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NOVA VERSÃO I N T E R N A C I O N A L

FAÇA UMA JORNADA VISUAL

ATRAVÉS DA V I D A E DOS

TEMPOS BÍBLICOS
AUTOR, LUGAR E DATA DA R E D A Ç Ã O
O autor deste pequeno livro é desconhecido. Alguns estudiosos atribuem sua autoria a Samuel, mas o estilo literário sugere que o livro foi
escrito no período monárquico, anos após os acontecimentos narrados.

DESTINATÁRIO
Gerações de israelitas que viveram na época dos juizes leram Rute. O livro ofereceu aos israelitas uma visão da verdade e piedade num
tempo de desunião nacional, opressão estrangeira e degeneração moral e religiosa.

FATOS CULTURAIS E DESTAQUES


Nos dias de Rute, os israelitas alternavam entre suplicar a Deus por ajuda em tempos de desespero e se esquecer completamente do
Senhor, participando da libertinagem das culturas vizinhas. Ainda assim, Deus, trabalhando por trás dos fatos, continuou a executar seu
plano de redenção. De maneira surpreendente, Deus usou Rute, uma mulher estrangeira, mas fiel e corajosa, não apenas para impressionar
os judeus, mas também para desempenhar um papel importante na transformação do mundo por meio de Jesus.

LINHA DO T E M P O

E N Q U A N T O V O C Ê LÊ
Observe a ideia central de amor leal entre o povo de Deus — lealdade de Rute à Noemi, a aceitação de Rute pelos cidadãos de Belém e a
bondade de Boaz para com as duas viúvas (cap. 2— 4). Observe que Deus utiliza detalhes aparentemente insignificantes para cumprir seu
propósito. Acompanhe a transformação de Noemi, da escassez à fartura (3.17). Finalmente, descubra o verdadeiro significado da história,
no final do livro (cf. Mt 1.5,6,16): Rute, uma estrangeira, cuja fé moveu o coração de Deus, é citada na linhagem de Jesus, que cumpriu a
obra divina da redenção, trazendo as bênçãos prometidas do Reino de Deus.
I N T R O D U Ç Ã O A RUTE 3 87

VOCÊ SABIA?
• Descobrir e deitar-se aos pés de um homem era a forma não verbal de pedi-lo em casamento (3.1 -4).
• A terra de uma família ou de um clã não podia ser vendida de modo permanente (4.1-3).
• Tirar as sandálias e entregar a outro era uma gesto público de renunciar aos direitos sobre uma propriedade e transferi-los ao outro
(4.7). Os documentos de Nuzi (Acádia, meados do II milênio a.C.) relatam um costume similar, não mais usado no tempo dos juizes
de Israel.

TEMAS
0 livro de Rute inclui os seguintes temas:
1. Aceitação. Rute demonstra a realidade de que fazer parte da família de Deus independe de nascimento ou nacionalidade: baseia-se na
fé e obediência a Deus.
2. Bondade e fidelidade. A transformação de Noemi de mulher desesperada (1.20) numa pessoa feliz (4.14-16) por causa da lealdade
altruísta e da bondade de Boaz revela que a provisão de Deus geralmente é concedida por meio do amor e da lealdade dos que lhe obede­
cem (2.20; 3.10; Lv 19.9,10; Dt 24.19-22).
3. Redenção. As ações de Boaz para resgatar a terra (Lv 25.25-29), se casar com Rute (Dt 25.5-10) e ser pai de um filho para manter viva
a linhagem da família de Noemi (Dt 25.6) são símbolos do resgate que Cristo faz de sua noiva, a Igreja (Ef 5.25-27; Ap 19.1-8; 22.17), e
seu povo (Tt 2.14).

SUMÁRIO
I. Introdução: Noemi na escassez (1.1-5)
II. Noemi retorna de Moabe (1.6-22)
III. Rute e Boaz se encontram no campo (2)
IV. Rute visita Boaz (3)
V. Boaz prepara o casamento com Rute (4.1 -12)
VI. Conclusão: Noemi na fartura (4.13-17)
VII. Epílogo: genealogia de Davi (4.18-22)
388 RUTE 1. 1

A Família de Elimeleque em Moabe


Na época dos juizes3 houve fome na terra.bUm homem de Belém de Judá, com a mulher e os dois 1.1 >Jz 2.16-18;
I “Gn 12.10;
filhos, foi viver por algum tempo nas terras de Moabe.c 2 O homem chamava-se Elimeleque; sua S1105.16; "Jz 3.10
mulher, Noemi; e seus dois filhos, Malom e Quiliom. Eram efrateus de Belémd de Judá. Chegaram 1.2 «Gn 35.19
a Moabe, e lá ficaram.
3 Morreu Elimeleque, marido de Noemi, e ela ficou sozinha, com seus dois filhos.4 Eles se casaram
com mulheres moabitas, uma chamada Orfa e a outra Rute.e Depois de terem morado lá por quase
dez anos, 5 morreram também Malom e Quiliom, e Noemi ficou sozinha, sem os seus dois filhos e
sem o seu marido.

