Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
JusBrasil Artigos
09 de maio de 2015
Crimes contra a fauna: breves apontamentos acerca da
lei de crimes ambientais
Publicado por William Lopes Fragiolli 1 ano atrás
Na época de nossa colonização um fato marcante foi a exploração de recursos naturais sem compromisso como o
futuro, pois se pensava que as fontes de recursos naturais eram inesgotáveis e renováveis.
As florestas foram sendo destruídas e os nossos animais dizimados, sendo levados para fora do nosso país, sem
nenhum controle ou condição adequada para seu transporte, e uma grande parte desses animais morriam nos navios
antes mesmo de seu destino.
O que se vê é que desde a colônia o Brasil, vem sendo saqueado, sua fauna destruída e o comércio de animais, já
bastante radicado na cultura do empobrecido povo brasileiro, buscando lucros cada vez maiores, onde a vida dos
animais não tem valor na mão dos traficantes.
E com a velocidade da devastação do meio ambiente e a incapacidade dos governos em impedir ou deter a
progressão geométrica dessa devastação, tem feito com que os animais silvestres migrem de seu habitat natural
para as cidades, causando um desequilíbrio ecológico.
Diante desse quadro, o Direito, como ciência social, não poderia deixar de abraçar essa responsabilidade e ordenar
as necessárias normas de disciplina nas ações interativas do homem com a natureza.
Verificase no decorrer do trabalho que várias normas de proteção ao meio ambiente foram criadas, entretanto,
somente com o advento da Lei nº. 9.605/98 (Lei dos Crimes Ambientais)é que houve um grande avanço para defesa
e proteção ao meio ambiente no Brasil. Pois foram criados novos crimes e instituiuse um sistema de proteção
administrativo e penal bem mais eficaz.
Este trabalho tem por objetivo demonstrar as mudanças que ocorreram com a fauna brasileira, após a entrada, em
vigor da Lei dos Crimes Ambientais.
Por tanto, procedeuse uma minuciosa busca em doutrinas, documentos, meio eletrônico, entre outros materiais
publicados sobre o assunto.
A expressão meio ambiente foi ao que parece, utilizada pela primeira vez pelo naturalista francês Geoffroy de Saint
Hilaire na obra Études progressives d’um naturaliste, de 1835, tendo sido perfilhada por Augusto Comte em seu
Curso de filosofia Positiva[1].
Existem várias acepções do que vem a ser meio ambiente. Para José Afonso da Silva[2], “meio ambiente seria a
interação do conjunto de elementos naturais, artificiais e culturais que propiciem o desenvolvimento equilibrado da
vida em todas as suas formas”.
http://fragiolli.jusbrasil.com.br/artigos/111629271/crimescontraafaunabrevesapontamentosacercadaleidecrimesambientais 1/24
09/05/2015 Crimes contra a fauna: breves apontamentos acerca da lei de crimes ambientais | Artigos JusBrasil
Notase, que o conceito de meio ambiente é amplo, pois abrange toda a natureza original, constituída pelo solo, pelo
ar atmosférico, pela água, pela energia, pela flora, pela fauna, enfim, a biosfera; e por outro lado, temos um meio
ambiente artificial, ou seja, aquele formado pelo espaço urbano construído, consubstanciado por edificações e
alterações produzidas pelo homem.
E neste sentido fica estabelecido pelo artigo 225 da Carta Magna[3] que:
“Todos tem direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondose ao Poder Público e à coletividade o dever de defendêlo e preserválo para as
presentes e futuras gerações”.
Para o autor Paulo Afonso Leme Machado, o “direito ambiental é um direito de produção à natureza e à vida, dotado
de instrumentos peculiares que se projetam em diversas áreas do direito[4]”.
Contudo, ensina Edis Milaré, preferindo se referir ao “Direito do Ambiente”, conceituandoo como “o complexo de
princípios e normas coercitivas reguladoras das atividades humanas que, direta e indiretamente, possam afetar a
sanidade do ambiente em sua dimensão global, visando à sua sustentabilidade para as presentes e futuras
gerações”[5].
Toshio Mukai enfrenta o problema da definição conceitual do direito ambiental, pois para ele o direito ambiental no
estágio atual de sua evolução no Brasil “é um conjunto de normas e institutos jurídicos pertencentes a vários ramos
reunidos por sua função instrumental para disciplinar o comportamento humano em relação ao seu meio
ambiente[6]".
Parece conciso afirmar que o “Direito Ambiental” se inclui dentre os novos direitos como um dos mais importantes,
uma vez que penetra em todos os demais ramos da ciência jurídica, impondo respeito às suas normas, pois seus
fundamentos de validade são emanados diretamente da Norma Constitucional.
Para o ilustre doutrinador Paulo Afonso de Bessa “os princípios do Direito Ambiental estão voltados para a finalidade
básica de proteger a vida, em qualquer forma que ela se apresente e garantir um padrão de existência digno para os
seres humanos desta e das futuras gerações” [7].
Cabe lembrar que os princípios jurídicos ambientais podem ser explícitos e implícitos. Desta forma, os princípios
explícitos, são aqueles, escritos e fundamentados na Constituição Federal, bem como em leis ordinárias; enquanto
que os princípios implícitos decorram também do sistema constitucional, embora não se encontrem escritos, porém,
nada impede que os mesmos não sejam dotados de positividade.
Portanto, devemse buscar os princípios jurídicos ambientais, tanto na Lei Maior, quanto nos fundamentos éticos que
devem nortear as relações entre os seres humanos e destes com relação as demais formas de vida.
E neste sentido cabe demonstrar os princípios mais importantes do direito ambiental.
Para Milaré “é o principio transcendental de todo o ordenamento jurídico ambiental, ostentando, o status de
verdadeira cláusula pétrea” [8].
Pois decorre do texto expresso da Constituição Federal, que no seu art. 225, caput, dispõe sobre o reconhecimento
http://fragiolli.jusbrasil.com.br/artigos/111629271/crimescontraafaunabrevesapontamentosacercadaleidecrimesambientais 2/24
09/05/2015 Crimes contra a fauna: breves apontamentos acerca da lei de crimes ambientais | Artigos JusBrasil
do direito a um meio ambiente sadio, ou seja, com extensão ao direito a vida, que sobre o enfoque da própria
existência física e saúde dos seres humanos, quer quanto o aspecto da dignidade desta existência – a qualidade de
vida – que faz com que valha a pena viver[9].
Este princípio aparece na constituição Federal com ênfase, pois não só a Lei nº 6.938/81 (lei da política Nacional do
Meio Ambiente), no seu artigo 2º, inciso I, reconhece o meio ambiente como “patrimônio público, a ser
necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo”.
Mas também a Constituição Federal em seu artigo 225, caput, a ele se refere como “bem de uso comum do povo e
essencial à sadia qualidade de vida”, impondo dessa maneira ao Poder Público e à coletividade a responsabilidade
na sua proteção.
Neste sentido, entende José Afonso da Silva que “esse princípio decorre da previsão legal que considera o meio
ambiental como um valor a ser necessariamente assegurado e protegido para uso de todos ou, para fruição humana
coletiva”[10].
2.3 PRINCÍPIO DA CONSIDERAÇÃO DA VARIÁVEL AMBIENTAL NO PROCESSO DECISÓRIO DE POLÍTICAS DE
DESENVOLVIMENTO
Esse princípio demonstra que é elementar a obrigação de se levar em conta a variável ambiental em qualquer
decisão, tanto pública quanto privada, que possa causar algum impacto negativo sobre o meio ambiente.
O surgimento deste princípio se deu no final dos anos 60 (sessenta), nos Estados Unidos, partido dos Estudos de
Impacto Ambiental[11].
No Brasil, esse principio vem descrito na Carta Magna, em seu artigo 225, caput, quando ali se impõe ao Poder
Público e a coletividade o dever de preservar e defender o meio ambiente para as presentes e futuras gerações.
Expressa a ideia de que para a solução dos problemas ambientais, devese dar maior ênfase à cooperação entre os
Estados e a sociedade.
Este princípio foi acolhido pela Lei de Política Nacional ao Meio Ambiente, e posteriormente reforçado pela
Constituição Federal, pois em seu artigo 225, § 3º, estabeleceu que “as condutas e atividades consideradas lesivas
ao meio ambiente sujeitarão aos infratores, pessoas físicas ou jurídicas, as sanções penais e administrativas,
independentemente da obrigação de reparar os danos”.
Para Antunes, esse principio visa impedir que a sociedade arque com os custos da recuperação de um ato lesivo ao
meio ambiente causado por poluidor perfeitamente identificado[12].
