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TL As concuses mais importantes desta disertago Soa se- guintes: A t6pica 6 uma técnica de pensar por problemas desenvolvida a D. partir da retsrick, Ela apresenta uma estrutura espiritual que inclusie A t6pica esté evidenciada no ius civlle, no mos italicus, assim como na civilstica contempordinea e presumivelmente também alhu- res (em outras matérias]. As tentativas modemas de climiné-la da Ju- risprudéncia sio reminisc@ncias exitosas 66 em minima parte. A prossecugio destas tentativas exigird uma rigorosa sistemali- zagGo dedutive da nossa matétia, realizada com meios precisos. Seu objetivo seré, portanto, o de que « Jurisprudéncia se desenvalva por meio de-sistematiz da Ci€ncia do Direito. Ademais, é de se pressupor que se admita a idéia de que, os problemas de nossa dis- ciplina, deste modo, poder-se-do resolver satisfatoriamente. Se essa idéia nfo for admitida, a Jurisprudéncia teré de ser enten- ida como um lematizagto, que, como da Ciéncia do Direito’. O esforgo serd, desde entfo, dire- cionado a fazer-se com que seja tomada consciéncia disso, em todas as suas particularidades-c-atomar-se este procedimento_o mais clam, Possfvel.e conforme A sua natureza. Para isso seré indispensdvel, a0 menos, analisar-se.a t6pica.¢ se tentativa-de-se.desenvolver ‘wma suficiente Teoria da Prética’, Compare-se, sobre isto Onmar Baliweg. Rechtawiasenschaft und Juispeudens, Basel 1970 em especial p. 7: Gepenstnd der Rechowissenschaft ist de arp * Compares, sobre isto, as indicagses de lieratura sob 0 $940 fim dest vo. 16 §1 ALUSAO DE VICO 1. Gian Battista Vico elaborou em 1708, quando professor elo- ‘quentiae em Népoles, uma dissertaglo: De nostri temporis studiorum ratione, Este tituld, que traduzido significa «O modo de estudar de nosso tempos’, faz syporqu ‘de uma espécie de guia para os estudos, do tipo da Fe seis Companhia de Jesus ¢, ade- mais, faz pensar as numerOsas discusses sobre os métodos que fo- ram escritas a pattir do Renascimento «, em especial, durante o sé- sgulo XVIF, Paréce claro que Vico quis recordar tanto um quanto 0 ‘outro (perfado). Mas, além disso, por detras da modéstia do titulo ele yva_uma intengo de muito maior amplitude. Ela é manifestada “fo principio do livro e explicitamente desvelada ao seu final (diss. XV), Ble teve, diz Vico, que se reservar de eleger 0 tulo brilhante i trabalho, qual seja, De recentiori et antiqua Sidra top sonia, ane Dla ‘Versshnung der mo- ‘dernen und antiken Studienart” («A Conciliagdo do antigo e do mo- derno modo de estudar»), uigo em latin eem leno: Gian Bata Vico, om Wesca und Wee de ges gen Bling. Godeber, 197 Por exempl, oo sézulo XVI Francs Bacon, De digntate augments sitio. ran (pblicado en 1605 ¢ complementado em625) (dado por Vico, Diss. 1) Descartes, Discours dele mathe, 1637 (80 cdo, mas, combecido por Vico -“Amauld e Nicole ,L’art de penser (Logik de Port Royel) (1662) (citada por Vico, Dis. II, 2 testo; também, Leib, Nova methods discendaedocendaeg i | ripradetia (1657 (oo ctx po Veo . ae Conciliagio pressupde um conhecimento das contraposigdes. las esto indicadas, em particular, nos capitulos Il e fll da obra, ceujos resultados encontram aplicacto nas exposigOes que se seguem. Nestas, Vico se ocupa da Fisica (IV), da Andlise (Aritmnética) (V), da Medicina (VD, da Moral (VID, da Arte Poética (VIID, da Teotogi (0, da Prudéncia (= compreendida como ju‘zo {ou discernimento] (© e, também, de modo profundo, da Jurisprudéncia (XI), sobre a qual ele possui um especial interesse: ocupa-se, além disso, com ‘exemplos relativos &s artes (XID), aos tipos literdrios (XITD) & uni- versidade (XIV). Percebe-se, claramente, que Vico, homem genial e de espfrito fino, ¢ realmente sofredor pelas muitas idéias, custa a distribuir o material. Entrelacam-se varios critérios de classificé-lo: de um lado, a contraposicio entre o modo antigo de estudar e aquele moderno, que Vico trata sob 0 pomto de vista dos commoda e dos incommoda [vantagens ¢ desvantagens] e, de outro lado, a classific 80 da matéria em scientiarum instrumenta 0s instrumentos das ciéncias, e quais so, em particular, os procedimentos cientificos), studiorum adiumenta {os meios de estudo, i.e,, manuais, tratados didéticos, meios e estabelecimentos de ensino] e studiorum finis { ou fins dos estudos], Disso decorre que, sob 0 manto desses esforcos, jé se toma claramente visivel que em muitos lugares surge La Scienza ‘Nuova, cuja primeira edigao apatece 17 anos depois (em 1725). TL No nos & possivel, aqui, seguir os multiplos aspectos dessa interessante dissertatio, sento extrair dela as suas idéias principais. Ela ge reporta a scientiarum instrumenta, portanto, 20s métodos cienti- ficos, dos quais Vico caracteriza ao antigo [métado], como retérico (6pica) ¢, a0 moderio, como eriice, Aquéle, € patrimbnio && Aati- ‘Uldade, transmifeide, SObTeNIdD, por Cicero, este, como em geral se diz, 6 considerado cartesiano, isto é, 0 modo de pensar que Descartes apresentou de maneira eminente. Ele [Descartes] jd havia falecido em Estocolmo, cingiienta e oito anos (em 1650) antes que viera a ser ¢s- rita esta dissertaio napolitana, na qual no esté expressamente cita- do. Nuina passagem, na qual vém contrapostos os representantes do. método antigo e desse novo mézodo (diss. Il, 2* seg), aparece, de um lado, Cicero e, de outro lado, Arnauld, co-autor de Art de Penser, ~ cottrar uma quantidade de pontos de vista, Det signi de pensar tic po now. ge ses. eile HO Pk : -nenhurn resulta 203). «de Port-Royal (1662), cartesiaiio,no sentido dos jansenistas, entre os .ciava Pascal’. ran nate modo (rice) do segue mod: 0 poo de eau ‘verub, .que-nio-pade ser anulado finvalidada}-pela eh Pe roa mela tla erica aa ‘possibilite a intelige a hurnana despertar a fantasia e a retengdo mnem6ni- axe cesin «conierar ua smagto a parc de sins tnguos 8 e- = diz Vico - IIL Como o grande pensador napolitano legtimou em sucessivas , onto de vista da teoria do conhecimento, [aqui] po- 2 J. Benedetto Croce analisou isto de forma bri © so, unicamente, com estrutura distinta de ambos + Tsay, sepioes da Exc Teg, Frsertmo, down elo seria. ‘Poca, Racine, Bollea, Madame de Sévigné, com ligagSes mesmo com Bossiet © Fes alo, Dent os segues esa Aral (612-1654), (Nota da Term 3» Benedeto Croce, Die Philosophie Glambatista Vicos, Tradigio de bache Theodor Like, 1927; comparar também, Giovar Ambrosette te der Tradition Vieos in Tallen: Das Werk von Giuseppe Cape ‘XLVI (1962), P. 135 688 (6s modos do pensar, aqui, indicados, e, abandonar-se-8 0 Vico histbrico, para se permitr instalar aquele que éra seu tema. Com isso, coloca-se acento sobre a tApica, que hoje € quase de todo desconhecida, e do mes- ‘mo modo a relapdo entre essa e a Jurisprudéncia. Esta interessava a Vico, como jf foi observado, extraordina- tiamente, Na sua disseriatio ele a menciona divetsas vezes em cone- xio com a espiritualidade antiga, da qual ele a entende como criacfo (aiss.M1, pardgrafos 1, 2 3). Entretanto, na segao relativa as adiu- ‘menta cle reserva & ela uma posico um tanto desfavoravel. O proble- sma da estrutura nio esta bem colocado em sua exposigo, embora em ‘outras, tenha apresentado sobretudo