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C:'J2]p Creswell, John W


Pesquisa de métodos mistos / John W Creswell, Vicki L. Plano
Clark ; tradução: Magda França Lopes ; revisão técnica: Dirceu da
Silva. - 2. ed. - Porto Alegre : Penso, 2013.
288 p. : il. ; 25 cm.
Tradução:
Magd.i Franç;i Lopes
ISBN 978-85-65848-47-3
Consultoria, supervisão e revisão técnica desta edição:
1. Métodos de pesquisa. 2. Métodos mistos. I. Plano Clark, Vicki L. Dirceu da Silva
ti. Título. noutor c·111 l·:clurnriw 11C'lu U11ivcrsidC1dc de São Paulo (USP).
l'ro/i·ssor c!C1 l/11ivasiclucl,· t·:s1c1r/11ul ele C:u111pinas (Unicwnp).
CDU 001.891

C . 11.ilog;11.;;w na publicação: Ana Paula M. Magnus CRB 10/2052

'Ili
O que dizer sobre a natureza da pesquisa de www.climatecrisis.net/an-inconvenient-truth.
métodos mistos que atrai os pesquisadores php). No documentário, Gore narrava tan-
para o seu uso? Sua popularidade pode ser to as tendências estatísticas quanto as his-
facilmente documentada mediante artigos tórias de sua trajetória pessoal relacionadas
de periódicos, artigos publicados em anais à mudança do clima e ao aquecimento glo-
de congressos, livros e a formação de grupos bal. Esse documentário reúne dados quanti-
de interesse especial (Creswell, no prelo-b; tativos e qualitativos para contar a história.
Plano Clark, 2010). Tem sido chamada de Além disso, escute atentamente as reporta-
·'o terceiro movimento metodológico" após gens da CNN sobre furacões ou sobre a con-
os desenvolvimentos da pesquisa quantita- tagem de votos nas eleições. As tendências
tiva e da pesquisa qualitativa (Tashakkori são mais uma vez corroboradas pelas histó-
e Teddlie, 2003a, p. 5), "o terceiro paradig- rias individuais. Ou escute os comentaristas
ma da pesquisa" (Johnson e Onwuegbuzie, nos eventos esportivos. Há com frequência
2004, p. 15) e "uma nova estrela no céu da um narrador que descreve detalhadamente
ciência social" (Mayring, 2007, p. 1). Por o desenrolar, às vezes linear, do jogo (uma
que ela merece tais superlativos? Uma res- perspectiva quantitativa) e depois o comen-
posta é que ela é uma maneira intuitiva de tário adicional do analista que nos fala so-
fazer pesquisa que está constantemente sen- bre as histórias individuais e os destaques
do mostrada em nossas vidas cotidianas. dos jogadores que estão no campo. Mais
Considere por um momento An In- uma vez, os dados quantitativos e qualitati-
convenient Truth, o documentário premia- vos vêm juntos nessas transmissões.
do sobre o aquecimento global apresentan- Nesses instantes, vemos o pensamento
do o ex-vice-presidente dos Estados Unidos dos métodos mistos em maneiras que Gree-
e ganhador do prêmio Nobel, Al Gore (http:// ne (2007) chamou de "as múltiplas manei-
20 CRESWELL & PLANO CLARK

ras de ver e ouvir" (p. 20 . Múltiplas ma- ./ reconhecer que tipos de problemas de
neiras são visíveis na vida cotidiana, e os pesquisa merecem um estudo de métodos
métodos mistos tornam-se uma saída na- mistos;
tural para a pesquisa. Mas outros fatores ./ conhecer as vantagens de usar métodos
também contribuem para esse interesse nos mistos;
métodos mistos. Os pesquisadores os reco- ./ entender os desafios de usar métodos
nhecem como uma abordagem acessívei à mistos.
investigação. Eles têm questões (ou proble-
mas) de pesquisa que podem ser mais bem
respondidos usando-se métodos mistos e DEFINIÇÃO DA PESQU!SA
enxergam o valor de usá-los (assim como os
desafios que estes colocam).
DE MÉTODOS MISTOS
Compreender a natureza da pesquisa No decorrer dos anos, emergiram várias de-
de métodos mistos é um primeiro passo im- finições dos métodos mistos que incorporam
portante a ser usado na pesquisa. Este capí- vários elementos dos métodos, dos proces-
tulo examina várias considerações prelimi- sos de pesquisa, da filosofia e do projeto de
nares necessárias antes que um pesquisador pesquisa. Essas diferentes posturas estão re-
planeje um estudo de métodos mistos. Aqui sumidas no Quadro 1.1.
são tratadas as seguintes considerações: Uma definição inicial dos métodos
mistos veio dos autores do campo da ava-
./ compreender o que significa a pesquisa liação. Greene, Caracelli e Graham (1989
de métodos mistos; enfatizaram a mistura dos métodos e a li-
./ olhar exemplos de estudos de métodos bertação dos métodos e da filosofia (i.e., os
mistos; paradigmas), quando disseram:

Os autores e o foco na orientação de sua definição de métodos mistos

Autor(es) e ano Foco da definição

Greene, Caracelli e Graham ( 1989) Métodos


Filosofia

Tashakkori e Teddlie ( 1998) Metodologia

Johnson, Onwuegbuzie e Turner (2007) Pesquisa qualitativa e quantitativa


Propósito

Journol of Mixed Methods Research UMMR) Pesquisa qualitativa e quantitativa


(chamada para envio de artigos) Métodos

Greene (2007) Múltiplas maneiras de enxergar, ouvir e extrair


sentido do mundo social

Creswell e Plano Clark (2007) Métodos


Filosofia

Características fundamentais Métodos


(apresentadas e usadas neste livro) Filosofia
Projeto de pesquisa
PESQUISA DE MÉTODOS MISTOS 28

Neste estudo, definimos os projetos colaboradores (2007) terminavam com sua


de métodos mistos como aqueles que definição composta:
incluem pelo menos um método quan-
titativo (destinado a coletar números) A pesquisa de métodos mistos é o ti-
e um método qualitativo (destinado a po de pesquisa em que um pesquisa-
coletar palavras), em que nenhum ti- dor ou um grupo de pesquisadores
po de método está inerentemente li- combina elementos de abordagens
gado a qualquer paradigma particular de pesquisa qualitativa e quantitati-
de investigação. (p. 256) va (p. ex., o uso de pontos de vista
qualitativos e quantitativos, coleta
Dez anos mais tarde, a definição mu- de dados, análise e técnicas de infe-
dou de misturar dois métodos para misturar rência) para o propósito de ampliar
em todas as fases do processo de pesquisa e aprofundar o entendimento e a cor-
- uma orientação metodológica (Tashakkori roboração. (p. 123)
e Teddlie, 1998). Incluído nessa orientação
estaria misturar posições filosóficas (isto é, Nessa definição, os autores não enca-
visão de mundo), inferências e as interpre- ravam os métodos mistos simplesmente co-
tações dos resultados. Por isso, Tashakkori e mo métodos, mas como uma metodologia
Teddlie (1998) definiram os métodos mistos que unia os pontos de vista às inferências e
como a combinação de "abordagens qualita- incluía a combinação de pesquisa qualitativa
:ivas e quantitativas na metodologia de um e quantitativa. Eles incorporavam diferentes
estudo" (p. ix). Esses autores reforçaram pontos de vista, mas não mencionavam espe-
essa orientação metodológica em seu pre- cificamente os paradigmas (como na defini-
fácio ao SAGE Handbook of Mixed Methods ção de Greene et al., 1989). Seus propósitos
in Social & Behavioral Research, escrevendo para os métodos mistos - ampliação e pro-
que "a pesquisa de métodos mistos evoluiu a fundidade do entendimento e da corrobora-
um ponto em que é uma orientação metodo- ção - significavam que eles relacionavam a
lógica separada, com suas próprias visões de definição de métodos mistos com uma jus-
mundo, vocabulário e técnicas" (Tashakkori tificativa para conduzi-los. Mais importante,
e Teddlie, 2003a, p. x). talvez, eles sugeriam que há uma definição
Em um artigo bastante citado do Jow·- comum que deve ser usada.
nal of Mixed Methods Research (JMMR), Quando foi lançada a chamada para o
Johnson, Onwuegbuzie e Turner (2007) envio de artigos para o nosso primeiro nú-
buscaram um consenso sobre uma defini- mero do JMMR, nós, como editores, sen-
ção, sugerindo um entendimento composto timos que deveria ser proporcionada uma
com base em 19 definições diferentes apre- definição geral de métodos mistos. Nossa
sentadas por 21 pesquisadores de métodos abordagem incorporava tanto uma orienta-
mistos muito publicados. Os autores comen- ção geral da pesquisa qualitativa e quanti-
tavam sobre as definições, citando as varia- tativa quanto uma orientação de métodos.
ções nelas, desde o que estava sendo mis- Nossa intenção era também colocar a nos-
turado (p. ex., métodos, metodologias ou sa definição dentro das abordagens aceitas
tipos de pesquisa), o local no processo da para os métodos mistos, para encorajar os
pesquisa em que a mistura ocorria (p. ex., artigos mais amplos possíveis e para "man-
coleta de dados, análise de dados), o esco- ter aberta a discussão sobre a definição de
po da mistura (p. ex., de dados a visões de métodos mistos" (Tashakkori e Creswell,
mundo), o propósito ou justificativa para a 2007b, p. 4 ). Então, a definição anunciada
mistura (p. ex., ampliação, corroboração) e no primeiro número da revista foi que
os elementos que direcionam a pesquisa (p.
ex., de baixo para cima, de cima para bai- a pesquisa de métodos mistos é defi-
xo, um componente essencial). Incorporan- nida como aquela em que o investiga-
do essas diferentes perspectivas, Johnson e dor coleta e analisa os dados, integra
22 CRESW ELL & PLANO CLARK

os achados e extrai inferências usando abordagens isoladamente. (Creswell e


abordagens ou métodos qualitativos e Plano Clark, 2007, p. 5)
quantitativos em um único estudo ou
programa de investigação. (Tashakkori Essa definição foi padronizada na des-
e Creswell, 2007b, p. 4) crição de uma abordagem que usa múlti-
plos significados, como aquela encontrada
Então, Greene (2007) apresentou uma na definição de Stake (1995) de um estudo
definição de métodos mistos que conceitua- de caso em que ele falava sobre a pesquisa ~ 1
va esta forma de indagação diferentemente, de estudo de caso como originária de várias :1
como uma maneira de olhar o mundo social ideias distintas.
Atualmente, achamos que uma defini-
[... ] que ativamente nos convida a par- ção para os métodos mistos deve incorporar
ticipar do diálogo sobre múltiplas ma- muitos pontos de vista diferentes. Nesse es-
neiras de ver e ouvir, múltiplas manei- pírito, nos baseamos em uma definição das
ras de extrair sentido do mundo social, características essenciais da pesquisa de
e múltiplos pontos de vista sobre o que métodos mistos. É uma definição que su-
é importante e deve ser valorizado e gerimos em nossos workshops e em nossas
apreciado. (p. 20) apresentações sobre a pesquisa de métodos
mistos. Ela combina métodos, uma filosofia e
Definir métodos mistos como "múlti- uma orientação do projeto de pesquisa. Tam-
plas maneiras de ver" abre amplas aplica- bém destaca os componentes fundamentais
ções além de usá-los apenas como um méto- que entram no planejamento e na condução
do de pesquisa. Eles podem ser usados, por de um estudo de métodos mistos; portanto,
exemplo, como uma abordagem para pen- será enfatizada neste livro. Nos métodos mis-
sar sobre o planejamento de documentários tos, o pesquisador
(Creswell e McCoy, no prelo) ou como um
meio de "enxergar" abordagens participati- ,/ coleta e analisa de modo persuasivo
vas para populações infectadas por HN em e rigoroso tanto os dados qualitativos
Cape Eastern, na África do Sul (Olivier, de quanto os quantitativos (tendo por base
Lange, Creswell e Wood, 2010). as questões de pesquisa);
Também em 2007, na primeira edi- ,/ mistura (ou integra ou vincula) as duas
ção deste livro, apresentamos uma defini- formas de dados concomitantemente,
ção que tinha tanto uma orientação para os combinando-os (ou misturando-os) de
métodos quanto uma orientação filosófica. modo sequencial, fazendo um construir
Nós dissemos: o outro ou incorporando um no outro;
.,/ dá prioridade a uma ou a ambas as formas
A pesquisa de métodos mistos é um de dados (em termos do que a pesquisa
projeto de pesquisa com suposições enfatiza);
filosóficas e também com métodos de ,/ usa esses procedimentos em um único
investigação. Como uma metodologia, estudo ou em múltiplas fases de um pro-
ela envolve suposições filosóficas que grama de estudo;
guiam a direção da coleta e da análise e ,/ estrutura esses procedimentos de acordo
a mistura das abordagens qualitativa e com visões de mundo filosóficas e lentes
quantitativa em muitas fases do proces- teóricas; e
so da pesquisa. Como um método, ela .,/ combina os procedimentos em projetos
se concentra em coletar, analisar e mis- de pesquisa específicos que direcionam
turar dados quantitativos e qualitativos o plano para a condução do estudo.
em um único estudo ou uma série de
estudos. Em combinação, proporciona Acreditamos que essas características
um melhor entendimento dos proble- essenciais descrevem adequadamente a pes-
mas de pesquisa do que cada uma das quisa de métodos mistos. Elas desenvolve-

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PESQUISA DE MÉTODOS MISTOS 2]

·zm-se após muitos anos examinando artigos pulação para ver se os achados qualitativos
,obre os métodos mistos e determinando co- podem ser generalizados para uma popu-
-:10 os pesquisadores usam tanto os métodos lação (ver o estudo de comportamentos de
~:.iantitativos quanto os qualitativos em seus estilo de vida de estudantes universitárias
::studos. japonesas realizado por Tashiro, 2002; ver
também o estudo psicológico da tendência
para perceber o se/f como importante para
EXEMPLOS DE IES1UIDOS os outros em relacionamentos românticos
de adultos jovens realizado por Mak e
:>E MÉTODOS MISTOS Marshall, 2004) .
../ Um pesquisador conduz um experimento
·_·ma maneira de entender melhor a nature- em que medidas quantitativas avaliam
:a da pesquisa de métodos mistos além de o impacto de um tratamento em um re-
_:ma definição é examinar estudos publica- sultado. Antes de iniciar o experimento,
::os em artigos de periódicos. Embora as su- o pesquisador coleta dados qualitativos
"Josições filosóficas com frequência estejam para ajudar o planejamento do tratamen-
~o pano de fundo dos estudos de métodos to ou, como alternativa, para melhorar as
:--1istos publicados, as características básicas estratégias do planejamento para recrutar
.:a nossa definição podem ser vistas nos se- participantes para o experimento (ver o
I uintes exemplos: estudo de atividade física e dieta para
famílias em uma comunidade realizado
../ Um pesquisador coleta dados sobre ins- por Brett, Heimendinger, Boender, Morin
trumentos quantitativos e sobre relatos de e Marshall, 2002) .
dados qualitativos com base em grupos ../ Um pesquisador procura produzir mudan-
de foco para ver se os dois tipos de dados ça no entendimento de questões enfrenta-
mostram resultados similares, mas de das pelas mulheres. O pesquisador coleta
diferentes perspectivas (ver o estudo do dados mediante instrumentos e grupos de
desenvolvimento de uma perspectiva de foco para explorar o significado das ques-
promoção da saúde para a segurança do tões para as mulheres. A estrutura maior
motorista idoso na área de ciência ocupa- da mudança guia o pesquisador e informa
cional, de autoria de Classen et al., 2007). todos os aspectos do estudo a partir das
../ Um pesquisador coleta dados usando questões que estão sendo estudadas, até a
procedimentos experimentais quantitati- coleta de dados e até o apelo por reforma
vos e os acompanha com entrevistas com no final do estudo (ver o estudo explo-
alguns indivíduos que participaram do rando a cultura atlética de estudantes e
experimento para ajudar a explicar seus o entendimento de mitos específicos do
escores nos resultados experimentais (ver estupro, realizado por McMahon, 2007).
o estudo de anotações "copiar e colar" ../ Um pesquisador procura avaliar um
com estudantes universitários realizado programa que foi implementado na co-
por Igo, Kiewra e Bruning, 2008). munidade. O primeiro passo é coletar
../ Um pesquisador explora como os indivíduos dados qualitativos em uma avaliação
descrevem um tópico começando com das necessidades para determinar quais
entrevistas, analisando as informações e questões precisam ser tratadas. Isso é
usando os achados para desenvolver um seguido pelo planejamento de um instru-
instrumento de pesquisa de levantamen- mento para medir o impacto do progra-
to. • Este instrumento, por sua vez, é então ma. Esse instrumento é então utilizado
administrado a uma amostra de uma po- para comparar alguns resultados tanto
antes quanto depois de o programa ter
sido implementado. A partir dessa com-
N. de R.T.: Neste livro, o termo survey foi paração, são conduzidas entrevistas de
traduzido como "pesquisa de levantamento". acompanhamento para determinar por
24 CRESWELL & PLANO CLARK

