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Quando a Primeira Guerra Mundial chegou ao fim, alguns países europeus estavam
com suas economias enfraquecidas, enquanto que os Estados Unidos cresciam cada vez
mais, lucrando com a exportação de alimentos e produtos industrializados. Em
decorrência disso a produção norte-americana se acostumou com esse crescimento, o
que aumentou dia após dia, principalmente entre os anos de 1918 e 1928. Era um
cenário com muitos empregos, preço baixo, elevada produção na agricultura e a
expansão do crédito que incentivada o consumismo desenfreado.
A medida de expansão de crédito tornava as taxas de juros artificiais, sem lastro com
as reservas de crédito reais, que eram ancoradas na poupança. Os investidores que
tinham ações na Bolsa de Valores de Nova Iorque recebiam um sinal falso da expansão
de crédito e, consequentemente, acabavam por ampliar os seus negócios, aumentar
salários, e investir ainda mais.
O principal fator que contribuiu para a Crise de 1929 foi a expansão de crédito,
emitido pelo Federal Reserve System – Sistema de Reserva Federal – (uma espécie de
Banco Central Americano) desde 1924, ainda sob o governo do presidente Calvin
Coolidge.
Este processo gerou uma “bolha inflacionária”, pois, em 1929, chegou um momento em
que não se podia mais esconder o caráter artificial da expansão econômica: havia muito
dinheiro emitido circulando, mas sem valor real com a produção. Já sob o governo
Hoover, a Bolsa de Valores de Nova Iorque, responsável pela administração dos
investimentos aplicados e do crédito emitido, entrou em colapso.
Em resumo, a crise de 1929 se deu graças a superprodução, que não estava preparada
para a falta de procura, e acabou com todas as mercadorias encalhadas.
Mas, mais do que gerar dificuldades econômicas, o crash que completa 80 anos em 2009
provocou uma mudança no foco de poder no país, acabando com um pacto político
interno que já durava mais de trinta anos.
Entre os anos de 1894 e 1930, o presidente da República foi eleito pelos paulistas barões
do café num mandato, e no outro pelos pecuaristas mineiros. Era a chamada política do
café com leite, viabilizada pela hegemonia da oligarquia cafeeira paulista na época e que
garantiu a formação de uma economia agrícola praticamente monoexportadora no país.
Em 1929, a quebra nos mercados acionários do mundo provocou uma forte queda nos
preços internacionais das commodities. O Brasil era fortemente dependente das
exportações de café, e tinha uma enorme dívida externa, que precisava ser financiada
com essas vendas.
Além da queda nos preços, a crise provocou uma diminuição na renda e no consumo
no mundo todo, prejudicando ainda mais as vendas de café. As exportações do produto,
que chegaram a US$ 445 milhões em 1929, caíram para US$ 180 milhões em 1930. A
cotação da saca no mercado internacional, caiu quase 90% em um ano.
Na tentativa de conter a queda, o governo federal comprou grande parte dos estoques
dos produtores, e queimou 80 milhões de sacas do produto. A ideia era queimar para
diminuir a oferta e aumentar o preço internacional, porque o Brasil era o maior país
exportador.
Debilitada, a elite cafeeira começou a ser contestada. Para piorar, liderados pelo
presidente Washington Luís, os paulistas romperam o acordo que tinham com os
mineiros, abandonando o rodízio de poder. A crise arruinou a oligarquia cafeeira, que já
sofria pressões e contestações dos diferentes grupos urbanos e das oligarquias
dissidentes de outros Estados, que almejavam o controle político do Brasil.
Insatisfeitos os líderes das oligarquias de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba
lançaram o gaúcho Getúlio Vargas e o paraibano João Pessoa à presidência e vice-
presidência respectivamente. Batizada de Aliança Liberal, a chapa acabou sendo
derrotada. E o paulista Júlio Prestes foi eleito presidente.
Contudo, a vitória de Júlio Prestes acabou muito contestada, sendo acusada de fraude
eleitoral. Debaixo de muita contestação o presidente Washington Luís se viu encurralado
pela oposição.
Para piorar a situação de Washington Luís, no dia 26 de julho de 1930, João Pessoa foi
assassinado. Foi o estopim para os oposicionistas que deram início à Revolução de 30.
Não podemos esquecer que Getúlio era o pai dos pobres e a mãe dos ricos. Ele tratou
de não romper tão radicalmente com a oligarquia agrícola, e o café continuou sendo
importante no Brasil. Isso começa a mudar mesmo a partir de Juscelino Kubitschek e,
principalmente, a partir do Golpe de 1964.
Constituição de 1937;
Criação das Leis Trabalhistas (CLT);
Autoritarismo;
Nacionalismo;
Criação do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP): responsável pela
censura e pela propaganda do governo;
Participação na Segunda Guerra Mundial: Apesar da inicial simpatia pela
Alemanha, Vargas alinhou-se contra os nazistas.
