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Modelos de Gestão e Empreendedorismo

Aula 01

 Modelo
 Modelo tem sua origem no latim Modulus que significa molde ou forma,
seguindo o conceito de algo que deve ser seguido.
 Gestão
 Lançar mão de todas as funções e conhecimentos necessários para alcançar
objetivos propostos de forma eficiente e eficaz.
 Gestão é o ato de gerir, administrar.

• Modelo de Gestão é o gerir através de um exemplo já existente realizando apenas as


modificações necessárias para a necessidade de cada organização. (FERREIRA et al., 2005)

Modelo de gestão refere-se à forma como as empresas organizam suas atividades (tarefas) e
seus recursos (pessoas) com a aplicação de procedimentos (tecnologia), normas e regras
(estrutura). Desta forma, a gestão da empresa reflete sua cultura organizacional (ambiente),
seus valores, sua visão (objetivos) e missão (negócio).

É o modelo de gestão que define:


1. Como a organização se portará no mercado
2. Como ela conduzirá seu trabalho
3. Como alcançará seus objetivos
4. Como produzirá seus produtos
5. Como manterá integrados todos os processos
6. Como agirá em situações adversas
Como ela se ORGANIZARÁ!

Algumas vezes utiliza-se o termo “abordagem” em substituição ao termo “modelo”


A Administração é uma ciência quase normal que está na fase pré-paradigmática, onde as
várias abordagens se sucedem e sistematizam novas práticas gerenciais observadas na gestão
das organizações. (PEREIRA, 1995) O conceito de paradigma remete-nos à ideia básica de
Thomas Kuhn (1987), que o concebe como uma premissa fundamental entre os pesquisadores
que o compartilham (SERVA, DIAS e APERSTEDT, 2010).
Sabe-se que a administração ainda possui um longo caminho a percorrer em busca da
ampliação de seu rigor metodológico e de seu amadurecimento, mas desconsiderá-la como
ciência, além de não auxiliar nesse amadurecimento, acaba por desprestigiar um amplo grupo
de atores sociais – as organizações– que não são objeto principal de estudo de outras ciências.
Dessa forma, mesmo a administração se utilizando de conhecimentos desenvolvidos em outras
ciências, possui suas características, pesquisadas apenas em contexto de gestão.

Com base nos critérios de demarcação de Kuhn sobre a ciência, aponta-se que a administração
pode ser considerada ciência, apesar de não existir consenso sobre o estágio do processo
científico no qual ela se encontra: pré-paradigmático – visto que, diante de seu recente
surgimento, essa ciência ainda não pôde consolidar seu paradigma – ou ciência normal – ao
considerar que a estrutura e a dinâmica das diferentes organizações possuem características e
uma base comum.

A característica multidisciplinar e multifacetada que leva os estudos organizacionais à


fragmentação não pode ser considerada fator determinante para descaracterizar a ciência da
administração, visto que se observa que, sendo a administração uma área do conhecimento
que trabalha com variáveis sociais em constante mudança, é compreensível admitir que essa
ciência seja fragmentada por natureza e por necessidade de abarcar os fenômenos que a
envolvem, justificando a seleção de novas maneiras de gerenciar tais variáveis.

Observa-se que a administração ainda possui um longo caminho a percorrer em busca da


ampliação de seu rigor metodológico e de seu amadurecimento. No entanto, desconsiderá-la
como ciência, além de não auxiliar na consolidação desse processo, acaba por desprestigiar um
amplo grupo de atores sociais que não pode ser estudado por outras ciências: as organizações.
Dessa forma, mesmo se utilizando de conhecimentos desenvolvidos em outras ciências, a
administração possui suas características, pesquisadas apenas em contexto de gestão. Estudos
relacionados à contribuição do campo estratégico na sustentabilidade e em desempenhos
superiores, os arranjos produtivos, dos tempos e movimentos na atividade industrial, os
impactos da atividade humana nas atividades organizacionais e outros são intrínsecos a essa
área de conhecimento (DAMKE, WALTER E SILVA, 2010).
As empresas que atingem a Era da Competitividade, após passar pela Era da Qualidade, são
obrigadas a assumir duas novas posturas, em relação às suas posturas tradicionais:

1 °) adotar o chamado "marketing do valor", ou seja, desenvolver um novo esforço orientado


para superar a expectativa dos clientes.

2°) adotar novos modelos e teorias gerenciais, que transformem a empresa numa organização
inovadora e competitiva.

