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HerAcuito Dr Ereso (CERCA DE 540-470 A.C.) DADOS BIOGRAFICOS Herscuro wasceu em Efeso, cidade da Jénia, de familia que ainda conseroava prerrogatioas reais (descendentes do funtador da cidade). Sew cardteraltivo, misautrdpico e melancdlico ficou proverbial emt toda a Anti- ‘guide. Desprezava a plebe. Recusouse sempre a interoir na pola, Ma- nifestou desprezo pelos antigos poeins, contra os fildsojos de seu tempo e até contra a religizo. Sem ter tido mestre, Henfclito escreveu o livro Sobre a Natureza, em prosa, no dialeto jOnico, mas de forma to concisa que recebew 0 coguome de Skotein6s, o Obscuro. Floresceu em 504-500 a.C. — Henlito por muitos considerado.o mais eminente pensador présocrético, por formular com vigor o problema da unidade permanente do ser diante da pluralidade ‘e mulabilidade das coisas particulares e transitévas. Estabeleceu 2 existéncia de wna lei universal e fixa (0 L6gos), regedora de todos os acontecimentos particularese fundamento da harmonia universal, harmonia feta de tenstes, “como a do arco e da lira". A - Doxocraria ‘Trad. de Wilson Regis 1, DIOGENES LAERCIO, IX, 1-17 (DK 22 A 1) (1) tieeacciro, musip ve Bléson, ou, 5 , 1 ou, segundo outra tiadigio, Heronte, era natural de lifes. Tinha uns Genventa anos por ae a 69" Olimpfada (604-501 a.C.), Era homem de sentimentos elevados, orgulhoso e cheio de desprezo pelos outros, como transparece também 4am seu livio, onde diz: "Muita instrugio... Hecateu” (€0 fragmento 40. V. p. 83). "Pois uma sé... de tudo" (€ 0 fragmento 41. V. p. 83). ‘Homero... igualmente' (60 fragmento 42, V. p. 83) (2) E dizia também: 'A insoléncia... incéndio" (é 0 fragmento 43. V. p. 83), e "E precis rmuiralhas" (60 fragmento 44, V. p. 83). Censura os efésios, na passage fem que diz: "Merecia... com outros" ( o fragmento 121. V. p. 00). Como Ihe pediissem que elaborasse suas leis, desdenhou 0 pedido, porque jf era a cidade dominada por mau regime politico. (3) Retirado no templo de Artemis, divertia-se em jogar com as criangas e, acer. cando-se dele os efésios, perguntow-hes: "De que vos admirals, per versos? Que é melhor: fazer isso ou administrar a Reptilia convos- 0?" E, por fim, tornado um misantropo e retirando-se, vivianas mon. tanhas, alimentado-se de ervas e plantas. E por isso, acometido de hidropisia, desceu a cidade e pos-se a perguntar enigmaticamente aos ‘meédicos se podiam fazer de um aguaceiro uma seta; como eles ndo @ compreendessem, fl enterar-se num estdbulo e espero que a agua {esse evaporada pelo calor do estrume. Nada conseguindo assim, fine dlou a vide aos sessenta anos. (Segue Epigrama de D. Laércio) (4) lermipo, porém, conta que ele perguntava aos médicos se algucm podia esvaziando Ie o vente, expalir agua. Como negassem, de. u-se a0 sol e pediu aos criados que o cobrissem com esterco. Asi deitado fatece no dia seguintee foi sepultaco na praga publics New tes de Cizico afirma que, tendo sido impossivel retiré-lo de sob o esterco, If permaneceu, e,irreconhectvel pela puttefagio, foi devoradio. pelos cies. (5) Desde crianga era alvo de admiragio. Quando ainda Jovem, dizia que nfo sabia nada; feito homem, deciarou que sabia tudo. De ninguém aprendeu, mas, dizia, foi a si préprio que se pro. ‘curou e tudo aprendeu de si mesmo. Socio, porém, afirma quer se. ‘os mné-soceknicos gundo uma tradig&o, teria sido ele ouvinte de Xendfanes; Aristo, em seu livro Sobre Herdelito, escreve que ele foi curado da hidropisia, tendo falecido de outra enfermidade, O mesmo diz Hipdboto. O livro que Ihe é atribuido é em geral Sobre a Naiureza e se divide em trés partes: Do Universo, Politica e Teologia. (6) Depositou-o no templo de Arte- ris, como asseveram alguns, ¢ cle propésito 0 escreveu obscuramente, para quesé homens capazes pudessem abordé-lo e nfo fosse facilmente exposto ao desprezo piiblico. Timao o caracteriza nestes termos; "Entre eles, com voz de cuco injuriando a turba, enigmético surgiu Heréclito". Teofrasto atribui a sua melancolia que partes da obra sejam imperfeitas, e outras tenham contradigdes. Antistenes dé prova de sua nobreza de alma ao citar nas Sucessdes que ele abdiicou de um titulo real em favor de seu irméo, Tamanha reputagio alcangou seu livro que se formaram. adeptos seus e passaram a chamar-se heraclitianos. (7) Bis, em linhas gerais, sua doutrina: tudo se compBe a partir do fogo e nele se resolve; tuo se origina segundo o destino e por diresties, contritias se harmonizam 0s seres; tudo esté cheio de almas e deménios. Discorreu também sobre as afecgdes quese articulam no muncio eafirmott ‘que o sol é to grande quanto parece. Dizia ainda: "Limites. ela tem” (6 6 fragmento 45. V. p. 83). "A presungio... engana'" (& 0 fragmento 46. V. p. 83). Em seu livro por vezes 6 Iicido e seguro, a tal ponto que mesmo ode inteligéncia mais lenta aprende facilmente e sente impelida sua alma, A concisio e densidade de sua interpretacio s4o incompardveis. (8) Os pontos particulares de sua doutrina sfo os seguintes: fogo 60 elemento ¢ "todas as coisas so permutas de fogo" (fragmento 90), originadas por rarefagio e condensacio; mas nada explica com clareza. ‘Tudo se origina por oposigao ¢ tudo fui como um rio (cf. fragmentos, 12, 91), e limitado 6 0 todo e um 6 cosmo hé; nasce ele de fogo e de novo é por fogo consumido, em perfodos determinados, por toda a elernidade. E isto se processa segundo o destino. Dos contratios, © que leva a génese chama-se guerra e discérdia (cf. fragmento 80), € 0 que leva a conflagragao, coneérdia e paz, ea mudanga é um caminho para cima e para baixo, e segundo ela se origina 0 cosmo. (9) Con- ‘densado o fogo se umidifica, e com mais consisténcia torna-se agua, e esta, solidificando-se, passa a terra; ¢ este é o caminho para baixo. Inversamente, a terra se derrete e se transforma em agua, é desta se formam as outras coisas que ele refere quase todas a evaporagto do ‘mar, e este é-0 caminho para cima. B se produzem evaporacdes a partir da terra e do mar, umas brilhantes e puras, e outras tenebrosas. E 6 aumentado o fogo pelas brilhantes e o timido pelas outras. Mas, ‘a0 que envolve 0 mundo, néo esclarece sua natureza; hé nele barcos voltados em sua concavidade para nés, nos quais, recolhidas as eva~ ‘poracbes brilhantes, formam-se chamas, que s4o os astros. (10) A mais, brilhante € a chama do sol, e a mais quente, Os demais astros distam ‘mais da terra e 6 por isso que seu brilho é menos vivo e menos quente, -o- (0s pensapones mas a lua, que esté bem préxima a terra, ndo € por isso, mas por nfo se encontrar num espago puro. O sol, entretanto, esté em regido clara ¢ pura e dista de nés num interval conveniente. E por isso que mais aquece e mais ilumina. Os eclipses do sol e da Iua provém de que as, concavidades dos barcos se voltam para cima. As fasés mensais da lua ocorrem quando 0 barco que a encerra se volta aos poucos. Dia e noite, meses e estagdes, anos, chuvas, ventos e fenémenos semelhian- tes procedem das diferentes evaporagées. (11) Pois a brilhante evapo- ragio inflamando-se no cfreulo do sol produz o dia, e quando a con- trétia prevalece produz. a noite, e quando da evaporagio brilhante nasce o calor faz verdo, mas quando da sombra 0 timido prevalece faz inverno. De modo andlogo ele explica os demais fendmenos. Mas sobre a natuireza da terra nada revéla nem também sobre a dos barcos. E estas so as suas doutrinas. No que se refere a Sécrates e tendo o que ele era cto quando chegou a conhecer vroque Ie passon Farid, segundo diz Aristio, esid contado por 116s no livro sobre Sécrates, (12) O gramittico Seleuco, entretanto, afirma que certo Créton escreveu no ‘Mergulhador que foi um certo Crates quem primeiro introduziu na Grécia a obra de Heréclito, E ele teria afirmado que era preciso ser um mergu- Ihador de Delos quem nele nfo se quisesse submergir. Algunso intitulam ‘As Musas, outros Sobre a Natureza. Diédoto 0 designa: "Um seguro leme para a conduta da vida", E outros o chamam Ciéncias dos Costumes e também Ordem Unica da Diregio de Todas as Coisas. Dizem que, tendo-Ihe alguém perguntado “por que se calava', ele respondeu: "Para vocés poderem tagarela (.) (15) Demétrio conta-nos em seus Homditimas como também des- denhou os atenienses, embora tivesse entre eles 0 mais alto renome, ‘ecomo preferiu viver junto aos seus concidadaos, embora cesprezado pelos efésios. Também na apologia de Sécrates, Demétrio de Falereu refere-se a ele, Muitos so os comentadores de seu livro: Antistenes, Herdclides do Ponto, Cleantes, 0 estéico Esfero, e mais ainda, Pausa- nias, chamado o “heraclitista", Nicomedes e Dionisio. Entre os gramé- ticos, Diddoto assevera que 6 livro € néo sobre a natureza mas sim sobre a politica, e que as partes sobre a natureza se encontram a titulo de exemplo. (16) Jeronimo diz que o poeta jambico Citino ‘entou por ‘em versos esse livro. Muitos epigtamas circulam a seu respeito. 2. ARISTOTELES, Ret6rica, Ill, 5. 