Você está na página 1de 29

t

1

Í,

ÍNDICE

f.llu r,hrujo, p11!>!u<J:lr, r,nei1:o/r.irnu on rurso C<•"1 (I IÍ/u/1)


SOFIRASIA SOTC/fl',/.,\/1 TO.lf \'TORO/
PROBLE/.11 Of.Cll[I f>51Klf0UiGl'll
po1 ldllüflul PflJ,,:,·tru,!,:,. Jf111( r1i,l. rm /�R2
C"P"/11./,r C, f,;fir,,n,,/ Pr.-lu;ti;:,111 tJ. •\fr,JI e,;,. l 9il:
Cop)ll);l,1 � /V/t,, /J ,, ur.c, ,\fnrtir:i / 1,r,1e1 Ed,ro ra /..JdtJ.
5uo f'tJ1,lo. Pª"' :; prr1�mr rd,ç ó•,.
'
!
I' tdi�1,
n,u,n Jr /t/1/, .
Y edição
1111/w rir JOO.J

'(raduç-.1u
CLAULIIA l!EHUNLR
Primeira Parte
kr, l�u da tradução PROBLE�11\S TEÓRICOS E METODOLÓGICOS
E/;11 o Ai 1111tr1 DA PSICOLOGIA
Rr• j..,·�, i:rálica,
A-fc11 ,,, ,/1.1 /'c11ha F111 1a r71u ,1'
Atu, ,,, C" 1/i,1 \ 0,1,111n lu
Os n1étodos de investigação reflexológicos e psicoló-
l'roduçün i:rlilica g1cos ................................................................................ 3
Gn,,/Ju A/fc.,
Psicologia geral e e�'Cperinzerital (Prólogo ao livro de
A. F. Lazurski) ....... ...................................................... 33
l>ados l11h'Ol!1Clu1wi, dr C11tal1,p,,-ik1 na l\ltlliraç.:.U 1Cll'í
A consciê11cia como problen1a da psicologia do com-
·-------- ---
1C:l11wr.i llr�lclrJ do IJ,n� SP, llr<L-ill
V '),:01,\.), Lr, Srm,nn\llCh. IKQ(,..19. U. portamento ................................................................... 55
·rr,•n� e 111t1;.J,, rm r«n1t.,,:'" / Lc, Sc,ncno,11,h \')fnl'1.y ;
undu, uo Cl.iud,.1 Bcd111cr - 3' ,�d. - S:io PJui<) : �l:u1m, Fonte'$. Sobre o artigo de K. Koffka "A introspecção e o
2(11.\.J. -1r�n>lCOft.1 e P,.."-laS<'flU\ método da psicologia". A títt1lo de introdução ........... .. 87
Titulc, 1•11i;mal. Sobr:in,a >o.!t,h.mcn11 1c>1n ,ll1ro1 ; rn�lcmi clx:�1 O 111étodo instru111ental ern psicologia ......................... 93
p,,1..h
. (•t.•guu.
B1hhc,,:r:ifiJ Sobre os sistemas psicológicos..................................... 103
ISBN �5-.'�ó-�lH8-7 t\ psique, a consciência, o inconsciente ..................... .. 137
Deser1volvin1e11to ele, ,11e111ó,�it1 (l) refácio ao livro ele A.
CDD-150.92 N. Leóntie,,) ................................................................ . 161
indkt's para ,·at.:lloi!O rutt'm.àticv:
l. S1>1ca1a,, p,irulofi,x>< 150 9!
O prolJle,na da consciência .......................................... 171
A psicologia e a teorí,1 ela localização das fL1nções
.
ps1,qt11cas
li'l<lus vs direitos d<·s;a t'diç<io pura <1 li11s1111 purru,i:ucsa rest•n ados ú .....................................................······ ············ 191
Lil'raria .\fartins F,,ntc>s l::ditora Ltda.
R:ia Cu11st'll1,·111.i Rll111alho. 33U 01325-UiXJ S,i,1 Pa1,lo SP BraJil
Ti•l. c/JJJ24l..'ô77 Furi/lJ3105.6S67
e· 1111/Í/: i11f, ,4� n1arri11sfu111,:s .c-0111 .hr hflp:.', a·" �,·111urti11sfn11tc.s.e u,rr.hr

• •

------------·--- ··- ·- ..

•. '

A CONSCIÊNCIA COMO PROBLEMA


DA PSICOLOGIA DO COMPORTAMENTO*

Un1a aranha exect1ta operações que se assen1elhan1 às manipulações


do tecelão, e a constrt1ç�10 das cohnéias das abell1as
poderia envergonhar 1nais de un1 n1estre-de-ol)ras .
.ivlas l1á algo en1 c1ue <) pior 111estre-de-ol)ras
leva vantagem, logo de início, sol)re a ,nelhor al)el11a,
é o fato de c1ue, antes de executar a constn1çào,
projeta-a em seu cérel)ro.
No final <lo pr<>cesso c.le tr.1l)alho, !)rota un1 resultado,
qt1e antes de co111eçar o processo
já existia na mente do operJrio; ou seja, un1 resultado que já tinJ1a
existência ideal.
O operário não se li1nita a fazer n1udar ele forn1a a matéria que ll1e
oferece a natureza,
mas, ao 1nesn10 tempo, realiza 11ela seu ol)jetivo,
ol)jetivo que ele sabe que rege corno un1a lei
as modalidades de sua att1ac,,.'ào
e à qual tem necessariamente de sul)n1eter st1a vontade.

K. .ivli\RX

• "Soznanie kak problen1a psikhologuiti povedienia ··. Escrito en1 1925 e


pul>licado en1 K. N. Kornílov (Orµ.) Psicolo.. �í<1)' 111ar.Yis1110. �lascou e
Lcningrado, 1925.
ODO EM PSICOLOGIA .
TEORIA E MÉT PROBLEMAS TEORICOS E METODOLÓGICOS DA PSICOLOGIA
56 57
1 f)SÍC<Jlogia. 1\lé111 cliss<), qu;111tc) 111ais an11)lo e t1tiiversal for <)
prir1cí�i<> LlLte to�11en1c>s, n1ais f(icil ser�í acla11tá-lo ao fato qLie
liter at ura cien tífic a elu� le i�sístence e intericioiial- i11\'Cst1ga111os. Nao se cle\'e esqt1eccr, co11tt1clo. qtie a anipli­
Nossa _
pr()f )Je nia da natu reza ps1colog1ca da consciênci·..�. , e tt1cl e e o conte(1c_lo c_lo co11ceito est,10 sen11)re en1 relaç]<)
me11te o
dar conta co1no se para a no,·a psic'olo-
, ra ,
pro eu cJ ·' ·
..:�
.
dele, . _ .. � . . , i11\, ersa. E co1110 a a1111)litt1c.le cios 1)rincípios t1niversais tenele
En1 n
0,-1
. al1�o luto. cons eqL1e c1a d i sso , os,
, · isse
g,a na,- 0 exist · en1. . , . . . _ ao i11fi11ito, set1 co11te(1<.lo psicológicc> di111i11ui até o zere) coni
de p.sic olo g1a c1en t1f1c a a cr1açao elos quais assisti- a 111es111a rapidez.
sistcn):JS
hoje c:m dia traz em imp lí(-ilos, desde seu próprio come­ Nlas este nüo é L1111 defeito atribt1ível �lpe11as ao ct1rso ele
mos
uni: i séri e de clef eito s c, �� á11i c�)s. 1\,fenc�onaremos apenas Békl1tere\1 . .Esse 111es1110 clefeito a1)arece e retlece-se de algt1-
ç<>, _
alµun� que, cn1 nossa op1n1a<J, sao os mars ft1ndan1e,itais e n1a for111a e111 cada te11tativa ele for111t1lar siste111atica111e11te a
Í!nportanres. c_lot1trir1a c io co1111)orlan1e11to cio inelivídt10 do ponto ele vista
1. A<.) ignorar e> pr<)l)le1na da consciência, a psicologia da 111era reflex<)logia.
esr:: fech:Jndo par:1 si n1esma o can1inl10 e la in,,estigaçào de 2. 1\ 11egaç:io ela consciência e a tendência a constrt1ir o
prc>l•lema.s n1ais <>U r11enos con1plexos e.lo con1porta111e11to sisten,a psicológico se111 esse c<.1nceito - con10 u111a "psicolo­
hun 11 no. Vê-se ol)rigada a se lin1itar �1 explicação dos r1exos gia se111 consciência'', segu11do expressão de P. P. Blonsl<i
111;1is eJen1cn1ares clc> ser ,,ivo no 111L1ndo. É fácil cor11provar (1921, p. 9) - faze111 con1 que os 111étoclos se veja1n privaclos
essa afirn1::.iç:io se <.lern1os u111a oll1ada nc> índice do livro de dos n1eios n1ais fu11dan1enrais para i11vestig�tr essas reações
V. Jvl. Békhrerev f'1111c/a111e11/os gerais ele:, rejle.>.:ologia do /Jo- não 111�1nifestas ne111 aparentes à pri1neira vista, tais como os
111e111 (1923): ··J ri11cípio c.J:i cor1ser\'açJo da energia. JJrincípio 1novi111encos internos, a fala i11ter11a, as re,tções so111áticas
J

da 111u1al)iJiclacle contínL1a. l'rincípio do rit111 0. Princípio da etc. Li111itar-se a estt1dar as re�1ções visíveis à primeira vist�t
aclaptaç�lo. J >rincípi() ela re::IçJo igt1al J. aç�io. Princípio da rela­ rest1lt�1 estéril e injLtstificado, inclusive no qt1e se refere aos
tividade··. En1 un1a só pala,,ra, J)rincípios u11i\ ersais, qt1e alJar­
1 problemas m�tis si11 1ples do co1nporta1nento hu111ano. E, no
ca111 n:lo apenas o con11)ortan1e11ro dos anin1ais e do I10 - entanto, o comporta1nento do indi\1íduo é organizado ele tal
n1e111, n1a.s rodo e> cunjun10 elo L111i,1erso, ainda que, é claro, formL1 q Lte são justa111ente os 111ovin1entos internos pouco
n:1c> apareça ne111 urna ú11ica lei psicolé)gica qLte forn1L1le os conl1ecidos que o orientam e dirigem. QLtando for1na1nos o
(Jos.síveis nexos enco111rados ou a interdependência entre os reflexo condicionado sali\1ar no cachorro, organizamos pre­
fenôn1en<Js e c1L1e caracterize a originalidade do co111porta­ viamente seu comporta1nento de u1n moclo determinado,
n1en10 l1un1ar10 que o diferencia elo co111porta111 ento ,tnimal.
' �
através de procedi1nentos externos, j{t c1ue ele outra forn1a o
Por outro lado. C) li,1ro qLte acalJa1no.s ele mencionar gira j experi1nentc) não é possível. Coloc�1mos o anin1al no l)anco
em torno do ex1Jerin1ento clássico de formação do reflexo de experin1entaçào, o an1arramos co111 Ct)rreias etc. Da 111es­
C<)i1dicionado, unia peqt1ena 1nostra, ele extraordinári,1 im­ ma maneira organiza1nos previamente o corr1porta111ento do
pc)rt:111cia básica, n1as qt1e não cobre o espaço universal des­ sujeito por meio ele mo\'Írnentos internos conhecidos - atra­
de O reflexo co11dicionado de primeiro <1rau até o princípio vés de instruções, esclarecin1entos etc. E se esses mO\'i1nen­
da relati,ridade. A inadec1uaçào tos í nter11os variam subitamente no transcurso do experi­
entre o telJ1ado e CJS alicerces
e ª � ss ência de edificação ent ment o, todo o ci uadro do comportan1ento se alterará de
re amlJos põ e f�1cilmente de
n1an1festo o quant ; · d - · , · s for1na l1rL1sca. l'or conseguinte, lin1itamo-nos a falar de rea­

o a1n a e pre1naturo for111u1 ar pr1nc1p10 ,


universais· 'oasea , ·"''dos. no çõe s inil)idas, c1ue saben1 os estarem ser1do prr>dL1zidas de
.
n1arerial reílexológico e o quanto e
s1111ples e.xtrair a,5 1eis . , . - forma constante e ininterrupta no organismo e c1ue <lesem-
.
..... de outros ramos do sal)er e aplica-1 as a
MÉTODO EM PSICOL OGIA • PROBLEMAS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DA PSICOLOGIA
58 TEORIA E 59
·,p ·:, l r eg ul�1d or intl uen te sol )re o cor111)ort�t- •••
se111 n1ais ne111 111en<>S t1n1a lei <lo c.lo111ínio (la psicologia :,r,i-
penI 1an1 t1n 1 P.... '"' . . " �1:.1�. c:1
. rece"1110�. de"' qt1�1l
. quer
.. que este e con�· c1ente. 111al ao cl�1 J)Sicologia cio l10111en1. Faz-se necessária, tJC)r J)rir,­
mento, J3 ·- _ . (
· trun1cnto para ,·nvestiooar essas reac- oes internas. cípio, u,na certa reserva. �las não a1)e11as a clesconl1ecen1os ,
1ns . .
di zê -lo co n1 toda s as le tra s: o su 1e1 to se,npre pensa co1110 tan1pot1co sal)e111os oncle l)t1scá-la .
Para
1g ,n,' >
.... .:.m
,
. o e isso nun ca dei xa de influir en, seu con,- A lei cio do111i11ante estal)elece a existência no sistema
cons . · 0
nto . A n1u da nç a rep en tin a de pe ns a,n en to durante a nervoso do ani1nal ele algt1ns focos de excitação que atrae111
porca,ne
pro,,a repercute sen1pre no comportan,ento da pessoa sub­ outros, as excicaç;ões SL1l)clo1ninantes, qt1e nesses momentos
nierida a ela (de repente, ()c orre-11,e um pensamento: ''Não vão parar no siste111a nervoso. A excitação sext1al nos gatos,
vou <)lhar para o aparell10 ). Nlas n,1o ten,os a menor idéia
,.
os atos e deglL1tiçào e defecação, o reflexo de abraçar nas
ele con10 co11siderar essa influência. ràs, tttdo isso, con10 mostran1 as investigações, se reforça
3. 1\paga-se radicalmente tc>da diferença entre o com- por 111eio de qualquer excitante estranl10. Passa-se diret�t­
por1an1ento <lo ani111al e e> do l1omen1. A bio log ia traga a mente disso para o ato de atenção do l1omen1 e estal)elece­
sociologia e a fisiologia o faz cc>n1 a psicologia. O estudo do se que a base fisiológica desse ato é constituída pelo domi­
comportamento do hon1en1 é al)or<lado do mesmo n1odo que nante. �'las o que se constata é que precisamente a atenção
O escudo do comporta,nento de ql1alc1uer mamífero. E assim está pri,,ada desse traço característico, ou seja, da capacida­
fazendo, esquece-se e> c1ue acre:-;centan, ele no,·o a consciên­ de de ser reforçada solJ a ação de qualquer excitante estra­
cia e a psique ao comporra,nentcJ l1umano. Recorrerei. a títu­ nho. Pelo contrário, todos eles des,1iam e enfraquecem a
lo de exen1plo, a duas leis: a de exti11çào (ou de inibição �1tenção. De no,,o, a passagem das leis do dominante. esta­
interna) dc>s reílexcJs con(liciona(los, estalJeleci<la por 1. 1>. 1 belecidas no gato e na rã, para as do componamento huma­
t>á, lt1 v (1923), e J dos cl<)n1in antes, forn1ul ada por .A.. A.
1
1
no necessitam de uma séria correção.
Ukt110111ski 1 ( 1923). 4. O n1ais importante é que a exclusão da consciência
A lei de extinção (ou de inibiçio interna) dos reflexos do campo da psicologia científica deixa em grande n1edida
con(licion:idos estalJelece <JtJe a excitação prolongada com intactos o dualismo e o espiritualisn10 da psicologia subjeti­
un1 excitante condicionado e não reforçada mediante um .t va anterior. \T. Nl. Békhterev afirn1a qt1e o siste1na reflexoló­
excitante incondicionado (Jroclt1z o enfrac1uecin1ento paula­ gico não contradiz a hipótese "da alma" (1923). Caracteriza
tino e por fi111 a extinção total do reflexo condicionado. os fenômenos st1bjetivos ou conscientes con10 fenômenos
Passen1os ao con1porta111ento do l1on1em. No sujeito restrin­ de segL1nda ordem, especificamente internos, que acompa­
gi111os u111a reação condicionada a u111 certo excitante: '·Quan­ nham os reflexos conc.1tenados. O fato de admitir a possibi­
do ouvir a ca n1painha aperte o botão do console". Re­ lidade ou, inclt1sive, de reconhecer co1no algo ine,1itável o
petimos o experin1ento 40, 50, 100 vezes. Ocorre e.'{tinção? aparecimento no ft1tt1ro c.le t1ma ciência à parte - a reflexo­
•• logia st1bjetiva -, apenas reforça o clt1alismo.
Ao contrário, a conexão se reforç.1 a cada ,,ez, a cacla dia.
J>roduz-se o cansaço, mas não é isso o que supõe a lei da 1 A princip ,tl premis sa ela reflexologia, a adn1issào ela
extinçãc). É evidente qt1e, neste caso, é i111possível transpor possil) ilidade ele explicar todo o co1nporta111ento do l101nem
sem recorrer ,l fenôn1enos st1bjeti,1os, ou seja, ·a psicologia
1. Ukhto1nski. ,\leksiéi ,\Jeksiéievitch ( 1875-1942). Fisiólogo soviético. sen1 psiqt1e, representa a ot1tra face cio dt1alis1110 c.1�1 psicolo­
Elaborou •·1 dou1nna
· cJo ·
uon1ma
.1 nte con10 sisten1a funcional especial (conste-· ! gia st1l)jetiva, con1 st1a lentativa ele estud�1r un1a psiqt1e pura,
_
laçao de proces-so·s 110s· cen
.
. de organização e regu
co
r· ·
, 1ros nen•os<>s), que constitui o n1ecanísn10 1s101og
· 1·- ( al)strata. Enc1u,111to ten1os ,tli a psique se1n <:01nportan1ento,
lação do comporta1nen10. (N.R.R.) J

aqt1i te1nos o comporta111ento sen1 psic1t1e e, tanto lá qua11to
PSI CO L OG IA
60 TEORI A E MÉTODO EM PROBLEMAS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DA PSICOLOGIA 61

ue" e ··com port an 1ento" são interpretac los como


: a .. p q
C,l, si O
, . A investigação das reações don1inantes nos anirnais e a
no s clisti ntos . E pr ec 1sa rnente d ev1. d o a esse dua-
dois fenôn,e l ela integração elos reflexos de,nonstraram de for111a convin­
qu e ne nh tim ps icó l ? g�. _n1esn10 qt 1e se tr�te_ cio espiri­
lisn10 ce,1te qt1e o traball10 ele cada órg;1o, set1 reflexo, não é algo
lista ou i(Jealis ta rna is 1nc1s1\'0, nega o 1nater1al1s1no fisio­ estático, mas son1e11te uma função do estado geral do orga­
tua
ao c�ntrário , a qualqt1er idea li snio
lógico ela reflexologia; nisrno. O siste,na nerv o so funciona con10 tim conjunto -
, ente.
sen,pre O pressupõe, i11clef��t1, �lm _ . ,noclelo de Cl1. Sl1errington -, que deve sen'ir de base para a
;. Ao elirninar a consc1enc1a da ps1colog1a entramos de doL1trina do co,nporta,nento.
111aneira firme e definitiva no círculo elo IJiologica,nente ab­ Cor11 efeito, a palavra "reflexo", no sentido em que é uti­
surdo. o próprio Békl1terev n os previne c o ntra o gra nele lizada em nosso país, lembra muito a l1istória de Kannirversl1-
erro que é consiclerar os "processo s sul)jetiv os c on10 t o tal­ tan, o no1ne que u,n pol1re estrangeiro na Holancla escuta\'ª
rnente supérfl t1os ot1 secund:írios na natureza (epifenôme­ en1 resposta a suas pergL1ntas: "Qt1en1 estão enterrando? De
nos). já que sal)en1os que nesta tud o que é secundário se qt1em é esta casa? Qt1em passot1 no carro?" etc. Pensava inge­
atrofia e se destrói, ao passe) que nossa própria experiência nt1amente o pot)re estrangeiro qt1e naquele país tuclo era
nos diz que os fenôn1enos sul)jetiv o s alcanç,1111 seu 111aior realizado por Kannitvershtan, c1uando, na verdade, essa pala­
1
desenvolvin1ent() nos processos 1nais complexos ela ativida­ vra significava que os holandeses com quen1 tropeça\'ª não
de correlativa"' (il)ícle,11, p. 78). compreendiam suas pergL1ntas. O reflexo da n1era ot1 o de
Por conseguinte, l1á de se con\'ir qt1e, ot1 é realn1ente liberdaele parecem apenas exemplos análo gos de inco1n­
assin1, e neste caso é in1possí\r el estudar o comp orta111ento preensà o dos fenômenos que se investigan1!. Parece evidente
do hon1en1 e as con1plexas for111as de sua ati\ridade, inde­ t que nã o se trata nesse caso de tim reflexo no sentido normal,
con10 pode sê-lo o reflexo sali\'ar, mas de u,n n1ecanisn10 de
pendentemente de sua psiq t1e, ou enrü o nã o é assi111, e
compo rtan1ento estrt1turalmente distinto. S o,nente reclt1zindo
neste caso a psique é L1111 epifenô111eno, t1111 fenô111eno
tudo a t1n1 cleno111inador c omt1111 poderemos clizer: isto é un1
secundário, já que se explica se1'11 ela, c on1 o que clepara111os
reflexo, co,110: isto é Kannit\'ersl1tan. J\,fas, nesse caso, a pró­
com um abst1rdo psicológico. N�1o existe L1111a terceira possi­
pria palavra ··reflexo·· percle set1 senticlo.
bilidade.
O qt1e é a sensação? É un1 reflexo. O qt1e s�1o ,t lingt1a­
6. Assim formulada a qt1estào, fecl1a-se para sempre o ge1n, os gestos, a mí111ica? Tan1bé111 reflexos. E os instintos, os
acesso à i11vestigaçào dos prol)len1as n1ais transcenclentais, lapsos. as emoções? Süo taml)é111 reflexos. Toclos os fenôn1e­
como a estrutura de nosso c on1portamento, ele seL1s con1po ­ nos qt1e a esc ola de \Xlt1rtzl)L1rgo encontrot1 nos processos
nentes e de suas formas. Esta111os c onden.-1dos para sempre a 111entais st1periores, a análise dos sonhos proposta por Freucl,
manter a falsa concepção de qLre o c o111porta111ento é t11na ta1nlJén1 são reflexc>s. Eviclente1nente, isto está correto, 111as a
sorna ele ret1exos. esteriliclacle científica ele constatações tão si1nplistas é, de
O reflexo é um conceito abstrato: 111etod ologican1ente todo ponto ele vista, eviclente. Co111 esse 1nétodo ele an:ílise, a
tein grande valor mas nã o po
de se c onv ert er n o con ce ito
principal <la psicologia C<J1no ciê
ncia do c o1nportarnento ci o 2. Os conceitos de reflexo de rneia e reflexo de liberdade foran1 intro­
home,i,, porc1t1e esse co1111)orta1 duzidos por 1. J>. P{1\'lov; no en1:1n10, nJo se cnc�1ixavan1 no t'!-qucn1a de1er­
nento não co 11sl ittt i de fornia
algurna u111 S3C<) de cour n1inista fundan1cntal da forn1ut11;�1<> do retlcxo condicionado. \'igotski se n1an­
o cl1eio de reflexos ner11 sett cére ­ ifes1;1va cnn1r:1rin ;1 univcrs;lliza(J<l desse c:-4ue111:1. considerando que con1
bro é tlln hotel para 1
1
os rellexos c ondicionaclo s qtte casti,il­ is s<> se perdia seu \'alor p<>:-iiivo. que só pode ::.e: conservar se s1.• linüta o
n1ente se alojam ne .
le esquc:111:1 n1encion:ido a dl'1em1inado círculo de fc:nõn1enos. (N.R.R.)
PROBLEMAS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DA PSICOLOGIA 63
62 TEORIA E MÉTODO EM PSICOLOGIA

