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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA
EXAMINADORES:
4
AGRADECIMENTOS
A Deus, por ser tão presente em minha vida e por todas a bênçãos.
Aos meus pais (Dinancí e Edmilson) por todo amor, apoio, por acreditarem em mim,
por possibilitarem a realização desse sonho e por me passarem conforto e tranquilidade
em cada momento difícil.
As minhas irmãs (Ana Carolina e Thayane) por todo amor, apoio, alegrias e
companheirismo.
Aos meus amigos e família pelo incentivo e compreenderem minhas ausências.
Aos meus colegas de graduação, especialmente (Bárbara e Denise) pela amizade,
companheirismo, dias e noites de estudos, alegrias e pelo apoio.
As amigas de república pelo incentivo, zelo e carinho.
À Danileile e Leandro Rosa por toda ajuda no desenvolvimento do trabalho.
À professora Anaxsandra, pelo auxílio, orientações e contribuições para esse trabalho e
por toda paciência e cordialidade.
A minha orientadora Lidiane Kruschewsky, pela orientação, disponibilidade, paciência,
cordialidade e incentivo.
Aos profissionais da Arqtec Engenharia, por me ajudarem tanto na disponibilização de
equipamentos, permissão de entrada ao aterro quanto na execução do trabalho e
disponibilização de dados.
À UFRB e CETEC pela disponibilização de transporte.
À FAPESB pela concessão da bolsa de Iniciação Científica.
5
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA
RESUMO
6
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE QUADROS
Quadro 3. 1- Categorias de materiais adotadas em estudos de caracterização de resíduos
sólidos no Brasil ............................................................................................................. 19
Quadro 3. 2-Código de cores dos resíduos sólidos ......................................................... 27
Quadro 5. 1-Setores de coleta de RS em Cruz das Almas .............................................. 47
LISTA DE TABELAS
Tabela 3. 1- Coleta de RSU nos Estados e Distrito Federal ........................................... 21
Tabela 5. 1-Comparação da composição gravimétrica dos RSD de Cruz das Almas e
Sapeaçu com os encontrados para o aterro sanitário de Cruz das Almas e de Salvador 55
Tabela 5. 2- Quantidade diária de resíduos depositados no aterro sanitário com e sem
desvio de materiais gerados em Cruz das Almas e Sapeaçu .......................................... 62
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 5. 1- - Resíduos descartados segundo categoria de abrangência ....................... 49
Gráfico 5. 2- Amostras de Resíduos (Cruz das Almas) .................................................. 50
Gráfico 5. 3-Amostras de Resíduos (Sapeaçu) ............................................................... 51
Gráfico 5. 4 -Composição Gravimétrica dos RSD dos Municípios de Cruz das Almas e
Sapeaçu ........................................................................................................................... 52
Gráfico 5. 5-Composição gravimétrica em peso dos tipos de plástico em Cruz das
Almas .............................................................................................................................. 53
Gráfico 5. 6-Composição gravimétrica em peso dos tipos de plástico em Sapeaçu ...... 53
Gráfico 5. 7-Composição gravimétrica em peso dos tipos de papel em Cruz das Almas
........................................................................................................................................ 54
Gráfico 5. 8-Composição gravimétrica em peso dos tipos de papel em Sapeaçu .......... 54
Gráfico 5. 9- Geração per capita de RSD nos municípios de Cruz das Almas e Sapeaçu
........................................................................................................................................ 56
Gráfico 5. 10-Panorama da geração dos RSD nos municípios de Cruz das Almas e
Sapeaçu nos últimos 6 anos ............................................................................................ 57
Gráfico 5. 11-Peso Específico Aparente Médio dos Municípios Estudados .................. 58
Gráfico 5. 12- Peso específico dos RSD por amostra (Cruz das Almas) ....................... 59
Gráfico 5. 13- Peso específico dos RSD por amostra (Sapeaçu).................................... 59
7
LISTA DE ABREVIATURAS/ SIGLAS/SÍMBOLOS
°C - grau Celsius
ABNT- Associação Brasileira de Normas Técnicas
ABRELPE- Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos
C: N - relação carbono :nitrogênio
CEMPRE – Compromisso Empresarial com a Reciclagem
CONAMA- Conselho Nacional de Meio Ambiente
hab.- habitante
IBAM - Instituto Brasileiro de Administração Municipal
IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IDH- Índice de Desenvolvimento Humano
kg – quilograma
km² - quilômetro quadrado
L - litro
m ³- metro cúbico
NBR - Norma Brasileira Regulamentadora
PDDU- Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano
PEAD – Polietileno de Alta Densidade
PEBD – Polietileno de Baixa Densidade
PET – Polietileno Tereftalato
pH -potencial hidrogeniônico
PIB - Produto Interno Bruto
PNSB – Pesquisa Nacional de Saneamento Básico
PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
PP – Polipropileno
PS – Poliestireno
PVC – Policloreto de Vinila
RS - Resíduos Sólidos
RSD - Resíduos Sólidos Domésticos/Domiciliares
RSU - Resíduos Sólidos Urbanos
SISNAMA - Sistema Nacional do Meio Ambiente
SNIS- RS- Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento- Resíduos Sólidos
SNVS - Sistema Nacional de Vigilância Sanitária
8
SUASA- Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária
t –tonelada
9
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 12
2 OBJETIVOS ....................................................................................................... 14
2.1 OBJETIVOS GERAIS ..................................................................................... 14
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .......................................................................... 14
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ....................................................................... 15
3.1 RESÍDUOS SÓLIDOS: CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO ............................... 15
3.2 CARACTERIZAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS ............................................. 16
3.2.1 Composição Gravimétrica ............................................................................. 17
3.2.2 Geração Per Capita ....................................................................................... 20
3.2.3 Peso Específico Aparente .............................................................................. 21
3.4 GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS ........................................ 23
3.5 CENÁRIO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS NO BRASIL ...................................... 35
3.6 CENÁRIO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS NA BAHIA ........................................ 36
4 METODOLOGIA .............................................................................................. 37
4.1 PESQUISA BIBLIOGRÁFICA ...................................................................... 37
4.2 PESQUISA DOCUMENTAL ......................................................................... 38
4.3 LEVANTAMENTO DE DADOS PRELIMINARES SOBRE O SISTEMA
ATUAL DE COLETA DOS RSD NOS MUNICÍPIOS ............................................ 38
4.4 DETERMINAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DOS RESÍDUOS
SÓLIDOS DOMÉSTICOS ......................................................................................... 38
4.4.1 Composição Gravimétrica ........................................................................ 41
4.4.2 Geração per capita.................................................................................... 41
4.4.3 Peso Específico Aparente ......................................................................... 42
4.5 CONSTRUÇÃO DO BANCO DE DADOS ................................................... 42
4.6 AVALIAÇÃO DE FATORES QUE INFLUENCIAM A GERAÇÃO DE
RESÍDUO ................................................................................................................... 43
4.7 AVALIAÇÃO DO IMPACTO NO ATERRO SANITÁRIO A PARTIR DO
DIRECIONAMENTO ADEQUADO DOS RS ......................................................... 43
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................... 45
5.1 CARACTERIZAÇÃO DOS MUNICÍPIOS E DA ÁREA DE ESTUDO ...... 45
5.1.1 Cruz das Almas......................................................................................... 45
5.1.2 Sapeaçu ..................................................................................................... 45
5.1.3 Aterro Sanitário Integrado de Cruz das Almas ......................................... 46
5.2 LEVANTAMENTO DE DADOS PRELIMINARES SOBRE O SISTEMA
ATUAL DE COLETA DOS RSD NOS MUNICÍPIOS ............................................ 47
5.2.1 CRUZ DAS ALMAS ................................................................................... 47
10
5.2.2 SAPEAÇU.................................................................................................... 48
5.3 DETERMINAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DOS RESÍDUOS
SÓLIDOS DOMÉSTICOS ......................................................................................... 48
5.3.1 Composição Gravimétrica ........................................................................ 48
5.3.2 Geração per capita.................................................................................... 56
5.3.3 Peso Específico Aparente ......................................................................... 57
5.4 AVALIAÇÃO DE FATORES QUE INFLUENCIAM A GERAÇÃO DE
RESÍDUO ................................................................................................................... 60
5.5 AVALIAÇÃO DAS POSSIBILIDADES DE DIRECIONAMENTO
ADEQUADO DOS RS............................................................................................... 60
6 CONCLUSÃO .................................................................................................... 64
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................ 66
8 APÊNDICE 1 -QUESTIONÁRIO ..................................................................... 70
11
1 INTRODUÇÃO
O Aterro Sanitário Integrado de Cruz das Almas recebe resíduos de quatro municípios:
Cruz das Almas, Sapeaçu, São Felipe e Conceição do Almeida. Dentre esses, Cruz das
Almas, considerada uma cidade de médio porte, é a que mais contribui para a
quantidade de resíduos depositada no aterro. Essa cidade estabelece intensas relações
comerciais, demográficas e de serviços com Sapeaçu, município de pequeno porte. É
muito comum esse tipo de relação entre municípios de médio e pequeno porte próximos
geograficamente. Assim, Cruz das Almas e Sapeaçu foram selecionados como objetos
para análise das características físicas dos resíduos sólidos produzidos em cidades com
características semelhantes.