Noemi e Rute Voltam para Belém


6 Quando Noemi soube em Moabe que o Se n h o r viera em auxílio do seu povo,f dando-lhe1.6 í x 4.31;
Jr 29.10; Sf 2.7;
alimento,0 decidiu voltar com suas duas noras para a sua terra.7 Assim, ela, com as duas noras, partiu aS1132.15;
Mt 6.11
do lugar onde tinha morado.
Enquanto voltavam para a terra de Judá,8 disse-lhes Noemi: “Vão! Retornem para a casa de suas 1.8»Ftt2.20;
2Tm1.16;i».5
mães! Que o Se n h o r seja lealh com vocês, como vocês foram leais com os falecidos1e comigo. 1.9 ÍRt 3.1
9 O Se n h o r conceda que cada uma de vocês encontre segurança) no lar doutro marido”.
Então deu-lhes beijos de despedida. Mas elas começaram a chorar alto10 e lhe disseram:
“Não! Voltaremos com você para junto de seu povo!”
11 Disse, porém, Noemi: “Voltem, minhas filhas! Por que viriam comigo? Poderia eu ainda ter1.11 »Gn 38.11;
Dt 25.5
filhos, que viessem a ser seus maridos?k 12 Voltem, minhas filhas! Vão! Estou velha demais para
ter outro marido. E mesmo que eu pensasse que ainda há esperança para mim — ainda que eu me
casasse esta noite e depois desse à luz filhos,13 iriam vocês esperar até que eles crescessem? Ficariam 1.13 'Jz 2.15;
Jó 4.5; 19.21;
sem se casar à espera deles? De jeito nenhum, minhas filhas! Para mim é mais amargo do que para SI 32.4
vocês, pois a mão do Se n h o r voltou-se contra mim!1”
14 Elas, então, começaram a chorar alto de novo. Depois Orfa deu um beijo de despedida em sua 1.14 mRt 2.11;
»Pv 17.17; 18.24
sogra,mmas Rute ficou com ela.n
15 Então Noemi a aconselhou: “Veja, sua concunhada está voltando para o seu povo e para o seu 1.15»Js 24.14;
Jz 11.24
deus.0 Volte com ela!”
16 Rute, porém, respondeu: 1.16 P2Rs 2.2;
«2.11,12
“Não insistas comigo que te deixeP
e que não mais te acompanhe.
Aonde fores irei,
onde ficares ficarei!
O teu povo será o meu povo
e o teu Deus será o meu Deus!1)
17 Onde morreres morrerei, 1.17(1 Sm 3.17;
25.22; 2Sm 19.13;
e ali serei sepultada. 2Rs 6.31
Que o Se n h o r me castigue
com todo o rigorr
se outra coisa que não a morte
me separar de ti!”

18 Quando Noemi viu que Rute estava de fato decidida a acompanhá-la, não insistiu mais.s
19 Prosseguiram, pois, as duas até Belém. Ali chegando, todo o povoado ficou alvoroçado* por 1.19<Mt 21.10
1.20 "Êx 6.3;
causa delas. “Será que é Noemi?”, perguntavam as mulheres.20 Mas ela respondeu: >». 13; Jó 6.4

1.1 Antigamente, no Egito e na região atualmente chamada Palestina, cativeiro babilônio. O N T feia de uma “uma grande fome [que] sobre­
a feita de alimento era freqüente, resultado da falta de chuvas durante a viria a todo o mundo romano” (At 11.28), e Jesus profetizou que haveria
safra, das tempestades de granizo, das chuvas fora de época, da destruição fome em muitos lugares (M t 2 4 .7 ; M c 13.8; Lc 2 1.11), profecia que se
das plantações causada por gafanhotos e lagartas ou do corte de supri­ acredita ter sido parcialmente cumprida durante o cerco de Jerusalém,
mentos nos cercos de guerra. As pestes geralmente se seguiam à fome, e comandado por Tito, e descrita com detalhes angustiantes por Flávio
havia grande sofrimento. Fomes que resultaram de causas naturais foram Josefo. Ele declarou que “nunca outra cidade sofreu tal miséria” (Guerras
registradas durante os dias de Abraão (Gn 12.10), José (Gn 41.56), dos dos judeus, 5.10.5; ver “Fome no antigo Oriente Médio”, em G n 4 2 ).
reis (Rt 1.1), Davi (2Sm 21.1), Acabe e Elias (IR s 17.1; 18.2) e Eliseu 1 .2 0 No antigo Oriente Médio, o nome de uma pessoa quase sempre era
(2Rs 4.38; Lc 4.25). Uma fome produzida por cerco de guerra é mencio­ descritivo (ver “Nomeação de filhos”, em G n 16).
nada em 2Rs 6.25, e Ne 5.2 descreve essas condições após o retorno do
RUTE 2.9

“Não me chamem Noemi",


melhor que me chamem de Mara6,
pois o Todo-poderoso1^
tornou minha vida muito amarga!v
1.21 wJó 1.21; 21 De mãos cheias eu parti,
mas de mãos vazias”
o Sen h o r me trouxe de volta.
Por que me chamam Noemi?
O Se n h o r colocou-se contra mim!1*
O Todo-poderoso me trouxe desgraça!”

m2a r a m 219 2 2 assim 1 ue Noemi voltou das terras de Moabe, com sua nora Rute, a moabita. Elas chegaram
a Belém no início* da colheita da cevada.v

Rute nas Plantações de Boaz


2 .1 *3 .2 ,1 2 ; Noemi tinha um parente2 por parte do marido. Era um homem rico e influente, pertencia ao clã
«Rt 1.2; « 4 .2 1

