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Continuando a linha do tempo imaginária que se estabeleceu no problema passado deve-se atentar ao período pós-

nascimento principalmente com a alimentação da criança. Nesse sentido se insere o aleitamento materno, que se
diferencia por tipos: Exclusivo (Somente ingestão de leite materno - direto ou ordenhado - ou leite humano de outra
fonte sem a presença de outros líquidos ou sólidos), Predominante (Recebe também água e derivados e sucos de
fruta), Complementado (Qualquer alimento sólido ou semi-sólido de forma a complementar o leite materno) ou Misto
(Além do materno se alimenta de outros tipos de leite). A OMS preconiza alimentação materna exclusiva até os seis
meses e complementada até os dois anos.

O aleitamento é extremamente importante por seus inúmeros benefícios. No caso do bebê: evita morte infantil
(fatores imunológicos), evita óbitos neonatais, evita diarreia, evita infecção respiratória, diminui riscos de alergia, de
hipertensão, de diabetes e colesterol, reduz a chance de obesidade (melhor desenvolvimento da auto - regulação da
ingestão alimento), melhor nutrição, efeito positivo na inteligência, melhor desenvolvimento da cavidade bucal
(exercício da retirada do leite – melhor conformação do palato duro). Já para a mãe: proteção contra câncer de mama,
evitar nova gravidez (método anticoncepcional), menor custo financeiro (evita fórmulas), promoção do vínculo afetivo
entre mãe e filho (afeto, confiança, contato, prazer, intimidade, segurança, proteção, autoconfiança e realização),
melhor qualidade de vida (reduz adoecimento e gastos consequentes).

O leite materno inicia sua produção em meados da 16° semana gestacional. Um pouco de anatomia é necessária para
entender o processo: Cada mama possui de 15 a 25 lobos (glândulas túbulo-alveolares) contando com 20 lóbulos
(ductos ocos ramificados de epitélio secretor rodeado de células mioepiteliais contráteis), em média. O processo de
lactogênese apresenta três fases: I – Crescimento e ramificação dos ductos com deposição de gordura atrás do tecido
glandular por ação do estrogênio e progesterona (formação do colostro), II - Ocorre com a saída da placenta baixando
o nível de progesterona permitindo atuação da prolactina (estimula produção de leite) que antes se encontrava inibida
e III – Galactopóiese (dependente do estímulo mecânico da sucção e do reflexo da ejeção do leite). O primeiro induz
a liberação de ocitocina pela neuro-hipófise resultando na contração das células mioepiteliais, já o segundo inibe a
dopamina estimulando a atuação da prolactina e sua consequente produção de leite.

O leite materno varia entre os primeiros dias e cerca de duas semanas pós-gestação. Nesse primeiro período o mesmo
é conhecido como colostro apresentando maior quantidade de proteínas do que gordura se em comparação com o
leite maduro. Além disso conta com menos calorias e menor quantidade de lactose também. O mesmo é composto
por anticorpos (IgA secretória (diminui após o 1° mês), IgM, IgG, macrófagos, neutrófilos, linfócitos B e T, lactoferrina,
lisozima e fator bífido (favorece crescimento de bactéria não patogênica que dificulta a ocorrência de diarreia. Maior
quantidade de cloreto ao passar dos meses (leite se torna mais salgado).

Algumas mães que não são capazes de amamentar devido a algumas restrições, estas podem ser totais (HIV,
HTLV1/HTLV2 (vírus linfotrópico da célula humana), medicamentos (antineoplásicos e radiofármacos), criança com
galactosemia) ou momentâneas (Infeção herpética quando acomete a mama,chagas (fase aguda), abcesso mamário,
drogas de abuso, varicela (até lesão apresentar crosta)). Devido a esta situação acabam por fornecer a seus bebês leite
de outras fontes, como o de vaca. No entanto este não é indicado a criança devido a ser muito mais calórico que o
maduro, com maior quantidade de gordura e praticamente o triplo de proteína (a mesma difere entre os dois: no leite
de vaca, no caso, é a caseína (difícil digestão para a espécie humana) e o leite maduro apresenta lactoalbumina), além
de menor quantidade de lactose que o colostro.

