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Grupo I
1. Identifica as afirmações verdadeiras como (V) ou falsas (F), tendo em conta o vídeo.
2. Seleciona um dos subtítulos para a história que acabaste de ouvir e justifica a tua
opção a partir da curta-metragem.
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Conto contigo 8
Grupo II
Texto A
Lê, com atenção, o texto.
Qual é a origem dos nossos peludinhos ronronantes?
A história do gato doméstico tem despoletado, em particular nos últimos anos,
estudos que se debruçaram sobre o tema e nos permitiram conhecer melhor a origem
destes pequenos felinos, bem como a sua história desde os primeiros passos junto aos
5 seres humanos até ao domínio (propositadamente sem aspas) das nossas casas.
Uma das primeiras questões que nos surgem quando pensamos na domesticação do
gato é: porque motivo os domesticamos? Aparentemente, os gatos são os únicos
animais que domesticamos sem termos uma razão explicita para o fazermos.
Se verificarmos a história da nossa civilização, vemos que o ser humano domesticou
10 vários animais para deles retirar benefícios essenciais à sua sobrevivência, fosse através
do trabalho, da carne, do leite ou da lã. E fê-lo com animais que, em modo selvagem, já
viviam em grupos com hierarquias bem definidas, uma estrutura que o ser humano
aproveitou para chamar a si o estatuto de indivíduo alfa e controlar esses grupos.
Ora, os gatos não contribuem para a sobrevivência do ser humano de nenhuma
15 dessas formas e, excetuando os leões, os felinos selvagens também não vivem em
grupos hierárquicos nem respondem perante qualquer alfa – na verdade, os gatos não
são propensos a obedecer ou a seguir ordens.
Então, qual foi o nosso interesse inicial em domesticar os gatos? E será que nós
realmente os domesticamos? [...]
20 Anteriormente acreditava-se que a origem dos nossos gatos seria africana, como uma
adaptação evolutiva do gato selvagem africano (Felis silvestris cafra) e que o povo
egípcio teria sido o primeiro a domesticá-lo. Porém, e como vamos ver de seguida,
vestígios da presença de gatos noutras partes do globo e em datas anteriores aos
achados egípcios (cerca de 4 mil anos atrás) vieram “reescrever a história”.
25 Em 1983, no Chipre, arqueólogos descobriram uma mandíbula de gato datada de
há 8 mil anos atrás. Dadas as incríveis semelhanças entre os esqueletos dos gatos
domesticados e dos gatos selvagens, era difícil afirmar se os achados arqueológicos
diziam respeito a um ou a outro.
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No entanto, também é pouco provável que alguém tivesse decidido levar gatos
30 selvagens para a ilha, como referiu Desmond Morris no seu livro Catwatching: “um felino
selvagem em pânico, a bufar e a arranhar seria o último companheiro de viagem que a
tripulação quereria ter a bordo”. Então, é plausível que esses gatos já estivessem de
alguma forma domesticados e habituados à presença humana.
A prova de domesticação mais convincente seria descoberta em 2004, também
35 no Chipre. Jean-Denis Vigne, do Museu Nacional de História Natural de Paris, e a sua
equipa, desenterraram um túmulo onde estavam sepultados, lado a lado, um ser humano
de sexo desconhecido e um gato de cerca de 8 meses. Ambos os corpos se encontravam
sepultados na mesma direção (oeste). Mais surpreendente foi a datação desses restos
mortais: 9500 anos, ainda mais antigo do que a descoberta de 1983.
40 Uma vez que os gatos não são nativos das ilhas Mediterrâneas e, portanto,
tiveram mesmo de ser transportados de barco, bem como o enterro de um ser humano
e um gato lado a lado no mesmo túmulo, forneceram fortes evidências em como, nessa
altura, as pessoas já tinham alguma relação especial e/ou intencional com os gatos.
Em junho de 2007, num estudo baseado em análises genéticas e publicado na
45 revista Science, os autores do mesmo afirmaram que os gatos domésticos tiveram
todos origem nos gatos selvagens do Médio Oriente (Felis silvestris lybica), num
processo que especulam ter começado há 12 mil anos atrás – quase 3 mil anos antes
da datação do gato encontrado sepultado com o “dono” no Chipre. A data coincide com
o a expansão das primeiras sociedades agrícolas no Crescente Fértil do Médio Oriente,
50 o que nos leva ao (provável) motivo pelo qual seres humanos e gatos deram início a esta
jornada juntos.
https://www.mundodosanimais.pt/gatos/historia-domesticacao-do-gato/
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(A) os gatos domésticos tiveram origem nos gatos selvagens do Médio Oriente.
