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HONRA E GLÓRIA EM PÍNDARO

Maria Amalia Longo Tsuruda

“A vitória nos jogos ama acima de tudo o canto”,


o mais leal companheiro das coroas e das façanhas”.
(IIIa Ode Nemaica, versos 7-8)1

Em primeiro lugar, desejo agradecer à organização desta Semana de


Estudos Clássicos a oportunidade de, mais uma vez, poder participar deste
evento que, na minha opinião, é de máxima importância para a formação de
educadores.
O tema que tratarei hoje versa sobre um poeta do início do século V
a.C., Píndaro, e o nome que dei a esse trabalho é “Honra e Glória em
Píndaro”. Em outros momentos de minha vida já tinha lido Píndaro, por puro
prazer estético. Entretanto, o interesse acadêmico nasceu a partir da disciplina
de Filosofia da Educação e do Desporto que ministro no curso de Educação
Física da Universidade Ibirapuera, pois Píndaro é o cantor dos vencedores dos
Jogos. Hoje em dia é difícil para nós, os modernos, avaliar o peso que uma
vitória nesse grandes jogos tinha para o atleta ou para a sua cidade. Daí o
título e o interesse desta exposição.
Pois a honra e a glória eram os valores principais da sociedade
aristocrática grega, desde as suas origens. A Ilíada e a Odisséia, poemas
épicos atribuídos a Homero e que são considerados como a origem e a matriz
da Civilização Grega e, em última instância, da nossa civilização ocidental,
versam exatamente sobre Honra e Glória. Os heróis descritos nos poemas, que
serviram como modelo para a educação grega, optam por uma vida de grandes
feitos, que assegurem a perpetuação do seu nome na posteridade. Esses
grandes feitos são realizados nos dois campos da atividade humana: no campo
intelectual, eles se destacam nas assembléias políticas; no campo físico eles
realizam proezas na guerra e no esporte. Mas a o processo de imortalização do
nome, da gesta e da honra do herói depende do reconhecimento de suas
qualidades que é expresso por meio do poema, cantado e perpetuado por
trabalhadores especializados, os aedos ou rapsodos. SLIDE 2
Assim, a arte de Píndaro dá prosseguimento a uma tradição antiga
responde a uma necessidade da sociedade nobre. Suas obras estão vinculadas
ao momento supremo da vida do homem agonístico, o momento da vitória nos
grandes jogos, e dedicam-se a festejá-la e consagrá-la: . SLIDE 3
1
A maior parte das traduções de Píndaro utilizadas neste trabalho foram colhidas da obra de Maria Helena da
Rocha Pereira, Hélade: Antologia da Cultura Grega, edição citada na bibliografia. O restante é tradução
minha da edição Belles Lettres da obra de Píndaro, pela qual assumo a responsabilidade por eventuais erros.
2

(...) assim eu, mandando aos atletas vitoriosos


esse líquido néctar, dom das Musas,
doce fruto do espírito,
dou alegria aos vencedores de Delfos e Olímpia.
Felizes aqueles a quem cerca a fama gloriosa!
(VIIa Ode Olímpica, versos 7-10)

As odes eram cantadas por um coro de jovens por ocasião do regresso do


vencedor à sua cidade natal ou um pouco depois disso. Píndaro não foi o único
poeta a dedicar a sua arte aos atletas vitoriosos: fragmentos de poemas de
Simônides e obras de seu sobrinho Baquílides nos permitem fazer uma análise
comparativa e constatar que o diferencial, em Píndaro, é que nele, a ode
triunfal encontra a sua expressão máxima, tanto sob o ponto de vista da
estrutura quanto sob o da utilização dos elementos que compõem a obra.
Como bem observa Jacqueline de Romilly2, apesar das poesias de
Píndaro terem como objetivo festejar uma conquista esportiva, elas não são
poesias de circunstância. Se assim fossem, teriam perdido a sua importância
com a mesma rapidez com que, no mundo dos esportes, essas conquistas são
substituídas por outras. Píndaro pouco fala sobre as provas vencidas ou sobre
a vida dos vencedores. O peso da sua obra repousa sobre os ideais de honra e
glória da aristocracia grega que, em última instância, podem ser considerados
universais e simbólicos para a vida humana em geral. Ele atende a essa
dimensão universal ligando a vitória ao mito e ao ensinamento moral.
As fontes para o estudo da biografia de Píndaro são tardias em relação à
época em que o poeta viveu e, além disso, são pouco confiáveis. . SLIDE 4
Píndaro nasceu em uma aldeia próxima a Tebas, Cynocephalos, . SLIDE 5 em
aproximadamente 518-517 a.C., ou seja, na 65a Olimpíada. Aqui cabe uma
explicação, pois, a datação utilizada pelos gregos tomava como ponto de
partida a primeira edição dos Jogos Olímpicos. . SLIDE 6
Pindaro dedicou a sua arte a vários tipos de poemas: epinícios (odes
triunfais), hinos, peãs, ditirambos, partênios, cantos de festa ou de banquetes,
encômia (elogios) e cantos fúnebres (trenos), mas se notabilizou pela
composição de Odes Triunfais em que registrava os feitos dos atletas
vencedores dos Jogos Pan-Helênicos. Assim, quando a sua obra foi
organizada, seguiu-se o modelo proposto pelo próprio jogo ou competição em
que o homenageado venceu. SLIDE 7 E, de fato, excetuando-se as odes
triunfais, o restante da poesia de Píndaro encontra-se em estado fragmentário.
Por outro lado, o corpus da obra de Píndaro pode se configurar como
um interessante material de estudo sobre a sociedade aristocrática grega sob
2
Cf. Précis de Littérature Grecque, ed. cit., págs. 51-52.
3

