Você está na página 1de 10

A crise de 1929 – A Grande Depressão

Causas da Crise de 1929:

Quando a Primeira Guerra Mundial chegou ao fim, alguns países europeus estavam
com suas economias enfraquecidas, enquanto que os Estados Unidos cresciam cada vez
mais, lucrando com a exportação de alimentos e produtos industrializados. Em
decorrência disso a produção norte-americana se acostumou com esse crescimento, o
que aumentou dia após dia, principalmente entre os anos de 1918 e 1928. Era um
cenário com muitos empregos, preço baixo, elevada produção na agricultura e a
expansão do crédito que incentivada o consumismo desenfreado.

Após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), a economia dos Estados Unidos se


tornou a mais importante do mundo. Haja vista que, com a destruição que a guerra
provocou na Europa, a produção econômica de grandes potências, como a Inglaterra e a
Alemanha, não mais se sobrepunha aos outros países, pois estava em processo de
recuperação. Sendo assim, os EUA, ao tempo que conseguiam uma produção econômica
muito grande, pois tinham compradores dentro e fora do país, também estimulavam a
oferta de crédito pra estes compradores, bem como a política de aumento salarial para
empregados. Entretanto, sempre quando havia um período de pequena recessão, isto é:
decréscimo na produção econômica, o governo intervinha no mercado aplicando mais
crédito (dinheiro e títulos da Bolsa de Valores) para reparar os danos.

O problema para os Estados Unidos foi que a Europa começou a se reestabelecer, o


que levou a importar cada vez menos dos Estados Unidos. Agora a indústria norte-
americana não tinha mais para quem vender a quantidade exacerbada de mercadorias,
havendo mais produtos do que procura. Isso levou a diminuição do preço, queda da
produção, e consequentemente, aumento do desemprego. Esses fatores provocaram a
queda dos lucros e a paralisação do comércio.

A medida de expansão de crédito tornava as taxas de juros artificiais, sem lastro com
as reservas de crédito reais, que eram ancoradas na poupança. Os investidores que
tinham ações na Bolsa de Valores de Nova Iorque recebiam um sinal falso da expansão
de crédito e, consequentemente, acabavam por ampliar os seus negócios, aumentar
salários, e investir ainda mais.

O principal fator que contribuiu para a Crise de 1929 foi a expansão de crédito,
emitido pelo Federal Reserve System – Sistema de Reserva Federal – (uma espécie de
Banco Central Americano) desde 1924, ainda sob o governo do presidente Calvin
Coolidge.
Este processo gerou uma “bolha inflacionária”, pois, em 1929, chegou um momento em
que não se podia mais esconder o caráter artificial da expansão econômica: havia muito
dinheiro emitido circulando, mas sem valor real com a produção. Já sob o governo
Hoover, a Bolsa de Valores de Nova Iorque, responsável pela administração dos
investimentos aplicados e do crédito emitido, entrou em colapso.

Em resumo, a crise de 1929 se deu graças a superprodução, que não estava preparada
para a falta de procura, e acabou com todas as mercadorias encalhadas.

Como a crise de 29 afetou o Brasil:


Muitos países sofreram com a grande recessão americana, resultando em grandes
efeitos bem parecidos com os Estados Unidos da América – fechamento de
estabelecimentos bancários, comerciais, financeiros e industriais, que resultaram na
demissão de milhares de trabalhadores. No Brasil, a crise atingiu o setor cafeeiro. Os EUA
eram os maiores compradores do café brasileiro, que em meio a esta turbulência fez com
que o Brasil se visse em uma situação de diminuição de suas exportações. Para que o
produto não fosse desvalorizado, o governo brasileiro comprou e queimou toneladas de
café, diminuindo a oferta e mantendo o preço do principal produto do país. Isto induziu
os cafeicultores a investiram no setor industrial, o que de certa forma foi positivo para a
indústria brasileira.

Mas, mais do que gerar dificuldades econômicas, o crash que completa 80 anos em 2009
provocou uma mudança no foco de poder no país, acabando com um pacto político
interno que já durava mais de trinta anos.

Entre os anos de 1894 e 1930, o presidente da República foi eleito pelos paulistas barões
do café num mandato, e no outro pelos pecuaristas mineiros. Era a chamada política do
café com leite, viabilizada pela hegemonia da oligarquia cafeeira paulista na época e que
garantiu a formação de uma economia agrícola praticamente monoexportadora no país.

Em 1929, a quebra nos mercados acionários do mundo provocou uma forte queda nos
preços internacionais das commodities. O Brasil era fortemente dependente das
exportações de café, e tinha uma enorme dívida externa, que precisava ser financiada
com essas vendas.