que o programa funcionou ou não. Este disso, não limitamos os métodos mistos a ·1
estudo multifásico de métodos mistos é determinados campos de estudo ou tópicos.
com frequência encontrado em projetos A pesquisa de métodos mistos parece apli-
de avaliação de longo prazo (ver o estudo cável a uma ampla variedade de disciplinas
dos impactos de longo prazo de progra- nas ciências sociais e da saúde. Certamen-
mas interpretativos em um site histórico te, alguns especialistas de conteúdo disci-
realizado por Farmer e Knapp, 2008). plinar podem optar por não usar os méto- ·1
dos mistos devido a uma falta de interesse
Todos esses exemplos ilustram a coleta na pesquisa qualitativa, mas a maior parte
de dados quantitativos e qualitativos, sua in- dos problemas da área de conteúdo pode
tegração ou mistura, e uma suposição bási- ser tratada usando métodos mistos. Em vez
ca de que a pesquisa de métodos mistos po- de pensar em adequar diferentes métodos a
de ser uma abordagem útil para a pesquisa. tópicos de conteúdo específicos, sugerimos
pensar em adequar os métodos a diferentes
tipos de problemas de pesquisa. Por exem-
QUE PROBLEMAS DlE plo, achamos que uma pesquisa de levanta-
mento se adapta melhor a uma abordagem
PESQUISA ADAPTAM-SE quantitativa devido à necessidade de enten-
AOS MÉTODOS MISTOS? der os pontos de vista dos participantes de
toda uma população. Um experimento se
Os autores dos estudos exemplificados cria- adapta melhor a uma abordagem quantita-
ram a sua pesqu isa como projetos de méto- tiva devido à necessidade de determinar se
dos mistos tendo por base a sua suposição um tratamento funciona melhor do que uma
de que os métodos mistos também pode- condição controle. Do mesmo modo, a etno-
riam lidar melhor com seus problemas de grafia se adapta melhor a uma abordagem
pesquisa. Ao preparar um estudo de pes- qualitativa devido à necessidade de enten-
quisa empregando métodos mistos, o pes- der como funcionam os grupos que compar-
quisador precisa fornecer uma justificativa tilham uma cultura. Que situações, então,
para o uso desta abordagem. Nem todas as justificam uma abordagem que combina a
situações justificam o uso de métodos mis- pesquisa quantitativa e a qualitativa - uma
tos. Há ocasiões em que a pesquisa quali- investigação de métodos mistos? Os pro-
tativa pode ser melhor, porque o pesquisa- blemas de pesquisa adequados aos méto-
dor visa explorar um problema, dar vozes dos mistos são aqueles em que uma fonte
dos participantes,* mapear a complexidade de dados pode ser insuficiente, os resulta-
da situação e comunicar as múltiplas pers- dos precisam ser explicados, os achados ex-
pectivas dos participantes. Outras vezes, a ploratórios precisam ser generalizados, um
pesquisa quantitativa pode ser melhor, por- segundo método é necessário para melhorar
que o pesquisador procura entender o rela- um método primário, uma postura teórica
cionamento entre as variáveis ou determi- necessita ser empregada e um objetivo geral _,
nar se um grupo se desempenha melhor em da pesquisa pode ser mais bem tratado com
um resultado do que outro grupo. Na nos- fases ou projetos múltiplos.
sa discussão dos métodos mistos, não que-
remos minimizar a importância de escolher
uma abordagem quantitativa ou qualitati- Existe L'lma necessidade porque 11.!ma
va quando a situação assim o merece. Além fonte de dados pode ser ins~fldente ·1

Sabemos que os dados qualitativos propor-


,·, N. de R.T.: Dar vozes aos participantes refere- cionam um entendimento detalhado de um
-se a apresentar trechos das falas e narrativas problema, enquanto os dados quantitativos
que os participantes expressaram nas entre- proporcionam um entendimento mais ge-
vistas. ral. Esse entendimento qualitativo surge do
PESQUISA DE MÉTODOS MISTOS 25

estudo de alguns indivíduos e da explora- sa de levantamento dos pais com Aids, mas
ção de suas perspectivas em grande profun- a natureza conversacional da entrevista e o
didade, enquanto o entendimento quanti- fato de ela permitir respostas abertas propor-
tativo surge do exame de um número maior cionaram aos pais a oportunidade de elabo-
de pessoas e da avaliação das respostas se- rar sobre as questões e as circunstâncias que
gundo algumas variáveis. A pesquisa quali- os estavam afetando (Knodel e Saengtien-
tativa e a pesquisa quantitativa apresentam chai, 2005, p. 670).
quadros ou perspectivas diferentes e cada
uma delas tem suas limitações. Quando os
pesquisadores estudam alguns indivíduos
qualitativamente, a capacidade para gene-
!Existe uma necessidade de
ralizar os resultados para muitos é perdida. explicar os resultados iniciais
Quando os pesquisadores examinam quan-
titativamente muitos indivíduos, o entendi- Às vezes os resultados de um estudo pode
mento de qualquer indivíduo isoladamente proporcionar um entendimento incomple-
é diminuído. Por isso, as limitações de um to de um problema de pesquisa e há uma
método podem ser compensadas pelas po- necessidade de mais explicação. Neste caso,
tencialidades do outro método, e a combi- um estudo de métodos mistos é usado com
nação de dados quantitativos e qualitativos a segunda base de dados para ajudar a ex-
proporciona um entendimento mais com- plicar a primeira base de dados. Uma situa-
pleto do problema da pesquisa do que cada ção típica é quando os resultados quantita-
uma das abordagens isoladamente. tivos requerem uma explicação sobre o que
Há várias maneiras em que uma fonte eles significam. Os resultados quantitativos
de dados pode ser inadequada. Um tipo de podem gerar explicações gerais para os re-
evidência pode não contar a história com- lacionamentos entre as variáveis, mas fica
pleta, ou o pesquisador pode não confiar na faltando o entendimento mais detalhado do
capacidade de um tipo de evidência para li- que os testes estatísticos ou as dimensões do
dar com o problema. Os resultados dos da- efeito realmente significam. Os dados e re-
dos quantitativos e qualitativos podem ser sultados qualitativos podem ajudar a gerar
contraditórios, o que não pode ser conheci- esse entendimento. Por exemplo, Weine e
do coletando-se apenas um tipo de dados. colaboradores (2005) conduziram um estu-
:\lém disso, o tipo de evidências coletadas a do de métodos mistos para investigar os fa-
?artir de um nível em urna organização po- tores e processos familiares envolvidos em
de diferir das evidências observadas a par- refugiados da Bósnia engajados em grupos
:ir de outros níveis. Todas essas são situa- de apoio e educação a múltiplas famílias
ções em que usar apenas uma abordagem em Chicago. A primeira fase quantitativa
para tratar do problema da pesquisa seria do estudo tratou dos fatores que prognos-
::!eficiente. Um projeto de métodos mistos se ticavam o engajamento, enquanto a segun-
adapta melhor a este problema. Por exem- da fase qualitativa consistia de entrevistas
?IO, quando Knodel e Saengtienchai (2005) com os membros da família para avaliar os
êStudaram o papel que os pais mais velhos processos familiares envolvidos no engaja-
desempenham no cuidado e no apoio de fi- mento como grupos de múltiplas famílias.
:hos e filhas adultos com HN e Aids e órfãos A justificativa para o uso de métodos mistos
de Aids na Tailândia. Eles coletaram tanto para estudar esta situação foi que "a aná-
dados de pesquisas de levantamento quan- lise quantitativa lidava com os fatores que
:itativos quanto entrevistas abertas. Segun- prognosticavam o engajamento. Para enten-
co eles, refletiram sobre o uso de ambas as der melhor os processos pelos quais as fa-
~·ormas de dados para entender o proble- mílias experienciam o engajamento, condu-
::-ta porque apenas os dados quantitativos zimos uma análise de conteúdo qualitativa
seriam inadequados. As questões cobertas para obter um insight adicional" (Weine et
'. nas entrevistas) foram similares à pesqui- al., 2005, p. 560).

,-
1
26 CRESW ELL & PLANO CLARK

!Existe uma necessidade de quantitativos a um projeto qualitativo (por


generalizar os achados exploratórios exemplo, a teoria fundamentada" ou o estu-
do de caso). Em ambos os casos, um segun-
Em alguns projetos de pesquisa, os investi- do método é incorporado ou alojado dentro
gadores podem não saber as perguntas que de um método de pesquisa primário. A in-
precisam ser formuladas, as variáveis que corporação de dados qualitativos dentro de
necessitam ser medidas e as teorias que po- um estudo quantitativo é uma abordagem
dem guiar o estudo. Esses desconhecimen- típica. Por exemplo, Donovan e colaborado-
tos podem se dever à população específica res (2002) conduziram um teste experimen-
e afastada que está sendo estudada (p. ex., tal comparando os resultados para três gru-
nativos americanos no Alasca) ou à novida- pos de homens com câncer de próstata que
de do tópico da pesquisa. Nessas situações, é recebiam diferentes procedimentos de tra-
melhor explorar qualitativamente para des- tamento. Entretanto, começaram seu estu-
cobrir que questões, variáveis, teorias, etc. do com um componente qualitativo, em que
precisam ser estudadas e então acompanhá- entrevistaram os homens para determinar
-las com um estudo quantitativo para gene- qual a melhor maneira de recrutá-los para
ralizar e testar o que foi aprendido com a a pesquisa (p. ex., qual a melhor maneira
exploração. Nessas situações, um projeto de de organizar e apresentar as informações)
métodos mistos é ideal. O pesquisador ini- porque todos os homens haviam recebido
cia com uma fase qualitativa para explorar e resultados anormais e estavam buscando o
depois a acompanha com uma fase quanti- melhor tratamento. No final do seu artigo,
tativa para testar se os resultados qualitati- Donovan e colaboradores (2002) refletiram
vos podem ser generalizados. Por exemplo, sobre o valor deste componente qualitativo
Kutner, Steiner, Corbett, Jahnigen e Barton preliminar e menor usado para planejar os
(1999) estudaram questões importantes pa- procedimentos para recrutar os indivíduos
ra pacientes terminais. Seu estudo começou para a pesquisa.
com entrevistas qualitativas e estas foram Mostramos que a integração de méto-
então usadas para desenvolver um instru- dos de pesquisa qualitativos nos per-
mento que foi administrado a uma segunda mitiu entender o processo de recru-
amostra de pacientes terminais para testar tamento e elucidar as modificações
se as questões identificadas variavam segun- necessárias ao conteúdo e à comu-
do as características demográficas. Kutner e nicação das informações para maxi-
colaboradores (1999) disseram que "o uso mizar o recrutamento e garantir uma
de entrevistas iniciais abertas para explo- condução efetiva e eficiente da pes-
rar as questões importantes nos permitiu quisa. (p. 768)
formular perguntas relevantes e descobrir
quais eram realmente as preocupações des-
ta população" (p. 1.350). Existe uma netessitfaide de empregar
mei~cr Llma postura tieórica
Existe uma necessidade de melhorar Pode existir uma situação em que uma pers-
um est11..1do com um segundo método pectiva teórica proporciona uma estrutu-
ra para a necessidade de coletar tanto da-
Em algumas situações, um segundo méto- dos quantitativos quanto dados qualitativos
do de pesquisa pode ser adicionado ao es- em um estudo de métodos mistos. Os dados
tudo para proporcionar um entendimento a serem coletados devem ser todos coleta-
melhorado de alguma fase da pesquisa. Por dos ao mesmo tempo ou em uma sequência,
exemplo, os pesquisadores podem melhorar
um projeto quantitativo (p. ex., um experi-
mento ou estudo correlacionai) adicionan- • N. de R.T.: Neste livro, o termo grounded theo-
do dados qualitativos ou adicionando dados ry foi traduzido como "teoria fundamentada".
PESQUISA DE MÉTODOS MISTOS 27

or :om uma forma de dados construída sobre militar. Para entender os padrões de bebida,
u- ?.. outra. A perspectiva teórica poderia bus- conduziram um estudo com cinco anos de
n- :ar produzir mudança ou simplesmente pro- duração, coletaram dados para desenvolver
ro ;orcionar uma lente por meio da qual todo um instrumento em uma fase, modificar seu
n- :i estudo poderia ser examinado. Por exem- modelo em outra fase, e analisar seus da-
:le J lo, Fries (2009) conduziu um estudo utili- dos durante uma fase final. Ames e colabo-
m :ando a sociologia reflexiva de Bourdieu ("o radores (2009) apresentaram uma estrutura
0- ·. :1terjogo da estrutura social objetiva com das fases da sua pesquisa que durou cinco
n- :. agência subjetiva no comportamento so- anos e introduziram da seguinte maneira a
u- :ial", p. 327) como uma lente teórica para sequência da implementação:
ue :oletar dados quantitativos e qualitativos no
·a- .:so de medicação complementar e alterna- A complexidade do projeto de pesqui-
u- :>. a. Em um primeiro momento, ele coletou sa resultante, consistindo de coleta de
ue .:ados de uma pesquisa de levantamento e dados de pesquisa de levantamento
ar ::i1trevistas, em um segundo momento ana- longitudinal com uma população al-
ira :sou os dados de saúde estatísticos da popu- tamente móvel associada a entrevistas
ira ação, e num terceiro momento analisou as qualitativas em diversos ambientes,
~s) ;: -mevistas. Fries (2009) concluiu que "essa requereu a formação de uma equi-
do ::,esquisa apresentou um estudo de caso a pe de pesquisa metodologicamente
'º ::artir da sociologia de medicação alternati- diversa e um delineamento claro da
io, a para mostrar como a sociologia reflexiva sequência temporal por meio da qual
1m ; ode proporcionar uma base teórica para a os achados qualitativos e quantita-
vo Jesquisa de métodos mistos orientada para tivos seriam usados para informar e
os ::: entendimento do interjogo da estrutura e enriquecer uns aos outros. (p. 130)
lOS :a ação no comportamento social" (p. 345).
Esses cenários servem para ilustrar si-
tuações em que a pesquisa de métodos mis-
to-
Existe uma necessidade de entender tos adapta-se aos problemas que estão sen-
er-
do estudados. Eles também começam a
ru- Jm objetôvo da pesquisa por meio estabelecer as bases para entender os pro-
5es ée múltiplas fases da pesquisa jetos de métodos mistos que serão discuti-
lll-
1xi- dos mais adiante e as razões que os autores
ma :::m projetos que abrangem vanos anos e citam para realizar um estudo de métodos
,es- :em muitos componentes, como estudos de mistos. Embora citemos uma única razão
::.\'aliação e investigações de saúde que du- para os métodos mistos em cada ilustração,
"am muitos anos, os pesquisadores podem muitos autores citam múltiplas razões, e re-
:,recisar conectar vários estudos para atin- comendamos que os aspirantes a pesquisado-
ar 5:r um objetivo geral. Esses estudos podem res (e também os pesquisadores experientes)
envolver projetos que coletem tanto dados comecem a anotar as justificativas citadas pe-
~uantitativos quanto qualitativos simulta- los autores nos estudos publicados para o uso
!f S- -:eamente ou que coletem as informações de abordagens de métodos mistos.
tU- sequencialmente. Podemos considerá-los es-
da- :·J dos de métodos mistos multifásicos ou de
vos :núltiplos projetos. Esses projetos com fre- QUAIS SÃO AS VANTAGENS IDJfE
:los .:i.uência envolvem equipes de pesquisado- USAR OS MÉTODOS MISTOS?
!ta- :·es trabalhando juntos durante muitas fases
:ia, do projeto. Por exemplo, Ames, Duke, Moo- O entendimento da natureza dos métodos
~e e Cunradi (2009) conduziram um estudo mistos envolve mais do que conhecer sua
:nultifásico dos padrões de bebida de jovens definição e quando eles devem ser usados.
zeo- :·ecrutas alistados na marinha americana Além disso, no início da escolha de uma abor-
a" •
e durante seus três primeiros anos de serviço dagem de métodos mistos, os pesquisadores