2.2°v.7;Lv19.9;
2 de Elimeleque3 e chamava-se Boaz.b
2Rute, a moabita, disse a Noemi; “Vou recolher espigas0 no campo daquele que me permitir”.
23.22; Dt 24.19
“Vá, minha filha”, respondeu-lhe Noemi.3 Então ela foi e começou a recolher espigas atrás dos
ceifeiros. Casualmente entrou justo na parte da plantação que pertencia a Boaz, que era do clã de
Elimeleque.
2.4 "Jz 6.12; 4 Naquele exato momento, Boaz chegou de Belém e saudou os ceifeiros: “O Senhor esteja com
Lc 1.28; 2Ts 3.16;
«S1129.7,8 vocês!d”
Eles responderam: “O Senhor te abençoe!e”
5 Boaz perguntou ao capataz dos ceifeiros: “A quem pertence aquela moça?”
6 O capataz respondeu: “É uma moabitaf que voltou de Moabe com Noemi.7 Ela me pediu que a
deixasse recolher e juntar espigas entre os feixes, após os ceifeiros. Ela chegou cedo e está em pé até
agora. Só sentou-se um pouco no abrigo”.
8 Disse então Boaz a Rute: “Ouça bem, minha filha, não vá colher noutra lavoura, nem se afaste
daqui. Fique com minhas servas.9 Preste atenção onde os homens estão ceifando, e vá atrás das moças
que vão colher. Darei ordem aos rapazes para que não toquem em você. Quando tiver sede, beba da
água dos potes que os rapazes encheram”.
a1.20 Noemisignifica agradável,também no versículo 21.
b 1.20 M arasignifica amarga.
c 1.20 Hebraico: S haddai-,também no versículo 21.
d 1 .2 1 Ou metrouxesofrimento!
1 .2 2 Na antiga Canaá, a colheita dos grãos acontecia em abril e maio geralmente a leste do povoado (i.e., a favor do vento; ver “Comida e
(a cevada primeiro e o trigo algumas semanas depois: ver 2.23). A colheita agricultura”, em Rt 2, e “A eira”, em lC r 21).
envolvia os seguintes passos: 2 .2 A Lei (Lv. 19.9,10; 23.22; D t 24.19-21) permitia aos estrangeiros,
viúvas e órfãos colher os grãos, mas a permissão não estava garantida. As
1. O grãò maduro era cortado (geralmente pelos homens) com foices palavras de Rute (“daquele que me permitir”) deixam transparecer sua
(D t 16.9; 23.25; J r 50.16; J 1 3.13). ansiedade. A situação social de Rute era frágil, visto que não tinha um
2. Os grãos eram amarrados (por homens e mulheres) em feixes provedor masculino que lhe auxiliasse.
(Gn 37.7; Jó 24.10; SI 126.6 apresentam homens, enfatizando o pa­ 2 .4 As saudações na Bíblia algumas vezes incluíam ações, além das pa­
pel masculino nessa etapa). lavras: fazer uma reverência ou prostrar-se, beijar as mãos, ajoelhar-se,
3. Os caules deixados para trás eram juntados (“recolhidos”; 2.7). O inclinar-se sobre o pescoço do outro ou abraçar. Quase todas as situações
que se recolhia era deixado para os pobres, como Rute (cf. Lv 23.22). da vida tinham sua respectiva saudação: volta de um amigo em viagem,
4. Os feixes eram levados para a eira (geralmente por um jumento, às nascimento de um filho, casamento, uso de roupas novas, jantar ou aten­
vezes em carroças; Am 2.13). dimento a um mendigo. As saudações mais comuns quando as pessoas se
5. Os grãos eram separados do caule (processo chamado “debulha”) encontravam eram: “Deus lhe conceda graça” (Gn 43.29); “O S e n h o r
e pisado por bois (D t 25.4; Os 10.11), pelas rodas de carroças esteja com vocês!” (Rt 2.4); “Paz seja com vocês!” (Lc 24.36); “Salve, Mes­
(Is 28.28) ou por pranchas de moagem dentadas (Is 4 1.15; Am 1.3). tre!” (M t 26.49). Visto que as saudações podiam tomar muito tempo,
6. As espigas eram reviradas e lançadas ao ar com forquilhas (processo quando Jesus enviou os Setenta, ele os proibiu de saudar pessoas ao longo
chamado “joeiramento”; Jr 15.7) para que o vento, que geralmente do caminho (Lc 10.4). As saudações também eram feitas durante as des­
soprava por algumas horas durante a tarde, separasse a palha (SI 1.4), pedidas e também nos encontros: “V á em paz” ou “Adeus” (lS m 1.17;
deixando os grãos limpos aos pés do trabalhador. 20.42; 2Sm 15.9; M c 5.34). As saudações das cartas do apóstolo Paulo,
7. Os grãos eram peneirados (Am 9.9) para remover qualquer material no N T , são geralmente elaboradas e cheias de bênçãos espirituais.
estranho, como pequenas pedras ou outros resíduos que se tivessem 2 .7 O feixe era uma boa quantidade de grãos deixada pelo ceifeiro, que
misturados aos grãos quando retirados do solo. era recolhida e amarrada, geralmente por mulheres e crianças (2.7,15),
8. Os grãos eram ensacados para o transporte é a estocagem (Gn 42— descritas nas Escrituras como pessoas alegres (SI 126.6; 129.7,8). Depois
44). de empilhados, os feixes secavam e se tornavam inflamáveis (Zc 12.6)
A debulha e a limpeza dos grãos eram feitas na eira — espaço la­ e formavam uma bela paisagem (C t 7.2). Um jumento (Ne 13.15) ou
jeado, plano e aberto, feito de pedra ou argila, localizado num lugar es­ uma carroça (Am 2.13) transportava os pacotes até a eira (Rt 3.6,7;
M q 4.12). N o entanto, alguns feixes eram deixados propositadamente
pecialmente escolhido, que favorecesse a exposição dos grãos ao vento,
para os pobres (D t 2 4.19; cf. Rt 2.7,15; Jó 24.10).
Comida e agricultura
atavam em feixes. Após a colheita, os grãos uva era transformado em vinho, a principal
eram levados para a eira, e ali pranchas den­ bebida de Israel na Antiguidade. Os egípcios
tadas os separavam da palha.6 A época da preferiam cerveja.8
limpeza dos grãos também era um tempo Para os israelitas, a escolha das carnes
de celebração, pois a tarefa era a prova de para consumo estava associada a regras de
uma boa colheita (Rt 3.7; Is 9.3). Depois pureza (Lv 11; Dt 14).9 Em resumo, carneiros,
de escolhidos, os grãos eram estocados em bodes, bois e vacas, alguns pássaros (e.g.,
silos. As mulheres transformavam os grãos pombas e gansos) e peixes com espinhas e
em farinha usando pedras de moer. escamas eram considerados ritualisticamen-
Outras colheitas tinham rotinas e tempo­ te puros. A carne de frango é mencionada
radas próprias. As oliveiras eram cultivadas nas Escrituras apenas no NT (e.g., M t 23.37,
no solo fino das montanhas de Israel, mas embora Provérbios 30.31 possa estar se re­
levavam muitos anos para amadurecer e ferindo a um galo). As evidências arqueoló­
produziam frutos ano sim, ano não. As azei­ gicas sugerem que essa carne era consumida
tonas eram prensadas por grandes pedras, em Israel nos tempo antigos. O porco era
e o óleo era estocado em tonéis. Diversas considerado um animal impuro, mas fora de
prensas das mesmas azeitonas produziam Israel as criações de suínos eram comuns. Al­
tipos diferentes de azeite. Outros cultivos guns escritores gregos clássicos afirmam que
importantes eram as tâmaras, as romãs, os os egípcios não comiam carne de porco, mas
figos e as maçãs (alguns estudiosos negam as evidências arqueológicas sugerem que
Prensa de olivas
Preserving Bible Times; © dr. James C. Martin; usado com que os israelitas cultivassem maçãs, mas essa pelo menos alguns deles comiam.
permissão do Museu Eretz de Israel fruta era muito conhecida no mundo antigo e
RUTE 2 Como demonstra a história de Caim aparece com frequência em trabalhos de arte
1Ver o Glossário, na p. 2080, para as definições
e Abei, as duas principais fontes de alimento clássicos). das palavras em negrito. 2Ver 'Tabela dos
A vinicultura era essencial a períodos arqueológicos" na p. xxii, no início
nos tempos antigos eram a criação de ani­ desta Bíblia. 3Ver "0 calendário judaico", em Nm
mais e o cultivo de vegetais. À exceção da Israel nos tempos antigos. As vinhas eram 29. 4Ver "Festas de Israel", em Lv 23. 5Ver "0
pesca, a única maneira de obter comida era de grande valor e tinham de ser protegidas. Calendário de Gezer", em S1107. 6Ver "A eira", em
Algumas fontes gregas e hebraicas informam IC r 21. 7Ver "0 lagar", em Is 63. 8Ver "Vinho
por meio da caça e da colheita de alimentos e bebida alcoólica no mundo antigo", em 1Pe 4.
silvestres. A sociedade que dependia exclu­ que aos jovens era designada a tarefa de 9Ver "Alimentos puros e impuros na Bíblia e no
sivamente da caça e da colheita ou era uma manter as raposas longe das vinhas (Ct 2.15), antigo Oriente Médio", em Lv 11.

