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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

RS
Nº 70076028430 (Nº CNJ: 0366958-89.2017.8.21.7000)
2017/CÍVEL

APELAÇÃO CÍVEL. ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA.


REVISÃO DE CONTRATO.

DA APLICAÇÃO DO CDC E DOS CONTRATOS


DE ADESÃO. Relação consumerista
configurada. Presença de consumidor e
fornecedor; arts. 2º e 3º da Lei 8009/90.
Súmula 297, STJ. Lei protetiva aplicável ao
caso concreto.

JUROS REMUNERATÓRIOS. Limitação dos


juros ao percentual da taxa média do
mercado, quando forem abusivos, tal como
publicado pelo BACEN em seu site. Posição
do STJ consubstanciada no acórdão
paradigma - RESP 1.061.530/RS.

CAPITALIZAÇÃO DE JUROS. A incidência da


capitalização de juros é permitida, mas
desde que conste sua pactuação de forma
expressa no instrumento contratual, nos
termos do Resp nº 973.827-RS, de
relatoria da Min. Maria Isabel Gallotti.
Como este é o caso dos autos, a
capitalização é mantida.

DOS ENCARGOS MORATÓRIOS.


Quanto aos juros moratórios, se não
estiver expressamente prevista sua taxa e
caracterizada a inadimplência, devem ser
fixados no patamar de 1% ao mês,
conforme está disposto no artigo 406 do
CCB, cumulado com o artigo 161, § 1º, do
CTN.
E a multa moratória de 2% deve incidir
sobre a parcela efetivamente em atraso e
depois de efetuadas as devidas
amortizações na liquidação do contrato.
Já os juros remuneratórios, não cumuláveis
com a comissão de permanência, são
devidos no período de inadimplência, à
taxa média de mercado estipulada pelo
Banco Central do Brasil, limitada ao
percentual contratado.

COMPENSAÇÃO DE VALORES E REPETIÇÃO


DO INDÉBITO. A fim de evitar o
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enriquecimento ilícito de uma das partes,


a compensação de valores e a repetição do
indébito são devidas, respeitando o
disposto nos artigos 369 e 876, ambos do
CC. A restituição deve ocorrer de forma
simples, e como conseqüência lógica do
julgado.

DA TUTELA ANTECIPADA. Estando


presentes todos os requisitos necessários
para a concessão da tutela antecipada,
seu deferimento está condicionado à
realização dos depósitos nos valores
recalculados conforme esta decisão.

PREQUESTIONAMENTO. Descabido o
prequestionamento da matéria, pois
ausente qualquer lacuna no
enfrentamento das questões postas.

APELOS PARCIALMENTE PROVIDOS.

APELAÇÃO CÍVEL DÉCIMA QUARTA CÂMARA CÍVEL

Nº 70076028430 (Nº CNJ: 0366958- COMARCA DE SANTO AUGUSTO


89.2017.8.21.7000)

BV FINANCEIRA S A CREDITO APELANTE/APELADO


FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO

SERGIO LEANDRO MACHADO LEITES APELANTE/APELADO

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos.

Acordam os Desembargadores integrantes da Décima Quarta


Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade, em dar
parcial provimento aos apelos.

Custas na forma da lei.

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Participaram do julgamento, além do signatário, os


eminentes Senhores DES.ª JUDITH DOS SANTOS MOTTECY
(PRESIDENTE) E DES. MÁRIO CRESPO BRUM.

Porto Alegre, 14 de dezembro de 2017.

DES. ROBERTO SBRAVATI,


Relator.

R E L AT Ó R I O

DES. ROBERTO SBRAVATI (RELATOR)

Trata-se de apelações interpostas por SERGIO LEANDRO


MACHADO LEITES e pela BV FINANCEIRA S/A CREDITO FINANCIAMENTO E
INVESTIMENTO contra sentença proferida nos autos da Ação de Revisão
de Contrato que litigam as partes.

