator de segurança versus lambda

Fonte: adaptado de GEO-SLOPE International, 2015

Pode-se afirmar que os pontos plotados nas retas 𝐹 e 𝐹 , onde lambda(λ)


é zero, correspondem, respectivamente, ao valores dos fatores de segurança obtidos
pelos Métodos de Bishop Simplificado e de Janbu Simplificado. O ponto de interseção
pode ser analisado como sendo o FS obtido pelo Método de Morgenstern-Price ou
pelo Método de Spencer.
Como mostrado nos itens anteriores, Spencer (1967) considerou uma
relação 𝑋 𝐸 constante, enquanto que Morgenstern e Price (1965) utilizou uma função
apropriada.
Uma vez conhecida a força normal entre fatias, a força de cisalhamento
entre fatias é calculada como um percentual da força normal entre fatias de acordo
com a equação proposta por Morgenstern e Price (1965):
𝑋 = 𝐸 𝜆 𝑓(𝑥) (2.95)
Onde ‘E’ corresponde a força normal entre fatias, ‘λ’ a um percentual da
função usada e ‘f(x)’ a uma função que representa a direção da força resultante entre
fatias (Z).
Os fatores de segurança variam de acordo com o percentual (λ) da função
força f(x) usada no cálculo. Através do gráfico abaixo, Krahn (2003) explica essa
relação.
48

Figura 22-Função meio-seno das forças entre fatias

Fonte: adaptado de Krahn (2003)

Observa-se que a curva superior corresponde a função especificada, ou


seja, à real locação das forças resultantes entre fatias. A curva inferior corresponde à
função aplicada, obtida pela multiplicação do valor da função f(x) pelo percentual λ.
Cada ponto plotado no gráfico representa um valor de f(x) para uma determinada fatia.
Por exemplo, observa-se que na fatia 15 o valor de f(x) é aproximadamente igual a 1.
É possível fazer suposições quanto à variedade de forças entre fatias e
condições específicas que satisfaçam somente o equilíbrio de momentos ou somente
o equilíbrio de forças. Quando isso é feito, torna-se possível a análise através de
vários métodos.
 A importância da função das forças entre fatias f(x)
Segundo Kranh (2001), a função depende significativamente da quantidade
de contorção que leva uma massa deslizante a se mover. Essa função influencia
diretamente o valor do fator de segurança, de acordo com o tipo de movimento
analisado.
Kranh (2001) analisou essa influência em cinco tipos de forma de superfície
de ruptura. Contudo, para este trabalho, é relevante apenas explanação de três. A
figura representa uma superfície de ruptura circular juntamente com o gráfico do fator
de segurança vs. Lambda (λ).
49

Figura 23 - Condições para uma superfície de deslizamento circular

Fonte: adaptado de Kranh, 2001

Segundo Krahn (2001), nesse caso o equilíbrio de momento é


completamente independente das forças de cisalhamento entre fatias, como indicado
pela curva do equilíbrio de momento em azul. Contudo, o equilíbrio de forças depende
das forças de cisalhamento entre fatias. Isto é, o equilíbrio de momentos não é
influenciado porque a massa deslizante, como corpo livre, pode rotacionar sem
qualquer desvio entre as fatias. Contudo, para a massa se mover lateralmente, é
necessário um deslocamento lateral. Consequentemente o equilíbrio de força
horizontal é sensível a força de cisalhamento entre fatia.
Ainda de acordo com Krahn (2001), as forças de cisalhamento para
superfície de deslizamento circular, pode ser igual a zero, como no Método de Bishop
Simplificado. Porém, isso não pode ser relacionado a métodos que levam em
consideração apenas o equilíbrio horizontal de força, tal como o Método de Janbu
Simplificado. No qual resulta em fatores de segurança muito diferentes, quando
ignorada as forças de cisalhamento entre fatias, quando somente o equilíbrio de força
horizontal é satisfeito para uma superfície de deslizamento curva. Ele ainda afirma
que, geralmente a inclinação da curva do equilíbrio de momento é quase horizontal.
Justificando o porquê do FS obtido pelo Método de Bishop Simplificado e FS obtido
pelo Método de M-P, serem muito próximos.
Krahn (2001) ainda analisou a influência da função entre fatias para superfícies
planas. A figura 24 demonstra a configuração de uma superfície de ruptura plana.
50

Figura 24 - Situação para superfície de ruptura plana

Fonte: adaptado de Krahn, 2001

De acordo com Krahn (2001), agora o equilíbrio de forças é completamente


independente da força de cisalhamento entre fatia, enquanto o equilíbrio de momento
é bastante sensível a força de cisalhamento entre fatia. Nessa configuração, o solo
pode se mover sem qualquer desvio entre as fatias.
Outra análise realizada por Krahn (2001) foi em superfícies de
deslizamento composta. De acordo com a figura 24, a porção plana segue a camada
fraca. Nesse caso, ambos os equilíbrios de momento e força são influenciados pelas
forças de cisalhamento entre fatias. O FS do equilíbrio de força aumenta enquanto o
FS do equilíbrio de momentos diminui quando aumenta a força de cisalhamento entre
fatia.
Figura 25 - Configuração de superfície de deslizamento mista

Fonte: adaptado de Krahn, 2001


51

Ainda de acordo com Krahn (2001), isso demonstra que o Método de


Bishop Simplificado nem sempre erra para um FS seguro. Essa configuração de
ruptura, requer uma formulação mais rigorosa, tal como os Métodos de M-P ou
Spencer, que vão dar fatores de segurança menores. Porém, ele ainda afirma que
isso não pode ser relacionado a todas as configurações de superfícies de
deslizamento composta. Logo, ele concluiu que não é possível generalizar a respeito
de quando um FS mais simplificado vai ou não vai errar para o lado seguro.
2.5.11 Uma breve abordagem do Método dos elementos finitos
Segundo Duncan (2015), esse método foi introduzido na geotecnia em
1967, por Clough e Woodward (1967), através do estudo de uma barragem, onde foi
usada uma lei constitutiva não linear, no qual mostrou as potencialidades do uso do
método. No início, a dificuldade do acesso a computadores, o pouco conhecimento do
método e custo de processamento (em relação ao tempo), dificultavam o uso do
método. Porém, hoje, com o avanço da tecnologia, essas barreiras não existem mais,
pois vários programas comerciais surgiram para facilitar a análise através dos
elementos finitos.
A análise de estabilidade de taludes pode ser realizada de forma alternativa
pelo método dos elementos finitos. O uso da análise de tensões por esse método
cresceu significativamente nos últimos 20 anos. Sua aplicação tem sido no cálculo do
fator de segurança que segue o mesmo trajeto da análise por equilíbrio limite.
O trajeto de cálculo pode ser resumido em quatro etapas: divisão da massa
de solo em elementos, aproximação no interior do elemento, estabelecimento de
relações para os elementos e cálculo das tensões e deformações. Contudo, não cabe
a este trabalho a demonstração das equações que constituem o MEF.
Segundo Duncan (2015), embora os programas disponíveis (PLAXIS,
PHASE², SIGMA/W) para análise sejam modernos e precisos, é necessário que o
projetista tenha certa habilidade e experiência. Como requisitos de experiência
importantes, pode-se citar: seleção do modelo de solo adequado para situação,
introdução de tensões iniciais, e outros. Assim, com a concepção do projetista, serão
obtidos valores mais próximos do real comportamento da situação em estudo.
Griffths e Lane (1999, apud Duncan, 2015), identificou algumas vantagens
do uso do MEF em relação ao MEL:
i) Não há necessidade de dividir a massa de solo em fatias verticais;
52

ii) Como não há fatias, não há necessidade de suposições de forças de


iteração entre fatias;
iii) O próprio MEF determina a localização da zona de falha, enquanto o
MEL necessita a busca da superfície de deslizamento crítica.
Para o método descrito por Griffths e Lane (1999), o solo é tratado como
um material elastoplástico, aderindo aos critérios de ruptura de Mohr-Coulomb.
A definição do fator de segurança pelo MEF é realizada através de
repetidas análises, cuja objetivo é diminuir progressivamente a resistência até atingir
uma condição instável. Assim, segundo Duncan (2015), o termo fator de redução de
resistência (FRR) é mais usado que fator de segurança, apesar de terem a mesma
função. Como o fator de segurança, o FRR é o fator pelo qual a resistência ao
cisalhamento deve ser reduzida até atingir o equilíbrio estável com as tensões de
cisalhamento, ou seja, até atingir um equilíbrio limite.
Ainda de acordo com o autor, foram feitas algumas críticas em relação a
definição do FRR, devido seus critérios de falha. Uma delas é transformar uma não-
solução em uma solução, proposta por tong-in-cheek statement.
53

CAPÍTULO 3
METODOLOGIA
___________________________________________________________________
3.1 Modo de aplicação
A análise dos taludes será realizada através do uso de três programas.
Os programas utilizados são: Plaxis, Slope/W e Excel. O primeiro considera a
análise através de tensões e deformações na massa de solo. O Slope/W é
formulado a partir do método do equilíbrio limite generalizado. O Excel servirá para
propor a formulação do Método de Bishop Simplificado. Logo, nota-se que, cada
programa utilizado está baseado num método diferente. Assim, a proposta para
chegar a diferentes análises será alcançada.
O método para avaliar os diferentes problemas consistirá primeiramente
no conhecimento da provável superfície de ruptura. Essa superfície será analisada
através do software Plaxis, sendo este baseado no MEF. Localizando a superfície de
deslizamento, a utilização dos softwares baseados no MEL será mais precisa. Esta
afirmação será analisada, pois consiste em apenas uma hipótese do autor. O
fluxograma a seguir, representa a sequência da análise proposta.
Figura 26- Fluxograma da análise de métodos
54

3.2 Descrição dos softwares utilizados e programas implementados


Neste trabalho, o autor optou por selecionar dois métodos do equilíbrio
limite, sendo um método simplificado e outro rígido, e o método dos elementos finitos.
O método do equilíbrio limite simplificado selecionado foi o de Bishop (1955), no qual
está implementado numa planilha Excel criada neste trabalho. Da mesma forma, para
cumprir com a análise de um método rigoroso, o Método de Morgenstern-Price (1965)
será analisado através do software Slope/W da GeoStudio.
Como a análise da estabilidade de taludes pelo equilíbrio limite considera
somente o equilíbrio estático, houve a necessidade de analisar os casos através do
método dos elementos finitos. Como já citado, o MEF leva em consideração as
tensões e deformações na massa de solo, fornecendo também a provável superfície
de deslizamento. Assim, o software Plaxis, baseado no MEF, será utilizado na análise.

