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Civil-Luciano Figueiredo (Parte Geral e Direito de família)

 PESSOA FÍSÍCA OU NATURAL :


-Personalidade jurídica: É a aptidão genérica de titular direitos e contrair deveres na
ordem civil. Aquele que é dotado de personalidade jurídica, é chamado sujeito de
direito, que são divididos em dois principais ( pessoa física e pessoa jurídica).
Dessa forma, a personalidade jurídica termina por ser uma qualidade/atributo
inerente a pessoa, e se é pessoa, é dotada de personalidade jurídica.

OBS: Os animais não possuem personalidade jurídica no Brasil, pois enquadram-se no


conceito de bens móveis/semoventes (art.82,CC).

OBS: Existem os entes despersonalizados, que são aqueles desprovidos de


personalidade jurídica, mas que possuem capacidade judiciária, podendo figurar como
polo ativo/passivo nos processos (art.75,CPC). Ex: Massa falida, herança jacente,
espólio, etc...

-Pessoa física/natural/existência visível: O ser dotado de estrutura biopsicológica,


titular de direitos e deveres na ordem jurídica.

Quando é que este ente irá adquirir sua personalidade jurídica? A partir do seu
nascimento com vida [ser expulso do ventre materno e respirar]. (art.2º,CC). O registro
é ato meramente declaratório.

E o nascituro? É aquele que já foi concebido, ainda não é nascido, e é dotado de vida
intra-uterina, está em período gestacional, na barriga da mãe. Como fica sua
personalidade jurídica? A lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.
(art.2º,CC). Este pode receber doações e herança. (arts.542 e 1.798,CC), como
envolvem patrimônio, será aceita pelo seu representante, mas a titularidade ficará sob
condição suspensiva, aguardando o nascimento com vida.

** A personalidade jurídica, é dividida em FORMAL e MATERIAL:


a)Formal: Diz respeito a direitos extrapatrimoniais, os quais são adquiridos desde a
concepção. Ex: Vida.
b)Material: Diz respeito a direitos de fundo patrimonial, os quais ficam sob condição
suspensiva, aguardando o nascimento com vida. Ex: Propriedade.

 CAPACIDADE: É a medida jurídica da personalidade, e divide-se em capacidade de


DIREITO/GOZO e de FATO/EXERCÍCIO/ATIVIDADE:

a)Direito/gozo: É inerente a toda pessoa, não há exceção. (art.1º,CC)


b)Fato/exercício/atividade: Nem toda pessoa tem capacidade de fato, porquê nem
toda pessoa poderá praticar atos da vida civil pessoalmente, pois algumas são
incapazes absolutamente ou relativamente.
 OBS: Quem possui as duas capacidades somadas, em regra possui a capacidade
jurídica geral ou plena, sendo o maior poder de autodeterminação do direito civil,
no entanto, mesmo possuindo a capacidade plena, existem certos atos da vida civil
em que a lei exigirá uma legitimação/autorização, de forma excepcional.

Ex: Outorga ou vênia conjugal, que dividisse em uxória(esposa) e marital(marido) –


situação na qual por conta do casamento, para prática do ato da vida civil, é necessário
uma autorização (art.1647,CC) – Há duas circunstâncias específicas, em que por conta
do regime de bens, não é preciso a vênia conjugal : Em caso de separação absoluta
(art.1647,CC), e em caso de casamento na participação final dos aquestos , o pacto
antenupcial libera a vênia conjugal para venda de bens imóveis particulares
(art.1.656,CC). – E se o cônjuge estiver impossibilitado de consentir ou houver negativa
sem motivo justo? É possível requisitar um suprimento judicial (art.1648,CC) -- E se
houver a prática de um dos atos, sem a vênia conjugal? O ato será anulado no prazo
de até 2 anos depois de terminar a sociedade conjugal – podendo ser convalidado
(art.1649,CC). OBS: O STJ tem um entendimento sobre a ausência de vênia conjugal no
contrato de fiança, o que implica a ineficácia total da garantia (súmula 332).

OBS: (art.1.643,CC)- Também de forma excepcional, define alguns atos que o cônjuge
pode fazer sem autorização do outro:

Art. 1.643. Podem os cônjuges, independentemente de autorização um do outro:

I - comprar, ainda a crédito, as coisas necessárias à economia doméstica;

II - obter, por empréstimo, as quantias que a aquisição dessas coisas possa exigir.

Art. 1.644. As dívidas contraídas para os fins do artigo antecedente obrigam


solidariamente ambos os cônjuges. (A solidariedade, ou decorre da lei, ou decorre
da vontade-art.265,CC).

 INCAPACIDADE: Trata-se de uma mitigação da capacidade de fato.


OBS: A lei 13.146/15 (EPD/LBI) fez alterações nesse tema. Antes dessa lei, deficiência
era considerada sinônimo de incapacidade. Após a instauração da lei, os deficientes
passaram a ser tratados como capazes, e incapacitados apenas em situações
excepcionais.

** As incapacidades, podem ser absolutas ou relativas: MACETE= RIA


a)Absolutas: O menor de 16 anos de idade (art.3º,CC)- será REPRESENTADO, caso
pratique um ato sozinho, o ato será nulo, contra ele não correrá prescrição e
decadência.
b)Relativas: (art.4º,CC)- será ASSISTIDO. São os maiores de dezesseis e menores de
dezoito anos, os ébrios habituais e viciados em tóxico, aqueles que por causa
transitória ou permanente não puderem exprimir sua vontade, os pródigos.
OBS: Existe uma idade a partir da qual o sujeito torna-se incapaz? Em regra, não.
Existe apenas normatização protetiva ao patrimônio do idoso (art.1.641,II,CC), esta
normatização apenas protege o vulnerável, mas não decreta a incapacidade.

OBS: Índios, são tratados por lei especial (6.001/73)- O índio fica sob a tutela da FUNAI,
e se este for SILVÍCOLA (sem hábito urbano), será considerado absolutamente incapaz.

 Quando acaba a incapacidade? Esta termina junto com o seu fato gerador.

 EMANCIPAÇÃO: É outra via de aquisição da capacidade, é a antecipação da


capacidade PLENA, trata-se de um ato irrevogável e irretratável - não retorna a sua
condição de incapaz. – Uma vez emancipado, não retornará a ser incapaz.
(Art.5º,p.ú,CC)- a emancipação só ocorre uma vez.

- Modalidades:
1.Voluntária- Concedida por ambos os PAIS (ou um deles na falta do outro) a menor
com ao menos 16 anos completos, através de ESCRITURA pública, independente de
decisão judicial.
OBS: Ainda que o menor esteja sob a guarda unilateral de um dos genitores, o outro
deve concordar, pois a guarda não põe fim ao poder familiar. E se houver novo
casamento padrasto/madrasta? O novo casamento não é capaz por si só, de gerar
qualquer tipo de atingimento no poder familiar pretérito (art.1636,CC). E se os pais
divergirem entre si na emancipação voluntária? A decisão caberá ao juiz, com base no
que será melhor para o menor (art.1631,CC).

2.Judicial- Quando TUTOR quiser emancipar o seu pupilo ou tutelado, este deverá ter
16 anos completos, e será necessário DECISÃO JUDICIAL, com parecer do MP. (A tutela
“suspensão ou destituição do poder familiar”, que ocorre quando o poder familiar
primitivo for suspenso ou destituído por algum motivo- não é paternidade, por isso é
necessário decisão judicial).

3.Legal- Se dará em algumas circunstâncias previstas em LEI, que caso alcançadas,


automaticamente geram a emancipação, hipóteses: Casamento/ Exercício de emprego
público efetivo/ Colação de grau em ensino superior/ Estabelecimento civil ou
comercial ou existência de relação de emprego em que o menor com 16 anos
completos tenha economia própria.
OBS: Se casou aos 16, e separou ou divorciou aos 17, continua emancipado, pois a
separação ou divórcio não irá interferir, pois a emancipação é irretratável e
irrevogável.

Art. 5o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada
à prática de todos os atos da vida civil.

Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:


I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento
público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido
o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos;

II - pelo casamento;

III - pelo exercício de emprego público efetivo;

IV - pela colação de grau em curso de ensino superior;

V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego,


desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia
própria.

 EXTINÇÃO DA PERSONSALIDADE JURIDICA DA PESSOA FÍSICA/NATURAL: Se dará


com a morte.

MORTE: É o fato gerador da extinção da personalidade jurídica.

A) REAL- Na qual existe um cadáver/corpo, bastando que o óbito seja atestado por
um profissional de medicina. O critério é a morte encefálica(cerebral).

B) FICTA/PRESUMIDA- Não há como ser declarada por um médico, será declarada


pelo juiz. Hipótese na qual não existe um cadáver/corpo.
Com (Não se enquadra no Art. 7º,CC- aqui deve ocorrer o procedimento ou
declaração de ausência- lento e burocrático que conta com três fases: Curadoria
ou arrecadação de bens, sucessão provisória e sucessão definitiva) ou Sem
(Art.7º,CC: Se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de
vida ou se desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado
até dois anos após o término da guerra. Aqui deve-se aguardar o encerramento
das buscas e averiguações, e após encerradas, haverá uma sentença dada pelo juiz,
que fixará a provável data do falecimento, através de um procedimento judicial
chamado de justificativa/justificação do óbito- deve ter um processo)
procedimento ou declaração de ausência.

-> FASES DO PROCEDIMENTO OU DECLARAÇÃO DE AUSÊNCIA (COM): Como se inicia?


Qualquer interessado ou o MP poderá dar a notícia ao juiz, acerca do desaparecimento
(art.22,CC). O juiz irá declarar ausência e nomear um curador para administrar os bens
do ausente. Não há prazo mínimo de desaparecimento para decretação de ausência.

1.CURADORIA OU ARRECADAÇÃO DE BENS- O juiz irá declarar a ausência e nomear


um curador (não é da pessoa do ausente, e sim do patrimônio- podendo ser o cônjuge
que não esteja separado judicialmente ou de fato há mais de dois anos, os pais, os
descendentes, ou alguém da confiança e escolha do juiz chamado curador dativo) para
gerenciar os bens do ausente, que irá durar em regra por 1 ano, podendo ser dilatada
pelo prazo de 3 anos caso o ausente antes de desaparecer tenha deixado um
procurador que aceite o exercício do encargo. Ultrapassado o prazo, é possível
requisitar a conversão da curadoria de bens, em sucessão provisória. Quem irá
requisitar? arts.27 e 28 do CC (Cônjuge, herdeiros, credores, do ausente) e se ninguém
pedir, o (MP) poderá requisitar a conversão. Da decisão que determinar a conversão,
serão contados 180 dias, e entrará na sucessão provisória.

2.SUCESSÃO PROVISÓRIA- Transmissão provisória do patrimônio. É uma sucessão


precária, portanto, não pode-se alienar/hipotecar os imóveis do ausente ( apenas é
possível em caso de autorização do juiz, para evitar a ruína). Portanto, para que exista
a imissão da posse dos bens, os herdeiros devem prestar garantia/caução determinada
pelo juiz. Aqueles que ficarão com a posse provisória, devem guardar 50% dos frutos
gerados, para hipótese de retorno do ausente. – Essa sucessão provisória dura 10 anos,
e após 10 anos, entra-se na sucessão definitiva.

OBS: Os herdeiros necessários (DESCENDENTES, ASCENDENTES, CÔNJUGE) estão


liberados da guarda dos frutos e da caução.

3.SUCESSÃO DEFINITIVA- Terá uma transmissão definitiva do patrimônio, e quando


entrar na sucessão definitiva, manda-se devolver os frutos e a caução.

OBS: Há uma maneira de tornar o procedimento mais rápido- Se o ausente tiver mais
de 80 anos de idade, e há mais de 5 anos datam as suas últimas notícias, pode-se
requisitar o ingresso diretamente na sucessão definitiva. (Art.38,CC)

OBS: Se o ausente retornar no meio do procedimento, as consequências irão depender


da fase.

1ª fase: Irá destituir o curador e devolver o patrimônio ao ausente.

2ª fase: O ausente terá direito ao patrimônio no estado em que deixou. Se houver


depreciação acima da média, o ausente poderá buscar ressarcimento na caução. Além
disso, o ausente também terá direito ao ressarcimento de 50% dos frutos. Contudo, se
a ausência for VOLUNTÁRIA e INJUSTIFICADA, o ausente perderá o direito aos frutos
(Art.33,CC).

