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Bech ay CRISTO MORREU | ey ea ad i] POR QUEM CRISTO MORREU? John Owen nasceu em 1616, e cresceu numa pacata casa pastoral no Condado de Oxford, havendo ingressado na Universidade de Oxford com a idade de doze anos, obtendo o grau de Bacharel em Letras em 1632 e de Mestre em Letras, em 1635. Owen é um dos mais proeminentes tedlogos que a Inglaterra j4 produziu. O primeiro livro de Owen foi publicado em 1642, e seu tiltimo livro estava sendo impresso quando ele morreu, em 1683. Suas obras publicadas constituem um total de vinte e quatro volumes. Owen foi capelao pessoal de Oliver Cromwell durante alguns anos, sendo levado por este a pregar no parlamento varias vezes, apartir de 1646. Ele pastoreou trés igrejas durante sua vida. Casou-se duas vezes; sua primeira esposa morreu em 1676. Ele teve onze filhos, nenhum dos quais sobreviveu aele. Seu timulo é ainda preservado no cemitério de Bunhill Fields, City Road, Londres. O livro A Morte da Morte na Morte de Cristo, aqui apresentado numa versao simplificada, foi publicado por Owen em 1647. Afirma-se que ninguém jamais foi bem sucedido em refutar esta tese que Owen tio completamente expe defende, fundamentando-se nas Escrituras. PES PUBLICACOES EVANGELICAS SELECIONADAS Rua 24 de maio, 1 16 — 3° andar — salas 14-17 0104 1-000 — S40 Paulo - SP POR QUEM CRISTO MORREU? Uma versao simplificada e condensada do classico “A Morte da Morte na Morte de Cristo”, pelo Dr. John Owen, 1616-1683. Preparada por H.J.Appleby Prefacio por J. L. Packer, M.A., D.Phil. Editor Geral —J. K. Davies, B.D. FES PUBLICACGOES EVANGELICAS SELECIONADAS Caixa Postal 1287 01059-970 — Sao Paulo—SP Titulo original: The Death of Death in the Death of Christ Autor: John Owen Titulo da vers&o condensada: Life by His death Compilador: H.J. Appleby Tradutora: SylviaE. de Oliveira Revisor: A. Poccinelli Primeira Edicdo em portugués: 1986 Segunda Edicéo em portugués: 1996 Capa: Ailton Oliveira Lopes Impressao: Imprensa da Fé PROLOGO Extrato do Artigo Introdutério, escrito pelo Dr. J.1. Packer, paraA Morte da Morte na Morte de Cristo, de autoria do Dr. J. Owen, na edigdo da Banner of Truth Trust, 1959. A Morte da Morte na Morte de Cristo é um trabalho polémico, cujo objetivo é mostrar, entre outras coisas, que a doutrina da redenc&o universal é anti-biblica e destrutiva do evangelho. Ha, portanto, muitos a quem ele nao sera de interesse. Aqueles que nao véem necessidade de uma exatidao doutrindriae nao tém tempo para debates teolégicos que mostrem as divisdes entre os assim chamados evangélicos, podem perfeitamente lamentar seu reaparecimento. Muitos podem achar o proprio tom da tese de Owen tdochocante que se recusarao terminantementealereste livro. Algo tao apaixonante é prejudicial, e temos muito orgulho de nossos chiboletes teoldgicos. Mas espera-se que esta reimpressao encontre leitores de espirito diferente, Hasinais, hojeem dia, deum novo surgimento de interesse nateologia da Biblia: uma nova prontidao para testar tradi¢6es, para examinar as Escrituras e para pensar seriamente sobre a fé crista. E para todos que compartilham dessa prontiddo que é oferecido o tratado de Owen, naconfianga de que iré nos ajudarem uma das mais urgentes tarefas que acristandade evangélicaesta enfrentando hoje— arestauragao do evangelho. Esta tltima afirmacao podera chocar algumas pessoas, porém parece ser justificada pelos fatos, Nao ha dtivida de que os evangélicos encontram-se, hoje, num. estado de perplexidade e instabilidade. Em assuntoscomo a pritica do evangelismo, oensino da santidade, a edificagao da vida daigreja local, ocuidado do pastor pelas almas e 0 exercicio da disciplina, ha evidéncia de insatisfacao generalizada com 0 estado de coisas e, igualmente, uma incerteza generalizada quanto aocaminho quese deve seguir. Trata-se de um fendmenocomplexo, parao qual muitos fatores témcontribuido; mas, se formosa raiz do problema, verificaremos que todas essas perplexidades devem-se, principalmente, ao fato de havermos perdido o poder do evangelho biblico. Sem perceber isso, temos barganhado esse evangelho durante quase cem anos por um produto substitutivo que, embora parega bastante semelhante nos detalhes, € algo completamente diferente no todo. Eis as nossas dificuldades: o produto substitutivo nao atende aos fins para os quais oevangelho auténtico provou-se, nos dias passados, tio poderoso. O novoevangelho falha patentemente em produzirreveréncia profunda, arrependimento profundo, humildade profunda, um espfrito de adoragiio, um cuidado paracom algreja. Por qué? E nossa opiniao que arazaoestaem seu propriocaratere contetido. Ele falhaem tornar oshomens centralizados em Deus nos seus pensamentose tementes a Deus em seus coracdes, porque nao é isso que ele esté visando fazer principalmente. Uma forma deestabelecera diferencaentre onovoe ovelhoevangelhoédizerque oprimeiroestéexcessivaeexclusivamente preocupado em “ajudar” o homem —a ter paz, conforto, felicidade, satisfagdo—e pouquissimo preocupadoem glorificaraDeus. oO velho evangelho foi til também — muito mais, de fato, que o novo ~porem incidentalmente, por assim dizer, pois sua primeira preocupagao sempre foi glorificar a Deus. Ele era sempre ¢ essencialmente uma proclamacao dasoberaniadivinaem misericérdiaejulgamento, uma convocagao para inclinar-se a adorar a Deus, 0 Todo-Poderoso, de quem ohomem depende paratodoo bem, fantoem naturezacomoem graga. Seucentrode referénciaera inequivocamente Deus. Mas no novoevangelho, o centro de referéncia€é ohomem. Isso equivale a dizer que