A sentença recorrida assim decidiu:

Diante do exposto, com fulcro no art. 487, inc. I,


do Código de Processo Civil, JULGO
PARCIALMENTE PROCEDENTES os pedidos
formulados por SÉRGIO LEANDRO MACHADO
LEITES contra BV FINANCEIRA S.A CRÉDITO
FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO para fins
de:
a) limitar os juros remuneratórios no patamar
de 2,27% ao mês - taxa da contratação - para o
período de inadimplência;
b) determinar a devolução dos valores
eventualmente pagos a maior, na forma
simples, devidamente atualizados pelo IGP-M
desde o desembolso e contando juros legais,
desde a citação na presente ação.
Diante da sucumbência recíproca, a parte ré
arcará com 30% das custas processuais e
honorários advocatícios da parte adversa, os
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quais fixo em R$ 1.000,00 (mil reais),


considerando o grau de zelo profissional e a
natureza da demanda, nos termos do art. 85,
§2º, do CPC. O autor arcará com o restante das
custas e honorários fixados em R$ 900,00
(novecentos reais). Suspendo, todavia, em
relação ao autor, a exigibilidade das verbas
compreendidas pela gratuidade judiciária, nos
termos do art. 98, do CPC.

Apela o Autor nas fls. 81-90. Requer o provimento do recurso


para a reforma da sentença a fim de possibilitar a revisão das quantias
cobradas em excesso, pleiteando pela limitação da taxa de juros
remuneratórios em 12% ao ano; pelo afastamento da capitalização de
juros; pela limitação dos juros de mora em 1% ao ano; pela permissão da
compensação de valores, aplicando-se o Código de Defesa do
Consumidor; pelo deferimento da tutela antecipada; e, por fim,
prequestiona a matéria.

Por sua vez, o Réu recorre nas fls. 76-78. Requer o


provimento do apelo para manter os juros remuneratórios e a
capitalização de juros, conforme pactuados e vedar a compensação/
repetição do indébito; julgando-se improcedente a demanda.

Embora intimadas, as partes não apresentaram as


contrarrazões. Subiram os autos a este Tribunal.

O recurso foi distribuído em regime de substituição, nos


termos do Ato nº 03/2014-OE.

Foram observadas as disposições legais dos artigos 931 e


934, ambos do CPC.

É o relatório.

VOTOS

DES. ROBERTO SBRAVATI (RELATOR)

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Em 11.09.2015 as partes ajustaram contrato de


financiamento com cláusula de alienação fiduciária – Cédula de Crédito
Bancário nº 450434488. O valor financiado foi de R$29.763,43, referente
a um automóvel Chevrolet S10, placa MDH4894. Os juros remuneratórios
foram fixados em 2,27% ao mês e 30,97% ao ano.

DA APLICAÇÃO DO CDC

Enfrenta-se a questão da aplicabilidade do CDC ao caso em


tela.

É consabido que se tem matéria sumulada – verbete 297, do


colendo STJ.

Contudo, oportuno referir que, mesmo antes da edição de


dita Súmula, já se admitia a incidência da lei consumerista para casos
como o que se está a examinar.

O conceito de fornecedor e consumidor está plenamente


caracterizado e o tema encontra-se pacificado nos Tribunais, razão pela
qual a aplicabilidade do CDC, no caso concreto, é irrefragável.

JUROS REMUNERATÓRIOS

No que pertine com a questão dos juros remuneratórios, o


colendo STJ já pacificou o tema, preconizando que é livre a pactuação da
taxa de juros entre os contratantes, exceto em havendo excesso
manifestamente comprovado (na forma do decisório tornado paradigma –
RESP 1.061.530/RS, rela. Min. Nancy Andrighi, j. 22/10/08), ocasião em
que se limitam os juros.

Decidiu-se, à ocasião, o que segue:

a) que as instituições financeiras não se


sujeitam à limitação dos juros remuneratórios
estipulada na Lei de Usura (Decreto 22.626/33),
Súmula 596/STF;

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b) que a estipulação de juros remuneratórios


superiores a 12% ao ano, por si só, não indica
abusividade;
c) que são inaplicáveis aos juros remuneratórios
dos contratos de mútuo bancário as disposições
do art. 591 c/c o art. 406 do CC/02;
d) que vai admitida a revisão das taxas de juros
remuneratórios em situações excepcionais,
desde que caracterizada a relação de consumo
e que a abusividade (capaz de colocar o
consumidor em desvantagem exagerada – art.
51, §1º, do CDC) fique cabalmente
demonstrada, ante as peculiaridades do
julgamento em concreto.

Como asseverado no voto pela eminente relatora, quanto à


limitação dos juros remuneratórios, “a dificuldade do tema, que envolve o
controle do preço do dinheiro é enorme. Isso não é, entretanto, suficiente
para revogar o art. 39, V, CDC, que veda ao fornecedor, dentre outras
práticas abusivas, “exigir do consumidor vantagem manifestamente
excessiva”, e o art. 51, IV, do mesmo diploma, que torna nulas as
cláusulas que “estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas,
que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou seja,
incompatíveis com a boa-fé ou a eqüidade”.

