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O TUIUTI

Informativo oficial da AHIMTB/RS

Órgão de divulgação das atividades da


Academia de HIstória Militar Terrestre
do Brasil / Rio Grande do Sul (AHIMTB/
RS) - Academia General Rinaldo Pereira
da Câmara - e do Instituto de História
e Tradições do Rio Grande do Sul
(IHTRGS). Membro da Federação das

EDITORIAL
Academias de História Militar Terrestre
do Brasil (FAHIMTB).

EDITOR
Luiz Ernani Caminha Giorgis, Cel
Presidente da AHIMTB/RS Este Informativo da AHIMTB/RS traz dois assuntos controvertidos,
Vice do IHTRGS embora longínquos no tempo: a controvérsia de Porongos, na
lecaminha@gmail.com
Guerra dos Farrapos e a primeira hecatombe mundial, a Grande
Guerra de 1914/18. Tanto um como o outro, por recorrência, são
PROJETO GRÁFICO/DESIGN submetidos a diversas interpretações ao longo do tempo. Interesses
Fabricio Gustavo Dillenburg diversos balizam estas interpretações. Algumas exageradas, outras
Núcleo de Estudos de História pertinentes e outras, ainda, insuficientes e superficiais.
Militar Vae Victis
nucleomilitar@gmail.com Aqui estão mais duas colaborações nossas ao debate. Sobre
Porongos, cabe-nos defender o Patrono do Exército. Sobre a
Primeira Guerra Mundial temos a dizer que ela tem suas raízes na
ENDEREÇOS VIRTUAIS
Guerra Franco-Prussiana de 1870/71, que "inaugurou" o Século
acadhistoria@gmail.com
www.acadhistoria.com.br XX e foi a catapulta para a Segunda. Neste número, como parte
das intrincadas relações que envolveram o conflito, um de nossos
Membros-Efetivos aborda a morte do poder imperial russo, através
do assassinato de Nicolau II e de sua família.
O i nformat i vo O Tu iut i é uma
publicação da Academia de História
Militar Terrestre do Brasil, seção
O trabalho de divulgação da História Militar continua, mesmo com
Rio Grande do Sul e do Instituto de as restrições orçamentárias. O site da AHIMTB/RS vem mostrando
História e Tradições do Rio Grande um bom volume de acessos e de tráfego.
do Sul. Seu objetivo é a divulgação
dos trabalhos das duas entidades, Prosseguimos, portanto, na faina diária com a História. Como já foi
bem como da História Militar e temas dito no Editorial anterior, este Informativo chega até Portugal, onde
relacionados. Os textos publicados a FAHIMTB possui uma Delegacia, sediada em Lisboa, na figura do
expressam única e exclusivamente a Dr. Rui Vargas, que já tem prestado diversas colaborações com sua
opinião dos autores, não refletindo,
abalizada opinião.
necessariamente, a opinião da
AHIMTB/RS, do IHTRGS, da FAHIMTB,
ou de seus membros, como um todo. O efeito multiplicador continua sendo motivo de agradecimento
O material publicado no informativo está aos destinatários.
protegido por Leis Internacionais
de Copyright. Para publicação e/ou
redistribuição, por favor, entre em Luiz Ernani Caminha Giorgis, Cel
contato com o Editor. Editor
CONTEÚDO
4 PORONGOS, MAIS
UMA VEZ
por Cel Luiz Ernani Caminha Giorgis

Uma contribuição, do Presidente da


AHIMTB/RS, para a infindável discussão
sobre a Batalha de Porongos.

12 O ASSASSINATO
DOS ROMANOV
por Fabricio Gustavo Dillenburg

O Membro Efetivo da AHIMTB/RS narra


o monstruoso magnicídio da família
Romanov, pelos bolcheviques.

16 MAIORIDADE
A Federação das Academias de História
Militar Terrestre do Brasil (FAHIMTB) chega
aos 18 anos, com muito para se orgulhar.
4

19

12
Cel Luiz Ernani Caminha Giorgis
Nesta edição de “O Tuiuti” o IHGRGS retorna ao recorrente tema de ‘Porongos’ para
transcrever um extrato da obra abaixo referenciada, de um historiador gaúcho
consagrado, Walter Spalding. Sua opinião é relevante e não pode ser relegada.
Somente foram omitidas as notas. Vamos aos fatos.

SPALDING, Walter. Farrapos! Porto Alegre: Selbach, 1935, p. 185/201

P
orongos! Que de intri- algum tempo, a bem forjada
gas precederam e se se- “MORINGUE POSSUÍA intriga do coronel Francisco
guiram ao recontro das Pedro de Abreu.
forças de Chico Pedro e Ca-
HABILIDADE EM
nabarro no célebre Cerro dos SURPREENDER O Alfredo Varela até hoje susten-
Porongos! INIMIGO. CANABARRO ta ter sido Canabarro um trai-
TAMBÉM ERA HÁBIL dor. Mas tal não há. Canabarro
Há muito vinha o coronel foi confiante em demasia e
E NÃO SE DEIXARIA
Francisco Pedro de Abreu bus- relaxado também. Confiante,
cando um meio de bater com- SURPREENDER TÃO porque já se estava tratando
pletamente o general David FACILMENTE.” da pacificação, embora sem
Canabarro. A empresa, porém, suspensão de armas, confor-
era difícil apesar da reconhe- me se pode ver nessa carta
cida habilidade do Moringue vos alegados por ele, pois do Barão de Caxias ao general
em surpreender o inimigo. É mais de uma vez advertiu-o Bento Gonçalves da Silva:
que Canabarro era hábil tam- o general Neto do perigo,
bém e não se deixaria sur- mas sim ao "rabo de saia", à Foi-me entregue hoje a carta
preender tão facilmente. Um "safadissima Papagaia" que que me fez a honra de escrever
torneio de habilidade entre os fazia Canabarro roubar "à com data de 13 do corrente de-
dois seria um verdadeiro pro- Pátria em pueris conversas volvendo-me o salvo conduto
blema para ser julgado. horas que só à Pátria deve, que me havia sido pedido em
pela posição em que está seu nome pelo Ismael, por isso
Entretanto, na madrugada colocado". Foi essa Papagaia que julgo que ele não satisfez
de 14 de novembro de 1844, - Maria Francisca Duarte - es- plenamente seus desejos. Se
quando já se havia tratado da posa do farmacêutico João são sinceros seus desejos de ver
paz, Chico Pedro surpreende Duarte, que fazia as vezes de concluída a guerra que nos de-
o general em chefe dos farra- cirurgião do exército, a gran- vora e tem confiança em que
pos, que foi completamente de culpada do afrouxamen- serei capaz de empenhar to-
destroçado, escapando-se, to da energia de Canabarro dos os meus esforços para que
com mais "dois generais por que se apaixonou por ela a ela se conclua de uma maneira
bem montados, e os cava- ponto de relaxar muitíssimo digna para o Governo de quem
los das forças legais estarem o comando do exército far- sou Delegado nesta Província, e
abombados das violentas rapo, do qual era general em dos Riograndenses comprome-
marchas de noite e embusca- chefe. tidos na revolução, pode man-
do de dia". dar ao meu campo a pessoa
Se este fato desmoralizou em quem fala, para disso tratar.
A culpa principal deste in- um tanto o caráter de David Devendo ficar na inteligência
sucesso de Canabarro cabe Canabarro, mais ainda o des- de que qualquer arranjo que te-
não propriamente aos moti- moralizou, pelo menos por nha a levar a efeito, nunca terá
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por base a suspensão de armas.