r-
1
28 CRESW ELL & PLANO CLARK

precisam conhecer as vantagens resultantes dos dados qualitativos para explicar os re-
do seu uso para que possam convencer os ou- sultados quantitativos) e "como um trata-
tros do valor dos métodos mistos. Em segui- mento pode ser adaptado para funcionar
da enumeramos algumas das vantagens. com uma amostra específica em um expe-
. . .1
A pesquisa de métodos mistos apre- rimento?" (exploração qualitativa antes do
senta pontos fortes que compensam os início de um experimento). Para responder
pontos fracos tanto da pesquisa quantitati- a essas questões, as abordagens quantitati-
va quanto da pesquisa qualitativa. Este tem va ou qualitativa não fornecem uma respos-
sido o argumento histórico para a pesqui- ta satisfatória. A série de possibilidades das
sa de métodos mistos há mais de 30 anos questões dos métodos mistos será explora-
(p. ex., ver Jick, 1979). Pode-se argumen- da mais adiante na discussão do Capítulo 5.
tar que a pesquisa quantitativa é fraca no Os métodos mistos proporcionam urna
entendimento do contexto ou do local em ponte entre a divisão às vezes antagônica en-
que as pessoas falam. E as vozes dos par- tre os pesquisadores quantitativos e qualita-
ticipantes não são d.i retamente ouvidas na tivos. Antes de tudo nós somos pesquisadores
pesquisa quantitativa. Além disso, os pes- comportamentais, e das ciências humanas, e
quisadores quantitativos estão na retaguar- as divisões entre a pesquisa quantitativa e a
da, e seus próprios vieses e interpretações qualitativa só servem para estreitar as abor-
pessoais raramente são discutidos. A pes- dagens e as oportunidades de colaboração.
quisa qualitativa compensa estas fragilida- A pesquisa de métodos mistos encora-
des. No entanto, a pesquisa qualitativa é ja o uso de múltiplas visões de mundo, ou
vista como deficiente devido às interpreta- paradigmas (i.e., crenças e valores), em vez
ções pessoais feitas pelo pesquisador, o viés de a associação típica de alguns paradig-
subsequente criado por isto, e a dificuldade mas com a pesquisa quantitativa e outros
em generalizar os achados para um grupo para a pesquisa qualitativa. Ela também
grande devido ao número limitado de par- nos encoraja a pensar sobre um paradigma
ticipantes estudados. Argumenta-se que a que possa abranger toda a pesquisa quan-
pesquisa quantitativa não tem estas fragili- titativa e qualitativa, corno um pragmatis-
dades. Assim, a combinação de potenciali- mo. Essas posturas dos paradigmas serão
dades de uma abordagem compensa as fra- discutidas mais detalhadamente no próxi-
gilidades da outra abordagem. mo capítulo.
A pesquisa de métodos mistos pro- A pesquisa de métodos mistos é "prá-
porciona mais evidências para o estudo de tica" no sentido de que o pesquisador está
um problema de pesquisa do que a pesqui- livre para usar todos os métodos possíveis
sa quantitativa ou qualitativa isoladamente. para abordar um problema de pesquisa. É
Os pesquisadores estão capacitados a usar também "prática" porque os indivíduos ten-
todas as ferramentas de coleta de dados dis- dem a resolver os problemas usando tanto
poníveis em vez de ficarem restringidos aos números quanto palavras, combinam o pen-
tipos de coleta de dados normalmente asso- samento indutivo e o dedutivo, e empre-
ciados à pesquisa quantitativa ou à pesquisa gam as habilidades em observar as pessoas
qualitativa. e também em registrar seu comportamento.
A pesquisa de métodos mistos ajuda a É natural, então, que os indivíduos empre-
responder perguntas que não podem ser res- guem a pesquisa de métodos mistos como
pondidas apenas pelas abordagens quanti- um modo preferido para entender o mundo.
tativa ou qualitativa. Por exemplo, "as opi-
niões dos participantes das entrevistas e
dos instrumentos padronizados convergem QUAIS SÃO OS D!ESAf !OS NO
ou divergem?" é uma questão dos métodos USO DOS MÉTODOS MílSlOS?
mistos. Outras seriam, "de que maneiras as
entrevistas qualitativas explicam os resul- Devemos admitir que os métodos mistos não
tados quantitativos de um estudo?" (uso são a resposta para todo pesquisador ou pa-
PESQUISA DE MÉTODOS MISTOS 29

re- ra todo problema de pesquisa. Seu uso não formular questões de pesquisa qualitativas,
ta- diminui o valor de conduzir um estudo que orientadas para o significado; e conside-
1ar seja exclusivamente quantitativo ou q1rnlita- rar os participantes como especialistas. Os
Je- tivo. No entanto, ele requer que se tenha al- pesquisadores devem estar familiarizados
do gumas habilidades, tempo e recursos para com os métodos comuns de coleta de dados
ler uma extensa coleta e análise dos dados, e qualitativos, como entrevistas semiestrutu-
tti- talvez, mais importante, para educar e con- radas usando perguntas abertas e observa-
os- vencer os outros da necessidade de empre- ções qualitativas. Os pesquisadores neces-
las gar um projeto de métodos mistos para que sitam das habilidades básicas para analisar
ra- o estudo de métodos mistos de um pesquisa- dados de textos qualitativos, incluindo co-
5. dor seja aceito pela comunidade acadêmica. dificação do texto e desenvolvimento de te-
na mas e descrições com base nestes códigos, e
~n- devem estar familiarizados com um pacote
ta- A questão das habilidades de software de análise de dados qualitativos.
res Finalmente, é importante que os pesquisa-
'e ~ós acreditamos que os métodos mistos dores entendam as questões essenciais da
~ a são uma abordagem realista se o pesquisa- persuasão na pesquisa qualitativa, incluindo
or- dor tiver as habilidades necessárias. Reco- credibilidade, confiabilidade e estratégias
:nendamos enfaticamente que os pesquisa- comuns de validação.
ra- dores primeiro adquiram experiência com Finalmente, aqueles que utilizam essa
ou a pesquisa quantitativa e a pesquisa quali- abordagem para pesquisar devem ter um co-
·ez tativa separadamente antes de realizar um nhecimento sólido de pesquisa de métodos
ig- estudo de métodos mistos. No mínimo, os mistos. Isso requer a leitura da literatura so-
·os ;,esquisadores devem estar familiariza- bre métodos mistos que tem se acumulado
~m dos com a coleta de dados e as técnicas desde o final da década de 1980 e o regis-
na de análise tanto da pesquisa quantitativa tro dos melhores procedimentos e das téc-
m- quanto da qualitativa. Este ponto foi en- nicas mais recentes para se conduzir uma
is- fatizado na nossa definição de métodos boa investigação. Isso também pode signi-
ão :nistos. Os pesquisadores de métodos mis- ficar fazer cursos de pesquisa de métodos
xi- tos devem estar familiarizados com os mé- mistos que estão começando a aparecer tan-
~odos comuns da coleta de dados quanti- to online quanto em vários campi universi-
rá- ,ativos, como o uso dos instrumentos de tários. Pode significar aprender com alguém
;tá mensuração e as escalas de atitudes com familiarizado com métodos mistos que pos-
eis questões fechadas. Os pesquisadores ne- sa proporcionar um entendimento das habi-
É cessitam de um conhecimento da lógica lidades envolvidas na condução dessa forma
~n- da testagem das hipóteses e da capacidade de pesquisa.
tto ?ara usar e interpretar análises estatísti-
~n- cas, incluindo procedimentos descritivos e
re- :nferenciais comuns disponíveis nos paco- A questão do tempo e dos recursos
,as :es de software estatístico. Finalmente, os
to. ?esquisadores precisam entender questões Mesmo quando os pesquisadores têm as ha-
re- essenciais de rigor na pesquisa quantita- bilidades quantitativas e qualitativas básicas,
no :iva, incluindo confiabilidade, validade, eles devem se perguntar se uma abordagem
lo. controle experimental e generalizabilida- de métodos mistos é factível, considerando-
de. Nos capítulos posteriores, vamos nos -se o tempo e os recursos. Estas são questões
aprofundar no que constitui uma aborda- importantes a serem consideradas no início
gem quantitativa rigorosa. da fase de planejamento. Os estudos de mé-
E necessário um conjunto similar de todos mistos podem requerer tempo, recur-
habilidades da pesquisa qualitativa. Os pes- sos e esforço extensivos por parte dos pesqui-
ão quisadores devem ser capazes de identificar sadores. Os pesquisadores devem considerar
>a- os fenômenos fundamentais do seu estudo; as seguintes questões:
]0 CRESW ELL & PLANO CLARK

-,
,/ Há tempo suficiente para coletar e anali-
sar dois tipos diferentes de dados?
,/ Há recursos suficientes para se coletar e A pesquisa de métodos mistos é relativa-
analisar tanto dados quantitativos como mente nova em termos das metodologias
qualitativos? disponíveis aos pesquisadores. Como tal, os
,/ Há habilidades e pessoal disponíveis para outros podem não estar convencidos de - ou
realizar este estudo? não entender - o valor dos métodos mistos.
Alguns podem vê-los como uma abordagem
"nova". Outros podem achar que não têm
Ao responder a essas questões, os pes- tempo para aprender uma nova abordagem
quisadores devem considerar quanto tempo da pesquisa ou fazer objeção aos métodos
vai demorar para obterem a aprovação para mistos em termos filosóficos com relação à
o estudo, para ter acesso aos participantes e mistura de diferentes posturas filosóficas,
para concluir a coleta e a análise dos dados. como veremos no próximo capítulo. Outros
Os pesquisadores devem ter em mente que ainda podem estar tão abrigados em seus
a coleta e a análise dos dados qualitativos próprios métodos e abordagens da pesquisa
com frequência requerem mais tempo do que podem não estar abertos à possibilidade
que aquele necessário para os dados quanti- da pesquisa de métodos mistos.
tativos. A extensão de tempo requerida para Uma maneira de ajudar a convencer
um estudo de métodos mistos também de- os outros da utilidade dos métodos mistos
pende de o estudo estar usando um proje- é localizar estudos exemplares de métodos
to de uma fase, duas fases ou multifases. Os mistos na literatura sobre um tópico ou em
pesquisadores precisam pensar sobre os gas- uma área de conteúdo e compartilhar esses
tos que serão parte do estudo. Esses gastos estudos para instruir os outros. Esses estu-
podem incluir, por exemplo, custos de im- dos podem ser selecionados de publicações
pressão para os instrumentos quantitativos, de prestígio, com uma reputação nacional e
custos de gravação e transcrição para as en- internacional. Como um pesquisador encon-
trevistas qualitativas e custo de programas tra estes estudos de métodos mistos?
de software quantitativos e qualitativos. Os estudos de métodos mistos po-
Devido às crescentes demandas asso- dem ser difíceis de se localizar na literatura
ciadas aos projetos de métodos mistos, os porque só recentemente os pesquisadores co~
pesquisadores de métodos mistos devem meçaram a usar o termo métodos mistos em
considerar trabalhar em equipes. Entende- seus títulos ou nas discussões de seus mé-
mos que isso não é prático para estudantes todos. Além disso, algumas disciplinas po-
de graduação, os quais se espera que tra- dem usar termos diferentes para nomear esta
balhem independentemente. Entretanto, se abordagem de pesquisa. Com base em nosso
uma equipe puder ser formada, ela tem a trabalho extensivo com a literatura, desen-
vantagem de reunir individuas com diferen- volvemos uma lista curta de termos que usa-
tes qualificações metodológicas e de conteú- mos para buscar estudos de métodos mistos
do e de envolver mais pessoal no projeto de dentro de bancos de dados eletrônicos e ar-
métodos mistos. Trabalhar com uma equipe quivos de periódicos. Esses termos incluem:
pode ser um desafio. Isso pode aumentar os
custos associados à pesquisa. Além disso os
indivíduos com as habilidades necessá~ias ,/ método misto [mixed method] ·:, (em que
precisam ser localizados, e os líderes da equi- * é um fator imprevisível que vai permitir
pe precisam criar e manter uma colaboração acessos a "método misto" [mixed method],
bem-sucedida entre os seus membros. Entre- "métodos mistos" [mixed methods] e "me-
tanto, a diversidade de uma equipe pode ser todologia mista" [mixed methodology]),
um ponto forte devido às comunicações me- ./ quantitativo AND qualitativo [quantitative
lhoradas entre membros que representam di- AND qualitative],
ferentes especialidades e áreas de conteúdo. ./ multimétodos [multimethods] e
PESQUISA DE MÉTODOS MISTOS J

,/ pesquisa de levantamento ANO entrevista tivo E qualitativo). Isso requer que ambas as
[survey AND interview]. palavras apareçam no documento para que
a- ele satisfaça os critérios de busca. Se forem
as Observe que o segundo termo de busca encontrados demasiados artigos, tente limi-
os _;a o operador lógico ANO* (isto é, quantita- tar a busca de forma que os termos devam
)U
,s.
m
m 11 Resumo
m Antes de decidir por um estudo de métodos mistos, o pesquisador precisa considerar vários aspec-
os tos preliminares sobre a natureza de pesquisa de métodos mistos. Em primeiro lugar, o pesquisador
à 'lecessita de algum entendimento do que constitui um estudo de métodos mistos para determinar se
IS, esta abordagem é a melhor a ser utilizada para o seu estudo. Várias características essenciais têm sido
JS recomendadas: a coleta e análise de dados tanto quantitativos quanto qualitativos, a mistura dos dois
JS tipos de dados, quer mesclando-os, tendo um sido construído a partir do outro, quer incorporando
sa ..;m dentro do outro; a ênfase ou prioridade de uma ou ambas as formas de dados; o uso das duas
ie formas de dados em um único estudo ou uma linha sustentada de investigação de pesquisa; o uso de
Jma orientação filosófica ou teórica que informe todos os aspectos do estudo; e o uso de um tipo
específico de projeto de métodos mistos para os procedimentos. Mais importante nessa lista de ca-
er
~acterísticas seria a disponibilidade de dois conjuntos de dados, um quantitativo e um qualitativo. Em
JS
segundo lugar, precisa ocorrer alguma avaliação em relação a se o problema da pesquisa se adapta
JS ,1elhor aos métodos mistos. Muitos tópicos e problemas são adequados aos métodos mistos (p. ex.,
m a violência aumentou em nossas escolas ou as crianças têm uma nutrição deficiente em seus lares).
es Considere se o problema de pesquisa pode ser mais bem tratado com o uso de procedimentos dos
LI- 'nétodos mistos. Alguns problemas são mais bem estudados usando-se duas fontes de dados, e cole-
es :ar apenas uma pode proporcionar um entendimento incompleto. Outro estudo pode necessitar de
e Jma segunda base de dados para ajudar a explicar a primeira base de dados. Outro tipo de problema
n- :,ode requerer que o pesquisador primeiro explore qualitativamente antes de realizar um estudo
quantitativo, usar uma lente teórica para estudar o problema ou conduzir múltiplas fases de estudos
0-
:,ara gerar um entendimento geral do problema.
As múltiplas fontes de dados não são úteis apenas para o entendimento dos problemas de
a,
pesquisa, mas há outras vantagens no uso dos métodos mistos. O potencial de um método pode
0-
compensar os pontos fracos do outro. Usar múltiplas fontes de dados simplesmente proporciona
m "Tlais evidências para o estudo de um problema do que usar um único método de coleta de dados.
é- "'1uitas vezes são colocadas questões de pesquisa que requerem tanto uma exploração quanto
0- uma explanação extraída de diferentes fontes de dados. Os métodos mistos também são bastante
ta adequados para a pesquisa interdisciplinar que reúne profissionais de diferentes campos de es-
;o tudo, e permitem que os pesquisadores empreguem múltiplas perspectivas filosóficas para guiar
n- sua pesquisa. Finalmente, os métodos mistos são tanto práticos quanto intuitivos, pois ajudam a
a- oferecer múltiplas maneiras de encarar os problemas - algo encontrado na vida cotidiana.
JS Isso não significa que o uso de métodos mistos será fácil. Ele requer que os pesquisadores
tenham habilidades em várias áreas: pesquisa quantitativa, pesquisa qualitativa e pesquisa de méto-
r-
dos mistos. Devido aos extensivos dados coletados, é necessário tempo para coletar dados tanto
de fontes quantitativas quanto qualitativas e são necessários recursos para financiar estes esforços
de coleta (e análise) de dados. Talvez o mais importante seja que os indivíduos que planejam um
1e estudo de métodos mistos precisam convencer outras pessoas do valor dos métodos mistos. Esta
ir e uma abordagem relativamente nova à investigação e requer uma abertura para usar perspec-
tivas múltiplas na pesquisa. Uma busca na literatura vai produzir hoje bons exemplos de estudos
'] ' de métodos mistos, e estes podem ser compartilhados com importantes parceiros para ajudar a
e-
instruí-los sobre esses estudos.

ve

.. de R.T.: Em português, "E".