3.2.1 Método de Bishop Simplificado implementado no software Excel


A criação da planilha tem por objetivo principal, formular uma maneira fácil
de obter o fator de segurança de qualquer de um talude. Essa planilha foi baseada na
planilha proposta por Lambe e Whitman (1969), no qual eles calculavam o FS por
tentativa e erro para taludes simples homogêneos. Assim, a planilha tem o intuito de
fornecer uma margem do fator de segurança.
Outro aspecto importante é a compreensão do Método de Bishop
Simplificado. Entendendo como esse método funciona, fica mais fácil de absorver os
outros métodos. Dessa forma, a planilha traz essa outra característica.
Algumas considerações foram feitas, assim como algumas variáveis foram
acrescentadas na planilha. Para efetuar um cálculo mais preciso, foi utilizado software
AutoCad. A planilha engloba desde a entrada de dados geométricos do talude, até os
parâmetros físicos do solo. Porém, possibilita somente a análise de três tipos de
materiais diferentes.
Neste trabalho, não foram realizadas as tentativas, pois os fatores de
segurança mínimo e máximo foram considerados a partir do fator de segurança obtido
pelo software Plaxis. Isso foi feito para facilitar a obtenção dos resultados. Contudo,
testes verificaram que o fator de segurança converge para os valores obtidos.
Vale lembrar que o Método de Bishop Simplificado é mais indicado para
análise de talude com superfícies de deslizamento circulares. A consideração desse
55

método para superfícies de ruptura plana ou mista pode levar a fatores de segurança
elevados.
A validação da planilha será dada a partir da análise de problemas. Assim,
será verificada a sua exatidão quanto ao fator de segurança obtido por ela.
3.2.2 Software Plaxis 2D
Este programa servirá principalmente como base para obtenção da
superfície de deslizamento. É um software baseado no MEF, no qual possui vasta
possibilidade de análise de projetos geotécnicos. Como o MEL não fornece as tensões
e deformações na massa de solo, o MEF vem preencher essa lacuna dentro da
geotecnia.
O Plaxis 2D começou a ser desenvolvido em 1987, na Universidade
Tecnológica de Delft, com o objetivo de analisar diques de rios nas planícies da
Holanda. Mais tarde, em 2001, foi introduzido o Plaxis 3D Tunnel, no qual considera
a análise em três dimensões. Seu desenvolvimento e manutenção são garantidos por
vários pesquisadores nas universidades e institutos de pesquisas espalhados pelo
mundo.
O software analisa o comportamento real de um solo através da
consideração de um determinado modelo de solo. Suas características são capazes
de lidar com vários problemas complexos na engenharia geotécnica. O manual afirma
que o software não é livre de erros. Mesmo que um modelo de solo seja escolhido
equivocadamente, a organização não se responsabiliza pela saída de dados. Assim,
é necessária uma certa habilidade do projetista durante a análise do problema.
Neste trabalho, os problemas propostos serão analisados somente através
do software em duas dimensões. Assim, por ser um software que possui várias
possibilidades de análise, serão abordados apenas os principais aspectos voltados a
sua utilização na análise de estabilidade de taludes. A figura 27 apresenta a interface
do programa.
56

Figura 27 - Interface do software Plaxis

A entrada do programa começa com o desenho do corpo de talude,


considerando as camadas de solo sobrejacentes à sua superfície. Após realizado o
modelo geométrico, será gerado uma malha de elementos finitos em duas dimensões.
Essa malha pode ser refinada, com opções para malha global ou local. De acordo com
a figura 28, o programa disponibiliza a opção de 6 nós ou 15 nós para análise de
deformações e tensões no solo, sendo escolhido a opção de 15 nós para análise dos
problemas.
Figura 28 -

Fonte: adaptado do manual Plaxis.


57

O modelo de solo utilizado neste trabalho é o modelo de Mohr-Coulomb. É


um modelo não-linear simples, baseado em parâmetros de solo bem conhecidos na
engenharia. Contudo, nem todas as características de comportamento do solo são
incluídas nesse modelo.
Vale lembrar que neste trabalho são consideradas análises elastopláticas
do solo. Quando um material anisotrópico ou não-linear é utilizado, torna-se
necessária a utilização de iterações para alcançar a solução mais adequada. A
primeira iteração considera a tensão do primeiro “step” igual a tensão de início do
problema. Depois, a partir do modelo de Mohr-Coulomb, são feitas sucessivas
iterações para calcular as tensões e deformações no solo.
A opção de análise de estabilidade é escolhida na rotina “Calculations”,
bem como o tipo de cálculo “Phi-c reduction” . Essa análise propõe a redução gradual
dos parâmetros de resistência do solo, tan(𝜙 ) e 𝑐′, até que a ruptura aconteça.
Apesar de muito cuidado no desenvolvimento do software, ainda há
algumas limitações que são tidas como inevitáveis. O modelo de Mohr-Coulomb é um
modelo de primeira ordem que inclui apenas um número limitado de características
do real comportamento no solo. Apesar do aumento de rigidez com a profundidade
ser levada em conta, o modelo não inclui uma rigidez anisotrópica, ou seja, não
considera uma rigidez para diferentes resistências. Em geral, o estado de tensões em
falhas sob condições drenadas é bem avaliado usando os critérios de falhas de Mohr-
Coulomb.
Como é baseado na análise de tensões, além dos parâmetros de
resistência de Mohr-Coulomb, são considerados outros parâmetros físicos do solo.
Dentre esses parâmetros, devido à grande influência nos deslocamentos finais, se
destacam o módulo de elasticidade (E) e o coeficiente de Poisson (ʋ). Dessa forma,
essa influência será analisada em cada problema proposto neste trabalho.
 “Phi-c reduction”
É uma opção disponível no Plaxis para cálculo de fator de segurança.
Como já citado, essa função pode ser selecionada no tipo de cálculo.
O multiplicador total (dado na equação) é usado para definir os valores dos
parâmetros de resistência do solo numa dada etapa da análise. A equação utilizada é
a seguinte:
tan(ᵩ) 𝑐
𝑀𝑠𝑓 = = (3.1)
tan(ᵩ) 𝑐
58

onde os parâmetros de resistência iniciais referem-se às propriedades de entrada do


material e os parâmetros reduzidos estão relacionados aos valores reduzidos usados
na análise. O valor inicial considerado para ∑ 𝑀𝑠𝑓 é 1.0, sendo que este valor vai
aumentando a medida que os parâmetros tan(ᵩ) e𝑐 vão reduzindo até
atingir a ruptura.
O cálculo pelo “Phi-c reduction” é realizado usando o procedimento do Load
advancement number of steps. O multiplicador 𝑀𝑠𝑓 é usado para especificar o
aumento da redução de resistência da primeira etapa de cálculo. Esse incremento é
gradual, começando e mantendo-se em 0,1. Os parâmetros de resistência são
reduzidos sucessivamente até todas as etapas adicionais serem completadas. O
conjunto padrão de etapas é 100, porém pode ser que ao fim do processo a ruptura
pode não ter sido alcançada, precisando aumentar esse número de etapas. É
necessário que seja sempre checado se o mecanismo de falha foi completo. Assim, o
fator de segurança é dado:

𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑖𝑠𝑝𝑜𝑛í𝑣𝑒𝑙
𝐹𝑆 = = 𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑀𝑠𝑓 𝑛𝑎 𝑓𝑎𝑙ℎ𝑎 (3.2)
𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑛𝑎 𝑓𝑎𝑙ℎ𝑎
3.2.3 Software Slope/W
Esse programa está no mercado desde 1977. Inicialmente, foi desenvolvido
pelo Professor D. G. Freduland na Universidade de Saskatchewan. Em 1980, quando
o computador se tornou mais acessível, o programa foi reescrito para o ambiente PC.
Então, em 1983, foi lançado o PC-SLOPE (primeiro nome), cujo programa demandava
muita memória e tempo de processamento. Após a década de 80, houve a
necessidade de gerar uma interface para o programa. Essa nova implementação
proporcionou um novo nome ao programa, sendo conhecido agora como Slope/W. A
interface do programa pode ser visualizada na figura 29.
59