ciência não apenas deixa de lançar a luz e claridacle sobre os foram e.stt1dadas uma C>tt duas classes de reflexos - o salivar
problcn1as ·a estudar que permita distingttir e deli111itar oL1je­ 1 e o defensivo-n1otor -, e so,nente reflexos condicionados de
tos, forn1as, fenômenos, ,nas, ao contrário, ol)riga a ver tudo pri1neira e segunda ordem e nu,na linl1a l1iologican1ente não
em unia penL1n1l)ra en1 que tudo .se mistt1ra e onde esn1aece vantajosa para o animal (por qt1e l1averào de secretar saliva
qualquer lin1ite definiclo entre os olJjetos. Isto é um reflexo e em resposta a sinais mt1ito distantes, a excitantes conclicio­
isto não é, mas c1ue111 distingt1e ur11 do ot1Lro? naclos de ordem superior?). Por isso seremos caL1telosos ao
O que é preciso estudar não são os reflexos, ,nas O con,­ trasladar diretamente as leis reflexológicas para a psicologia.
portamento: seu n1ecanisn10, comJ)Osição, estrutura. Qt1ando Co1no afirma com razão V. 1\. \1ágner i (1923), os reflexos
faze,nos experiências co1n anin1ais OLI pessoas crendo inva­ constituem os alicerces, mas partindo apenas deles ainda não
ria\'eln1ente que esra111os investigando t11na reaç{io oti um se pode dizer nada sobre o que se vai construir en1 cima.
reflexo, o qt1e se1111)re investigamos, na \'erdade, é o coin­ Cremos que, considerando todos esses raciocínios, de­
portamento. O que ocorre é qt1e estamos J)reviamente orga­ vemos deixar de considerar o comportamento do l10111em
nizando, de n1aneira preestalJelecida e JJadronizada, o co111- como um mecanismo que conseguimos desvendar totalmen­
porran1ento cio st1jeito para co11seguir qt1e prevaleça a re�tçào te graças à cl,ave do reflexo condicionado. Sem t1n1a l1ipóte­
ou o reflexo: de outro 111odo, 11ão o consegt1iríamos. ! se ele trabalho prévia sobre a natureza psicológica da cons­
Nos experimentos de 1. P. J> ã,,lov, será c1ue o cachorro ciência é impossível re,,isar criticamente todo o capital cien­
reage com o reflexo salivar e não con1 as numerosas e n1ais tífico nesse campo, selecioná-lo e peneirá-lo, transcrevê-lo
diversas reações motoras, internas e externas, se111 que estas para t1m novo idion1a, elaborar novos conceitos e criar ur11�1
influam no processo reflexo c1ue est . a111os olJservanclo? E nova área de prohlen1as.
, - , 1 t\ psicologia científica não deve ignorar os fatos da co11s­
sera que nao e o n1esn10 excitante condicionado utiJizado
en1 tais experin1entos que pro,,oca essas outras reações (a ciência, n1as materializá-los, transcre,,ê-los para u,11 idion1a
orie11taçâo das orell1as, dos oll1os etc.)? Por qt1e o fecl1an1en­ objetivo que existe na realiclade e des111�1scarar e enterrar
to da conexão condicionada se prodt1z e11tre o reflexo sali­ para sempre as ficções, fantas1nagorias e sin1ilares. Sem isso
var e a can1painl1a e não de ot1tra n1a11eira? Ot1, clito de ot1tra é ir11possível qt1alc1uer traball10 de ensi110, de crítica e (le in­
forma, por que não é a carne qt1e com eça a prov ocar os vestigaç,'io.
movin1entos de orientação das ore ll1as ? J>or acaso a única Não é difícil con1preender qt1e não há necessid,1de de
r�açào manifesta do sujeito é apertar o botão ela ca1npainl1a considerar a consciência nem biológica, 11em fisiológica,
dian� e de um sinal? Não são ta1nbém par tes ess enc iais da nen1 psicologican,ente con10. uma segunda categoria de fenô-
,
reacao . ., ento geral
o re1 axam do corpo ou o fato de apoiar-se menos. E necess{trio encontrar para ela, con10 para todas as
no espaldar da cadeira, ele desviar a cabeça suspira etc? outras rea\·ões do org:1nis1110, u1na interpretação e um lugar
_ , r
Que isto vall1a para demonstrar o caráter con1plicado de adeqt1ados. Esta é ,1 pri111eira exigência ele nossa l1ipótese de
. traball10. A segt1nda seria que a hipótese cleverá explicar sem
qualquer reação, sua dependência
do n1ecanis1no ele com­
p >rtamento a que está inco a n1enor fissura aqueles problen1as fundarnentais relaciona-
� rporada, a itn po ss ib ili d ad e de
estudar um'-1 re'lç ' .ão de f·or,na a I Jstrata. 1·ampot1co cleve111os
,sq .uecer, an 3. \'ágner, Vladín1ir AJeksándrovilch ( 1889- J 93·i ). Fundador <la psicolo­
tes de ampliar e exaltar noss
� as co11clt1sões so ­ gia anin,al na Rússia. Partindo da doutrina clarwinist:i, investigou, baseando-se
Jre <>.s experimentos, eJ,'
ass-·1cos co,n reflexos condicionaclos, no 1né1odo objetivo, os instintos nos ani1nais. De1nonstrou que a regulação
, .
que a 1nvest1gaçào se. . tra
. , �
en con apenas en 1 set1s prin16rdios e psíquica do co1np<)rta1ncnto se 111anifesta c1n sua singularidade ao ser cstuc.la­
que C(>br1u urna área
· d,a mt1.1to l1n1
,a1n . .
1tada, que so1nente
da ele fo1111a histórico-Cl>lllp;1rativa. (N.R.lt)
PSICO LOGI A
64 TEORIA E MÉTODO EM
PROBLEMAS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DA PSICOLOGIA 65
ia: o pro lJle 1na da con ser vação
da ener-
dos com a consciênc . ' . serve apenas da experiência l 1erdada fisican1ente. Toda
o, natur z p s1 0 l og'. ca do c n 11 ci111 nt
.
g ía a intr ospecç � �1 � � � � : � ? 11ossa ,,icla. o traball 1 0, o co111porta1nento l)aseia111-se na L1tili­
cIe out r..1:>. conscienc1as. o carater consciente das tres princi- zaç:ão 111L1ito a1npla da experiência das gerações anteriores,
s din ien sões da psi col ogi a e � 1pí ric a (pensan1ento, se11sa-
pai . ou seja, ele t1111a experiê11ci�t que não se transmite ele pais
ções e ,,ontade ), o �once_ito do 1nc�nsc1ente, da evolução da para fill1os através do nasci,nento. Con\1e11cionarer11os cl1a­
consciência, de su a 1dent1dacle e unidade. n1á-la ele experiência l1istórica.
Neste IJre,,e e rápido esl)oço expuse1nos apen,1s algu­ J tinto clisso deve se situar a experiência soei a 1, a ele
ni as idéias J)ré,rias, as mais gerais e fundamentais, cuja con­ ot1tr,1s pessoas, que constitt1i un1 in1portante co111ponente cio
tluência, acredican 1os, dará lugar ao surgin1ento da l1ipótese co1nportan1ento cio l1on1en1. Disponl10 não apenas elas cone­
de tralJalho da consciência no con1portan1ento psicológic o. xões qt1e se fecl1ara1n em n1inl1a experiê11cia partict1lar entre
os reflexos cc>nclicio11aclos e elen,entos isolados dl1 ,neio, 111as
tamlJé111 das nt1111erosas conexões qt1e foran, estalJeleciclas na
2 experiência ele 0L1tras pessoas. Se co11l1eço o Saara e rvrarte,
aJ)esar ele nt1nca ter saíclo ele 111eu país e ele nt1nca ter ol11aclo
1·e,1te111os agc)r�1 e11ÍOL;1r <.1 1)rol1lc111a pelo laclo de fora, por t1111 telescé1pio, isso se eleve e,,iclenten1e11te ao fato ele que
isto 2, sen1 1)arlir ck1 psicologia. essa experiê11cia se origi11a na de ot1tras pessoas e1t1e fora111
E,n st1as forn1as 11ri11cipais, toclo o LC)111port:1111e11to cio ,
ao Saar�t e eJll1 ara111 pelo telescópio. E igt1al111ente e,·icle11te
a11i111al C<)n111õe-se Lle c.Jc)is grtt p<lS ele reações: os rt·flexos qt1e os ani111ais n�1o posst1en1 essa experiê11cia. l)esign:.i-la­
inalc)s cJu núcJ-cu11clici<.111a<los e os ac.lc1t1iridos OLt conclicio11a­ e111os co,110 co1111)(_)ner1te social ele nosso co111port:1111e11tc).
<l t1s. :\lén1 disse). ()S rt·!lexcls i11atl)S L'<)1 1 stitt1e 1 11 algo ..... assi111 Por fi111. algo cc)n1pleta111e11te 110,·o no con1p<Jrta111er1to
C<)lllC> o t'Xl.r.1to \)ic.1l{)gic<) cl:1 ex1Jeriê11ci: 1 l1c:rc-tlitjria coleti,·a elo l10111e111 0 (1t•e st1:1 :1claptaç:1c) e o co111port:1111ento rel:1 ciL)­
c.h� tt1cl:1 :1 l�f-p�cie e <.)S atlquiriLlt1s sL1rge11 1 sc)lJre a lJas e cless:1 natlo co111 t.>ss:1 ad:tpt:1ç:1o :itlqt1irc.'111 for111:ts 110\·:is e111 rela­
l1er:tn\·:1 l1t>rt.>clit:iri: 1 atr:i,·t:':-. dt1 ft.·cl1:t11 1e11to de 11CJ\·as co11c-­ çlo :1 elos :111i111:1is. Estes :1cl:1pt:1n1-se p:1 ssi,·a111e11te ao 111eio:
xões. c..1l)tic.l:ts n:1 experi2ncia �Jartict1l:1r d<) i11di,·idt10. Desse o l1on1e111 :1d:1pta :1ti\·:1111ente o n1eic1 :1 si n1es1110. É \"cíd:1de
n10Jc). t()Clo co111portar11ento ar1i11 1:tl J)<)tle ser consiLlerado que. t:1 1 nl"'�111 e11tre os :1ni111:1is. e11co11tr:1n1os fon11:1.s inici:iis
con\·encion:1l111entl.' ('()n10 :.1 �xpcriê'11cia l1eredit:1 ri:1 11 1:1is :1 de :1d:1pt:1\-:lo :iti,·a n:1 :1ri,·ic.i:1de instinti\·3. \.:1 C\)nstruç:lo de
:idquirid:1. n1ultiplic:1d:1 pela p:1rticul:1r. .-\. orige111 d:1 expe­ ninhos. de toc:is etc.). t11:1s. et11 prin1 eiro lt1g-�1í. no reino J.i1i­
riênciJ i1eredit:í ri3 foi escl:irecida por D:in,·in: l) n1ec�nisn10 n 1:1l t:>ss:1s fom1:1s n:lo tên1 t1 n1 \·:1lor pr('do111i.n:111te e fund�-
. . -
d:i. multipliL.":lÇJ.O dess1 experi�nci:1 pela pesso:il é o 111ecJ.­ n1ent:1.l e en1 seg11 11do lug:ir. seus 111ec:1n1sn10.s ae cxe-cuç-.10
.
..... �

nismo do rer1exo condicion:1do. cst�1belecido por 1. P. Pá\·lo,·. contint13n1 senclo essenci:1l1nente p:1ssi\·os.
�ledi:inte essa fórn1ula coloc:1-se. en1 gef31. un1 ponro final . ..\.:1r:1nl1:t qt1e tece 3. tei:1 e :1 :1belh:1 qt1e constrói a s col­
no co111pon:1mento do anin1:1l. m�i:is con1 cer.1 o farão por forç:1 do instinto. co1110 r11:íqt1i­
�lt1ito diferente é o que ocorre con1 o l1on1en1 .•-\qui: nas, de t1n1 r11odo u11ifor111e e sen1 111:1nifest�1r nisso t1111:1 :iti­
par:i al):irc-.i.r de 111aneir:1 completa :1 totalidade do co1nporca­ ,·idade 111aior elo q11e n�1s ot1t�ts re:ições ad:iptati,·as. Ot1tr.1
,ner�to é necessário i11troduzir no\"OS co111ponences 11:1 fórn1ti­ coisa é o cecel�1<) ou o arqt1iteto. Cor11 0 ciiz �·l:trx. eles cons­
la. E � reci::-o, :intes de 11 1ais 11 ada, �1ssinal:tr o car:.íter excr:1or­ tr11íra111 pre\'Ía111e11te st1a ol1ra na c:1beç:1; o resultado ol1ticlo
_ no processo de tral)all10 existia icleal111e11te a11tes do co111eço
�i inari:1n1e11re a1111)IC) da experié 11cia l 1 erd:1cl:1 pelo l1on1e111 se
lor COtllJ)arac.la con1 a experiência ani111�tl. O l10111 e1n 11;10 se desse tral) all1 0 (,,icle K. �,tarx, F. Engels, Obr(lS, t. 23, J1. 189).
ICOL OGIA
66 TEORIA E MÉTODO E M PS PROBLEMAS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DA PSICOLOGIA 67

Essa exr)licaç,1c> de 1vlarx! co1111)leta11 1e11te i11elisct1tí,,e1, ,iacla 11;1c> s;lc) st·111 pre igt1ais: e111 t1111 case> eliz-se citie O rl'flexo ele
111 ais sig,1ifica elo qtre a ol)rigat()ria clut)licaç·ào ela eXJ)eriên ­ ali111entaç_::1c1 se refe)rç·a jt1ntc> co,1 1 o ele alerta; en1 ouLro da
ci:i 110 tr:1l)all10 l1t111 1ano. No 1110,,i,11e11t<J elas 111�1os e ,ias 11 1<)­ vil(>ria ele) J)rin1eiro sol>re <) úhirno. 1\111l)os os reflexos cc>r�sLi­
clificações cio 11 1aterial, o tralJall1 0 repete o qt1e antes Jia,,ia lt1e111 , 11:.1 verclaele, algo a.ssi,11 con10 os dois pratc>s ela l)aJ�111_
sido realizado na n1e11 re ele) tral)al11aclor, co,11 n1 odelos senie­ ça, c.liz l> ávlo,, a esse resr)eitc), sen1 fechar os oll1 os anre a .sin­
lhantes :.1 esses n1esr11 os 1110,,in1entos e a esse 111esn10 mate­ gtrlar co111plexidacJe cio processo de dese11volvin1e11to dos
rial. Essa experiência clt1plicacla, que pern1ite a o l1 o111eni reflexos. "Se levar1nos em conra - diz - que o n1encionado
desenvolver forn1as de aclaJ)taçào ativa, o animal não a pos­ reflexo a uma excitação externa n�1o só é limit:ido e regt1lado
st1i. Der1on1inare111os convencio11aln1ente essa nova fornia pc>r ot1tro ato reflexo simultâneo externo, mas tan1l)én1 pc>r
de con1portarnento de experiência dt1plicada. toda uma massa de reflexos internos, assi,n con10 pela ação
Agora o termo no,,o em nossa fórmt1la ele con1porta­ de toelos os possíveis excitantes internos (químicos, térmicos
n1ento do J1 c)1nem adotará a segt1inte forma: experiência liis­ etc., e isso tanto no ní,1el dos diferentes setores do siste111a
tórica. experiência social, experiência dt1plicada. nervoso central como diretamente solJre os próprios elemen­
Continua de pé a qt1estào: con1 que signos, relaciona­ tos tissulares de trabalho), podemos ter uma idéia da autênti­
,
dos entre si e, ao mesn10 tempo, com a parte anterior, po­ ca con1plexidade dos fenômenos refletores de resposta· (ibi­
de111, p. 190).
dem estar relacionados esses no,,os con1ponentes da fórn1u­
la? O signo de multiplicação ela experiência l1ereditária pela O princípio fundamental de coordenação dos reflexos,
como se explica nas in,;esrigações de Cl1 . Sl,errington, con­
partict1lar é claro para 11ós: significa o n1ecanis1no do reflexo
siste na lt1ta que se estabelece entre distintos grupos de
condicionado.
receptores por un, can1po motor comun1. �,,isto que os net1-
r\s próximas partes deste artigo estão dedicadas à busca
rônios aferentes do sistema ner, oso são e111 n(1111ero 111uito
1

dos signos que faltan1 .


1naior que os eferentes, cada neurônio 111oror não se acl1:.1
e111 co11ex�10 retletora co111 u111 só receptor. r11as co111 n1uitos,
pro,,�1,,el111ente cor1 1 toelos. No org:.1nis1110 ocorre unia lt1ca
3 contínua e11tre diferentes receptores !)elo can1po 111<.ltor
co111t1111 , pelo elo111inio ele t1n1 órg�1o ele tr.1ball10. O rest1ltaclo
No ponto anrerior tocan1 os nas \'errentes biológica e cles.sa lt1ta cle1)e11(le de cat1sas 111uito con1plexas e 11u111ero­
soci:il do J)rol)le111a. Ocupe1110-nos agora, ele for111a igt1al- s�1s. f)arece claro. p<)rta11t<), que ('ada reaçJo. c.·aeia ret1exo
111ente resun1i<la. da ,,ertente fisiológic�1. ,,irori<..).SO, se procluz após u111a luta. elepois de u111 conflito.
. ..\té n1es1110 os experin1entos r11 ais si111 ples cor11 reflexos 110 'po11ro ele C<)lisào'." lCl1. Sl1erri11gton. 1912)
isolados <leparan1 con1 o prolJler11a da coo rde r1açào desses
O co1111Jc>rta111ento é. pois. t1111 sisce111a de reaç-c')es trit111-
reflexos ot1 sua transforn1açüo en1 co11 1po rta n1e 11to. \'i111os, far1tes.
antes·' qu<:" quL,·J e1uer experiment
· o de J)�í,,Jo,, presst1p<.. 1e u11 1
� 1 E,11 co11cliçàes nor111ais, tiiz Sl1erri11gtl111. se se eleixa111
coo P<>rtamenco pre,,ia111enre organizado cio c�1c l1o rro, de ele laclo o s 11rol1le11 1as ela consciê11cia. o co1111)ort�1n1e11to cl<)
forrtt;_i que 0<) cl1 oc1t1e de
reflexos se fecl1e a única co11exào a11i111al é co11stituído 11or trar1siç<:"les st1cessi,·as <.lo ca111po
necessária. Pávlov se viu ol) forr1 ar ot1tr os 111otor fi11al para t1111 grt1po ele reflexos C>L1 J):tra outro. E111
· º
reflexc)s n1ais co 1 I exos
P
ri<,ado
b (1950) a 1
110 cacl1orro ' e n1ais ele t111 1a ve z outras J)ala,,ras, o co1111)ortan1 e11to é t1r11a lt1ta qt1e não se
C<>n1c:nta ci ue no proce sso de stJr<1 e1n e J 1o- i11terro111pe ne11 1 por t1r11 111i11t1to. Te111os base suficiente para
. entre d ·. fl •. ex1)erin1 enta,·,10
� 0
Cjues .
ois re exos d1fere11tes. Alén1 disso, os resultados.
·""'-"---- -