O insucesso do Plano Dawe fica evidente por volta de 1928-29, quando se percebeu
que o proposto em tal acordo era insustentável à economia alemã, outrossim com a
quebra da bolsa de Nova Iorque, há uma interrupção dos empréstimos concedidos pelos
Estados Unidos, agravando mais ainda a situação econômica do país, que irá abandonar
a cartilha econômica ortodoxa, pois fica claro que a mesma não conseguia proporcionar
a estabilidade econômica desejada pela Alemanha. No livro de Bernard Gazier (2009)
sobre a crise de 1929 o autor confirma que:
As reversões dos capitais a curto prazo, pouco ou nada controladas ao longo desse
período, resultantes das disparidades objetivas das situações no mundo, tanto quanto
das antecipações de seus detentores, sucessivamente penalizaram e favoreceram
diversos países. Inúmeros autores atribuem ao esgotamento dos empréstimos
americanos em favor da Alemanha, durante o ano de 1928, a primeira retração da
atividade industrial, anunciadora do desastre nesse país fundamentalmente devedor à
época.
Sua crítica trazia implícita a destruição das mais elementares normas da vida
democrática. O fechamento dos sindicatos, a dizimação dos comunistas, a perseguição
aos judeus e o comando absoluto sobre a economia converteram-se em dimensões
distintas de um mesmo processo: a busca fanática do reerguimento econômico e moral
da Alemanha.
Outro ponto importante surge quando observamos que a crise afetou não só os
Estados Unidos, mas também os países europeus que dependiam dos empréstimos
internacionais concedidos pelos americanos, aos países devastados pela Primeira Guerra
Mundial. Como num efeito dominó a crise que devastou Wall Street, também atingiu
brutalmente os países da Europa, que sofreram as mazelas da maior crise do capitalismo
já vista na história.
A crise de 29 afetou também outros países, como Itália, França, Reino Unido,
Áustralia, e principalmente o Canadá. Em vários desses países afetados, houveram
aparecimentos de partidos extremistas, de caráter nacionalista. Outros partidos políticos,
de cunho comunista também foram criados, tendo considerável apoio popular.
A maioria desses partidos políticos, senão todos prometiam tirar o país da recessão. Em
alguns desses países, partidos extremistas foram proibidos, em outros aceitos e até
votados pela população, chegando ao poder, como na Alemanha, com o nazismo, e na
Itália, com o fascismo.
O Canadá foi um dos países mais prejudicados pela crise por muitos motivos
diferentes, um deles é por ter estreitos laços econômicos com os EUA (muitos dos
produtos do Canadá eram exportados para os EUA). O colapso do Canadá com a
Depressão, é considerado o segundo maior colapso causado pela quebra da bolsa, atrás
apenas do próprio EUA.
Inicialmente, a demanda era atendida pelas importações. Depois, passou a ser suprida
pela produção local. Sem acesso aos importados, os consumidores representavam um
mercado cativo para as empresas nacionais. Assim, apesar da crise externa, a produção
industrial brasileira pôde crescer rapidamente. Acentuou-se o processo de
nacionalização da economia. A desvalorização da moeda, em decorrência da crise,
encarecia as mercadorias estrangeiras e representava um estímulo para a incipiente
industria local. Muitos cafeicultores que conseguiram sobreviver à crise começaram a
investir no setor industrial. A política econômica de Vargas foi reforçada por dois fatores
externos. O primeiro foi o “New Deal”, um pacote de medidas para reativar a economia
americana lançado em 1933 pelo presidente Franklin Delano Roosevelt O segundo foram
as teorias do economista britânico John Maynard Keynes (1883-1946), delineadas em seu
livro Teoria geral do emprego, do juro e da moeda-, publicado em 1936. Tanto Roosevelt
quanto Keynes defendiam a atuação do Estado para estimular a atividade econômica.
Keynes, de certa fornia, deu legitimidade conceituai à política implementada por Vargas.
No Brasil, um dos principais entusiastas das idéias de Roosevelt e Keynes foi o engenheiro
e empresário Roberto Simonsen (1889-1948), senador e presidente da Fiesp, entidade
que reúne os industriais paulistas.
O governo dos EUA, através da modificação e criação de leis, passou a ter poderes de
controle e fiscalização sobre o mercado financeiro.
O objetivo era evitar fraudes financeiras, especulações e diminuir os riscos de operação
dos bancos e demais agentes financeiros.
Como uma das causas da Crise de 1929 tinha sido o aumento dos estoques das empresas,
O New Deal buscava resolver este problema através da fiscalização sobre os estoques da
empresas, para que estes não aumentassem a ponto de gerar risco operacional delas,
levando-as à falência. Os preços das mercadorias também foram controlados pelo
governo, a fim de evitar o aumento da inflação.
- Incentivos agrícolas
Resultados
O New Deal foi bem sucedido, apresentando resultados positivos já no começo da década
de 1940. O mercado acionário voltou a funcionar plenamente, o desemprego diminuiu,
a renda dos trabalhadores aumentou e as indústrias retomaram a produção, aumentando
suas exportações e vendas no mercado interno.
Embora os gastos públicos elevados e as renúncias fiscais tenham aumentado a dívida
pública, muitos economistas consideram que os resultados positivos, que geraram a saída
da crise econômica, tenham compensado.