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“A LENDA DE IPING” - TRADUÇÃO INTERMIDIÁTICA E

PROCESSOS DE CRIAÇÃO DE UMA PEÇA RADIOFÔNICA


Isadora Dimitria Herrera Nunes1

RESUMO

O objetivo deste trabalho é analizar o processo da tradução intermidiática da peça


radiofônica “A Lenda de Iping”, realizada em 2016 pelo grupo Pro.Som da Universidade
Federal da Bahia, e se utilizará de comparações com o trabalho anterior do grupo para tecer
comentários sobre a produção de roteiros do gênero peça radiofônica, pouco difundido no
Brasil.
Palavras-chave: Adaptação Intermidiática, Roteiro, Peça Radiofônica.

APRESENTAÇÃO

“The Invisible Man”, livro escrito em 1897 pelo britânico Hebert George Wells, foi a
obra de partida para essa tradução intermidiática. O romance faz parte do gênero ficção
científica, assim como o predecessor “The Time Machine”, obra também adaptada para peça
radiofônica em 2015 pelo grupo Pro.Som da Universidade Federal da Bahia e que será objeto
de comparação nesse artigo.
Em “The Invisible Man”, como em “The Time Machine”, temos a história de um
cientista que faz uma descoberta grandiosa e tem que lidar com suas consequências. A
história começa com a chegada de um homem misterioso na pousada do pequeno vilarejo
britânico, Iping. Com o avançar das páginas, descobrimos que o homem é Griffin, um
cientista que testou um experimento em si mesmo e conseguiu, com sucesso, se tornar
invisível - mas não consegue reverter esse estado e vê seus recursos materiais se esgotando
junto com as chances de sucesso. Ademais isso, o gênio forte e os modos grosseiros de
Griffin - que não são de forma alguma creditados à mutação para a invisibilidade - fazem
com que sua permanência no vilarejo se torne cada vez mais difícil. Griffin vai,
progressivamente, se tornando uma criatura feroz e inumana, até entrar em conflito declarado
com todo o vilerajo e morrer espancado pela população.
A obra foi adaptada largamente para cinema, literatura, televisão, rádio e continua a
inspirar gerações. A ideia de uma “pessoa que consegue ficar invisível” faz parte do
imaginário popular e tem sua origem na obra de Wells. Diferentemente do que se espera e do
que encontramos em muitas adaptações, entretanto, o autor não usa a transformação física do
cientista como responsável pelas ações agressivas e pela moral distorcida da personagem;
pelo contrário, deixa em suspenso qualquer explicação.

1
Graduanda em Artes Cênicas com habilitação em Interpretação Teatral pela Universidade Federal da Bahia.
Membro do grupo de pesquisa PRO.SOM.
A metodologia de trabalho adotada durante todo o processo de escrita foi a da Crítica
Genética, que prevê a produção de um Dossiê passível de análise em que esteja contido todo
o processo de roteirização e que será, também, objeto de estudo desse artigo. A Crítica
Genética, segundo José Cirillo, é “um lugar de investigação das diversidades que envolvem
os estudos do texto literário em estado de produção” e “pretende [...] oferecer uma nova
possibilidade de abordagem para as obras de arte: observá-la a partir de seus percursos de
fabricação. É assim oferecido á obra uma perspectiva de processo.”

AUTORIA COLABORATIVA E GRUPO PRO.SOM

É importante explicitar como se dividiu o trabalho no momento de produção do


roteiro, uma vez que essa determinação causa diferenças significativas no produto final. O
grupo PRO.SOM, Projeto de Pesquisa Tradução, Processo de Criação e Mídias Sonoras,
coordenado pela Profª Silvia Maria Guerra Anastácio tem buscado trabalhar com
horizontalidade e autoria colaborativa nos últimos anos. Assim, os membros, em sua maioria
pesquisadores bolsistas ou voluntários, alunos de graduação do Instituto de Letras ou da
Escola de Teatro, dividem entre si todas as funções do grupo, que vão desde a tradução
interlingual até a gravação da mídia sonora, passando pela adaptação intermidiática e pela
seleção de efeitos sonoros.
Durante a roteirização, portanto, tanto em A Lenda de Iping quanto em A Máquina do
Tempo, todos os pesquisadores dividiram as tarefas de escrita e organização. Era mais
interessante ao grupo promover espaço para o desenvolvimento das habilidades de forma
horizontal e igualitária do que a priorização da excelência que levasse à concentração em uma
ou poucas pessoas no momento da escrita do roteiro.
Para a manutenção dessa escolha o grupo precisou estabelecer cronogramas e
métodos de produção que garantissem o empenho de todos e que permitissem a criação de
uma linguagem em comum, que serão analizados ao longo desse artigo.
O grupo utilizou a plataforma do Google Drive para a escrita do roteiro, sobretudo o
Google Docs, processador de palavras online que permite conectar múltiplos usuários e
mantém registro de todas as modificações, atualizações e comentários feitos no texto.

