SÃO LUÍS
2015
JOÃO INÁCIO LIMA DE SOUZA SOBRINHO
SÃO LUÍS
2015
Souza Sobrinho, João Inácio Lima de.
Análise de estabilidade de taludes utilizando o Método Equilíbrio Limite e
Método dos Elementos Finitos/ João Inácio Lima de Souza Sobrinho. – São
Luís, 2015.
98f.
CDU: 624.136:004.9
JOÃO INÁCIO LIMA DE SOUZA SOBRINHO
Aprovada em: / /
BANCA EXAMINADORA
Agradeço à Deus que, com seu imenso amor, teve misericórdia para nos
sustentar até aqui e nos dar essa conquista.
À minha família, meu pai Murilo, minha mãe Ivonilde, minha irmã Teresa,
meu tio João, e a todos meus amados irmãos da Igreja Maranata pelas orações.
A meus amigos de graduação, pela amizade durante toda essa jornada
de curso.
“Não temas, porque Eu sou contigo; não te
assombres porque Eu sou o teu Deus; eu te
esforço, e te ajudo, e te sustento com a
destra da minha justiça. ”
Isaías 41:10
RESUMO
The media, in recent years, has shown several disasters with regard to landslides and
rupture of dams. There are several analysis methods to stabilize slopes. However,
some methods have your limitations. This work utilized the analysis through softwares
based at the methods limit equilibrium and finite elements, comparing the obtained
results. The study still proposed the analysis of the mechanisms that generated
instability, as well as, a concise review of the method of the slices. It was realized a
brief review of the finite element method aplicated at slope stability, giving highlight for
the calculation model used at the analysis. The analysis was done through three
proposed problems. In each problema, it was analysed the fator of safety and the
shape of the slip surface obtained by these different methods. Concluded that although
the element finite method provided better results, mainly with regard to soil behavior,
is necessary to use both to reach results more accurate.
1 INTRODUÇÃO 1
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 4
2.1 Histórico de Deslizamentos no Brasil 4
2.2 Tipos de Talude 6
2.3 Tipos de movimento de terra 7
2.3.1 Rastejo ou fluência 8
2.3.2 Corrida 9
2.3.3 Queda 9
2.3.4 Escorregamento 10
2.4 Causas da instabilidade 13
2.5 Análise de estabilidade 15
2.5.1 Métodos do equilíbrio-limite 15
2.5.2 Definição do fator de segurança 16
2.5.3 Método do talude infinito 19
2.5.4 Método das fatias 22
2.5.5 Método sueco de fatias 25
2.5.6 Método de Bishop Simplificado 27
2.5.7 Método de Janbu simplificado 32
2.5.8 Método de Spencer 34
2.5.9 Método de Morgenstern-Price 35
2.5.10 Método do equilíbrio limite generalizado 44
2.5.11 Uma breve abordagem do Método dos elementos finitos 51
3 METODOLOGIA 53
3.1 Modo de aplicação 53
3.2 Descrição dos softwares utilizados e programas implementados 52
3.2.1 Método de Bishop Simplificado implementado no software Excel 54
3.2.2 Software Plaxis 2D 55
3.2.3 Software Slope/W 58
4 APLICAÇÃO DA METODOLOGIA 62
4.1 Problema 1 62
4.1.1 Talude composto de solo arenoso 63
4.1.2 Talude composto de solo argiloso 70
4.2 Problema 2 75
4.2.1 Reservatório cheio 76
4.2.2 Reservatório vazio 80
4.3 Problema 3 83
4.3.1. Caso 1 (𝐶 =0,6 𝐶 ) 84
4.3.2. Caso 2 (𝐶 =0,2 𝐶 ) 87
5 ANÁLISE DE RESULTADOS 90
5.1 Avaliação da planilha baseada no Método de Bishop Simplificado 90
5.2 Comparação dos fatores de segurança obtidos 90
5.3 Avaliação do comportamento dos solos que constituem os
taludes analisados 91
6 CONCLUSÕES 93
6.1 Considerações finais 93
6.2 Sugestões para trabalhos futuros 94
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 95
1
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
___________________________________________________________________
1.1 Considerações iniciais
No início do século XX surgiram vários problemas relacionados a obras de
terra. Pesquisadores do mundo todo começaram uma pesquisa frenética com o
objetivo de propor soluções, principalmente, para recalques e deslizamentos de terra.
Daí surgiu a maioria das teorias aplicadas a engenharia de hoje.
Apesar de ser um problema antigo, o estudo da estabilidade de taludes
ainda é objeto de discussão no meio geotécnico.
Os deslizamentos de terra são um dos assuntos mais abordados pelos
canais de comunicação todos os anos. Por ser um problema que gera muitos
prejuízos, tanto físicos como financeiros, os deslizamentos de terra ameaçam grande
parte da população brasileira. Dessa forma, a engenharia geotécnica, ao longo dos
anos, vem buscando soluções para garantir a segurança da população.
Vários métodos de análise de estabilidade de taludes já foram
apresentados com o objetivo principal de propor soluções para a estabilização de
encostas, como: Método do talude infinito, Método das fatias, Método da análise limite,
Método dos elementos finitos, entre outros. Dentre estes, a análise pelos elementos
finitos é o mais recente, possibilitado, principalmente, pelo avanço da tecnologia.
O computador surgiu da necessidade de acelerar, ou tornar possível, a
solução, com o menor percentual de erro, de problemas que antes demandavam muito
tempo para serem solucionados. Assim, começou a surgir a automatização dos
cálculos através dos métodos numéricos.
Atualmente, o computador tornou-se uma ferramenta indispensável para o
engenheiro. Portanto, as implementações dos métodos de análise no computador
tornaram-se essenciais.
Contudo, é necessária uma análise dos métodos propostos, principalmente
em relação às suas implementações em programas. Será que os fatores de segurança
fornecidos pelos programas são próximos? Ou, até mesmo, será que os métodos são
válidos para todos os tipos de projeto, desde os mais comuns até os mais complexos?
Sabe-se que, em relação a solos, muitas ainda são as questões a serem respondidas.