1407 b 11 (DK 22 A 4). Convém absclutamente que o que se escreve sea {él de ler € ‘compreender, o que éa mesma coisa. fo que se dé quando ha muitas conjungées e no se dé quando hé poucas ou quando nao é fécil pon- tuar como nos escritos de Heréclito. Pois pontuar os escritos de He- réclito é um trabalho, por ser incerto se tal pontuagao se liga a uma os pub soceAricos palavra anterior ou posterior como no comego do seu escrito: "Deste logos... tenham ouvido" (6 do fragmento 1. V. p. 79). Pois é incerto saber pela pontuacio a que se liga o aei sempre. 3. PLATAO, Critilo, p. 402 A (DK 22 A 6). Herclito diz em alguma passagem que toclas as coisas se movem e nada permanece imével. E, ao comparar 03 seres com a corrente de tum rio, afirma que nfo poderia entrar duas vezes num mesmo rio (ef fragmento 91,19). Ao, I, 23,7: Herélito reira do universo a tran- iilidade ¢ a estabilidade, pois é préprio dos ‘mortos; e atribuia movi- mento a todos os seres, eterno aos elemos, perecivel aos pereciveis. 4, ARISTOTELES, Das Partes dos Animais, 5. 645 a 17 (DK 22 A 9). ‘Tal como se diz. que Heréclito, quando estrangeitos vieram vi- sité-lo eo encontraram aquecendo-se junto a lareira, ordenow-lhes que tentrassem sem temor, pois ali também havia deuses, do mesmo modo deve-se abordar sem aversio 0 estudo de cada espécie de animal: pois em todos se manifesta algo de natural e de belo. 5. ARISTOTELES, Do Céu, I, 10. 279 b 12 (DK 22 A 10). Concordam todos em que o mundo foi gerado; mas, uma vez gerado, algune afirmam que 6 eterno e outros que é perecivel, como Qualquer outra coisa que por natureza se forma. Outros, ainda, que, destruiindo-se, alternadamente é ora assim, ora de outro modo, como Empédocles de Acragas e Heréclito de Efeso. — Idem, Fisiea, I, 5.205 a3: Como afirma Hericlito: Um dia tudo se tornard fogo. —Simplicio, Do Céu, 94, 4: Também Herdclito assevera que 0 universo ora se in- cendeia, ora de novo se compée do fogo, segundo determinados pe- riodos de tempo, na passagem em que diz: "Acendendo-seem medidas ¢ apagando-se em medidas" (cf. fragmento 30). Desta opiniao foram também posteriormente os estéicos. — Aécio, Il, 1, 2: Heréelito: O cosmo é tino, — Idem, 4, 3: Heréclito afirma que 0 universo é gerado no segundo o tempo, mas segundo a reflexao, — Idem, 11, 4: Par- ménides e Heréclito afirmam que o céu € de fogo. 6. SEXTO EMPIRICO, Contra os Matemiticos, VII, 126 ss. (DK 2A). (126) E Heréclito, pois também Ihe parecia que o homem é dotado de dois 6rptes para conlnecimento da Verdade, pela sensagaocia verdade, pela sensago e pela razo (logos), destes considerou aproximadamente Como 5 fisicos anteriormente citados, que a sensagio nfo é digna de confianga, e a razo ele supSe como critério, A percepsio ele critica, ‘quando diz na sentenga: "Mas testemunhas... eles tém” (€ o fragmento (08 PewsaDonEs 107. V. p. 89), 0 que era igual a essa: "proprio das almas bérbaras confiar em sensagdes sem razio (logos). (127) Revela que a raz8o (logos) € critério da verdade, nao uma qualquer, mas a comum e divina, Que razio € esta, deve-se mostrar em pouicas palavras, Compraz-se o fisico em que o que nos envolve seja racional e dotado de pensamento. (128) E mostra mais ou menos isso muito antes Homero, quando diz: "Tal é ‘a mente dos homens sobre a terra, que Ihes manda cada dia 0 pai dos homens e dos deuses" (Odisséa, XVIII, 163). Arqufloco também afirma que os homens pensam dle acordo “com o que Zeus traz cada dia". E também Euripedtes (Troianas, 885): “Quem quer que sejas, em lugar difidl de se ver, 6 Zeus, necessidade da natureza ou mente dos mortais, eu te dirijo uma prece’. (129) Aspiranco por meio da respiragio, segundo He- rédlito, esta razao divina, tornamo-nos inteligentes e durante 0 sono es- ueciclos, mas na vigiia de novo refletidas; pols, estando fechaclos durante © sono 0s condlutos sensoriais, a nossa mente separa-se do convivio com ‘0 que nos envolve, somente conservanlo-se a aderéncia natural pela res- piragao, como se fosse uma mz; separada, a mente perce a capacidade de lembrar que tinha antes. (130) Mas na vigglia de novo, através dos condutos sensoriais, como se fossem janelas, entrando em contato com © meio ambiente, ela reveste-se dle suta faculdade racional. Do mesmo ‘modo entéo que os carvées, aproximados do fogo, por alteragSes tor- neos, e afastados se apagam, assim também, hospedada em ‘nossos cozpos a parte do meio ambiente, pela separagio quase se torna irracional, mas pela coesto através dos muitissimos condutos ela se cons- titui de forma semelhante ao do todo. (131) E esta razéio comum e divina, por cuja participagio nos tornamos racionais, que Heraclito diz ser critério da verdade; donde o que em comum se manifesta a todos é digno de confianca, € 0 que incide em um s6 nao é digno de confianga, pela causa contra. (132) Em todo caso, comegando o seu livro Sobre a Natureza, e de algum modo mostrando 0 meio ambiente, 0 referido autor diz 0 se- guinte: "Deste logos... dormindo” (& fragmento 1. V. p. 89). (133) Por tas palavras tendo explicitamente exposto que por participagio da azo ivina tudo fazemos e pensamos, pouco depois prosseguindo, acrescenta: "Por isso... particular” (€ o fragmento 2. V. p. 89); 0 que outra coisa nfo 6 sento uma explicagéo da maneira como tudo é dirigido, Por isso, na medida em que comungamos da lembranga dela, estamos na yerdade, ena medida em que particularizamos, estamos no erro. (134) E de fato com a maior clareza que nestas palavras ele revela a razio comtum como aiitério, e que o que em comum se manifesta é digno de conanga, por ser discernido pela razéo comum, mas o que particularmente se manifesta” a cada um é falso. — Idem, ibidem, VIL, 286: E na verdade expiicitamente diz Herécito que o homem nao é racional, e que s6 & dotado de pensa- mento o meio ambiente (cf. VII, 127). — Apolonio de Tiana, Ep. 18: He- Tédlto, 0 fisico, afirmou que por natureza o homem é irracional. B - FRAGMENTOS Trad. de José Cavalcante de Souza SOBRE A NATUREZA (DK 22 b 1-126) 1. SEXTO EMPIRICO, Contra os Mateméticos, VII, 132. ‘Disre .ocos' sendo sempre? os homens se tornam descompas- sacs quer antes de ouvir quer to logo tenham ouvido; pois, tor- nando-se todas (as coisas) segundo esse logos, a inexperientes se as- semelham embora experimentanclo-se em palavras e ages tais quais ett discorro segundo (a) natureza distinguindo cada (coisa) e expli- cando como se comporta. Aos outros homens escapat quanto fazem dlespertos, tal como esquecem quanto fazem dormindo. 2. IDEM, ibidem, VII, 133. Por isso é preciso seguir o-que-é-com, (isto é, 0 comum; pois 0 comum é oquerécom). Mas, 0 logos sendo o-que-&com, vivem os homens como se tivessem uma inteligéncia particular. 3. ABCIO, Il, 21, 4. Gobre a grandeza do sol) sua largura é a de um pé humano. 4, ALBERTO MAGNO, De Vegetatione, VI, 401. Herdclito disse que se felicidade estivesse nos prazeres clo corpo, dirfamos felizes 08 bois, quando encontram ervilha para comer. pone conspontei 0 wie Ui = le der pl’ cur agree SSS Oe tagnen ah 945072108 1 roe Feats nde ponies or Atte (ett, erg em ge pe Ianamco, Lie so cmpeedee Cl fgets cmt de ogee onsen us foun othe esqecinen) 4. forma a apron de ayn (tol 3. Ch Stn i ogre 5 Rogge yd snimo dein = com aera 9, 1D.e 1 os aNsaDones 5. ARISTOCRITO, Teosofia, 68; ORIGENES, Contra Celso, VU, 62. Purificam-se manchando-se com outro sangue, como se alguém, entrando na lama, em Jama se lavasse. E louco pareceria, se algum homem o notasse agindo assim. E também a estas estétuas eles dirigem suas preces, como alguém que falasse a casas, dle nada sabendo o que sio deuses e herbi. 6, ARISTOTELES, Meteorologia, II, 2. 355 a 13. sol nfo apenas, como Heniclito diz, 6 novo cada dia, mas sempre novo, continuamente, 7. IDEM, Da Sensagio, 5. 443.0 23. Se todos os seres em fumaga se tornassem, o nariz distinguiria. 8. IDEM, Etica a Nicémaco, VIII, 2. 1155 b 4. Herdcito(dizendo que) 0 contrétio & convergente e dos divergentes nasce a mais bela harmonia, e tudo segundo a discérdia. 9, IDEM, ibidem, X, 5. 1176 a 7. Diverso € 0 prazer do cavalo, do cio, do homem, tal como Herdclito diz que asnos prefeririam palha a ouro. 10. IDEM, Do Mundo, 5. 396 b 7, Conjungées 0 todo e 0 nao todo, 0 convergente e 0 divergente, 0 consoante eo dissoante, e de todas as coisas um e de um todas as coisas. 11. IDEM, ibidem, 6. 401 « 8. Pois tuclo que rasteja é preservado a golpe, como diz Herdclito, 12. ARIO DIDIMO, em EUSEBIO, Preparagio Evangélica, XV, 20. os que entram nos mesmos rios outras 4guas afluem; almas exalam do timido. 13, CLEMENTE DE ALEXANDRIA, Tapegarias, I, . Porcos em lama se comprazem, mais do que em gua limpa. 14, IDEM, Exortagio, 22. A quem profetiza Herdelito de Efeso? Aos noctivagos, aos magos, ‘0s puésoceAticos 0s bacantes, as ménades, aos iniciaclos; a estes amenga com o depois da morte, a estes profetiza 0 fog0; pois os considerados mistérios entre 08 homens impiamente se celebram. 