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O ESTRESSE E A SAÚDE OCUPACIONAL DO MÉDICO-INTENSIVISTA:

ESTUDO DE CASOS EM UTI DE BRASÍLIA


Eduardo A.C. Garcia

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................... 2
2 DESENVOLVIMENTO ......................................................................................................... 3
2.1 PROBLEMA E SUA IMPORTÂNCIA ................................................................................. 3
2.2 Os Objetivos ..................................................................................................................... 8
2.3 A Metodologia ................................................................................................................. 10
2.3.1 Local e Fonte de Dados e Informações ................................................................. 11
2.5 DISCUSÃO E RESULTADOS......................................................................................... 11
3 PRINCIPAIS RECOMENDAÇÕES E CONCLUSÕES ....................................................... 13
5 REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 14

Brasília, DF
Janeiro de 2010

1
RESUMO
Em Unidades de Tratamento Intensivo UTI, observa-se, com frequência, porém sem os necessários e
devidos registros, análises e estudos, estados variáveis de estresse e de respostas não-específicas do
organismo às exigências de estímulos nocivos, fisiológicos ou psicológicos, que provocam tensão e
disrupções de equilíbrios dinâmicos orgânicos. São efeitos causados por diversos fatores que interagem,
desde causas internas biológicos e genéticas até externas como os econômicos, sociais, culturais e de
competição profissional com, paradoxalmente, pouco ou insuficiente reconhecimento pelo médico, de
limites naturais psicológicos e biológicos no exercício profissional daquele que procura preservar e/ou
restaurar a saúde de outros e dar exemplos de restabelecimento do equilíbrio interior afetado por
síndromes gerais da adaptação às exigências do meio. Por vezes, são alterações de origem e natureza
estressantes com início na residência médica (...) que evoluíram em profissionais sem gerar mecanismos
comportamentais e psicofisiológicos de adaptação ao estresse.

1 INTRODUÇÃO
As transformações contemporâneas, com a introdução de inovações tecnológicas e
organizacionais, trouxeram, junto com inegáveis conquistas de melhorias e aumentos da efetividade em
processos e resultados, substituições e conflitos em locais de trabalho por causa, dentre outros fatores, a
natureza estressante em ambiente, exigências “impostas” pela competitividade e perdas de valores e
referências, como as humanas, na organização. Os profissionais da saúde são afetados por essas
substituições e efeitos negativos da competitividade e por relações que impõem desafios e passam a se
constituírem fatores estressantes (McCORMICK, 2008)

O ambiente e condições do trabalho de profissionais da saúde têm-se caracterizados, com


variabilidade e inquietação, - fontes de estresse, como, além de insalubres, penosos, árduos e repetitivos,
por fatores e condições que contribuem para provocar lesões físicas e distúrbios emocionais,
comportamentais, cognitivos (...) muitas vezes irreversíveis. Incluem-se, além de categorias profissionais
como as de enfermagem, fisioterapeuta e paramédicos que desempenham movimentos repetitivos em seu
cotidiano laboral, os médicos – intensivistas que enfrentam, no dia-a-dia, situações limites, em especial
durante o trato com pacientes internados: pressões para atender grande número de pacientes, - sobrecarga
assistencial e excessiva carga horária de trabalho; isso define o desatendimento, com regularidade e ainda
com privações, às necessidades vitais como as do sono, boa alimentação, descanso, convívio familiar,
lazer etc. (BATES, HINTON e WOOD, 1973; LEUNG e BECKER, 1992; ASKEN e RAHAM, 1983).
Profissionais que convivem em ambientes fechados e expostos a riscos químicos, biológicos, físicos,
ergonômicos e psíquicos, potencialmente capazes de provocarem problemas de saúde, - físicos e mentais.

2
São efeitos, - os dos fatores estressantes no local de trabalho, que minam as defesas naturais do
organismo, aceleram a pressão arterial, provocam doenças e alteram comportamentos caracterizados por
estados como os de tristeza profunda; apatia e desinteresse; falta de concentração; sentimentos como os
de raiva, indignação, incompetência, culpa e agressão; e pensamentos mórbidos recorrentes sobre a morte
ou o suicídio.