Para que não ocorra machucados ou desconforto tanto para mãe quanto para o bebê a técnica de aleitamento deve
seguir alguns passos se dando tanto pelo posicionamento materno quanto pela “pega” do bebê. Esta última se
caracteriza pela abertura ampla da boca englobando tanto o mamilo quanto parte da auréola (formação do vácuo). A
língua se eleva formando uma concha (canolamento) levando o leite a faringe posterior e esôfago ativando o reflexo
de deglutição. A ordenha é realizada pela língua devido a um movimento periférico rítmico da ponta desta que
comprime o mamilo. O ciclo de movimentos mandibulares (para baixo, para frente, para cima e para trás) promove o
crescimento harmônico da face do bebê. Favorece a retirada eficiente do leite pelo bebê e evita machucado nos
mamilos. Caso ocorra a má pega a mesma além de dificultar o esvaziamento da mama pode causar má ganho de peso
ao bebê pela dificuldade de retirar o último leite (mais calórico).

A Organização Mundial da Saúde (OMS) destaca quatro pontos-chave que caracterizam o posicionamento e pega
adequados:
Pontos-chave do posicionamento adequado:

Rosto do bebê de frente para a mama, com nariz na altura do mamilo; Corpo do bebê próximo ao da mãe; Bebê
com cabeça e tronco alinhados (pescoço não torcido); Bebê bem apoiado.

Pontos-chave da pega adequada:

Mais aréola visível acima da boca do bebê; Boca bem aberta; Lábio inferior virado para fora; Queixo tocando a
mama.

A mãe deve se atentar para o número de mamadas e sua duração que inicialmente deve ocorrer por livre demanda
não deve ser fixado período ou tempo. Em média nos primeiros meses o bebê mama de 8-12 vezes ao dia. Mães não
acostumadas a este comportamento normal interpretam o sinal como fome do bebê imaginando com leite fraco ou
pouco leite estimulando uma suplementação desnecessária. A duração depende de vários fatores como a fome da
criança, volume de leite na mama, etc. Mas mãe deve dar tempo a criança para esvaziar a mama de modo que receba
o leite do final da mamada (mais calórico – maior saciedade a criança). Esse esvaziamento também é importante para
adequada produção de leite e ganho adequado de peso do bebê.

Após o período de aleitamento materno exclusivo (até os seis meses) deve-se iniciar a alimentação complementar
aliando-se por certo cronograma: 6º ao 7º mês (leite materno, papa de fruta e papa salgada), 7º ao 8º mês (leite
materno e segunda papa salgada - variedade), 9º ao 11º mês (leite materno passando gradativamente para
alimentação da família), 12º mês (leite materno e ingestão da mesma comida que a família). Os hábitos alimentares
são formados por meio de complexa rede de influências genéticas (vão sendo moldadas por experiências adquiridas
ao longo da vida) e ambientais (sabores vivenciados nos primeiros meses de vida podem influenciar as preferências
alimentares subsequentes). Os pais podem ainda contribuir positivamente para a aceitação alimentar por meio da
estimulação dos sentidos - palavras elogiosas e incentivadoras, toque carinhoso, ambiente acolhedor e contato visual.
Vale ressaltar que devesse expor o alimento cerca de 8 vezes até a criança aceitá-lo (não encarrar a recusa inicial
como rejeição total) e que essa ingestão alimentar deve estar aliada aos horários de refeição da família (em intervalos
regulares). Existem algumas restrições alimentares importantes: Mel e enlatados - podem conter esporos botulínicos,
açúcar branco, sal, café, refrigerante, bala, salgadinho e guloseimas.