1
1
]2 CRESW ELL & PLANO CLARK

aparecer dentro do resumo ou restringi-los Recursos adicionais a


aos anos recentes. Se não resultarem artigos serem examinados
suficientes, tente buscar combinações de téc-
nicas comuns de coleta de dados, como "pes- Para as definições de métodos mistos, con-
quisas de levantamento ANO entrevistas". sulte os seguintes recursos:
Usando essas estratégias, os pesquisadores Creswell, J. W. (201O). Projeto de pesquisa: Métodos
podem localizar alguns bons exemplos da qualitativo, quantitativo e misto (3. ed.). Porto
pesquisa de métodos mistos que ilustrem as Alegre: Artmed .
características essenciais introduzidas neste Greene, J .C. (2007) . Mixed methods insocial in-
capítulo. Compartilhar estes exemplos com quiry. San Francisco: Jossey-Bass.
as partes interessadas pode ser útil para con-
Greene, J.C., Caracelli, V.J. & Graham, W.F. (1989).
vencê-los da utilidade e factibilidade de uma
Toward a conceptual framework for mixed-method
abordagem de métodos mistos. evaluation designs. Educational Evaluation and
Policy Analysis, 11 (3), 255-274.
Johnson, R.B., Onwuegbuzie, A.J. & Turner, L.A.
$ ATIVDDADIES (2007). Toward a definition of mixed methods
research. Journal of Mixed Methods Research, 1 (2) ,
1. Localize um estudo de métodos mistos 112-133.
em seu campo ou disciplina. Empregue
estes passos: Para a justificativa ou o propósito de usar os
métodos mistos para definir os problemas,
a) Suspenda seu interesse no conteú-
veja os seguintes recursos:
do dos artigos e, em vez disso, con-
centre-se nos métodos de pesquisa Bryman, A. (2006). lntegrating quantitative and
utilizados. qualitative research: How is it done? Qualitative
b) Examine as características essen- Research, 6(1), 97-113.
ciais de um estudo de métodos Mayring, P. (2007). Introduction: Arguments for
mistos e identifique como o estu- mixed methodology. ln P. Mayring, G.L. Huber, I.
do representa um bom estudo de Gurtler & M. Kiegelmann (Eds.), Mixed methodolo-
métodos mistos porque ele lida gy in psychologica/ research (pp. 1-4). Rotterdam/
Taipei: Sense Publishers.
com as características essenciais.
2. Considere o valor da pesquisa de mé- Para as vantagens da pesquisa de métodos
todos mistos para diferentes públicos, mistos, veja os seguintes recursos:
como formuladores de políticas, orien- Creswell, J.W. & McCoy; B.R. (in press). The use
tadores de pós-graduação, indivíduos of mixed methods thinking in documentary deve-
em empregos ou no local de trabalho lopment. ln S.N. Hesse-Biber (Ed.), The handbook
e estudantes de pós-graduação. Discuta of emergent technologies in social research. Oxford,
o valor para cada público. UK: Oxford University Press.
3. Considere se uma abordagem de mé- Plano Clark, V.L. (2005) . Cross-disciplinary analysis
todos mistos é factível para o seu estu- of the use of mixed methods in physics education
do. Liste as habilidades, os recursos e o research, counseling psychology, and primary care
tempo que você tem disponível para o (Doctoral dissertation, University of Nebraska-
projeto. -Lincoln, 2005). DissertationAbstracts lnternational,
4. Considere planejar um projeto de mé- 66, 02A.
• 1
todos mistos. Coloque com suas pró- Para as habilidades necessárias para con-
prias palavras como você definirá a duzir pesquisa de métodos mistos, ver o se-
pesquisa de métodos mistos, mencione guinte recurso:
por que os métodos mistos são ade-
Creswell , J .W., Tashakkori, A., Jensen, K.D. &
quados para lidar com seu problema
Shapley, K.L. (2003). Teaching mixed methods
de pesquisa e cite tanto as vantagens research: Practices, dilemmas, and challenges. ln
como os desafios de utilizá-los como A. Tashakkori & C. Teddlie (Eds.), Handbook of
uma abordagem para a pesquisa. mixed methods insocial & behaviora/ research (pp.
619-637) . Thousand Oaks, CA: Sage.

~..) ~-:--~- -~ . ~ . - -~
·-- .
l,,, '. •
...... 'i
:_!~.... - • "
/

Depois de considerar a escolha de um pro- Este capítulo vai tratar de:


jeto de métodos mistos para tratar de um
problema de pesquisa, um próximo passo ./ lições a serem aprendidas pelo estudo de
bom é os pesquisadores examinarem exem- exemplos de estudos de métodos mistos
plos de estudos publicados em que o projeto publicados;
de métodos mistos foi aplicado na prática. ,/ duas ferramentas - um sistema de ano-
No Capítulo 1, introduzimos termos de bus- tação e diagramas - que podem facilitar
ca úteis para localizar estudos de métodos um entendimento dos estudos de métodos
mistos. Agora precisamos considerar como mistos publicados;
ler os estudos que representam os diferen- ,/ as características do projeto que são úteis
tes projetos de métodos mistos. A leitura e o no exame de um estudo de métodos mistos;
entendimento dos estudos de métodos mis- ,/ seis exemplos de estudos de métodos,
tos é facilitada pela identificação das prin- cada um ilustrando um diferente tipo de
cipais características do projeto usado nos projeto; e
estudos, pela descrição dos projetos gerais ..f as semelhanças e diferenças entre os seis
utilizando um sistema de anotação e traçan- exemplos.
do diagramas que comuniquem os procedi-
mentos detalhados dos estudos de métodos
mistos. Usando essas ferramentas, apresen- Af~IE [i)fENIDO C:©M !EX!EMf?l!LOS IDA
tamos seis estudos completos publicados e ~ESQijjílSA [()!E ~if'ODOS ílSi10§
os examinamos em relação às suas caracte-
rísticas de métodos mistos como exemplos Com a nossa experiência de leitura e exa-
dos diferentes e importantes projetos de mé- me de muitas centenas de estudos de mé-
todos mistos. todos mistos, descobrimos um grande valor
PESQUISA DE MÉTODOS MISTOS I Q,5

em examinar a prática de outros pesquisa- seu valor na comunicação das abordagens


dores quando eles implementam e relatam dos métodos mistos, os pesquisadores pre-
os projetos de métodos mistos que usaram cisam estar familiarizados com a interpreta-
em seus estudos de pesquisa. É também ção das informações transmitidas por estas
::til aos pesquisadores que planejam usar ferramentas e estarem à vontade ao usá-las
:nétodos mistos localizarem estudos de mé- para descrever seus próprios estudos.
:odos mistos publicados dentro da sua dis-
.:iplina, para poderem identificar a lingua-
5em e os projetos que são comuns dentro
.:: o contexto dela. Identificando estudos Um sistema de notação
:; ue fazem uso de um determinado proje-
:o de métodos mistos, os pesquisadores po- Para facilitar a discussão das características
.:em citar esses estudos como exemplos do do projeto de métodos mistos, um sistema de
::,rojeto na seção de métodos de suas pro- notação, primeiramente utilizado por Mor-
::,ostas e relatórios. Além disso, os pesquisa- se (1991), foi expandido e aparece extensi-
.:ores que examinam exemplos de projetos vamente em toda a literatura dos métodos
.:e métodos mistos aprendem os diferen- mistos. As notações comuns usadas por es-
:es procedimentos usados quando se con- se sistema estão resumidas no Quadro 4.1.
.:uz uma pesquisa de métodos mistos. Eles O sistema de notação inicial de Morse usa-
:a mbém serão mais capazes de prever de- va "quan" para indicar os métodos quantita-
safios que podem ocorrer com um projeto tivos de um estudo e "qual" para indicar os
::specífico. Os estudos publicados também métodos qualitativos. Essas abreviaturas têm
x oporcionam modelos para quem escreve o objetivo de comunicar um igual status dos
=relata os resultados de um projeto de mé- dois métodos (i.e., as duas abreviaturas têm
:odos mistos específico (um tópico que va- o mesmo número de letras e o mesmo for-
-:1os discutir mais detalhadamente no Cap. mato). A prioridade relativa dos dois méto-
2) . Para lidar com este passo, incluímos nes- dos dentro de um estudo particular é indi-
:e livro um exemplo de cada um dos prin- cada por meio do uso de letras maiúsculas
.:i pais projetos de métodos mistos. Em pri- e minúsculas - ou seja, os métodos prioriza-
je :-:ceiro lugar, no entanto, vamos considerar dos são indicados com letras maiúsculas (i.e.,
os :iuas ferramentas que facilitam o planeja- QUAN e/ou QUAL) e os métodos secundários
-:1ento, a comunicação e a análise dos estu- com letras minúsculas (i.e., quan e/ou qual).
o- .:os de métodos mistos. Além disso, a notação usa um sinal de mais
ar ( +) para indicar os métodos que ocorrem ao
os mesmo tempo e uma seta (~) para indicar
iJSANDO flE~MMIENli"AS os métodos que ocorrem em uma sequência.
~is Como está mostrado no Quadro 4.1, vários
1s; 'AM DIESCR!EVEIR l?~O]IETOS autores expandiram as notações para irem
,s, :>E MÉTODOS MiSTOSi além destes elementos básicos. Plano Clark
ie (2005) acrescentou o uso de parênteses pa-
Juas ferramentas são úteis na revisão dos ra indicar os métodos que estão incorpora-
:is 2studos de métodos mistos publicados: um dos dentro de uma estrutura maior. Nastasi
sistema de notação e diagramas para des- e colaboradores (2007) acrescentaram setas
:,ever os procedimentos, os métodos e os duplas e~~) para indicar os métodos que
"J rodutos dos estudos de métodos mistos. O foram implementados de uma forma recur-
si stema de notação e os diagramas têm uma siva. Mais recentemente, Morse e Niehaus
.~istória de uso substancial na literatura dos (2009) sugeriram o uso de colchetes ([]) pa-
:c1étodos mistos. Eles são ferramentas úteis ra distinguir os projetos de métodos mistos
a- ::,ara planejar e comunicar a complexidade em uma série de estudos e um sinal de igual
é- ;:1erente nos projetos de métodos mistos. ( =) para indicar o propósito para a combina-
) f Jevido ao seu extenso uso na literatura e ao ção dos métodos.

1~
1
i 06 CRESW ELL & PLANO CLARK

Essa notação abreviada pode ser mui- mentos têm igual ênfase, e os resultados
to útil para descrever o projeto geral de um dos elementos separados convergiram.
estudo. Considere os seguintes exemplos do ,/ QUAN ~ qual = os resultados se explicam:
uso desse sistema de notação para os quatro Essa notação indica um projeto explana-
métodos mistos básicos: tório em que o pesquisador implementou
os dois elementos em uma sequência, os
,/ QUAN + QUAL = os resultados conver- métodos quantitativos ocorrendo primeiro
gem: Essa notação indica um projeto e tendo uma maior ênfase ao lidar com o
convergente, em que o pesquisador im- propósito do estudo, e os métodos quali-
plementou os elementos quantitativos e tativos se seguiram para ajudar a explicar
qualitativos ao mesmo tempo, os dois ele- os resultados quantitativos.

Resumo de notações para descrever projetos de métodos mistos

Notação Exemplo da aplicação O que a notação indica IP'rincipais citações

Abreviatura: Elemento "Quan" Métodos quantitativos Morse ( 1991, 2003)


"Quan", ''Qual"
Letras Prioridade QUAL Os métodos qualitativos são Morse ( 1991, 2003)
maiúsculas: priorizados no projeto
QUAN.QUAL
Letras Suplemento "qual" Os métodos qualitativos têm Morse ( 1991 . 2003)
minúsculas: uma prioridade menor no
quan. qual projeto
Sinal de QUAN + QUAL Os métodos QUAN e QUAL Morse ( 1991. 2003)
mais:+ ocorrem simultaneamente
Seta: 4 QUAN4qual Os métodos ocorrem em Morse ( 1991. 2003)
uma sequência de QUAN
seguido por qual
Parênteses: ( ) QUAN (qual) Um método está incorporado Plano Clark (2005)
dentro de um projeto ou
procedimento maior ou misturado
com uma estrutura teórica ou
objetiva do programa.
Setas QUAL -H- QUAN Os métodos são implementados Nastasi e
duplas: 4+- em um processo recursivo colaboradores
(QUAL 4 QUAN 4 (2007)
QUAL 4 QUAN 4 etc.)
Colchetes: [ ] QUAL4QUAN4 Os métodos mistos [QUAN + Morse e Niehaus
[QUAN + qual] qual] são usados dentro de um (2009)
estudo ou projeto individual
dentro de uma série de estudos
Sinal de QUAN 4qual = O propósito para misturar Morse e Niehaus
igual:= explica os resultados os métodos (2009)
PESQUISA DE MÉTODOS MISTOS ! 07

,tados ,/ QUAL ~ quan = os achados se genera- gramas que aparecem por todo o restante
·a m. lizam: Essa notação indica um projeto deste capítulo.
licam: exploratório em que o pesquisador imple-
Jlana- mentou os dois elementos em sequência,
entou os métodos qualitativos ocorrendo pri-
:ia, os !EXAMINANDO AS
meiro e tendo uma maior ênfase ao lidar
meiro com o propósito do estudo, e os métodos CARACllERiSll"ICAS DO PROJlElO
como quantitativos se seguiram para avaliar a DE !ESTUDOS DIE MÉTODOS MISTOS
quali- extensão em que os achados qualitativos
:plicar iniciais se generalizam para uma popula- No Capítulo 1, definimos a pesquisa de mé-
ção. todos mistos como a coleta e a análise tanto
,/ QUAN ( +qual) = o experimento melhora: de dados quantitativos quanto qualitativos,
Essa notação indica um projeto incorpo- a mistura dos dados e o uso de um proje-
rado em que o pesquisador implementou to para estruturar os procedimentos. Agora
um segundo elemento qualitativo dentro acrescentamos mais detalhes a esses passos
de um experimento quantitativo maior, os e apresentamos uma lista de checagem na
métodos qualitativos ocorreram durante Figura 4.2, que auxilia o processo de análi-
es a condução do experimento e o elemen- se dos estudos de métodos mistos identifi-
to qualitativo melhorou a condução e o cando as características do projeto de méto-
13) entendimento do experimento. dos mistos utilizado. Observe que, embora
alguns itens falem do conteúdo substanti-
13) vo do estudo, nossa atenção está concentra-
da nas decisões dos métodos que ocorreram
durante a condução do estudo. Especifica-
Com base nesse sistema de notação, os dia- mente, recomendamos o uso dos seguintes
13)
gramas procedurais têm sido usados para passos para exam inar um projeto de estudo
::omunicar a complexidade dos projetos de de métodos mistos:
-:1étodos mistos. Esses diagramas foram in-
13) :roduzidos por Steckler, McLeroy; Goodman, ./ Avalie o tópico de conteúdo do estudo. O
3ird e McCormick (1992) e foram adotados tópico de conteúdo é a questão geral que
3)
"Jor muitos autores (p. ex., Morse e Niehaus, está sendo estudad a. Em geral é nomeado
2009; Tashakkori e Teddlie, 2003b). Esses dentro do título do estudo e identificado
jiagramas usam formas geométricas (caixas dentro do resumo.
=ovais) para ilustrar os passos nos proces- ./ Anote as bases filosóficas e teóricas. Se
>) sos de pesquisa (i.e., coleta de dados, aná- tratadas explicitamente, as bases filosó-
ise dos dados, interpretação) e setas feitas ficas e teóricas para um estudo são com
.:om linhas sólidas (~) para mostrar a pro- frequência discutidas em um segund o
Jressão por meio desses passos. Eles incor- plano ou na seção de revisão de literatura
'Joram detalhes sobre os procedimentos e de um artigo. Essas bases apresentam as
:Jrodutos específicos (p. ex., o produto es- perspectivas mais amplas que o autor está
"Jecífico relata o que pode ir para uma agên- usando para direcionar o estudo.
::ia financiadora) que vão além do nível ./ Identifique o propósito do conteúdo
j as informações comunicadas pelo sistema do estudo localizando a declaração de
j e notação dos métodos mistos. Ivankova, propósitos. A declaração de propósitos é
:reswell e Stick (2006) estudaram o uso dos a passagem em que o autor apresenta a
.:;iagramas procedurais e sugeriram 10 dire- intenção específica do estudo. É em geral
:rizes para traçar diagramas para os projetos encontrada dentro da seção da introdução
i e métodos mistos para que eles possam ser do artigo e com frequência bem no fim
-:1ais fácil e convenientemente construídos. dessa seção. Normalmente inclui uma
::ssas diretrizes estão listadas na Figura 4.1 frase como "o propósito deste estudo é"
=são aplicadas no desenvolvimento de dia- ou "o objetivo principal deste estudo foi".
108 CRESW ELL & PLANO CLARK

,/ Identifique as amostras usadas para os introdução ou como parte da descrição


elementos quantitativos e qualitativos. Os dos métodos. Alguns autores podem des-
procedimentos de amostragem e o tama- tacar a razão na seção final como parte
nho das duas amostras são apresentados da discussão dos achados do estudo.
na seção de métodos de um artigo. As ,/ Determine a prioridade relativa dos
informações sobre as amostras quantita- elementos quantitativos e qualitativos.
tivas e qualitativas podem ser discutidas Há duas possibilidades para a prioridade
juntas ou em parágrafos separados. relativa dos elementos para lidar com o
,/ Identifique os procedimentos de coleta de propósito do estudo: igual ou desigual
dados para os elementos quantitativos e (em que o elemento quantitativo ou o
qualitativos. A coleta de dados está descri- qualitativo tem maior ênfase). Muitos au-
ta na seção de métodos de um artigo, e os tores vão discutir explicitamente a priori-
procedimentos da coleta dos dados quan- dade do estudo na introdução ou na seção
titativos e qualitativos são com frequência de métodos ou indicá-la em um diagrama.
discutidos em parágrafos separados. Se não foi explicitamente estabelecida,
./ Identifique os procedimentos de análise os julgamentos sobre a prioridade de um
dos dados para os elementos quantitativos estudo podem ser baseados na estrutura
e qualitativos. Os procedimentos de aná- abrangente do estudo ou em suas bases
lise dos dados são também discutidos na filosóficas, na extensão dos bancos de
seção de métodos de um artigo e, como dados e na sofisticação dos procedimentos
a coleta de dados, são com frequência analíticos e na linguagem utilizada no
discutidos separadamente para cada tipo título e no propósito do estudo.
de dado. Em alguns estudos, as técnicas ./ Determine o momento de utilização dos
de análise dos dados podem ter de ser elementos quantitativos e qualitativos.
inferidas a partir dos resultados. Há três possibilidades para a escolha do
./ Avalie a razão do autor para usar a pes- momento de uso dos dois elementos: eles
quisa de métodos mistos. A razão para são implementados simultaneamente em
usar uma abordagem de métodos mistos uma fase, sequencialmente em duas fases
pode ser encontrada em um de vários lu- ou combinados em múltiplas fases ou
gares. Pode estar discutida bem próximo projetos. O momento de uso dos métodos
da declaração do propósito do estudo, na será descrito na seção de métodos de um

1. Dê um título ao diagrama.
2. Escolha uma distribuição horizontal ou vertical para o diagrama.
3. Trace caixas para as etapas quantitativas e qualitativas da coleta de dados, análise de dados e
interpretação dos resultados do estudo.
4. Use letras maiúsculas ou minúsculas para designar a prioridade relativa da coleta e análise dos
dados quantitativos e qualitativos.
S. Use setas com uma única direção para mostrar o fluxo dos procedimentos no projeto.
6. Especifique os procedimentos para cada etapa da coleta e da análise de dados quantitativos e
qualitativos.
7. Especifique os produtos ou resultados esperados de cada procedimento na coleta e análise dos
dados quantitativos e qualitativos.
8. Use uma linguagem concisa para descrever os procedimentos e os produtos.
9. S1mplif1que seu diagrama.
1O. Limite seu diagrama a uma única página.