- Pontas do Piraisinho, 22 de ou-
tubro de 1844.

Ignoraria Canabarro essa car-


ta? Ignorasse, ou não, a con-
fiança era demasiada, mor-
mente sabendo, como sabia,
pois mais de uma vez fora avi-
sado por Neto e outros, que
Chico Pedro o estava procu-
rando para um combate deci-
sivo. Relaxado também foi Ca-
nabarro nesse último ano da
revolução, e em especial nes- isso empreendeu, em setem- CONTROVÉRSIA ^
Porongos permanece como um
se caso de Porongos. E foi por bro de 1844, uma expedição dos pontos mais debatidos da
História do Rio Grande Sul, fruto
causa desse seu relaxamento, com o fim de desinquietar al- de discussões intermináveis, muitas
todo entregue ao amores de gumas vilas como Camaquã, delas calcadas em mitos e enganos.

Maria Francisca, a Papagaia Dores, e outras, que estavam


de olhos assassinos, que se sendo "afligidas" pelos farra- cerca de 1.200 homens. Des-
tornou confiante, a ponto de pos e, desse modo, certificar- tes, porém, enviara dias antes,
dizer, sorrindo, para o general se, também, do paradeiro de cerca de 600 em auxílio do
Neto quando este o advertiu Canabarro. Do Rio Grande en- general Portinho que se batia
do perigo: - O Moringue, sen- viou, num cuter, o alferes João nas pontas do arroio Quebra-
tindo minha catinga, não vem Patrício com sua gente para a cho. Assim, pois, a força acam-
cá. Barra do Velhaco, com ordens pada no Cerro não ia além de
de procurar saber com a máxi- 600 homens. Chico Pedro já
Como o cegaram os olhos de ma exatidão o lugar em que se o sabia e por isso apressava
Maria Francisca! Bem caro lhe achava o general David Cana- mais a marcha. Os imperiais
custaram esses amores: sofreu barro. João Patrício desempe- possuiam 1.170 praças, bem
as dores da derrota e, talvez nhou-se admiravelmente do armadas e municiadas.
mais do que essas, as que lhe papel que lhe fora confiado,
haviam de causar a carta apó- levando a Chico Pedro a posi- Como se vê, pelas forças de
crifa, forjada por Chico Pedro ção exata das forças de Cana- ambos as partes, não havia
que a atribuiu, depois, a Caxias barro no Cerro dos Porongos, necessidade alguma de Chi-
para onde se encaminhou no co Pedro querer desmoralizar
dia 10 de novembro com um Canabarro e surpreendê-lo.
A INTRIGA cuidado e sigilo verdadeira- Não havia necessidade. A vi-
mente admiráveis. tória seria, fatalmente, de Mo-
Conforme ficou dito, há muito ringue. Um espirito diabólico,
vinha Chico Pedro planejan- Com Canabarro, no Cerro dos porém, levou-o a querer a
do um meio de bater David Porongos, estavam Neto com destruição e desmoralização
Canabarro, "único que lhe a sua cavalaria, e Joaquim Tei- completa do chefe do exérci-
faltava bater dos chefes re- xeira Nunes com sua famo- to farrapo, pois era ele o único,
beldes", como o confessa nas sa infantaria negra. As forças pode-se dizer, que resistia ain-
suas já citadas Memórias. Para farrapas compunham-se de da com destemor e galhardia
às investidas das forças impe- ca-lo, visto haver entre ele e o
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riais sob o comando do gran- Barão de Caxias um convênio
de Caxias. para se deixar surpreender e o ditado, Morais deu ainda al-
derrotar. Estava, pois, assenta- guns retoques no que escre-
E forjou o plano, alta noite, en- do o plano. Era só executá-lo. vera e, em seguida, leu, a meia
quanto, com seus soldados, voz o seguinte:
no maior silêncio, viajavam
rumo a Porongos. Escreveria A CARTA Ilm°. Sr. - Regule suas marchas
uma carta, imitando a letra de maneira que, no dia 14, às
de Caxias tanto quanto pos- Depois da marcha de uma duas horas da manhã, possa
sível, carta a ele, Chico Pedro, noite inteira, acampou Chico atacar a força ao mando do Ca-
dirigida, e na qual se trataria Pedro nos matos do Passo do nabarro, que está nesse dia do
de demonstrar que Canabar- Piquerí, próximo à Quinta do cerro dos Porongos. Não se des-
ro combinara com o Barão a Bibiano, para que seus solda- cuide de mandar bombear o
entrega de tudo quanto pos- dos pudessem descansar das lugar do acampamento, de dia,
suía a força farrapa sob seu co- devendo ficar bem certo de que
agruras da marcha que seria
mando, devendo, porém, para ele há de passar a noite nesse
recomeçada ao escurecer,
não despertar suspeitas, dar a mesmo acampamento. Suas
afim de viajar sempre às ocul-
esta rendição a aparência de marchas deverão ser mais ocul-
tas.
um combate, ou surpresa, da tas que possível seja, inclinan-
qual somente ele, Canabarro, do-se sempre sobre sua direi-
E enquanto os seus soldados ta, pois posso afiançar-lhe que
e Vicente Lucas de Oliveira pu- dormiam - na sua barraca, à
dessem fugir. Canabarro e Lucas ajustarão
sós com o major João Macha- suas observações sobre o lado
do Morais, Chico Pedro dava oposto. No conflito poupe o
Forjado o plano, tudo bem
cabo à mais infame das intri- sangue brasileiro quanto puder,
preparado, calculado até, com
gas. Com algumas cartas de principalmente da gente bran-
exatidão matemática, dia e
Caxias na sua frente, Morais
hora em que esperava sur-
escrevia, o que lhe ia ditando
preender Canabarro, em Po-
Chico Pedro. Mas como este CURIOSIDADE DIGITAL v
rongos, chamou o major João A iconografia dos farrapos (e dos
Machado de Morais, hábil calí- tinha um português péssimo, lanceiros negros) serve de inspiração

grafo, a quem confiou o plano, era mister corrigir as frases e até para a criação de personagens em
jogos de computador, que são sucesso
perguntando, em seguida: imitar o estilo do Barão. Findo internacional, como "Assassin's Creed".

- Será V. capaz de imitar fiel-


mente, ou tanto quanto possí-
vel a letra de Caxias?

- Talvez o possa. Devo, porém,


antes, examiná-la bem.