2 DESENVOLVIMENTO
O estresse, na atividade ocupacional do médico intensivista, passou a se constituir importante

fonte de preocupação, não apenas pelos efeitos (potenciais) nocivos que podem se acumular e afetar, em
níveis variáveis, o bem-estar psicossocial e desempenho no exercício desse profissional, mas, pelas
conseqüências sociais e econômicas desses efeitos “resistentes” em seu reconhecimento e com escassos
estudados. Por isso, passa a se constituir um objeto de pesquisas para descrever a complexidade do
problema e a necessidade de cuidados a serem orientados para descobrir e tratar o estresse relacionado
ao trabalho. Um processo que se instala por vezes de forma silenciosa e que responde por transtornos
depressivos e por afecções como a síndrome metabólica, a síndrome da fatiga crônica e a síndrome de
Burnot. Isso, aliado à frustração profissional, ao estresse relacional (...), manifestar-se-ão em arritmias,
perdas de concentração e distúrbios cognitivos com aumento de riscos de erros médicos por leituras e
interpretações falhas ou precipitadas.

2.1 PROBLEMA E SUA IMPORTÂNCIA


O médico ativo e ambicioso, competitivo e respeitado, entusiasta e amigo, atributos que

privilegiam a classe, pode facilmente frustrar-se na satisfação de suas necessidades ao não ver ou não
sentir o reconhecimento de seus atributos, não apenas por uma retribuição salarial digna, mas, por causa
de outras formas depressivas da organização e cultura – ambiente de trabalho que não consideram a
importância e gravidade do desgaste físico e emocional – psíquico (Gráfico 1 e Figuras que seguem)
não apenas de residentes, mas de quase todos profissionais da saúde em instituições públicas e privadas.
Esse profissional, quando submetido a excessivas cargas assistenciais e horárias, a privações do sono e
com irregular atendimento (ou com privações) de necessidades básicas, nem tempo necessário para o
lazer, para a vida familiar e social (...), poderá apresentar arritmias, perdas de concentração, distúrbios
cognitivos (...); causalidades por aumentos de riscos, - de incertezas, em erros médicos, devidas às
observações-leituras e interpretações-decisões falhas ou precipitadas.

3
Diante de e s t r e s s o r e s Doenças/ traumatismos /
Respostas psico – neuro - imuno- distúrbios, ameaças etc.
endócrinas: preparativas, adaptativas e Reais ou fictícias
desadaptativas: estresse. Fatores de risco

Sistema Límbico

Núcleo do trato Hipotálamo


TRONCO CEREBRAL 
Núcleo pré-ganglionares CRF
simpáticos Hipófises
ACTH

Suprarrenais

Medula Córtex
 
Adrenalina Mineralocorticóides
Noradrenalina Glicocorticorticoides.
Cortisol / DHEA
Respostas fisiológicas e o que Respostas fisiológicas adaptativas
representam: aumento da pressão (transitória) e o que elas indicam: aumento
sanguínea e da frequência cardíaca para dos níveis de glicocorticóides para a
“irrigar” o cérebro, pulmões e conversão de proteína em energia de pronta
extremidades levando mais oxigênio e utilização; aumento dos mineralocorticóides
suprimentos; aumento da respiração em para a retenção do sódio; aumento do nível
profundidade e frequência para suprir gastroduodenal para a aceleração dos
aumentos de exigências musculares; processos digestivos a fim de repor, com
aumento da tensão muscular para a rapidez, estoques de nutrientes, etc.
contração muscular e preparar para agir; Respostas fisiológicas de resistência
aumento da sudorese para refrigerar douradora e o serviço delas: aumento dos
musculatura aquecida; aumentos dos níveis de glicocorticóides para o controle de
níveis de glicêmicos e de ácidos graxos níveis plasmáticos de glicose em riscos de
poli insaturados para melhorar o hipo ou hiperglicemia; aumento de níveis
suprimento energético de pronta mineralocorticóides para a manutenção de
utilização; aumento do fator de níveis pressóricos de riscos de doenças
coagulação e do colesterol para acelerar cérebro – cardiovasculares; aumento do nível
a coagulação e evitar perdas sanguíneas gastroduodenal do suco gástrico para o
dos ferimentos; redução da capacidade controle de gastrites; bloqueio dos receptores
digestiva porque a preferência é para pós sinápticos de serotonina pelo excesso de
atendimento de órgãos envolvidos na cortisol para o controle do humor depressivo,
luta ou na fuga: cérebro e músculos entre outras respostas e manifestações.