muito primitiva ou se encontrava numa e Isaías 5.2 diz que o vini-


situação de calamidade (cf. Is 7.17-25). cultor sábio constrói uma
A atividade agrícola já era praticada em alguns torre de vigia em sua vinha.
lugares do Egito no Período Neolítico/ 3 As uvas amadureciam em
Em Rute 2 e 3, temos a descrição do junho ou julho, e a época
ciclo anual de plantio e colheita de várias da colheita se estendia até
safras em Israel.3 As atividades agrícolas do setembro. Durante a colhei­
ano também encontravam reflexo nas fes­ ta, os cachos de uva eram
tividades anuais de Israel (como a festa dos cortados da vinha com fa­
primeiros frutos e Pentecoste)4 e regiam o cas de poda, e as uvas eram
calendário de Gezer.5 0 trabalho na terra e prensadas com os pés des­
o plantio dos grãos (cevada e trigo) come­ calços em tonéis,7 mas nos
çavam depois das primeiras chuvas — as tempos antigos também
chuvas de outono, entre outubro e novembro. havia outros métodos para
As plantas se desenvolviam durante as chu­ esmagar as uvas. Há regis­
vas pesadas de inverno ou durante as últimas tros no Egito de um método
chuvas — as chuvas de primavera. Durante de torcer as uvas em panos
a colheita (abril e maio), os trabalhadores de linho para esmagá-las
cortavam as espigas com uma foice e os e filtrar o suco. 0 suco da