IFDGIUJRA 41. D

Dez diretrizes para traçar diagramas procedurais para os estudos de métodos mistos.
Fonte: Adaptada de lvankova et ai. (2006, p. 15), com permissão da SAGE Publications, lnc.
PESQUISA DE MÉT ODOS MISTOS 109

ção estudo e em um diagrama procedural, se todos os estudos de métodos mistos o


ies- apresentado. autor deve fazer interpretações na seção
1rte ./ Determine o ponto de interface entre os de discussão sobre o que foi aprendido
elementos quantitativos e qualitativos. da combinação dos dois elementos. Além
:los Há quatro possíveis pontos de interface disso, há procedimentos gerais para a
TOS . entre os elementos do estudo: no ponto mistura dos elementos quantitativos e
ade da interpretação, no ponto da análise dos qualitativos de um estudo de métodos
n o dados, no ponto da coleta dos dados e no mistos interativo: fundir os resultados
uai nível do projeto. O ponto de interface em dos dois conjuntos de dados, conectar os
u o geral tem de ser inferido pela maneira resultados de um tipo de dado à coleta
au- como os autores relatam seus resultados do outro, e incorporar os dois tipos de
ori- e descrevem seus métodos. Os autores dados dentro de um projeto maior, de
,;ão normalmente comunicam o ponto de in- uma estrutura teórica ou de uma estrutu-
n a. terface na seção dos resultados. Além dis- ra objetiva do programa. O ideal é que o
da , so, o ponto de interface pode ser discutido autor discuta na seção de métodos como
um em outras seções de um estudo, como a os elementos foram misturados, mas em
ura declaração do propósito, na seção de mé- muitos estudos esse processo deve ser
ises todos, em um diagrama ou na conclusão inferido pela maneira como os resultados
de final do estudo. Os julgamentos sobre o(s) quantitativos e qualitativos se relacionam
LtOS ponto(s) de interface são feitos com base um com o outro, como é encontrado nas
no no momento em que os dois elementos seções de resultados e interpretação.
interagem diretamente um com o outro . ./ Identifique o projeto de métodos mistos
:los ./ Determine como os elementos quantita- usando o sistema de notação dos méto-
'OS . tivos e qualitativos são misturados. Em dos mistos. Examine como os diferentes
do
!les
em Avalie o tópico de conteúdo do estudo.
ses Indique as bases filosóficas e teóricas.
ou
Identifique o propósito de conteúdo do estudo.
fos
um Determine se o autor conduziu um elemento quantitativo que incluiu a seleção de uma
amostra, a coleta de dados quantitativos e a análise dos dados quantitativos.
Determine se o autor conduziu um elemento qualitativo que incluiu a seleção de uma
amostra, a coleta de dados qualitativos e a análise dos dados qualitativos.
Avalie as razões para coletar tanto dados quantitativos quanto qualitativos.
Determine a prioridade relativa dos elementos quantitativos e qualitativos para tratar do
propósito do estudo. Use ( 1) igual ou (2) desigual.
Determine o momento de aplicação dos elementos quantitativos e qualitativos. Use ( 1)
simultâneo, (2) sequencial ou (3) combinação multifásica.
Determine o ponto de interface entre os elementos quantitativos e qualitativos. Use ( 1)
interpretação, (2) análise dos dados, (3) coleta de dados ou (4) nível do projeto.
Determine como o autor misturou os dois elementos. Use ( 1) misturados, (2) conectados,
(3) incorporados, (4) dentro de uma estrutura teórica ou (5) dentro de uma estrutura
objetiva do programa.
Identifique o projeto geral dos métodos mistos.
Apresente a notação do projeto usando o sistema de notação dos métodos mistos.
Trace um diagrama do fluxo de atividades que ocorreram durante o estudo.

Lista de checagem para examinar as características de um estudo de métodos mistos.


0 0() CRESW ELL & PLANO CLARK

métodos foram implementados dentro Higher Education: A mixed methods study. se;
do estudo, considerando a prioridade, o Research in Higher Education, 48(1), 93- :e
momento da aplicação, o(s) ponto(s) de 135. (Ver o Apêndice 8.) ::s
,/ Myers, K.K., e Oetzel, J.G. (2003). Ex- :;s
interface e a mistura dos dois métodos.
Use o sistema de notação para descrever ploring the dimensions of organizational ~ (

a abordagem geral dos métodos mistos assimilation: Creating and validating


e para nomear o projeto correspondente a mea.mre. Communication Quarterly,
usando as classificações introduzidas no 51 (4), 438-457. (Ver o Apêndice C.) a:
Capítulo 3. ,/ 8rady; 8., e O'Regan, C. (2009). Meeting _: e
,/ Trace um diagrama de uma página do the challenge of doing an RCT evaluation
fluxo de atividades que ocorreram no ofyouth mentoring in Ireland: Ajourney in
estudo. Considere as principais atividades mixed methods. Journal of Mixed Methods ... :::.·
da coleta de dados, análise de dados, mis- Research, 3(3), 265-280. (Ver o Apêndice
tura e interpretação dos resultados tanto D.)
para os elementos quantitativos quanto ,/ Hodgkin, S. (2008). Telling it ali: A story
para os qualitativos. Delineie como essas ofwomen's social capital using a mixed me-
atividades ocorreram no estudo. Refira- thods approach. Journal of Mixed Methods
-se à Figura 4.1 para diretrizes sobre o Research, 2(3), 296-316. (Ver o Apêndice
traçado desse diagrama. E.)
,/ Nastasi, 8.K., Hitchcock, J., Sarkar, S.,
Burkholder, G., Varjas, K., e Jayasena,
A. (2007). Mixed methods in intervention
SEIS EXIEMPlOS DE PROJETOS research: Theory to adaptation. Journal of
DE MIÉlODOS M!S1TOS Mixed Methods Research, 1(2), 164-182.
(Ver o Apêndice F.) :,
Para facilitar a nossa discussão dos métodos
mistos, incluímos no site deste livro* seis es- A esta altura, leia esses diferentes arti-
tudos completos (ver os Apêndices A 8 C gos e examine como foram aplicadas diferen-
D, E e F). Esses estudos representam 'ex~m: tes características dos métodos mistos usan- .1
pios da pesquisa de métodos mistos das ciên- do a lista de checagem apresentada na Figura
cias da saúde, ciências sociais, educação e 4.2. Depois de ler cada um dos seis artigos
ciências da avaliação. Além disso, cada estu- e identificar as características, leia o comen-
do relata a aplicação de um projeto diferen- tário apresentado nas seções seguintes. Esse :1

te dos métodos mistos. comentário analisa e examina as importantes


Os seis artigos incluídos nos apêndi- características dos métodos mistos relatadas
ces são: em cada um dos estudos da amostra. Além
desse comentário, incluímos diagramas dos
,/ Wittink, M.N., 8arg, F.K. e Gallo, J.J. procedimentos relatados em cada um dos ar- .1
(2006). Unwritten rules of talking to tigos usando números fornecidos pelos pró-
doctors about depression: Integrating qua- prios autores quando disponíveis, ou núme-
litative and quantitative methods. Annals ros que criamos com base nos procedimentos
of Family Medicine, 4(4), 302-309. (Ver o descritos no interior dos artigos.
Apêndice A.)
./ Ivankova, N.V., e Stick, S.L. (2007).
Student's persistence in a Distributed Doc- Estudo A: Um exemplo d~
toral Program in Educational Leadership in projeto paralelo convergei"llte
(Wittinl<, Barg e Gai!o, 2006)
O projeto convergente envolve coletar e ana-
' N. de R.: Os apêndices estão disponíveis em lisar dois elementos independentes de dados
www.grupoa.com.br (conteúdo em português). qualitativos e quantitativos em uma única fa-
PESQUISA DE MÉTODOS MISTOS 111

study. se; fundir os resultados dos dois elementos; e as percepções dos pacientes de seus encon-
), 93- jepois buscar a convergência, a divergência, tros com seus médicos. As entrevistas fora m
as contradições ou os relacionamentos entre transcritas e a equipe da pesquisa analisou
,). Ex - 'JS dois bancos de dados. O estudo de Wittink os textos usando estratégias comparativas
tional =colaboradores (2006) ilustra as principais constantes para o desenvolvimento do te-
1ating .::aracterísticas deste projeto. ma. Essa análise foi independente da análise
0
terly, Wittink e colaboradores (2006) esta- quantitativa, pois os pesquisadores propo-
.) . ·am interessados nos contextos que cercam sitalmente não tiveram acesso às informa-
eeting a determinação do estado de depressão dos ções quantitativas enquanto completavam a
w tion ?ªcientes por parte dos médicos da aten- análise qualitativa. Quatro temas principais
ney in ~ão primária, com um foco nas visões dos emergiram para descrever as interações dos
!thods ?acientes das interações que eles têm com pacientes com seus médicos:
·ndice seus médicos. O propósito de seu estudo foi
.:: esenvolver um melhor conhecimento da 1. meu médico simplesmente percebeu;
story J corrência da concordância e da discordân- 2. eu sou um bom paciente;
:d me- : ia entre as avaliações de pacientes e médi- 3. eles apenas checam seu coração e essas
t hods .::os do estado de depressão de um paciente coisas; e
ndice ?ªra pacientes idosos. 4. eles só nos mandam para um psiquiatra.
Para lidar com o propósito do seu es-
tr, S., :udo, os pesquisadores selecionaram uma Esses temas proporcionaram uma ti-
sena, amostra composta de todos os participantes pologia para classificar os participantes ba-
ntion em um estudo de pesquisa maior (o Estudo seados em como eles discutiram as intera-
na/ of Spectrum) que se autoidentificaram como ções.
-182. j epressivos (N = 48). Os bancos de dados Wittink e colaboradores (2006) des-
~eunidos para esse estudo então incluíram creveram que necessitavam dos dois tipos
j ados quantitativos e qualitativos coleta- de dados para desenvolver um entendimen-
; arti- dos para cada um destes 48 indivíduos. Em to mais completo. Ao explicar sua aborda-
'eren- ,ermos dos dados quantitativos, os pesqui- gem dos métodos mistos, eles escreveram:
usan- sadores reuniram três medidas de status de "Este projeto nos permitiu vincular os temas
igura depressão dos participantes: uma avaliação em relação à maneira como os pacientes fa-
tigos e.o médico, uma autoavaliação do pacien- lam com seus médicos com características
m en- :e e a pontuação do participante em uma pessoais e mensurações padronizadas de an-
Esse escala padronizada de sintomas depressi- gústia" (p. 303). Por isso, para relacionares-
:intes rns (conhecida como CES-D). Os pesqui- tes dois tipos diferentes de informação, eles
adas sadores também reuniram outras medidas selecionaram e analisaram seus conjuntos
AJém de cada participante, incluindo caracterís- de dados quantitativos e qualitativos simul-
; d os :icas demográficas e avaliações de ansie- taneamente e separadamente um do outro.
is ar- dade, desesperança, estado de saúde e fun- Os dois tipos de dado pareceram igualmente
pró- cionamento cognitivo. Ao analisar os dados importantes para lidar com o propósito do
.íme- ouantitativos, os pesquisadores identifica- estudo. Depois das análises separadas ini-
~ntos :.-a m se as avaliações do paciente e do mé- ciais, eles misturaram os dois conjuntos de
dico eram concordantes (concordavam uma resultados de uma maneira interativa para
com a outra) ou discordantes (discordavam que o ponto de interface ocorresse duran-
:.ima da outra) para cada participante e de- te a análise e a interpretação. Depois anali-
:iois calcularam as estatísticas descritivas e saram os dados para desenvolver uma ma-
as comparações do grupo para ver se exis- triz (ver Tab. A.3 no Apêndice A) que juntou
:iam diferenças importantes para os grupos os achados qualitativos (quatro grupos de-
concordantes e discordantes em termos das rivados dos temas qualitativos) com os re-
a na - outras variáveis de interesse. sultados quantitativos (avaliações de con-
:1dos Os pesquisadores também incluíram en- cordância da depressão e outras variáveis
a fa- trevistas semiestruturadas qualitativas sobre importantes). As informações contidas den-
8 8::2 CRESWELL & PLANO CLARK

tro das células da tabela mostram as estatís- base três importantes teorias sobre a per-
ticas descritivas das variáveis para cada um sistência dos estudantes, eles optaram por
dos grupos qualitativamente derivados para estudar a persistência dos estudantes de
propósitos de comparação entre as diferen- doutorados em um programa de doutora-
tes perspectivas qualitativas. Os pesquisa- do a distância em liderança educacional.
dores concluíram com uma breve discussão Seu propósito era, especificamente, identifi-
de como as comparações entre os dois con- car os fatores que contribuem para a persis-
juntos de dados proporcionaram um melhor tência dos estudantes no programa e explo-
entendimento do tópico do estudo. rar as visões dos participantes sobre esses
Esse estudo é um exemplo de um pro- fatores.
jeto de métodos mistos convergente. A no- Os pesquisadores implementaram seu
tação do projeto do estudo pode ser escrita estudo em duas fases, iniciando com um
como QUAN + QUAL = entendimento com- elemento quantitativo. Primeiro, aborda-
pleto. Embora os autores não apresentem ram todos os estudantes que haviam esta-
um diagrama dos seus procedimentos, nós do ou estavam naquele momento matricu-
desenvolvemos um, que está apresentado lados no programa, e 207 concordaram em
na Figura 4.3. A coleta e a análise dos da- participar do estudo. Usando uma pesqui-
dos quantitativos aparecem do lado esquer- sa de levantamento transversal, os pesqui-
do da figura, e a coleta e a análise dos dados sadores desenvolveram e administraram
qualitativos aparecem do lado direito. Como uma pesquisa de levantamento online pa-
está mostrado nesse diagrama, os elemen- ra os participantes que mensuraram nove
tos quantitativos e qualitativos foram imple- variáveis prognosticadoras sugeridas pelas
mentados durante a mesma fase do proces- teorias da persistência do estudante. Os es-
so da pesquisa e pareceram ter uma ênfase tudantes que responderam representaram
igual dentro do estudo. Esses dois tipos de quatro grupos relacionados à persistência
dados e seus resultados foram então fundi- no programa:
dos com uma matriz de comparação e em
uma interpretação geral, como está descrito 1. iniciantes,
nos dois ovais, que indicam esses pontos de 2. matriculados,
interface entre os elementos. 3. pós-graduados e
4. retirados/inativos.