Além da alimentação deve-se avaliar também os marcos do desenvolvimento desta criança. Dividindo por idades
temos que de 0-2 meses se apresentam tais mudanças: Físicas (Inicia-se realmente com a ingestão do leite maduro
sendo que a média de ganho de peso deve ser cerca de 30g por dia no primeiro mês (período de crescimento mais
rápido após o nascimento) e o movimento dos membros são contrações descontroladas com sorriso involuntário),
Neurológicas (Fixação do olhar, o voltar da cabeça, sucção mais controlada e consolidação do período de sono em
blocos de 5-6 horas a noite auxiliado por maior período de interação e estimulação durante o dia), Cognitivas
(Habituação a estímulos familiares (menor resposta as repetições), aumento da atenção com estímulos novos e
percepção da diferença entre padrões, cores e consoantes) e Emocionais (Disponibilidade constante de um adulto
confiável – vínculo com segurança. Ligação entre o desconforto e a chegada dos pais (ocorre por demanda) caso isso
seja feito no tempo de conveniência dos pais sem atenção a estas manifestações individuais pode-se causar maior
irritabilidade e desconforto fisiológico (salivação, diarreia, ganho de peso inadequadamente) e problemas
comportamentais tardiamente).

2-6 meses: Físicas (Ganho por dia cerca de 20g, maior controle da flexão do tronco permite rolamento intencional do
corpo, amadurecimento do sistema visual (sustenta a cabeça – olhar firme) permite maior noção de profundidade,
auto regulação estável e ciclo de sono-vigília regulares, sorriso voluntário (social), reflexos arcaicos se atenuam,
desaparecimento do reflexo tônico e do reflexo primitivo de preensão), Cognitivas (Mudança qualitativa volta seu
olhar para o redor, exploração dos próprios corpos, desenvolvimento individual do senso de indivíduo (Primeiro
estágio do desenvolvimento da personalidade)), Emocionais ( Sensações primárias: alegria, tristeza, medo, irritação,
interesse, desgosto (expressões faciais distintas) e desenvolvimento social por meio de jogos com os pais – imitação
facial, cantar, brincadeiras com as mãos).

6-12 meses: Físicas (Desacelera, peso triplicado em relação ao nascimento, comprimento aumentado em 50% e
perímetro cefálico em 10 cm, Capacidade de sentar-se sem apoio (6-7 meses) e de girar sentado (9-10 meses),
capacidade de preensão dos dedos e polegar (pinça grosseira)/8-9 meses, pinça digital fina polegar e indicador (12
meses), engatinhar e colocar-se de pé aos 8 meses e erupção dos dentes (incisivo centrais inferiores), Cognitivas (4-7
meses – Procura de objetos, 6 meses – Manipulação dos objetos e inserção dos mesmos na boca, aumento na
complexidade dos esquemas e brincadeiras, 9 meses – Constância, perceber a permanência do objeto), Emocionais
(demanda por autonomia, crises de birra (conflito entre controle da criança e o dos pais)), Comunicativas (7 meses –
Adeptos das comunicações não-verbais, 9 meses – Percepção do compartilhamento de emoções, 8-10 meses –
Balbuciar adquire nova complexidade. Interação social com adultos que vocalizam o som influenciam a aquisição e
produção de novos sons).

12-18 meses: Físicas (Velocidade de desenvolvimento desacelera ainda mais, apetite diminui, crescimento do
cérebro e mielinização contínuo aumento do período cefálico em 2 cm ano, criança começa a andar aos poucos
adquire refinamento possibilitando inclinar-se, girar-se e parar-se sem perda de equilíbrio), Cognitivas (Exploração
do ambiente melhora com a crescente destreza e mobilidade, imitação dos pais e crianças mais velhas, objetos e
brincadeiras usados com finalidade real), Emocionais (Pais se tornam base de apoio para os movimentos
independentes estímulos dependentes da qualidade da relação materno-infantil), Linguagem (Receptiva - ocorre
antes ao passo que a criança inicia os primeiros monossílabos já respondem a diversas colocações simples, maior
parte de comunicação e desejos por meio do não verbal).