diversos aspectos: o dos jogos em si, o da religião, o da moral, o dos valores


sociais Pode até fornecer dados históricos, como aprendemos na Ia Ode Pítica
(versos 72-75):

“Que o Fenício fique tranqüilo em casa e se reprima


o grito bélico dos Tirrenos3, ao verem a insolência
que faz gemer os navios em frente de Cumas.
Tal foi o que sofreram, quando o chefe siracusano
os dominou, e das naus velozes,
lançou ao mar a juventude, arrancando a Grécia
à pesada escravidão.”

Nesse trecho da ode Píndaro está se referindo à batalha naval de Cumas,


ocorrida em 474 a.C., em que Hierão de Siracusa, para quem o poema foi
composto, venceu os etruscos, e cujo testemunho se materializa no capacete
etrusco encontrado em Olímpia e onde podemos ler a seguinte inscrição:

“Hierão, filho de Deinomenes e os siracusanos [dedicaram] a Zeus


[espólios] etruscos de Cumae”.

. SLIDE 8
A “clientela” de Pindaro: Aimé Puech, na introdução à sua tradução de
Píndaro publicada pela Belles Lettres, observa que, entre as honras devidas
aos vencedores, havia duas que eram especialmente apreciadas: a
possibilidade de erigir uma estátua sua no Altis (recinto sagrado de Olímpia) e
propor a um poeta a composição de uma ode triunfal cantando o seu feito.
Ambas significavam altas despesas. Um exemplo desses dois tipos de honra é
fornecido pela família dos Deinomenides, que foram tiranos na Sicília. Eles
foram “clientes” dos poetas Baquílides e Píndaro, e este último compôs para
Hierão a Ia Ode Olímpica e as Odes Píticas Ia , IIa e IIIa. Seu irmão Polizalos
foi vencedor da corrida de carros em Delfos em 478 ou 474a.C. e dedicou ao
deus Apolo um grupo de esculturas em bronze, do qual chegou até nós a
estátua conhecida como o Auriga de Delfos. . SLIDE 9 Na parte conservada
da base do que foi esse grupo está escrito: “Polizalos me consagrou (...)
Abençoe-o, ó Apolo”.
Segundo Carrière, Gaillard, Martin e Mortier-Waldschmidt 4, Píndaro
trabalhou sob o comando de grandes famílias, em particular as da Beócia e de
Egina, para os tiranos da Sicília e os reis de Cirene, na África. Cânfora 5 coloca

3
Isto é, os estruscos.
4
La Littérature gréco-romaine - anthologie historique, ed. cit., p. 87.
5
Histoire de la Littérature Grecque – d’Homère à Aristote, ed. cit., p. 143.
4

em posição de destaque os laços que o poeta possuía com famílias da região


da Tessália.
Uma análise aos vencedores aos quais Píndaro dedicou odes triunfais
coloca em posição de destaque alguns pontos interessantes:
a) obviamente, todos eram aristocratas ou, pelo menos, pessoas de posses
que podiam pagar pelos seus serviços;
b) existe uma forte ligação entre o poeta e uma clientela composta por
tiranos da Sicília e da Magna Grécia, que eram especialmente ricos. A
análise da produção remanescente de Píndaro demonstra que 42,22%
das Odes triunfais foram dedicadas a vencedores provenientes dessa
região; . SLIDE 10
c) apesar de Píndaro ser tebano, podemos notar que ele teve uma clientela
muito maior em Egina, uma pequena ilha localizada no Golfo Sarônico,
do que em Tebas, a sua cidade natal. Isso poderia ser explicado pelo fato
de que, na segunda guerra greco-pérsica, os oligarcas tebanos tomaram
o partido dos persas, o que teria forçado Píndaro a procurar refúgio em
Egina.
A respeito dessa passagem da vida do poeta tebano, Jacqueline de Romilly6
afirma que ele estava ligado à família ateniense dos Alcmeônidas e que
partilhava o ardor ateniense durante as guerras greco-pérsicas, o que é
demonstrado nos versos 76-77 da Ia Ode Pítica, dedicara a Hierão de Etna,
pela vitória na corrida de cavalos:

“(...) Buscarei junto de Salamina, por salário,


O reconhecimento ateniense,
E em Esparta cantarei a luta junto ao Citéron,
- em ambas sofreram os Medos de arcos recurvos – (...)”
-
Entretanto, Cânfora7 enumera testemunhos para uma interpretação
contrária, a de que Píndaro teria aprovado a escolha de Tebas a favor dos
persas. Dentre esses testemunhos ele aponta o fato da Ia Ode Ístmica ter sido
composta para o tebano Heródoto, cujo pai teria comandado a cavalaria de
Tebas, então a serviço do exército persa, na batalha de Platéia. Além disso, ele
acredita que, a partir de um determinado momento, Píndaro teria apresentado
uma hostilidade em relação à Atenas, expressa na VIIa Ode Ístmica e na
VIIIa Ode Pítica. Segundo ele, Píndaro apresenta uma coerência a um sistema
de valores esquemáticos e arcaicos que pertencem ao seu universo mental e
que unem oligarcas e aristocratas em uma koiné internacional mais sólida do
que as coalizões entre facções aristocráticas.
6
Cf. Précis de Littérature Grecque, ed. cit., pág. 51.
7
Histoire de la Littérature Grecque – d’Homère à Aristote, ed. cit, págs. 143-144.
5

Uma tentação seria pensar em aplicar a estatística sobre as modalidades em


que os personagens cantados pelo poeta venceram, com o objetivo de
estabelecer uma relação entre a modalidade e a classe social à qual o vencedor
pertencia. Sabemos que, em determinado momento da história dos jogos, os
nobres passaram a competir preferencialmente nas modalidades hípicas,
abandonando as modalidades restantes a atletas que tinham a sua origem em
outras camadas sociais e sabemos que algumas modalidades, o pancrácio por
exemplo, passaram a ser praticadas pelas pessoas mais pobres. Uma vez que a
obra de Píndaro está ligada aos nobres, deveria então haver uma maior
porcentagem de odes dedicadas a vencedores em modalidades hípicas. SLIDE
11 Ora, esse tratamento estatístico seria legítimo se estivéssemos um autor de
época posterior, no próprio século V a.C., quando já tivesse ocorrido a
democratização do esporte. Assim, o raciocínio, acompanhado de suas
conclusões, seria um anacronismo. (OBS: - vejamos como seria tal estatística
– e observemos até como se pode distorcer os dados) . SLIDE 12
O interessante aqui é observar que o resultado que corroboraria a
hipótese, ainda que ela seja uma hipótese indevida, acabou por aparecer,
mesmo depois da correção das distorções.

A ode triunfal: A ode triunfal é um tipo de poema cujos termos estavam


estabelecidos de maneira bastante rigorosa. Na ode triunfal o poeta deveria
cantar a vitória atual do atleta e, caso ele não fosse um iniciante, lembrar as
vitórias anteriores. Um exemplo pode ser encontrado na IIa Ode Olímpica,
dedicada a Terão de Agrigento, vencedor da corrida de quadrigas: SLIDE 13

“Em Olímpia ele mesmo alcançou o prêmio.


Em Delfos e no Istmo,
partilhou-o com seu irmão. As Graças em comum
trouxeram as coroas
dos vencedores em quadrigas, na corrida de doze voltas.” (versos 49-51)

Se o vencedor fosse uma criança, o seu mestre deveria ser mencionado. Esse é
o caso da IVa Ode Nemaica, em que, no verso 151, Píndaro nomeia o mestre
(alipte) do jovem Tisamarco de Egina, vencedor da luta na categoria meninos.
Como Píndaro é o representante de um pensamento aristocrático que
considera que a educação é apenas um dos dois fatores que determinam a
excelência – o outro é a hereditariedade – a família do atleta, sua antiguidade,
seus grandes feitos, deveria ser lembrada. Um bom exemplo para a influência
da hereditariedade pode ser encontrado na Xa Ode Pítica, dedicada a
Hipocléas da Tessália, vencedor da corrida dupla para meninos (versos 10-14):
SLIDE 14
6

“Ó Apolo! As empreitadas dos homens, terminam bem quando elas começam


quando um deus lhes dá impulso! É graças ao favor dos deuses que ele
alcança o sucesso, mas o seu natural o faz seguir os traços
de seu pai que duas vezes triunfou em Olímpia (...)”

e mais adiante (versos 34-40): SLIDE 15

“Feliz e digno de ser cantado pelos poetas aquele que,


vencendo pelo vigor dos braços e agilidade das pernas
conquistou nos jogos por sua coragem e sua força
a mais alta recompensa.
E vivendo ainda, pode ver o seu jovem filho
obter justamente as coroas píticas!”