PEÇA RADIOFÔNICA E ACESSIBILIDADE

Surgido na Alemanha na década de vinte, a peça radiofônica perdeu popularidade


com o aparecimento da televisão na década de 50 e não conseguiu recuperá-la até os dias de
hoje. Ainda existem produções, sobretudo pela empresa britânica BBC, mas no Brasil o
gênero não chegou a se tornar muito popular. Vale ressaltar que nesse artigo consideraremos
como peça radiofônica aquele tipo de mídia sonora semelhante a uma peça de teatro, ou a um
filme, interpretada por atores, muitas vezes acrescidas, posteriormente, de efeitos sonoros e
tratamentos acústicos. Muito diferente, portanto, dos audiolivros, que podem ser uma leitura
(branca ou interpretada) integral ou parcial de um texto, tal como um livro. Nesse artigo,
consideraremos que a peça radiofônica exige elaboração específica, como um roteiro, que
geralmente integra diversos personagens.

Apesar de não ser muito popular, as peças radiofônicas deveriam conquistar espaço
mais amplo como forma de arte e de entreterimento porque estimulam a imaginação e podem
ter importante papel social ao promover acessibilidade às pessoas com deficiência visual,
como pude atestar com os dois últimos trabalhos. Uma parte das obras do grupo Pro.Som é
distribuída ao Instituto de Cegos do Paraná, que respondem com comentários e estimularam o
grupo a compartilhar com outros deficientes visuais e recolher suas impressões. Essa
pesquisa acabou nos mostrando que a sensibilidade e o critério do grupo deveriam ser ainda
mais afiados do que imaginávamos. Sobretudo nos efeitos sonoros, por exemplo, as escolhas
iniciais do grupo acabaram não se revelando as mais adequadas ao universo proposto pela
peça - algo que nenhum de nós havia percebido mas tornou-se evidente depois, tal qual o ovo
de Colombo.

O retorno dos deficientes visuais, além de ter se tornado indispensável para grupo,
denuncia uma lacuna na produção de arte e entreterimento em nossa sociedade - basta
analisarmos a quantidade absurda de material audivisual que produzimos e compará-la com a
ínfima quantidade de material unicamente sonoro, que pode ser de grande interesse da
população e promover integração através do estímulo à imaginação. Isso tornou-se evidente
para minha pesquisa em um dos comentários enviados do Paraná, em que um dos deficientes
visuais dizia: “Parece que estou assistindo um filme dentro da minha cabeça!”

ADAPTAÇÃO: A LENDA DE IPING X A MÁQUINA DO TEMPO

Em 2015, quando o grupo Pro.Som fez a adaptação do romance “The Time Machine”,
de Wells, para a peça radiofônica “A Máquina do Tempo”, ainda não havia nenhum método
de trabalho claramente definido no que diz respeito a produção do roteiro em si. Os conceitos
de escrita ainda não eram muito claros e as definições “importadas” (de livros, artigos e
pesquisas) não necessariamente solucionavam os problemas encontrados pelo grupo. Por
exemplo, os efeitos sonoros eram chamados de “TEC” e sempre sinalizados de forma
destacada entre as falas das personagens, como mostra a imagem:

.
Figura 1 do Dossiê Genético - Roteiro de “A Máquina do Tempo”, Grupo PRO.SOM, 2015.

No momento da edição, entretanto, acabamos por descobrir que teria sido melhor
sinalizar o momento exato em que o efeito sonoro devia entrar, mesmo que fosse no meio de
uma fala, e que precisávamos encontrar uma forma de sinalizar a duração de cada efeito, que
nem sempre era a mesma.
Visando solucionar esses problemas, na produção do roteiro de “A Lenda de Iping”
criamos diferenciações para as durações do efeitos sonoros. Passamos a chamar de “TEC” os
efeitos sonoros de curta duração, pontuais, acontecidos naquele exato instante e de “BG” ou
“Background” o tipo de sonorização que permanece mesmo durante as falas das personagens,
como uma “cama sonora” que cria atmosferas e ajuda na compreensão do cenário imaginário
onde as personagens estão vivenciando a história. Podemos ver essa definição na imagem
abaixo:

Figura 2 do Dossiê Genético - Critérios de Escrita, Grupo Pro.Som, 2016.