Figura 29 - Interface do software Slope/W

O Slope/W usa a teoria do equilíbrio limite de forças e momentos para


calcular o fator de segurança contra a ruptura. O Método do Equilíbrio limite
generalizado (GLE) é utilizado para relacionar os fatores de segurança de todos os
comuns métodos baseados na divisão de fatias.
Os problemas podem ser analisados em termos de tensões efetivas ou
tensões totais. O programa possibilita a consideração de qualquer forma de superfície
de deslizamento, podendo ser circular, plana ou composta (circular e plana).
A formulação do MEL assume que o fator de segurança para a resistência
de coesão e resistência de ângulo de atrito são iguais para todos os solos envolvidos.
Também, considera que o FS é igual para todas as fatias.
A função f(x) pode ser analisada de quatro maneiras distintas: função
constante, função meio-seno, função de onda (clipped-sine) e função trapezoidal.
Porém, será considerada a função meio-seno na análise dos problemas expostos
neste trabalho.
A variável 𝑚 , encontrada na equação da força normal na base da fatia
tan(𝜙 )
(N), é considerada uma função de inclinação da base de uma fatia, α, e 𝐹 . No
software Slope/W, essa variável proporciona uma certa dificuldade ao cálculo
computacional quando se aproxima de zero.
60

Quando o valor de 𝑚 se aproxima de zero, a força normal, N, na base da


fatia, aumenta significativamente. Logo, isso acarreta no aumento da resistência ao
cisalhamento, influenciando diretamente o resultado do fator de segurança.
Outro problema pode ocorrer quando 𝑚 é negativo. Nesse caso, a força
normal calculada torna-se negativa. Logo, isso leva ao cálculo de um fator de
segurança abaixo do real, pois a resistência ao cisalhamento é reduzida.
O problema da magnitude do valor de 𝑚 pode gerar uma forma errada de
superfície de deslizamento. Para corrigi-lo é necessário aplicar a teoria da pressão de
terra, onde o solo é dividido em duas regiões. A região do pé do talude é considerada
a zona passiva, onde deve ter uma inclinação máxima de:
𝜙′
𝛼 < 45° −
2
Do mesmo modo, a inclinação da superfície de deslizamento na zona ativa
não deve exceder o valor da equação:
𝜙′
𝛼 < 45° +
2
Essa solução vai geralmente resolver o problema de 𝑚 . A zona ativa deve
ser combinada com zona com fenda de tração para aliviar esse problema com 𝑚 .
O fator de segurança é obtido a partir das seguintes etapas de cálculo:
i) A primeira iteração considera as forças normal e de cisalhamento entre
fatias igual a zero. O resultado do fator de segurança do equilíbrio de
momentos é o fator de segurança do Método de Fellenius ou Ordinário.
Nessa etapa, o fator de segurança pelo equilíbrio de forças não tem muita
importância. O valor do fator de segurança obtido pela primeira iteração
servirá como base para a segunda etapa.
ii) A solução começa pela equação não-linear do fator de segurança. O
valor de λ é considerado zero, logo as forças entre fatias também serão
iguais a zero. Geralmente são necessárias de 4 a 6 iterações para garantir
uma convergência dos fatores de segurança pelos equilíbrios de momento
e força. A resposta obtida pela equação do momento corresponde ao fator
de segurança obtido pelo Método de Bishop Simplificado. A resposta obtida
pela equação de equilíbrio de força, corresponde ao fator de segurança
proposto pelo Método de Janbu sem a correção.
61

iii) Essa etapa é necessária para todos os métodos que consideram forças
entre fatias. Uma série de valores para λ são selecionados e os fatores de
segurança pelos equilíbrios de momento e força são resolvidos. Esses
valores são mostrados no gráfico da figura 21. Percebe-se que o ponto de
interseção corresponde ao FS que satisfaz ambos equilíbrios de momento
e força.
A versão a ser utilizada na análise dos problemas será a estudantil. Esta
versão consiste numa versão limitada da versão completa (todas as funções
disponibilizadas). Porém, para a análise proposta, as funções disponíveis na versão
estudantil já são suficientes para a implementação da análise.
No Guia de ensino do software, a lição 4, afirma que o número de fatias
analisados pode influenciar diretamente o resultado do fator de segurança.
62

CAPÍTULO 4
APLICAÇÃO DA METODOLOGIA
___________________________________________________________________
A análise de cada exemplo proposto irá percorrer o mesmo caminho
proposto pelo fluxograma contido no capítulo anterior. A planilha só não será
considerada na análise do problema 3, devido ser formulada apenas para análise de
taludes homogêneos. A primeira análise será realizada através do software Plaxis,
demostrando os dados de entrada e saída de dados. A segunda tem por objetivo a
análise do problema através da planilha, baseada no Método de Bishop. Nessa fase,
será levantada a questão da influência do número de fatias utilizados para obtenção
do fator de segurança.
O uso do Slope/W tem por meta analisar os problemas com o objetivo de
fornecer dados comparativos. Como é um programa baseado no Método do Equilíbrio
Limite Generalizado, servirá também para a análise de estabilidade dos taludes
através do Método de Morgenster-Price (MEL rígido).
4.1 Problema 1
Este problema foi baseado na lição 1 do Guia de Ensino para o software
Slope/W. Porém, os valores da coesão e ângulo de atrito foram alterados e para uma
segunda análise, considerou-se o talude composto de solo argiloso. Assim, os
parâmetros físicos do solo arenoso, são: 𝛾 = 18𝐾𝑁/𝑚³, 𝑐 = 0 𝐾𝑝𝑎 e 𝜙 = 30°. Os
parâmetros físicos do solo argiloso, são: 𝛾 = 17𝐾𝑁/𝑚³ , 𝑐 = 5 𝐾𝑃𝑎 e 𝜙 = 0° ; Os
parâmetros geométricos são conforme mostra a figura . Considera-se um talude com
a inclinação 1,5 H :1 V, com 6 metros de altura. O nível freático começará a uma altura
de 4m, nivelando-se no pé do talude. A figura 30 mostra os parâmetros considerados,
assim como o esquema geométrico do talude.
63

Figura 30- Esquema do problema 1.

Fonte: adaptado do Guia de ensino para o software Slope/W

4.1.1 Talude composto de solo arenoso


 Análise através do software PLAXIS
Alguns parâmetros físicos foram acrescentados devido a falta destes na
formulação do problema. O peso específico não saturado (acima do nível freático) foi
de 18 KN/m³. O peso específico saturado foi de 20KN/m³. O módulo de elasticidade
foi de 12000 KN/m² e coeficiente de Poisson igual a 0,30. Foi utilizado uma
configuração de malha média. Dessa forma, obteve-se os seguintes gráficos de
deformações.
Figura 31 – Malha deformada (solo arenoso)
64

Figura 32- Vetores deslocamentos totais (solo arenoso)

Na figura 32, observa-se a disposição dos vetores deslocamento, bem


como a direção predominante do deslocamento. Como o objetivo é encontrar a
superfície de ruptura para posterior análise do FS mínimo, a figura mostra a linha de
ruptura provocada pela concentração de tensões de cisalhamento.

Figura 33- Configuração da superfície de ruptura (solo arenoso)


65

Figura 34 - Grau de saturação para talude em solo arenoso

Na implementação da análise, foi considerado o número máximo de


iterações, com valor de 999. Assim, o FS fornecido foi de 0,842. A figura 35 mostra o
valor do fator de segurança (dado em função de ∑ 𝑀𝑠𝑓).

Figura 35 - Fator de segurança e nº de iterações (solo arenoso)


66

 Análise pelo Método de Bishop Simplificado utilizando planilha no


Excel
A análise será feita considerando os parâmetros indicados no problema 1.
A planilha foi formulada pelo autor com o objetivo de obter o uma estimativa segura
para o FS proposto pelo Método de Bishop Simplificado.
A divisão do corpo em fatias foi feita através do software AutoCad 2014.
Assim, foi possível inserir medidas mais precisas na planilha.
Figura 36 - Divisão e dimensões das fatias (30 fatias-solo arenoso)

Para calcular o fator de segurança, foi realizada iterações até o valor


convergir. Baseando-se pelo fator de segurança de 0,853, proposto pelo software
PLAXIS, os fatores de segurança para iteração (mínimo e máximo) foram definidos
como sendo, respectivamente, iguais a 0,70 e 0,90. Fazendo as iterações
manualmente, os fatores convergem para o valor de 0,74.
Isso indica que, considerando a divisão da superfície de deslizamento mista
(parte plana e parte circular), o fator de segurança difere significativamente do
analisado pelo Plaxis.
arenoso)