A glória do atleta é a glória de sua família. Em Píndaro, o conceito de


areté, aqui entendido como a qualidade humana máxima, está ligado aos feitos
dos antepassados famosos, muito anteriores aos pais. Os atletas vencedores
das suas odes são representantes dessa excelência divina, porque um deus ou
um herói foi o antepassado de suas famílias. Dessa maneira, para o poeta
tebano é fundamental, ao cantar a vitória do atleta, relembrar a nobreza da
família à qual o homenageado pertence. É o que ele faz, por exemplo, nos
versos 1 a 11 da IIa Ode Olímpica, composta para Terão de Agrigento,
vencedor da corrida de quadrigas: SLIDE 16

“Hinos, senhores da lira, que deus, que herói,


que varão celebraremos?
Em Pisa é Zeus o senhor; os Jogos Olímpicos,
Hércules os criou,
como primícias da luta. A Terão devemos cantar,
pela sua vitória,
na quadriga, ó providência
dos forasteiros,
bastião de Agrigento, flor de uma ilustre família,
salvação da cidade!
Depois de muita luta, foi ela que ocupou
a mansão sagrada do rio,
e foi a pérola da Sicília. O destino olhava
por eles, juntando
riqueza e fama às suas virtudes ingênitas.”

Devemos lembrar que, muitas vezes, a própria origem das cidades-


Estado gregas estava ligada a essas famílias eupátridas, seja pelo fato dos
mitos fundadores do Estado serem os mesmos mitos da origem das famílias,
7

seja porque a cidade-Estado era uma colônia, historicamente fundada por


essas famílias. Conseqüentemente a vitória do atleta enobrecia, em última
instância, o próprio Estado. O fato do passado lendário das famílias se
confundir com o passado lendário do Estado conduzia a ode naturalmente para
a narrativa mítico-religiosa. Afinal, é dos deuses que dependem o sucesso ou o
fracasso dos indivíduos. Em Píndaro a narrativa mitológica assume um papel
fundamental: nela está o centro da ode e dela o autor consegue extrair uma
moral de conteúdo nobre.

Píndaro e a educação: Se a areté, a excelência, é uma questão de


hereditariedade, que papel poderia desempenhar a educação no pensamento do
poeta tebano? A IIIa Ode Nemaica parece fornecer uma pista: SLIDE 17

“Por heroísmo hereditário um homem é grandemente poderoso


aquele que sabe apenas o que aprendeu permanece obscuro
sacudido por um sopro inconstante (...) (versos 40-41)”

Então, para ele a educação só é possível quando existe a areté, entendida


como qualidade inata, uma gema preciosa a ser lapidada. Essa idéia mostra
Píndaro como um legítimo herdeiro do pensamento educacional aristocrático
que já podíamos encontrar em Homero. A diferença reside no fato de que o
poeta propõe uma questão que, aliás, reaparece inúmeras vezes, em época
posterior, em Platão: a verdadeira excelência pode ser ensinada ou reside “no
sangue”? Obviamente, a resposta já foi dada pelo trecho acima exposto da IIIa
Ode Nemaica, mas o papel da educação existe, e demonstra o seu peso no
momento em que Píndaro conclama o seu homenageado, na IIa Ode Pítica
(verso 72) a “tornar-se o que ele é”. No caso em tela, Hierão de Siracusa deve
seguir a sua própria natureza e se conhecer bem. Mas também deve escutar os
conselhos sensatos do poeta, que são expostos a partir da terceira tríade da ode
e que estão relacionados com a necessidade de separar os verdadeiros amigos
das pessoas falsas, que estão simplesmente interessadas em semear a discórdia
e a maledicência.
Então, na obra do nosso poeta, os grandes feitos heróicos são a epifania
de uma qualidade inata e só são possíveis por causa dela. Assim, é
surpreendente que exista um papel para a educação. Ele acredita que ele
mesmo é um sophós, um sábio. A sua sabedoria, como a areté dos aristocratas,
também não depende da sua vontade. Ele é o mensageiro de uma verdade
transmitida pelas Musas, concepção religiosa que, devemos lembrar, alinha o
nosso poeta com uma tradição mais antiga, junto com Homero e com Hesíodo:
SLIDE 18
8

“Tenho ainda debaixo do braço muitas setas agudas,


que estão dentro da aljava,
compreensíveis aos cultos; para o vulgo é preciso
hermeneutas. Artista é aquele
que sabe muito por natureza. Os que tiveram de aprender,
quais corvos loquazes,
que grasnem em vão contra a ave divina de Zeus!”
(IIa Ode Olímpica, versos 83-88)

O trecho acima também deixa claro que Píndaro não está interessado
nas multidões. Ele se dirige em primeiro lugar, a um nobre que é um atleta
vencedor, a seguir a uma platéia composta por aristocratas também eles
atletas, pertencentes à classe social que criou e que portanto entende a ética
que o poeta veicula.

Análise da Ia Ode Olímpica: Tomemos como exemplo a Ia Ode Olímpica.