O desenvolvimento sustentável é definido pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento como
sendo “aquele que atende as necessidades presentes sem comprometer as possibilidades das gerações futuras
atenderem as suas próprias necessidades”[13].
http://fragiolli.jusbrasil.com.br/artigos/111629271/crimescontraafaunabrevesapontamentosacercadaleidecrimesambientais 3/24
09/05/2015 Crimes contra a fauna: breves apontamentos acerca da lei de crimes ambientais | Artigos JusBrasil
Para encerrar o assunto sobre os princípios jurídicos ambientais precisase ter sempre em mente que devese
conhecer e buscar a verdade das coisas, utilizando o principio do conhecimento, que faz parte não só do direito
ambiental, mas de toda ciência jurídica, e um pouco desse conhecimento será abordada no próximo item pela lei nº.
9.605/98 (Crimes Ambientais).
Antes da Lei de Crimes Ambientais Lei nº. 9.605/98, eram aplicadas leis esparsas de difícil aplicação; a pessoa
jurídica não era responsabilizada criminalmente e não tinha decretada a liquidação quando cometia infração
ambiental; a reparação do dano ambiental não extinguia a punibilidade; era impossível a aplicação direta de pena
restritiva de direito ou multa; a aplicação das penas alternativas era possível para crimes cuja pena privativa de
liberdade fosse aplicada até 2 (dois) anos; a destinação dos produtos e instrumentos da infração não era bem
definida.
Matar um animal da fauna silvestre, mesmo para se alimentar era crime inafiançável; maus tratos contra animais
domésticos e domesticados era contravenção; não havia disposição claras relativas a experiências realizadas com
animais; pichar e grafitar não tinham penas claramente definidas; a prática de soltura de balões não era punida de
forma clara; destruir ou danificar plantas de ornamentação em áreas públicas ou privadas, era considerado
contravenção; o acesso livre às praias era garantido, entretanto, sem prever punição criminal a quem o impedisse;
desmatamentos ilegais e outras infrações contra a flora eram considerados contravenções.
A comercialização, o transporte e o armazenamento de produtos e subprodutos florestais eram punidos como
contravenção; a conduta irresponsável de funcionários de órgãos ambientais não esta claramente definida; as multas,
na maioria , eram fixadas através de instrumentos normativos passíveis de contestação judicial; e a multa máxima
por hectare, metro cúbico ou fração era de R$ 5 mil.
E com o surgimento da Lei nº 9.605/98 vimos que: a legislação ambiental é consolidada, as penas têm
uniformização e gradação adequadas e as infrações são claramente definidas; define a responsabilidade da pessoa
jurídica inclusive a responsabilidade penal e permite a responsabilidade também da pessoa física autora ou coautora
da infração; pode ter liquidação forçada no caso de ser criada e ou utilizada para permitir, facilitar ou ocultar crime
definido na lei e seu patrimônio é transferido para o Patrimônio Penitenciário Nacional.
A punição é extinta com apresentação de laudo que comprove a recuperação do dano ambiental; a partir da
constatação do dano ambiental, as penas alternativas ou a multa podem ser aplicadas imediatamente; é possível
substituir penas de prisão até 4 (quatro) anos por penas alternativas, como a prestação de serviços à comunidade e
a grande maioria das penas previstas na lei tem limite máximo de 4 (quatro) anos;produtos e subprodutos da fauna e
flora podem ser doados ou destruídos, e os instrumentos utilizados quando da infração podem ser vendidos.
Matar animais continua sendo crime, no entanto para saciar a fome do agente ou da sua família, a lei descriminaliza
o abate; além dos maus tratos, o abuso contra estes animais, bem como aos nativos ou exóticos, passa a ser
crime; experiências dolorosas ou cruéis em animais vivos, ainda que para fins didáticos ou científicos, são
consideradas crimes, quando existirem recursos alternativos; a prática de pichar, grafitar ou de qualquer forma
conspurcar edificação ou monumento urbano, sujeita o infrator a até um ano de detenção; fabricar, vender,
transportar ou soltar balões, pelo risco de causar incêndios em florestas e áreas urbanas, sujeita o infrator à prisão e
multa; destruição, dano, lesão ou maus tratos às plantas de ornamentação é crime, punido por até 1 (um) ano; quem
dificultar ou impedir o uso público das praias está sujeito a até 5 (cinco) anos de prisão.
O desmatamento não autorizado agora é crime, além de ficar sujeito a pesadas multas; comprar, vender, transportar,
armazenar madeira, lenha ou carvão, sem licença da autoridade competente, sujeita o infrator a até 1 (um) ano de
prisão e multa; funcionário de órgão ambiental que fizer afirmação falsa ou enganosa, omitir a verdade, sonegar
informações ou dados em procedimentos de autorização ou licenciamento ambiental, pode pegar até 3 (três) anos de
http://fragiolli.jusbrasil.com.br/artigos/111629271/crimescontraafaunabrevesapontamentosacercadaleidecrimesambientais 4/24
09/05/2015 Crimes contra a fauna: breves apontamentos acerca da lei de crimes ambientais | Artigos JusBrasil
cadeia; a fixação e aplicação de multas têm a força da lei e a multa administrativa varia de R$ 50 a R$ 50 milhões.
A lei dispõe no capitulo V seção I, trata dos crimes contra a fauna, e esta vem sendo empregada com rigor,
combatendo os envolvidos no tráfico de animais com punições mais severas, como o pagamento de multas, além de
penas de detenção, podendo chegar a penas de reclusão de até cinco anos nos casos em que a lei comina os
crimes de maior gravidade. É de maior relevância saber que ao ser constatado um dano ambiental é necessário que
o responsável pelo mesmo faça a sua reparação, relacionandose com a proteção ao meio ambiente.
Esta lei esta regulamentada pelo Decreto nº. 3.179/99 e vem preenchendo um vazio, o próprio homem não sabia
como agir, juridicamente, e se tratando de crimes contra a natureza, devido ao caráter esparso da antiga lei, o que
tornava de difícil aplicação.
É de fundamental importância a aplicação dessa nova lei, no que diz respeito aos crimes cometidos contra nossa
fauna silvestre. Qualquer animal é incapaz de utilizar a sua força para o ataque, sendo o seu instinto voltado apenas
para a defesa, daí a necessidade para lutarmos pela sobrevivência.
Hoje, o Departamento de Polícia Federal conta com uma gama de profissionais intimamente ligados ao meio
ambiente, atuando por meio de seus conhecimentos técnicocientíficos na preservação da natureza. São peritos
criminais federais com formação profissional voltada para a defesa de nossa fauna, como o médico veterinário e o
biólogo, da nossa flora.
O perito criminal federal, ao autuar numa perícia voltada para crimes contra a fauna, caso esta envolva animais
vivos, só poderá fazêlo com o conhecimento profissional do médico veterinário e do biólogo, o que dará condições
para que seja realizada a identificação das espécies. Caso o crime envolva animais mortos, o perito, além de se
preocupar com a classificação e identificação das espécies, também estará incumbido de determinar a causa mortis
dos animais quem questão, realizando exames anátomopatológicos macroscópios (necropsia) e, quando necessários,
microscópios (histopatológico), sendo esta atribuição exclusiva do médico veterinário.
A população humana cresceu muito, em 2003 já somos mais de 6 bilhões de habitantes e, no Brasil, mais de 160
milhões que exercem uma imensa pressão sobre os habitats naturais e, também, diretamente sobre a fauna.
Calculase que o tráfico de animais silvestres retire, anualmente, cerca de 12 milhões de animais de nossas matas.
Este é um assunto que envolve vidas, tanto humanos quanto animais, porque tudo que afeta o meio ambiente e
provoca o desequilíbrio da natureza pode trazer conseqüências danosas para o ser humano.
Anualmente, em todo o mundo, cerca de vinte bilhões de dólares, sendo que o Brasil participa desse mercado ilícito
com uma quantia que varia de um bilhão e meio a dois bilhões de dólares por ano, representando em sua grande
maioria por animais da classe das aves.
http://fragiolli.jusbrasil.com.br/artigos/111629271/crimescontraafaunabrevesapontamentosacercadaleidecrimesambientais 5/24
09/05/2015 Crimes contra a fauna: breves apontamentos acerca da lei de crimes ambientais | Artigos JusBrasil
Esse tipo de tráfico está cotado como sendo o terceiro maior do mundo, perdendo apenas para os tráficos de drogas
e de armas. É um comercio que vem crescendo a cada ano, diminuindo assim o número de espécimes soltos na
natureza.
O Brasil é cotado como um dos maiores fornecedores de animais silvestres para o restante do mundo, retirando a
cada ano cerca de 12 milhões de vidas de seu habitat natural, sendo que de cada dez animais capturados, somente
um chega vivo ao consumidor, já que os demais acabam morrendo durante a própria captura ou no transporte. São
números alarmantes e que, mesmo assim, continuam crescendo.
