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BRASIL
VIOLÊNCIA NO RIO

Como a milícia se infiltrou na vida do Rio


Gangues cobram 'pedágio' da comunidade para que obtenham serviços básicos

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MARÍA MARTÍN

Rio de Janeiro - 24 JUL 2016 - 22:36 CEST

A milícia, que parece estar por trás da


metade dos assassinatos de nove pré-
candidatos e vereadores na região da
Baixada Fluminense nos últimos oito
meses, atua há décadas no Rio de
Janeiro e controla cerca de 170 regiões
no Estado. Originalmente instituídas
O filme 'Tropa de Elite 2' retrata o poder das como patrulhas de segurança contra
milícias no Rio.
traficantes, estas gangues integradas
então por policiais, bombeiros e
agentes penitenciários, eram até bem vistas pela população e as autoridades.
Hoje, explica o delegado Alexandre Herdy, titular da Delegacia de Repressão às
Ações Criminosas Organizadas, “a única motivação deles é o lucro”. Camisa Bayern de Munique Pré
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Esse lucro não costuma vir das drogas, como no caso do tráfico, mas da extorsão Aproveite
dos moradores dos quais os milicianos cobram taxas por serviços básicos como
água, gás, transporte alternativo, venda de imóveis, sinal clandestino de TV,
Internet e, claro, segurança. A mensagem é clara: quem não paga não está
seguro. O miliciano tenta representar o Estado dentro das favelas. “Pessoas com
esse perfil, de cuidador da área, perceberam rapidamente que podiam ganhar
dinheiro com isso. Começou com a ideia romântica de proteger a população, até
o dinheiro chegar e entenderem a morte como negócio”, explica o delegado
Giniton Lages, titular da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense, que INSCREVA-SE EM NOSSOS NEWSLETTERS

investiga se a milícia está por trás dos assassinatos.


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Os milicianos, que tradicionalmente têm mais poder na Zona Oeste da capital,


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estão hoje tentando penetrar na Baixada, deixando um rastro de violência em seu
Nem da Rocinha: “Não me arrependo de ter sido
passo. O delegado Lages acompanha com o dedo o hipotético percurso que
traficante. O você faria no meu lugar?”
esses grupos estão fazendo para entrar na região, marcado com uma fileira de
Assassinato político de Marielle Franco reativa as
alfinetes vermelhos em um enorme mapa na parede. Cada alfinete é um morto. ruas e desafia intervenção no Rio

“A morte entra nesse cenário quando a pessoa da comunidade se opõe à milícia Caso Marielle Franco: o dia seguinte ao
assassinato que comoveu o Brasil, contado minuto a
ou quando há um racha num grupo atuante nessa região”, explica Lages. Assim
minuto
como na máfia, a morte é um recado. “Por isso matam com esses requintes de
Assassinato de Marielle Franco põe Planalto
violência, à luz do dia, sabendo que há câmeras”, completa Lages. contra a parede

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Uma década atrás, os integrantes das milícias – hoje em
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prende 10 suspeitos a ex-narcotraficantes – posavam nas fotos de campanha
Marielle Franco, vereadora do PSOL, é assassinada
de planejar ação com políticos de alto escalão, se candidatavam e até no centro do Rio após evento com ativistas negras
terrorista na
Olimpíada
governavam. Em 2010, por exemplo, causou polêmica a Empresária celebra escravidão em aniversário “top”
para a filha
divulgação de imagens e um vídeo gravado em 2007 onde o
“No Rio de Janeiro A campanha de “matar quem atrapalha” nas eleições
há uma banalização
ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) inaugurava
municipais do Rio
inadmissível da uma rede de abastecimento de água junto a dois líderes do
Em respeito a Marielle Franco, as fábricas de ódio do
morte”
mais poderoso grupo paramilitar da cidade. Os colegas Facebook fecham por algumas horas

Governo federal políticos, o então vereador Jerônimo Guimarães, do PMDB,


socorre Rio para
e o deputado estadual Natalino Guimarães (ex-DEM),
garantir segurança
na Olimpíada foram condenados, posteriormente, a dez anos de prisão,
em um presídio de segurança máxima, por formação de
quadrilha.

O compadrio começou a deixar de ser tão bem visto a partir de 2008, quando um
grupo de milicianos torturou dois repórteres e um motorista do jornal fluminense
O Dia que investigavam, precisamente, os vínculos entre milícia e candidatos em
uma favela carioca. O escândalo, que estragou para sempre a vida das vítimas
que tiveram que fugir do Rio, deixando tudo sem olhar para trás, marcou um
antes e um depois na condescendência pública com os milicianos, que optaram
pelos bastidores da vida política.

Desde aquele ano, mais de 1.100 integrantes da milícia foram presos, entre eles
219 policiais militares, um deputado estadual e 791 civis, segundo dados da
Secretaria de Segurança Pública do Rio. Também em 2008, foi concluída uma
Comissão Parlamentar de Inquérito das Milícias na Assembleia do Rio, liderada
pelo deputado estadual Marcelo Freixo, desde então ameaçado de morte, e que
indiciou mais de 250 pessoas. O poder ainda visível da milícia se explica, segundo
Freixo, porque as autoridades se concentraram em prender, mas não cortaram
suas fontes de renda.

Para o delegado Lages, a entrada dos milicianos em áreas como a Baixada


Fluminense se explica, em parte, pelo abandono do Estado. “Nos bolsões de
pobreza há uma ineficiência total do Estado, inclusive na segurança. Na Baixada
[onde mora cerca de 23% da população do Estado] tem menos policiamento que
na Zona Sul”, explica o delegado. “Onde o Estado não consegue chegar, o crime
acaba preenchendo o vácuo. Aqui impera o olho por olho. É nesse contexto que
os criminosos prosperam.”

Com outras palavras, um morador de Caxias explica porque considera a milícia


“um mal necessário”: “Os 'Direitos Humanos' tratam como cidadão o criminoso e
um policial que dispara contra um ladrão tem que responder a um processo.
Assim a polícia prefere não se envolver e surgem grupos que protegem a
população e que fazem o trabalho sujo. É uma Justiça paralela, eu sei que não
está correto, mas infelizmente é o que nos resta.”

O delegado, interrompido constantemente durante uma hora de entrevista com


apelos dos seus colegas como “acabaram de atirar na gente” ou novos dados
periciais sobre os supostos crimes políticos, não está muito otimista: "Os
formadores de opinião que conduzem as reflexões no Brasil e no Rio não moram
nos bolsões de pobreza. Me explica como eles vão compreender esta
realidade?”.

ARQUIVADO EM:

Rio de Janeiro · Estado Rio de Janeiro · Homicídios · Brasil · Violência · Eleições · América do Sul
· América Latina · Acontecimentos · América · Delitos · Problemas sociais · Política · Justiça

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