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21/1/2018 POLINÓMIOS

Ensino secundário (11º Ano)

Prof. Victor Nascimento


ESPCR
Índice

1. NOÇÕES BÁSICAS DE POLINÓMIOS............................................................................................................ 2


1.1. Denominação de um polinómio .................................................................................................................... 2
1.2. Grau de um polinómio .................................................................................................................................. 2
1.3. Valor numérico de um polinómio ................................................................................................................ 3
2. IDENTIDADE DE POLINÓMIOS ..................................................................................................................... 8
2.1. Polinómios idênticos ...................................................................................................................................... 8
2.2. Polinómio identicamente nulo ...................................................................................................................... 9
3. ADIÇÃO E SUBTRAÇÃO DE POLINÓMIOS ............................................................................................... 10
3.1. Adição de polinómios .................................................................................................................................. 10
3.2. Subtração de polinómios ............................................................................................................................ 11
3.3. Grau do polinómio soma ou diferença ...................................................................................................... 11
4. MULTIPLICAÇÃO DE POLINÓMIOS .......................................................................................................... 14
4.1. Multiplicação de polinómios....................................................................................................................... 14
5. Divisão de polinómios ......................................................................................................................................... 16
5.1. Introdução.................................................................................................................................................... 16
5.2. Método da chave.......................................................................................................................................... 17
5.3. Teorema do resto ......................................................................................................................................... 22
5.4. Teorema de D’Alembert ............................................................................................................................. 24
5.5. Divisão de um polinómio por um produto de dois binómios ................................................................... 25
5.6. Dispositivo de Briot-Ruffini ....................................................................................................................... 30
6. Equações algébricas ............................................................................................................................................ 38
6.1. Conceitos gerais ........................................................................................................................................... 38
6.2. Raíz ou zeros de uma equação algébrica................................................................................................... 38
6.3. Resolução das equações algébricas ............................................................................................................ 39
6.4. Teorema fundamental................................................................................................................................. 41
6.5. Relações de Girard ...................................................................................................................................... 47
6.6. Multiplicidade de uma raíz ........................................................................................................................ 54
6.7. Raízes complexas ......................................................................................................................................... 57
6.8. Raízes racionais ........................................................................................................................................... 61

POLINÓMIOS (Parte teórica)


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1. NOÇÕES BÁSICAS DE POLINÓMIOS

1.1. Denominação de um polinómio

o Denomina-se polinómio na variável x, indicada por P(x) a expressão do tipo:

𝑃(𝑥 ) = 𝑎0 𝑥 𝑛 +𝑎1 𝑥 𝑛−1 + 𝑎2 𝑥 𝑛−2 + ⋯ + 𝑎𝑛−1 𝑥 + 𝑎𝑛

o Onde:
 Os números complexos:

𝒂𝟎 , 𝒂𝟏 , 𝒂𝟐 ,... 𝒂𝒏−𝟏 𝐞 𝒂𝒏
São os coeficientes do polinómios;
 Os termos do polinómio são:
𝒂𝟎 𝒙𝒏 , 𝒂𝟏 𝒙𝒏−𝟏 , 𝒂𝟐 𝒙𝒏−𝟐 , … 𝒂𝒏−𝟏 𝒙, 𝒂𝒏 .
 O termo independente é 𝒂𝒏 ;
 n é um número natural;
 A variável é 𝒙 ∈ ℂ.

1.2. Grau de um polinómio

o O grau de um polinómio qualquer P(x) é representado pelo maior expoente da variável x


que possui coeficiente não nulo e é indicado por gr(P).

o Por exemplo:
 𝑃(𝑥) = 𝑥 3 + 𝑥 2 + 7 é um polinómio de 3º grau, ou seja, 𝒈𝒓(𝑷) = 𝟑;
 Q(𝑥) = 𝑥 5 + 3𝑥 4 − 5𝑥 3 + 2𝑥 2 + 𝑥 − 1 é um polinómio de 5º grau, ou seja,
𝒈𝒓(𝑸) = 𝟓;

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 𝐴(𝑥) = 𝑥 4 + 𝑥 2 é um polinómio de 4º grau, ou seja, 𝒈𝒓(𝑨) = 𝟒;
 B(𝑥) = 5 é um polinómio constante, possui apenas o termo independente e o seu
grau é zero, ou seja, 𝒈𝒓(𝑩) = 𝟎;

1.3. Valor numérico de um polinómio

o Obtemos o valor numérico de um polinómio P(x) para 𝒙 = 𝒌, quando substituímos a


variável x pelo número k e efetuamos as operações indicadas.
o Em símbolos, esse valor numérico é indicado por P(k) e se 𝑷(𝒌) = 𝟎, e neste caso,
diremos que k é raíz ou zero do polinómio.

Exercícios exemplos
1. Dado o polinómio:
 𝑃(𝑥) = 4𝑥 3 − 2𝑥 2 − 𝑥 − 1

 Determine se cada um dos casos a seguir é raíz ou não:


a) 𝑃(1);
b) 𝑃(3).

Resolução
a) Dado o polinómio 𝑃(𝑥) = 4𝑥 3 − 2𝑥 2 − 𝑥 − 1, 𝑃(1) é:
 𝑃(1) = 4 × 13 − 2 × 12 − 1 − 1
 𝑃(1) = 4 × 1 − 2 × 1 − 1 − 1
 𝑃(1) = 4 − 2 − 1 − 1
 𝑃(1) = 4 − 4
 𝑃(1) = 0
 Como 𝑷(𝟏) = 𝟎, então 1 é raíz do polinómio.

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b) Dado o polinómio 𝑃(𝑥) = 4𝑥 3 − 2𝑥 2 − 𝑥 − 1, 𝑃(3) é:
 𝑃(3) = 4 × 33 − 2 × 32 − 3 − 1
 𝑃(3) = 4 × 27 − 2 × 9 − 3 − 1
 𝑃(3) = 108 − 18 − 9 − 1
 𝑃(3) = 108 − 28
 𝑃(3) = 80
 Como 𝑷(𝟑) = 𝟖𝟎, então 3 não é raíz do polinómio.

2. Determine o valor de n de forma que o polinómio:


 𝑃(𝑥) = (𝑛2 − 4)𝑥 3 + 𝑥 2 + 2𝑥 = 3
 Tenha grau 2.

Resolução
 Para que o polinómio tenha grau 2 é necessário que:
 𝑛2 − 4 = 0

 Pois, desta forma o termo em 𝒙𝟑 se anula. Sendo assim, temos que:


 𝑛2 − 4 = 0
 𝑛2 = 4
 𝑛 = ±√4
 𝑛 = ±2.
 Logo, 𝑛 = 2 ou 𝑛 = −2.

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3. Discutir o grau do polinómio
 𝑃(𝑥) = (𝑎 − 2)𝑥 3 − 𝑎𝑥 2 + 3
 Em função de da variável a.

Resolução
 O maior expoente da variável 𝒙 é 3 e, no caso de o coeficiente de 𝒙𝟑 não ser nulo, logo:
a) Se 𝑎 − 2 ≠ 0 ou seja 𝑎 ≠ 2, então 𝑔𝑟(𝑃) = 3.

b) Se 𝑎 − 2 = 0 ou seja 𝑎 = 2, temos:

 𝑃(𝑥) = (2 − 2)𝑥 3 − 𝑎𝑥 2 + 3 então 𝑔𝑟(𝑃) = 2.

4. Dado o polinómio:
 𝑃(𝑥) = 2𝑥 2 − 3𝑥 + 𝑘

 Determine o valor de k de modo que a raíz de P(x) seja 4.

Resolução

 Sendo 4 raíz do polinómio P(x), temos que:


 𝑃(4) = 0

 Ou seja:
 𝑃(4) = 2 ∙ 42 − 3 ∙ 4 + 𝑘
 𝑃(4) = 2 ∙ 16 − 3 ∙ 4 + 𝑘
 𝑃(4) = 32 − 12 + 𝑘
 𝑃(4) = 20 + 𝑘

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 E o valor de k é:
 20 + 𝑘 = 0
 𝑘 = −20

5. Determinar o polinómio:
 𝑃(𝑥) = 𝑎𝑥 + 𝑏

 Com:
 𝑎≠0
 E:
 𝑃(−1) = 1;
 𝑃(3) = 9

Resolução

 O problema consiste em determinar o valor de a e de b, ou seja:


 𝑃(−1) = 1 ⟹ 𝑃(𝑥) = 𝑎(−1) + 𝑏 = 1
 𝑃(−1) = 1 ⟹ 𝑃(𝑥) = −𝑎 + 𝑏 = 1
 𝑃(3) = 9 ⟹ 𝑃(𝑥) = 𝑎(3) + 𝑏 = 9
 𝑃(3) = 9 ⟹ 𝑃(𝑥) = 3𝑎 + 𝑏 = 9

 Resolvendo o sistema, temos:


−𝑎 + 𝑏 = 1 3(−𝑎 + 𝑏) = 3 ∙ 1 −3𝑎 + 3𝑏 = 3
 { ⟹{ ⟹{
3𝑎 + 𝑏 = 9 3𝑎 + 𝑏 = 9 3𝑎 + 𝑏 = 9