Antegozando as delicias da
intriga, disse-lhe, então, Chi-
co Pedro: - Pois vamos fazer
uma intriga contra Canabarro,
fingindo um ofício de Caxias
para mim, dizendo que no
dia tal, mais ou menos, vá ata-
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ca da província ou índios, pois


bem sabe que essa pobre gente
inda nos pode ser útil no futuro.
A relação junta é das pessoas
a quem deve dar escápula, si
por casualidade cairem prisio-
neiras. Não receie a infantaria
inimiga, pois ela há de receber
ordem de um ministro e de seu
general em chefe, para entre-
gar o cartuchame sob o pretex-
to de desconfiarem dela. Se Ca-
nabarro ou Lucas, que são
os únicos que sabem de tudo,
forem prisioneiros, deve dar- do dia 11 do corrente. Além de CANABARRO ^
David Canabarro permanece como
lhes escápu-la, de maneira que quanto lhe digo nesta ocasião, figura central nas discussões, alvo
de múltiplas defesas e acusações,
ninguém possa, nem levemen- já V. S. deverá estar bem ao fato sem que uma definitiva resposta
te, desconfiar, nem mesmo os do estado das coisas pelo meu possa ser, por enquanto, atingida.

outros, que eles pedem que não ofício de 28 de outubro e por


sejam presos, pois bem deve co- isso julgo que o bote será apro-
dobrou cuidadosamente a
nhecer a gravidade deste se- veitado desta vez. Todo o se-
carta e a pôs no bolso.
creto negócio, que nos levará gredo será indispensável nesta
em poucos dias ao fim da revol- ocasião e eu confio no seu zelo Do Piquerí seguiram, sempre
ta desta província. Se por acaso e discernimento que não abu- em marcha forçada, para Pi-
cair prisioneiro um cirurgião sará deste importante segredo. ratini onde, então, se encon-
ou boticário de Santa Catari- Deus guarde a V. S. - Quartel trava Caxias. Aí mostrou-lhe
na, casado, não lhe reviste sua General e do Gomando em o coronel Francisco Pedro de
bagagem, nem consinta que Chefe do Exército em marcha Abreu o suposto ofício.
ninguém lhe toque, pois com nas imediações de Bagé, 9
ela deve estar a do Canabarro. de novembro de 1844. - Barão "Caxias, - diz Alfredo Ferreira
Se por fatalidade não puder al- de Caxias. Rodrigues - desejava a paz, fi-
cançar o lugar onde lhe indico, zera concessões sem autoriza-
no dia 14, às horas marcadas, Chico Pedro bateu palmas. ção expressa do governo, para
deverá deferir o ataque par o Bravos! Muito bem! Com esta facilitar a execução dela; tinha,
dia 15 às mesmas horas, fican- acabo de vez com a fama e o pois, interesse em aproveitar
do bem certo de que neste caso nome de Ganabarro, mesmo tudo que concoresse para ela.
o acampamento estará muda- em caso de um fracasso, isto é: Achou necessariamente o pla-
do um quarto de légua mais ou de não poder realizar a surpre- no pouco leal, mas o mal esta-
menos por essas imediações sa com a qual sonho e a tanto va feito e deixou que o ofício
em que estiverem no dia 14. Se venho premeditando. Morais corresse sem desmentido".
o portador chegar a tempo de passou cuidadosamente a lim- Além disso, se Caxias desmen-
que essa importante empresa po, imitando perfeitamente a tisse o tal ofício apócrifo, per-
se possa efetuar, V. S. lhe dará letra de Caxias, o famigerado deria, talvez, a coadjuvação
seis onças, pois ele me prome- ofício. Chico Pedro, rindo por agora mais do nunca neces-
te entregar em suas mãos este todo o corpo, antegozando o sária, do famoso guerrilheiro
ofício até às 4 horas da tarde efeito de seu satânico plano, das hostes do império. E foi
esse temor que também, por ta, no que consente, jubiloso,
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certo, fez com que Caxias se sem se lembrar da frase final
calasse. Naquele lufa-lufa da que mandara escrever: "todo receie a infantaria inimiga,
guerra, cheio de preocupa- o segredo será indispensável pois ela há de receber ordem
ções, o insigne barão nem se- nesta ocasião e eu confio no ... de entregar o cartuchame
quer se lembrou do que pode- seu zelo e discernimento que sob o pretexto de desconfia-
ria acontecer, mais tarde, nos não abusará deste importante rem dela".
domínios da história. Nunca segredo". Com a cópia tirada
imaginou que essa fraqueza a por Barbosa, a carta se tornou Canabarro, realmente, dera
que foi arrastado pelas contin- pública. Ninguém mais a ig- ordem à infantaria de João
gências da guerra e do sata- norava em toda a vila, e Cana- Antônio para recolher a muni-
nismo de um seu comandado, barro era amaldiçoado. ção, que lhe seria novamente
viesse, um dia, macular-lhe o entregue no momento opor-
nome impoluto, aquele nome Mas o cinismo de Moringue tuno.
que tanto prezava e por cuja não parou aí. Foi além. Leu, em