3ª fase: Se o ausente retornar até 10 anos após a sucessão definitiva, terá direito ao
patrimônio no estado em que se encontra e aquilo que se substituiu no seu lugar(sub-
rogados). Se o ausente retornar depois de 10 anos da sucessão definitiva, não terá
direito a nada.

OBS: A declaração da ausência põe fim ao casamento. (Art.1571,CC). E se o ausente


retornar o casamento renasce? Não, mas nada impede que case novamente.

 COMORIÊNCIA: (Art.8º,CC)- É a presunção relativa [cabe prova em contrário] de


morte simultânea. Aplica-se se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma
ocasião [mesmo tempo], não podendo averiguar se um procedeu aos outros. Ex:
Acidente aéreo.
OBS: Segundo a doutrina, mesma ocasião, é mesmo tempo, e é plenamente viável
declarar a comoriência de duas pessoas que faleceram ao mesmo tempo, em
acidentes diversos.

OBS: Não se faz no Brasil, ranking de morte, (mais velhos, crianças, grávidas,
morrem primeiro).

OBS: Verificada a comoriência, serão abertas duas cadeias sucessoras distintas, um


comoriente não herda do outro, pois para ser herdeiro de alguém, deve-se ter
vivido mais do que a outra pessoa.

 PESSOA JURÍDICA: É a soma de esforços humanos (corporação) ou a destinação de


um patrimônio (fundação), constituída na forma da lei, objetivando uma finalidade
lícita e de acordo com sua função social.

OBS: De acordo com o enunciado 53 CJF, a função social é um item extremamente


responsável, para a significação/entendimento de toda e qualquer pessoa jurídica,
com finalidade lucrativa ou não, toda pessoa jurídica deve ter uma função para
sociedade.

Quando a pessoa jurídica vai adquirir personalidade jurídica? (Art.45,CC) – A


partir do registro do ato constitutivo.

Em situações excepcionais, ANTES DO REGISTRO será necessário uma


autorização/aprovação do poder executivo. Ex: Instituições financeiras, antes do
registro, precisam de autorização/aprovação do BACEN.

(Art.45,p.ú,CC)- Traz um prazo decadencial de 3 (três) anos para anular a


constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo,
contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro. Ex: Se juntou com
alguns amigos, alugou um espaço e colocou para funcionar uma padaria, fez um
contrato social e levou a registro... O que acontecerá?

É necessário a observância dos princípios:

 Princípio da separação/independência/autonomia: A partir do momento que a


pessoa jurídica é registrada, ela passa a ter personalidade jurídica
autônoma/independente/separada em relação aos seus componentes. A pessoa
jurídica passa a agir como atriz principal do direito, ela contrata, é contratada, e caso
não cumpra com suas obrigações, responderá com seu patrimônio, e os sócios da
pessoa jurídica, não serão atingidos. Assim como no inverso, os sócios respondem
por suas dívidas pessoais. (Art.46,V e Art.1.052,CC).

Tendo em vista que muitas pessoas visavam burlar a lei e prejudicar terceiros, o
direito resolveu coibir o abuso com a teoria:

 Desconsideração da personalidade jurídica da pessoa jurídica: A desconsideração


da personalidade jurídica, é uma medida excepcional/episódica, através da qual, o
patrimônio dos integrantes da pessoa jurídica, passa a responder pelas
dívidas/obrigações da respectiva pessoa jurídica. (atinge patrimônio dos sócios e
administradores). O STJ entende que a desconsideração não é capaz de extinguir a
pessoa jurídica, porquê incidirá apenas naquela situação concreta. A
desconsideração por ser excepcional, demanda requisitos, que estão no art.50,CC:

É necessário um PEDIDO EXPRESSO feito pela PARTE ou pelo MP quando couber


intervir no feito, somado ao ABUSO DA PERSONALIDADE, através de um DESVIO
DE FINALIDADE ou de uma CONFUSÃO PATRIMONIAL. NÃO É POSSÍVEL A
DESCONSIDERAÇÃO DE OFÍCIO. Não é necessário o encerramento das atividades
para a desconsideração.

O código civil adota uma teoria maior e objetiva, porque exige mais requisitos do
que a maioria dos diplomas legislativos, dessa forma será mais difícil desconsiderar.
É UMA TEORIA OBJETIVA, POIS NÃO EXIGE CULPA E DOLO. (noção excepcional, pois
a maioria dos diplomas adotam a teoria menor)

OBS: Ex: O CDC (Art.28,§5º-- é uma teoria menor, menos requisitos e é mais fácil
desconsiderar/ que exige como único requisito que a pessoa jurídica seja obstáculo
ao ressarcimento de valores.

OBS: O CPC(art.133) passou a trabalhar com o incidente de desconsideração da


personalidade jurídica, trata-se de um novo mecanismo de intervenção de
terceiros, que visa possibilitar o contraditório e o devido processo legal, antes da
desconsideração. Havendo pedido expresso pela parte ou MP, o juiz deve
suspender o processo principal e voltar o seu foco ao incidente de desconsideração,
dando vista a contraparte para que responda o incidente em 15 dias, onde o juiz irá
verificar se é hipótese ou não de audiência de instrução, sendo apenas necessária,
em caso de prova oral a ser produzida, ao fim, o juiz decide o incidente, sendo uma
decisão interlocutória e atacável por recurso de agravo. No art.133,§2º, permite
pleitear a desconsideração inversa, chamada de indireta ou reversa: É aquela que
se dá na contra mão, saindo da pessoa física para atingir a pessoa jurídica.

 CLASSIFICAÇÃO DAS PESSOAS JURÍDICAS:

a)Quanto a atividade executada:

I.Direito público interno e externo:

-Interno(art.41,CC): União, estados, DF, territórios, municípios, autarquias, associações


públicas, entidades públicas.

-Externo(art.42,CC): Estados estrangeiros e pessoas regidas pelo direito internacional público.

II.Direito privado(art.44,CC-rol exemplificativo): Associações, sociedades, fundações,


organizações religiosas, partidos políticos, empresas individuais de responsabilidade limitada.

OBS: As associações e fundações podem ser de direito público/privado- o avaliador segue o


critério do código civil, quando quer falar de pessoa pública, adjetiva como pública, quando
quer falar de privada, apenas chama de associação ou fundação.
OBS: Organizações religiosas são de direito privado porque o estado é leigo/laico/não
confessional, e os partidos políticos porque vivenciamos um pluripartidarismo democrático.

b)Quando a estrutura:

I.Corporações: Tem como elemento central, a soma de esforços humanos, é uma


universalidade de pessoas. Dividem-se em:

-Associações: (art.53,CC) É a união de associados, organizados através de um estatuto, com


finalidade não econômica/ideal/social- significa afirmar que essa associação pode e deve dar
lucro, mas que o lucro obtido, não poderá ser repartido entre os associados (como ocorre na
sociedade), aqui o lucro obtido, será reinvestido na finalidade ideal. – Os associados não terão
direitos e deveres entre sí (diferente da sociedade), mas sim perante a associação, e estes
direitos e deveres são igualitários em regra, mas nada impede que o estatuto traga categorias
com vantagens especiais. ***OBS: (art,57,CC)- A exclusão do associado, deve ter justa causa
e haverá de ser reconhecida em procedimento que assegure direito de defesa e de recurso.

-Sociedades: É a reunião de sócios organizados em regra, através de um contrato social, e cujo


objetivo é a divisão de lucros ao final do exercício financeiro. – Quem estuda o direito
societário, é o ramo empresarial, o direito civil apenas diferencia estas.

Esta sociedade pode ser simples [art.966,p.ú,CC- Quando o sujeito exercita profissão
intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou
colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa/ é registrada
apenas no cartório de registro de pessoas jurídicas] ou empresária[art.966,CC-É aquela na
qual exercita-se profissionalmente, atividade econômica organizada, para produção ou
circulação de bens ou serviços/ é registrada no registro público de empresas, que é a junta
comercial].

II.Fundações: Tem como elemento central, uma universalidade de bens/patrimônio, chamada


“universitas bonorum”. Para instituir uma fundação, deve-se destinar a ela bens livres e
desembaraçados. E esta destinação patrimonial, pode ser feita de duas formas: Escritura
pública [caso o desejo seja de que a fundação produza efeito inter-vivos, funcione durante sua
vida- para que funcione durante sua vida, deve ser tida como irretratável, não há como se
voltar atrás] ou testamento [caso o desejo seja de que a fundação produza efeito apenas após
a sua morte, chamada mortis-causa, o ato é revogável a qualquer tempo]. (art.62, CC). ** E se
o patrimônio destinado for insuficiente? (art.63, CC)- Será incorporado a outra fundação de
fim igual ou semelhante, se de outro modo não dispuser o instituidor. ** Quais as finalidades
da destinação do patrimônio? (art.62, p.ú,CC). ** É possível a alteração dos estatutos
fundacionais? Pode, de acordo com o (art.67, CC) , deliberada por 2/3 dos competentes, não
contrariar os fins fundacionais, aprovação do MP em 45 dias, e em caso de negação ou
ultrapassagem do prazo, pelo juiz. – a minoria vencida, tem prazo de 10 dias para impugnar a
modificação. ** Quem é o fiscal das fundações? (art.66,CC)- É o MP estadual, e o respectivo
para cada estado.

Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou
testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e
declarando, se quiser, a maneira de administrá-la.
Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins de:

I – assistência social;

II – cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico;

III – educação;

IV – saúde;

V – segurança alimentar e nutricional;

VI – defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do


desenvolvimento sustentável;

VII – pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias alternativas, modernização de


sistemas de gestão, produção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e
científicos;

VIII – promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos direitos humanos;

IX – atividades religiosas;

 DIREITOS DA PERSONALIDADE: São qualidades/atributos essenciais a pessoa, que


são deferidos ao sujeito, para que ele exercite a sua personalidade na plenitude.

- Características (art.11,CC): São intransmissíveis, irrenunciáveis e indisponíveis [não


poderá o seu exercício sofrer limitação voluntária]. Estas características não são
absolutas, porque elas admitem exceções em casos previstos em lei. Além de não
serem absolutas, a doutrina informa que existe um rol mais amplo de características.

a)Indisponíveis: Decorre do caráter intransmissível e irrenunciável, aquilo que não se


transmite e não se renuncia, é indisponível. Essa impossibilidade de limitação
voluntária é relativa. Enunciado 4,STF: Diz que os direitos da personalidade podem
sofrer limitação voluntária, desde que não sejam permanente(transitória) e nem
geral(específica). É possível fazer a transmissão dos direitos da personalidade de forma
transitória e específica.

b)Absolutos: Possuem oponibilidade contra todos, todos devem respeitar a minha


personalidade e vice-versa- ”erga omnes”.

c)Imprescritíveis: Porque a ausência do seu exercício, não irá gerar a sua perda.
OBS: Caso houver uma lesão ao direito da personalidade, a partir do momento em que
houver essa lesão, nascerá para o lesado uma pretensão de reparação civil, de prazo
prescricional de 3 (três) anos. (art.206, §5º,V).
d)Vitalícios: Porque lhe acompanham durante sua vida toda, só perdem com a morte.
OBS: O código civil regula, os chamados lesados indiretos (chamada lesão
indireta/reflexa/oblíqua/ricochete) – esta lesão configura-se quando na tentativa de
lesionar a personalidade do morto, acaba-se por lesionar a personalidade de alguém
que está vivo. ** Quem tem legitimidade para pleitear a lesão indireta? são os lesados
indiretos: cônjuge sobrevivente, ascendente, descendente, colaterais até 4º grau
(art.12,p.ú,CC- regra geral). ** O código civil, traz uma regra específica relacionada a
imagem, trazendo os lesados indiretos: cônjuge sobrevivente, ascendente,
descendente (art.20,p.ú,CC). **

-Classificação (Rol exemplificativo) :

1.Pilar da integridade física ( tutela do corpo vivo (art.13,CC) , tutela do corpo morto,
autonomia do paciente)

2.Pilar da integridade psíquica (imagem, privacidade, nome)

 Pilar da integridade física: Protege o corpo vivo/corpóreo.