o velho evangelho era religioso numa forma que 0 Novo evangelhonaoé. Enquanto o principal objetivo do velho eraensinaroshomensa adorar a Deus, a preocupacao do novo parece limitada a fazé-los se sentirem melhor. O assunto do velho evangelho era Deus ¢ Suas atitudes paracom os homens; oassunto do novoé ohomemea ajuda que Deus dé a ele. Ha um mundo de diferenga. A completa perspectiva e énfase da pregagao do evangelho t¢m se mudado. Esta mudanga de interesse deu origem a uma mudanga de contetido, pois o novo evangelho tem, com efeito, reformulado a mensagem Dbiblica nos supostos interesses de ser “prestativa”. Portanto, os temas da incapacidade do homem natural para crer, da eleigdo gratuita de Deus como a principal causa da salvagao, & de Cristo morrer especificamente por Suas ovelhas, nao sao pregadas. Lssas doutrinas, seria dito, nfo sdo “prestativas”; elas levariam os pecadores ao desespero, sugerindo-lhes que naoestaem seu proprio poder o serem salvos através de Cristo. (A possibilidade de que tal desespero poderia ser salutar nao é considerada; € tomada como ponto pacifico quendo pode ser, porque é muito destrutiva para nossa auto-estima). Sejacomo for, oresultado dessas omissdes € que parte doevangelho biblico esta agora sendo pregada como se fosse 0 todo desse evangelho; e uma meia-verdade disfargando-se de verdade completatorna-se umainverdade completa. Dessaforma, apelamos aos homens como se todos eles tivessem a habilidade de receber Cristo a qualquer momento; falamos de Sua obra redentoracomo se Ele nao tivesse feito nada mais, ao morrer, do que tornar possivel que nos salvemos ands mesmos simplesmente por crermos; falamos do amorde Deus como se nao fosse mais do que uma prontidao geral para receber qualquer um que se volte e creia; nds descrevemos 0 Paie o Filho, nao como soberanamente ativos em atrair pecadores a Si mesmos, e Sim como que esperando, impotentes, “Aa portadenossos coragGes” para que Os deixemos entrat] E inegavel que pregamos assim; talvez sejaisso que nés realmente cremos. Mas é necessario dizer, com énfase, que esse conjunto de meias-verdades torcidas é algo diferente do evangelho biblico. A Bibliaestécontrandés quando pregamos dessa maneira; ¢ ofato de que tal pregagdo tem se tornado quase uma pratica padrao entre nés, mostra apenas quo urgente é que revisemos este assunto. Recuperar 0 velho, auténtico e biblico evangelho, e fazer com que nossa pregacaoe pratica estejamsomente de acordo com esse evangelho, é, talvez, nossa necessidade mais premente. Eé neste ponto que 0 tratado de Owen sobre a redengaio pode nos ajudar. NDICE Prefacio: Porque este livro foi escrito Introdugdo: — Oassunto deste liVr0 ......cceeeeeseneeteeeeseeneeeee 13 Primeira Parte: O propésito de Deus ao enviar Jesus Cristo para morrer . Segunda Parte: O verdadeiro propésito da morte de Cristo; oqueElerealizou ......0.0. Terceira Parte: Dezesseis argumentos que mostram que Cristo nao morreu pela salvacao de todos os homens . 41 Quarta Parte: Respostas a argumentos que postulam a re- dengo universal ............6 tileesdesthershsecrsederedos 59 PREFACIO Porque este livro foi escrito Permita-me explicar porque escrevi este livro. Sou a tiltima pessoa a apreciar contrové Mas a Biblia diz que devemos “batalhar pela fé que uma vez foi dadaaos santos”. Nos tltimos anos tenho sidoconsultado, freqiientemente, sobre o assunto deste livro. E ougo dizer que estes pontos tém sido debatidos em todas as partes dO pais. Assim sendo, convenci-me de que tal livro deveriaser escrito. Preferiria que 0 trabalho fosse feito por outra pessoa; mas achei melhor que fosse feito por mim do que nao ser feito por ninguém. Nao reivindico sera melhor pessoa para escreverum livro como este. Outros témescrito muito bem sobreo mesmo assunto. Contudo, noto que s¢ limitam acertos pontos dacontrovérsia. Eachei que seria melhor nao dizer simplesmente o que Cristo nao fez através de Sua morte, mas também explicar completamente o que Ele fez através dela. Tenhoestudadoeste assunto durante sete anos, tanto na Biblia como em outros livros disponiveis. Poderia, portanto, sugerir que agora vocé leia meu livro cuidadosamente? Se alguém desejar i desaprovar pontos isolados, tirados do contexto deste livro, tem minha permissao para desfrutar de seu sucesso imaginario. Mas se alguém estudar seriamente olivrotodo, pensoentao que sera convencido por ele. Espero que olivro proporcione satisfacao Aqueles que conhecem estas verdades, forga Aqueles que sao fracos nestas verdades, ¢, acima de tudo, glériaao Senhor, a Quem pertencem todas estas verdades, embora eu sejao seu mais indigno servo. JOHN OWEN 1648 INTRODUCAO O assunto deste livro ABibliadiz que a morte de Jesus Cristo foicomo um pagamento para libertar os homens do pecado. Até aqui, tudo bem; mas ha um problema! A morte de Cristo libertou todos os homens, ou somente alguns homens, dos seus pecados? Os crist&os tém pontos de vista diversos. Uns dizemumacoisa, outros dizem outra. Entretanto,oque diz a Biblia? Eisso que precisamos descobrir. Se dissermos que a morte de Cristo foi por todos, ent&o nao podemos ao mesmo tempo dizer que foi apenas por aquelas pessoas aquem Deusescolheu. Se Cristo morreu por todos, ent&o Deus nao precisava escolher um povo especial, nao é? Por outro lado, s¢ dissermos que Deus realmente escolheu um povo especial —comoa Biblia ensina-—entao Cristo nao precisaria morrer por todos, nao é? Sedissermos que amorte de Cristo foi um resgate, ou pagamento, portodaaraca humana, entio: |. Todos os homens témo poder para aceitar ou rejeitar aquela