A imagem também mostra os “TEC” numerados, que solucionam justamente o outro


problema apontado acima. Essa solução simples permitiu uma compreensão muito mais clara
da atmosfera, do cenário e das intenções das personagens, auxiliando tanto os roteiristas
como aos atores e ao próprio editor da mídia sonora.
Em “A Máquina do Tempo” fizemos também uma opção por não utilizar narrador.
Não queríamos uma história contada em terceira pessoa - em vez disso, preferimos adotar um
recurso retirado da literatura, chamado fluxo de consciência. Na literatura, o fluxo de
consciência é uma associação de pensamentos organizada numa espécie de monólogo
interior. Em nosso roteiro esse recurso era utilizado para que Júlia, a personagem principal,
pudesse descrever o ambiente, raciocinar sobre o que lhe acontecia e revelar o que pensava
dos outros personagens - tudo o que fosse indispensável ao leitor. Assim mostra a imagem
abaixo:
Figura 3 do Dossiê Genético - Roteiro de “A Máquina do Tempo”, Grupo PRO.SOM, 2015.

Esse recurso funcionou mas acabou se revelando difícil e com sérios riscos de cair
numa infantilização da personagem ou do material total, o que não era um problema mas
fugia ao planejamento inicial.

Já em “A Lenda de Iping” resolvemos adotar a narração como maneira de contar a


história. Como ainda assim não queríamos um narrador que fosse alheio à história - não
queríamos uma voz vinda de fora, que não se sabe de onde vem ou quem é - optamos por
uma fragmentação na cronologia e uma utilizamos uma estratégia muito mais parecida com
os recursos de produção cinematográfica. Assim, em “A Lenda de Iping”, a história começa
com um jovem estudante que chega no vilarejo para se hospedar em uma pousada. Acontece
que só há um quarto disponível. Enquanto a proprietária explica a situação um homem meio
bêbado aconselha o estudante a não pegar o quarto e diz que vai lhe contar o motivo.
Começamos, então, a acompanhar a história contada por William, que faz, junto com Dona
Beth, a proprietária da hospedaria, uma dupla de narradores. A história contada por William
aconteceu há duas gerações atrás e é esta a história tirada do livro de Wells, com algumas
adaptações. O roteiro fica indo e voltando no tempo cronológico. Acompanhamos o tempo
“presente”, em que William, Dona Beth e o estudante conversam, bem como flashbacks do
passado, que é a história contada pelos narradores. Graças ao cinema, o recurso do flashback
é bem conhecido: trata-se literalmente de acompanhar algo que aconteceu no passado como
se estivesse acontecendo naquele exato momento.

Bem diferente disso, em“A Máquina do Tempo” fizemos a opção por uma história
cronológica, que se mantém ainda que a personagem principal faça viagens no tempo - nesse
roteiro acompanhamos a história de Júlia, uma cientista que consegue produzir uma máquina
capaz de viajar na dimensão do tempo e vai para um futuro muito distante, onde encontra
novas criaturas vivendo em um novo mundo, tem sua máquina roubada e precisa recuperá-la
para voltar para “casa”, ou seja, para o seu “tempo.” A história é perfeitamente cronológica e
acompanhamos cada um dos passos de Júlia, que seguem uma linha em direção ao final.

Algumas preocupações foram comuns a ambas adaptações do grupo: a necessidade


de suprimir ou fundir personagens, criar motivações para a cena e para as personagens,
simplificar e reestruturar cenas e pensamentos contidos no livro, etc. É claro que, enquanto
obra de arte, não faz sentido comparar a essência das duas adaptações mas podemos verificar
as diferentes escolhas e raciocinar sobre sua utilização e dificuldades. O grupo atestou, por
exemplo, que os TECs numerados e os BGs utilizados em “A Lenda de Iping” tornam a
compreensão mais fácil para todos, inclusive no momento da edição. Atestou-se também que
os narradores não são obrigatoriamente necessários, mas podem ser largamente utilizados e
inseridos na história de diferentes maneiras.

O grupo agora busca desenvolver um método de trabalho e estabelecer um


cronograma completo para o momento da escrita do roteiro. Em “A Máquina do Tempo” o
processo de escrita começou logo após algumas discussões iniciais e estabelecimento das
diretrizes gerais da história, o que se revelou uma base frágil para que os roteiristas
trabalhassem - afinal de contas, em se tratando de uma produção colaborativa como a já
descrita, a falta de prática suscitava muitas dúvidas. Assim, em a “A Lenda de Iping” foi
proposta a criação de um cronograma, como mostra a imagem:

Figura 4 do Dossiê Genético - Cronograma de Trabalho, Grupo PRO.SOM, 2016.

Como se vê na Figura 4, o cronograma estabelecido previa muitos problemas e foi


baseado na experiência anterior, “A Máquina do Tempo.” Sobretudo a descrição dos
personagens, que dava uma ideia do tamanho e da complexidade da obra, evitava muitos
ruídos de comunicação entre os roteiristas e firmava bases sólidas para que todos pudessem
descrever os mesmos personagens. Afora isso, atestou-se que a escaleta foi fundamental para
a organização desse processo de escrita. A escaleta é um esquema (geralmente na forma de
uma tabela) em que se estão dispostos os números das cenas com as personagens presentes e
assinalando os pontos fundamentais que a cena deve cobrir. Como mostra a imagem:
Figura 5 - Escaleta de “A Lenda de Iping”, Grupo PRO.SOM, 2016.