 Corpo vivo (art.13,CC) : É defeso/proibido o ato de disposição do próprio corpo,


quando importar diminuição permanente da integridade física ou contrariar os
bons costumes. EXCEÇÃO: Esta disposição não se aplica, quando houver exigência
médica por urgência/emergência ou para transplante de órgãos (Lei 9434/97 – diz
que é possível doar os órgão em vida, devendo ser gratuita, o órgão deve ser
dúplice ou regenerável, e pode-se escolher o receptor).

 Corpo morto (art.14,CC) : É válida com objetivo científico ou altruístico, a


disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte.
(Também regulada pela lei 9434/97- diz que mantém a gratuidade, porém não
pode-se escolher o receptor, nem existe limite, pois não se precisará mais dos
órgãos). – Este ato de disposição do próprio corpo, pode ser revogável a qualquer
tempo.

OBS: É o próprio sujeito que autoriza a doação de órgãos? Prepondera a decisão


do doador em vida. Porém, se este silenciou em vida, os parentes irão suprir sua
vontade.

 Autonomia do paciente (art.15,CC): Ninguém pode ser constrangido/obrigado a


submeter-se com risco de vida, a tratamento médico ou intervenção cirúrgica.
Deve ser feito um termo de consentimento informado pelo médico ao paciente. –
O posicionamento majoritário, se encaminha no sentido que nas
urgências/emergências ( sob pena de gerar um dano irreversível) não é necessário
o consentimento informado.
 Pilar da integridade psíquica ou moral

 Imagem (art.20,CC): São as característica identificadoras de alguém. Subdivide-se


em imagem retrato[fotografia/pôster do sujeito/fisionomia], atributo[qualitativo
social], voz[timbre sonoro identificador]. Em regra, a veiculação da imagem, irá
demandar autorização, podendo ser expressa ou tácita. – Em algumas situações, é
possível a dispensa da autorização por força da lei ou da jurisprudência.

-Exceções previstas em lei: Para administração da justiça ou manutenção da


ordem pública. (não precisa de autorização)

-Exceções previstas na jurisprudência: Para biografias não autorizadas


(biografado/coadjuvante)- caso exista lesão, deve ser reparada pela competente
ação indenizatória, as pessoas públicas/famosas podem ser fotografadas e
filmadas se estiverem em locais públicos, bem como aos seus acompanhantes, as
pessoas que não são públicas também podem ser filmadas e fotografadas em local
público. – Em casos de divulgação da imagem para fins comerciais, sem a
necessária autorização, independente de ser pessoa pública, o lesionado poderá
requisitar primeiro uma tutela específica(multa diária), para que seja paralisada a
veiculação da referida imagem (art.20,CC) , bem como um pedido de indenização
por dano a imagem (Súm.403,STJ), chamado dano moral puro/”in re ipsa.” – é
aquele que decorre da simples conduta, vez que esta, por si só, gera o dano, não
importa se a propaganda foi positiva ou negativa. É possível o direito de resposta
proporcional ao agravo, pelo lesionado.

 Privacidade (art.21,CC): A vida privada da pessoa natural é inviolável, é a cláusula


pétrea dos direitos da personalidade. Pode haver a quebra de sigilo em algumas
situações, devido ao juízo de ponderação de interesses. Ex: Bancário, telefônico.

 Nome (art.16 e SS, CC): É uma etiqueta social, é a forma que você é reconhecido
socialmente. Essa etiqueta social, possui elementos essenciais: prenome e
sobrenome/patronímico/apelido de família. É possível também que o nome tenha
um elemento secundário/acidental/acessório, chamado de agnome. O agnome
quer evitar a hominímia/nomes iguais dentro da mesma família, é uma partícula
acessória e acidental porque nem sempre se vê na prática.
-TUTELA DO NOME

Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou
representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção
difamatória.(responsabilidade civil objetiva, independente de culpa)

Art. 18. Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda
comercial.(não importa se a propaganda foi positiva ou negativa)

Art. 19. O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao
nome.(apelido, pode acrescentar ao nome)

-É possível alterar o nome? Sim, existem hipóteses legais e jurisprudenciais:

I.Casamento(pode acrescentar o nome do outro)

II.Divórcio(pode retirar o nome acrescentado)

III.Adoção

IV.Cirurgia de transgenitalização (pode mudar o nome e o gênero no registro)

-A pessoa jurídica também é titular dos direitos da personalidade?

Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da
personalidade.(nome, privacidade,imagem,atributo)

S.227,STJ. Pessoa jurídica pode sofrer dano moral.


 NEGÓCIO JURÍDICO: É a manifestação da vontade humana objetivando criar,
modificar, conservar, extinguir relações jurídicas patrimoniais. Ex: Testamentos e
contratos.
O negócio jurídico para ser válido, precisa respeitar alguns requisitos legais. A
validade demanda o respeito a esses requisitos. Negócio jurídico válido, é aquele
adequado e recebido pelo ordenamento jurídico brasileiro, portanto, nem todo
negócio jurídico que existe é válido. Ex: Compra e venda de cocaína.

- Requisitos de validade:

Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:

I - agente capaz; (Legitimado)

II - objeto lícito(Aquilo que é possível para o direito, ex: compra e venda de um imóvel),
possível(é aquilo que é materialmente possível), determinado(objeto individualizado, tem
gênero, quantidade e qualidade) ou determinável(tem apenas gênero e quantidade);

III - forma prescrita ou não defesa/proibida em lei (No Brasil, a regra geral é que o
negócio jurídico tem liberdade de forma, com forma livre “art.107,CC”. Contudo,
excepcionalmente a lei poderá determinar uma forma, como no art.108,CC, que diz que os
negócios envolvendo imóveis cujo valor ultrapasse 30 vezes o maior salário mínimo vigente
no país, deverá ser celebrado por escritura pública, caso contrário o negócio será nulo. No
entanto, existe outra exceção a essa regra, de acordo com o art.462,CC, que diz [o contrato
preliminar tem todos os requisitos do contrato principal, com exceção da forma] , então se o
negócio em relação aos imóveis que ultrapassem 30 vezes o maior salário mínimo vigente no
país, for uma promessa de compra e venda, esta terá forma livre.)

IV.Consentimento válido.(É a manifestação de vontade livre e desembaraçada, não pode


ter sido objeto de erro, dolo, coação. Essa vontade pode ser externada por escrito
público/particular ou verbalmente. – É possível consentir através do silêncio? Em regra, o
silêncio não é concordância, nem negativa, todavia, excepcionalmente, é possível o
consentimento quando as circunstâncias ou os usos/costumes autorize, e não seja possível
declaração de vontade expressa, “art.111,CC”.)

EX1: Contrato de doação que tiver sido fixado prazo para aceitação, e permanecer o
silêncio, presume-se a aceitação. (art.539,CC)

EX2: Compras feitas fora do estabelecimento comercial, existe o prazo de 7 dias para
aceitação, caso ultrapasse e o silêncio prevaleça, presume-se a aceitação. (art.49,CDC)

-INVALIDADE/NULIDADES: Ocorre quando descumprido um dos requisitos da validade.


Está sempre expressa em lei. Apenas ocorrerá, quando houver prejuízo.

Dividem-se em:
1.ABSOLUTAS/NULIDADES

2.RELATIVAS/ANULABILIDADES

 ABSOLUTAS/NULIDADES (Art.166,167,CC)

I - Ato simulado

II - celebrado por pessoa absolutamente incapaz;

III - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;

IV - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito;

V - não revestir a forma prescrita em lei;

VI - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade;

VII - tiver por objetivo fraudar lei imperativa;

VIII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção.

-Características do ato nulo:

I.Atinge interesse público superior

II.Pode ser arguida pelas partes, terceiros, MP, juiz de ofício. (O juiz pode declarar a nulidade,
mas não pode suprir/consertar “art.168,p.ú,CC”. Princípio da não surpresa, antes do juiz
conhecer o tema de ofício, deve dar visto e contraditório as partes “art.10,CPC”)

III.Não admite confirmação/ratificação/convalidação/saneamento, porém pode ser


convertido em um ato válido, “art.170,CC”.

IV.A decisão é declaratória, ex tunc/retroativo/para trás/desconstitui o negócio desde o seu


nascimento.

V.Pode ser reconhecida qualquer tempo. (Para ser arguida no STJ ou STF, a matéria deve ter
sido pré-questionada, ventilada nos autos)

 RELATIVAS/ANULABILIDADES(Art.171,178,179,CC)

I.Celebrada por relativamente incapaz

II.Por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores .
-Características do ato anulável:

I.Ato anulável atinge interesse privado

II.Pode ser arguido pelos legítimos interessados

III.Admite confirmação/ratificação/saneamento/convalidação de forma expressa ou tácita e


sem prejuízo a terceiros, “art.172,CC”.

IV.Pode ser reconhecida dentro do prazo decadencial de 2(quando a lei não estabelece prazo)
a 4 anos(regra).

Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio
jurídico, contado:

I - no caso de coação, do dia em que ela cessar;

II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que
se realizou o negócio jurídico;

III - no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade.

Art. 179. Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo
para pleitear-se a anulação, será este de dois anos, a contar da data da conclusão do ato.

 EFICÁCIA: São os efeitos do negócio jurídico, e a regra geral é que o negócio


existente e válido, produza os seus efeitos automaticamente. Contudo, é possível
a presença de elemento acidental, acessório ou secundário, que podem ou não
estar presentes, mas se estiverem, irão auto limitar os efeitos do negócio. E quais
são esses elementos? Condição, termo e modo/encargo.

1.CONDIÇÃO (Art.121,CC): Evento futuro e incerto que deriva exclusivamente da vontade das
partes envolvidas no negócio jurídico, e subordina os seus efeitos. Podendo ser:

I.Lícita(art.122 a 124,CC): Condições não contrárias à lei, à ordem pública ou aos bons
costumes

II.Ilícita(art.122 a 124,CC): As que privarem de todo efeito o negócio jurídico, ou o sujeitarem


ao puro arbítrio de uma das partes.

III.Suspensiva(art.125,CC): É aquela que enquanto não implementada, deixará em suspenso


os efeitos do negócio jurídico, esta irá impedir tanto a aquisição, quanto o exercício do direito,
até o implemento da condição. Ex: Enquanto não casar, não irá ganhar apartamento.

IV.Resolutiva(art.127,128,CC): É aquela que quando implementada, resolverá os efeitos do


negócio jurídico. O negócio começa a produzir seus efeitos logo, e quando implementada a
condição, se resolve automaticamente e com efeitos ex nunc, não retroativos, dali para frente,
ou seja, cessa para o beneficiário a aquisição dos direitos anteriormente garantidos. Ex: Até
passar na OAB, ganhará mesada.
2.TERMO: Evento futuro e certo que subordina os efeitos do negócio jurídico. Pode ser:

I.Inicial/A quo(art.131,CC): Marca o início do exercício de um direito. Este suspende o


exercício, mas não a aquisição do direito. Ex: Comprou um carro e dia 10 ele será entregue
para usar.

II.Final/Ad quem: Marca o final do exercício de um direito.

OBS: O intervalo de tempo entre o termo inicial e final, é chamado de prazo. Como faz a
contagem do prazo, está no art.132,CC:

Art. 132. Salvo disposição legal ou convencional em contrário, computam-se os prazos,


excluído o dia do começo, e incluído o do vencimento.

§ 1o Se o dia do vencimento cair em feriado, considerar-se-á prorrogado o prazo até o


seguinte dia útil.

§ 2o Meado considera-se, em qualquer mês, o seu décimo quinto dia.

§ 3o Os prazos de meses e anos expiram no dia de igual número do de início, ou no


imediato, se faltar exata correspondência.

§ 4o Os prazos fixados por hora contar-se-ão de minuto a minuto.

3.MODO OU ENCARGO: É o ônus que deve ser cumprido pela parte, para que esta possa ter
direito a um bônus superior. Para ser cumprido, deve-se estar com o objeto em mãos.

OBS: Quando se estiver diante de uma doação com modo ou encargo, esta será chamada de
doação modal, portanto, essa doação será onerosa.

OBS: O modo ou encargo não suspende a aquisição e nem o exercício do direito, salvo quando
for expresso no negócio jurídico. (art.136,CC).