E M É T O D O EM P SICOLOGIA PROBLEMAS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DA PSICOLOGIA 69


68 TEORIA

,, uni ;.1 das fun ç· õ cs n1a is in111(1rtantes do cérebro JJaraç:1<> co111 as c1uc n1orrcr:1111 <:sn1:1gacl:is . Isto rcfl t.'. 1.e
supor qu....
· ·r J)r• 'l·,·s·1n1entc.: em estal)elecer a coordenaçJo entre 111ell1c>r o car[1ter cataslr<:>Íico ela ILlla do J)rocess<J tlin{1111 ico e
C(JnSI.S e '- - .
c uc.: pr ov t':n1 de po nt os <li sta nt es , c.le n1odo c1ue O cliall·ticc> c11tre o n1L111cl<> e <> l1<>n1en1 l'. no interic,r deste, c�u<.:
reflexos i
· 1. ·m·•i nc··rvo
SJ:-,C -· s<Jé inteora r, <lo, na verdade, pela totalicl:i<le do se (lén<)n1i11a cc>r111)()rla1nen10.
inc.livíclu<>. l)L1as 11rc111iss:1s, 11cccss:'irias para fc>rn1lilar cc)m precis:10
o niecanis,no coc)r<l<:nJclor <lo can1po mc>tor geral serve o f)f<)l)len1a d:t C<>nsciência c<>n10 ,necani:.m<J elo cr>n1p<>r1�1-
de l)J:-,l', na opini:1<> de.: Sl1crrington, p:1r�1 o in1porl:Jnte pro­ 111e neo, tieJ) rcc 11 tlt:111-se <lestas cc1nsi<leraÇ<)CS:
cesse) p:,íc1 uic<J da atenç:1o, e graças ;.i este últi111<) princíJ)io 1. l'arcce c1uc: o n1L1nc.Jo se verte nc> c,rifício IJrgo c.l<)
vai s<.: gt:ranc.1<> cn1 c.ic.l:.1 111<)n1ent<J ::.t unidade de aç:i<>. o <jlle, t\111il através ele 111ill1arcs ele <.:xcitanlcs, incli11açc)es, cc>nvi­
J)Or :-,UJ vez, :-,cr,·c de l)J:-,e para <1 c<Jnceilc.J de pcrs<Jnali<la­ tes; dentre> cio ÍL1nil 1ên1 IL1gar l1111a luta e um enfrL:nran1e11to
clc, <li: n1<)llrJ qu<: a Í<>rrn;J<.;.':ic> du siste1na c.Je pL:r.sr>na I ic.lacle inin1errl1pcos; todas :1 s l'.XCitações sae,11 ern nú,nercJ 1nl1itcJ
:.ic:il1a, assi111. :.end<> tarefa c.Jc, siste111;.i ncf\'<)S<), SL'gl1nc.Jo afir­ reclL1zic.lc> J)elo orifíci<> estreito, sol) a f<Jr1na de reaç<>es <lc
n1a Sherring1or1. O rc:.::fl<:xc.> é a reaç:ic, i11tegral e.lo orga11is1110. rcSJ)C>Sla cio orga11isn10. O con1pc)rtar11entr> c1ue se realizou é
Por issc>. e111 cada n1t1sculo, cn1 cada órgüo <le lrJl)all10, é l1n1a parte insignificante <los con1portan1entos 11ossív<.:is.
preciso ver "u111 c.:111:que :1c) J)<)rta<lc,r, ql1e c1ualquer grupo c.le Cada 111inlrlo do l10111en1 está cl1eio de possil)ili<la<les não
rcce111ores p<.>c.lt: 11r>sst1ir'' (ilJitle,11. 1). 2 3) . realizadas. Essas possil)iliclades n�1o realizadas de nosso co111-
Sherringt<Jn eXJ)lic;1 <lL' n1:111eir:1 111ag11ífic:1 SlJa conce1)­ porta111ento, essa diferença entre os orifícios largos e estrei­
ç:1o geré.11 .'><>l>rL' <> sis1c111a ncrv<>S<) c<1111 a st:gui11te co111para­ tos cio fl111il s�1c1 u111a realiclade inacessí,,el, e.la n1esn1a for1na
ç:1o: "<> siste111a <le ri.:<'l'.11l<)rL's 111:1n1én1 a n1es111a relac:1o co1n c1L1e a reaç;1o vitoriosa, J)orqL1e <)S três 111011,entos e.la reaç�1c>
o <las ,·ias éÍl'rt:nles c1ue <J <>rifíci<) :-.tlJ)crior l:irgo de Llm funil ql1e ll1es cc1rrespc>n<.le111 est,1o J)resentes.
C<>111 o CIL' saícla. J\las c�1cl:1 rcce1)t()r n1a1110111 rel:.tç:1o 11:10 ape­ Ql1an<l<) a estrlltl1ra de1 ca111po c<>111L1111 fi11al é LIITl J)OLICO
nas cc.)111 un1�1 vi:i efcrt:r11e, n1:1s C<)lll 111uit:1s, talvez C<)ITI to­ co111plicac.la <.: C>s reflexc>s süo co11111lexos, o c<1n11J<)rta111entc>
das: 11atural111ente, a C<>11sis1ê11ci:1 clessa cc)ne.x;io pode ser não realizad<) J)<>c.le adotar as 111:iis c.Jiversas for111as. ·'Nc>s
diferente. I > c)r isso, cunti11L1:1ndo 11c>s.s:1 co111par:.1ç�1o com o retlexos co1111)lexos, <)s arcos co111plexos se uner11 ús vezes ::.t
fu11il, é preciso <lizer que cacl:1 sisce,11:1 11er,·oso é llm fu11il L 1 n1a parte cio campo geral e lL1tan1 l1r1s contra os r)t1trc,s en1
que te111 u,11 <le seus orifícios cinco ,,ezes 111ais largo qL1e o relação a outra de suas partes" (CJ1. Sl1erringtc>n, 1912, p. 26).
outro; dentro dele estJo os receptc>res, que tan1l)é1n são funis Por consegL1inte, a reaçà<J pode ficar realizada pela 111etade
cuj<> orifício largo esc:í ,·oleado par:.1 :. 1 extremidade ele saída ou realizar-se em algurna, sen1pre in<leter111 ina<la, <lc: suas
do fu11il geral e o col)rL' por con1pleto'' (ibi{le ,11, p. 56). partes.
1. I'. 1':ívl<)v < 1950) con1para c>s gra11<les l1emisférios ce­ 2. GraçJs ao co111plexíssimo ec1L1ilílJrio <tUL' se estal)<.:le­
rcl)rais co1n ur11a central telefônica, onde se produz o fecha­ ce no siste111a nervoso através dessa com pi ica da I u ta <le
n,ento de novas conexões ten1porárias entre os elementos reflexos, é f rec1(ienle qL1e baste uma força insignificante <lc>
do nieio e as rea\·c)es co11cretas. �' novo excitante para resolver C> resultac.lc> da luta, e, pc>rtanto,
las nosso sistema nervoso
len,l)ra, n1uito n1:.1is do qL1e u111a no con1pl icado sistem a de forças e111 <.:()lisào, uma novJ
central telefônica, as estrei-
tas porLas d.... ,.. u111 gr,,,,n<le e d 1'f'1c10, . - . . força insignificante pode detern1inar o resultado e o sentido
en1 d.1reçao as quais se
lan�' '
"·1 a 111ult1dao - nun1 111on1ento de pânico; pelas portas pas- do resl1ltante. Em uma grancle guerra, a incorporação de un1
san1 apené.ls· algL1111·as·
pol1cas pessoas· as qL1e consegu1rar11 peqL1eno Estado a unia das partes pode decidir a vitória ou a
atravess·í-las ·' · e0111 su . cess.o sa- o u111 nú111ero reduzido em con1- derrota. Seria, pois, fácil sL1por co1nc> reações J)Or si 1nesmas

70 TEORIA E MÉTODO EM PSICOLOGIA


PROBLEMAS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DA PSICOLOGlA 71
_. ·,··-,.,n
.1n�1gn1 1c.. res, inclt1sive pot1co r 1otá,·eis, pocle111 acal)ar sen-
sali,•a (reflexo), mas a própria saliva é t1n1 n<)\º O excitante
(lo decisi,·Js en1 funç:io da conjt1ntt1ra 110 '"J)Onto llc colis;1 0 ··
para (> reflcxc> da eleglt1tiç,1o ot1 da expuls:1o da n1es111:1. En1
e111 que inteí\·ên1.
t11na assc,ciaçào livre, para a pal:1,·r3 excitante -rosa" pro­
nt1r1cicJ ""narciscJ". Trata-se de un1 retlexo, que, por sua vez, é
4 t11n excitante para a palavra segt1inte: ··ateli - . lsso se procluz
dentre> de u1n mcsm<> sistema ou de sistemas próxi 111os que
A lei mais ele111entar e 1nais in1portante, a lei geral ele colal)oram. O ui\'C> do lobo produz en1 111in1. como excit:.inte,
conex5o dos reflexos, pode ser for111ulada assi111: os retlexos os reflcxc:,s som:íticos e mímicos de ten1or; a n1t1dança de
se enlaçan1 entre si segt1n<lo as leis dos reflexos condiciona­ rcspiraçà(J, as b:itidas de> coraç�1o, o tren1or, a secura ria gar­
,
gant:.i ( reflexos) ,ne fazem dizer ou pe11sar: -·renl10 n1edo. ·
dos; ou seja, a pJrte ele resposta ele u111 reflexo (n1otora,
Encontramos :.iqui a tran�missàc> de uns sisten1as a OL1tros.
secretorJ) pode se con,,erter, e1n condições a<leqt1aelas, e111
fJ :.irece, portanto. que de,·en1os co 111preender, antes de
un1 excitJnte conelicionado (ou inibidor) de ot1tro reflexo ao
n1ais na(la, a· própria consciência ou a conscientizaç:."io por
se conectar co111 a extre111idade sensorial deste últi1110. É pos­
nossa parte dos atos e estados próprios co1110 t1n1 sisten1:.1 de
sí,,el que toda unia série de conexões sen1ell1antes sejan1
111ecanis1nos transmissores de tins reflexos para outros. qt1e
hereditárias e pertençan1 a ret1exos não condicionados. O res­
fi.1nciona perfeitamente en1 todo n1on1ento conscie11te. Qt1an­
tante delas se cria durante o processo da experiência - e não
to n1ais acertadamente cada retlexo interno na qt 1ali(lade
se estabelece de for111a n1en<>S per111ane11te no organisn10. excitante pr<)vocar toda uma série de reflcx<)S difere111es
J. J). llávlo,, cl1a1na esse n1ecanis1110 de reflexo e111 ca­ procedentes de ot1tros sisten1as e tr:1nsn1itir-se a eles, 111�1is
deia e o inclui na explicação do i11sti11to. E111 seus experi­ consciente ser:í SLta sensação (será senticla, se ver:í reforçada
mentos, G. P. Zelionii� (1923) descobre o n1es1110 r11ecanis­ na pala,·ra etc.).
mo ao in,,estigar os movin1entos 111t1sculares rítn1icos, qt1e D:.ir-se conta ele algo significa jt1sta111ente transformar
tan1l)ém se re,,elaram co1110 t1111 reflexo e111 cacleia. Por con­ certos retlexos en1 ot1tros. O inconsciente. o psíc1uico. i111plica
seguinte, esse r necanismo é o que 1nell1or eXJ)lica as uniões qt1e os retlexos não se transn1ite111 a OL1tros sisten1as. Sào ()OS­
inconsistentes. at1t<)n1áticas, de reflexos. Nào ol)sta11ce, se sí,1eis infinitas ,·ariedades ele graus de consciência. ou seja. de
não 11os lin1itarmos a t1n1 111e.s1110 siste111a de reflexos, mas interaçào de siste111as incorporJ<.los ao n1eca11isn10 do reflexo
considerarn1os distintos siste111as e a possibilidade de trar1s­ qt1e :1tt1:1. t\ co11sciêr1cia elas próprias se r 1sações nada n1ais
n1issào de un1 siste111a para outro, e11contrare1nos o 111ecanis- significa (lo C\tte st1a posse na qt1alicla<le de ol)jeto (excitante)
1no funda111ental que objetivan1ente caracteriza a co11sciên­ J)ara ot1cras se11sações. A consciência é a \'i\'ê11cia das vivên­
cia: a capacidade que ten1 nosso corpo de se constitt1ir e111 cias. assi111 co1110 as sin1ples se11sações sào as se11sações dos
excitante (atra,1és de seus atos) de si 111es111 0 (e <.lia11te de ol)jetos. 11 recisa111e11re. a capacidacle do reflexo (a sensação
outros novos atos) ct1nstitui a lJase <.la co11sciência. do ol)jeto) <.le ser t1n1 excitante (objeto <.la ser1saçào) co11sritt1i
Pode-se falar já da indttl)itável interação
, entre siste111as o 111ecanis1110 ele cra11s111issào <.le reflexos de un, sistema a
isolados de reflexos e da reperct1ssào de uns siste111as sol)re OLltro. É a 1)roxi111ada1ne11te isto qt1e V. tvl. Békl1tere,, cleno111i-
os outros. O cacl1orro reage ao ácido clorídrico sccreta11<.lo 11a ret1cxos stt\)orelina<.los t1t1 nüo-st1borcli11a(lc)s.
1\ J)Sicologia <.h::,•e.
l)ois, for111tilar e resol,,er C> 1)rOl)len1a
·'t. Z<.:lionii, Gucorgui l':ívlovi tch ( 1878-1951 ). P'isi6logo S<Jviético, Ji�cí pu· ela co,,sciêri cia 11a perspecti,,a ele co11siderá-la co1110 i11cer,1çào,
lo d<.: 1. I'. l':ívlov. (N.H.H.. ) reJlexào, excitação reCÍJ)roca ele <.liferentes sisten1as <.le retle-

'

72 TEORIA E MÉTODO EM PSICOLOGIA PROBLEMAS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DA PSICOLOGIA 73

s E' consciente o qL1e se transn1ite a OL1tros sisle111as na qLia­


.xo.. márias, essa "segL1nda conexão, pode enlaçar, como mostra
li(la(le ele excitante e prO\'Oca r1eles Lima resposta. A consciên- '

J

a investigaçàc>, tanto reflexos compatíveis como de tipo an­


cia é se,npre uni eco, un1 aparell10 de resposta. Três citações tagôniccJ. Dito de ot1tra forma, a reação sect1ndária pode
de cliversos autores p(>den1 nos ser,.rir !)ara a1)oiar essa tese. refcJrçar OLJ interron1per a prirnitiva. Nisto consiste o 111eca­
1. Co11,1én1 recorclar qL1e nas obras ele psicolo gia se nismo da consciência.
obsef\'Ot1 n1ais de t1n1a ,,ez qL1e a reação circL1lar é um 111eca­ 3. Por firn, J. J > . Pávlov afirn1a em Lima ele SL1as ol)ras
nísn10 que de,, olve ao organisn10 seL1 próprio reflexo co111 a c1L 1 e a reproduçãc) cios fenômenos nervosos no n1undo sLilJ­
ajuda elas correntes centrípetas qL1e sL1rge111 por esse 111olivo, jetivc> é muito singular: poder-se-ia clizer, L1n1a refração 111(11-
e que constitL1i o ft1ndamento da consciêr1cia (N. N. LangL 1 e, tipla, razàc> pela c�ual em seL1 conjunto a interpretação psico­
1914). Alén1 do n1ais, r11enciona-se co111 freqi.iência o valor lógica ela atividade nervosa é altamente convencional e apro­
biológico da reação circular: a nova excitação, en, iada pelo
1
ximacla.
reflexo, procluz Lima no,,a reação, secL1nclária, qL1e, ot1 refor­ É pouco provável que Pávlov quisesse fazer sLil)enten­
ça e repete a pri111eira, OLI a enfraqt1ece e irlibe, e111 fu11çào der aqui mais do c1ue uma simples comparação, n1as, por
do estado geral cio organisn10: ot1 seja, da ,,aJoraçào que este nossa parte, estamos dispostos a interpretar suas palavras
dá a seu próprio reflexo. Por consegL1inte, a reação circular 1
• no senticlo literal e exato e afirmar que a consciência é a
não é L1n1a simples L1niào de elois reflexos, 111as urna u11iào ''refração múltipla dos reflexos".
ern que uma reação clirige e regL1la outra. Esta 1 11os aqt1i ante
um novo aspecto no n1ecanis1110 ela co11sciência: seu papel
regL1lador em relação ao con1portan1ento.
-
)

2. Ch. Sherrington disti11gue os ca111pos exteroceptivos e


interocepti,1os con10 campos ela superfície externa e i11terna Com isco resol\'e-se o problema da psiqt1e sem perda ele
de alguns órgãos, onde se introdt1z certa parte do meio energia. A consciência se reduz. por completo, a alguns 1ne­
externo. Distinto deles, o can1po proprioceptivo é aqL 1 ele ca11isn1os transn1issores de reflexos, que agem de acordo
que através cio próprio organis1110 provoca as muda11ças que com leis gerais, de form:.i qt1e cabe aeln1itir qt1e no organis­
se produzem nos n1úsculos, tendões, articulações, ,,asos n10 não l1á OL1tros processos além das reações.
,
sangu1neos etc. Al)re-se tan1l)ém Lima possibilidade para a resolução cio
''Diferentes dos receptores dos ca1npos extero e i11tero­ proble111a ela at1coconsciência e da introspecção. A percep­
ceptivos, os do campo propriocepti,,o são excitados somen­ ç·ào i11terna e �• i11trl1specç:1o só são !)Ossí,,eis graças à exis­
te de forma secundária pe>r . inflt1ências que 1Jrovê111 do n1eio tência cio c:11111)0 proprioceptivo e elos reflexos sect1ndários
externo. Seu excita11te � co11stituído pelo estado ati,,o ele con1 ele relacio11aelc>s. É se1111)re co,110 L1111 eco elas reações.
uns ou de outros órgãos, por exe111plo, a contraç�1o 111L 1scL1- \'0e 111-se, assi111, 1)crfeita111e11te os lin1ites ela i11tr<)SJ)ec­
lar, que, por sua vez, serve de reação r)ri111úria JJara a excita­ ç:1o, er1c1t1a11ro 1)erre1)ç:1c..) ele) qt1e. segt111c.l,..) ex1)ress:-1 0 <.lt.>
l
çào cio receptor StlJ)erficial por parte ele fatores cle1 111eio J. Lockt�, Sl.' r>roclt1z 11:1 r)r()pria al111a c..lo t1on1e111. lst<) cleixa
externo. Geralt11ente, <>s retlexc>s eJLJe se prc)cl t1ze111 gr:1ças :à t'laro qt1e cs:-.a ex1)eriê11cia 0 acessível :1 t111la (1 11ic:1 pes:-t):1,
excitJÇ:J<J U<)s <)rg:1os propri<)ceptivos cc>111l)i11a 1 11-se cc>111 aqt1cla ()Lle :1 ,,i,·e. Et1 e sc)n11..�11te l:'tl pt>sso ol1st:·rv:1r e f)<.:'l'Cl'­
refl �x<Js p�ovc>cade)s !)ela excit:.iç:1o <le <>rg:àos cxteroce1)ti­ l)er 111i 11l1as rearoes scct111<.l:iri:1s. !)()rc1t1e a11e11:1s 11:1ra tl1i 1l1
vos (Ch. Sl1errington, 1912, 1). 42).

1r1et1s rellexe)s servc111 ele n()\'() excita11tc 11ar:1 t) c:11111)(> 1)1"()­
A corril)inaçüo de reflexos sccu11dários c<Jn1 rcaçc)es r>ri- priocei)ti,•o. l�X�)lica-sc t:1111l)C::·111 r�1cil111<..·1 1tl.' :1 1)ri1 1ci1)al li111i-
1
J

PROBLEMAS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DA PSICOLOGIA 75


74 TEORIA E MÉTODO EM PSICOLOGIA

ração do experi111ento : pela n1esr11a razão que no caso ,inte­ 111es1110 raciocínio e processo de de 111onstraçào. Interpre­
tanclo assirn a vida psíqt1ica, o inforn1e do sujeito subn1etido
rior. o psíqt1 ico náo se parece con1 nada que tenl1a relação J

con1 excitantes s11í ge11erís, que só se encontra111 en1 n1eu ••


a prc)va nàc) é de rnodo algum t1n1 ato de introspecção que
aparentemente introduz u,na colherada de fel no barril de
corpo. O n1ovin1ento de n1et1 l)raço, perceptível ao oll1ar,
mel da investigação ol)jetivo-científica. Não l1á introspecção
pode igualn1ente ser un1 excitante, tanto par,1 n1et1 olli ar
con10 para o al11eio, n1as a consciência desse 1110\'imento, as alguma. Não se coloca, de forma algurna, a pessoa sul)meti­
excitações propriocepti\;as que surgen1 e pro\roca111 as rea­ da a pro,,a em situaçà<> de observador e, portanto, ela não
ções secundárias, exister11 apenas para r11in1. Não tê111 nada ajuda o experimentador a ol)servar os reflexos para ele ocul­
en1 con1urn con1 a prin1eira excitaç�1o do 01110. Aqui agen1 tos. O sujeito st1bmetido a prova mantém-se até o final - e
outros cc)ndutos ner,,osos, ot1 tros 111ecanisrnos, outros exci­ en1 seu próprio informe - na qualidade de ol)jeto do experi-
tantes con1pletan1ente distintos. 1nento, 111as neste se introduzem certas mudanças . e transfor-
Os dois fatos 111antên1 t1n1a estreita relação con1 t1 111 dos n1ações atra,..·és de tim interrogatório posterior: introduz-se
un1 novo excitante (o nO\'O interrogatório), t1n1 no,:o refle­
prol)lem:1s 111ais co111plicados da n1etodolooia "=' psicolóoica , ..
con1 o ,·:.1Jor d:1 inrr<.)Specçào. ,-\ psicologia anterior conside-
b
xo, que pern1ite julgar sobre as p:irres do excíra11te prece­
r:1,·:1 esra co1110 uni a fonte essencial e n1ais i111portante do
dente qt1e ficaran1 sem explicação. Nesse caso. é con10 .se
todo o experimento passasse por ur11 duplo objetivo.
conhecimento psicológico. :\ reflexologia a rejeita por con1-
E preciso. pois. que na metodologia d:.i in\·estígaç:lo psi-
plero ou a sub111ete ao controle cios dados ol)jeti,,os con10
fonre de dados con1ple111entares (\1• �J. Békl1tere,·, 1923). cológica se faça o experin1ento •oass:ir ae. .r.1,'és das reações •

:\ inrerpreraçào do proble111a que acal)a111os de expor


secund:íri�1s da consciência. O con1port:1menro do l1or11e111 e
1

permire con1preender, e111 suas linl1as ger:iis, o , :ilor (ol)jeti­ 1


o estal)elecin1ento nele de no,'as re:içc)es condicionadas s�1o
cletern1inados não pelas re:.içóes con1plex:1s, 111:1nifestas e
·vo) que pode ter para a in,1estigaçào científica a resposta ,,er­
total111ente explícitas. 111as tarnl)�m pelas não re,·el::itias exter­
b:il de um sujeito submetido a un1a pro,,a. Os retlexos nào­
n1anifestos (a fala silenciosa), os reflexos internos inacessí­ na111e11te, qt1e n:lo poclen1 ser ,·iscas ao si111ples oll1ar. Por
. qt1e poden1 ser esrt1daclos os retlexos c<.1 111plexos de lin,;:::,..,ua-
,·eis :1 J)ercepçào direra cio obsen·ador, poden1 ser descober­
tos, n1uitas ,·ezes. indireramente ou de forr11a n1ediatizada, gen1 e n:10 poclen1 ser lc:,,·:1dos e 111 cor1sicleraç:lo os pensa-
através de reflexos acessíveis à obser,·açào, dos qt1 ais, por n1entos-retlexos, i11terro111piclos e111 sl:'t1s clois cercos. , e111b()r..1
stia vez. são excitantes. JJeJa presença ele t1n1 reflexo con1ple­ se tr:1te tio 111es111<) tipo. r�:11 e in<.1uestic)n:í,'el. ele re:iç�:1o?
ro (a pala,'rd) esral)elece111os a do excitante correspo11dente, Se pront1ncio em ,·oz alta. (le forn1a qt1 e o experi 1 11en­
q e no presente caso desernpenl1a u111 dup!c) pa[)el: pri111eiro. taclor :1 esct1te. a pala\·r.1 ··rareie-. que 111e ,·eio :l r111:·r1te l:'111
� _ t1111a as:--c..1ci:1ç':1o li,·re. essa ser:í cor1sielerada ur11a reaç·:10
de excitante ern relação ao reflexo co111pleto; en1 segu11do
lugar de refle,·o en1 -el·açao \'erbal. t1111 reflext) co11dicio11aelo. E se.> a prc..111ur1cio �iler1�it)­
·" 1 - ao excit· ante precedente.
\·1stoque a psiqu,-.., . 0 :,1:,
'..
_ . sa111ê11te. �):1 1�1 111i111. se 1)e11s<.) 11el:1. cic.>ixar:í i)<.)r isso ele ser
-·-r en1a d e refl exos nao-r11an1 1. es-
tos. desen1penl1a e :,· · ::,'"" . , 1 central e pr1111ordi:1l 110 siste111:1
••
t1111 reflex<.) e st1:1 n:ttt1rez:1 111t1 ci:irj? E (>11tle t.>:-C:í () li111ire
_ - .:. J),lpe
dt) C<)lll�10íl:Illlell[O · �t::r1.1 · , . er1lrt• :i ():11:1,·r:1 ()r<)t1t111cia"-i:1 t' :i 11jt) 1>ro11t1 11ci:1tf:1? �<-" l)S
·, ·. t1n1 su1c1<.l10 r)ar.1 a ciê11cia rer1t111-
c1.·.�ir .1. .:n,,est
·
. . ·
1<�•:1- 1 ·1 in(I1rt'ta
. 1 11e11te atr:l\'t'S ele �étl reílL'XO �111
l;tl)i<lS .:--t.' 111t)\·1:.·r:1111. St:' t.'111itc.., t1111 111t1r111(1rit1 <}llt.'. t1t) t.'11t:1r1C<).
.
<)Utros s1sren1as ele rt::Aíl1::xo:--. e..) L'X()t•ri111t·11l!l<..lt)r 11:l<) t':--C't1t:1. r, c.1t1c: :1c..·c.. ,11lt' \.'er.i? EI� !)<)ti t •
.. . . 0 1::::i�.1
. . .. n1a11e1rL1, le,,�1111<JS e111 co11-
...,1.<ler.1ç,10 os refl L·:-.:o · ::,. J)rc>...:el . . s • 111t' })L'<.lir qt11:· l'L't)it:t :1 1):11:1,·r:1 t.'111 ,·e)?. :111:1 t)tl S(' tr:11:1r�i .
j