(B) os gatos não são nativos das ilhas Mediterrâneas.
(C) com as análises genéticas conseguiu-se datar, com mais rigor, a origem
espaciotemporal dos gatos domésticos.
(D) todos os felinos vivem em grupos hierarquizados bem definidos.
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Conto contigo 8
Grupo II
Texto B
Lê o excerto.
Em torno era a primavera, o sonho de um poeta. O Gato Malhado teve vontade
de dizer algo semelhante à Andorinha Sinhá. Sentou-se no chão, alisou os bigodes,
apenas perguntou:
–Tu não fugiste com os outros?
5 – Eu? Fugir? Não tenho medo de ti, os outros são todos uns covardes... Tu não
me podes alcançar, não tens asas para voar, és um garanhão ainda mais tolo do que
feio. E olha lá que és feio...
– Feio, eu?
O Gato Malhado riu, riso espantoso de quem se havia desacostumado de rir, e
10 desta vez até as árvores mais corajosas, como o Pau-Brasil – um gigante –
estremeceram. “Ela o insultou e ele a vai matar”, pensou o velho Cão Dinamarquês.
O Reverendo Papagaio – reverendo porque passara uns tempos no seminário
onde aprendera a rezar e decorara frases em latim, o que lhe dava valiosa reputação de
erudito – fechou os olhos para não testemunhar a tragédia. Por duas razões: por ser
15 emotivo, não lhe agradando ver sangue, menos ainda de andorinha tão formosa, e por
não desejar servir como testemunha se o crime chegasse à justiça, massada sem
tamanho, tendo de decidir entre dizer a verdade e arcar com as consequências da ira do
Gato Malhado – processo por calúnia, umas bofetadas, o bico arrancado, quem sabe lá
o quê – ou mentir e ficar com fama de covarde, de cúmplice do assassino. Situação
20 difícil, o melhor era não testemunhar. Em troca rezou pela alma da Andorinha Sinhá,
ficando em paz com a sua consciência, uma chata cheia de exigências.
A própria Andorinha Sinhá sentiu que exagerara e, por via das dúvidas, voou para
um galho mais alto onde ficou bicando as penas num gesto de extrema faceirice. O Gato
Malhado continuava a rir, apesar de se sentir um tanto ofendido. Não porque a Andorinha
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25 o houvesse tachado de mau e sim por tê-lo chamado de feio, e ele se achava lindo, uma
beleza de gato. Elegante até.
– Tu me achas feio? De verdade?
– Feiíssimo... – reafirmou lá de longe a Andorinha.
– Não acredito. Só uma criatura cega poderia me achar feio.
30 – Feio e convencido!
A conversa não continuou porque os pais da Andorinha Sinhá, o amor pela filha
superando o medo, chegaram voando, e a levaram consigo, ralhando com ela, pregando-
-lhe um sermão daqueles. Mas a Andorinha, enquanto a retiravam, ainda gritou para o
Gato:
35 – Até logo, seu feio...
Foi assim, com esse diálogo um pouco idiota, que começou toda a história do
Gato Malhado e da Andorinha Sinhá.
Jorge Amado, O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá: Uma História de Amor, 7.ª edição,
Publicações Europa-América, 1997
2. Explica por que razão o Reverendo Papagaio não queria ser testemunha no caso
do Gato matar a Andorinha Sinhá.
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Grupo III
Gramática
1. Identifica a função sintática dos constituintes destacados.
2. Classifica as orações.
Grupo IV
Escrita
Lê o texto seguinte.
O Principal Sinal de Humanidade
O principal sinal de humanidade é a maneira como os seres humanos tratam os
animais. O ser realmente humano seria incapaz de tratar mal um animal. O ser realmente
sensível e pensante, carinhoso por sentimento e prestável por sistema, teria a delicadeza
da superioridade. Há de reparar-se que as pessoas e as civilizações mais brutas são as
que mais maltratam os animais. É preciso um mínimo de humanidade para se ter pena
dos bichos. Os bichos não são gente, mas não têm culpa de não ser. Nós temos.
Por enquanto ainda tratamos os animais como os animais que somos. Tratamo-
-los como eles, caso mandassem nos seres humanos, nos tratariam a nós. Só que pior.
Matamo-los, comemo-los, batemos-lhe, abandonamo-los. Tratamo-los como iguais
porque ainda somos iguais a eles. Os animais tratam mal os animais diferentes deles.
No dia em que formos superiores cuidaremos deles como deve ser.
Miguel Esteves Cardoso, in 'Último Volume'
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Bom trabalho! 😊