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SALMO DO GRAU - ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO

A abertura do Livro Sagrado marca o início dos trabalhos numa loja maçônica. O
ato, embora simples é solene e de grande importância, pois simboliza a presença efetiva
da palavra do Grande Arquiteto do Universo.
Grande parte do cerimonial maçônico tem sua origem nos ritos da antiguidade. A
leitura deste Salmo já era adotada pelos antigos cavaleiros templários, nas suas
iniciações, no ano de 1.128. Os Cânones do Ritual de Recepção na Ordem do Templo, de
número 678 descreve: “... E o irmão capelão deve recitar o Salmo que diz. Eis como é
bom, como é bom, como é delicioso, viverem os irmãos em boa união...”
Nos primórdios não existiam normas e regras escritas. O pensamento filosófico
ia se formando oralmente, se consolidando e sendo transmitido por herança dos mestres
aos discípulos, pois sempre existiu quem ensinasse e quem ouvisse e aprendesse.
Dá-se o nome de Salmos aos cânticos religiosos e patrióticos dos israelitas e
datam do mesmo tempo de David. Destinados aos serviços corais do Templo ou das
Sinagogas e eram entoados sob o acompanhamento de um “saltério”.
O Livro dos Salmos registra 150 salmos que abrangem todo o campo das
emoções, desde a alegria até ao ódio, do desespero até a esperança.
O Salmo do grau é alusivo à concórdia e nos ensina que é bom, suave, que os
irmãos vivam em união, como é agradável sentir a sensação do santo óleo escorrer pela
fronte. Tanto o óleo, como o orvalho têm o mesmo sentido: ambos vem do alto, do céu, do
Senhor. Cair, se entende, como se não houvesse obstáculos, pois a amizade, a
fraternidade deve imperar entre todos, sem reservas, barreiras ou sofismas. Pois só assim
fazendo, teremos a certeza de que o Senhor fará derramar a vida e a sua benção entre
nós, para todo o sempre.
Na Maçonaria meu vizinho é meu irmão e, como o orvalho que cai sem
obstáculo, assim deve ser também a amizade.
Os Salmos são atribuídos a David. Não que David seja o autor de todos eles.
Alguns são atribuídos a Azaph, aos filhos de Core e outros são simplesmente anônimos.

AARÃO
A genealogia de Aarão nos mostra que ele era bisneto de Levi, daí dizer-se que
ele era da “casa de Levi”. Era o irmão mais velho de Moisés. Ajudou Moisés a libertar o
povo hebreu do cativeiro egípcio. Foi seu intérprete junto ao faraó do Egito e os anciãos
de Israel. Foi o fundador do sacerdócio hebraico e por isso passou a ser o patriarca da
classe sacerdotal. Seu nome significa “iluminado”, ”elevado” ou “sublime”. Após a
libertação dos israelitas do jugo egípcio, os primogênitos foram “eleitos” para o sacerdócio
do senhor, tornando-se uma instituição definitiva que vai ser ratificada com a construção
do Templo.
AS VESTES DE AARÃO
Os sacerdotes, pela sua posição de interlocutores da palavra de Deus, deveriam
se distinguir dos demais israelitas. Aliás, Aarão e seus irmãos já eram distinguidos, pois
pertenciam à casa de Levi, a quem fora outorgado pelo Senhor a missão de daí saírem os
seus sacerdotes.
As vestes sacerdotais deveriam refletir a dignidade da função. o Senhor disse a
Moisés: “Farás a teu irmão Aarão vestes sagradas em sinal de dignidade, de ornato... de
sorte que ele seja consagrado ao meu sacerdócio. Eis as vestes que deverão fazer: um
peitoral, um efod, um manto, uma túnica bordada, uma mitra, um cinto. Deverão usar fios
azul púrpura e vermelha, fios de ouro de linho puro...farás também o peitoral .. e encherás
de pedras de engate ... e serão aquelas pedras os nomes das doze tribos de Israel.”
Na seqüência dos versículos, até o número 29 temos todo o detalhamento
destas vestes, não só de Aarão, mas também dos seus irmãos. Deve-se ressaltar que
estas vestes deveriam ser usadas todas as vezes que chegassem perto do altar para
servirem como sacerdotes, a fim de não incorrerem em falta e de não morrerem.

O ÓLEO DA UNÇÃO
A Bíblia sempre fala do óleo da unção “... e os ungirás, investindo-os e
consagrando-os para que me sirvam como sacerdotes... Tomarás o óleo da unção e o
ungirás derramando sobre sua cabeça”.
A própria Bíblia explica inclusive a sua quantidade, “O senhor disse a Moisés,
escolhe os mais preciosos aromas : 500 ciclos (6 Kg) de mirra...250 ciclos (3 Kg) de junco
odorífero, 500 ciclos (6 Kg) de cássia e 1 hin (6 litros) de azeite de oliveira. Será este o
óleo para a sagrada unção. Este será para mim, o óleo da unção sagrada, de geração em
geração.”