Peso específico da água (KN/m³) 10


Peso específico (KN/m³): 18
coesão(KN/m²) 0 PLANILHA BASEADA NO MÉTODO DE BISHOP SIMLIFICADO
Ângulo de atrito (ɸ'): 30
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
𝑥 c 𝑥 ℎ 𝑢 𝑢 𝑥 ℎ 𝑃 𝑀 c 𝑥 + [𝑃 −𝑢 𝑥 ]tan ϕ′
α(°) 𝑃 −𝑢 𝑥 [𝑃 −𝑢 𝑥 ]tanϕ′ c 𝑥 + [𝑃 −𝑢 𝑥 ]tan ϕ′
FATIA (m) (KN) (m) (KN/m²) (KN) (m) (KN) (KN) 𝐹𝑆 í 𝐹𝑆 á 𝑀 𝑃 𝑠𝑒𝑛(α)
(KN) (KN)
0,70 0,90 1,8 1,9
1 0,49 42 0 0 0 0 0,3268 2,882376 2,882376 1,66414056 1,66414056 1,603842 1,412576 1,037596431 1,178089363 1,928686001
2 0,48 42 0 0 0 0 0,6453 5,575392 5,575392 3,218954072 3,218954072 1,603842 1,412576 2,007027133 2,278783201 3,73066543
3 0,48 42 0 0 0 0 0,964 8,32896 8,32896 4,808727298 4,808727298 1,603842 1,412576 2,998255317 3,404225951 5,573162055
4 0,48 42 0 0 0 0 1,2825 11,0808 11,0808 6,397502863 6,397502863 1,603842 1,412576 3,988861456 4,528962429 7,414502423
5 0,48 42 0 0 0 0 1,451 12,53664 12,53664 7,238032479 7,238032479 1,603842 1,412576 4,512934092 5,1239957 8,388649525
6 0,48 42 0 0 0 0 1,5356 13,26758 13,267584 7,660043194 7,660043194 1,603842 1,412576 4,776058988 5,422748309 8,877746527
7 0,48 42 0 0 0 0 1,62 13,9968 13,9968 8,081056248 8,081056248 1,603842 1,412576 5,038561839 5,720794647 9,365687271
8 0,48 42 0 0 0 0 1,704 14,72256 14,72256 8,500073979 8,500073979 1,603842 1,412576 5,299820601 6,017428444 9,8513155
9 0,48 42 0 0 0 0 1,79 15,4656 15,4656 8,929068323 8,929068323 1,603842 1,412576 5,56729981 6,32112495 10,34850631
10 0,48 42 0 0 0 0 1,874 16,19136 16,19136 9,348086055 9,348086055 1,603842 1,412576 5,828558572 6,617758747 10,83413453
11 0,48 42 0 0 0 0 1,96 16,9344 16,9344 9,777080399 9,777080399 1,603842 1,412576 6,096037781 6,921455253 11,33132534
12 0,46 35 0 0 0 0 2,02 16,7256 16,7256 9,656529662 9,656529662 1,392899 1,265399 6,932687062 7,631211382 9,593410044
13 0,42 33 0 0,2061 2,061 0,86562 2,1 15,876 15,01038 8,666246934 8,666246934 1,343946 1,231662 6,448360014 7,036218966 8,64668932
14 0,42 32 0 0,3629 3,629 1,52418 2 15,12 13,59582 7,849550337 7,849550337 1,321091 1,215971 5,941716359 6,455378075 8,012379275
15 0,41 31 0 0,512 5,12 2,0992 2 14,76 12,6608 7,309716288 7,309716288 1,299262 1,201019 5,626053744 6,086264427 7,601961986
16 0,41 30 0 0,631 6,31 2,5871 1,95 14,391 11,8039 6,814984842 6,814984842 1,278418 1,186776 5,330793548 5,742437838 7,1955
17 0,4 28 0 0,66 6,6 2,64 1,91 13,752 11,112 6,415516191 6,415516191 1,239551 1,160306 5,175677042 5,529159427 6,456172931
18 0,39 26 0 0,7137 7,137 2,78343 1,84 12,9168 10,13337 5,850503897 5,850503897 1,204234 1,136358 4,858278712 5,148467275 5,662352429

 Análise através do software Slope/W


19 0,39 24 0 0,732 7,32 2,8548 1,761 12,36222 9,50742 5,489111496 5,489111496 1,172247 1,114757 4,682556857 4,92404096 5,028167864
20 0,38 22 0 0,7237 7,237 2,75006 1,66 11,3544 8,60434 4,967718015 4,967718015 1,143399 1,095352 4,344691781 4,535272904 4,253433104
21 0,38 20 0 0,725 7,25 2,755 1,5672 10,71965 7,964648 4,598391667 4,598391667 1,117529 1,078009 4,11478674 4,265632032 3,666335545
22 0,37 18 0 0,7 7 2,59 1,45 9,657 7,067 4,080134352 4,080134352 1,094493 1,062618 3,727875327 3,839698521 2,984177115
23 0,37 16 0 0,663 6,63 2,4531 1,32 8,7912 6,3381 3,659303741 3,659303741 1,074173 1,049081 3,406624987 3,488102751 2,423183122
24 0,36 14 0 0,6127 6,127 2,20572 1,2 7,776 5,57028 3,216002657 3,216002657 1,056464 1,037316 3,044119035 3,100312576 1,88118466
25 0,36 12 0 0,5492 5,492 1,97712 1,02 6,6096 4,63248 2,674563575 2,674563575 1,04128 1,027251 2,568533363 2,603612714 1,374213112
26 0,36 10 0 0,4733 4,733 1,70388 0,85 5,508 3,80412 2,196309706 2,196309706 1,028549 1,018829 2,135347707 2,15572028 0,956454163
27 0,37 8 0 0,3826 3,826 1,41562 0,67 4,4622 3,04658 1,758943783 1,758943783 1,01821 1,012001 1,72748589 1,738085281 0,621018211
28 0,36 4 0 0,2763 2,763 0,99468 0,48 3,1104 2,11572 1,221511512 1,221511512 1,004532 1,002984 1,216000107 1,21787751 0,216970536
29 0,34 0 0 0,14 1,4 0,476 0,25 1,53 1,054 0,608527184 0,608527184 1 1 0,608527184 0,608527184 0
30 0,35 -2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1,001132 1,000745 0 0 0
Ʃ 119,0411275 129,6413871 164,2179843
FS: 0,72489702 0,789446951

Para confrontar o FS obtido pela planilha formulada, o talude será analisado


Quadro 7 - Planilha formulada pelo Método de Bishop Simplificado (solo

por esse programa. A análise por esse software fornecerá a superfície de


67
68

deslizamento proporcionada pelo MEL, assim como o fator de segurança proposto


pelo Método de Morgenstern-Price.
Os parâmetros físicos do solo foram mantidos, bem como a geometria do
talude em análise. O método de análise selecionado foi o Método de Morgenstern-
Price, escolhendo a função meio-seno para forças entre fatias. Cabe lembrar,
também, que o número de fatias considerados foi mantido (30 fatias).
Figura 37 – Fator de segurança e superfície de deslizamento (solo arenoso)

O fator de segurança fornecido pelo software, baseado no Método de


Morgenstern-Price foi de 0,853.
Observa-se também que a superfície de deslizamento é bem próxima da
que foi analisada pelo software Plaxis, porém é tida como circular. O programa
Slope/W calcula a superfície crítica de deslizamento, fornecendo o FS mínimo. Então,
a análise é feita para várias superfícies de ruptura, até a superfície que corresponde
ao estado iminente de ruptura, ser obtida.
69

Figura 38 - Gráfico do fator de segurança vs. Lambda

O fator de segurança obtido pelo Método de Morgenstern-Price


corresponde ao ponto de cruzamento entre as duas linhas. Cabe lembrar que o FS
pelos Métodos de Bishop e Janbu podem ser analisados no ponto onde lambda é
zero. O método de Bishop satisfaz apenas o equilíbrio de momentos e o Método de
Janbu, apenas o equilíbrio de forças. Logo, pode-se concluir que o FS para o Método
de Bishop é igual a 0,851 e o FS para o Método de Janbu corresponde à 0,803.
Observa-se que o método do equilíbrio limite generalizado calcula os dois
fatores de segurança para vários valores de lambda.
Outra importante consideração pode ser feita em relação ao FS promovido
pelo software Plaxis. O fator de segurança foi menor que o obtido pelo método rigoroso
de Morgenstern-Price. Por ser baseado na análise de tensões, o programa considera
parâmetros adicionais, como o módulo de Young (E) e coeficiente de Poisson (ʋ).
Ambos foram considerados, 𝐸 = 1,2.10 𝐾𝑁/𝑚² e ʋ = 0,30 . Outro fato que leva o
software Plaxis ser mais preciso é a quantidade de iterações realizadas (999) para
uma malha T-15. Isso leva a resultados mais precisos, enquanto que as fórmulas do
equilíbrio limite são baseadas apenas na condição estática do maciço.
70

Quadro 8 -Resumo dos fatores de segurança para solo arenoso

Método FS
MEF (Plaxis) 0,842
MEL (Planilha-B.S.) 0,74
MEL (Slope/W-B.S.) 0,851
MEL (Slope/W-M-P) 0,853
MEL (Slope/W-Janbu) 0,803

Através do resumo obtido, é possível identificar que a configuração do


talude se encontra completamente instável.
4.1.2 Talude composto de solo argiloso
 Análise através do software PLAXIS
Considerando o mesmo talude, porém constituído agora de um solo
argiloso não-drenado, observa-se as seguintes diferenças.
Figura 39 – Deslocamentos totais (solo argiloso)
71

Figura 40 - Vetores deslocamento (solo argiloso)

Figura 41 - Concentração de deslocamentos por cisalhamento (solo argiloso)

Figura 42 - Grau de saturação do solo argiloso


72

Figura 43 - fator de segurança analisado (solo argiloso)

 Análise realizada pela planilha baseada no método de Bishop


Simplificado.

Figura 44 - Divisão da superfície deslizante em 30 fatias (solo argiloso)


Peso específico da água (KN/m³) 10
Peso específico (KN/m³): 17
coesão(KN/m²) 5 PLANILHA BASEADA NO MÉTODO DE BISHOP SIMLIFICADO
Ângulo de atrito (ɸ'): 0

convergiu para 0,065.


