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ALBERTO GUERREIRO RAMOS. ANOVA CIENCIA DAS ORGANIZACOES Uma reconceituagao da riqueza das nagdes Tradugao de MARY CARDOSO =O | FESAG MES [bislioreca} Instituto de Documentacio Editora da Fundacio Getulio Vargas Rio de Janeiro, RU - 1989 _ Yond. Getéic egos CRE 5 G00 co OF (oH .ae Titulo do original em ingles The New science of organizations Direitos reservados desta edi¢do & Fundagio Getulio Vargas Praia de Botafogo, 190 — 22.353 : CP 9.052 — 20.000 Rio de Janeiro, RJ — Brasil E vedada a reproduce total ou parcial desta obra Copyright © Fundacdo Getulio Vargas 1 dg 156 : oe ies A minha esposa Ch ams aera Ch to de Documenta reo Dinor Beness a meus fihos Elana ¢ Alberto ¢ aos Jah, Allison, Andrew Vietor ¢ Henrique Coordenacao editorial: Francisco de Castro Azevedo ‘Supervisio de editoragio: Ereflia Lopes de Souza Superviséo gréfica: Helia Lourenco Netto Capa: Marcos Tupper Ramos, Guerreiro, 1915 ~ 1982, ‘A nova cifncia das organizagSes / Alberto Guerreiro Ra- ‘0s; tradusfo de Mary Cardoso. ~ 2. ed, — Rio de Janeiro: Editora da Fundacio Getulio Vargas, 1989, XXIV, 210 p. ‘Tradueio de: The new scicace of organizations. 1 ‘nclui bibliografia efndice, 1, Sistemas sociais. 2. Sociedade de consume, I. Fundago Genilio Vargas. 1. Titulo, cD - 301 BBoastg @ 39. v “Nada € mais censurivel do que deduzir as nam aguilo que deveria ser feito daquilo que fais os limites a que se circunscreve aquilo que ¢ feito, Kant, Crtioa da rasdo pura “Muitos, dentre nos, conhecem adolescentes dominados ‘compulsso da comida, Q comedor compulsivo, que se emp: ‘com tanita pressa e com tanta desateneao que mal repara naquilo que ‘evora, aplica 2 si mesmo dua sérias penalidades. Embora seu corpo fesieja sendo sbarrotado de enormes quantidades de coises realmente ‘boas, 0 comedor vai-se tormando, ao mesmo tempo. cada vez menos capa, fsicamente. E — que pena! ~ nem esta apreciando aquilo que ‘come; mal se lembra de procurar sentir 0 sabor da comida. ‘Como adultos do séeulo XX, nds nos tornamos usuiri pulsivos — chegando aproximadamente aos mesmos res Walter Kerr, Tae Decline of pleasure vu / AGRADECIMENTOS Queto manifestar @ minha gratidgo a Escola de Administracdo Publica, da Unwersidade do Sul da California, onde encontrei amiza de, entimulo intelectual e apoio material para empreender a pesquisa dds qual nasceu este livo. Sto tantas as pessoas is quais me considero evedor que acho impossivel zelacionar todos os nomes, Devo mencion ‘pat, primeiro, Frank P. Sherwood, sem cuja asistencia dificlmente te- fia ev podido vencer os obsticulos da minha passagem do Brasil vida eadémica nos EUA, Ele tem sido um amigo, um ertico, severo mas hhonesto, dos meus eseritose, algumas vezes, um patrocinador das mi has empresas académicas. Tenho ume divida especial em relacdo Henry Reining, David Mars ¢ E. K. Nelson, os quais em sua qualidade sores de Escola de Administragio Publica da USC, em perfodos vos, desempenharam importante papel na consecuezo do tipo jamento de que precise, em diferentes vicissitudes da minha a neste pais, Quero também manifestar meu aprego a William K. itetor-adjunto da escola encontrou varia des manciras para fucltar mea trabalho de pesquisa, Valiosa contri- ‘buisdo para maior clareza e para o aperfeigoamento des minhas idéias resiltou das erticase sugest®es que me ofereceram meus colegas € ou tras pessoas que leram partes ou todo o rascunho deste liv e entre tas pessoas tenho satisfaggo em mencionar Peter von Sievers, Ross Clayton, Wesley Bjur, Robert Berkov, Alex McEachern, Kail Scheibe, David. L. Schsefer, Daniel Guersitre, Ellis Sandoz, Wiliam Dunn, Louis Gawthrop, estudantes de cursos de pérgraduaeio da USC, de tum modo geral e, particularmente, Francis Cooper, Tom Heeney, George Naija e Levi Reeve Zanga, colaboradoces amigos e criterios dos quais me vali, em matéra de co ‘Um agradeciment especial € devido a Charles M. Den wick, cuja rev 20 ¢-apuro do texto o clareza ‘grades: Porter e close et também, a Constance Rodgers, Mary Priem, Artimese 's membros da equipe da minha escola, que conscien- iemente me deram 0 apoio de secretariado necessério pe- Ix alegres e isis s das minhas solitérias Finalmente, minha permanéacia na Wesleyan Uni ¥ ome profesor ante, respec Wvamente, por ocasifo da licenea especial . para extudos que me fo onedid pela USC no aro academic de 1975/7) reborn ity ena 0.0 lade de Toronto, sob a dire- vvalor para 2 articulagio de PREFACIO Neste livro, apresento 0 arcabouso conecitval de uma nova cncia das organizag6es, Mev objetivo € contrapor um modelo de and lise de sistemas sociais¢ de delineamento organizacional de miltplos “centfas 46'miodelo atual eentralizado no mescado, que tem domiinado as Empresas” privadas e-2 administragd0 publica nos vltimos 80 anos, Sustento, em termos geras, que uma teoria da organizagdo centraliza- da no mercado nao ¢ aplicével a todos, mas apenas 2 um tipo especial de atividade. A splicacdo de sous principios a todas as formas de a vidade estd dificultando 2 atuslizapZo de possveis novos sistemas 9s de nossa sociedade. da, que 0 modelo de alocago de mio-de-obra ede re- nfo leva em contemporineo das. ca que a maneira pela qual & ensinado 0 modelo domi Gesastrosa, porque no admite explicitamente sua limitada wtilidade funcional Estou usando a exp: ciéneia das organizagies em sen- ‘ido ampio, ¢ a mesma inelui assuntos ndo apenas pertinentes a setores presentemente rotulados como administragio pUblica e administracao de empresas privadss, mas também temas especificamente pertencen. tes 20 campo da economia, da ciéncia politica, da ciéncia da formula. Ho de politicas e da cléncia social em geralyAssim sendo, da manetra Como est concebida neste livro, a nova cifncia das orgenizagéies € di ida a problemas de ordenacZo dos negécios sociais e pessoa microperspectiva, tanto quanto numa perspectiva macro. De um modo peral, 0 ensino € 0 treinamento oferecidos aos fudantes, nZo apenas nas escolas de administragao publica e de adm. nistragio de empresas, mas igualmente nos departamentos de ciéncia social, ainda sio baseados nos pressupostos da sociedade centrads no mercado, Hoje € necessério um modelo alternative de pensamento, ainda no articulado em termos sistemiticos, porque a sociedade cen- trada em mercado, mais de 200 anos depois de seu aparecimento, esta xl ma ‘mostrando agora suas limitap6es e sua influéneia desfiguradora da vida hhumana como um todo. E € apenas tal forma de pensamento que este to do conceito bisico de tod ciéncia social — & razio. A modema ciéncia social nZo pode ser completamente expl cada, sengo a luz ds compreensfo peculiar da razZo que nela esta am tica da razzo moderna i falharam, ndo obstante, quanto a encarar lexidade dessa raz4o, Mais recentemente i a 1az80 modema do ponto de vista do le. que sua grande iderada, pressupée ela, contudo, wim card i suficientemente qualificado, Mais ainda. éncie das organizages e da sociedade de pe: a exigida pelas condipdes 6 representada pela chama- ida etd carregada de moder. ter restauredor que deixa de prover a nov 216 um cites do modso sontemporneo de cna de wista do um modelo altematno. que chan ae da vida humana acids «que €caladorna da pot Mox Weber ente Wermatonate (or ou teas 2) © Zveckraionaliie (racionalidade funciona) em enlie, te centrada no mercado. lo 3 concetualiza a sindrome picolgic ineent so Giedadecenwada no mercado e expeiia seus tee pions ber: a fide da individualdade,» pempuctvins peaconalimo, Eclrce que enguanto os cdadSos om ae coe Pewasio organi, ts prosées elses drome em opearde haved na ation ds jas que mantém ipOteses, pouce oportunidade para uma transformasdo social revite. lizadora No capitulo 4, sustento que a teoria de organi po disciplinar, est perdendo o senso de 0 de o1ganizacses forma resents. o conceito da politica cognitiva, e de- ‘monstra que a mesma constitui a mais importante dimensdo osula de Psicologia da sociedade centrada no mercado. A teoria da organizaga0 hunca atinglu 0 sterus de ume discipline clentifica porque seus pro- xl pponentes no tém a percepedo de semelhante dimensio. A teoria da organi2ae0 dominante ¢ pré-analitica, no sentido de que aceta o esta do dos negécios humanos na sociedade centrada no mercado como uum premisse, sem se aperceber da extensZo das possiblidades objet- ‘as, 0 capibulo trata, com minicia, de t8s pressupostos no articula- dos da presente teoria da organizagdo, isto 6, a identificagdo da nature- za humana com a sindrome comportamentalista inerente & sociedade centrada no mercado, a definiefo da pessoa como um detentor de em- prego, ¢ a identificardo da comunicago humana com a comunicacdo tnstramental © capitulo 6 expe os pontos ceg0s € ‘organizacional existente © conch n de uma nova cigncia das organizaySes, baseada no temologicas da teoria mental, tanto quanto entr > formal da organizacto; é desprovida de clara compreensio do papel ‘desempenhado pela interacdo simbdlica nas celagbes interpessoais em geral; e apéia-se numa visio mecanomérfica da atividade produtiva do homem. Os capitulos 4, 5 laboram assuntos tratados em a ration Reviewe No capftulo 7, dos sistemas sociais ¢ do desenho organizacional, que denomino rmitagdo dos sistemas sociais. Tal modelo considera o mercado como lum necessério porém limitado enc sistemas sociais, como, por exemp! Ios enclaves e ‘chamo de paradigma paraecondmico. A lei dos requisitos adequados & apr mo um tOpico fundamental da nova ciéncia das organizagdes. De ‘cordo com essa lei, a variedade de sistemas sociais constitui qualifica. ‘fo essencial de qualquer sociedade, que deve ter respostas para as ne- ‘essidades basicas de atualizacdo de seus membros. Alsm disso, nesse ‘capitulo sustento que cada um desses sistemas sociais deter prOprios requisitos de seu desenho. A lei dos requisitos ilustrada por uma andlise da tecnologia, do tamanho, da percepedo, do espacoe do tempo dos sistemas sociais. enitada no capitulo 8 co- xl No capitulo 9, tento mostrar as implicagées potiticas do pa mico. A essa altura, afirmo que a del sistemas sociais no 6 apenas uma teoria de. Bslarego tal ponte dieutinds os procesos de aloesao de mde. deat rena vios de uma pepe dle, esmino 0 lvro om um sung dos picipcs fo da nova ciéncia das organizagdes e indicanc feral de sua a rvs a doo rum perl ce sua 6 10 captuioe dest vo consttuem i ‘ ue uma unidade orgie © devem se dos na seqbncla em ue eso sprsentadoe deen 1a leiterperderéaspctasfandamentas desu deenorieenny ‘eno, Iso 6 paticlament verdadelo em acto oe capitulo, em quest tomam evident a ua filos6ficas. © capitulo no pode ser compreen 7 uma pega auténoma, ae ieiiareactstee! criadora de tais especi gente de conhecimentos PREFACIO DA EDIGAO BRASILEIRA or brasileiro deste livro deve sempre levar em conta que ele {foi oniginalmente pensado e escrito em inglés. Especificamente, a0 es crevéclo, tive em mira expressar o meu desconforto com a moderna ciéncia social ¢ administrativa, particularmente na feigdo que assume “0 livro proclama que tal nova porgue & sud ti amente modemos, nova ciéncia Aigo ¢ ignorada nos meios académicos (© ser humano resiste 2 ser despojado do seu atributo essen- cial — a razo, No entanto, para viver de acordo com as prescrigbes da sociedade centrada no mercado, é coagido a reprimir a fun¢do norma tiva da razdo no desenho de sua existéncia social, A soviedade centra- da no mercado ¢ inerente a asticia de induzir 0 ser humano a intema- lizar aquela coapdo como condicao normal de sua existéncia, e esta ‘das manifestagGes dessa astcia é 0 fato mesmo de que tal sociedade, em vez de fronialmente declarar a sua incompatibilidade com as pres- crigdes da razdo, conservou a palavra em sua linguagem, mas dew ‘um sentido consonante com a sindrome psicol6gica constitutiva do seu. caréter. Assim, © que se chama hoje de razo, na sociedade centrada ‘no mercado, bem como nas ciéncias sociais em geral, uma corruptela do termo tal como ele mesmo e seus equivalentes sempre foram uni- verselmente entendides até 0 limiar dos tempos modemos. A critica dessa transvalorizago do termo permeia toda a tessitura deste livro. No mundo contemporaneo, os EUA sd0 a mais desenvolvida soviedade centrada no mercado. Por conseguinte € ai que o ser huma- no vaise tomando mais consciente do efeito deculturativo do merca- do. Eventos que ndo vem 20 caso relatar aqui levaram-me a residir nos EUA desde 1966. Nos iltimos trés