15. IDEM, ibidem, 34. Se nfio fosse a Dioniso que fizessem a procissfo e cantassem 0 hino, ergonthosa iu um tito; 0) ds partes ve 3 desavergonhadamente se cumpriu um rto; egy ean Hite" e Donio,a quem delram efetejam nas Lendias 16, IDEM, Pedagogo, Il, 99. Do que jamais mergulha como alguém escaparia?? 17. IDEM, Tapegarias, Il, 8. i tram, Muitos nfo percebem tais coisas, todos os que as encontram, nem quando ensinados conhecem, mas a si préprios Ihes parece (que ‘as conhecem e percebem), 18. IDEM, ibidem, II, 17. ‘ Se nfo esperar o inesperado nifo se descobrird, senclo indesco- brivel e inacessivel. 19. IDEM, ibidem, II, 24. Homens que no sabem ouvir nem falar. 20. IDEM, ibidem, II, 14. Nascidos querem viver e deter suas partes ou antes repousar, @ atras de si deixam filhos a se tornaram partes. 21. IDEM, ibidem, II, 21. Morte 6 tudo que vemos despertos, ¢ tuclo que vemos dormindo 6 sono. 22, IDEM, ibidem, IV, 4. Pols ouro os que procuram cavam muita terra eo encontram pouco. to. A fora oa Ae spit aevines einleks com iden com Fo te ae et dnt kee conyers = ei = eee nie ciple ise egenosrsesvergodamene 08 Least capi ens panes ater ede do fst. tn deste cial gen “pne ui deri monte No fengmento ogres ee ove lover. togmenie 3 (05 rENsADORES. 23. IDEM, ibidem, IV, 10, Nome de Justiga nio teriam sabido, se nfo fossem estas (coisas). 24, IDEM, ibidem, IV, 16. Os que Ares mata honram-nos deuses ¢ homens. 2. IDEM, ibidem, IV, 50, Mottes majores maiores sortes! recebem. 26. IDEM, ibidem, IV, 143, © homem de noite uma luz acende para si, motto, extinta a vista, mas vivo ele acende do morto quando dorme, extinta a vista, quando desperto se acende do que dorme. 27, IDEM, ibidem, IV, 146. (© que para os homens permanece quando mortem (so coisas) ‘que no esperam nem Ihes parece (que permanecam). 28. IDEM, ibidem, V, 9, Pois € 0 que se estima que 0 mais estimado conhece e guarda; © contudo ceramente a Justica captard os artesfos e testemunhas de falsidades. 29. IDEM, ibidem, V, 60, Pois uma s6 coisa escolhem os melhores conta todas as outras, um rumor de gléria eterna contra as (coisas) mortais; mas a maioria esta empanturrada como animais. 30, IDEM, ibidem, V; 105, Este mundo,? 0 mesmo de todos os (seres), nenhum deus, ne- nhum homem o fez, mas era, & e sera um fogo sempre vivo, acen- dendo-se em medidas ¢ apagando-se em medidas, 31. IDEM, ibidem, V, 105. Diresées clo fogo: primeiro mat, e do mar metade terra, metade 1 Me gso ox coretpandene "nore “oe so respecte ic ml ambos tema 2 No grego le ierslante ani, orem. ‘0s présocnAricos incandescéncia... Terra dilui-se em mar e se mede no mesmo logos, {al qual era antes de se tornar terra. 32. IDEM, ibidem, V, 116. Uma 86 (coisa) o sabio! néo quer e quer ser recolhido* no nome de Zeus. 33. IDEM, ibidem, V, 116. Let (6) também persuadir-se a vontade de um 86. 34. IDEM, ibidem, V, 116. Ouvindo descompassados* assemelhanse a surdos; 0 ditado Ihes concerne: presentes esto ausentes. 35, IDEM, ibidem, V, 141. Pois & preciso que de muitas coisas sejam inquiridores os homens amantes da sabedoria, 36. IDEM, ibidem, VI, 16. Para almas é morte tornar-se gua, e para agua é morte tornar-se terra, ¢ de terra nasce agua, e de égua alma. 97. COLUMELA, VIII, 4. / Porcos banham-se em lama e aves domésticas em poeira ou em cinza. 38. DIGGENES LAERCIO, 1, 23. (Tales) parece segundo alguns ter sido o primeiro a estudar os astros. A seu respeito atestam Heréelito € Demdcrito. 39. IDEM, 1, 88. Em Priene nasceu Bias, filho de Teutames, cujo logos é maior que 0 dos outros. 1 stata doe min aman si) as on et (os HRT ot Id tov an ta adr fepen By 8, Fo seg eta from psn dei CX neta 18 Seated de pl (08 PENsADoRES 40. IDEM, IX, 1. Muita instrugéo ndo ensina a ter inteligéncia; pois teria ensi Hesfod e Plsgorns, Xendlanes e Heentaue Ps aensinado 41. IDEM, IX, 1. Pois uma s6 a (coisa) sabia, possuir iment dirige através de tudo. eter eee toae 42, IDEM, IX, 1. iguartgmero merecia sr expuen dos cetames engi, Arutloco 43, IDEM, IX, 2. A insoléncia ¢ preciso extinguir, mais que o incéndio. 44, IDEM, IX, 2. E preciso que lute o povo pela lei, tal como pelas muralhas. 45, IDEM, IX, 7. Limites de alma nao os encontratias, todo caminho percorrend: to profundo logos ela tem. 7 See 46, IDEM, IX, 7. oe Presungio ele dizia que é a doenga sagrada e que a visio 47. IDEM, IX, 73. iio conjeturemos & toa sobre as coisas supremas. 48. Htymologicum Genuinum, s.v. bios. Do arcot o nome é vida e a obra & morte, 49. GALENO, De Dignoscendis Pulsibus, VIII, 733. Um para mim vale mil, se for o methor. 49a. HERACLITO, Alegorias, 24, Nos mesmos rios entramos e no entramos, somos e néo somos, eee et ‘os mnt socrAnicos 50. HIPOLITO, Refutagao, IX, 9. Nao de mim, mas do logos tendo ouvido é sbio homologar* tudo é um. 8 51, IDEM, ibidem, 1X, 9. Nao compreendem como o divergente consigo mesmo concorda; harmonia de tens6es contrdrias, como de arco e lita 52, IDEM, ibidem, IX, 9. ‘Tempo? é crianga brincando, jogandlo; de crianga 0 reinado. 53, IDEM, ibidem, IX, 9. ‘O combate é de todas as coisas pai, de todas rei, e uns ele revelou. cleuses, outros, homens; de uns fez. escravos, de outros livres. 54, IDEM, ibidem, IX, 9. Harmonia invisfvel a visivel superior. 58. IDEM, ibidem, IX, 9. ‘As (coisas) de que (ha) visto, audigéo, aprendizagem, 6 estas prefiro. 56. IDEM, ibidem, IX, 9. Estao iludidos os homens quanto ao conhecimento das coisas vistveis, mais ou menos como Homero, que foi mais sAbio que todos 0s helenos. Pois enganaram-no meninos que matando piolhos Ihe ‘seram: 0 que vimos e pegamos é 0 que largamos, ¢ 0 que nao vimos nem pegamos € o que trazemos conosco. 57. IDEM, ibidem, 1X, 10. Mestre da maioria é Hesfodo; pois este reconhecem que sabe mais coisas, ele que nao conhecia dia e noite; pois é uma 86 (coisa). 58. IDEM, ibidem, 1X, 10. (Os médicos, quando cortam, queimam e de todo torturam os 1 bua igo ghana. components “ma ica jn 2 Repreo Ae am none pr de soa radad age fn Cros e"is. Por oat, 1h Si scatdn be nie Gono rome comm o pulnco € 9 de "lenpo sem Made, cenade que ftetomenlesscou son aio osege o de malulopnel stir al espera or A emidade alga poe consi nos des ene. (os PesaDonEs pacientes, ainda reclamam um salétio que nao merecem, por efetuarem ‘© mesmo que as doengas. 59. IDEM, ibidem, IX, 10. A rota do parafuso do piséo, reta e curva, & uma e a mesma. 60, IDEM, ibidem, IX, 10. A rola para cima e para baixo 6 uma ea mesma, 61, IDEM, ibidem, IX, 10, Mar, agua mais pura e mais impura, para os peixes potével e saudével, para 03 homens impotével e mortal. 62, IDEM, ibidem, IX, 10. - Imortais mortais, mortais imortais, vivendo a morte daqueles, morrendo a vida daqueles. 63. IDEM, ibidem, IX, 10. Diante do ali-presente erguem-se e tornam-se guardies em vi- gilia de vivos e mortos. 64. IDEM, ibidem, IX, 10, De todas (as coisas) o raio fulgurante ditige 0 curso. 65, IDEM, ibidem, IX, 10. E 0 chama (ao fogo) de fartura e indigéncia. 66. IDEM, ibidem, IX, 10. Pois todas (as coisas) o fogo sobrevindo discernird e empolgaré. 67. IDEM, ibidem, 1X, 10. O deus ¢ dia noite, inverno vero, guerra paz, saciedade fome; ‘mas se alterna como fogo, quando se mistura a incensos, esedenomina segundo 0 gosto de cada. 68. IAMBLICO, Dos Mistérios, 1, 11. E por isso Hertclito com razio os chamou (a alguns rtos) de remétios, como se fossem para curar os males ¢ afastar as almas das desgragns da geragito. os entsoeninicos 69. IDEM, ibidem, V, 15. De sactificios hé duas espécies: uns oferecidos por homens in- teiramente purificados, qual poderia ocorrer raramente em um in: viduo, como diz Herfclito, ou em alguns poucos, féceis de contar; € outros sio materiais. 70. IDEM, Da Alma (ESTOBEU, Eclogas, II, 1, 16]. Jogos de criancas Herfelito considerow as opinides Inns. 71. MARCO AURELIO, IV, 46. E preciso lembrar-se também do que esquece por onde passa 0 caminho. 72. IDEM, IV, 46. Do logos com que mais constantemente convivem, deste vergem; e (as coisas) que encontram cada dia, estas Ihes aparecem estranhas, 73. IDEM, IV, 46. Nido se deve agir nem falar como os que dormem. 75, IDEM, IV, 46. Os que dormem, creio que chania Herfclito de obteitos ¢ colabora- dores das (coisas) que no mundo vém a ser. 76. MAXIMO DE TIRO, Philosophotimena, XIL, 4. Vive fogo a morte de terra, ar vive a morte de fogo, dgua vive fa morte de at, terra a de agua. — Plutarco, De E apud Delphos, 18. Morte de fogo génese para ar, morte de ar génese para agua, — Marco ‘Aurélio, IV, 46. Lembrar-se sempre do dito de Herfelito, que morte de terra é tornarse agua, morte de égua é tornar-se ar, de ar fogo, € vice-versa. 77. NUMENIO, fragmento 35. Donde tanibént Hertlito dizer que para as almas é prazer ou morte tornarem-se timidas. Prazer seria para elas a queda na geragio, Ent outra pssagem ele diz que vivemos nés a morte delas ¢ vivem elas a nossa morte, 78. ORIGENES, Contra Celso, VI, 12. ‘O modo! humano no comporta sentengas, mas o divino comporta. 