redengio; ou 2. Todosos homens realmente sao redimidos por Cristo, tenham eles conhecimento disso ou nao. A morte de Cristo por todos os homens somente poderia set real, se uma dessas afirmagGes fosse verdadeira. Mas a primeira 13 sugestéio nega o ensino biblico de que todos os homens estao irremediavelmente perdidos no pecado e em si mesmos nao tém poder parase chegarem aCristo. A segundasugestado nega oensino biblicode que alguns homensestdoperdidosparasempre. Obviamente, ha profundas dificuldades com relacao 4 afirmativade que amorte de Cristo foi por todos os homens. Porque, entio, algumas pessoas dizem que a morte de Cristo foi por todos? Parece haver cinco raz6es possiveis: 1. Parece tornar Deus mais “atraente”’, se dizem que a morte de Cristo foi por todos. Parece tornar 0 amor de Deus “maior”, se dizem que Ele ama todos os homens igualmente. Parece tornar a morte de Cristo de maior “valor”, se podem dizer que ela foi um pagamento pelos pecados de todos. A Biblia parece usar as palavras “o mundo” e “todo” como se significassem “todas as pessoas”. Alguns podem apenas querer dizer que a morte de Cristo foi por todos, para que eles possam ser incluidos, emboranao queiram mudara maneiraimpiacomoestio vivendo! Neste livro vamos ver porque estas cinco razGes esto erradas, eoquea Biblia realmente ensina sobre 0 propésito damorte de Jesus Cristo. PRIMEIRA PARTE O propésito de Deus ao enviar Jesus Cristo para morrer Capitulo 1. Apresentandoo problema 2. Oquem, o como e 0 qué de uma cois: 3. Deus, 0 Pai, agente de nossa salvacao .... 4. Deus, 0 Filho, agente de nossa sal vagaio 5. Deus, 0 Espirito, agente de nossa salvagio 6. A obra de Cristo é 0 meio usado para obter nossa salvacdo 7. Aentrega voluntaria de Cristo e Suaintercessao sao otinico meio para realizar nossa redengio........ 24 (A Segunda Parte estuda, em detalhes, o que Cristo verdadeira- mente realizoucom Suamorte). 1 Apresentando o problema O proprio Cristo nos disse porque veio ao mundo. Ele disse: “Porque o Filho do homem veio buscar e salvar 0 que se havia perdido.” (Lucas 19:10). Numa outra ocasiao Ele disse que 0 Filho do homem viera para “dar sua vidaem resgate de muitos.” (Marcos 10:45). Oapéstolo Paulo também afirmou, claramente, porque Cristo veio ao mundo: “*O qual (Jesus Cristo) se deu asi mesmo por nossos pecados, para nos livrar do presente século mau” (Galatas 1: 4). “...Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores” (1 Timo6teo 1:15). “O qual (Jesus Cristo) se deu asi mesmo por nds para nos remir de todaa iniqiiidade, e purificar para si umpovo seu especial, zeloso de boas obras.” (Tito 2:14). A partir dessas afirmagées, est4 claro que o propésito da morte de Cristo foi: salvar as pessoas do pecado, libertar as pessoas do mundo mau, tornar as pessoas puras e santas, criar pessoas que fagam boas obras. Outras passagens biblicas explicam o que Jesus Cristo realmente fezem Sua morte. Hacinco coisas que podemos notar: 1. As pessoas s&o reconciliadas com Deus através dela (Romanos 5:1). is) As pessoas sao perdoadas e justificadas através dela (Romanos 3:24). 3. As pessoas sao purificadas e santificadas através dela (Hebreus 9:14). 4. Aspessoas sao adotadas como filhos de Deus através dela (Galatas 4:4-5). 5. As pessoas recebem gloria e vida eterna através dela (Hebreus 9: 15). A partir de todas essas evidéncias, oensino daBibliaéclaro: 0 propésito da vinda de Cristo foi (e realmente cumpre tal propésito) trazer perdao ao homem, no tempo presente, ¢ gloria no porvir. Portanto, se Cristo morreu por todos os homens, entdio todos os homens esto agora livres do pecado, e estio perdoadose serao glorificados, ou: Cristo falhou em Seu propésito. Sabemos, através de nossa experiéncia didriacom ahumanidade, que a primeira afirmativa nao é verdadeira. A segunda sugestao— que Cristo falhou—éum insulto para Deus. ao problema de aceitar uma ou outra destas duas des, aqueles que dizem que Cristo realmente morreu por todos os homens, dizem que niio era propésito de Deus que todos oshomens fossem beneficiados. Dizem que o beneficio é $6 para aqueles que produzem uma fé paracrerem Crisio, Este ato de fé deve ser algo que aiguns homens fazem por si mesmogs, tornando-os diferentes cos outroshomens. (Se fé fosse alguma coisa obtidapela morte de Cristo, ese Ele tivesse morrido por todos os homens, entiio todos os homens teriam f$!). Tal sugest&o parece-me diminuir aquilo que Cristo realmente obteve através de Sua morte, portanto vou combaté-la mostrando que o que a Biblia ensinaé bastante diferente! is O quem, 0 como e 0 qué de uma coisa Ha trés palavras que usaremos bastante neste livro, eserd bom apresenta-las resumidamente aqui. Quando qualquer agao acontece, ha um agente (0 quem a pratica); héos meios empregados (o como “feita);ehdum fim em vista(o qué, ou resultado final). Decidimos como faremos uma coisa (os meios) de acordo com o qué se quer fazer (0 fim). Portanto, podemos dizer queo fimé “ razdo para os meios. B se tivermos escolhido os meios adeqt ados, ofimé certo. Eclaro que seo agente que pretende fazeralgumacoisa, liver escolhido os meios adequados, nao podera falhar. | Ora, podemos aplicar estes principios 4 nossa discussio neste livro. Vamos ver, primeiramente, quem €oagente que pretende nes redimir. Depois vamos ver os meios que foram utilizados in redimir. E, finalmente (na Segunda Parte), vamos ver qual foi o resultado dos meios empregados. De acordo coma Biblia, o agente gue esti pretendendo anoss salvagiio 6 0 Deus Tritino. Todos os outros agentes foram apenas instrumentosem Suas maos (Atos 4:28). Oagente principal éaSanta Jetalhadamente... Trindade. Vamos estudar isto mais Deus, 0 Pai, agente de nossa salvacio De que mancira foi Deus, 0 Pai. o 2 ¢ D Minha resposta paraessa perguntac aseguinte: por du isto 6, foi Deus, 0 Pai, que enviou oF puniu Cristo por causa dos nossos pece duas coisas em maiores detalhes. 