lustros, @ problemética norte-ame- rican, tanto nos seus aspectos académicos como naqueles pertinentes xv a0 dominio dos afazeres cotidianos, tem sido parte central de minha vida, Este livro destila essa intensa experiéneia, Em varias de suas pas- sagens, € evidente que minhas elaboragoes conceituais sfo largamente ‘afetadas por incidentes tipicos da vida norte-americana, Mas ¢ modelo de sociedade que A nova ciéncia prescreve jé existencial de creseente nimero de individuos BUA, milhares de pessoas estdo sistematicamente vivendo como. mercado fosse apenas um lugar delimitado em seu espaco vita. E uma revolugdo silenciosa que, embora ndo faga manchetes 53, cons fe livto, a historia do futur. pre ages entre 0 in ‘estes ¢ a natureza, Em palavras, este modelo 1 A categorizagio desse modelo emergente na prixis de minorias em todo 0 mundo tem importancia universal, pois constitu: a referen- cia magna da critica da sociedade modema, ¢ de sua ideologia que, sob 0 disfarce de cigncia, de vérios modos comanda o processo configurati ¥0 da vida dos povos, tanto nos paises chamados capitalistas como nos chamados socialisas. Nos estudos que realizet no Brasl antes de radicar-me nos EUA jf eram perceptiveis as linkas mestras do pensamento sistematicamer- teessado em verficar a progres- pensamento dinjo 2s consideragGesfinais ase Nos meus estudos publicados no Basi desde 1957 encontram-se andlises da ciéncia social européia ¢ da norte-americana, bem como do marxismo ¢ do paramarxismo [veja Introdupdo critica d sociologia bra- sileira (1957), O Problema nacional do Brasil (1960), A Crise do poder no Brasil (1961), Mito e verdace da revolupao brasileira (1963)}, Por ‘icularmente significante na minha trajetOria intelectual & 4 Redueao sociolégica, cuja primeira edicZo € datada de 1958, No prefécio da se- gunda edigdo deste lio (1965) sublinhe o trplice sentido da redugzo sociolOgica, a saber: a) atitude imprescindivel & assimilagdo critica da cigneia ¢ da cultura impportadas; 6) adestramento cultural sistematico necessirio para habililar 0 individuo a resist & matsificagao de sua conduta ¢ a pressGes socials organizadas; ¢) superagéo da ci «ial nos moldesinsttucionaise universtérios em que se encontra. Na edigio de 1958, 4 Reduedo sociolégioa tratou principalmen- te da mesma em seu primeiro sentido, Posteriorme: tar o segundo sentido da reducéo sociolégica, su homem parentético, em Homem-organizacioe homem-paren pitulo de Mito e verdade da revoluedo brasileira, eer Models of man and administrative theory, artigo publicado no nlmero de maiojjunho de 1972 da Public Admin XVI ro € resultado de minhas pesquisss sobre a redugio socio- tnha sido esbogado em met est loi, qu constitu o apéndice de Zo socioligice (2. ed. 1965), assim como em Modernization: ‘bart poabity model, capitulo s Developing nations quest for a model (org. por W, A. Boling & G.O. Totten, 1970),n0 qual focalizo ¢ pensamento de Talcott Parsons e de outros excritores norte-america Finalmente, em meu livro Administragio e estratégia do desenvol- imento (1966) mi s do conceito de racionalidade e de ou- pices da ciéncia social dominante jé antecipavam muito do que contrac nest liv. “A Nowe cloncla des organizes 6, asim, produto de cesa ds 30 anos de pesquisa e reflex. Mas ele nfo artieula tudo aquilo em {que a nova ciéncia consiste, Apenas comega uma nova fase da exphica- do da proposta de trabalho tedrico e operacional, que espero consu- mar durante 0 sesto de minh. macdo atual da Alberto Guerreiro Ramos Los Angeles, 1980 XVII PREFACIO DA 2? EDICAO AMERICANA. Alberto Guerreiro Ramos abordou os problemas mais im- portantes deste século. Nascido na Bahia, em 1915, orgulhoso de sua ancestralidade africana, ele trabalhou intensamente no desenvolvimento brasileiro, proferiu aulas ¢ conferéncias na Eu- ‘ropa e na Asia e alcangou o auge de sua capacidade intelectual Gurante os dezesseis anos que passou nos Estados Unidos, onde ‘morreu em 1982. Trabalhou com energia ¢ persisténcia no senti- do de transformar conhecimentos humanos tradicionais € moder- ‘nos numa forca criativa do processo de desenvolvimento, Guerreiro Ramos entendeu a homogeneizacio e a falta de incentives das sociedades socialistas ¢ @ heterogencidade © ‘anomia das sociedades de mercado. Em sua obra - A Nova Cincia das Organizagées: Uma revisio de “A Rigueza das Nacées” — ele desenvolveu um modelo de delimitacio social, com o paradigma pare-econémico voltado para a identificacso das distingées entre as estruturas organizacionais nessas socie- Gedes, Concentrando sua teoria na racionalidade substantiva, tomando em conta todo © escopo dos valores humanos, 20 invés de deter-se apenas nos valores econémicos ¢ instrumentais, Guerreiro Ramos amplia a obra de Max Weber. Ao propor 0 uso apropriado de mecanismos de mereado em setores especfficos e bem delimitados, Guerreiro Ramos cria uma altemativa funda- mentalmente distinta daquela postulada por Adam Smith. ‘Empenhado em entender e analisar as complexidades das experiéncias do Sul e do Norte, Guerreiro Ramos acha um meio de fundir 0 que de melhor cada uma delas pode oferecer. Essa andlise tem Sbvias ¢ profundas implicagdes no processo de de- senvolvimento do Terceiro Mundo ¢ das sociedades pés-indus- triais. ‘Como professor, Guerreiro Ramos conjugou a construcao teGrica com a constante atenc&o para a prética da tarefa do de- senvolvimento, Ele inspirou toda uma geracao de estudantes ‘como professor da Escola de Administracdo da Universidade do xIx Sul da California, “Introduco Critica & Sociologia Brasileira” q Problema Brasileiro” (1960), “Redug&o Socioldgi- “‘Administracio © Estratégia do Desenvolvimento” d centenas de artigos, cnsaios e livros constitem uma obra duradoura. Guerreiro Ramos trabalhou também na “Escola Brasileira de Administracéo Pitblica”, na Universidade Rural do Rio de Janeiro e foi chefe do Departamento de Sociologia do Instituto Superior de Estudos Brasileiros, Foi professor visitante ras universidades de Yale, Wesleyan, Paris, Universidade Fede- ral de Santa Catarina, bem como nas Academias de Ciéncias da Unio Soviética, lugoslévia e da Repitblica Popular da China. Como um homem de acto, Guerreiro Ramos trabalhou, du- rante toda uma geracdo, no Departamento Administrative do Servigo Pablico, foi membro da Delegac&o do Brasil 4 Assem- biéia Geral das Nagées Unidas em 1961, Deputado Federal, Di- etor de Pesquisas do Ministério do Trabalho e Assessor dos Presidentes Vargas, Kubitschek e Goulart. Como ser humano, Alberto Guerreiro Ramos integralizou todas essas facetas numa vida dindmica e multidimensional - ca- tedrético, conselheiro, poeta, te6rico, mestre, amigo - um eéni da vida. Sério com os colegas; fervoroso, provocante € zel com seus estudantes, Alberto encamou plenamente seu pensa- mento de que a vida € um processo ativo ¢ deliberado a ser ex- perimentado integralmente. Guerreiro Ramos esté vivo na cont ‘Nua expansfo ¢ impacto de sua obra, Ele & um desses seres {a ares que soube combinar sua prépria vivencia com as ligées de seus. amtepassados e forjar desse conflito ¢ diversidade a pro- messa de um futuro melhor. Cidado do mundo, Guerreiro Ra~ ‘mos, nessa sua luta por um futuro mais humano, foi também um cidado muito especial daqueles pafses aos quais tanto deu de si - Brasil e Estados Unidos, Robert P, Biller Professor de Administragdo Publica e Vice-Reitor da Universidade do Sul da Califémia SUMARIO ‘Agradecimentos 2X Prefiicio X/ Preffcio da edico brasileira XV Prefiicio da 2? edicao americana XIX 4, Colocagdo desepropriada de conceitos e teor 4.1 ‘Tragos fundamentais da formulapg0 sma-se em colocagio inapropriada 77 a organizacao 69 rica 69 fade corporative 72 jenaeo mal compreendida 72 4.5 Sanidade organizacional, uma denominagao inco 4.6 Pessoas e modelos de 3 79 4.7 Conclusso 82 Bibliografia 83 ta 76 ica cognitive — a psicologia da sociedade centrada no mercado 86 5.1 Politica cognitiva, uma digressio historica 87 5.2 A politica cognitiva ¢ a sociedade centrada no mercado. 90 5.3. Uma visio paroqulal da natureza humana 93 5.4 O alegre detentor de emprego, vitima patolégica da sociedade centrada no mercado 98 5.5 A psicologia da comunicagdo instrumental: 108 5.6. Conclusto J/4 Bibliografia 115 6. Uma abordagem substantiva da organizacao 118 6.1 Tatefa 1 ~ 2 organizagdo como sisteme epistemolégico 118 6.2 Tarefa 2~ pontos cegos da teoria organizacional corrente 120 6.3 Reexame da nopdo de racionalidade 127 64 Peculiridade historica das organizagves economicas 123 6.5 Interagdo simbélica e humanidade 126 66 Trabalioe ocupagio 129 6.7 Conceptualizacdo de uma abordagem substantiva da organizagdo 134 6.8 Conclusio 136 Bibliografia 138 7. Teoria da delimitapao dos sistemas socials: apresentagdo de um paredigma 140 7.1 Onentagao individual e comunitéria 140 7.2 Presetigo contra auséncia de normas 143 73 Coneeituaedo das categorias delimitadoras: 146 Bibliografia 153 xx 8 10. _Alei dos requisitos adequados ¢ 0 desenho de sistemas sociais 155 Bibliografia 173 Paraeconomia: paradigma ¢ modelo multicéntrco de alocagdo 177 Bibliografia 191 Visio geral e perspectivas da nova ciéncia 194 10.1 Acne social convencional 194 10.2 A organizacdo resistente 198 Bibliografa 201 Indice analitico 203 XXII ICA DA RAZAO MODERNA INFLUENCIA SOBRE A TEORIA DA ORGANIZACAO {A teora da. organizapto, tal como tom prevlecido,éingéous, Assure ese cakter porque sbasea ne rcionaldade instrumental inerente a ciéncia social dominante no Ocidente. Na realidade, até ago- fn ee ingenuidade fem sido ofator fundamental de seu sucesso pat Co. Todatia cumpte ecocer goa que ese sues tem oun mensional e, como seré mostrado;€xerce um impacto desfigurador so- bre a vida humana associa, Nfo€ esta a primera ez em gue, em ts io de conideragbes tents, se 6 levado& condenar aguilo que fur ciona na vida social fato, 40 anos atrés Lorde Keynes Obserou que 0 desenvoNimento econémico decor da avareza, da ‘sua, da precaugfo ~ tudo iso coisas que te deprezava Concuiu ae “por empo" precisa ets continuar No contexto des predrascore Gigoes que ce eopeava fossem ands perdurar por agum tempo, Keynes secomendou que se fizese de conta, para nos mesmo ¢ pare todo mundo, que acento ¢erradas.o.enado ¢ceios porque oerado é ies, 1932, p. 372). Fe haverd agus pessoas que pefram su- i orgaiziional coments, porgue, embora sendo pobre ic, ela funciona. Contudo, para fazer isso, € presiio que ae fnja que 4 inganuidade 6 certo, enquanto a solstice fio tebica 60 eradoPAlas num tempo como ohowo, em que a ent Ba psloliglea que um individvo tem que despender, para poder en Frenaras tenses esltantes dessa forma de fraudeauteimposta € de tal magnitude que ele se recusa a ser convencionalmente bem-sucedido ¢ deixa de aquiescer as normas pelas quais a sociedade tima-se. Nes- tes circustdncia, aeons da oganizapdo, tal como : € menos convincente do que G Tor mo pasado e, mais ainda, torna-se pouoo pitic e inoperante,na medida em que continua ase apolar om pressapostosingénuos ’ pala figenuade €usada aqui no sentido em que a empte ou Huse, que reconheceu que a estncia do sucesso tecnolgico 1 ‘econémico das sociedades industria desenvolvidas tem sido uma con- seqiincia da intensive aplicacdo das cléncias narurzis. No entanto, a capacidade manipuladora de tas cigncias nfo constitu, necessariamen- te, uma indicacdo de sua sofisticagdo tebrica. Assim, de acordo com Husser, na medida em que essasciéncias admitem como evidente por ‘i mesmo 0 tipo pré-weiletivo da vida cotidiana,ficam eles “no mesmo nivel de racionalidade das pirémides do Egito” (Husser!, 1965, p. 186), Em outras palavras, as cifncias naturais do Ocidente nose fun- de pensamento, jé que se 3s priticos imediatos. E is serl quis dizer com a afirmapdo: “Toda ciéncia naturl é ing ‘ug relativamente # seu ponto de partida, A natureza, que id invest: gar, esta simplesmente & disposicgo dela para isso” (Husserl, 1965, . 