Mó de basalto
Preserving Bible Times; © dr. James C. Martin; usado com permissão do Museu Eretz de Israel
RUTE 3.8 39i

2.10 01 Sm 25.23; 10 Ela inclinou-se e, prostrada com o rosto em terra,9 exclamou: “Por que achei favor a seus olhos,
hSI 41.1; ‘Dt 15.3
ao ponto de o senhor se importar comigo,huma estrangeira?'”
2.11 JRt 1.14; 11 Boaz respondeu: “Contaram-me tudo o que você tem feito por sua sograj depois que você per­
kRt 1 .1 6 ,1 7
deu o seu marido: como deixou seu pai, sua mãe e sua terra natal para viver com um povo que você não
2.12 I S m 24 .1 9 ; conhecia bem.k12 O SENHOR retribua a você o que você tem feito! Que seja ricamente recompensada
" S I 1 7.8 ; 36 .7;
5 7 .1 ;6 1 .4 ; 63.7 ; pelo S e n h o r ,1o Deus de Israel, sob cujas asasmvocê veio buscar refugio!0”
9 1 .4 ; nRt 1 .1 6
13E disse ela: “Continue eu a ser bem acolhida, meu senhor! O senhor me deu ânimo e encorajou
sua serva* — e eu sequer sou uma de suas servas!”
14Na hora da refeição, Boaz lhe disse: “Venha cá! Pegue um pedaço de pão e molhe-o no vinagre”.
Quando ela se sentou junto aos ceifeiros, Boaz lhe ofereceu grãos tostados. Ela comeu até ficar
satisfeita e ainda sobrou.015 Quando ela se levantou para recolher espigas, Boaz deu estas ordens a seus
servos: “Mesmo que ela recolha entre os feixes, não a repreendam!16Ao contrário, quando estiverem
colhendo, tirem para ela algumas espigas dos feixes e deixem-nas cair para que ela as recolha, e não
a impeçam”.
17 E assim Rute colheu na lavoura até o entardecer. Depois debulhou o que tinha ajuntado: quase
uma arroba*7de cevada.18 Carregou-a para o povoado, e sua sogra viu quanto Rute havia recolhido
quando ela lhe ofereceu o que havia sobradoP da refeição.
2.19 pv. 10; 19 A sogra lhe perguntou: “Onde você colheu hoje? Onde trabalhou? Bendito seja aquele que se
SI 41.1
importou com você!0!”
Então Rute contou à sogra com quem tinha trabalhado: “O nome do homem com quem trabalhei
hoje é Boaz”.
2.20 rRt 3.10 ; 20 E Noemi exclamou: “Seja ele abençoado pelo S e n h o r , que não deixa de ser leal e bondosor
2 S m 2 .5 ; Pv
1 7 .1 7 ; sRt 3 .9 ,1 2; com os vivos e com os mortos!” E acrescentou: “Aquele homem é nosso parente; é um de nossos
4 .1 ,1 4
resgatadoresc!s”
21E Rute, a moabita, continuou: “Pois ele mesmo me disse também: ‘Fique com os meus ceifeiros
até que terminem toda a minha colheita ”.
22 Então Noemi aconselhou à sua nora Rute: “É melhor mesmo você ir com as servas dele, minha
filha. Noutra lavoura poderiam molestá-la”.
23 Assim Rute ficou com as servas de Boaz para recolher espigas, até acabarem as colheitas de
cevada e de trigo.1E continuou morando com a sua sogra.

Na Eira de Boaz
Certo dia, Noemi, sua sogra, lhe disse: “Minha filha, tenho que procurar um lar seguroá,upara a
3
3.1 uRt 1.9

3 .2 vD t 2 5 .5 -1 0 ; sua felicidade.2 Boaz, senhor das servas com quem você esteve, é nosso parente próximo.v Esta
R t2 .1
3 . 3 w2 S m 1 4 .2 noite ele estará limpando cevada na eira.3 Lave-se, perfume-se,wvista sua melhor roupa e desça
para a eira. Mas não deixe que ele perceba você até que tenha comido e bebido. 4 Quando ele for
dormir, note bem o lugar em que ele se deitar. Então vá, descubra os pés dele e deite-se. Ele dirá a
você o que fazer”.
3 .5 € f 6 .1; Cl 3.2 0 5 Respondeu Rute: “Farei tudo o que vqcê está me dizendo”.x
6 Então ela desceu para a eira e fez tudo o que a sua sogra lhe tinha recomendado.
3 .7 yJz 1 9 .6 ,9 ,2 2 ; 7 Quando Boaz terminou de comer e beber, ficou alegrev e foi deitar-se perto do monte de grãos.
2 S m 1 3 .2 8;
1Rs 2 1 .7 ; Et 1 .1 0 Rute aproximou-se sem ser notada, descobriu os pés dele e deitou-se.8 No meio da noite, o homem
acordou de repente. Ele se virou e assustou-se ao ver uma mulher deitada a seus pés.
0 2 .13 Ou fa lo u com carinho à sua serva.
b 2 .17 Hebraico: efa. O efa era uma medida de capacidade para secos; as estimativas variam entre 20 e 40 litros.
f 2.20 Isto é, o responsável por garantir os direitos de subsistência, descendência e propriedade; também nos capítulos 3 e 4.
1 3 .1 Hebraico: encontrar descanso. Veja Rt 1.9.