Os traficantes de animais são cruéis, e para conquistar os consumidores, agem, por exemplo, quebrando ossos do
peito de aves como das araras, ficando essas imóveis e mansas em conseqüência da dor que sentem, embriagando
macacos com cachaça, para que eles pareçam ser animais dóceis, e aplicando tranquilizantes nos animais para que
os mesmo duram e não chamem a atenção da fiscalização durante o transporte. Ao notarem a presença da
fiscalização, em feiras livres, são capazes de esmagar as cabeças de pequenos pássaros com as próprias mãos,
impedindo que esses sejam apreendidos ainda vivos.
O tráfico usa estratégias que ferem as leis da própria natureza, ao interromper o processo de reprodução das aves,
retirandoas do ninho no momento em que estão chocando, durante o período de acasalamento e procriação que
ocorre entre os meses de agosto até outubro.
Os animais capturados, em sua grande parte nos estados da Bahia e Minas Gerais, são destinados geralmente aos
estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal, onde são vendidos em feiras livres ou mesmo traficados
para outros países.
A malha rodoviária brasileira é utilizada pelos traficantes nos transporte dos animais capturados, tendo como
exemplo as rodovias BR 116 (RioBahia) e Fernão Dias (BHSP). Alguns traficantes tiram dessa atividade uma renda
tão lucrativa que chegam a manter pistas de pouso clandestinas em fazendas para movimentar o tráfico[14].
Diversos animais são vendidos para o exterior com documentação falsificada, sendo que entre os traficantes essa
prática é chamada vulgarmente de lavar ou esquentar os animais. Eles são capturados no Brasil e levados para
países vizinhos, onde recebem a documentação como se fossem nativos daquela região, passandose por animais
exóticos, ou seja, oriundos de outros países. Dessa maneira, já portando os documentos falsos, os traficantes levam
os animais da nossa fauna legalmente para outros países.
O Departamento de Polícia Federal, o Ibama, a Polícia Militar Florestal nos estados brasileiros, diversas
Organizações não Governamentais – Ongs, e outros órgãos ligados à conservação da fauna têm lutado no combate
ao tráfico de animais silvestres, fazendo com que a lei seja cumprida.
Além da necessidade de se ter um efetivo maior nos diversos órgãos ligados à conservação do meio ambiente, é
oportuno ainda enfatizar a importância de se providenciar os recursos materiais essenciais e propiciar cursos de
aperfeiçoamento e treinamentos específicos aos profissionais que atuam no combate ao tráfico de animais, para
aumentar a eficiência e alcançar os resultados desejados.
http://fragiolli.jusbrasil.com.br/artigos/111629271/crimescontraafaunabrevesapontamentosacercadaleidecrimesambientais 6/24
09/05/2015 Crimes contra a fauna: breves apontamentos acerca da lei de crimes ambientais | Artigos JusBrasil
O cenário de controle social acerca do uso de animais no âmbito científico começou a se instaurar propriamente a
partir dos anos 70. Os movimentos sociais, especialmente nos EUA e na Europa, o surgimento da ciência do bem
estar animal e a importante intensificação do debate moral, com o nascimento da bioética e com a contribuição
filosófica que ofereceu fundamentação aos chamados de libertação animal, fizeram que as práticas científicas, que
envolve o uso de animais, fossem, aos poucos, sendo submetida a diferentes mecanismos de controle.
Um reflexo da inserção dessa preocupação na arena social foi o estabelecimento de legislações diretamente
relacionadas ao uso de animais no âmbito científico, ou revisão, para uma maior adequação, das leis de proteção
animal já existentes em diversos países pelo mundo afora.
No Brasil, Cid Couto Chaves apontou a década de 90 como o período de surgimento das comissões de ética no uso
de animais. Talvez por um reflexo do debate internacional e das exigências editoriais para publicação de artigos
científicos, visto que não há ainda uma legislação federal ou algum tipo de resolução nacional que regulamente a
existência dessas comissões. Sendo assim, elas teriam surgido a partir do próprio interesse das instituições de
pesquisa e universidades, o que acarreta também um perfil diferenciado entre as comissões no que se refere ao seu
papel dentro da instituição, sua composição e forma de atuação[15].
Dentre outros aspectos, muito tem se discutido sobre quem deve fazer parte dessas comissões. Em linhas gerais, a
noção da importância da multidisciplinaridade, a exemplo das comissões de ética em pesquisa em seres humanos,
tem sido um ponto em comum no debate. No entanto, diferentes países levam em conta categorias distintas de
membros, a fim de garantir um papel de representação diferenciada dentro dessas comissões. De uma forma geral,
podem ser identificadas basicamente três categorias:
a) Representantes da ciência – membros comprometidos com a ciência em geral, podendo referirse a professores,
cientistas, representantes institucionais;
b) Médico veterinário – destacase o compromisso com o bemestar animal; referese a especialistas em bemestar
animal;
c) Representantes da sociedade – membros que representem a sociedade, especialmente comprometidos com a
proteção animal, e podem ser também eticistas, juristas e outros[16].
6 MAUSTRATOS AOS ANIMAIS: DELITOS QUALIFICADOS COMO CRIME E PUNÍVEIS PELA LEGISLAÇÃO
BRASILEIRA
Atualmente, embora ainda não devidamente adequado a proteger os animais como seres dotados de sentimentos e
sensações, o protecionismo aos animais ganhou certo destaque, permitindo a proteção jurídica com a acepção da
fauna como bem ambiental.
A Constituição Federal de 1988 prevê a proteção ao meio ambiente, a flora e a fauna. Infraconstitucionalmente,
diversas leis esparsas seguem o mesmo sentido, dando azo às responsabilidades civil, administrava e criminal de
quem contra o ambiente comete ilícito.
Cabe ao Direito procurar colocar termo nessas práticas que sacrificam milhares de vidas inocentes. Nesta ordem, a
norma constitucional foi regulamentada com a edição denominada Lei de Crimes Ambientais, Lei nº. 9.605 de
12.2.1998, a qual englobou outros diplomas de proteção da fauna. Com o advento da Lei dos Crimes Ambientais, a
proteção jurídica penal passa a ser o bemestar dos animais e sua integridade biológica, embora há quem defenda
que o bem jurídico a ser tutelado seria tão somente o equilíbrio ecológico. Nesta segunda acepção, tutelase a
função ecológica da fauna e não propriamente os animais, como menciona a Lei de Proteção à Fauna, Lei nº.
5.197/67.
http://fragiolli.jusbrasil.com.br/artigos/111629271/crimescontraafaunabrevesapontamentosacercadaleidecrimesambientais 7/24
09/05/2015 Crimes contra a fauna: breves apontamentos acerca da lei de crimes ambientais | Artigos JusBrasil
Portanto, ao ordenamento penal, a lesão, os maus tratos e a mutilação dos animais legitima a sanção imposta ao
autor da infração, posto ser o bem jurídico merecedor da tutela penal. A vítima ou sujeito passivo é a humanidade e
o próprio animal, seja em consideração à integridade física e moral dos seres humanos, seja à dos animais.
Infelizmente, grande parte da doutrina considera somente a coletividade como sujeito passivo dos crimes contra a
fauna. O mestre Constantino observa que os animais maltratados, feridos ou mutilados, são objetos materiais do
delito e não sujeitos passivos dele [17].
A Lei nº. 9.605/98 protege a fauna ao definir os crimes ambientais e dispor sobre as sanções penais e
administrativas resultantes de atividades e condutas lesivas ao ambiente e aos bens ambientais. As condutas
consideradas criminosas estão descritas nos arts. 29 ao 37, previstos crimes dolosos, bem como a modalidade
culposa. E permitese conceder crimes comissivos por omissão ou falsamente omissivos.
O desenvolvimento humano não pode e não deve servir como desculpa para o desrespeito aos animais. Não se
olvida da necessidade de uma evolução social, mas nunca desmedida, sob pena de se esgotarem as fontes da vida.
Ainda que tardio, é momento para aplicação de nova e adequada postura éticasocioambiental, mediante a inserção
de educação ambiental conjugada com a normatização e controle da proteção jurídica dos animais a se coadunar
com o escopo maior de uma, por que não assim dizer, justiça ambiental[18].
Veremos nos capítulos seguintes, precisamente do capitulo 7 ao 15 que o mestre Constantino discorre em forma
doutrinária os artigos que dispõe dos crimes contra a fauna.
Art. 29. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a
devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida:
§ 1º Incorre nas mesmas penas:I quem impede a procriação da fauna, sem licença, autorização ou em desacordo
com a obtida;II quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo ou criadouro natural;III quem vende, expõe à
venda, exporta ou adquire, guarda, tem em cativeiro ou depósito, utiliza ou transporta ovos, larvas ou espécimes da
fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem como produtos e objetos dela oriundos, provenientes de criadouros
não autorizados ou sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente.