.<><.:u
,
,

.
••- _

. • 1 e11te ele exc 1 ta11tes i11ter11os 1


1 to:-. para 11os· Des . se 11est� t':lsc>, til: t1111 111é·t<lti() st1lljeti,·c>, Stllll\.'t1lt� :itlt11issi,·(·I :-.e
' · se
, , nt<.>c1 <.>, gt11111c)S a 111cs111:1 lógica, <)
f

76 TEORIA E MÉTODO EM PSICOLOGIA PROBLEMAS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DA PSICOLOGIA n


aplicado à própria pessoa? Se pucler (e con1 isto estarão 1)e11sa 1 11e11to "rel�1,n1)ago". Não fica claro que se 11;10 le\,ar
pro,·aveln1ente quase todos de acordo), por que não pedir isto e111 co11sideraç�1o obterei, sen1 clúvic.la algu111a, urn:i idéia
ci ue <liga en1 vc)Z alta a pala,·ra pronunciada rnental111ente, fals:i, co1110 se a reaçé10 a ''lrc),1 à<.)'' fosse ··serpente'' e r1�10
isto é, .sem mc)ver os lál)ios nem en1itir un1 n1urn1úrio? "re 1:1 n1 J)ago "?
J>orc1 ue scn1pr<: foi. e C<)ntinua sendo, L1n1a rea\·:10 motora fica sL1l)ente11di(lo qt1e, nesre c:1 so, 11,10 se trata de si111-
Jc lingu:.1gen1, un1 reflL:X<) C(>nclicionaelo. sem o qual 11ào ples111er1te trasladar �1 intrOSJ)ecçào eXJ)erii11ental e.la l)SÍC()lo­
existe e, p<.:nsan1t.:nlo. E isto j:í 0 uni interrogatório, unia gia 1raclicio11al par:1 a no\ra. ·rratar-se-:í, antes. ela t1rge11le r1e­
111:1nif<..:staç:i() ele> sujl.'ito sul,n1etido a prov:.i, st1a resposta 1 ccssiela(le ele elal,<)rar t1111a 110,,a 111cloclologia para i11,,estigar
vcrl)al às reaçC,cs c1ue, t.:n1l)ora nàcJ tenhan1 sido captadas l os retlexos i11il)iuos [zator111oz.jó11ie re../leksil. Esta111os a11enas
•1
pelo ouvidc) de) experir11<.:ntacl()r (aí se JJ)Óia a cliferença 1 clefe11cle11clo ac1t1i essa necessielacle essencial e a possil)ilicla­
entrt: O!> pen.san1er11os e a lingt1age1n), er:1111, sen1 ut"1viela,
de de satisfazê-la.
ol)jctivan1en1c antcric)res. Dispc>nl<)S ele n1ui1os procedi 1 11en-
1 t > ara ter1 11inar con1 os prol)le111:1s dos n1étoclos, detenl1a-
1os para O(>S c<)nvL·ncern1os cl<.: c1t1e sua presença é real e l'
' 1110-nos l)reven1ente na ilL1strativa 1neta111orfose c1ue está vi­
C<,nl:1111os cc)nl IC)U<)s e cada uni cios traços que prc>,,an1 sua
ven<.I<) att1aln1e11te a n1etodologia da investigação retlexoló­
exis1ê11cia. E n:.i elal,or:iç:'ic1 desses procedi111entos c1ue se f
gica en1 sua :1J)licaç,1o ao l10111e1n e à qual se referia \r. P.
assc11ta precis:1n1e11te u1n:1 Lias 111ais irnp<>rtantes larefas da
Protopópov en1 t1m ele seus artigos.
rnetodcJl<>gia f)Sicc>lógi ca. U111 d C)S J)roced i111en tos elal)ora­
l nicialn1ente, os reflexólogos praticavan1 a excitaç:1o
clc,s (· :1 1)sican:ílist:.
f\Jas <> n1ais i1111)orta11te é cittl' eles 111es111os los reflexos elétrica ct1tâ11ea e.la planta do pé; depois verificot1-se n1ais
n;ic)-111a11ifes1os - I�.l�.J st.: prer>CUJ):1111 e111 Jl(JS con, encer de 1
vantajoso escoll1er co,no critério a reação de resposta ele un1
sua exi�1ênci:1. Põe111-se ele n1anifL·st<> co111 t:.il Í<)rça e clareza aparell10 n1ais perfeito, 111ais aclaptaelo :1s reaç<'>es orie11rac.lo­
no lr:1nscurs<> posteric)r ela rl'aÇ:t<>. <1t1e <)l)riga111 o experi­ ras; a 1n.io sttl)stitt1it1 () J)é (\'. i> . J> rotopé>pü\', 1923, 1). 22).
n1e11latlr>r �, lev;í-lt)S en1 co11siLI L·ra\·:·1 <> <>li a re 11un cia r por Mas, ac) c.lizer {t, ta 111l)c.:n1 é !)recise> c.lizer !J. O l10111en1 1)osst1i
Ct>n11)lt:tl> a estu<l:ir <> clese 11vc>lvi111t:1110 cl:1 rear:1< . > en1 qt1e se t1 1 11 apar<.:lh<) ai11cla 111;1is perfeito, con1 a ajt1cla cio c.1t1al se
introc.luze111. I.:': .ser:í <llll' existl:'111 n1ui1os exe111plos ele com­ estal,<.:lcce L1 111a conex;io n1ais a111pl:1 co111 o 111t111clo - os
••
portan1entu c>nue 11:·10 se i 11tro c.luze111 reflexos retidos lza­ órg:1os artict1latórios: ren1os ele 11ass:1r ;1s rea\�C>es verl1: 1 is.
<lié,:i<11111ie refleksiJ? J> or co11.segui111e. ou rent111ci:1n1os J i\1 as o 1r1ais ct1rioso s.1() esses "cerl<)S casos'' c1L1e o in­
estudar <> con1J)Ortan1e1 1lo cio hon1en1 e111 st1as forn1as n1ais vestigaclor prccisoL1 enfre11tar clt 1 r:1 1 1te o t)rocesso ele seu tra­
essenciais. r>u introdt1zir11os en1 r1osso experim ball10: C) fato de c1t1c o l1c>111en1 :.1lc:1n(OL1 n1t1itc.> ll:nl:1 e 1)e110-
ento o con­
trole cJl)rigat<>ri<J desses n1ovi111e11t i1 sa111e11te a clifere11ciaçào cio reflcX() e ele· c1L1e, att1:111<..lo sc>l)re
os 1tern<)S.
Dois exen11)l<..,s esclarece111 essa necess o SL1jeito co,11 as f)alavras acll!ll Lladas, l)ütlc-.se f:1vt)rccer
idade. Se n1e len1-
l,ro de :ilgc) e est•·1l)1.::,J t:Ç<> .. , t1n1 11ovo re tanto a inil)iç.1o c1t1a ntc) a estin1Lilaç;1c) de r<.::ições cc.>.-1clicio­
• • íl exo de ltng
. t1atr0en1, sera
J)Or acaso 111Jiler,.....,nte. . < ) <1ue. naclas (i/Ji(/e1,1, 11. 16). E 111 ot1tras palavras, as <lescc1l)ertas
. J)enso neste n1on1er1to, lanto se 1

repito J)·1ra ' 11·1111 ..1 pa1avra cl:1da quanto se est:1


• . .- : � , l)eleço ur11a realizaclas reclt1ze111-se ao segt1int�·: 11() caso ele> l1<..)111e111, J)O­
co11<:x.10 log1c:1 entre ... ,,,.
• 1 e ..
_ . <)Li tra 1. N
1 ao
, t1ca claro que nos clois cle-se consegt 1 ir t1111 acorc.lo cc> 1 11 ()alavras, de 111oclc> C(tte
casos os resultaclo:>. .se . �ra, c> substancialrnente distinto
. s? cliante de u,11 deter 1 11inaclo si11al retire :1 111jo e di:t11te de
Na. associação Iiv.ie- , an . te . . _ . ,
. .1 pa. la vra-excitante "trovao ot1tro n;1o a retire. A esse res1)eito, I> rotopópov cstal)elece
pro11unc10
;

"ser1)ente" , n1as um pou


co an te s me ocorreu o dois princípios, in1portantes para nós.
1

!
•1
1
GIA
78 TEORIA E MÉTODO EM PSICOLO t
1 P.ROBLEMAS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DA PSICOLOGIA 79
1 ··fn(lul)itaveln1er1ce, no f11tl1ro, as in,,estigações refie- ••

· i,_· . .,l �-- no 110n1en1 clever,1o se realizar, e111 psicologia •


1
' interesse do C>rganismo na reação, co,no organizador interno
XO OºIC,
basica 1 11ente ele reflexc>s co11elicio-
1 ele todc> e, cc> 1 nportan1ento presente en1 uni n1omento dado.
exper1n . �. 1e"llí'II , , ser,,indo-se
,
nados secun(l�trios." (//Ji(1e111, p. 22.) Isto s1 gn1f'1ca a1)ena s
. . ..
1 Jnclicare::i, alérn d<> 1nais, ql1e a tridi1nensionalidade dos senti­
f
1 si, r e nas t)ro,,as dos reílexó­
i11clt dos pr<Jposca por Wundt se refere, en1 essência, a esse cará­
1
que a cons ciênc ia irron 11)e
1e n1ente o qltadro cio con1 ter valorativc> ela ern<Jçào, a essa espécie ele repercussão de
logos e 111odifica C<>11sidera,
1

_ � �1orta- \
toclo e> <)rganismo ante sua própria reação. Daí o caráter irre­
111ento. Faça a C<)nsciêr1c1a sair pel:1 tJorta e ela e11 trara 11ela !
• petível, exclusivo, das em<J<;ões em cada caso concreto.
j: 111ela. !
1
. . 1 . , J
1 1
2. Os atc,.s de conl1ecimento d:.i psicologia en1pírica ta1n­
2. :\ inclus:1o desses 1 )roced n1e1 tos ele 111, est1gaça() 11a
lllL'l()(l<) h1gi:i rcllexc)l{)gica ft1nele 11<1r co 111 1)leco est:1 (11 1i111a l1én1 n1anifc:s1am sua dupla naturez:i. já c1ue rranscorrcn1 cons­
cc>1ll :1 111ct(1<k)IC)gi:1 <le inveslig:1ç:ic> cl:1s re�1ç{>es, estal)L'leci­ 1
cíc nt e111e nt L º. 1\ ps icc) lc1g i:i tiisti ng ue e la r:t n1e 11 le (l t1as fases
<l:i h;'i n1uitc> tclll()l> 11: 1 j)SÍC()l<>. �ia cx 11eri 111ental. O 11r(>1)ric> 11 11eles: ClS at<lS ti<.: C<Jnl1L'.ci1nentc> cn1 si e a Ct)11sci�11cia (lc)S
ll1C:SJ11(>S.
Pl'() (()()()1) ()\' :l()l>lll:l L'S(L' f: 1 ((), L'llll)()l':I C( )llSillL'l't..' :1 t.'{)Ílll'Í ll0 11-
SJ<, <.:.SJ)cci:1ln1e111c curic,.sc,.s os rL'.Sltlt:tt..lo.s cl: 1 rL·finaclíssi-
çi:1 L':ISU:tl L' :l()CllaS L'XIL'rn:t. 1>:1r: 1 1 1(,s, L'Sl:'1 cl:tl'() <jllL' Sl' lr:tl:t.
111:i i11lr<>S()C<:(:·1c1 ela escc1l:1 <.11..: \'\iurtzllttrg(>, (IL·s.sc <.lestil:itl<)
11 L' sIe l': 1 :,; <1 . li e u11 1 : 1 e: 11)i I ul a �: ;1 t> e<, 1111)11..: 1 :i < 1:1 111 t..: 1. <) li<> 1 <>g i: 1
. i ele ·· 11sir<>l1>gia <lc 1 1sic:(1lc,i�1>s··. <-l'll: (1l1CIL·n1<>.S cn(<>lltrar 11cs­
1)11r: 1 111cntL' rl'ílt.:X<)h >gic:: 1 . cuj: 1 utilizaç:1t> <IL·t 1 ll<>ns l'L'Sltlt:tllt,s '1
1
1 sa Clll'rc111c. 1 lt11a <.l: 1 s c,>11clus<'>cs <.le.ss:is i1l\'1..·s1ig:1((11..:s L'SL:1-
lll) c:tS() li() Cl>lllj)( )l'l:lllll'lll<> ll<>S c: 1 cl)<)l'l"()S. 1
l1clccl' : 1 i111pc>ssil1iliclaclc <.11..: (lhscr\1:tr <> 11rc'1pri<.> :ti<> <.l<J 11t111-
c:c>nsiclera1n<>s i1111)<)rtante assi11:tlar, tlL'lll CjllL' seja e111 1•
s:1n1c11lt ), c1ue 1..:sc:1r): 1 :·, 1)crcc11<:;'i<>. ,\ttui. :1 intr<>Sf)l..!((:I(> .se
<luas f):tlavras, c1t1e, se C<)JllL'lll()l�1r11 1(>S cio 11c>11l<) ele visl:t ela
1..:Sg<Jl: 1 e111 si 111cs111:1. l:ncc,111r: 1 1n<»-r1os 11() 11r<'>pric> l\111<.lo ela
hit)é>tese que cxr)usenl<>S aqui c)s tres aspectc)s ql1e a ps1co-
co11sci0r1ci: 1 . ,\ co11clus:.1c) <jLIL' sc i1n11<JL' <lc L1n1a cert:.t i11cc>ns­
• A •

(
logia en1 f)Í rica cli ferenci Olt na psi CJ li e ( co11sciên eia, se11ti­
ciência (los atos do pensamento é paracloxal. 1\lé 1n tlcJ n1ais,
n1ento e vontacle), não será elifícil ide11 tificar r10 J)lano ela
1
1
os ele111e11tos c1t1e percet1en1os, que encontra,nos em nossa
consciê11 cia essa 111es1rla natL1reza tripla, o que é con1patível
1

consciência, s:1o antes suceclâneos do pensa111ento do que a


tanto com nossas hipóteses quanto con1 a metodologia que essê11cia do n1esrno: corresponden1 a todo tipo de retall1os.
delas se desprende. l farrapos. espl1111a.
1 ..A.. teoria das emoções de 'v-.7. Ja1nes (1905) sustenta Experi1nencaln1ence conseguiu-se den1onstrar, diz a esse
perfeitamente essa interpretação da consciência dos senti­ respeito O. Külpe (1916). que não poden1os afastar de nós
n1entos. James altera a orelem dos três ele1nentos l1al1ituais n1es111os nosso ··et1'·. É in1possí,·el pensar, pensar entregan­
(A a causa dos sentimentos; B o próprio se11ti111e11to; C Slta clo-se por con1pleto aos pe11samentos e Sltb,nerginclo neles e
n1anifestaçào corporal) da segui11te n1aneira: A - C - B. Não ol1ser·v:í-los ao n1es11 10 tem1)0. Não é possí,,el levar :1té o fin1
reto1narei sua conhecida argu111encação. Apenas mencio11arei l1111a tal cli, 1is:1o ela l)siqlte. O ql1e. por st1a ,·ez, significa e1ue

1

c1ue nela se evide11cia perfeita111ente: a) o carácer reflexo do l 11:io se potle dirigir a co11sciência para si n1esn1<.) e que esta
)
sentin1ento, o sencin1enco como sistema de reflexos - A e B; co11stitt 1 i t1111 fer1ô111e110 secl111tiário. Não se pode pens:1r o
t
1)) o caráter secundário da co11sciência dos sentin1encos, próprio J)e11sa111e11tl), ca11tar o 111eca11isn10 específico da cons­
quando sua prf>pria reação serve de excitante a lt111a reaç�1o ciência, prccisa11 1en1e porqt1e não é uni reflexo, ot1 seja. não
n<) �a, interna - 13 e C. Taml)érn se pode ver aqui o ,,alor l)io- poele ser objeto de ,,i, 1 ê11cia, excit:.inte ele u111 11ovo reflexo,
_
lc>gic<) d�J sentimento co1nc> reação avaliadc)ra rápida de todo •' 111as é u111 1 necanisn1 0 rransn1issor entre sisten1as de refle-
l

.
0 cJrganisn,c> a seu próprio cornp<)rtamento, ccJ1110 alo (lo •. xos. Nlas, CJtianclc> se ter1ninou o pensamento . C>ll se1a. se

'
1

. i
••

\
PROBLEMAS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DA PSICOLOGIA 81
80 TEORIA E MÉTODO EM PSICOLOGIA

6
fecl1 oti o reflexo, pode-se obser\1 á-lo conscienten1ente:
"Prin1eiro un1, depois o ()Utro": como diz Kt.ilpe.
Existe nc> l1<>1nen1 Llm grL1pc> de retlexc>s facilr11ente icle,iti­
�·J. B. Krol <.liz, a esse respeito, e,n LI m de seL1s artigos
ficáveis cL1ja dl.:n<J111inaçàc> correta seria a de.: re,,ersíveis: sã<,
(1922), que os novo� fenômenos descobertos pelas investi­
reflexos a excitantes que podern, por sua vez, ser criaclc>s pelcJ
gações realizadas pela esc<)la de \'v'urtzhL1rgo nos processos
)·1<>1nem. A palavra escutada é un1 excitante, a prc>11unciada,
superiores da consciência lemhran, de modo extraordinário
'• Llm reflexc> c1ue cria esse mesmc> excitante. AcJui, <J reflexo é
os reflexos cc)nclicionados pavlO\'Íanos. A esponta neída<le 1 reversí, el, porque o excitante pc>de se transformar en1 reação
1

do pensan1ento, o fato de o encontrar,nos já formado, as


1
1
1 e vice-,'ersa. Esses reflexos reversíveís, que crian1 a !)ase -do
con1plexas sensações da ati\1idade, as l)uscas etc. fala1n na­ 1 comport,1mento social, servem de coordenacão - coleti,,a do
turaln1ente disso.•..\ in1possil1ilidade de ohser\,á-lo fala a •

comportamento. Dentro de toda a massa de excitantes }1á um


fa, or cios n1ec�1nisn1os que indica111os aqui.
1

grupo que, a n1eu \'er, se destaca com clareza: a dos excitantes


3. Por t"ilrin10. � precisan1 ente a \'C)ntade qL1e descol)re
sociais. que pro\r êm das pessoas. E se destaca porque eu
n1ell1or e de forn1a n1ais sin1ples a essência da própria co11 s­
n1esn10 posso reconstituir para n1im. indi\'idualn1ente, esses
cienci3. :\ J)resença pré\·i:1 ele represe11tações n1otoras (ou
seja. de rc:1ções secL1ndjrias :10 r110,·in1 ento de órg3os) ex­ n1es111os excitantes: porque logo se con\-erten1 p::ira 111 im c:n1
re\•ersí,·eis e, por conseguinte. detern1in:1111 111eu con1 porra-
plica <.le qt1e se rr:1ra. Qt1:1lqt1er 11 10\·i111ento cle\·er:í se re,1li­
z:1r <.la prin1eira \·ez i11cons<.'ienter11 ente. ÜCJ)Ois. SL1a ci11este­ 111ento de um n1odo diferente dos den1ais. Asse111ell1 �n1-n1e a
sia (ot1 seja. st1a reaçüo secu11 clári:.1) se con,1erte n;.1 base de outras J)essoas. torna111 r11eus atos idênticos a n1in1 n1esn10. No
senticlo a111plo da palavra é na linguage11 1 que se e11conrra pre­
�tia consciê11cia ( ll.- l-.·li.ir1sterlJerg. 1914; I-1. El)IJir1gl1at1s, 1912). cis�1me11te �1 fonte do con1porc�1111ento soci�1l e cl�1 consciência.
E a consciência d:.1 \'C)ntacle c1ue proporcio11�1 a ilL1s:1o de dois
E 111L1ito i111portante, ainda que seja apenas de passage111,
aspectos: pensei e111 fazê-lo e o fiz. E aqL1i, com efeito,
encontran10-nos en1 presença de clt1as reações, só que em est,1belecer �1qL1i a icléia de qt1e, se isto for real111ente assi111, o
n1ecanisn10 elo con1portan1ento social e o da consciência é o
orden1 inv �rsa: pri111eiro a secL1nclária e clepois a principal, a
primeira. As \rezes, t) processo se cor11plic�1 e :.1 doutrina elo n1 es1110. 1\ linguage111 é, por u111 J..1clo, Ltm sistema de ''retle­
ato ,,olitivo e de seL1 n1eca11is1110. confundida con1 os moti­ xos <.le contato soci:11·· (A. 8. z�1lki11cl, 1924) e, por outro la­
t cio, preferenci::1l11 1ente t1n1 siste1na ele reflexos ela consciên-
vos, ou sej�l, pelo enfrenta1nento ele v[trias reações secundá­ . . -
_ eia, isto e, L1111 aparell10 ele reflexo ele outros siste111as.
rias, concorda tan,l)ém com os J)e11 sa11 1entos desen,,oJ,,iclos
anceriorn1ente. E aqL1i qL1e está a raiz cl,1 qL1estào cio "eL1'' alt1 eio, do
Mas, tal\1ez, o n1ais irnportante seja que à luz desses conl1 eci111ento ela psique all1eia. O 111ecanis1110 cio co11l1eci-
pensan1entos explica-se o desenvolvimento da consciê11ci�1 111e11to ele si 111es1110 (aL1toconsciência) e o elo 0L1tro é o 11,es-
desde o 1� 1omento em que se nas ce, sua pro ced ê11c i a da 1110. 1\s <.loL1trinas l1al)itL1ais sol)re o co11l1eci111ento ela J)Sique
.A ,1ll1eia, ou assL1n1er11 sua incognoscibilida<.le (A. 1. Vveclie11s­
experiencia, seL1 caráter secL1ndário e, por consegL1inte, sua
dependênci'-1 psrco ,· J'ogrca· e,11 relaç�lo ao meio. A experiência ki', 1917), OLI então tent,1111 constrL1ir L1111 111ec,-1nis111 0 \1erossí-
determina a consc · 1en
· i c1a: esta lei pode obter aqL1i pela pri-
. 5. Vvedienski, Alt!ksandr Iv.. inovicch( 1856-1925 ). l'roÍL'SSor da Uni\·c:rsi­
meira vez, recorrendo .
. - a u1na certa redL1çàc), un1 sig11ificado dade de S:io Petersburgo. fil()st1fc.1 idc:alist:.1. E111 sua opini:io. :.1 vid:.i L'Spiritual
ps1c<,loo1co exato e descobrir .
, . o próprio mecanis1110 de tal n:io pc>ssui nenhun1 traço ohjL'ti,·<> e por issc) a al111a alheia é incognoscí,·el.
<l,ete"'rrn1n.º al)1J. idaele. Considerava que a tarefa da psicol<)gia SL' lin1ita a dt!scohrir os fenôrnenos
espirituais e qll\..' () único ,ncio dt' aceder a ele::-(: a incrospc:cç:10. lN.R.ltJ