12
Os resultados da comparação da geração e descarte dos resíduos sólidos domésticos
(RSD) dos municípios integrantes de um mesmo aterro e com afinidades de relações
podem subsidiar a elaboração de um modelo de gestão adequado para municípios com
atributos parecidos, facilitando a tomada de decisão e as ações das entidades públicas e
privadas.
Atualmente a gestão dos resíduos sólidos nas cidades de Cruz das Almas e Sapeaçu
baseia-se a coleta e destinação final dos materiais. Existe uma baixa preocupação com
os tipos de materiais gerados, e em como esses materiais podem ser reaproveitados,
retardando a necessidade de disposição em aterro. Diante disso, a quantidade de
materiais que adentram o aterro de Cruz das Almas é grande, aumentando as chances de
contaminação do meio e acelerando o aumento das demandas por novas áreas de
deposição de resíduos.
Com a caracterização dos resíduos gerados nos municípios de Cruz das Almas e
Sapeaçu será possível apresentação de: a) soluções que aumentem a vida útil do aterro,
visto que são os maiores contribuintes para a massa de resíduos depositada no aterro; b)
alternativas de redução na geração de resíduos sólidos, através da geração de renda para
os catadores de recicláveis; c) melhoria das condições ambientais; d) proposta de
compostagem para a fração orgânica.
13
2 OBJETIVOS
O objetivo geral deste trabalho é realizar a caracterização física dos resíduos sólidos
domésticos dos municípios Cruz das Almas e Sapeaçu, ambos integrantes do Aterro
Sanitário Integrado de Cruz das Almas, com vistas a comparar a geração e descarte
desses materiais e fornecer dados que direcionem a atuação das entidades
governamentais ou privadas para o gerenciamento dos resíduos sólidos.
14
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Monteiro e colabradores (2001) conceituam resíduo sólido ou "lixo" como todo material
sólido ou semissólido indesejável e que precisa ser removido por ter sido considerado
inútil por quem o descarta em qualquer recipiente destinado a este ato.
Boscov (2008) define resíduos sólidos urbanos como aqueles produzidos nas
residências e estabelecimentos comerciais, nos logradouros públicos e nas variadas
atividades desenvolvidas nas cidades, incluindo os resíduos de varrição de ruas e praças.
Os resíduos sólidos podem ser classificados quanto à origem e quantos aos riscos
potenciais de contaminação do meio ambiente.
15
Os resíduos perigosos são aqueles que em função de suas características de
inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade ou patogenicidade apresentam
riscos a saúde pública e ao meio ambiente quando manuseados ou descartados de
maneira inadequada (ABNT, 2004; BRASIL, 2010).
Classe II-B- Inertes: suas características não oferecem riscos à saúde ou ao meio
ambiente.
16
pelo incorreto acondicionamento, coleta e transporte e disposição final desses materiais
(LIMA, 2001).
Dahlen e Lagerkvist (2008) citados por Bassani (2011), afirmam que os procedimentos
mais utilizados nos estudos de composição do RS são: planejamento e projeto das
análises, amostragem e divisão da amostra, triagem manual, classificação dos
componentes, avaliação e tratamento dos dados.
17
Essa característica tem uma grande influência nas propriedades geomecânicas dos RSU.
Quanto maior a quantidade de um determinado componente, maiores as semelhanças
entre as características gerais do maciço do local de disposição dos resíduos e as
características desse componente (BOSCOV, 2008).
A segregação dos resíduos não segue um padrão ideal, entretanto, de acordo com
Bassani (2011) recomenda-se que seja utilizado um número limitado de categorias
primárias (não mais de 10), e que as características dos materiais sejam definidas de
modo a reduzir o risco de mal-entendidos e aumentar a possibilidade de comparações
entre os diversos estudos ao longo no tempo entre regiões e países.
18
Quadro 3. 1- Categorias de materiais adotadas em estudos de caracterização de resíduos sólidos no
Brasil
19
Mattei e Escosteguy (2007) citados por Casaril e colaboradores, (2009), consideram,
que a caracterização física de resíduos sólidos para identificação da sua composição
gravimétrica é bastante representativa, se realizada logo após a coleta dos resíduos. Já
para Pessin e colaboradores (2006), a atividade de catação de materiais recicláveis antes
da coleta pode influenciar no resultado final da análise da composição gravimétrica de
resíduos sólidos após a coleta alterando as relações estabelecidas entre a quantidade de
resíduos gerada e a coletada.
Monteiro e colaboradores (2001) afirmam que a geração per capita é necessária para a
projeção da quantidade de resíduos a coletar e a dispor, para o dimensionamento de
veículos e das unidades do sistema de limpeza urbana e é importante na determinação
da taxa a ser paga pelo serviço de coleta.
De acordo com os referidos autores (2001), no Brasil, muitos técnicos adotam uma faixa
de produção per capita de resíduos sólidos de 0,5 a 0,8 kg/hab.dia para municípios de
médio porte, 0,5 kg/hab.dia para municípios de pequeno porte, 0,8 kg/hab.dia, para
grandes municípios e, valores acima de 1,0 kg/ hab.dia, para megalópoles.
O Ministério das Cidades (2003) citado por Boscov (2008) indicou que o Brasil tem
uma geração de RS de 0,74 kg/hab.dia e que em cidades com até 200.000 habitantes,
esse parâmetro físico varia entre 0,47 e 0,7 kg/hab.dia, e entre 0,80 e 1,20kg/hab.dia nas
cidades de maior população.
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Tabela 3. 1- Coleta de RSU nos Estados e Distrito Federal
Estados e Distrito População (hab.) Quantidade de RSU coletada RSU coletado por habitante
Federal (2011) (t/dia) (kg/hab.dia)
Centro Oeste
Distrito Federal 2.521.692 4.031 1,599
Goiás 5.492.664 5.758 1,048
Mato Grosso 2.518.930 2.484 0,986
Mato Grosso do Sul 2.121.814 2.176 1,026
Norte
Acre 541.685 465 0,858
Amapá 614.250 541 0,881
Amazonas 2.800.454 3.228 1,153
Pará 5.263.019 4.924 0,936
Rondônia 1.156.574 984 0,851
Roraima 351.925 306 0,87
Tocantins 1.105.197 912 0,825
Nordeste
Alagoas 2.317.116 2.233 0,964
Bahia 10.171.489 10.623 1,044
Ceará 6.411.067 6.998 1,092
Maranhão 4.193.266 3.911 0,933
Paraíba 2.859.893 2.660 0,930
Pernambuco 7.106.060 6.942 0,977
Piauí 2.066.703 1.947 0,943
Rio Grande do Norte 2.490.496 2.349 0,943
Sergipe 1.538.073 1.429 0,929
Sudeste
Espírito Santo 2.959.949 2.655 0,897
Minas Gerais 16.836.700 15.737 0,935
Rio de Janeiro 15.580.702 20.305 1,303
São Paulo 39.874.768 55.214 1,385
Sul
Paraná 8.974.350 7.672 0,855
Rio Grande do Sul 9.138.637 7.457 0,816
Santa Catarina 5.311.095 4.054 0,763
Total (27 capitais) 162.318.568 177.995 1,097
FONTE: Adaptado de Abrelpe (2011).
