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SERVIDÃO DE TRÂNSITO X PASSAGEM FORÇADA:

A servidão de passagem ou de trânsito constitui direito real sobre coisa alheia, nascida
geralmente por via contratual, por conveniência e comodidade de dono de prédio não
encravado que pretende comunicação mais fácil e próxima. Em compensação o direito de
passagem refere-se a direito de vizinhança, que decorre da lei, tendo a finalidade de evitar que
um prédio fique sem destinação ou utilização econômica por conta do encravamento.

Para Arnold Wald, os pontos máximos de distinção entre as servidões e direito de


vizinhança estão na origem e na finalidade.

Enquanto as primeiras originam-se do ato voluntário de seus titulares, o segundo deriva


da lei expressa. Observa-se também que, a finalidade do direito de vizinhança é
preventiva, visa evitar o dano como também, que o prédio fique sem destinação ou
utilização econômica. Quanto à servidão não visa a atender necessidades, mas a garantir
uma comodidade ou uma maior facilidade ao proprietário do prédio dominante.

Outras dessemelhanças podem ser elencadas.

A passagem forçada é direito de vizinhança, enquanto que a servidão é um direito real


sobre coisa alheia. A primeira decorre da lei e é uma limitação ao direito de propriedade,
sempre se configurando quando um prédio se encontrar encravado, mesmo que o
proprietário não a deseje; já a servidão limita o domínio e decorre da vontade das partes,
geralmente por meio de um contrato.

A servidão tem sua constituição com o registro no Cartório de Registro de Imóveis, já a


passagem forçada não exige qualquer tipo de registro, e caso haja um registro será tida
como servidão. Sua fonte mediata está na lei e no interesse social.

Às servidões aparentes caberá ação de usucapião. À servidão de trânsito não titulada,


mas tornada permanente, sobretudo pela natureza das obras realizadas, considerar-se-á
aparente, conferindo a esta o direito à proteção possessória, em sendo assim poderá ser
usucapida. Quanto ao direito de vizinhança, não se adquire pela prescrição aquisitiva.

A partir do momento que a circunstância que caracterizava o encravamento cessou,


extinta será a passagem forçada, posto que não há mais a necessidade impondo tal ônus.
A servidão a princípio é perpétua.

Por fim, embora não haja impedimento quanto à gratuidade, dependendo de simples
acordo entre as partes, tanto a passagem forçada quanto a servidão de passagem são
direitos a título oneroso, com o propósito de ressarcir os prejuízos, incômodos e
limitações aos direitos do proprietário. Contudo, há que se observar que enquanto na
servidão atua como mera compensação; noutro instituto o direito de passagem fica na
dependência do pagamento de indenização. Embora a lei não diga expressamente, o
pagamento prévio é condição imposta ao exercício da passagem.
Cuidado: não confundir servidão de trânsito com passagem forçada:
Servidão de trânsito Passagem forçada (encravamento)
Art. 1.378. A servidão proporciona utilidade Art. 1.285. O dono do prédio que não tiver
para o prédio dominante, e grava o prédio acesso à via pública, nascente ou porto, pode,
serviente, que pertence a diversos dono, e mediante pagamento de indenização cabal,
constitui-se mediante declaração expressa constranger o vizinho a lhe dar passagem, cujo
dos proprietários, ou por testamento, e rumo será judicialmente fixado, se necessário.
subsequente registro no Cartório de Registro
de Imóveis.

O vizinho não está obrigado a dar O vizinho está obrigado por lei a dar
passagem. Faz-se um “acordo” entre passagem
os vizinhos.
Decorre de um ato de vontade (ex: Decorre da lei
testamento ou contrato)
Basta que haja conveniência. Tem que haver necessidade
É necessário registro no RGI Situação fática (é a situação que gera o
direito)
Pode ser usucapida Não pode ser usucapida

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