Gráfico 1 Efeitos seqüenciais de liberações neuroendocrinológicas em fases de estresse

4
A atitude de evitar ou minimizar fatores de estresse e de
possibilitar manter a resistência às mudanças ambiente
obedece a respostas neuroendócrinas com a ativação de um
circuito que conecta o corpo ao cérebro; é o eixo
hipotalâmico–hipofisário–adrenal (HPA): um circuito que
liga hipotálamo, glândula pituitária e córtex supra-renal,
pela circulação sanguínea; um processo de retro-controle de
fatores negativos à saúde e que podem provocar estresse


Figura 1 Destaque de aspectos fisiológicos, - os da neurociência, no estresse


Fonte: Salles: Projeto qualidade de vida (20010;simplificado e adequado ao texto)

5
Desrespeito:
fatores Excesso da Monotonia de
ergonômicos e jornada de movimentos e falta
antropométricos trabalho de intervalos LER / DORT
Disfunções
osteomusculares;

tinação
1os. Sintomas
Fadiga→inflamação;
Formigamento,
dormência; tensão,
rigidez,
Procras redução/perda de
habilidade, de força e
Agir de coordenação (...)
EFEITOS
Dor (...). Sociais
Econômicos (...)
DISTRESSE
Posturas indevidas
em função de Estresse Estresse
condições físicas no profissional pessoal
local de trabalho

Figura 2. Fatores de risco de LER / DORT; destaque para os fatores de estresse

6
P T Perfil do trabalhador:
- Fisiológico, genético, ambiente-desenvolver
- Habilidades e competências não atendidas (...).
- Expectativas. Aspirações não-consideradas (...).
- Idade, sexo. - Sociocultural. Econômico (...)
- COPING (...)

PI Outros. Perfil do indivíduo: P E Perfi l d a emp resa em relação:


- Relações familiares, sociais, culturais - Natureza do trabalho: tecnologia etc. (...)
- Status econômico, social (...). - Ambiente e condições do trabalho (...)
- Hábitos: esporte, lazer etc. - Política, missão, visão e cultura (...)
- Expectativas. Aspirações - Padrões de seleção, avaliação, capacitação (...)
- COPING (...) - Planejamento, controle e gestão do trabalho (...)

Protelar Fatores de. Risco


não-ergonomia (...)
Adiar Avaliação Identificação
Avaliação Adiar Fugir Decisão PI  PE
Decisão Fugir
Seleção
Ação Treinamento
Ação Enfrentar
Enfrentar Alocação
Remuneração
Est res se: A curva funcional humana

ZONAS DE SAÚDE:
Tensão Conforto F a t i g a Exaustão Falência
 Alerta: manifestações
E s t r e ss e r e s is t e n t e

Alertar Preparar Atender Minimizar Evitar


não atendidas

 Preparação não feita:


Desem penho

procrastinação
 
 Fatiga não tratada pelas suas
causas, perda de capacidade
 

 Exaustão com agravamento e
incapacidade resiliente
Fat o r es de r isco de est r esse  Estresse limitante, excludente,
Estresse positivo 1 Estresse negativo 2 aposentadoria (...) morte

1
Tensão com equilíbrio entre esforço, tempo, realização e resultados, como uma atitudes positivas em relação ao trabalho:
satisfação, aspiração, expectativas etc. : eutresse.
2
Tensão capaz de romper o equilíbrio biopsicosocial por excesso ou falta de esforço e por incompatibilidades com o tempo, com
o resultados e com a realização no trabalho: frustração, insatisfação profissional etc.: distresse.