83). No fim de conta, as ciincias naturals podem ser perdoadas pot Sua ingénua objetividade, em raz0 de sua produtividade. Mas essa 1- ncia nfo pode ter vez no dominio socal, onde premisses epistemo- logicas errémeas passam a ser um fendmeno eripto-politica ~ quer di- zer, uma dimensio normativa disfargada imposta pela configuraezo de poder estabelecida 0 presente capitulo é ume tentative de identifieapdo da episte- mologis inerente me ciéncia sovial estabelecida, de que @ atual teoria organizacional ¢ umm dervativo. Meu principal arzumento & que # cia cia social estabelecide também se fundamenta numa raclonalidade ins ularmente earacteristiea do sistema de mercado, Con- Jo indieando o assunto principal do capitulo 2: um coneceito de racionalidade mais teoricamente sadio, quer dizer, uma r= cionalidade substantiva, que ofefeea a base para uma cigncia social al- © para uma nova ciéncia das orgenizagdes, em pres termo razdo (ass jd exa pecul dente, No sentido antigo, como seré mostrado, a razdo era enten mo forcaativa na psique humana que ha! it entre 0 bem ¢ 0 mal, entre 0 conhecimento falso co verdadeiro ¢, 2 vida da razao asua assim, oxdenar sua vida pessoal social. Mais ainda, “ha psique humana era encarada como uma realidade ropiia reducdo a um. fendmeno historico.ou social Nos trabalhos de Hobbes, a “rezo, moderna” 6, pela primeira smaticamente articulada, e até hoje sua influéncia ndo ceu!Definindo a razdo como uma capacidade que o individuo “pelo esforgo" (Hobbes, 1974, p. 45) e que o habilita a nada fe “célculo utilitério de, consequéncias |, Hobbes pretendeu des normative no dom: ar a cabo 0 Seu pro} ais velha... do que meu assume com frequéncia conotae6es a aos propésitos fundamentais da existencia icagdo transformov: alguns que s¢ encaram, a si préprios, como humanistes. No quando se examinam suas intengdes, percebe-se que a causa errada, Suas intengdes podem ser boas, mas seu objetivo esta en ganosamente mal colocado’'A racionalidade por que se batem é, na realidade, 2 distorgso de um concsito-chave dz vida individual associada, | trnsavaliagfo da abstrato, do bom no fu fando a conversio do concreta no smo do ética no néo-ético — ca principais deste livco consistiré em assinalar que, quando com outras sociedades, a sociedade modema tem demons alta capacidade de absorver, distorcendo-os, palatras ¢ o significado original se choca essa sociedade. Uma vez que a palavra razio posta de ado, por forga de seu car ‘dade modema ccabulario tedrico que prevale nto de pre caminho que levard a uma nova de como um todo, livre de desfi- 3 sgurada linguagem teérica, examino rapidemente, nos parderafos se: guintes, a avaliardo critica da razdo moderna, empreendida por alguns dos mais eminentes estudiosos contempordneos. 1.2 A resignacdo ¢ 0s pontos de vista de Max Weber sobre a racionalidacie Quando Max Weber iniciou seu trabatho académico, a velha no- fo de razdo jf tinha perdido a conoracio normativa, que sempre tive: f2, como referéneia para a ordenagdo dos negocios petsoais e sociis. Por um lado, de Hobbes a Adam Smith e aos modernos cientstas so ciais em geraljinstintos, paixGes,inteesses ea simples mativacdo subs tituiram razdo, como teferéncia para a compreensio ¢ a ordenacd0 dz vida humans associada, Por ouizo lado, sob a influéncia do Tlumi- nismo, de Turgot a Mars @ historia Substituiu 6 homem, como porta dor da tazio. Contra tal situacdo, Max Weber pecmanece como uma figura solitria. Rejetou tanto o rude empirismo britanico @ o natura: Uismo dos cientisas socials, quanto o determinism historico, principal caracieristica de influentes pensadores alemées, Uma clare indicagso a conotagio polémica éa obra académica de Weber estd em sua tent tiva de qualificar a nogo de racionalidade. Max Weber € descrito, frequentemente, como verdadeiro crente nz insaficientemente qualficada exceléncia da légica inerente & 50: ciedade centrada no mercado, No entanto, uma letura cuidadosa de sua obra justfica diferente avaliaodo de seu pensamento, a propo: do assunto. Ele esereven muito sobre o mercado como a mais efieiente configuragdo para o fomenta da capacidade produtiva de uma nacio e pura a escalada de seu processo de formacdo de capital. Mas, 20 Yoltarse para 0 mercado e para sua logica especifica é evidente que renhum fundamentalismo mancha sua investigagdo, Em outras ps lavas, no era um fundamenialista, no sentido de que explicava 0 mercado e sua légica espe do sindrome de uma época singular: 2 encezrar seu curso com © advento dessa época. Focaliza esses assuntos do ponto de vista da ise funcional ¢, na vealidade, merece ser considerado o fundador funcional. Avtores modernos, como, por exemplo, Adam Smith, negligenciam o carater precétio da logica de mercado, enquan to Max Weber a interpreta como um requisito funcional de um deter sninado_sstema social episodico. Adam Smith procedeu como um fun- damentalsta, visto como exaliou a logica do mereado como umm ethos 4a existéncia humana em geral. Mas Weber, porém, descreve ess id ce (da qual a buroeracia ¢ ume das manifestagdes) como um complexo hheuristico em efinidade com ums forma peculiar ée sociedade ~ 0 ca- pitalismo, ou a modema sociedade de massa, Con. qualquer tipo fundamentaisea de atdlise econdmica, que “identifica 4 ‘9 psicologicamente existente com 0 eticamente valido” (Weber, 1969, p. 44), Nessa disposigao e tendo em mente os economistas libersis, ‘observa: “Os defensores extremados do livre-comércio... concebiam (a eco- nomia pura) como um retrato adequado da realidade ‘natural’, isto 6, da redlidade ndo perturbada pela estupidez humans ~ e prose isando a estabelecé-lz como um imperativo moral, como um vélido ideal normativo ~ enquanto que ela € apenas um tipo conveniente, @ serusado na andlise empirica” (Weber, 1969, p. 44). © julgamento que Max Weber fez do capitalismo e da moderna sociedade de massa foi essencialmente critico, apesar de parecer lauda- tono. Chocavase ante a maneira pela qual tal sociedade fazia a reava- liaedo do significado tradicional da racionalidade, processo que intima- mente lamentava, embora tena deixado de diretamente confrontéo, ‘Muito embora Weber se tenha recusado a basear sua andlise sobre a in- tignacio moral, como fizeram outros tebricos, de forma nota’ erto atribuirthe qualquer compromisso dogmético com a racior de gerada pelo sistema capitalista, A distingdo que fez, entre Zweckra Honalitat ¢ Wertrationalinat ~ e que, € verdade, 2a ~ constitu possivelmente, uma manifestagao do conflito moral em {que se sentia com as tendéncias dominantes da moderna sociedade de 10 & amplamente sabido, ele salientou que a. racionalidade iqnatitat) & determinada por uma ex- ns calculados” (Weber, 1968, p. 24). A ndependentemente de sias expectativas de teriza nenhuma ago Auimaiia intoressada na “‘consecucao de um res tado ulterior a ela” (Weber, 1968, p. 24-5). Nessa conformidade, We- ber cescreve a burocracia como empenhada em fungOes racionals, no contento peculiar de uma sociedade capitlista centrada no mercado, ¢ caja racionalidade ¢ funcional ado substantiva, esta dlkima consti tindo um componente intrinseco do ator humeno. Sob fundamento slgum € possivel considerar-se Max Weber como wm representante da racionalidade burguesa, uma vez que ele encarava ese tipo de racionalidade com Aqueles quo afirmam 0 contririo ides observaghes_aid hoc com sua posicd0 p mesma forma que deixam de peroeber 2 tensZo espiritual que subli ‘ahou seus esforcos para investigar, size ira ac studio, a tematica de sua 4poca, Na verdade, ele foi incapaz de resolver essa tensio empreende- do uma andlise social do ponto de vista de racionalidade substantiva, De fato, Wertrationairat é apenas, por assim dizer, uma nota de rodapé em sus obra; nie desempenha papel sistemético em seus estu- dos, Se 0 fizesse, a pesquisa de Weber teria tomado um mimo comple. tamente ai te, Escolheu ele a resignacZo (isto ¢, a neutralidade em io a confrontagdo) como posicao metodologice, em e882 resignagdo nunca o desorien- a radical, De modo significa: qualquer posigGo que “afirme ese de varios pontos de vista partidarios, ou seguin. Go uma linha intermedidria aos mesmos, seja possivel cheger-se 4 not, ‘mas prities de validade eientifica” (0 grifo € do orginal) (Weber, 1969, p. $8), Seu historicismo foi mantido em equilibrio pelo forte sen. timento pessoal de finitude dos concstos cientificos, em comparagio om 2 otrente infinitamente multifarme" (Weber, 1968, p.92) da O funcionalismo qualificado de Max Weber tem sido mal come preendido por alguns de seus intérpretes, e mesmo pelos que se auto roclamam seus seguidores. Um caso a assnala é Taleott Parsons, cuja bra, a0 que parece, sofceu a influéncia de Max Weber, Parsons mostra Pouca ou nenhuma ambigiidade moral em relagao a racionaidade imanente ao sistema de niercado, A luz de seu modelo dogmatico de andl ual extrai suz nolo de “variéveis. dra’ 0s requisitos especifices da socie- Gade capitalista avangada tormam-se padres dogmaticos para a ciénets Social comparatva, e mesmo para a propria historia, 13 A viséo ada de racionalidade de Karl Mannheim E ébvio que Karl Mannheim se apbia em Max Weber para estabe- leoer uma distingdo entie racionalidade substancial e funcional Define nacional “um ato de pensamento que revela percepede: lagGes_ de acontecimentos, numa situagdo.determinada” (Mannheim, 1940, p. 53) ¢ esse natureza tormam. da por “juiga. 1940, p. 58), Essa racionalidade tui a base da vida humana ética, responsivel. A racionalidade siz respeito,a qualquer conduta, acontecimento ou objeto, ‘na medida em que este ¢ reconhecido como sendo apenas um meio de uma determinada meta. A influéncia Jimitada da racionalidade ional sobre a vida humana solapa suas qualificagdes éticas, Tal distincdo, portanto, & estabelecida para propésitos éticos ¢ lade, Mannheim sublinha 0 fato de que a racionalidade funcio. nde a despojar 0 individuo médio” (Manniheim, 1940, p. $8) de sua capacidade de sadio julgamento, Ele vé um declinio das ficuldaces Vota Persons, Faleote (1962/1968) 6 4e ctitica do individuo, na proporgdo do desenvolvimento. da indus- ‘tializacso. Sugere, também, que embora a racionalidade funcional ‘enha existido em sociedades anteriores, esiava nelas restritaaesforas limltadas. Na Sociedade modema, porém, tende.a abranger 2 totalida- 4e da vida humana, ndo deixando ao individue médio outta escolha ‘além da desistencia da propria autonomia e “de sua propria interpreta- fo dos eventos, em favor daquilo que os outros lhe do" (Mannheim, 1940, p. $9). Seu livro Man and society in an age of reconsinuction & uma indagecdo sobre a mancira de proteger a vida humana contra a ‘crescente expansdo da racionalidade funcional. Mannheim alega que ‘todo aquele que deseje ser coerente com a distingfo entre os dois tipos de racionalidade precisa compresnder que um alto grau de desenvol ico € econdmico pode corsesponder a um baixo desenvol . Vale 2 pena salientar esse ponto, porque hé autores de Positivista que parecem admitir a validade da distingao, sem se aperceberem, aparentemente, das consequéncias tices dessa distinggo. 0 que Mannheim faz ndo sugere que a racionalidadé + abolida do dominio social. Estipula, antes, que uma ordem social verdadeira e sadia nfo pode médio perde forca psicol6gica que Ihe permite suportar a tensdo entre a racionalidade funcional e a subs por completo se rede Tal situagdo ¢ agravada quando aqueles que 0 de decisGes descuram da tensfo existente 8. Através da abordagem do proceso for rmativo de decisdes de um ponto de vista puramente técnico e pragmé ‘ico, aceitam a racionalidade funcional como o padrao fundamental da vida humana, 4s exigencias de prime estidam 6 provesso fom entre as duas racional 0 que fez. Seu ec ‘qual pretendeu integrar todas as principal coniemporinea, acabou por deixé-o desnorteado, Nem a preocupacao de Mannheim com a liberdade humane o salvou ds perplexidade inte- Teotual. 