Logo, este trabalho visa abordar a análise dos métodos utilizados para a estabilização
de taludes submetidos principalmente a ação da gravidade.
2
1.2 Objetivos
1.2.1 Geral
A pesquisa propõe uma abordagem efetiva sobre os métodos de cálculo
para estabilidade de talude, considerando o comportamento do solo na condição
homogênea e estratificada. Esse estudo tem o intento de analisar os fatores de
segurança e as superfícies de deslizamento, assim como verificar suas validações.
Além de abordar os métodos de análise de estabilidade, visa analisar o
comportamento dos taludes sob diferentes condições de nível freático.
1.2.2 Específico
Este trabalho tem o propósito de analisar os fatores de segurança e
superfícies de deslizamentos obtidos por diferentes programas. Tem como objetivo
principal, comparar os resultados obtidos entre os métodos das fatias, que utiliza o
equilíbrio limite para resolução da hiperestaticidade, e elementos finitos. Além da
comparação dos métodos, visa o estudo dos mecanismos mobilizadores de ruptura
em taludes submetidos principalmente a ação da gravidade sob diferentes condições.
3
1.3 Justificativa
O tema do trabalho foi escolhido sob a justificativa de desastres recentes
que vem ocorrendo no país. A mídia tem noticiado constantemente grandes desastres
de deslizamentos de terra e rompimento de barragens. Assim, cabe a análise da
estabilidade de taludes através dos métodos disponíveis atualmente.
Outro motivo está relacionado a constante utilização de somente um
método de análise de estabilidade de taludes. É possível que seja necessário mais de
um método de análise para se chegar a uma conclusão real do problema.
Sabe-se que, em relação a outras ciências, a mecânica dos solos ainda é
uma ciência nova. Além disso, alguns métodos de cálculo ainda possuem algumas
limitações, possuindo algumas restrições quanto aos seus empregos. Dessa forma, é
necessário um estudo tanto qualitativo, no que tange a segurança dos projetos
calculados, como comparativo, relacionando os resultados dos próprios métodos
utilizados.
A análise dos métodos de cálculo para estabilizar talude através de
programas computacionais será necessária para efeito de comparação. Todos os
programas utilizados são baseados em uma teoria já proposta. Os resultados obtidos
por métodos simplificados precisam ser comparados com os resultados obtidos por
métodos rígidos. Logo, alguns programas devem possuir restrições quanto ao seu uso
no cálculo da estabilidade de um talude.
Tais restrições podem estar relacionadas ao número de variáveis
implementadas no programa. Por ser um material que apresenta diferentes
comportamentos, o solo possui muitas variáveis significativas. Alguns programas
possuem mais simplificações que outros, devido principalmente ao método de análise
empregado. Sendo assim, os dados de saída obtidos por diferentes programas serão
diferentes para um mesmo estudo de caso.
4
CAPÍTULO 2
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
___________________________________________________________________
2.1 Histórico de deslizamentos no Brasil
Segundo Guidicini e Nieble (1983), o número de registros de movimentos
de massa passa longe do número real de ocorrência. O motivo para as ocorrências
não serem registradas é que muitos deslizamentos ocorreram e ainda ocorrem em
áreas despovoadas, gerando desinteresse à mídia. Assim, as situações registradas
não apresentam uma realidade quantitativa dos escorregamentos de terra.
Ainda de acordo com o autor, outro fator significativo é caracterizado pelo
nível do desenvolvimento técnico da época. Embora a instabilidade de encostas fosse
algo que sempre ocorresse, foi apenas com a chegada da Mecânica dos Solos ao
Brasil que os fenômenos de instabilidade passaram a ser estudados de maneira mais
aprofundada.
Apesar da dificuldade de obter números reais de escorregamentos,
segundo a FAPESP (2015), o Serviço Geológico do Brasil (CPRM), a mando do
governo federal, vem realizando desde 2013 um mapeamento de suscetibilidade,
perigo e risco em 821 municípios considerados prioritários devido a incidência de
desastres naturais.
Segundo a FAPESP (2015) e de acordo com o The International
Emergency Disasters Database (EM-DAT)- que é uma base de dados de desastres
ocorridos no mundo desde 1900-, mostra que entre 1900 e 2013 foram registrados
150 grandes desastres naturais no Brasil, afetando 71 milhões de pessoas e
causando mais de 10 mil mortes com perdas estimadas em torno de US$ 16 bilhões.
De acordo com o Atlas Brasileiro de Desastras Naturais, elaborado pelo
Centro de Estudos e Pesquisas sobre Desastres (Ceped) da Universidade Federal de
Santa Catarina (UFSC), o deslizamento de terra ocupa a segunda colocação no
ranking de óbitos causados por desastres naturais, com 15,6%. Esse tipo de desastre
está diretamente ligado com a ocorrência de chuvas, desmatamento e ocupação de
áreas de risco. Dessa forma, muitos prejuízos são gerados pela instabilidade de
encostas.
No último século várias catástrofes relacionadas a deslizamentos de terra
ocorreram. Assim, baseado em fontes confiáveis, foi elaborado um resumo disposto
5
TIPOS DE MATERIAL
TIPOS DE MOVIMENTO Solo(engenharia)
Rocha
Grosseiro Fino
Quedas De rocha De detritos De terra
Tombamentos De rocha De detritos De terra
Abatimento de Abatimento de Abatimento de
Rotacional Poucas unidades rocha De blocos detritos terra
Escorregamento De blocos de
Translacional Muitas unidades rochosos De De blocos de
rocha detritos De detritos terra De terra
Expansões laterais De rocha De detritos De terra
De rocha (rastejo De detritos De terra
Corridas/escoamentos
profundo) (Rastejo de solo)
Complexos: combinação de dois ou mais dos principais tipos de movimento
Guidicini e Nieble (1983), ainda relatam sobre a ação antrópica como causa
externa. Essa consideração está relacionada ao lançamento de lixo nas encostas. O
lixo orgânico, quando soterrado, gera camadas suscetíveis a ruptura no interior do
talude.