IEst~do 8: Um exemplo do A análise dos dados quantitativos re-


prnjeto sequencia! expi,matórno sultou em descrições das características de-
mográficas dos quatro grupos e identificou
{~vankova e Stick, 2007) cinco variáveis que descriminaram significa-
tivamente os quatro diferentes grupos defi-
O projeto explanatório é implementado em nidos por seu nível de persistência.
duas fases distintas. A primeira fase envolve Os pesquisadores conduziram uma se-
coletar e analisar dados quantitativos. Com gunda fase, qualitativa, depois de concluir
base em uma necessidade de entender me- a fase quantitativa. Usando os resultados
lhor os resultados quantitativos, o pesquisa- quantitativos, eles identificaram indivíduos
dor implementa uma segunda fase, qualita- dentro da amostra que tinham escores que
tiva, que se destina a ajudar a explicar os eram típicos das pontuações médias para
resultados quantitativos iniciais. O estudo cada grupo. Eles selecionaram proposital-
realizado por Ivankova e Stick (2007) ilus- mente quatro indivíduos "típicos" (um por
tra as principais características do projeto grupo) e conduziram um estudo de casa
explanatório. em profundidade das experiências de cada
Ivankova e Stick (2007) estudaram a pessoa no programa e suas percepções so-
questão da persistência dos estudantes na bre o programa. A principal forma de coleta : agr
disciplina da educação superior. Tendo por de dados foi entrevistas particulares usan- ==1te:
5~QO.êiiõ~=:;i::o
ro ~ O E.~ ~ b, o - .,
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X: -o
.,
o..
~
PJ
PJ
l?rocedimentos:
-1' Seleção de 48 pacientes Coleta de
Produtos:
v' Escores
Procedimentos:
Coleta
Produtos:
PJ .., ~ v' Seleção dos mesmos -1' Transcrições
n, PJ dados
3 e: i.i que se autoidentificaram de itens 48 pacientes de dados
~ 3 como deprimidos QUAN numéricos -1' Entrevistas QUAL
;;: m
::, e:
-1' Mensurações da pesquisa semiestruturadas
,e- a. de levantamento
!a o

l
-1' Avaliações do status da

l
., .o
;- e: depressão, demográficas e
.::, n,
oc:: outras medidas de saúde
º"'
"'oe:
-,.., Produtos: Procedimentos: Produtos:
Procedimentos: Análise Análise
ºº
;;p-o -1' Estatística descritiva de dados
v' C lassificar se as v' Análise temática
de dados
-1' Quatro temas
s· a QUAN
avaliações de depressão comparativa constante principais
n cii"
9, -1' Comparações de grupo convergem QUAL -1' Tipologia das
,..
., o -1' Médias, DPs
3 n percepções
o.. o
n, ::, v' Valores de significância dos pacientes
~ <
~-~
-o' ::,
n,
PJ ...
o..
.....n,
.,, Procedimentos: Produtos: "O
? v' Fazer a tabulação v' Matriz relacionando m
cruzada dos grupos os temas qualitativos o"'
e
qualitativamente com variáveis
derivados com as quantitativas
~
variáveis quantitativas
o
m
]
m-
d
o
Procedimentos: Produtos: o
v' Considerar como -1' Discussão "']
os resultados vi
fundidos produzem
um melhor
d
V>

entendimento

"""
1 14 CRESW ELL & PLANO CLARK

do um protocolo que foi desenvolvido pa- na fase qualitativa. Também conectaram l\


ra explorar os fatores considerados impor- os resultados durante a interpretação, dis- ,es da
tantes na fase quantitativa. Outras formas cutindo um importante resultado quantita- ::o do!
de coleta de dados qualitativos incluíram tivo e depois mostrando como um resulta- emprei
entrevistas eletrônicas, respostas por escri- do qualitativo de acompanhamento ajudou Jeclar.
to e documentos. Em primeiro lugar, a aná- a explicar o resultado estatístico em maior nal é ,
lise examinou os dados para a descrição e profundidade.
os temas em cada caso, e isso foi seguido Tendo por base as características de
por uma análise cruzada para identificar te- projeto implementadas, a notação para o es-
mas importantes sobre a persistência entre tudo poderia ser escrita como quan ~ QUAL
os quatro casos. = explicam os fatores importantes. Como o Cc
Ivankova e Stick (2007) observaram estudo foi conduzido em duas fases, com a q
que um método apenas não é suficiente segunda, qualitativa, dependendo dos re-
para captar as tendências e os detalhes de su ltados da fase inicial quantitativa, este es-
situações complexas corno a persistência do tudo é um exemplo do projeto de métodos
estudante neste programa. Eles prossegui- mistos explanatório. Sua distribuição em
ram descrevendo o propósito de sua mistura duas fases e os pontos de mistura estão des-
na seguinte afirmação: tacados no diagrama desenvolvido pelos au- An.
q
tores e reproduzido na Figura 4.4. Os proce-
Assim, os dados e os resultados quan- dimentos de coleta e análise dos dados da
titativos proporcionaram um quadro fase quantitativa inicial estão descritos nas
geral do problema da pesquisa, en- duas primeiras caixas retangulares. As cone-
quanto os dados qualitativos e sua xões com a fase qualitativa mediante a sele-
análise refinaram e explicaram aque- ção de casos e do desenvolvimento do pro-
les resultados estatísticos explorando tocolo da entrevista estão mostradas no ova l
as visões dos participantes com rela- (o primeiro ponto de interface). Depois, os
ção à sua persistência em maior pro- procedimentos realizados na segunda fase,
fundidade. (p. 97) qualitativa, estão descritas nas duas caixas
retangulares seguintes. O diagrama conclui
Os pesquisadores precisavam primei- com outro oval indicando o segundo ponto Col
ro identificar o quadro geral e os resultados de interface e como os autores interpreta- QU
estatisticamente sign ificativos antes de sa- ram os resultados dos métodos mistos em
berem que resultados quantitativos precisa- geral.
riam ser mais explorados com um elemento
qualitativo. Desse modo, o estudo usou um
momento sequencial com os métodos quan- !Estudo C: Um exempio do
titativos sendo implementados na primeira projeto se~uenciai exploratório Aná
fase e os métodos qualitativos os seguindo (Myers e Oetl:e!, 2®0J) QU
em uma segunda fase. Os autores notaram
que a fase qualitativa foi priorizada porque O projeto exploratório é um projeto de duas
"se concentrava em explicações em profun- fases em que o pesquisador começa coletan-
didade dos resultados obtidos na primeira do e analisando dados qualitativos na pri-
fase, quantitativa, e envolveram uma ex- meira fase. A partir dos resultados explora-
tensa coleta de dados de múltiplas fontes e tórios iniciais, o pesquisador parte para uma
uma análise de caso de dois níveis" (p. 97). segunda fase em que os dados quantitati-
O principal ponto de interface ocorreu no vos são coletados e analisados para testar
momento da coleta de dados qualitativos, ou generalizar os achados qualitativos ini-
durante a segunda fase. Os autores conec- ciais. O estudo de Myers e Oetzel (2003) é
taram as fases usando os resultados da fase um exemp lo do uso do projeto exploratório F ! G llJJIRt
quantitativa para informar o plano de amos- para planejar estudar um problema de pes- :>iagrama
tragem e o protocolo da entrevista usados quisa. =onte: Ext
PESQUISA DE MÉTODOS MISTOS 1 15

aram Myers e Oetzel (2003) são pesquisado- conduz a uma melhor produtividade e per-
, dis- ~es da disciplina de comunicações. O tópi- sistência do empregado, mas que as atuais
n.tita- :o do seu estudo foi a assimilação de novos medidas de assimilação organizacionais
;ulta- empregados em ambientes organizacionais. eram inadequadas. Por isso, o propósito ge-
udou )eclararam que a assimilação organizacio- ral do estudo foi descrever e avaliar as di-
naior ::al é importante de ser estudada porque mensões da assimilação organizacional.

IS de
Fase Procedimento Produto
o es-
JUAL ./ Pesquisa de levantamento trans- ./ Dados numéricos
moo Coleta de dados versal baseada na web (N = 278)
om a quantitativos
s re- ./ Classificação dos dados (univariados, ./ Estatística descritiva, dados

l
te es- multivariados) faltantes, linearidade, homosce-
:odos dasticidade, normalidade, valores
> em discrepantes multivariados
, des- ./ A nálise fatorial ./ Cargas fatoriais
,s au- Análise de dados ./ Frequências ./ Estatísticas descritivas
quantitativos ./ A nálise fatorial discriminante ./ Funções discriminantes canóni-
roce-
./ SPSS quan. software v. l 1 cas, coeficientes padronizados
)S da
e de estrutura, funções em
s nas centroides do grupo.
:one-
sele- ./ Seleção proposital de um ./ Casos (N = 4)
pro- participante de cada grupo (N = 4),
, oval tendo por base a reação típica e
is, os o princípio da variação máxima
fase. ./ Desenvolvimento das perguntas da ./ Protocolo da entrevista
entrevista
aixas
nclui ./ Entrevistas individuais em profundi- ./ Dados de texto (transcrições
,onto Coleta de dados dade, por telefone, com 4 partici- das entrevistas, documentos,
,reta- QUALITATIVOS pantes descrição de artefato)
s em ./ E-mail acompanhando as entrevistas ./ Dados de imagem (fotografias)

l
./ Materiais provocativos
./ Documentos
./ Cursos de Lotus Notes

./ Codificação e análise temática ./ Modelo visual de análise de


Análise dos dados ,/ Desenvolvimento do tema dentro casos múltiplos
QUALITATIVOS do caso e entre os casos ./ Códigos e temas
./ Análise temática cruzada ./ Temas e categorias similares e
duas ./ Software qualitativo QSR N6 diferentes
~tan- ./ Matriz temática transversal
1 pri-
,/ Interpretação e explanação dos re- ./ Discussão
lora-
sultados quantitativos e qualitativos ./ Implicações
um ,.
./ Pesquisa futura
itat:-
esta·
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)3) ;;
tórir
pes- ::)iagrama para um estudo que usou o projeto explanatório.
=onte: Extraída de lvankova e Stick (2007, p. 98), com permissão da Springer Science+Business Media, lnc.
g O6 CRESW ELL & PLANO CLARK

Para cumprir o propósito do estudo, trumento para medir a assimilação organi-


Myers e Oetzel (2003) relataram que o seu zacional. Partindo dos seus achados quali-
estudo "aconteceu em dois estágios" (p. tativos, os autores desenvolveram 61 itens
439). Começaram seu estudo com uma ex- de uma escala para representar as seis di-
ploração qualitativa das dimensões da assi- mensões da assimilação organizacional. Es-
milação organizacional. Durante essa fase, te instrumento foi então implementado na
conduziram entrevistas individuais semies- segunda fase. Na discussão final, observa-
truturadas com 13 participantes selecio- ram achados qualitativos específicos e então
nados para representar diferentes tipos de discutiram a extensão em que os resultados
organização, níveis dentro de uma organi- quantitativos validavam os achados. Devi-
zação e outras características demográficas. do à ênfase dos autores no desenvolvimento
Essas entrevistas geraram dois tipos de da- e na validação de um instrumento quanti-
dos qualitativos: as anotações de campo do tativo, esse estudo pareceu enfatizar os as-
entrevistador e as transcrições das entrevis- pectos quantitativos, demonstrando assim a
tas. Os pesquisadores usaram procedimen- importância geral dos dados quantitativos
tos analíticos temáticos para identificar seis neste estudo.
dimensões da assimilação organizacional do A notação para este estudo pode ser
conjunto de dados qualitativos. escrita como qual ~ QUAN = dimensões
Depois de criar um instrumento a par- exploratórias validadas pelo planejamen-
tir dos achados qualitativos, o estudo pas- to e a testagem de um instrumento. Os au-
sou para sua segunda fase, quantitativa. Os tores utilizaram duas fases conectadas pa-
autores administraram seu instrumento em ra implementar os métodos deste estudo em
Índice de Assimilação Organizacional (IAO) um projeto de métodos mistos exploratório.
juntamente com medidas adicionais hipo- Como está descrito na Figura 4.5, o projeto
teticamente relacionadas às dimensões da começou com uma coleta e análise de da-
assimilação organizacional. Essa pesquisa dos qualitativos para explorar o fenômeno
de levantamento foi administrada a 342 em- (as duas primeiras caixas do diagrama). A
pregados de diversas indústrias. As respos- partir desta fase inicial foi desenvolvido um
tas do questionário foram analisadas de três instrumento em um ponto de interface (ob-
maneiras diferentes: análise da confiabilida- serve o oval "desenvolver um instrumento",
de da escala, análise fatorial confirmatória Fig. 4.5). Os pesquisadores utilizaram este
para validar as subescalas, e testagem das instrumento para coletar dados quantitati-
hipóteses correlacionais para estabelecer a vos em uma segunda fase (as duas próximas
validade do constructo. caixas do diagrama) e concluíram interpre-
Os autores explicaram que as diferen- tando o que foi aprendido nas duas fases.
tes dimensões da assimilação organizacional
eram desconhecidas e que eles precisavam
primeiro explorar este fenômeno com da-
dos qualitativos antes de poderem avaliá-lo lEstudo D: Um ,xem~!o
quantitativamente para validar os achados do projeto iílcor~cra©l@
com uma amostra mais ampla. Por isso, pre- (lara©ly ie OPfR.egaílp @@9)
cisaram dos dois tipos de dados para criar
e subsequentemente testar um instrumento. O projeto incorporado envolve a coleta e
Os pesquisadores conduziram o estudo em análise em pelo menos um tipo de dados
duas fases sequenciais: primeiro para explo- dentro de uma estrutura de planejamento
rar um fenômeno e depois para mensurá-lo. em geral associada ao outro tipo de dados,
A segunda, fase quantitativa, dependia dos como quando um pesquisador opta por in-
resultados da fase inicial, qualitativa. Ocor- corporar um elemento qualitativo dentro
reu um ponto de interface quando os auto- de um experimento quantitativo. O pro- :>iagram;
res conectaram sua fase inicial, qualitativa, pósito dos dados incorporados é melhorar , ota: Dia1
à fase quantitativa, desenvolvendo um ins- a condução ou interpretação do projeto
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,/ Entrevistas se-
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8 R8 CRESW ELL & PLANO CLARK

mais amplo. O estudo de Brady e O'Regan bilidade e à implementação. Eles coletara-


(2009) ilustra as principais características informações sobre as experiências e perce;
deste projeto. ções dos jovens, dos mentores, dos pais e e
Em seu artigo de 2009, Brady e equipe. Especificamente, planejaram inte:-
O'Regan apresentaram um relato sobre o cionalmente selecionar 12 pares de me:-
projeto do seu estudo de métodos mistos toria e entrevistar os indivíduos correspo-
para avaliar o programa Big Brothers Big dentes na ocasião em que o relacionamen:
Sisters (BBBS) dentro do contexto da Irlan- de mentoria foi formado e, novamente, se
da. O propósito desse estudo foi duplo: ava- meses ou mais depois. Além disso, a eqL ·
liar o impacto do programa BBBS para os pe coletou observações, documentos do pr: ·
jovens irlandeses e examinar o processo e cesso e grupos de foco com a equipe do prc ·
a implementação do programa. Os autores grama. A análise qualitativa se concentre
apresentaram uma rica discussão de como no desenvolvimento temático entre os case.
uma base pragmática e uma postura dialéti- e as perspectivas.
ca lhes permitiram estar abertos a adicionar Embora os pesquisadores tenham ir..·
um componente qualitativo para um projeto ciado com um estudo planejado experime:- ·
experimental geral. Eles também descreve- tal e rigoroso como seu foco "primário·
ram como sua estrutura teórica direciona- acharam necessário lidar com as questõe
dora, o modelo de mentoria de Rhodes, lhes éticas, de factibilidade e metodológicas as-
proporcionou um meio para pensar sobre a sociadas ao uso deste projeto que poder: ~
combinação destes diferentes aspectos. não ser tratado com um projeto puramer: ·
Estes métodos do estudo foram molda- te quantitativo. Por isso, os pesquisadc-
dos por ensaios controlados randomizados res incorporaram um elemento qualitati,·:
(ECRs) para testar se o programa BBBS tem "secundário" dentro do projeto experimer ·
um impacto significativo nos resultados dos tal quantitativo para lidar com questões cc-
jovens. Para satisfazer as necessidades de es- mo as preocupações das partes interessadas
tudar o programa onde ele estava bem esta- com a pesquisa, questões sobre o process:
belecido e não negar serviços aos jovens ca- e a implementação, além dos resultados d(
rentes deles, os pesquisadores tiveram de se programa, e questões tanto nos níveis inci:-
comprometer com um tamanho de amostra vidual quanto programático. Assim, o pr:-
de 164 participantes jovens, aleatoriamen- meiro ponto de interface ocorreu no níve:
te designados à condição do programa ou do planejamento. Pode-se considerar que os
à condição controle do tratamento-como- elementos deste estudo têm um relaciona-
-o-usual. O estudo também incluiu os pais, mento interativo, porque as decisões sobre
mentores e professores dos jovens partici- o elemento qualitativo dependiam do proje-
pantes. Os pesquisadores coletaram mensu- to experimental quantitativo dentro do qua:
rações de resultados prognosticadas pelo mo- eles foram implementados. Especificamen-
delo teórico no início da pesquisa, 12 meses te, os métodos qualitativos desempenha-
depois e 18 meses depois. A análise dos da- ram um papel suplementar para examina :·
dos quantitativos incluiu análises de regres- as questões do processo e da implementa-
são e de modelagem de equações estruturais ção do experimento. Os pesquisadores tam-
(structural equation modeling - SEM) basea- bém vincularam os dois elementos simultâ-
das nos hipotéticos relacionamentos dentro neos em seu modelo teórico, sem nenhum
do modelo de mentoria. elemento depender dos resultados do ou-
Os pesquisadores também descreve- tro elemento. Os dois métodos foram utili-
ram o projeto do componente qualitativo zados para tratar de diferentes questões de
do seu estudo, que era necessário para tor- pesquisa dentro do projeto experimental
nar a abordagem quantitativa aceitável pa- abrangente. Além disso, a equipe da pesqui-
ra as partes interessadas e para lidar com as sa combinou os dados de impacto quantita-
questões relacionadas ao processo, à facti- tivo e os dados do estudo de caso qualitativo
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Pré, du rante e após a pesquisa de levantamento
( 164 jovens, pais, mentores e professores)
Análise de regressão e SEM
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pré-teste -teste em três datas
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Procedimento Análise temática
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Estudo do
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Observação resultados
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3 9 Análise do arq uivo
NVivo para vincu lar "C