Figura 3 Relações entre o perfil do trabalhador (e outros do indivíduo) e o perfil da empresa que
quando não harmonizados podem determinar níveis de estresse ocupacional em zonas de saúde
relacionadas com fases estressantes

7
2.2 Os Objetivos
O objetivo geral é o de contribuir, com novas informações de experiências sistematizadas e de

resultados de análise de dados, os de diagnoses de pacientes afetados por essas doenças, no processo de
educação para:

a) a conscientização da gravidade do problema e da necessidade da organização, em seu planejamento


e gestão de pessoas: adotarem os devidos “cuidados” que venham a minimizar ou a evitar graves
problemas como os de afastamentos, “prematuras” aposentadorias e acometimentos de estresse em
médicos intensivistas;

b) prevenir, pela racionalidade de ações e comportamentos ao se tomarem decisões sustentáveis e


com oportunidade: minimizar ou evitar o agravamento de doenças provocadas pela persistência de
fatores estressantes no ambiente de trabalho com incalculáveis custos econômicos e sociais;

O estresse é o somatório potencializado de fatores físicos que se alastram, pelo descuido de


administrações, má gestão de pessoas e recursos, insuficientes recursos financeiros e aumento da
demanda de serviços, entre outros fatores que ultrapassaram os limites de riscos à saúde, - os de
resiliência e homeostase na medicina do trabalho (ver SALLES, 2010).

São limites críticos, a serem conhecidos, com os das condições do trabalho adversas à pessoa
(automatização; “obrigatoriedade para manter um ritmo de atendimento, alcançar uma meta, etc. com
uma mesma infraestrutura e equipamentos; com pressões administrativas e gerenciais, de diversas
ordens, porém com efeitos estressantes; de ambiente e relacionamentos inadequados; de mobílias que
não atendem critérios modernos da ergonomia, entre outros) e psicossociais (emocionais) de fontes
internas e externas de estresse.

A Figura 4 sintetiza, conforme os problemas levantados e apresentados - sintetizados na Figura 2,


os objetivos do estudo.

8
Conhecer-respeitar-
internalizar: fatores “Dosagem” da
jornada de Diversidade de
ergonômicos e movimentos e com
antropométricos que trabalho conforme intervalos regulares
indicadores (...)
cada caso requeira (...) critérios exigidos (...)

1 o s . Sintomas
LER / DORT

Monitorar, avaliar
Função osteo -
muscular regular;
EFEITOS: mínimos
Sem dor (...). Sociais
Econômicos (...)
toleráveis

Agir observar,
tratar, evitar
EUTRESSE

Posturas corretas em
Não-
função de boa Não-estresse stresse
condição física no profissional
local de trabalho pessoal

: monitorar/avaliar/controlar mínimos / toleráveis

Figura 4. Objetivos no controle de LER / DORT; destaque para os fatores de eutresse

Entre problemas e objetivos há uma orientação para o pesquisador, na forma de hipótese, que se
ilustra para apenas um caso (Quadro a seguir).

9
Quadro 1 Relações de fatores causais e objetivos, intermediadas por hipóteses, no
controle e gestão do estresse em ambiente de trabalho
PROBLEMA HIPOTESE OBJETIVO

O serviço de atendimentos ao Conhecer, respeitar, valorizar e


trabalhador com pessoal internalizar no ambiente, na
Não se conhecem (ou se
capacitado e infraestrutura organização, na visão, na gestão
conhecidas, não são
eficiente, com base em critérios (...) as características resilientes
devidamente consideradas,
técnico-científicos, na de grupos de trabalhadores
valorizadas) características
ergonomia, na legislação (...) escolhidos, treinados e alocados
resilientes de forças psicológicas
oferecem condições para em funções que permitam
e biológicas do trabalhados em
monitorar, avaliar e agir com manter estados de saúde e
relação ao trabalho
oportunidades: assegurar a equilíbrio corpo e mente em
resiliência suas melhores condições.
Conhecer, habilidades,
Em práticas e padrões de seleção competências, desejos-
e treinamentos de pessoal na possibilidades e conflitos-
Investir no departamento de
organização não são dificuldades, traduzindo-as em
seleção, treinamento,
devidamente consideradas planos gerenciáveis com
monitoramento, gestão de
habilidades, competências, propósitos como os de
pessoal
desejos-aspirações e conflitos- “satisfação” do trabalhador
dificuldades do trabalhador porque se identifica, gosta e é
estimulado
... ... ...
... ... ...