Além da queda nos preços, a crise provocou uma diminuição na renda e no consumo
no mundo todo, prejudicando ainda mais as vendas de café. As exportações do produto,
que chegaram a US$ 445 milhões em 1929, caíram para US$ 180 milhões em 1930. A
cotação da saca no mercado internacional, caiu quase 90% em um ano.
Na tentativa de conter a queda, o governo federal comprou grande parte dos estoques
dos produtores, e queimou 80 milhões de sacas do produto. A ideia era queimar para
diminuir a oferta e aumentar o preço internacional, porque o Brasil era o maior país
exportador.

Debilitada, a elite cafeeira começou a ser contestada. Para piorar, liderados pelo
presidente Washington Luís, os paulistas romperam o acordo que tinham com os
mineiros, abandonando o rodízio de poder. A crise arruinou a oligarquia cafeeira, que já
sofria pressões e contestações dos diferentes grupos urbanos e das oligarquias
dissidentes de outros Estados, que almejavam o controle político do Brasil.

Insatisfeitos os líderes das oligarquias de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba
lançaram o gaúcho Getúlio Vargas e o paraibano João Pessoa à presidência e vice-
presidência respectivamente. Batizada de Aliança Liberal, a chapa acabou sendo
derrotada. E o paulista Júlio Prestes foi eleito presidente.

Contudo, a vitória de Júlio Prestes acabou muito contestada, sendo acusada de fraude
eleitoral. Debaixo de muita contestação o presidente Washington Luís se viu encurralado
pela oposição.

Para piorar a situação de Washington Luís, no dia 26 de julho de 1930, João Pessoa foi
assassinado. Foi o estopim para os oposicionistas que deram início à Revolução de 30.

Após desarticular os focos de resistência os insurgentes tomaram o poder e Getúlio


Vargas assumiu provisoriamente a presidência do país. Getúlio foi empossado em
novembro de 1930. Era o início da Era Vargas e um projeto de industrialização.

Não podemos esquecer que Getúlio era o pai dos pobres e a mãe dos ricos. Ele tratou
de não romper tão radicalmente com a oligarquia agrícola, e o café continuou sendo
importante no Brasil. Isso começa a mudar mesmo a partir de Juscelino Kubitschek e,
principalmente, a partir do Golpe de 1964.

A Grande Depressão, porém, dificultou os esforços do governo para ajudar o café e


somente no final da década de 1930 o café começou a recuperar os bons preços nos
mercados internacionais.

Períodos da Era Vargas e suas principais características:

Governo Provisório (1930-34):

 Grandes investimentos na industrialização do país;


 Ocorre a Revolução de 32, em São Paulo, oposicionistas são esmagados pelo
governo getulista;
 Realização de eleições diretas para cargos legislativos.
Governo Constitucional (1934-37):

 Elaboração de nova Constituição em 1934;


 Criação do voto universal e secreto para maiores de 21 anos, incluindo as
mulheres;
 Investimento na Indústria;
 Política Nacionalista: o Nacionalismo;
 Golpe de 1937: Getúlio inicia o Estado Novo.

Estado Novo (1937-45):

 Constituição de 1937;
 Criação das Leis Trabalhistas (CLT);
 Autoritarismo;
 Nacionalismo;
 Criação do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP): responsável pela
censura e pela propaganda do governo;
 Participação na Segunda Guerra Mundial: Apesar da inicial simpatia pela
Alemanha, Vargas alinhou-se contra os nazistas.

Como a crise de 29 afetou o mundo:


As principais consequências da Crise de 1929 foram o desemprego em massa, a
falência de várias empresas, tanto do setor industrial quanto do setor agrícola, e a
pobreza, que assolou grande parte da população americana. Muitos países que estavam
atrelados ao sistema de crédito americano também sofreram uma grande recessão em
suas economias.

Protagonista entre as economias capitalistas desde o encerramento da Primeira


Guerra Mundial, os Estados Unidos mantinham fortes relações comerciais com a grande
maioria dos países do mundo. Deste modo, mostrou-se inevitável que as repercussões
da crise originada em solo norte-americano atingissem o mercado internacional. Exceção
nesse cenário, a União Soviética apresentou em sua economia socialista uma espécie de
blindagem às graves afetações proporcionadas pela crise que, ao longo dos anos trinta,
tornou-se mundial.
Na Europa Ocidental os efeitos foram especialmente desastrosos, principalmente em
economias já debilitadas, como a alemã. Em 1933, ano de ascensão de Hitler ao poder, a
hiperinflação havia corroído o poder de compra do marco alemão e o desemprego atingia
mais de um terço dos trabalhadores. Nesses termos, podemos perceber uma evidente
relação entre o aumento do caos econômico na Alemanha e o fortalecimento do partido
nazista.