1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
𝑥 c 𝑥 ℎ 𝑢 𝑢 𝑥 ℎ 𝑃 𝑀 c 𝑥 + [𝑃 −𝑢 𝑥 ]tanϕ′
α(°) 𝑃 −𝑢 𝑥 [𝑃 −𝑢 𝑥 ]tan ϕ′ c 𝑥 + [𝑃 −𝑢 𝑥 ]tanϕ′
FATIA (m) (KN) (m) (KN/m²) (KN) (m) (KN) (KN) 𝐹𝑆 í 𝐹𝑆 á 𝑀 𝑃 𝑠𝑒𝑛(α)
(KN) (KN)
0,10 0,30 1,8 1,9
1 0,64 34 3,2 0 0 0 1,74 18,9312 18,9312 0 3,2 4,600841 2,086305 0,695524964 1,533811808 10,58619269
2 0,91 54 4,55 0,35 3,5 3,185 2,165 33,49255 30,30755 0 4,55 11,72295 4,299506 0,388127598 1,058260997 27,09604213
3 1,07 56 5,35 0,78 7,8 8,346 2,95 53,6605 45,3145 0 5,35 12,85018 4,656189 0,416336569 1,149008409 44,48657066
4 1,05 54 5,25 1,55 15,5 16,275 3,82 68,187 51,912 0 5,25 11,72295 4,299506 0,447839536 1,221070381 55,1644418
5 0,94 48 4,7 2,2 22 20,68 4,64 74,1472 53,4672 0 4,7 8,92259 3,420284 0,52675288 1,374154995 55,102108
6 0,85 44 4,25 2,75 27,5 23,375 5,31 76,7295 53,3545 0 4,25 7,427578 2,955419 0,572191927 1,438036316 53,30078944
7 0,82 40 4,1 3,2 32 26,24 5,84 81,4096 55,1696 0 4,1 6,159673 2,563921 0,66561976 1,599113484 52,32908219
8 0,76 36 3,8 3,55 35,5 26,98 6,42 82,9464 55,9664 0 3,8 5,079527 2,23252 0,748101178 1,702112204 48,75467065
9 0,74 33 3,7 3,93 39,3 29,082 6,845 86,1101 57,0281 0 3,7 4,375598 2,017646 0,84559874 1,833819916 46,89892177
10 0,7 30 3,5 4,17 41,7 29,19 7,2 85,68 56,49 0 3,5 3,752777 1,828276 0,932642743 1,914371945 42,84
11 0,68 28 3,4 4,44 44,4 30,192 7,53 87,0468 56,8548 0 3,4 3,379172 1,715022 1,006163589 1,982481335 40,86599723
12 0,66 24 3,3 4,6 46 30,36 7,75 86,955 56,595 0 3,3 2,724454 1,517182 1,211252018 2,175085803 35,3677848
13 0,65 21 3,25 4,75 47,5 30,875 7,78 85,969 55,094 0 3,25 2,309226 1,392129 1,407397917 2,334553794 30,80853425
14 0,62 18 3,1 4,86 48,6 30,132 7,6 80,104 49,972 0 3,1 1,955114 1,285742 1,585585619 2,411058747 24,75349732
15 0,62 14 3,1 4,92 49,2 30,504 7,35 77,469 46,965 0 3,1 1,573475 1,171355 1,970161889 2,646506766 18,74144733
16 0,61 10 3,05 5,02 50,2 30,622 7,11 73,7307 43,1087 0 3,05 1,290996 1,086871 2,362516377 2,806221785 12,80320169
17 0,6 6 3 4,93 49,3 29,58 6,79 69,258 39,678 0 3 1,104386 1,031143 2,71644218 2,909392284 7,239432309
18 0,6 3 3 4,92 49,2 29,52 6,51 66,402 36,882 0 3 1,026058 1,007772 2,92381233 2,976863109 3,475212166
19 0,6 0 3 4,8 48 28,8 6,07 61,914 33,114 0 3 1 1 3 3 0
20 0,6 -4 3 4,51 45,1 27,06 5,64 57,528 30,468 0 3 1,046343 1,013824 2,867129949 2,959094825 -4,012950422
21 0,6 -7 3 4,21 42,1 25,26 5,2 53,04 27,78 0 3 1,142183 1,042425 2,626549589 2,877904708 -6,463949974
22 0,61 -10 3,05 3,86 38,6 23,546 4,65 48,2205 24,6745 0 3,05 1,290996 1,086871 2,362516377 2,806221785 -8,373401951
23 0,61 -13 3,05 3,56 35,6 21,716 4,17 43,2429 21,5269 0 3,05 1,49371 1,147484 2,041895006 2,657990193 -9,727535948
24 0,62 -16 3,1 3,17 31,7 19,654 3,7 38,998 19,344 0 3,1 1,751639 1,224721 1,769770958 2,531189089 -10,7493056
25 0,63 -20 3,15 2,73 27,3 17,199 3,1 33,201 16,002 0 3,15 2,184544 1,354643 1,441948435 2,325335683 -11,35541078
26 0,65 -24 3,25 2,3 23 14,95 2,49 27,5145 12,5645 0 3,25 2,724454 1,517182 1,192899714 2,142129957 -11,19115537
27 0,68 -29 3,4 1,77 17,7 12,036 1,87 21,6172 9,5812 0 3,4 3,561963 1,770401 0,954529763 1,920468964 -10,48022652
28 0,72 -35 3,6 1,31 13,1 9,432 1,32 16,1568 6,7248 0 3,6 4,835377 2,157894 0,74451271 1,668293361 -9,267159767
29 0,78 -41 3,9 0,92 9,2 7,176 0,86 11,4036 4,2276 0 3,9 6,457744 2,655721 0,603926104 1,468527779 -7,481434743
30 0,88 -44 4,4 0,44 4,4 3,872 0,43 6,4328 2,5608 0 4,4 7,427578 2,955419 0,592386936 1,488790539 -4,468598365
Ʃ 41,62013335 62,91187096 517,042797

máximo de 0,30 obteve fatores muito baixos. Realizando as iterações, o valor


FS: 0,080496496 0,121676332

O valor do fator de segurança para um fator mínimo de 0,10 e um fator


Quadro 9 - Planilha baseada no Método de Bishop Simplificado (solo argiloso)
73
74

 Análise realizada pelo software Slope/W


Nesse programa foram utilizados somente os parâmetros físicos de solo
considerados por Mohr-Coulomb. Assim, obteve-se os seguintes resultados.
Figura 45 - FS e Superfície de deslizamento (solo argiloso)

Figura 46 - Fator de segurança vs. Lambda (solo argiloso)

Os valores dos fatores de segurança obtidos pelas diferentes análises


podem ser resumidos no quadro 10.
75

Quadro 10 - Resumo dos FS obtidos para o talude em solo argiloso.

Método FS
Plaxis (MEF) 0,268
Planilha (MEL-Bishop Simplificado) 0,065
Slope/W(MEL-Bishop Simplificado) 0,299
Slope/W(MEL-Janbu) 0,297
Slope/W(MEL-M-P) 0,299

4.2 Problema 2
Tal problema foi retirado de um documento da Roscience Inc., no qual é
baseado no exemplo 6 de Griffiths e Lane (1999). O exemplo representa uma
barragem de terra real que inclui uma superfície livre que possui uma inclinação do
nível do reservatório até o lado da fundação do lado da jusante. Dois casos foram
estudados, sendo um para o reservatório cheio e outro para ele vazio. Foram utilizados
módulo de elasticidade igual a 18000 kN/m² e coeficiente de Poisson de 0,25.

Quadro 11 -Parâmetro do material do problema 2

Peso específico Ângulo de coesão


Material
(KN/m²) atrito (°) (KN/m²)
Rocha 18,2 37 13,8

Figura 47 -Esquema do problema 2

Fonte: adaptado de Rocsience Inc.(2004)


76

4.2.1 Reservatório cheio


O fluxograma será seguido assim como o problema anteriormente
analisado. Assim, a primeira análise será realizada através do software Plaxis.
 Análise através do software Plaxis

Figura 48 - Problema 2 analisado pelo Plaxis (Reservatório cheio)

Figura 49 - Vetores deslocamentos (Reservatório cheio)

Observando a figura acima, conclui-se que a superfície de deslizamento


predominante circular. Os vetores deslocamento mostram que o deslocamento é
predominantemente rotacional.
77

Figura 50 -Fator de segurança (∑ 𝑀𝑠𝑓) obtido pelo Plaxis (Reservatório cheio)

A análise foi feita através de 999 iterações, com 996 completas. A falha do
material foi atingida assim que o fator de segurança estabilizou. Assim, o número de
iterações poderia ser menor.
O valor de 1,862 leva a afirmar novamente que a barragem se encontra
estável, mesmo com a presença do nível de água.
 Análise do problema 2 através da planilha baseada no Método de
Bishop simplificado
Os parâmetros utilizados foram os mesmos especificados pelo problema.
O corpo do talude foi dividido em 30 fatias. Assim, a figura 51 mostra a divisão do
corpo no software AutoCad.

Figura 51 - Divisão do problema 2 no AutoCad (Reservatório cheio)