...e;·o Partes interessadas


Entrevistas de estudo de caso com díades de mentor, pais e a equipe
os resu ltados dos
./ Set. 2008 a
Jun. 2009
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@- dados qual com
(três pontos no tempo)
resultados QUAN ~
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Grupos de foco da equipe
para os participantes o
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:, Esboço do 3
!" Comparação crítica Integração dos achados da ava- relatório ..,vi
do feedback com o Validação do respondente (qual) liação de resultados QUAN com ./ Jan. 20 1O a o
V,
esboço do relató- Apresentação do esboço do relatório os achados qual para produzir o Jun. 20 10
rio para produzir o para os gru pos de foco de jovens, men- relatório final sobre o potencial
Relatório final tores, pais e eq uipe da mentoria dos jovens

~
02!0 CRESW ELL & PLANO CLARK

no modelo teórico para melhorar o entendi- especificamente estruturado a partir de uma quü
mento de como a intervenção foi experien- lente teórica feminista. Ela estava interessa- duz
ciada no contexto irlandês. da no tópico do capital social e se concen- :'uni
Este estudo é um exemplo de um pro- trou em entender o capital social das mulhe- corr
jeto de métodos mistos incorporado. A no- res e em desafiar a ausência de sensibilidade as €
tação do projeto do estudo pode ser escrita para com o gênero. Partindo de suas pers- 5ist
como QUAN ( + qual) = melhorar o experi- pectivas transformativas e feministas, ela : ur
mento. Os autores apresentaram um diagra- descreveu que o propósito da sua pesquisa ::ntl
ma detalhado dos seus procedimentos, que foi destacar a desigualdade de gêneros iden- .::ad
está reproduzido na Figura 4.6. Este diagra- tificando diferenças nos perfis do capital so- :,an
ma indica o elemento quantitativo primário cial dos homens e das mulheres e explican- :·ela
na grande caixa retangular no alto da figu- do por que estas diferenças existiam para as ·am
ra. Esta caixa indica os principais procedi- mulheres. :an
mentos para o ECR, incluindo as mensura- Hodgkin (2008) começou com um ele- .~:iz
ções na intervenção e as mensurações pré mento quantitativo utilizando procedimen- :as
e pós-intervenção. O elemento qualitativo tos de pesquisas de levantamento trans- ::..:a
secundário para examinar os processos du- versais para identificar se os homens e as :ad
rante a intervenção está indicado no gran- mulheres têm perfis de capital social dife- ?.Z<
de oval, que é mostrado simultâneo aos pro- rentes. Usando procedimentos de amostra- :o,
cedimentos de intervenção e experimental. gem aleatória, ela coletou respostas de pes- . ~·
- '-'
A grande área de justaposição entre a caixa quisa de levantamento por carta de 1.431
retangular e o oval comunica a interface no indivíduos em uma cidade regional da Aus- --, .
...... e

nível do projeto. O diagrama também indica trália, incluindo 998 mulheres. Ao planejar
as maneiras em que os pesquisadores plane- o instrumento de pesquisa de levantamento,
jaram vincular os resultados finais com os Hodgkin descreveu especificamente a locali-
resultados do estudo de caso para os indi- zação de uma medida de capital social que ; .
--'
víduos e para o programa, e os resultados fosse mostrada como suficientemente sensí-
combinados do relatório no relatório final vel às questões de gênero, incluindo escalas • __ 1

do projeto. Observe que este diagrama tam- relacionadas à participação social, comuni- 'J
bém inclui uma linha do tempo para os dife- tária e cívica. Ela analisou os dados quanti-
rentes componentes do lado direito. tativos usando análises multivariadas para ·.:-·,
- .,
comparar homens e mulheres e encontrou
diferenças significativas em três escalas de
IEstll.Qdo E: Um exemplo do projeto participação, com as mulheres com pontua-
trarisformativo (Hodgkira, 2008) ções mais altas em participação social infor-
mal, participação social em grupos e par-
O projeto transformativo é utilizado quan- ticipação em grupo comunitário. Hodgkin
do o pesquisador estrutura um estudo de concluiu que os dados quantitativos propor-
métodos mistos dentro de uma perspecti- cionaram evidências de padrões de gênero
va teórica transformativa para ajudar a li- na participação social, cívica e comunitária.
dar com as injustiças ou produzir mudança Em seguida, Hodgkin (2008) condu-
para um grupo sub-representado ou margi- ziu uma fase qualitativa para explicar por
nalizado. Os elementos qualitativos e quan- que as mulheres tinham perfis de capital . _:-]
titativos do estudo podem proceder simultâ- social diferentes daqueles dos homens. Ela j
nea ou sequencialmente ou ambos. O artigo não conseguiu selecionar os participantes
de Hodgkin (2008) descreve sua aplicação por suas respostas quantitativas devido a
das principais características de um projeto considerações éticas relacionadas a manter 1
transformativo. confidenciais os dados da pesquisa. Por isso,
O artigo de Hodgkin de 2008 discutiu usou uma amostragem aleatória por agru-
como seu estudo foi localizado dentro do pamento para selecionar uma subamostra
paradigma da pesquisa transformativa e foi de mulheres que haviam completado a pes- .i

~=:-:;~.'. .!: ~ -- -

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• r.
,,,..,.,.
PESQUISA DE MÉTODOS MISTOS i2

na quisa de levantamento quantitativa. Con- O estudo é um exemplo de um projeto


,a- duziu duas entrevistas individuais em pro- de métodos mistos transformativo. Embora
~n- fundidade com cada mulher participante, a autora tenha usado os procedimentos do
1e - com uma semana de intervalo entre as du- projeto explanatório, esses procedimentos
de as entrevistas, pedindo a cada uma que re- foram implementados dentro de uma estru-
rs- gistrasse reflexões por escrito em um diário tura teórica transformativa que moldou as
~la durante a semana entre as duas sessões de decisões do projeto. Embora a autora não
isa entrevista. Essas reflexões escritas das ativi- tenha apresentado um diagrama para seus
!Il- dades das mulheres foram discutidas como procedimentos, desenvolvemos um, apre-
;o- parte da segunda entrevista. As entrevistas sentado na Figura 4.7. A estrutura trans-
m- relacionadas à participação das mulheres fo- formativa maior está ilustrada com a linha
as ram completadas até que a saturação foi al- pontilhada que envolve os métodos, o que
cançada com 12 participantes. Hodgkin re- proporciona uma visão geral dos objetivos
le- alizou uma análise narrativa das histórias transformativos para os diferentes compo-
~n- das participantes que emergiram dos dados nentes do projeto e indica a mistura dentro
ns- qualitativos. Três temas ligados à materni- de uma estrutura teórica encontrada neste
as dade emergiram, explicando as diferentes estudo. A figura também inclui caixas que
fe- razões para a participação: querer ser uma indicam a coleta e a análise dos dados quan-
ra- "boa mãe", querer evitar o isolamento social titativos e qualitativos e ovais que indicam
es- e querer ser uma boa cidadã. os pontos de mistura, como o que conecta
31 Hodgkin (2008) declarou que havia a fase quantitativa à fase qualitativa. Não
us- uma necessidade de desafiar a falta de sen- há notação formal para um projeto transfor-
jar sibilidade de gênero no estudo do capital so- mativo na literatura, mas um exemplo pos-
to, cial, e de usar os métodos mistos para ge- sível é o seguinte: teoria feminista (QUAN
11i- rar um quadro abrangente e produzir tipos ~ QUAL) = destaque da desigualdade en-
[U e de dados que fossem considerados aceitáveis tre os gêneros.
lSÍ- por aqueles que necessitavam mudar. O re-
las lacionamento entre os elementos foi intera-
ni- tivo porque ela primeiro identificou se e de !Estudo F: Ulm exempio do projeto
1ti- que maneiras os perfis de capital social di- multifásico (Nastasi 12t ai., 2007)
na feriam entre os homens e as mulheres. De-
·ou pois, ela buscou explicar as diferenças identi- O projeto multifásico combina tanto os ele-
de ficadas. O estudo usou o modelo sequencial, mentos sequenciais quanto os simultâneos
ua- com os métodos quantitativos sendo imple- durante um período em um programa de es-
or- mentados na primeira fase e os métodos qua- tudo. Com frequência os elementos são im-
,ar- litativos em uma segunda fase. A autora in- plementados como projetos múltiplos den-
kin dicou que os dois métodos foram igualmente tro de um programa de investigação maior.
or- importantes para o desenvolvimento de um Nastasi e colaboradores (2007) descreveram
ero entendimento que pudesse promover mu- seu uso deste projeto e as principais caracte-
·ia. dança. Ela conectou o elemento quantitativo rísticas de sua implementação.
du- e o elemento qualitativo de duas maneiras. Nastasi e colaboradores (2007) se en-
por Usou a subamostra da primeira fase na se- volveram em uma pesquisa programática e
ital gunda fase e planejou o protocolo da cole- em projetos de desenvolvimento com vários
Ela ta de dados qualitativos para acompanhar os anos de duração relacionados com a promo-
1tes resultados quantitativos iniciais, desse modo ção de saúde mental no Sri Lanka. As es-
J a conectando-os no ponto da coleta de dados. truturas direcionadoras para este estudo
tter Concluindo, ela interpretou como os resulta- incluíram o Participatory Culture-Specific
,SO, dos quantitativos identificaram as diferenças lntervention Model e um modelo de saúde
:ru- no envolvimento entre os gêneros e como os mental baseado na teoria ecológico-desen-
;tra achados qualitativos explicaram por que as volvimental. Para satisfazer esse objetivo,
,es- mulheres ficaram envolvidas. a equipe de pesquisa procurou atingir uma
3' o 'i't
i~·., e, ,,,
.. ' 1-.J
!!O"'
.. 3
e: Objetivos transformativos para a Fase I: Objetivos transformativos Objetivos transformativos! N
~ "C "' ~ ,/ Identificar as diferenças de gênero nos para a Fase 2: para a interpretação: •
.
..
., perfis de capital social ,/ Incluir histórias pessoais das ,/ Desafiar a falta de :
"'e: !>~
Q. "'
11> ,/ Coletar dados considerados aceitáveis por mulheres sensibilidade de gênero no 1 n
;c
3 m
I3 aqueles que precisam ser convencidos a ,/ Explicar por que os perfis das estudo do capital social
o
Q. ...
00 "'
(1) mudar mulheres são diferentes ,/ Construir um quadro ~
m
7<" e abrangente das 1
r
r
18" experiências das mulheres 1 R<>
"'.o incluindo um geral com -o
ºe
~ (1)
e: profundidade e textura
s;:
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....,s
"'::s ' ---------------------------------------------------------- -- --- "'
.,"'õ' Procedimentos: Procedimentos: Procedimentos: Procedimentos: Procedimentos: Procedimentos:
3 ,/ N = 1.431, amos- ,/ Análises mul- ,/ Selecionar uma ,/ Amostragem ,/ Análise narrativa ,/ Discussão de
"'
i· tragem aleatória
dos participantes
tivariadas para
comparar homens
subamostra de
mulheres da
aleatória para
selecionar uma
das histórias dos
participantes
como os resulta-
dos quantitativos
,/ Localizar a men- e mu lheres em primeira fase subamostra identificaram
suração do capital termos de comu- para participar da das mulheres diferenças no
social sensível nidade social e segunda fase participantes da envolvimento en-
às questões de participação cívica ,/ Designar os pesquisa de levan- tre os gêneros e
gênero protocolos de tamento (N = 12) como os achados
,/ Pesquisa por coleta de dados ,/ Duas entrevistas qualitativos expli-
correio qualitativos para individuais em cam por que as
acompanhar os profundidade mulheres ficaram
resultados quanti- com cada partici- envolvidas
tativos pante
,/ Reflexões escritas
em diário durante
uma semana

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PESQU ISA DE MÉTODOS MISTOS 12]

ampla série de propósitos inter-relacionados tendo por base resultados qualitativos. Esse
que requeriam a condução de pesquisa for- relacionamento dependente foi mais forte-
mativa, desenvolvimento e testagem de teo- mente visto quando o programa passou de
ria específica da cultura, desenvolvendo e uma fase sequencial para a seguinte. Além
rnlidando instrumentos específicos da cul- disso, era provável que houvesse momen-
tura e desenvolvendo e avaliando progra- tos em que os métodos eram independen-
mas de intervenção específicos da cultura. tes quando estavam sendo implementados
A equipe da pesquisa descreveu vá- simultaneamente, como quando os autores
rias abordagens para implementar métodos fundiram os dois tipos de informações pa-
quantitativos dentro do seu projeto. Embo- ra entender a aceitabilidade, integridade e
,a os detalhes específicos de coleta e análise eficácia dos métodos de intervenção. Os au-
dos dados tenham sido detalhados em ou- tores não discutiram especificamente a prio-
:ros lugares, os autores discutiram as abor- ridade das duas abordagens. Embora fosse
dagens quantitativas gerais que implemen- possível que uma fase individual pudesse ter
:aram. Essas abordagens incluíram validar um método priorizado em relação ao outro,
medidas psicológicas desenvolvidas, con- ficou claro pela visão do processo integral
firmar os resultados formativos levantando da pesquisa que os dois métodos desempe-
uma amostra representativa maior, e testan- nharam papéis igualmente importantes ao
do a eficácia de programas específicos de- lidar com o objetivo do estudo. Os autores
senvolvidos utilizando projetos verdadeiros descreveram muitas maneiras em que mis-
e quase experimentais. turaram os elementos quantitativos e qua-
A equipe da pesquisa também imple- litativos durante todo o projeto, como, por
:t1entou uma ampla série de atividades de exemplo, designando um elemento quanti-
coleta e análise de dados qualitativos em tativo para testar a eficácia de um programa
seu estudo de vários anos de duração. Devi- adaptado baseado em um elemento quali-
do à importância de se entender os contex- tativo (i.e., conexão) e combinando os dois
:os culturais de saúde mental no Sri Lanka, métodos para examinar a aceitabilidade de
grande parte da pesquisa qualitativa utilizou um programa (i.e., fusão).
·Jm projeto etnográfico. Atividades específi- Esse projeto de avaliação em grande
cas de coleta de dados incluíram entrevistas escala, com vários anos de duração, foi um
com grupos de foco, entrevistas individuais, exemplo de projeto de métodos mistos mul-
observações do participante, documentos e tifásico. O estudo foi implementado duran-
anotações de campo. te múltiplas fases, e os métodos quantitativos
Nastasi e colaboradores (2007) de- e qualitativos foram conduzidos sequencial-
clararam que o seu objetivo de desenvol- mente ao longo de fases e também simul-
\·er práticas de saúde mental culturalmen- taneamente em algumas fases. Não há uma
:e apropriadas e baseadas em evidências notação simples para descrever este estudo
requereu uma combinação recursiva e in- devido à sua natureza iterativa e recursiva de
:egrativa de métodos quantitativos e quali- implementação dos métodos e, na verdade,
tativos, que é um exemplo de mistura den- os autores introduziram uma notação nova
tro de um programa de estrutura objetiva. de setas duplas (-H-) para comunicar a na-
Eles precisavam de métodos qualitativos pa- tureza recursiva do processo. Um início mais
ra identificar os contextos culturais que aju- simples para descrever este estudo em geral
davam a guiar o desenvolvimento do pro- poderia parecer algo como o seguinte: QUAL
grama e a adaptação do programa a novos -> QUAN [QUAN + QUAL] ... = desenvol-
contextos, e isso requereu métodos quan- vimento do programa. Melhor ainda, o dia-
titativos para testar modelos culturais e a grama que os autores fizeram do progresso,
eficácia do programa. Às vezes estes méto- mostrado na Figura 4.8, comunica detalhes
dos foram interativos, como quando os mé- extensivos das múltiplas fases. Essa figura es-
:odos quantitativos foram usados para va- boça as muitas fases envolvidas no processo
lidar uma medida psicológica desenvolvida de desenvolvimento do programa, em que
CRESW ELL & PLANO CLARK

cada círculo representa o uso de pelo menos SEMIEllHANÇAS IE DilFIERIENÇAS


um elemento qualitativo e/ou quantitativo. IENJTRE OS IES1UDOS DE AMOSTRA
Além dessa figura, os autores também apre-
sentaram um quadro detalhando as intera- As principais características dos seis estu-
ções simultâneas e sequenciais dos dados em dos de métodos mistos discutidos neste ca-
diferentes fases do projeto. pítulo estão resumidas no Quadro 4.2. As

Teoria e pesquisa Modelo teórico/ Pesquisa formativa/


existentes conceituai proposto básica

Testagem da
teoria/validação Instrumento/
do instrumento/ Desenvolvimento/
desenvolvimento do
implementação e avaliação modificação da teoria
programa
do programa

!
Pesquisa de avaliação
____. Desenvolvimento/
-----+-
Desenvolvimento do
modificação da teoria instrumento/programa

i
Testagem da
teoria/validação do
Desenvolvimento/ .__ Pesquisa de avaliação
.,__ instrumento
modificação da teoria Implementação e avaliação
do programa

IFiGIU RA 4_9

Diagrama para um estudo que usou o projeto multifásico.