Então, cumpre dizer que os juros serão limitados, a um


patamar razoável, para expungir abusividade, e que a diretriz que se
adota para fixar tal patamar é a taxa média do mercado, tal como
fornecida pelo BACEN em seu site, consoante estipulado no acórdão
paradigma suso mencionado. Os juros são limitados, então, em hipótese
excepcional, qual seja, quando ultrapassada a taxa média de mercado.

No mesmo sentido, num dos precedentes que deu esteio ao


decisório paradigma antes mencionado, o Min. João Otávio de Noronha
decidiu que “a alteração da taxa de juros pactuada depende da
demonstração cabal de sua abusividade em relação à taxa média do
mercado” (AgRg no REsp 939.242/RS, Quarta Turma, DJe de 14.04.2008).

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Neste mesmo tom, o Min. Fernando Gonçalves sustentou que “a


alteração da taxa de juros pactuada depende da demonstração cabal da
sua abusividade em relação à taxa média de mercado” (AgRg no REsp
1.041.086/RS, Quarta Turma, DJe de 01.09.2008).

Ou seja, os juros remuneratórios não estão limitados pelos


lindes legais – CCB ou Lei de Usura -, mas tampouco estão de todo
liberados, devendo estar em harmonia com a taxa média do mercado
divulgada pelo BACEN.

Logo, no caso, como o pacto prevê juros remuneratórios


anuais no patamar de 30,97%, superior à taxa de mercado apurada para
o período em que se celebrou o ajuste, os juros vão reduzidos ao valor da
taxa média do mercado, qual seja, 25,57% a.a.

CAPITALIZAÇÃO DE JUROS

A capitalização dos juros em periodicidade inferior à anual


tem suporte na Medida Provisória n. 2.170-36/2001, art. 5º, que é norma
especial em relação ao art. 591 do novo Código Civil. E, neste sentido, o
Egrégio Superior Tribunal de Justiça já pacificou o entendimento pela
legalidade da pactuação de capitalização inferior à anual dos contratos
bancários não previstos em lei especial.

É importante frisar que a Segunda Seção do Superior


Tribunal de Justiça, ao apreciar o REsp n. 602.068/RS, entendeu que a
partir de 31.03.2000, data de publicação da MP n. 1.963-17, também é
admissível a referida capitalização mensal dos juros.

No que tange à Medida Provisória n. 1.963-17 (2.170-36),


igualmente, por se direcionar às "operações realizadas pelas instituições
integrantes do Sistema Financeiro Nacional", especificidade que a faz
prevalente sobre a lei substantiva atual, que não a revogou
expressamente e não é com ela incompatível, porque é possível a
coexistência por aplicável o novo Código Civil substantivo aos contratos

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civis em geral (art. 2º, parágrafo 2º, da LINDB), não tratados na aludida
Medida Provisória.

Portanto, a partir de 31.03.2000 foi facultado às instituições


financeiras, em contratos sem regulação em lei específica, desde que
expressamente contratado, cobrar a capitalização dos juros em
periodicidade inferior à anual, direito que não foi abolido com o advento
da Lei n. 10.406/2002.

A Segunda Seção, do Egrégio Superior Tribunal de Justiça, ao


apreciar o REsp nº 973.827/RS, através do voto condutor da insigne
Ministra Maria Isabel Gallotti, estabeleceu a distinção entre a
capitalização de juros e o regime de juros compostos, formadores da taxa
efetiva e nominal de juros. Este acórdão paradigma deixou claro de que
“a capitalização de juros diz respeito às vicissitudes concretamente
ocorridas ao longo da evolução do contrato. Se os juros pactuados
vencerem e não forem pagos, haverá capitalização”. Diante deste
contexto, a capitalização deixaria de ser tratada como encargo da
normalidade, passando a ter sua vinculação à inadimplência do devedor.
No entanto, em decisões posteriores ao paradigma, a E. Ministra Galotti e
outros preclaros Ministros, adotaram o entendimento ou clarificaram o
anterior de que o afastamento da mora contratual ocorreria somente
quando constatada a exigência de encargos abusivos durante o período
da normalidade contratual, incluindo nestes a capitalização. 1 Transcrevo
parte do corpo do acórdão: “...revendo posicionamento anterior no
tocante à mora contratual, adoto a orientação do STJ, no sentido de
afastamento da mora contratual apenas quando constatada a exigência
de encargos abusivos durante o período da normalidade contratual, ou
seja, juros remuneratórios e capitalização, consoante precedente do
REsp nº 1.061.530 RS, relatora Ministra Nancy Andrighi, julgado em
22.10.2008...”