21
dimensionamento correto da frota de coleta, de contêineres e caçambas estacionárias
(MONTEIRO e colaboradores, 2001).
Para Carneiro (2006), a composição gravimétrica dos resíduos tem grande influência
sobre o peso específico, sendo geralmente maior, com a maior quantidade de resíduos
orgânicos. Por outro lado, altos valores de peso específico podem ser indicativos de
práticas relacionadas à catação de recicláveis e à coleta seletiva, pois a retirada dos
resíduos recicláveis atribui proporcionalmente maiores teores de material orgânico
resultando em elevados pesos específicos devido ao maior teor de umidade
(CARNEIRO, 2006).
O peso específico varia para cada componente, por isso, é de difícil determinação.
Assim, podem surgir grandes erros à utilização de um valor médio para todos os
componentes.
Bidone e Povinelli (1999) afirmaram que o peso específico médio de resíduos está
diminuindo em função do crescimento da industrialização e do consumo de alimentos
preparados, que proporcionam a diminuição da quantidade de matéria orgânica no
resíduo doméstico e o aumento de papeis e plásticos.
Tal tendência foi observada com diminuição do peso específico de 500 kg/m³ em 1920
para 140 kg/m³ em 1970. Em 1999 adotava-se o valor de 192 kg/m³ como média
representativa do peso específico dos resíduos sólidos brasileiros. Já, para Monteiro e
colaboradores (2001), na falta de dados precisos sobre o peso específico de resíduos
domiciliares pode – se a adotar o valor de 230 kg/m³.
O estudo do peso específico dos resíduos sólidos requer bastante atenção, pois, por
serem heterogêneos, variam em gravimetria e granulometria de acordo com a
composição dos resíduos. Esta pode ser influenciada pela sazonalidade de eventos, pelo
poder aquisitivo da população atendida pela coleta dos resíduos sólidos, até as crises
econômicas (SILVEIRA, 2004).
22
3.4 GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS
Há muito tempo os resíduos não representavam grandes problemas, pois eram gerados
em menor quantidade e eram basicamente compostos por materiais biodegradáveis.
Com o desenvolvimento econômico, crescimento populacional e aumento do consumo
de produtos industrializados, os resíduos passaram a se tornar mais complexos e
diversificados e a demorar mais tempo para serem degradados.
23
Reutilização consiste no aproveitamento de produtos, objetos ou embalagens sem que
estes sofram alterações ou processamentos complexos, passando apenas por uma
limpeza. A Reciclagem é o processo de transformação dos resíduos em novos produtos
ou semelhantes aos produtos de origem.
3.4.2 Acondicionamento
Essa atividade é de responsabilidade do gerador, seja um ambiente comercial, industrial
ou um domicílio. Consiste no armazenamento do resíduo em um recipiente adequado ao
seu tipo e quantidade até o momento da coleta e transporte. O acondicionamento pode
ser interno, quando ocorre dentro do estabelecimento, ou externo, local onde o resíduo é
colocado para coleta pública.
Apesar de ser uma ação do gerador, o acondicionamento pode e deve ser orientado pelo
prestador do serviço. O acondicionamento correto do lixo e disposição dos recipientes
no local, dia e horários estabelecidos pelo Órgão de Limpeza Urbana é essencial para o
funcionamento eficaz da coleta e transporte dos resíduos (Monteiro e colaboradores,
2001). Ainda de acordo com Monteiro e colaboradores (2001), acondicionar
adequadamente os RS é importante para evitar acidentes, proliferação de vetores,
reduzir impactos estéticos e olfativos, diminuir a heterogeneidade de resíduos (quando
existe coleta seletiva).
24
por seus geradores e direcioná-los ao tratamento e disposição final sanitariamente
adequada, evitando assim problemas de saúde e impactos ao meio ambiente.
O número de trabalhadores que compõem a guarnição coletora deve ser bem analisado
para que a coleta e transporte dos resíduos sólidos sejam realizados de forma eficiente,
atendendo a toda a demanda de serviço em tempo hábil.
Comumente regiões centrais e comerciais das cidades são contempladas por coleta de
frequência diária, devido a grande produção de lixo; em áreas residenciais e menos
adensadas, a coleta ocorre em dias alternados; e em locais de difícil acesso ou distantes
a coleta ocorre por escala (CARNEIRO, 2001).
A coleta do lixo domiciliar deve ser realizada em cada área em intervalos de tempo
regulares, nos mesmos dias e horários, para que a população fique condicionada a
colocar o lixo no local e horário de coleta adequados (MONTEIRO e colaboradores,
2001). Assim, o resíduo ficará menos tempo exposto a intempéries, à ação de pequenos
animais e de vetores; além de evitar prejuízos estéticos e olfativos.
25
outro. Em locais de movimento diurno intenso é indicada a coleta noturna e em regiões
de clima quente, devem ser evitados horários de calor excessivo, pois esse pode
influenciar na queda da produtividade (CARNEIRO, 2006).
Essa ação tem como benefícios: o incentivo à prática da cidadania; preservação de bens
naturais; aumento da vida útil dos aparelhos de destino final, economia de energia nos
processos produtivos e alerta sobre a problemática da crescente geração de RS no
mundo. As desvantagens estão relacionadas ao alto custo de operação, atendimento a
pequena parte da população; e à dificuldade de ressarcimento dos serviços através de
taxas de limpeza pública e de coleta (LIMA, 2001).
26
A participação social e a infraestrutura do galpão de triagem e dos veículos coletores
são elementos fundamentais para o sucesso da coleta seletiva, para isso, são necessários
investimentos na divulgação, informação, sensibilização, conscientização e mobilização
das comunidades receptoras do serviço e dos trabalhadores envolvidos no mesmo
(LIMA, 2001).
Vermelho Plásticos
Amarela Metais
Verde Vidros
Cinza Rejeitos
a) Resíduos orgânicos
São os resíduos provenientes de restos animais e vegetais. Segundo Lima (2001) os
resíduos orgânicos, com exceção do papel, representam em média 62% do lixo
brasileiro. Neste percentual estão inclusos os resíduos domiciliares e comerciais.
27
produtos hortifrutigranjeiros são perdidas em supermercados por descuido no manuseio
pelos consumidores (PROBLEMAS BRASILEIROS, 1993 citado por LIMA, 2001).
b) Papel
Os papéis arquivo (papel branco) são aqueles feitos de poupa de celulose e apresentam
alta qualidade. São adotados na confecção de documentos. Os papéis mistos são aqueles
utilizados em revistas, folders, papéis coloridos, sacolas de papel, representam de
20,07% a 26,15% dos papéis (BASSANI, 2011). O jornal é feito com menos celulose e
mais fibras de madeira, assim, tem menor qualidade, compõem de 26,6% a 37,45% dos
papéis (BASSANI, 2011). As embalagens Tetra Pak são potencialmente recicláveis,
mas por serem constituídas de camadas de plástico, papel cartão e alumínio, no Brasil,
ainda não são recicladas em escala comercial devido à falta de mercado para o produto
(Lima, 2001). Embalam alimentos de forma segura, sem a utilização de conservantes
(BASSANI, 2011).