Fonte: Reproduzida de Nastasi et ai. (2007, p. 166), com permissão da SAGE Publications, lnc.
PESQUISA DE MÉTODOS M ISTOS 125

semelhanças e diferenças entre as informa- pelo menos uma forma de dados qualitati-
:ões contidas neste quadro destacam muitas vos. A pesquisa de levantamento transver-
.::as características importantes da pesquisa sal quantitativa e as abordagens experimen-
:e métodos mistos e das diferentes aborda- tais foram usadas nos seis estudos. Os dados
_?ens para a aplicação da pesquisa de méto- quantitativos foram coletados usando vá-
::os mistos. rios tipos de questionários estruturados ou
Em primeiro lugar, é interessante notar instrumentos de mensuração. As formas de
:_ue estes seis estudos de exemplo represen- dados qualitativos coletados entre estes es-
::1m disciplinas diferentes, examinam dife- tudos incluíram entrevistas individuais, en-
. entes tópicos de pesquisa e incorporam di- trevistas com grupo de foco, observações,
'=rentes perspectivas filosóficas e teóricas. respostas por escrito e anotações de campo
Sua diversidade está também refletida no fa- do pesquisador.
: :::i de que eles foram extraídos de diferentes Cada estudo também incluiu procedi-
::.:sciplinas e conduzidos para diferentes pro- mentos para analisar os dados quantitativos
:::ósitos. Wittink e colaboradores (2006) exa- e qualitativos. Os procedimentos quantitati-
-:-iinaram como os pacientes e os médicos se vos apresentaram análises descritivas, com-
:omunicam sobre o status de depressão de parações de grupo, teste para se avaliar a
josos, usando tanto informações qualitati- confiabilidade, análise fatorial confirmató-
as quanto quantitativas. Ivankova e Stick ria, análises correlacionais e análises mul-
2007) identificaram e explicaram prognos- tivariadas. Os procedimentos analíticos
::cadores da persistência do estudante em qualitativos incluíam descrição do desen-
.: 'Tl programa de doutorado. Myers e Oetzel volvimento, análises temáticas e desenvol-
2003) exploraram e validaram as dimen- vimento da história narrativa.
':Jes da assimilação organizacional. Brady e Os autores de cada estudo oferece-
)ºRegan queriam avaliar o processo e a im- ram suas razões para coletar formas de da-
: ·ementação do seu programa de memoria dos tanto quantitativas quanto qualitativas.
_Jmo parte do seu experimento para testar Wittink e colaboradores (2006) precisa-
: seu impacto. Hodgkin (2008) queria desa- ram relacionar diretamente os dois tipos de
'.ar a desigualdade entre os gêneros no es- dados para melhor entender o problema.
:·.:do do capital social. Finalmente, Nastasi e Ivankova e Stick (2007) precisaram coletar
. Jlaboradores (2007) trabalharam para de- dados qualitativos para explicar seus resul-
'=nvolver práticas de saúde mental cultural- tados quantitativos iniciais. Myers e Oetzel
-·ente apropriadas no Sri Lanka. (2003) quiseram validar os achados quali-
Cada um destes estudos incluiu amos- tativos desenvolvendo um instrumento ba-
:. as de indivíduos para os elementos quan- seado em uma exploração inicial do seu tó-
·::ativos e qualitativos, embora tenham pico antes de tentarem mensurá-lo. Brady e
. sado diferentes estratégias. Por exemplo, O'Regan (2009) precisaram de dados qua-
ºittink e colaboradores (2006) usaram litativos para tratar de questões éticas, de
_ mesma amostra (os mesmos indivíduos factibilidade e metodológicas como parte
_ o mesmo tamanho de amostra) para os do seu teste experimental. Hodgkin (2008)
_)is elementos. Hodgkin (2008) e Ivanko- precisou de uma combinação de métodos
a e Stick (2007) selecionaram uma suba- para desafiar a desigualdade de gênero com
-:ostra menor de indivíduos que participa- tipos de dados considerados aceitáveis por
: m da sua fase quantitativa para participar aqueles que precisavam ser convencidos a
_3 fase qualitativa. Myers e Oetzel (2003) mudar e que comunicassem a grande figura
::lecionaram uma pequena amostra para junto com a história pessoal. Nastasi e cola-
.:a fase qualitativa e depois selecionaram boradores (2007) precisaram de uma com-
. :na amostra maior de indivíduos diferentes binação de métodos, durante vários anos,
- ara a fase quantitativa. para identificar contextos culturais que aju-
Cada um destes estudos coletou pelo dassem a direcionar o desenvolvimento do
- e nos uma forma de dados quantitativos e programa e a adaptação do programa para
IIJ
~
Uma comparação dos exemplos de estudos de métodos mistos

Wittink, Barg e lvanl<ova e Myers e Oetzel Brady e O'Regan Nastasi et ai. n


:;ll
(2009) Hodgkin (2008) (2007) m
Gallo(2006) Stick (2007) (2003)
~m
Área de ,1 Status
de de- ,1 Persistência de ,I Assimilação ,1 Programa de ,1 Gênero e capital ,1 Promoção de r
r
conteúdo e pressão (saúde estudantes de dou- organizacional mentoriado social (sociologia) saúde mental 20
campo de mental) torado ( estudos de (estudos de orga- BBBS (estudos de no Sri Lanka ">
estudo educação superior) nização) jovens) (avaliação) z
o
,I Nãoexplicita- ./ Não explicitamente ,I Nãoexplicita- ,1 Pragmática e dia- ./ Paradigma transfor- .l'Modelo de n
Bases
filosóficas mente discuti- discutidas mente discutidas !ética mativo intervenção >:;ll
Ã
das participativo
específico da
cultura

Bases teóricas ,1 Não explicita- ./ Três principais teo- ,I Teoriasdos ,1 Modelo de men- ./Teoria feminista (de- ,1 Modelo de saú-

(ciência social mente discuti- rias da persistência estágios de assi- toria de Rhodes fesa) de mental ba-
ou defesa) das dos estudantes milação organi- (ciência social) seado na teoria
(ciência social) zacional (ciência ecológico-de-
social) senvolvimental
( ciência social)
-
Propósito do ,1 Entender a ./ Entender a per- ./ Descrever e me- ,I Avaliaro impacto, ./ Destacar a desigual- ,I Desenvolver

conteúdo concordância e sistência em um dir as dimensões assim como o dade entre os gê- práticas de
a discordância programa de dou- que descrevem processo e a im- neros, identificando saúde mental
entre médicos torado a distância a assimilação de plementação do diferenças nos perfis baseadas em
e pacientes so- pela identificação e novo emprego programa BBBS de capital social de evidências e
bre o status de exploração de fato- para os jovens na homens e mulheres culturalmente
depressão res que prognosti- Irlanda e explicando por- apropriadas no
cam a persistência que existem estas Sri Lanka
dos estudantes diferenças para as
mulheres
(continua)

--- - - - - -- - - -
Uma comparação dos exemplos de estudos de métodos mistos (continuação)

Wittink, Barg e lvankovae Myers e Oetzel Brady e O'Regan Nastasi et ai.


Gallo (2006) Stick (2007) (2003) (2009) Hodgkin (2008) (2007)

ELEMENTO QUANTITATIVO

Amostra N = 48 =
N 207 estudantes N =342 N = 164 jovens N = 1.431 Amostras
indivíduos que se entre quatro grupos empregados entre participantes e seus participantes selecionadas
autoidentificaram de status de matrícula indústrias pais, mentores e amostrados como apropriado
como deprimidos professores aleatóriamente (n = para cada fase
em um estudo 403 homens; n = 998
maior mulheres)

Coleta de ./ Projeto de pes- ./ Projeto de pesquisa ./ Questionário ,/ Projeto ECR ./ Projeto de pesquisa ./ Coleta de da-
dados quisa transversal transversal incluindo múlti- ./ Coletar medidas de levantamento dos apropriada
./ Mensurações ./ Pesquisa de levan- pias escalas para pré-teste e pós- transversal a cada fase
de depressão tamento online para medir seis dimen- -teste durante ./ localizar medida ,/ As abordagens
(avaliação física, avaliar as variáveis sões do IAO e três anos de capital social incluem técni-
.,,m
V,
autorrelato do de prognóstico também do QIO, ./ As medidas ava- suficientemente cas de validação oe
paciente e esca- ESE e EPSE liam a satisfação sensível às questões do instrumento
vi
la padronizada com o mentor de gênero e projetos ex- )>

da depressão, e dados de pre- ,/ Pesquisa de levanta- perimentais o


m
CES-D) sença mento pelo correio l
m-
./ Demografia que avalia o capital -i
,/ Outras men- social em termos da
oo
surações de participação social, o
V,

saúde (p. ex., comunitária e cívica l


ansiedade, sta- vi
-i
tus de saúde e o
V,

funcionamento
cogn itivo

(continua)
-
IIJ
~
....,
IX!
Uma comparação dos exemplos de estudos de métodos mistos (continuação)

Wittink, Barg e lvankovae Myers e Oetzel Brady e O'Regan Nastasi et ai. n;ll
Hodgkin (2008) (2007) m
Gallo (2006) Stick (2007) (2003) (2009)
~m
./ Análise de ./ Análises multivaria- ./ Análise de r
Análise dos ./ Estatística ./ Estatística ./ Confiabilidade r
descritiva descritiva da escala regressão das para comparar dados como ,ia
dados "'C
apropriado
./ Comparação
de grupos
./ Análise
discriminante
./ Análise fatorial
confirmatória
./ Análise SEM homens e mulheres
para cada fase >
z
o
./Testes n
ELEMENTO QUALITATIVO
correlacionais
~;<;
./Mesmos ./ Quatro indivíduos ./ 13 indivíduos ./ As partes interes- ./ Amostragem aleató- ./ Amostras sele-
Amostra
indivíduos propositalmente intencionalmente sadas selecionam ria por agrupamen- cionadas como
(N = 48) que selecionados da selecionados para um programa to para selecionar apropriado
se autoidenti- amostra quantitativa variação máxima incluindo jovens, uma subamostra de para cada fase
ficaram como que foram típicos mentores, pais e mulheres partici-
deprimidos de quatro grupos de a equipe pantes da pesquisa
status de matrícula (N = 12)

Coleta de ./ Entrevistas ./ Projeto de estudo ./ Entrevistas indi- ./ Entrevistas con- ./ Duas entrevistas em ./ Coleta de da-
semiestrutu- de múltiplos casos viduais semies- centradas em profundidade com dos como apro-
dados
./ Entrevistas por te- truturadas torno de 12 pares cada mulher priado para
radas
lefone, entrevistas ./ Anotações de de mentores ./ Reflexões escritas cada fase, como
eletrônicas, respos- campo do pes- ./ Documentos de em diários pelas pa- entrevistas com
tas a questionário quisador arquivo cientes durante uma grupo de foco,
aberto e documen- ./ Grupos de foco semana observação do
tos relacionados ao com a equipe do participante,
programa programa documentos e
./ Observações anotações de
campo
(continua)
(continua)

Uma comparação dos exemplos de estudos de métodos mistos (continuação)

Wittink, Barg e lvankovae Myers e Oetzel Brady e O'Regan Nastasi et ai.


Gallo(2006) Stick (2007) (2003) (2009) Hodgkin (2008) (2007)

Análise dos ../ Análise temática ../ Análise descritiva e ../ Análise temática ./ Análise temática ./ Análise narrativa das ../ Análise de da-
dados temática dentro do histórias dos partici- dos apropriadas
caso pantes para cada fase
./ Análise temática
entre os casos
CARACTERÍSTICAS DOS MÉTODOS MISTOS

Razão para ../ Necessidade ./ Necessidade de ../ Necessidade de ../ Necessidade ../ Necessidade de ./ Necessidade de
os métodos de relacionar obter um quadro dados quantitati- de lidar com as desafiar a falta de métodos qualita-
mistos mensurações estatístico geral dos vos para validar questões éticas, sensibilidade em tivos para iden-
quantitativas prognosticadores os achados quali- de factibilidade relação ao gênero tificar contextos
de depressão e de persistência e de tativos e metodológicas no estudo do capital culturais que
características explorar em pro- associadas ao uso social usando méto- ajudam a guiar o
com descrições dos que criem um desenvolvimen- -o
fundidade as visões de um ECR para m
VI
qualitativas das dos participantes estudar o impac- quadro abrangente to do programa oe
experiências do para explicar os re- to do programa usando dados que e a adaptação iii
)>
paciente com sultados estatísticos sejam considerados do programa a
médicos para aceitáveis por aque- novos contextos om
desenvolver les que precisam e necessidade de 3
um quadro ser convencidos a métodos quanti- ..,m,
mais completo mudar tativos para tes-
oo
tar modelos cul- o
VI

turais e a eficácia 3
do programa ..,iii
o
VI
Prioridade dos ../ Igual ../ Prioridade ../ Prioridade ../ Prioridade ./ igual ../ igual
elementos qualitativa quantitativa quantitativa

(continua)
-
N
~
Uma comparação dos exemplos de estudos de métodos mistos (continuação) w
li;)

Wittink, Barg e lvankovae Myers e Oetzel Brady e O'Regan Nastasi et ai.


Gallo (2006) Stick (2007) (2003) (2009) Hodgkin (2008) (2007) n
;e
m
V>
./ Simultâneo ./ Sequencial : quanti- ./ Sequencial: qua- ./ Simultâneo ./ Sequencial: quanti- ./ Sequencial e
Momento ~
tativo seguido por litativo seguido tativo seguido por simultâneo m
de uso dos r
r
elementos qualitativo por quantitativo qualitativo
""
"O

Pontos ./ Análise dos da- ./ Coleta de dados ./ Coleta de dados ./ Projeto ./Projeto ./ Projeto s;:
z
principais dos ./ interpretação ./ interpretação ./ Coleta de dados ./ Interpretação o
da mistura ./ Interpretação ./ 1nterpretação n
(ponto de >
;e
;,,;
interface)

Mistura dos ./ Fusão: Desen- ./ Conexão: Resulta- ./ Conexão: Usados ./ Incorporação: ./ Estrutura teórica: ./Estruturado
elementos volvida uma dos quantitativos os achados quali- O elemento Os dois tipos de objetivo do
matriz que re- usados para sele- tativos para infor- qualitativo é in- dados reunidos programa: Pro-
!acionou grupos cionar participantes mar o desenvolvi corporado dentro dentro de uma lente mover a saúde
qualitativamen- e desenvolver mento de um do experimento feminista mental
te derivados protocolo de en- instrumento para quantitativo ./ Conexão: Uma su- ./ Conexão: Usa-
para escores trevista para a fase a fase quantitativa ./ Fusão: Os dados bamostra é usada na do o elemento
quantitativos qualitativa ./ Interpretação: quantitativos e segunda fase quantitativo
./ Interpretação: ./ interpretação: Des- Discutida a ex- qualitativos no ./ Designados os pro- para testar
Discutido critos os resultados tensão em que os nível individual tocolos da coleta a eficácia de
como as com- quantitativos espe- resultados quan- ./ Fusão: Impacto de dados qualitativa um programa
parações entre cíficos e discutido titativos valida- dos resultados e para acompanhar os baseado em
os dois conjun- como os achados ram os achados dos resultados do resultados quantita- um elemento
tos de dados qualitativos ajudam qualitativos estudo de caso tivos qualitativo
proporcionam a explicar os resul- em relação ao ./ Interpretação: Dis- ./ Fusão: Usados
um melhor en- tados modelo de orien- cutidas as diferenças os dois méto-
tendimento tação teórica

(continua)
-,
Uma comparação dos exemplos de estudos de métodos mistos (continuação)

Wittink, Barg e lvankovae Myers e Oetzel Brady e O'Regan Nastasi et ai.


Gallo (2006) Stick (2007) (2003) (2009) Hodgkin (2008) (2007)

quantitativas no en- dos para exa-


volvimento entre os minar a aceita-
gêneros e como os bilidade de um
achados qualitativos programa
explicam como as ../ Incorporação:
mulheres se tornam Usados proce-
envolvidas dimentos de
avaliação do
processo den-
tro de uma ava-
liação somativa
PROJETO DE MÉTODOS MISTOS:
=m .,m
V>
Tipo de Convergente Explanatório Exploratório Incorporado Transformativo Multifásico /J
projeto de c
métodos ~
mistos o
m
:I
m,
Notação QUAN + QUAL quan ~QUAL= qual ~QUAN = QUAN ( + qual) = Teoria feminista QUAL~QUAN
= completar o explicar os fatores validar as dimen- melhorar o experi- (QUAN ~ QUAL) = ~ [QUAN +
óo
entendimento importantes sões exploratórias mento destacar a desigualda- QUAL]. .. = de- o
V>
de entre os gêneros senvolvimento do :I
programa iii
-!
o
V>
NOTA: BBBS indica Big Brothers Big Sisters. CES-D indica Center for Epidemiologic Studies Depression Scale. IAO indica Índice de Assimilação Organizacional. QIO
indica Questionário da Identificação Organizacional. ESE indica Escala de Satisfação no Emprego. EPSE indica Escala de Propensão para Sair do Emprego. ECR indica
Ensaio Controlado Randomizado. SEM indica structurol equotion modeling (modelagem de equação estrutural).
w

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