grande significado histérico- filos6fico e sociol6gico, Tentaremos, pois, propotcionar a esse pro- blema uma validez ultes Estodar-serS, pot consectiss se Jurisprudéncia que se deseb- volve-a-partit da a, em sua estrutura, est conforme Spica. Se assim devesse resulta, perguntaremas, entZo, agora, que repercussfo tem tido a modificagdo da estrutura do pensar que Vico destacou sobre a Jurisprudéncia. ‘Coin isso, limita-se nossa observago 8 andlise dos fundamentos. Nilo se pretende, portanto, compreender o desenvolvimento histérico fem todos os seus aspectos. Um quadro aproximadamente completo das cigcunsincias que aqui intcressam s6 se poderd ter assim que se integrar adequadamente [a investigagio] a consideragio dos fanda- -mentos ¢ a consideracdo do desenvolvimento hist6rico. 20 §2 TOPICA ARISTOTELICA E TOPICA CICERONIANA 1. 1. Para se compicender de modo mais em que consiste a tbpic, ates de tudo, deve-se recorer ArisiieleS)quem Ihe ati ~Phuiu ess aoe (0 seu o6lebre escrito Gépica)é uma das sels obras aristotlicas «que, sucessivamente, fram FEURidas no Organon. Ela se encontra a0 lado dos demas escrit cr tos da ci ica ¢, - riass, d 5 sArgumentos Sofisticose. Encontta-se nesta Witima, que se pode, tam- ‘bém, considerar como uma contiuaeio da Tépica’; esta assume, to- davia, uma posigfo particular: ela se relaciona a um estado anterior do ‘qual s6 posteriormente se destacaré a citncia da légics’. [Nessa {obra], de fato, Avisidteles sé ocupa de novo com um cam- po que € proprio da filosofia grega clissica ~ portanto, da obra de Sécrates, Platao, ¢ sua prépria obra ~ 6 qual jé estava quase superado, Comparese para ino o& $$ 23 Jtrgen Bldidom, Kische Bemerlangen ot “Theodor Viebwegs Sebi: Topk und Jurisprodena in Tisha voor Reehgss chedens, XXXVI 1970, p. 269-34. B, pretends cimina a perspetva bi Cevflosificn da Tépin arc ela qstoreervaa nea desta discs, 2 Carl Prantl, Geschichte der Lage im Abend v1 1885) p92 0 2 a On vi, p. 341; Kurt Shing, Ursprung und Bedeutng dee eitact fe Pal Forschung, v. 195, p. 197 6. em patel 192 da antiga arte de disputar, que constituia o campo proprio dos retéri- 06 e dos sofistas. Sécrates e Platdo a combateram por toda a vida de Seger c cnceas rans page pees ee ‘contraposigho — como é de se notar que nos seus didlogos ele faz ‘Séerates disputar por si - a essa escandalosa prética de discussio, {que em toda parte se exercia, intentou converté-la numa parte que fosse firme filosoficamente’. Aristoteles o segue neste intento. Ele, dentro de seu modo peculiar de falar ¢ de trabalhar, intenta extrair e Bee ea ah rea ea UNAS A IRE ORAS face do vasto terreno do que & 56 dialéticd) O primeiro cle assinala como 0 campo da verdade para a pretensfo dos fildsofos. O segundo, 6 considerado para ele (algo separado da terminologia platOnica) ‘como propriamente se expressa em dialogueszai, no disputar, ¢ que & por ele assinalado como 0 terreno do meramente opinavel, dos reté~ ricos ¢ dos sofistas. “A edépicao, juntamente com 0s «Argumentos Sofisticos» ~ par- ‘Quinta © Sexta do Organon ~ pertence ao terreno do {que 4) dia- tico, nfo do. tico. Conseqllentemente, nas referidas {partes do Organon, Arisidteles volta atrés nesta e naquele, isto é, em ‘conformidade com sua doutrina, daquilo que é verdade Aquilo que é rieramente opinifo. Deste modo, aparece de modo assaz solar seu ito de aplicar a antiga arte de disputar & ciéncia da l6gica por si * panorama eoneogico: Peles (alecido em 424 8); crates, 49-389; Ise te etic dita de uma ecola de ori Atenas prove csciplo t= pordro. de Sécraes), (436-338); Xenofonte: (iscipulo ¢ bidgrafo