1. Eclaro, apartirde muitos versiculos biblicos, que 0 Pai enviouo Filho ao mundo. Por exemplo: “vindoa plenitude dos tempos, Deusenviou Seu filho, nascido de mulher, nascido soba lei,para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adogao de filhos.” (Galatas 4:4-5). O fato de enviar o Filho envolveu Deus, 0 Pai, em trés coisas: a. houve o propésito original que sempre estivera em Sua mente (1 Pedro 1:20); b. houve o Seu atode darao Filho todas as habilidades que Ele necessitava, a fim de fazer a obra para a qual fora enviado (Jodo 3:34-35); * houve o Seu ato de prometer a Seu Filho toda a ajuda necessdria quanto ao sucesso na obra (Atos 4: 10-11). Eclaro,apartirde muitos versiculos biblicos, que o Pai puniu Jesus Cristo por causa dos nossos pecados. Por exemplo: “Aquele que nao conheceu pecado, o fez pecado por nés; para que nele f6ssemos feitos justiga de Deus.” (2 Corintios 5:21). Podese dizer que Cristo sofreu e morreu em nosso lugar. Sendoassim, nao seria estranhaaidéia de que Cristo deveria sofrerem lugar daqueles que também iraosofrer por causa dos seus préprios pecados? Colocamos o assunto da seguinte maneira: Cristo sofreu pelos pecados de todos os homens, ou pelos pecados de alguns homens, ou por alguns dos pecados de todos os homens. 2. * a . Como Filho de Deus, Ele j possuia a perfeigo da Deidade; rnas como Filho do homem Ele tinha que receber os dons que necessitasse. 20 Scauitimaafirmativaé verdadcira, entao todos os homens ainda tém alguns pecados, e, portanto, ninguém pode ser redimido. - - Sea primeira afirmativa € verdadeira, entao por que nao estado todos os homens livres do pecado? Vocé podera dizer: “Por causa da incredulidade deles.” Mas eu pergunto: “A incredulidade € um pecado?” Se nao é, por que todos os homens sao punidos por causa dela? Se é um pecado, entdo deve estar incluida entre os pecados pelos quais Cristo morreu. Portanto, aprimeira afirmativanao pode ser verdadeira! Assim, é claro que a tinica possibilidade restante € que Cristo levou sobre Si todos os pecados de alguns homens, os eleitos, somente. Creio que este é 0 ensino da Biblia. agens das Escrituras que (A Quarta Parte deste livro trata das p: empregam as palavras “mundo” e “todos”.) 4 Deus, o Filho, agente de nossa salvagao Devidoao fato de Deus, o Filho, haver voluntariamente concor- dado em fazer 0 que o Pai tinha planejado, podemos dizer que Ele também era um agente de nossa salvagio. Jesus disse: “A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou, e realizar a sua obra.” (Joao 4:34). Hatrés maneiras pelas quais Cristo mostrou Sua prontidao paraser umagente: = 1. Ele Se disp6s a deixar de lado a gloria de Sua natureza divinae fazer-Se homem. “E, visto como os filhos participam da carne e do sangue, também ele participou das mesmas coisas...” (Hebreus2:14). Note que é afirmado que Ele fez issonao porque toda araca humanaeracomposta de carne e sangue, mas porque os filbos que Deus lhe deraeram humanos (Hebreus 2:1 3). Sua prontidao estava relacionada dqueles filhos, nao a toda a raga humana. 2. Ele Se dispés a dar-Se a Si mesmo como oferta. E verdade que Elesofreu muitas coisas passivamente. Contudo, é verdade que Ele deu-Se a Si mesmo para aqueles sofrimentos, ativa e prontamente. Sem tal consentimento voluntario, os sofrimentos nao teriam qualquer valor. Assim Ele pode verdadeiramente dizer: “Poristoo Paimeama, porque dou minha vida... Ninguém matirade mim, maseudemim mesmo adou”. (Joao 10:17-1 8). 3. Suas oragdes no presente em favor de Seus filhos mostram Sua protidao em ser um agente em nossa salvaciio. Agora Cristo entrou no santudrio. (Hebreus 9:11-12). Sua obra ali é a intercessdo (oragéio). Veja que Ele nao ora pelo mundo (Joao 17:9), mas por aqueles pelos quais Ele morreu (Romanos 8:34). Ele pede que aqueles que Lhe foram dados possam irparaonde Eleesta, para vera Sua gloria (Joao 17:24). Portanto,é claroque Ele nao poderia ter morrido por todos os homens! 5 Deus, 0 Espirito, agente de nossa salvacao ABibliafalade tréscoisas nas quais 0 Espirito Santo operacom 0 Paico Filho paranos redimir. Eestasatividades mostram que Ele também é um agente de nossa sal vagao. 1. Ocorpohumano queo Filho tomou, quando Se tornou homem, foi criado pelo Espirito Santo, em Maria. “ ... achou-se ter concebido do Espirito Santo.” (Mateus 1:18). 22 Ww A Biblia diz que quando 0 Filho Se ofereceu a Si mesmo como sacrificio, Ele o fez pelo Espirito. “...quepelo Espiritoeterno se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus. . .” (Hebreus 9: 14). Disso fica claro que o Espirito Santo foi, de certa forma, 0 instrumento que tornou possfvel o oferecimento. 3. Ha declaragdes claras na Biblia mostrando que a obra de levantar Cristo dentre os mortos, foi operacao do Espirito Santo. “ mortificado, na verdade, na carne, mas vivificado pelo Espirito.” (1 Pedro 3:18). / Sem dtivida alguma, o Espirito Santo teve importantes coisas para fazer, unindo-Se ao Pai e ao Filho no proposito de nos redimir. Temos visto que cada Pessoada Trindade pode serchamada de agente de nossa salvagao. Mas ¢ importante lembrar que, embora para 0 propésito de nosso estudo, tenhamos feito uma distingao quanto & operagao de cada uma das pessoas divinas, nao ha, de fato, trés agentes de nossa sal vagao, porém apenas um, pols Deusé Um. Portanto, podemos dizer que todaa Trindade é um agente paraanossa redengio. 