79. IDEM, i idem. O homem como uma crianga ouve o divino, tal como a crianga et a tal cor iang 80. IDEM, ibidem, VI, 42. F preciso saber que o combate é o-que-é-com? e justiga (é) discérdia, e que todas (as coisas) vém a ser segundo discordia e necessidade, 81. FILODEMO, Ret6rica, I, c. 57. Ancestral dos charlaties (Pitégoras) 82, PLATAO, Hipias Maior, 289 a, O minis belo stnio ¢ feio, a se confrontar com o género human. 83, IDEM, ibidem, 289 b. O mais sdbio dos homens em face de deus se man stmio, em sabedoria, beleza e tudo mais. 84a, PLOTINO, Enéadas, IV, 8, 1. ‘Transmudando repousa (0 fogo etéteo no corpo humano). 84b. IDEM, ibidem. Fadiga é pelos mesmos (prinefpios) penar e ser governado, 85. PLUTARCO, Coriolano, 22. S ee © coragio é dificil; pois o que ele quer compra-se 86. IDEM, ibidem, 38. 1 Newspaper‘ ms egninet ae mn: Cogn ‘os résocrAricos 87. IDEM, Do que se deve ouvir, 7 p. 41 A. Um homem tolo gosta de se empolgar a cada palavra. 88. IDEM, Consolagio a Apol6nio, 10 p. 106 E. (© mesmo é em (nés?) vivo e morto, desperto e dormindo, novo ¢ velho; pois estes, tombados além, so aqueles e aqueles de novo, tombados além, so estes. 89, IDEM, Da supersti¢ao, 3 p. 166 C. Herdclito diz que para os despertos um mundo tinico € comum. 6, mas os que esto no Teito cada um se revirn para 0 seu proprio. 90, IDEM, De E apud Delphos, 8 p. 388 E. Por fogo se trocam todas (as coisas) e fogo por todas, tal como por ouro mercadorias ¢ por mercadorias ouro. 91. IDEM, ibidem, 18 p. 392 B. Em rio nfo se pode entrar duas vezes no mesmo, segundo He- rdclito, nem substancia mortal tocar duas vezes a mesnia condigio; mes pela intensidade erapidez da mudanga dispersa ede novo retine (ou melhor, ‘nem mesnuo de novo nem depois, mas ao mesmo tempo) comple-se e desiste, aproxima-se ¢ afasia-se. 92. IDEM, Dos Oxsculos da Pitonisa, 6 p. 397 A. Ea Sibila com delirante boca sem risos, sem belezas, sem perfumes ressoando mil anos ultrapassa com a vor, pelo deus nela. 93. IDEM, ibidem, 21 p. 404 D. O senhor, de quem é 0 ordculo em Delfos, nem diz nem oculta, mas dé sinais. ‘94, IDEM, Do Exilio, 11 p. 604 A. Pols Hélios nao transpassard as medidas; senvio as Brinias,! servas. da Justiga, descobritio. 1 Divodades tafe. que ving ot ero, land po una jut tbls depts, Ver ois 1 Pah lg 9 adage Hes €o ‘os rEnsapones 95. IDEM, Banquete, Ill, pr. 1. p. 644 F. Pois ignorancia é melhor ocultar. Mas ¢ traballoso no desaperto e com vinko. 96. IDEM, ibidem, IV. 4, 3. p. 669 A. Pois cadéveres, mais do que estercos, so para se jogar fora. 97. IDEM, An Seni Res Publica gerenda sit, 7 p. 787 C. Pois caes ladram contra 0s que eles nfo conhecem. 98. IDEM, Da Face da Lua, 28 p. 943 E. As almas farejam no (invisivel) Hades. 99. IDEM, Aquane an Ignis sit utilior, 7 p. 957 A. No fosse 0 sol, com 08 outros astros seria noite. 100, IDEM, Questies Platdnicas, 8, 4 p. 1007 D. Destes (os perfodos anus) o sol sendo preposto e vigia, define, dirige, revela expie d luz as transimutagdes e horas, as quais traz em todas (as coisas), segundo Herfelito. 101. IDEM, Contra Colotes, 20. 1 118 C. Procurel-me a mim mesmo. 101a. POLIBIO, Hist6rias, X11, 27. Pois os olhos sfo testemunhas mais exatas que os ouvidos. 102. PORFIRIO, Questées Homéricas, Ilfada, IV, 4. Para o deus so belas todas as coisas e boas e justas, mas homens umas tomam (como) injustas, outras (como) justas. 103. IDEM, ibidem, XIV, 200. Pois comum (6) prinefpio e fim em periferia de cfrculo. 104, PROCLO, Comentério ao Alcibfades I, p. 525, 21 Pois que inteligéncia ou compreensio é a deles? Em cantores de sua acreditam e por mestre tém a massa, néo sabendo que “a maioria 6 ruim, e poucos so bons". ‘os pnt socrAticos 105, Esc6lios Homéricos, AT XVIII, 251. Dessa passagem Herdclito afirma que astrélogo foi Homero, as- sim como daquela em que 0 poeta diz. "do destino, eu afirmo, jamais homem algum escapou' 106. SENECA, Epistolas, XII, 7. Com razo Heréclito cerisurou Hesfodo por fazer uns dias bons ¢ outros maus, dizendo que ignorava como a natureza dle cada dia & uma ea mesma. 107. SEXTO EMP{RICO, Contra os Mateméticos, VII, 126. ‘Mis testemunhas para os homens sio olhos ¢ ouvidos, se almas barbaras eles tem. 108, ESTOBEU, Florilégio, 1, 174. De quantos owvi as ligBes! nenhum chega a esse ponto de co- nhecer que a (coisa) sAbia é separada de todas. 109. = 95. 10. IDEM, ibidem, 1176. Para homens suceder tudo que querem nao (6) melhor. 111. IDEM, ibidem, 1, 177. Doenga faz de satide (algo) agradével e bom, fome de saciedade, fadiga de repouso. 112, IDEM, ibidem, I, 178. Pensar sensatamente (6) virtude méxima e sabedoria é dizer (coi- sas) veridicas e fazer segundo (a) natureza, escutando. 113. IDEM, ibidem, 1, 179. Comum é a todos o pensar, 114, IDEM, ibidem, I, 179. (Os) que falam com inteligencia? € necessrio que se fortalegam No grgo Hoa, Vr not 1 pag 7. 3 No ego at’ epresta sak com nell) we aprsinafonetenment do advo at igigieecam,conuer CE nol 5 da pie (05 PENSADORES. com 0 comum dle todos, tal como a lei a cidade, e muito mais forte- ‘mente: pois alimentam-se todas as leis humanas de uma $6, a divina: pois, domina tao longe quanto quer, eé suficiente para todas (es coisas) e ainda sobra. 118. IDEM, ibidem, 180 De alma é (um) logos que a si préprio se aumenta 116. IDEM, ibidem, V, 6. ‘A todos os homens € compartilhado 0 conhecer-se a si mesmos pensar sensatamente. 117, IDEM, ibidem, V, 7. ‘Um homem quando se embriaga é lévado por crianga impibere, cambaleante, néo sabendo por onde vai, porque timida tem a alma. 118, IDEM, ibidem, V, 8. Brilho seco (6 a) alma mais sabia e melhor. Ou antes, segundo a leitura de Stephanus: Alma seca (6) a mais sébia e melhor. 119, IDEM, ibidem, IV, 40, 23. Hertlito dizia que o ético no homem (6) o deménio (eo deménio 60 ético). 120, ESTRABAO, I, 6, p. 3. Limites de aurora e creptisculo (so) a Ursa e em face da Ursa a baliza do fulgurante Zeus. 121. IDEM, XIV, 25, p. 642; DIOGENES LAERCIO, IX, 2. Merecia que os efésios adultos se enforcassem ¢ aos nao-adultos abandonassem a cidade, eles que a Hermodoro, o melhor homem deles eo de mais valor, expulsaram dizendo: que entre nés ninguém seja © mais valoroso, sento que se v4 alhures e com outros. 122, Suda, s.v. “ankhibatein” & Aproximagio, segundo Heréclito. mphisbatein”. 5 A sorte wei gia pl na ne rns mt ty ‘Stars de tase pegs ue fl determing pels pose suo ew prdatvn. © qe elem Fmt ug pda ot peda eo qos et em teguntopade see, ‘os mné-soceAnicos 123. TEMISTIO, Oratio V, p. 69. Natureza ama esconder-se. 124, TEOFRASTO, Metafisica, 15 p. 7.4 10. (Como?) coisas varridas e ao acaso confundidas (€2) 0 mais belo mundo, 125. IDEM, De Vertigine, 9. ‘Também 0 “cyceon”' se decompie, se néo for agitado. 105a. TZETZES, Comentirio ao "Plutio" de Arist6fanes, 88. Que nao vos abandone a riqueza, efésios, a fim de que seja pro- vada a vossa ruindade, 126, IDEM, Esedlios para Exegese da fade. As (coisas) frias esquentam, quente esfria, timido seca, seco umedece. 1 ow epi de ming de aaa. C = Critica MODERNA 1, Georg W. F. Hegel Trad. de Ernildo Stein HexAcuroconcens 0 proprio absoluto com © préprio absoluto como propria dlaltica, A daltica €) calécn exterior, tim racocnar de 4 para Id e ngo a alma da coisa dissolvendo-se a si mesma; b cialética imanente do objeto, situando-se, porém, na contemplagao do sujeito; © objetividade de Heréclito, iso 6, compreender a propria cialética como principio. I 0 progresso necessirio, e 6 aquele que Heréclito fez. O ser € 0 um, 0 primeiro; 0 segundo é o devir — até esta deter- rminagao avangou ele. Isto 6 0 primeito concreto, o absoluto enquanto nele se d& a unidade dos opostes. Nele encontra-se, portanto, pela primeira vez, a idéia filoséfica em sua forma especulativa; raciocinio de Parménides e Zeno e como tal criticado. Aqui vemos tetra; néo existe frase de Herdclito que eu nfo tenha integrado em minha Légica. _ Oque nos é relatado da flosofia de Heréclito parece, & primeira vista, muito contraditrio; mas nela se pode penetrar com 0 eonceito a assim descobrir, em Heréclito, um homem de profundos pensamen- tos, Ele 6 a plenitude da consciéncia até ele — uma consumagio, 0 infinito, aquilo que é : 1. O PRINCIPIO LOGICO __O principio universal. Este espfito arrojado pronunciow pala pri- mera ver etn polavra profs, "0 et mo foals que'o Mor nem & menos; out ser e nada so 0 mesmo, a esséncia é mudanga. O verdadeiro € apenas como a unidade dos opostos; nos eleatas, temos apenas o entendimento abstrato, isto 6, que apenas o ser é, Dizemos, 1 Artes, Mee, 73, os ntsoontricos _______ ‘em lugar da expressio de Herdclito: © absoluto é a unidade do ser do néo-ser. Se ouvimos aquela frase “O set nfo é mais que o nfo ser", desta maneira, nfo parece, entio, produzir muito sentido, apenas des- truigdo universal, auséncia de pensamento. Temos, porém, ainda uma outra expresso que aponta mais exatamente o sentido do principio. Pois Heréclito diz: "Tudo flui (panta rei), nada persiste, nem permanece © mesmo". E Platéo ainda diz de Heréclito: "Ele compara es coisas com a corrente de um rio — que nao se pode entrar duas vezes na mesma corrente’! o rio corre e toca-se outra agua. Seus sucessores dizem até que nele nem se pode mesmo entrar? pois que imediatamente ‘se transforma; 0 que é, a0 mesmo tempo ja novamente nfo é. Além disso, Aristételes diz? que Herdclito afirma que é apenas 0 que per- manece; disto todo o resto 6 formado, modificado, transformado; que todo o resto fora deste um flui, que nada é firme, que nada se demora; isto & 0 verdadeito 0 devir, néo 0 set —a determinagio mais exata para este contetido universal 6 0 devir. Os eleatas diziam: 86 0 ser 6 Eo verdadeito; a verdade do ser 60 devir;ser é0 primeiro pensamento enquanto imediato, Heréclito diz: Tudo édevir; este devir € princtpio. Isto esté ma expresso: "O ser é tio poco como 0 nio-ser; 0 devir é fe também nfo 6". As determinagdes absolutamente opostas esto li- gadas numa unidade; nela temos o ser e também o-no-ser. Dela faz. parte nfo apenas o surgir, mas também o desaparecer; ambos nko $80 para si, mas sto idénticos. ff isto que Heréclito expressou com suas Sentencas, O ser nio 6, por isso 6 0 néo-ser, e 0 ndo-ser 6, por iss0 ¢ (0 ser; isto é a verdade da identidade de ambos. 