2 .1 7 A arroba (ou efa) era uma grande vasilha de 22 litros. Rute co­ 3 .4 -7 A eira geralmente era feita de argila prensada, para obter uma su­
lheu uma quantidade de cevada excepcionalmente grande para um dia perfície sólida e lisa. Feixes de grãos eram espalhados pelo chão da eira e
de trabalho. pisoteados por bois, que muitas vezes puxavam trenós de madeira com
3 .1 -4 Noemi percebeu uma oportunidade e se agarrou a ela. Aconse­ dentes entalhados numa das faces (D t 2 5.4; Is 28.27; IC o 9.9). Utiliza­
lhou Rute a tomar a iniciativa de encorajar Boaz a agir de acordo com va-se uma pá e um abanador para escolher os grãos (Is 30.24). Visto que
o princípio do parente resgatador e casar-se com ela (ver D t 25.5-10). alguns ladrões invadiam as eiras no período da debulha dos grãos (ISm
Simbolicamente, a mudança da aparência de Rute sinalizaria a Boaz que 23.1), os trabalhadores dormiam ali. As eiras costumavam ser construí­
ela estava disponível para um relacionamento e também que tinha in­ das nas montanhas, nas quais o vento da noite pudesse facilmente soprar
tenções sérias. Descobrir os pés de um homem e deitar-se aos pés dele para longe a palha (ver nota de 2.7; ver também “A eira”, em IC r 21; e
era uma forma não verbal comum de pedi-lo em casamento, porém essa “Comida e agricultura”, em Rt 2).
ação envolvia certo risco.
RUTE 3.9

9 “Quem é você?”, perguntou ele. 3.9 í z 16.8;


«V. 12; Rt 2.20
“Sou sua serva Rute”, disse ela. “Estenda a sua capa2sobre a sua serva, pois o senhor é resgatador.3”
10 Boaz lhe respondeu: “O S e n h o r a abençoe, minha filha! Este seu gesto de bondade é ainda
maior do que o primeiro, pois você poderia ter ido atrás dos mais jovens, ricos ou pobres!11 Agora, 3.11 »Pv12.4;
31.10
minha filha, não tenha medo; farei por você tudo o que me pedir. Todos os meus concidadãos sabem
que você é mulher virtuosa.b 12 É verdade que sou resgatador, mas há um outro que é parente mais 3.12 =v. 9; «iRt 4.1
próximo0 do que eu.d13Passe a noite aqui. De manhã veremos: se ele quiser resgatá-la,e muito bem, que 3.13 « 2 5 .5 ;
Rt 4.5; Mt 22.24;
resgate. Se não quiser, juro pelo nome do S e n h o r * que eu a resgatarei. Deite-se aqui até de manhã”. Uz 8.19; Jr 4.2
14 Ela ficou deitada aos pés dele até de manhã, mas levantou-se antes de clarear para não ser 3.14»Rm 14.16;
2Co 8.21
reconhecida.
Boaz pensou: “Ninguém deve saber que esta mulher esteve na eira”.s
15 Por isso disse: “Traga-me o manto que você está usando e segure-o”. Ela o segurou, e o homem
despejou nele seis medidas de cevada e o pôs sobre os ombros dela. Depois ele* voltou para a cidade.
16Quando Rute voltou à sua sogra, esta lhe perguntou: “Como foi, minha filha?”
Rute lhe contou tudo o que Boaz lhe tinha feito,17 e acrescentou: “Ele me deu estas seis medidas
de cevada, dizendo: ‘Não volte para a sua sogra de mãos vazias’ ”.
18 Disse então Noemi: “Agora espere, minha filha, até saber o que acontecerá. Sem dúvida aquele3.18 »SI 37.3-5
homem não descansará enquanto não resolver esta questão hoje mesmo”.h

a 3 . 1 5 Conforme a maioria dos manuscritos do Texto M assorético. Muitos manuscritos do Texto M assorético, a Vulgata e a
Versão Siríaca dizem ela.

3 .9 A lei do levirato exigia que um cunhado se casasse com a cunhada desse ato no livro de Rute (3.12,13; 4.2-10) e o maior exemplo quando
viúva, caso seu irmão morresse sem deixar herdeiro (ver “Casamento por o Senhor é chamado nosso go'el (Is 4 3.14). Mas há outro sentido para
levirato”, em G n 38). Se o marido morto não tivesse irmãos (Rt 1.10- essa palavra, associado à execução da vingança por um crime, exigida pela
13) ou eles se recusassem a cumprir seu dever (Gn 38), outros parentes Lei (ver, e.g., Êx 2 1 .23,24; Lv 24.20; Nm 35.11-24; D t 19.21). As duas
poderiam assumir a responsabilidade. O pedido de Rute foi um apelo à funções do go 'el, portanto, são apresentadas em dois termos fortemente
obrigação de resgatador de Boaz (ver “O parente resgatador”, em Rt 3). opostos e aparentemente contraditórios: “redentor” (ver “O parente res­
A ação de cobrir com uma capa simbolizava o início do relacionamento gatador”, em Rt 3) e “vingador”.
matrimonial (ver Ez 16.8). U m costume semelhante ainda hoje é prati­ Boaz poderia casar-se com Rute somente depois que o parente mais
cado em algumas partes do Oriente Médio. próximo recusasse esse privilégio (ou dever). O parente provavelmente
3 .1 2 ,1 3 O significado básico da palavra hebraica go el tem duas aplica­ recusou por saber que, casando-se com Rute e tendo um filho com ela,
ções. Em essência, é uma palavra extremamente graciosa: refere-se ao parte de sua propriedade seria entregue à posteridade de Elimeleque, não
parente próximo que tem o direito de tomar para si a responsabilidade de à própria descendência, constituída por seu casamento anterior.
suprir todas as carências de seu parente. Temos o melhor exemplo humano

