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escrito por
Jóice Bruxel
Muito se fala em agressão, nos dias de hoje. Agressão física, verbal, moral, emocional, não
importa. Ou melhor, importa (e muito), e é justamente por isso que o tema vem ganhando cada
vez mais espaço, à medida que muitas pessoas agredidas estão ganhando voz e sendo
encorajadas a não mais se calar.
Tanto profissionalmente, como pessoalmente, frequentemente ouço relatos dos mais variados
tipos de agressão. Alguns casos chegam até a dar um nó no estômago. Porque não, não é (e
nunca será) fácil lidar com o sofrimento humano. Às vezes ouço alguns relatos tão revoltantes
que quase penso em desistir das pessoas, mas aí eu lembro que existem pessoas que
precisam de mim e precisam de ajuda, e então eu simplesmente sigo em frente. Por amor, fé, e
uma pontinha de esperança.
Uma das coisas que eu percebo que é comum em muitos destes casos é a culpabilização de
quem é agredido, como se o agressor só tivesse agredido porque a ação do outro (da vítima,
no caso), tivesse lhe dado este direito.
Entenda: não importa o que o outro faça, um agressor sempre é o responsável por agredir. Não
tem como justificar o injustificável.
Frases como “você começou”, “você provocou”, “você é louca”, “essa é só a minha reação”,
costumam ser bem comuns. E sim, em uma briga ou discussão, por exemplo, duas pessoas se
alteram e muitas vezes se exaltam, mas nada, absolutamente nada, justifica uma agressão.
Partiu pra agressão, perdeu a razão. Simples assim.
Vivemos como se tivéssemos a necessidade de ser melhores do que as outras, mais bonitas,
mais inteligentes, e com mais sucesso. Vivemos também na ilusão de que todos os atributos
citados acima sejam mensuráveis e de que talvez possuindo mais virtudes do que as outras,
sejamos mais propícias ou mais dignas de receber amor.
Acredito que no final das contas, essa seja a finalidade maior: a necessidade de ser amada.
E talvez quanto mais competitividade, menos amor sobre. Menos amor exista. Mais falta se
multiplica.
Já vi mulheres culpando mulheres por serem agredidas, como se estas não fossem dignas de
respeito, só por serem diferentes e terem opções de vida e ideias distintas.
Já ouvi mulheres desmerecendo mulheres ou as julgando menos capazes, inteligentes,
astutas, por serem mulheres.
Não consigo entender porque muitas, ainda hoje, pensem desta forma. Enxergam as outras
como concorrentes, competidoras, rivais. Quer dizer, consigo entender, mas não compreender.
De qualquer forma, é cultural. Os “concursos de beleza” estão aí para provar isso.
Desde pequenas aprendemos que precisamos nos destacar pela beleza, aliás, mais pela
beleza do que por qualquer outra coisa. Como se essa fosse a coisa mais importante de todas.
Mas eu lamento informar: não é!
Aliás, beleza pra quem? Quem é o espectador? Eu sei que existem questões sobre beleza que
são universais, mas o meu conceito de beleza tem muito mais a ver com os olhos de quem vê,
do que com a pessoa que é bela, em si. Existem muitos tipos de beleza, quem sou eu pra
definir o que é belo? Quem é você? Podemos definir o que é belo para nós mesmos, perante a
nossa perspectiva, gostos, achismos, etc.
Existe uma rivalidade feminina velada, aonde quer você esteja. Em alguns lugares mais, em
outros menos. Depende do ambiente e de quem são as fêmeas frequentadoras.
Mulheres: uni-vos! Nós não somos rivais! Se somos semelhantes,
devemos ser também, aliadas!
Acredito que as coisas estejam melhorando neste sentido. Algumas de nós já praticam a
empatia, o companheirismo e a quebra dessa visão de rivalidade com todas as outras mulheres
do mundo.
Muitas toleram somente as que pensam como elas, se vestem como elas, possuem as mesmas
visões sócio-político-culturais e participam dos mesmos movimentos que elas, mas isso não é
tolerância, é intolerância mascarada de luta por uma causa específica. No final das contas,
lutar só pelo que se acredita é egoísmo, temos que lutar por todas nós, mesmo discordando de
grande parte das mulheres, a luta tem que ser por todas.
De qualquer forma, ainda há muito caminho pela frente. É uma mudança de paradigma, de
perspectiva e também cultural.
Não adianta defender umas e atacar outras! Todas merecem respeito!
P.S.: O sucesso de uma mulher jamais deveria ser uma afronta pessoal para as outras
mulheres. Precisamos reconhecer o que a outra mulher tem de bom, as suas qualidades, os
seus pontos fortes e positivos. Sem comparações. Sem inveja. Sem aquela vontade interna de
que a outra se ferre ou que dê tudo errado pra ela, para que assim, nos sintamos um pouco
melhores e confortáveis em nossa própria pele.
E você, não permita ser agredida e não agrida! Não adianta falar de agressão se você também
agride, nem que seja sutilmente!
Não agrida outras mulheres por pensarem/viverem/se vestirem/agirem de forma diferente de
você. Tenha empatia. Respeite. Estenda a mão, sempre que puder.
Não se cale, mas também não provoque o silêncio alheio! Todas nós devemos ter voz, e com
certeza juntas, seremos mais ouvidas!