'f um grande pensamento passar do ser para o devir; é ainda abstrato, mas, ao mesmo tenipo, também é 0 primelro concreto, a primeira unidadededeterminagbes opostas. Estas estéo inquietas nesta Telagio, nela estd 0 prinefpio da vida. Com isto esté preenchido vazio que Arist6teles apontou nas antiges filosofias — a falta de mo- vimento; este movimento é aqui, agora mesmo, principio. Assim esta filosofia néo 6 passada; seu principio ¢ essencial e encontra-se em ‘minha Légica, no comeso, logo depois do ser e do nada. E uma grande convicgéo que se adquiriu, quando se reconhecett queosereo nada sio abstragSes sem verdade, queo primeiro elemento Yerdacleiro é 0 devir. entendimento separa a ambos como verda- deiros e de valor; a razio, pelo contrétio, reconhece um no outro, que ‘num esté contido seu outro — e assim, o todo, o absoluto deve ser determinado como o devir. 1 Pad, Clo 40% Ads, Mei 1 6X, 4 2 Aeden ae 103 3 Seca (0s pensanonts Heréclito também diz. que os opostos so caracteristicas do mes- mo, como, por exemplo, "o mel é doce e amargo" — ser e nao-ser ligam-se ao mesmo. Sexto observa: Heréclito parte, como os céticos, das representagées correntes dos homens; ninguém negara que 08 sos dizem do mel que é doce, e os que softem de ictericia que é amargo — se fosse apenas doce, nfo poderia modificar sua natureza através de outea coisa e assim também para os que sofrem de ictericia seria doce, Zeno comega a sobressumir os predicados opostos ¢ aponta no movimento aquilo que se opde — um por limites e wm sobressumir 18 limites; Zeno 36 exprimiu o infinito pelo seu lado negative — por causa de sua contradigio, como o néo verdadeito. Em Heréclito, ‘vemos 0 infinito como tal expresso como conceito e esséncia: oinfinito, que é em si e para si, 6 a unidade dos opostos e, na verdade, dos universalmente opostos, da pura oposiglo, ser e néo-ser. Tomamos 1n6s o ente em si e para si, néo a representagio do ente, do pleno, assim o puro ser 6 0 pensamento simples, em que todo o determinado é negado, o absolutamente negativo — nada é 0 mesmo, apenas este igual a si mesmo —, passagem absoluta para 0 oposto, a0 qual Zeno io chegou! "Do nada, nada vem." Em Heréclito 0 momento da ne- galividade é imanente; disto trata 0 conceito de toda a Filosofia. Primeiro tivemos a abstragio de ser e nao-ser, numa forma bem imediata e universal; mais exatamente, porém, também Herédlito con- cebeu as oposigdes de maneira mais determinada. E esta unidade de real e ideal, de objetivo e subjetivo; 0 objetivo somente é o devir sub- jetivo. Este verdadeiro é 0 processo do devir; Herdclito expressou de modo determinado este pér-se numa unidade das diferengas, Atist6- teles diz,? por exemplo, que Herécito "ligou 0 todo e 0 néo-todo" (parte) — 0 todo se torna parte e a parte 0 & para se tornar o todo =, 0 "que se une e se opée", do mesmo modo, "o que concorda e 0 dissonante’; e de que de tudo (que se opée) resulta um, e de um tudo. Este um nao 6 0 abstrato, a atividade de dirimir-se; a morta infinitude uma mé abstragdo em oposigao a esta profundidade que vemos em Heréclito, Sexto Empftico cita? 0 seguinte que Herdclito teria dito: A parte é algo diferente do todo; mas é também 0 mesmo que o todo 6 a substancia € 0 todo ea parte. O fato de Deus ter ctiado o mundo, terse dividido a si mesmo, gerado seu Filho ete. — todos estes ele- ‘mentos concretos estio contidos nesta determinagio. Plato diz, em seu Banquete (187), sobre o principio de Heréclito: "O um, diferenciado de si mesmo, une-se consigo mesmo" — este é 0 processo da vida, 1, Sato Bipli,Esgs Pintis 1 29,9 20211 1.66 2 Sree dundy cp . : 2 Gul or ttn, § 97 ‘osmatsocrAticos “como a harmonia do arco ¢ da lira", Deixa entio que Eriximaco, que fala no Banquete, critique o fato de a harmonia ser dlesarménica ou se componha de opostos, pois que a harmonia nao se formaria de altos fe baixos, mas da unidade pela arte da misica. Mas isto no contradiz, Herdclito, que justamente quer isto. O simples, a repetigao de um tinico som nfo € harmonia. Da harmonia é precisamente 0 absoluto devir, transformar-se — nfo devir outro, agora este, depois aquele. O essencial & que cada diferente, cada particular seja diferente de um outro — mas nfo de um abstrato qualquer outro, mas de sew outro; cada um apenas é, na medida em que sett outro em si esteja consigo, fem seu conceito. Mudanga é unidade, relagio de ambos a um, 1m ser, teste e 0 outro. Na harmonia e no pensamento concordamos que seja ‘assim; vemos, pensamos a mudanga, a unidade essencial. O espitito relaciona-se na consciéncia com o sensivel e este sensivel é seu outro. ‘Assim também no caso dos sons; devem ser diferentes, mas de tal ‘maneira que também possam ser unidos — e isto os sons so em si. Da harmonia faz parte determinada oposisio, seu oposto, como na harmonia das cores. A subjetividade 0 outro da objetividade, nfo de um pedago de papel — o absurdo disto logo se mostra —, deve ser sett outro, ¢ nisto reside sua identidade; assim cada coisa 0 outro do outro enquanto seu outro. Este é 0 grande principio de Heréclito; pode parecer obscuro, mas éespeculativo; eisto é, para oentendimento ue segura para si o ser, 0 nfo-ser, 0 subjetivo e objetivo, o real e 0 ideal, sempre obscuro. 2, OS MODOS DA REALIDADE Heréclito nfo ficou parado, em sua exposicio, nesta expresso em conceitos, no puro légico, mas além desta forma universal, na qual expés seu principio, deu a sua idéia também uma expressio real. Esta figura pura é precipuamente de natureza cosmolégica, ou sua forma é mais a forma natural; é incluido ainda na Escola JOnica, e com isto ‘dew novos impulsos & filosofia da natureza. Sobre esta forma real de seu principio os historiadores, contudo, néo esto de acordo entre si- ‘A maioria diz.que-ele teria posto a esséncia ontolégica como fogo,' ‘outros dizem que como ar? outros dizem que antes 0 vapor que o far; mesmo o tempo € citado, em Sexto? como o primeiro ser do ente. ‘A questéo é a seguinte: Como compreender esta diversidade? No se deve absolutamente crer que se deva atribuir estas noticias & negli- 1 Aste MEL a gaa 2 Soo mpm Con Mion, om 3 ex sate = 105 los Pensapones -géncia dos escritores, pois as testemunhas so as mel is: Ete e Soe Empidco, ue nto alam desta formay de passer mas de modo bem determinado, sem, no entanto, chamar a atenca0 para estas diferengas e contradicées. Uma outra razio mais préxima parece-nos resultar da obscuridade do escrito de Heréclito, o qual, na confusio de seu modo de expresso, poderia dar motivos pata mal- (os. Mas, considerando mais detidamente, esta dificuldade de- saparece; esta mostra-se mais para uma anilise superficial; no conceito profundo de Herédlito acha-se a verdadeiza safca deste empecilho. De maneira alguma podia Heréclitoafirmar, como Tales, que a gua oto ar ou coisa semelhante seria a esséncia absoluta; e nto 0 podia afirmar como um primeiro donde emanaria o outro, na medida om. que pensou ser como idléntico com 0 néo-ser out no conceito infnit. Assim, portanto, a esséncia absoluta que é nao pode surgir nele como uma delerminidade existente, por exemplo, a gua, mas a gua en- quanto se tracforma, ou apente 0 proces, a) Processoabstrato, tempo, Heraclito, portanto,. 