Era da Produção em Massa e Era da Eficiência:

Era da produção em massa

A partir desta primeira Era, a gestão empresarial começa efetivamente a se consolidar como
um conjunto de conhecimentos e princípios que viriam resultar na formação da primeira
abordagem científica da administração, cujas ideias básicas foram propostas por dois
engenheiros: Frederick W. Taylor, que se preocupava com a racionalização do trabalho e Henri
Fayol, que focalizava o aspecto funcional das organizações.

Segundo Bertero (1992), as experiências e teorias de G. Elton Mayo e de seus seguidores, do


chamado grupo das Relações Humanas não negaram a necessidade da racionalidade na esfera
da administração, mas antes se satisfizeram em apontar algumas limitações dos teóricos
anteriores.

A Era da Produção em Massa evolui até o final dos anos 40, já no Pós-Guerra. Algumas
características principais que marcam a Segunda Onda de transformação:
- A padronização, visando a massificação dos produtos para atender milhares de consumidores
que, pressupostamente, teriam a mesma necessidade, ou seja, atribuiriam o mesmo valor
(satisfação) para o produto.

- A especialização, provocada pela divisão do trabalho: segundo Toffler (1980), “A Segunda


Onda substituiu o descuidado camponês pau para-toda-a-obra pelo minucioso e limitado
especialista e o trabalhador que só fazia uma tarefa.”

- A sincronização, provocada pela valorização do tempo como dinheiro, à medida em que a


produção era efetivada através de máquinas caras e que, portanto, precisavam ter ritmo
próprio. Assim, a sociedade humana é obrigada a ajustar o seu tempo (horário de trabalhar, de
descansar, de estudar e de todas as atividades humanas) ao “relógio do sistema produtivo”.

- A concentração, tanto de energia (insumo para produção em massa), quanto de pessoas


(força de trabalho).

- A centralização, caracterizada pela passagem de uma economia totalmente descentralizada


da Primeira Onda para uma economia cujas organizações passaram a utilizar métodos
totalmente novos para centralizar o poder; assim, os empregados foram divididos em
funcionários “de linha” e “de administração”, visando centralizar o comando e as informações:
estas, por exemplo, fluíam por uma cadeia de comando centralizada até chegarem ao nível
superior, que tomava as decisões e enviava as ordens ao longo da linha.

Esta consequência do “inchaço” organizacional vai levar a uma nova abordagem na evolução
do pensamento administrativo, que foi o surgimento da Escola Burocrática e a passagem da
Era da Produção em Massa para a Era da Eficiência.

Era da eficiência

Esta nova postura, decorrente das críticas efetuadas à Administração Científica pelo – seu
mecanismo – e à Escola das relações Humanas – pelo seu romantismo ingênuo – levará ao
surgimento da Escola Burocrática, a partir dos anos 40. A inspiração desta escola foi baseada
na Teoria da Burocracia do sociólogo alemão Max Weber.

Sociedade Industrial e Sociedade do Conhecimento

Vários autores têm estudado e escrito sobre a mudança da Sociedade Industrial para uma
Nova Sociedade e várias terminologias diferentes têm sido adotadas:

• Daniel Bell (1973) foi o pioneiro em citar a “Sociedade Pós Industrial”.


• Alvin Toffler dedicou uma trilogia a este assunto: O Choque do Futuro (1970); a Terceira
Onda (1980) e Powershift- As mudanças do poder (1990), sem designar um nome específico
para esta “nova sociedade”.
• Peter Drucker (1993) dedica um dos seus últimos livros à “Sociedade Pós Capitalista”.
• John Naisbitt (1982) utilizou o termo “Sociedade da Informação” em seu livro
“Megatendências”
Como decorrência das suposições básicas das Sociedades Industrial e do Conhecimento,
alguns valores básicos estão sofrendo transformações radicais na passagem da primeira para a
segunda. A seguir, alguns dos valores objeto de tais mudanças são citados:

• da hierarquia (Sociedade Industrial) para a igualdade (Sociedade do Conhecimento): o nível


educacional passa a gerar maiores oportunidades de mobilidade social.

• da conformidade (Sociedade Industrial) para a individualidade e criatividade (Sociedade do


Conhecimento): as pessoas deixam de aceitar passivamente o que está estabelecido e passa a
gerar (novos) conhecimentos.

• da padronização (Sociedade Industrial) para a diversidade (Sociedade do Conhecimento):


as necessidades cada vez mais individualizadas dos clientes obrigaram as empresas a
diversificar suas linhas de produtos e serviços.