Peso específico da água (KN/m³) 10
Peso específico (KN/m³): 18,2
coesão(KN/m²) 13,8 PLANILHA BASEADA NO MÉTODO DE BISHOP SIMLIFICADO
Ângulo de atrito (ɸ'): 37
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
𝑥 c 𝑥 ℎ 𝑢 𝑢 𝑥 ℎ 𝑃 𝑀 c 𝑥 + [𝑃 −𝑢 𝑥 ]tan ϕ′
α(°) 𝑃 −𝑢 𝑥 [𝑃 −𝑢 𝑥 ]tan ϕ′ c 𝑥 + [𝑃 −𝑢 𝑥 ]tan ϕ′
FATIA (m) (KN) (m) (KN/m²) (KN) (m) (KN) (KN) 𝐹𝑆 í 𝐹𝑆 á 𝑀 𝑃 𝑠𝑒𝑛(α)
(KN) (KN)
1,80 1,90 1,8 1,9
1 3,18 50 43,884 0 0 0 3,13 181,1519 181,15188 136,5077329 180,3917329 1,149974 1,12328 156,8658688 160,5936861 138,770391
2 3,12 49 43,056 0 0 0 5,74 325,9402 325,94016 245,6135277 288,6695277 1,138389 1,113003 253,577215 259,3608981 245,9901613
3 3,02 47 41,676 0 0 0 7,99 439,1624 439,16236 330,932575 372,608575 1,11771 1,094778 333,3678668 340,3508865 321,1830176
4 2,87 44 39,606 1,46 14,6 41,902 10,05 524,9517 483,0497 364,0040578 403,6100578 1,09202 1,072405 369,5996178 376,3597479 364,6620925
5 2,7 40 37,26 2,83 28,3 76,41 11,86 582,8004 506,3904 381,5925369 418,8525369 1,06569 1,04992 393,0339523 398,9377156 374,616876
6 2,54 36 35,052 3,85 38,5 97,79 12,55 580,1614 482,3714 363,4929221 398,5449221 1,046268 1,033781 380,92066 385,5217396 341,0103149
7 2,4 32 33,12 4,67 46,7 112,08 13,01 568,2768 456,1968 343,7689463 376,8889463 1,032009 1,022327 365,1991487 368,6578469 301,1408237
8 2,31 28 31,878 5,32 53,2 122,892 13,29 558,7382 435,84618 328,4336542 360,3116542 1,021627 1,014328 352,6842451 355,2220911 262,3116866
9 2,25 26 31,05 5,83 58,3 131,175 13,46 551,187 420,012 316,5017437 347,5517437 1,017576 1,011325 341,5486136 343,6599607 241,6244773
10 2,22 25 30,636 6,31 63,1 140,082 13,56 547,8782 407,79624 307,2965083 337,9325083 1,015791 1,010029 332,679108 334,5770653 231,5433494
11 2,2 24 30,36 6,75 67,5 148,5 13,6 544,544 396,044 298,4405602 328,8005602 1,014151 1,008856 324,2124773 325,9141291 221,4859986
12 2,17 22 29,946 7,04 70,4 152,768 13,58 536,3285 383,56052 289,0335833 318,9795833 1,011268 1,006842 315,4254696 316,8118877 200,9121998
13 2,15 20 29,67 7,34 73,4 157,81 13,5 528,255 370,445 279,1503301 308,8203301 1,008851 1,005211 306,1109305 307,2193726 180,6738508
14 2,12 18 29,256 7,54 75,4 159,848 13,34 514,7106 354,86256 267,4081193 296,6641193 1,006837 1,003902 294,6494639 295,5111454 159,0543102
15 2,1 16 28,98 7,65 76,5 160,65 13,09 500,2998 339,6498 255,9444824 284,9244824 1,005172 1,002861 283,4585619 284,1117788 137,901314
16 2,07 14 28,566 7,74 77,4 160,218 12,76 480,7202 320,50224 241,515761 270,081761 1,003806 1,002042 269,0578151 269,5313804 116,2967517
17 2,05 11 28,29 7,61 76,1 156,005 12,33 460,0323 304,0273 229,1010033 257,3910033 1,002232 1,001148 256,8176661 257,0958626 87,778301
18 2,04 9 28,152 7,5 75 153 11,81 438,4817 285,48168 215,1258762 243,2778762 1,001453 1,000729 242,9248526 243,1007156 68,59364704
19 2,02 7 27,876 7,22 72,2 145,844 11,21 412,1244 266,28044 200,656704 228,532704 1,000859 1,000422 228,3364936 228,4363566 50,2253349
20 2,01 5 27,738 6,91 69,1 138,891 10,53 385,2085 246,31746 185,6135196 213,3515196 1,000431 1,000208 213,2596289 213,3071668 33,57312944
21 2,01 2 27,738 6,51 65,1 130,851 9,77 357,4061 226,55514 170,7215433 198,4595433 1,000068 1,000032 198,4460704 198,4531418 12,4732944
22 2,01 0 27,738 5,97 59,7 119,997 8,94 327,0431 207,04608 156,0204121 183,7584121 1 1 183,7584121 183,7584121 0
23 2,01 -1 27,738 5,51 55,1 110,751 8,05 294,4851 183,7341 138,4535752 166,1915752 1,000017 1,000008 166,1887607 166,190241 -5,139473655

encontra entre 1,8 1,9, convergindo para um valor de 1,807.


24 2,01 -3 27,738 4,89 48,9 98,289 7,11 260,098 161,80902 121,9318424 149,6698424 1,000153 1,000073 149,6468987 149,6588994 -13,61247859
25 2,01 -4 27,738 4,24 42,4 85,224 6,13 224,2477 139,02366 104,7618421 132,4998421 1,000274 1,000131 132,4635516 132,482442 -15,64272601
26 2,01 -5 27,738 3,68 36,8 73,968 5,13 187,6657 113,69766 85,67733218 113,4153322 1,000431 1,000208 113,3664841 113,3917547 -16,35613999
27 2,02 -6 27,876 3,04 30,4 61,408 4,07 149,6295 88,22148 66,47965356 94,35565356 1,000625 1,000304 94,29667644 94,32695903 -15,6405396
28 2,04 -11 28,152 2,12 21,2 43,248 2,85 105,8148 62,5668 47,14746554 75,29946554 1,002232 1,001148 75,13173637 75,21312246 -20,19041568
29 2,08 -16 28,704 1,1 11 22,88 1,46 55,26976 32,38976 24,40743483 53,11143483 1,005172 1,002861 52,83817947 52,95994257 -15,2344105
30 2,1 -17 28,98 0 0 0 0 0 0 0 28,98 1,005964 1,003351 28,80818222 28,88322543 0
Ʃ 7208,674608 7259,599574 3990,005138
FS: 1,806683039 1,819446172
Quadro 12 - Planilha baseado no Método de Bishop (Reservatório cheio)

Mais uma vez, o Método de Bishop indica que o fator de segurança se


78
79

 Análise através do software Slope/W


Cabe lembrar que a geometria foi mantida, assim como os parâmetros de
análise. Sendo assim, as figuras e gráficos a seguir mostram os resultados obtidos
pelo programa.
Figura 52 - Barragem com nível freático (10 fatias)

Figura 53 – Barragem com nível freático (30 fatias)

Figura 54 - Fator de segurança vs. Lambda (30 fatias)


80

Resumindo os valores dos fatores de segurança obtido, têm-se:

Quadro 13 - Resumo dos fatores de segurança (Reservatório cheio)


Método FS
Plaxis (MEF) 1,862
Planilha (Bishop) 1,807
SLOPE/W (Bishop) p/10 fatias 1,869
SLOPE/W (Bishop) p/30 fatias 1,863
SLOPE/W (Janbu) 1,726
SLOPE/W (Morgenstern-Price) p/ 10 fatias 1,876
SLOPE/W (Morgenstern-Price) p/ 30 fatias 1,869

Dessa primeira análise, pode-se concluir que o resultado obtido pela


planilha foi satisfatório. O valor da planilha convergiu para 1,807, enquanto que o valor
obtido no software Slope/W foi de 1,863 (dentro do intervalo decimal 1,8-1,9).
Observou-se também que alterando a quantidade de fatias analisadas, o
valor do fator de segurança diminuiu para esse problema.
4.2.2 Reservatório vazio
Nessa análise serão introduzidos os mesmos valores anteriores, porém o
nível freático será desconsiderado. Dessa forma, os resultados obtidos pelos
programas estarão dispostos nos próximos quadros e figuras.

Figura 55 - Fator de segurança analisado pelo MEF


81

Figura 56 – Configuração da superfície de deslizamento (Reservatório vazio)