1
1

82 TEORIA E M É T O D O E M P S ICOLOGIA l
!• PROBLEMAS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DA PSICOLOGIA 83
l

.- .• 11 c 1•.·1J 111e11re o n1es111c), ai11(la CJLle as l1ii)ótes· �..,


, ,._..,
1 11�·1 quee, e�.se
••

._ . 11 t'l., c-111ro pela teoria (las sensações qt1a11Lo pel·•i c(ll1caç:l(> ela cc>nsciência ela linguage,n nos SLtrclos­
1
se1an1 e ,�c1 . � .
1 1\

ec er110 .
� o:;. ot1t .0.s, 11a, 111e(
' l1cl.t
. . en1 mud<)s e. em parte, o clesenvolvi1nento das reacõe s táteis
das ana 1og ,.·•1-. �. conh , CJLI•"'- ,
n()S ceg- <>S pode,n ser urna magnífica confirmac{i
1

ece . nlOS · no'


s · n1esn1os; ao co11l1ecer a colera all1e 1·.•1 1
-. o da idéia
con h ela iclentidade d<>s mecanismos da consciência e do contato
1
3
1i 1 1ha pr<)pr1a.
.
,1
,
re p rod u z o a _ . . socia I e c.le c1ue a primeira é algc) assim como o contato con­
Na verdacle , seria 1na1s correto dizer JJrec 1sa11 1ente O
'1
de 11ós 111es111os J)orqt1e a te- sig<) mesmo. Em geral, a língt1agem não se desenvol\'e nos
conrrar, , ·0 . Tenios co 1 1sciência .
n1e s111 0 pro ce d11 11e nto atra\'és do st1rdos-mudos, detc:n<lc>-se no estágio de grito refletor, não
pe lo

do s de nia is e
pcJrc�L1e tenham lesões nos centros da linguagem, n1as por­
1

uai conl1ecemos os cle111ais, porqt1e nós 111es111os e111 relação


11105 t

l c1ue, devido à falta de audiçào, paralisa-se a p<>ssil)ilidade


q 00- :>- 111esnios son1os o n1esn10 qt1e os de111ais e111 relação a
1

de c1L1e o reflexo da linguagem seja ré\'erSÍ\'el. A lingt1agem


t

nós. Tenho consciência de n1in1 n1esr110 so111ente na medida


3

não retorna como excitante ao próprio falante. Por isso é


en1 qtie para mi111 sou outro, OLI seja, porque posso percel)er 1
inconsciente e associai. Geralmente, os surdos-mL1dos se li­
otitra vez os reflexos próprios co1no no,,os excitantes. Entre
1
1 mitam ao idioma convencional dos gestos, que <)S familiari­
O fato de que eu possa repetir en1 voz
alta a palavra dita en1 :
za com o reduzido círculo da experiência social de outros
silêncio e o fato de que poss a repe tir a pala vra dita por surdos-mudos e desenvol\'e neles a consciência, graças ao
outro não existe ne11J1un1a diferença, con10 tan1pot1co existe, fato ele que esses reflexos retornam ao próprio mudo atra­
en1 princípio, nos n1ecanis111os: ambos são un1 reflexo rever­ i vés do olhar .
SÍ\1el - un1 excitante. A edt1caç:lo do surdo-mudo em sua \'enente psicolé')gica
Por isso, como conseqüência da adoção da hipótese •
consiste precisamente em restabelecer ou compensar o n1e­
proposta, decorre direta111ente a socialização de toda a cons­ !1 canismo alteraclo de re\·ersibilidade de reflexos. Os surclos
ciência. Disso se conclui que o reconl1ecin1ento, a prioricla­ • aprenclen1 a falar \·erificando nos lábios do falante os 1novi­
de ten1poral e efetiva pertence1n à vertente social e à cons­ 1
1 n1entos feitos para pronunciar e eles próprios aprenclem a
ciência. A vertente indi\ridual se constrói con10 derivada e l falar Lltilizanclo as excitações cinestésicas sect1n<lárias que
l
secundária sol)re a base do social e segundo seu exato . Sl1rgen1 nas reações n1otoras da linguagen1. O mais admirável
modelo. Ven1 daí a dualidade ela consciência: a idéia do 1• é qt1e a consciênci�l da lingL1agen1 e a experiência social apa-
duplo é a mais próxi1na da idéia real da consciência. O qt1e recem ao n1esn10 ten1po e de forma totaln1ente paralela. E
,

não deixa de ter uma certa afinidade con1 a divisão da per­ como t11n experi111ento n1ontaclo especialmer1te pel,1 natt1re­
sonalidade e,n ''ego" e "id" que S. Fret1d descol)re analitica­ za, CJLle confir111a a tese ft1ndan1ental ele r1osso artigo. Em
n1ente. O "ego" se con1porta ern relação ao ''icl" de n1odo ot1tro traball10 espero n1ostrar isso co111 maior clareza e de
semell1ante a u1n ca,;aJeiro' diz FreL1d ' que deve do111ar uni

1 for111a 111ais co111pleta. O st1rdo-n1t1clo a1)rencle a ter consciê11-
magnífico ca\1alo, con1 a única diferença de que o ca \raleiro cia de si 111es1110 e cie set1s 111ovir11entos na r11edida e111 c1ue
terá de realizá-lo com suas próprias forças, ao passo qt1e O a1)re11cle a ter consciência dos (len1ais. A iclentidade dos dois
1
"ego'' deve fazê-lo com forças er11prestadas. Essa co111pa r:.1- 111eca11is111os é Sl1r1)reenclenten1ente clara e quase evidente.
çào pode ser levada adiante. Assim como o cavaleiro qtte, se l) ocle111os. agora, retinir os ele111e11tos da fórn1t1la (lo
não quiser se separar do cavalc) não terá outro re,néclio se- co11111orta111entc> l1t1n1ano, clescrita antes. E,1iclenter11ente, a
- '
nao conduzi-lo aonde este
c1ueira ir, tan1LJén1 o "eg()" traiis- experiêr1cia l1istórica e a social n{10 constituen1 nacla 1)sico­
f<)rma em geral e,n ação
a vontade do "id'', co1110 se se tra­ logic�t111ente clistinto, já qt1e, na verdade, não poder11 ser
tasse da sua própria (S.
Freud, 19241 ) ). separ,1das e sen1pre se apresenta111 jt111tas. Unan1os a111bas
.'
l1
1

LOGIA
84 TEORIA E MÉTODO EM PSICO PROBLEMAS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DA PSICOLOGIA 85

conl O sign<) +. Set1 n1ecanisn10 é al)soluta111ente o 111es111 0 grafe. "No c1L1e n1e cliz respeito, estoL1 convencido - cliz
con .sciê 11cia, co, 110 J)íC)Clt ei cle1 11o nst ra r. J1<)rq Lie Jan1es - de que en1 n1in1 a corrente e.los pensa111cntc>s ( ...) é
que <) ela �
t:inil)élll esta últin1:1 eleve ser cons1clera<la con10 L1111 caso
! a1)enas L1111a clenon1inaç:1o in1precisa cio que. c111 llln exa1ne
J)articul:ir (la eXJ)eri�nci:1 social. l'<)r issc), é f(tcil desig11á-las
i n1ais 111inL1cioso, se clen1011stra, 11a verclacle, t1n1a corre11le
e> n1e s111c> ír1clice ele exr )eriên cia c Jt111licacla. rcs11iral()ria. 'J > enso', c1ue segL1ndo l(ant eleve aco111pa11l1ar
ccJnl
tc)c.los os 111eus ol)jctos, n:1c) é 111ais ele) c1ue 'respiro', qt1c os
acon1panl1a ele verclacle ( ... ) Os J)ensa1ner1tos (... ) são feitc)s
7 cio 111csn10 111aterial qt1e as coisas. (1913, p. 126.)
Neste ensaie> apontamc>s r:ípi<la e st1cintar11ente apenas
Consiclero extraordinarian1ente in1porta11te e essencial 1
algt11nas icléias ele caráter prévio. No entar1to, parece-n1e
inclicar, a título de resL1mo cleste ensaio, a coinciclê11cia ele qL1e é jt1sta111ente a partir clac.1ui qt1e se cleverá iniciar<) estt1-
conclt1sões que existe entre C>S pensamentos clesenvol,,iclos do ela consciência. O estado em qt1e se encontra nossa ciên­
nele e a análise ela cc>nsciência realizacla por \Y/. J a n1es. cia aincla a mantén1 n1L1ito afastada da fórmltla final ele t11n
Idéias procedentes ele can1pos rotaln1ente distintos e qL1e fo­ teore1na geon1étrico qL1e coroe o último argumento: con10
ran1 desenvolvidas pc)r can1inl1os co111pletame11te diferentes qt1eríamos demonstrar. Cremos qt1e no momento atual ainda
conduzira1n a un1 n1es,110 ponto de vista, já 111encionado por continua importante definir com precisão o que é que se
Jan1es en1 st1a análise especl1lati,,a. Vejc) nisso t1n1a certa deve clemonstrar para depois nos dedicarmos a demonstrá­
confirmaçàc) parcial de minl1as icléias. Já em Psicologia
l
lo: primeiro, formular a tarefa; depois, resolvê-la*.
(1911 ), ele dizia qt1e a existê11cia de estados de consciência Para essa formulação ela tarefa confiamos que, dentro
enc1uanto tal n;io constitui uni fatcJ plena111ente de,nonstrado elo possível, o presente ensaio sirva.
'
e sin1 uni preconceito profuncla,nente arraigado. Foran1 pre­
l
cisan1entl' os dadc>s c.le sua l)rill1ante introspecção que o 1
convenceran1 disso.
t'
1
l
'"Cada ,,ez c.1ue tente) notar en1 n1eu pensamento - diz
ele - a atividade enquanto tal tropeço infalivelmente em um
ato pura111ente físico, u1na in1pressà() ciualquer qt1e provém
da ca!)eça, das sol1rél11celhas, da garganta e do nariz." E no !

artigo ..Existe a C<Jnsciêncía?" (1913), explica c.1ue a única di­ 1


ferença entre a consciência e cJ 111undo (entre t1n1 reflexo ao
reflex<J e un1 reflexo ac> excitante) reside apenas nc> contex­
t<J dc>s fenômenos. No contexto cios excitantes trata-se do
mundo, no de n1eus reflexos, (la consciência. Esta é apen�ts
un1 reflexo de rc:flexcJs.
l'<>r ccJnseguinte, a consciência como categoria específi­ • O presente artigo já se encontrava na fase de correção das provas
ca, C<J°:u procedin1ento especia '•
_ l da existência. não aparece.
quandt> 1on1ei conhecinH:nto de alguns trabalhos relacionados con1 esse pro­
Conclui-se: q · Uº ..... '-.-.. Liina, e-'�-=ru .
t tLtra 111u1Lo con1por-
hlen1�1 e pertencentes a psicólog<>s heh:.ivioristas. Estes autores prop0t'n1 e
1exa e1 o
ta, n1e�nto, ' cc>ncr•'-... t·•tine1
cc>mp
,
rcsolven1 o problen1:1 da consciência de forn1:i próxin1:i ;'is idéias aqui desen­
. � 1te a d 1.
up 1caçao do 1nesmo, co1no se
diz cn1 rel·1çào
vc>lvic.las. con10 un1 pr<>blcn1a de n:laçào entre reaçõc:- (colejar co111 �,o,npor­
' .. ao tra · , 1)alil<) nas palavras qL1e serven1 de ep1- •• tarnento vt:rhalizado").


l•
A PSIQUE, A CONSCIÊNCIA, O INCONSCIENTE*
1

•• As três palavras qt1e encal)eçam o título de nosso


ensaio, a psique, a consciência e o inconsciente, não repre­
sentan1 apenas três qt1estões psicológicas centrais e funda­
n1ent,1is, 111as são, em grat1 muito mais elevado, questões
meco,tológicas, ou seja, questões relativas aos princípios de
estruturação (la própria ciência psicológica. T. Lipps expres­
sot1-o com precisão em st1a conhecida definição do proble­
ma do stil)consciente, segt1ndo a qt1al o stil)consciente não é
tanto un1a din1ensào psicológica mas t1111 prol)len1a que afeta
a própri,L psicologia enquanto ciênci,1.
1-l. I-Iõffding (1908) st1lJentenclia o n1esmo qt1ando afir­
mava CJLle a introdt1çào en1 psicologia do conceito de in­
consciente ten1 t1111 significado análogo ao da introdt1çào (io
conceito de energi,t potencial en1 física. É so1nente a partir
(la introclt1çào desse conceito que a psicologia se torna pos­
sível en1 todo set1 sentido con10 ciência indepen(lente,
capaz de tinir e coordenar os fatos (la experiência e1n Llm
1 · (leter111inado siste1na st1l)orclinado a regt1laricl.-1(les concretas.
Qt1an(lo I 1- . Jvli."insterberg tratot1 clesse 111es1110 1)r<)blen1a esta­
l)elecet1 t1111a analogia entre e> prol)len1a do inconsciente e,11

1 • "J>síkhika, soznanic:. bessoznátc:lnoc:-. Não se:: sabe quando o LrJbaU10


')
foi escrito. Foi publicado pc:la p.-in1c:ir.1 vez na C(>ntpilaçào J;'/e111ct1tos tle psicu­
.. /01:i,1 ,c:eral (�toscou, 1930) .

, .-
j
O R IA E MÉTODO E M P S IC OLOGIA PROBLEMAS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DA PSICOLOGIA 139
138 TE

. co11sciê11cia 11os a11i1l'1ais e


ps1co1 ºbl·.'•1 t:, 0 d·i• e·v ·'1'stência da
. . .
ca111ir1l1c>s rara a constrt1çào de t1ma psicologia sintética. De
la qu e � in1 pc) ssí ve l cle cid rr CJL l;tl cl:1 s ch fe re11tes ex1)lic:1- • ,icJssa parte, não enfocaremos essa qt1estào ele t1111a vertente
afirn 1
d() rr<) l1len 1:1 é a cor reta :-e 11<)S 11.isear111os so111�11te c111 Ji ist(>rica C>tt crítica, não nos declicaren1os a analisar ern su,1
çóes
olJser,,ac.;óes. Para ele, trara-se ele t1111 prol)le111a qt1e e tJreci­ lCJtalidaele <>S tipcJs mais i1n1Jortantes de con1preens[i<) de
so resc>lver antes ele 11os cleclicarn1os a estt1el:1r os fat(>S. tr,elos esses prc>IJle,nas, mas limitare1nos desele o jJrincípio
En1 outras l )alavras. a qL1est:io ele os ar1i111ais J)C)SSL1íre111 nossa tarefa a considerar a importância dos três ter111os no
ou n:i <.) cc>nsciência não l)O<.le ser resol,,iel:1 ex1)eri n1e11tal- sistcn1a da psicologia científica olJjetiva.
1nente, trata-se de t1n1a <.1uest:io g11oseológica. E o 111es1110 Até muito potice> ten1po atrás, a possibilidade da psicolo­
ocorre no caso do inconsciente: 11enl1t1111a elas vivências anor- gia como ciência independente depenelia do reconhecimento
111ais pc)de ser,:ir por si n1esn1a para ele111c>nstrar que é neces­ da psic1t1e cc>mo esfera independente da existência. Ainda é
sária unia exJJlicaç:lo JJsicol{>gic:1 e n:1o fisiológica. Esta111os 1nt1ito corrente a c>piníào de c1t1e o conteúdo e <) olJjeto ela
dia11te de unia questão filosófica que é tJreciso resolver teori­ ciência psicológica são cc>nstituídos pelos fenômenos ou
ca1nen1e antes ele qt1e possa111os nos dedicar a explicar fatos pelos processos psíqt1icos e que, por consegt1inte, a psicolo­
concretos. gia co,no ciência independente só é possí\rel se partirmos do
Ven1os qt1e tanto correntes psicc)lógicas qt1a11to sisten,as presst1posto filos(>fico-idealista da independência e da exis­
inteiros se desen\101,,en1 de 111aneira co111pleta111ente elistinta tência inicial no mesmo plano do espírito e da matéria.
en1 funçào das explicações qt1e oferecer11 sol)re os três ter­ É assim c1ue opera a maioria dos sisten1as idealistas e111
mos c1 ue fc>rn1a1n C> títtilo deste capítulo. Basta le111l)rar co1110 relaç�io à psicc)logia. procurando emancipá-la de st1a natural
exemplo a psicanálise, construída sobre o conceito do i11- tendência a unir-se �ls ciências naturais, do ''1naterialismo
consciente, e con1pará-la ü psicologia e1111Jírica traclicional, st1til" (segundo expressào de \\/. Dilthe�,) qt1e penetra nela
que estt1da exclusi,,a,nente fe11ô111enos conscientes. por 1neio da filosofia. E. Spranger, um dos mais importantes
Basta, ai11da, len1l)rar a psicologia ol)jetiva de 1. J>. J>;í,,Jov representantes atuais da psicologia corr1preensi\'ª ou d�l psi­
e dos l)el1a,,ioristas norte -a1ne rican os, qt1e excl uem por cologia con10 ciência do espírito. forn1t1lou ultin1a111ente
co111pleto os fenômenos psíqL1icos do círculo de suas inves­ Lima exigência qt1e significa. de fatc), qt1e a psicologia eleve
tigações e co111par{i-J os com os partidários da denominada ser elal)oracla partindo exclt1siv�1n1ente cio 111écoclo psicc)lógi­
psicc>logia co1npreensíva ou descriti\ra, ct1ja única tare fa co. ()ar.1 Spr.1nger, � e\·iclente qt1e isto presst1põe 1 ol)rigat(>­
consiste em analisar, classificar e descre\ er os fenô111enos 1
rian1ente. rent1nciar a qualqt1er gênerc) ele explicaç�1o fisioló­
da vida psíc1uica sen1 recorrer en1 al1solt1to às qt1estões da gica e111 tJsicologia e optar por explicar os fenô111e11os psí­
fisiolc)gia e do con1portamento. Basta aJJenas le111brar cJe qt1icos J)arti11elo deles 111es111os.
tudo isso par:1 se convencer de que a e1uest�ic> ela psique, cio l Essa r11es111a icléia t! elefenclicla às vezes inclusi,,e por
l
consciente e do inconscien1e, ten1 u,11 ,,aJor 111etodológ ico 1 fisiólogos. t\ssi111. nt) co111eço ele st1as in\'Cstigaçl">es sobre a
decern1inanre para qualqt1er sisten1a psic ) ló
_ < gicc). O pró1)rio sali,1a(:1cJ psíqt1ica. PCt\'IO\' cl1egou �• conclt1s�io ele c1ue o ato
destine) d e n<)s· ·, .·, depen·de ele co1110 se resolva essa
·-:. c1.1
s·i e,1e11 1 t)síqt1ico. <) cles('jo arcle11te ele co111er, é. sc111 clú,,icla 1 t1111
quest:1c>, funcJ;..1n1ental rara l•l,
1. excita11tc cios <.'ct1tros e.los ner,,os salivares. (�0111<) se sal)c,
. _1�ar:1 alguns, cleixar;í ele ex
istir p()r <.'<)1111Jle to , se ne lo rer1t111ci<)t1 J)<.>Steric.,r111e11te a esse J)l>nlo c.l<.· ,1 ista e.:· es1:1l)ele­
sulJsl1lu1<.la pel·'i ,·itti·...•I 1··1:;1c ,· )1 og1a . e 1o cer , el1r<> <JLI rellexol(>g1a, c:et1 <.Jlle, ao <:.'Stt1clar l) C<)tllJ1<)rta111c11t() <.lc.)s :111i1T1ais e, e111
r:.i1�1 outr()··S �se 1r·1' ns· fo111· 1ara- en1 ps1cc
_ .. .
· 1lc>gi:1 eiclc:1ica c>LI le11<>- !):\r\'ict1lar, a sali,,a(,;:10 psíc1t1ica, <.leve-se c.:vitar :1 refcr0tl<.'ia a
mt:·nc>l(,g1a .
. .,
.· -)IJ, .·llü
pur a cl<) CSJ <)S ll'I.CC.lr(JS, r()r Ílll . l)LISl'.JITI <JS
l, <Jt1alci t1cr litJ<'> ele ai<> 1 )síqt1icc>. [:x1)ressões tais cot11c> ''o ele-