6 A obra de Cristo é 0 meio usado para obter nossa salvagao Comonds vimos no capitulo dois, oagente que fazalgousacertos meios paraalcancar o fim particular queele tem em vista. Ena propria obrade nossa salvagao, ha duas ages que Cristo fez. (Nao me refiro ao planoeterno que torna possivel nossa sal vagdio, mas apenas masua produgiio em temposhist6ricos). Estes dois atos historicos deCristo, sao: 1. Suaentrega voluntdria, no passado, e 2. Suaintercessdo por nds, agora. Naentrega que Cristo fez de Simesmo, incluo Sua prontidao para sofrer tudo o que estavaenvolvidoem Sua vinda paramorrer, isto é, Oesvaziar-Se de Sua prépria gl6ria, eo nascer de uma mulher, Seus atos de humildadee obediénciaa vontade do Pai através detodaaSua vida, e, finalmente, Sua morte nacruz. Enaintercessao de Cristo pornés, incluo também Suaressurrei- cdo e ascensé is s4o a base de Sua intercessio. Sem elas, nao poderia haver intercessio. Veremos estas duas coisas em maiores detalhes no préximo capitulo, mas quero fazer alguns comentarios agora. Estes dois atos tém a mesma intencao. Sua entrega voluntaria e intercessio destinam-se a “trazer muitos filhos a gléria.” (Hebreus 2:1 0). Os beneficios intencionados por estes dois atos destinam-se ds mesmas pessoas, Ele oraem favor daqueles por quem morreu. (Joao 17 29). Sabemos que Sua intercessio deve ser bem sucedida—“Pai, gragas te dou, por me haveres ouvido”, disse Ele certa vez. (Joao 11:41). Segue-se, entdo, que todos por quem Ele morreu necessariamente receberao todas as boas coisas obtidas através daquela morte. Isso claramente destréi o ensino de que Cristo morreu por todos os homens! 7 A entrega voluntaria de Cristo e Sua intercessio sao o unico meio para realizar nossa redenciio E importante verificar, nas Escrituras, como aentrega voluntaria 24 stoe Suaintercessdoestao ligadas intimamente, Porexemplo: Cristojustificaaqueles cujas iniqtiidades (ou pecados) Elecarregou (saias 53:11). Cristo intercede por aqueles cujos pecados Ele carregou (Isaias 53:12). Cristo ressuscitou dos mortos para justificar aqueles pelos quais Ele morreu (Romanos4:25). Cristo morreu pelos eleitos de Deus e agora ora por eles (Romanos 8:33-34). Isso deixa claro que Cristo no pode ter morrido por todos os homens, pois se tivesse, entdo todos os homens seriam justificados— oque, sem dtividaalguma, nao acontece. Sacrificare orar sao tarefas requeridas de um sacerdote. Seele falharem qualquerumadelas, terd falhado na qualidade de sacerdote de Seu povo. Jesus Cristo é mencionado tanto como nossa propiciagao (sacrificio) quanto como nosso advogado (represen- tante) (1 Joo 2: 1-2). Ele é mencionado tantocomo oferecendo Seu sangue (Hebreus 9:11-14), quanto como intercedendo por nds (Hebreus 7:25). Posto que é um sacerdote fiel, Ele precisa realizar estas duas tarefas com perfeigao. Visto que Suas orages sao sempre ouvidas, Ele nao pode estar intercedendo por todos os homens, porquanto nem todos os homens sao salvos. Isso deixaclaro que Ele também nao pode ter morrido por todos os homens. Devemos também nos lembrar da maneira como Cristo agora intercede pornés. As Escrituras dizem que é pelaapresentagao de Seu sangue no céu (Hebreus 9: 11-12, 24). Em outras palavras, Ele intercede apresentando Seus sofrimentos ao Pai. Os dois atos, sofri- mento e intercessio, devem, portanto, estar relacionados 4 mesma pessoa, caso contrario, naoadiantaria usar um como base para 0 outro. 25 O préprio Cristo associa Sua morte e Sua intercesso como 0 unico meio para nossa redengao, em Sua oracio no capitulo 17 de Joao. Nessa oragiio, Ele Se refere 4 entrega de Si mesmo na morte, e Sua oracao épor aqueles que o Pai haviadadoa Ele. No podemos separar estes dois atos, se o préprio Cristo osune. Umsem outro nao teria valor, como Paulo argumenta: “E, se Cristo nao ressuscitou (e portanto nio esta intercedendo agora), é va a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados.” (1 Corintios 15:17). Portanto, se separarmos a morte de Cristo de Sua intercessio, nao ha seguranga de salvacao para nés. De que valeria dizer que Cristo morreu por mim, no passado, se Eleagoranio intercede por mim? £ somente se Ele nos justifica agora que somos salvos da condenago de nossos pecados. Eu ainda poderiaestar condenado se Cristo nao intercedesse por mim. E claro que Sua intercessiio deve ser em favor das mesmas pessoas pelas quais Ele morreu—e, sendo assim, Ele nao pode ter morrido por todos! SEGUNDA PARTE O verdadeiro propdésito da morte de Cristo; o que Ele realizou Capitulo L. Alguimas Definig6es «00.0... cceceseee tees neeeceesenenees 28 2. Quem foi beneficiado coma morte de Cristo? .......... 29 0 3. Qual o propésito da morte de Cristo? ...........- 4. Amorte de Cristo tornou a salvagao uma possibili- dade ou UMA COPEL? oo. eeeecce cece ese eect ester tees 34 5. Raz6es pelas quais devem ser realmente salvos todos aqueles por quem Cristo morreu .. 