OS MONTES – HERMON
Ao norte de Israel (Palestina) existe a cordilheira antilibana (de Antilíbano, uma
das suas montanhas) em contraposição a Libana no território do Líbano. Nesta cordilheira
se encontra o Monte Líbano, famoso por seus cedros, nas suas encostas. Esta cadeia se
desenvolve do nordeste ao sudeste por vários quilômetros e suas extensões e alturas são
vistas a partir do mar Mediterrâneo.
Dentro desta cordilheira, fazendo divisa entre Israel, Líbano e a Síria encontra-
se o Monte Hermon com 2.814 metros de altura e seu cume sempre nevado. Hermon,
para os Sidonianos (povo que habitava o vale do Sidon), era Sarion e para ao Amorreus
(outro povo) era Sanir, significando sagrado. Por ser considerado sagrado, existiam em
suas encostas e até no seu cume pequenos templos religiosos, cujas ruínas foram
recentemente descobertas por arqueólogos.
O Monte Hermon, pelo seu fornecimento de madeira para a construção de
navios, pelo seu caráter sagrado, pelo seu orvalho que descia sobre toda a Palestina
irrigando suas terras, era, sem dúvida na antiguidade, a mais famosa e importante
montanha da região.
Devido à altura, as correntes de ar procedentes da sua cordilheira levam a
névoa para toda a região (inclusive Sião), condensando-se ali, sob a forma de orvalho.
Por outro lado, o degelo da sua neve é a principal fonte alimentadora do rio Jordão e, por
extensão, do lago da Galileia e de toda a região da Palestina.

SIÃO
A enciclopédia Delta Larousse define Sião, em árabe Djabal Sahyun, como uma
das colinas sobre as quais Jerusalém foi construída. Geograficamente o monte Sião é
uma elevação, de cerca de 800 metros, entre os vales de Cedron e de Tyropocon a qual
segundo a Bíblia, David tomou dos Jebuseus, mais ou menos em 1.000 a.C.

Após a vitória passou a ser chamada de Cidade de David porque para ali David
se mudou saindo da cidade de Hebron levando consigo a Arca da Aliança.

Sião ou Sion passou a ser o nome simbólico de Jerusalém, da Terra prometida,


da cidade de Davi. Deriva de Sion a palavra Sionismo. SIONISMO Estudo das coisas
referentes à Jerusalém. Movimento político e religioso judaico iniciado no séc. XIX, que
visava ao restabelecimento, na Palestina, de um Estado judaico, e que se tornou vitorioso
em maio de 1948, quando foi proclamado o Estado de Israel.

A forma geralmente usada na poesia dos salmos se chama paralelismo, que é a


repetição de uma idéia, com outras palavras na linha ou nas linhas seguintes. É a
repetição de idéias de estrofe em estrofe. Este paralelismo, nas suas várias formas, e a
riqueza de comparações, é que dão graça e beleza à poesia hebraica.

SALMO 133
"OH! QUAO BOM E SUAVE É QUE OS IRMAOS VIVAM EM UNIÃO É COMO O ÓLEO
PRECIOSO SOBRE A CABEÇA. O QUAL DESCE SOBRE A BARBA, A BARBA DE
AARÃO.E QUE DESCE À ORLA DOS SEUS VESTIDOS É COMO O ORVALHO DE
HERMON QUE DESCE SOBRE SIÃO PORQUE ALI O SENHOR ORDENA A BENÇAO E
A VIDA PARA SEMPRE “
Atribui-se a David a autoria deste salmo, no qual ele exalta a beleza do fato dos
irmãos estarem juntos, em harmonia. Deve ter sido escrito e cantado, ao som de um
saltério, por ocasião de festa do Tabernáculo quando os israelitas subiam até Sião -
Jerusalém para orarem.

Com as limitações do grau de aprendiz, entendo que o Salmo é especialmente


revelador quanto à importância da concórdia entre irmãos ser um desejo do Homem que
remonta à antiguidade e cuja exaltação, observada a partir dos rituais de iniciação dos
Cavaleiros Templários, já na era Cristã, se mostra ainda atual, consagrada até os dias de
hoje nos cerimoniais maçônicos. O Salmo, Harmoniosamente traduzido na poesia
hebraica, reverencia AARÃO o fundador e patriarca da classe sacerdotal do povo hebreu,
cujas vestes, usadas todas as vezes que chegasse perto do altar o destacava dos demais
israelitas, pela sua posição de interlocutor da palavra de Deus.
O Óleo da Unção usado nas cerimônias de consagração dos sacerdotes, assim
como o Orvalho, simbolicamente vêm do alto, do Senhor e, de forma admirável, o Salmo
descreve a beleza das montanhas de Hermon e do monte Sião, considerados sagrados
pelas suas importâncias religiosa e econômica, à época. Ao ler o Salmo dá até para sentir
o cheiro da terra molhada, a paz e a suavidade, perfeitamente comparáveis ao orvalho,
que caia permanente na região onde se localizava Jerusalém, a Terra Prometida, como
que a derramar a vida e a benção do Senhor para sempre.

BIBLIOGRAFIA
BOLETIM INFORMATIVO, Loja Duque de Caxias n° 70, Santos n.338 ano XXXV Out.1999
BOLETIM TRIMESTRAL Loja Ferraz de Vasconcelos, São Paulo, n.31, ano VI, Mar/Abr 2001
CASTELANI, Jose. A Maçonaria e sua Herança Hebraica, Maringá, Trolha 1993.
GOMES, Pinharanda. A Regra Primitiva dos Cavalheiros Templários, Lisboa, Hugin, 1990.
MINAS GERAIS, Grande Loja Maçônica.Landmarks e a Constituição de Anderson Sd.
PAIVA, Antonio Guilherme. Salmo 133. S j Del Rei,1984,ed.particular
REVISTA Trolha Maringá n.130.ago.1997
REVISTA Prumo. Florianópolis, n.117.ano XXVI.nov./dez.1997
REVISTA Superinteressane Abril/Mai/2002

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