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 O valor de b é:

 Ou seja:

 4𝑏 = 12
12
 𝑏=
4
 𝑏=3

 E o valor de a é:
 3𝑎 + 3 = 9
 3𝑎 = 9 − 3
 3𝑎 = 6
6
 𝑎=
3

 𝑎=2

 Logo:
 𝑃(𝑥) = 2𝑥 + 3

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2. IDENTIDADE DE POLINÓMIOS

2.1. Polinómios idênticos

o Considerando dois polinómios P(x) e Q(x), dizemos que esses polinómios são idênticos
se e só se, os coeficientes dos termos correspondentes forem iguais.

o Ou seja, sendo:
𝑷(𝒙) = 𝒂𝟎 + 𝒂𝟏 𝒙 + 𝒂𝟐 𝒙𝟐 + ⋯ + 𝒂𝒏 𝒙𝒏
 {
𝑸(𝒙) = 𝒃𝟎 + 𝒃𝟏 𝒙 + 𝒃𝟐 𝒙𝟐 + ⋯ + 𝒃𝒏 𝒙𝒏

o Temos:
 𝑃(𝑥) ≡ 𝑄(𝑥) ⟺ 𝑎0 = 𝑏0 , 𝑎2 = 𝑏2 , … , 𝑎𝑛 = 𝑏𝑛

o Sendo os dois polinómios idênticos, para qualquer valor de x eles assumem o mesmo
valor numérico:
 𝑃(𝑥) ≡ 𝑄(𝑥) ⟹ 𝑃(𝛽) = 𝑄(𝛽), ∀𝛽 ∈ ℂ

o Por exemplo, dados os polinómios idênticos:


 𝑃(𝑥) = 𝑎𝑥 2 + 3𝑥 = 8
 𝑄(𝑥) = 4𝑥 2 + 3𝑥 + 𝑏

o Podemos escrever que:


 𝑃(𝑥) ≡ 𝑄(𝑥)

o Desta forma, temos que:


 𝑃(𝑥) = 𝑎𝑥 2 + 3𝑥 = 8
 𝑃(𝑥) = 𝑎𝑥 2 + 3𝑥 − 8
 𝑄(𝑥) = 4𝑥 2 + 3𝑥 + 𝑏

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 𝑎 = 4 𝑒 𝑏 = −8

2.2. Polinómio identicamente nulo

o Por exemplo, o polinómio:


 𝑃(𝑥) = 𝑎0 + 𝑎1 𝑥 + 𝑎2 𝑥 2 + ⋯ + 𝑎𝑛 𝑥 𝑛

o Será identicamente nulo se, e só se, todos os coeficientes forem nulos, ou seja:
 𝑎0 = 𝑎1 = 𝑎2 … 𝑎𝑛 = 0

o Em símbolo, temos:
 𝑃(𝑥) ≡ 0

o Para um polinómio nulo, não se define o grau.

o Por exemplo, dado o polinómio


 𝑃(𝑥) = (𝑘 + 3)𝑥 2 + (𝑝 − 1)𝑥 + 8
o Temos:
 𝑃(𝑥) ≡ 0

o Para:
𝑘 + 3 = 0 ⟹ 𝑘 = −3
 { 𝑒
𝑝−1=0⟹𝑝 =1

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Exercícios resolvidos

1. Determinar os valores de a, b e c para que o polinómio


 𝑃(𝑥) = (𝑎 + 3)𝑥 2 + (3𝑏 + 9)𝑥 + 𝑐

 Seja identicamente nulo.

Resolução

o Para que este polinómio seja identicamente nulo, basta igualar cada um dos seus
coeficientes a zero, ou seja:
 𝑎 + 3 = 0 ⟹ 𝑎 = −3
9
 3𝑏 − 9 = 0 ⟹ 3𝑏 = 9 ⟹ 𝑏 = ⟹ 𝑏 = 3
3

 𝑐=0

3. ADIÇÃO E SUBTRAÇÃO DE POLINÓMIOS

3.1. Adição de polinómios

o A soma de dois ou mais polinómios consiste em somar os coeficientes dos seus termos
que apresentam o mesmo grau.
o Por exemplo, dado os polinómios:
 𝑃(𝑥) = 3𝑥 4 − 2𝑥 3 + 𝑥 2 + 4𝑥 + 1
 𝑄(𝑥) = 4𝑥 4 − 6𝑥 3 + 2𝑥 2 − 4𝑥 + 1

o A soma de P(x) com Q(x) é:


 𝑃(𝑥) + 𝑄(𝑥) = (3 + 4)𝑥 4 + (−2 − 6)𝑥 3 + (1 + 2)𝑥 2 + (4 − 4)𝑥 + (1 + 1)

 𝑃(𝑥) + 𝑄(𝑥) = 7𝑥 4 − 8𝑥 3 + 3𝑥 2 + 2

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3.2. Subtração de polinómios

o De forma análoga, a diferença entre dois polinómios é o polinómio cujos coeficientes


são subtraídos, ou seja, numa certa ordem, subtraem-se os coeficientes que apresentam
o mesmo grau.

o Por exemplo, dado os polinómios:


 𝑃(𝑥) = 2𝑥 4 − 3𝑥 3 + 𝑥 2 − 2𝑥 + 1
 𝑄(𝑥) = 2𝑥 4 + 𝑥 2 + 3

o Completando o polinómio Q(x), temos:


 𝑃(𝑥) = 2𝑥 4 − 3𝑥 3 + 𝑥 2 − 2𝑥 + 1
 𝑄(𝑥) = 2𝑥 4 + 0𝑥 3 + 𝑥 2 + 0𝑥 + 3

o A diferença de P(x) com Q(x) é:


 𝑃(𝑥) − 𝑄(𝑥) = (2 − 2)𝑥 4 + (−2 + 0)𝑥 3 + (1 − 1)𝑥 2 + (−2 + 0)𝑥 + (1 + 1)
 𝑃(𝑥) − 𝑄(𝑥) = −2𝑥 3 − 3𝑥 − 2

3.3. Grau do polinómio soma ou diferença

o Por exemplo, dado os polinómios:


 𝑃(𝑥) = 3𝑥 4 − 2𝑥 3 + 𝑥 2 + 4𝑥 + 1
 𝑄(𝑥) = 4𝑥 4 − 6𝑥 3 + 2𝑥 2 − 4𝑥 + 1

o O resultado da soma ou da subtração entre dois polinómios não tem, como grau,
necessáriamente, a soma ou a diferença dos graus desses polinómios.

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Exercícios resolvidos

1. Dados os polinómios:
 𝑃(𝑥) = 2𝑥 4 − 𝑥 3 + 𝑥 2 + 𝑥 + 3
 𝑄(𝑥) = 𝑥 3 + 2𝑥 2 − 𝑥 + 3

 Calcule:
a) 𝑃(𝑥) + 𝑄(𝑥)
b) 𝑃(𝑥) − 𝑄(𝑥)
c) 𝑄(𝑥) − 𝑃(𝑥)

Resolução

 Sendo:
 𝑃(𝑥) = 2𝑥 4 − 𝑥 3 + 𝑥 2 + 𝑥 + 3

 E:
 𝑄(𝑥) = 𝑥 3 + 2𝑥 2 − 𝑥 + 3

a) 𝑃(𝑥) + 𝑄(𝑥) = 𝐶(𝑥) é:


 𝐶(𝑥) = (2 + 0)𝑥 4 + (−1 + 1)𝑥 3 + (1 + 2)𝑥 2 + (1 − 1)𝑥 + 3 + 3
 𝐶(𝑥) = 2𝑥 4 + 3𝑥 2 + 6

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b) 𝑃(𝑥) − 𝑄(𝑥) = 𝐷(𝑥) é:
 𝐷(𝑥) = (2 − 0)𝑥 4 + (−1 − 1)𝑥 3 + (1 − 2)𝑥 2 + [1 − (−1)]𝑥 + (3 − 3)
 𝐷(𝑥) = 2𝑥 4 − 2𝑥 3 − 𝑥 2 + 2𝑥

c) 𝑄(𝑥) − 𝑃(𝑥) = 𝐸(𝑥) é:


 𝐸(𝑥) = (0 − 2)𝑥 4 + [1 − (−1)]𝑥 3 + (2 − 1)𝑥 2 + (−1 − 1)𝑥 + (3 − 3)
 𝐸(𝑥) = −2𝑥 4 + 2𝑥 3 + 𝑥 2 − 2𝑥

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4. MULTIPLICAÇÃO DE POLINÓMIOS

4.1. Multiplicação de polinómios

o Para se obter o produto de dois polinómios se deve fazer:


a) A multiplicação de cada termo de um deles, por todos os termos do outro;
b) Posteriormente, a adição dos resultados.

o Por exemplo, encontre 𝑃(𝑥) × 𝑄(𝑥) dado que:


 𝑃(𝑥) = 𝑥 2 − 𝑥
 𝑄(𝑥) = −𝑥 2 + 2𝑥 + 5

o Para resolver este problema, fazemos:

o Ou seja:
 𝑃(𝑥) × 𝑄(𝑥) = 𝐶(𝑥) = (𝑥 2 − 𝑥)(−𝑥 2 + 2𝑥 + 5)
 𝐶(𝑥) = [(𝑥 2 ∙ (−𝑥 2 )) + (𝑥 2 ∙ 2𝑥) + (𝑥 2 ∙ 5) + +((−𝑥) ∙ (−𝑥 2 )) + ((−𝑥) ∙
2𝑥) + ((−𝑥) ∙ 5)]
 𝐶(𝑥) = −𝑥 4 + 2𝑥 3 + 5𝑥 2 + 𝑥 3 − 2𝑥 2 − 5𝑥
 𝐶(𝑥) = −𝑥 4 + 2𝑥 3 + 𝑥 3 + 5𝑥 2 − 2𝑥 2 − 5𝑥
 𝐶(𝑥) = −𝑥 4 + 3𝑥 3 + 3𝑥 2 − 5𝑥

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o O grau do produto de dois polinómios não-nulos é a soma dos graus desses polinómios.