Anteriormente à crise de 1929, a Alemanha já se encontrava em uma posição


extremamente desconfortável economicamente devido às pesadas imposições do
Tratado de Versalhes, que conduziram o país a uma instabilidade econômica sem
precedentes, tornando a recuperação econômica um dos principais objetivos do
governo. Para conseguir saldar suas indenizações de guerra e retornar à estabilidade
econômica, fora formada uma comissão dirigida por Charles G. Dawes que elaborou as
bases para o que ficou conhecido como Plano Dawes, que consistia num acordo
estabelecido em 1924 que regulamentava o pagamento de reparações por parte da
Alemanha.

O insucesso do Plano Dawe fica evidente por volta de 1928-29, quando se percebeu
que o proposto em tal acordo era insustentável à economia alemã, outrossim com a
quebra da bolsa de Nova Iorque, há uma interrupção dos empréstimos concedidos pelos
Estados Unidos, agravando mais ainda a situação econômica do país, que irá abandonar
a cartilha econômica ortodoxa, pois fica claro que a mesma não conseguia proporcionar
a estabilidade econômica desejada pela Alemanha. No livro de Bernard Gazier (2009)
sobre a crise de 1929 o autor confirma que:

As reversões dos capitais a curto prazo, pouco ou nada controladas ao longo desse
período, resultantes das disparidades objetivas das situações no mundo, tanto quanto
das antecipações de seus detentores, sucessivamente penalizaram e favoreceram
diversos países. Inúmeros autores atribuem ao esgotamento dos empréstimos
americanos em favor da Alemanha, durante o ano de 1928, a primeira retração da
atividade industrial, anunciadora do desastre nesse país fundamentalmente devedor à
época.

Nesse cenário de extrema instabilidade econômica, a harmonia social que pregavam


os liberais clássicos, caiu em completa descrença. Agora havia duas alternativas postas
ao destino alemão, sucumbir às forças do socialismo, que se tornara extremamente
popular nesse dado momento, ou recorrer a uma política em que o Estado controlasse
as principais atividades econômicas do país. Portanto, para conter o avanço do
socialismo, os burgueses optaram por financiar o partido nazista, que vinha com a
proposta de um estado intervencionista, porém não tinha por objetivo a socialização dos
meios de produção.

Utilizando um discurso de repúdio ao laissez-faire, os nazistas aproveitaram para


atacar os princípios do estado democrático. Ao contrário do New Deal de Roosevelt, que
respeitava os preceitos da democracia, e apenas desenvolveu um novo modelo
econômico, os nazistas rejeitavam os princípios democráticos e escolheram submeter a
economia aos desejos do Führer. Sendo assim, o nacional-socialismo se apoderou da
crítica ao liberalismo para prosseguir com suas ideias absurdas de poder.

Seguindo na crítica ao liberalismo, os nazistas rapidamente começaram apontar


culpados para as mazelas sofridas pelos cidadãos, nesse ínterim atacaram firmemente os
sindicatos, o cooperativismo, especuladores e banqueiros, que na maioria das vezes
eram judeus. A aversão à ortodoxia serviria de base para o discurso de ódio Nazista, que
de acordo com Mazzucchelli:

Sua crítica trazia implícita a destruição das mais elementares normas da vida
democrática. O fechamento dos sindicatos, a dizimação dos comunistas, a perseguição
aos judeus e o comando absoluto sobre a economia converteram-se em dimensões
distintas de um mesmo processo: a busca fanática do reerguimento econômico e moral
da Alemanha.

Outro ponto importante surge quando observamos que a crise afetou não só os
Estados Unidos, mas também os países europeus que dependiam dos empréstimos
internacionais concedidos pelos americanos, aos países devastados pela Primeira Guerra
Mundial. Como num efeito dominó a crise que devastou Wall Street, também atingiu
brutalmente os países da Europa, que sofreram as mazelas da maior crise do capitalismo
já vista na história.

