Em torno a este tema, "Surveying Contemporary Art", gostaria de
enfatizar dois pontos: as características das grandes exposições ou eventos e os artistas que trabalham fora dos grandes centros. Quanto ao primeiro item, assim como vivemos hoje uma época de cinema de diretores – e não cinema de histórias ou atores – nas artes visuais também vivemos, ao que parece, um tempo de exposições de curadores, e não mais de artistas. Os grandes personagens do meio artístico internacional parecem ser, de fato, os curadores. Parece importar, portanto, menos a obra de arte em si, e o artista que se coloca como seu autor, mas a manipulação dos movimentos artísticos pelos curadores que produzem esses eventos milionários que provocam filas diante de museus, centros culturais e Bienais ou Documentas. Em consequência, neste fenômeno vinculado a uma sociedade altamente consumista, não é o produto que importa, mas a maneira como ele é apresentado. Talvez mesmo o excesso de produtos, ou, no caso, de tendências, caracterize com uma fadiga peculiar as imagens de nosso tempo. E, assim sendo, o que é importante é a forma de apresentação de novos trabalhos – ou de trabalhos que exalam o ritmo veloz de nossos dias –, embora o déjà vu esteja presente nessa mesma produção. Por essa mesma razão, o revival na arte, lembrado por Giulio Carlo Argan como um sinal da arte de todos os tempos, está mais que nunca presente na contemporaneidade. Mas o que significa a manipulação de obras de arte ou de produtos de artistas por um curador? Significa que, nas grandes exposições, este profissional se porta como um régisseur do espetáculo, constituído pelas
Mesa-redonda realizada no MoMA, Nova York, em 1988.
Texto gentilmente cedido por Aracy Amaral para www.novoscuradores.com.br