0 esforco clesificatério que desenvolveu, na avaliagéo € ‘omentirio de descobertas feitas no campo da cigncia social conven ‘ional, nunca the permitiu, realmente, cheger a um conjunto coerente de diretrizes tebricas. Por exemplo, no livro Man and society uma andlise aguda e observayGes tas ele ndo conseguiu desenvoiver um onceito de cigncia social em consonéncia com sua nocdo de raciona- lidade substancial 14 A teoria critica da Escola dle Frankfurt ‘A racionalidade tem sido uma das preocupapSes centras da cha- ‘mada Escola de Frankfurt.” Seus principas representantes, essenclal- ‘mente, afirmam que, na sociedade modema, a racionalidade se trans- formou_num-instrumento_disfarcado de perpetuagdo da repressfo social, em vez de ser sindnimo de ra2dio verdadeira. Esses autores pre- tendem restabelecer © papel da razio como uma categoria ética e, portanto, como elemento de referéncie para uma feora critica da Sociedade. Recusam, 20 que parece, o pressuposto de Mam de que a racionalidade ¢ inerente & historia, ¢ que o provesio da sociedade mo- dema, através da critica dialética de si mesma, conduzira & Zdade dz razdo, Salientam que Marx nfo percebeu que, ha Sociedade modema, as forgas produtotas haviam conquistado seu pr6prio impulso institu sional independente, assim subordinando toda a Vida humana a metas ‘que nada tém aver com a emancipapo humana. © questionamento a que Horkheimer ¢ Adorno submetem 0 conceito de razdo de Marx é uma conseqiiéncia légica de sua analise da tradigfo iluminista. Encaram eles o Huminismo como o momento em que 0 conhecimento da razdo foi separado de sua heranca cléssica, De acordo com Horkheimer, hd uma teoria de razgo objetiva, oriunda de Platdo e Aristoteles e passando através dos escolisticos e mesmo atra- vés do Healismo alemao (Horkheimer, 1947, p. 41), que enfatiza os fins de preferéncia aos meios ¢ as implicapSes éticas da vida de razdo pare a existéncia humana, Essa teoria nao focalize a coordenacdo de comportamento e prop conceitos — ndo importa 0 quanto nos paregam hoje = sobre 2 idéia do bem maior, sobre o problema do destino humano e sobre a maneiza de serem atingidos os objetivos dltimos” (Horkhei- mer, 1946, p. 5), Horkheimer considera implicitos nesse entendimento da razdo 0s pre- cexitos de ordenago da vida do homem, No entanto, o Iluminismo transforma pensamento em matemié- tica, qualidades em funcGes, conceites em formulas, e a verdade em frequiéncias estatisticas de médias. Em outras palavras, com o llumi- nismo, “o pensamento se transforma em mera tautologia” (Horkhei- 2 Sobre a (6a Escola de Frankfurt, via Jay. as73), 8 : indo € escrito ‘met, 1947, p- 97)? Na peispectiva do Luminismo, o mundo & escri dm férmulas matematicas, e 0 dasconhecido perde seu transcendente fignificado clissico, tormandose alguma coisa relativa as capacidades ide céleulo disponiveis. Assim, Horkheimer e Adorno escrevem: smatico esconde a SA redugio do pensamento 2 um aparelho matematico escon¢ sangio do mundo como seu proprio instrumento de mensucaga0. O jque parece ser o triunfo da .., racionalidade, 2 sujeicao da realidade foda a0 formalismo logico, ¢ pago pela obediente submissdo da razéo 20 que € dado diretamente, O que € abandonado € a total reivindica- flo ¢ abordagem do conhecimento: a compreenséo do que é dado Como tal ... A fectibilidade gonha o dia..." (Horkheimer ¢ Adorno. 1972, p. 26-7) ‘moral ¢ religiose” (Horkheimer, 1947, p. 18) no teria sido consuma- da no decurso dos dltimos séculos, sem 2 concomitente desnaturacdo séfica ¢ da linguagem usada nos negocios humanos whale de pa hes efre abe soya alcane do para a presonacio d Como resultado final do proc ma, precisa do sos Ge ur desua tonzatva de wars fautopreserracio fp sa pure dominaezo bel 9 ‘inseco, o Muminismo desencadeou um processo de corrapedo da fala! que conduatu 4 decadencia cultural. Horkheimes esereve: “A agua fo sedi als um insmento no ggantsco ape sho de produsio, a socedade modemma Tors setengs que Mo aul sua opeapo pres ao ego tap dssprovcs de eticndo quanto € assim considerada pelos semanticos contempordneos, que Entendem gue to gis € puemntesiaboice¢ opeconal, et dey, aentngspuramente em sentido fa sentido Ne edideer ae as palais no ao sas com o propos eigen de eel ‘Ecicaman probsligades impotanee 90 pra cuts oben pros eno os guns incl oelnamen,comer las oreo Je SE tomarem supa. porgue a verdade nao consti um fm om mesma” (Horkheimer, 1947, p. 22) e eee Horkheimer_vé.0.processo de desnataracdo de linguagem como resultado, da profunda socalizag%o do individuo no sistema indus- ‘tial moderno, Em algumas péginas de Eclipse ce razdo, antecioa cle 0 essencial daquilo que Riesmann ¢ seus associacos terlam a dizer em The Lonely crowd.* Horkheimer descxeve. 0 homem modemo como ‘um “ego contraido, prisioneiro de um presente efémero, esquecendo- se de usar as funcdes inielectuais pelas quais fo! caps2, um dia, de transcender sua efetiva posicfo na realidéde" (Horkheimer, | P. 22), O individuo modeino perdeu a capacidade de user a linguage sg6es. E capaz, preferentemente, de exprimir P aencia, recasa-se Horkheimer @ acetar o usual ‘comportamenta das pessoas” (Horkheimer. 1947, p.47) modems, como base pare decidir o significado de racionali dissimula sua indignaco moral diante da mode 6 livro Felipse da razao com a seguinte afirmative: lo que ¢ hoje chamado de raz50 ¢ prestar” (Horkheimer, 1947, p. 187), A nogto de racionaidade ¢ iualmente soberana nos trabalhos de Habermas. Seu interse primordial € a consnucdo de uma tee crtca da sociedade, come instumento pata sstabelecero prmato da condateracionalnaviga soci. A contirio de Weber, Habermas no suspende os padres étcos quando se ols peso ‘ema da vactonala de nas soiedades modemas. No contexto deste capitulo, petece que © trabalho de Hebermas se toma importante na media em ue att Cos temas seguintes Veja Jy (1973, p. 262), # Veja especialmente, Hos 10 mer (1947, p. 141-2 1. A restauracao do concsto de um interese ravionl, que embora implicito no pensamento politico greg, pasou a ser tema cental dos Solemas Biosficos Gos deaists lemfes 3 Restame das opinibes histicas de Marx e, especialmente, de soa premibsa de que uma Sociedade racionl ira reslar, necessariamente, do desenvolvimento das forgas de producto. 5S investiga das consequtncias politica ¢psicldsiss do dominio da racionalidade instrumental sobre as sociedades modernas. 4° padronizacdo de cominicesdo come ponto central de ume te foci integrative critica, Incinase ele por uma espécie de inteatva, : Habermas mergulhe na corente principal do Ideaismo alemio pare examinar a racionalidade de um ponto de vista erica, Salients Gue na Hlosofa transcendental de Kant “j6 agaece o conceto de um Messe da 12290" (Habermas, 1968, p, 198). A razZo pure, na obra de Kant, tom o intorese prtico de vir a encarnarse na vida social ‘rao Tos concebida por Kant como sendo dotada de causaliadec Ge sua natueza, pocese induzs # noydo de um bem a ser procurado, to dominio da vdn pesca, tanto quanto no devia social, "A razd0 preceitua ui dover exclusivamente aos ares cacionals™* disse K Pitsepensarsento constitu o tema ineito de sua Critica da razdo Dritea, que conte, acrecta Habermas, os cudinentos de uma teria ca da sociedade,Aléma disso, Kant 6 rai do pensamento socil0- f500 alemo, de ume forina ou de outs, Habermes apoiese ns heran Exnvona para daseavoiver ema teona social consonarte com 0 Sig cdo exquecido de racionalidade. Em um de seus zosumos.do pensa fnento de Kant, dz ele que." tazdo existe um impulso intrinseeo para tornarse uma realidade” (Habermes, 1968, p. 201). Em outras palavras, a razao tem um inieresse pratico, que se deveria tomar efeti- 5 numa sosiedade de sees raciontis,O problema consste em como tomar pres a rarHo pura, 10 mundo sociale a8 respostas aes pe funta tem veviado, Hegel © Mans acreditavam que a rato pra se hate Fronigaria oom a r22io prstca da vida de cada da, numa Téade da fam como a consequnca necesira da evolugdo “question fundimentalnente tl entendimento. Depois de entaizar 0 co to de um interesse da razdo, na obra de Kant, Habermas observa, contudo, que Fichte dev & questéo um tratamento que se ajusta, particularmente, a uma teoria social critica Desenvolveu Fichte 0 “conceit do interesse emancipatério inerente & tezio ative” (Habermas, 1968, p. 198), que inspirou Habermas na el ‘bora. de_uma.tipologia. de interesses cognitivos, como, critérios para diferenciagao de virias linhas de pesquisa, no. dominio da igncia. A feoria de Fichte ¢ especialmente significativa porque identi- © Apu Habermas (1968, p. 200), n fica a racionalidade como 0 ateibuto essencial da consciéncia humana eiclarecida, isto €, de uma consciéncia liberada do dogmatismo que de ‘ofdindno infecciona todas as foamas conhecidas de vida cotidiana ‘A noeéo de interesse cognitivo transforma-se num instrumen ‘central para a distingao entze varios tipas de ciéncia. Habermas o rertcia de acordo com os intereses orientadores de suas pesquisas, a saber: a) “ciencias (cléncias naturais) cwjo interesse cognitive € 0 controle téenico sobre procesios objetificados”; b) cigncias cujo inte- 10 ¢ uma “preservasdo e expansio da intersubjetividade orientada para a ardo"; ¢) ciéncias Sto é, que devern és capacidade humana pare a suto-ellexdo ¢ a autonamia ética (Habermas, 1968, p. 308-10) © interesse orientador da pesquisa de ums teoria critica da mento de sociedade € 2 emancipagGo do homem, através do desenvoh suas potencialidades de auto-rflexio, No entanto, no moda! cia social estabelecida, 0 controle téenico de realidade consti reste bisico, como orientador da pesquisa. Isso equivale a dizer cigneia social estabelecida tomou-se cientistica, mediante a assim gf do método das ciéreias naturals (a este respeito, hd mais no capi- tolo seguinte), Além disso, transformou-se iuciondlizado sobre o mundo no controle da realidade to nto nas cigncias naturals, quanto nas socials, © iza uma cincia social conceitueda em bases diferen _. estendo, de modo metbdico, isligente” “da histOria da espécie” em si mesma (Habermas, 1968, p61), Habermas vé-se como admite a possibilidade de w cont 9). © fato € que, nus sociedades indust ‘amplia 0 controle da natureza, 0% sej2, 0 hrumana em geral, Mesmo a. subjetividade privada do individuo cait | poneia da racionlldade insirumental. O desenvolvimento capita sta impde limites a livre ¢ genuina comunicasgo fhomanos. Th premissa de Marx provou ser insustentivel, pelo simples fato de que, “Sociedade industrial de larga escala,a pesquisa, a ciénca, a feonologa ¢ a utlizagto industrial fundican-se mum sistema’ (Heber ‘nas, 1969, p. 104), Jevando assim 2 uma forma repressiva de estrutura Jeutucional, em que a normas de métuo entendimento dos indvi- thes esto absonvidas, num “sistema comportamental de a¢do racional a: propdsit determinado” Habermas, 1969, p. 106), Em outras pal Grae tum ambiente dese tipo a diferenca entre a racionalidade subs- tugtiva ea prasmética tornase inlevante e chega 2 desaparecer, De {ato a socisdade tecno-industil legtimase através da escamoteagdo bjotiva dessa diferenca Taéntico a esta posgdo diante de Marx ¢ 0 enfoque reformula tuo que Habermas adote quanto a Max Weber. Ele explice 0 concsito sieberiano de racionalizagdo como se seu: liste de produgdo sobre as que & precederam tem estas duss ra‘zes: 0 estabelecimento de um mecanis fro econémico que torna permanente 2 expansao dos subsistemas de 460 rational de propbsito determinado, ¢ a criagao de uma legitima: ‘elo econdmica, através da qua o sistema politica pode ser adaptado 40s novos requisitos de cacionalidade trazidos a Juz pelo desenvol mento desses subsistemas, F esse proceso de adaptego que Weber ‘envende como "racionalizago” (Habermas, 1970, p. 97-8) “a superioridade da forma cay Todevia, Habermas considera necessério desenv, lise da racionalidade, uma vez que a sociedade industrial, estigio, 6 muito diferente daquela que Weber conheceu, Weber podia oltarse para-o tema como um funcionalista, mas hoje @ questdo fearreta impressionantes conctacdes éticas, que 0 esforgo tebrico de Habermas tealce consideravelmente. ‘Num come sobre Marcuse, Hab presente. “aquilo que Weber chamou de‘ facionalidade como tel, mas antes, em nome da. ra forma especifica de associ tea no feconltecida” (Habermas, 1969, p. 82). Mais ainda, tal “racionalizagdo” equivale 2 um “padrso spologstico” (Habermas, 1969, p. 83), n0 quul a5 normas de relagdes interpessoais na esfera privads e as regras sisteméticas de janal ide proposito rminado tornamse id iagio ¢, em conse: mitua compreensio éas tese central de Habermas de conduta de agdo raci ragdo simbdlica $6 € pc marginais, to esencial da agz0 mana ¢ social, & ‘ha Sociedade -guéncia do dominio exereido. pel ‘bre as sociedades modernas & distorcida prevalece entre os padrdes de comunicact desses padrdes, que © o estudo revalecem nas soviedades Essa especulagto @ dein do oracor ompeténcis, na. comanicagio, sig 29H ideal de discurso”.