SLIDE 19 Ela é datada de 476 a.C. e foi composta para Hierão, tirano de
Siracusa, vencedor da corrida de cavalos montados.
A ode é composta de 117 versos e segue a estrutura tradicional da tríade.
Nesse tipo de estrutura, a unidade que é repetida do começo ao fim do poema
é de natureza complexa, isto é, cada unidade conta com uma estrofe, uma
antístrofe e um epodo. A Ia Ode Olímpica é composta de quatro dessas
unidades complexas; a IVa Ode Pítica contém treze (533 versos). Como
podemos ver, esse tipo de estrutura oferece a vantagem de permitir
composições mais longas.
Dos versos 1 a 10 temos a definição dos jogos de Olímpia como as mais
importantes entre todas as competições gregas. Observe-se que, para fazê-lo,
Píndaro utiliza comparações entre Olímpia e outros elementos: SLIDE 20

“A melhor coisa é a água; o ouro, qual fogo incandescente,


que se distingue na noite, sobreleva a riqueza orgulhosa.
Se anseias celebrar os jogos, ó minha alma,
5 não busques astro mais ardente que o sol,
quando fulge, de dia, no éter deserto,
não queiras celebrar jogos superiores aos de Olímpia.
Daí parte o hino de mil vozes, a envolver
o gênio dos artistas,
10 para exaltar o filho de Cronos (...)”
9

Como observam Dover, Bowie, Griffin e West8, Píndaro conseguiu, sem


dizer nada que fosse extravagante a respeito dos Jogos Olímpicos, revestí-los
com o esplendor da água, do fogo, do ouro e do sol, apesar de considerarem o
parágrafo “desalinhado”. Na verdade, não se trata aqui de “desalinhamento”,
mas do fato do poeta trabalhar com a ordem inversa das frases, o que torna a
tradução mais difícil e nos força a pensar.
O louvor a Olímpia pode ser encontrado em outras odes de Píndaro.
Observe-se, por exemplo, a abertura da VIIIa Ode Olímpica (versos 1-5):
SLIDE 21

“Olímpia, mãe dos Jogos de áureas coroas,


senhora da verdade, onde os adivinhos,
observando o fogo dos sacrifícios,
experimentam Zeus, senhor do raio coruscante,
sobre os seus desígnios para com os homens
de espírito ansioso por atingir a supremacia (...)”

Píndaro ainda destaca, nos versos 8 a 10 da Ia Ode Olímpica, que


Olímpia é um local de concentração de artistas. Sabemos, por meio de
diversas fontes, que durante os dias da festa uma multidão acorria ao recinto
sagrado, e poetas, artistas, filósofos, e outros, faziam ler ou exibir as suas
obras para uma platéia ávida de novidades.
Jacqueline de Romilly9 chama a nossa atenção para o fato de que o
início das odes do poeta tebano evoca sempre a glória, a divindade e o ouro, e
que tudo isso se confunde, pois a glória vem dos deuses e cintila como ouro.
Dos versos 10 a 16 o poeta apresenta o homenageado, Hierão de
Siracusa: SLIDE 22

“(...) quando chegarem


ao lar opulento e feliz de Hierão,
que detém o cetro da Justiça, na Sicília,
rica em gado, que colhe todas as qualidades
a fina flor, e que se adorna
15 com as delícias da música, com que folgamos muitas vezes
em volta da sua mesa amiga. (...)”

Ao descrever Hierão, Píndaro coloca em posição de destaque as características


dos cavalheiros nobres: riqueza, educação, hospitalidade e o fato de ser
governante de Siracusa e de exercer a função de juiz. Isso aproxima o

8
Cf. Literatura en la Grécia Antigua, ed. cit., pág. 57.
9
Cf. Précis de Littérature Grecque, ed. cit., pág. 52.
10

homenageado do retrato dos heróis homéricos feito pela Ilíada e pela


Odisséia.
Dos versos 17 a 22 ele registra a natureza da vitória de Hierão: SLIDE
23

“(...)se a beleza de Pisa e de Ferênicos


te submeteu o espírito aos mais doces cuidados,
quando, junto das margens do Alfeu,
20 deu um impulso ao corpo, e, sem carecer de chicote,
na corrida, levou o seu amo à vitória,
o Senhor de Siracusa, o rei cavaleiro (...)”

Píndaro descreve a vitória de uma maneira que dá a impressão de uma


ausência de esforço, de uma graça peculiar: o cavalo vence sem precisar ser
chicoteado. Observe-se que ele faz questão de registrar o nome do cavalo –
Ferênicos – que significativamente pode ser traduzido por “Porta-Vitórias”.
Outro dado interessante é que Hierão é definido como “rei cavaleiro”. Ora,
sabemos que Hierão é vencedor na corrida de cavalos montados e,
posteriormente, na corrida de carros. Isso não quer dizer que ele tenha
montado, ou que tenha conduzido o carro. Para isso eram empregados
cavaleiros e condutores, e a vitória pertencia ao dono do animal ou do carro.
Nem ao menos sabemos com certeza se Hierão assistiu as suas vitórias em
Olímpia e em Delfos. Esse mecanismo em que o dono dos cavalos é o
vencedor mas não compete pessoalmente possibilita a existência de um caso
curioso em que um certo Troilos, filho de Alkinoos, foi vencedor olímpico em
duas corridas de carros no ano de 372 a.C. Entretanto, a placa de bronze que
registra o seu feito também registra que ele foi o juiz nas mesmas provas em
que venceu10. SLIDE 24
Nos versos 22-23 Píndaro introduz, com bastante naturalidade, o mito
que é o centro da Ia Ode Olímpica:

“(...) A sua glória brilha


nesta colônia de heróis, fundada pelo lídio Pélops (...)”