OBS: O encargo ilícito ou impossível, considera-se como não escrito, salvo se constituir motivo
determinante da liberalidade, que invalida todo o negócio jurídico (art.137,CC). Ex: Lhe dou o
meu carro, desde que transporte cocaína para mim, o modo ou encargo que é o fato gerador
da doação, irá invalidar toda a doação.
 DEFEITOS/VÍCIOS DO NEGÓCIO JURÍDICO: Todos geram nulidade relativa, salvo a
simulação.

1.ERRO: É uma equivocada percepção da realidade, você comete sozinho. Apenas será capaz
de gerar a anulação do negócio, se for substancial/principal/essencial/determinante, que
poderia ser percebido por pessoa normal, devido as circunstâncias do negócio jurídico e você
apenas celebrou o negócio porque errou, este gera a anulação do negócio jurídico
(art.138,CC).

O erro também pode ser acidental/acessório/secundário, e este diz respeito a indicação da


pessoa ou da coisa, mas que pelo contexto e circunstâncias poderia ser identificada. Este não
interfere no negócio jurídico, não gera nenhuma consequência (art.142,CC). Ex: Erro no estado
civil, mas a pessoa continua podendo ser localizada.

*Modalidades de erro substancial:

I. Error in negotio(sobre o negócio)-Diz respeito ao tipo de negócio jurídico pactuado. Ex:


Imagina ser compra e venda, mas é permuta.

II. Error in corpore(sobre o objeto)- Diz respeito a qualidade ou quantidade. Ex: Compra um
quadro de um autor, pensando que é de outro. / Compra uma caixa, pensando que vem 50
comprimidos, mas só vem 20 comprimidos.

III. Error in persona(sobre a pessoa)- Diz respeito a identidade da pessoa, a qualidades


essenciais do sujeito. Ex: Contrata um professor, pensando que é outro.

IV. Error in Iures(Sobre o direito)- Não é recusa a aplicação da lei, é um equívoco quanto ao
seu alcance, erro de interpretação. Ex: Sujeito compra um terreno e quer lotear ou edificar,
mas sem saber que existem áreas em que isto é impossível de se fazer, a pessoa comete um
erro de direito.
*OBSERVAÇÕES:

Art. 140. O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como razão
determinante. (Ex: Compro uma farmácia cara por acreditar que tem clientela boa, passo 1
ano na farmácia, que não vende quase nada, houve um falso motivo, então se tiver expresso,
terá a invalidação da manifestação de vontade.)

Art. 141. A transmissão errônea da vontade por meios interpostos é anulável nos
mesmos casos em que o é a declaração direta. (Ex: Você não pode ir no dia do seu casamento
e manda um procurador para dizer que não, e ele diz que sim.)

Art. 143. O erro de cálculo apenas autoriza a retificação da declaração de vontade.


(É um erro material.)

Art. 144. O erro não prejudica a validade do negócio jurídico quando a pessoa, a quem
a manifestação de vontade se dirige, se oferecer para executá-la na conformidade da vontade
real do manifestante. (Ex: No caso dos quadros, a pessoa que vendeu propõe a que comprou
ficar com o errado, e pagar a diferença do preço.)

2.DOLO: Também chamado de Ardil. É o induzimento malicioso para que alguém pratique um
ato contra a sua própria vontade. Alguém lhe induz. Apenas gera a anulação do negócio se for
um dolo principal/substancial/causa determinante/razão de existir (art.145,CC). Contudo,
existe também o dolo acessório/acidental/secundário, e ao contrário do erro, possui
consequência no direito, pois gera pedido de perdas e danos.

*Modalidades:

I.Dolo negativo/Por omissão(art.147,CC): É o silêncio intencional de uma das partes, para


induzir a outra a praticar um ato contra sua própria vontade.

II.Dolo de terceiro(art.148,CC): Decorre da ação de um terceiro. OBS: Se a parte a quem


aproveita, soubesse ou deve-se saber do dolo, o ato será anulado. Caso contrário, ainda que
se conserve o negócio jurídico, a parte prejudicada pode pleitear perdas e danos em face de
terceiro.

III.Dolo do representante(art.149,CC): Quando o dolo provém de representante da parte


beneficiada pelo negócio defeituoso. O representante de uma das partes não pode ser
considerado terceiro, pois age como se fosse o próprio representado. Quando atua no limite
de seus poderes, considera-se o ato praticado pelo próprio representado. Se o representante
induz em erro a outra parte, constituindo-se o dolo por ele exercido na causa do negócio, este
será anulável. A representação pode ser legal ou convencional.

a)Legal: Você não escolhe o representante, a lei que impõe, então o representado só responde
a medida do seu proveito econômico.

b)Convencional: Você escolhe o representante, então o representado responde


solidariamente com o representante.

IV.Dolo recíproco/ bilateral (art,150,CC): Se dará quando ambas as partes agirem com dolo,
não há consequência jurídica.

3.COAÇÃO MORAL: É a pressão psicológica/ ameaça emocional para que alguém pratique um
ato contra a sua própria vontade. Pode gerar a anulação do ato, com base em alguns requisitos
cumulativos. Também pode decorrer da conduta de terceiros (art.154,155.CC).

*Requisitos:

a)Deve ser a causa do ato

b)Deve ser grave, imputar temor de dano sério

c)Deve ser injusta/ilícita/abusiva/contrária ao direito-Obs:Art.153,CC

d)Deve ser iminente ou atual

e)Deve ser contra a vítima ou seus bens, parentes da vítima ou seus bens, terceiros ou seus
bens- OBS: No caso de terceiros, o juiz deve analisar o caso concreto, art.151,p.ú,CC.

*Observações:

(Art.152,CC)-O juiz irá analisar as características subjetivas da vítima em todos os requisitos,


pois a depender das características subjetivas da vítima, esta pode se sentir mais ou menos
fragilizada no caso concreto.

(Art.154,155,CC)-Se a parte que aproveita soubesse ou deve-se saber, além da anulação do


ato, a parte prejudicada poderá pleitear perdas e danos em face de terceiro ou da parte que
aproveita, que responderão solidariamente. Contudo, se a parte a quem aproveita não
soubesse ou não devesse saber, ainda que o negócio jurídico se mantenha, o prejudicado terá
perdas e danos em face de terceiro.
4.LESÃO(art.157,CC): Objetiva gerar equivalência material das prestações, justiça contratual.
Exige a presença de dois requisitos:

I.Objetivo: É a manifesta desproporção entre as parcelas pactuadas, aferida no momento da


celebração do negócio.

II.Subjetivo: É a premente necessidade ou inexperiência de uma das partes.

**Verificada a lesão, quais as consequências jurídicas?

a)Revisão do ato (art.157,§2º,CC)- Se o problema for desproporção.

b)Anulação do ato(Art.171,178,CC)- No prazo decadencial de até 4 anos.

5.ESTADO DE PERIGO(art.156,CC): É a aplicação do estado de necessidade, aos defeitos do


negócio jurídico, envolve risco pessoal.

Art. 156. Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de


salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume
obrigação excessivamente onerosa. (Estado de necessidade)

Parágrafo único. Tratando-se de pessoa não pertencente à família do declarante, o juiz


decidirá segundo as circunstâncias. (É o caso de terceiros)

 Tem como consequência a anulação do ato, mas de acordo com a doutrina, antes
deve-se tentar revisar.

6.FRAUDE CONTRA CREDORES:

OBS: No Brasil, a responsabilidade civil é patrimonial, pois se o devedor não pagar, irá buscar
atingir o seu patrimônio. Então, quando o devedor se desfaz do seu patrimônio, está se
desfazendo da garantia do crédito.

- Para configuração da fraude contra credores, é necessário a presença de três requisitos:

I. Anterioridade do crédito: Só pode fraudar um crédito que já existe.

II. Eventus Damni (dano ao credor): Não é qualquer desfazimento patrimonial que gera dano
ao credor, mas sim aquele que gere ou aprofunde a insolvência.

III.Consilium fraudis (má-fé-art.158, e ss, CC): É a intenção de lesionar.

OBS1: No ato gratuito, há presunção de má-fé do devedor. Ex: doação e remissão. / No ato
oneroso, deve haver a comprovação.

OBS2: Assim como existe a presunção de má-fé, também existe a presunção de boa-fé.
Art. 164. Presumem-se, porém, de boa-fé e valem os negócios ordinários indispensáveis à
manutenção de estabelecimento mercantil, rural, ou industrial, ou à subsistência do devedor
e de sua família.

OBS3: Se existe os três requisitos, deve-se ajuizar a ação pauliana, que objetiva a anulação do
ato e se submete ao prazo decadencial de 4 anos. Ao anular o ato, o bem doado volta ao
patrimônio do devedor, e ao voltar, este será executado.

7.SIMULAÇÃO(art.167,CC): É uma declaração enganosa de vontade, que pode ser absoluta ou


relativa.

I.Absoluta: Chamada apenas de simulação e terá como consequência a nulidade absoluta do


ato. Aqui, pratica-se um ato que não terá nenhum efeito real, o objetivo apenas é burlar a lei
e prejudicar a terceiros. Ex: Caio casado com Mariana, e prevendo o divórcio, começa a
transferir seus bens a terceiros, transfere seu carro e outros bens, mas ele quem utiliza, o
único objetivo é prejudicar mariana.

II.Relativa: Chamada apenas de dissimulação e terá como consequência a necessidade de


análise. Aqui, você terá um ato simulado/de fachada, que será nulo e deixará acobertado um
ato dissimulado, cujas consequências deverá se analisar. Ex: Caio casado com Mariana,
Mariana tem um amante chamado Ricardo e deseja fazer doação patrimonial a ele. Contudo,
o artigo 550,CC diz que será anulável a doação de bens do cônjuge ao amante, então mariana
simula uma compra e venda, mas na verdade o que está escondida/dissimulada é uma doação.
Então a compra e venda é nula, e a doação terá que ser analisada.

Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for
na substância e na forma.

§ 1o Haverá simulação nos negócios jurídicos quando:

I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais


realmente se conferem, ou transmitem;

II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira;

III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados.

§ 2o Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-fé em face dos contraentes do negócio


jurídico simulado.

 RESERVA MENTAL (ART.110,CC): Ocorre quando uma das partes deixa escondida
a sua intenção de não cumprir com o pactuado. Não há consequência jurídica,
contudo, se essa reserva mental foi externada, aquele que teve ciência da reserva,
não poderá exigir o cumprimento do contrato.
 PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA: Ligam-se ao fenômeno do tempo, que é um fato
jurídico natural, porque tem repercussão para o direito e decorre da natureza. O
passar do tempo pode gerar a aquisição de direitos na usucapião, a modificação de
direitos nas incapacidades e a extinção de direitos na prescrição e decadência.

 PRESCRIÇÃO(art.189,CC): É a perda de uma pretensão em virtude do passar do


tempo relativo a um direito subjetivo, patrimonial e disponível, que é manejado
através de uma ação condenatória. Aqui você perde a pretensão, que é a
possibilidade de coercitivamente exigir de outrem o cumprimento de determinado
dever jurídico, e ela nascerá no momento em que for violado um direito subjetivo,
patrimonial e disponível. Será ajuizada ação condenatória, mas para haver sucesso
na pretensão, se deve respeitar um lapso de tempo, para não ocorrer a perca da
pretensão, chamada prescrição. – O que ocorre é a perca da pretensão, e não do
direito de ação, pois este é público, subjetivo, e incondicionado, não se pode perder.

OBS1: Existem pretensões que são imprescritíveis, pois são relativas a direitos
subjetivos extrapatrimoniais e indisponíveis, que são manejados através de uma
ação declaratória, a pretensão não prescreve. Ex: Ser reconhecido como filho do
seu pai.

OBS2: É preciso cuidado, pois em um único processo, pode existir o reconhecimento


de várias pretensões.

 PRAZOS(arts.192,205 e 206,CC): São legais e não podem ser alterados pela vontade
das partes.

I. Ordinário/geral/comum(art.205,CC): 10 anos
II. Especial(art.206,CC): 1 a 5 anos

 CAUSAS IMPEDITIVAS,SUSPENSIVAS E INTERRUPTIVAS DA PRESCRIÇÃO.