® Nas situagdes em que 08 etsbjetivossd0 concretizados em rezio do choque do sobre conseguirse 2 Num tal ambiente, o orador competente expoesse 8 malentendidos, para nfo mencionar também que pode set 7 Veja Burke, K. (1963/1968) 8 Veja Habermas (1970, p: 116-46), 4 considerado excéntrico. Habermas salienta que “A base da competi ‘Sistema social a que satuagdo” (Habermas, 1970, s pode materilizar sendo de 1.5 0 rabalho de restauragdo de Erie Voegelin Do ponto de vista dos padroes contempo: {ica € social, a obra de Eric: Voegelin parece heterodoxa, obscura ¢ ‘mesmo perturbadora. Em sua opi na forma ‘como a conceberam Plato e Aristoteles, nunca perdeu sua validez, Ele fala como um especialista em hermenéutica, no como um cronista de idéiss. Do. ingulo hermenéutico, o, que essencialmente importa nos Apud Sjobere (1959, p, 606), or exemplo, Galileu insinou que aquilo que é real no mundo $6 pode ser considerado como extensfo, espago, masse, movimento e solidez, Conseqilentemente, © apereiio conceptual para aborder a reslidade tem que ser derwvado, por forea, da materatica. Na realidade, a mate- ‘miitica modema leva em conta, na natureza, spenas aqueles aspectos ie podem ‘er expresso quantitativa, Em consideram esses aspectos como as tinicas qualidades e declaram secun- dérias (isto é, invenedes da imaginagdo) quaisquer outras qualidades que a mente concebs. Dessa forma, concsites de alta ordem como aqueles que constituem a matemétiea moderna, deteminam quais as coisas do mundo que devem ser entendidas como reais ou irreas, Essa substituigo do abstrato pelo concreto € precisamente aquilo que Whitehead identifica, com exatidao, o mal colocada” (Whitehead, 1967, p. Hobbes aceitou a doutriaa de Galileu e, de acordo com ela, desenvolveu sua ropdo de “Mlosofia civil”, expresso que abrange aquilo que € hoje conhecido como ciéneia politica e social. Assim ¢ que afirma ele que seni esperanca aversio (simples movimentos da mente, induzidos por externas), da mesme forma que a conduta humana em geral ser considerados do ponto de vista da fisica” (Hobbes, 1859, p. 72), Hobbes afirmaria que 2 ciéncia social &, necessariamente, fisiea social de determinado tipo, © que o problema da ordem nos neat ‘nos s6 admite uma solupo mecinica. Uma vez que as nogoes de bem ¢ de mal, ¢ todas as virtudes sentiments pertencentes ao dominio da ética, assumem o carater de qualidades secundéries, o planejamento de uma boa sociedade equivale ao planejamento de um sistema mecanico, em que 0s individuos sa0 engrenados, por instigagdes exteriores, para saportar as regras de conduta necessirias para manutenedo da estabi lidade desse sistema, A ciéncia do homem ¢ da sociedade, de Hobbes, modelada segundo fisica clissica, embora sob formas atenuadas, ainda tem influéncia, hoje em dia, entre estudiosos e praticantes da ciéncia do comportamento, da pesquisa operacional e de determinados tipos de andlise de sistemas e planejamento, Na redlidade, tais correntes esto Sobrevivendo zo declinio do tipo de cigncia fisica de que sfo deriva. das. De feto, a fisica de hoje tende 2 trabalhar com conceitos sem representa: i, que no podem ser articulados como receitas, j4 «que ela nega & percepedo sensorial um papel importante na formulagio da teora, Tendo reinstaurado o conceito do vir 2 set como realidade 64 ish fisiea, a formulagdo teérica, na fisica de hoje, é antes uma arte € edece a regras estéticas."° ete oologieament, a orenago controladora do mundo tem sido jnesente 20 operacionalismo positivista desde seu infcio histérice, no séeulo XVIL Na fisica, seus fundadores foram personalidades, como Galileo, que reagiam contra a orientago contemplativa, dominante © dogmmética, dos pensadores medievais. Os pensadores modernos desej2- ‘yam que 0 mundo pritico fosse o objeto mesmo da indagaedo cienté fica, A refutacdo que Galileu fez da doutrina de Aristételes sobre a ‘queda dos corpos, mediante a experincia a que procedeu na Torre de ‘Psa, éexemplo de um caso em que a validaco do conhecimento exige ‘mais do que raciocinio silogistico. Na raiz do operacionalismo esté o interesse em lidar com pro ‘blemas préticos do mundo e esse interesse foi tornado explfcito por Francis Bacon em seu Novo érgio, onde afirma que “conhecimento é poder”. Coerente com essa orientaedo € a assertiva de Bacon, de que Saquilo que & 0 mais til na operap4o, € 0 mais verdadeiro no conhe- 1968, p. 122). E nese sentido que o que deturpa 0 operacionalismo & sua identificagz0 do tril com o rerdadeiro. U ade ¢ uma nogdo cheia de ambighidade ética. Em si mesmo, squilo {que § util pode servir para ser tanto eticamente sadio quanto etice- mente errado no dominio social e, desse modo, o papel do operaciona- lismo em eigncia social deveria ser eticamente qualificado. Isso € preci= samente 0 que Hobbes eos cientistas socials convencionais, de modo geral, deixam de fazer. Despojacam a utilidade de seu cardter ctice- mente ambiguo, legitimando como normas gerais aquilo que é til a0 sistema sociah para 0 controle dos seres humanos que dele participam. ‘Ainda uma vez, é evidente a alinidade entre o operaci joea sin drome comportamentalista ‘Outre caracteristica do operacionalismo positvista influ na sin- drome do comportamento: a recusa em reconhecer és causas finais {qualquer papel na explicacio do mundo fisico e social. Sua inferéncia E 4 de que as coisas sZ0, simplesmente, resultados de causas eficientes, ‘endo 9 mundo inteiro um eneadeamento mecénico de antecedentes ¢ conseqiientes. Essa conjectura é um componente sistematico da dov- trina de Galileu, Newton, Laplace, ¢ de todos aqueles que concebem a iéncia social como ume extensdo da ciéncia fisica clissica. Uma vez ‘que causa final é uma expresso que raramente aparece na lingwagem téenica atual, ninguém, no contexto da presente andlise, pode servir como exemplo melhor do que Hobbes, pare sensibilizar o leitor ‘quanto as questdes aqui em jogo, 10 Mais amplo desenvolvimenta deste ponto ultrapassa os Himites deste capi lo, Veja, nao obstante, Capek (1951) e Leclete (1972). 65 Hobbes exprime a idéie de causalidade inferida pelo operacionae 1 positivista como se segue: “Uma causa final nfo tem lugar sendo naquelas coisas que t8m senso © Vortace e isso também provarei ... ser causa eficiente”” (Hobbet, 1839, p, 132), Nao € de admirer que, para ser coerente com tal doutrina, Hobbes tenha sido levado @ definir a raza como nada mais do que cdiculo de conseqtténcias, no sentido mecénico, A qualificasio no sentido mecénico € necessésia aqui porque, no provesso de atualize $20, as coises ficam, realmente, se acham sob a influéncia de algum tipo de antecedentes e conseqientes, Em seu processo de atualizaeao, 48 coisas encontram dados que sio suas causas eficientes, mos tele dados no constituem 0 ‘inico agente determinants do procesto das coisas, como alagam Hobbes ¢ os operacionalisas positivistas em eral. Pot exemplo, Hobbes afitma, corajosamente, que “nada comeca por mpulso proprio, mas por fores da aco de alum outro agente exterior” (Hobbes, 1840, p. 274). Ele concebe o universo como uma cordem mecénica, cuja compreensdo requer um raciocinio de natureza matemética, um célculo que consiste, essenciaimente, em soma ou subtrapfio. As descobertas da ciéncia contempordnea mostram que essa concepséo de causalidade ¢ insustentével. Por exempio, a certeza na prediggo do provesso das coisas € admitida como teoricemente poss vel na idéia mecanicista de causdidade, enquanto o principio da incer. teza, de Heisenberg, empiricamente provado, significa que as coisas ‘@m seus fins proprios, que as dotam de certa capacidade de autodeter minasdo, Sio, realm tadas por antecedentes no sentido de que, tm que se apropriar dos dados fornect dos pelo mundo, mas tal apropria¢do néo deve ser explicada como ‘uma scomodacéo passive circunstincias externas; € um processo see. tivo, de exctusio e incluso de dados, de acardo com os objetivos par. ticulares das coisas, Na linguagem de Whitehead, as coisas estZo cont hnuamente fazendo a preenséo de dados, na concretizagio de seus adrdes intrinsecos, Assim, a ciéncia contemporanes restabelece a cause final no dominio fisico e social Hobbes compreendeu, corretamente, que no se podia ac operacionalismo positivsta sem reduzir o homem a uma es rombrfica de entidade. Assim, conscientemente, ele equipara a liber dade & necessidade, Eim consequéncis, aquela nao deveria ser aribuéda aos humanos, mas a todos os corpos. “A liberdade”. diz ele. “é a auséncia de tudo que constitua impedimento A ago... como, por exemplo, se diz que a agua desce livremente, ou tem a liberdade de escer pelo canal do rio, porque dessa forma ndo hé impedimento, 66 ‘mss nto pode cone atravesado, porque as margenssZ0 impedimen: tos" (Hobbes, 1840, p. 2734) Portamo, 0 homem nunca age, po Prlamente, mas cede sempre is insigagbes enteores, porduc aa roniade . e cada uma ds inclinagees do homem, enguanto ete elie, sio igualmente necessras, © dependem de ‘ums causa suf: Gente o-que, em Hobbes, € 0 mesmo que causa eflenel ante | quanto qualquer outra coisa, eja ela qual for” (Hobbes, 1840, p. 247). Mestoo Deus nzo escapa a0 peso da nevessidade mecinica, “Deus”, diz tle, “ndo faz todas as coisas que pode fazer, se quiser, mas que possa querer aquilo que no rewha querido por toda a etemidade, isso eu nego” (Hobbes, 1841, p. 246). Na terminologia da presente andlise, Jsso equivale a dizer que Deus ¢ os seres humenos no agem. Podem apenas comportarse, O mundo vaise desdobranda de acordo com um esboz0 jd estabelecido e para toda a etemidade, Nao existe eviativida- de no universo mecanomérfico de Hobbes. 35 Conclusio Por impressionantes que se afigurem os tragos bésicos ds sindro- me do comportamento, deve-se compreender que 03 mesmos no estG0 afstando remotamente a vida das pessoas. Na realidade, const ‘em 0 credo no enunciado de instituigbes e organizagbes que ram na sociedade centreda no mercado. Para ter condig6es de enftentar os desafios de {2 maioria de seus membros interioriza a sindrome comp # seus padres co; ‘er notada pelo individuo, e assim 2 sindrome comportamentalista fransforme-se numa segunds natureza, A disciplina ad ppadrfo, ela propria admitindo que os seres humanos sao in es fluidas, © capturade pelos pressupostos do perspect foymalismo e do operacionalismo, nfo pode ajudar o individuo a supe- rar essa situacdo. Qs capitulos 4 e 5 focalizardo duas consequéncias decorrentes dessa serviddo da disciplina administrativa dominante, ou seja, 2 locacdo inapropriada de conee tea cognitiva BIBLIOGRAFIA Arist6teles. Politica, trad., publ, Em Oxford University Press, 1972 Bacon, Francis. Obvas. v. 4, Novo redo, In: Sped New York, Garret Press, 1968, t Barker. Oxford, Inglaterra, ng, J. ot alli, org, temporary phystes, Prince 67 , Baldeser. The Book of the courtier. Middlesex, Inglaterra, J00ks, 1976. Cicero. De Officits. 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Sustento, neste capitulo, que 0 processo de extrapolacao, que ‘shamo de colocacio inapropriads ~ misplacement — de conceitos, esté descaracterizando a teoria da organizagao, e esta acabard mutilada, se Continuar se permitindo a pritica de tomar emprestados 2 outras disci- plinas, incompetentemente, teorias, modelos e conceitos estranhos & ‘ais tarefa especifica. 4.1 Tacos fundamentais da formulagao teérica A formulago te6rica, no campo organizacional, tem-se verifica- ‘do mais frequentemente como resaitado: a) da criacdo original dirota; ') do acaso de uma feliz descoberta (serendipity); ¢) da colocagio apropniada de conceitos, ‘Nao é minha intenedo investigar as complexidades da criativida ide conceptual. Basta dizer que um conceito resulta de um ato direto ‘de criago, quando nenhum antecedente dele é aparente, quando ndo foi derivado sendo da transacdo pessoal e diteta entre a mente do pen- | sador © 05 tracos peculiares do t6pico ou problema objeto de ateneao. Assim, a acreditarmos em Cassirer, Montesquieu “€ o primeiro pensa- Gor a apreender e-a exprimir, claramente, o conceito dos tipos idesis” (Cassie, 1951, p. 210). Com as caracteristicas sistematicas que mais ‘tarde Ihe foram atibuidas por Max Weber, esse conceito trouxe uma ompreensio sem precedentes ds natureza e do significado da propria 6 ago te6riea. A formago do conctito, porém, resulta geralmen- te de uma feliz descoberta casual e da colocagzo zpropriada de cone tos, sendo a verdadeira e onginal criagio conceptual mais rara do que 6 ordinaricmente admitio. Como explicou Robert Merton, ovorre serendipity quando “um inesperado e andmalo estimule a curiosidade do investigador ¢ svés de um atalho ngo premeditado, que [eval a uma hipotese nova” (Merton, 1967, p. 108). A feliz descoberta casual no campo ds organizacdo € ber exempliticeda pelos chamedos Estudos Hawthorne, 0 propéstio original dessa pesquisa era a avaliagdo do feito da claridade ne producto do trabalhador. Nume primeira tenta- tiva, nenhurna relacSo importante foi encontrada entre as duas varie eis Esse resultado inesperado levou os pesquisedores a procederem 2 uma completa investigagso dos fatores da eficigncie, @ 0 resultado disso foi a descoberts de que os sentimentos e as zelagGes informals feos empregados, da mesma forma que suas necessidades pessoais # condigdes sociais extemas & organizacdo, tém influénciasistemitica sobre a produtividade. E possivel dizerse que os esforgos despencidos ia avaliag20 e na discussio dos passos e dos Havwthome conduziram Fritz Roethlisberger e Wil incipiente formulagio deq ise de sistemas. (Essa raiz da andlise ce sistemes tem sido negligen da pelos que fazem a cronica desse campo.) ‘A colocacl0 apropriada de conceitos pode proporcionar um meio Fecundo de obtencio de insight © pode mesmo levar i formule io de uma lgica de descoberta. Por isso se esforca Donald Schon, em seu livto Displacement of concepts.’ “A emergéncia de conceites™ Em ciéncie politica, outra ilustracio de deslocaréo de concsites | 4 repesentada pela obra The Nerves of government, de Katl Deu | fora principal desse do “ponto de vista de comunicagbes" (De “ito é, pelo recurso forganizagao, 0 equ Social psychology of organizations, de Daniel Kauz e Robert L. K: 186 qual os principals temas e problemas de administragao se entrela “gam inuma trame cibemética “42 A deslocagdo transforma-se em colocacio inapropriada Embora 2 deslocacdo de conceitos possa constituir um meio va “ fieso, proficuo e legitimo de formulacdo teérica, pode muito facil “Mente degenerar numa colo apropriada de conceitos. A coloca- ‘$80 mapropriada de conceitos contamina, presentemente, o campo da feoria organizacional, ¢ ocorre quando a extenso de um modelo de | teoria su conceito do fendmeno a ao fendmeno b nao se justifies, ‘apés minuciosa andlise, porque 0 fendnieno b pertence a um contexto _ peculir, cujas caracteristicas especificas s6 Jimitadamente correspon: dem a0 contexto do fendmeno a. A pessoa expde-se, com froqiiéncia, | 4 colocar inapropriadamente conceitos, quando empreende o esforco ‘da formulacfo tedrica, e 2 razdo pala qual muitas vezes sucedem esses *injustficadas extensbes de conceitos” ¢ dada por Kaplan: “Nao hé duas.coisas no mundo completamente iguais, de modo que toda analogia, por mais estreita que seja, pode ser levada a um ex- afirma Schon, pod tos para “tremo exagerado; por outro lado, nfo hi duas coisas que sejam com novas situacdes” (Set ear um conceito, | pletamente dessernelhantes, de modo que sempre é possivel estabele- tenta-se compreender 0 ns 0 deseo ‘eer uma analogia, se nos decidirmos a fazer isso. A questo @ ser consi- ahecido em termos do conhecid no estudo da politica e da a de conceitos ¢ encontrado ni James D. Mooney ¢ Alan C. Reiley, autores que fizeram, te, 0 que outros, como Henri Fayol, Frederick Taylor, Luther Gulick, fizeram implicitamente: deduziram dos modelos historicos existentes diretrizes sistemdticas pra organizacZo, Mooney e Reiley, apoiando-se sistematicamente numa logica de deslocagao, formula frios exemplos podem ser citads istracdo. Um exemplo de deslooacio © derada, em todos 05 casos. & © Ag ou nfo algur | der nessa snalogia, se nos decidirmos a estabelece. 1. 266) coisa mais a apren- ‘Kaplan. 1964, quip, tomando como paradi eficiéncia organizeda (Mooney ¢ 1938, p. 47) a Igreja € 0 Exército. aja Donald 1. Schon, (1963). Sabre deslocasto de conceites como instr mente de inovae 9 tecnolésica ja Gordon, Wl. (197. ‘propbsitos das orpanizagdes”.? Essa observagio 6 de particular perti- a gH iqueles que afirmam que & possvel minimizar ¢ nat aalienaed0, no contexto das organizagbes formais. atura contemporinea sobre alienacdo representa, em gran- 3p parte, un exemplo de colocarZo conceptual inapropriado, ou “es “ ramento conceptual”, para usar a linguagem de Sartori. Antes | Hegel e Marx, o assunto da alienagéo tinha um caréter metshistorico ¢ religivo fundamental, Para superar sev infortinio histérico, ou sua | proscrigio no mundo, esperavase dos humanos que enfientassem as wialmente meta-histbricas los. De modo geral, 0s conceitos sto inapropriadamer oria da organizaao porque aqueles que praticam essa co- ‘apropriada no percebem que as organizagdes formats sa. afetadas por ipos de socialidade, ferentes grat sidade do contato Gurviteh (1958, p. 1 berem a desalienacdo, ‘mo uum acontecimer fedengdo ou emancipacao do homem nao co- na vide individual, independentemente de comunhao ~ tem a ganizacées form: ade corporativa 6, em seus proprios ter ° ji que a autenticidade € u iriduo: no pode, jamais, ser cong existéncia social corporstiva co qual se lence a autenticidade. Os dual sf0 precisamente aqueles em que as comportementos corpora vos esto em suspenso, E por esta ra sz. Viesse ela 2 se transformar num estado s como querem alguns, entdo ngo haveria mérito serem auténticas, ¢ 0 ser humano perderia o cariter de um verdadero responsivel por suas proprias aeées. De feto. essa pos tomar em cor fo entre as dimensées subs tantivas das pessoas e os requisitos funcionais da sociedade. Pressupoe lente & execugao de ativida s. E verdade que, onde prevalece a comunhio, existe uma ticidade, mas a co ' 2s das otganizapbes formas, Em 1 io de sua natura, una onanizugo formal ret “eu ~ de proscricéo. Todavia, pelo menos ambos tinham familiaridade com a milenar heranga de pensamento e de insights sobre alienacdo. Sabiam que, de soordo com essa heraniga, a proscrigfo ou a alienacdo deveri ser con- ssderada como uma qui Intuito deles era deliberadamente polémico: most ‘00 slienapa0 do homem poderia © pio da historia secular. Queria fencaravam a alienacio num enim §DD esses pensadores do pe fra do conceito de alienagdo. | fic, porém, en Dehaviorista sobre alienapao. | gentantes parece esquecer os anteceden finds, embora alguns desses representan jamente. A, te catrogados de errad ie Marx, pare no mencionar seus antecedentes, Ao que parece, « intengdo dk aperacionalizaedo do pensamenio de Marx, mas 20 prosse feus esforgos nfo tomam conhecimento do arcabougo macrossocial 4 Apud Means, Richard ‘eponde “iguilo | Tick (1968, p. 439). 7 Mar, por exemy 4 homem; quer di lars, 1964, 2 sm do mal aavés ds queda ‘auile que deveria expicar™ B fem que apenas o concelto de alienaco de Marx faz sentido. Por exem: 's pesquisivel” e “acessivel a uma precisa meios de produgio, aspect de Marx no fi ‘Seeman, 1972, p. 46). Desezove @ alienacdo co- a de tragos behavioris tais como fraqueza, falte de andlise mediante uma lannheim (cavalheiros que, certamente, eu proprio ego, como por ghaixo de norma da ind | hia e a rotatividade ficou temporaneo) distribui desigualmente a alienacao entre & forea halo do operariado, da mesma forma que nosso sistema econdmico : (Blauner, 1964, p. 5). Para Marx, emmporineas, @ fendmeno social total, que “Waada A pesquisa de Blauner e: teoria de Marx sobre alienaeZo, e representa, na _alienaedo de seu caréter "ser resolvida por meios microrganizacionais. ‘Quando esse tipo de literature, behaviorista, ¢ acelto por auto ‘rganizagdo por seu valor apare ‘mesmo bizarra compreensdo das relagdes entre as organizarGes formais Speman e de Blauner sobre ali “gs raizes da alienapao do trabalhador” ‘vés da “remodelacio do local de tzabalhc corroborar essa afirmagio, infor ‘940 implementada num: G40. Algung esses rest or em 33%, na nov . ‘ém custos variéveis de febricagao (por exemy rejeipdes por questo de qualidade e uma taxa de absente: US$ 600 mil. O indice de seguranga era um 408 fo. responsi mais ds. metade. jrumena” (Wal 6 certaments,uma interessante posqu he do processo de desalienagfo com a satisfagdo no trabalho, a ten ‘ativa de avalilo em termos de resultados tas como taxas de despeses 15 sersis, custos operacionals, economia anual e indices de sepuranga sfo exemplos de completa ingenuidade. Além disso, os manusis contr! buem para difundir essa ingemuidade entre os estudantes e num desses manuals geralmente-utilizados esté dito, por exemplo, que “certos ‘pos de tecnologie podem reduzir 2 alienapdo” (Luthans, 1977, p. 91).* Em outras palavras, a alienaco pode ser tratada como se fosse uma questdo mecanomérfica. Este ¢ um tipo de conhecimento superficial, que doveria ser considerado indeseulpével nas escolas de sraduagio de administracdo publica e de empresas 4.5 Sanidade organizacional, uma denominagéo incorreta Outro exemplo de conceito erroneo é a nogdo de sanidade orgs. hizacional, Warren Bennis afirma que € necessdrio um coneeito de sanidads organizacional para superar as inadequacdes da nogio de capacidade da orgonizapd0. Podemos aceitar a observacao de Bennis de que “as formas tradicionais” (Ber 08 autores tradicionais preocuparamse sabremane desemnpenho, medido de acordo com padres ms lose com limitades “varactristicas de produgio” (Bennis, 1986. p41) certo que Bennislevanta um importants problema : clonal contemporénes: 0 conceito tragiional da capasidade de orga nizaglo reflete uma visdo muito esteita dus “determinantes" (Bene 1966, p. 44) desse organiza. No entanto, o pressuposto de que 6 conceito da sanidade organizacional pode tazeralgum eclarecinente da tworia organizacional ¢ algo questionave ranha 20 estudo 0 de organizaedes formals (por motivos que e780 explicados posteriormente), « nopio de sande 4e organizacional ndo s6 deixa de solucionar os problemas teorisos¢ ‘operacionas gerados pelo antigo conceito de eficcia o:ginizacional como ria outros A esse respeito, meus argumentos principais podem ser resumi- dos como se segue: 1. A sanidade organizacionl, como 2 conceitua Bennis, é estranha a0 campo da teoris organizacional, sendo uma extrapolagzo mecd- nica de um atributo que pode ser pertinente & vide individual, mas no A natureza da organizaedo formal. O conceito de sanidade organizaci nal de Bennis pressupde a existéncia concreta de uma mente c ‘ou organizacional, cujas implicapdes orgenicistas dificilmente ‘monizam com a estrutura da ciéncia social contemporanea, 5 Veja Shepard (19% Milo (1978), 16 icase a Kirsch & Lengecmann uma recorréncia de ilusbes antropomorficas ", de Gustave LeBon, ¢ a “mente grapal” de stese de autores classicos, de Taylor a Chester I. Barnard, re oss, To Gis Bone {a allacio de atividades cspecificas da organiza¢o formal, con- We yalids) erm.nomos dias, Em outres pelavras, uma vez gue EE Fretchinene cbids yr a go opts Sn er aed a feral Ta ee eons pan eeu ome pa ances Cee eee ee ae Be pes wcthos aeacchop nplen came pats Se a et toedcand poten pe lor pelos administradores cientificos. No entanto, em qualquer Fn sare raundterra ca shes que chegaram merecem cuidadosa consideraedo. A efici ae a comendar ‘organizaga0 no esti em problema, nem em recos faliatvos. Consists, em vez dso, ne deta confronta do problema Ga eficdcla, em toda a sua atual complexidade. Em minha opinifo, 0 que se constitui de diversas “pesso% orcarse para conseguir coer! sts “pebous”, "na medida em que iso sea pos ‘p. 524). As pessoas organizacionais, como as sugere Benn repre Entam uma recasfcagto, em termos behaviorsts, das diferentes Gstrturas que Wilted Brown vé em qualquer orgeniagdo complexa fp estratra manifesta, que tem sua expresso num grafico organizacio. ‘nal; a estrutura presumida, como se apresenta as percepcdes fenome- fecedora, mas 20 aplicar a tais estruturas critfros psicolégicos a0 consideré-las correspondentes a pesioas, Bennis coloca mal 0 conceito {de pessoa e traz confusdo 20s termos da andlise organizacional. Pode- se, realmente, avalar e descrever tais estruturas, mas perde-se a precisa perspectiva na compreensdo des complexidades organizacionais, se se Tecorre a uma categorizagao de pessoa, tal como prope Bennis. jus- Jo Beno, HM . Rush exc: “Supe qu a orig tn. (eas qunidaes um incvsue™ Cs, 1565.6. n tamente a esse tipo de errada abordagem que Katz e Kahn fazem obje uendo observam que “aiguns enfoques psicoldgicos recentes exe. ‘S40 substantiva das pessoas. O tipo de psicologia que fundamenti pritiea de tals consultores iategraciontsas & aplado numa ex re2a da soilizagio edo props ologia motivacional, que inerente & sociedade eentrada no mereedo, € smo, A motivagio enten- quaalent 20 contol & 4 preso da fneigia gsiquica do in pécie de psicologia yima 9 arcabougo conceptual de alguns especialistas, educados em eS ts a ¢ de empresas, 08 quais afi tramse muito s ciladas em que podem cair os psicdlogos, quando se epolagdes de conceitos para problemas