Ainda de acordo com Guidicini e Nieble (1983), algumas causas
intermediárias podem ser citadas, como, a diminuição da coesão aparente, o
fenômeno piping ou erosão subterrânea retrogressiva, rebaixamento rápido do lençol
freático e a elevação do nível freático em solos homogêneos.
Segundo Bromhead (2005), o movimento de umidade do solo na zona
capilar pode provocar mudanças significativas na tensão efetiva, como a sucção que
é criada ou elimanada. Assim, a sucção irá influenciar significativamente a resistência
da porção de solo perto da superfície do talude.
De acordo com Cheng e Lau (2008), há condições desfavoráveis
proporcionadas pela hidrologia e topografia local, como:
i) Falta de linhas de drenagem sobre a superfície, facilitando a infiltração;
ii) Zonas de recarga de chuva, influenciando na abertura de
descontinuidades e dilatação de fendas de tração;
iii) Zonas com grande diferença de condutividade hidráulica;
iv) Pressões artesianas ocasionadas por camadas superficiais com baixa
permeabilidade localizadas sob camadas permeáveis;
v) Tempo de atraso que o nível freático leva para atingir a horizontalidade,
gerando aumento de poropressão.
De acordo com Fiori (2015), a água que se encontra dentro dos vazios
acima da zona capilar, está sob tensão, ou seja, com pressão neutra negativa, tendo
um efeito de sucção. Logo, isso resultado num aumento significativo da resistência de
solo.
Cheng e Lau (2008) afirmam que a identificação das variáveis causadoras
de instabilidade é mais complicada na condição hidrológica. Isso se deve pela
presença de fatores como as linhas de drenagem, depressões locais,
descontinuidades abertas, fendas de tração, índice pluviométrico da região e outros.
Assim, tais fatores influenciam diretamente no aumento do nível freático, podendo
ocorrer grandes pressões artesianas com consequente instabilidade.
15
𝑀
𝐹𝑆 = (2.1)
𝑀
Onde:
𝑀 = soma dos momentos resistentes;
𝑀 = soma dos momentos mobilizadores de deslizamento (motrizes).
17
𝐹
𝐹𝑆 = (2.2)
𝐹
Onde:
𝐹 = soma das forças resistentes ao movimento (R ou T);
𝐹 = soma das forças mobilizadoras de movimento.
Neste trabalho, 𝐹 será encontrado como R ou T, apesar de serem a
mesma força de resistência ao cisalhamento.
Murthy (2002), define dois tipos de fatores de segurança. Sendo:
i) Fator de segurança relacionado a resistência ao cisalhamento;
ii) Fator de segurança relacionado a coesão.
O fator de segurança, 𝐹𝑆, em relação a resistência ao cisalhamento é
escrito como:
𝜏, á 𝑐 ′ + 𝜎 ′ tan (ɸ′ )
𝐹𝑆 = = (2.3)
𝜏 𝜏
A tensão mobilizada ao cisalhamento em cada ponto na superfície falha
deve ser:
𝑐′ tan (ɸ )
𝜏 = + 𝜎 (2.4)
𝐹𝑆 𝐹𝑆
Ou,
𝜏 = 𝑐′ + 𝜎 tan (ɸ ) (2.5)
18
Figura 4- Esquema de forças atuantes numa porção de terra sobre uma superfície
de deslizamento plana
Como o fator de segurança pode ser dado como a razão entre a resistência
ao cisalhamento (𝜏 ) e a tensão de cisalhamento (𝜎 ), têm-se para c=0:
𝜏 𝑐 + 𝜎 tan(𝜙) 𝛾 𝑧 𝑐𝑜𝑠 (𝛽) tan(𝜙) cos (𝛽) tan (𝜙)
𝐹𝑆 = = = =
𝜎 𝜎 𝛾 𝑧 𝑐𝑜𝑠(𝛽) 𝑠𝑒𝑛 (𝛽) 𝑠𝑒𝑛 (𝛽)
tan (𝜙)
= (2.12)
tan (𝛽)
Para material coesivo (c≠0), acrescenta-se a variável coesão (c), ficando a
equação da seguinte forma:
𝑐 + 𝛾 𝑧 𝑐𝑜𝑠 (𝛽) tan (𝜙) 2𝑐 tan (𝜙)
𝐹𝑆 = = + (2.13)
𝛾 𝑧 cos (𝛽) 𝑠𝑒𝑛 (𝛽) 𝛾 𝑧 𝑠𝑒𝑛 2 (𝛽) tan (𝛽)
Em termos de tensão efetiva, têm-se:
𝑐 + (𝛾 𝑧 𝑐𝑜𝑠 (𝛽) − 𝑢) tan (𝜙) 2𝑐 tan (𝜙)
𝐹𝑆 = = + (2.14)
𝛾 𝑧 cos (𝛽) 𝑠𝑒𝑛 (𝛽) 𝛾 𝑧 𝑠𝑒𝑛 2 (𝛽) tan (𝛽)
Similarmente, em termos de tensões efetivas, se a poropressão (𝑢) for
proporcional a profundidade do plano de deslizamento (𝑧), o fator de segurança pode
ser expresso assim:
𝐹𝑆 = [cot (𝛽) − 𝑟 (cot (𝛽) + tan (𝛽)] tan (ɸ′)] (2.15)
Onde 𝑟 é a o coeficiente de poropressão proposto por Bishop e
Morgenstern (1960):
𝑢
𝑟 = (2.16)
𝛾 𝑧
21
Equações
2n Equilíbrio de forças
n Equilíbrio de momentos
n Envoltória de resistência(Lei de Coulomb)
4n Total de equações
Incógnitas
1 Fator de segurança
n Força tangencial na base da fatia
n Força normal na base da fatia
n Ponto de aplicação da força normal
n-1 Força tangencial entre fatias
n-1 Força normal entre fatias
n-1 Ponto de aplicação das forças entre fatias (E e X)
6n-2 Total de incógnitas
das forças entre fatias, e distribuição das forças de interação. Assim, dentre os
métodos das fatias, as considerações estarão em função de procedimentos rigorosos
e não-rigorosos.