Segundo ABRELPE (2011), em 2009 foram produzidos no Brasil 9428 mil toneladas de
papel (de todos os tipos). Nesse mesmo ano a taxa de recuperação desse material atingiu
46%.
c) Plásticos
28
categoria de materiais estão inseridos os plásticos maleáveis como: sacolas de mercado,
sacos de lixo, embalagens de leite e sucos, lonas; e os plásticos rígidos ou duros, que
são as garrafas de refrigerantes, recipientes de produtos de limpeza, potes de alimentos,
tubos e conexões e outros.
A limitação da reciclagem de plásticos ocorre quando esses são produzidos por misturas
de polímeros. Tal fato dificulta o reaproveitamento industrial e pode influenciar na
depreciação da qualidade do novo produto (CEMPRE, 2011 citado por BASSANI,
2011).
d) Metais
Os metais quanto a sua composição podem ser: ferrosos ou não ferrosos. Os ferrosos
são os materiais compostos de ferro e aço e os não ferrosos os de alumínio, cobre
chumbo, níquel e zinco, que compõem juntos 6,7% dos resíduos da coleta seletiva
(CEMPRE, 2010 citado por BASSANI, 2011).
São materiais de alta resistência, força mecânica e de fácil moldagem, sendo largamente
utilizados em equipamentos, estruturas e em embalagens em geral. (CEMPRE, 1998).
As limitações da reciclagem dos metais estão relacionadas à sua mistura com impurezas
presentes no lixo, como terra, matéria orgânica, excesso de umidade, plástico, vidro,
areia e outros metais, que geram mais escória nos fornos de fundição (BASSANI,
2011).
e) Vidros
Os vidros são compostos por materiais como areia, calcário, barrilha e feldspato. São
materiais duráveis e de alto potencial de reaproveitamento. São utilizados
principalmente na produção de embalagens para alimentos, bebidas, cosméticos, objetos
de decoração (CEMPRE, 1998).
Para ser reciclado o vidro deve ser separado por cor para manter a estética do produto
final e preservar o seu valor. Cacos de vidros direcionados para reciclagem não podem
estar misturados a terras, pedras, cerâmicas, louças, pedaços de cristais, espelhos,
29
lâmpadas pois estes diminuem a resistência do produto final (CEMPRE, 2011 citado por
BASSANI, 2011).
Segundo Bassani (2011), embora o vidro possa ser totalmente reciclado e gerar um
produto reciclado de mesma qualidade do produto original, seu baixo valor comercial,
grande volume de armazenamento e o risco de acidentes durante o manuseio, quando
quebrados, inibem a sua separação para reciclagem.
f) Têxteis
Os resíduos têxteis são compostos por peças do vestuário, roupas, sapatos e acessórios.
Estes também podem ser reutilizados e reciclados.
A reutilização ocorre através da doação e conserto de roupas, e até utilização como pano
de limpeza, mas, para isso, esses materiais não devem ser misturados a outros resíduos,
evitando assim danos às peças (BASSANI, 2011).
Da reciclagem de têxteis podem ser fabricados produtos como: estopas e TNT (tecido
não tecido), fibras para preenchimentos de almofadas para confecção de cobertores e
colchões e para a fabricação de isolantes (SETOR RECICLAGEM, 2009 citado por
BASSANI, 2011). No Brasil, essa prática ainda não é muito adotada, e na maioria das
vezes que ocorre está mais voltada para o artesanato.
g) Rejeitos
Segundo Brasil (2010), rejeitos são os resíduos sólidos que tem esgotadas todas as
possibilidades de tratamento e recuperação por processos tecnológicos disponíveis e
economicamente viáveis, devendo ser encaminhados à disposição final ambientalmente
adequada.
São compostos por materiais diversos que por terem sido misturados com outros
produtos, como produtos químicos, orgânicos, perderam a capacidade de
reaproveitamento ou reciclagem.
30
locais inadequados ou tornando-o biologicamente estável e inerte (MONTEIRO,
2001b).
3.4.4.1 Reciclagem
Monteiro (2001b) afirma que o alto custo do beneficiamento de recicláveis pode levar à
negligência por parte das indústrias que lidam com sucata, essa, por sua vez pode deixar
de empregar tecnologias limpas no processamento devido aos altos preços de
processamento, podendo causar sérios danos ao ambiente.
31
O ideal é que a separação dos materiais ocorra no interior da unidade geradora, pois
quando misturados a líquidos e materiais orgânicos, terra, gordura e contaminantes
variados o beneficiamento do material é dificultado, aumentando assim o seu custo.
Assim, estabelece-se uma relação de importância entre reciclagem e coleta seletiva que
é a coleta que recolhe os resíduos previamente separados pelo gerador.
3.4.4.2 Incineração
A energia gerada por essas usinas pode ser vendida gerando receita para os cofres
públicos. Entretanto é preciso cautela quando da sua instalação para evitar a poluição do
ar e outros prejuízos.
3.4.4.3 Compostagem
32
No método natural, o material orgânico é disposto em pilhas, que tem o material
revolvido por equipamentos apropriados para que ocorra a aeração necessária para a
decomposição biológica (LIMA, 2001). Pelo método acelerado, a areação do material é
realizada por tubulações perfuradas sobre as quais são colocadas as pilhas, ou colocando
os resíduos em reatores rotatórios, no sentido contrário ao da corrente de ar (LIMA,
2001). Após essa etapa os resíduos são submetidos ao método natural. Por esse processo
o composto fica pronto em dois ou três meses enquanto que pelo método natural isso
ocorre com três ou quatro meses (LIMA, 2001).
33
subterrâneas pelos lixiviados: chorume, líquido da decomposição do material orgânico;
e das águas pluviais. Não há controle da quantidade de resíduo descartado, nem da sua
origem (BIDONE e POVINELLI, 1999).
O chorume fica retido no interior do aterro, devido à falta de coleta. Esse volume pode
ser reduzido evitando a entrada de água da chuva no aterro através do cobrimento do
lixo com material argiloso e executando uma camada de impermeabilização superior
quando o aterro atinge sua cota máxima operacional (MONTEIRO, 2001).
Esse tipo de aterro não é exatamente adequado, sendo uma solução compatível para
pequenos municípios que não tem equipamentos compactadores (BIDONE e
POVINELLI, 1999). Não é melhor alternativa de destinação final dos RSD, porém é
uma técnica preferível quando comparada ao vazadouro. Sua implantação é conveniente
em áreas de lençol freático profundo, a mais de três metros do nível do terreno.
O aterro sanitário é a solução tecnicamente mais indicada para a disposição final dos
resíduos sólidos. Consiste na deposição dos RS sobre o terreno previamente
impermeabilizado por argila ou manta geotêxtil. Os resíduos são confinados em
camadas que são cobertas por materiais inertes para evitar danos ao meio ambiente, à
saúde e à segurança pública (MONTEIRO e colaboradores, 2001). Aterros sanitários
são projetados para confinar os RS na menor área e reduzi-los ao menor volume
possível. Essa solução deve comportar os resíduos por um longo período de forma
segura e controlada. O chorume deve ser coletado e tratado e os gases liberados pelo
lixo devem ser drenados e queimados (BIDONE e POVINELLI, 1999).
Um aterro sanitário deve apresentar como unidades operacionais: células distintas para
resíduos de origens distintas (célula de lixo domiciliar; célula de lixo hospitalar);
impermeabilização de base e superior (opcional); sistema de coleta e tratamento dos
34
líquidos percolados; sistema de coleta e queima (ou beneficiamento) do biogás; sistema
de drenagem pluvial; sistemas de monitoramento ambiental, topográfico e geotécnico; e
pátio de estocagem de materiais.
O aterro sanitário ainda deve ser instalado em locais distantes de corpos hídricos, ser
isolado visualmente por cerca vegetal; estradas de acesso e serviço; balança rodoviária e
sistema de controle de resíduos; guarita de entrada e prédio administrativo; oficina e
borracharia (MONTEIRO e colaboradores, 2001).