1
Conforme se extrai da decisão proferida no AREsp 065768, DJE de 15/02/2013.
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No mesmo sentido, a posição do E. Ministro Paulo de Tarso


Sanseverino , Raul Araújo3, para citar alguns.
2

Ainda, tratando-se de uma cédula de crédito bancário, que


segue os ditames da Lei nº 10.931/04, a capitalização de juros em
periodicidade inferior à anual é permitida, se expressamente pactuada, e
encontra respaldo no art. 28, §1º, I, da Lei nº 10.931/04:

“Art. 28. A Cédula de Crédito Bancário é título executivo


extrajudicial e representa dívida em dinheiro, certa, líquida e
exigível, seja pela soma nela indicada, seja pelo saldo
devedor demonstrado em planilha de cálculo, ou nos
extratos da conta corrente, elaborados conforme previsto no
§ 2º.
§ 1º Na Cédula de Crédito Bancário poderão ser pactuados:
I - os juros sobre a dívida, capitalizados ou não, os
critérios de sua incidência e, se for o caso, a
periodicidade de sua capitalização, bem como as
despesas e os demais encargos decorrentes da
obrigação;”

Assim, seguindo a orientação do Superior Tribunal de Justiça,


entendo que a capitalização de juros em período mensal é permitida, mas
desde que conste sua pactuação de forma expressa no instrumento
contratual, que pode ser tanto pela constatação do termo “capitalização
de juros”, ou, tão somente, pela análise das taxas anual e mensal de
juros, verificando-se que aquela é superior ao duodécuplo desta.
Como este é o caso dos autos, a capitalização deve ser
mantida.

DOS ENCARGOS MORATÓRIOS

Está disposto no artigo 397 do CCB que “O inadimplemento


da obrigação, positiva e líquida, no seu termo, constitui de pleno direito
em mora o devedor.”

2
REsp nº 1318955, DJe 13/02/2013
3
REsp nº 1246616, DJe 19/03/2013
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Assim, se o devedor não cumpriu com sua obrigação no


prazo estabelecido, está caracterizada a mora do mesmo, não existindo
nenhum óbice para que sejam cobrados os encargos moratórios.

Nesse sentido:

CIVIL. PROMESSA DE COMPRA E VENDA DE


IMÓVEL. RESCISÃO AJUIZADA PELO
COMPRADOR. OBRIGAÇÃO DE OUTORGA DE
ESCRITURA DEFINITIVA ASSUMIDA COM O
ADVENTO DA QUITAÇÃO. PAGAMENTO DO
PREÇO. CONSTITUIÇÃO EM MORA.
DESNECESSIDADE.
1.- Com a quitação do preço, a obrigação
assumida de outorga da escritura definitiva se
tornou líquida e vencida, o que constitui em
mora o devedor em seu vencimento,
independentemente de interpelação, conforme
prevê a primeira parte do artigo 960 do Código
Civil de 1916 (caput do art. 397 do atual Código
Civil).
Recurso Especial conhecido e provido.
(REsp 813.736/ES, Rel. Ministro SIDNEI BENETI,
TERCEIRA TURMA, julgado em 18/05/2010, DJe
07/06/2010)

Quanto aos juros moratórios, se não estiver expressamente


prevista sua taxa e caracterizada a inadimplência, devem ser fixados
juros no patamar de 1% ao mês, conforme está disposto no artigo 406 do
CC, cumulado com o artigo 161, § 1º, do CTN, seguindo, ainda, a
jurisprudência pacífica do eg. STJ:

“CONTRATO DE ABERTURA DE CRÉDITO. TAXA


DE JUROS. SÚMULA N° 596−STF. JUROS
MORATÓRIOS. TR. COMISSÃO DE PERMANÊNCIA.
São admissíveis os juros de mora à taxa de 1%
ao mês, desde que assim pactuados na avença.
Omissis.”
(Resp n° 506411/RS, Rel. Min. Barros Monteiro,
4ª Turma, DJ 17.11.2003)

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Nada há de ilegal na cobrança de juros de mora, pois estes


possuem natureza eminentemente moratória, sendo devidos a partir do
descumprimento da obrigação até o efetivo pagamento.