38 27 1 Algumas Definicées Na Primeira Parte, capitulo dois, vimos que 0 que controla o resultado de algo que se faz, 6amaneiracomoé feito. Paracertificar- -se de que o resultado sera exatamente o que vocé deseja que aconteca, devem ser empregados os meios adequados; fazer uma coisa de acordo com a maneira certa de fazé-la, assegura que 0 proposito seraalcangado. As Escriturasdeixam claro que Deus (Pai, Filhoe Espirito) tencionaredimirhomense mulheres, Aobrade Cristo €o meio utilizado para fazerisso. Visto que Deus sempre fazas coisas de maneira certa, podemos dizer que todos os que s&o realmente redimidos sao todos os que Ele tencionava redimir, Se nao fosse assim, Deus poderia ter falhado na real izagdo de Seu propésito. Pode-se dizer que ha dois propdsitos na morte de Cristo, um principal eum secundario. O propésito principal damorte de Cristo era glorificar a Deus. Em todas as coisas que faz, Deus pretende, primeiramente, demonstrar Sua propria gloria. Todas as coisas existemprincipalmenteafimde glorificara Deus parasempre (Efésios 1:12; Filipenses 2:11;Romanos | 1:36). Masa morte de Cristo tem, também, um prop6sito secundario, ou seja, salvarhomense mulheres de seus pecadose leva-losa Deus. Assim, quero mostrar agora que a morte de Cristo comprou, para todos pelos quais Ele morreu, tudo o que € necessario para que eles usufruam tal salvacdo, sem qualquer sombra de diivida. 28 2 Quem foi beneficiado com a morte de Cristo? clarecidos sobre quem, realmente, se Precisamos estar bem beneficiacoma morte de Cristo. Ha trés possibilidades: a. Poderia ser para beneficiar a Deus, 0 Pai, ou b. Poderia ser para beneficiar 0 proprio Cristo, ou c. Poderia ser para o nosso beneficio. Lembre-se de que estou falando sobre 0 propésito secundario da morte de Cristo; € neste sentido, podemos mostrar que a morte de Cristo nao foi para o beneficio de Deus, 0 Pai. As vezes argumenta-se que Cristo morreu para possibilitar que Deus perdoasse os pecadores, como se Deus fosse, de outra maneira, incapaz de nos perdoar. Esse argumento sugere que 0 propésito secundario da morte de Cristo foi para beneficiar 0 Pai. Tal pontode vista é tanto falso como tolo, pelas seguintes raz 1. Significa que Cristo morreu para livrar 0 Pai daquilo que O impedia de fazer 0 que Ele queria (isto é, perdoar os pecadores), ao invés de morrer para nos livrar de nossos pecados. Entretanto as Escrituras dizem claramente, em todos os lugares, que Cristo morreu para nos libertar do pecado. Significaque ninguém poderia ser realmente salvo do pecado. Se Cristo meramente obteve a liberdade do Pai para perdoar os pecadores, entao 0 Pai pode, se quiser — ou nao precisa, se nao quiser—usaressaliberdade! Assim, amorte de Cristo pode ainda nao obterrealmente asalvagao paranos. Masas Escrituras dizem claramente que Cristo veio para salvar os perdidos. np 29 Em seguida, podemos certamente mostrar que a morte de Cristo nao foi para beneficiara Ele mesmo. 1. Visto que Cristo € Deus, Ele jé tem toda a gloriae o poder que poderiater. Portanto, no final de Sua vida terrena, Ele nao pediu outra gléria sendo a que jd possufa antes (Joao 17:5). Ele niio precisava morrer para obter quaisquer outros beneficios para Si mesmo. 2. Asvezesésugerido que, pelaSua morte, Cristo ganhou o direito de sero juiz de todos. Mas, se o propésito de Sua morte era obter o poder decondenar alguns, ent&o Ele nao pode ter morrido para salva-los? Portanto, ainda que aceitemos essa sugest&o, nao podemosusa-la para provar que Cristo morreu para salvar todos oshomens. Concluimos, entdo, que a morte de Cristo teve o propésito de nos beneticiar. Nao foi para que o Pai pudesse nos sal var, se € que Ele iria fazé-lo, Nao foi para obter alguns novos beneficios para o proprio Cristo. Portanto, deve ter sido, realmente, para obter todas as boas coisas que foram prometidas mediante acordo com 0 Seu Pai, para beneficiar todos aqueles por quem Ele morreu. Entao, Ele morreu somente por aqueles que realmente recebem esses beneficios. Vamos passar agora aexaminar o que as Escrituras dizem sobre essas boas coisas. 3 Qual o propésito da morte de Cristo? N6s ja dissemos, resumidamente, 0 que as Escrituras ensinam sobre 0 porqué da morte de Cristo (Primeira Parte, capitulo um). Agora que jéexploramos todo oassunto, de modo geral, precisamos é examinarem maiores detalhes aquelas passagens que falam sobre 0 que foi realizado através da morte de Cristo. Farei isso, examinando trés grupos de versiculos biblicos. Primeiro, hdaquelas passagens que mostram qual o propésito de Deus na morte de Cristo. Escolhi oito versiculos paraexaminarmos, embora muitos outros pudessem serusados. 1. Lucas 19:10. “Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido.” Portanto, esta claro que Deus pretendia realmente salvar os pecadores perdidos mediante a morte de Cristo. Mateus 1:21. “‘...c chamards 0 seu nome Jesus, porque ele salvaré o seu povo dos seus pecados,” Portanto, tudo que fosse realmente necessario para salvar os pecadores deveria ser feito por Jesus Cristo. 3. 1 Timéteo 1:15. “...que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores.” Isso ndo nos permite supor que Cristo veio simplesmente para possibilitar a salvagao dos pecadores; pelo contrario, insiste no fato de que Ele veio realmente para salva-los. 4. Hebreus 2:14-15. “...para que pela morte aniquilasse 0 que tinhao impériodamorte, istoé, 0 diabo;e livrasse todos os que... estavam ... sujeitos a servidio.” O que poderia ser mais claro que isso?) Cristo veio realmente para salvar os pecadores. 5. Efésios 5:25-27. *...como também Cristo amou aigreja,e asi mesmo se entregou porela, paraa santificar ... paraa apresentar wv asi mesmoigreja gloriosa. Penso que nao € possivel dizé-lo mais claramente do que o Espirito Santo o fez nessa passagem; Cristo morreu para 3t purificar, santificare glorificaralIgreja. 6. Joao 17:19. *...me santificoamim mesmo, paraque também eles sejam santificados na verdade.”” Sera que ainao estamos ouvindo o préprio Salvador declararo propésito de Sua morte? Ele morreu afim de que alguns (nao o mundo todo, visto que Ele nao orou por isso—versiculo9) fossem realmente santificados (ou feitos santos). 