dignidade e honra norteava voz alta, o tal ofício para que Félix de Azambuja Rangel, ofi-
a sua conduta e vida, mesmo fosse ouvido por todos e em cial da legalidade, assim escla-
nas cousas menores. especial pelos republicanos rece o recolhimento do cartu-
presos, soldados e sargentos. chame:
Próximo a Piratini residia um E enquanto Chico Pedro assim
exaltado republicano, então procedia, no acampamento Desde que Canabarro acam-
muito conhecido, João Rodri- farrapo um mal entendido, pou nos Porongos, Francisco
gues Barbosa, a quem Morin- ou sabe Deus que, serviu para Pedro propalava constante-
gue foi, em seguida, mostrar comprometer ainda mais ao mente que ele contava com o
a tal carta, reservadamente, general Canabarro, compro- Batalhão de Canabarro e que
mas já sabendo que seria logo vando o que Chico Pedro dizia quando se empenhassem em
divulgada. Barbosa ficou in- no celebérrimo ofício: "Não fogo ele faria fogo contra Ca-
dignado. Para ele Canabarro nabarro, isto é, contra a gente
ficou abaixo do mais ínfimo de Canabarro. Sendo preso um
animal. E para desmoralizar CAXIAS, 1877 v oficial de Canabarro por Fran-
A defesa de Caxias, patrono do
completamente o ''tratante", Exército, não é difícil. Sua ilibada cisco Pedro, pediu a este que
reputação e sempre elevado senso
solicitou a Chico Pedro licença de honra permitem que se duvide não o deixasse sofrer tantos
para tirar uma cópia da car- de qualquer golpe à traição. trabalhos sendo deportado. Ele
então respondeu que só se ele
fosse trabalhar a favor do Go-
verno com a Infantaria e que lá
encontraria companheiros nes-
se serviço. Perguntou o dito ofi-
cial qual era esse companheiro.
Francisco Pedro res-pondeu es-
tar aí a chave do segredo mas
que ele fosse trabalhando que
haveria de encontrá-lo. Este ofi-
cial foi solto e apresentando-se
ao general Neto, republicano,
relatou semelhante fato e este o
levou à presença de Canabarro.
À vista disto mandou Canabar-
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AHIMTB/RS nel Francisco Pedro de Abreu,
“ÀS DUAS HORAS DA iludindo as sentinelas na escu-
ro publicar uma ordem do dia ridão da noite, espadas amar-
procedendo ao recolhimento MADRUGADA, MAIS OU
radas, cavalos a cabresto, apro-
do cartuchame e declarando MENOS, UM RUMOR xima-se tanto quanto possível
que seria distribuído por oca- ESTRANHO DE FAZ do acampamento que dorme.
sião do combate". OUVIR. EM SEGUIDA, Monta, em seguida, com seus
UM TIRO DE ALARME 40 homens e, num ímpeto de
Do que não é capaz a intriga! tufão, invade o acampamen-
E A VOZ DOS CLARINS to. Os republicanos mal tem
CHAMANDO ÀS ARMAS.” tempo de se levantarem. Mas
A SURPRESA tentam reagir ao assalto. Inú-
til, porém. Secundando Fidelis
Dez horas da noite. Saiam os Pais, entra, por outro lado o
dormia, mas alerta, com as ré-
últimos da barraca do general famoso Manduca Rodrigues,
deas de seus pingos na mão.
Canabarro. Silêncio profundo. cujos atos de verdadeira te-
Neto era o único que não con-
Todos, menos Neto e sua ca- meridade lhe haviam dado
fiava, embora Canabarro lhe
valaria, dormiam na mais pro- tivesse dito que usua catinga fama de valente entre os mais
funda despreocupação. afastaria o Moringue". E tinha valentes.
razão.
Antônio Vicente da Fontoura Forma-se o entrevero. Pou-
acabara de escrever uma carta Às duas horas da madruga- cos tiros se ouvem. A infanta-
à família, na qual se despedia da, mais ou menos, um rumor ria, sem um cartucho sequer,
dela e fazia o seu testamento, estranho se faz ouvir. Neto tenta resistir à arma branca.
isto é: distribuía entre as filhas desperta, ouvido a escuta. Se- O chão coagula-se de mortos
o que levava consigo: uma gundos depois ouve, distinta- e feridos. Vendo inútil a resis-
caixa de tintas, as chilenas de mente, o tropel de cavalos e, tência, dispersa-se desorde-
prata, um caiapim... em seguida, um tiro de alarme
e a voz dos clarins chamando
Súbito, todo embuçado um às armas. REPRESENTAÇÕES DUVIDOSAS v
Embora frequentemente com grande
vulto sai da barraca de Cana- beleza visual, a forma como a mídia,
barro e, escondendo-se sem- Fidelis Pais, o temivel Fidelis, normalmente, apresenta a história,
repleta de erros e estereótipos, resulta
pre, penetra numa outra onde vanguarda das forças do coro- em interpretações problemáticas.
ainda havia uma pequena luz.
Era o próprio general que,
apaixonado, ia entregar-se a
Morfeu nos braços da "safa-
dissima Papagaia”. Ouviu-se
ainda aí uns cochichos, leves
sussurros. Depois, mais nada.
Somente a luz das estrelas
lançava um frouxo clarão so-
bre aquele acampamento que
parecia morto.