No caso da multa contratual (cláusula penal), esta tem por


função indenizar o credor por eventual descumprimento da obrigação
assumida pelo devedor e está prevista no artigo 52, §1º, do Código de
Defesa do Consumidor, nos seguintes termos: “As multas de mora
decorrentes do inadimplemento de obrigações no seu termo não poderão
ser superiores a dois por cento do valor da prestação.”

Deste modo, sua incidência é permitida no percentual de


2%, conforme contratado.

Por fim, saliento que não há anatocismo ou ilegalidade


quando incide sobre um determinado valor a cobrança de juros
moratórios, juros remuneratórios, correção monetária e multa contratual,
pois são distintas as causas das respectivas incidências.

Neste sentido, o Código Civil em seu artigo 404, é muito


claro:

“As perdas e danos, nas obrigações de


pagamento em dinheiro, serão pagas com
atualização monetária segundo índices oficiais
regularmente estabelecidos, abrangendo juros,
custas e honorários de advogado, sem prejuízo
da pena convencional.”

Os juros remuneratórios constituem fator de remuneração do


capital, e não se confundem com os juros de mora, cabíveis como forma
de sanção pelo não pagamento no termo devido. A correção monetária
atualiza o valor da moeda. E a multa moratória de 2% deve incidir sobre a
parcela efetivamente em atraso e depois de efetuadas as devidas
amortizações na liquidação do contrato.

Todavia, há de se salientar que a incidência dos juros


remuneratórios no período de inadimplência são devidos à taxa média de

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mercado divulgada pelo BACEN, limitada ao percentual contratado, nos


termos do Verbete 296 do STJ:

“Súmula nº 296: Os juros remuneratórios, não


cumuláveis com a comissão de permanência,
são devidos no período de inadimplência, à taxa
média de mercado estipulada pelo Banco
Central do Brasil, limitada ao percentual
contratado”;

Portanto, todos estes encargos podem ser cobrados


conjuntamente, a partir da inadimplência, não configuram anatocismo,
ilegalidade ou abusividade por parte do credor, desde que não haja
incidência de comissão de permanência, conforme está pactuado no
contrato revisando e pleiteado pelo banco apelante, bem como obedecido
o limite imposto pelo Verbete 296 suso elencado.

COMPENSAÇÃO DE VALORES E REPETIÇÃO DO


INDÉBITO

A fim de evitar o enriquecimento ilícito de uma das partes, a


compensação de valores e a repetição do indébito são devidas,
respeitando o disposto nos artigos 369 e 876, ambos do CC. Mesmo
porque, o Superior Tribunal de Justiça já possui sólida jurisprudência em
admitir sua ocorrência nos casos de cobranças indevidas de valores:

CONTRATO BANCÁRIO. AÇÃO REVISIONAL.


ARRENDAMENTO MERCANTIL. RECURSO
ESPECIAL. TEMPESTIVIDADE. VIOLAÇÃO DO ART.
535 DO CPC. NÃO OCORRÊNCIA. DISPOSIÇÕES
ANALISADAS DE OFÍCIO. IMPOSSIBILIDADE.
JUROS REMUNERATÓRIOS. LIMITAÇÃO
AFASTADA. CAPITALIZAÇÃO MENSAL DE JUROS.
PACTUAÇÃO EXPRESSA. DESCARACTERIZAÇÃO
DA MORA. PRESSUPOSTO NÃO
EVIDENCIADO. JUROS MORATÓRIOS. MULTA
CONTRATUAL. LICITUDE DA COBRANÇA.
REPETIÇÃO DO INDÉBITO E COMPENSAÇÃO.
POSSIBILIDADE.
(...)
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8. A jurisprudência do STJ está consolidada no


sentido de permitir a compensação de valores e
a repetição do indébito sempre que constatada
a cobrança indevida do encargo exigido, sem
que, para tanto, haja necessidade de se
comprovar erro no pagamento.
9. A multa de mora é admitida no percentual de
2% sobre o valor da quantia inadimplida, nos
termos do artigo 52, § 1º, do CDC.
10. Satisfeita a pretensão da parte recorrente,
desaparece o interesse de agir.
11. Agravo regimental provido.
(AgRg no Agravo de Instrumento nº 1.028.568 –
RS. Relator: Ministro João Otávio de Noronha.
Julgado em 27/04/2010)

Assim, apurados os valores devidos, a compensação deve


ser feita através dos pagamentos já efetuados caso exista saldo devedor,
bem como deve ocorrer a repetição do indébito para os casos de
pagamento a maior pelo consumidor.