§ 2º No caso de guarda doméstica de espécie silvestre não considerada ameaçada de extinção, pode o juiz,
considerando as circunstâncias, deixar de aplicar a pena.
§ 3º São espécimes da fauna silvestre todos aqueles pertencentes às espécies nativas, migratórias e quaisquer
outras, aquáticas ou terrestres, que tenham todo ou parte de seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites do
território brasileiro, ou águas jurisdicionais brasileiras.
§ 4º A pena é aumentada de metade, se o crime é praticado:I contra espécie rara ou considerada ameaçada de
extinção, ainda que somente no local da infração;II em período proibido à caça;III durante a noite;IV com abuso
de licença;V em unidade de conservação;VI com emprego de métodos ou instrumentos capazes de provocar
destruição em massa.
§ 5º A pena é aumentada até o triplo, se o crime decorre do exercício de caça profissional.
§ 6º As disposições deste artigo não se aplicam aos atos de pesca.
http://fragiolli.jusbrasil.com.br/artigos/111629271/crimescontraafaunabrevesapontamentosacercadaleidecrimesambientais 8/24
09/05/2015 Crimes contra a fauna: breves apontamentos acerca da lei de crimes ambientais | Artigos JusBrasil
O objeto jurídico do delito é o equilíbrio ecológico advindo da necessária preservação de todos espécimes que, de
um modo ou de outro, integrem a fauna silvestre brasileira – sejam eles pertencentes às espécies nativas, às
migratórias (de curtas e longas migrações), e a quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, ameaçadas ou não de
extinção.
Os objetos materiais do delito são os espécimes da fauna silvestre brasileira, nativas ou migratórias.
O sujeito ativo é qualquer pessoa (física) sem a devida permissão, licença ou autorização competente, para praticar
os verbos previstos no tipo, ou o indivíduo que, embora possuindo tal permissão, licença ou autorização, aja em
desacordo com a mesma.
O sujeito passivo é a coletividade. Os animais são objetos materiais do delito e não sujeitos passivos dele. Cremos
que, aqui, se deva fazer o mesmo raciocínio tecido em relação à subjetividade passiva da contravenção penal de
crueldade contra os animais (art. 64 da L.C.P.).
São os verbos e aspectos do caput, embora o tipo penal mencione “matar, perseguir caçar, apanhar, utilizar
espécimes da fauna silvestre”. Poderseia invocar, quanto a este aspecto, o chamado princípio da insignificância
penal, argumentandose que o bem jurídico tutelado pela Lei Ambiental é o equilíbrio ecológico advindo da
necessária preservação da fauna.
Aqui o tipo subjetivo é o dolo, direto ou eventual. Neste crime podemos observar que não há conduta culposa, pois a
intenção do sujeito ativo é matar, perseguir, caçar, apanhar e utilizar espécimes da fauna brasileira.
Os elementos normativos estão contidos na expressão: “sem a devida permissão, licença ou autorização da
autoridade competente, ou sem desacordo com a obtida”.
Para se concretizar a consumação do crime aqui previsto é necessário que ocorra a morte, a perseguição, os atos
de caça, a captura ou a utilização dos espécimes, de forma indevida.
A tentativa é possível, a nosso ver, nos verbos matar e apanhar, denotativos de condutas de crime material; já os
verbos perseguir e caçar não permitem tentativa, por serem de mera conduta, o verbo utilizar parece, também, não
ser suscetível do conatus, porque o sujeito ativo, para utilizar, tem que primeiro perseguir ou apanhar o animal.
http://fragiolli.jusbrasil.com.br/artigos/111629271/crimescontraafaunabrevesapontamentosacercadaleidecrimesambientais 9/24
09/05/2015 Crimes contra a fauna: breves apontamentos acerca da lei de crimes ambientais | Artigos JusBrasil
Art. 30. Exportar para o exterior peles e couros de anfíbios e répteis em bruto, sem a autorização da autoridade
ambiental competente:
O objeto jurídico do delito é o equilíbrio ecológico advindo da necessária preservação dos espécimes da fauna
silvestre e aquática, especialmente anfíbios e répteis, ameaçados ou não de extinção.
O objeto material do delito neste crime são os couros e as peles em bruto, de répteis e anfíbios, estejam estes
ameaçados ou não de extinção, e mesmo com o abatimento dos animais o sujeito ativo não fica em pune.
O sujeito ativo é qualquer pessoa (física), sem a autorização da autoridade ambiental competente, para exportar
peles e couros dos animais acima referidos.
O sujeito passivo é a coletividade. Os animais, cujas peles ou couros são extraídos, constituemse em objetos
materiais do delito e não em sujeitos passivos dele.
É o verbo exportar, a exportação de uma só pelé ou couro, sem a autorização da autoridade ambiental competente,
configura o crime, isto, porque o princípio da insignificância deve ser utilizado, com muita reserva, em matéria de
crimes ambientais.
O tipo subjetivo deste artigo é o dolo, não havendo conduta culposa, pois há a intenção do sujeito ativo em exportar
o tipo material.
Está contido na expressão “sem a autorização da autoridade ambiental competente”. Para exportar peles ou couros
de anfíbios e répteis são necessários documentos que prove a legalidade de que os animais abatidos para tal fim
sejam de criadores credenciados.
A consumação se dá com a remessa para o exterior das peles ou couros.
http://fragiolli.jusbrasil.com.br/artigos/111629271/crimescontraafaunabrevesapontamentosacercadaleidecrimesambientais 10/24
09/05/2015 Crimes contra a fauna: breves apontamentos acerca da lei de crimes ambientais | Artigos JusBrasil
A tentativa é possível, pois o agente pode ser surpreendido pela polícia, no porto, aeroporto ou em rodovias, antes
que a exportação se realize.
Art. 31. Introduzir espécime animal no País, sem parecer técnico oficial favorável e licença expedida por autoridade
competente:
O objeto jurídico do delito é o equilíbrio ecológico advindo da necessária preservação da fauna brasileira, silvestre e
aquática, conforme ela é, livre da introdução de espécimes exóticos sem a devida licença dos órgãos responsáveis.
O objeto material do delito é todo o espécime animal exótico; o termo exótico é empregado, aqui, no sentido de
estrangeiro, não nativo, vindo de outro país.
O sujeito ativo é qualquer pessoa (física), que não tenha o parecer técnico oficial favorável e a licença expedida por
autoridade competente, para introduzir espécime animal exótica no País.
O sujeito passivo sempre será a coletividade, pois a fauna brasileira é afetada pela conduta praticada pelo agente
que introduzir espécime diversificada no país, mas ela não pode ser vítima do delito.
O tipo objetivo é o verbo introduzir presente no caput do artigo 31 deste diploma legal
O tipo subjetivo presente neste artigo é o dolo, abrangente da consciência de que o espécime animal, a ser
introduzido, é exótico. Não há conduta culposa.
O elemento normativo está contido na expressão “sem parecer técnico oficial favorável e licença expedida por
autoridade competente”, pois para a introdução de novas espécimes no país é necessário que um
técnico/especialista avalie as condições do equilíbrio ecológico que a mesma pode acarretar no país.
A consumação se dá com a introdução do animal exótico no País.
http://fragiolli.jusbrasil.com.br/artigos/111629271/crimescontraafaunabrevesapontamentosacercadaleidecrimesambientais 11/24
09/05/2015 Crimes contra a fauna: breves apontamentos acerca da lei de crimes ambientais | Artigos JusBrasil
Neste crime a tentativa é possível, mas os últimos atos executórios devem ocorrer fora do território nacional.
Art. 32. Praticar ato de abuso, maustratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos
ou exóticos:
§ 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins
didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos.
§ 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal.
É a necessidade, para que se mantenha o equilíbrio ecológico, de se preservarem os animais silvestres, domésticos
ou domesticados, nativos ou exóticos, que compõem o nosso ecossistema ou que foram a ele integrados, em seu
estado físico natural, ou seja, livres de quaisquer abusos, maustratos, ferimentos ou mutilações.
O objeto material do delito previsto neste artigo é todo o animal silvestre, doméstico ou domesticado, nativo ou
exótico, integrante de nosso ecossistema.
O sujeito passivo é a coletividade. Os animais sendo abusados, maltratados, feridos ou mutilados, são objetos
materiais do delito e não podendo ser sujeitos passivos dele.
São os verbos típicos e aspectos do caput, praticar significa realizar, efetuar; abuso é o uso errado ou excessivo.
Já a expressão “maustratos” foi utilizada, aqui, impropriamente pelo Legislador, uma vez que o mesmo termo é
empregado no art. 136 do Código Penal, em relação a seres humanos; mas, seja esta uma locução adequada ou
não, maustratos vêm do verbo maltratar, que significa tratar com violência, bater em.