Mais longe um pouco, porém,


viam-se cavalos encilhados.
Era a cavalaria de Neto que
namente o batalhão dos ne- de 330 ficaram prisioneiros,
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gros de Teixeira. Canabarro, entre os quais o coronel Rolão,
ao ouvir o tiro de alarme sai da o Ministro da Fazenda, Viana, e ço supremo, resolveu aban-
barraca da amante mas, ven- 33 oficiais. Tendo, ainda, como doná-la. E abandonou-a para
do-se perdido, foge a cavalo. troféus, mais de 2.000 cartu- sempre. A lição fora dura, mas
Neto é o único que resiste ain- chos, grande quantidade de servira.
da, heroicamente, dando, as- armas, mil e tantos cavalos,
sim, tempo aos outros, de se muitos dos quais encilhados, •
afastarem. Mas vai cedendo, 5 estandartes e parte do ar-
passo a passo e retira-se por quivo de Ganabarro. Entre os Nossos agradecimentos ao artista
fim, deixando os imperiais se- prisioneiros ficaram, também, Vasco Machado pela gentil liberação
nhores do terreno. o cirurgião João Duarte e sua do uso de suas belíssimas obras,
que ilustram nossa capa e a
mulher, Maria Francisca, a Pa- abertura deste artigo.
A derrota fora completa. Ne-
pagaia, que foram,
nhum general ficou prisionei-
depois, postos em
ro, e nem mesmo ferido. Mas
liberdade indo, no-
a República sangrava e gemia
vamente, reunir-se
de dor. E lá fora, nos próprios
às forças de Cana-
arraiais farrapos, o nome de
barro.
Canabarro andava de boca
em boca cercado de maldi-
A Papagaia, porém,
ções. O próprio Ministro Al-
só teve licença de
meida, o sério e integro minei-
ro Domingos José de Almeida, acompanhar o exér-
maldizia Canabarro, e Bento cito até Encruzilha-
Gonçalves da Silva manda- da, onde ficou. Ca-
ra-lhe um desafio, duelo de nabarro bem sabia
morte, duelo como aquele de que tinha sido ela
oito meses antes, que custara a maior culpada da
a vida ao infortunado Ono- sua imprevidência.
fre. Canabarro, porém, recu- Por isso, num esfor-
sou-se dizendo ser inocente.
E concluiu: - Não se precipite.
O tempo dirá a verdade e me
fará justiça. A todos perdoou SOBRE O AUTOR
os insultos e ataques que lhe Luiz Ernani Caminha Giorgis é
dirigiram. A todos, menos a Coronel da Reserva, Presidente da
AHIMTB/RS e Vice do IHTRGS. Editor
um: a Chico Pedro. do informativo O Tuiuti, é autor de
várias obras sobre a história militar,
No campo de Porongos fica- entre elas “O Duque de Caxias Dia a
Dia” e “História do Casarão da Várzea
ram, conforme a ordem do dia 1885-2008” (co-autor). Possui inúme-
n° 180, de Caxias, e conforme ros artigos publicados e é detentor
as Memórias de Francisco Pe- de diversos diplomas e medalhas, re-
cebidos por serviços prestados à me-
dro de Abreu, cento e tantos mória brasileira.
entre mortos e feridos. Mais
F. G. Dillenburg
Q
uando a Sérvia foi ata- com o restante da realeza,
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cada pela Áustria, em que vivia, preferencialmen-
1914, devido à morte te, afastada das massas. O -stad, além de sofrer do mes-
do príncipe herdeiro Francis- treinamento era insuficiente mo mal do marido (a falta de
co Ferdinando, a Rússia correu – quando havia – e as poucas esclarecimento político) era a
para auxiliar sua aliada. Vivia- armas, ultrapassadas. Não sexta filha de um duque ale-
se o tempo em que uma feroz havia logística adequada, mão e de uma princesa ingle-
disputa de influências movia a veículos modernos ou esto- sa (filha da rainha Vitória). Os
política nas Balcãs – o pan-es- ques de munição, nem ali- laços de parentesco entre as
lavismo em virulento antago- mentos disponíveis para um dinastias europeias causaram
nismo com o pangermanismo conflito prolongado. tragédias durante a I Guerra,
– e qualquer perda de prestígio mas a situação de Alexandra
no jogo de poder da região re- O resultado, desse caos mi- não poderia ser pior. Embora
sultaria em sérias consequên- litar, logo se fez sentir. Em ela buscasse se tornar uma
cias, em longo prazo. Logo, do 1915, o Ministro da Guerra verdadeira russa, as derro-
ponto de vista do Tzar Nicolau estava preso, depois de per- tas que se sucediam levavam
II, a Sérvia deveria ser protegi- der confronto após confron- a população a canalizar seu
da, como um ponto de supor- to. O Tzar, ensimesmado, as- ódio contra “a alemã”, como
te às intenções russas. sumiu o comando das tropas frequentemente a chamavam.
pessoalmente, mesmo com Sua falta total de flexibilidade
O fato de que o atentado re- os inúmeros conselhos para não ajudava. A Tzarina havia
sultaria na longuíssima e mor- se convertido à Igreja Ortodo-
tal I Guerra Mundial ainda não xa, mas frequentemente en-
era muito bem entendido pe- trava em conflito com os cléri-
las potências ocidentais, que “ALIANDO-SE A gos (muitas vezes, com razão),
moveram suas tropas com a PIOTR RASPUTIN - UM sem consideração à opinião
certeza de vitórias fáceis; não pública. Faltava-lhe tato, fal-
FALSO PROFETA E
poderia ser muito diferente tava-lhe a aproximação com
CLÉRIGO EVENTUAL - o povo, faltava-lhe a noção
no leste, sobretudo pelo cur-
to entendimento político de ALEXANDRA ENTERROU de que não possuía habilida-
Nicolau II. Aliás, sua decisão O QUE AINDA de suficiente para governar.
de assumir o compromisso da RESTAVA DO PODER Aliando-se ao aproveitador
guerra foi um erro estratégico Piotr Rasputin – falso profeta,
MONÁRQUICO.”
gigantesco, porque o Estado clérigo eventual e explorador
russo não possuía condições, da boa-vontade real – Alexan-
humanas ou materiais, para dra enterrou o que ainda res-
sustentar combate. que não o fizesse – a partir tava do poder monárquico.
de então, qualquer derrota Os que detestavam o status
A Rússia já havia sofrido uma não poderia ser atribuída a quo, estavam com todos os ar-
derrota humilhante frente às outrem, que não ele mesmo gumentos – e as armas – nas
forças japonesas, em 1905. – e, como corolário à desgra- mãos.
Seu exército era composto, ça, enquanto cavalgava rumo
basicamente, por campone- ao front, no comando do país Em 1917, depois de ano e
ses analfabetos, esfomeados deixou a Tzarina Alexandra. meio de catástrofes, o Tzar
e miseráveis, sem qualquer não possuía mais o respeito
noção patriótica clara, ou li- Alexandra, cujo nome de sol- das multidões, e a Tzarina era
gação direta com o Tzar ou teira era Alicia de Hesse-Darm odiada por todos. Revoltas,
14 O TUIUTI
AHIMTB/RS