*IMPEDITIVAS E SUSPENSIVAS(art.197 a 201,CC):

-Impeditiva: É pré-existente ao nascimento do prazo prescricional. Impede o início


da contagem do prazo. Ex: Casado antes de bater o carro.

-Suspensiva: É aquela que atinge o prazo em curso, suspende a contagem do prazo,


e quando cessada a causa suspensiva, esse prazo retomará o seu curso de onde
parou. Ex: Bate o carro, casa 1 ano depois, e se divorcia.

Art. 197. Não corre a prescrição:

I - entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal;

II - entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar;


III - entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores, durante a tutela ou
curatela.

Art. 198. Também não corre a prescrição:

I - contra os incapazes de que trata o art. 3o; (MENOR DE 16 ANOS)

II - contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados ou dos


Municípios;

III - contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de guerra.

Art. 199. Não corre igualmente a prescrição:

I - pendendo condição suspensiva;

II - não estando vencido o prazo;

III - pendendo ação de evicção.

*INTERRUPTIVAS(art.202 a 204,CC): São aquelas que atingem o prazo em curso e


interrompem a sua contagem, ou seja, o prazo será novamente contado do zero.
Esta só poderá acontecer uma vez. Pode ser arguida por qualquer interessado, em
qualquer grau de jurisdição, e continua a correr contra o seu sucessor, pois a morte
não gera suspensão, nem interrupção do prazo prescricional.

OBS: Para ser arguida no STF ou STJ, a matéria tem que ser pré-questionada.

Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á:

I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o interessado


a promover no prazo e na forma da lei processual;

II - por protesto, nas condições do inciso antecedente;

III - por protesto cambial;

IV - pela apresentação do título de crédito em juízo de inventário ou em concurso de


credores;

V - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;

VI - por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento
do direito pelo devedor.

Parágrafo único. A prescrição interrompida recomeça a correr da data do ato que a


interrompeu, ou do último ato do processo para a interromper.
 DECADÊNCIA OU CADUCIDADE: Diz respeito a perda de direito potestativo por
conta do decurso do tempo que é manejado através de uma ação constitutiva
(positiva ou negativa/desconstitutiva). Direito potestativo é aquele que envolve um
poder, o titular do direito potestativo tem a prerrogativa de adentrar na esfera
jurídica de alguém e submeter esta pessoa, porém nem todo direito potestativo tem
prazo para exercício.

PRESCRIÇÃO DECADÊNCIA
Os prazos por serem sempre legais, não Pode ser legal ou convencional, na legal o
podem ser alterados pela vontade das prazo está na lei, ex: art.181,CC. Na
partes. (art.192,CC). convencional o prazo decorre da vontade,
ex: garantia estendida.
Por ser uma defesa do devedor, pode ser A decadência convencional pode ser
renunciada, nos termos do art.191,CC, renunciada, mas a decadência legal não
podendo ser expressa ou tácita, sem pode, art.209,CC.
prejuízo de terceiro e depois de consumada.
A prescrição pode ser reconhecida de ofício A decadência só pode ser reconhecida de
pelo juiz. ofício pelo juiz se for legal. Se for
convencional, a parte a quem aproveita
pode alegar em qualquer grau de jurisdição,
mas o juiz não pode conhecer de ofício.
Os prazos prescricionais se impedem, Os prazos decadenciais não se impedem,
suspendem e interrompem. suspendem e nem interrompem. Exceção:
Não correrá decadência contra
absolutamente incapaz. (art.207,208,CC)

 DIREITO DAS FAMÍLIAS

*CASAMENTO(art.1511,CC): É a comunhão plena de vida pautada na igualdade de direitos e


deveres entre os consortes.

*CAPACIDADE NÚBIL(arts.1517 a 1520,CC): É a idade para casar, que começa aos 16 anos de
idade. Caso o sujeito possua entre 16 e 18 anos, é necessária uma autorização dos pais ou
representantes legais. Se houver divergência entre estes, o juiz deverá analisar escolhendo o
que é melhor para o menor, com base no princípio da proteção integral do menor-
“art.1631,CC”. Caso um dos pais ou responsáveis tiver falecido, o poder familiar irá se
concentrar nas mãos do outro para autorizar o casamento. As novas núpcias não interferem
no poder familiar, caso de padrasto ou madrasta, estes não precisam autorizar –
“art.1636,CC”. Se os pais forem divorciados, também não irá interferir na questão da
autorização, pois estes devem autorizar –“art.1632,CC”. Se houver uma negativa injusta dos
pais ou responsáveis, é possível buscar o suprimento judicial-“art.1519,CC”. Aquele que casar
por suprimento judicial, irá casar em regime de separação obrigatória de bens-“art.1641,CC”.
OS PAIS QUE AUTORIZAREM PODEM MUDAR DE IDEIA ATÉ A CELEBRAÇÃO DO CASAMENTO-
“art.1518,CC”.

As únicas hipóteses que o MENOR de 16 anos pode casar é em caso de gravidez e para evitar
imposição ou cumprimento de pena criminal (casamento com o ofensor), sendo necessário
autorização do juiz- “art.1520,CC”. 

*IMPEDIMENTOS MATRIMONIAIS: Hipóteses nas quais é vedado o casamento, são questões


de ordem ética ou parentesco.

Art. 1.521. Não podem casar:

I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil;

II - os afins em linha reta; [por escolha, quando vc casa, ganha sogro, sogra, etc... O sogro
e a sogra é indissolúvel, uma vez sogro(a), sempre sogro(a).]

III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do
adotante;

IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais”germano”, e demais colaterais, até o terceiro


grau inclusive[ex: sobrinhos e tios]; SL 3.200/41, diz que se houver 2 laudos médicos
autorizando e informando que não existe risco, é possível o casamento entre parentes de
terceiro grau. --- O Código civil é regra geral, e o decreto é exceção. OBS: Os parentes de 4º
grau podem se casar, como os primos.

V - o adotado com o filho do adotante;

VI - as pessoas casadas; [Crime de bigamia]

VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio


contra o seu consorte.

ART. 1.522. OS IMPEDIMENTOS PODEM SER OPOSTOS, ATÉ O MOMENTO DA


CELEBRAÇÃO DO CASAMENTO, POR QUALQUER PESSOA CAPAZ. [Os impedimentos refletem
questão de ordem pública]

Parágrafo único. Se o juiz, ou o oficial de registro, tiver conhecimento da existência de


algum impedimento, será obrigado a declará-lo.

E se caso você se casou e não observou o impedimento? Então este casamento será
NULO. (art.1548,CC)

*CAUSAS SUSPENSIVAS: São questões de ordem privada, nas quais o legislador se preocupa
com uma indevida confusão patrimonial/mistura de patrimônios. Ele se preocupa que o seu
patrimônio de uma relação anterior, se misture com o do novo relacionamento. Estas causas
não impedem de casar, apenas aconselham, e caso aconteça o casamento, será no regime de
separação obrigatória.
Art. 1.523. Não devem casar:

I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário
dos bens do casal e der partilha aos herdeiros;

II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até
dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal;

III - o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens
do casal;

IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou


sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e
não estiverem saldadas as respectivas contas.

Parágrafo único. É permitido aos nubentes solicitar ao juiz que não lhes sejam aplicadas
as causas suspensivas previstas nos incisos I, III e IV deste artigo, provando-se a inexistência
de prejuízo, respectivamente, para o herdeiro, para o ex-cônjuge e para a pessoa tutelada ou
curatelada; no caso do inciso II, a nubente deverá provar nascimento de filho, ou inexistência
de gravidez, na fluência do prazo. [É possível afastar a causa suspensiva e o regime
obrigatório, caso as partes que vão casar comprovem ausência de prejuízo futuro]

Art. 1.641. É obrigatório o regime da separação de bens no casamento: [Não


observância das causas suspensivas, casamento do maior de 70 anos, quem casar por
suprimento judicial]

I - das pessoas que o contraírem com inobservância das causas suspensivas da


celebração do casamento;

Art. 1.524. As causas suspensivas da celebração do casamento podem ser arguidas pelos
parentes em linha reta de um dos nubentes, sejam consanguíneos ou afins, e pelos colaterais
em segundo grau, sejam também consanguíneos ou afins. [Podem arguir as causas
suspensivas, pois a questão é de ordem privada]

*ANULABILIDADE DO CASAMENTO

Art. 1.550. É anulável o casamento:

I - de quem não completou a idade mínima para casar;

II - do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal;

III - por vício da vontade, nos termos dos arts. 1.556 a 1.558; :

a)Coação

b)Erro essencial quanto a pessoa: Fato anterior ao casamento, cuja descoberta se dá


depois do casamento e torna insuportável a continuidade da vida conjugal.
Art. 1.557. Considera-se erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge:

I - o que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama, sendo esse erro tal que o
seu conhecimento ulterior torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado;

II - a ignorância de crime, anterior ao casamento, que, por sua natureza, torne


insuportável a vida conjugal;

II - a ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável que não


caracterize deficiência ou de moléstia grave e transmissível, por contágio ou por herança,
capaz de pôr em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua descendência;

IV - do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento;

V - realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente soubesse da


revogação do mandato, e não sobrevindo coabitação entre os cônjuges;

VI - por incompetência da autoridade celebrante.

§ 1o. Equipara-se à revogação a invalidade do mandato judicialmente decretada.

§ 2o A pessoa com deficiência mental ou intelectual em idade núbia poderá contrair


matrimônio, expressando sua vontade diretamente ou por meio de seu responsável ou
curador.

Art. 1.551. Não se anulará, por motivo de idade, o casamento de que resultou
gravidez.[Única hipótese que não depende de capacidade núbil]

*QUAL O PRAZO PARA ARGUIR A ANULABILIDADE? De 1 a 4 anos.

Art. 1.560. O prazo para ser intentada a ação de anulação do casamento, a contar da
data da celebração, é de:

I - cento e oitenta dias, no caso do inciso IV do art. 1.550;

II - dois anos, se incompetente a autoridade celebrante;

III - três anos, nos casos dos incisos I a IV do art. 1.557;

IV - quatro anos, se houver coação.

§ 1o Extingue-se, em cento e oitenta dias, o direito de anular o casamento dos menores


de dezesseis anos, contado o prazo para o menor do dia em que perfez essa idade; e da data
do casamento, para seus representantes legais ou ascendentes.

§ 2o Na hipótese do inciso V do art. 1.550, o prazo para anulação do casamento é de


cento e oitenta dias, a partir da data em que o mandante tiver conhecimento da celebração.
*CASAMENTO DE FATO: É aquele celebrado por autoridade incompetente, mas que
exerce publicamente a função de juiz de casamento e leva o casamento a registro, esse
casamento é válido. É uma autoridade aparente.

Art. 1.554. Subsiste o casamento celebrado por aquele que, sem possuir a competência
exigida na lei, exercer publicamente as funções de juiz de casamentos e, nessa qualidade, tiver
registrado o ato no Registro Civil.

*REGIME DE BENS: É o estatuto jurídico patrimonial do casamento. Guiado por dois


princípios: Liberdade de escolha e mutabilidade. O instrumento jurídico hábil para essa
escolha do regime de bens é o pacto antenupcial/pré-nupcial/convenção dotal, que é um
contrato celebrado antes do casamento com o objetivo de regular o regime de bens da época
do casamento, este deve ser realizado por ESCRITURA PÚBLICA, sob pena de nulidade
absoluta. Esse pacto apenas produzirá os seus efeitos quando houver o casamento, ficando
sob condição suspensiva aguardando o casamento, sendo válido, mas ineficaz até que
aconteça.

Art. 1.653. É nulo o pacto antenupcial se não for feito por escritura pública, e ineficaz se
não lhe seguir o casamento.

Art. 1.654. A eficácia do pacto antenupcial, realizado por menor, fica condicionada à
aprovação de seu representante legal, salvo as hipóteses de regime obrigatório de separação
de bens.(Menor de 18 anos pode fazer pacto)

Art. 1.655. É nula a convenção ou cláusula dela que contravenha disposição absoluta de
lei.(Não pode desrespeitar convenção de ordem pública, a nulidade é da cláusula e não do
pacto).

Art. 1.657. As convenções antenupciais não terão efeito perante terceiros senão depois
de registradas, em livro especial, pelo oficial do Registro de Imóveis do domicílio dos cônjuges.