Exercícios resolvidos

1. Dado os polinómios:
 𝑃(𝑥) = 𝑥 3 + 2𝑥 2
 𝑄(𝑥) = 𝑥 4 − 𝑥 3 + 2𝑥 − 1

 Calcular:
a) [𝑃(𝑥)]2
b) 𝑃(𝑥) ∙ 𝑄(𝑥)

Resolução

a) [𝑃(𝑥)]2
 Temos que:
 [𝑃(𝑥)]2 = 𝑃(𝑥) × 𝑃(𝑥) = 𝐶(𝑥)

 Ou seja:
 𝐶(𝑥) = (𝑥 3 + 2𝑥 2 )(𝑥 3 + 2𝑥 2 )
 𝐶(𝑥) = [(𝑥 3 ∙ 𝑥 3 ) + (𝑥 3 ∙ 2𝑥 2 ) + (2𝑥 2 ∙ 𝑥 3 ) + (2𝑥 2 ∙ 2𝑥 2 )]
 𝐶(𝑥) = 𝑥 6 + 2𝑥 5 + 2𝑥 5 + 4𝑥 4
 𝐶(𝑥) = 𝑥 6 + 4𝑥 5 + 4𝑥 4

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b) Para calcular 𝑃(𝑥) × 𝑄(𝑥), podemos proceder da seguinte forma:
 𝑃(𝑥) × 𝑄(𝑥) = 𝐶(𝑥)
 𝐶(𝑥) = (𝑥 3 + 2𝑥 2 )(𝑥 4 − 𝑥 3 + 2𝑥 − 1)
 𝐶(𝑥) = [(𝑥 3 ∙ 𝑥 4 ) + (𝑥 3 ∙ (−𝑥 3 )) + (𝑥 3 ∙ 2𝑥) + (𝑥 3 ∙ (−1)) + (2𝑥 2 ∙ 𝑥 4 ) +
(2𝑥 2 ∙ 2𝑥) + (2𝑥 2 ∙ (−1))]]
 𝐶(𝑥) = 𝑥 7 − 𝑥 6 + 2𝑥 4 − 𝑥 3 + 2𝑥 6 − 2𝑥 5 + 4𝑥 3 − 2𝑥 2
 𝐶(𝑥) = 𝑥 7 − 𝑥 6 + 2𝑥 6 − 2𝑥 5 + 2𝑥 4 − 𝑥 3 + 4𝑥 3 − 2𝑥 2
 𝐶(𝑥) = 𝑥 7 + 𝑥 6 − 2𝑥 5 + 2𝑥 4 + 3𝑥 3 − 2𝑥 2

5. Divisão de polinómios

5.1. Introdução

o Considere dois polinómios A(x) e B(x), sendo B(x) um polinómio não-nulo, e ao


dividir A(x) por B(x) encontraremos os polinómios Q(x) e R(x), tais que:

𝐴(𝑥 ) ≡ 𝑄 (𝑥 ) × 𝐵(𝑥 ) + 𝑅(𝑥)

o Onde:
 𝑨(𝒙) é 𝑜 𝑑𝑖𝑣𝑖𝑑𝑒𝑛𝑑𝑜;
 𝑸(𝒙) é 𝑜 𝑞𝑢𝑜𝑐𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒;
 𝑩(𝒙) é 𝑜 𝑑𝑖𝑣𝑖𝑠𝑜𝑟;
 R(𝒙) é 𝑜 𝑟𝑒𝑠𝑡𝑜.

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o Isso poderá ser indicado na chave da seguinte forma:

o Observe que:
a) O grau de Q(x) é igual à diferença dos graus de A(x) e de B(x);
b) O grau de R(x), para R(x) não nulo será sempre menor que o grau do B(x);
c) Se a divisão é exata, R(x) é nulo, ou seja, A(x) é divisível pelo B(x).

5.2. Método da chave

o Para dividirmos o polinómio:


 𝐴(𝑥) = 4𝑥 3 +𝑥 4 + 9 + 4𝑥 2

o Pelo polinómio:
 𝐵(𝑥) = 𝑥 2 + 𝑥 − 1

o Adotamos um procedimento análogo ao algorítmo usado na aritmética, ou seja:


a) Escrevemos os polinómios dados na ordem crescente dos seus expoentes, e no
caso de um polinómio não estiver completo, completamos com termos de
coeficiente zero.

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 Por exemplo, vamos colocar na ordem crescentes e completar os polinómios
A(x) e B(x), ou seja:
 𝐴(𝑥) = 𝑥 4 + 4𝑥 3 + 4𝑥 2 + 0𝑥 + 9
 𝐵(𝑥) = 𝑥 2 + 𝑥 − 1

b) Dividimos o termo de maior grau do dividendo pelo termo de maior grau do


divisor, obtendo assim, o primeiro termo do quociente.
 A seguir multiplicamos o termo obtido pelo divisor, subtraíndo esse produto
do dividendo.

c) Caso a diferença obtida tenha grau maior ou igual ao divisor, ela passa a ser um
novo dividendo, sendo que neste caso, repetimos o processo a partir do segundo
passo (alínea b).

 Continuando com a divisão temos:

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 Logo, obtemos o quociente:
 𝑄(𝑥) = 𝑥 2 + 3𝑥 + 2

 E o resto:
 𝑅(𝑥) = 𝑥 + 11

Exercícios resolvidos

1. Na divisão de um polinómio D(x) pelo polinómio d(x) = 𝑥 2 + 1, encontramos:


 O quociente Q(x) = 𝑥 2 − 6
 E o resto R(x) = 𝑥 + 6

 Determine D(x).

Resolução

 De acordo com o enunciado, temos:


 𝐷(𝑥) = 𝑄(𝑥) ∙ 𝑑(𝑥) + 𝑅(𝑥)

 Então temos:
 𝐷(𝑥) = (𝑥 2 − 6)(𝑥 2 + 1) + (𝑥 + 6)
 𝐷(𝑥) = (𝑥 4 + 𝑥 2 − 6𝑥 2 − 6) + (𝑥 + 6)
 𝐷(𝑥) = 𝑥 4 + 𝑥 2 − 6𝑥 2 − 6 + 𝑥 + 6
 𝐷(𝑥) = 𝑥 4 − 5𝑥 2 + 𝑥

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2. Obter o valor de k, de modo que:
 𝐴(𝑥) = 𝑥 2 − 3𝑥 + 𝑘

 Seja divisível (resto igual a zero) por:


 𝐵(𝑥) = 𝑥 − 1.

Resolução

 A divisão de A(x) por B(x) por chave é:

 E para que A(x) seja divisível por B(x) é neces-sário que 𝑅(𝑥) = 0, ou seja:
 𝑘−2=0
 𝑘=2

3. Obter o polinómio A(x) tal que:


 𝐴(𝑥) ÷ 𝐵(𝑥) = 𝐵(𝑥) ÷ 𝐶(𝑥)

 Considerando:
 𝐵(𝑥) = −3𝑥 + 6
 𝐶(𝑥) = 𝑥 − 2

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Resolução

 Temos que:
 𝐴(𝑥) ÷ 𝐵(𝑥) = 𝐵(𝑥) ÷ 𝐶(𝑥)

 Implica que:
 𝐴(𝑥) = 𝐵(𝑥) ∙ 𝐵(𝑥) ÷ 𝐶(𝑥)
 𝐴(𝑥) = [𝐵(𝑥)]2 ÷ 𝐶(𝑥)

 E:
 [𝐵(𝑥)]2 = (−3𝑥 + 6)(−3𝑥 + 6)
 [𝐵(𝑥)]2 = 9𝑥 2 − 18𝑥 − 18𝑥 + 36
 [𝐵(𝑥)]2 = 9𝑥 2 − 36𝑥 + 36

 Efetuando a divisão pelo método da chave, temos:

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5.3. Teorema do resto

o O enunciado do teorema do resto é:

“O resto da divisão de um polinómio


P(x) por um binómio (𝑥 − 𝑎) é o
próprio valor numérico do polinómio
para 𝑥 = 𝑎, que indicamos por P(a)”

o De acordo com a definição de divisão, temos:


 𝑃(𝑥) = (𝑥 − 𝑎) ∙ 𝑄(𝑥) + 𝑅(𝑥)

o Onde:
 𝑅(𝑥) = 𝑘 (𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒)

o Pois:
 𝑔𝑟(𝑥 − 𝑎) = 1

o Assim sendo, temos:

 𝑃(𝑎) = (𝑎 − 𝑎) ∙ 𝑄(𝑎) + 𝑘
 𝑃(𝑎) = 𝑘

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o Logo:
 𝑅(𝑥) = 𝑃(𝑎)

o Por exemplo, o resto da divisão do polinómio:


 𝑃(𝑥) = 4𝑥 3 − 2𝑥 2 + 𝑥 + 1

o Pelo binómio:
 (𝑥 − 2)

o É dado pelo valor numérico do polinómio P(x) para:


 𝑥=2

o Ou seja, para x igual à raíz do binómio, temos:


 𝑃(2) = 4 ∙ 23 − 2 ∙ 22 + 2 + 1
 𝑃(2) = 4 ∙ 8 − 2 ∙ 4 + 3
 𝑃(2) = 32 − 8 + 3
 𝑃(2) = 27

o Logo, o resto é:
 𝑅(𝑥) = 27

POLINÓMIOS (Parte teórica)


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5.4. Teorema de D’Alembert

o O teorema de D’Alembert, diz que:

“A divisão de um polinómio P(x)


por um binómio (𝑥 − 𝑎) é exata
se, e somente se, 𝑃(𝑎) = 0”

o Pelo teorema do resto, temos que:


 𝑅(𝑥) = 𝑃(𝑎)

o Se a divisão é exata e:
 𝑅(𝑥) = 0

o Então:
 𝑃(𝑎) = 0

o Se:
 𝑃(𝑎) = 0

o Então:
 𝑅(𝑥) = 0

o Logo a divisão é exata.

POLINÓMIOS (Parte teórica)


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o Por exemplo, a divisão de
 𝑃(𝑥) = 𝑥 3 + 𝑥 2 − 11𝑥 + 10

o Pelo binómio
 (𝑥 − 2)

o É exata, pois:
 𝑃(2) = 23 + 22 − 11 ∙ 2 + 10
 𝑃(2) = 8 + 4 − 22 + 10
 𝑃(2) = 0

5.5. Divisão de um polinómio por um produto de dois binómios

o Sendo P(x) divisível por:


 (𝑥 − 𝑎)

o E por:
 (𝑥 − 𝑏)

o Com
 𝑎≠𝑏

o Então P(x) é divisível por:


 (𝑥 − 𝑎)(𝑥 − 𝑏)

POLINÓMIOS (Parte teórica)


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o Como o divisor:
 𝑃(𝑥) = (𝑥 − 𝑎)(𝑥 − 𝑏)

o É do 2º Grau, o resto será no máximo de grau 1 e, assim:


 𝑃(𝑥) = (𝑥 − 𝑎)(𝑥 − 𝑏) ∙ 𝑄(𝑥) + 𝑚𝑥 + 𝑞

o E como 𝑃(𝑎) = 0 temos:


 𝑃(𝑎) = (𝑎 − 𝑎)(𝑎 − 𝑏) ∙ 𝑄(𝑥) + 𝑚𝑥 + 𝑞 = 0

o Implica que:
 𝑷(𝒂) = 𝒎 ∙ 𝒂 + 𝒒 = 𝟎 (equação 1)

o Como 𝑃(𝑏) = 0, temos que:


 𝑃(𝑏) = (𝑏 − 𝑎) (𝑏 − 𝑏) ∙ 𝑄(𝑏) + 𝑚 ∙ 𝑏 + 𝑞 = 0

o Isso implica que:


 𝑷(𝒃) = 𝒎 ∙ 𝒃 + 𝒒 = 𝟎 (equação 2)

o Subtraindo, membro a membro, a equação 2 da equação 1, temos:


 (𝑚𝑎 + 𝑞) − (𝑚𝑏 + 𝑞) = 0
 𝑚𝑎 − 𝑚𝑏 + 𝑞 − 𝑞 = 0
 (𝑚𝑎 − 𝑚𝑏) = 0
 𝒎(𝒂 − 𝒃) = 𝟎

POLINÓMIOS (Parte teórica)


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o Como:
 𝑎≠𝑏

o Implica que:
 𝑎−𝑏 ≠0
o Então:
 𝑚=0

o Substituindo 𝑚 = 0 na equação 2, fica:


 𝑃(𝑏) = 𝑚 ∙ 𝑏 + 𝑞 = 0
 𝑃(𝑏) = 0 ∙ 𝑏 + 𝑞 = 0
 𝑷(𝒃) = 𝒒 = 𝟎

o Portanto, o resto:
 𝑹(𝒙) = 𝒎 ∙ 𝒙 + 𝒒

o É identicamente nulo e 𝑃(x) é divisível por:


 (𝑥 − 𝑎) ∙ (𝑥 − 𝑏)

o Por exemplo, o polinómio


 𝑃(𝑥) = −𝑥 3 + 2𝑥 2 + 5𝑥 − 6

o É divisível por
 (𝑥 − 3)(𝑥 + 2)

POLINÓMIOS (Parte teórica)


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o Pois:
 𝑃(3) = −33 + 2 ∙ 32 + 5 ∙ 3 − 6
 𝑃(3) = −27 + 18 + 15 − 6
 𝑃(3) = 0

o Isto é 𝑃(𝑥) é divisível por:


 (𝑥 − 3)

o Vamos agora repetir os procedimentos anterio-res para (𝑥 + 2) ou seja:


 𝑃(−2) = −(−2)3 + 2 ∙ (−2)2 + 5 ∙ (−2) − 6
 𝑃(−2) = 8 + 8 − 10 − 6
 𝑃(−2) = 0

o Isto é 𝑃(𝑥) é divisível por:


 (𝑥 + 2)

o Logo 𝑃(𝑥) é divisível por:


 (𝑥 − 3)(𝑥 + 2)

Exercícios resolvidos

1. Determinar o valor de m, de modo que a divisão do polinómio


 𝑃(𝑥) = 4𝑥 3 − 𝑥 2 + 𝑚𝑥 + 3

 Seja divisível pelo binómio 𝑥 + 2 tenha resto igual a 7.

POLINÓMIOS (Parte teórica)


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Resolução
 Para achar o valor de m, basta aplicar o teorema do resto, ou seja:
 𝑃(−2) = 4 ∙ (−2)3 − (−2)2 + 𝑚(−2) + 3 = 7
 𝑃(−2) = 4 ∙ (−8) − 4 − 2𝑚 + 3 = 7
 𝑃(−2) = −2𝑚 − 33 = 7

 Isso implica que:


 −2𝑚 − 33 = 7
33+7
 𝑚= = −20
−2

2. Obter o valor de k, para que o polinómio


 𝑃(𝑥) = 2𝑥 4 + 𝑘𝑥 3 − 6𝑥 2

 Seja divisível pelo binómio x − 1.

Resolução

 Para que a divisão de 𝑃(𝑥) pelo binómio seja extata, devemos ter que 𝑃(1) = 0
(teorema de D’Alembert)
 Sendo assim, temos que:
 𝑃(1) = 2 ∙ (1)4 + 𝑘 ∙ (1)3 − 6 ∙ (1)3 = 0
 𝑃(1) = 2 + 𝑘 − 6 = 0
 𝑃(1) = 𝑘 − 4 = 0

 Isso implica que:


 𝑘=4

POLINÓMIOS (Parte teórica)


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5.6. Dispositivo de Briot-Ruffini

o O dispositivo de Briot-Ruffini nos permite encontrar o quociente e o resto da divisão


de um polinómio P(x), onde o grau desse polinómio n deverá ser maior ou igual a 1
(𝑛 ≥ 1) e dividido por um binómio (𝑥 − 𝑎), sendo (𝑛 − 1) o grau do quociente.
o Por exmplo, para efetuar a divisão de:
 𝑃(𝑥) = 3𝑥 3 − 8𝑥 2 + 5𝑥 + 6

o Pelo binómio:
 (𝑥 − 2)

o Para resolver este problema, devemos proceder da seguinte forma:


a) O primeiro passo seria determinar a raíz do binómio (𝑥 − 2), ou seja:
 𝑥−2=0
 𝑥=2

o Colocamos a raíz encontrada no lado esquerdo do dispositivo e do lado direito, os


coeficientes de todos os termos do dividendo, em ordem decrescente de expoente.
o Por exemplo:

POLINÓMIOS (Parte teórica)


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b) De seguida, abaixamos o 1º coeficiente do dividendo para depois a multiplicarmos pela
raíz.
o O produto é então, somado ao 2º coeficiente, sendo o resultado escrito debaixo do 2º
coeficiente.

POLINÓMIOS (Parte teórica)


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c) Multiplicamos o resultado obtido pela raíz e adicionamos o produto ao 3º coeficiente,
e o processo se repete de novo até que o último coeficiente seja envolvido.

o Concluindo, os três primeiros números obtidos são os coeficientes do quociente,


sendo o último número o resto da divisão.

