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Tempo que passa, que assassina, nos deixa esfomeados

Que n�o existe no passado presente ou futuro


Que n�o existe nem como passar, linear,
Da esquerda para direita, do um para o dois,
Nunca tudo ao mesmo tempo, espa�os, espa�os, espa�os
Espa�os vazios
Que nem o pr�prio tempo permite preencher,
Como se faz dois em um mesmo instante,
N�o, n�o h� instante, n�o se congela o que passa sem deixar rastros
Rastros? Uma linha t�nue de exist�ncia
Rastro � sobra, rastro � resto do que um dia deveria ter vindo a ser
Mas o tempo n�o deixa
Tempo � sempre esquecimento ou esperan�a
Esperen�a � aquilo de quem espera, pela dor, pela dor,
pela janela que se abre numa parede
O que esperar de quem espera?
Qual a nova utopia que a guerra vai propor?
Mem�ria de um futuro sombrio, distopia.
Como aquele filme que diz que � a pergunta que nos move
Voc� sabe qual � a pergunta?
E agora? Que diferen�a faz, continuamos no mesmo lugar
� o tempo que passa e n�o passa, que nos deixa esfomeados por mais tempo
Alimento de m�quinas, criadores de conte�do, compartilhadores
E a cama sempre por fazer, e o cora��o sempre por preencher
Mas n�o h� tempo, s� vazio, incerto, aberto, aperto.
Aperto no vazio? a press�o de dentro para fora
E nada � tudo que existe, cheio de imprecis�es, imperfei��es
Indecis�es, inconsist�ncias
H� erro no modelo, h� erro no padr�o, padr�o de guia para a degola
Qual a pr�xima refer�ncia? Filosofia, arte, ci�ncia, religi�o?
Qual o pr�ximo padr�o? Guia para a degola
Mais do mesmo se repete, se repete em mim, e em voc�, em voc�, em voc�
Padr�o de repeti��o, guia para o in�cio do fim
Tudo � sempre in�cio e sempre fim

Menos o poema que nunca acaba, se estende ad infinitum


Uma voz que grita por socorro, e a resposta � o eco num canyon
Tudo que foi, que �, que ser�, tudo que ser�, ainda � e j� foi
Se h� transforma��o h� mudan�a de tempo,
Se h� ciclo h� mudan�a de tempo?
Acontecimentos que se repetem sem se recriarem
Dor que transita do esquecimento ao mart�rio
Resto de exist�ncia e persist�ncia, no aqu�rio o peixe se afoga
Resist�ncia, no aqu�rio o peixe continua a se afogar
Solto no mar, presa de peixes maiores
N�o h� solu��o quando n�o h� solu��o
A pergunta nos move a um novo in�cio, a resposta nos mant�m estagnados numa
impress�o de fim
Os eixos cartesianos est�o deformados, a geometria de euclides j� n�o d� conta de
todas as formas
O tempo � dimens�o de d�vida
Te espero no fim do t�nel.

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