As vantagens dessa forma de disposição final em relação às outras são: baixo custo de
investimento inicial de implantação e de operação; alta flexibilidade operacional; pode
ser construído em áreas degradadas e de baixo valor comercial.
Em 2008, a maioria das cidades brasileiras (50,8%) adotavam lixões como locais de
destinação final de resíduos sólidos, 22,5% em aterros controlados e 27, 7% em aterros
sanitários. Ainda que alta essa percentagem teve grande diminuição quando comparada
a apresentada pelo Brasil no ano 1989, no qual 88,2 % dos municípios dispunham seus
resíduos em lixões (IBGE, 2010).
Foi verificada ainda nessa pesquisa que as regiões Nordeste e Norte registravam
maiores quantidades de municípios destinando os RS em lixões, respectivamente 89,3 e
35
85,5%, enquanto as regiões sul (15,8%) e sudeste (18,7%) apresentaram menores
percentuais (IBGE, 2010). Entre os anos de 2000 e 2008 houve um aumento de 10,4%
no percentual de cidades que adotam aterros como locais para a destinação final dos
resíduos.
De acordo com ABRELPE (2011), em 2011 a geração de resíduos sólidos no Brasil foi
de aproximadamente 62 milhões de toneladas, 1,8% a mais que no ano de 2010, índice
100% superior à taxa de crescimento populacional urbano no mesmo período e que
segue a tendência dos anos anteriores, só que um pouco menor.
A média da massa de RSU coletada per capita nos municípios participantes do SNIS-
2010- RS foi de 0,93 kg/hab.dia. Em 39.1% desses municípios há ocorrência do serviço
de coleta seletiva de resíduos sólidos domiciliares (SNIS-RS, 2012). Sendo os maiores
percentuais de ocorrência apresentados pelas regiões sul (50,3%) e sudeste (48,4%) e o
menor pela região nordeste (12,4%).
Na Bahia, dos 417 municípios, em 335 municípios tem a prefeitura como única
executora dos serviços de manejo de resíduos sólidos, em 41 cidades outras entidades
36
são as executoras dos serviços, nas outras 41 cidades os serviços são compartilhados
entre prefeituras e outras entidades (PNSB, 2008).
Segundo ABRELPE (2011), em 2010 a população urbana da Bahia gerava 13.565 t/dia
de resíduos sólidos dos quais apenas 10.375 t/ dia eram coletadas. No ano seguinte a
geração de resíduos foi de 13.509 t/ dia, apresentando uma pequena diminuição em
relação a 2010, enquanto a quantidade coletada nesse ano chegou a 10.623t/dia. Dos
resíduos coletados em 2011, 30,8% eram encaminhados para aterros sanitários, 35,5%
para aterros controlados e 33,7% para lixões.
4 METODOLOGIA
Para a elaboração desse trabalho foi realizado levantamento bibliográfico por meio de
consultas aos planos diretores das cidades cujos resíduos sólidos oriundos foram
estudados; livros, monografias, dissertações e trabalhos técnico-científicos. Esses
documentos tratam sobre composição gravimétrica, geração per capita e peso específico
de resíduos sólidos em cidades com características similares; normas técnicas,
legislações que tratam sobre resíduos sólidos; políticas públicas de diminuição de
geração de resíduos sólidos encaminhados ao aterro; coleta seletiva e compostagem. Foi
consultada a Lei nº 12305/2010, a Política Nacional de Resíduos Sólidos, que dispõe
sobre os princípios, objetivos, instrumentos, e diretrizes relativos à gestão integrada e ao
37
gerenciamento de resíduos sólidos. As normas da Associação Brasileira de Normas
Técnicas foram a NBR 10004/2004 e a NBR 10007/2004 que tratam respectivamente da
classificação e da amostragem dos resíduos sólidos. Também foram consultados os
dados demográficos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para
identificação da população de cada município, além do Produto Interno Bruto (PIB) e o
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de cada um dos municípios estudados,
utilizados na identificação da possível influência das condições de vida e econômica na
geração dos resíduos sólidos domésticos.
Os dados necessários foram obtidos nas prefeituras dos municípios e no próprio aterro.
O levantamento de dados sobre o serviço de coleta nos municípios de Cruz das Almas e
Sapeaçu foi feito por meio de entrevistas semi-estruturadas com os responsáveis pelo
departamento de limpeza urbana entre maio e junho de 2012. Foram levantadas
informações sobre o percentual da população atendida pelo serviço, estimativa de
população não atendida, setores de coleta, população de cada setor, existência de mapas
ou croquis de delimitação das áreas de coleta, bairros atendidos, frequência e horário de
coleta, quantidade e tipo de caminhões coletores, número de viagens, origem dos
resíduos, produção coletada, e número de trabalhadores.
O questionário utilizado durante as entrevistas encontra-se no Apêndice 1.
Para a determinação das características físicas dos RSD foi estipulada a coleta de 3
amostras de cada área atendida pela coleta de lixo, isto é, de cada setor de coleta de lixo.
38
As amostras foram coletadas em dias de terça à sexta-feira, no período de julho de 2012
a março de 2013, contemplando assim diferentes estações do ano. A quantidade de
amostras adotada é o número mínimo indicado pela NBR 10007(ABNT, 2004) para a
obtenção da faixa de variação da concentração do resíduo.
Para a obtenção de uma amostra representativa de resíduos, foi escolhido 1 caminhão de
cada setor de coleta. O método do quarteamento foi adotado para a separação dos
resíduos e posterior triagem e identificação, segundo o proposto pela NBR 10007
(ABNT, 2004).
Após a descarga dos resíduos no aterro (Figura 4.1), 4 tonéis de 120 L eram preenchidos
com resíduos coletados de diferentes pontos do montante descarregado (PESSIN, 2006
adaptado). Estes foram transferidos para uma área preparada com lona plástica (5m x
5m) (Figura 4.2) e tiveram as sacolas plásticas, embalagens nas quais a população
acondiciona o lixo para descarte, rompidas. Em seguida os resíduos sólidos foram
misturados e submetidos ao quarteamento (Figuras 4.3 e 4.4). O quarteamento é o
processo no qual um volume de material é misturado com o uso de pás, dividido em
quatro partes iguais, das quais duas partes opostas entre si eram selecionadas como
amostra de estudo e as outras duas descartadas. Os quatro tonéis juntos armazenavam
um volume de 480L de resíduos, dos quais foram efetuados dois quarteamentos até a
obtenção de uma amostra de 120 L, que corresponde ao volume de um tonel. O volume
da amostra não é especificado em normatização técnica brasileira.
39
Figura 4. 1- Descarga de Resíduos Sólidos Figura 4. 2-Área destinada à realização
Domésticos no Aterro quarteamento
40
trabalhadores do aterro. A separação (Figura 4.5), pesagem e as anotações de campo
eram realizadas pela discente e os estagiários auxiliavam na separação dos materiais.
Cada parâmetro foi definido pela média aritmética do valor apresentado pelas amostras.
(1)
A geração per capita de RSU é a relação entre a quantidade de resíduos urbanos gerada
diariamente em uma determinada área e o número de habitantes dessa mesma área
(MONTEIRO e colaboradores, 2001).
A geração per capita foi calculada a partir de dados do registro de pesagem mensal dos
41
resíduos domésticos, provenientes dos municípios estudados, realizado pela empresa
que gerencia o aterro sanitário. Foram utilizados nesse cálculo: número de habitantes no
município, quantidade de resíduos coletados mensalmente, e número de dias de coleta
no mês. Obteve-se a geração per capita por dia para cada mês pela Equação 2:
(2)
Onde:
Gper capita‘ = geração per capita (kg/ hab x dia); Qresíduos= quantidade de resíduos
coletados mensalmente (kg); P= população (hab); n= número de dias de coleta no mês.