I.Liberdade de escolha e variedade: A regra geral é que os nubentes são livres para
escolha do regime de bens que estão na lei. Contudo, existem circunstâncias em que os
nubentes não podem escolher, lei impõe a separação obrigatória. São elas:

Art. 1.641. É obrigatório o regime da separação de bens no casamento:

I - das pessoas que o contraírem com inobservância das causas suspensivas da


celebração do casamento;

II – da pessoa maior de 70 (setenta) anos;

III - de todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial.

 Quando se faz um pacto antenupcial, a regra é que a pessoa deve escolher um dos
regimes expressos no código civil. Mas também pode-se exercitar a variedade e
escolher um regime de bens fora do código civil, criando um regime
híbrido/misto/atípico. Se estará exercitando a prerrogativa de criação de contratos
atípicos[desde que respeitadas as regras da teoria geral dos contratos].

Algumas pessoas optam por não fazer o pacto/não escolher o regime de bens, e nesse caso a
lei escolhe e traz o regime da comunhão parcial de bens[regime supletivo pq incidirá na
ausência de disposição de vontade das partes]:

Art. 1.640. Não havendo convenção, ou sendo ela nula ou ineficaz, vigorará, quanto aos
bens entre os cônjuges, o regime da comunhão parcial.

Parágrafo único. Poderão os nubentes, no processo de habilitação, optar por qualquer


dos regimes que este código regula. Quanto à forma, reduzir-se-á a termo a opção pela
comunhão parcial, fazendo-se o pacto antenupcial por escritura pública, nas demais
escolhas.

II.Mutabilidade/alterabilidade (art.1639,§2º,CC e art.734,CPC): É a possibilidade de


alterar o regime de bens, no curso do casamento. Para tanto alguns requisitos são exigidos:

Art. 1.639. É lícito aos nubentes, antes de celebrado o casamento, estipular, quanto aos
seus bens, o que lhes aprouver.

§ 2o É admissível alteração do regime de bens, mediante autorização judicial em pedido


motivado de ambos os cônjuges, apurada a procedência das razões invocadas e ressalvados
os direitos de terceiros. [a jurisdição é voluntária, o advogado pode ser único, o juízo
competente é o de família, não pode prejudicar terceiros, a decisão é ex nunc, deve se publicar
um edital, juiz deve julgar 30 dias após a publicação do edital para dar amplitude de
conhecimento, o MP deve intervir, após o transito em julgado o juiz expede os mandados de
averbação]

Art. 977. Faculta-se aos cônjuges contratar sociedade, entre si ou com terceiros, desde
que não tenham casado no regime da comunhão universal de bens, ou no da separação
obrigatória. [proíbe pessoas que são casadas em comunhão universal, de contratar
sociedade]

*ESPÉCIES DE REGIME DE BENS:

1.Comunhão parcial(art.1658,1661,CC): É regime supletivo que incide no silêncio das


partes. A regra geral é separação para o passado e comunhão para o futuro (cada um
permanece com o que tinha antes do casamento e o que for adquirido na constância do
casamento será das duas pessoas). Contudo, existe um rol de bens que não vira patrimônio
comum do casal:

Art. 1.659. Excluem-se da comunhão:

I - os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância
do casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar;
II - os bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um dos cônjuges em
sub-rogação dos bens particulares; (ex: tinha um bem antes do casamento, vendeu e colocou
outro no lugar)

III - as obrigações anteriores ao casamento;

IV - as obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo reversão em proveito do casal;

V - os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão;

VI - os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge;

VII - as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes.

Art. 1.660. Entram na comunhão:

I - os bens adquiridos na constância do casamento por título oneroso, ainda que só em


nome de um dos cônjuges;

II - os bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o concurso de trabalho ou despesa
anterior; (ex: ganhar na loteria)

III - os bens adquiridos por doação, herança ou legado, em favor de ambos os cônjuges;

IV - as benfeitorias em bens particulares de cada cônjuge;

V - os frutos dos bens comuns, ou dos particulares de cada cônjuge, percebidos na


constância do casamento, ou pendentes ao tempo de cessar a comunhão. (ex: eu tinha um
imóvel antes de casar, os frutos e benfeitorias gerados desse imóvel, na constância do
casamento, se comunicam)

Art. 1.662. No regime da comunhão parcial, presumem-se adquiridos na constância do


casamento os bens móveis, quando não se provar que o foram em data anterior. (presunção
relativa)

2.Comunhão universal (art.1.667,CC): É aquele regime que possibilita a mais ampla


comunicação patrimonial, torna os bens do patrimônio uma massa indivisível. Porém, alguns
bens são excluídos dessa comunhão:

Art. 1.668. São excluídos da comunhão:

I - os bens doados ou herdados com a cláusula de incomunicabilidade e os sub-rogados


em seu lugar;

II - os bens gravados de fideicomisso(É um instituto de direito sucessório, que remete a


uma substituição testamentária, cujo objetivo é agraciar, dar bens, para prole
eventual/concepturo- é aquele que apenas será concebido após o falecimento do de cujus) e
o direito do herdeiro fideicomissário, antes de realizada a condição suspensiva- o prazo para
conceber a prole eventual é de 2 anos- se não conceber nesse prazo, o patrimônio que estava
com a pessoa a título de fiducio, retornará a pessoa mont mord, e irá para seus herdeiros;
III - as dívidas anteriores ao casamento, salvo se provierem de despesas com seus
aprestos(preparativos do casamento), ou reverterem em proveito comum;

IV - as doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com a cláusula de


incomunicabilidade; (ex: aliança do casamento)

V - Os bens referidos nos incisos V a VII do art. 1.659.

3.Separação convencional/absoluta/total/voluntária: É o regime que as partes elegem


por pacto antenupcial e não haverá nenhuma comunicação patrimonial, há liberdade de
atuação das partes. As despesas do lar serão arcadas na proporção dos rendimentos. Nada
impede que haja disciplina em sentido contrário no pacto antenupcial.

Art. 1.688. Ambos os cônjuges são obrigados a contribuir para as despesas do casal na
proporção dos rendimentos de seu trabalho e de seus bens, salvo estipulação em contrário
no pacto antenupcial.

4.Separação legal/necessária/obrigatória/cogente: Ela não é escolhida, é imposta nas


hipóteses do art.1.641,CC. Se houver direcionamento ao entendimento sumulado, entende-
se que há comunicabilidade dos bens na constância do casamento. Caso contrário, com base
no código civil, não haverá comunicação patrimonial.

Art. 1.641. É obrigatório o regime da separação de bens no casamento:

I - das pessoas que o contraírem com inobservância das causas suspensivas da


celebração do casamento;

II – da pessoa maior de 70 (setenta) anos;

III - de todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial

5.Participação final dos aquestos: Diz que há bem adquiridos antes do casamento e
durante o casamento. Os aquestos são os bens adquiridos durante o casamento pelo casal, e
apenas estes se comunicam. Esse regime lhe dá a prerrogativa de durante o seu casamento,
ser adquirido bens de forma exclusiva e incomunicável. Essa comunicação será em regra de
50%, mas nada impede que nas aquisições específicas, sejam imputados os respectivos
percentuais. Também existe a mesma presunção da comunhão parcial, os bens móveis são
presumidamente aquestos, salvo comprovação em sentido contrário.
 DIVÓRCIO (Art.1580,CC e Art.226,§6º,CF): A EC 66/10 findou o prazo de reflexão
mínimo pretérito ao divórcio. No Brasil persistem as duas modalidades de divórcio:

a.Indireto/Conversão: É aquele no qual você primeiro se separa, e depois converte sua


separação em divórcio. Não existe prazo mínimo para isso.

b.Direto: É aquele que você não se separa primeiro, você vai diretamente para o divórcio. Não
exite prazo mínimo para isso.

Art. 1.581. O divórcio pode ser concedido sem que haja prévia partilha de bens.
(Independentemente se for direto ou indireto, as partes se divorciam logo e seguem os
debates acerca da partilha dos bens)

O código civil debate a culpa para o fim do casamento, o culpado é aquele que desrespeitou
gravemente os deveres do casamento e tornou insuportável a continuidade da vida em
comum. Ex: traição.

Uma vez verificada a prova da culpa, existem duas possíveis consequências:

1.O culpado em regra não tem direito a alimentos [ mas se o culpado necessitar de alimentos,
não tiver parente em condição para prestá-los e nem aptidão para trabalho, o inocente é
condenado a pagar], 2. Se você for culpado pelo término do casamento e a outra pessoa
requisitar expressamente que você retire o sobrenome, desde que não acarrete as
consequências do art.1.578,CC.

Art. 1.704. Se um dos cônjuges separados judicialmente vier a necessitar de alimentos,


será o outro obrigado a prestá-los mediante pensão a ser fixada pelo juiz, caso não tenha sido
declarado culpado na ação de separação judicial.

Parágrafo único. Se o cônjuge declarado culpado vier a necessitar de alimentos, e não


tiver parentes em condições de prestá-los, nem aptidão para o trabalho, o outro cônjuge será
obrigado a assegurá-los, fixando o juiz o valor indispensável à sobrevivência.
Art. 1.578. O cônjuge declarado culpado na ação de separação judicial perde o direito
de usar o sobrenome do outro, desde que expressamente requerido pelo cônjuge inocente e
se a alteração não acarretar:

I - evidente prejuízo para a sua identificação;

II - manifesta distinção entre o seu nome de família e o dos filhos havidos da união
dissolvida;

III - dano grave reconhecido na decisão judicial.

§ 1o O cônjuge inocente na ação de separação judicial poderá renunciar, a qualquer


momento, ao direito de usar o sobrenome do outro.

§ 2o Nos demais casos caberá a opção pela conservação do nome de casado.

Art. 1.566. São deveres de ambos os cônjuges:

I - fidelidade recíproca;

II - vida em comum, no domicílio conjugal;

III - mútua assistência;

IV - sustento, guarda e educação dos filhos;

V - respeito e consideração mútuos.

 DIVÓRCIO E SEPARAÇÃO EXTRAJUDICIAL: É possível desde que todos os


envolvidos sejam maiores e capazes [sem filho menor], não pode ter nascituro,
consenso entre as partes e presença do advogado. Se faz em um tabelionato
através de uma escritura pública, que irá regular sobre alimentos, meação e
sobrenome.

Art. 733. O divórcio consensual, a separação consensual e a extinção consensual de união


estável, não havendo nascituro ou filhos incapazes e observados os requisitos legais, poderão
ser realizados por escritura pública, da qual constarão as disposições de que trata o art. 731.

§ 1o A escritura não depende de homologação judicial e constitui título hábil para qualquer
ato de registro, bem como para levantamento de importância depositada em instituições
financeiras.

§ 2o O tabelião somente lavrará a escritura se os interessados estiverem assistidos por


advogado ou por defensor público, cuja qualificação e assinatura constarão do ato notarial.

Art. 734. A alteração do regime de bens do casamento, observados os requisitos legais,


poderá ser requerida, motivadamente, em petição assinada por ambos os cônjuges, na qual
serão expostas as razões que justificam a alteração, ressalvados os direitos de terceiros.
§ 1o Ao receber a petição inicial, o juiz determinará a intimação do Ministério Público e a
publicação de edital que divulgue a pretendida alteração de bens, somente podendo decidir
depois de decorrido o prazo de 30 (trinta) dias da publicação do edital.

§ 2o Os cônjuges, na petição inicial ou em petição avulsa, podem propor ao juiz meio


alternativo de divulgação da alteração do regime de bens, a fim de resguardar direitos de
terceiros.

§ 3o Após o trânsito em julgado da sentença, serão expedidos mandados de averbação aos


cartórios de registro civil e de imóveis e, caso qualquer dos cônjuges seja empresário, ao
Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins.

 UNIÃO ESTÁVEL: É uma convivência pública, contínua e duradoura, entre homem


e mulher desimpedidos de casar ou separados, com ânimo de constituir família.
Não é necessário prazo mínimo, não precisa morar junto de acordo com a S.382
STF, não precisa ter filhos, como distinguir do namoro? É o ânimo de constituir
família. – A união homoafetiva é uma entidade familiar, e por analogia se aplicam
as regras de união estável. – Os impedimentos do casamento se aplicam a união
estável? Em regra sim, com exceção de um deles: O separado, que não pode se
casar com outra pessoa enquanto não se divorciar ou se tornar viúvo, mas pode
ter união estável. [ é a única situação que se terá um impedimento que vale apenas
para o casamento e não para união estável ] .