140 TEORIA E MÉTODO EM PSICOLOGIA PROBLEMAS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DA PSICOLOGIA 141

sejo ardente ele con1er", �o cacl1orro len1t)rou-, "o cacl1orro ·re,11os, por l1111 lado, a co,npleta negação das possibili­
adivint1ou� foran1 elitninadas por completo de seu lal1orató­ dalles ele estt1dar a psic1ue e a clecisào de ignor�í-la, pois seu
1
ric1, esc:-tl1elecendo-se un1a n1ulta especi::il para aql1eles que cslLJCI() nos J)<:°>e 110 can1i11l10 do pensa,nentc> desn1otivaclo. O
recorrcssen1 clurante o trat1:il110 a esse tipo cle expressão psi­ c1 ue 11a verdade c·aracterizaria a vida psíquica serian1 seus
cológica para explicar algt1m ato do anin1al. intervalc>s, a falta de uma percepç�lo 1)ern1anente e constante
Na opinião de Pá\dov, qt1ando recorren1os a atos psíqui­ de seLJS elen1entos, o <lesapareci111ento e o rea1)arecin1e11to
cc)s e�1a111os escoll1endo o can1int10 do pensa111ento internli­ clesses elen1entos. f'or isso, consi(lera-se in1possível estal1ele­
nis1a, se111 n101ivaçào, e estan,os n<>s afastando cla via rigorosa cer relações causais entre elen1entos isolaclos, cio c1ue resulta
ela ciência natural. f) or issc>, a via C<.>rreta tanto para res<.1lver O a 11ecessida<le de rent1nciar à psic()logia cc>1no disciplina
prc)l1len1a de> C(>n1port�1n1ent<> con10 para don1inar (1 co1npor­ científico-natt1ral. "0<) ponto de vista da psicologia - diz
tan1en10 passa. em sua opini;1o, por unia at1tê11rica fisic)logia J\tliinsterl)erg -, não ocorren1 conexões reais nen1 111esn10
do cérel)ro, qt1e possa investigar as conexc"'>es nervosas e as e11tre fenômenos completan1ente conscientes da vida psíc1ui­
C<)rrespondentcs conexc)es de retlcxr>s, assin1 con10 as t111icia­ ca. de n1oclo que tais fenô111enos n:1o pocle,11 ser as cat1sas de
des de C<)111portan1ento, sen1 st1por que esteja,11 en1 al1solt1to algo, ne111 servir-ll1e de explicação. f'or isso, na vicia interna,
acon1par1h:1das J)Or c1ualquer fenô111eno psíqt1ico. J
tal e co,110 à consiclera a psicologia, não existe t1n1a cat1sali­
1. P. J> ;ívlo,· den1c>nstrot1, e nisso co11siste seu orancle dade clireta, prJrCJLle a explicação causal só é a1)licável aos
n1érito, qt1e se J)O<.le interpretar<> co111J) Orta111ento de Ltn1 fenôn1cnos !)Síquicos, que po<len1 ser consicleraclos co1110 t1m
l)C)nto de vista fisiol<>gicc>, sen1 tentar e11trar no n1t111(lo inter­ cc)111ple111ent<> dc)s processos fisiológicos." (1914. p. 631.)
no cio :1nin1al e CJLte esse con1p<>rtan1entc> pc.>cle ser explicado f)ortanto, t1111a das vias nos co11clt1z à co111pleta 11egaçào
con1 exati<.l:io científica e, inclusive, r>ocle111<)S preclizer esse da psic1ue e. por C()11segui11te, ela psicologia. J testa111 <>utros
con1porta111entc> sol) <letern1i11aclas co11dições, e tt1do isso dois can1inl1os. não 111enos interessantes, qt1e te.ste111t111l1a111
sen1 necessidade ele Í(1rn1ar111c)s un1a icléia, ne,11 que seja ,,a­ co,11 igt1al clareza o !)eco sen1 saícla a C(tte o desenvoJ,,i111en­
ga e distante. das vivênci:.1s cio ani111al. Dito ele <)lttra n1anei­ to l1istórico con<lt1zit1 nossa ciência.
ra. Pá,·lo" n1c>str(>U c1ue é J)Ossí,,el estudar ol)jeti,,a e fisiolo­ O prin1eiro deles é a psicologia descritiva, ela qual já
g1can1ente r> co11111urtan1ento, pelo n1enos cio a11i111al, e en1 fala111os. Consiclera CJtte a psicttie é t1111a esfera <.la reali<lacle
pri11cípio ta1nl1é1n J)Ossiveln1e11te <las pessoas. Ou seja, estu­ totaln1ente isolacl�,. na qttal não att1a nenl1u111a elas leis da
dar o cc>n11)ort:-tn1ent<> ignoranclo a , ida psíc1t1ica.
1 n1atéria e co11stitt1i o ,,erd�1cleiro rei110 (lo es1)írito. Nesse
Ao 111esn10 te111po, J>ávlo,1, prendendo-se ;) 111es111a lógi­ â111l)ito cc>n1pleta111ente espiritttal s.io i111possíveis toclos os
ca que E. Spranger, dá a Det1s o c1ue é de I)e tip(>S ele relaç:1() cat1sal; e <lentr<.> < l. ele (leve-se l)t1scar a co,11-
tJs e a César o
�ue é de César. reser\'an<lo !)ara a fisiologia o enfoqL1e ol)je­ preensüo, o esclarecin1e11to <.los sig11ificacJc)s, o estal)eleci-
ti�o <lc) con1p<)rtan1e11t(> e para a psico 111e11to clc>s \1 alc)res. l)enLro clele p<)cle-se clescrever e <.livi(lir
logia o SL1bjeti\'O. Ta,11-
l)eni para I> {lvlov () psicológico as estrl1tt1ras, classific:1-las e estal1elecê-las. Essa !)SiC(>logia
e o psíquico coincide111 !)Of
con,1)leto. Con10 toda a l1istór 1
ia de nossa ciência ce,11 1nos- clescritiva contrapõt�-se ,) explicativa, elin1i11ando J)Or co111-
trado , ess·�l que s·tao' e, co,np 1ecamente insolúvel se f)arcirn1os pleto do ca111J)<) da ciência as tarefas e.la explicaçào.
<lo pressupo5'( o r·, I os',
o r·
1co ate agora 111antido pe la psicolo- À psicologia clescritiva con10 ciê11cia cio espírito se Ot )õe

g1a.
,· Criou-se unia .,·tu·
01 .iç.,ao qt1e parece expressar e resu1n1.r a psicologia científico-natttr:d. Assin1. rnais t1111a \1ez a psico­

de lorma sumár·1ª· todo logia .se cir1cle e111 <lt1as t ) artes qL1e nüo 111antê111 relaç,10 111ú­
.·� . o Iongo <lesenvolvin1ento de no ss a 11
c1cnc1a. 1
1 tt1a. Na psicc>logia descritiva i111pera111 outros procecli111e11tos

1

!

1
1
..

'

142 TEORIA E MÉTODO EM PSICOLOGIA. PROBLEMAS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DA PSICOLOGIA 143

de conJ1ecin1ento totalmente diferentes: não se pode recor­ A alternativa de Fret1d consiste en1 t1n1a te11tati\'ª de conti­
rer ;1 indução para cstal)e}ecer leis e1npíricas, mas predon1i­ nt1ar interpretanclo as conexões e as dependências dos fe11ô­
na O niét�do analítico ot1 fenon1enológico. o 111étodo da n1enos psíquicc)S 110 âmlJito do inco11sciente e en1 st1por que
aprec.:iaçàcJ s<Jhre C) sentido ot1 a intuição. c1ue per,nite anali­ por tr,ís dos fe11ôn1e11os conscientes se encontran1 os inco11s­
s:-ir os d;Jdos ol)tidos (liretamentc d:1 consciênci:1. cientes, c1t1c os condicionan1 e que poelen1 ser reconstrt1ídos
.. No campo (l�t consciê11cia - diz E. Husserl - a diferença JJOr 111eio (la �1nálise ele suas n1arcas e da interpretação de suas
entre o fenôn1enrJ e a realidade foi elestrt1ícla." ( 1911, p. 25.) ,,-1anifestaçoes. 1\llas C) pr{)prio Spranger faz t1ma severa ressal­
Nele, toda aparência Cflte parece é realielade. Por isso, esse va a Freucl: r1essa tefJria <JIJserva-se t1n1 erro teórico curioso.
tipr, de psicologia parece-se n1t1i10 n1ais con1 a geometria cio Diz que, en1l)ora cc>1n Fret1cl se tenha superado<) n1aterialisn10
c1uc c1t1;.ilquer ()utra ciência n;Jtt1ral. como. por exemplo, a l
1 fisiológico, cc)ntint1a existindo u111 n1atcrialismo psicológico,
física: e ran1l)érn por isso essa psicc)lugia de\'Crá se transfor­ t1111a pre1nissa n1etafísica tácita, a premissa de que a presença
n1ar na 1naten1ática cio espíriro con1 c1ue sc)nl1a\1a Diltl1e)'- É ele t11na atraçào sexual se ex1Jlica por si mes1na e todas as
evidenre c�ue nc:src case> CJ psíqt1ico se identifica integral­ outras (le,1en1 ser interpretadas a partir dela.
mente co111 o consciente, já qtte a intuiç:1o presst1põe a Cor11 efeito, a tentativa de criar u1na psicologia com o
conscientizaçào direca das vivêr1cias pr<>prias. 1\.las há aincla at1xílit) do conceito de inconsciente te111, nesse caso, duas
I
t1n1 outro 111ét<)dc) em psicolc)gia c1ue, co,110 indica\'ª E. \'ertentes: por t1111 lado, te1n afinidades con1 a psicologia idea­
Spranger, cJl)e(lecc t:1111l)é111 a<) princípi(> que ele r11es1110 pro­ lista, j{t c1t1e se ct1mpre o preceito ele explicar os fenô111enos
põe, eml)ora siga <) can1inl10 i11\1Crso: o JJSicológico - psico­ psíquicos a partir (!eles n1esn1os; e, por ot1tro, Freud se situa
logica.n1ente. J> ara essa corrente, o psíc1t1ic<) e o consciente no terreno e.lo n1acerialismo ao introduzir a icléia ele u,11 forte
''
11ào sào sinônin1os. O cc>nceito ce11tral cl::1 J)Sicologia é o detern1inisn10 en1 toclas as 111anifestações 1Jsíq uicas, cuja
incr>nsci<:nle. c1t1e J)er111ile preê11cl1er as lact1nas da \'ida psí­ base fica reclt1zida ao ní\ el orgânico e l)iológic<> ou, e,11 ter­
1

quica, esral)elecer as co11exões cat1sais c1t1e faltan1, contint1ar n1os concretos, ao instinto de conservaç�1o cl�1 espécie.
a clescriçJo dc>s fenô111er1os psíc1uicos para alé111 d�1 n·1ente São, portanto, três as vias c1t1e se apresenta111: rent1nciar
n1as nos 111es111os tern1os, consi(leranclo c1ue a causa de\1e ter ao estt1do ela 1Jsiqt1e (retlexologia), ''estt1<l{l-la" através cio psí­
l10111ogeneidacle con1 a co11sec1üêr1ci�1, ou pelo 111enos estar c1t1ico (psicologia clescritiva)· e.c0nl1ecê-la através cio incons­
na n1esn1a linha dela. ciente (Fret1cl). Co1110 verenl<)S, s�1o três siste111as j)Sicológi­
J> c>rtanto, n1anté111-se a J)OSsibilidade da existência da cos total111ente distintos, qt1e rest1ltan1 de diferentes 111anei­
psicologia con10 ciê11cia específica. J\ilas essa tentativ:1 é en1 ras ele ter acesso �1 cor11pree11s�10 da 1Jsic1t1e e111 cada t11n
1
grande j)arte dupla. já c1t1e inclui clentro dela cluas te11dên­ •
' deles. Jft disse111os qt1e o clesenvolvi111e11to l1istórico ele
cias esse11cialn1ente l1eterogê11eas. Spranger ten1 razão ao nossa ciência conclt1zit1 esse prol)len1a para t11n l)eco se111
afir111ar c1t1e Freud, prir1ci1)al re1Jresentante dess�1 ceori�1, par­ saícla, cio e1t1al 11;10 l1ú ot1tra for111a <.le sair a 11;1<) ser re11t1n­
te tacita1ne11te do n1es111(> tJri11cípio que a psicologia co1n­ cianclo ao ft1ncla111e11t<) filosófico ela \1ell1a psicc..1l<>gia.
t
preensiva. ot1 seja, ele que 110 can1po da psicc>logia o conhe­ So111ente t1n1 enfoCJLle clialéticc) (lo JJrOl)len1a 11c)s revela
ci111ento eleve ser construído, se1npre qt1e ()OSsível, de for111a qt1e na pró11ria for111til�,ç�1c,, sen1 exceçàc>, ele to(los c>s pr<>­
puran1ente [JSicolé)gica. Digressões pre1natt1ras ou casuais IJle111as relacio11aclos co111 a psi<1t1e, a cc>11sciência e o i11c(.>11s­
110 can1po do anatô,nico ou cio fisit1lógico, ai11da qt1e pos­ ciente l1avia sielo cor11etielo L1111 erro. l:111 t<>clc>s c>s casos esta­
san1 descolJrir cor1exões psicofísicas e111 nível factt1al, não n1t)S cliante ele 1Jrol)l�111as forn1ula(IC)s (le n1�1ncira e(1t1ivocada
nos ajudarÜ<) a C<)n1preencler nad:1 . e c1L1e, por isso, são i11solú,,eis. A 11rc)ft111cla c.liferença L'11tre c)s



G IA
144 TEORIA E MÉTODO EM PS IC O LO PROBLEMAS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DA PSICOLOGIA 145

ps íqu ico s e fisíológ i�� s result a tot alm en te insupe­ lista, o psíqt1ic<> escapava ac) processo glolJal de qtie é parte
prol)lcmas .
ao passo que a 1rreduti­
rável para O pensan1ento rnetaf1s1co, i1 1tegra1 1te e era co11siclerado co1110 un1 l)rocesso i,1cJ epe1 1_
Lti lo
l)ili<la(le <.le uns ac>s c)utros não constit obstácu pa ra O (le11te qt1e existe paralelan1er1te aos processos fisicJlógicos,
11ens,1 111ent<> dialérico, acostumado a analisar os processos de se111 11enl1t1111a relaçàc> cc.>111 eles.
<.lcsenvc))\'in1ent<) por L1n1 lado como processos contínt1os e. E111 contrap�1rticla, o reconl1eci111ento ela Ltniclaele clesse
por outr<), co1no pr<Jcessos que são acon1panhados por sal­ pr()cessc) !)Sicofisiolt')gico con<.IL12-11os <)IJrigatorian1enre a
tos. pelc1 aparecin1cnto de 11<>\'as qL1alidades. L1111a exigê11cia 111etc>dolé>gica C<)n111letan1ente nova: 11ào
A psicc>lcJgia dialética parte, :intes d e n1ais nada, da 'uni­ (le\ en1os esll1c.lar <JS 1)rC)cessos !)SÍ<l L1ic<)s e fisiológicc)S de
1

<. l s pr<)cess cJs psíqL1ic os e: fisiológ icos. J > ara


a psicolo­ forn1a separaela, visto qlte, desg�1rraelos el<J conjt1nt(), corna1n­
<lac.le ei

gia clíalétic:1 a psique: n�,o é, cor11cJ expressara Spinoza, algo se l<)tali11e 11te incon1JJree11síveis; clever11os, portar1to, al1orelar
1
ciue jaz :ilé 1n ela n:.itureza, tirn Estadcl dentre> de OLJtro, 111as o processo en1 sL1a tC)taliela<.le, C> qt1e i1111)1 ica considerar ao
unia 11arte <la 11ré)1)ria n:1turc.:za, ligada diretarnente às ft1n­ 111es1110 te1111Jo c)s ,tspectos st1t)jeti\'OS e objeti\'OS.
.
cc,es cJ;1 n1atéría alta111cnre organi . za<.la de nc>SSC) cércl1ro. l N,1o <)l1star1te. asst1111ir a L1niclacle cio t)síc1t1ico e do físico
1\ssin1 C<>mc, (, reste> da r1atureza, nJo foi criada, rnas surgiu reco11l1ecenc.lc), e1 11 JJ ri111eir<J lt1gar, CJLte a psiqtte st1rgiL1 en1
nL1n1 prc>ce.ssl> <.le <lt-sc11,'<>l\1 Ín1e1 1tc>. SLtas for111as e 111l1rioná­ t1n1 cletermina<.lo nível de elesenvol\ri1 11ento ela r11atéria orgâ­
rias esr:ic> J)resentes cJescJc o prir1cípio: 11J. J)r{)pria célula \•iva nica e, en1 segt 111<.lo, qL1e os processos p.síc1L1icos co11stitL1er11
n1antên1-se as prc)prit:cla<.les ele n1ud::i r sc)l1 a intlttência ele L11na parte i11se1)ará\ el de co11ju 1 1cos 1 11ais con1plt�x<)S, fora
1

ações exter11as e <.le rc.' agir a clas. dos qL1ais n,1o exister11 e, porta11to, 11�10 pocler11 ser estL1da­
� �

En1 algu111 lugar. e111 u111 cJ 1:ter111i11:.1 <.I <> n í\re I c.le d ese nvo1 - elos, nào ele\1e nos levar a i<.ler1tificar o J)síqL1ico co111 o físico.
vinien tc> clt)s ar1i111ais. 1Jr<1c.lt1zit1-st· Ltn1a 111t1d:tn(:t qL1alítati\ra Esta ic.lentificaç,1o realizou-se J)Or dL1as \1ias: un1a clelas
no aperfeiçc>ar11entc> cl<)S !)í<.>cessos cerel1raís. qL1e, !)Or u 1 n é característica ela corrente ela filosofia ielealista refletida
la<.lo. fc.>ra prepar:1Ja l)C>r tocla a 111:1rcl1a 1)receclenre <.lo de­ nos tral1all1os ele E. 1\tlach; <1L1tra é própria e.lo r11arerialismo
senvc>lvin1ent<J e·. pc>r ot1tro, cc>r1stitt1 í;i L1111 salto en1 seu
• 111ecanicista e cios 1naterialistas franceses <.lo sécLilo )\.'V[II. O
curso, j:'t c1ue representa,·;1 o sL1rgi111t.>r1t<> ele L1n1a no,:a quali­ (1lti1110 po 11to de vista cor1siste e111 ic.le11tificar o 1)rocesso
cJaele, e1uc n:1<1 poc.lia ser reclt1zida r11eca1 1ica111ente a fenôn1e- 1)síqL1ico com o fisiol{>gico 11ervoso re<.IL1zin<.lo o J)rin1eir<.J a
este últin10. O resLdta<.lo disso é e1L1e e> t)rc>l)len1a <.la 1).siqt1e
11os 1 11ais sin111les. Se aceitarnl<)s L'ssa l1istóría natural da psí­
se a11L1la por co1npleto e se apaga e11tre o cor11JJ<.)rtan1e11t<)
e1ue con1preenc.leren1os tan1IJé111 a segL111da idéia: a psique r
t
psíc1uico SL1perior e as for111as a11ceri<.)res ele ac.lat)taç�1o <.I�,
r1:io <.leve ser considerada con10 t1111a série de processos
espt:ciai.s c1ue existen1 en1 algL1111 IL1gar n�1 qualid�1de de co1n­ psique. O testemunl10 indiscL1tível ela experiência direta
JJlen1entos aci111:1 e separados dos cerebr�1is, n1as con10 ex­ fica clestrL1ído, cl1eganclo a Lt1na co 11tracli\'ào ine\'it,1vel e
inconciliáv.el con1 todos os elac.los, sen1 exceç�1o, da ex1)e-
press:ic) .sul)jeriva e.lesses r11esr11os processos, con10 unia face­ . .... . ., .
t�� es11ecial, u1na característica qL 1alitati,,. �1 especial das fL1n­ r1enc1a ps1qu1ca.
ÜL1tra identificaçàc>, pró1)ria cl<J enfoque ele 1\lasl1, con­
{
çoes SllJJeriores de) cérel)ro.
· l'or 111eicJ eia alJstraçüo, o processo psíql1ico se separa siste e111 equiparar a vivê11cia psíqL1ica � 11or exen1plc), a sen­
0 se sul1trai do psicofis sação - co111 C) olJjeto real c<Jrresponc.lente. Co111<> se s:.ilJe, na
�_ iológico: 111as é ::tpenas no se io filc>sc)fia ele 1vlacl1, esse tipo <.le i<.lentificaç�lo leva ao reco­
deste <1ue a· <lc1t1 · ·11·, � · c.l'l,
,· ·1··1cad o e senti<.lo. A i111potenc1a
e s1gn1
\ elha rsicologia !)ara } nl1ccirnento <.la existêr1cia de elen1entc>s nos qt1ais 11�1c> se
: resolver o prolJ le111a psíqLtico decorria '•
po<.le elistingt1ir e> c>l)jetiv<> c.lc, sul>jetivo.
tn1 grande l)'trt ' t:• (1<) fato <.1 e que, devido seu enfoque 1<. • 1ea-

a
l
f

t
1'
'•
1

PROBLEMAS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DA


146 TEORIA E MÉTODO EM PSICOLOGIA PSICOLOGIA 147

ic a re nu nc ia a an 1l) as as icl tific ­ que a psicologia deva estt1dá-los· co,no um ,, nroce · .ss
A J)Sicol og ia cli al ét �� _ � , o t1, n1c · oe
os f1s1ol g1 - integral, tentando, dessa 111aneira. er1concrar uni-,, -
ç<>es. nüo cc)nf1.111cle os 1)rocessos 1)síqt1i�os C<)� �
1 .s.·11'da p.,1rc1,
e 1ca­ o tJeco en 1 qt1e se 111ete. Poderían1os recc)r(lar aqui a aclver
cos, rt'conhece <) carjter irreclt1tível da s1r1gular1dacl c1t1al -
iqu e e afirn1 a aJ) en as qt1 e os pr oc es sc) s ps ico lóg i­ tência feita por V. l. Lênin no li,·rc) 1\/nterittlis,nr> e C'ln
li\'J ela ps />iro­
c1·iticis1110 ( 0/Jras co111p!C?/c1s. t. 18, p. 150) sohrc tim.i inter­
cos sà t) t1,iicos. Cl1eg;1n1os, 11or consegt1inte, ao recc)nl1eci­
n,ento Je proccs:-os psi cofisiológicos si11gulares e úr1icos, precaç�1o errônea dess�1 fé)rn1tila. Lénin afirn1a c1tie a contra­
que constituen1 as fc1rn1as superiores de c<>n1portamento do posição entre o psíquiCC) e o físico é con1pleta111cnte neces­
hon1em. �,os qt1ais propc)n1os der1on1inar processos psicoló­ sária. n1a s dentro cios escritos li111ites ela fclrn1ttla<,:{ic.) das tare­