18-24 meses: Físicas (Ganho de 12,5cm e 2,5 kg, desenvolvimento motor aumenta, maior qualidade do equilíbrio e
agilidade do movimento (capacidade de correr), Cognitivas (18 meses- várias alterações evolutivas ocorrem juntas
(final do período sensório-motor), melhor compreensão da relação causa e efeito), Emocionais (Maior apego por volta
dos 18 meses (reaproximação), ansiedade de separação suprida por objeto transicional, conhecimentos
autoconscientes e padrões interiorizados de avaliação) e Linguagem (Vocabulário de 50-100 palavras aos 2 anos,
Aquisição de combinações simples (sentenças).

Neste contexto é de extrema importância o acompanhamento da criança (e posteriormente do adolescente) pelas


curvas pôndero-estaturais aliadas ao escore Z, que constam inclusive na caderneta da criança. As mesmas se
caracterizam como instrumento técnico para medir, monitorar e avaliar o crescimento de todas as crianças e
adolescentes de 0 a 19 anos, independente da origem étnica, situação socioeconômica ou tipo de alimentação.
Desnutrição, sobrepeso, obesidade e condições associadas ao crescimento e à nutrição da criança podem ser
detectadas e encaminhadas precocemente. Apresentam divisão em dois tipos de curvas: Até 5 anos e a partir dos 5
aos 19 anos. As curvas da OMS pondero-estaturais foram incorporadas no Sistema de vigilância alimentar e nutricional
(SISVAN). O mesmo é uma ferramenta criada para divulgar e nortear as tarefas desempenhadas na área de
alimentação e nutrição que apresenta como objetivos o monitoramento das características do consumo alimentar de
indivíduos atendidos pelo Sistema Único de Saúde. Vale ressaltar que o estado nutricional da criança, especialmente
nos primeiros anos de vida, é considerado o principal indicador de saúde desta população, uma vez que reflete as
condições ambientais a que estão expostas, como, por exemplo, o tipo de alimentação, adoecimento, condições de
moradia e saneamento básico. Esta base de consulta informatizada possibilita a análise, a interpretação e a localização
exata do indivíduo, possibilitando a atuação das equipes de Saúde da Família. O SISVAN foi concebido no Brasil sobre
um tripé (auxiliar na formulação de programas públicos; planejar, acompanhar e avaliar aplicabilidade dos mesmos
levando em conta à alimentação e nutrição). Pode-se observar que este é apenas mais um instrumento para o cuidado
das crianças e adolescente devendo-se atentar a quaisquer alterações que ocorram nesse período.
2-5 ANOS

Físico

2° ano – crescimento somático e cerebral desacelera, redução de necessidades nutricionais e do apetite com
surgimento do ato de beliscar.

Ganho de 2 kg por ano com crescimento em cerca de 7-8 cm. Sono cai e energia física atinge o máximo. Aos 3 anos
criança já apresenta todos os dentes. Preferência pelo uso das mãos. Controle do uso do intestino e bexiga
(aprendizagem do uso do banheiro)

Linguagem

Vocabulário + de 2000 palavras. Sem uso da linguagem figurativa apenas a literal. Fala (produção de sons inteligíveis)
e linguagem (ação intelectual subjacente). A última se liga tanto ao desenvolvimento cognitivo quanto emocional.
Nesse período pode-se desenvolver gagueira.

Cognição

Pensamento mágico, egocentrismo e por pensamento dominado pela percepção não abstração.

Emocional e moral

Desenvolvimento do autocontrole mas como tem aspectos que não pode controlar acarretam-se as crises de birra.
Período em que pode haver ciúmes, ressentimentos. Curiosidades sobre genitais e órgãos sexuais. Noção de certo e
errado

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