6.0 prmeto oer corpore, como o expr Senos “Corpor” € ua expresso inadequada, Os eticos escolliam multas vezes as expreseSes mais grossciras ott tornavam os pensamentos grosseiros para mai facimenteiquidlos. "Corporeo™ signifi sensiblidade abstaay © tempo é a intuigio abstrata do processo; diz que ele é o primeiro ser sensivel. O tempo, portanto, é a esséncia verdadeira, Na medida em que Heréclito néo parou na expressfo légica do devir, mas deu a seu prinefpio a forma de um ente, deduz-se disto que primeiro tinha que ofeeerae forma emo; pls precenment o sense no que t= pode vero tempo € 0 princio aie ae oes como o devi 0 Enquanto intuido, o tempo é0 puro devir. O tempo é puro trans- formar-se, 6 0 puro conceito, o simples, que & harménico a pact de absolutamente opostos. Sua esséncia é ser e nfo-ser, sem outra deter- minagio — ser puro e abstrato nfo-ser, postos imediatamente numa tunidacle e ao mesmo tempo separados. Nao como se o tempo fosse e fo fosse, mas o tempo ¢ isto: no ser imediatamente néo-ser e no nio-ser imediatamente ser — esta mudanga de ser para ndo ser, este conceito abstrato, é, porém, visto de mancira objetiva, enquanto é para nés. No tempo nio 6 0 passado e o futuro, somente 0 agora; e este ¢ para no ser, esté logo destrufdo, passado —e este ndo-ser passa, do mesmo modo, para o ser, pois ele I-a abstrata contemplacio desta mudanca, Se tivéssemos que dizer como aquilo que Heréclito reconheceu como a esséncia existe para a conscléncia, nesta pura forma em que ele 0 1 it, gan, ‘0s mésoceAnicos reconheceu, néo haveria outra que nomear a nfo sero tempo; 6, por conseguinte, absolutamente certo que a primeira forma do que devém €o tempo; assim isto se liga a0 principio do pensamento de Heréclito. 'b) A forma real como processo, fogo. Mas este puro, conceito objetivo deve realizar-se mais. No tempo esto os momentos, ser ¢ nio-ser, postos apenas negativamente ou como momentos que ime- Giatamente desaparecem, Além disso, Heréclito determinow o processo deuum modo mais fisico. O tempo 6 intuicéo, mas intelramente abstrata. ‘Se quisermos representar-nos 0 que ele é, de modo real isto é expressar ambos os momentos como uma totalidade para si, como subsistente, tentfo levanta-se a questo: que ser fisico corresponde a esta determi- nagiio? O tempo, dotado de tais momentos, é 0 processo; compreender aa natureza significa apresenté-la como processo. Este é o elemento verdadeiro de Heréclito e 0 verdadeiro conceito; por isso, logo com- preendemos que Hericlito nao podia dizer que a esséncia ¢ 0 ar ou 2 Agua ou coisas semelhantes, pois eles mesmos nio sio (isto ¢ 0 prdximo) 0 processo. O fogo, porém, é 0 processo: assim afirmott 0 Fogo como a primeira esséncia — ¢ este 0 modo real do processo heracliteano,aalma ea substincia do processo da natureza. Justamente no processo distinguem-se os momentos, como no movimento: 1) 0 putro momento negativo, 2) osmomentos da oposigio subsistente, égua Car, e 3) a totalidade em repouso, a terra. A vida da natureza é 0 processo destes momentos: a divisio da totalidade em repouso da terra na oposigéo, o por desta oposicto, destes momentos — ¢ a un dade negativa, o retorno para a unidade, o queimar da oposicio sub- sistente. O fogo 60 tempo fisico;ele é esta absoluta inquietude, absoluta dissolugéo do que persiste — 0 desaparecer de outros, mas também de si mesmo; ele néo é permanente. Por isso compreendemos (é i teiramente conseqiiente) por que Herdclito pode nomear o fogo como ‘9 conceito do processo, partindo de sua determinagao fundamental. ‘) O fogo est agora mais precisamente determinado, mais ex- plicitado como processo real: ele é para si o processo real, sua realidad Eo processo todo no qual, entfo, os momentos sfo determinaclos mais ‘exala e concretamente, O fogo, enquanto ometamorfosear-se das coisas corpéreas, é mudanga, transformagio do determinaco, evaporacio, transformagio em fumagas; pois ele é, no processo, o momento abstrato do mesmo, néo tanto 0 ar como antes a evaporagio. Para este proceso Herdclito utilizou uma palavra muito singular: evaporagio (anathym(asis) (famaga, vapores do sol); evaporagio é aqui apenas a significagao su- erficial — € mais; passagem. Sob este ponto de vista, Aristételes' diz fe Herdclito que, segundo sua exposicio, 0 principio era a alma, por 1 Seen Alon 12 as (08 PeNsaDones. ser ela a evaporacio, 0 emergit de tudo, e este evaporar-se, devir, seria 0 incorpéreo e sempre fluido, Isto também aplica-se ao prinefpio fundamental de Herdclito.’ De mais a mais, determinou ele 0 processo real, em seus mo- mentos abstratos, distinguindo dois lados nele, "o caminho para cima (hodds dno) @ © caminho para baixo (hodds kéto)” — um a divisio, 0 ‘outro a unificagio. Devem ser compreendidos essencialmente assim a divisio como fealizagéo, persistir dos opostos; 0 outro: a reflexio da unidade em si, 0 sobressumir destas oposig6es subsistentes. Para isto apelou para as determinagées "da inimizade, do édio, da Iuta (pstemos, éris) e da amizade, harmonia (omologia, eiréne)" — divisio ¢ ico na nidade, (Isto também € mitolégico, amor etc.) "Destes dois a inimizade, a luta € aquilo que é principio do surgir dos dife- rentes, mas 0 que conduz a combustio é harmonia e paz."® No caso da inimizade entre o8 homens, um se afirma como auténomo em opo- sigéo ao outro ou é para si— © paz, porém, é sair do ser-para-si ¢ imergir na impossibilidade de distingo ou na nfo-realidade. Tudo 6 trindade, essencial unidade; a natureza é isto que jamais repousa e 0 todo &a passagem de um para © outro, da divisio pata a unidade, da unidade para a diviséo. As determinagées mais préximas deste processo real so, em parte, falhas e contraditérias. Sob este ponto de vista, afirma-se, em algumas noticias, que Herdclito teria cleterminado o processo assim: “As formas (mudanga) do fogo sio, primeiro, o mar e, entio, metade isto, terra, emetade, 0 raio™'— o fogo em sua eclosio. Kste é universal e muito obscuro. Didgenes Laércio diz (IX, § 9): "O fogo se condensa em unidade (pyknotimenon pyr exygrainesthai) e paralisado (synistdme- on) torna-se Agua 0 fogo apagadlo é a Agua, é 0 fogo que passa para a indiferenca; "a agua endurecida torna-se terra e este € 0 caminho para baixo. A terra torna-se entéo novamente fluida (derretida) e dela vem a unidade (0 mat) e dela a evaporagio (anathymiasis) do mat, do qual entfo tudo surge"; ela novamente passa a ser fogo, irrompe como chama; "este € 0 caminho para'cima". Portanto na totalidade realiza-se a metamorfose do fogo. "A Agua divide-se em escura eva- poracio, torna-se terra — e em evaporagio pura, brilhante, torna-se fogo eseincendeia na esfera solar; 0 elemento igneo torna-se metcoros, planetas e constelagdes." Estas néo sio estrelas paradas e mortes, mas vistas como no devit, em eterna gerago. Estas expresses orientais, figurativas, nfo devem ser tomadas em sentido grosseiro e sensivel, et a ite, Sem Al 2 ‘ile i logenes Laer De 8 Clemente do loam Sirol (Mine, V4. oe os rnésocnémicos isto 6, como se estas transformagbes tivessem lugar de maneira tal iat fossem perceptiveis aos sentidos, mas sio a natureza destes ele- ‘mentos; a terra gera para si mesma, perenemente, seus s6is e planetas. ‘A natureza 6 assim esse circulo. Neste sentido ouvimo-lo dizer: “Nem um deus nem um homem fabricou o universo mas sempre foi ‘e6 esseré um fogo sempre vivo, que segundo suas préprias leis (mélr0) se acende e se apaga”.! Compreendemos 0 que Aristételes cita, que 0 principio é a alma, por ser a evaporagéo, este processo clo mundo que si mesmo se move; 0 fogo é a alma. Aqui toma sentido uma outra expresso que se encontra em Clemente de Alexandria? "Para as almas (8 vivos) a motte é tornarem-se 4gua; para a égua a morte é tornar-se terra; e de modo inverso: da terra se geta entiio agua, € da agua a alma’ &, portanto, este processo geral do extinguir-se, do Aanemlr da oposigéo de volta para a unidade e 0 despertar novamente do mesmo, do emergir do um. O extinguir-se da alma, do fogo na agua, ‘a combustdo que se torna produto, alguns comentam? como @ com- bustio do mundo. f mais um produto da fantasia que Heréclito teria falado de um incéndio do mundo, que apés determinado tempo (como, segundo nossa representaco, 0 fim do mundo) 0 mundo terminaria Te, porém, vemos imediatamente, com base em passagens bem definidas que Hlersclto nfo 9° refere a este incéndio do mundo, mas sim a esta constante combustio, devir da amizade—a vida universal, © processo universal do universo. "Heréclto diz que tanto o viver ‘como o morrer esto unidos, tanto na nossa vida como na nossa morte; pols, quando vivemos, nossas almas estio mortas e sepultadas em 16s; mas, Se morrermos, ressurgem e vivem nossas almas. No que se refere ao fato de Heréclito afirmar que o fogo € 0 vivificante, a alma, encontra-se uma expresso que pode parecer bi- zarra, isto 6 que a alma mais seca é a melhor.’ Nés certamente nfo tomamos a alma mais molhada como a melhor, mas pelo contratio, ‘a mais viva; seco quer dizer cheio de fogo: assim a alma mais seca é © fogo puro, e este nfo é a negagao do vivo, mas a prépria vida [Estes s40 os momentos principais do processo real da vida. De- ‘moro-me, um momento, nisto aqui em que vem expresso todo 0 con- Cceito da consideragio especulativa da natureza (filosofia da natureza). Ela 6 processo em si mesma, Neste conceito, um momento, um ele- 2 ES muerte 848 in mest, } Eemaemnaaan geet | ES i Rice rae (OS PENSADORES. ‘mento passa para 0 outro: fogo torna-se agua, terra e fogo. Existe uma velha polémica sobre a transformagio, sobre a imutabilidade dos elementos. Neste conceito, separam-se a comum investigagio sensivel da natureza e a filosofia da natureza. Em si, do ponto de vista especulativo, a substancia simples se metamorfoseia em fogo € nos outtros elementos; sob o outro ponto de vista, toda passagem estd supressa, agua € dgua, fogo é fogo ete. — niio hé conceito, nio h4 movimento absoluto, mas apenas o emergir é, uma separagio exterior do que jé estd presente. Se aquele ponto de vista alirma a transformagéo, este cré poder demonstrar 0 contrério; esta iltima posicéo afirma, sem diivida, que Agua, fogo etc., nao sao mais sim- ples esséncias, mas os decompoe em hidrogenio, oxigénio etc, — mas insiste na impossibilidade de sua transformacao em outras. Esta posi¢ao afirma com raziio que aquilo que deve ser em si, sob © ponto de vista especulativo, também deve ter a verdade da rea- lidade efetiva; pois, se o elemento especulativo tem por fim ser a natureza e a esséncia de seus momentos, entio ele também deve estar presente assim. (A gentese representa o elemento especulativo como se apenas fosse real no pensamento ou no interior, isto 6 no se sabe onde.) Mas 0 elemento especulativo esté também assim presente; os investigadores da natureza cerram, porém, seus olhos para isto, devido a seu conceito limitado. Se 0s escutamos, descobrimos que apenas observam, dizem ape- nas 0 que véem; mas isto nao 6 verdadeito; inconscientemente trans- formam imediatamente o que viram, através do conceito. E 0 conflito no resulta da oposigio entre observagio e conceito absoluto, mas da oposigto do conceito limitado e fixo contra o conceito absoluto. Bles ‘mostram as transformagées como nao existentes, por exemplo, da égua fem fetta; até tempos muito préximos a nés a transformagao foi afir- mada — destilando-se gua, sobrava um resto terroso. Lavoisier! fez experiéncias exatas, pesou todos os recipientes — mostrou-se um resto terroso; mas na comparacéo mostrou-se que provinha dos recipientes. Existe um processo superficial que néo é superagao da determinidade da substincia: "Agua nfo se transforma em at, mas s6 em vepor, € vapor sempre se condensa novamente em agua", Mas tanto lé como aqui fixam apenas um processo unilateral e cheio de falhas e o apre- sentam como tum processo absoluto. Como se dissesse: O processo da natureza é uma totalidade de condig6es; se algumas delas faltam, re- sulta algo diferente que quando preencho todas as condigées. Ferro torna-se magneto no quando o torno incandescente, mas quando es- frego um pedaco de ferro no outro ou quando o seguro de determinada 1 Antoine Latent Laie, 1701794 qui, co aera do gto. ‘os mésoceAticos maneira; é claro que hé circunstancias sob as quais permanece o mes~ ‘mo. Divisio apenas mecfnica & sempre possivel; uma casa pode ser decomposta em pedras e traves; estas esto presentes como pedras € traves. Neste sentido, falam da relagéo entre o todo ¢ as partes nao ‘como de momentos ideais — que atingiriam como em si, invistveis, latentes, no positivos (enquanto momentos) mas aqui ainda obtidos como representacao. Mas realizam a experiéncia, no real, no processo da natureza, verificando que o cristal dissolvido da agua e que no cristal se perde agua, torna-se duro — égua-cristal; verificam que a evaporacio da terra nfo pode ser encontrada em forma de vapor, em condigdes externas, no ar, mas que o ar permanece inteiramente limpo ‘oti que 0 hidrogénio desaparece totalmente no ar puro. Despenderam bastante esforco, mas em vao, para encontrar hidrogénio no ar atmos~ férico. Experimentam também que ar bem seco, no qual nfio podem descobrir nem umidade nem hidrogénio, passa a ser vapor e chuva ete, Esta é a experiéncia; mas eles corrompem toda percepgao das transformagées por causa do conceito fixo; pois jé trazem consigo, quando vio realizar a experiéncia, os conceito fixos do todo e das partes, da constituigéo de partes, do jé-ter-estado-presente daquilo Como tal, que se mostra surgindo. Dissolvido, o cristal revela égua; dizem, portanto: "No surgiu como égua, mas antes nele jé estava"; gua, separada em seu processo, mostra hidrogénio e oxigénio: "Estes nfo apareceram, mas antes jé estiveram presentes como fais, como partes de que se constitui a Agua’. Eles, porém, nio podem mostrar Agua no cristal, nem oxigénio ¢ hidrogénio na agua. O mesmo se dé ‘com a “matéria latente do calor”, Em toda enunciagio da percepsa0 experiéncia e sempre que o homem fala, j& se manifesta em tudo {sto um conceito — nem se pode impedir que af esteja, renascido na consciéncia; sempre se conserva ao menos um trago leve de univer- salidade e de verdade. Pois justamente ele € a esstncia; mas s6 para a consciéncia educada torna-se conceito absoluto, nao numa determinidade como aqui. Bles necessariamente cleparam com seu limite; assim é sia cruz nfo encontrar hidrogénio no ar; higréme- tos, garrafas cheias de ar trazidas por balées de regides elevadas, nfo mostram sua existéncia. A égua de cristal nfo é mais que agua — transformada, tornada terra. Para retornar a Heréclito: ele 6 aquele que primeiro expressou a natureza do infinito € que compreencieu a natureza como sendo em ‘si infinita, isto é, sua esséncia como processo. E a partir dele que se deve datar o comeso da existéncia da Filosofia; eleéa idéia permanente, {que é a mesina em todos os fl6sofos até os dias de hoje, assim como foi a idéia de Plato e Arist6teles. (os pensaDones © PROCESSO COMO UNIVERSAL E SUA RELAGAO_ COM A CONSCIENCIA Falta apenas isto na idéia, que sua ess@ncia, sua simplicidade como conceito, como universalidade seja reconhecido. Pode-se senti, como Aristételes, que nfo hé nada de duradouro, em repouso. O pro: ce5s0 nfo & ainda concebido como universal. Nao ha dtwvida que Herd lito diz. que tudo flui, nada é constant, apenas o um permanece. Mas com isto ainda néo esté enunciada a verdade, a universalidade; 60 conceito da unidade existente na oposiglo, e néo da tnidade re fletida, Este um na unidade com o movimento, com o processo dos individuios, 6 universal, o género, entendimento ot o conceito simples ‘em sua infinitucle, como pensamento; como tal ainda deve ser deter- rminada a idéia — 0 nous de Anaxégoras. O tiniversal é a imediata e ples unidade na oposigio, como processo clos diferentes que volta a si mesmo. Mas também isto pode ser encontraclo em Heréclit Fate universal, esta unidace na oposigo — ser e nfo-ser como 0 mesmo —denominou-o Heréclito “destino (heimarméne),necessidade" Bo con- ceito de necessidadle nfo € outro que o fato de o ente, enquanto de- terminado nesta determinidade, ser 0 que é (esta constitui sua esséncia enquanto individuo), mas por isso relaciona-se com seu oposto — a absoluta “relagio que perpassa o ser da totalidade” (légos ho did tes ousias tou pantds dikén). Hleréclito 0 denomina “o corpo etéreo, a se- mente do devir de tudo" (aithérion séma, spérma tes tou pantds gensseos)? Isto é para clea idéia, universal como tal, como a esséncia; 60 processo ‘em repouso —o género animal é 0 que permanece, o processo simples que se reconcentra (0 que recolhe em si Resta agora ainda considerar qual a relago com a consciéncia, com © pensamento, que Herdclito atribui a esta esséncia (ao mundo, a0 que €). Sua filosofia & como um todo de caréter cosmol6gico; 0 prin- cipio, nfo hé diivida, é légica, mas é concebido em seu modo natural, ‘como processo universal da natureza. Como chega o logos & corscién- cia? Qual a sua relagio com a alma individual? Analiso isto mi dletidamente aqui; 6 uma bela maneira, espontinea e inocente, de falar © verdadeiro da verdacle — aqui o universal e a unidadte da esséncia da consciéncia e do objeto ¢ a necessidade da objetividade, No que se refere a afitmagGes sobre o conhecimento, foram con- servadas diversas passagens de Heréclito. Decorre imediatamente de seu principio, de que tudo 0 que é a0 mesmo tempo nfo 6, 0 fato de 1 Didgenes afc, I 67 Sings, Fie (, xm de Fi, exp 3 lg $86. 