motins, ataques, começaram


a se multiplicar pelo país.
Abriam-se, definitivamente,
as portas para a revolução,
ocasião que o rancoroso Lenin
não deixaria, sob nenhuma
hipótese, passar. Em profun-
da crise, e sem solução viável
para sua permanência no po-
der, em março de 1917, Nico-
lau II renunciou à coroa e pas-
sou seu título para seu irmão
menor, Miguel II (este sim,
portanto, o último Tzar, ainda
sem autoridade, representava TZARINA ALEXANDRA ^
que somente por um dia). Foi Vítima do ódio bolchevique,
uma forte ameaça, principal- como toda sua família, a Tzarina
Miguel quem assinou o último Alexandra morreu com seus filhos.
mente por suas ligações com
decreto monárquico russo, Aqui, segura em seus braços a
a monarquia da Inglaterra. princesa Anastásia, ainda bebê.
dando ao Governo Provisório
Revolucionário os poderes de para a Grã-Bretanha, o que
A família imperial foi feita pri-
administrar, de fato, a nação. foi, a princípio, aceito pelo Pri-
sioneira, levada para o Palácio
Ao renunciar, retirou-se para o de Tsarkoye Selo, nas redon- meiro Ministro britânico Lloyd
campo, mas os bolcheviques dezas de Petrogrado (atual George (um inimigo da rea-
não quiseram correr quais- São Petersburgo, antes Lenin- leza, diga-se de passagem). A
quer riscos: prenderam-no, ar- grado), uma antiga casa de ideia era afastar, o mais rápido
rastaram-no para os Urais e o campo de Catarina, a Gran- possível, a família imperial de
assassinaram, em um bosque, de, agradável e espaçosa. De qualquer possibilidade de al-
dez dias após o assassinato da certa forma, a situação foi um cançar, novamente, o trono.
família de seu irmão. alívio para Nicolau, que se via Do ponto de vista ocidental,
livre, afinal, da intrincada rede como contraponto, havia o
A ideia do Governo Provisório, de intrigas políticas, que de- receio de que a Rússia firmas-
composto por uma mescla po- testava. Ali, havia um pouco se um acordo de paz em se-
lítica de todo tipo, inicialmen- de sossego, longe dos infor- parado com os alemães, e se
te, era transformar a Rússia túnios da guerra e dos movi- Kerensky – o Presidente do
em um Estado parlamentar, mentos populares, cada vez Governo Provisório – pudes-
semelhante aos que existiam mais agressivos. se ser adulado para evitar que
na Europa ocidental. Mas seus isso acontecesse, franceses e
planos nunca chegaram a se Neste contexto, interessante é ingleses certamente o fariam.
concretizar, pois as reviravol- o fato de que, por pouco, to- Dar asilo à família russa era
tas revolucionárias que colo- dos não acabaram se salvan- um problema que parecia pe-
caram os sanguinários bolche- do da tragédia que, logo, se queno, em vista da situação
viques no poder assinaram abateria sobre a família. Afinal, que se desenrolava.
sua sentença de morte. Havia o Governo Provisório chegara
o receio de uma contrarrevo- a propor, ao Foreign Office, Contudo, enquanto as con-
lução, e o Tzar, como símbolo que os membros da monar- dições ainda eram avaliadas,
máximo do Estado, ainda que quia russa fossem transferidos tudo desmoronou. Em 31 de
março, sob o comando do grandes e sanguinários expur-
O TUIUTI
AHIMTB/RS 15
esquerdista Ramsay MacDo- gos, assumiu o comando.
nald, um grande baile acon- um símbolo para os brancos”
teceu no Albert Hall, em Lon- Em abril de 1918, Lenin emitiu (os mencheviques, inimigos
dres. Promovida pelo Partido ordens para que a família real dos bolcheviques, leninistas).
Trabalhista (o qual MacDo- fosse trazida à Moscou. Já em De fato, forças mencheviques
nald comandava), a festa foi viagem para a capital, o séqui- se aproximavam de Ecaterim-
organizada em celebração à to foi interceptado por uma burgo, talvez com o objetivo
queda da monarquia russa e à força armada e desviado para de libertar o Tzar. Tenha sido
ascensão do poder vermelho, Ecaterimburgo (antes Sver- ou não este o seu real objetivo,
e foi recheada por discursos dlovsk), onde foi aprisionado a questão é que isso passou a
pró-bolcheviques. em uma casa com as janelas ser, posteriormente, enuncia-
cobertas, sem vistas para o ex- do como a justificativa oficial
O rei George V, horrorizado terior. O Príncipe Dolguroky, da URSS, a fim de explicar sua
com o que via, repensou as Ajudante de Campo do Tzar, sede de sangue, na morte da
negociações para trazer o pri- e o marinheiro Nagornii, que família real.
mo Nicolau II e sua família à cuidava do Tzarevich (o filho
Inglaterra. Entendia que o fato O assassinato foi um ato sujo,
do Tzar era hemofílico e pre-
poderia repercutir mal para a injustificável em sua selva-
cisava de constante atenção),
monarquia inglesa, com críti- geria, porque não atingiu so-
foram sumariamente mortos. mente os adultos, rei e rainha
cas e eventuais protestos. Por Permaneceram, com a famí-
isso, cancelou todas as trata- – estes, a verdadeira fonte do
lia, o médico, doutor Botkin, o temor – mas massacrou crian-
tivas com o governo russo e cozinheiro, Iván Kharinotov, o
selou o destino do Tzar. Dessa ças inocentes e criados. Doze
valete Alexei Trupp e a dama homens foram enviados para
forma, sem coragem para en-
de companhia da Tzarina, Ana a execução, metade deles de-
frentar a oposição, George V
Demídova.
condenava parte de sua famí-
lia à morte.
Em julho, Lenin decide pela FALSO PROFETA v
Piotr Rasputin explorou ao máximo
morte de Nicolau. Conforme a família real, supostamente por
Sem poder sair do país, Nico- conseguir impedir sangramentos no
os diários de Trotsky, porque
lau foi, assim, enviado, com a pequeno Tzarevich, hemofílico. Auxiliou
“não poderia ser deixado vivo sobremaneira a queda dos Romanov.
esposa e os filhos, à Sibéria.
Com eles, seguiram o médico
da família e alguns ajudantes.
Três meses depois, em outu-
bro de 1917, acontecia a se-
gunda revolução, que colocou
os sovietes no poder, através
dos bolcheviques. Uma guer-
ra civil se espalhou pelo país,
em mais uma catástrofe para
a população, já tão miserável.
Brancos e vermelhos promo-
veram verdadeiras carnifici-
nas, disputando o governo,
até que Lenin, promovendo
16 O TUIUTI
AHIMTB/RS pés, fazendo muito barulho. dico da família, o cozinheiro e
A porta, aberta com violência, os dois criados.
sertores do exército austría- exibiu a família em um só gru-
co. Havia, ainda, húngaros e po, as meninas receosas do Mas não se completara, ainda,
letões, no grupo. Imersos em que poderia acontecer. Yakov a ação: as meninas continua-
covardia, os bolcheviques fi- Yurovsky – o redator do infor- vam meio vivas, agonizando.
zeram uso de traidores porque me secreto sobre a execução Foram mortas a golpes de fa-
acreditavam que os russos – gritou a sentença, dizendo cão e despidas de suas jóias.
não seriam capazes de atirar que os sovietes condenavam Tiros isolados foram dispara-
no seu Tzar (no momento do os Romanov à morte devido dos para acabar com os que
assassinato, os húngaros não aos ataques de seus partidá- ainda estavam moribundos.
atiraram, de qualquer forma). rios contra a Revolução. O Tzar
chegou a exclamar, segundo Faltava dar um fim aos corpos.
À meia-noite, os cativos foram os escritos do assassino, “O O Comissário Militar Ermakov,
acordados. Disseram-lhes que quê?!”, antes de receber dois antes um conhecido pistoleiro,
seriam levados para outro lo- tiros no peito. As armas dispa- um bandido bolchevique, co-
cal. Ninguém da família real raram, todas, de uma só vez, locou os cadáveres em um ca-
provavelmente, desconfiou, em uma orgia de sangue, num minhão e levou-os às minas de
porque havia, ainda, luta en- quarto de quatro por seis me- Verj Isetsk; mas seus homens,
tre as facções que disputavam tros. Estavam todos tão perto, bêbados e enlouquecidos pela
o poder, e o lugar poderia, que os assassinos sofreram violência, disputando as jóias
de fato, ser inseguro, devido queimaduras pelo fogo das das princesas a socos e pon-
aos combates. Os guardas suas próprias armas. tapés, não lhe obedeceram e,
conduziram a todos para um por isso, não foi possível lan-
quarto, no porão da casa. O Ao cessarem os disparos, es- çar os corpos em algum poço
Tzar usava um uniforme cá- tavam caídos Nicolau (que abandonado. Quando Yuro-
qui, com orgulho, por ter lhe tinha o Tzarevich, de 14 anos, vsky chegou para verificar se
servido quando comandava em seus braços), a Tzarina Ale-
suas tropas (ainda que sem os xandra, as princesas Anastásia
(que faria 17 anos no dia se- PRINCESAS v
galões de Coronel, retirados As princesas Romanov,
pelos captores). O Tzarevich guinte), Olga, Tatiana e Maria. assassinadas a tiros e golpes
de facão. Da esquerda para a
Alexis envergava um unifor- Esvaindo-se em sangue, junto direita: Maria, Anastásia, Olga
me de campanha de soldado a eles, também estavam o mé- e Tatiana, sentada.