• da centralização (Sociedade Industrial) para a descentralização (Sociedade do


Conhecimento): em decorrência do maior igualitarismo na sociedade e nas organizações, os
modelos autocráticos estão se tornando obsoletos.

• da eficiência (Sociedade lndustrial),para a eficácia (Sociedade do Conhecimento): deve-se


enfatizar mais os resultados do que os meios e recursos para atingi-los.

• da especialização (Sociedade Industrial) para a generalização (Sociedade do


Conhecimento): as novas tecnologias de trabalho requerem das pessoas visão holística (do
todo) e postura interdisciplinar na organização.

•da maximização (Sociedade Industrial) para a qualidade de vida (Sociedade do


Conhecimento): ocorre um “ponto de mutação”, na visão de Capra (1989), que obrigará a
sociedade a prestar mais “atenção às condições políticas e considerar os custos sociais e
ambientais das atividades econômicas.”

• ênfase no conteúdo quantitativo (Sociedade Industrial) para a ênfase na qualidade do


resultado (Sociedade do Conhecimento): foi a grande mudança observada no comportamento
dos consumidores a partir dos anos 70, provocando a Era da Qualidade.
• da segurança (Sociedade Industrial) para a auto-realização (Sociedade do Conhecimento):
as pessoas querem conquistar seus objetivos pessoais e não mais serem agentes passivos,
aguardando que os mesmos sejam atendidos.
Era da Qualidade e Era da Competitividade

Com a emergência da Sociedade do Conhecimento (ou Revolução da Informação), duas novas


eras empresariais dão seqüência àquela evolução:

• A Era da Qualidade, nas décadas de 70 e 80;


• A Era da Competitividade, a partir do início dos anos 90.

Era da qualidade

A partir do início dos anos 70, um novo tipo de relacionamento passa a existir entre o
consumidor/cliente e a empresa: de um lado, uma postura mais consciente do consumidor
com relação à sua situação de consumidor.

Não basta mais oferecer um produto ou serviço padronizado (Era da Produção em Massa) a
baixo custo operacional (Era da Eficiência): mais do que isso, o cliente quer o atendimento das
suas necessidades, o que significa "qualidade".

É neste aspecto que as empresas japonesas começam a evidenciar que estavam melhor
preparadas que as empresas americanas e européias: após 20 (vinte) anos de preparação, nos
anos 50 e 60, as empresas japonesas começam a difundir um novo conceito - Qualidade Total
– que viria a marcar de forma indiscutível um novo paradigma na relação "empresa/cliente".
Este foi o resultado do modelo gerencial desenvolvido no Japão, como será analisado adiante,
e que provocará a reação das empresas ocidentais, sobretudo através do modelo de gestão
participativa e gestão empreendedora.

A Era da Qualidade significa ainda uma nova relação interempresarial: à medida que as
empresas passam a buscar a Qualidade Total, ou seja, a qualidade no processo de fabricação
do produto ou da prestação de serviço, todas as empresas envolvidas na cadeia de produção
serão necessariamente envolvidas na filosofia e nas práticas da Qualidade Total.

Na medida em que as empresas vão adotando esta nova filosofia de gestão ao longo dos anos
80, as grandes transformações, em velocidade cada vez maior, vão determinar o início da era
empresarial na qual nos encontramos atualmente: a era da competitividade.

Era da competitividade

Esta era se caracteriza por uma relação já consolidada entre empresa e cliente, cuja orientação
passa a ser a "superação da expectativa do cliente".

Esta era se caracteriza por uma relação já consolidada entre empresa e cliente, cuja orientação
passa a ser a "superação da expectativa do cliente". Assim, diversas· empresas passam a
adotar lemas, como: "Não basta satisfazer o cliente, é preciso encantá-lo"; "O cliente em
primeiro lugar"; "O cliente é o rei", entre outros.
Esta nova postura é que determinará a Competitividade da empresa no mercado, ou seja, a
sua capacidade de sobreviver.

Ser uma organização competitiva passou a ser uma questão imperativa tanto para
organizações privadas como públicas: se, para as primeiras, a questão era de sobrevivência
física, para as últimas seria cumprir a sua missão, ou seja, prestar serviços de interesse público
com qualidade (satisfação do usuário).