POLINÓMIOS (Parte teórica)


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o Neste caso, o quociente Q(x) é:
 𝑄(𝑥) = 3𝑥 2 − 2𝑥 + 1
o E o resto R(x) é:
 𝑅(𝑥) = 8
o Note que o grau do quociente Q(x) é sempre uma unidade inferior ao grau do
dividendo.

Exercícios resolvidos

1. Determinar o quociente e o resto da divisão do polinómio


 𝑃(𝑥) = 4𝑥 3 + 8 − 3𝑥 2

 Pelo binómio
 (𝑥 + 1)

Resolução

 Inicialmente observamos que falta o termo em x no polinómio P(x) e, além disso, não
está ordenado decrescentemente.

 Por essa razão vamos pô-lo na ordem decrescente e completá-lo, ou seja:


 𝑃(𝑥) = 4𝑥 3 − 3𝑥 2 + 0𝑥 + 8

POLINÓMIOS (Parte teórica)


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 Aplicando o dispositivo de Briot-Ruffini, temos:

 Ou seja, o coeficiente do primeiro termo do quociente é:


a) 4

 O coeficiente do segundo termo do quociente é:


b) (4 × (−1)) + (−3) = −7

 O coeficiente do terceiro termo do quociente é:


c) ((−7) × (−1)) + (0) = 7

 O resto da divisão é:
d) (7 × (−1)) + 8 = 1

 Desta forma o polinómio quociente Q(x) é:


 𝑄(𝑥) = 4𝑥 2 − 7𝑥 2 + 7𝑥
 E o polinómio resto R(x) é:
 R(𝑥) = 1

POLINÓMIOS (Parte teórica)


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2. Determinar o quociente e o resto da divisão do polinómio
 𝑃(𝑥) = 6𝑥 3 − 2𝑥 2 + 3𝑥 + 2

 Pelo binómio
 (2𝑥 − 1)

Resolução

 O dispositivo de Briot-Ruffini é aplicável apenas quando o coeficiente de x no binómio


for igual a 1.

 Por essa razão usamos o seguinte artifício:


 𝑃(𝑥) = (2𝑥 − 1) ∙ 𝑄(𝑥) + 𝑅(𝑥)
1
 𝑃(𝑥) = 2 (𝑥 − ) ∙ 𝑄(𝑥) + 𝑅(𝑥)
2
1
 𝑃(𝑥) = (𝑥 − ) ∙ 2𝑄(𝑥) + 𝑅(𝑥)
2

 Observamos que, na divisão de P(x) por:


1
 (𝑥 − )
2

 O quociente aparece dobrado e, por essa razão, devemos dividir por 2 os coeficientes
deste quociente e conservar o resto, ou seja:

POLINÓMIOS (Parte teórica)


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 Ou seja:
 6÷2=3
1
 1÷2=
2
7 7 1 7
 ÷2= × =
2 2 2 4

 Desta forma o polinómio quociente Q(x) é:


1 7
 𝑄(𝑥) = 3𝑥 2 + 𝑥 +
2 4

 E o polinómio resto R(x)


15
 𝑅(𝑥) =
4

3. Um polinómio P(x) dividido por (𝑥 − 5) dá resto 6. Obtenha o resto da divisão de P(x)


por:
 (𝑥 − 2)(𝑥 − 5)

POLINÓMIOS (Parte teórica)


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Resolução

 Pelo teorema do resto, temos:


 𝑃(2) = 4
 𝑃(5) = 6

 Sendo P(x):
 𝑃(𝑥) = (𝑥 − 2)(𝑥 − 5) ∙ 𝑄(𝑥) + 𝑎𝑥 + 𝑏

 Fazendo 𝑥 = 2, temos:
 𝑃(2) = (2 − 2)(2 − 5) ∙ 𝑄(2) + 2𝑎 + 𝑏 = 4
 𝑷(𝟐) = 𝟐𝒂 + 𝒃 = 𝟒 (equação 1)

 E:
 𝑃(5) = (5 − 2)(5 − 5) ∙ 𝑄(5) + 5𝑎 + 𝑏 = 6
 𝑷(𝟓) = 𝟓𝒂 + 𝒃 = 𝟔 (equação 2)

 Resolvendo o sistema, temos:


2𝑎 + 𝑏 = 4 (−1)(2𝑎 + 𝑏) = 4 × (−1) −2𝑎 − 𝑏 = −4
 { ⟹{ ⟹{
5𝑎 + 𝑏 = 6 5𝑎 + 𝑏 = 6 5𝑎 + 𝑏 = 6

2
 ⟹ 3𝑎 = 2 ⟹ 𝑎 =
3

 E:
2 10
 5𝑎 + 𝑏 = 6 ⟹ 5 × + 𝑏 = 6 ⟹ +𝑏 =6⟹
3 3
10 18−10 8
 ⟹𝑏 =6− ⟹𝑏= ⟹𝑏=
3 3 3

POLINÓMIOS (Parte teórica)


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 Desta forma, temos que R(x) é:
2 8
 𝑅(𝑥) = ( 𝑥 + )
3 3

6. Equações algébricas
6.1. Conceitos gerais

o Chama-se equação algébrica ou polinomial toda a equação redutível à forma:

𝑎𝑛 𝑥 𝑛 + 𝑎𝑛−1 𝑥 𝑛−1 + ⋯ + 𝑎1 𝑥 + 𝑎0 = 0

o Com:
 𝑎𝑛 ≠ 0

o Sendo:
 𝒂𝒏 , 𝒂𝒏−𝟏 … 𝒂𝟏 , 𝒂𝟎 e 𝒙 números complexos;
 𝒏 ∈ ℕ∗ e sendo 𝒏 o grau da equação.

6.2. Raíz ou zeros de uma equação algébrica

o A raíz ou zero de uma equação algébrica é o valor 𝒙 que a verifica, isto é, os valores de
𝒙 para que a equação seja igual a zero.

o Por exemplo, na equação:


 𝑥 2 − 3𝑥 − 10 = 0

POLINÓMIOS (Parte teórica)


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o −2 é raíz, pois:
 (−2)2 − 3 ∙ (−2) − 10 = 0
 4 + 6 − 10 = 0
 0=0

o Já 7 não é raíz, pois:


 72 − 3 ∙ 7 − 10 = 0
 49 − 21 − 10 = 0
 18 ≠ 0

o Considerando agora a equação:


 𝑥 3 − 6𝑥 2 − 𝑥 + 30 = 0

o Verificamos que 3 é raíz, pois:


 33 − 6 ∙ 32 − 3 + 30 = 0
 27 − 54 − 3 + 30 = 0
 0=0

6.3. Resolução das equações algébricas

o Resolver uma equação algébrica é determinar todas as suas raízes, que assim, formam o
conjunto solução ou conjunto verdade da equação.

o Por exemplo, a equação:


 3𝑥 − 6 = 0

POLINÓMIOS (Parte teórica)


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o Tem 2 como raíz única, pois:
6
 3𝑥 − 6 = 0 ⟹ 3𝑥 = 6 ⟹ 𝑥 = ⟹ 𝑥 = 2
3

o Então, o conjunto solução é:


 𝑆 = {2}

o Já a equação:
 𝑥 2 − 5𝑥 + 6 = 0

o Tem duas raí𝑧𝑒𝑠, ou seja, aplicando a fórmula resolvente, temos:


−𝑏±√𝑏2 −4𝑎𝑐
 𝑥=
2𝑎

o Neste caso particular, temos que:


 𝑎=1
 𝑏 = −5
 𝑐=6

o Assim sendo, temos:


−𝑏±√𝑏3 −24 5±√25−24 5±1
 𝑥= = ⟹𝑥=
2 2 2

o Isto significa que, uma das raízes é:


5+1 6
 𝑥1 = ⟹𝑥= ⟹𝑥=3
2 2

POLINÓMIOS (Parte teórica)


Página 40 de 64
o A outra raíz é:
5−1 4
 𝑥2 = ⟹𝑥= ⟹𝑥=2
2 2

o Então, o conjunto solução é:


 𝑺 = {𝟐, 𝟑}

6.4. Teorema fundamental

o O enunciado do teorema fundamental da álgebra diz que:

“Toda equação algébrica 𝑃(𝑥 ) = 0 de


grau 𝑛 ≥ 1 admite, pelo menos, uma
raíz complexa”.

o Com auxílio do teorema fundamental da álgebra, mostraremos que um polinómio de


grau 𝒏 ≥ 𝟏 pode ser decomposto num produto de fatores do 1º grau.

o Considerando uma equação polinomial de grau 𝑛 ≥ 1:


 𝑃(𝑥) = 𝑎𝑛 𝑥 𝑛 + 𝑎𝑛−1 𝑥 𝑛−1 + ⋯ + 𝑎2 𝑥 2 + 𝑎1 𝑥 + 𝑎0 = 0

o Pelo teorema fundamental da álgebra, existe um número 𝒙𝟏 , tal que:


 𝑷(𝒙) = 𝟎:

POLINÓMIOS (Parte teórica)