de Socrues), 430-354); Patio (iselpilo bidgato de Sccrates, 427-347); Aristteles(Aisctpulo Ge Pleo, 384522), Dedtees (corsa teams datas crnolgieas que ATS. tees, 384322, fo isu emporio de Pato). Sobee a reapes ete retriea aistotlica pela qual wansmle ser caper, distane de tod litaglo compolsiva, de investgarconceptuainente também dominios easpraptes que se encontem sob 06 variatbeles, Rethorica et Poethica, ex re, Beri, 1843; p. ‘ode B Roles (Philos, Bib. V. 2, pI) : dos, aceitiveis universalmente, que podem ser empregados # favor € ‘contra ao opindvel e podem conduzir & verdade. Na Top. II ¢ Ill se ‘encontram 0s topoi para cs problemas que se referem ao acidente, na Top. IV aqueles relacionados aos problemas do tipo (espécie], na Top. V aqueles pertinentes aos problemas do propriume na Top. VI fe VII aqueles para os problemas relativos & definigio. Aristdteles termina a sua exposigéo com estas palavras: «So os topol, de fato, que ‘um modo suficientemente completo, & extrair c@nclusdes dialéticas com_selaclio_a_qualquer_problema> _ (op. Vil, 5, 14). OBRi-se, eno, apés uma exaurida fundamentago _ filos6fica, um catdlogo dé topd), que se-orienta.a cfroulos de proble- mi ‘uma série de pontos de vista, que, em si mesmos, ‘comportam definigto conceptual. No entanto, nfo se faz nevessério qe'sejain tratados, aqui, com maior acuidade, pois para o seu des- envolvimento ulterior tem maior importincia a formulag#o mais simples de Crcero. ( Livro VIII da Tépica é dedicado & téenica espectfica da dis- puta. Ele inicia tom a arte de perguntar.: «Quando se pretende for- ular uma pergunta, em primeiro lugar, deve-se descobrir 0 topos do qual deve decarser a conclusio dialética, em segundo lugar, [deve- s a$_perguntas especificas ¢ colocé: rmima determinada ordem ¢, 6m ferceiro e timo lugar, apresent4-les adequadamente ao adversério {iterlocutor)» (Top. VIILI,2). De fato, a tarefa earacteristica do dialético 6, propriamente, aquela de ordenar de colocar as perguntas (Top. ViTl, 1,31) Existem dados e referén- cias indicativas dé que 0 grande filésofo era versado na atividade retérica e evidenciam que esta tiltima contém um niotével ndmero de ‘elementos tradicionals (iransmitidos com o tempo) (cf, v.g. obser- ‘vagées em Top. Vill, 5,1 in fine). Bouco entes da conclusto final da cobra diz; «porém, nio se pode discutir com qualquer pessoa, nem ‘entabular-se, pela dialética, com o primeiro que chegue; pois, depen dendo de quem seja o adversério [interlocutor], da discusséo poderd também ndo surgi algo razoavels (Top. VII, 14, Il, 1). TL I. A Topica de Cicero, em relagdo a de Aristteles, teve maior influéncia do ponto de vista histérico. Ela foi escrita em 44 4.C., portanto, um ano antes de 0 autor ter sido assassinado e, apro- 26 ximadamente, 300 anos ap6s 0 escrito aristotélico»Na cléssica obra.o ‘élebre autor Se pe a tratar de um tema que jé tinha em seu coragio ddesde.quando estava com dezenove anos. Com aquela idade, Togo ‘depois de seus estudos realizados om Romna e Rodas, ele transcreveu nos dois livros De inventions, uma parte do que ele havia aprendido, de um modo, na verdade, incompleto ¢ escolastica 1, de uma forma tal que esta obra foi muito apreciada Go Medievo (cf. infra § 5). O nfvel da {pica ciceroniana ¢, indubitavelmente, inferior 3 ‘pica aristotélicn. Isso ¢ algo que seinpre foi observado, tanto que se cingiu a proncunciar-se contra a uma comparagio das duas obras, nfo obstante Cicero citasse explicitamente a t6pica aristotélica (cf. ‘Top. 1e a missiva de 28 de julho de 44 4.C. a Caio. Trebatius, Epist. VI, 9) Ter-se dito que Cicero alude & outra pies que ¢ ignora- 2 abalho tranqii- lamente, pois escreveu est durante uma_ elo mar, apés ver deixado Roma. para evitar um encontmn.com Antonio, parigheip de César &, que no tinha em méos a ‘obra de Arist6teles, citando-a tinha_em -sua_ ', Seja como for, o livro remanesce importante tanto pela influéncia que exerceu como por ser documen- to da espiritualidade do mundo Antigo. Ele € particularmente de _coteresse nos jurtas, pelo fato de que se dirge a jurita C.Trebe “dus Testa, € yuio de conhecimentos juridl- ‘cos deste iltima {dejusista]. Da referida missiva dirigida a Trebatius ¢, também, da frase ee ee se denota, cla- ramente, 0 que originara 0 4 de . No se refere & ins- tancia filoséfica de Aristételes. Segundo consta, ojurista Trebatius, 0, ioe pests. " no! puma visita eue-dvila-de-Tiscula, encontrou entre os livros de Ciceca_a sdpiea de Arstteles, que nfo conhecia- Quando perp ta informagies a0 seu anftrifo, vers & saber que se tratava de um meio para ter & disposigiio elementos de argumentaggo para as di ¥ algo unllanda: MT Cicero, to fits a ctagbes. Texzo original, Mf. T, Cicerois, (Teubne), 1851, p. 339 ss. "Gh a edigho de’Meteler, Inroducdo do tradutor, em partcslar, 3. Q 4.0, p. 3267. cussdes imagindveis, permanecendo vivamente interessado. Mais, tarde, ensaiou uma leitura por conta, mas no the proporcionou ‘muitos resultados. Entretanto, persistiu no tema e pediu a Cicero que ‘0 [0 tema] tornasse compreensivel. B, assim, Cicero escreveu a ele, jurista, a t6pica, mais tarde, igualmente, célebre: Com esse livro, ele agcadecia pelas opinives jur{dicas que por obséquio de seu amigo Ihe tinham sido proporcionadas. Ele sabia que era o que 0 destinatério esperava, ¢ direcionou a ele, sobretudo, porque seu pr6prio interesse cera da mesma natureza. Ele no elaborou desde logo um livro filos6- fico, mas uma espécie de catélogo de opiniées. I. 2. Nao nde gue a disting#o, tdo importante em Avisté- ites, ene 0 oial€dbo, em Cero ganhe menos relevo. Entretanto, em Cicero se encoAtfa uma outra Gstingo, que Sarge-da influncia estéica, ¢ que teve de fazer escola’. Diz Cicero: «Toda teoria fu do discurso é cor tes: a primeira, trata’ da ¢, a segunda, da Jormulacdo do julto (do jutzo se- undo seu Valor)» (Top. 2, 1). Aristteles havia cultivado as duas pat- _ tes. [1] 08 estdicos se ocupavam apenas da segunda, em verdade, com particular precisto e sob a designagto de «dialéticay — (i.e, aqui, Lé- sical) (Top. 2.3. ss.). A primeira parte (€ dizer, a prépria pica) foi | descurada. Cicer a em torno da i ‘a primel- nficacZ6 um tanto simples a uma questio mais am- sim como € fécil encontrar os objetos que esto escondidos, desde qu se determine e se prove o lugar em que se situam, do mes- i ae sobre uma matéria qualquer, temos _ = €argumentum autem orationem, ‘op. 2.7): Depoi faz con- de uma ordena¢do tebrica dos topoi, de_utilizagtio:pratica, uni eatalogo-o8 * Prantop. cit.1,p. 512658. 28 gentbrio completo de fOpoi. Da Top. 2,8 a Top. 4, esse catélogo & resumidafiente descrto ema todos 0s seus-elementos-o-novementerse sso se apresenta, ass ‘Alguns t6picos (1) sfo estritamente relacionados ao assunto de {que se trata, muito embora ous srooed ea. Os primeiros so 05 topoi propriamente ; os segundos so aqueles que no.eqsinay pregos sio on{ xatecnous>. A segunda espécie tipo] é ademais, rapidamente abordadé Wo. obstante, sob 0 panto de ‘vista-prétioe tenba-assaz-relewdncia,-j4 que compreende a autoridade (cf. Top. 4), Os topoi da primeira espécie se referem ao todo (A) ou 86 determinados &§pectos relacionadsp (B). Quando (A) Jevam em con sderagi