da Guarda; as mulheres e as
meninas usavam trajes de via-
gem. Em certa altura, a Tzarina
pediu por cadeiras (duas fo-
ram trazidas), para que pudes-
sem descansar. Com eles, suas
malas, como que para lhes
dar a segurança de que iriam,
mesmo, viajar.

O ato foi vil, ao extremo: os


homicidas chegaram de ma-
drugada, amparados pela es-
curidão. A data era 17 de julho
de 1918. Vieram batendo os
a missão havia sido cumprida,
O TUIUTI
AHIMTB/RS 17
vendo a baderna, expulsou a
corja e assumiu o controle.

Os corpos estavam jogados,


desnudos, em um buraco
raso, porque ninguém se lem-
brara de levar pás ou picare-
tas. Yurovsky, então, teve a
brilhante ideia de lançar gra-
nadas na cova, o que despe-
daçou parte dos corpos mas,
obviamente, não os escondeu
ou consumiu. Voltou na noite
seguinte, com ácido sulfúrico
e combustível, recolheu os
corpos em pedaços e os colo-
cou em um caminhão, porque A FAMÍLIA ROMANOV ^
espécie de museu, mas a visita Embora o Tzar e a Tzarina
já se espalhavam notícias de pudessem representar, de fato, uma
que o Tzar havia sido morto e ao fatídico quarto, no porão, ameaça, as crianças e os criados
foram assassinados pela pura sede
seu corpo levado a uma mina. nunca foi permitida. Em 1932, de sangue bolchevique.
Stalin mandou lacrá-lo, e o
Contudo, o veículo quebrou restante do edifício passou a
na metade do caminho pre- ser usado por repartições pú- veram os assassinatos. Apare-
tendido, e Yurovsky resolveu blicas do Partido. ceram, através dos anos, mais
de duzentas pessoas que se
colocar um fim ao problema
A parede do quarto do assas- diziam sobreviventes nobres
ali mesmo, usando fogo e ga-
sinato, na qual as balas acaba- do crime, e uma quimérica
solina. Mas, mesmo depois de
ram se alojando, foi vendida fuga da Princesa Anastásia
horas de queima, havia conse-
para um colecionador inglês. chegou a ser aventada. Nada,
guido destruir apenas parcial-
No ano de 1974, a casa foi de- nem ninguém, entretanto,
mente o corpo do Tzarevich e provou ser algo mais do que
de uma das meninas. Por fim, clarada monumento histórico,
fraude. Análises de DNA puse-
farto de tudo aquilo, ele enter- e flores eram, eventualmente,
ram abaixo as pretensões de
rou os restos em um bosque, colocadas junto à porta. Em
muitos golpistas.
próximo a uma ponte, jogan- 1977, o Politburo, através do
do ácido em abundância so- ideólogo comunista Mikhail Alexander Advonin, geólo-
bre os corpos, antes de lançá Suslov, mandou derrubar go, e o escritor e cineasta Geli
-los na cova. tudo, para eliminar a memória Ryabov, empreenderam uma
monárquica. O executante da busca memorável pelos restos
Os mencheviques (russos abominável ação, para escon- dos Romanov. Decididos a en-
brancos) tomaram Ecaterim- der os crimes do regime, foi o contrar e resgatar a memória
burgo alguns dias depois. Bus- obtuso Boris Yeltsin – o mes- da monarquia russa, obtive-
caram os corpos, mas nunca mo que, alguns anos depois, ram transcrições sobre as in-
os encontraram. Com o fim da destruiria o próprio regime. vestigações feitas a propósito,
guerra civil, a casa onde acon- bem como documentos e –
teceram as mortes tornou-se, Muitos mitos ficaram, deriva- quiçá a mais valiosa das fontes
durante um certo tempo, uma dos dos segredos que envol- – as anotações do assassino
18 O TUIUTI
AHIMTB/RS Por fim, em 2007, encontra- Referências:
ram-se os restos que faltavam:
Yurovsky, feitas para a cúpula surgiram os corpos do Tzarevi- CARR, E. H. La revolución
do Partido. ch e da princesa Maria, confir- bolchevique (1917-1923). 3
mados por testes na Europa e vol. Madrid: Alianza Editorial,
Em 1979, chegaram a encon- nos EUA. 1976.
trar esqueletos, mas não pu-
deram divulgar o achado de- O local da matança, hoje, pos- MASSIE, Robert K. Nicholas
vido à situação política (corria sui uma catedral, denomina- & Alexandra. Arizona: Phoenix
a época de Brejnev e da Guer- da "Catedral de Sangue", cuja Book Company, 2000.
ra do Afeganistão). Em 1989, construção se deu, segundo
entretanto, com Gorbachev a mística criada pelos russos, MASSIE, Robert K. The
mudando o país, os dois pes- depois que uma cruz foi le- Romanovs: the final chapter.
quisadores declararam, afinal, vada ao local por um cossa- London: Random House, 1995.
terem encontrado os restos co, em 1990, e as nuvens se
da família real. Com a que- abriram no céu carregado, ilu- MAYLUNAS, Andrei, MIRONEN-
minando exatamente o local KO, Sergei. A lifelong passion:
da do comunismo, os valores
onde o símbolo estava sendo Nicholas and Alexandra - Their
históricos tomavam fôlego,
colocado. Tomada como um Own Story. London: W&N,
e aparecia, mais uma vez, a
sinal divino, a visão resultou 1997.
oportunidade para estudos
sérios sobre o Império. na construção do atual tem-
plo. As lendas se estendem PIPES, Richard. História
aos relatos de uma anciã, que concisa da Revolução Russa.
Com o interesseiro Yeltsin no Rio de Janeiro: Bestbolso, 2008.
poder, sedento por apagar as velava pela velha casa onde
profundas marcas da União haviam sido mortos os nobres
e que, à noite, ouvia cantigas, REYES, Luis. El exterminio de
Soviética, em 1991 foi nome- los Romanov. La Aventura de
ada uma comissão para exu- em vozes de meninas, vindas
la Historia. v 10, n 117. Madrid:
mar os restos e identificar a do outro lado da porta do
quarto localizado no porão. Unidad, 2008.
veracidade dos achados. Até
1995, a comissão trabalhou,
Ela jamais se atreveu a abrir a
fazendo uso, inclusive, de exa-
porta.

mes de DNA mitocondrial.
Um descendente inglês da •
família auxiliou nos testes e,
com a certificação de entida-
des norte-americanas e britâ- SOBRE O AUTOR
nicas, foram reconhecidos os
Fabricio Gustavo Dillenburg tem
corpos do Tzar, da Tzarina e formação em História e é fundador e
de três de suas filhas. Os cor- responsável pelo Núcleo de Estudos
pos foram enterrados com de História Militar Vae Victis. Membro
da Academia de História Militar
honras de Estado, mas a Igreja Terrestre do Brasil e do Instituto de
Ortodoxa não os reconheceu, História e Tradições do Rio Grande
ignorando o trabalho cientí- do Sul, é autor de “Kamikaze: as
fico. Somente dois anos mais Invasões Mongóis e as Origens
do Vento Divino”. Mais informações
tarde, os clérigos anunciaram nos sites www.nucleomilitar.com e
sua aceitação, e canonizaram www.nucleomilitarblog.com.
as vítimas como mártires.
FAHIMTB
18º Aniversário
1º de Março de 2014
Cel CLAUDIO MOREIRA BENTO
PRESIDENTE DA FAHIMTB, HISTORIADOR MILITAR E JORNALISTA

Em 1º de março de 2014 transcorreu o 18º aniversário de criação da FAHIMTB. Ela foi fundada
como AHIMTB em 1º de março de 1996, data coincidente hoje com o 70º aniversário da ins-
talação da AMAN em Resende e do 70º ano de envio da FEB para lutar na Itália em defesa da
Democracia e Liberdade mundiais sob forte ameaça pelo nazismo/fascismo.

A AHIMTB foi acolhida inicialmente pela Associação Educacional Dom Bosco (AEDB) através
do Coronel Antônio Esteves. Em 1999, foi acolhida pela AMAN em instalações externas, no
comando do General José Mauro Cupertino, ao lado da casa do cadete Laranjeira do 4º ano.
Instalação ampliada no comando do General Marco Antônio de Farias. A data de sua funda-
ção coincidiu também com o término da Guerra do Paraguai há 144 anos.

Em 23 de abril de 2013, bicentenário da AMAN, a AHIMTB foi transformada em FAHIMTB