oicos ' diferentes cios psíc1t1icos e por analogia aos cha111ados fas gnoseológicas. e qt1e le,·:ir essa contraposiç:'io para fora
processos fisic1lógicos. de tais li111ites seri:1 t1r11 gr:1ncle L'ng:in().
J)ocler:1o faciln1ente nos 11ergt1ntar: por que não cl1an1ar :\ difictddade 111ctc)cit)lc\gica ela r>sic<)logia cc)nsistc· pre­
co111 esse eluplo 11on1e ()rocessos qt1e são psicofisi<>lógicos cisa111e11te e,n que SL't1 11c)r1tc> ele ,·i:-t:1 é cic·11tit1c<l-real. ont<)­
por sua natt1rez:1, con10 já recor1l1ece1nos? Cren1os qt1e �• lógico, e J)Or issc) t�ss:1 Ctl11t1�11)<>si1;:1t1 seria un1 crr<>. :\ssin1
razjo princi 1)al consiste er11 qt1e cl1an1á-los ele psicológicos con10 11a ar1álisc gnost·ol{>gic:1 tlé,·cn1c).s c<)ntr:i 1)c)r rigi c.l:1-
i111plica t1n1a opção n1ecoeiológica con1 a qt1al podcr11os al)or­ n1ence sensaç,ic) e ol)jc·co, n:1 t)Sic.'<)lê>�ica 11:ic) c.lL·,·cn1t)S cc>n­
dar �1qt1eles processos que a psicologia estt1cla e, con1 isto, trapor o processo 1)síc1t1ico ac) l'isi<>l(°>girc>.
esta111os sul)lir1l1anclo a possil)iliclacle e a necessiclacle de t1n1 -rente111os eXJ)i<)rar agc>r:1. sc1I) t:ss:1 J)t:rs 1>1..:c1i,·a, :-.e :1
ol)jeci,,o (1nico e i11tegral ela psicologia co,110 ciêr1cia. Jt111to aceitac,lo c .lessa 11:.·se 11c)s <1fc'rl.'cc :tlgt1n1:1 :,;aítl:1 r):1r:1 <) l>t:C<>.
con1 isto e sen1 qt1e coincida con1 ele tan1l)é111 polle êxistir o (01110 se sal)t•, :1 psicc>l<>gi:1 tr�1llicio11.1l ai11c.l:1 n,1<> c11cc>ntr<>u
)
estudo 11sicofisiológico: a fisiologia psic<>l(>gica ot1 a f)Sicolo­ t1n1:1 �()lt1r,-1c) 1 ):1r:1 c.lc)i:,; ()l'<)l)lt..·111:ts: C> c.1�1 i1t1r)c>rl:111ci:1 l)i<)lúgi­
gia fisiológica, c1ue co11siclera co1110 taref�1 es11ecífica estal)e­ c:1 c..l:1 ()Si<1L1e e <) ele> csclart'cin1enl<> <. l:1:- C.:<>11c.li(c)es l'lll llUe a
lecer as conexões e clepenclências existentes entre os clois ati,·itlac.le t'ercl)r:11 l"<>lllt'\':I a SL'r ac<>n1 1)anhacla !)t>r fenõ111e­
gêneros ele fenôn1eno.
..... nos J)Sicc>l<>gic<>S. l'essc,:1s 1j<> :tntag<>nicas ct>lll(> <> t>l)jt•ti,•isra
De fatt), en1 nossa psicologia con1ete-se co,11 freqüência \'. 1\I. 8(·kl1tcre,· e o sul1jetivist:1 K. llül1IL'r rec<>r1hecen1 (lllt'
t1n1 erro i111portante em relação a esse 11rol1le111a. Essa fé)r- nacla sal)en1os d:i fur1ç:1<> l)ic>l<'>gic·a lia J)Sic.1t1c. 111:is <-l lll' r15t>
111ula clíalética ele t1niclatle, 111as r1ào ele icle11ciclacle, e11trc os c.·al>e �1cln1itir c1ue a natureza cria diS()<>sitiV(>S supc:rfluc.).s e
processc>s psíc1t1ico e fisiol()gicc), é 111uitas ,,ezcs i11terpretacla q tte. co,11o 3 f)Sic1 t1 e surgi LI no !)rc JCl'SS< > c.1�1 evc,l uç�lt), licve
eqt1ivl1cada111ente e leva a cc)ntraJ)<Jr C) psíc1t1ico e c1 fisiológi­ dese1111)enl1ar algun1a funç:ic), rnc:sr11() que esta n<>S seja total-
cc>, C> c1ue, por st1a vez, suscita a icléia e le qt1e a psicol<1gia 111ente ir1compreensí,·el até ag<Jra.
llialética eleve ser cor1stitt1ída pele) cstttclo pL1ra111ente fisioló­ J>ens,tmos que o caráter insol(1vel tlesses 11rol)lcn·1as
gico dc)s reflexc)s cc>nclici(>nadt>s e pela análise intrOSJ)ecti\ a, 1
decorre de um a formt1laçào ec1ui, rocada. É al)surd<) arrancar
qL1c se une,n n1cca nica111ente entre si. N:1cJ se pocleria conce­ prin1eiro uma determinada qt1alidadc <le un1 ()r<)ces�<> inte·
l)er nacla ele 111ais anticli�tlélic·o. gral e depois .se perguntar s<Jl)re suas ft1nçc)es c:<>mo Sl' l'Xís­
A origin:1liclacle <la J)Sicolc>gia clialética consisle jt1sta- de) pr <>c es sc> int eg r, , 1
tisse po r si. totalmente inde pe nd en te .
111e11re na tentativa <le tleter111ina r ele 111oclo co111pleta111e11te
do qual é unia propriedade. É absurdc>, por exernJ)I<>. <l�p JIS
c

n<)\'() seu f)l)jeto ele estuclo, que n�lo é ourro se,,�lo o proces­
lra r l se u ca lo r. at rib ui r-lt1e t1m sig ní fic ac lo ,n<le-
de sep� do so _
sr1 i11te.�ral e.lo con1portamento. l:ste .se caracteriza pc)r cor1tar . ·a do te m e <j U l' ac a<J

' pe nd en te e se perguntar qu e s1g n1·f·c
1 ·
ra11t<J c<11n C(>t11po11e11tes psí(1t1icos qL1anto fisiológicos, ainda
pocle exercer esse calor.
••
•••

.J

TEORIA E MÉTODO El\1 PSICOLOGIA PROBLEMAS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS


148 DA PSICOLOGIA 149

l:. il<) c...'tit:intt), J 1 )rt'cis:1n,c11tc :1ssi111 <-lllc a 1 ) sic<)lt1gia ft111<.la 111L·11tal tia j)Sicol<>gia clialétic·•, C<)i"s
•· ·,·st"..... prec1san1entc
t
en1 clesC<)l) rir .t ront'xào sig
1

:igitt :ité :t �<)r:1. I)cSL'<-'l'lrit1 :1 ,·ertL·111c j)SÍ<.ltti<.::1 �tos fl'll()t\lt'� 1 · nificativa entre ·,s · · p·• ...rtes - () te,do ''
11�s e...' 1..lt..'l):)iS 1e11tclLt clc111<)11str�,r <.Jttl..'. 11�1<) scr,·c.· j ):tr:1 11ac.la,
, e
e111 sal)cr Cl)nsicle ra r e) 11rocesso j)Síc1uico en1 con�·x-- 0 ··
'--' ,1 orga-
111 ca nc)S l11111tes ele t1n1 pr()Cesso integral n1ais con,plexo. -
. . .
CJllt..' t'S S:I \" L't"lt.'lllL' ()SÍqt1ic:1 é i11l':l()�IZ c.lc () t"()llttzir j )()t" si
,
n1esn1:1 a n1cnor 111t1cl:111ça 11a �,ti,,idacle c.·crel)r:t 1. 1\ j)t"Ó()ria Nessa linl1a G. V. ]> lékl1anov (1956, t. 1, p. 75) al)rit,
0

t

forn1ulaç�10 ela qt1est:1c) c11c·erra a falsa st1posiç�10 ele c1t1c os l


. in1portante elebate sol)re se os processos psíquicos podem
fenôr11eno:- psíqt1icos 1)oele111 i11tlt1ir sol) re os cerel)ra is. l� •' 1
inflttir nos corporais. Em todos os casos em qt1e se fala da
al)st1rdo pergt1ntar se essa qt1alidade poc.le attrar sol)re t1111 1
inflttência cio s pro ces sos psíqt1icos (como o terror ' uma .•'
ol)jero (lo qt1al é qualic.lacle. grande ang(1stia, icnpressões penosas etc.) nos corporais, os
A pré)pria l1ipótese de qtre e11tre os ()rocessos ()Síc1t1icos 1 fatos se transmitem, em sua maioria, de forma fiel, n1as a
1
1

e os cerel) rais possan1 existir inter-relações aeln1ite ele ante­ interpretação qt1e se clá aos mesmos é falsa. Natt1raln1ente '
1
1

n1ào a idéia ela psiqt1e con10 un1a forn1a r11ecâ nica especial, em todos esses casos não é a i111pressào, nem o aro psíqt1ico
1
qt1e na opi11iào ele u11s é capaz de agir sol)re os processos en1 si (o ardente elesejo de co111er, co1110 dizia Pávlov) que
cerel)rais e, na OJ)i11iào de outros, pocle fazê-lo apenas e!e influencia,11 os nervos, 111as é o processo fisiológico corres­ l
forn1a paralela. Tanto a doutrina do paralelisn10 qt1anto a e.la pondente a essa in1pressüo, qtte constitt1i com ela t1n1 to(lo,
J i
aç;1o recíproca encerran1 essa falsa pre111issa. So111ente o 1
qt1e condttz ao rest1ltaelo c.le c1t1e fala111os.
f
1
conceito n1onista ela J)sique pern1ite forn1t1lar de f or111a total­ No n1esn10 senticl(), A. N. S iévertsov• fala da psique co-
n1ente diferente a c1t1estào de set1 significaclo l)iológico. 1 1110 a fcJrn1a stiperior (le aclaptaçà<) cios anin1ais, referindo­
l{epetin1c_)s n1ais tima ,,ez: se sep:irar1nos a psiqtte dos •
se, r1a verdaele, ni1o aos processos psíc1t1icos, n1as aos psic<)­
process<>S de c1ue é parte integrante, não cal)e perguntar para )
l lógicos no ser1ticlo qLte CX()licamos acin1a.
c1ue serve, que papel dese1npenl1a no prc)cesso geral e.la vi(la. 1
É falsa, porta11tc), a icléia e.la açüo n1ecânica (la psic1t1e no
De fat<), existe u,11 processe) psíqt1icc> eler1tro de uma configt1- cérel)ro, aprcse11tada pela perspectiva traelici<.1nal. Os vel11os
1

1
1

1
raçà<) <.:<)n1plcxa, dentro ele tim processo únicc.) c.le <.:on1porta­ psicólogos consicleran1-na como ttma segt1ncla força, q t1e
1
1

me11to, e se quisermos compreender a ft1nçào l)iológíca e.la e xiste jttnto cor11 <>s processos cerel)rais. Co,n isso esta,nos
1
1
psique c.leven1os nos perguntar sc)l)re éSse prc,ccsso en1 stta cl1ega11do ao ponto ce11tral de nosso problen1a.
totalidade: c1t1e fu11çào cumprem na ac.laptaçào essas f<>rmas Como já indicamos anterior,nente, 1:-- Iusserl ton1a como
de con1portamento? Ot1, dite> de outra n1ancíra, de,,en1<>S nc,s
1
ponto ele particla a tese de qtte na psique elin1ina-se a clife­
perguntar sol)re o significado hiológic<> nà<) e.los J)rocessc)s rença entre fenômeno e existência: basta adn1itir isto para
psíqu icos 111as dos psicológicos, e então e) ins<)lúvel prol)le­
1 que cl1eguen1os, por unia lógica inevitú,..el, à fenomenolo­
n1a ela psi que, qtte. p()r um lado, não pc)de ser t1m epifenô­ gia, pois então na psique não existe diferença entre o que
meno. t1111 apêndice supérflt10 e, por outrc>, nàc> poc.le se eles­ parece e o qt1e é. O que parece - o fenômeno - é precisa-
'
locar nen1 t11n 111ilír11etr() tio céret)ro, terá sidc> resolvic.lo. 1
Cc)1110 diz l<<Jffka, os processos psíqtticos ínc.lícan1 co111
- ·
!,OVit:tico. E n1
1. Siévensov, 1\leksiéi Nikoláievitch (1866-1936). Biológo
seu trabalho E1•0/11çao e ps1q11e ( ll'2 '/ J) l!,.l 0!,· proccdi1nentos' de ad:1pt. · 0
_
antecí1)a(ào as con1plexas cc)11fígurações psicofísíc)lé,gicas ele :1ç;1
. e. n1uc1.anç.,.is no e.:,01111)on·unt·nto do!>
- ana1·" .
�t1e eles ,nesmcJs fazen, parte. Esse ponto <le vista 111onista . 10 ao n1e1. 0 1ned1ant an1n 1:11s
dc1 organ1sn
·s.
- 0s n1c:c., :...in,· :-·n1 os· ind ividuai� do cc..llnpun�•-
integral C<Jnsiste precisan1ente e111 analisar t11 fenô .
e ( <.::-
scn1 que SL' altere sua organ1zaçao.
n 111enc> ecn
'
hc. . 11lle , n ,·1� e·
, n1n no .
<.: • :-tl'n(1;1 e c.lao
st,�1 lotalic.laue cc>1no u111a configuraç n1en10, :io alcan<,.;aren1 seu gr.1u 1nax1n10 . · cJ , 1 • ·e 1 1,·L1lvín 1e ._
. .• • ., ,
• lug.11. :., t_n.1 .
ão e su as partes (·0010 ! . . .. , , 1·
1ço , cs. d • cxi
• .
elen1entos c_)rg·,-, 111· co , s ( 1a 111esc11a. Por consegt1ínte, a ta re fa 1
gur.1111 sua adap1aç·· :1<) :1 qu a1:- qt1t: r l on l
.
_ . l - o 1ne10 <l··' lll , ltur .i
• e da c1 v1ltzaçau. t h. RJ
N.
• .
ç:io do ch�1n1ac.lo n1eío :1rultc1a
r.

, 1
'

150 TEORIA E MÉTODO EM PSICOLOGIA


PROBLEMAS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DA PSICOLOGIA 151

,nenr<:· a verda(leira essência. l{est:1-11os apenas co11statar es­ })ode parecer-11os que fazen1os algo por un1a cat1sa deternii­
sa essência, analis:í-la, (lifere11ciá-la e siste1natiz(1-la, n,as nacla, n1as na realiclade a causa é ot1tra. J>odenios supt)r,
ac,ui a ciência de caráter en1pírico nada te1 11 a fazer. con1 to(la a cc)nvicçào que nos dá a VÍ\'ência direta, que go­
K. J\farx diz, en1 relação a un1 prol)len1a análogo: ··e ... ) se
za1nos de lil)erclacle (!e vontade e nos eqt1ivocarmos cruel-
a essência das coisas e st1a forn1a ele se 111:1nifescar coincidis­ 111e11te a esse respeito. Cl1ega1nos co,11 isso a ot1tro prol)lema
sen1 cJirecan1e11ce, toda ciência seria supérflua .. (K. l\'larx e F. central e.la psicologia.
Engels, Ol,rc1s, e. 25, p;.1rce II, p. 384). Cc>r11 efeito, se as coisas 1\ \ elha psicologia identifica psique e consciência. Por
1
fossen1 direra111ente o que parece111, não seria necessária ne­ conseguinte, tc>(lo o psíCJLiico era ao n1esmo temJ)O cons­
nhun1a pesquisa científica. Essas coisas de\1erian1 ser registra­ ciente. l'or c:xc:n1plo, os psicólogos F. Brentano, A.. 13ain e
das, contad:.is, ,nas não pesc1uisadas. Situação análoga é criada outrc>s afirn1a\1am c1ue a c1t 1 esr.Jc) da existência c.le fenómenos
na psicc)lc>gia, quando se nega a diferença entre o fenômeno e psíquicos inconscic.:ntc:s era CC>ntradité,ria em sua prf>pria
a realiclade. Onde esta coincicle diretamcnLe co1n o fenê>111eno definiçà<>. 1\ pr<)prie<la<le primeira e n1ais direta d<> psíc1uíco
não l1á lugar para a ciência, apc:nas para a fe11omenologia. é CfLJe temos c<)nsciência disse,, o vivemos, é-nr>!, dado na
Pela interpretaçúo tr;idiciunal da psicJLie era tot::il111ence experiência direta interic>r, e por isso a própria c:xpress.Jo de
in1possível sair desse atoleirc>. l:ra al)st1rdo até n1es1110 for- .,
"psic1ue inc<>nsciente parecia ar>s velhos autcJre.s tà<> al)sur­
1nular a c1uesL:10 de c1t1al a distinç;io r1ue .se deve fazer na da quant<> a de "quadrad<, r<:<l<>ndo" ou '"água seca�.
f)SiCJUC.: entre fc:nõmeno e existência. 1\tlas, uma \'ez n1udada Outr(>S aut<Jres, ao C<>ntráric>. ha\.-'Ía muitc, se cc;ncentra­
a perspt-cti\'a, no .sentido dt- que os pr<)cessos psicc>l(,gicos vam <:m três f at<>s príncipa is, que <">S <)brigara a intr<Jduzír
substituíra111 <>S psíc1uicos, po<.Je1nc>s taml)c.:111 aplicar em psi­ 1
cm psic<>lcJgia <> C<JnceiL<> de ínc<>nscic:nte.
li
C<)logia
,. esse critc:rio de L. Feuerl)acl1: nt:111 mesmc> no pensa- O prirneir<> fatr, (.·r;nsi.>' tia em c1ue a prf>pría c<>nscíéncia
mc:nto se destruiu a diferença entre fcn{,menc> e realidad e: ; d<>S f<:nê,menrJ.s t<.:rr1 grau-; dív(:r�<,<,: é.llguns ·_.·i\·c:m-n(,., rnaí.s
!
'

c::in1IJém n<> pensamt.:nl<> é preciso distinguir entre CJ pensa- c<Jnsciente <.: claramente, <>utr<>.,, mc:n<JS, f::-:íc,t<.:rn C<JÍSa<; c;uc
mento e o pen..,amento do pensan1enL<>. 1 se cnc(Jntr..im quase n<, prfJpric) lírnit<: ela C.-<Jn:<>cít:ncia e que
1
Se levarmo.s em c·onta que o ulJjet<> da psicol<igia f o entram e sac:m de seu camp<> cc,m rnuíta facílídad,:, exi.,tc:m
prc>cesso psic<>fi.-;ic)lógicc) integral d<> cc>mpcJrt�imentc>, pare­ f c<>ís.is das <1L1ais LemcJs uma v..iga C:(>n.-;cii:r1ci..1, t.:xist<.:rn ím­
ce evjdentc: que nàc> se pode defi 11ir este cun10 um cc>rnp<J­
nente exclu.si\1 an1ente JJsíquico. c1ue seja alén1 disscJ incer­
i prt:sstJes vivas, lígac.las m..iis c,u menos estrc:í1an1<..:nte a<) i,ís­
tema real dl! vivénc.:ias, pc>r exernpl<>, os .s c,1)hc>)>. P<_)r cc;nsc::­
pretad<J por urna determinada autoperC<.:J)ÇàCJ. l)e fat<), a in­ gt1inte, afirmavan1 eles, <J Í<.:n{>rnenc> nà<J se: trar1sÍ<Jr1na 1.:,n
trospecçàc, n<).S prC}J)Orciona sen1pre dad<Js da �1utoconsciên­ mc:n<>s psí<-1t1icc) pel<> fatc> c_lt: se t<Jrnar rrien<>S cc.,n�c·ic:nte, i\
cia que pc>den1 dc:forrnar, <>u inevíta\'elmente o faze1 11, os 1 partir daí c�iegavam à c<',nclusàc> c.le (1ue t pc_,ssívt:I a<lrnitír
dados da cc>nsciéncia. Estes últirn<JS, por sua vez, nL 1nca des­ tamh0rn fenf>n1<.:nus psíc1uícc)s ínc<>n'>cientes.
vendan1 por co,npleto e diretamente as prc)priedades e ten­
', Outr<J fato cc>nsiste em c1t1<.: dentro c.l..i pré,pria vida psí­
dências de todo <J processo integral ele Cjue fazen1 parte. 1\s 1
c1uica se n1anifesta urn cc:rtc, c<>nfrc,ntc) de dífc:fentl'!'> clemcn­

t
relações entre <JS <lados da autocc>nsciência e a consciência, tc>s, a luta para entrar n<> canlJJ() e.la cc,nsciéncia, <1 deslcJca-
entre CJS desta e o processo sàc> í<lêr1tícas às relações entre o 1ner1t<> de.· uns elernentc,s pc>r <Jt1trc>.'>, a te11c.l<':ncía ú rcnc,va­
,
fenón1encJ e a realidade. çào, ús vezes ::i repetiçâc, í11<>J><>rtl1n:1 <.'. ;.issi111 J)<>r c.líar1t<.:.
;\ 11ova psic()l()gia afir,na rotun<la111ente CJtlC tarnf)C)llC() J. l·ferl,art, c1ue recll1zia a vicia J)Sí<1t1íca ;) c<Jrnplica<.la 111ecâ­
nu 111undo da psique coincíde1n o níca e.las rer>resenta�:c)es, clistingL1ía ta,111)6111 as reprcscnla-
fe11ô 1neno e a realídac.le.
OGIA
152 TEORIA E MÉTOD O EM PSICOL PROBLEMAS TEÓRICOS E METO
DOLÓGICOS DA PSICOLOGIA 153
, 111asca1.aclas , , oti in co ns cie 11t es ' qt 1e aparecian1 en1 decor- so e no con1portamento, onde ·sttrgem o
çoes , .. ·:. ·, , .a, . . ,s processos ps,c · oI'o-
cio ca1 .
11�1< ) d.1 co1 1sc 1en c1,1 el a , . ,
re11c1a e1e s·eu cles- loc•a111e11to . g1cos 1ntegr, �1s. e n a o l)t1scar finaln1ente
A

_ O surgimento do

· U,a\ra• 111 e,·," ·sti11clo �c)b o li111 iar ci.1 co1 1sc 1e 11c1a co1110
A •

processos ps1qt11cos no seio elos processos s


e C<.111l!O · nervosos.
tiina ter 1ctê ,ic ia à re1 )re se1 1ra çà o. Aí se e11 co 11tr a, ()Or t 1 111 Qt1em � ai� se aproxima disso é Pá vlov,
1 - c1uanclo cc)mpa­
lado, de for111a e111IJrionária, a teoria de S. �ret1cl, segt111clo �1 ra a consc1enc1a C<)n1 t1n1a mancha lt1minosa qu
e se move
qual O inco,iscience st 1 rge cio clesloca111e1�to, e, 1�or ot1t ro pela st 1 perfície cios l1emisférios cerebrais, ele acor l
c o con1 a
lado, a teoria de li. Hõffding, para qt1en1 o 1nco11sc1ente cor­ excitação nervosa ótima (1951, p. 248).
resporide à e11ergia potencial e111 física. Na psicologia tradicional, a qt1estào principal no pro­
o terceiro fato consiste no seguinte. A ,,idél psíqu ica, bl em a do inconsciente consistia em reconhecer o incons­
conio já foi dito. supõe u111a série de fenô111enos excessi,,a­ ciente como algo psíqt1ico ot1 como algo fisiológico. Autores
menre fragn1entários. que exigen1, natura ln1ente , ad111iti r

