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Entendendo a lei do estado laico

Um Estado laico ou secular é um conceito do secularismo onde o poder do Estado é oficialmente


imparcial em relação às questões religiosas, não apoiando nem se opondo a nenhuma religião.
Entretanto, o Estado laico não é considerado ateu, ou agnóstico, tal como o Estado laico aceita
a crença em Deus, apesar de também respeitar o direito à descrença religiosa. Um Estado
secular trata todos seus cidadãos igualmente, independentemente de sua escolha religiosa, e
não deve dar preferência a indivíduos de certa religião.

Laico. Etimologicamente, vem da palavra grega λᾱϊκός (Laikos, "do povo", "leigo") e do adjetivo
λᾱός (laos, "povo"). A palavra laico é um adjetivo que significa uma atitude crítica e separadora
da interferência da religião organizada na vida pública das sociedades contemporâneas.

CONCEITO

Um Estado é considerado laico quando promove oficialmente a separação entre Estado e


religião. A partir da ideia de laicidade, o Estado não permitiria a interferência de correntes
religiosas em assuntos estatais, nem privilegiaria uma ou algumas religiões sobre as demais. O
Estado laico trata todos os seus cidadãos igualmente, independentemente de sua escolha
religiosa, e não deve dar preferência a indivíduos de certa religião.

O Estado também deve garantir e proteger a liberdade religiosa de cada cidadão, evitando que
grupos religiosos exerçam interferência em questões políticas. Por outro lado, isso não significa
dizer que o Estado é ateu, ou agnóstico. A descrença religiosa é tratada da mesma forma que os
diversos tipos de crença.

O BRASIL É UM ESTADO LAICO

O Brasil é o maior país católico do mundo, com uma estimativa de 127 milhões de fiéis, o que
equivale a 65% da população do país e aproximadamente 12% dos católicos no mundo (dados
de 2013 do IBGE). Mesmo com maioria católica, o país é oficialmente um Estado laico, ou
seja, adota uma posição neutra no campo religioso, busca a imparcialidade nesses assuntos e
não apoiando, nem discrimina nenhuma religião.

Apesar de citar Deus no preâmbulo, a Constituição Federal afirma no artigo 19, inciso I:

“É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I – estabelecer cultos
religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou
seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a
colaboração de interesse público.”

Esse trecho de nossa Constituição determina, portanto, que o Estado brasileiro não pode se
manifestar religiosamente. Também vale notar que o artigo 5º, inciso VI também diz:

“É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos
religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias; ”

Dessa forma, a liberdade religiosa na vida privada está completamente mantida, desde que
devidamente separada do Estado.
Polêmica: o caso dos crucifixos em repartições públicas

Uma das principais polêmicas em relação à laicidade do Estado brasileiro é o uso de símbolos
religiosos, como crucifixos, em repartições públicas. De acordo com críticos, essa prática fere os
princípios do Estado laico porque, uma vez que instituições públicas ostentam símbolos de uma
religião, estariam privilegiando-a em detrimento das demais crenças (ou descrenças).

A controvérsia já motivou decisões como a do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS),
que determinou a retirada de crucifixos de todos os prédios da Justiça gaúcha, em 2012. Mas
a decisão foi revertida mais tarde pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que entendeu que a
colocação dos crucifixos “não exclui ou diminui a garantia dos que praticam outras crenças,
também não afeta o Estado laico, porque não induz nenhum indivíduo a adotar qualquer tipo de
religião”.

Outros pontos em que a laicidade não estaria sendo respeitada são a frase “Deus seja louvado”,
imprimida no canto das notas da moeda oficial do país, o real, e a expressão “sob proteção de
Deus” inserida no preâmbulo da Constituição Federal.

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