A geração per capita do município foi adquirida pela média dos valores mensais.
(3)
O peso específico representativo dos resíduos de cada cidade foi obtido pela média
aritmética dos pesos específicos de cada amostra.
Os dados obtidos em campo foram inseridos em planilhas do Excel for Windows para o
42
tratamento dos dados: construção de gráficos e para permitir a comparação entre os
parâmetros avaliados entre os municípios.
Desse modo, para cada município, foram armazenados, por coleta, as quantidades de
resíduos coletados, os setores de coleta, a composição gravimétrica e o cálculo do peso
específico aparente.
Os dados das características físicas dos resíduos foram cruzados com a época do ano,
com aspectos socioeconômicos e culturais de cada cidade para averiguação da
influência desses aspectos sobre a geração dos resíduos.
Para avaliação dos efeitos do desvio dos materiais recicláveis e orgânicos para a
reciclagem e compostagem, sobre a vida útil do aterro foi adotada a mesma equação
utilizada pela empresa que elaborou o projeto executivo do Aterro Sanitário Integrado
43
de Cruz das Almas apresentada por Oliveira (2012). Utilizando essa equação é possível
conhecer o aumento do tempo de operação do aterro caso o montante de resíduos
recebidos seja diminuído (Equação 4).
. (4)
Onde:
44
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A cidade de Cruz das Almas está situada na sub-região do Recôncavo Sul Baiano, a 146
km da capital do estado, Salvador. Tem uma área de 145, 742 km² e é limitada pelos
municípios de Muritiba, São Félix, São Felipe e Sapeaçu. De acordo com IBGE (2012)
apresenta uma população de 59.470 habitantes podendo ser considerada uma cidade de
médio porte.
Cruz das Almas destaca-se na região do recôncavo pelo comércio e por ser um polo
regional na prestação de serviços e educação, apresentando escolas e universidades
públicas e privadas. A atividade agrícola é voltada principalmente para plantações de:
fumo, laranja, limão tahiti e mandioca De acordo com o IBGE (2010), apresenta um
PIB de R$ 7640,17 e segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento -
PNUD (2000) o IDH é de 0,723.
5.1.2 Sapeaçu
A cidade de Sapeaçu possui um território de 117 km² e uma população de 16619 mil
habitantes (IBGE, 2012), sendo considerado um município de pequeno porte. Também
situada no Recôncavo Sul Baiano é circundada pelos municípios de Cruz das Almas,
Conceição do Almeida, Castro Alves e Cabaceiras do Paraguaçu e dista de 155 km da
capital baiana. Segundo o PNUD (2000), apresentava nesse mesmo ano um IDH Médio
de 0, 677. Em 2008 apresentou PIB per capita de R$ 3863, 37 (IBGE, 2008).
45
A relação de proximidade entre Sapeaçu e Cruz das Almas, além do potencial comercial
e de prestação de serviços dessa última, fazem com que parcela significativa da
população sapeaçuense utilize Cruz das Almas como praça de comércio e serviços
(educacionais, sobretudo), estreitando o relacionamento entre os dois municípios
(PDDU, 2007).
Os resíduos sólidos coletados nos municípios Cruz das Almas e Sapeaçu são
encaminhados para o Aterro Sanitário Integrado de Cruz das Almas. Este foi implantado
na área do antigo lixão cruzalmense e está localizado a 12 km do centro comercial de
Cruz das Almas, na localidade Tereza Ribeiro, e nas proximidades de Sapeaçu (Figura
5.1). O aterro tem uma área de 23 hectares, mas a área de utilização é de 19 ha.
46
Além de receber os RS de Cruz das Almas e Sapeaçu, também recebe resíduos de
Conceição do Almeida e São Felipe. Dentre os municípios consorciados Cruz das
Almas é o que contribui com maior quantidade de resíduos, devido ao maior número de
habitantes em relação às demais cidades (OLIVEIRA, 2011).
De acordo com o responsável pelo serviço de coleta e limpeza urbana, com exceção de
algumas áreas periféricas, aproximadamente 100% da população cruzalmense é
atendida por esses serviços. A coleta do tipo alternada é predominante em maior parte
do município. A região central e as vias de acesso comum a diferentes bairros tem
coleta diária.
Nesse município a coleta é feita por setores (Quadro 5.1). Estes são divididos conforme
a proximidade dos bairros e a capacidade do caminhão coletor. Assim, bairros
adjacentes tem mesma frequência de coleta. Não existe um itinerário de coleta pré-
definido, ficando a escolha do roteiro a ser seguido a cargo do motorista do caminhão.
Setor Bairros
Setor 1 Tabela, Inocoop e Ana Lucia, Loteamento Plácido, Tesoura, Sapucaia
Embrapa, Suzana1, Bairro Chapadinha, Areal e Bairro da Palmeira, Alberto
Setor 2 Passos, Miradouro, Bela Vista
Setor 3 Centro
Setor 4 Itapicuru, Edla Costa e Coplan, Brejinhos
São Judas Tadeu, Parque da Suzana, Tiradentes, Santo Antônio, 2 de julho,
Setor 5 Dona Rosa, Loteamento José Augusto Sampaio, Passinhos
Toquinha, Lisboa, Alto do Coqueiro, Pumba e Morrinho, Parque Lauro
Setor 6 Passos, Garcia, Engenho Maravilha
Primavera, Lauro Passos, Fonte do Doutor e Matadouro, Bom Sucesso,
Setor 7 Vilarejo, Loteamento Vila Alzira, Assembléia
FONTE 2: Autoria Própria
47
formada por 21 garis, 4 motoristas de caminhões, 4 fiscais, 1 chefe de departamento, 2
operadores de máquina e 1 merendeira.
5.2.2 SAPEAÇU
A frota de coleta é formada por 6 caçambas. A coleta é iniciada a partir das 7 horas da
manhã em ambos os setores, sendo que nos dias de segunda/terça/quarta e sexta -feira o
caminhão chega a realizar até 3 viagens/dia, na quinta-feira ocorrem duas viagens e no
sábado apenas 1. A equipe de coleta é composta por 8 funcionários, dos quais 2 são
motoristas.
Para a determinação das características físicas dos resíduos sólidos, as amostras foram
coletadas de terça à sexta-feira e selecionadas de setores de coleta distintos para que os
resultados demonstrassem a geração cotidiana de resíduos dos municípios. Foram
adotados esses dias da semana pelo fato da coleta e descarte de resíduos no aterro
acontecer de forma alternada ou diária, a depender da localidade. Sendo assim, os RS
dispostos no aterro na terça-feira tinham o mesmo gerador dos RS da quinta-feira,
comportamento semelhante para os dias quarta/sexta-feira.
48
plástico maleável, tetra pak, papéis comuns, papelão, vidro, metal; e rejeitos:
panos/trapos e resíduos comuns.
Identificou-se que os resíduos domésticos gerados em Cruz das Almas e dispostos no
aterro apresentam a seguinte composição 39,2% de material biodegradável, 37% de
materiais recicláveis e 23, 8% de rejeito (Gráfico 5.1). Já Sapeaçu demonstrou as
mesmas categorias os respectivos valores: 47,4%; 32,6% e 19,9%. Ambas as cidades
refletiram a situação demonstrada pelo panorama da composição gravimétrica média de
RSU no Brasil, apresentado pela ABRELPE (2011) no qual os materiais apresentavam a
seguinte participação: 51,4% de matéria orgânica, 31,9 % de recicláveis e 16,7 % de
outros (resíduos comuns).
49
Gráfico 5. 2- Amostras de Resíduos (Cruz das Almas)
50
Gráfico 5. 3-Amostras de Resíduos (Sapeaçu)
A partir dos valores obtidos das amostras, foi realizada uma média aritmética para
determinação da quantidade média de cada material selecionado.