1 con10 H. � ·Iünsterberg, T. Ril)ot e outros. que não viam outra
que continuan1 existindo inclusi\·e quando não reinos n1ais ! possilJilidade de explicar os fenômenos psíquicos a não ser
consciência deles. \'i algo: depois. passado certo ten1po, '• atra,·és da fisiologia, n1anifesta\'am-se abertamente a fa\·or
len1bro disso e surge a pergunta: o que aconteceu con1 a 1 do reconhecin1ento fisiológico do inconsciente.
reoresentaçào desse objeto durante o ten1po en1 que não . im, �lünsterberg (1914) afirn13 que não existe ne­
..\ss
n1� Ien1bra�·:1 dele? .-\ psicologia nunca colocou en1 dú\·ida nhu m traç o entr e os que são atrib uído s aos fenôn1enos
que no cérebro se consen·a un1 certo rasto dinân1ico, mas inco nscientes en1 que algué1n possa se basear para poder
correspondia o fenômeno potencial a esse rasto? �luiros incluí-los entre os psíquicos. Em sua opinião, nen1 mesmo
pens::1,·:1n1 que 51n1. naqueles casos en1 qt1e os processos subconscientes n1os­
_-\ panir daqui coloca-se un1a questão n1uito con1plexa. tran1 unia n1anifesta utilidade, existen1 fundamentos p;.1ra
pois desconhecen1os ::1té agora as condições en1 que a cons­ i atribuir a eles urna natureza psíquica. A ati\·iJade cerel)ral
ciência con1eça a acompanhar os processos cerebrais ..Assin1 1 fisiológica, diz ele, não apenas pode dar resultaàos frdnca-
como no caso do significado biológico da psique, a dificul­ ! 111ente racionais, mas é a única capaz de fazê-lo. A ati\·idade
dade do problema está em sua falsa formulação. Não se psíquica é totalmente incapaz disso; por isso, J\ ,tünstert)erg
pode perguntar em que condições começa o processo psí­ cl1ega à conclusão geral de que o inconsciente é um proces­
quico a acompanhar o ner.·oso, porque, em geral, os pro­ so fisiológico e que essa explicação não deixa lugar a teo­
cessos nervc)sos não são acompanhados pelos psíquicos, rias místicas, às qt1ais é fácil chegar partindo do conceito da
mas estes formam parte de um processo integral mais com­ vida psíquica subconsciente. Em suas próprias pala,rras, u1n
plexo, do qual também faz parte, de maneira orgânica, o dos méritos não menos i1nport<1ntes da explicaçüo fisiológi­
nervosc). ca científica consiste precísan1ente em que serve de l)arreira
}) or exemplo, \r. tvl. Békhterev (1926) sL1pL1nl1a que so­ contra a penetração dessa pseudc>filosc)fia. No enrant<J, J'vtüns­
mente qt1andc) a prin1eira corrente, ao se expandir pelo terl)erg acl 111ite que se de\'e utilizar a terminologia psicológi­
cérel)ro, tropeça con1 um ol)stáct 1 lo ou enc(Jntra umél <lifict1l­ ca na in\restigaçào cio inconsciente, con1 a C<)11di�·àc) clc ql�e
_ _
dacle, so1nente então a co11sciência começa a traball1ar. Na os ter111os sir\,arn apenas de etiqueta para l)r<> cessos f,s,olo-
. • .. l)e r 0 afir-
\'Crclac.le, a pergt 1 nta ten1 de ser feita ele outra f<)r1n�1: em qt1e g1cos ner,·osos extren1an1 ente co111p 1 , •
exo ·
s. tv
. l u 11s
· ter
ª
r,
.
conclições st1rgen1 CJS co1111)lexos processos caracterizadcJs 111 a qt1e, e111 tern1os concretos, se tivesse qt1e escre\'er his­
tória d e tima mull1er na qt1al se ot)servara t1111 clesc.lc>l)ran en-
1
pela presença neles da parte psíqt1ica? J>ortanto, é preciso
l)tiscar deter,ninadas conclições co11 jt 1 ntas no síster11a nervo- ns1c 1era ·.
rtcl tod os- c)-s pr oc cs sc >s su l1c c>11s -
to ele consc1enc1a, co
• A •


LOGIA
154 TEORIA E MÉTODO E M PSICO PROBLEMAS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DA PSICOLOG.IA 155
· orno r ·' 1' o gic
lo' os ma s pa r:1 ma i<)r co1 11o did a (le e le case.) o inco11sciente 11.10 ()ferece unia explic�1ç:10 rl:aln1e11-
cientes e 1 .:.
·

arez a de scre ve ria nc ) idic)n1 a da p si co logia. ll' científica.


cl r>s
Em uma coisa !\.fünsterberg tem indul1ita,,elmente razão. Não se co111prccn(le cor110 essa coisa irreal exerce ac,
A explicaç ão fisíológic:i do subconsci
ente fecha as portas rnes111<.) ten1po un1a inflL1êr1cia l[1C) claran1ente real co,nc, é
para as teorias n1ístic:1s, ao passo q ue, _
e� c�ntr�partid:i, o l1111 ate) ol)sessiv<>. O prol)le111a n1erece ser estudaclo, pois,
rec<)nl,ccimentrJ de qL1e o subconsciente e ps1qu1co le\'a de entre tocJas as concepções <l<> inconsciente, a reoria de FrClJd
faro, con1 frec1ül-ncia, crJmO no caso de E. l l- artmann. a uma é L11na elas n1ais co1nplexas. C<.>n1c) veren1os, para Frel1<l e,
teoria 01ísrica, c1ue adm ite a ex isténcia da pers c>na I idad e incc1nsciente é, por L1n1 la<lo, algo real, c1ue de fato provoca
cc)nscie nte jL1ntcJ con1 a do scgu ndcJ "ego", construído de L1n1 ate, ol)sessi,1 <), 11ào é si1111)lesn1ente ur11a etic1t1eta ou uma
acorde> cc,n1 a mesr11a ín1agem, e que, falando com J)roprie­ forn1a (le express,1o. Nisto parece estar decisivan1cnte contra
dadc, é a reencar11ação da \1ell1a idéia de alma , só que nun1a a tese (le ivl(insterl)erg, n1as, por OlJtro lacto, nào explica
nova e 1nais cc>nÍLt�a redaçà<,. c1L1al é a natl1reza e.lesse alg<) inconsciente.
Para c1ue nossc) rC'SlJ1110 sej�t ccJ1npleto e para qL1e se E111 11ossa <>piniào neste caso Frel1<I criolt u,11 conceito
possa avali:1r aclc.:c1uan1en1e a nova proposta de S<)luçào, cle­ c.lifícil de concelJer vist1al1nenle, algo qt1e ta1nlJé111 se dá con1
\'em<>S lernl1rar qt1e a vcll1a psicologia air1da disp<'>e de un1 freqC1ência nas teorias físicas. 1\ idéia (lo inconsciente, afir­
terceir<) carninho par::i ex11lic�1r <) J)rol)ler113 do i11co11scicnte, rna Freud, é, ele fato, tão in1possível qt1anto o é a do é.ter
preci.-;an1cntt� <) CSC(Jll1i<.I<) pt)r FreLtd. Já fal;:i111<)S cla dL1ali(la­ sern gravi(lacle qL1e não prodltZ atrito. É t,lo inconcel)ível
<le de) 111esn1c,. Frct1<.I 11:1<> resc>l,1e :1 CJt1cstJ<> princi11al, insol(1- con10 o conceito n1ate1nático "-1". En1 111inl1a OJJiniào, pode­
vel 11a vc:r<13de, <lc se <.) inco11sciente é Oll 11âo psíqLtico. Diz mos lltilizar tais conceitos; n1as é preciso con1preender qt1e
Cjllt' :1c, investigar o cc)n1pc.>rtan1e11lc) e as ,,ivências dos doen­ nos referin1os a conceitos al)stratos, não a fatos.
tes ncrvosc>s trc>pe�a con1 tletern1i11a(las lacL1nas, con1 co11e­ ivlas é precisa111ente este o ponto fr�1co (la psica11álise a
xt'>cs c)111itic.las, t'S<ll1ecin1enlc1s, (JLIC cor1seguia recsral1elecer qLte se referia E. Spranger. Para Freucl o inconscie11te é, por
f)Or 111eio <la :111:'1lisc.:·. l1t11 la(lo, L1111 procedi1ne11to para descrever fatos cor1l1ecic.los,
FreL1cl f:ila ele L1111a pacie11te CJlle realizava aros obsessi­ ou seja, L1n1 siste111a (le conceitos co11,1 encio11ais; f)Or outro
vos. cujo sig11ificaclo er:1 (lesconl1eciclo ()ara ela. A análise lado, 110 entanto, insiste e111 qL1e o inconsciente é u111 fato
clescol)riu as J)re111issas (ie <)11de cleri,·a\1ar11 esses :tros 1n- qLte exerce L1111a inlluê11cia tão clara co,no u111 ato ol)sessivo.
O I)róprio frel1c.l afirma e,11 outro livro CJLJe substitL1iria com
conscie11tes. Nas J)ala, ras (!e l;rel1cl, co1111)orta,,a-se exaca­
1

prazer todos esses ter111os psicológicos por outros fisiológi­


n1ente ela 111esn1a 111aneira qL1e a pessoa l1ipnotizada a qt1em
1;. 13ernl1ei111 sugestionara parJ que cinco minutos depois �e cos, mas que a fisiologia atLtal 11ào lhe perrnite diS[)Or cios
conceitos necessários.
despertar al)risse u,n gt1arda-cl1L1\:a na sala, e que cun1pr1a
A nosso ver, esse é o mesmo ponto (le vista expresso de
essa sugestão estando desperta, sen1 ser capaz de explicar o forma consec1üente por E. Date, qt1ando defe11de qLte as
n1oti,·o de sua ação. Ante sen1ell1ance estado de coisas, conexões psíquicas e os atos ou os fenô111enos devem ser
Frel1d fala da existência de processos espirituais inconscien­ explicados partindo precisan1ente c.le co11exões e atos psíqui-
tes. Freud afirma estar disposto a renunciar à l1ipótese de . .. . .,. .
cos, mesmo que para isso as ,,ezes se1a 11ecessar10 recorrer a
sL1a existência somente se aloué111 b
for capaz de descrever hipóteses de certa an1plituc.le. Por isto, as interpretações e
esses fatos con1 maior rioor b científico· �1té lá continuara analogias fisiológicas J)C)de1n apenas ter um valor at1xíliar ou
insistindo nessa tese e encolhe os ombros surpreso, renun- pro\risoriamente hetirístico para as tarefas ex1Jlicativas e hi-
ciando a con1preender, quando lhe replicam que no presen-
156 TEORIA e MÉTODO EM PSICOLOGIA PROBLEMAS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DA PSICOLOGIA 157

pócescs da psicologia; as r�oria� e hipóteses psico ló gica.s te. É actLti jLtstan1ente que se situa o problema. A (1 lcin1a per­
. _
representan1 apenas a cor1c1nL1a.çao � ental da descr1çao de gL1nta pocle ser for111ulada assim: ad1nitan1os que o i 1 1cons­
_
fenô,nenos homogêneos no 111esn10 sistema independente da cie11te é psíqLtico e goza de todas sL1as propriedades, embora
realiclade. Portanto, as tarefas da psicologia con10 ciência 11ão constitL1a unia vi,1ência consciente. J\1as, será que tam­
indepenclente e as exigências teórícc)-cogníti,,as ll1e atribuen1 bén1 o fenô111eno psíquico consciente pocle produzir direta-
a obrigaç�1o de con1bater as tentati\,·as usurpacloras da fisiolo­ 111ente ações? f)orque, como já dissen1os, em tc)dos os casos
gia. de não se desconcertar com as lacunas e inten,alos reais e1n que se atrit)L1i L 1 111a ação aos fenômenos psíqL1icos, dize­
ou iniagi 1 1ário.s no âmbito de nossa vida espiritual consciente rnos qL1e esta foi realizada pelo processo psicofisiológico
e tentar preencl1é-los nos elos ou n1odificações do psíquico, integral e nào apenas por sua parte psíquica. I>or consegL 1 in­
que não são ol)jeto da consciência total, direta e pern1anen­ te, o próprio caráter do inconscie11te, que consiste em influir
te, ou seja, 110.s elementc>s do qL 1 e denon1ina subconsciente, nos processos conscientes e no comportamento, exige que
pouco consciente ou inco11sciente. seja reco11l1ecido como t1m fenôn1eno psicofisiológico.
No entanto, na psicologia dialética o proble111a do in­ Ül1tro problen1a que se nos apresenta é qt1e para des­
consciente se coloca de u1 11a for 1 11a totalmente distinta: era crever cleterminaclo.s fatos ten1os de empregar conceitos que
natL 1 ral c�ue a c1uesrào "é J)síqL 1 icc) C>u fisiológico?" se for111L1- corresponclam ,1 natLtreza cleles. Para resolvê-lo, o ponto de
lasse ali 011de o psiquice) era consideradc> con10 absolt1tamen­ vista clialéticc> afir,na qL 1 e o inconsciente não é nen1 psíqt1ico
te clesgarradc> dc.>s processos psicol(>gicos e ele CJL1alc1L1er fenô- nem fisiológico, 111as psicofisiológic<.), ou, senclo 111ais exa­
1T1encJ. NcJ segu11clc> C:lSO, o J)rol)le111:1 cio i11consciente se tos, psicológico. Essa clefiniçào ajL1sta-se à aL1têntica natLtre­
res(>lvia de accJrclo cc)n1 a li11l1a ele J'úvlov; 11c) prin1eiro, de za e às autênticas características do objeto, já qLte consiclera­
acorclc> co111 a e.la psicologia co1111)ree11si,1a. l-fartn1a11n e 1'vl(ins­ n1os toclos os fenôn1enos de con1portamento co1no prc1ces­
tert)erg sJcJ. e111 rel:.1ç;1<.) ac> c:in1pc) ele) i11co11scicnte, con1pará­ sos integrais.
veis a l·Jusserl e Pávlov en1 rel�,\��10 :'1 psicologia geral. Gostaría1nos ele assinalar tamlJém que en1 111L1itas oca­
Para nt)S é in1p<.>rl:1111c.� for111L1lar a pergL111ta assi1n: é psi­ siões já se l1avia tentaclo sair cio atoleiro da psicologia tradi­
cológiC(> o inconsciente e pode ser co11sicler;Jdc) dentro de cional f)rovocado pela i11capacidade cJesra de resolver os
outros fe11ôn1enos l1on1ogêne<.)S co111<) 111ais L1n1 aspecto dos princi1Jais prolJlen1as da J)siqL1e e da consciê1 1cia. Por exem­
processos de co111portan1ento junto con1 os processos psico­ plo, W. Stern procL 1 rou e11co11trar Ltma saída recorrendo ao
lógicos a que 11os referin1os a11res? Ta111l)é111 a esta pergunta conceito de fL1nções psicofísicas e processos neL1tros, isto é,
já res1)onden1os acir11a ao analisar111os a psique, e afir111á\'a­ processos que não eran1 ne111 físicos ne111 psíqL1icos, 1nas
n1os que é preciso considerar esta (a psiqL1e) con10 parte que estavam alé 1 11 dessa separação.
integrante ele um processo con1plexo qL1e não se limita em J\tlas, na verdacle, só existe o psíqL1ico e o físico, e o
alJsoluto a sua vertente co11sciente; [JOr isso, consideramos neutro pode não passar ele uma solLtçào ele co 1 11promisso.
que en1 psicologia é con1pletar11ente lícito falar do psicologi­ ])arece evidente C}lle essa constrL 1 çào nos afasta clefinitiva­
mente do aL1têntico ol)jeto ela psicologia, pois este existe
ca,nente consciente e inconsciente: o inconsciente é pot en­
cialinente consciente. 1 realmente e so111ente a psicologia dialética é capaz ele indi­

. Gostarían1os de assi11alar a diferenç,1 entre esse ponto de


l! car a saída ao afirmar c1ue o objeto da psicologia não é co11s­
tituído pelo fenômeno psicológico neL1tro, 111as pelo fenô­
vista e o de Freud. Para este, o conc
eito de inconsciente é, n1eno psicofisiológico i11tegral Ltnico, qL1e convencional111en­
cc>n,o já disse1nos, por L1m lado •

Llln procedi1nent<) de descri-


1

cào
·· dc>s· ato s e,· por
· outro, algo real, que gera atos diretamen- ce denon1ina111os fenôn1eno psicológico.
1
1

1
!

'
1 ..
E MÉTOD O EM PSICOLOGIA
158 TEORIA
PROBLEMAS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DA PSICOLOGIA 159
. 1 de Ster • n e oucr as parecidas s:lo importantes
1\ rt:nt3tJ\ a
que dese j:11n :1c:.1t )ar com o pressuposto sus- nas un1a quest:1o de dogn1a, revi,,en1 e se transforma111 e111
no senrr.de, l'. d, .
de qu e en� tre o
ps 1qu
.- . te111a c.le in,'estigaç:1o 11�f no\1a 11sicologia.
ten ra d o r,.,.
.... 1.
,
·
1 . vel lia psicolog 1:1,
um
.
_ al de igualdad
::,1n
.
1co e O •
1
1·on1en1os ot1trc.) aSJ)ecto tio extremo oposto e.la p�icolo­
col oca r e, e no
rsr(úlogtc
. ' · .0 se rod e . .
ob Jeto da og .
1 gia, n1as que 111os1ra con1 igual clareza o n1esm<). 1\ psicologia
que o ps1 col a não é
senrr.d o d(:· que .110scram1
ol)jetiva pr<)curot1, através da <)l)ra de J. \'vatson (1926). al1or­
u1co s. n1as por algo mais
!
, •

. , J o pelo ·
s icnf) mer1 <)S psrq
C()OStllUl( . . _ , . dar o problen1a cio i11conscie11te. Esse aut<)r distingL1e o C<>n1-
cu ia c m po s1 ça o o ps 1q u 1 �0 só
conlplt: xc, e integral, em � _ portan1enro verhalizad<> e o nàc>-verl):1lizad<> e afírn1a que
co,1ic > u n1 mem 1,rrJ c>rg:1 n ,co.· e Cj ue pod eria ser •
. 1 r·.:
1ne \.,: m , L1rna parte cios processos c<>11111ort:-1111enraís desde:: r> princí­
dc:n<>rnin:1<lr> p<;icr)lf>gico. E por f>Ua descoberta clesse fato pio ac<>mpanhac.l<JS <lc:: palavras po<lt' ser prf)\'<Jcada C)ll SLJIJs­
de Srern difer e de f<;rn 1a decisi,·a de todas
que a :Jl)c 1 rcJ:- igem 1 tituída por 11rocc•ss<>S \1erl)ais. Essa pa rtt' 6 <.:<>ntr<)la<la p<Jr
a s ()Utras r�nlJtJvJs.
1

11(>s, cc>nl<J diz IJékhterc:v. ,\ <Jutra n,1o {: verhal. nàc> mantC:m


c:<>rn 0 c<)nclusão, gc;staríam<JS de 3 ·isínalar CJUe todas :is
.'
rclaç�1o cc>1n as palavras e, pc)rtant<), escapa a nosso contro­
cc;nciuist�i.s. tanl<) ela psicolc,gi:1 SL1hjeti,';J quanto da objeti,,.a. le. A ccJnexào <lo co111porta1nento con1 a palavra já f()i des­
sf1 c, inc<,rporaclas ele fat<, p<.:l:1 ncJV3 for111ul:1cão elo problen1a crita l1á tempo pc)r Freud, c1ue indicava ccJmo incon.scientes
:1r>r1::st.:ntaclJ pela p.'>ícolc,gí:i ciíalética. 1 precisamente aqL1elas representações alheias â palavra. '
:\�:-ir1ale1nos un1 prirneirc) ;1specrc>: :i psicc,lc>gi3 suhjeti­ A estreita conexão entre a verbalização e a consciêncía
va de...cc,t)riu unia �érie tle f)ífJpricclaJt·s dos fen<'>n1enos psí­ de tais ou quais JJroccssos tambér11 foi mencionada por al­
ciuiro'i. que scJn1en1t: t"!>S:.J rl<)\·a Íc>rrntil;_t(,10 pod<: realn1ente guns críticos de Freud, que se inclinavam a equiparar o
c:xplic:.ir <.: :1v=1li:1r adecluad:1111en1e :\ssin1. 3 ,·ell1a psicolc>gia
1'' inconsciente com o associai e o associai com o nàO-\.'erbal.
descrc:,·iJ con10 J)rc,prictlaclês dift:rt·nc iac.l<>ras específicas \Vatson também vê na verbalização a principal diferença do
dus fen<1n1encis psíquicos st1::1 eSf)<>11t:111t.•iclade, C> procedi- consciente. ,\firn1a categoricamente: tudo que Freud cleno­
mina de inconsciente é, e,n essência, não-verbal. Dessa tese,
111entc) (>rigin:tl l):tr.1 cc)nhec0-los (:1 intr()specçào) OLI a atitu­
\Vatson extrai duas conclusões altam ente ct1ríosas. Con­
tle. 111:1is c>u n1enos pré>xi111:i <la 11erS(>11:1lid:1tle, o -eL1" e as­
forme a prin1eira, não po<le111os nos le1nbrar dos aconteci­
sirTl fJOr c.lianle. r. L1ren1:1r1c) Í<.>r111LtlC>t1 cc>n10 traço principal n1entos mais remotos da infância precisamente porque ocor­
dos fenôn1enc>s psí<.1uicos st1:1 rel3ç:io in te11cion::1l con1 o reram c1uan<lo nosso comportamento ainda não estava ver­ .•
ol)jetc> ou e> fato <.le c1ue n1a111ê111 co111 estt· t1111:1 relação eSJJe­ l)a!izado e por isso a parte mais precoce de nossa vic.la será
cífica car:,cterística apcn:1s tios fe11ôn1e11os iJSíquicos, ou ·.
sempre inconsciente para nós. A segL111da conclL1sào assinala
seja, que re1>rese11t:in1 esse <)l)jerc> ou est�1o ligaclos a ele de o ponto fraco da psicanálise, qL1e consiste precisa,nence en1
n1aneir:1 �ingular. que por mei o da conversa, OLI seja, por rneio elas reações
l)l'ixan<lo tle la<lo co1110 traço claran 1e11te negativo o
traço da espontaneidade, \·en1os que na nova formulação da l
1
verlJais, o médico procura interferir e1n processos incons­
cientes, isto é, n;1o-ver 1Jais.
<.J:1estào tc>das as f)rOJJried:.1des (como a singL1lar representa­ Não queremos dizer agora c1t1e essas teses de \'Vatson
çao �o cJl)jeto no fenô,ncno psíquico a especiétl conexão sejam ahsolutamente corretas, OLJ que deva,n servir de por1-
,
dos !enôme11os psíquicos corn pe rso to de partida para a análise do problema do incc)nsciente; '•
a na lid ad e, o acesso,
restrito ao sujeito, <le sua gos taría mos ape nas de assi nala r que o germ e pos iti,'o
observação ou de suas vivências)


constituem in1ponante..-; ca encerrado nessa conexão entre o inconsciente e o nào-ver­
racterísti�as funcíonais desses pro-
cess<1'-� ps· rco · .og 1 - 1co bal (também apontada por outros autores) só po<le ser ple­
radas específicas do p síquico.
·
s, conside.
Todo.,, es· ses· 2�· pect -·os, que para a \·elha psico namente desenvol..,·ida com base na psicologia dialética.
logia eram ape-

Você também pode gostar