cifica ou come todo (definigto), ou como is ivisio), ou a vista de sua designacio (eti- ‘Sfnologia). Quando (B) levam em consideragio determinados aspectos, reste cao Se trata ou, simplesmente, de nexos lingUfsticos (afinidade de palavras) ou dos seguintes aspectos: a) género; b) espécie; c) se- melhanga; d) diferenga; ¢) contraposigdo; f) circunstancias; g) causa; 1h) efeito; i) comparagdo. Top. 4 conclui igualmente @ observacto: «Com, isso, é suficiente 0 que até aqui se tem exposto? Eu crelo que sim, sobretudo para uma pessoa como tu, que sei de engenho 100 agi: ado ¢ de tempo tao limitado». Todavia, existe i mais. € Top. 5-26, ou seja, a maior parte da 2 mente uma eiucidagio do panorama ex- “posto ao inicio. Em Top. 5-20 € analisado cada um dos tépicos, em particular, assi- nalando a sua possibilidade de utilizagao. Em Top. 21, 1, afirma que nfo ‘existe nenhuma discussio a qual nio se possa aplicar algum fopoi, mas, naturalmente, nfo siq_indos-adequadas a qualquer debate. Mister, pois, elaborar-se, af i Wem Top. 21-23 Se cede, 0 que, aqui, se pode descurar. Porém, considera-se de modo éSBe= : certo mode sia romanol e que na Top. 25 s¢ estende & deliberagio, ao elogioe, por iiti- ‘mo, também, & interpretaglo juridica (seguido da Top. 26) Reconhece-se facilmente ¢, tem sido obscrvado ao longo do tem- 1po, que muito do que Cicero expde & impreciso. As suas exposigdes légicas, vig. de Top. 12, Ife Top. 13 e 14 so, particularmente, insa- tisfatdrias. Prantl chega a ponto de se desesperar, o que ocasiona que suas opinibes sobre Cfcero parecam injarias'*, Entretanto, & pos- sivel se aprender algo de Cicero. Ele coloca em evidéncia algo que na ‘propria construgfo da Jurisprudéncia assume um papel que no é irre- evante. Mais adiante se voltard sobre esse ponto. TIL, Como se vé, Aristételes esboca na sua t6pica uma teoria da ialética (entendida, aqui, no sentido de arte retérica, cf. supra I, 1), na ‘qual ele proporciona um catélogo de t6picos estruturado de modo flexfvel ¢ apto a fornecer relevantes servigos & pritica. E jsso que inte- so-insés_a api catélogo de topoi. Nao obstante 0 a interesse do primeiro estar voltado, essencialmente, os fundamentos, WI o segurido se preocupa com os resultados. ) urn antigo patriménio cultural da cultura mediterréinea, que emerge ‘antes de Aristoteles, junto com ele ¢: depois dele, em todos os ensina- ‘ments ret6ricos € se denomina como euresis, inventio ou ars inventiva, ins filoséfica que Arist6teles atribuiu a0 tema ‘a concepyiio de Cicero que remanesceu em definitive, A t6pics, 8 medida em que slo se manteve numa I6gica elo- pens eos imbuida dos resultados do. trabalho aristotélico, na * Mas precstmente: Cicero, De invention 1S Prana.a.0. eit vp. 312 CE Prantl 0, v.1,p.702e ss; v.M(1861,p. 2Dess.E v. IV (1870, p. 168,170, 30 Nesta ultima, tla conservou a sua posigio de exceléncia”, nao obstante a ret6rica tena tido seu lugar permanente nos quadros da formagao antiga. De fato, a egkuklios paideia, uma expresso que deve ter tido sua origem no Século Il a. C. e significa «cultura geral» ‘ou «formagdo cultiiraly, ambas!