51
desse tipo de material, que quando compostado pode ser utilizado como adubo orgânico
e na geração de energia.
Gráfico 5. 4 -Composição Gravimétrica dos RSD dos Municípios de Cruz das Almas e Sapeaçu
Dos materiais recicláveis os que tiveram maior expressão foram os plásticos, 18,6% dos
RS de Cruz das Almas e 20% de Sapeaçu. Esses valores foram superiores ao
apresentado para o Brasil (13,5%) pela ABRELPE (2012), entretanto, foram muito
próximos ao encontrado por Oliveira (2011) em pesquisa realizada no aterro sanitário de
Cruz das Almas (21,9%). Os plásticos maleável e duro representaram respectivamente
cerca de 11,1% e 7,5% do material descartado no primeiro município (Gráfico 5.5), e
13% e 7% no segundo (Gráfico 5.6). Entre os plásticos maleáveis se destacaram as
sacolas plásticas de supermercados e embalagens de alimentos. Os plásticos rígidos
foram representados principalmente por garrafas de refrigerantes, iogurtes e vasilhas
para acondicionamento de alimentos, quebradas.
52
Gráfico 5. 5-Composição gravimétrica em peso Gráfico 5. 6-Composição gravimétrica em peso
dos tipos de plástico em Cruz das Almas dos tipos de plástico em Sapeaçu
53
Gráfico 5. 7-Composição gravimétrica em peso Gráfico 5. 8-Composição gravimétrica em peso
dos tipos de papel em Cruz das Almas dos tipos de papel em Sapeaçu
A maior geração de papéis comuns por Cruz das Almas pode ser explicada pelo maior
número de escritórios, instituições de ensino e estabelecimentos comerciais em Cruz das
Almas e a falta de informatização em muitos desses locais, o que favorece a maior
impressão de documentos e posterior descarte desses, além do rejeite de cadernos e
livros usados.
Por outro lado a população sapeaçuense descartou maior quantidade de papelão (5,2%)
com relação à população cruzalmense (4,1%), ainda que pequena a diferença de
percentuais. Tal fato pode está associado à atuação de catadores de papelão em Cruz das
Almas. Os papelões identificados eram compostos especialmente por restos caixas.
Quanto à geração de tetra pak as populações tiveram comportamento semelhantes: 3,6
% para Cruz das Almas e 3,0% Sapeaçu.
No que diz respeito a vidros e metais, percebe-se que os dois municípios tiveram
comportamento semelhantes à realidade nacional, (2,4%) segundo ABRELPE (2011),
uma baixa taxa de descarte. Sendo os percentuais de vidro iguais a 1,4 % em Cruz das
Almas e 0,3% em Sapeaçu e os valores de metal foram respectivamente 3,1 e 1,3%. Os
percentuais encontrados para metal foram inferiores ao esperado para o Brasil (4%) de
acordo com Monteiro e colaboradores (2001), mas encontram-se na faixa do resultado
encontrado por Oliveira (2011), 2,7% para o aterro de Cruz das Almas. Tal fato pode
está relacionado à coleta de metais por catadores de recicláveis.
54
bom estado e poderiam ser reutilizadas após reformas e consertos ou transformadas em
novos produtos. A maior quantidade de resto de comida descartada foi proveniente de
Sapeaçu (6,8%) enquanto que Cruz das Almas descartou apenas (4,6%).
Tabela 5. 1-Comparação da composição gravimétrica dos RSD de Cruz das Almas e Sapeaçu com
os encontrados para o aterro sanitário de Cruz das Almas e de Salvador
Percebe-se também por essa tabela que tanto Cruz das Almas quanto Sapeaçu tem uma
produção significativa de recicláveis, respectivamente 37% e 32,6%, apresentando
valores muitos próximos aos encontrados para a capital baiana (35,4%), e valores
superiores de resíduos orgânicos: Cruz das Almas (39,2%), Sapeaçu (47,4%) e Salvador
(35,41%). Esse comportamento indica o potencial de reaproveitamento desses materiais,
que se interceptados pela coleta seletiva e encaminhados para triagem e compostagem
podem gerar emprego e renda para parte da população, a partir da organização de
cooperativas de catadores de recicláveis e do comércio dos materiais selecionados, bem
como aumentar a vida útil do aterro sanitário.
55
5.3.2 Geração per capita
Quanto à geração per capita média de resíduos sólidos dos municípios no ano de 2012,
as caracterizações indicaram para o município de Cruz das Almas uma geração per
capita de 0,69 kg/hab.dia (Gráfico 5.9), resultado condizente com a faixa geralmente
utilizada para municípios de médio porte, de 0,50 a 0,80 kg/hab.dia de resíduos sólidos
para cidades com até 500 mil habitantes (MONTEIRO, 2001).
Gráfico 5. 9- Geração per capita de RSD nos municípios de Cruz das Almas e Sapeaçu
Sapeaçu apresentou geração de 0,43 kg/hab.dia, valor um pouco inferior, mas, muito
próximo ao valor mais utilizado para municípios com até 30 000 habitantes, 0,50
kg/hab.dia (MONTEIRO e colaboradores, 2001). Essa pequena diferença pode estar
associada ao grande fluxo de atividades estabelecidas entre a população desse município
e as cidades circunvizinhas, visto que parte da população se desloca para cidades um
pouco mais desenvolvidas como Cruz das Almas, Santo Antônio de Jesus para
desenvolver atividades de trabalho, estudo, compras, comércio e para serem atendidos
por serviços de saúde, contribuindo assim para geração de resíduos das cidades um
pouco maiores.
A maior geração de resíduos por Cruz das Almas reflete as indicações feitas por autores
como Dangi e colaboradores (2008) e Alzamawi e colaboradores (2009) citados por
Onofre (2011), que acreditam que quanto maior o poder aquisitivo da população maior a
geração de resíduos.
Com base nos dados apresentados no Gráfico 5.10, um panorama da geração dos RSD
nos últimos 6 anos, de 2007 até 2011 houve um crescimento na produção de resíduos
56
domiciliares, entretanto, no ano de 2012 houve um decréscimo de aproximadamente 9
% em Cruz das Almas e de 16% em Sapeaçu em relação a 2011.
Gráfico 5. 10-Panorama da geração dos RSD nos municípios de Cruz das Almas e Sapeaçu nos
últimos 6 anos
O ápice da geração e coleta dos resíduos domésticos ocorreu para Cruz das Almas no
Ano de 2011, 0,76 kg/hab.dia, e para Sapeaçu no ano de 2010, atingindo a marca de
0,57 kg/hab.dia.
De acordo com Moraes (2003) citado por Rocha e Aguiar (2012), a taxa de geração per
capita de resíduos urbanos tem crescido com o passar dos anos, e só, aos poucos tem se
percebido a necessidade de redução da geração de resíduos. Ainda segundo Moraes
(2003) essa ação deve ser priorizada na gestão integrada e sustentável de resíduos
sólidos urbanos. Desse modo, a conscientização da população para minimizarem a
geração de resíduos e maximizarem o reaproveitamento de seus materiais é fundamental
(ROCHA e AGUIAR, 2012).
A cidade que apresentou a menor quantidade de resíduos orgânicos foi a que apresentou
o maior valor de peso específico aparente médio de RSD, Cruz das Almas, com 147,8
kg/m³ enquanto que Sapeaçu obteve o valor de 136,2 kg/m3 para o mesmo parâmetro
(Gráfico 5.11). Esse fato pode ser justificado pela maior ocorrência de catadores de
materiais recicláveis, como plásticos, papéis e papelões no primeiro município, a
57
retirada dos recicláveis da massa de resíduos proporciona maiores teores de material
orgânico ao RSD atribuindo-o maior peso específico.