Figura 57 -Concentração de deslocamentos por cisalhamento

A partir da planilha formulada para o reservatório cheio, pode-se obter o


fator de segurança para o reservatório vazio. Para isso, é necessário que seja
desconsiderada a poropressão.
Nessa análise serão consideradas a análise de 30 fatias tanto na planilha
como no software Slope/W. Os valores do fator de segurança, necessários para
iteração na planilha, serão baseados a partir do FS obtido pelo Plaxis. Assim, o valor
obtido pelo Método de Bishop Simplificado na planilha converge para um valor de
2,445.
Figura 58 - Barragem sem nível freático
Peso específico da água (KN/m³) 10
Peso específico (KN/m³): 18,2
coesão(KN/m²) 13,8 PLANILHA BASEADA NO MÉTODO DE BISHOP SIMPLIFICADO
Ângulo de atrito (ɸ'): 37
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
𝑥 c 𝑥 ℎ 𝑢 𝑢 𝑥 ℎ 𝑃 𝑀 c 𝑥 + [𝑃 −𝑢 𝑥 ]tan ϕ′
α(°) 𝑃 −𝑢 𝑥 [𝑃 −𝑢 𝑥 ]tan ϕ′ c 𝑥 + [𝑃 −𝑢 𝑥 ]tan ϕ′
FATIA (m) (KN) (m) (KN/m²) (KN) (m) (KN) (KN) 𝐹𝑆 í 𝐹𝑆 á 𝑀 𝑃 𝑠𝑒𝑛(α)
(KN) (KN)
2,40 2,50 2,4 2,5
1 3,18 50 43,884 0 0 0 3,13 181,1519 181,15188 136,5077329 180,3917329 1,023178 1,007962 176,3054 178,9667821 138,770391
2 3,12 49 43,056 0 0 0 5,74 325,9402 325,94016 245,6135277 288,6695277 1,017807 1,003337 283,6192 287,709541 245,9901613
3 3,02 47 41,676 0 0 0 7,99 439,1624 439,16236 330,932575 372,608575 1,008782 0,995711 369,3648 374,2136935 321,1830176
4 2,87 44 39,606 0 0 0 10,05 524,9517 524,9517 395,5794796 435,1854796 0,99885 0,987669 435,6866 440,6186082 364,6620925
5 2,7 40 37,26 0 0 0 11,86 582,8004 582,8004 439,1716018 476,4316018 0,990779 0,98179 480,8657 485,2685451 374,616876
6 2,54 36 35,052 0 0 0 12,55 580,1614 580,1614 437,1829727 472,2349727 0,986955 0,979837 478,4767 481,9523919 341,0103149
7 2,4 32 33,12 0 0 0 13,01 568,2768 568,2768 428,2272842 461,3472842 0,986019 0,9805 467,8888 470,5223673 301,1408237
8 2,31 28 31,878 0 0 0 13,29 558,7382 558,73818 421,0394185 452,9174185 0,986957 0,982797 458,9029 460,8455397 262,3116866
9 2,25 26 31,05 0 0 0 13,46 551,187 551,187 415,3491962 446,3991962 0,987881 0,984317 451,8756 453,511525 241,6244773
10 2,22 25 30,636 0 0 0 13,56 547,8782 547,87824 412,8558667 443,4918667 0,98842 0,985136 448,6875 450,1834659 231,5433494
11 2,2 24 30,36 0 0 0 13,6 544,544 544,544 410,3433367 440,7033367 0,989 0,985982 445,605 446,9690444 221,4859986
12 2,17 22 29,946 0 0 0 13,58 536,3285 536,32852 404,1525284 434,0985284 0,990247 0,987724 438,3741 439,4936604 200,9121998
13 2,15 20 29,67 0 0 0 13,5 528,255 528,255 398,0686947 427,7386947 0,991561 0,989487 431,3789 432,2834281 180,6738508
14 2,12 18 29,256 0 0 0 13,34 514,7106 514,71056 387,8622271 417,1182271 0,992892 0,991219 420,1042 420,8134746 159,0543102
15 2,1 16 28,98 0 0 0 13,09 500,2998 500,2998 377,0029406 405,9829406 0,994194 0,992877 408,3538 408,8955889 137,901314
16 2,07 14 28,566 0 0 0 12,76 480,7202 480,72024 362,2486838 390,8146838 0,995428 0,994423 392,6096 393,0065254 116,2967517
17 2,05 11 28,29 0 0 0 12,33 460,0323 460,0323 346,6592028 374,9492028 0,997081 0,996463 376,0468 376,2801101 87,778301
18 2,04 9 28,152 0 0 0 11,81 438,4817 438,48168 330,4196459 358,5716459 0,998012 0,997599 359,2859 359,4346288 68,59364704
19 2,02 7 27,876 0 0 0 11,21 412,1244 412,12444 310,5580409 338,4340409 0,998781 0,998532 338,8471 338,9317211 50,2253349
20 2,01 5 27,738 0 0 0 10,53 385,2085 385,20846 290,2753952 318,0133952 0,999372 0,999245 318,2133 318,2537551 33,57312944
21 2,01 2 27,738 0 0 0 9,77 357,4061 357,40614 269,3248443 297,0628443 0,999899 0,999878 297,093 297,0989971 12,4732944
22 2,01 0 27,738 0 0 0 8,94 327,0431 327,04308 246,4446375 274,1826375 1 1 274,1826 274,1826375 0
23 2,01 -1 27,738 0 0 0 8,05 294,4851 294,4851 221,9104398 249,6484398 0,999975 0,99997 249,6548 249,6560422 -5,139473655
24 2,01 -3 27,738 0 0 0 7,11 260,098 260,09802 195,9979164 223,7359164 0,999772 0,999727 223,7869 223,7970893 -13,61247859
25 2,01 -4 27,738 0 0 0 6,13 224,2477 224,24766 168,9827324 196,7207324 0,999596 0,999515 196,8001 196,816151 -15,64272601
26 2,01 -5 27,738 0 0 0 5,13 187,6657 187,66566 141,4162182 169,1542182 0,999372 0,999245 169,2605 169,2820678 -16,35613999
27 2,02 -6 27,876 0 0 0 4,07 149,6295 149,62948 112,7539007 140,6299007 0,9991 0,998916 140,7566 140,7824456 -15,6405396
28 2,04 -11 28,152 0 0 0 2,85 105,8148 105,8148 79,7371711 107,8891711 0,997081 0,996463 108,205 108,2721309 -20,19041568
29 2,08 -16 28,704 0 0 0 1,46 55,26976 55,26976 41,6487515 70,3527515 0,994194 0,992877 70,7636 70,8574841 -15,2344105
Quadro 14 - Fator de segurança analisado pela planilha

30 2,1 -17 28,98 0 0 0 0 0 0 0 28,98 0,993549 0,99206 29,16815 29,21195589 0


Ʃ 9740,163 9778,111398 3990,005138
FS: 2,441141 2,45065133
82
83

Figura 59 -Gráfico do fator de segurança vs. Lambda (Reservatório vazio)

Resumindo os fatores de segurança obtidos pelas diferentes análises, têm-se:


Quadro 15 -Resumo dos fatores de segurança do problema 2

Métodos FS
Plaxis (MEF) 2,427
Planilha (Bishop-MEF) 2,445
SLOPE/W (Bishop-MEL) 2,495
SLOPE/W (Janbu-MEL) 2,38
SLOPE/W(Morgenstern-Price-MEL) 2,494

4.3 Problema 3
Esse exemplo foi baseado no exemplo do artigo de Griffiths (1999, apud
Rocscience Inc., 2004), no qual propõe a análise de um talude composto por um solo
argiloso não-drenado com uma fina camada no seu interior. Essa camada fina irá
influenciar a estabilidade do talude. Na análise dos dois casos, a geometria e os
parâmetros físicos (exceto a coesão) serão mantidos. A planilha baseada no método
de Bishop Simplificado não será usada na análise desse problema, pois trata-se de
um talude composto de duas camadas de solo com características distintas. Assim, o
problema é dado da seguinte maneira:
84

Figura 60 - Esquema do problema 3

O talude será analisado para duas relações distintas de coesão. A primeira


será realizada fazendo 𝑐 = 0,6 𝑐 e a segunda para 𝑐 = 0,2 𝑐 . Assim, será possível
tirar algumas conclusões da influência dos materiais no talude proposto. A planilha
baseada no método de Bishop Simplificado não será utilizada nesse problema.

Quadro 16 – Parâmetros físicos das camadas de solo do problema 3

𝐶 ɸ γ 𝐶2 𝐶2
(𝐾𝑁/𝑚²) (graus) (KN/m³) (𝐾𝑁/𝑚²) (𝐾𝑁/𝑚²)
(𝐶2= 0,6𝐶1 ) (𝐶2= 0,2𝐶1 )
50 0 20 30 10

4.3.1. Caso 1 (𝑪𝟐 =𝟎, 𝟔 𝑪𝟏 )


O módulo de elasticidade e o coeficiente de Poisson usados, foram,
respectivamente, iguais a 10000 KN/m² e 0,35. Foi considerado o coeficiente de
pressão de terra (𝐾 ) igual a 0,60 para o solo 2.
85

 Análise pelo software Plaxis

Figura 61 - Malha deformada para o caso 1 (𝐶 =0,6 𝐶 )

Figura 62 - Vetores deslocamento para o caso 1 (𝐶 =0,6 𝐶 )

Figura 63 - Superfície de ruptura do caso 1 (𝐶 =0,6 𝐶 )


86

Figura 64 - Fator de segurança analisado pelo MEF (𝐶 =0,6 𝐶 )

 Análise pelo software Slope/W

Figura 65 - FS e superfície de deslizamento (caso 1)


87

Figura 66 - Fator de segurança vs. Lambda (caso 1)

Logo, pode-se resumir os fatores de segurança obtidos, da seguinte forma:


Quadro 17 – Resumo dos fatores de segurança (caso 1)
Método FS
Plaxis (MEF) 1,371
Slope/W (Bishop Simplificado) 1,318
Slope/W (Morgenstern-Price) 1,356
Slope/W (Janbu Simplificado) 1,244

4.3.2. Caso 2 (𝑪𝟐 =𝟎, 𝟐 𝑪𝟏 )


Foram mantidos os mesmos parâmetros do caso 1. Nesse caso, diminuiu-se apenas
a coesão do solo 2 para 10 Kpa. Assim, foram obtidos os seguintes resultados:
 Análise pelo software Plaxis

Figura 67 - Malha deformada (𝐶 =0,2 𝐶 )


88

Figura 68 - Vetores deslocamento (𝐶 =0,2 𝐶 )

Figura 69 - Concentração de deslocamento por cisalhamento (𝐶 =0,2 𝐶 )

Figura 70 - Fator de segurança obtido pelo Phi-c reduction (𝐶 =0,2 𝐶 )


89

 Análise realizada através do Slope/W


Figura 71 - Fator de segurança e superfície de ruptura crítica (𝐶 =0,2 𝐶 )

Figura 72 - Fator de segurança vs. Lambda (𝐶 =0,2 𝐶 )

Assim, os fatores de segurança obtidos podem ser resumidos da seguinte


maneira:

Quadro 18 - Fatores de segurança (Caso 2)


Método FS
Plaxis (MEF) 0,504
Slope/W (Bishop Simplificado) 0,448
Slope/W (Morgenstern-Price) 0,445
Slope/W (Janbu Simplificado) 0,414
90