Existe uma relação estreita entre o mito escolhido, a competição em que


Hierão venceu e a modalidade em que ele concorreu, pois esse mito é o de
Pélops, Oinomao e Hipodâmia, isto é, o próprio mito da criação dos Jogos
Olímpicos, um mito em que a figura do cavalo tem um papel fundamental.
Aqui cabe uma advertência. Se, no caso da Ia Ode Olímpica o mito apresenta
10
Conferir SWADDLING, Judith – The Ancient Olympic Games, Austin: University of Texas Press, 1999,
pag. 98.
11

elos com o fato a ser celebrado, isto é, a vitória de Hierão, Píndaro não parece
considerar que isso seja fundamental. De um modo geral, os mitos expressos
nas odes têm muito mais um valor de ensinamento do que o de instrumento de
glorificação do vencedor. Não é o mito quem está a serviço da vitória, e sim a
vitória que serve para a veiculação da moral aristocrática.
O mito vai do verso 25 ao verso 89. A partir do verso 90 torna-se clara a
característica circular do poema, pois ele começa e termina com o mesmo
tema: a glória de Olímpia e a de Hierão:
Versos 1 a 10:

“A melhor coisa é a água; o ouro, qual fogo incandescente,


que se distingue na noite, sobreleva a riqueza orgulhosa.
Se anseias celebrar os jogos, ó minha alma,
5 não busques astro mais ardente que o sol,
quando fulge, de dia, no éter deserto,
não queiras celebrar jogos superiores aos de Olímpia.
Daí parte o hino de mil vozes, a envolver
o gênio dos artistas,
10 para exaltar o filho de Cronos (...)”

Versos 90 a 117:

90 “Agora está presente aos esplendorosos sacrifícios


cruentos, reclinado junto ao curso do Alfeu,
num túmulo muito visitado, perto do altar
que mais hóspedes recebe. Brilha ao longe
a glória de Pélops, nas lides Olímpicas,
95 onde se disputa a rapidez da corrida, a audácia da força.
O vencedor goza, para o resto da vida,
uma ventura doce como o mel, graças aos prêmios.
Um bem que se não perde acompanha os mortais até ao fim.
100 A mim me compete coroar
o ilustre patrono, em ritmo eqüestre e melodia eólia.
105 Creio que as pregas gloriosas dos meus hinos
jamais adornarão hóspede, ao mesmo tempo
mais apreciador da beleza e poderoso em força.
Um deus, teu protetor,
vela por ti, Hierão, é esse o seu cuidado. E se não te deixar já,
espero que mais doce te será ainda
celebrar tua vitória no carro veloz, indo à colina de Cronos
eminente, encontrar o caminho digno do teu encômio.
Para mim a Musa prepara com energia
as setas mais potentes.
Há umas maiores que outras; no cimo de tudo,
a dos reis. Não olhes para mais longe.
12

115 A ti te seja dado passar o tempo a trilhar as alturas,


e a mim juntar-me aos vencedores,
espalhando a minha arte por toda a Grécia.”

Análise do mito: a versão tradicional do mito de Pélops, Oinomao e


Hipodâmia11 conta que Pélops teria sido cozido e servido aos deuses em um
banquete por seu pai, Tântalo. Todos os deuses, exceto Deméter, teriam notado
a origem das carnes servidas e se negado a comer. Por esse motivo Tântalo
teria sido castigado. Após ter sido ressuscitado pelos deuses, Pélops teria se
dirigido para a cidade de Pisa, na Élida, que é a região em que Olímpia está
localizada, onde conquistou a mão de Hipodâmia, vencendo o pai da noiva,
Oinomao, em uma corrida de carros, por meio de traição. Desse casamento
criminoso teria surgido a família maldita dos Atridas. Pélops teria instituído os
Jogos Olímpicos em memória de Oinomao.
O poeta reconhece que os relatos sobre os deuses e os heróis muitas
vezes são fantasiosos, mas pretende que a versão do mito que vai relatar é a
verdadeira: SLIDE 25

28 “(...) Muitos prodígios há, e muitas vezes


as histórias dos mortais excedem a realidade.
Desiludem-nos as fábulas
buriladas com mentiras de matiz variegado.
30 A arte, que forja aos mortais todas as delícias,
dá-lhes honra, e muita vez faz que se acredite
no incrível; mas os dias futuros
34 darão disso o mais sábio testemunho.”