2 Pht, Es Sere de ila, 128. os mésocekricos le esclarecer que a certeza sensivel nfo possui verdade alguma. Pois cla & justamente aquilo para quem 0 que é, como existente, ¢ certo — festa certeza 6 aquilo para a qual algo subsiste, que na verdade nao é desta maneira. Este ser imediato nio € 0 ser verdadeiro, mas é a ab- soluta mediagéo, o ser pensado, 0 pensamento — e o ser recebe aqui a forma da unidade. "Morto € 0 que vemos em vigilia, eo que vemos dormindo é sonho", porque, na medida em que vemos, é algo cons- tante, uma figura fixa. Sob este ponto de vista, Herdclito diz. sobre a ‘percepgio sensivel: "Mas testemunhas so para os homens os olhos € 6s ouvidos, na medida em que possuem almas barbaras. A razio (logos) 60 juiz da verdade, mas nfo a mais préxima e melhor (hopoiosdépote), ‘mas apenas a divina e universal’? esta medida, este ritmo que perpassa fa essencialidade do todo. Absoluta necessidade 6 que o verdadeiro festeja na consciéncia — mas ndo qualquer pensamento em geral que visa 0 individual, néo qualquer relagéo onde é apenas forma e possui © contetido da representacéo, mas 0 entendimento universal, cons- cigncia desenvolvida da necessidade, identidade do subjetivo e obje- tivo. "Muito conhecimento néo ensina 0 entendimento; pois, se assim fosse, também teria ensinado a Hesiodo, Xenéfanes e Pitégoras. O um éreconhecer o que é sAbio — a razo, que em tudo é 0 que domina.” Sexto expde mais detidamente a relagio da consciéncia subjetiva, dda razio singular, com este processo tiniversal da natureza. Isto tem ainda uma forma muito fisica; 6 como se comparasse a reflexio com fo homem quesonha ou que é doido. © homem em vigilia relaciona-se com as coisas de maneira universal, adequada as circunstancias das coisas, como os outros também se relacionam com elas. Sextot cita-nos fa determinacio disto, da seguinte maneira: “Tudo que nos cerca & Togico e compreensivel por si" — a esséncia universal da necessidade. A universalidade possui a forma da reflexio; a esséncia objetiva, a objetividade compreende, por isso no — com consciéncia. Se e na ‘mediida em que eu, no contexto objetivo-compreensivo desta reflexio, sou a objetividade da consciéncia, estou, nao hé dévida, na finitude — como finito estou num contexto exterior, permanego no sonho na vigilia na érea deste contexto—, mas apenas entendimento, reflexio, consciéncia deste contexto, sem sono, é 0 modo necessirio deste con- texto, a forma da objetividade, a idéia na finitude. “Quando nés, pela respiracio aspiramos esta esséncia universal, tornamo-nos inteligentes; mas somos assim apenas enquanto estamos ‘leet de Alea, Sola 3 ‘Suto Epc, Como Mon VL 8126327 Tete 8 Cas Maney VL 22. os pensaDones em vigilia; dormindo estamos no esquecimento." Esta forma de sabe- doria é 0 que chamamos de vigilia. Esta vigilia, esta consciéncia do mundo exterior que faz parte desta sabedoria, é antes um estado, mas aqui tomada pelo todo da consciéncia racional. “Pois no sono", diz-se, “os caminhos da sensibilidade esto fechados e o entendimento que esté em nés € separado de sua unio com aquilo que o cerca (tes pros 18 periékhon symphyits), e mantém-se apenas 0 contexto (prdsphysis) da respiragéo como se fosse uma raiz" do contexto do estado de vigilia, que permanece mesmo no sono — nao um elemento especificado, mas abstrato, Este respirar, portanto, distingue-se do respirar (symp- lyfa) em geral, isto é, do ser de um outro para nés; a razdo € este processo com o objetivo. Pelo fato de nao estarmos ligados ao contexto como todo, sonhamos apenas. "Assim separado, o entendimento perde a forga da consciéncia que antes possufa"' — o espirito apenas como particularidade individual, a objetividade; ele nao € universal na par- ticularidade — pensamento que se tem a si mesmo como objeto. "Nos que esto de vigflia, porém, mantém ele (0 entendimento), através das vias da sensacdo, como que olhando pelas janelas ¢ unin- do-se a0 que o cerca (symbill6n), a fora lgica” — o idealismo em sua ingenuidade.” Da mesma maneira como 0 carvao que se aproxima do fogo torna-se ele mesmo incandescente, mas dele separado seapaga, assim a parte (moira) — a necessidade (vide supra) — "que do que nos cetca abrigada em nossos corpos torna-se quase irracional pela separacio"; isto é 0 contrétio daquilo que muitos pensam, isto é que Deus daria a sabedoria no sono, no sonambulismo. "Mas, no contexto com 08 muitos caminhos, ela se torna da mesma natureza que o todo" (ho moeid?s t6 holo kathistatai)? Estar de vigilia é consciéncia real, ob- jetiva, saber do universal, do que 6, ¢ nisto, contudo, ser para si? “Bsta totalidade, o entendimento universal e divino em uniéo com 0 qual somos l6gicos, é a esséncia da verdade em Heréclito. Por isso o que aparece a todas possui poder de persuasto, pois tem parte no logos universal e divino; mas 0 que cabe como parte ao individuo no possui poder de persuasio em si, pela razao contréria. No comego de seu livro sobre a natureza, ele diz: "Pelo fato de que 0 que nos cerca é a razAo (logos), 0s homens so irracionais, tanto antes de ouvir como quando primeiro ouvem. Pois, se 0 que acontece, acontece se- gundo esta razo, so eles ainda inexperientes quando ensaiam os 1 e.g 9 2 ts 10 3. Terman po cuvoraen a bce de Horo“ fndameno do pense» fr do pee e i sr Roman" ar ec eta mpi, Cana la 8 ‘os mé-socnéricos discursos e obras que eu anoto (diegeuniai, discuto, narro explico), dis- tinguindo tudo conforme a natureza e dizendo como se comporta. Os outros homens, porém, néo sabem o que fazem quando acorclados, ‘como esquecem 0 que fazem no sono"! : Herécito diz ainda: "Tudo fazemos e dizemos segundo a part cipagio do entendimento divino (logos), Por isso devemos seguir ape~ nas a este entendimento universal. Muitos, porém, vivent como se tivessém um entendimento proprio (idian phrdnesin); 0 entendimento, porém (he dé), nfo € outa coisa que a interpretagéo (0 tomar-cons- Giéncia, a exposigéo, a convicgio) dos modos de ordenagio (exégesis tou trdpou) (organizacio) do todo. Por isso, na medida em que tomamos parte no saber dele (auton tes mnéines Koinonésémen), estamos na ver~ dade; mas, na medida em que temos coisas particulares (préprias) (ididsdmen), estamos na ilusio"? Palavras muito grandes e importantes! Nilo é possfvel expressar-se de modo mais verdadeiro e mais espon- tineo sobre a verdade. Somente a consciéncia como consciéncia do universal é consciéncia da verdade; mas consciéncia da patticularidade e agéo como individual, uma originalidade, que se torna caracterist do contetido e da forma, é 0 nfo-verdadeiro ¢ 0 mau. O engano, por tanto, consiste na particularizagao do pensamento —o mal eo engano residem no fato da separagéo do universal, Os homens acham em geral que, quando devem pensar algo, isto teria que ser alguma coisa singular; isto a ilusio. : Por mais que Heréclito afirme que no saber sensivel nao ha ver- dade, porque tudo o que 6 lui, oser da certeza sensfvel nao é enquanto 6, com a mesma forca afirma ele que, no saber, € necessario o modo objetivo. O racional, 0 verdadeito que eu sei é certamente um retro- ceder ¢ sair do objetivo, enquanto sensivel, individual, determinado, evistente. Mas 0 que a razo em si sabe é também a necessidade ou a universalidade do ser; 6 a esséncia do pensamento, do mesmo modo como 6 esséncia do mundo. f a mesma consideragio da verdade que Espinosa? denomina "uma consideragéo das coisas sob a forma de eternidade", O ser para si da razio nfo € uma consciéncia sem objeto, um sonhar, mas um saber que é para si — mas de maneiza tal que este sex para si seja desperto ou que seja objetivo e universal, sendo para todos o mesmo. O sonhar é um saber de algo de que ‘somente ett sei. O imaginar e coisas semelhantes so também um tal sonhar. Do mesmo modo a sensaglo é a maneira de algo ser apenas 1 Sao Epi, Cn Mon IL 6 5H, 3 aes Bo 3 Bp prop A xt 05 PENSADORES. SEES PE reece rr ry eoeapaags eee eenee eee para mim, de eu ter algo em mim, enquanto neste sujeito; por mais sublimes sentimentos que se tenham, é essencial que aquilo que sinto seja para mim, enquanto este sujeito — nao como objeto, algo livre de mim, Na verdade, porém, 0 objeto & para mim, enquanto € livre em si, ¢ eu sou para mim livre da subjetividade de mim; e, do mesmo modo, ¢ este objeto de maneira alguma imaginado, transformado por mim em objeto, mas em si universal. Além disto, existem ainda muitos outros fragmentos de Heré- clito, sentengas avulsas etc, este, por exemplo: "Os homens so deuses mortais ¢ 08 deuses, homens imortais; viver &Ihes morte e morrer thes vida"." A morte dos deuses é a vida; o morrer é a vida dos deuses. O divino é 0 elevar-se, pelo pensamento, acima da pura na- tureza; esta faz. parte da morte. Podemos, efetivamente, dizer de Heréclito 0 que Sécrates diss: O que ainda nos sobrou de Herdclito é excelente; daquilo que foi per- dido para nés, podemos conjeturat que foi da mesma excelente qua- lidade. Ou, se quisermos ter o destino por t&o justo que sempre con- serva, para os pésteros, o melhor, entdo devemos ao menos dizer que aquilo que nos foi transmitido de Heréctito vale sua conservacao, (Prelegées sobre a Hist6ria da Filosofia, pp. 319-343) 1 Pio soe Seto Epic, Esboes Pinoy, 24, $20, Parménives DE ELBIA (CERCA DE 530-460 A.C.) DADOS BIOGRAFICOS Paraénves wasceu emt Eleia, hoje Veli, na Ita. Foi disefpulo do pitagérico Anatnias e mostra conhecer a doutrina pitagoricn. Provmoeinenie amber sequin a ligdes do velo Xengfanes. Em Atenas, com Zenao, combate a filosofia dos jOnicos. Floresceu por volta de 500 a.C. — Escreven petecat filosdfico, em versos: Sobre a Natureza. Esta obra compreende wai ro lo ce duas partes. Na primeira trata da verdade; 1a segunda, da opini = on seronnese mumersas fagentos da primeira part alguns de segunda, A atitude polémica de Parménides levanta-se tanto contra 0 dualismo ta ‘g6rico (sere nfo-ser, cheioe uaz...) como, segundo alguns intérpretes, contra ‘0 mobilismo de Herdclito.

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