Deveres pessoais:

Art. 1.724. As relações pessoais entre os companheiros obedecerão aos deveres de lealdade,
respeito e assistência, e de guarda, sustento e educação dos filhos.

Eficácia patrimonial:

Art. 1.725. Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros [contrato de
convivência-elegendo outro regime de bens], aplica-se às relações patrimoniais, no que
couber, o regime da comunhão parcial de bens.

Concubinato:

Art. 1.727. As relações não eventuais [habitual] entre o homem e a mulher, impedidos de
casar, constituem concubinato. Ex: Amante

O STJ não mais confere a concubina indenização por serviços prestados.

O STJ E STF não mais conferem efeitos familiares ao concubinato. Ex: pensão previdenciária,
pensão alimentícia, regime sucessório.
 ALIMENTOS: É tudo aquilo que é necessário para manutenção da vida. Ex: vestuário,
habitação, educação, lazer.

-ESPÉCIES DE ALIMENTOS CIVIS:

I.Quanto a sua natureza: Se dividem em naturais[regra geral do art.1694,CC- mais do que a


manutenção da vida, objetivam a manutenção de um padrão social] e
necessários[art.1694,§2º,CC- são os indispensáveis a subsistência, quando a situação de
necessidade resultar de culpa de quem os pleiteia].

-O que são os alimentos transitórios? A ideia é de que naqueles desfazimentos afetivos em


que o cônjuge precisa apenas de um período para ingressar no mercado de trabalho, tem
formação intelectual, idade ativa, força para o trabalho. Mas estava fora do mercado e precisa
de um tempo para reingresso.

II.Quanto as características:

a. Personalíssimos: São deferidos com base em qualidades específicas das pessoas, tanto
do credor, quanto do devedor. Aqui coloca-se o binômio capacidade/possibilidade e
necessidade. Vai ser a possibilidade de quem paga os alimentos(devedor) aliada a
necessidade do credor(aquele que pleiteia os alimentos).

b. Não são intuito persona(É possível a transmissão da obrigação alimentar), com base
no art.1.700,CC: Art. 1.700. A obrigação de prestar alimentos transmite-se aos
herdeiros do devedor, na forma do art. 1.694.

c. São irrenunciáveis, não são passíveis de cessão, compensação ou penhora, com base
no art.1.707,CC: Art. 1.707. Pode o credor não exercer, porém lhe é vedado renunciar
o direito a alimentos, sendo o respectivo crédito insuscetível de cessão, compensação
ou penhora, [pq são créditos, e tem uma natureza especial, com objetivo de
manutenção da vida ]. O STJ entende que essa irrenunciabilidade diz respeito apenas
a alimentos fundados no parentesco.

d. São irrepetíveis, é um dinheiro que vai e não volta. Você não tem como recobrar o
que pagou a alguém a título de alimentos.

e. São imprescritíveis, pois a ausência do seu exercício não irá gerar a sua perda.
Contudo, existe um prazo prescricional de 2 anos para a pretensão executória dos
alimentos. – O que é imprescritível é o direito aos alimentos [pretensão cognitiva], o
que prescreve é o direito a execução dos elementos [pretensão executória].

§ 2o Em dois anos, a pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data em que se
vencerem.

f. São irretroativos, pois irão valer dali para frente a partir da citação, serão ex nunc.

g. São impenhoráveis e incompensáveis(art.1.707,CC), por serem um crédito de


natureza especial.

-SUJEITOS DA OBRIGAÇÃO:

Quem são os devedores de alimentos?

a. Cônjuges/companheiros [Finalizou união estável ou casamento /aplica-se todas as


características da obrigação alimentar]

Art. 1.708. Com o casamento, a união estável ou o concubinato do credor [aquele que
está recebendo], cessa o dever de prestar alimentos.
Parágrafo único. Com relação ao credor cessa, também, o direito a alimentos, se tiver
procedimento indigno em relação ao devedor.

O namoro é fato extintivo da obrigação alimentar? Não.

Se a credora tiver procedimento de indigno [condutas atentatórias a ética, atentar


contra a vida do devedor, caluniar, injuriar, lesionar gravemente...] em relação ao
devedor, o procedimento também será extinto.
b. Parentesco- Quem são os parentes devedores de alimentos? Ascendentes,
Descendentes, Colaterais de 2º grau “irmão”.

Art. 1.698. Se o parente, que deve alimentos em primeiro lugar, não estiver em condições de
suportar totalmente o encargo, serão chamados a concorrer os de grau imediato; sendo várias
as pessoas obrigadas a prestar alimentos, todas devem concorrer na proporção dos
respectivos recursos, e, intentada ação contra uma delas, poderão as demais ser chamadas a
integrar a lide.(Obrigação complementar- chamando os demais devedores a integrar a lide
para que eles complementem esse valor alimentar)
*** STJ entende que até 24-25 anos, se tiver fazendo graduação, faculdade ou curso técnico,
estende-se a presunção de necessidade.

*** No Brasil cabe alimentos gravídicos(lei 11.804/2008)? Sim. A legitimidade ativa para
pleiteá-los é da mulher gestante.

Art. 1o Esta lei disciplina o direito de alimentos da mulher gestante e a forma como será
exercido.

Art. 2o Os alimentos de que trata esta Lei compreenderão os valores suficientes para
cobrir as despesas adicionais do período de gravidez e que sejam dela decorrentes, da
concepção ao parto, inclusive as referentes a alimentação especial, assistência médica e
psicológica, exames complementares, internações, parto, medicamentos e demais
prescrições preventivas e terapêuticas indispensáveis, a juízo do médico, além de outras que
o juiz considere pertinentes.

Parágrafo único. Os alimentos de que trata este artigo referem-se à parte das despesas
que deverá ser custeada pelo futuro pai, considerando-se a contribuição que também deverá
ser dada pela mulher grávida, na proporção dos recursos de ambos.

Art. 6o Convencido da existência de indícios da paternidade, o juiz fixará alimentos


gravídicos que perdurarão até o nascimento da criança, sopesando as necessidades da parte
autora e as possibilidades da parte ré. (não dá pra fazer DNA gestacional, pq pode causar
aborto, então condena-se o suposto pai)

******Parágrafo único. Após o nascimento com vida, OS ALIMENTOS GRAVÍDICOS FICAM


CONVERTIDOS EM PENSÃO ALIMENTÍCIA em favor do menor até que uma das partes solicite
a sua revisão. (converte-se de forma automática- e cabe ao suposto pai ação revisional)

Art. 7o O réu será citado para apresentar resposta em 5 (cinco) dias. (Curto pq a ideia é que
os alimentos sejam pagos ainda no período gestacional).
 SUCESSÃO

O que é o direito sucessório? É o conjunto de normas que disciplinam a transmissão do


patrimônio de alguém para após a sua morte, em virtude da lei ou de testamento.

OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: NÃO SE PODE CONFUNDIR MEAÇÃO COM HERANÇA !!!!!!!!!!!!

MEAÇÃO= Tem como fato gerador o REGIME DE BENS, e se aplicará quando houver uma
dissolução afetiva. Ex: Se eu sou casado com você em comunhão universal de bens, eu tenho
direito a 50% do patrimônio a título de meação. Quando se sabe se a dissolução afetiva irá
gerar meação? Sempre que houver comunicação patrimonial, e o patrimônio vira do casal.

HERANÇA= Tem como fato gerador a MORTE, e diz respeito ao direito sucessório. Ex: Se uma
pessoa que morreu era casada, a primeira coisa que se faz é livrar a meação (dá a meação
para quem sobreviveu, se esta existir, pois irá depender do regime de bens) e irá tratar só da
herança.

 Quem é o sucessor? É aquele que sucede.

OBS: O herdeiro recebe a título universal/ um percentual (%), o herdeiro testamentário pode
receber até 10% do patrimônio líquido do falecido, o percentual do herdeiro legítimo é
direcionado pelo legislador. Já o legatário recebe a título singular, recebendo um bem que é
certo e determinado.

OBS: O herdeiro necessário só não vai herdar em situações muito excepcionais. Ex:
indignidade, deserdação. / O herdeiro facultativo só irá herdar na ausência dos necessários e
de disposição de última vontade.

OBS: A jurisprudência por isonomia constitucional, vem colocando o companheiro ao lado do


cônjuge, como herdeiro legítimo necessário.
 SISTEMA SUCESSÓRIO NACIONAL:

Qual é o adotado pelo direito brasileiro? O sistema da divisão necessária [de tudo aquilo que
você tem, o legislador passa a régua no meio], pautada na proximidade. A quota disponível
você pode fazer quase tudo que você quiser, pois há algumas restrições. Em relação a quota
indisponível/legítima[art.1784,1845.1846,CC], o legislador é quem dá o destino [dos herdeiros
legítimos necessários, que são aqueles que necessariamente irão herdar: descendentes,
ascendentes, cônjuges/companheiro- caso não exista necessários, vai para os facultativos].
O sistema da proximidade diz que ao fazer o endereçamento da legítima, os mais próximos
preferem aos mais remotos.

Essa regra geral da proximidade, sofre uma exceção que é o direito de representação, que diz
que nem sempre os mais próximos irão preferir os mais remotos. Aplica-se na descendência
e colateralidade, mas não se aplica na ascendência.

Art. 1.851. Dá-se o direito de representação, quando a lei chama certos parentes do
falecido a suceder em todos os direitos, em que ele sucederia, se vivo fosse.

Art. 1.852. O direito de representação dá-se na linha reta descendente, mas nunca na
ascendente.

Art. 1.853. Na linha transversal, somente se dá o direito de representação em favor dos filhos
de irmãos do falecido, quando com irmãos deste concorrerem.
Caiu é pai de marcos e Fábio, e marcos é pai de hugo, marcos é pré-morto, então de acordo
com o direito de representação, hugo irá representá-lo, recebendo sua quota parte. Assim
como no exemplo abaixo, da colateralidade.

 Em qual momento abre-se a sucessão?


A lei que regula a sucessão é a da sua abertura e a abertura se dá com o óbito. A partilha tem
efeito ex tunc, o patrimônio é transmitido/dividido desde o momento do óbito. (Aplica-se a
lei vigente do momento da morte).

Art. 1.784. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e
testamentários.

Art. 1.787. Regula a sucessão e a legitimação para suceder a lei vigente ao tempo da abertura
daquela.

 CAPACIDADE PARA SUCEDER: (aula 5.3)- Divide-se em ativa e passiva.

ATIVA: SE INICIA AOS 16 ANOS DE IDADE. Testar é um ato personalíssimo, independente de


assistência ou intervenção. É verificada no momento da elaboração do testamento (não
importa a situação no momento do óbito).

Art. 1.860. Além dos incapazes, não podem testar os que, no ato de fazê-lo, não tiverem
pleno discernimento.

Parágrafo único. Podem testar os maiores de dezesseis anos.

Art. 1.861. A incapacidade superveniente do testador não invalida o testamento, nem o


testamento do incapaz se valida com a superveniência da capacidade.

PASSIVA: Engloba as pessoas já nascidas e concebidas no momento da abertura da


sucessão[morte].

Legítimas=Art. 1.798. Legitimam-se a suceder as pessoas nascidas ou já concebidas no


momento da abertura da sucessão. (Engloba as pessoas já nascidas e concebidas no momento
da abertura da sucessão[morte]).

Testamentárias=Art. 1.799. Na sucessão testamentária podem ainda ser chamados a suceder:

I - os filhos, ainda não concebidos, de pessoas indicadas pelo testador, desde que vivas
estas ao abrir-se a sucessão;
II - as pessoas jurídicas;

III - as pessoas jurídicas, cuja organização for determinada pelo testador sob a forma de
fundação.

-Quem são os ilegítimos para suceder?

Art. 1.801. Não podem ser nomeados herdeiros nem legatários:

I - a pessoa que, a rogo, escreveu o testamento, nem o seu cônjuge ou companheiro, ou


os seus ascendentes e irmãos;

II - as testemunhas do testamento;

III - o concubino do testador casado, salvo se este, sem culpa sua, estiver separado de
fato do cônjuge há mais de cinco anos;

IV - o tabelião, civil ou militar, ou o comandante ou escrivão, perante quem se fizer,


assim como o que fizer ou aprovar o testamento.