De acordo com Cheng e Lau (2008), os métodos de cálculo utilizados na
estabilidade de taludes podem ser simplificados ou não-rigorosos, e rigorosos. Os
métodos simplificados não consideram simultaneamente os equilíbrios de força e
momento. Os valores obtidos são levemente diferentes, pois em ambos os casos são
necessárias suposições. Porém, os valores obtidos pelos métodos rígidos são
geralmente melhores, pois leva em consideração o equilíbrio de forças e momentos.
Ainda de acordo com Cheng e Lau (2008), na verdade, um talude pode apresentar
vários fatores de segurança de acordo com os diferentes métodos de análise.
Onde:
𝑐 = coesão efetiva;
𝑃= peso da fatia;
𝑢= poropressão;
𝑃 − (1 𝐹𝑆)[𝑐 𝛥𝑙 − 𝑢 𝛥𝑙 tan (ɸ )]
𝑁= (2.22)
[𝑠𝑒𝑛(𝛼) tan (ɸ )]
cos (𝛼) + 𝐹𝑆
E a tensão normal efetiva na base da fatia é:
𝑁
𝜎 = −𝑢 (2.23)
𝛥𝑙
De acordo com a equação (2.24) do fator de segurança de equilíbrios de
momentos em termos de tensões efetivas,
Ʃ[𝑐 + 𝜎 tan (ɸ )] 𝛥𝑙
𝐹𝑆 = (2.24)
Ʃ 𝑃 𝑠𝑒𝑛 (𝛼)
e combinando as equações (2.22) e (2.23), têm-se, depois do rearranjo de termos, a
equação:
𝑐 𝛥𝑙 cos (𝛼) + [𝑃 − 𝑢 𝛥𝑙 cos (𝛼)]tan (ɸ′)]
Ʃ
cos (𝛼) + [𝑠𝑒𝑛 (𝛼) tan (ɸ )]/𝐹𝑆
𝐹𝑆 = (2.25)
Ʃ 𝑃 𝑠𝑒𝑛 (𝛼)
Esta mesma equação pode ser escrita em termo de tensões totais,
substituindo apenas os parâmetros de resistência efetiva (𝑐′ e 𝜙′) pelos parâmetros
de resistência total (𝑐 e ɸ) e fazendo a poropressão (𝑢) igual a zero. Assim:
𝑐 𝛥𝑙 cos (𝛼) + 𝑃 tan (ɸ)
Ʃ
cos (𝛼) + [𝑠𝑒𝑛 (𝛼) tan (𝜙)]/𝐹𝑆
𝐹𝑆 = (2.26)
Ʃ 𝑃 𝑠𝑒𝑛 (𝛼)
Segundo Duncan (2015), há problemas que envolvem tanto análise de
camadas em termos de tensões totais (como solo argiloso), como em tensões efetivas
(como solo arenoso ou granular). Dessa forma, as equações (2.25) e (2.26) serão
úteis, dependendo das condições de drenagem ao longo da superfície de ruptura.
Ainda, sob condições de carregamento não-drenado, a resistência ao
cisalhamento, em termos de tensões totais, deve ser caracterizada por ɸ=0. Assim, a
equação fica reduzida em:
Ʃ 𝑐 𝛥𝑙
𝐹𝑆 = (2.27)
Ʃ 𝑃 𝑠𝑒𝑛 (𝛼)
De acordo com Wright et al. (1973, apud Duncan, 2015), o fator de
segurança obtido pelo método simplificado de Bishop é bem próximo (dentro de uma
margem de erro de 5%) de um fator de segurança calculado por análise de tensões
através do método dos elementos finitos. A limitação dessa margem de erro está em
relação ao uso restrito para superfícies circulares de deslizamento.
29
𝜏 ,𝛥𝑙
𝑟 −𝑟 𝑃 𝑠𝑒𝑛 (𝛼 ) − 𝑘𝑃 𝑑 + 𝐺 ℎ =0 (2.29)
𝐹𝑆
Onde:
𝑟= raio do círculo;
𝜏 , = resistência ao cisalhamento na base de cada fatia;
𝑃 = peso da fatia;
𝑘= coeficiente sísmico;
𝑑 = distância entre o centro de gravidade da fatia e o centro do círculo;
𝐺 = força no reforço (somente onde o reforço atravessa a superfície de
deslizamento);
ℎ = braço de alavanca do reforço em torno do centro do círculo.
O reforço nem sempre deve ser considerado na horizontal, como mostrado
na figura 11. Logo, ele pode formar um determinado ângulo com a horizontal, como o
esquema da figura 16.
Figura 11- Fatia com as forças adicionais
Onde:
𝑐 + (𝑃 − 𝑢) tan (𝜙 )
∑
𝑛
𝐹𝑆 = 𝑓 (2.43)
∑ 𝑃 tan (𝛼)
tan (𝜙 )
𝑛 = 𝑐𝑜𝑠 (𝛼) 1 + tan(𝛼) (2.44)
𝐹𝑆
cisalhamento entre as fatias com a força normal da base da fatia. Essa relação é dada
pela seguinte função:
𝑋 = 𝜆 𝑓(𝑥)𝐸 (2.46)
Onde:
𝑋= força vertical entre as fatias;
𝐸= força horizontal entre as fatias;
𝜆= fator de escala (percentual);
𝑓(𝑥) = função que determina a inclinação das forças entre as fatias
(variável)
O método parte da análise de equilíbrio de um elemento infinitesimal de
massa. Assim:
Onde:
𝑦 = 𝑧(𝑥)→ corresponde a equação da superfície do terreno;
𝑦 = 𝑦(𝑥)→ corresponde à linha de ruptura (curva);
𝑦 = ℎ(𝑥)→ linha de pressão referente às pressões neutras;
𝑦 = 𝑦′(𝑥)→ linha de pressão referente às forças efetivas.