A crise de 29 afetou também outros países, como Itália, França, Reino Unido,
Áustralia, e principalmente o Canadá. Em vários desses países afetados, houveram
aparecimentos de partidos extremistas, de caráter nacionalista. Outros partidos políticos,
de cunho comunista também foram criados, tendo considerável apoio popular.
A maioria desses partidos políticos, senão todos prometiam tirar o país da recessão. Em
alguns desses países, partidos extremistas foram proibidos, em outros aceitos e até
votados pela população, chegando ao poder, como na Alemanha, com o nazismo, e na
Itália, com o fascismo.
O Canadá foi um dos países mais prejudicados pela crise por muitos motivos
diferentes, um deles é por ter estreitos laços econômicos com os EUA (muitos dos
produtos do Canadá eram exportados para os EUA). O colapso do Canadá com a
Depressão, é considerado o segundo maior colapso causado pela quebra da bolsa, atrás
apenas do próprio EUA.

Como o Brasil contornou a Crise:


A estratégia do governo Vargas para enfrentar a crise baseou-se principalmente na
substituição das importações, por meio do desenvolvimento da indústria local, e na
intervenção do Estado na economia. De acordo com o economista Celso Furtado (1920-
2004), ex-ministro do Planejamento no governo João Goulart (1962-1964), a economia
cafeeira, embora em decadência, gerou os recursos necessários para impulsionar a
industrialização e favoreceu o desenvolvimento de um mercado interno, formado pela
mão de obra assalariada dos imigrantes e pelos produtores rurais e suas famílias.

Inicialmente, a demanda era atendida pelas importações. Depois, passou a ser suprida
pela produção local. Sem acesso aos importados, os consumidores representavam um
mercado cativo para as empresas nacionais. Assim, apesar da crise externa, a produção
industrial brasileira pôde crescer rapidamente. Acentuou-se o processo de
nacionalização da economia. A desvalorização da moeda, em decorrência da crise,
encarecia as mercadorias estrangeiras e representava um estímulo para a incipiente
industria local. Muitos cafeicultores que conseguiram sobreviver à crise começaram a
investir no setor industrial. A política econômica de Vargas foi reforçada por dois fatores
externos. O primeiro foi o “New Deal”, um pacote de medidas para reativar a economia
americana lançado em 1933 pelo presidente Franklin Delano Roosevelt O segundo foram
as teorias do economista britânico John Maynard Keynes (1883-1946), delineadas em seu
livro Teoria geral do emprego, do juro e da moeda-, publicado em 1936. Tanto Roosevelt
quanto Keynes defendiam a atuação do Estado para estimular a atividade econômica.
Keynes, de certa fornia, deu legitimidade conceituai à política implementada por Vargas.
No Brasil, um dos principais entusiastas das idéias de Roosevelt e Keynes foi o engenheiro
e empresário Roberto Simonsen (1889-1948), senador e presidente da Fiesp, entidade
que reúne os industriais paulistas.

Simonsen defendia o fortalecimento do Estado para permitir a industrialização


brasileira. Apesar de ter se oposto a Vargas no início do governo, acabou se aliando a ele.
Amparado nas idéias de Keynes e Roosevelt, temperadas por seu nacionalismo peculiar,
Vargas promoveu a criação em série de empresas estatais. Entre elas, fundou a
Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), privatizada em 1993, e a Companhia Vale do Rio
Doce, privatizada em 1997. Em seu segundo mandato, Vargas voltou a investir na criação
de estatais. Em 1953, foi a vez de fundar o Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico (BNDE), depois rebatizado de BNDES, com “S”, para incorporar a palavra
“social” no nome. No mesmo ano, foi criada a Petrobras, depois da campanha
popularizada pelo slogan O petróleo é nosso. A política econômica de Vargas criou raízes
profundas no Brasil. Manteve-se viva mesmo durante o governo militar, que assumiu o
poder após o golpe de 1964. Ao contrário dos militares chilenos, que derrubaram o
governo socialista do presidente Salvador Allende em 1973, o regime militar que se
instaurou no Brasil não apostou no liberalismo econômico para estimular o
desenvolvimento. Ao contrário, acabou por reforçar a tendência estatizante e
nacionalista que vigorava no país antes de os militares assumirem o poder. Durante o
regime militar, foram criadas diversas outras estatais, entre elas a Telebrás (1972),
privatizada em 1998, e a Nuclebrás (1975), que continua sob o controle do Estado.

Hoje, como benefício da perspectiva histórica, pode-se dizer que o protecionismo e


o estatismo adotados por Vargas para combater os efeitos da crise de 29 favoreceram o
desenvolvimento de um parque industrial pujante no Brasil. Mas também geraram
tremendas distorções, como a ineficiência das empresas, o encarecimento dos produtos
por falta de concorrência internacional e o desestímulo à inovação. A estatização e o
protecionismo tendem a estimular também o descontrole das contas públicas, a
corrupção, o empreguismo e o tráfico de influência.