Por fim, afasto desde já a incidência do parágrafo único do


art. 42 do CDC, pois entendo que a restituição deve ocorrer de forma
simples, e como conseqüência lógica do julgado. Sobre o saldo a ser
restituído, deverão incidir correção monetária pelo IGP-M a partir do
vencimento da parcela paga e, juros legais desde a citação.

DA TUTELA ANTECIPADA

O Superior Tribunal de Justiça tem entendimento pacificado


quanto à impossibilidade de constituição em mora do devedor, e
conseqüente inscrição nos cadastros restritivos de crédito, quando
houver a cobrança de encargos abusivos dentro da normalidade
contratual. Assim, seguindo a orientação proferida quando do julgamento
dos Recursos Especiais nº 1.061.530/RS e nº 973.827/RS, a presença de
juros remuneratórios abusivos no contrato impossibilitam a constituição
em mora do devedor, o que ocorreu no caso dos autos.

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Inclusive o julgamento do REsp 1.061.530/RS fortaleceu a


orientação já firmada pela Eg. Segunda Seção do Superior Tribunal de
Justiça, através do REsp 527618/RS, publicado em 24.11.2003, sendo
relator o Ministro César Asfor Rocha, que, para que haja o cancelamento
ou a abstenção da inscrição do nome do inadimplente nos cadastros de
proteção ao crédito, é indispensável que o devedor demonstre a prova
inequívoca do seu direito, ou a verossimilhança, ou ainda, a fumaça do
bom direito, com a presença concomitante de três elementos:

a) que haja ação proposta pelo devedor contestando a


existência integral ou parcial do débito;

b) que haja efetiva demonstração de que a contestação da


cobrança indevida se funda na aparência do bom direito e em
jurisprudência consolidada do Supremo Tribunal Federal ou do Superior
Tribunal de Justiça;

c) que, sendo a contestação apenas de parte do débito,


deposite o valor referente à parte tida por incontroversa, ou preste
caução idônea, ao prudente arbítrio do magistrado.

Eis a ementa do julgado em comento:

CIVIL. SERVIÇOS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO.


REGISTRO NO ROL DE DEVEDORES. HIPÓTESES
DE IMPEDIMENTO.
A recente orientação da Segunda Seção desta
Corte acerca dos juros remuneratórios e da
comissão de permanência (REsp's ns. 271.214-
RS, 407.097-RS, 420.111-RS), e a relativa
freqüência com que devedores de quantias
elevadas buscam, abusivamente, impedir o
registro de seus nomes nos cadastros restritivos
de crédito só e só por terem ajuizado ação
revisional de seus débitos, sem nada pagar ou
depositar, recomendam que esse impedimento
deva ser aplicado com cautela, segundo o
prudente exame do juiz, atendendo-se às
peculiaridades de cada caso.
Para tanto, deve-se ter, necessária e
concomitantemente, a presença desses três
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elementos: a) que haja ação proposta pelo


devedor contestando a existência integral ou
parcial do débito; b) que haja efetiva
demonstração de que a contestação da
cobrança indevida se funda na aparência do
bom direito e em jurisprudência consolidada do
Supremo Tribunal Federal ou do Superior
Tribunal de Justiça; c) que, sendo a contestação
apenas de parte do débito, deposite o valor
referente à parte tida por incontroversa, ou
preste caução idônea, ao prudente arbítrio do
magistrado.
O Código de Defesa do Consumidor veio
amparar o hipossuficiente, em defesa dos seus
direitos, não servindo, contudo, de escudo para
a perpetuação de dívidas.
Recurso conhecido pelo dissídio, mas
improvido.
(REsp 527618/RS, Rel. Ministro CESAR ASFOR
ROCHA, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em
22/10/2003, DJ 24/11/2003 p. 214)

Assim, não basta, tão somente, que o devedor apenas


discuta em juízo o débito que deu ou possa dar origem à inscrição em
bancos de dados de restrição ao crédito, porque o simples ajuizamento de
uma ação revisional não descaracteriza a mora, devem estar presentes
os três requisitos supra mencionados.