2.3 A Metodologia
Pesquisa qualitativa, descritiva com base em dados de 17 médicos – intensivistas de uma UTI
adulto em hospital terciário de Brasília – DF; hospital de grande porte e referência regional, com 600
leitos, em 2009.

A UTI - Adulto, local de trabalho dos profissionais pesquisados, disponibiliza 22 leitos, divididos
nas áreas: Trauma (8), Coronária (8) e Geral / Cirúrgica (6), com taxa de ocupação mensal próxima ao
100%. Seu corpo clínico é composto de 23 médicos plantonistas, além de enfermeiros, fisioterapeutas e
enfermagem, chefias médica e de enfermagem.

10
2.3.1 Local e Fonte de Dados e Informações
A amostra foi composta por plantonistas convidados a responder um rápido questionário com
dados pessoais e posteriormente o questionário de avaliação de estresse da Sociedade Brasileira de
Psicologia e o Inventário de Sintomas de Stress de Lipp para adultos - ISSL. Participaram do estudo 12
médicos, os demais se recusaram ou não foram contatados. i

- Formulário de Características Demográficas: o objetivo de seu preenchimento foi o


delineamento do perfil da amostra. Os itens considerados foram: idade, sexo, estado civil, religião, tempo
de formado, tempo de atuação em UTI, qualidade da atividade, tempo dedicado à UTI e tipo de
instituição onde trabalha.

- Inventário de Sintomas de Stress para Adultos, de Lipp (ISSL): instrumento construído e


publicado por Lipp (2000). Foi utilizada a terceira edição, revisada em 2005. Visa identificar a
sintomatologia apresentada, se sua predominância é somática ou psicológica, e em que fase de estresse se
encontra o participante.

Omitem-se, nesta apresentação sumária, os principais aspectos de coleta, síntese e análise de dados
com o emprego de técnicas e métodos como os de análise numérica com a teoria de trabutos;
categorização de variáveis, por indicadores, em tipificações eustréssicas, - ou tensões com equilíbrios
entre esforço, tempo, realização e resultado e distréssicas – ou de tensões devidas a estressores com
rompimentos de equilíbrios biopsicossociais; regressões e simulações (Gráfico e Figuras).

2.5 DISCUSÃO E RESULTADOS


Quanto ao sexo dos participantes, 58,3% eram masculinos e 41,7% femininos. A idade variava de
32,0 anos até 63,0 anos, com idade média de 46,3 anos. Dos quatorze, 11 são casados e 3 solteiros. Em
sua maioria, 10 dos participantes declararam-se católicos, 3 espíritas e 1 evangélico. Quanto ao tempo de
formado, 5 dos participantes tinham mais de trinta anos, 2 mais de vinte anos, 4 mais de dez anos, e 3
mais de cinco; 41,7% dedicavam 100% de seu tempo na UTI; igual participação de participantes se
registrou em 50,0% a 75,0% do tempo e de 25,0% manifestaram se dedicarem 25,0% na UTI.

A relação tempo de formado para tempo de UTI dos participantes na amostra piloto mostrou que
12 tinham relação maior que 50%, evidenciando a grande experiência da equipe estudada.

Quanto ao levantamento das fontes de estresse observou-se que a partir de 18 respostas positivas
das 30 apresentadas, associava-se com “muitíssimas/inúmeras fontes de estresse no dia-a-dia” e com
Índice de Stress (Lipp) na Fase de Resistência com sintomatologia predominantemente física. Entre os 7

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considerados estressados, 6 apresentaram os atributos acima. Um dos participantes mostrou-se em Fase
de Exaustão com sintomatologia mista – física e psíquica. Houve um predomínio do sexo feminino com
5 entre as 7 participantes com manifestações de estresse.