O tipo subjetivo é o dolo, abrangente da consciência do abuso, dos maustratos ou da crueldade. Não há conduta
culposa.
Os elementos subjetivos do injusto ocorre apenas no § 1º deste artigo, isto é, quando há o especial fim de agir, por
parte do sujeito ativo, que atua para fins didáticos ou científicos.
http://fragiolli.jusbrasil.com.br/artigos/111629271/crimescontraafaunabrevesapontamentosacercadaleidecrimesambientais 12/24
09/05/2015 Crimes contra a fauna: breves apontamentos acerca da lei de crimes ambientais | Artigos JusBrasil
O elemento normativo está contido na expressão quando existirem recursos alternativos, previsto no final do § 1º
deste diploma legal.
A consumação ocorre quando os verbos contidos no caput, ferir ou mutilar sejam praticados, tratase de crime de
dano, perfazendose somente com o efetivo ferimento ou mutilação.
Neste crime a tentativa é possível, tanto nas hipóteses de crime de dano quanto nas de crime de perigo,
dependendo do caso concreto.
11 DO CRIME PREVISTO NO ART. 33 DA LEI Nº. 9.605/98
Art. 33. Provocar, pela emissão de efluentes ou carreamento de materiais, o perecimento de espécimes da fauna
aquática existentes em rios, lagos, açudes, lagoas, baías ou águas jurisdicionais brasileiras:
Pena detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas cumulativamente.
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas:I quem causa degradação em viveiros, açudes ou estações de
aqüicultura de domínio público;II quem explora campos naturais de invertebrados aquáticos e algas, sem licença,
permissão ou autorização da autoridade competente;III quem fundeia embarcações ou lança detritos de qualquer
natureza sobre bancos de moluscos ou corais, devidamente demarcados em carta náutica.
É o equilíbrio ecológico advindo da necessária preservação da fauna aquática, bem como de vegetais hidróbios,
existentes em rios, lagos, açudes, lagoas, baías, dentro dos limites de nosso território, ou em águas jurisdicionais
brasileiras.
São todos os espécimes da fauna aquática brasileira, sejam eles pertencentes às espécies nativas ou as
migratórias, como também os vegetais hidróbios, existentes em rios, lagos, açudes, lagoas, baías, dentro dos
limites de nosso território, ou em águas jurisdicionais brasileiras.
Aqui qualquer pessoa física pode ser sujeito ativo do crime previsto neste artigo.11.4 DO SUJEITO PASSIVO
A coletividade. Os espécimes da fauna aquática, que venham a parecer através da conduta criminosa, são objetos
materiais do delito e não sujeitos passivos dele.
São os verbos típicos e aspectos do caput; provocar significa causar, ocasionar, produzir; pela emissão quer dizer
jogando fora ou expelindo de si; enfluentes são fluidos ou líquidos que emanam de um corpo, processo, dispositivo,
equipamento ou instalação; carreamento significa, no seu uso comum, levar ou conduzir em carro – porém, aqui,
http://fragiolli.jusbrasil.com.br/artigos/111629271/crimescontraafaunabrevesapontamentosacercadaleidecrimesambientais 13/24
09/05/2015 Crimes contra a fauna: breves apontamentos acerca da lei de crimes ambientais | Artigos JusBrasil
cremos que tenha um sentido mais de acarretamento (isto é: legar algo, acarretando um efeito); perecimento é a
morte.
Só o dolo, direto ou eventual; o tipo do parágrafo único, inciso III, exige a consciência, por parte do agente, de que
a área foi devidamente demarcada em carta náutica. Não há conduta culposa.
Os elementos normativos encontramse no parágrafo único, nas seguintes expressões:
sem licença, permissão ou autorização da autoridade competente (inciso II);
A consumação está prevista no caput com o efetivo perecimento (morte) dos espécimes da fauna aquática; tratase
de crime material.
As figuras do parágrafo único estão configuradas como crimes de perigo.
A tentativa é possível, tanto nas hipóteses de crime de dano, quanto nas de crime de perigo, dependendo do caso
concreto.
Art. 34. Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em lugares interditados por órgão competente:
Pena detenção de um ano a três anos ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.
I pesca espécies que devam ser preservadas ou espécimes com tamanhos inferiores aos permitidos;
II pesca quantidades superiores às permitidas, ou mediante a utilização de aparelhos, petrechos, técnicas e
métodos não permitidos;
III transporta, comercializa, beneficia ou industrializa espécimes provenientes da coleta, apanha e pesca proibida.
É o equilíbrio ecológico advindo da necessária preservação da fauna aquática, especialmente da fauna ictiológica,
bem como os vegetais hidróbios, existentes em rios, lagoas, açudes, lagos, baías, dentro dos limites de nosso
território, ou em águas jurisdicionais brasileiras.
http://fragiolli.jusbrasil.com.br/artigos/111629271/crimescontraafaunabrevesapontamentosacercadaleidecrimesambientais 14/24
09/05/2015 Crimes contra a fauna: breves apontamentos acerca da lei de crimes ambientais | Artigos JusBrasil
Observamos que o objeto material do delito está previsto no art. 36 desse diploma legal, são os peixes, crustáceos
e moluscos, bem como os vegetais hidróbios.
O sujeito passivo deste crime é a coletividade. Os espécimes pescados, em períodos ou locais proibidos,
constituemse em objetos materiais do delito e não em sujeitos passivos dele.
O tipo objetivo estão presentes nos verbos típicos e aspectos do caput e incisos do artigo 34.
Só dolo, abrangente da consciência de que o período ou local, em que o agente está pescando, são proibidos, ou
quanto à proibição da pesca de certas espécies, quantidades ou do uso de determinados métodos. Não há conduta
culposa.
No caput, “período no qual a pesca seja proibida ou em lugares interditados por órgão competente”;
No parágrafo único, “espécies que devam ser preservadas ou espécimes com tamanhos inferiores aos permitidos”
(inc. I); “quantidades superiores às permitidas, ou mediante a utilização de aparelhos, petrechos, técnicas e métodos
não permitidos” (inc. II) “coleta, apanha e pescas proibidas” (inc. III).
Darseá consumação com a efetiva pesca (retirada, extração, coleta, apanha, apreensão ou captura de espécimes
dos grupos dos peixes, crustáceos, moluscos e vegetais hidróbios).
A tentativa é possível, pois tratase de crime material, caso o agente não consiga efetivar a pesca por completa,
aplicase a tentativa.
I explosivos ou substâncias que, em contato com a água, produzam efeito semelhante;
II substâncias tóxicas, ou outro meio proibido pela autoridade competente:
http://fragiolli.jusbrasil.com.br/artigos/111629271/crimescontraafaunabrevesapontamentosacercadaleidecrimesambientais 15/24
09/05/2015 Crimes contra a fauna: breves apontamentos acerca da lei de crimes ambientais | Artigos JusBrasil
É o equilíbrio ecológico advindo da necessária preservação da fauna aquática, especialmente a ictiológica, existente
em rios, lagos, açudes, lagoas, baías, dentro dos limites de nosso território, ou em águas jurisdicionais brasileiras.
Os objetos materiais do delito são, vias de regra, os peixes, mas os crustáceos e moluscos também podem sêlo
(art. 36 da presente Lei).
A coletividade. Os espécimes pescados, mediante o uso dos meios acima referidos, constituemse em objetos
materiais do delito e não em sujeitos passivos dele.
O tipo objetivo é o verbo pescar e elementares presentes no caput deste artigo.
Só o dolo, abrangente, no inciso II, segunda figura, da consciência de que o meio utilizado é proibido pela autoridade
competente. Não há conduta culposa.
O elemento normativo está contido no inciso II, segunda figura, na expressão “outro meio proibido pela autoridade
competente”.
Com a efetiva pesca (retirada, extração, coleta, apanha, apreensão ou captura de espécimes dos grupos dos peixes,
crustáceos, moluscos e vegetais hidróbios), mediante emprego de explosivos ou substancias análogas, substancias
tóxicas ou outros meios proibidos.
A tentativa é possível, pois tratase de crime material, aqui o agente tem a intenção de utilizar meios abusivos para
a efetivação da pesca.
Art. 36. Para os efeitos desta Lei, considerase pesca todo ato tendente a retirar, extrair, coletar, apanhar, apreender
ou capturar espécimes dos grupos dos peixes, crustáceos, moluscos e vegetais hidróbios, suscetíveis ou não de
aproveitamento econômico, ressalvadas as espécies ameaçadas de extinção, constantes nas listas oficiais da fauna
e da flora.
http://fragiolli.jusbrasil.com.br/artigos/111629271/crimescontraafaunabrevesapontamentosacercadaleidecrimesambientais 16/24
09/05/2015 Crimes contra a fauna: breves apontamentos acerca da lei de crimes ambientais | Artigos JusBrasil
Neste artigo, há um caso de interpretação autêntica, ou seja, aquela dada pelo próprio Legislador, dentro do texto
legal por ele elaborado.