37
Onde:
𝑑𝑁′=força normal efetiva na base da fatia;
𝑑𝑇=força de cisalhamento na base da fatia;
𝑑𝑢 =resultante da poropressão na base da fatia;
𝐸′= força normal efetiva de iteração entre fatias;
𝑋= força de cisalhamento de iteração entre fatias;
𝑢 = resultante da poropressão atuante na lateral da fatia;
𝑑 𝑑𝐸 𝑑 𝑑𝑢
𝑋= (𝐸 . 𝑦 𝑡) − 𝑦 + (𝑢 . ℎ) − 𝑦 (2.48)
𝑑𝑥 𝑑𝑥 𝑑𝑥 𝑑𝑥
Para satisfazer o equilíbrio de forças, faz-se o equilíbrio nas direções das
forças N e T. Assim:
Na direção de N:
𝐹 =0
Na direção de T:
𝐹 =0
𝐸 = 𝜎 (𝑦)𝑑𝑦 (2.53)
𝑋= 𝜏 (𝑦)𝑑𝑦 (2.54)
𝑋 = 𝜆 𝑓(𝑥) 𝐸 (2.55)
Com base na definição da relação das forças entre as fatias, será
necessário o cálculo das incógnitas 𝜆 e FS. Tais valores serão obtidos com a
resolução das equações diferenciais (2.48) e (2.52).
40
Formulação do FS e λ
Para possibilitar o cálculo computacional, Zhu et al.(2005) propôs uma
formulação mais fácil de ser programada, em que as soluções fossem obtidas com
menor número de iterações.
O método é baseado praticamente na mesma análise proposta por
Morgenstern e Price (1965). A formulação é apresentada no trabalho de Silva (2011),
no qual relata que a numeração para o lado esquerdo e direito da fatia difere da
apresentada por Zhu.
Considera-se a divisão do corpo dividido em fatias, como na figura 18, e as
forças que agem numa fatia individual, como mostrado na figura 19.
Figura 18-Massa de solo deslizante
Onde, 𝑃∗ = 𝑃 (1 + 𝑘 ) (2.57)
Repetindo o mesmo procedimento acima para a direção paralela a base,
têm-se:
−𝑇 + [𝑃∗ − 𝜆 𝑓 𝐸 + 𝜆 𝑓 𝐸 + 𝑆 cos(𝜔 )]𝑠𝑒𝑛 (𝛼 )]
− [−𝑘 𝑃 + 𝐸 − 𝐸 + 𝑆 𝑠𝑒𝑛 (𝜔 )] cos (𝛼 ) = 0 (2.58)
Onde, pela relação entre o critério de resistência ao cisalhamento de Mohr-
Coulomb e o fator de segurança:
𝑁′ tan 𝜙 + 𝑐′ 𝑏 sec (𝛼 )
𝑇 = (2.59)
𝐹𝑆
Isolando os termos 𝑁 e 𝑇 das respectivas equações (2.56) e (2.58),
obtém-se:
𝑁 = [𝑃∗ − 𝜆 𝑓 𝐸 + 𝜆 𝑓 𝐸 + 𝑆 cos(𝜔 )] cos(𝛼 ) + [−𝑘 𝑃 + 𝐸 − 𝐸 + 𝑆 𝑠𝑒𝑛(𝜔 )]
−𝑢 (2.60)
e
𝑁 tan 𝜙 + 𝑐′ 𝑏 sec(𝛼 )
𝑇 =
𝐹𝑆
= [𝑃∗ − 𝜆 𝑓 𝐸 + 𝜆 𝑓 𝐸 + 𝑆 cos(𝜔 )]𝑠𝑒𝑛(𝛼 )
− [−𝑘 𝑃 + 𝐸 − 𝐸 + 𝑆 𝑠𝑒𝑛 (𝜔 )] cos (𝛼 ) (2.61)
𝑁′ tan 𝜙 + 𝑐′ 𝑏 sec(𝛼 )
𝐹𝑆
= 𝑄 + 𝐸 [cos(𝛼 ) + 𝜆 𝑓 𝑠𝑒𝑛 (𝛼 )]
− 𝐸 [cos(𝛼 ) + 𝜆 𝑓 𝑠𝑒𝑛 (𝛼 )] (2.65)
Onde:
𝑅 = somatório das componentes de forças que contribuem para a
resistência ao cisalhamento;
𝑄 = somatório das componentes de forças que causam instabilidade.
Agora, combinando as equações (2.64) com a equação (2.65), têm-se:
{𝑅 − 𝐸 [𝑠𝑒𝑛 (𝛼 ) − 𝜆 𝑓 cos(𝛼 )] + 𝐸 [𝑠𝑒𝑛 (𝛼 ) − 𝜆 𝑓 cos(𝛼 )]} tan(𝜙 )
𝐹𝑆
𝑐′ 𝑏 sec(𝛼 )
+
𝐹𝑆
= 𝑄 + 𝐸 [cos(𝛼 ) + 𝜆 𝑓 𝑠𝑒𝑛 (𝛼 )]
− 𝐸 [cos(𝛼 )
+ 𝜆 𝑓 𝑠𝑒𝑛 (𝛼 )] (2.66)
Logo, arrumando a equação (2.66), resulta:
𝐸 [(𝑠𝑒𝑛(𝛼 ) − 𝜆 𝑓 cos(𝛼 )] tan (𝜙 ) +[cos(𝛼 ) + 𝜆 𝑓 𝑠𝑒𝑛(𝛼 )]𝐹𝑆
= 𝐸 [𝑠𝑒𝑛 (𝛼 ) − 𝜆 𝑓 cos (𝛼 )] tan 𝜙 + [cos(𝛼 ) + 𝜆 𝑓 𝑠𝑒𝑛 (𝛼 )]𝐹𝑆
− 𝐹𝑆. 𝑄 + 𝑅 (2.67)
Introduzindo as variáveis a seguir:
𝛷 = [(𝑠𝑒𝑛(𝛼 ) − 𝜆 𝑓 cos(𝛼 )] tan (𝜙 ) +[cos(𝛼 ) + 𝜆 𝑓 𝑠𝑒𝑛(𝛼 )]𝐹𝑆 (2.68)
𝛷 = [(𝑠𝑒𝑛(𝛼 ) − 𝜆 𝑓 cos(𝛼 )] tan (𝜙 ) +[cos(𝛼 ) + 𝜆 𝑓 𝑠𝑒𝑛(𝛼 )]𝐹𝑆 (2.69)
[(𝑠𝑒𝑛(𝛼 ) − 𝜆 𝑓 cos(𝛼 )] tan (𝜙 ) +[cos(𝛼 ) + 𝜆 𝑓 𝑠𝑒𝑛(𝛼 )]𝐹𝑆
ᵩ = (2.70)
𝛷
Assim, a equação pode ser escrita da seguinte maneira:
𝐸 𝛷 = ᵩ 𝐸 𝛷 + 𝑅 − 𝐹𝑆. 𝑄 (2.71)
Considerando as condições de contorno, as componentes das forças
(𝐸 , 𝑋 𝑒 𝐸 , 𝑋 ) entre as fatias da extremidade são iguais a zero. Logo, segundo Silva
(2011, p.33), o fator de segurança pode ser obtido, por exemplo, simulando um talude
com 4 fatias verticais.