Os valores encontrados para as duas cidades foram inferiores aos apresentados por
cidades de portes semelhantes. Segundo o trabalho realizado por Tabalipa e Fiori
(2006), Pato Branco/PR, com então 62234 habitantes, e porte semelhante ao Cruz das
Almas, apresentou peso específico de 262,82 kg/m³. No estudo feito por Carvalho
(2006), os resíduos sólidos domiciliares de Hidrolândia/GO, cidade considerada
pequena, apresentaram 160, 19 kg/m³ de peso específico.
Os Gráficos 5.12 e 5.13 trazem o peso específico dos resíduos por amostra
respectivamente para as cidades de Cruz das Almas e Sapeaçu.
Percebe-se com base no Gráfico 5.12 que houve uma oscilação nas faixas de valores do
peso específico entre as amostras. Na primeira amostragem o peso específico foi de 134,
6 kg/m³, caindo para 120 kg/m3 na segunda e atingindo o valor de 187,3 kg/m³ na última
amostra.
58
Gráfico 5. 12- Peso específico dos RSD por amostra (Cruz das Almas)
Esse crescimento pode ser associado ao aumento do descarte dos resíduos orgânicos e
resto comida da primeira amostra para a última, fato esse que agrega valor a peso
específico final.
59
5.4 AVALIAÇÃO DE FATORES QUE INFLUENCIAM A GERAÇÃO DE
RESÍDUO
No tocante da composição gravimétrica para o município de Cruz das Almas não foram
percebidas grandes influências sazonais sobre as características do material descartado.
Mas, foi verificada a maior geração de resíduos orgânicos nessa cidade no mês de
setembro, mês no qual o município estava em plenas atividades comerciais,
econômicas, estudantis, em campanha eleitoral e com maior contingente populacional
quando comparada com os períodos das outras duas amostragens, nas quais a cidade
passava por período de greve universitária ou fim de férias.
Já, para Sapeaçu foi percebido que no verão, última coleta, houve um acréscimo de 17%
da quantidade de matéria orgânica descartada em relação à amostra coletada nos
períodos de inverno e primavera, o mesmo ocorreu para os rejeitos. Esse fato pode está
relacionado ao período de férias, no qual grande parte da população de pequenas
cidades, por falta de recursos econômicos ou por escolha, permanece na mesma e de um
modo geral, tende a se alimentar mais, a consumir mais frutas da época e a gerar maior
quantidade de resíduos orgânicos e inservíveis.
Contrariando o esperado por Monteiro (2001), a geração de embalagens plásticas, vidro
ou metais diminui no período de inverno, por outro lado papeis e papelões ganharam
maior expressão nesse período.
A quantidade de resíduos produzidos nos dois municípios comprovou o apontado na
literatura por diversos autores como Monteiro (2001) e Carneiro (2006), sendo maior na
cidade mais desenvolvida socioecomicamente, como é o caso de Cruz das Almas ante a
Sapeaçu.
60
De acordo com um estudo realizado por Leal (2012), o município de Cruz das Almas
apresenta 3 categorias de catadores: a) autônomos; b) pequenos grupos de catadores e;
c) 4 grandes organizações voltadas para segregação e venda de recicláveis.
Como a Associação Cata Renda Ambiental é a única na cidade de Cruz das Almas
regulamentada, os resultados apresentados são referentes a esta. A Associação que atua
desde o ano de 2010, segregou durante neste ano 12.064,50kg de resíduos; em 2011,
29.037 kg; 2012, 35.343,10 kg e até o mês de março de 2013, 9.839kg. Os resultados do
estudo gravimétrico indicaram a produção de 478.566,4 kg de resíduos de recicláveis
por mês. A proposta de direcionar os resíduos recicláveis gerados na cidade de Cruz das
Almas favorecerá no aumento de 99,4% do total recebido na Associação. Essa ação
contribuirá para o aumento da vida útil do aterro, rendimento mensal no salário dos
associados, questões ambientais, e sociais.
Ainda segundo Leal (2012), essas grandes associações conseguem trabalhar com
grandes quantidades de material reciclável e melhor beneficiá-los em detrimentos aos
outros dois tipos de segmentos de coleta seletiva e venda desses materiais. Essas
organizações são muitas vezes as mediadoras de venda de matérias até para os
trabalhadores autônomos e tem relações próximas com catadores, indústrias e
intermediários.
61
organizados (LEAL, 2012). Desse modo, o mercado local apresenta uma grande
demanda pela pelo material reciclável que deixa de ser segregado e é encaminhado ao
aterro sanitário de Cruz das Almas.
De acordo com Santana, (2010) o município de Sapeaçu conta com uma central de
compostagem, sendo esse o potencial destino para os resíduos orgânicos produzidos no
município.
O aterro sanitário integrado de Cruz das Almas começou a operar no ano de 2006, tendo
uma vida útil estimada de 15 anos. Passados sete anos da sua inauguração e
considerando a manutenção do montante de resíduos recebidos pelo aterro, atualmente
em torno de 52 t/ dia, restariam apenas 8 anos de vida útil. Com o possível
direcionamento dos resíduos recicláveis e orgânicos dos municípios de Cruz das Almas
e Sapeaçu para reciclagem e compostagem, a quantidade de RSD encaminhados para o
aterro reduziria para 19,94 t/dia. Desse modo, a partir da Equação 4, a vida útil do aterro
passaria para aproximadamente 21 anos, 13 anos a mais que o tempo previsto para a
continuidade do funcionamento do aterro. A Tabela 5.2 apresenta a vida útil estimada
para o aterro sanitário com a manutenção do cenário atual de geração e disposição final
de RSD e o ganho de vida útil com o direcionamento dos materiais recicláveis e
orgânicos gerados em Cruz das Almas e Sapeaçu para a reciclagem e compostagem.
Tabela 5. 2- Quantidade diária de resíduos depositados no aterro sanitário com e sem desvio de
materiais gerados em Cruz das Almas e Sapeaçu
Cenário Atual
Vida Útil Restante Estimada
Resíduos Sólidos Domésticos (t/dia) Destino Final
(anos)
Aterro
51,82 8
Sanitário
62
Sapeaçu) 7
Rejeitos (Cruz das Almas e Aterro
Sapeaçu) 9,61 sanitário
RSD dos outros municípios 10,3 Aterro
3 sanitário
FONTE: Autoria Própria
63
6 CONCLUSÃO
64
financeira devem ser realizados estudos criteriosos sobre o custo de implantação,
operação desses sistemas.
65
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABRELPE – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos
Especiais. Panorama de Resíduos Sólidos no Brasil 2011. São Paulo: ABRELPE,
2011.
66
DELUCA, A. P. T.; Grandi, A. M. Composição Gravimétrica dos Resíduos Sólidos
Gerados no Bairro Bragantina e Centro do Município de Braganey – PR. 2007.
67
Engenharia Sanitária e Ambiental). Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas da
Universi dade Federal do R ecôncavo da Bahi a, C r uz das Al m as, 2012.
PESSIN, N; DE CONTO, S. M.; TELH, M.; CADORE, J.; ROVATTI, D.; BOFF, R. E
Composição Gravimétrica de Resíduos Sólidos Urbanos: Estudo de Caso –
Município de Canela – RS. Aidis. Punta del Este, 2006.
PNUD, Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Ranking do IDH dos
Municípios do Brasil 2003. Disponível em
http://www.pnud.org.br/atlas/ranking/IDH_Municipios_Brasil_2000.aspx?indiceAccord
ion=1&li=li_Ranking2003. Acesso em setembro de 2012.
68
TABALIPA, N. L.; FIORI, A. P. Caracterização e Classificação dos Resíduos
Sólidos Urbanos do Município de Pato Branco, PR. Tratamento e Disposição Final
de Resíduos. Revista Brasileira de Ciências Ambientais – número 4. 2006.
69
8 APÊNDICE 1 -QUESTIONÁRIO
Nome: Data:
Cargo: Cidade:
Contato:
sólidos (RS)?
2) Qual a estimativa de população das áreas não atendidas por esse serviço?
70