A lista oficial que traz as espécies da fauna brasileira ameaçada de extinção é encontrada na Portaria nº 1.522/89
do IBAMA.
Art. 24 do C.P – Considerase em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não
provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo, sacrifício, nas
circunstancias, não era razoável exigirse:
§ 1º. Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo.
§ 2º. Embora seja razoável exigirse o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois
terços.
Tratase de um dispositivo que contém causas excludentes da antijuridicidade específicas da Lei Ambiental,
estabelecendo algumas hipóteses peculiares de estado de necessidade, aplicáveis somente aos delitos previstos no
Capitulo V, Seção I. A lei nº 9.605/98, em si, não esclarece o que seja estado de necessidade, mas o Código Penal
o faz, e tal conceito pode e deve ser importado para cá, por força do art. 79 do Diploma Legal sub examine[19]:
Antes do advento da Lei nº 9.605/98 o doutrinador Paulo José da Costa Jr. salientava que, com relação às pessoas
físicas estão previstas e são aplicadas as sanções penais da pena detentora ou pecuniária. “Se o crime for
especificamente ecológico, protegendo de forma direta e autônoma tão somente os bens do meio ambiente natural,
as sanções previstas são a privação da liberdade, por período não longo, e a cominação de multa de não excessiva
gravidade”[20]. Continuando com o entendimento do nobre doutrinador, em se tratando de bens de valor mais
relevante como a vida, incolumidade ou saúde dos cidadãos, a pena é mais grave.
Com relação à pessoa jurídica, Paulo José da Costa Jr. aponta a pena pecuniária como a mais adequada. De outra
parte, Luiz Flávio Gomes destaca, o inconveniente da possibilidade do montante dessa multa ser simplesmente
repassado ao consumidor final, portanto, ser inócua. Em parte, tem razão, se a empresa dominar o mercado, pois
caso contrário, o consumidor terá alternativas de aquisição, provavelmente mais barata[21]
Estas sanções não se confundem com a obrigação legal de reparar os danos causados (Art. 225 § 3º CF/88), tendo
em vista que a reparação é de natureza civil e independe de culpa do autor da ação ou omissão; já para aplicar
sanção penal ou administrativa, devese demonstrar a culpa do agente infrator.
17 PENAS APLICÁVEIS ÀS PESSOAS FÍSICAS NA LEI Nº. 9.605/98
São dos artigos 29 a 69, da lei nº 9.605/98, serão aplicadas em caráter excepcional, dado que a mens legis foi a de
ampliar a possibilidade de sua substituição por penas restritivas de direito, cumpre ressaltar que em apenas três
delitos as penas máximas chegam a 5 (cinco) anos (arts. 35, 40 e 54 § 2º pois as demais não chegam a quatro
anos).
http://fragiolli.jusbrasil.com.br/artigos/111629271/crimescontraafaunabrevesapontamentosacercadaleidecrimesambientais 17/24
09/05/2015 Crimes contra a fauna: breves apontamentos acerca da lei de crimes ambientais | Artigos JusBrasil
Dos artigos 7º a 13, da lei nº 9.605/98 e se dividem em:I – prestação de serviços a comunidade (art. 8º, I e 9º, da
Lei Ambiental)– consiste na atribuição ao condenado de prestar tarefas gratuitas junto a parques e jardins públicos e
unidades de conservação, e no caso de dano de coisa particular, pública ou tombada, na restauração desta, se
possível;II – Interdição temporária de direitos (art. 8º, II e 10, da Lei Ambiental)– referese a proibição do condenado
contratar com o Poder Público, bem como de receber incentivos fiscais ou quaisquer outros benefícios e de
particular de licitações, pelo prazo de cinco anos, no caso de crimes dolosos, e de três anos, no caso de crimes
culposos.III – suspensão total ou parcial de atividades (art. 8º, III e 11, da Lei Ambiental)– será aplicada quando as
atividades não estiverem obedecendo às prescrições legais.IV – prestação pecuniária (art. 8º, IV e 12 da Lei
Ambiental)– consiste no pagamento em dinheiro à vitima ou à entidade pública ou privada com fim social, da
importância fixada pelo juiz não inferior a um salário mínimo nem superior a 360 salários mínimos. O valor pago será
deduzido do montante de eventual reparação civil a que for condenado o infrator.
A pena pecuniária, não se identifica com a pena de multa prevista no Código Penal e recolhida ao
Fundo Penitenciário Nacional.
Isto porque o art. 18, da Lei nº 9.605/98 referese à pena de multa e os arts. 8º, IV e 12 desse diploma legal refere
se à prestação pecuniária[22]
V – Recolhimento domiciliar (art. 8º, V e art. 19, da Lei Ambiental)– baseiase na autodisciplina e senso de
responsabilidade do condenado, que deverá, sem vigilância, trabalhar, frequentar curso ou exercer atividade
autorizada, permanecendo recolhido nos dias e horários de folga em residência ou em qualquer lugar distando à sua
moradia habitual, conforme estabelecido na sentença condenatória.
O recolhimento domiciliar aproximase da limitação de fim de semana prevista nos arts. 151 a 153, da Lei de
Execução Penal, mas com essa não se identifica. Tratase de figura híbrida que possui pontos de semelhança na
prisão domiciliar (art. 117, da LEP) e na limitação de fim de semana. Em ultima análise, configura na realidade uma
pena restritiva de liberdade, consignada no art. 5º, XLVI, a, da Constituição Federal[23].
17.1 AS PENAS APLICÁVEIS ÀS PESSOAS JURÍDICAS, SUAS FUNÇÕES E SEUS EFEITOS
Incabível dizer que a pessoa jurídica não pode sofrer sanções penais, uma vez que, mesmo no que diz com o
Direito Penal tradicional, aplicável às pessoas naturais, sanção penal não é sinônimo de restrição da liberdade. A
pena corporal, privativa de liberdade, não é a única existente no rol das sanções penais. Esta é a única que,
evidentemente, é inaplicável às pessoas jurídicas.
Ressaltase também que, no caso dos crimes ambientais, poucas vezes a pena de prisão é cumprida pelas pessoas
naturais que os praticam, visto que, de acordo com os artigos. 7º e 16 da LCA, as penas privativas da liberdade
podem ser substituídas por penas restritivas de direitos quando forem aplicadas a crimes culposos, com duração
inferior a quatro anos e, também de modo geral, em se tratando de pena privativa de liberdade não superior a três
anos, pode esta ser condicionalmente suspensa.
Assim, tendo em vista que poucos crimes ambientais, como os previstos nos artigos 35, 40 e 54 da LCA, praticados
por pessoas naturais podem ter pena privativa de liberdade superior a quatro anos, é razoável deduzir que raramente
a pena privativa de liberdade é aplicada às pessoas naturais, o que não suprime o caráter de sanção criminal das
penas restritivas de direito que podem substituílas. Portanto, não se pode afirmar que não há sanção penal aplicável
às pessoas jurídicas como se a única sanção penal prevista no ordenamento jurídico fosse a pena privativa da
liberdade, ignorando todos os dispositivos da LCA que fixam penas específicas para as pessoas jurídicas.
http://fragiolli.jusbrasil.com.br/artigos/111629271/crimescontraafaunabrevesapontamentosacercadaleidecrimesambientais 18/24
09/05/2015 Crimes contra a fauna: breves apontamentos acerca da lei de crimes ambientais | Artigos JusBrasil
A Lei de Crimes Ambientais não deixa penas atreladas aos tipos. Ela prevê, em capítulo especial, as penas
aplicáveis às pessoas jurídicas. Não se trata de sanções administrativas ou civis, posto que estão dispostas na Lei
dos Crimes Ambientais e aplicamse às pessoas jurídicas. São elas: multa, suspensão parcial ou total das
atividades, interdição temporária, proibição de contratar com o poder público, prestação de serviços à comunidade e
liquidação forçada.
Para que seja aplicada a multa, levase em conta a situação econômica do infrator. Este fato nos remete a mais
uma vantagem da possibilidade de responsabilizarse a pessoa jurídica: normalmente sua situação econômica tende
a ser bem melhor do que a situação econômica de seus representantes. A crítica a esta pena reside no fato de que
a multa cominada à pessoa jurídica não ganhou disciplina própria: aplicase a regra do art. 18 da LCA, que remete
às normas do CP, o que faz com que a multa possa não ser condizente com o faturamento da empresa.