Assim, 𝐸 =0 (2.72)
𝐸 𝛷 = ᵩ 𝐸 𝛷 + 𝑅 − 𝐹𝑆. 𝑄 (2.73)
43
Como ᵩ 𝐸 𝛷 =0 (2.74)
Então 𝐸 𝛷 = 𝑅 − 𝐹𝑆. 𝑄 (2.75)
Porém, 𝐸 𝛷 = ᵩ 𝐸 𝛷 + 𝑅 − 𝐹𝑆. 𝑄 (2.76)
Substituindo (2.75) em (2.76), obtêm-se:
𝐸 𝛷 = ᵩ . 𝑅 − ᵩ . 𝐹𝑆. 𝑄 + 𝑅 − 𝐹𝑆. 𝑄 (2.77)
Realizando novamente o mesmo processo:
𝐸 𝛷 = ᵩ 𝐸 𝛷 + 𝑅 − 𝐹𝑆. 𝑄 (2.78)
Substituindo (2.85) em (2.86):
𝐸 𝛷 = ᵩ ᵩ . 𝑅 − ᵩ . ᵩ . 𝐹𝑆. 𝑄 + ᵩ . 𝑅 − ᵩ . 𝐹𝑆. 𝑄 + 𝑅 − 𝐹𝑆. 𝑄 (2.79)
Finalmente,
0 = 𝐸 𝛷 = ᵩ 𝐸 𝛷 + 𝑅 − 𝐹𝑆. 𝑄 (2.80)
E substituindo (2.79) em (2.80), resulta:
0 = ᵩ . ᵩ ᵩ . 𝑅 + ᵩ . ᵩ . 𝑅 + ᵩ . 𝑅 − ᵩ . ᵩ . ᵩ . 𝐹𝑆. 𝑄 − ᵩ . ᵩ . 𝐹𝑆. 𝑄 − ᵩ . 𝐹𝑆. 𝑄 + 𝑅
− 𝐹𝑆. 𝑄 (2.81)
Dessa forma, a equação do fator de segurança é formulada da seguinte
maneira:
ᵩ .ᵩ ᵩ .𝑅 + ᵩ .ᵩ .𝑅 + ᵩ .𝑅 + 𝑅
𝐹𝑆 = (2.82)
ᵩ .ᵩ .ᵩ .𝑄 + ᵩ .ᵩ .𝑄 + ᵩ .𝑄 + 𝑄
Generalizando a equação (2.90) para uma massa de 𝑛 fatias, fica escrita:
∑ 𝑅 ∏ (ᵩ ) + 𝑅
𝐹𝑆 = (2.83)
∑ 𝑄 ∏ (ᵩ ) + 𝑄
Como o fator de segurança aparece nos dois membros, a solução será
obtida a partir de iterações, atribuindo um valor inicial a FS.
Com o fator de segurança formulado, será necessário determinar a linha
de impulso do talude a partir de lambda (λ).
A determinação é feita para cada fatia, a partir da equação de equilíbrio de
momentos em relação ao ponto médio da base.
𝑏 𝑏 𝑏 𝑏 ℎ
𝐸 𝑧 − tan(𝛼 ) − 𝐸 𝑧 + tan(𝛼 ) + 𝑋 + 𝑋 − 𝑘 𝑃 + 𝑆 𝑠𝑒𝑛(𝜔 )ℎ
2 2 2 2 2
=0 (2.84)
Como, 𝑀 =𝐸 𝑧 (2.85)
E,
𝑀 =𝐸𝑧 (2.86)
44
CAPÍTULO 3
METODOLOGIA
___________________________________________________________________
3.1 Modo de aplicação
A análise dos taludes será realizada através do uso de três programas.
Os programas utilizados são: Plaxis, Slope/W e Excel. O primeiro considera a
análise através de tensões e deformações na massa de solo. O Slope/W é
formulado a partir do método do equilíbrio limite generalizado. O Excel servirá para
propor a formulação do Método de Bishop Simplificado. Logo, nota-se que, cada
programa utilizado está baseado num método diferente. Assim, a proposta para
chegar a diferentes análises será alcançada.
O método para avaliar os diferentes problemas consistirá primeiramente
no conhecimento da provável superfície de ruptura. Essa superfície será analisada
através do software Plaxis, sendo este baseado no MEF. Localizando a superfície de
deslizamento, a utilização dos softwares baseados no MEL será mais precisa. Esta
afirmação será analisada, pois consiste em apenas uma hipótese do autor. O
fluxograma a seguir, representa a sequência da análise proposta.
Figura 26- Fluxograma da análise de métodos
54
método para superfícies de ruptura plana ou mista pode levar a fatores de segurança
elevados.
A validação da planilha será dada a partir da análise de problemas. Assim,
será verificada a sua exatidão quanto ao fator de segurança obtido por ela.
3.2.2 Software Plaxis 2D
Este programa servirá principalmente como base para obtenção da
superfície de deslizamento. É um software baseado no MEF, no qual possui vasta
possibilidade de análise de projetos geotécnicos. Como o MEL não fornece as tensões
e deformações na massa de solo, o MEF vem preencher essa lacuna dentro da
geotecnia.