7. Galatas 1:4. “O qual se deu asi mesmo por nossos pecados, para nos livrar...” Afirma aqui, outra vez, 0 propdsito da morte de Cristo como sendorealmente para nos libertar. 8. 2 Corintios 5:21. “Aquele que nao conheceu pecado, o fez pecado por nés; para que nele fossemos feitos justigade Deus.” Portanto, entendemos que Cristo veio para que os pecadores pudessem tornar-se justos. A partir de todos esses versiculos, é evidente que o propésito da morte de Cristoerasalvar, libertar, santificar e justificar aqueles pelos quais Ele morreu. Pergunto: todos os homens so salvos, libertado santificadose justificados? Ou sera que Cristo falhouem cumprir o Seu propdsito? Julguem, entdo, por si mesmos, se Cristo morreu por todos os homens ou somente por aqueles que so realmente salvosejustificados! Segundo, hd aquelas passagens que nao sé falam do propésito da morte de Cristo, mas, também, do que foi realmente alcangado através dela. Seleciono aqui seis passagens: 1. Hebreus 9:12,14. *... mas por seu proprio sangue ... havendo efetuadoumaeternaredengao ...purificaréas vossas consciéncias das obras mortas...” 32 Aqui sao mencionados dois resultados imediatos da morte de Cristo—aredengioeternae consciéncias purificadas. Qualquer um que tenha esses resultados, € um daqucles por quem Cristo morreu. Hebreus 1:3. “... havendo feito por si mesmo a purificagao de nossos pecados, assentou-se a destra da majestade.” Portanto, héuma purificagao espiritual obtida paraaqueles por quem Cristo morreu. 3. 1 Pedro 2:24. “Levando ele mesmo em seu Corpo os Nossos pecados...” Aqui temos a afirmagao daquilo que Cristo fez - Ele carregou nossos pecados nacruz. 4. Colossenses |: 21-22. “...vosreconciliou...” Assim, um verdadeiro estado de paz foi estabelecido entre aqueles por quem Ele morreue Deus, 0 Pai. 5. Apocalipse 5:9-10. “... porque foste morto, ecomoteu sangue compraste para Deus, de toda ... nacao; ... os fizeste reis e sacerdotes...” Kclaro que issonaoé verdadeirocom relag&oatodososhomens, porém descreve o que é verdadeiro sobre todos aqueles por quem Cristo morreu. 6. Joao 10:28. “E dou-lhes a vida eterne O proprio Cristo explica que a vida é dada a “suas ovelhas” (versiculo 27). A vida espiritual que os crentes desfrutam 6- -Ihes obtida pela morte de Cristo. / Com base nesses seis versiculos (e muitos outros poderiam ser usados), podemos dizer 0 seguinte: se a morte de Cristo realmente obtém redengao, lavagem, purificagao, libertagao dos pecados, reconciliagao, vidaeternae cidadania num reino, entao Ele deve ter nm 33 morrido si r a ies Somente por aqueles que recebem tais coisas. Esta bastante ro que nem todos os homens possuem tais coisas! Portanto. a salvacao de todos os homens nao pode ter 0.0 proposito da morte x x : Pp sid sito dam het ha aaa um grupo de versiculos biblicos que evem aqueles pelos quais Cristo morreu. Estes sao geralment descritos como “muitos”, porexemplo: Isafas 53:11; Marcos 10:45. Hebreus 2:10. Mas estes “muitos” sao descritos em outros lu, gares como: as ovelhas de Cristo Joa } 10: 0s filhos de Deus Toto itis os filhos que Deus Lhe deu Joao 17:1 1 ; Hebi 7 Seus escolhidos Romande i 0 povo que Ele antes conheceu Romanos 11:2 Sualgreja Atos 20:28 aqueles cujos pecados Ele levou Hebreus 9:28 Indubitavelmente tais descrigdesnao sio verdadeiras comrelaga atodos oshomens. Assim, vemos que o propésito damorte deCrise, c 4 . onforme Nos ¢ apresentado nas Escrituras, nao pode ter sido a salvagao de todos os homens. 4 A morte de Cristo tornou a salyacéo uma possibilidade ou uma certeza? Alguns tém sugerido que a morte de Cristo obteve aredencado suficiente para todos os homens, seeles simplesmentecressem nEle. Esse beneficio, entretanto, € dado somente a alguns, porque apenas alguns créem. Cristo, dizemeles, obteve a salvacdo que é suficiente para todos, mas que, na verdade, salva apenas alguns. Sem dtvida, pagar um prego pela redengiio de um escravo nao € 0 mesmo que libertar realmente 0 escravo. Obter salvagaio e dar salvaciio nao sao exatamente a mesma coisa. No entanto, ha varias coisas que agora precisam ser bem entendidas. Sao as seguintes: 1. Para Cristo obter nossa redenco e dé-la ands podem ser dois atos diferentes, mas, nao se pode argumentar que, conseqiientemente, eles precisamestar relacionados adois grupos diferentes de pessoas. Cristo nao teve dois propésitos secundarios em Sua morte! 2. Avontade de Deus, de que Cristo obtivesse a salvacao para os pecadores, nao dependiadacondigao dos pecadorescrerem. A vontade absoluta de Deus era que a salvacao fosse obtidae dada. 3. Orecebimento da salvacao depende de nossa fé. Contudo, essa mesma fé nos é dada por Deus sem condigdes, como espero mostrar maistarde. 4. Aqueles para os quais Cristo obteve beneficios através de Sua morte devem realmente recebé-los. Afirmamos isso porque: a. SeCristo apenas tivesse obtido os beneficios endo pudesse dé-los, entio Sua morte talveznao salvasse ninguém! b. TeriaDeusapontadoum Salvadorsem decidirquemdeveria ser salvo? PoderiaEle apontar um meio semestar certo do fim? Isso seriacontrario aos ensinamentos das Escrituras! Se umacoisaé obtida para mim, certamente deve serminha por direito, e tudo o que for meu por direito, ha de sermeu de fato. Portanto, a salvacao que Cristo obteve ha de 9 35 pertenceraqueles paraosquaisEle aobteve. Seédito: “sim, mas é deles sob a condi¢do de crerem”, eure ito novamente: “mas a fé também € dada por Deus” d. AsEscrituras sempre colocam ‘ Cristo obtevea redencaoe aqu i Isafas 53:5. Cristo cura juntos aqueles Para os