NOTAS HISTÓRICAS E CULTURAIS

O parente resgatador
RUTE 3 Na sociedade do Israel antigo, as go'el, a terra podia ser vendida a alguém que ❖ Vingança por morte injusta de um membro
seguintes obrigações legais recaíam sobre o não pertencesse à família, retomando mais da família (Nm 35.9-21). Numa sociedade em
parente mais próximo, conhecido como go'el tarde aos donos originais, no ano do Jubileu.’ que não existia força policial permanente, a
ou "parente resgatador": ❖ Casamento por levirato (Dt 25.5-10). responsabilidade de executar a sentença de
Quando um homem morria sem deixar morte do assassino de um membro da família
Resgate de propriedade (Nm 27.8-11). As
terras de uma família não podiam ser vendidas herdeiro, seu irmão era obrigado a resgatar era do go'elhaddam ("vingador da vítima" ou
de modo permanente a membros de outra fa­ (i.e., casar) a viúva, a fim de dar ao falecido "da culpa"). A Lei mosaica proibia a vingança
mília. Um parente distante poderia vender as um herdeiro. Isso implicava um compromis­ indiscriminada, permitindo ao acusado refu-
terras herdadas para pagar seus credores, mas so financeiro e emocional que nem todos os giar-se em outra cidade, na qual o caso seria
quem não tinha terra acabavas se tornando irmãos estavam dispostos a assumir. 0 go'el avaliado pelos anciãos locais.3 No entanto,
escravo. Era responsabilidade do go'el resgatar podia conseguir isenção legal da obrigação, não se mostrava misericórdia aos que come­
as terras e os membros da família mediante mas isso era considerado uma fuga ao dever tiam assassinato deliberadamente.
o pagamento da dívida. Na ausência de um e envolvia certa desonra.2

1Ver "Sábado, ano sabático e Jubileu", em Lv 25. 2Ver "Casamento por levirato", em Gn 38. 3Ver "Cidades de refúgio", em Js 20.
RUTE 4.5 393

O Resgate de Noemi e de Rute


Enquanto isso, Boaz subiu à porta da cidade e sentou-se, exatamente quando o resgatador que
4 ele havia mencionado' estava passando por ali. Boaz o chamou e disse: “Meu amigo, venha cá e
sente-se”. Ele foi e sentou-se.
4.211 Rs 21.8; 2 Boaz reuniu dez líderesi da cidade e disse: “Sentem-se aqui”. E eles se sentaram. 3 Depois disse
Pv 31.23
ao resgatador: “Noemi, que voltou de Moabe, está vendendo o pedaço de terra que pertencia ao nosso
4.4 »Lv 25.25; irmão Elimeleque.4 Pensei que devia apresentar a você o assunto, na presença dos líderes do povo, e
Jr 32.7,8
sugerir a você que adquira o terreno. Se quiser resgatar esta propriedade, resgate-a. Se não“, diga-me,
para que eu o saiba. Pois ninguém tem esse direito, a não ser você;ke depois eu”.
“Eu a resgatarei”, respondeu ele.
4.5 'Gn 38.8; 5 Boaz, porém, lhe disse: “No dia em que você adquirir as terras de Noemi e da moabita Rute, estará
Dt 25.5,6; Ftt 3.13;
Mt 22.24 adquirindo11também a viúva do falecido, para manter o nome dele em sua herança”.1

a 4 . 4 Conforme muitos manuscritos do TextoMassorético, a Septuaginta,a Vulgatae a VersãoSiríaca.A maioria dos


manuscritos do TextoMassorético seelenão.
diz
b 4 . 5 Conforme o TextoMassorético. Vulgatae a VersãoSiríacadizem Noemi, vocêestaráadquirindoamoabitaRute.
A

4 .1 -3 Há duas possíveis explicações para o termo “vendendo”, usado poderiam ser vendidas de modo permanente (Lv 25.23-28), portanto
por Boaz. Ele disse que Noemi estava “vendendo” a terra talvez porque Noemi tinha o direito de comprá-la outra vez. Não tendo recursos para
a terra pertencesse a Noemi, mas ela era tão pobre que se viu forçada a isso, transferiu esse direito (ou obrigação) para seu parente mais próxi­
vendê-la. Por intermédio de Boaz, Noemi apelava para que um parente mo. Assim, ela estaria “vendendo” o direito de resgate.
comprasse a terra de volta, a fim de mantê-la na família. Também é pro­ 4 .2 Dez anciãos compunham a corte responsável pelos procedimentos
vável que o marido de Noemi tivesse vendido a propriedade (para um legais.
desconhecido) antes de deixar Moabe, mas as terras de uma família náo