Há um posicionamento contrário: para alguns juristas o legislador foi prudente ao fixar a sanção pecuniária máxima
nos moldes do CP. Sustentam que os valores podem ser significativos até mesmo para empresas de grande porte e
que já são suficientes para exercer a função preventiva. O cálculo da prestação pecuniária é o seguinte: cinco vezes
o salário mínimo, multiplicado 360 dias, multiplicado por três.
A pena de multa, tão criticada por sua suposta ineficácia, no caso da pessoa jurídica pode ser uma das sanções
mais eficazes, visto que muitos delitos ambientais são cometidos pelos entes coletivos com o intuito de reduzir
custos, tais como o despejo de resíduos tóxicos sem qualquer tratamento, a utilização de agrotóxicos não
permitidos, entre tantas outras atividades lesivas ao meio ambiente e, via de conseqüência, à saúde humana. Se um
crime é cometido por ambições financeiras, uma pena que envolva prestação pecuniária pode mostrarse eficaz. O
caráter da multa penal (e não administrativa) traz vantagens processuais à defesa do infrator e, ademais, sua
aplicação deixa marcas negativas e indesejáveis à pessoa jurídica, marcas estas que podem obstar a celebração de
futuros contratos. Nesse sentido, a tutela penal do meio ambiente visa a não reincidência na prática de crimes
ambientais.
No que diz com as penas restritivas de direitos, deve o juiz agir com cuidado quando as impuser, mantendose
atento à equidade. Para Gilberto Passos de Freitas e Vladmir Passos de Freitas,"essas restrições acabarão sendo
as verdadeira e úteis sanções"24 à proporção que remetem à reparação do dano, quando for possível.
A questão que suscita dúvidas diz com o prazo de duração da pena restritiva de direitos, que, de acordo com o art.
55 do CP, limitase à duração da pena privativa de liberdade substituída, sendo que, muitas vezes, os efeitos do
crime prolongamse mais no tempo, mas não há como imporse sanção superior ao máximo permitido por Lei,
devendo ser o acompanhamento da recuperação integral feito através de ação civil pública.
A suspensão parcial ou total das atividades é aplicada sempre que as leis de proteção ambiental estiverem sendo
desrespeitadas. Visa, portanto, uma espécie de"ressocialização", à medida que conduz a pessoa jurídica à adequada
e não prejudicial inserção social.
Deve ser aplicada quando houver falta de autorização, ou discordância entre a autorização e a atividade
efetivamente realizada ou, ainda, quando tal atividade for contrária à lei.
d) A proibição de contratar com o poder público, bem como dele obter subsídios, subvenções ou doações.
http://fragiolli.jusbrasil.com.br/artigos/111629271/crimescontraafaunabrevesapontamentosacercadaleidecrimesambientais 19/24
09/05/2015 Crimes contra a fauna: breves apontamentos acerca da lei de crimes ambientais | Artigos JusBrasil
Pelo prazo de até dez anos aplicase quando normas, critérios e padrões ambientais são descumpridos, também
visando à mudança da política da empresa, no sentido de estar esta apta a desenvolver suas atividades sem lesar o
meio ambiente, bem de uso comum do povo.
A prestação de serviços à comunidade consiste em custear programas e projetos ambientais, executar obras de
reparação de áreas degradadas, manter espaços públicos e contribuir com entidades ambientais ou culturais
públicas. A função é social e seu cumprimento implica a educação daqueles que ainda não têm discernimento
acerca da melhor forma de usufruir e preservar os recursos naturais.
Ao contrário do que ocorre normalmente no direito penal, na esfera ambiental esta pena não é substitutiva (para
pessoas jurídicas), o que é lógico, pois a PSC substitui a pena quando esta é privativa de liberdade igual ou inferior
a seis meses e, por questões ontológicas, a pessoa jurídica não é passível de ser penalizada com penas privativas
de liberdade.
A prestação de serviços à comunidade pode ser aplicada isolada, cumulativa ou alternativamente com a pena de
multa e com as penas restritivas de direito, o que é muito útil uma vez que a PSC é a pena que reverte em maiores
benefícios à sociedade à curto prazo, porque requer investimentos diretos na própria efetivação do cumprimento da
pena.
A liquidação forçada é a penalidade mais grave. Aplicase quando a pessoa jurídica for constituída ou utilizada
preponderantemente com a finalidade de envolverse em crimes ambientais. No âmbito das penas aplicáveis às
empresas, a maior diferença entre estas e as penas aplicáveis à pessoa natural, no que tange às funções da pena,
é o fato de que o sistema jurídico admite a"pena de morte"para a pessoa jurídica – e veda sua aplicação à pessoa
natural no direito brasileiro – sendo esta pena de morte representada pela liquidação forçada.
Para Gilberto e Vladmir Passos de Freitas, por não se conhecer empresas que se encaixem nas exigências legais
para a liquidação, em razão da atividade preponderante, a pena de liquidação forçada tem forte caráter preventivo e
sua aplicação deverá ser rara, até porque depende de pedido expresso na denúncia, pois, em sendo diretamente
imposta pelo juiz na sentença, obsta o direito à ampla defesa e ao contraditório[25].
CONCLUSÃO
Gradativamente o ser humano vem destruindo, devastando e poluindo o meio ambiente, assim comprometendo a
fauna e a flora.
Procurouse aqui utilizarse de vernáculo de fácil entendimento, no tocante a definição dos crimes estabelecidos nos
artigos 29 à 37 da Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, a chamada Lei dos Crimes Ambientais, e por assim
praticados contra a fauna.
Os crimes contra a fauna constituem um problema fundamental no mundo contemporâneo. A humanidade orgulhosa
de suas conquistas científicas e técnicas, do desenvolvimento da cultura e educação, encontrase ante a ameaça de
sua autodestruição, e não só para o lado científico mas também de visarem lucros por meios ilícitos.
É necessário que estabeleça uma nova relação entre o homem e os animais, baseada no mútuo respeito e na mútua
dependência, com a predominância do interesse coletivo sobre o individual, induzindo nova postura da sociedade
para com o meio ambiente, requerendo um novo enfoque dos problemas existentes e uma adequação da ordem
jurídica para as suas soluções.
Por fim é preciso que a população tenha conhecimento deste ordenamento jurídico e suas sanções, um método
eficaz seria o Estado investir, promover mais campanhas educadoras e implantar noções de meio ambiente no
ensino médio e fundamental, e certamente assim todos teremos uma condição social de vida mais digna e
http://fragiolli.jusbrasil.com.br/artigos/111629271/crimescontraafaunabrevesapontamentosacercadaleidecrimesambientais 20/24
09/05/2015 Crimes contra a fauna: breves apontamentos acerca da lei de crimes ambientais | Artigos JusBrasil
equânime.
REFERÊNCIAS
ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito ambiental. 2. ed. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 1988.
______, Direito ambiental. 2. ed. Rio de Janeiro; Lúmen Júris, 1998.
BRASIL. Constituição Federal 1988. Constituição da Republica Federativa do Brasil, 17. ed. São Paulo: Atlas, 2001.
CHAVES, Cid Couto Situação atual das comissões de ética no uso de animais em atividade no Brasil. Niterói, 2000.
Monografia de conclusão do curso de Medicina Veterinária Universidade Federal Fluminense.
CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA VETERINÁRIA. Revista CFMV – Brasília/DF – Ano IX – Nº 28 e 29 Janeiro a
Agosto de 2003.
______, Revista CFMV – Brasília/DF – Ano X – Nº 32 Maio/Junho/Julho/Agosto de 2004.
______, Revista CFMV – Brasília/DF – Ano X – Nº 36 Setembro/Outubro/Novembro/ Dezembro de 2005.
CONSTANTINO, Carlos Ernani. Delitos ecológicos: a lei ambiental comentada. São Paulo, Atlas, 2001.
______, Delitos Ecológicos: a lei ambiental comentada: artigo por artigo: aspectos penais e processuais penais. São
Paulo: Lemos e Cruz, 3ª ed. 2005.
COSTA JR, Paulo José. Direito Penal Ecológico. São Paulo, CETESB, 1981.
FREITAS, Vladimir Passos de; FREITAS, Gilberto Passos de. Crimes contra a natureza. 7. ed. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2001.
GOMES, Luiz Flávio. Proteção penal do meio ambiente, in: RT 663/390393, São Paulo, 1991.
MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro, 8ª ed. São Paulo, Malheiros, 2000.
______. Direito Ambiental Brasileiro. 11. ed. Rio de Janeiro: Malheiros, 2003
MILARÉ, Edis. Direito do Meio Ambiente: doutrina, prática, jurisprudência, glossário. 2. ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2001.
MUKAI, Toshio apud ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito Ambiental. 2. ed. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 1998.
PRADO, Luiz Regis em Crimes Contra o Meio Ambiente, Revista dos Tribunais, 1998.