Também, observe-se que o Código de Defesa do Consumidor


não impõe qualquer óbice à realização da inscrição do nome do devedor
em órgãos de proteção ao crédito; pelo contrário, ele legitima as
atividades das entidades que mantém estes cadastros, regulamentando a
formação do banco de dados e a inclusão dos cadastros de inadimplentes
em seus artigos 43 e 44.

Portanto, estando presentes todos os requisitos necessários


para a concessão da tutela antecipada, está plenamente justificado o
pedido para a exclusão do nome do autor de qualquer cadastro de
proteção ao crédito (SPC, SERASA e Sisbacen).

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Quanto ao Sistema de Informações do Banco Central,


recente julgamento proferido pela Ministra Nancy Andrighi considerou
que a negativação feita em tal banco de dados também têm caráter de
restrição de crédito ao consumidor:

CIVIL E PROCESSUAL. RECURSO ESPECIAL.


AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO BANCÁRIO.
TUTELA ANTECIPADA DEFERIDA. LIMINAR
OBSTATIVA DA INSCRIÇÃO EM CADASTRO DE
INADIMPLENTES. SISBACEN. SISTEMA DE
INFORMAÇÕES DE CRÉDITO DO BANCO
CENTRAL DO BRASIL (SCR). DESCUMPRIMENTO
DE ORDEM JUDICIAL. RECURSO ESPECIAL NÃO
PROVIDO.
1. As informações fornecidas pelas instituições
financeiras ao Sisbacen afiguram-se como
restritivas de crédito, visto que esse sistema de
informação avalia a capacidade de pagamento
do consumidor de serviços bancários.
2. A inclusão do nome da parte autora no
Sisbacen, enquanto o débito estiver sub judice,
configura descumprimento de ordem judicial
proferida em sede de ação revisional de
contrato, que, em antecipação de tutela,
determinou à instituição bancária que se
abstenha de negativar o nome da recorrida em
qualquer banco de dados de proteção ao
crédito.
3. Recurso especial não provido.
(Recurso Especial nº 1.099.527 – MG. Relator:
Ministra Nancy Andrighi. DJ em 23/09/2010)

O deferimento da medida, assim como sua manutenção,


está condicionado ao depósito judicial em valor recalculado das parcelas
conforme definido nesta decisão, e deve ser feito a fim de afastar a mora
debendi, além de ser requisito indispensável à concessão da tutela
antecipada para a exclusão do nome do autor dos órgãos de proteção ao
crédito.

Seguindo a mesma orientação do Recurso Especial


paradigma 1.061.530/RS, também entendo que a manutenção na posse
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do bem deve ser deferida se presente a cobrança de encargos abusivos


no período na normalidade contratual.

Nesse sentido, colaciono os seguintes arestos:

RECURSO ESPECIAL. AGRAVO REGIMENTAL.


AÇÃO REVISIONAL. ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA.
MANUTENÇÃO DO DEVEDOR NA POSSE DO BEM.
ADMISSIBILIDADE.
- É possível o deferimento da tutela antecipada
para a manutenção do devedor na posse do
bem, em sede de ação de revisão de cláusulas
de contrato de alienação fiduciária, se
demonstrada a verossimilhança das alegações
de abusividade das cláusulas contratadas.
Precedentes.
Agravo Regimental improvido.
(AgRg no Recurso Especial nº 957.135 – RS.
Relator : Ministro Sidnei Beneti. DJe 07/10/2009)

AGRAVO REGIMENTAL - AGRAVO DE


INSTRUMENTO - CONTRATO DE FINANCIAMENTO
COM ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA EM GARANTIA -
MANUTENÇÃO DO DEVEDOR NA POSSE DO BEM
- POSSIBILIDADE - CONSIGNAÇÃO EM JUÍZO DOS
VALORES INCONTROVERSOS - AFASTAMENTO
DOS EFEITOS DA MORA - OCORRÊNCIA -
PRECEDENTES - RECURSO IMPROVIDO.
(AgRg no Agravo de Instrumento nº 1.094.712 –
MS. Relator: Ministro Massami Uyeda. DJe
29/04/2009)

Assim, igualmente a manutenção na posse do bem nas mãos


do financiado deve ser deferida, e condicionada aos valores recalculados.
Ressalto ainda, que a medida dar-se-á somente após comprovado o
primeiro depósito e enquanto persistir o animus em adimplir a obrigação
nos termos aqui expostos, podendo ser revogada em caso de
descumprimento deste julgado.