No caso de nosso trabalho era importante destacar também o momento cronológico


em que ocorria a ação e, se possível, o tempo transcorrido. Para nosso processo colaborativo,
a escaleta foi fundamental.

DOSSIÊ GENÉTICO

Como já mencionado, o eixo metodológio adotado, o da Crítica Genética, prevê a


criação de um dossiê. Ao longo desse artigo já pudemos verificar sua utilidade, sobretudo
facilitando explicações e esclarecendo dúvidas. Em se tratando de um processo colaborativo,
o dossiê também permite ao pesquisador analisar sua função dentro do trabalho, bem como
recuperar, mesmo muito tempo depois, informações que podem ser de grande utilidade. No
caso do grupo Pro.Som os arquivos são mantidos em rede através do Google Drive, oferecido
gratuitamente pela empresa Google.

Abaixo, algumas imagens do dossiê:


Figura 5 do Dossiê Genético - Pasta de Adaptação e Roteiro de “A Lenda de Iping”, Grupo Pro.Som,
2016.

Figura 6 do Dossiê Genético - Pasta com as versões do roteiro de “A Lenda de Iping”, Grupo Pro.Som,
2016.

Como a figura 6 permite observar, criamos diversas versões do roteiro de “A Lenda de


Iping.” Isso aconteceu porque decidimos salvar cada passodo processo de escrita.
Estabelecemos começar uma nova versão toda semana, copiando a versão mais recente e
retirando os operadores genéticos - utilizados para que se possa acompanhar a evolução dos
pensamentos a partir de cada atualização. Abaixo, um exemplo dos operadores genéticos:
Figura 7 do Dossiê Genético - 1ª versão do roteiro de “A Lenda de Iping”, Grupo Pro.Som, 2016.

Como podemos ver na fala de William, os operadores genéticos mantém o processo de


escrita. Utilizamos “[“ e “]” assinalar o que deve ser excluído e “<” e “>” para o que deve ser
acrescentado. Uma vez que o editor do Google também permite a função de comentários,
utilizamo-os, como mostra a imagem abaixo:

Figura 8 do Dossiê Genético - 1ª versão do roteiro de “A Lenda de Iping”, Grupo Pro.Som 2016.

Por fim, nas figuras 5, 6 e 8 pudemos observar a estrutura do Google Drive, que facilita a
manutenção do Dossiê Genético e garante a permanência dos arquivos na internet.

CONCLUSÃO
Nesse artigo pudemos observar as escolhas realizadas pelo grupo Pro.Som na adaptação
intermidiática da peça radiofônica “A Lenda de Iping”, compará-las com as opções realizadas
na adaptação anterior e estabelecer racicínio sobre métodos de escrita de roteiros para esse
gênero. Também pudemos refletir sobre escrita colaborativa e acessibilidade social, bem
como lançar bases, ainda que tímidas, para uma produção desse gênero no mercado
brasileiro.

A adaptação de literatura para peça radiofônica mostra suas dificuldades, tanto de produção
quanto de patrocínio, mas a experiência do grupo Pro.Som revela a possibilidade de
crescimento desse mercado, interessante não só aos ouvintes mas também aos produtores,
atores, roteiristas e demais envolvidos no processo. Se absorvida pela sociedade, a produção
de peças radiofônicas pode permitir um novo espaço de acesso para essas mídias sonoras que
são, também, uma forma de arte. E as adaptações seguem não só recuperando a memória de
histórias do passado, mas também recriando e atiçando a imaginação do seu público. Afinal
de contas, como diz Linda Hutcheon em “A Theory of Adaptation”: “No campo da
imaginação humana, adaptação é a norma, não a exceção.” (HUTCHEON, 2006, p. 177)2.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CIRILLO, José. Arqueologias da criação: Tempo e memória nos documentos de


processo. In: GRANDO, Angela; CIRILLO, José. Arqueologias da criação: estudos
sobre o processo de criação. Belo horizonte: Arte, 2009.
HUTCHEON, Linda. A Theory of Adaptation. New York: Routledge, 2006.

2
“In the workings of the human imagination, adaptation is the norm, not the exception.”
LAWTON, Sherman Paxton. Adaptations. In: LAWTON, Sherman Paxton. Radio Drama.
Boston: Expression Co.,1938.
MACIEL, Luiz Carlos. O poder do clímax. Rio de Janeiro: Record, 2003.
SPRITZER, Mirna. O corpo tornado voz: A experiência pedagógica da peça radiofônica.
Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do
Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2005.
WELLS, Hebert George. The Invisible Man. 1897.

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