Página 41 de 64
o Assim:
 𝑷(𝒙) = (𝒙 − 𝒙𝟏 ) ∙ 𝑸𝟏 (𝒙) = 𝟎 (equação 1)

o Concluímos que:
 𝑥 − 𝑥1 = 0

o Ou:
 𝑄1 (𝑥) = 0

o Sendo 𝑛 > 1, 𝑄1 (𝑥) não é um polinómio constante, logo, ele admite uma raíz 𝒙𝟐 tal
que:
 𝑸𝟏 (𝒙) = (𝒙 − 𝒙𝟐 ) ∙ 𝑸𝟐 (𝒙) (equação 2)

o Substituindo a equação 2 na equação 1, temos:


 𝑃(𝑥) = (𝑥 − 𝑥1 ) ∙ (𝑥 − 𝑥2 ) ∙ 𝑄2 (𝑥) = 0

o Procedendo do mesmo modo, podemos escrever:


 𝑃(𝑥) = (𝑥 − 𝑥1 ) ∙ (𝑥 − 𝑥2 ) × … × (𝑥 − 𝑥𝑛 ) ∙ 𝑄𝑛

o Por exemplo, considerando o polinómio:


 𝑃(𝑥) = 2𝑥 3 − 8𝑥 2 − 2𝑥 + 8

o Cuja as raízes são:


 𝑥1 = −1
 𝑥2 = 1
 𝑥3 = 4

POLINÓMIOS (Parte teórica)


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o Colocando P(x) na forma fatorizada, temos:
 𝑃(𝑥) = 2(𝑥 + 1)(𝑥 − 1)(𝑥 − 4)

Exercícios resolvidos
1. Colocar o polinómio
 𝑃(𝑥) = 𝑥 3 + 4𝑥 2 + 𝑥 − 6
 Na forma fatorizada, sabendo-se que uma raíz é o número 1.

Resolução

o Sendo 1 raíz do polinómio P(x), temos que:


 𝑃(1) = 0

o Então, baseando-se no teorema de D’Alembert, P(x) é divisível por (𝑥 − 1) e com o


auxílio do dispositivo de Briot-Ruffini, temos:

 O quociente Q(x) é:
 𝑃(𝑥) = 𝑥 2 + 5𝑥 + 6

POLINÓMIOS (Parte teórica)


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 E o resto R(x) é:
 𝑅(𝑥) = 0

 Então:
 𝑃(𝑥) = (𝑥 − 1) ∙ 𝑄1 (𝑥)
 𝑃(𝑥)=(𝑥−1)(𝑥 2 +5𝑥+6)

 Como Q(x) é do 2º grau, vamos aplicar a fórmula resolvente para encontrar as suas
raízes, ou seja:
−𝒃±√𝒃𝟐 −𝟒𝒂𝒄
 𝑥=
𝟐𝒂

 Podemos simplificar o radicando, colocando todo o radicando como delta (∆), ou seja:
 ∆= 𝒃𝟐 − 𝟒𝒂𝒄

 Assim sendo, temos que:


−𝒃±√∆
 𝒙=
𝟐𝒂

 Para o caso do nosso exemplo, vamos então, calcular o valor de delta (∆):
 ∆= 𝒃𝟐 − 𝟒𝒂𝒄 = 52 − 4 ∙ 1 ∙ 6 = 25 − 24 = 1

 O valor de uma das raízes é:


−5+1 −4
 𝑥1 = = = −2
2 2

 Sendo o valor da outra raíz, o seguinte:


−5−1 −6
 𝑥2 = = = −3
2 2

POLINÓMIOS (Parte teórica)


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 Logo P(x) é:
 P(𝑥) = (𝑥 − 1)(𝑥 + 2)(𝑥 + 3)

2. Resolver a equação
 𝑃(𝑥) = 𝑥 4 + 𝑥 3 − 7𝑥 2 − 𝑥 + 6

 Sabendo que 1 e −3 são raízes.

Resolução

 Uma das raízes de P(x) é 1, ou seja:

 O quociente 𝑄1 (𝑥) é:
 𝑄1 (𝑥) = 𝑥 3 + 2𝑥 2 − 5𝑥 − 6 = 0

POLINÓMIOS (Parte teórica)


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 Como −3 é raíz de P(x), também é raíz de 𝑄1 (𝑥), e assim sendo, temos:

 O quociente 𝑄2 (𝑥) é:
 𝑄2 (𝑥) = 𝑥 2 − 𝑥 − 2 = 0

 Resolvendo a equação
 𝑥2 − 𝑥 − 2 = 0

 Obtemos as outras raízes, ou seja:


 ∆= 𝑏 2 − 4𝑎𝑐 = 1 + 8 = 9
1+3 4
 𝑥1 = = =2
2 2
1−3 −2
 𝑥2 = = = −1
2 2

 Portanto o conjunto solução é:


 𝑆 = {−3, − 1, 1, 2}

3. Determinar o polinómio de 3º grau, cujas raízes são:


 𝑥1 = −3
 𝑥2 = 3𝑖
 𝑥3 = −3𝑖

POLINÓMIOS (Parte teórica)


Página 46 de 64
 Sabendo que o coeficiente de 𝑥 3 é igual a 2.

Resolução

 Como:
 𝑃(𝑥) = 𝑎𝑛 (𝑥 − 𝑥1 )(𝑥 − 𝑥2 ) … (𝑥 − 𝑥𝑛 )

 Temos:
 𝑃(𝑥) = 2(𝑥 + 1)(𝑥 − 3𝑖)(𝑥 + 3𝑖)

 Então:
 𝑃(𝑥) = 2𝑥 3 + 2𝑥 2 + 18𝑥 + 18

6.5. Relações de Girard

o Podemos estabelecer relações entre os coeficientes e as raízes de uma equação polinomial,


chamadas de relações de Girard.

o No estabelecimento de uma relação de Girard, podemos encontrar os seguintes casos:


a) Primeiro caso

o Seja a equação do 2º grau:


 𝑎𝑥 2 + 𝑏𝑥 + 𝑐 = 0 com 𝑎 ≠ 0

o Cujas as raízes são:


 𝑥1 e 𝑥2

POLINÓMIOS (Parte teórica)


Página 47 de 64
o Decompondo em fatores do 1º grau, temos:
 𝑎𝑥 2 + 𝑏𝑥 + 𝑐 = 𝑎(𝑥 − 𝑥1 )(𝑥 − 𝑥2 )
 𝑎𝑥 2 + 𝑏𝑥 + 𝑐 = 𝑎[𝑥 2 − (𝑥1 + 𝑥2 )𝑥 + 𝑥1 𝑥2 ]

o Dividindo os membros por 𝒂, temos:


𝑏 𝑐
 𝑥 2 + 𝑥 + = 𝑥 2 − (𝑥1 + 𝑥2 )𝑥 + 𝑥1 𝑥2
𝑎 𝑎

o E pela identidade de polinómios, temos:


𝒃
 𝒙𝟏 + 𝒙𝟐 = −
𝒂
𝒄
 𝒙𝟏 𝒙𝟐 =
𝒂

b) Segundo caso

o Seja a equação do 3º grau


 𝑎𝑥 3 + 𝑏𝑥 2 + 𝑐𝑥 + 𝑑 = 0 com 𝑎 ≠ 0

o Cujas as raízes são:


 𝑥1 , 𝑥2 e 𝑥3

o Decompondo em fatores do 1º grau, temos:


 𝑎(𝑥 − 𝑥1 )(𝑥 − 𝑥2 )(𝑥 − 𝑥3 )
 𝑎[𝑥 3 − (𝑥1 + 𝑥2 + 𝑥3 )𝑥 2 + (𝑥1 𝑥2 + 𝑥1 𝑥3 + +𝑥2 𝑥3 )𝑥 − 𝑥1 𝑥2 𝑥3 ]

o Dividindo os membros por 𝒂, temos:


𝑏 𝑐 𝑑
 𝑥3 + 𝑥2 + 𝑥 + =
𝑎 𝑎 𝑎
 = 𝑥 − (𝑥1 + 𝑥2 + 𝑥3 )𝑥 2 + (𝑥1 𝑥2 + 𝑥1 𝑥3 + 𝑥2 𝑥3 )𝑥 − 𝑥1 𝑥2 𝑥3
3

POLINÓMIOS (Parte teórica)


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o E pela identidade de polinómios, temos:
𝒃
 𝒙𝟏 + 𝒙𝟐 + 𝒙𝟑 = −
𝒂
𝒄
 𝒙𝟏 𝒙𝟐 + 𝒙𝟏 𝒙𝟑 + 𝒙𝟐 𝒙𝟑 =
𝒂
𝒅
 𝒙𝟏 𝒙𝟐 𝒙𝟑 = −
𝒂

c) Terceiro caso

o Seja a equação do 4º grau


 𝑎𝑥 4 + 𝑏𝑥 3 + 𝑐𝑥 2 + 𝑑𝑥 + 𝑒 = 0 com 𝑎 ≠ 0

o Cujas as raízes são:


 𝑥1 , 𝑥2 , 𝑥3 e 𝑥4

o Decompondo em fatores do 1º grau, temos:


 𝑎(𝑥 − 𝑥1 )(𝑥 − 𝑥2 )(𝑥 − 𝑥3 ) (𝑥 − 𝑥4 )

o Procedendo de modo análogo ao 1º e 2º casos, concluímos que:


𝑏
 𝑥1 + 𝑥2 + 𝑥3 + 𝑥4 = −
𝑎
𝑐
 𝑥1 𝑥2 + 𝑥1 𝑥3 + 𝑥1 𝑥4 + 𝑥2 𝑥3 + 𝑥2 𝑥4 + 𝑥3 𝑥4 =
𝑎
𝑑
 𝑥1 𝑥2 𝑥3 + 𝑥1 𝑥2 𝑥4 + 𝑥1 𝑥3 𝑥4 + 𝑥2 𝑥3 𝑥4 = −
𝑎
𝑒
 𝑥1 𝑥2 𝑥3 𝑥4 =
𝑎

o Por exemplo, vamos escrever as relações de Girard para as seguintes equações:


a) 𝟒𝒙𝟐 − 𝟑𝒙 + 𝟏 = 𝟎

POLINÓMIOS (Parte teórica)


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o Por ser uma equação do 2º grau, as raízes são:

 𝑥1 𝑒 𝑥2

o As relações de Girard são:


𝑏 3
 𝑥1 + 𝑥2 = − =
𝑎 4
𝑐 1
 𝑥1 𝑥2 = =
𝑎 4

b) 𝟐𝒙𝟑 −𝟕𝒙𝟐 + 𝒙 − 𝟐 = 𝟎

o Por ser uma equação do 3º grau, as raízes são:

 𝑥1 , 𝑥2 𝑒 𝑥3

o As relações de Girard são:


𝑏 7
 𝑥1 + 𝑥2 + 𝑥3 = − =
𝑎 2
𝑐 1
 𝑥1 𝑥2 + 𝑥1 𝑥3 + 𝑥2 𝑥3 = =
𝑎 2
𝑑 2
 𝑥1 𝑥1 𝑥1 = − = = 1
𝑎 2

c) 𝟑𝒙𝟒 − 𝟐𝒙𝟑 +𝟒𝒙𝟐 + 𝟔𝒙 − 𝟖 = 𝟎

o Por ser uma equação do 4º grau, as raízes são:


 𝑥1 , 𝑥2 , 𝑥3 𝑒 𝑥4

POLINÓMIOS (Parte teórica)


Página 50 de 64
o As relações de Girard são:
𝑏 2
 𝑥1 + 𝑥2 + 𝑥3 + 𝑥4 = − =
𝑎 3
𝑐 4
 𝑥1 𝑥2 + 𝑥1 𝑥3 + 𝑥1 𝑥4 + 𝑥2 𝑥3 + 𝑥2 𝑥4 + 𝑥3 𝑥4 = =
𝑎 3
𝑑 6
 𝑥1 𝑥2 𝑥3 + 𝑥1 𝑥2 𝑥4 + 𝑥1 𝑥3 𝑥4 + 𝑥2 𝑥3 𝑥4 = − = − = −2
𝑎 3
𝑒 8
 𝑥1 𝑥1 𝑥1 𝑥1 = =−
𝑎 3

Exercícios resolvidos

1. Dada a equação
 𝑥 4 − 2𝑥 2 + 3 = 0

 Determinar:
a) A soma das raízes
b) O produto das raízes

Resolução

 Completando a equação, temos:


 𝑥 4 + 0𝑥 3 − 2𝑥 2 + 3 = 0

a) A soma das raízes é:


𝑏 0
 𝑥1 + 𝑥2 + 𝑥3 + 𝑥4 = − = =0
𝑎 𝑎

b) O produto das raízes é:


𝑒 3
 𝑥1 𝑥2 𝑥3 𝑥4 = = =3
𝑎 1

POLINÓMIOS (Parte teórica)


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2. Determinar 𝒌 na equação:
 𝑥 2 − 9𝑥 + 𝑘 = 0

 De modo que uma raíz seja o dobro da outra.

Resolução

 A soma das raízes:


𝑏
 𝑥1 + 𝑥2 = − = 9 (equação 1)
𝑎

 O produto das raízes:


 𝑥1 𝑥2 = 𝑘 (equação 2)

 Uma das raízes é dobro do outro:


 𝑥1 = 2𝑥2 (equação 3)

 Substituindo a equação 3 na equação 1, temos:


9
 2𝑥2 + 𝑥2 = 9 ⟹ 3𝑥2 = 9 ⟹ 𝑥2 = ⟹ 𝑥2 = 3
3

 E:
 𝑥1 = 2𝑥2 = 2 ∙ 3 = 6

 Substituindo 𝑥1 e 𝑥2 na equação 2, temos:


 𝑘 = 𝑥1 𝑥2 = 6 ∙ 3 = 18

POLINÓMIOS (Parte teórica)


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3. Se 𝒂, 𝒃 e 𝒄 são as raízes da equação:
 𝑥 3 − 6𝑥 2 + 11𝑥 − 6 = 0

 Admitindo que:
𝜋 𝜋 𝜋
 𝑠𝑒𝑛 = ( + + )
𝑎 𝑏 𝑐

 É:

Resolução

 As relações de Girard é:
𝑎+𝑏+𝑐 =6
 {𝑎𝑏 + 𝑎𝑐 + 𝑏𝑐 = 11
𝑎𝑏𝑐 = 6

 E:
𝜋 𝜋 𝜋 𝜋𝑏𝑐+𝜋𝑎𝑐+𝜋𝑎𝑏
 𝑠𝑒𝑛 ( + + ) = 𝑠𝑒𝑛 ( )=
𝑎 𝑏 𝑐 𝑎𝑏𝑐
𝑏𝑐+𝑎𝑐+𝑎𝑏 11 1
 = 𝑠𝑒𝑛 𝜋 ( ) = 𝑠𝑒𝑛 𝜋 =−
𝑎𝑏𝑐 6 2

POLINÓMIOS (Parte teórica)


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6.6. Multiplicidade de uma raíz

o Um polinómio P(x), na forma fatorizada, pode apresentar fatores repetidos, como por
exemplos:

a) Seja:
 𝑃(𝑥) = 𝑥 2 − 4𝑥 + 4

o Este polinómio poderá ser escrito na forma fatorizada, isto é:


 𝑃(𝑥) = (𝑥 − 2)(𝑥 − 2)

o Observamos dois fatores iguais a (𝑥 − 2) e por essa razão dizemos que 2 é raíz dupla,
isto é, de mutiplicidade 2.

b) Seja:
 𝑃(𝑥) = 𝑥 3 − 5𝑥 2 + 3𝑥 + 9

o Na forma fatorizada, temos:


 𝑃(𝑥) = (𝑥 − 3)(𝑥 − 3)(𝑥 + 1)

o Observamos a existência de dois fatores iguais (𝑥 − 3) e um fator simples


(𝑥 + 1) 𝑒 𝑝or essa razão dizemos que 3 é raíz dupla, isto é, de mutiplicidade 3 e −1 é
raíz simples ou de multiplicidade 1.

POLINÓMIOS (Parte teórica)


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o Generalizando, temos:

“Se 𝑥 ′ é raíz de multiplicidade 𝑚 (𝑚 ≥ 1) na equação


𝑃(𝑥 ) = 0, então 𝑃(𝑥 ) = (𝑥 − 𝑥 ′ )𝑚 ∙ 𝑄 (𝑥 ), sendo
𝑄(𝑥) ≠ 0”

Exercícios resolvidos

1. Determinar na equação
 𝑥(𝑥 − 2)2 (𝑥 − 3)3 = 0

a) O grau da equação
b) O conjunto verdade

Resolução

a) O grau da equação é:
 1+2+3=6

b) Temos que:
 𝑥 = 0 (raíz simples)
 𝑥 = 2 (raíz dupla)
 𝑥 = 3 (raíz tripla)

 Portanto, a equação possui 6 raízes e o conjunto solução é:


 𝑺 = {𝟎, 𝟐, 𝟑}

POLINÓMIOS (Parte teórica)


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2. Determinar o conjunto verdade da equação
 𝑥 3 + 7𝑥 2 + 8𝑥 − 16 = 0

 Sendo −4 raíz dupla.

Resolução

 Como −4 é uma raíz dupla, temos:


 𝑥 3 + 7𝑥 2 + 8𝑥 − 16 = (𝑥 + 4)2 𝑄(𝑥)
 𝑥 3 + 7𝑥 2 + 8𝑥 − 16 = (𝑥 2 + 8𝑥 + 16)𝑄(𝑥)

 Fazendo a divisão:
 𝑥 3 + 7𝑥 2 + 8𝑥 − 16 ÷ 𝑥 2 + 8𝑥 + 16 = (𝑥 + 4)2

 Encontramos 𝑄(𝑥), ou seja:

POLINÓMIOS (Parte teórica)


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 Logo:
 𝑄(𝑥) = 𝑥 − 1

 E a outra raíz é:
 𝑥=1

 E, desta forma, o conjunto solução é:


 𝑆 = {−4, 1}

6.7. Raízes complexas

o Sendo
 𝑧 = 𝑎 + 𝑏𝑖

o Com
 𝑎, 𝑏 ∈ ℝ e 𝑏 ≠ 0

o Raíz da equação 𝑃(𝑥) = 0 de coeficientes reais, temos que


 𝑧 = 𝑎 − 𝑏𝑖

o Também é raíz dessa equação

o Assim sendo, temos:


 𝑃(𝑥) = (𝑥 − 𝑎 − 𝑏𝑖)(𝑥 − 𝑎 + 𝑏𝑖)𝑄(𝑥) + 𝑝𝑥 + 𝑞

o Onde 𝑄(𝑥) é o quociente e 𝑝𝑥 + 𝑞 é o resto da divisão.