Em Píndaro, o mito não entra na ode como um mero recurso de


embelezamento; ele serve, antes de tudo para veicular os valores morais da
sociedade à qual o poeta está se dirigindo. Assim, Píndaro não aceita a versão
tradicional do mito, que transforma os deuses em canibais: SLIDE 26

30 “A arte, que forja aos mortais todas as delícias,


dá-lhes honra, e muita vez faz que se acredite
no incrível; mas os dias futuros
darão disso o mais sábio testemunho.
35 Ao homem fica bem atribuir aos deuses ações belas:
tanto menor será a culpa. (...)”

52 “A mim é-me impossível chamar antropófago


a qualquer dos deuses. Recuso-me! A impunidade
11
Conferir J. Brandão, Dicionário Mítico-Etimológico, vol. II, ed. cit., verbete Pélops.
13

54 raramente cabe em sorte aos maldizentes. (...)”

e propõe uma outra, em que a criança teria sido levada ao Olimpo por
Poseidon e que a versão do festim de Tântalo teria sido inventada por vizinhos
maledicentes, que não conheciam o verdadeiro paradeiro de Pélops.
Vários aspectos da moral arcaica podem ser encontrados na Ia Ode
Olímpica. Observe-se, em primeiro lugar, os versos 53-54: SLIDE 27

“(...) A impunidade
raramente cabe em sorte aos maldizentes.”

Nesse caso específico, poderíamos aliar o verso 35:

“Ao homem fica bem atribuir aos deuses ações belas”

pois Píndaro está falando do castigo divino que fatalmente recairá sobre
aqueles que ousarem falar mal dos deuses. Por outro lado, da justiça divina
nenhum crime escapa, como o poeta deixa claro nos versos 63-64:

“Se alguém julga ocultar ao deus os seus atos,


erra.”

Um conceito moral extremamente caro aos gregos antigos, o da medida


ou sophrosýne, não poderia estar ausente nesta bela ode. Examinemos os
versos 54-57: SLIDE 28

“(...) Mas não foi capaz de dominar


a sua ventura excessiva. A saciedade provocou uma desgraça
extrema (...)”

Tântalo, diante das honras que recebeu dos deuses, perdeu essa medida. Ele
esqueceu a sua condição de mortal e incorreu no pecado da hýbris ou
desmedida. Isso significa que ele ultrapassou os limites e a conseqüência seria,
necessariamente, o castigo dos deuses.
No enlaçamento que Píndaro tece entre os conceitos expostos na ode, o
relato do pecado da hýbris de Tântalo deve servir como exemplo para Hierão,
tal como está explícito nos versos 111-114:

“Para mim a Musa prepara com energia


as setas mais potentes.
Há umas maiores que outras; no cimo de tudo,
a dos reis. Não olhes para mais longe.”
14

Isto é, para Píndaro, a glória dos reis está acima de todas as outras glórias
humanas, mas Hierão não deve desejar a glória dos deuses, “olhar para mais
longe”, pois isso seria hýbris.

A função do poeta: Como já dissemos antes, a composição de odes triunfais


está inserida em um quadro de herança homérica, em que o herói sente
necessidade de realizar grandes feitos. Na Ia Ode Olímpica isso é
exemplificado pela súplica feita por Pélops ao seu protetor, o deus Poseidon
(versos 81-84): SLIDE 29

“(...) Um grande risco não arrasta


um homem covarde. Para quem tem de morrer,
porque há de consumir em vão, sentado à sombra,
uma velhice apagada,
sem provar quanto há de belo? (...)”

Comparemos a escolha de Pélops acima exposta, que em suma significa


arriscar a vida por um grande feito, com a opção de Aquiles, que é relatada por
Tétis a Zeus e que encontramos no Canto I da Ilíada (verso505): SLIDE 30

“Honra o meu filho, a quem coube um destino mais curto que aos outros.”

A opção por um destino glorioso com uma vida mais curta, que é a escolha de
Aquiles, ou por um grande feito que acarreta um grande risco – a escolha de
Pélops - é a opção do herói. É a busca da imortalidade do nome, e ela só se
realiza por meio da arte do poeta, que canta os feitos dos heróis, como vemos
nos versos 73-74 do canto VIII da Odisséia:

“(...) a Musa logo o incitou a falar sobre os feitos dos homens, gestas
de heróis, cuja fama o alto céu, nesse tempo, atingira, (...)”

Píndaro, ao compor as suas odes triunfais aos atletas vencedores realiza essa
função necessária à imortalidade do nome. Ele considera Olímpia o local
próprio para isso, como vemos nos versos 8-11: SLIDE 31

8 “(...) Daí parte o hino de mil vozes, a envolver


o gênio dos artistas,
10 para exaltar o filho de Cronos, quando chegarem
ao lar opulento e feliz de Hierão,(...)
15

isto é, ele canta o filho de Cronos, Zeus o senhor de Olímpia, mas canta
também os feitos de Hierão de Siracusa. Ele assume a sua função de maneira
bastante clara no final do poema, a partir do verso 100:

100 “(...) A mim me compete coroar


o ilustre patrono, em ritmo eqüestre e melodia eólia.(...)