Portanto, o novo conceito de competitividade, segundo Coutinho & Ferraz, deve ser atribuído
a um· conjunto de "fatores determinantes", conforme ilustra a Figura 3. Há três tipos de
fatores determinantes:

a) Fatores internos à empresa

Tais fatores são aqueles que estão sob o controle da empresa e com os quais ela busca se
diferenciar dos seus concorrentes:

• estratégia e gestão da empresa;


• capacitação da empresa para inovação;
• capacitação tecnológica e produtiva da empresa;
• a qualidade e a produtividade dos recursos humanos da empresa;
•o conhecimento do mercado e a capacidade de se adequar às suas especificidades;
• a qualidade e a amplitude dos serviços de pós-vendas;
• as relações privilegiadas com usuários e fornecedores.

b) Fatores estruturais e setoriais

Tais fatores são aqueles que, mesmo não estando sob controle da empresa, estão
parcialmente sob a sua influência e caracterizam o ambiente competitivo que ela enfrenta
diretamente:

• fatores relacionados às características dos mercados consumidores em termos da sua


distribuição geográfica e em faixas de renda; grau de satisfação e outros requisitos impostos
aos produtos; oportunidades de acesso a mercados internacionais; as formas e os custos de
comercialização predominantes;
• fatores relacionados às configurações da indústria ou setor em que a empresa atua, tais
como grau de concentração, escalas de operação, atributos dos insumos, potencialidade de
alianças com fornecedores, usuários e concorrentes, grau de verticalização e diversificação
setorial; e ritmo, origem e direção do progresso técnico;
• fatores relacionados à concorrência, no que tange às regras que definem condutas e
estruturas empresariais nas relações com consumidores, meio ambiente e competidores; o
sistema fiscal tributário incidente sobre as operações industriais; práticas de importação e
exportação e a propriedade dos meios de produção (inclusive propriedade intelectual).

c) Fatores sistêmicos

Tais fatores são aqueles sobre os quais a empresa não exerce qualquer controle, mas é afetada
por eles, entre os quais:

• fatores macroeconômicos (taxa de câmbio, oferta de crédito e taxas de juros, por exemplo);
• fatores político-institucionais, como as políticas tributária e tarifária, as políticas de compras
do Estado e os programas de apoio ao investimento em tecnologia;
• fatores regulatórios, como as políticas de proteção ambiental, de proteção à propriedade
industrial, de defesa da concorrência e da proteção ao consumidor;
• fatores relacionados à infra-estrutura, tais como disponibilidade, qualidade e custo de
energia, transportes, telecomunicações e serviços tecnológicos;
• fatores sociais, como a situação da qualificação da mão-de-obra (educação profissionalizante
e treinamento), políticas de educação e formação de recursos humanos, trabalhista e de
seguridade social e grau de exigência dos consumidores;
• fatores relacionados à dimensão regional, como os aspectos referentes à distribuição
espacial da produção; e
• fatores internacionais, como as tendências do comércio mundial, os fluxos internacionais de
capitais, de investimento de risco e de tecnologia, relações com organismos multilaterais,
acordos internacionais e políticas de comércio exterior.

Portanto, a competitividade de uma empresa está relacionada à competitividade do seu setor


e do próprio país, que deverá visar e oferecer as condições adequadas para que alguns setores
empresariais, de acordo com a vocação e as vantagens competitivas do país, possam abrigar
organizações competitivas. No entanto, devem-se destacar, tendo em vista o objeto deste
estudo, os fatores internos de competitividade, pois estes são relacionados ao modelo e à
capacidade gerencial da empresa. Assim, empresas que, em plena Era da Competitividade,
ainda adotam posturas ·gerenciais da Era da Produção em Massa ou da Era da Eficiência,
dificilmente terão condições de sobreviver a esta nova Era.

Referências
DAMKE, Elói Junior; WALTER, Silvana Anita e SILVA, Eduardo Damião. A administração é uma
ciência? Reflexões epistemológicas acerca de sua cientificidade. Revista de Ciências da
Administração, v.12, n. 28, 2010.
FERREIRA, Victor Cláudio; CARDOSO, Antonio Semeraro; CORRÊA, Carlos José e FRANÇA, Célio
Francisco. Modelos de Gestão. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2005.
PEREIRA, Heitor José. Os novos modelos de gestão: análise e algumas práticas em empresas
brasileiras. Tese de doutorado em Administração. Fundação Getúlio Vargas- Escola de
Administração de Empresas de São Paulo, 1995.
SERVA, Maurício; DIAS, Taísa e ALPERSTEDT, Graziela Dias. Paradigma da Complexidade e
Teoria das Organizações: uma Reflexão Epistemológica. Revista de Administração de Empresas,
v. 50, n.3, 2010.

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