A porta da cidade
RUTE 4 A porta da cidade desempenha­ vam realizar audiências públicas ali, e
va um papel importante na estrutura os profetas ficavam à porta da cidade
defensiva da cidade. De fato, "possuir a para discursar a nobres e plebeus (2Sm
porta" de uma cidade significava possuir 19.8; IRs 22.10; Jr 17.19). Em Tel Dan,
a cidade (Gn 24.60, M /l) .’ No entanto, as escavações do complexo dos portões
a porta também era muito importante exteriores revelaram a plataforma de
para as esferas da vida econômica, legal um assento coberto por um toldo, para
e cívica dos cidadãos. Na Mesopotâmia, um rei ou juiz, e também um banco,
grupos unidos por parentesco ou pelo no qual se assentavam anciões da cida­
ofício organizavam-se ao redor das di­ de. Essa disposição de lugares ilustra as
versas portas da cidade. Negócios e pro­ cenas bíblicas de casos legais apresen­
cedimentos legais eram realizados às tados aos anciãos (Dt 22.15; 25.7) e dos
portas da cidade (2Rs 7.1). Por exemplo, julgamentos realizados no mesmo local
Abraão comprou a caverna de Macpela2 (Dt 17.15; 22.24). Assentar-se à porta
(Gn 23.3ss) negociando à porta de uma da cidade junto com os anciãos (Jó
cidade, e Boaz recebeu o direito sobre 29.7,8; Pv 31.23) era grande honra, e o
a propriedade e foi autorizado a tomar direito de entrar pela porta era de prova
Rute como esposa também às portas de cidadania (Gn 23.10,18), até mesmo
da cidade (Rt 4.1 ss). Os reis costuma­ na nova Jerusalém (Ap 22.14).
Assento à porta de Dã
'Ver "A cidade antiga", em At 12. ! Ver "Caverna de Macpela", em Gn 23. Preserving Bible Times; © dr. James C. Martin
394 RUTE 4.6

6 Diante disso, o resgatador respondeu: “Nesse caso não poderei resgatá-la,mpois poria em risco a 4.6 "Lv 25.25;
Rt 3.13
minha propriedade. Resgate-a você mesmo. Eu não poderei fazê-lo!”
7 (Antigamente, em Israel, para que o resgate e a transferência de propriedade fossem válidos, a
pessoa tirava a sandália e a dava ao outro. Assim oficializavam os negócios em Israel.)n
8 Quando, pois, o resgatador disse a Boaz: “Adquira-a você mesmo!”, tirou a sandália.
9 Então Boaz anunciou aos líderes e a todo o povo ali presente: “Vocês hoje são testemunhas de que
estou adquirindo de Noemi toda a propriedade de Elimeleque, de Quiliom e de Malom.10 Também
estou adquirindo o direito de ter como mulher a moabita Rute, viúva de Malom, para manter o nome
do falecido sobre a sua herança e para que o seu nome não desapareça do meio da sua família ou dos
registros da cidade.0 Vocês hoje são testemunhas disso!”
11 Os líderes e todos os que estavam na porta confirmaram: “Somos testemunhas!? Faça o SENHOR4.11 PDt 25.9;
« 1 127.3; 128.3;
com essa mulher que está entrando em sua família como fez com Raquel e Lia,<i que, juntas, formaram ■Gn 35.16
as tribos de Israel. Seja poderoso em Efratare ganhe fama em Belém!12E com os filhos que o S e n h o r 4.12 sv. 18;
Gn 38.29
conceder a você dessa jovem, seja a sua família como a de Perez,s que Tamar deu a Judá!”

O Casamento de Boaz e Rute


13 Boaz casou-se com Rute, e ela se tornou sua mulher. Boaz a possuiu e o S e n h o r concedeu que 4.13 *Gn 29.31;
33.5; Rt 3.11
ela engravidasse* dele e desse à luz um filho.
14 As mulheres11disseram a Noemi: “Louvado seja o S e n h o r , que hoje não a deixou sem resga­
tador! Que o seu nome seja celebrado em Israel!15 O menino dará a você nova vida e a sustentará na 4.15 vRt 1.16,17;
2.11,12; 1Sm 1.8
velhice, pois é filho da sua nora, que a ama e que é melhor do que sete filhosvpara você!”
16 Noemi pôs o menino no colo" e passou a cuidar dele.17As mulheres da vizinhança celebraram4.17 "V . 22;
1Sm 16.1,18;
o seu nome e disseram: “Noemi tem um filho!”, e lhe deram o nome de Obede. Este foi o pai de Jessé,w 1Cr 2.12,13
pai de Davi.

A Genealogia de Davi
18Esta é a história dos antepassados de Davi, desde Perez:*
Perez gerou Hezrom;
19 Hezrom gerou Rão; 4.19 >Êx 6.23
Rão gerou Aminadabe;V
20 Aminadabe gerou Naassom;
Naassom gerou Salmom*’;
21 Salmom gerou Boaz;2
Boaz gerou Obede;
22 Obede gerou Jessé;
e Jessé gerou Davi.

“ 4 . 1 6 Possivelmente adotou o menino.


6 4 . 2 0 Muitos manuscritos dizem Salma. Veja Rt 4.21 e 1 Cr 2.11.

4 .7 Tirar a sandália do pé e entregá-la a outro era uma forma pública de 4 .1 2 Perez era ancestral de Boaz (v. 18-21). Seu nascimento a Judá é
renunciar ao direito de uma propriedade e transferi-las para o outro (cf. fruto de uma uniáo baseada na prática do levirato (Gn 38.27-30; ver
Am 2.6; 8.6). Os documentos de Nuzi (Acádia, meados do II milênio também “Casamento por levirato”, em G n 38). Perez, portanto, era um
a.C.) fazem referência a um costume semelhante. modelo apropriado dentro da genealogia de Boaz para a bênção que lhe
foi concedia pelos anciãos.

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