O Plaxis 2D começou a ser desenvolvido em 1987, na Universidade
Tecnológica de Delft, com o objetivo de analisar diques de rios nas planícies da
Holanda. Mais tarde, em 2001, foi introduzido o Plaxis 3D Tunnel, no qual considera
a análise em três dimensões. Seu desenvolvimento e manutenção são garantidos por
vários pesquisadores nas universidades e institutos de pesquisas espalhados pelo
mundo.
O software analisa o comportamento real de um solo através da
consideração de um determinado modelo de solo. Suas características são capazes
de lidar com vários problemas complexos na engenharia geotécnica. O manual afirma
que o software não é livre de erros. Mesmo que um modelo de solo seja escolhido
equivocadamente, a organização não se responsabiliza pela saída de dados. Assim,
é necessária uma certa habilidade do projetista durante a análise do problema.
Neste trabalho, os problemas propostos serão analisados somente através
do software em duas dimensões. Assim, por ser um software que possui várias
possibilidades de análise, serão abordados apenas os principais aspectos voltados a
sua utilização na análise de estabilidade de taludes. A figura 27 apresenta a interface
do programa.
56
𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑖𝑠𝑝𝑜𝑛í𝑣𝑒𝑙
𝐹𝑆 = = 𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑀𝑠𝑓 𝑛𝑎 𝑓𝑎𝑙ℎ𝑎 (3.2)
𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑛𝑎 𝑓𝑎𝑙ℎ𝑎
3.2.3 Software Slope/W
Esse programa está no mercado desde 1977. Inicialmente, foi desenvolvido
pelo Professor D. G. Freduland na Universidade de Saskatchewan. Em 1980, quando
o computador se tornou mais acessível, o programa foi reescrito para o ambiente PC.
Então, em 1983, foi lançado o PC-SLOPE (primeiro nome), cujo programa demandava
muita memória e tempo de processamento. Após a década de 80, houve a
necessidade de gerar uma interface para o programa. Essa nova implementação
proporcionou um novo nome ao programa, sendo conhecido agora como Slope/W. A
interface do programa pode ser visualizada na figura 29.
59
iii) Essa etapa é necessária para todos os métodos que consideram forças
entre fatias. Uma série de valores para λ são selecionados e os fatores de
segurança pelos equilíbrios de momento e força são resolvidos. Esses
valores são mostrados no gráfico da figura 21. Percebe-se que o ponto de
interseção corresponde ao FS que satisfaz ambos equilíbrios de momento
e força.
A versão a ser utilizada na análise dos problemas será a estudantil. Esta
versão consiste numa versão limitada da versão completa (todas as funções
disponibilizadas). Porém, para a análise proposta, as funções disponíveis na versão
estudantil já são suficientes para a implementação da análise.
No Guia de ensino do software, a lição 4, afirma que o número de fatias
analisados pode influenciar diretamente o resultado do fator de segurança.
62
CAPÍTULO 4
APLICAÇÃO DA METODOLOGIA
___________________________________________________________________
A análise de cada exemplo proposto irá percorrer o mesmo caminho
proposto pelo fluxograma contido no capítulo anterior. A planilha só não será
considerada na análise do problema 3, devido ser formulada apenas para análise de
taludes homogêneos. A primeira análise será realizada através do software Plaxis,
demostrando os dados de entrada e saída de dados. A segunda tem por objetivo a
análise do problema através da planilha, baseada no Método de Bishop. Nessa fase,
será levantada a questão da influência do número de fatias utilizados para obtenção
do fator de segurança.
O uso do Slope/W tem por meta analisar os problemas com o objetivo de
fornecer dados comparativos. Como é um programa baseado no Método do Equilíbrio
Limite Generalizado, servirá também para a análise de estabilidade dos taludes
através do Método de Morgenster-Price (MEL rígido).
4.1 Problema 1
Este problema foi baseado na lição 1 do Guia de Ensino para o software
Slope/W. Porém, os valores da coesão e ângulo de atrito foram alterados e para uma
segunda análise, considerou-se o talude composto de solo argiloso. Assim, os
parâmetros físicos do solo arenoso, são: 𝛾 = 18𝐾𝑁/𝑚³, 𝑐 = 0 𝐾𝑝𝑎 e 𝜙 = 30°. Os
parâmetros físicos do solo argiloso, são: 𝛾 = 17𝐾𝑁/𝑚³ , 𝑐 = 5 𝐾𝑃𝑎 e 𝜙 = 0° ; Os
parâmetros geométricos são conforme mostra a figura . Considera-se um talude com
a inclinação 1,5 H :1 V, com 6 metros de altura. O nível freático começará a uma altura
de 4m, nivelando-se no pé do talude. A figura 30 mostra os parâmetros considerados,
assim como o esquema geométrico do talude.
63
Método FS
MEF (Plaxis) 0,842
MEL (Planilha-B.S.) 0,74
MEL (Slope/W-B.S.) 0,851
MEL (Slope/W-M-P) 0,853
MEL (Slope/W-Janbu) 0,803
Método FS
Plaxis (MEF) 0,268
Planilha (MEL-Bishop Simplificado) 0,065
Slope/W(MEL-Bishop Simplificado) 0,299
Slope/W(MEL-Janbu) 0,297
Slope/W(MEL-M-P) 0,299
4.2 Problema 2
Tal problema foi retirado de um documento da Roscience Inc., no qual é
baseado no exemplo 6 de Griffiths e Lane (1999). O exemplo representa uma
barragem de terra real que inclui uma superfície livre que possui uma inclinação do
nível do reservatório até o lado da fundação do lado da jusante. Dois casos foram
estudados, sendo um para o reservatório cheio e outro para ele vazio. Foram utilizados
módulo de elasticidade igual a 18000 kN/m² e coeficiente de Poisson de 0,25.
A análise foi feita através de 999 iterações, com 996 completas. A falha do
material foi atingida assim que o fator de segurança estabilizou. Assim, o número de
iterações poderia ser menor.