com cinco AHIMTB federadas atuando com delegações específicas da FAHIMTB: AHIMTB/
Resende Marechal Mário Travassos, funcionando na AMAN junto com a FAHIMTB, entidades
que foram acolhidas e instaladas no interior da AMAN no comando dos generais Edson Leal
Pujol e Julio Cesar Arruda. E mais, a AHIMTB/DF Marechal José Pessoa, funcionando com
sua sede no interior do Colégio Militar de Brasília. A AHIMTB/RS - Academia General Rinaldo
Pereira da Câmara, instalada em dependência do centenário Colégio Militar de Porto Alegre.
A AHIMTB/RJ Marechal João Batista de Mattos, com sua sede acolhida na Associação de Vete-
ranos da FEB (ANVFEB) e a AHIMTB/SP General Bertoldo Klinger, em Sorocaba, com sua sede
20 O TUIUTI
AHIMTB/RS Lutas, com sínteses biográfi- Pressões Externas... cujas 1ª
cas ou subsídios produzidos e 2ª partes já se encontram
junto ao Instituto Histórico, por membros da FAHIMTB, prontas e na gráfica para
Geográfico e Genealógico de patronos de cadeiras, acadê- composição, bem como a
Sorocaba. micos, sócios corresponden- capa, da autoria do grande
tes e de outras categorias colaborador emérito GMC
A FAHIMTB e AHIMTB/Resen- que permitam ao pesquisa- R.1 Carlos Norberto S. Bento,
de Marechal Mario Travassos dor e leitor interessados me- idealizador e administrador
abrigam hoje em ampla sede lhor conhecer o perfis desses do site da FAHIMTB www.
situada ao lado do Clube de bravos heróis portugueses e ahimtb.org.br.
História da AMAN todo o brasileiros.
acerco acumulado por esta Em seu 18º Aniversário a
presidência em 44 anos de - Bibliografia produzida so- FAHIMTB não pode deixar de
atividade como historiador bre o tema ou livro com ele agradecer e reconhecer pelo
militar, e mais o produzido relacionada produzida por quanto ela deve nas suas
por seus membros acadê- membros da FAHIMTB em realizações e existência ao
micos em 18 anos sobre a suas diversas categorias e apoio que recebeu nestes 18
História Militar das Forças separadas por cada Luta, anos da FHE-POUPEx, atra-
Terrestres que elas desen- Ameaça ou Pressão Externa. vés de seus ilustres e solidá-
volvem (Exército, Fuzileiros Bibliografia que já ultrapassa rios presidentes Generais de
Navais, Infantaria da Aero-
50 páginas do que foi possí- Exército Clovis Jacy Burmann
náutica, Polícias e Bombeiros
vel obter. Pesquisa esta que e Eron Carlos Marques e suas
Militares).
será de permanente conti- respectivas equipes.
nuidade como indispensá-
A FAHIMTB marcará o ano
vel Instrumento de trabalho A FAHIMTB agradece as cola-
do seu 18º ano de profícua
existência com a publicação da História de nossas Forças borações de chefes do Exér-
do seguinte livro que integra Terrestres. cito, da Marinha e da Força
tudo o que foi a Liberdade e Aérea que a apoiaram e pres-
Democracia Mundiais. Obra - Relação e localização das tigiaram inclusive como pre-
na qual constará tudo aqui- orações de recepções de no- sidentes de Honra e, em es-
lo produzido até o presente vos acadêmicos, bem como pecial, aos comandantes da
sobre o tema com o título a dos respectivos elogios de AMAN que compreenderam
seguir: acadêmicos de seus patro- a sua relevância para o Exér-
nos de cadeira e dos acadê- cito. E a todos os acadêmicos
Brasil - Lutas contra Invasões, micos eméritos que os suce- e acadêmicos eméritos cor-
Ameaças e Pressões Externas deram na cadeira. respondentes e Presidentes
(Em defesa de sua Integrida- de AHIMTB e delegados de
de, Soberania, Integração, In- A FAHIMTB está se dirigindo Delegacias da FAHIMTB que
dependência; e da Liberdade a todos o seus integrantes nela acreditaram e se em-
e Democracia Mundiais) através dos presidentes de penharam ao máximo para
AHIMTB, para que, à seme- que realizasse em 18 anos e,
A obra será composta das se- lhança do que foi feito com o ainda, o melhor do que pre-
guintes partes: livro Caxias e a Unidade Na- servaram estas realizações
cional, publicado pela AHIM- para uso dos integrantes das
- Lutas do Brasil contra Inva- TB em 2003 no centenário Forças Terrestres do Brasil de
sões, Ameaças e Pressões Ex- de seu patrono o Duque de hoje e do Amanhã.
ternas; Caxias, consigam contribui-
ções financeiras para a edi-
- Lideranças militares que ção da obra Brasil - Lutas
mais se destacaram nestas contras Invasões Ameaças e •
O TUIUTI
AHIMTB/RS 21
A FAHIMTB E SUA ANTECESSORA, A AHIMTB O TUIUTI
Informativo oficial da AHIMTB/RS
A Academia de História Militar Terrestre do Brasil
(AHIMTB) foi fundada em Resende, RJ, em 1º de
março de 1996 e reorganizada em 23 de abril de 2012 Para visualização, recomendamos o
como Federação de Academias de História Militar uso de um leitor de PDF atualizado
Terrestre do Brasil (FAHIMTB), com sede no interior da (ADOBE Reader ou equivalente,
Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), e mais versão 5.0 ou superior) com as
cinco academias federadas: opções do Menu View, ítem Page
Display, Two Page VIew, Show Gaps
- A AHIMTB/RESENDE – Academia Marechal Mário Between Pages e Show Cover Page
Travassos, junto à FAHIMTB na AMAN e presidida pelo in Two Pages View ligadas. Dessa
acadêmico emérito Cel Claudio Moreira Bento; forma, o informativo será exibido na
forma projetada.
- A AHIMTB/Distrito Federal – Academia Marechal José
Pessoa, com sede no Colégio Militar de Brasília, sob a Caso seu programa esteja em
presidência do acadêmico emérito Gen Div Arnaldo Português, escolha no Menu
Serafim; Visualizar, o ítem Exibir Página,
clique em Exibição em Duas
- A AHIMTB/Rio de Janeiro – Academia Marechal João Páginas e Exibir Página de Rosto
Batista de Mattos, com sede na Associação Nacional em Exibição em Duas Páginas.
dos Veteranos da FEB (ANVFEB/RJ) e sob a presidência
do acadêmico emérito Eng Ten R/2 Art Israel Blajberg;

- A AHIMTB/Rio Grande do Sul – Academia General


Rinaldo Pereira da Câmara, com sede no Colégio
Militar de Porto Alegre (CMPA) e sob a presidência do
acadêmico emérito Cel Luiz Ernani Caminha Giorgis; e

- A AHIMTB/São Paulo – Academia General Bertoldo O Núcleo de Estudos de História


Klinger, com sede no Instituto Histórico, Geográfico e Militar Vae Victis é responsável
Genealógico de Sorocaba (IHGGS), sob a presidência pelo projeto gráfico e pelo design do
informativo O Tuiuti, do que muito se
do acadêmico Historiador Adilson Cesar, também orgulha.
o presidente do citado Instituto. As citadas AHIMTB
funcionam com delegações de poderes específicos Com o objetivo de divulgar a
da FAHIMTB e AHIMTB/Resende. História, sobretudo em seu viés
militar, o Núcleo de Estudos de
A AHIMTB foi fundada na data do aniversário do História Militar Vae Victis tem, como
término da Guerra do Paraguai e do início do ensino missão, levar ao máximo possível de
pessoas o conhecimento da História
militar na Academia Militar das Agulhas Negras em
Militar, divulgando sua importância,
Resende. Teve, como sua sucessora, a FAHIMTB e as resgatando os seus valores e as suas
AHIMTB federadas, que são destinadas a desenvolver memórias, fornecendo subsídios para
a História das Forças Terrestres do Brasil: Exército, uma educação integral e de qualidade.
Fuzileiros Navais, Infantaria da Aeronáutica, Forças Nossa postura é absolutamente
Auxiliares e outras forças que as antecederam desde independente, livre de qualquer
o Descobrimento. posição política ou religiosa, voltada
unicamente para a preservação e
divulgação do conhecimento histórico,
A FAHIMTB, com sede e foro em Resende mas de sem qualquer conexão com entidades
amplitude nacional, tem como patrono o Duque de que não tenham cunho explicitamente
Caxias e como patronos de cadeiras historiadores cultural. Mais informações no endereço
militares terrestres consagrados. www.nucleomilitar.com

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