* compreende em si (e i valor de uma sintese BG jue em Roma, uiketiormente, veio a ser denominado de artes liberals. Aos fins ‘gundo a seqiiéncia que segue: Gramética YP a que, cena ; ; Misica (VD; Aswonomia inte O€ anos 410 e 439-d-C., Martianus Ca- pella escreveu um livro sob 0 peculiar titulo «De nuptiis Philologiae et ‘Mercurii», uma exposigio das septem artes liberales vigentes na Idade ‘Média, um livro que jé -vindicava «fazer surgi de novo ‘em honra»” o juristae 2: A tOpica, pois, e «-contesido espi- sit tia ‘sedimentou-se ao longo da historia junto-destas famosas septem artes lbenales. Hla pertence, juntaments ‘com as artes, Aquela parte essencial: das primciras tes relevantes entre da Antigitidade que-a-Idade Média velo a receber ¢ cultivo escolasti- “Goren Nenu ata forma de eda esol, obo pont de vvista da durago temporal, pode ser colocada & altura ‘ "TM, Fabius Quinsitianus (espanhol), De institutione oratoria. (Inventio-topica, 80 trina da enumeo,bN.V7 gules 0 man rer panto: lets caf dopo do cvs em doco Sule, por dit). "" ER, Curilus, Europaische Literatur und lateinisches Mittlalter, awl De atte Bop Dip’ 194.9 en © ehecurts 0 §3os ANALISE DA TOPICA 5 ne ety mais importante na andlise da t6pica constitui a oe ERR LID do ems ood ‘iientada para o problema) Arisiételes tem ressaltado essa questo diversas vezes. Isto esté dito nas primeiras palavras de sua Tépica (cfsupra, capitulo § 2, 1,2). 1-6-em-consondncia com elas que também i ica so classifi cf, supra, § 2, 1, 3). De fato, eas conclusdes gitam em toro dos problemas» (Aritételes, Top. 1, 4,2.2), Ele tem introduzido, ainda, no seu proprio trab tra.o pi6prio tratamento de uma exaurida discussdo, este estilo de pen- io cos € As investigagoes| de aporias no Livro Til da Metafsica constituem um exemplo. Desta " maneira surge, portanto, 0 seu célebre modo de trabalho aporético, que tem sido exemplar para afilosofia moderna O termo aporia se- Ye, propriamente, para designar a questio que se coloca e a qual nfo. ‘e esclarece, a «falta de um caminho>, a situagto problemética que. io pode ser apresentada em parte ¢ que Boezio traduriv, ainda que ‘fo precisamente, com a palavra dubitatio’. A t6pica pretende propor: tionarorientagdes e recomendages sobre/© modo como se deve & ‘Nicolai Hartmann, Dessis von Idalismus und Realist: ~ Sudien v. XXIX (1924), p. 160¢ ss. Blhdorn se refere na obra cited 1 sloBetmceppio do conesiode problema de. Hamaa. Fria Pringsheim, Beryeand Bologa , in Festschrift f Oto Lene, portar numa determinada situagZo caso nfo se queira restar sem espe- fe Essa constitui-se, portanto, a tZenica do pensar problematica- te. ‘Apenas 0 problema concreto ocasiona de modo evidente tal jogo de ponderagio, que ver se denominando t6pica ou arte de criagdo. Isso quer dizer, pois, segundo as palavras de Zielinski’ «a arte de evo- car, em cada situagio da vida, as razdes que aconselhamn ou desacon- selham dar um determinado passo, bem compreendidas ambos os sentidos dessas razdes, portanto, tanto as razdes favordvels quanto as contrérias». Concemente a isso, o autor ora citado assevera de um modo muito apropriado: «6 um meio particularmente eficaz contra 0 simplismo...que persegue cegamente 0 objetivo» e, com relagéo a0 problema da virtude [ele diz} «o modo de agir... resulta, aqui, como ‘penoso trabalho resultante de uma grande contraposigio de movi- mentos prés e contras, em embate entre si; a0 passo que, do reflexo tem decorrido a reflexion. Face a tudo isso, € necessério reconhecer 0 problema mesmo, ‘como jf colocado e como guia atuante, Caso se pense num sistema explicit, evidentemente, isto nfo poderé subsist. E, Nicolai Har- i se tem como desiderato aludir com um pouco mais de Sane ‘Caso se atribua o nome de problema e, isto € suficiente aos nos- sos oo a alae auto ave consis aparestemente mala de ums mas aera is, uma fesposta Gnica como sol ‘Numa perspectiva resumnida, isto se desenvolve do segirnte modo: o problema é colocado mediante fo adequada num dado 1 Zi Gemini nae 2 9.9.10 ta0,p 18. 2 Nota arma. 0,

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