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pamento de terras por parte de grandes senhores que visaram à sua exploração
comercial, em novos moldes.Houve também um retrocesso da expansão
territorial: os mouros permaneceram em Granada, os cruzados foram expulsos
do Oriente Médio, os mongóis invadiram a planície russa etc.
As discussões mais significativas sobre as causas da crise têm salientado
o impacto das epidemias e as características do meio físico, como as variações
do clima e as condições do solo, mas integram esses fatores em uma expli
cação maior.Há historiadores que sustentam que, dadas as limitações inerentes
à organização social feudal, não havia suficiente reinvestimento de lucros na
agricultura de modo a aumentar significativamente a produtividade; com isso,
os bens disponíveis se restringiram, levando às guerras entre senhores e
camponeses e, em uma seqüência de fatos, à estagnação.Essa explicação, na
aparência distante do nosso tema, é importante porque, segundo ela, a única
saída para se tirar a Europa Ocidental da crise seria expandir novamente a
base geográfica e de população a ser explorada.Mas isso não quer dizer que
fatalmente, em meio à crise, um pequeno país do sudoeste da Europa deveria
lançar-se no que viria a ser uma grande aventura marítima.
Por que Portugal iniciou pioneiramente a expansão, no começo do século
XV, quase cem anos antes que Colombo, enviado pelos espanhóis, chegasse
às terras da América?
A resposta não é simples, pois uma série de fatores devem �er consi
derados.O próprio peso atribuído a cada um deles pelos historiadores tem
variado, seja pela aquisição de novos conhecimentos dos fatos da época, seja
pela contínua mudança de concepções sobre o que é mais ou menos importante
para se explicar o processo histórico.Por exemplo, sem ignorar o papel do
Infante Dom Henrique (13 9 4 -1 64 0) e de sua lendária Escola de Sagres no
incentivo à expansão, hoje não se acredita que esses fatos tenham sido tão
relevantes quanto se pensava até alguns anos atrás.
Para começar, Portugal se afirmava no conjunto da Europa como um
país autônomo, com tendência a voltar-se para fora.Os portugueses já tinham
experiência, acumulada ao longo dos séculos XIII e XIV, no comércio de longa
distância, embora não se comparassem ainda a venezianos e genoveses, a
quem iriam ultrapassar.Aliás, antes de os portugueses assumirem o controle
de seu comércio internacional, os genoveses investiram na sua expansão,
/1/STÓRIA DO IJRAS/l
.
1.
1 O GO STO PELA AVENTURA
1 . Conquisl<l e Coloni:arão na América. Tht:odnre de Hry, grnvurista belga do século X V I que se dedi
cou principalmente a ilustrações de viagens.
Duração Aproximada das Viagens Marít imas, a r.artir de Sal vador, nos Séculos
XVI I e XVII I
Ocidental d a Idade Méd ia foi "uma civi l i zação carnívora". Grandes quanti
dades de gado eram abatidas no início do verão, quando as forragens acabavam
no campo. A carne era armazenad a e precariamente conservada pelo sa l, pel a
defumação o u simplesmente pelo sol . Esses processos, usados também para
conservar o peixe, deixavam os alimentos intragáveis, e a pimenta servia para
d isfarçar o que t inham de desagradável. Os cond imentos representavam tam
bém um gosto alimentar da época, como o ca fé, que bem mais tarde passou a
28 HISTÓRIA DO BRASIL
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Cabo da Boa Esperança
4 Cena de C"'rihali.ww, Theodorc de flry. Exemplo e.lo i maginário europeu sobre o canibalismo, visto
como t ípic:1 cxprcssao e.la barbárie indígena.
pois podem dar idéia de que não havia presença humana anterior à chegada
dos portugueses ao Novo Mundo. Estamos nos referindo obviamente it existên
cia da popu l ação indígena.