Art. 1.802. São nulas as disposições testamentárias em favor de pessoas não legitimadas
a suceder, ainda quando simuladas sob a forma de contrato oneroso, ou feitas mediante
interposta pessoa.

Parágrafo único. Presumem-se pessoas interpostas os ascendentes, os descendentes, os


irmãos e o cônjuge ou companheiro do não legitimado a suceder. [se essa deixa tiver sido para
estas pessoas que são “parentes” do não legitimado a suceder]

-O que é indignidade e deserdação? São sanções civis nas quais o sujeito está
ilegitimado para suceder. Ex: Suzane filha dos pais que participou para matar.

*INDIGNIDADE: Aplica-se a legítima e testamentária, está baseada no art.1.814,CC. É


necessário um processo judicial por ação de indignidade, ajuizada pelos demais herdeiros e
legatários pq estes tem interesse para aumentar sua quota hereditária, O STJ entende que o
MP também tem legitimação, quando a indignidade decorrer de um crime de ação pública
incondicionada. Os efeitos são pessoais [severos, acompanharão o indigno pelo resto da vida]
e haverá direito de representação. É possível o perdão da indignidade, que pode ser expresso
ou tácito.

Art. 1.814. São excluídos da sucessão os herdeiros ou legatários:

I - que houverem sido autores, co-autores ou partícipes de homicídio doloso, ou


tentativa deste, contra a pessoa de cuja sucessão se tratar, seu cônjuge, companheiro,
ascendente ou descendente;

II - que houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da herança ou incorrerem


em crime contra a sua honra, ou de seu cônjuge ou companheiro;

III - que, por violência ou meios fraudulentos, inibirem ou obstarem o autor da herança
de dispor livremente de seus bens por ato de última vontade.
Art. 1.815. A exclusão do herdeiro ou legatário, em qualquer desses casos de
indignidade, será declarada por sentença.

§ 1o Parágrafo único. O direito de demandar a exclusão do herdeiro ou legatário


extingue-se em quatro anos, contados da abertura da sucessão[morte].

§ 2o Na hipótese do inciso I do art. 1.814, o Ministério Público tem legitimidade para


demandar a exclusão do herdeiro ou legatário.

Art. 1.816. São pessoais os efeitos da exclusão [referem-se apenas ao herdeiro que foi
declarado indigno]; os descendentes do herdeiro excluído sucedem, como se ele morto fosse
antes da abertura da sucessão.

Parágrafo único. O excluído da sucessão não terá direito ao usufruto ou à administração


dos bens que a seus sucessores couberem na herança, nem à sucessão eventual desses bens.

Art. 1.818. Aquele que incorreu em atos que determinem a exclusão da herança será
admitido a suceder, se o ofendido o tiver expressamente reabilitado em testamento, ou em
outro ato autêntico.

Parágrafo único. Não havendo reabilitação expressa, o indigno, contemplado em


testamento do ofendido, quando o testador, ao testar, já conhecia a causa da indignidade,
pode suceder no limite da disposição testamentária. [quando deixa patrimônio para o
indigno].

*DESERDAÇÃO: É um instituto de sucessão testamentária, tem por objetivo deserdar o


herdeiro LEGÍTIMO NECESSÁRIO. Para ter deserdação é necessário ter processo, por uma
ação de deserdação, quem irá ajuizar são os demais herdeiros ou testamenteiro. O prazo
também é de 4 anos, porém da abertura do testamento.

Art. 1.962. Além das causas mencionadas no art. 1.814[fatos da indignidade], autorizam
a deserdação dos descendentes por seus ascendentes:

I - ofensa física;

II - injúria grave;

III - relações ilícitas com a madrasta ou com o padrasto;

IV - desamparo do ascendente em alienação mental ou grave enfermidade.

Art. 1.963. Além das causas enumeradas no art. 1.814, autorizam a deserdação dos
ascendentes pelos descendentes:

I - ofensa física;

II - injúria grave;

III - relações ilícitas com a mulher ou companheira do filho ou a do neto, ou com o


marido ou companheiro da filha ou o da neta;
IV - desamparo do filho ou neto com deficiência mental ou grave enfermidade

 RENÚNCIA A HERANÇA: Pode ser renunciada, desde que de forma expressa por
instrumento público ou termo judicial. Não pode gerar prejuízo a credores, se isso
acontecer os credores podem se habilitar no inventário. Não haverá direito de
representação.

Art. 1.806. A renúncia da herança deve constar expressamente de instrumento público ou


termo judicial.

Art. 1.811. Ninguém pode suceder, representando herdeiro renunciante. Se, porém, ele for
o único legítimo da sua classe, ou se todos os outros da mesma classe renunciarem a herança,
poderão os filhos vir à sucessão, por direito próprio, e por cabeça. [O herdeiro do
representante que renunciou, não pode representá-lo, pois na renúncia não existe direito de
representação]

Art. 1.813. Quando o herdeiro prejudicar os seus credores, renunciando à herança,


poderão eles, com autorização do juiz, aceitá-la em nome do renunciante.

§ 1o A habilitação dos credores se fará no prazo de trinta dias seguintes ao


conhecimento do fato.

§ 2o Pagas as dívidas do renunciante, prevalece a renúncia quanto ao remanescente,


que será devolvido aos demais herdeiros.

*SUCESSÃO LEGÍTIMA: É aquela ordem de vocação hereditária, estabelecida na lei, que vai
abranger pelo menos 50% do seu patrimônio que é a quota indisponível. A legítima será
endereçada aos herdeiros legítimos necessários (ascendentes, descendentes e
cônjuge/companheiro). (aula 5.4)

I. Descendência= Guiada pelos princípios da igualdade [se dará por cabeça, vai dividir de
forma igual, pegando o número de descendentes que tiver mais próximos, não importando a
origem da descendência] e proximidade [é relativa, que é no caso em que o pai morre, e os
filhos representam a sua parte]. Se não tiver ninguém na descendência, avança para os
ascendentes.

II.Ascendência= Também vigoram os princípios da igualdade [aqui é nas linhas, pq vc vai jogar
50% para linha paterna e 50% para linha materna, devem ter o mesmo percentual,
independente das circunstâncias] e da proximidade[ aqui é absoluta, pq não há direito de
representação, então se um dos ascendentes morrer, o que sobreviver ficará com tudo, não
havendo a representação dos mais próximos.] OBS: Para ter representação, é necessário ter
alguém da classe anterior morto, e outro vivo.
III.Cônjuge/companheiro= Podem ter:

a. Meação [decorre do término do relacionamento e do regime de bens. Ex: sujeito


que era casado ou tinha união estável morreu, a primeira coisa a se fazer é livrar a
meação, tem que ver o que comunica para se dividir].
b. Direito real de habitação [pode ter esse direito, que é o direito real sobre coisa
alheia, não é direito de propriedade, o seu objetivo é manter o direito à moradia].

Art. 1.831. Ao cônjuge sobrevivente, qualquer que seja o regime de bens, será
assegurado, sem prejuízo da participação que lhe caiba na herança, o direito real de
habitação relativamente ao imóvel destinado à residência da família, desde que seja
o único daquela natureza a inventariar. [Ex: se eu morri, minha esposa é o cônjuge
sobrevivente , e só há um imóvel a ser inventariado no inventário, que é o imóvel em
que nós residimos, minha esposa terá direito real de habitação sobre o imóvel, ainda
que a propriedade do bem não fique com ela, ela terá direito de morar no bem de
forma vitalícia até morrer, e ainda que se case ou tenha união estável com outra
pessoa].-STJ aplica essa regra por analogia ao companheiro.

c. Herança [ De acordo com entendimento jurisprudencial, a sucessão do companheiro


é igual à do cônjuge]

-PRESSUPOSTO PARA SUCESSÃO: O cônjuge deve está casado ao tempo da morte.


Ele concorre em regra de forma igualitária e essa quota não pode ser inferior a
quarta parte da herança se concorrer com filhos comuns. Se for com filhos
incomuns, irá deixar sua quarta parte, e dividir o resto para os filhos incomuns,
não devendo ser necessariamente igual.

Art. 1.830. Somente é reconhecido direito sucessório ao cônjuge sobrevivente se, ao


tempo da morte do outro, não estavam separados judicialmente, nem separados de
fato há mais de dois anos, salvo prova, neste caso, de que essa convivência se
tornara impossível sem culpa do sobrevivente.

Nesse caso, estando casado ao tempo da morte, o cônjuge ou companheiro poderá


concorrer com os descendentes. A variação se dará a depender do regime de bens
do casamento.
Refere-se ao direito de herança, pois a meação irá se dar de acordo com o regime.

Bens particulares são aqueles que não viraram objeto de comunhão. São os
incomunicáveis. Então na comunhão parcial, ele somente herdará sobre os bens particulares
que foram comunicáveis.

Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:

I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este


com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens
(art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não
houver deixado bens particulares;

II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge; (IRÁ CONCORRER DE TODO JEITO,


NÃO IMPORTA O REGIME DE BENS)

III - ao cônjuge sobrevivente;

IV - aos colaterais.
Art. 1.832. Em concorrência com os descendentes (art. 1.829, inciso I) caberá ao cônjuge
quinhão igual ao dos que sucederem por cabeça, não podendo a sua quota ser inferior à
quarta parte da herança, se for ascendente dos herdeiros com que concorrer.
 Se não houver descendentes, quem irá concorrer será os ascendentes. Na
ascendência, o cônjuge ou companheiro invariavelmente concorrerá, não importa
o regime de bens. Concorre de acordo com o art.1.837,CC:

ART. 1.837. CONCORRENDO COM ASCENDENTE EM PRIMEIRO GRAU, AO CÔNJUGE


TOCARÁ UM TERÇO DA HERANÇA; CABER-LHE-Á A METADE DESTA SE HOUVER UM
SÓ ASCENDENTE, OU SE MAIOR FOR AQUELE GRAU. (Se concorrer com ascendente
de primeiro grau, a quota será igualitária, se for de segundo grau em diante, terá
reserva da metade da herança).

 Se não houver nenhum ascendente e nem descendente, vai tudo para o cônjuge
ou companheiro.

 Se não houver nem se quer cônjuge ou companheiro(nenhum herdeiro legítimo


necessário), nem muito menos testamento, vai para os herdeiros legítimos
facultativos, que são os colaterais até 4º grau (2º grau=irmãos/3º grau=sobrinhos
e tios/4º grau=primos).

 SUCESSÃO DOS COLATERAIS:

Na sucessão da colateralidade, que são os herdeiros facultativos, os mais próximos preferem


os mais remotos, nos graus.

Art. 1.839. Se não houver cônjuge sobrevivente, nas condições estabelecidas no art.
1.830, serão chamados a suceder os colaterais até o quarto grau.

Art. 1.840. Na classe dos colaterais, os mais próximos excluem os mais remotos, salvo o
direito de representação concedido aos filhos de irmãos.

Art. 1.841. Concorrendo à herança do falecido irmãos bilaterais com irmãos unilaterais,
cada um destes herdará metade do que cada um daqueles herdar. (Leia-se meio irmão= meia
herança – esse critério também vale para representação do irmão, ou seja, meio sobrinho do
de cujus=meia herança.)
 Indo para os colaterais de 3º grau (sobrinhos e tios), os sobrinhos sempre preferem
aos tios pq a sucessão sempre se inicia na descendência.

 Indo para os colaterais de 4º grau, o primo recebe.

 Se não houver mais NINGUÉEEM, a sua herança será declarada JACENTE (que é um
estágio transitório no qual procuramos herdeiros) e depois de 1 ano de herança
jacente, esta herança irá se transformar em herança VACANTE (que é uma herança
vaga), e 5 anos após o falecimento do de cujus (abertura da sucessão), esse
patrimônio será incorporado ao município, distrito federal ou união, vai depender
do local em que o patrimônio estiver domiciliado. Contudo, se o de cujus que
faleceu, tinha herdeiros, e estes renunciaram a herança, pode-se ir direto para
herança vacante(art.1.819,SS,CC).

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