PRIEUR, Michel apud MILARÉ, Edis. Direito do Meio Ambiente: doutrina, prática, jurisprudência, glossário. 2. ed.
rev. ampl. e atual. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001.
RODRIGUES, Danielle Tetü, Direito & Os Animais, O Uma Abordagem Ética, Filosófica e Normativa. 1 ed. Juruá.
2003.
SILVA, José Afonso da . Direito ambiental constitucional. 2. ed. São Paulo: Malheiros, 1997.
http://fragiolli.jusbrasil.com.br/artigos/111629271/crimescontraafaunabrevesapontamentosacercadaleidecrimesambientais 21/24
09/05/2015 Crimes contra a fauna: breves apontamentos acerca da lei de crimes ambientais | Artigos JusBrasil
TRINDADE, Antonio A. Caçando Direitos Humanos e meio ambiente: paralelos do sistema de proteção internacional.
Porto Alegre: Fabris, 1993
PORTARIA IBAMA Nº 1.522, de 19 de dezembro 1989 Disponível em:
<http://www.ibama.gov.br/fauna/trafico/procedimentos.htm> acesso em 07 maio 2006.
PORTARIA IBAMA Nº 1.522, DE 19 DE DEZEMBRO 1989. Disponível em:
<http://www.cetesb.sp.gov.br/licenciamentoo/legislacao/federal/portarias/1989_Port_IBAMA_1522.pdf> acesso em 9
out. 2006.
1 Em francês, a palavra meio tem mais de uma versão. Meio, como intermediário, recurso ou instrumento, é moyen,
que teria ainda outros significados. Meio como contexto, espaço ou lugar, é milieu. Já ambiant deriva diretamente do
latim, “o que rodeia por todos os lados”. Ambiance, substantivo, é a atmosfera material ou moral que cerca uma
pessoa ou uma reunião de pessoas. PRIEUR, Michel apud MILARÉ, Edis. Direito do Meio Ambiente: doutrina,
prática, jurisprudência, glossário. 2. ed. rev. ampl. e atual. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001. p. 61.
2 SILVA, José Afonso da . Direito ambiental constitucional. 2. ed. São Paulo: Malheiros, 1997. p. 30.
3 BRASIL. Constituição Federal 1988. Constituição da Republica Federativa do Brasil, 17. ed. São Paulo: Atlas,
2001. p. 204.
4 MACHADO, Paulo Afonso Leme. Direito ambiental brasileiro. 11. ed. rev. atual. e ampl. Rio de Janeiro: Malheiros,
2003. p. 59
5 MILARÉ, Edis. Direito do Meio Ambiente: doutrina, prática, jurisprudência, glossário. 2. ed. rev. ampl. e atual. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2001.
6 MUKAI, Toshio apud ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito Ambiental. 2. ed. rev. e ampl. Rio de Janeiro: Lúmen
Júris, 1998. p.9.
7 BESSA, Paulo Afonso de. Direito ambiental. 2. ed. rev. e ampl. Rio de Janeiro; Lúmen Júris, 1998, p. 25.
8 MILARÉ, Edis. Direito do Meio Ambiente: doutrina, prática, jurisprudência, glossário. 2. ed. rev. ampl. e atual. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2001. p. 112.
9 TRINDADE, Antonio A . Caçando Direitos Humanos e meio ambiente: paralelos do sistema de proteção
internacional. Porto Alegre: Fabris, 1993. p. 76.
http://fragiolli.jusbrasil.com.br/artigos/111629271/crimescontraafaunabrevesapontamentosacercadaleidecrimesambientais 22/24
09/05/2015 Crimes contra a fauna: breves apontamentos acerca da lei de crimes ambientais | Artigos JusBrasil
10 SILVA, José Afonso da. Direito Ambiental constitucional. 2. ed. São Paulo: Malheiros, 1997. p. 30.
11 Foi através da Lei de Política Nacional do Meio Ambiente (Nacional Environmental Protection Act – NEPA),
aprovada pelo Congresso americano em , 1969, que se deu tratamento metódico ao EIA apud MILARÉ, Edis. Direito
do meio ambiente: doutrina, prática, jurisprudência, glossário. 2. ed. rev. ampl. e atual. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2001. p. 114.
12 ANTUNES, PAULO DE Bessa. Direito ambiental. 2. ed. rev. e ampl. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 1988. p. 31.
13 COMISSÃO MUNDIAL SOBRE O MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO apud MILARÉ, Edis. Direito do meio
ambiente: doutrina, pratica, jurisprudência, glossário. 2. ed. rev. ampl. e atual. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2001. p. 122.
14 Revista CFMV – Brasília/DF – Ano IX – Nº 28 e 29 Janeiro a Agosto de 2003.
15 CHAVES, Cid Couto. Situação atual das comissões de ética no uso de animais em atividade no Brasil. Niterói,
2000. Monografia de conclusão do curso de Medicina Veterinária Universidade Federal Fluminense.
16 Revista CFMV – Brasília/DF – Ano X – Nº 32 Maio/Junho/Julho/Agosto de 2004.
17 CONSTANTINO, Carlos Ernani. Delitos ecológicos: a lei ambiental comentada. São Paulo, Atlas, 2001, p.119.
18 RODRIGUES, Danielle Tetü, Advogada socioambientalista em Curitiba/PR, Doutoranda em Meio Ambiente e
Desenvolvimento pela UFPR, Membro do Grupo Internacional de Defesa dos Animais.
19 CONSTANTINO, Carlos Ernani, Delitos Ecológicos: a lei ambiental comentada: artigo por artigo: aspectos penais
e processuais penais. São Paulo: Lemos e Cruz, 3ª ed. 2005.
20 COSTA JR, Paulo José. Direito Penal Ecológico. São Paulo, CETESB, 1981, p. 85
21 GOMES, Luiz Flávio. Proteção penal do meio ambiente, in: RT 663/390393, São Paulo, 1991.
22 1 Luiz Regis Prado estabelece que: “No tocante à pena de multa, a lei não a comina nas disposições gerais, mas
explicita que para o seu cálculo deverão ser observados os critérios do Código Penal, aduzindo, ainda, um outro
diferente, qual seja o valor máximo (art. 18). Preferível seria a mantença de critério único – situação econômica do
réu, com a elevação do fator de multiplicação. O Código Penal brasileiro (art. 49) adota o sistema de diasmulta,
pelo qual a multa é determinada não por uma soma em dinheiro (quantidade fixa), como no sistema tradicional, mas
por um número de unidades artificiais (diasmulta), segundo a gravidade da infração. Cada diamulta equivalerá a
certo valor pecuniário (importância em dinheiro), variável de acordo com a situação econômica do condenado.
Cumpre esclarecer, ademais, que o procedimento para a fixação da multa obedece a duas fases absolutamente
distintas. Preliminarmente, o juiz estabelece um número determinado de diasmulta, segundo a culpabilidade do autor
e considerações de ordem preventiva. Em de conformidade com a sua situação econômica, arbitra o diasmulta em
uma quantidade concreta de dinheiro. Multiplicandose o número de diasmulta pela cifra que representa a taxa diária,
obtémse a sanção pecuniária que o condenado deve pagar”. Crimes Contra o Meio Ambiente, Revista dos Tribunais,
1998.
23 Paulo Affonso Leme Machado diz que nos comportamentos que revelem manifesta inadaptação social do
condenado a pena de recolhimento domiciliar poderá apresentarse como uma tentativa de evitarse a prisão. É pena
cuja aplicação será mais eficaz se somada a uma outra pena restritiva de direito diretamente voltada à recuperação
http://fragiolli.jusbrasil.com.br/artigos/111629271/crimescontraafaunabrevesapontamentosacercadaleidecrimesambientais 23/24
09/05/2015 Crimes contra a fauna: breves apontamentos acerca da lei de crimes ambientais | Artigos JusBrasil
do meio ambiente. O penalista Damásio Evangelista de Jesus admite a substituição da pena privativa de liberdade
“por uma (ou duas) pena (s) restritivas de direitos”. Direito Ambiental Brasileiro, 8ª ed. rev. at. ampl. São Paulo,
Malheiros, 2000, p.591.
24 FREITAS, Vladimir Passos de; FREITAS, Gilberto Passos de. Crimes contra a natureza. 7. ed. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2001, p. 73.
25 FREITAS, Vladimir Passos de; FREITAS, Gilberto Passos de. Crimes contra a natureza. 7. ed. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 200, p. 71.
Disponível em: http://fragiolli.jusbrasil.com.br/artigos/111629271/crimescontraafaunabrevesapontamentosacerca
daleidecrimesambientais
http://fragiolli.jusbrasil.com.br/artigos/111629271/crimescontraafaunabrevesapontamentosacercadaleidecrimesambientais 24/24