O valor de 1,862 leva a afirmar novamente que a barragem se encontra
estável, mesmo com a presença do nível de água.
Análise do problema 2 através da planilha baseada no Método de
Bishop simplificado
Os parâmetros utilizados foram os mesmos especificados pelo problema.
O corpo do talude foi dividido em 30 fatias. Assim, a figura 51 mostra a divisão do
corpo no software AutoCad.
Métodos FS
Plaxis (MEF) 2,427
Planilha (Bishop-MEF) 2,445
SLOPE/W (Bishop-MEL) 2,495
SLOPE/W (Janbu-MEL) 2,38
SLOPE/W(Morgenstern-Price-MEL) 2,494
4.3 Problema 3
Esse exemplo foi baseado no exemplo do artigo de Griffiths (1999, apud
Rocscience Inc., 2004), no qual propõe a análise de um talude composto por um solo
argiloso não-drenado com uma fina camada no seu interior. Essa camada fina irá
influenciar a estabilidade do talude. Na análise dos dois casos, a geometria e os
parâmetros físicos (exceto a coesão) serão mantidos. A planilha baseada no método
de Bishop Simplificado não será usada na análise desse problema, pois trata-se de
um talude composto de duas camadas de solo com características distintas. Assim, o
problema é dado da seguinte maneira:
84
𝐶 ɸ γ 𝐶2 𝐶2
(𝐾𝑁/𝑚²) (graus) (KN/m³) (𝐾𝑁/𝑚²) (𝐾𝑁/𝑚²)
(𝐶2= 0,6𝐶1 ) (𝐶2= 0,2𝐶1 )
50 0 20 30 10
CAPÍTULO 5
ANÁLISE DE RESULTADOS
___________________________________________________________________
5.1 Avaliação da planilha baseada no Método de Bishop Simplificado
O resultado obtido no primeiro exemplo, para solo arenoso, forneceu uma
margem boa para o fator de segurança. Contudo, para o solo argiloso, esse fator
diferiu significativamente do analisado pelos outros softwares. Apesar dessa
disparidade, o valor ainda indiciou um talude instável. Assim, pode-se concluir que a
utilização da planilha foi eficaz na obtenção de uma margem para o FS.
Do segundo problema analisado, para o reservatório cheio, o fator de
segurança obtido pela planilha foi de 1,807, enquanto que o Slope/W forneceu um FS
de 1,928, maior 6,27% que o analisado pela planilha. No mesmo problema, para o
reservatório vazio, essa mesma diferença caiu para 2,00%. Assim, pode-se concluir
que o valor obtido pela planilha teve uma diferença máxima de 6,27% do valor
fornecido pelo software.
Assim, pode-se concluir que a utilização da planilha foi eficaz na obtenção
de uma margem para o FS, sendo que a estimativa do fator de segurança foi mais
eficaz em análises de taludes de grande proporção.
5.2 Comparação dos fatores de segurança obtidos
No primeiro exemplo, para o talude em solo arenoso, foi verificado que o
fator de segurança obtido pelo Método de Bishop Simplificado foi 1,06% maior que o
FS obtido pelo método dos elementos finitos. Ainda no mesmo problema, para o talude
em solo argiloso, o FS dado pelo Método de Bishop foi 11,5% superior ao estabelecido
pelo MEF. Assim, o primeiro resultado está de acordo com a diferença estabelecida
por Wright et al. (1973, apud Duncan, 2015), no qual afirma que a margem do FS
fornecido pelo Método de Bishop Simplificado em relação ao obtido pelo MEF, não
passa de 5%. Contudo, para a análise realizada considerando o talude em solo
argiloso, verifica-se que essa margem foi ultrapassada. Isso pode ser justificado
devido à parâmetros que a versão estudantil do software Slope/W não fornece, como
a condição de solo não-drenado, coeficiente de empuxo lateral de terra, coeficiente
de Poisson, módulo de Young e outros, de menor relevância. Vale lembrar que a argila
possui um comportamento muito mais complexo que um solo arenoso.
No segundo exemplo, para o reservatório cheio, o FS obtido pelo Método
de Bishop Simplificado foi 3,54% maior que o FS fornecido pelo MEF. Para o
91
CAPÍTULO 6
CONCLUSÕES
mais que o software forneça resultados precisos, esse fator ainda é decisivo nos
resultados finais. Outro fator decisivo para realizar uma análise mais precisa, é a
utilização de parâmetros reais, obtidos em análise laboratorial de solo.
6.2 Sugestões para trabalhos futuros
Pode ser verificado uma análise em taludes compostos de várias camadas
de solo, variando os parâmetros de resistência das camadas. Essa implementação
pode ser realizada através do uso de algoritmos desenvolvidos em cima do MEL e
usando o MEF como parâmetro comparativo.
De acordo com os taludes analisados neste trabalho, pode ser feita uma
análise da linha de influência entre a pressão ativa e passiva no corpo deslizante. O
estudo dessa linha de influência pode gerar resultados mais apurados.
95
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projeto e desempenho. São Paulo: Oficina de Textos, 2010.
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de Janeiro, RJ: Livros Técnicos e Científicos Editora S. A.,1996.
CAPUTO, H. Pinto. Mecânica dos solos e suas aplicações- Mecânica das rochas-
Fundações- Obras de terra (Volume 2) - 6. ed. Rio de Janeiro, RJ: Livros Técnicos e
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FIORI, Alberto Pio- Fundamentos de mecânica dos solos e das rochas. 3. ed. São Paulo:
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96
GERSCOVICH, Denise Maria Soares. Estabilidade de taludes. São Paulo: Oficina de Textos,
2012.
KNAPETT, J. A.; CRAIG, R. F. Craig’s soil mechanics. New York, USA: 2012.
KRAHN J. The 2001 R. M. Hardy Lecture : The Limits of limit equilibrium analyses.
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ROSCIENCE, Inc. Aplication of the Finite Element Method to Slope Stability. Toronto,
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97
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análise de estabilidade de taludes. 2011. 173f. Tese (Mestrado em Geotecnia) – Universidade
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Price method. Canada, J.42: 272-278, 2005.
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