Nesse caso, segundo o poeta, não se trata de uma obra qualquer. Píndaro
considera a sua arte elevada: SLIDE 32

105 “Creio que as pregas gloriosas dos meus hinos (...)”

Como um aedo homérico, ele está sob as ordens e o poder da Musa, deusa
protetora das artes:

111 “Para mim a Musa prepara com energia


as setas mais potentes.”

E isso dá um caráter sagrado à sua função e confere um poder de realidade às


suas palavras.
O final do poema é exposto nos termos de votos de felicidade para
Hierão e para si mesmo, cada um na sua esfera de atuação: para Hierão, novas
vitórias e para Píndaro a companhia elevada dos vencedores e o exercício de
sua arte: SLIDE 33

115 “(...)A ti te seja dado passar o tempo a trilhar as alturas,


e a mim juntar-me aos vencedores,
espalhando a minha arte por toda a Grécia.”

Conclusão: Werner Jaeger12 considera a poesia de Píndaro como a expressão


do ponto mais alto da antiga aristocracia grega. Ele tem o dom de nos mostrar
o ideal de nobreza no momento em que ainda possuía força para “fazer
prevalecer o prestígio dos tempos míticos sobre a vulgar realidade do século
V a.C.”. É sob o ponto de vista de um sentimento de helenismo que Píndaro
deve ser apreciado. Os gregos nunca almejaram uma união entre as suas
cidades-Estado que viesse a formar uma nação no sentido moderno do termo.
As competições em Olímpia, Delfos, Neméia e Corinto tinham o dom de
trazer à tona a sensação de um parentesco existente entre as cidades-Estado
em geral e entre os indivíduos em particular, baseado na língua, na religião e
nos valores em comum.

12
cf. Paidéia, ed. cit., pág. 231 e segs
16

Em Píndaro vemos o papel que a antiga aristocracia grega exerceu sobre


a formação do homem, mais especificamente sobre a formação de um ideal de
homem agonístico que se realiza por meio da aproximação com o modelo
heróico. O momento da honra e da glória é o momento da imortalidade. Nele,
ressurge o espírito heróico da poesia épica, agora adaptado aos novos tempos e
transformado na glorificação dos atletas.
Em Píndaro a exaltação do herói-atleta tem um sentido educacional.
Mais uma vez, estamos diante de um modelo pedagógico, que deve ser
exibido e imitado. Poderíamos nos surpreender com isso, diante do papel que
a hereditariedade desempenha no pensamento do poeta tebano. Entretanto,
devemos lembrar, em primeiro lugar, que Píndaro está se dirigindo a uma
platéia de nobres que possuem as qualidades necessárias para a realização dos
feitos heróicos, agora transplantados para os estádios e para os hipódromos.
Em segundo lugar, e é aí que reside o caráter pedagógico da sua mensagem, a
hereditariedade pura e simples não cria um herói nem um atleta vencedor. Ela
é uma potencialidade que exige a ação. É necessário que o homem “torne-se o
que ele é”. Daí a importância do modelo exposto nos poemas, que deve servir
de emulação aos mais jovens. Por outro lado, não podemos perder de vista o
fato de que os atletas de suas odes triunfais são homens que vivem e lutam em
um tempo histórico. Ao ligar o sucesso atual ao passado mitológico, Píndaro
recobre homens de sua época com a aura dos heróis míticos, uma maneira de
transformá-los em exemplos a serem seguidos pelos mais jovens.
Com Píndaro, pela primeira vez os hinos aos vencedores se convertem
em uma espécie de poesia religiosa. Ele é o criador de uma nova lírica que
atinge o ponto mais crucial da experiência humana, pois descreve o homem
que luta para atingir a perfeição da sua humanidade e ter a sua honra e a sua
glória reconhecidas, segundo o ponto de vista de uma ética e de uma
interpretação religiosa da vida.
Como já dissemos antes, em outro lugar, outros poetas se dedicaram a
cantar os vencedores dos jogos, mas é em Píndaro que encontramos o exemplo
mais elevado dessa arte. Nele vemos a concepção aristocrática dessas
competições e podemos apreciar o esforço humano por alcançar um certo
ideal de perfeição, expressa, de maneira artística, no Auriga de Delfos.
SLIDE 34

“A felicidade é o primeiro prêmio; a seguir a boa fama


homem que encontrou ambas recebe a coroa suprema”.
Ia Ode Pítica, versos 99-100
BIBLIOGRAFIA:
17

1 – Textos:

HOMERO – Ilíada, tradução de Carlos Alberto Nunes, Rio de Janeiro:


Ediouro, 2001.

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2 – Estudos:

BRANDÃO, Junito – Dicionário Mítico-Etimológico, vol. II, Petrópolis:


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DOVER, K. J. (ed), BOWIE, E. L., GRIFFIN, J. e WEST, M. L. - Literatura


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18

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