Destaca-se, dos diversos aspectos técnicos da pesquisa de estresse em médicos intensivistas, apenas
um, sintetizados na Tabelas 1.

Tabela 1. Dados por gênero e resposta, com especificações por faixa etária, ao Teste de Lipp em
médicos intensivistas de Brasília, 20009.

GÊNERO NÚMER RESPOSTA AO TESTE LIPP EM TRÊS NIVEIS


FAIXA ETÁRIA O ALERTA RESISTÊNCIA EXAUSTÃO
M (TOTAIS) 8 26 38 42
Menores de 35 0 0 0 0
Entre 35 e 50 1 1 2 1
Maiores de 50 7 25 36 41

F (TOTAIS) 9 28 51 51
Menores de 35 4 12 21 21
Entre 35 e 50 5 16 31 30
Maiores de 50 0 0 0 0

Não se apresentam, nesta amostra, os principais aspectos da pesquisa orientada para definir
indicadores e estabelecer relações como as indicadas na Figura 3, com a tipificação de zonas de saúde
em tensão para acionar mecanismos de alerta; acomodação para indicar como se preparar; fatiga para, se
não evitar, aliviar; exaustão, se não evitar, minimizar; e falência para sempre evitar quando conhecidos
os fatores estressantes.

12
3 PRINCIPAIS RECOMENDAÇÕES E CONCLUSÕES
O estudo confirmou a hipótese de o médico plantonista da UTI passar por momento, variáveis e
preocupantes de estresse. Dos quatorze participantes do estudo sete mostraram-se estressados, sendo que
um deles com características crônicas com envolvimento físico e psíquico em suas manifestações. O
coping como estratégia de enfrentamento do processo de estresse não pôde ser considerado pela falta de
elementos, pois apenas dois dos participantes responderam ao quesito sobre o tema. Chama atenção que
um dos itens propostos no levantamento de fontes de estresse foi respondido afirmativamente por todos
os participantes: preocupar-se com a própria saúde, mas não dispor de tempo para a prática de esportes;
uma prática importante para manter a homeostase combatendo assim os possíveis efeitos maléficos do
estresse.

Viver com qualidade e ter qualidade de vida é um estado almejado pelo profissional que, quando
consciente, deveria procurar conciliar trabalho e vida pessoal, evitar – controlar o estresse para, como
efeito, reduzir o cansaço, a irritação, a ansiedade, a tensão muscular (...); um dos maiores desafios
perturbado por comportamentos como os da procrastinação: uma questão de priorização afetada por
condições de mercados e pressões sociais; pela falta de relaxamento e terapias; pela forma estreita de
percepção e pouca flexibilidade. Desafios, procura e estado não equacionados em obrigações, aspirações
e vida pessoal, mas com manifestações que apontam, entre outras direções, para fazer novas pesquisas na
procura de soluções para aqueles que se ressentem de não ter tempo para a família – convívio social, para
o lazer - descanso e para a saúde – esportes; para aqueles que se apavoram quando começam a perceber e
sentir os sinais de estresse provenientes da agitação, pressões, cobranças, conflitos (...). Para os que se
refugiam ou acreditam em ações – comportamentos de passageiros ou supostos alívios em
medicamentos, drogas (...). Soluções para uma melhor qualidade de vida ao procurar atitudes
preventivas, criar ambientes de entusiasmo e harmonia, fazer com paixão e equilibrar razão e emoção;
praticar concessões e ter flexibilidade para lidar com opostos e diferenças.

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5 REFERÊNCIAS
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i
Destacar, tanto o fornecimentos de dados primários, guardando o sigilo necessários – legal, quanto a revisão do
texto pro profissional da área; neste caso Dr. Marcio Moreira Salles, - Médico do Trabalho – MS Ergonomia. Rg.
MTB. No. 13629.

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