orgenizacionais a abordzgem adotada quando se li nizapgo tem Sdo excessivamente sim AS pessoas 1 par ‘mesma coisa que ia com problemas de orge- ificada e demasiado to de que a organizacio era 2 ladameate, ou que existia um snico problema de motivacdo para a organizapdo inteira, comportando uma nice resposta, ou que as estruturas © processos organiza far com @ psicologia individu de que so vitimas de da acuseedo de ‘Uma psicologia cientifica nfo concorda, neces com suaiicados que dervam de definigoe insitcionalizades da rendu, Reconhece um: do profunda de realidade psiquica individual 4 por definigdes socizis & \da & participago dos psicélogos 62 prdtica da ciéncia da orpanizagdo. Na verdade, ¢ necessirio que compreendam fendmeno organizacional, que jamais poder set ramente percebidos através de contriouir notavelmente para.o desenvolvimento da teoria dz ergani- zagio ¢ dada pela ob:a The Social psyehology of organtiz: Katze Kaha, Além disso, podesse afirmar que todas as imprecisées do concei- to de sanidade organizacional derivam de uma raiz comumn: 2 coloce. #0 inapropriada do conceito de sanidade mental. Realmente, se id jone que 0 seis jamais podendo ser Lament: ‘ ideologia integracion’ € nfo reconhiece 2 zutonomis indivi= categoria cientifice, mas um instrumento iGeologica seudocientfiico, dirigido & total inclusto®° fduo no contexto da organizaréo, ‘ando usaéo por praticantes ¢ consultores como uma refezéa para intervix nas organizagbes, 0 pseudoconceito de sanidade orga: ional pode levar & sufocagdo da energia psicoldgica do individuo, 1902s, esses especialistas pretendem, confessadamente, ot Allport, FH. mare muna investige “mbolhadores. Em outras palavras, o treinamento técnico nfo elimina gio sobre de . dos quais 0 contexto em sufoca, necessaiamente, as diferengas individuals, mas antes 2s seondmico for _seentia, Estes sfo alguns dos da teoris da organiza 40 formal. A abordagem desses tdpicos pelos clasicistas pode ser eri cada, jtimos, por set teoricemente superficial, Mas, Paradoxalmente, 0 campo de estudo da teoria d8 organizagdo “mens, perceberam cles que es organizag6es formals nZo const linha um senso muito mais claro de seu objetivo antes do surgi ‘eendrio apropriado para a desslienacdo e para a auto-atualzacio das ra década de 30, de chamada Escola de Relagdes Hamanas. David "pessoas. Tinham mais conscigncia de suas limitagGes do que os integra Riesman e W. H. Whyte deveriam ser ides de novo, porque explicam, | nistas ¢ Juamaistas de hoje, que afiemam saber como planeje oF82 de mancira convincente, como 2 Escola de Relagbes Humanas fol 1 € sadas. Como precursores da “indi. desencadeada pelos 3s assumizam uma missfohistérica, qual a “de prover a economia ¢ a sociedade americanas, de modo geral, de solisticadss, captalizantes, produtivas capacidades. Desincumbirame, ‘om elegincia, dessa missZo. Sua capacidade inventiva e sua engenhosi- ‘idade, ¢ gracas a eles icados alguns, “dade contributram, numa importante medida, para tornar os EUA a Pontos bisicos permanentes da cigncia administrative, que podem set piimeira economia tercieia e de sewico, na historia da humanidade — anticulados como se segue Juma economia em que as organizagBes formals, por assim dizer, O trabalho e produtividade constituem objetos sistematicos de ‘podem cuidar de si mesmas com ajude comparativament ieeedot tint pessoas. Hoje em dis, a missio fundamental dos especial 4a organizardo no consiste em legitimar a total incluséo das pessoxs ‘gual “a chave para a produtividade [é] 0 conhecimento, fs limites Gas organizapGes econémicas formas, mas sim em definiz 0 (Drucker, 1969, p. 71). E isso pode ser dto de toda 3 escopo de ‘es orvanizagSes na existéncia humana em geral. A hora é i de um tipo sem precedentes de ct Nao existe cifncia da organizapdo formal sem normas tenicas pare versos aspectos da vida humana, e que sja capaz nsuragio e avaliagGo dos produtos do trabalho. | de Tidar-gom esses aspectos nos contextos a que adequadamente per 47 Conclusto As funp6es ou tarefas deveriam ser tecnicamente planejadas e seus ‘tencem. Este capitulo, da mesma forma que 0 seguinte, sobre & poli plansjadores deveriam levar em considerapd0 a condigéo fisclosica ti iva, um fendmeno relacionado com a colocacdo inaproprie: «© psicoldgica do homem. Nao é verdade que Taylor e a escola class 10s € de topicos, prepara o caminho para a discussdo ana- a tenham negligenciado o fator humano nas orginizaedes. O que tica dos alicerces epist ‘4 concepeo que tinham do homem era red ada."” idades humanas nao sGo “intuitivamente Sbvias, se- seja para aquele que o observa”:!® devern ser técnica 0 experimentalmente detectads esempenho, na execucdo da tarefa, nfo pode ser melhorado ‘temente organizado sem um treinamento sistemitico dos wlégicos da nova ciéncia das organizagies, ipaedo mal eolocad”, cara RelapSes Humanas, ve Riesman (1971, p. 2704), ara critica de experiéneia Hawthorns. sm que se segue &,cm srande parte, deivar mesma piging agus indieads, Deutsch, K. The Nerves of goverament. New York, The Free Press, 1966. Drucker, P. The Age of discontinuity, New York, Harper & Row, 1969. Dunn, W.N. & Fozouri, B. Toward a critical administrative theory. Beverly Hills, Sage Publications, 1976. Esposito, J.L. System, holons and persons: sophy. 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Palfceeconhesment, tadciondnen dor como teas sparads ¢ sits de ent, mentna um perfodo historic anterior em qu ‘apo retvindceran una tide separa ene» pal tts. Naguea epoce, os te6ricor eo praicanes nfo dopunham dos lsiumesios concep deinen de prowess Plo m0 texto ds orgaizagto, Eva condggo do conhecmente admins vo modiouse, quando nos okcusdecs sx tomar in Yeio ser recomecida como uma dimonsfo Scsenvolvids nas oxgnizagoes, ag dt tora organza ora entndid apenss como uma Ae aloagdo de tecompens. Entendo que, nosog dis, o¢ Ssenolvimentoy sting indesculpavel 0 estudo separado € berber 0 porgue sinned a tm dia hestta a enclaves marinas no contexto mals amp da | tua sol agora puss 8 ptr to. Os pase cop dor pls segunda tou tps do met, espago, trasformaram-se em politica de cognicao, induzida do pariclr day exrutunsoextagsds ongzstes forma este, 86 6 estabolecer a natureza de pol ‘mas mesmo nesse caso 2 politica pelo poder, através de processos tom: itica cognitiva, que esteve sm todo. Mesmo no presente mo- ‘a como uma dimensfo ‘organizagao. A “dendo-se agora & sociedade como ur ‘metito, uma epreciagZ0 sistemética da far as pessoas a interpr Mal distopa0. Si Politica cognitiva, uma digressdo histérica 'A politica cognitiva é um fenémeno historico perene. E uma ‘questdo exposta por Platdo, em muitos de seus dislogos sobre ¢ jtatureza = 0 uso da retdrioa, E bem sabido que Platfo menifestou Grersio. pela retorica, tal como a praticavam of sofistas, pela simples faudo de que ele viseva produzis apenas crengas, nfo conliecimentos. ‘Contudo, tentou ele salvar o fendmeno da ret6rica ou da persuasto politica ‘reclamando, em diversos didlogos, mais especificamente porém no Fedro, ume ret6rica dialética, uma re 0 da Flosofia, E no Gorgias, um dos seus primeiros didlogos, Plato mostra, ravés de Sbcrates, que 0 retOrico tipico “nao tem iiedessidade de otthecer a verdade das coisas, mas de descobrir uma técnica de sbasdo"" (p. 459c). Esse tipo de retorica, diz Socrates em sua famo- Ey comparacao, “esta para a justica como a culinéria para a medicin {p 486e, ito 6, a retorica constitul uma técnica para adular a mul tide ea ser soda perante aqueles que no tem o habito de pensar, uma ‘ez que 0 tetorico sofistico nfo pode ser convincente entre os que osstem sabedoria, Num ponto de seu dislogo, Sdcrates referese & fetorica como “a semelhanca de uma parte da p: (p. 4630), fagdo sobre a qual Aristoteles elabora em sua Retdrica. Admit, « Gonindo, 4 possbilidade de uma ret6rica emaneda do conhecimento, | Gle te ‘preocupe em “tomar os cidadzos os melhores possiveis” {p 513), ou sj, formar uma cidadania esclarecia, nao constituida ‘anos que, politicamente, ov so simplérios ou impostores. vdo, 0 prOptio uso que Sdcrates faz da retorica, nos dislogos, fo de que ela pode estar a servigo do verdadeiro ator © 6, da arte da politica. Como foi jf mencionado, Plato ica est em toméla politico, também sugere que a maneira de salver @ ‘parte da dialetica, tal como ele a entendia, CConvitia salientar que Platdo, no fim de contas, nfo trai a pro- pria condenagio do retorico sofistico, porque nas Leis sugere ele que 37 uma teologia esse credo como uma destlaggo das no: : 40 das normas m: 45 religides, normas cuja validade se toma evi racional, Uma palavra sobre a natureza da t esclarecer o funcionamento da politica cog: Acavks de tod a ists, as tealogas ts legtmos para snentar a fesstncs de as Comuns @ todas ode ajudar @ pate dos paises ang. seas ‘cologa eil to dresser creams Sinieds como poles copuitna. Une tnepa cmt expebe formuladando pare enganar a pesos, mas antes pata lentina um tipo de ordem social em temos ¢ imagens aces sto = Ao el ena Goconuto importante gr em tomo da nogdo de debate raion iegmamente 3 envlver num debate talon om vaidar as tologls i nasa doutinagao, oo nar de definig6es : lada pela politi copia, nab constitu jamal objeto de debate entre uadeitines Em seus ddogs, lato empreend ; nto emprende tata de deserter uma ate de debe sao, gu é may ale cine coders ot hin, como um “amo de exes leone tm labora ce, ind, sobre ea relgao quando advert cos poder Sem sr chama », a retoric isfat conaeele ° 1 Veja Voegetin (1963, p. 36), A nogdo de t 1 Neh You 6), A nogéo de re0K sails fope do estado atual seavoti 8 media ue & road in sma de prego de src i accita por Rawls como promissa bases de Sua losofa 8% evra acompanhar a logiago, pote ema politico dos agentes «des ades de destulgto Pst soneaty idente através do debate que reduz as consideragoes ‘yez em quando, 8 ‘ayuda percepeio da relapo entre o poder da palavra e as muitas jriscaras usadas em nome éa legitimacdo politica. O assunto da fetorica & compativel com o projeto de Plato de purificar a retorica a distoredo sofistica, assinalando que o que distingue o ret6rico do sofista €0 propésito moral do indivéduo no uso da retérica. (0 retérico é um orador treinado na pratica da arte da persuasdo. ‘A moraidade substantiva € uma qualidade das pessoas ¢ reside no ‘orador, Ao violar essa orientacZo o individuo incorre numa espécie de Gonduta que se desvia da tensZo constitutiva da razd0 substantiva € {casa critério instrumentais de avaliaeéo. de expediéncia (0 que, afinal, equivale a 08 freios capazes de controlar 2 hab para usarem seu poder de enganar, de induzir ‘68 outros @ emitirem julgamentos errados, ou de se permitirem com fpostamentos imorais. O reconhecimento do cardter ambiguo da lin | ogem é, pelo menos, to antigo quanto os gregos. O orador respon: Hivol pode esforcar-se por usar a habilidade que adquiriu de superar sive ou propésito. Embora Aristételes cedesse, de tito geral de sua Retdrica padres 6tcos, e explicar seus numerosos usos politicos Plato e”Aristoteles nao foram os tnicos sébios gregos conscien- a copnitiva. Mas na Grécia o aleance © © Impacto sociais dessa politica puderam ser mantidos sob o controle educativo ocortido fos grupos formais e informais, em que os gregos aprendiam os tex du tidadania, A filosofa e 2 educagosistemstice também serviram como forgas de compensagi0, contra a proliferaeo da politica co gas, em que nfo existiv propriamente flosofa, a politica cognitive nunca se transformou em ponto fe, uma’vet que o indiv{duo estava evidentemente prevenido contra ‘al armadilha por sue compacta e mitica experiéncta da realidad. TNo contexto de suas bases culturals especfficas, os individuos puderam desenvolver um sentido de vida comunitiria lve da influén- Ei da politics cognitiva, No repositrio de tradiebes da maioria das sociedades da rial, podemos encontrar exposta na termi: nologia dos pro reepeao comum do mercado como o local ~ Ge pritica da politica cognitivae da linguagem enganadora, Em mustas sociedades arcaicas e antigas, o mercado tinha uma funggo determina- dda dentro de rigorosos limites geogréficos, longe da corrente maior da vyida social, para que no solapasse as bases da comunidade distor- ese a natureza da comunicagio. Ese ordenamento historico foi conscientemente elevado 2 condieo de um principio diferenciado de ‘lanejamento social pelos pensadores politicos cléssicos, tais