 𝑃(𝑥) = (𝑥 2 − 2𝑎𝑥 + 𝑎2 + 𝑏 2 )𝑄(𝑥) + 𝑝𝑥 + 𝑞

POLINÓMIOS (Parte teórica)


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o Portanto
 𝑃(𝑎 + 𝑏𝑖) = 0 + 𝑝(𝑎 + 𝑏𝑖) + 𝑞 = 0
 𝑝𝑎 + 𝑞 + 𝑝𝑏𝑖 = 0

o Temos assim o seguinte sistema:


𝑝𝑎 + 𝑞 = 0 (𝑒𝑞𝑢𝑎çã𝑜 1)
 {
𝑝𝑏𝑖 = 0 (𝑒𝑞𝑢𝑎çã𝑜 2)

o Na equação 2, temos que 𝑝 = 0 e substituindo na equação 1, temos que 𝑞 = 0, logo


𝑅(𝑥) = 0, portanto 𝑃(𝑥) é divisível por:
 (𝑥 − 𝑎 − 𝑏𝑖) e por (𝑥 − 𝑎 + 𝑏𝑖)

o Assim sendo, podemos concluir que (𝑎 − 𝑏𝑖) é a raíz da equação 𝑃(𝑥) = 0

o Por exemplo, as raízes da equação


 𝑥 2 − 4𝑥 + 5 = 0

o São dois números complexos conjugados, pois:


4±√−4 4±2𝑖
 𝑥= =
2 2

o Onde uma das raízes é


4+2𝑖
 𝑥′ = =2+𝑖
2

o E a outra raíz é
4−2𝑖
 𝑥 ′′ = = 2−𝑖
2

POLINÓMIOS (Parte teórica)


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o Podemos destacar algumas consequências, tais como por exemplo:
a) Sendo o número complexo 𝒛 = 𝒂 + 𝒃𝒊 (𝒃 ≠ 𝟎) com multiplicidade 𝒎, raíz de una
equação algébrica de coeficientes reais, então o conjugado 𝒛̅ = 𝒂 − 𝒃𝒊 também é raíz
dessa equação, com a mesma multiplicidade.
b) Uma equação algébrica de coeficientes reais possui um número par de raízes
complexas.
c) Uma equação algébrica de grau ímpar admite pelo menos uma raíz real.

Exercícios resolvidos

1. Determinar o conjunto verdade da equação


 𝑥 3 + 3𝑥 2 + 𝑥 + 3 + 3 = 0

 Sabendo que 𝒙 = 𝒊 é uma de suas raízes.

Resolução

 Sabendo que 𝒙 = 𝒊 é uma das raízes da equação, então podemos afirmar que o seu
̅ = −𝒊 ) também é raíz, logo:
conjugado (𝒙
 𝑃(𝑥) = 𝑥 3 + 3𝑥 2 + 𝑥 + 3

 É divisível por:
 (𝑥 + 𝑖)(𝑥 − 𝑖)

 Então:
 𝑃(𝑥) = (𝑥 + 𝑖)(𝑥 − 𝑖)𝑄(𝑥) + 𝑅(𝑥)
 𝐶𝑜𝑚 𝑅(𝑥) = 0

POLINÓMIOS (Parte teórica)


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 Usando o dispositivo de Briot-Ruffini, temos:

 Desta forma temos que o quociente Q(x) é:


 𝑄(𝑥) = 𝑥 + 3

 A outra raíz é −3, pois:


 𝑥 + 3 = 0 ⟹ 𝑥 = −3

 E assim sendo o conjunto solução é:

 𝑆 = {−3, − 𝑖, 𝑖}

2. Determinar os valores de 𝒑 e 𝒒 de modo que:


 𝑥 2 + 𝑝𝑥 + 𝑞 = 0

 Admita a raíz complexa (3 + 2𝑖)

POLINÓMIOS (Parte teórica)


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Resolução

 Como (𝟑 + 𝟐𝐢) é uma raíz da equação, temos que (𝟑 − 𝟐𝐢) também é raíz e
aplicando as relações de Girard, temos que a soma das raízes é:
𝑏
 𝑥1 + 𝑥2 = − ⟹ (3 + 2𝑖) + (3 − 2𝑖) = −𝑝
𝑎
 ⟹ 𝑝 = −6

 E o produto é:
𝑐
 𝑥1 𝑥2 = ⟹ (3 + 2𝑖)(3 − 2𝑖) = 𝑞
𝑎
 ⟹ 𝑞 = 9 + 4 ⟹q=13

6.8. Raízes racionais

o Seja a equação algébrica


 𝑃(𝑥) = 𝑎𝑛 𝑥 𝑛 + 𝑎𝑛−1 𝑥 𝑛−1 + ⋯ + 𝑎1 𝑥 + 𝑎0 = 0

o Supondo que os coeficientes são números inteiros e se o número racional


𝑝
 com 𝑝 ∈ ℤ e q ∈ ℤ∗
𝑞

o Com 𝒑 e 𝒒 primos entre si, é raíz dessa equação, então 𝒑 é divisor de 𝒂𝟎 e 𝒒 é divisor de
𝒂𝒏 .

o Fazendo
𝑝
 𝑥=
𝑞

o Na equação algébrica
 𝑃(𝑥) = 𝑎𝑛 𝑥 𝑛 + 𝑎𝑛−1 𝑥 𝑛−1 + ⋯ + 𝑎1 𝑥 + 𝑎0 = 0

POLINÓMIOS (Parte teórica)


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o Temos:
𝑝 𝑝𝑛 𝑝𝑛−1 𝑝
 𝑃 ( ) = 𝑎𝑛 𝑛 + 𝑎𝑛−1 𝑛−1 + ⋯ + 𝑎1 + 𝑎0 = 0
𝑞 𝑞 𝑞 𝑞

o Multiplicando os dois membros da igualdade por 𝒒𝒏 , temos:


𝑎0 𝑞 𝑛
 𝑃(𝑥) = 𝑎𝑛 𝑝𝑛 + 𝑎𝑛−1 𝑝𝑛−1 𝑞 + ⋯ + 𝑎1 𝑝𝑞 𝑛−1 + 𝑎0 𝑞 𝑛 = −
𝑝

o Isolando 𝒂𝟎 𝒒𝒏 no segundo membro, vem:


 𝑎𝑛 𝑝𝑛 + 𝑎𝑛−1 𝑝𝑛−1 𝑞 + ⋯ + 𝑎1 𝑝𝑞 𝑛−1 + 𝑎0 𝑞 𝑛 = −𝑎0 𝑞 𝑛

o Dividindo os dois membros por p (p ≠ 0), temos:


𝑎0 𝑞 𝑛
 𝑎𝑛 𝑝𝑛−1 + 𝑎𝑛−1 𝑝𝑛−2 𝑞 + ⋯ + 𝑎1 𝑞 𝑛 = −
𝑝

o No 1º membro, os números p, q, n e os coefici-entes são números primos entre si, 𝒒𝒏


não é múltiplo de p, logo 𝒂𝟎 é múltiplo de p, ou seja, p é divisor de 𝒂𝟎 .

o De um modo análogo, podemos provar que 𝒂𝒏 é múltiplo de q, isto é, q é divisor de


𝒂𝒏 .

Exercícios resolvidos

1. Resolve a seguinte equação cúbica:


 𝑥 3 − 𝑥 2 − 2𝑥 + 2 = 0

POLINÓMIOS (Parte teórica)


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Resolução

𝒑
 Inicialmente vamos pesquisar as possíveis raízes racionais da forma , para recairmos
𝒒
numa equação do 2º grau.
 𝑝 ∈ {−2, − 1, 1, 2}

 E
𝑝
 𝑞 ∈ {−1, 1} ⟹ ∈ {−2, − 1, 1, 2}
𝑞

 Onde:
 𝑃(−2) ≠ 0, 𝑃(−1) ≠ 0, 𝑃(2) ≠ 0 e 𝑃(1) = 0

 Ou seja, 1 é raíz.

 Pelo dispositivo de Briot-Ruffini, temos:

POLINÓMIOS (Parte teórica)


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 Para obtermos as outras raízes, resolvemos a equação:
 𝑥2 − 2 = 0
 𝑥2 = 2
 𝑥 = ±√2

 Então, o conjunto solução é:

 𝑆 = {−√2, 1, √2}

POLINÓMIOS (Parte teórica)


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