Como o Mundo contornou a Crise:

O Estado norte-americano não realizou nenhuma forma de intervenção econômica


no mercado do ano de 1929 até 1932. O presidente Hoover, seguidor assíduo do
liberalismo clássico, acreditava na recuperação da crise a partir do próprio mercado,
fato que não aconteceu.

Quando Franklin Roosevelt assumiu o governo dos Estados Unidos, ao contrário de


Hoover (republicano), logo estipulou algumas medidas e estabeleceu metas para retirar
a economia norte-americana da crise que havia entrado.

Roosevelt nomeou uma comissão de especialistas, economistas adeptos das ideias do


economista inglês John Maynard Keynes. Essas ideias influenciaram na criação do plano
de intervenção do Estado na economia – o chamado New Deal(Novo Ajuste).

Roosevelt, através do New Deal, determinou grandes emissões monetárias, realizou


grandes obras públicas, como as construções de hidrelétricas, estradas, pontes, entre
outras (estimulando o emprego), e, consequentemente, reativou o consumo, o que
possibilitou o reaquecimento da economia estadunidense.

O New Deal (“Novo Acordo” em português) foi um conjunto de medidas econômicas


e sociais tomadas pelo governo Roosevelt, entre os anos de 1933 e 1937, com o objetivo
de recuperar a economia dos Estados Unidos da crise de 1929. Teve como princípio
básico a forte intervenção do Estado na economia.

Principais características do New Deal (medidas e objetivos)

- Fortes investimentos estatais em obras públicas.

O governo dos EUA investiu, principalmente, na construção de obras de infraestrutura


(pontes, rodovias, aeroportos, usinas, hidrelétricas, barragens, portos, entre outras). Os
investimentos também foram para a construção de hospitais, escolas e outros
equipamentos públicos.
O principal objetivo destas medidas era a geração de empregos, pois os Estados Unidos
sofriam muito com o desemprego elevado após a Grande Depressão de 1929.
- Reforma do sistema bancário e monetário

O governo dos EUA, através da modificação e criação de leis, passou a ter poderes de
controle e fiscalização sobre o mercado financeiro.
O objetivo era evitar fraudes financeiras, especulações e diminuir os riscos de operação
dos bancos e demais agentes financeiros.

- Controle de preços e produção das empresas

Como uma das causas da Crise de 1929 tinha sido o aumento dos estoques das empresas,
O New Deal buscava resolver este problema através da fiscalização sobre os estoques da
empresas, para que estes não aumentassem a ponto de gerar risco operacional delas,
levando-as à falência. Os preços das mercadorias também foram controlados pelo
governo, a fim de evitar o aumento da inflação.

- Incentivos agrícolas

Subsídios, empréstimos e outras medidas voltadas para o aumento da atividade agrícola


das grandes propriedades e da agricultura familiar. Além de aumentar a produção de
gêneros agrícolas, estas medidas visavam aumentar o número de empregos no campo.
Estes incentivos ao setor agrícola também tinham como objetivo estancar o crescente
êxodo rural, que estava gerando problemas sociais nos grandes centros urbanos.

- Criação de medidas voltadas para a área social

Como forma de diminuir os impactos sociais da crise de 1929, o governo norte-americano


criou a Previdência Social, o seguro desemprego e o seguro para idosos acima de 65 anos.

- Redução da jornada de trabalho

O principal objetivo de reduzir a carga horária semanal de trabalho era aumentar o


número de empregados, pois as indústrias precisaram contratar mais funcionários.

Resultados

O New Deal foi bem sucedido, apresentando resultados positivos já no começo da década
de 1940. O mercado acionário voltou a funcionar plenamente, o desemprego diminuiu,
a renda dos trabalhadores aumentou e as indústrias retomaram a produção, aumentando
suas exportações e vendas no mercado interno.
Embora os gastos públicos elevados e as renúncias fiscais tenham aumentado a dívida
pública, muitos economistas consideram que os resultados positivos, que geraram a saída
da crise econômica, tenham compensado.

O New Deal influenciou as políticas econômicas na Europa ocidental, no que ficou


conhecido como Welfare State, políticas de bem-estar social que proporcionaram o
boom econômico do pós-guerra. O Estado garantia uma distribuição menos desigual de
renda e criava infraestruturas necessárias a uma vida digna para a maioria da população,
investindo em saúde, educação e transporte.
Somente na década de 1970, com as graves crises que assolaram o mundo capitalista,
que as medidas keynesianas, como o New Deal, foram sendo substituídas e dando lugar
a novas políticas de orientação liberal. Começava a época do neoliberalismo econômico.

Você também pode gostar