como 89 Aristoteles e Santo Tomés, os quais concordaram todos em que, ier da comunidade, 20 mercado e a seus peculiares padres cognitivos ¢ lingiifsticos nunca deveria ser permiti- a.a expansio para além do local que thes fosse circunscrito, do povo. Se eles admitissem 2 intencionalidade das atividades que “deseavolvem, ndo apenas se enfraqueceria a eficicia de seus 2tos como 5.2 A politica cognitiva e a sociedade cenwada no mercado ta investigacio “académica se se pretende que a elaboraefo teérica as de pla. ‘nejamento de sistemas socials ¢ da administra¢go organizacional se iberte da deformarso decorrente da aceitacdo ingénua dos pressupos- tos da sociedade centrada no mercado. O estudo desse fendmeno deve ‘dos recursos existentes na sociologie do conhecimento, na ‘inghistica, na psicologia cognitiva, na antropologia cognitive e na teria da comunicego, Matéria ponto central desse tipo de estudo, é 0 ‘conjunto de regras epistemologicas inex Sominante nas sociedades industriais desenvo! ‘entrada no mercado. Nao cons toda sociedade em que o mercado da influéncia social, 0s lacos comuni ficos sf solapados ou mesmo destrufdos. Diante padrzo de conseqiléncias que acompanhou a difuséo da ado através de todo 0 mundo contemporaneo, preender como esse fenomeno escapou a uma investigagdo sistemat estou eu simplesmente chamando a atengéo par ‘izapio e/ou mediante a exposicdo desse cidadéo, homem ou mulher fhudncias planejadassistematicamente (0s agentes da politica cogntiva se diferenciam, no grau de per 4g de seus papéis, Os mais conscientes deles encontramse, geral- te, nas atividades de comunicaeo e publicdade. A imprensa, 0 jevisfo estZo, conjuntamente, engajados mum p ‘tinuo de deliberada definic¢ao da realidade. Os instrumer So uilizados como amas na competigZo pare influenciar a interpre- “tagio que 0 povo dé 2 realidade, Tanto 0 cenirio em que a informagdo |G dads quanto seu padrdolingistico,¢ elaborado antes para enganar {ge que fara esclarecer 0 piblico, Uma hora de televsto & sufiiente para que qualquer um perceba que a politica de cogniggo € um fato Dreponderante da vida contemporinea. A bem-sucedida venda de um ‘prosuto ¢, hoje em dia, nGo tanto o resultado da exata compreensdo Ue sias verdadeiras propriedades, por parte dos consumidores, mas de | preferéncia o desfecho de uma batalha politica velada contra 0 bom ‘senso. De fato, a presente estrutura de consumo neste pais, onde ‘pastas enormes de pessous sfo induzidas a acreditar que desejam (e, portant, devem comprar) aguilo de que nfo precisam, tomouse ‘vel ~ pracas & prtca da politica cognitiva. 0 processo de educaezo formal, igualmente, esté grandemente condicionado por esse tipo de politica As vezes, individuos e grupos dio-e conta da politica de Eoenigio € € assim, por exemplo, que as mulheres, os negros © 08 “Ghieanos, neste pais, jf nfo esto mais dispostos a aceitar as proprias _agens tal eomo tém sido tipicamente representadas 'A politica cognitive € uma parte fundemental das estruturas ‘organizacionals formais, de todas as categoria e de todos os tamanhos. Cada organizagio formal tem seu jargGo especifico, que constitu importante dispositivo de protecdo ¢ establizacio, e que contém um a legitimado como prin Dessa forma, o fim da sociedade tradicional (Lemé aroquialismo dessa espécie de areabougo de padres cognitivos inerentes 2 sociedade centrada no mercado, Conseqilentemente, é Ifeito indagar as raz6es pel do da cogniedo como uma forga impulsionadora da p melhor, a politica como uma dimensGo da cognicao ‘mou em assunto académico, Podese compreend ro se toma evidente sem maior clarificapfo, Talvez uma razdo que, logo de inicio, faga a expres s¥0 soar como desconcertante, soja ¢ de que esté na propria natureza da politica cognitiva a condicdo de ser obscura, No hi conveniéncia, para equeles que estio envolvidos ns p. hipotese néo vale par eles que, consciente ou inconscientemente, estdo envolvidos na i , cujo objetivo é afetar a mente 2 Veja também MoCleana & Winter (1965). 90, certo conjunto de regras tcitas de cognigdo, ou definigdes da realida: de transmitidas a seus membros no proc Além disso, as atusis organizacoes tipicas da sociedade de mer cado slo, necessariamente, false mentirosas, Estdo fadadas a enga nar ao mesmo tempo seus membros € nivel micro, ngo apenas a aceitar como d zem, mas também, no nivel macro, a aeveditar que existem e funcio. nam por um interese vital da sociedade como um todo. Hoje em dla 48 organizap6es desempenham um papel ativo e sem precedentes no processo de socializagdo do individuo, tentam transformarse na Sociedade. E, ao que parece, t8m a capacidade de fazer isso, porque Si, elas proprias, poderosos sistemas epistemolégicos e, presentemen ipfo alguma quanto 2 influéncia que exercem sobre 08 cidadios, através do exercicio da politica cognitva Nas sociedades présindustriais, as organizag6es formals tinham ago no provesso de socializaeio do individuo, Na reali- dade, nessas sociedades os costumes eas tradig6es, sob cujeinfluéncia © homem adquiria uma visto particular do mundo e os padides do | cometo comportamento, estavam, de modo gera,livies do planejada : condicionamento de sistemas formas arificiats. A pessoa aprendia tomarse membro da soviedade através da participagdo numa porgio de grupos que em geral nfo tinham 0 ‘econdmico jamais assumiram papel de socializagao. Essa circunstancia ¢ caract da no mercado, sobcetudo em seu estégio in Nos dias de hoje, o mercado tende se na forga ‘modeladora da sociedade como um todo, e 0 tipo peculiar de orgeni- zago que corresponde as suas exigéncias assumiu o cardier de um aradigma, para a organizagdo de toda a existéncia humana. Nessas cit- , 08 padrGes do mercado, para pensamento e linguagem, fendem a tomar-se equivalentes aos padzées gorais de pensemento ¢ gem; ese € 0 da politica cognitiva. A disiplina orga i las ¢ universidades ndo € um saber critico cas, E assim ela propria uma manifestacao do sucesso da politica cognitiva Nos parigrefos seguintes tentarei fundamentar este argumento, examinando t1és pressupostos, néo articulados até agora da discipling je sH0: a) a identificagdo da natureza ‘humana, em geral, com a sindrome de comportemento inerente 4s0- nizacional ensinada nas arts ~ diz Peter Laslett ~ “os adultos nie vida institucional era quase deseonhecida” iedede centrada no mercado; b) a definigao do homem como um de- [| tentor de emprego: c) a identificagdo da comunicaggo humana com @ ‘pomunicacgo instrumental. S$ Una visto paroquial da natureza humana ica cognitiva, por se permit todos, bem como 2 fio de estratégias e planos ge ‘agbes, 0 mundo organizacional ime Esse tipo de orientaedo pré-analitica é particularmente evidente ia citncia da organizarso, Frederick W. inistragdo cientifica, aceita o conjunto de ompetigao, célculo, interesse pelo ganho e catacteristicas puramente feconémices desse tipo resumem a esséncia da natureza humana. O ‘eathter fleticio dessa nogo de natureza humana é, por si mesmo, | Gemasiado evidente para merecer uma longa discussf0. Dados hist6rk- 605.¢ antropolbgicos, agora facilmente disponiveis, demonstram que | somente na sociedade industrial modema, gracas a imperativos institu- somo um ser econd ‘nico, De modo geral, nas soviedades pré-industrais, os determi | eeanomaicos da conduta humana munca tiveram a primazia in "al que assumiram na sociedade ces 10 mercado.* Além Taylor considerava 2 admi ‘motivapio como um dado apenas de ambientes de trabalho, | ede toda a vida social. Em outras palavras, via a ‘pciedade como ume ampliagio do dominio do me ‘0 tallorismo ¢ hoje apresentado na literatura como um estagio hhistérico encerrado, da cigncia da organizagio. Mas a defini¢zo do thomem como um ser econdmico, atenuada ¢ disfarcada como frequen- | temente 0 é, continua a determinar as ag6es dos planejadores organiza. | ionais © dos formuladores de politicas. © arcabougo macroinstitu- sional de sociedade centrada no mercado é controlado por diretrizes | Bascadas nesss definigdo do homem. A ciéncia econdmica estabelecida ‘onstitui ainda a fonte principal de onde emanam as politicas estraté- _ cas dos governos. Para tex sucesso nesse tipo de sociedade, de acordo [Dato ce sen a un ating so econ, por exemple tos faaon fs nol tino iy, toes Rae oon oe Beak ah 98 com suas regras de recompensa e castigo, e seus crtérios gerais de alo. cagdo de mao-de-obra e recursos, o individuo tem que Se programat como um 38 As politicas dos govemos tornamse agor so cada vex mais obstrusdas por difculdades bic de alocagio de recursos, que a economia tipica si gencia, ou alega levar em conta no contexto de ional como varidveis exdgenas, Por exemplo, {nflagdo e 0 desemprego jé nao reagem is incipalmente porque o cenério econdmico normativa que izes pressup6em no combina com as clrcunstancias coner®- tas do mundo, Nao é de admirar que os economistas tradicionsis rea. jam a tal situaeo com espan inte, embora um modelo de Yormulagdo de diretrizes, sens tages biofisicas de produgao e de alocagio de recursos, tonha recentemente atingido alto grau de coeréncia tebrica ¢ viabilidade pritica, ainda é a economia convencio- nal que constitui o ensinamento ministrado nes instituigdes académi- cas ¢ que fornece as principais 5s Para a modelagem das socie- dades ocidentats Desde 0 advento da chamada esvole de relagdes humanas, nos ‘ltimos anos da década de 20, mesmo em nossos cada vez maior de tedricos.e praticantes da cigncia da organizegao afirma adotar enfoques humanistas no planejamento orgenizacional, No entanto, quando se examine cuidadosamente esse humenismo, Gescobrese que ¢ falso, visto como seus representantes, de modo do desprovidos de uma compreensdo sistemitica do espectro de Fequisitos contextuais que a pritica do humanismo deveria levar em conta. Em outras palavras ¢ generalizando, estes chamados humanistes permitemse a pratica da colocagio inapropriada de conceitos, i que foi discutido analiticamente no ca E significativo e, afirmo eu, ndo ¢ acidental que e difundida voga das abordagens huumanistas da administragio tenha coincidido com a fase em que este pais se transformou numa sociedade organizacional Vamos fazer uma pausa para entender esta expresso. E certo dizer que, nas décadas em que foi aclamads a administragdo cien pais no constituia ainda uma sociedade organizacional.* As pessoas procuravam as organizag6es formas, para trabalhar e receber seus ren- sm nimero “dimentos, mas a sociedade assepurava a tabalhadores e a outras pessoas — mulheres, gente jovem abaixo da idade de trabalhar, assim emo alguns poucos cidadios — que nfo queriam ser empregados, _miultos campos em que os mesmos podiam persepuir objetivos existen- ‘independentes das pressdes organizacionais. Por assim dizer, uma fionteiza imagindra e, contudo, existencialmente real, separava clara- ‘mente 2 arena das orpanizacoe esse perfodo, a poupanca foi acentuada de modo enfatico na vida americana Por $6, ess cicnstincia impeltu 0s cidadaos a se ocups. fem de atividades autogratficantes que envolviam a aplicaydo de seu ‘potencal como Sere humans, sem o desenfreado consumo de merca _ donias e, por conseguints, o gsstoirefreado. Quando se queria econo. ‘mmizar, ficava-se em casa ¢ sa € 20 a5 livre, e descob tado do conjunto jo espapo vital dos cidadaos. Poderse-ia dizer que, durante esse perio- ainda gozava de alto grau de soberania no ia na familia importante reservatrio de artesanal” (Leiss, 1976), que habilitava o cidado 2 _ produzir considerdvel quantidade de bens que ele ndo encontrava ‘@isponiveis ou vantajosos para comprar. Sendo assim, o mercado ‘preciseva ter sensbilidade, rolativamente a capacidade ortesanal substi- hitiva do cidadao, de maneira # poder plan inha de produc: OSurgimento da chamada escola de relagGes humanas, nos ‘mos anos da década de 20 e sua répida expansfo nas décadas Seguintes, "effete uma transiezo na economia americana. Em proporcdo exponen: ial, as atividades das organizagGes econdmicas formais aumentaram Se foram diferenciando, passando dessa maneira, cada vez mais, © ‘ecupar todo 0 campo do espaco vital dos cidadios. A énfase da econo- mia americana de hoje j4 ndo se faz sobre poupar, mas sim sobre gosta.” A midia,ditigida cada dia mais pelas organizagSes econdmicas ‘0 Triumph of mas idols, de Leo Lowenthal, rude sobre a maneza pela qual a transcio d smevicana (1968),

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