Portanto, a fim de garantir o interesse das partes, o depósito


deve ser feito em valor recalculado, extirpando-se do cálculo as

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ilegalidades contratuais referentes aos juros remuneratórios conforme


definido essa decisão. Tal medida irá preservar a boa-fé contratual, pois
ao mesmo tempo em que assegura ao consumir de se deparar com uma
divida maior posteriormente, garante o recebimento pontual dos valores
adequados à instituição financeira. Saliento que o referido depósito será
realizado por conta e risco do depositário e sem efeito liberatório.

PREQUESTIONAMENTO

O prequestionamento não obriga o julgador a analisar todos


os dispositivos indicados pelas partes, desde que tenha subsídios
suficientes para expressar sua convicção.

Nesse sentido, já decidiu o Superior Tribunal de Justiça que:

"Não há que se falar em ofensa aos arts. 458 e


535 do CPC, se o Tribunal de segundo grau
apreciou e solucionou a questão federal posta
na apelação, embora não tenha feito menção
expressa ao respectivo dispositivo legal, o que
é desnecessário para o cumprimento do
requisito de admissibilidade do
prequestionamento." (REsp 130031-SP, STJ, 2ª
Turma, Rel. Min. Adhemar Maciel, DJU 29.9.97).
"O prequestionamento consiste na
apreciação e na solução, pelo tribunal de
origem, das questões jurídicas que envolvam a
norma positiva tida por violada, inexistindo a
exigência de sua expressa referência no
acórdão impugnado. Receberam os embargos.
Unânime." (EDRESP 162608/SP, Corte Especial,
STJ, Min. Sálvio de Figueiredo, j. 16/06/1999,
DJU 16/08/1999).

Ainda, estimo que todas as questões tenham sido arrostadas


como de mister, modo claro, fundamentado e com coerência interna, de
sorte que não há o quê prequestionar. Como é sabido, os fundamentos
são os que o julgador entender necessários, suficientes e adequados para
gerar juízo de convicção, independentemente das alegações das partes,
eis que não há vinculação à espécie.
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De toda sorte, o prequestionamento visa ao enfrentamento


de questões jurídicas pontuais, e não se afigura devido na forma de mera
consulta ou questionário acerca da incidência ou não desta ou aquela lei
– como na espécie.

Pelo exposto, dou parcial provimento aos apelos, para:

a) Limitar os juros remuneratórios no percentual de


25,57% ao ano;

b) Manter a incidência da capitalização de juros conforme


pactuada;

c) Manter os encargos moratórios conforme pactuados na


cláusula 5ª, observado o limite imposto pela Súmula
296 do STJ;

d) Determinar a repetição do indébito e compensação de


valores, se após a apuração em liquidação de sentença
sobejar saldo em favor do devedor, com correção
monetária pelo IGPM a partir do vencimento de cada
parcela paga e juros legais a partir da citação;

e) Determinar que o Banco se abstenha de registrar o


nome do Autor em cadastro de proteção ao crédito, ou
caso já efetuado o registro, seu imediato cancelamento;
e manter o financiado na posse do bem, condicionando
as liminares aos depósitos do valor na forma definida
nesta decisão.

Quanto aos honorários advocatícios, majoro-os levando em


conta o trabalho realizado em grau recursal para 20% sobre o valor
atualizado da causa, à luz do art. 85, §11, do CPC, observado o disposto
no §14 do mesmo artigo. Em razão da reforma ora efetivada, determino a
redistribuição das custas processuais e dos honorários advocatícios, no

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valor ora fixado, em 50% ao encargo de cada parte. Suspensa a


exigibilidade do autor em razão da AJG deferida.

É o voto.

DES.ª JUDITH DOS SANTOS MOTTECY (PRESIDENTE) - De acordo


com o(a) Relator(a).

DES. MÁRIO CRESPO BRUM - De acordo com o(a) Relator(a).

DES.ª JUDITH DOS SANTOS MOTTECY - Presidente - Apelação Cível nº


70076028430, Comarca de Santo Augusto: "DERAM PARCIAL
PROVIMENTO AOS APELOS. UNÂNIME."

Julgador(a) de 1º Grau: VANESSA SILVA DE OLIVEIRA

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