quais ueles a quem Ele a aplica. aqueles pelos quais Ele foi ferido. i Isafas 53:11. Cristo jus a aqueles cujos pecados 3:11, Stific, nerd J a S cujos pecados ii, Romanos 4:25. Cristo just Ica aqueles pelos quais fo 4:25, f fe iv. R : a omanos 8:32-34, Deus da todas as coisas aqueles pelos quais Cristo morreu. Aqueles pelos quais Cri s quais Cristo morreu na ! s 40 podem agor: sercondenados. Lie Cristo agore r Apartirdetodig tered poraqueles pelos quais Ele morte todel a Jog. a. gumentos, fica firmementeestabelecido que S aqueles para os quais Cris t 7 8 Cristo obteve a r a inquestionavelmente arecebem, A pe para todos os homens pormeiodam para todos a quem foi dada. salvacio nao se tornou Possivel orte de Cristo: ela se tornou real Permita-me agora f: a igora fazer quatro declaracé: i " Ces que verdadeira Confirmamesteassunto, Falareicom mais det ; sbolich Posteriormente neste livro, 1. Deusenviou Cristo para morrer paracom Seus eleitos. Ovalordamorte deCristoéincomensuravel, sufici que se propés que fosse feito através dela. alhes sobre estes pontos por causa do Seu amor eterno nN ente para tudo 36 3. Opropésito do Pai era trazer, de todas as nagoes, muitos filhos paraagléria, asaber, Seuseleitos, comos quaisEle decidiufazer umnovoconcerto. 4. Tudo 0 que foi comprado pela morte de Cristo para aquelas pessoas, no devido tempo, certamente, torna-se delas. Posto que todas essas coisas foram obtidas paraelas, Cristo temrazao em pedir que seja feito assim. NOTA ADICIONAL Se mantivermos 0 ponto de vista de que a morte de Cristo torna possivel a sal vacaio de todos, mas, na verdade, salva apenas aqueles que créem, entdo estaremos realmente dizendo que: 1. ...Deus deveria salvar todos os homens. Isso nds negamos. Deus deve fazer somenteaquilo que Eleescolhe livremente fazer. 2. ...Deusnao pode fazer o que Ele quer, amenos que os homens cumpram certas condig6es. Isso nds negamos. Isso eliminaa gloriade Deus. 3... ,oamorde Deus é melhor demonstrado por Ele amar todos os homens igualmente do que por amar apenas alguns homens. Negamos issoe argumentaremos o assunto mais completamente na Quarta Parte, capitulos dois e quatro. 4... .Deusenviou Seu Filho para morrer porque Ele amou todos os homensigualmente. Negamosisso, porque naioé biblico. Muitas passagens biblicas descrevem claramente pessoas que nao sao 0 objeto do amor que enviou Cristo para morrer. Por exemplo: Provérbios 16:4; Atos 1:25; Rornanos 9:11-13; 1 Tessalonicenses 5:9; 2 Pedro 2:12; Judas 4. 5. ...a fé,queéacondicdo parase receberasalvacao, nao €é obtida 37 para nds pela morte de Cristo. Todavia, as Escrituras ensinam que essa fé 6 um dos beneficios obtidos para nés por Cristo. -- em Sua morte, Cristo foi o substituto para todaa humanidade. Negamos isso, pois se Ele foi o substituto para todos, entio todos sao salvos. Cristo morreu por aqueles a quem 0 Pai sabia que nao seriam salvos, uma vez que 0 Pai conheceu de antemo todas as coisas. Nao vejoo que se lucra com tal argumento! 5 Razées pelas quais devem ser realmente salvos todos aqueles por quem Cristo morreu Apresentarei mais um capitulo para mostrar 0 erro da forte corrente de opiniao de que a morte de Cristo foi suficiente para salvagao de todos, porém, na verdade, salvaapenas alguns Csufeie 7 para todos, eficiente paraalguns”). A redenco obtidae arede: ho dada sao distintas, mas nao podem estar separadas. - Afirmo: sealgoé realmente obtido para alguém, ent&o nao pode haver dtivida de que aquilo Ihe pertence. A pessoa nao iré dizer: poderia ser meu”. Portanto, tudo o que Cristo obteve pela Sua morte, hecessariamente pertence aqueles para os quais Ele o obteve a Seriaum contra-senso sugerir que Deus intentasse que Cristo bales por alguém — e, no entanto, tal pessoa nao recebesse 0 carve, ocala, calc ones ergo 7 ‘ossem libertados! E 38 sabemos que a morte de Cristofoi um resgate, segundo Mateus 20:28. Ora, alguns tém argumentado que, embora sejaverdade que algo obtido paraalguém lhe pertence pordireito, todaviaé possivel que tal coisa tenha sido obtida sob certas condigées. E, dizem que a condigio para que possamos receber os benefic ios obtidos por Cristo que nao resistamos a redengao oferecida, ou que nos submetamos aoconvitedoevangelho, ou, simplesmente, que tenhamosfé. Econtra este argumento que apresento os seguintes pontos: 1. Seopropdsitode Deus aoredimiralguéméfeitocom sinceridade, e se Cristo morreu para salvar a todos sob certas condigées, entdo todos, semexcecao, precisam conhecer tais condigées. O propésito de salvar no pode ser sincero se alguém nao for informado das condigdes. O que dizer daqueles que jamais ouviram? Ascondigdesnecessarias paraa obtengao dos beneficiosadvindos damorte de Cristo devem, ou nao, estar dentro de nosso poder para realizd-las? Se a resposta for positiva, entao todos os homens tém poder para crer; 0 que é falso. Se a resposta for negativa, entdoo Senhor deve conceder esse poder, ou nao? Se Ele oconcede, entao por que todos nao sao salvos? Se Ele nao 0 concede, nao pode colocd-lo como condigao, ou Ele nao estaria sendo sincero ao pedir de nds o que somente Ele podenos dar. Ecomo se alguém prometesse mil libras aum cego, com acondigao de que o homem pudesse vé-las. 3. Fé,acondigao parausufruirmosasalvagiio, oué obtida parands através damorte de Cristo, ou nao €. Se € obtida, ent&o todos os homens atém, pois dizem que Cristo morreu por todos. Senao € obtida para nés por Cristo, entao a parte mais importante de nossa salvagiio nao depende de Cristo! Isso diminuia gloriade Nv 39

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