CAPÍTULO 5
ANÁLISE DE RESULTADOS
___________________________________________________________________
5.1 Avaliação da planilha baseada no Método de Bishop Simplificado
O resultado obtido no primeiro exemplo, para solo arenoso, forneceu uma
margem boa para o fator de segurança. Contudo, para o solo argiloso, esse fator
diferiu significativamente do analisado pelos outros softwares. Apesar dessa
disparidade, o valor ainda indiciou um talude instável. Assim, pode-se concluir que a
utilização da planilha foi eficaz na obtenção de uma margem para o FS.
Do segundo problema analisado, para o reservatório cheio, o fator de
segurança obtido pela planilha foi de 1,807, enquanto que o Slope/W forneceu um FS
de 1,928, maior 6,27% que o analisado pela planilha. No mesmo problema, para o
reservatório vazio, essa mesma diferença caiu para 2,00%. Assim, pode-se concluir
que o valor obtido pela planilha teve uma diferença máxima de 6,27% do valor
fornecido pelo software.
Assim, pode-se concluir que a utilização da planilha foi eficaz na obtenção
de uma margem para o FS, sendo que a estimativa do fator de segurança foi mais
eficaz em análises de taludes de grande proporção.
5.2 Comparação dos fatores de segurança obtidos
No primeiro exemplo, para o talude em solo arenoso, foi verificado que o
fator de segurança obtido pelo Método de Bishop Simplificado foi 1,06% maior que o
FS obtido pelo método dos elementos finitos. Ainda no mesmo problema, para o talude
em solo argiloso, o FS dado pelo Método de Bishop foi 11,5% superior ao estabelecido
pelo MEF. Assim, o primeiro resultado está de acordo com a diferença estabelecida
por Wright et al. (1973, apud Duncan, 2015), no qual afirma que a margem do FS
fornecido pelo Método de Bishop Simplificado em relação ao obtido pelo MEF, não
passa de 5%. Contudo, para a análise realizada considerando o talude em solo
argiloso, verifica-se que essa margem foi ultrapassada. Isso pode ser justificado
devido à parâmetros que a versão estudantil do software Slope/W não fornece, como
a condição de solo não-drenado, coeficiente de empuxo lateral de terra, coeficiente
de Poisson, módulo de Young e outros, de menor relevância. Vale lembrar que a argila
possui um comportamento muito mais complexo que um solo arenoso.
No segundo exemplo, para o reservatório cheio, o FS obtido pelo Método
de Bishop Simplificado foi 3,54% maior que o FS fornecido pelo MEF. Para o
91

reservatório vazio, a diferença foi de 2,80%. A configuração da superfície de


deslizamento é praticamente circular. Assim, os resultados obtidos no segundo
problema confirmam a margem de 5% proposta por Wright et al. (1973, apud Duncan,
2015).
Para o terceiro exemplo analisado, no caso 1, verificou-se que o FS obtido
pelo Método de Bishop Simplificado foi menor 1,09% do FS obtido pelo MEF. Contudo
esse valor, no caso 2, foi menor 11%. Nesse caso, o enquadramento dentro da
margem definida por Wright et al. (1973, apud Duncan, 2015), foi satisfeita apenas na
primeira análise. Foi visto, no caso 1, na figura 66 que o FS do equilíbrio de forças foi
influenciado diretamente pelas forças entre fatias, assim como o FS obtido pelo
equilíbrio de momentos. Isso caracteriza a configuração da superfície de ruptura
mista, descrita por Krahn (2011). Outro fato significativo, descrito por Krahn (2001), foi
analisado no caso 2, no qual demonstrou que em superfície de ruptura mista, o FS
obtido pelo Método de M-P é menor que o obtido pelo Método de Bishop Simplificado.
Vale lembrar que, a configuração da superfície de deslizamento mista foi mais
evidente no segundo caso.
Para a análise de superfícies circulares, os resultados obtidos pelo Método
de Morgenstern-Price e Método de Bishop Simplificado, forneceu valores muito
próximos. A maior diferença entre os fatores de segurança obtidos foi no problema 1
(verificado na terceira casa decimal). Isso confirma a afirmação proposta por Krahn
(2001), no qual afirma que para análise de superfícies circulares, tais valores seriam
praticamente iguais. Isso é verificado pelas figuras 32, 49 e 56, que mostram a direção
dos vetores totais de deslocamento. O corpo deslizante não necessita de desvios
entre as fatias para rotacionar. Logo, o equilíbrio de momentos não é influenciado
pelas forças de cisalhamento entre fatias.
5.3 Avaliação do comportamento dos solos que constituem os taludes
analisados
Como relatado por Collin (1841, apud Bromhead, 2005), no primeiro
problema analisado, observa-se que a superfície de deslizamento, para o talude em
solo arenoso, foi mais rasa em relação ao talude composto de solo argiloso. Isso pode
ser verificado pelas figuras 33 e 39.
Na figura 39, observa-se que o principal mecanismo de instabilidade foi o
fenômeno da liquefação espontânea. Esse fenômeno surge do confinamento de
poropressão no interior do talude, no qual gera pressões superiores à pressão
92

atmosférica. É caracterizado por pontos de concentração de tensões e


deslocamentos, não possuindo uma superfície de ruptura bem definida. Pela
característica não-drenada do material, é visto que praticamente não há atrito entre o
material. Logo, o solo se comporta como um líquido viscoso. Outro fator significativo
para diminuição do fator de segurança foi a consideração do ângulo de atrito ser igual
a zero. Através da envoltória de Mohr-Coulomb, fica fácil entender por que o FS para
o talude em solo argiloso foi menor. Qualquer talude composto de solo coesivo não-
drenado, ou seja, com ângulo de atrito igual a zero e coesão maior que zero, possui
uma certa estabilidade inicial até atingir um grau de instabilidade. Isso pode ser
entendido pela envoltória de Mohr-Coulomb.
As figuras 34 e 42 mostram, respectivamente, o grau de saturação do
talude em solo arenoso e solo argiloso. Observou-se que o fenômeno da sucção gerou
uma maior estabilidade ao talude composto de solo arenoso. Houve uma ascensão
de zona capilar acima do nível freático, proporcionando um aumento de coesão,
conhecida como “coesão aparente”. Isso é confirmado por Bowles (1984, apud Fiori,
2015), no qual afirma que a coesão aparente aumenta a parcela de resistência do
solo. Da figura 42, pela característica não-drenada da argila, é possível afirmar que o
confinamento de pressão neutra gerou grande instabilidade no talude.
Analisando o segundo exemplo, observa-se que considerando a barragem
de terra cheia, o fator de segurança é menor. Isso leva a dizer que o aumento do nível
freático leva ao aumento da poropressão, gerando grande instabilidade no talude,
como afirmado por Cheng e Lau (2008).
O terceiro exemplo é caracterizado pela presença de uma camada fina,
menos coesiva, entre um solo de maior coesão. Verifica-se que, enquanto a camada
fina estava com uma coesão de 60% do solo mais “resistente”, o talude se encontrava
estável, ou seja, com a tensão resistente maior que a tensão mobilizada. Porém,
quando esse valor caiu para 20%, houve uma perda significativa de estabilidade. Isso
foi confirmado por Gerscovich (2012), na qual afirmou que superfícies de deslizamento
mistas ocorrem geralmente em solos heterogêneos. Silva (2011, p04), também relata
o mesmo comportamento para essa configuração de talude.
Através das figuras 52 e 53, observou-se também que alterando a
quantidade de fatias analisadas, o valor do fator de segurança diminui.
93

CAPÍTULO 6
CONCLUSÕES

6.1 Considerações finais


Primeiramente, pode-se concluir que os fatores de segurança obtidos pelo
uso da planilha baseada no Método de Bishop Simplificado foram satisfatórios. Isso
se justifica pelo objetivo da planilha propor um intervalo inicial para o FS.
O fator de segurança obtido pelo método de Bishop, nos taludes
analisados, não diferenciou muito dos valores obtidos pelo Método de M-P, exceto em
solos com características não-drenada.
A configuração da superfície de deslizamento de taludes arenosos difere
significativamente de superfície de ruptura de taludes constituídos em solo argiloso.
As fendas de tração afetam significativamente a estabilidade de uma inclinação de
terra, assim como o confinamento de poropressão em solos não-drenados.
O aumento do nível de água numa barragem de terra diminui
consideravelmente o fator de segurança. Isso leva a dizer que, quanto mais elevado
for o nível de água numa barragem, maiores serão as forças mobilizadoras de
movimento.
A presença de camadas fracas entres camadas resistentes de solo,
proporcionam alto grau de instabilidade. Nesses casos, a configuração do
deslizamento é geralmente mista, ocorrendo de maneira abrupta.
Comparando o MEL e MEF, em relação a uma superfície crítica de
deslizamento e um FS mínimo, a análise através do MEF proporcionou melhores
resultados. Isso foi confirmado pela utilização de um maior número de parâmetros
físicos do solo no software Plaxis, baseado no MEF. Outro motivo pelo destaque se
deve pela modelagem de resultados detalhada, proporcionando análises mais
completas.
Em alguns casos, a análise pelo MEL ainda é efetiva na obtenção do FS
mínimo. Contudo, o MEL ainda requer suposições para realizar o cálculo. Assim, não
basta apenas empregar o MEL, pois ele tem suas limitações. É necessário que a
análise de tensões através do MEF seja realizada em obras de retaludamento,
construções de barragens e diques.
Apesar da facilidade e agilidade de se obter resultados através dos
softwares disponíveis, é necessário, sobretudo, grande experiência do usuário. Por
94

mais que o software forneça resultados precisos, esse fator ainda é decisivo nos
resultados finais. Outro fator decisivo para realizar uma análise mais precisa, é a
utilização de parâmetros reais, obtidos em análise laboratorial de solo.
6.2 Sugestões para trabalhos futuros
Pode ser verificado uma análise em taludes compostos de várias camadas
de solo, variando os parâmetros de resistência das camadas. Essa implementação
pode ser realizada através do uso de algoritmos desenvolvidos em cima do MEL e
usando o MEF como parâmetro comparativo.
De acordo com os taludes analisados neste trabalho, pode ser feita uma
análise da linha de influência entre a pressão ativa e passiva no corpo deslizante. O
estudo dessa linha de influência pode gerar resultados mais apurados.
95

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